Estudo da UM conclui que rede de tráfico tem origem em Yunnan, Sichuan e Myanmar Hoje Macau - 9 Abr 2020 [dropcap]U[/dropcap]m estudo desenvolvido por dois investigadores da Universidade de Macau (UM) conclui que as regiões de Yunnan, Sichuan e Myanmar constituem a principal origem da rede de tráfico de droga que opera na China. Enquanto isso, as regiões de Guangdong, Xinjiang e Sichuan servem como destinos principais. As conclusões surgem no estudo intitulado “Smuggling of Drugs by Body Packing: Evidence from Chinese Sentencing Documents”, da autoria de Tang Ruoyang, doutoranda do departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM) e do seu supervisor, Cai Tianji, professor no mesmo departamento. O artigo foi publicado na revista científica International Journal of Drug Policy. Os dois investigadores analisaram os processos judiciais na China relacionados com tráfico de droga e casos de transporte de droga no corpo, entre o período de 2006 e 2016. “Os resultados revelam que a heroína e as metanfetaminas são as principais drogas traficadas recorrendo a ‘mulas de transporte’”, descreve um comunicado da UM. Além disso, o estudo conclui ainda que os tribunais da China aplicam penas mais pesadas “em casos que envolvem uma maior quantidade de drogas e quando há reincidência do crime”. Por outro lado, “mulheres grávidas ou a amamentar, portadores de deficiência, ou menores, tendem a receber penas mais leves”. Foi também concluído que os infractores que confessam a prática do crime são os que são condenados a maiores penas. Este estudo faz parte de um projecto de Cai Tianji focado na análise de sentenças judiciais chinesas e é um dos nove artigos científicos já publicados em publicações científicas de referência, aponta a UM.
Wynn | Fecho de casinos custou 20 milhões por dia Hoje Macau - 9 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] encerramento dos casinos em Macau para prevenir a propagação do covid-19 gerou perdas à operadora Wynn de 20 milhões de patacas por dia, segundo um comunicado da empresa à Bolsa de Hong Kong. A estes custos a operadora afirma ter ainda gasto 4 milhões de patacas em juros para fazer face às perdas. “Durante o período de encerramento contabilizamos despesas de aproximadamente 2,5 milhões de dólares norte-americanos [20 milhões de patacas] por dia, excluindo o montante gasto com juros de aproximadamente 0,5 milhões de dólares por dia [4 milhões de patacas]”, revelou a empresa. Além do encerramento durante 15 dias, a operadora enfrenta várias restrições nas mesas de jogo, assim como uma redução acentuada do número de clientes, relacionadas com as restrições à circulações de pessoas. Por este motivo, a Wynn afirma que vai registar uma redução nas receitas durante o primeiro trimestre que vai dos 40 aos 44 por cento. “Com base nas tendências descritas, as nossas receitas de operação combinadas para os três meses terminados a 31 de Março de 2020 vão situar-se entre os 912 milhões e os 969 milhões de dólares norte-americanos [7,30 mil milhões e 7,75 milhões de patacas], comparando com o valor de 1,64 mil milhões de dólares [13,10 mil milhões de patacas] registado a 31 de Março de 2019”, foi acrescentado.
Droga | Covid-19 “obriga” casal a traficar através de plataforma online João Luz - 9 Abr 2020 [dropcap]C[/dropcap]om as restrições fronteiriças impostas pelas autoridades para travar a propagação da pandemia, um casal de residentes que traficava metanfetaminas para Macau passou a usar uma plataforma de compras online para trazer a droga para o território. Segundo a Polícia Judiciária (PJ), um residente, com 34 anos, e uma residente, de 33 anos, foram detidos por suspeita de receber droga escondida em embalagens de café. A mercadoria entraria no território com a “ajuda” de uma empresa de logística que serve plataformas online, como o Taobao. De acordo com os registos fronteiriços, o casal passou a fronteira para o Interior várias vezes, viagens que a PJ suspeita terem servido para trazer droga para o território, mas as restrições fronteiriças resultantes da pandemia da covid-19 obrigaram os traficantes a mudar de estratégia. A mulher, de apelido Lam, que segundo as autoridades trabalha em vendas, dedica-se ao tráfico de droga há, pelo menos, três anos. O homem, com quem Lam tem um relacionamento amoroso, e que afirma ser taxista, é suspeito de ter levado Lam ao Interior para adquirir metanfetaminas, antes das restrições fronteiriças. Um dos pacotes de café descobertos pela PJ continha 12,5 gramas de droga, com valor de mercado de 41 mil patacas. Foi também encontrada parafernália de consumo Na sequência da investigação, as autoridades terão descoberto que o indivíduo, de apelido Lin, terá contactado um traficante através uma aplicação móvel. Os estupefacientes, que custaram cerca de 4000 RMB, foram pagos também online. O casal foi detido em casa do homem, na Avenida de Almeida Ribeiro, onde foram encontrados outros pacotes de café idênticos ao que continha droga. Os residentes foram conduzidos ao Ministério Público por suspeitas de tráfico de droga.
TDM | Empresa recebeu 340 milhões do Governo Hoje Macau - 9 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap] TDM recebeu 340,27 milhões de patacas do Governo no ano passado, o que representa um aumento de 15,25 milhões de patacas em relação a 2018, quando o valor dos subsídios tinha sido de 325,02 milhões. Os números foram publicados pela empresa no relatório em contas, com o subsídio à exploração do Governo da RAEM a representar 302,71 milhões e o subsídio para o Investimento do Governo da RAEM a totalizar 37,56 milhões. Ainda de acordo com as contas apresentadas, as operações da empresa resultaram num prejuízo de 333,81 milhões de patacas, que foi compensado com os apoios do Governo. Por este motivo, a empresa conseguiu apresentar um lucro de 5,86 milhões de patacas, superior aos resultados positivos de 4,88 milhões de patacas registados em 2018. A maior despesa prendeu-se com os recursos humanos cujos pagamentos aumentaram mais de 20 milhões de 295,04 milhões de patacas, 2018, para 315,20 milhões no ano passado. No entanto, a empresa terminou o ano com menos funcionários, num total de 694, quando 2018 tinha terminado com 702.
Cônsul Paulo Cunha Alves reaparece em público após quarentena João Santos Filipe - 9 Abr 2020 O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong voltou esta semana a aparecer em público, após ter regressado de Portugal no dia 22 e ter cumprindo um período de 14 dias de quarentena [dropcap]O[/dropcap] cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, regressou esta semana à actividade, após ter cumprido um período de quarentena, como exigido pela legislação actualmente em vigor de prevenção e combate à pandemia do covid-19. A informação foi confirmada ontem, ao HM, pelo consulado. Paulo Cunha Alves tinha-se deslocado a Portugal na semana entre 9 e 13 de Março por “motivos familiares” e regressou no dia 22 do mesmo mês. Por este motivo, quando regressou à RAEM foi levado para quarentena, onde passou cerca de 14 dias, uma vez que a Europa é actualmente considerada um área de alta incidência da covid-19. “Informamos que o Senhor Cônsul-Geral, Embaixador Paulo Cunha Alves, regressou a Macau no passado dia 22 de Março. Cumpriu depois um período de duas semanas de quarentena, de acordo com os preceitos estabelecidos pela lei da RAEM”, revelou o consulado, ao HM. Após a quarentena os testes do covid-19 foram negativos e o cônsul ficou apto para regressar ao activo. “Os testes finais realizados no hospital foram negativos pelo que retomou esta semana as suas actividades”, foi indicado. Assim sendo, Paulo Cunha Alves pode participar ontem na cerimónia de entrega de donativos por parte de associações de cariz social, individuais e empresas ao movimento Macau Solidário. Este movimento foi estabelecido em contacto com a Embaixada de Portugal na China que vai enviar os fundos recebidos, de cerca de 3,5 milhões de patacas, para a Direcção Geral de Saúde (DGS). Da viagem A deslocação a Portugal deu-se na semana entre 9 e 13 de Março por motivos familiares e tinha sido autorizada pela Embaixada de Portugal em Pequim e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. No entanto, o cônsul acabou por ser surpreendido com a imposição de medidas mais restritivas na circulação de pessoas tanto na União Europeia como em Macau, o que acabou por dificultar o regresso. Porém, quando prestou declarações ao HM, a 19 de Março, Paulo Cunha Alves admitiu estar a concentrar todos os esforços para regressar à RAEM o mais depressa possível, sem descurar as suas funções. “Voltarei a Macau logo que as circunstâncias internacionais o permitam. Entretanto, estou em contacto permanente com a equipa do Consulado Geral em Macau que continua activamente a apoiar e a atender às necessidades da comunidade portuguesa”, declarou na altura. O regresso aconteceu três dias depois.
Crime informático | Lei não limita acesso a dados fora da RAEM João Santos Filipe - 9 Abr 2020 Os deputados da 1.ª Comissão Permanente avisam que os limites às buscas de dados informáticos em nuvem ou fora da RAEM Macau não estão expressos na lei. Porém, têm “esperança” que, ainda assim, sejam aplicados na prática [dropcap]A[/dropcap] obrigação da Polícia Judiciária (PJ) apenas aceder a dados informáticos transfronteiriços com o consentimento voluntário do proprietário, ou através de portais de acesso público, não está consagrado “de forma expressa” nas alterações à Lei de Combate à Criminalidade Informática. Esta é a opinião dos deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que apontam que apesar de o Executivo afirmar ter tido como base a Convenção de Budapeste, os limites podem ser entendidos como “uma interpretação”. Segundo a convenção mencionada pela tutela de Wong Sio Chak, durante investigações a polícia pode aceder a dados guardados em outras jurisdições, desde que legalmente autorizada pelas entidades do local onde os dados estão guardados. Por exemplo, se a Polícia Judiciária quiser aceder a dados que se encontram no Canadá tem de pedir auxílio às autoridades canadianas. Há duas excepções na convecção que permitem operar sem colocar a soberania da outra jurisdição em causa, nomeadamente quando os dados são de acesso público ou há autorização voluntária do visado pela investigação. A comissão liderada por Ho Ion Sang destaca que estes limites não estão expressos no documento proposto pelo Governo. “A comissão […] realçou que a alteração agora introduzida […] não estabelece, de forma expressa, os limites previstos naquela Convenção para o acesso transfronteiriço”, é apontado no parecer da comissão. Todavia, os deputados acabaram por não fazer qualquer proposta de alteração ao documento porque aceitaram a explicação do Executivo, que argumenta que essa exigência já consta do Código de Processo Penal. “A comissão acabou por concluir que aqueles limites estabelecidos pela Convenção de Budapeste […] acabam por estar presentes, ainda que de forma não expressão, nos pressupostos legais que são exigíveis”, lê-se no documento. Uma esperança Apesar destes pressupostos, a própria comissão não excluí outras interpretações. “A comissão espera que, no futuro, a aplicação do disposto nesta alínea 6) se faça de acordo com tal interpretação e que no acesso a tais dados transfronteiriços os órgãos de polícia criminal recorram, preferencialmente, aos mecanismos de cooperação internacional ou inter-regional” é desejado, refere o parecer. Outro dos assuntos mais polémicos do diploma era a possibilidade de através de um equipamento electrónico, por exemplo de um telemóvel, se aceder a dados guardados num dispositivo diferente, como um computador. Neste caso, a comissão considera que é claro que as buscas devem respeitar o Código de Processo Penal, ou seja, a extensão de um equipamento para outro só pode ser feita com autorização prévia ou ordem da autoridade judiciária, normalmente o Ministério Público. Em último recurso, e se houver risco de destruição de provas, a autorização pode ser obtida nas 72 horas seguintes à busca. Após a assinatura do parecer, os deputados têm de votar em Plenário as alterações à Lei de Combate à Criminalidade Informática. A data para a votação ainda não foi marcada.
Governo concede mais subsídios e um segundo vale de apoio ao consumo Salomé Fernandes - 9 Abr 20209 Abr 2020 O Governo não poupa nas medidas de apoio no combate contra a crise provocada pela covid-19: quase todos os trabalhadores residentes vão receber um subsídio de 15 mil patacas e haverá uma segunda ronda de distribuição de vales ao consumo, no valor de cinco mil patacas. O anúncio foi feito ontem pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong [dropcap]O[/dropcap] Governo apresentou ontem as medidas que vão ser tomadas para apoiar o combate à pandemia, com base no fundo de 10 mil milhões anunciado na semana passada. Além deste montante, o Executivo revelou que tem também uma reserva de 3,6 mil milhões para a revitalização da economia de Macau no futuro. Uma segunda ronda com vales de apoio ao consumo vai ser lançada na segunda metade do ano com o objectivo de “garantir o emprego, estabilizar a economia e assegurar a qualidade de vida da população”, disse ontem o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. Outra medida apresentada, passa pela atribuição a quase todos os trabalhadores residentes de um apoio de 15 mil patacas, que corresponde a cinco mil patacas por três meses. Prevê-se que a medida abranja 260 mil pessoas. Ficam excluídos os trabalhadores da Função Pública e a quem forem devolvidas 20 mil patacas do imposto profissional do ano de 2018, ou seja, que auferem anualmente 720 mil patacas. “Há mais de 15 mil pessoas excluídas por causa do seu salário”, disse Lei Wai Nong. O valor a atribuir foi calculado com base nos 25 por cento da mediana do rendimento mensal do emprego dos residentes, que no ano passado correspondeu a 20 mil patacas. O Governo espera que os regulamentos administrativos sejam aprovados na Assembleia Legislativa de forma a permitir a atribuição de verba em Maio. É criado também um plano de apoio pecuniário a profissionais liberais, que dependendo do número de trabalhadores por si contratados podem receber entre 15 mil e 200 mil patacas. Arrendatários de bancas de mercados, vendilhões e titulares de licença de triciclo, bem como condutores de táxi que aluguem o veículo ao proprietário vão poder receber 10 mil patacas. As licenças de exploração dos táxis vão ser alargadas por mais seis meses. Mundo empresarial Por outro lado, há um montante de 2.400 milhões de patacas destinado ao apoio a empresas. Os estabelecimentos comerciais que não recrutam trabalhadores, como por exemplo um dono de salão de beleza que trabalha sozinho, têm direito a um máximo de 15 mil. “Também contribuem, pagam imposto profissional, e têm alugado um espaço para o funcionamento da sua empresa, que também tem um certo custo”, disse Lei Wai Nong. Os estabelecimentos comerciais que recrutem um a três trabalhadores podem receber até 50 mil. O apoio pode ascender até 200 mil patacas no caso de as empresas recrutarem 21 ou mais trabalhadores. Caso o empresário tenha mais do que um estabelecimento, a situação muda e o tecto máximo do apoio atinge um milhão de patacas. Se os beneficiários despedirem trabalhadores sem justa causa no espaço de seis meses têm de devolver o valor de forma proporcional. Ficam excluídos deste plano instituições de diferentes áreas, como a da electricidade, autocarros públicos e metro ligeiro, instituições de ensino e sector do jogo. O Governo anunciou ainda medidas ligadas à formação subsidiada. Residentes desempregados que participem em cursos de formação podem receber um subsídio de 6.656 patacas. Há cerca de 10 mil vagas e o Executivo planeia disponibilizar 50 mil postos de trabalho, oferecidos depois da conclusão da formação. Há registo de mais de 1100 casos de pedidos de subsídios por parte de pessoas desempregadas. Para quem se mantém no activo, e em situações de licença sem vencimento, o Governo disponibiliza cursos de formação para melhoria de técnicas profissionais. Quem o concluir recebe cinco mil patacas. Cada empregador pode recomendar um máximo de cinco trabalhadores. Mais para consumo O plano de apoio financeiro inclui também uma segunda fase do cartão de apoio ao consumo. Todos os residentes vão receber mais um subsídio, desta vez com um valor de cinco mil patacas, entre Agosto e Dezembro deste ano. O secretário para a Economia e Finanças disse que em Junho vai ser feita uma avaliação intercalar para ver o funcionamento da medida e se é preciso fazer ajustamentos na segunda ronda, mas entende que “a possibilidade de causar inflação é relativamente baixa”. Questionado sobre a diversificação da economia e os futuros pilares da economia, Lei Wai Nong respondeu que “a Ilha de Hengqin é uma parte do futuro de Macau”, recordando o ênfase dado por Xi Jinping ao uso da Ilha da Montanha através de uma comunicação estreita com o Interior da China. No entender do secretário, “o espaço é um limite grande para Macau”, mas “a diversificação moderada da economia é uma coisa obrigatória”. TNR | Prioridades motivam exclusão O secretário para a Economia e Finanças reconheceu que os trabalhadores não residentes (TNR) “constituem uma força activa de Macau” e agradeceu as suas contribuições. Mas estas pessoas ficaram ainda assim de fora dos apoios ontem anunciados. Apesar de dizer que gostava de os ter em conta, Lei Wai Nong comentou que “com os recursos limitados que temos agora temos de dar prioridade aos trabalhadores locais”. Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais, reiterou nas suas intervenções que os TNR são para complementar a falta de recursos humanos e que face à falta de trabalhos, os seus contratos cessam para dar lugar a trabalhadores locais.
Covid-19 | Pequenos ateliers de arquitectura sofrem impacto da crise Andreia Sofia Silva - 9 Abr 20209 Abr 2020 A crise gerada pela pandemia da covid-19 trouxe um profundo impacto ao sector da construção civil, dificuldades que contagiaram os ateliers de arquitectura de pequena dimensão. Sem novos concursos públicos e com encomendas privadas reduzidas a zero, tenta-se contornar a crise motivando equipas e apostando todas as energias nos projectos em curso. Ainda assim, muitos escritórios deixaram de contratar e estão praticamente parados [dropcap]C[/dropcap]om o sector da construção civil a trabalhar a meio gás, os ateliers de arquitectura de pequena dimensão de Macau estão a deparar-se com dificuldades. Alguns concentram-se em projectos em curso, tentando motivar equipas e inovar além do habitual esquema de trabalho, enquanto outros correm o risco de pararem por completo. Nuno Soares, arquitecto principal do atelier Urban Pratice, situado no edifício Ponte 9, no Porto Interior, e que faz parte da direcção da Associação dos Arquitectos de Macau (AAM), reconhece as dificuldades actuais. “Não acho que o nosso atelier seja sintomático de todos os outros”, começa por dizer. “Vários colegas disseram-me que têm dificuldades e que viram os trabalhos diminuir, e nós verificámos a mesma coisa. Acho que alguns ateliers pequenos vão encerrar ou pelo menos suspender a actividade durante alguns meses.” No caso do Urban Pratice, tentou-se fazer o inverso, mas as novas contratações estão suspensas. “Um dos problemas que temos é que não conseguimos contratar. Tínhamos pessoas contratadas a partir de Portugal para vir para o atelier e como isto aconteceu não vêm. Isto causa muitas dificuldades no mercado interno de Macau, mas também no recrutamento e no desenvolvimento da equipa. É uma fase difícil”, frisou Nuno Soares. Maria José de Freitas, proprietária do atelier AETEC-Mo, destaca o facto de os concursos públicos escassearem por estes dias, enquanto que as encomendas privadas pararam. “Os trabalhos que temos em mãos já têm alguns meses, e quando estiverem concluídos vamos ter algum problema de angariação, porque não se está a fazer muita coisa a nível de projectos por parte de promotores individuais”, disse ao HM. A arquitecta destaca também o facto de Macau estar a atravessar um novo momento político com Ho Iat Seng como Chefe do Executivo. “Mudámos de Chefe do Executivo e isso também se traduz em alguma dupla aferição do que estava em curso [ao nível de concursos públicos]. Isso, em conjunto com a crise do coronavírus, vai provocar um refreamento de toda a encomenda pública.” “A encomenda pública está a rarear ou é praticamente inexistente, enquanto que a encomenda privada é inexistente. Seguramente, vamos ter problemas, e quanto mais tempo esta situação se prolongar, pior”, acrescentou Maria José de Freitas. Consequências financeiras Christine Choi, presidente da Associação dos Arquitectos de Macau (AAM), defendeu ao HM que as causas para o possível encerramento de ateliers de pequena dimensão são semelhantes às dos outros negócios. “Tudo depende do seu modelo de negócio e dos projectos que têm em mãos.” Na óptica da responsável, as restrições à entrada de trabalhadores não residentes também têm efeito negativo nos pequenos ateliers. “Para um atelier de pequena dimensão, a redução de um ou dois membros da equipa tem um enorme impacto comparando com empresas maiores. Muitas vezes não é possível financeiramente providenciar alojamento para estas pessoas. Além disso, com o problema da falta de recursos humanos, também há limitações na procura de profissionais fora de Macau”, adiantou. Muitas obras estão paradas devido à falta de materiais de construção, resultado de encomendas atrasadas ou que nem sairam das fábricas, situadas na China. Algumas unidades fabris fecharam mesmo as portas devido à pandemia. Christine Choi alerta para o facto de muitos escritórios enfrentarem problemas de liquidez com a falta de novos projectos. “Isto tem colocado muita pressão em termos de liquidez financeira nos pequenos ateliers desde o Ano Novo Chinês, altura em que foram pagos bónus salariais. Isso fez com que o primeiro trimestre tenha sido menos produtivo que o habitual”, concluiu. Projecto em Wuhan parado No caso do atelier AETEC-Mo, de Maria José de Freitas, um dos projectos suspensos tinha como foco a preservação e recuperação de uma cidade muralhada em Wuhan, cidade que foi o epicentro da pandemia da covid-19. “Os ateliers pequenos, como o meu, têm-se organizado dentro de determinados nichos que não são preenchidos. Tenho a sorte de trabalhar em renovação arquitectónica, também ensino cadeiras ligadas à conservação do património na Universidade de São José.” Maria José de Freitas está confiante no regresso ao projecto de Wuhan, iniciado em 2018. “Espero que, quando a situação se resolver por lá, [o projecto] possa ter outros prolongamentos. Há expectativas em relação ao futuro, não é assim tão sombrio.” No caso do Urban Practice, a equipa continuou a trabalhar nos projectos já encomendados e a pensar no futuro pós-crise. Nuno Soares não despediu nem reduziu salários. “Criámos boas condições para a nossa equipa, reajustámos o espaço de trabalho para haver espaço individual para todas as pessoas e decidimos investir. Num momento de dificuldade ou nos retraímos ou temos alguma confiança e investimos no futuro, e foi o que fizemos.” Neste momento, o Urban Practice aposta em “concluir os trabalhos em curso para que, quando a crise passar, estes possam ser implementados com maior rapidez”. Nuno Soares evoca a crise económica na Europa aquando da II Guerra Mundial como um dos momentos em que alguns arquitectos “escreveram e desenvolveram novos protótipos”. Numa escala diferente, a pandemia da covid-19 pode trazer um efeito semelhante. “Este é um momento que temos de aproveitar para inovar. Chamámos as equipas de engenheiros com quem trabalhamos e decidimos o que fazer com isto. Também estamos a desenvolver novas linhas de negócio no campo da arquitectura porque vemos que é necessário, não podemos ficar dependentes do panorama envolvente como ele está neste momento.” O Urban Pratice também tem projectos a nível internacional que estão igualmente parados, mas que lhe confere diversidade de clientes. “Queríamos apostar mais nos mercados internacionais, mas, neste momento, estamos a desenvolver capacidade e projectos, não abrandámos.” Concursos são importantes Num território onde há muito o planeamento urbanístico constitui uma das maiores dores de cabeça do Governo, a crise da covid-19 pode significar uma oportunidade para atrair, precisamente, os pequenos ateliers. Nuno Soares defende que esta é a altura ideal para o Executivo agir e abrir mais concursos. “Nesta crise, o Governo tem tido um papel fundamental. De momento, com as fronteiras fechadas, é mesmo importante olharmos para dentro de Macau e lançarmos concursos de ideias para os projectos governamentais que são necessários para o desenvolvimento da cidade, porque este é um momento em que a economia vai precisar desse investimento e há muita disponibilidade dos vários ateliers de arquitectura para participar nesse tipo de concursos.” Outro ponto positivo destacado por Maria José de Freitas passa pela maior qualidade dos projectos no Cotai. “As coisas que estão a ser feitas relativamente aos empreendimentos na zona do Cotai estão a ser feitas com maior grau de qualidade. [Isto acontece porque] Os promotores têm outro tipo de exigências, e não é fácil encontrar em Macau equipas que façam esse tipo de trabalho com qualidade. Então estão a recorrer muito a técnicos portugueses para esse tipo de observação no local, observando critérios de qualidade que são muito exigentes. Isso é bom para a construção e cria uma habituação que é positiva”, concluiu a arquitecta.
Covid-19 | Bloqueio de Wuhan termina mas cautela mantém-se perante inimigo invisível Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]P[/dropcap]ara os estudantes angolanos em Wuhan, o fim oficial do período de isolamento não trouxe mudanças, já que os perigos suscitados por casos assintomáticos excluídos da contagem oficial ditam o prolongamento de restrições nas universidades da cidade chinesa. Milhares de pessoas abandonaram Wuhan para outras partes da China, após 76 dias de bloqueio da cidade que foi o centro do novo coronavírus, mas os portões das universidades locais “continuam encerrados” e os estudantes “proibidos de sair dos dormitórios”, descreve à agência Lusa Euclides Simeão, aluno de engenharia de Ciências da Computação. “Espero voltar a poder caminhar no ‘campus’, mas, por enquanto, continuamos retidos nos dormitórios”, diz o representante dos cerca de 40 estudantes angolanos em Wuhan, acrescentando que não há ainda data marcada para o início das aulas. O fim de um bloqueio, sem precedentes, da cidade com 11 milhões de habitantes, e que serviu como modelo para vários países que tentam agora travar a epidemia da covid-19, constitui outra experiência inédita: retomar os negócios e o quotidiano, ao mesmo tempo que se evita uma segunda vaga de infeções por uma doença que, em muitos portadores, não apresenta sintomas. “A escola diz-nos que há ainda os assintomáticos e, portanto, recomenda cautela, mesmo quando reabrirem os portões, e para manter a distância social, lavar sempre as mãos e usar sempre máscara”, conta Euclides. O fim oficial do bloqueio tem um significado político importante ao permitir ao regime chinês declarar vitória na luta contra o surto, que começou no país, numa altura em que a Europa e os Estados Unidos são os novos centros da doença. Em editorial, no entanto, o jornal do Partido Comunista Chinês alertou para comemorações prematuras. “Este dia, esperado há muito, será naturalmente celebrado pelas pessoas. Porém, não se trata da vitória final”, nota o Diário do Povo. “Temos que nos lembrar de que, apesar de satisfeitos com o fim do bloqueio, não podemos relaxar”. Só na quarta-feira passada é que a Comissão Nacional de Saúde chinesa começou a divulgar o número de pessoas infectadas que não têm sintomas, mas que podem transmitir o vírus. Desde então, o país reportou um total de 1.095 destes casos. O trânsito automóvel em Wuhan começou hoje a retomar ao normal, à medida que pontes, túneis e auto-estradas foram reabertas. Segundo os dados oficias, a cidade não registou novo caso de infeção nas últimas 24 horas. A imprensa local avançou que cerca de 65.000 pessoas deixaram hoje Wuhan, de avião ou comboio. No entanto, chegadas ao destino, serão sujeitas a uma quarentena de 14 dias e a testes de deteção de ácidos nucleicos do novo coronavírus. Para Rui Severino, um português que recusou abandonar Wuhan durante o período de isolamento, apesar da oferta de repatriamento por Portugal, o fim do bloqueio constitui uma motivação para o futuro. “É um sentimento de grande alívio”, conta à agência Lusa o treinador de cavalos de corrida. “Já podemos ver a luz ao fundo do túnel”, diz. Severino conta que, “sobretudo para pessoas que têm crianças pequenas [o período de bloqueio] foi bastante desgastante”, pelo que se “nota agora um grande alívio por poderem sair à rua”. Durante o bloqueio de 11 semanas, os residentes de Wuhan foram autorizados a sair de suas casas apenas para comprar comida ou participar em outras tarefas consideradas absolutamente necessárias. Para Euclides Simeão, o fim do bloqueio e a reabertura do ‘campus’, que deverá ocorrer nas próximas duas semanas, serviu para acalmar os estudantes. No entanto, o angolano diz que o retorno à normalidade não é aguardado com a ansiedade de outrora. “É aborrecido, mas já nos habituámos”, descreve. “Para nós, o normal passou a ser estar em quarentena”. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil. Dos casos de infecção, cerca de 260 mil são considerados curados.
Covid-19 | Perito de Xangai adverte para perigo de segundo surto no outono Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] chefe do comité de peritos em covid-19 de Xangai, o médico Zhang Wenhong, advertiu para a “elevada possibilidade” de ocorrer uma segunda vaga de contágios a nível internacional, durante o outono. Em entrevista hoje publicada pelo diário digital privado Caixin, Zhang manifestou-se convicto de que é “pouco provável” que a pandemia de coronavírus termine no verão e prognosticou que durará “até ao ano que vem”. “[Os surtos na] Europa e nos Estados Unidos não foram controlados de maneira efectiva, por agora. No entanto, em África, na América do Sul, e na Índia, onde a economia está menos desenvolvida e os recursos médicos são insuficientes, os novos casos aumentaram de forma exponencial, o que acarreta uma grande incerteza para a luta global contra a epidemia”, disse. O clínico, também director do departamento de doenças infecciosas do hospital universitário de Huashan, acrescentou: “Supondo que se pode conter [o surto actual] em três ou quatro meses, seria em finais do verão”. Questionado sobre as defesas da China perante esse possível segundo surto no estrangeiro, Zhang advertiu: “Apesar de agora não haver mais casos de contágio local, não podemos relaxar”. “Se o sistema se descuidar, poderá haver casos não detectados”, acrescentou. Neste sentido, o médico não só pediu às autoridades fronteiriças e sanitárias e às comunidades para se manterem alerta, mas também à comunidade empresarial: “Os negócios que voltem a funcionar devem assegurar-se de que os seus trabalhadores guardam a distância social”. “A China está agora sob controlo e temos confiança. Porém, o surgimento de uma segunda vaga de contágios noutros países significará que nos veremos submetidos a uma grande pressão para prevenir e controlar os casos importados. A China tem de preparar-se para um segundo pico de contágios importados, com o objetivo de prevenir uma segunda vaga [a nível local]”, defendeu. A dificuldade a curto prazo para a China, indicou o especialista, é reanimar a actividade económica, enquanto trata de evitar um ressurgimento do surto. Zhang citou o exemplo das restrições às ligações aéreas com o estrangeiro: “Não podem durar para sempre. Quando os surtos na Europa e nos Estados Unidos estiverem sob controlo, a aviação global voltará a funcionar pouco a pouco”. O líder do comité de Xangai acredita, no entanto, que as restrições chinesas não podem acabar totalmente com o risco de importação de contágios, devido à existência de casos assintomáticos ou de testes que dão falsos negativos. “O sistema de controlo de doenças tem de fazer um acompanhamento de todas as pessoas que tenham mantido contacto com pacientes de covid-19, sem haver qualquer ponto cego”, exigiu. Por último, questionado sobre as diferentes taxas de letalidade do coronavírus em países distintos, Zhang explicou que depende das prioridades de cada governo na realização de testes e no tratamento dos pacientes. “Se um país prioriza os pacientes graves nos testes e no tratamento, a sua taxa de mortalidade será elevada. Num país onde os testes são mais comuns e há muitos doentes ligeiros detetados e postos sob quarentena, a taxa será mais baixa”, indicou. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 82.000 morreram. Dos casos de infecção, cerca de 260.000 são considerados curados. O continente europeu, com mais de 750.000 infectados e mais de 58.000 mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos. Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.127 óbitos, em 135.586 casos confirmados até terça-feira. Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direcção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infecções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%). Dos infectados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.
Órgão de disciplina do Partido Comunista Chinês investiga milionário que criticou Xi Jinping Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] órgão máximo de inspecção e disciplina do Partido Comunista Chinês abriu hoje uma investigação sobre um milionário que criticou diretamente o Presidente da China pela forma como geriu a epidemia do novo coronavírus. A Comissão de Inspecção e Disciplina anunciou que a investigação a Ren Zhiqiang foi aberta por supostas “violações graves da lei e da disciplina” do PCC, partido único do poder na China. “Ren Zhiqiang está a ser sujeito a uma revisão disciplinar e a uma investigação pela filial da Comissão no Distrito de Xicheng [em Pequim]”, informou o órgão num breve comunicado. Citados pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, amigos do milionário do sector imobiliário “dizem ter perdido o contacto com Ren, de 69 anos, em 12 de março passado, após a publicação ‘online’ de um artigo escrito por ele a criticar a gestão da epidemia pelo Governo chinês”. No texto, Ren refere-se ao Presidente da China, Xi Jinping, durante um encontro com 170.000 membros do PCC, em 23 de fevereiro, como um “palhaço que vai nu”, mas “determinado a passar por um imperador”. “Embora estivesse a segurar alguns trapos na tentativa de encobrir o facto de estar nu, ele não conseguiu encobrir a sua ambição de ser imperador e de destruir quem o quiser parar”, aponta. Sob a direcção de Xi Jinping, o PCC voltou a penetrar na vida política, social e económica da China, enquanto o poder político se centrou na sua figura, abdicando do processo de consulta coletiva estipulado por Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo nos anos 1980. Ren considerou, no seu artigo, que a crise de saúde pública constituiu uma “crise de governação” e criticou a falta de liberdade de imprensa e liberdade de expressão no país asiático. O comunicado difundido pela Comissão de Inspecção e Disciplina não refere o artigo, mas detalha que Ren é membro do PCC e foi diretor da empresa estatal Huayuan Real Estate Group. Em 2016, Ren enfrentou uma retaliação disciplinar por afirmar que a imprensa chinesa representa apenas os interesses do Partido Comunista e não a voz da população, que foi “abandonada”.
Covid-19 | Número de infectados em Macau aumenta para 45 com mais um caso Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram hoje mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 45 desde o início do surto do novo coronavírus. Trata-se de um homem de 32 anos, residente de Macau, que na terça-feira apanhou um voo de Phnom Penh, Camboja, com destino a Macau, “tendo sido detectado com febre na zona de inspecção sanitária de entrada do Aeroporto Internacional de Macau”, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. O homem foi de imediato encaminhado para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, detalharam as autoridades, acrescentando que hoje a “amostra do teste de zaragatoa nasofaríngea mostrou com resultado positivo e foi diagnosticado com pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”. Segundo as autoridades de Macau, o estado de saúde do homem de 32 anos, que está internado na enfermaria de isolamento do hospital público, é “considerado normal”. Depois de Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, a partir de meados de março foram identificados 35 novos casos, todos importados. Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território, que deixou desde segunda-feira de ter assegurada, pelos transportes públicos, qualquer ligação para a vizinha Hong Kong.
Covid-19 | Japão declara estado de emergência para sete regiões, incluindo Tóquio Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou ontem o estado de emergência, por um mês, para Tóquio e seis outras regiões do arquipélago face a uma recente aceleração do número de casos de covid-19 no país. O estado de emergência não permite às autoridades japonesas impor um confinamento rigoroso como noutros países, mas os governadores regionais em causa poderão instar a população a ficar em casa e pedir o encerramento temporário do comércio não essencial. “Face a uma situação que pode afetar gravemente a vida de cada um e a economia, decidi declarar o estado de emergência”, anunciou Abe perante uma comissão parlamentar. “A medida será suspensa logo que tivermos a certeza de que já não é necessária”, adiantou. Em causa estão a capital, Tóquio, e as três regiões dos seus subúrbios, a região de Osaka, que é a grande metrópole do oeste, e a sua vizinha Hyogo, assim como a de Fukuoka, na ilha de Kyushu (sudoeste). A decisão envolve cerca de 50 milhões de pessoas, o que representa cerca de 40% da população do país. O primeiro-ministro, que tinha anunciado a medida na segunda-feira, recordou que a mesma não levará a um “confinamento como no estrangeiro” e que o objetivo é “controlar a propagação do vírus, mantendo os serviços socioeconómicos essenciais, como os transportes públicos”. As autoridades contam essencialmente com a boa vontade dos cidadãos, que são na sua maioria favoráveis ao estado de emergência, segundo uma sondagem da cadeia privada TBS divulgada na segunda-feira. “É necessário pedir a completa cooperação de todos”, insistiu Abe, adiantando que “segundo os especialistas, se se fizer todos os esforços para reduzir os contactos em 70% a 80%, o número de infeções reduzir-se-á após duas semanas”. A pandemia de covid-19 continua limitada por enquanto no Japão, mas os casos têm aumentado bastante desde o final de março, fazendo recear uma saturação dos hospitais, o que levou o governo de Abe a intensificar a sua ação. O último balanço do Ministério da Saúde japonês, divulgado na segunda-feira, indicava que o país totalizava mais de 3.900 casos do novo coronavírus e 80 mortos. Representando o estado de emergência um golpe severo na economia do país, Abe anunciou também na segunda-feira um plano de ajuda recorde de 108 biliões de ienes, prevendo dotações para as famílias mais necessitadas e para as pequenas e médias empresas mais afectadas pela crise.
Covid-19 | GP de Fórmula 1 do Canadá adiado e arranque do Mundial novamente atrasado Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] Grande Prémio de Fórmula 1 do Canadá, que devia realizar-se no dia 14 de junho em Montreal, foi adiado para uma data a indicar posteriormente devido à pandemia da covid-19, anunciou a organização. “Estivemos em contacto com elementos da Fórmula 1, bem como representantes da cidade de Montreal e governos locais e federais para analisarmos as diretrizes emitidas pelas autoridades de saúde pública. Devido à pandemia da covid-19, estamos a agir em conformidade com as recomendações dos especialistas”, refere a organização em comunicado. Esta é a nona prova do Mundial de Fórmula 1 a ser adiada ou cancelada devido ao novo coronavírus, pelo que a edição deste ano do Campeonato não começará antes de 28 de junho, data prevista para o GP de França, no circuito Paul-Ricard. Recorde-se que o GP da Austrália, primeira ronda do calendário, foi cancelado no dia em que deveriam desenrolar-se os treinos livres. China, Bahrain, Vietname, Países Baixos, Espanha e Azerbaijão também adiaram as suas provas para datas posteriores, enquanto o Mónaco cancelou definitivamente o seu histórico Grande Prémio.
Project Asia Corp | José Carlos Matias novo director executivo Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] jornalista José Carlos Matias vai assumir, no início do próximo mês, o cargo de director executivo e responsável editorial da Project Asia Corp, um grupo de media de Macau. Com 17 anos de experiência profissional, José Carlos Matias trabalhou como jornalista na rádio (Rádio Universidade de Coimbra e TSF), em Portugal. Já em Macau, foi jornalista e editor na Rádio Macau, editor-chefe do serviço informativo em inglês da Teledifusão de Macau e, em 2018, assumiu a direcção da rede externa da Global Media e do semanário bilingue (português-chinês) Plataforma Macau. O jornalista, de 39 anos, é também presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) desde 2017. O Project Asia Corp, fundado por Paulo Azevedo, é responsável pela publicação das revistas Macau Business (em inglês) e Business Intelligence (em chinês) e pelo portal noticioso Macau News Agency.
A falta que os preservativos fazem Tânia dos Santos - 8 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap] infecção do momento está claramente a afectar várias indústrias. Na Malásia, a maior fábrica de preservativos fechou – onde 20% dos preservativos do mundo são produzidos. O Guardian já alertou para uma possível falta de preservativos, talvez numa altura de grande necessidade. Serão os preservativos importantes nesta pandemia? Uma pergunta muito pertinente para se falar de sexo, como sempre. Os preservativos parecem bastante descartáveis dado o cenário apocalíptico em que vivemos. Muitos dirão que há coisas mais importantes em que pensar. Talvez ajude se olharmos para o direito ao prazer como um direito humano para justificar o contrário. Os preservativos (masculinos e femininos) são o único tipo de contraceptivo que previne uma gravidez indesejável e a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis. Um bem com dupla função para casais heterossexuais em particular, mas igualmente importante para casais homossexuais que queiram sentir-se protegidos. Tudo bem que nesta altura de isolamento social haverá menos sexo casual ao vivo (deleitem-se com o sexo casual virtual, porque não?). E assim assume-se que os casais presos em casa poderão não precisar dos preservativos porque (1) para os casais heterossexuais existem também outras formas de contracepção e (2) o risco de IST’s já deve ter sido resolvido com testes para os casais que estão juntos há muito tempo. Também podemos imaginar muitos outros cenários onde os preservativos ainda são necessários. Julgar que se pode contar com outras formas de contracepção no mercado pode ser um erro. Os contraceptivos hormonais já mostraram trazer efeitos secundários às vezes até bastante graves e há pessoas que escolhem não os usar. Os preservativos são dos poucos contraceptivos não hormonais do qual imensa gente depende para evitar uma gravidez indesejada. Também posso imaginar cenários de relações ainda verdes ou do surgimento de novas relações românticas que ainda precisam de sexo seguro. Se sair da nossa tendência etnocêntrica então, nos lugares com grandes taxas de transmissão de HIV, o preservativo é quase um bem tão essencial como a comida. A falta de preservativos seria catastrófica. Mas de certeza que há gente que sugere a abstinência como a opção mais acertada, caso cheguemos a um cenário de falta de preservativos severa. Porque o sexo não é importante, dirão as vozes mais conservadoras. Mas o sexo nunca foi tão importante como agora. O sexo é uma ferramenta e um recurso (para quem consegue olhar para o sexo dessa forma). Em alturas de pandemia como esta, de incerteza e de medo, o sexo é uma forma de prazer e conexão – também podem chamar-lhe de meditação ou de exercício físico. O sexo é simples, barato (pode não sê-lo, mas é altura de reforçar esta opção) e promotor de bem-estar. A conclusão é simples: os preservativos são importantes até numa altura de pandemia e a sua escassez deve ser evitada. Claro que temos que dar prioridade a outros bens e objectos que nos ajudam a lutar contra o vírus. Mas o sexo deve continuar lá a manter a nossa sanidade e os preservativos fazem parte dessa sanidade também. Por isso é que a fábrica na Malásia, entretanto, já retomou produção a 50% e uma outra fábrica na Tailândia voltou a abrir as portas (espero eu, com as condições de segurança desejadas). Se não o fizessem, chegaríamos a um ponto de diminuição na produção, e de grande procura, levando à inflação deste objecto singelo – e a segurança do sexo tem que ser garantida a toda a gente.
Máscaras, o eterno debate Andreia Sofia Silva - 8 Abr 2020 [dropcap]V[/dropcap]iver na Europa por estes dias com a pandemia da covid-19 é ver um filme de quase terror a repetir-se. O mesmo filme que já aconteceu na Ásia, que está a atacar em cheio a América e que vai chegar às salas de cinema de África. Este filme terá decerto contornos diferentes consoante os países em que é exibido. Só uma coisa é diferente em relação à Ásia: o uso de máscaras. Em Portugal continua a perder-se tempo com a eterna questão se se deve ou não usar máscara na rua. Fazem-se aberturas de telejornais com o parecer que a Direcção-geral de Saúde terá recebido que obriga ao uso de máscara, repetem-se as mesmas perguntas e as respostas são quase sempre inconclusivas. Os médicos mandam usar máscara sempre, indo contra as recomendações da Organização Mundial de Saúde, mas, na rua, a maior parte das pessoas continua a não usar. Apesar das milhares de encomendas oriundas de Macau e da China, continua a não dar para todos. Já o uso de luvas, absolutamente errado e algo pouco higiénico, continua a ser comum. Este é um eterno debate que já cansa por existirem dados factuais que provam a eficácia de usar máscara. Não é difícil, basta repetirem-se exemplos bem-sucedidos, como o de Macau. Parem com eternos pareceres e discussões sem fim. Admitiu-se que não existem máscaras para todos em Portugal, o que é um começo. Cabe agora às autoridades buscar soluções. É necessária mais clareza na transmissão da mensagem e na difusão da informação para que a população não se confunda.
Covid-19 | Automobilismo também ajuda no combate à pandemia Sérgio Fonseca - 8 Abr 2020 Várias vezes criticado pelo seu balanço carbónico negativo ou pela sua imagem frívola, o automobilismo, em particular os seus agentes, não fizeram como a avestruz num período difícil para a humanidade e estão a contribuir na luta contra a pandemia do novo coronavírus [dropcap]C[/dropcap]omo grandes centros tecnológicos que são, as equipas de Fórmula 1 são aquelas que estão na linha da frente. Engenheiros da University College London (UCL) e clínicos do hospital associado UCLH estão a trabalhar com a Mercedes-AMG Petronas F1 Team, em particular com o seu departamento de motores (High Performance Powertrains em Brixworth), no desenvolvimento de um aparelho respiratório que foi aprovado e que está agora ser testado em hospitais. Este aparelho, um CPAP (pressão positiva contínua das vias respiratórias), tem sido amplamente utilizado em hospitais em Itália e na China para ajudar pacientes da covid-19, com infecções pulmonares graves, a respirar com maior facilidade, quando o oxigénio é insuficiente. A equipa do campeão em título Lewis Hamilton também já tinha doado mais de 4 milhões de euros em equipamentos a um hospital na Malásia. As sete equipas de Fórmula 1 que têm base em Inglaterra – Red Bull Racing, Racing Point, Haas, McLaren, Mercedes-AMG, Renault e Williams – fazem parte do consórcio VentilatorChallengeUK, que conta também com a Airbus, GKN, Rolls-Royce ou a Siemens, que recebeu um pedido para 10,000 ventiladores por parte do governo britânico. Este projecto reunirá os recursos tecnológicos e humanos das equipas da melhor forma possível, concentrando as principais habilidades da indústria: desenvolvimento de modelos CAD 3D, fabricação de protótipos, teste e montagem qualificada. A capacidade única das equipas de Fórmula 1 em responder rapidamente aos desafios tecnológicos e de engenharia permite que este grupo agregue valor à resposta mais ampla do sector de engenharia britânico. Em Itália, a família Agnelli, proprietária da Scuderia Ferrari, doou 10 milhões de euros à Protecção Civil italiana e comprou à China 150 ventiladores e material médico em falta. O construtor de Maranello, em paralelo com a FIAT Chrysler Automobiles, foi mais além, dando as mãos à Siare Engineering International Group, empresa especializada na produção de ventiladores. Esta não é a primeira vez que a Ferrari coloca o seu potencial fabril ao serviço da medicina. Há cerca de quinze anos, uma delegação do hospital infantil Great Ormond Street, em Londres, deslocou-se a Maranello, a sede da Ferrari, para tentar incrementar a eficiência do funcionamento das salas de cirurgia e do método utilizado na deslocação dos doentes. Além da F1 Mas não só são as equipas de Fórmula 1 que estão a trabalhar em prol da comunidade. A Automobili Lamborghini transformou vários departamentos da sua fábrica de produção de superdesportivos em Sant’Agata Bolognese, de onde saem os carros para a Taça GT Macau, para produzir máscaras e viseiras de protecção em plexiglass. As máscaras serão doadas ao Hospital Sant’Orsola-Malpighi, de Bolonha. O trabalho desta iniciativa solidária será realizado pelo pessoal encarregue do fabrico de interiores e personalização dos automóveis de Lamborghini, que produzirá 1000 máscaras por dia. Quanto às viseiras de proteção, serão fabricadas diariamente 200 unidades, utilizando impressoras 3D nos departamentos de fibra de carbono e de Investigação e Desenvolvimento. A Pirelli, que tem o exclusivo da Taça do Mundo de Fórmula 3 e GT do Grande Prémio de Macau, tem trabalhado de perto com o governo da Lombardia, uma das regiões mais martirizadas em Itália, e já ofereceu 65 aparelhos de assistência respiratória, 5000 combinações de protecção e mais de 20,000 máscaras. Os seus trabalhadores doaram 7,000 horas de trabalho, cerca de 220 mil euros ao Hospital Luigi Sacco, em Milão. Esta soma juntou-se aos 500 mil euros que a marca italiana de accionistas chineses já tinha reunido junto dos seus parceiros. A empresa francesa Stand21, que faz equipamento de protecção para os pilotos, desde fatos a capacetes, dedica-se estes dias à produção de máscaras de protecção respiratórias. A Prodrive, que, entre muitas coisas, constrói os Aston Martin Vantage de corridas, colocou à disposição a sua infra-estrutura e “know-how” para a rápida montagem de aparelhos respiratórios produzidos em Inglaterra. E como quem não produz, pode sempre contribuir de outras formas, o piloto espanhol Fernando Alonso doou 300 mil máscaras e 4 mil “kits” de proteção individual à UNICEF.
Fim da caixa comum José Simões Morais - 8 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia tinha a seu cargo a Casa dos Expostos que, por ordem da autoridade judicial, há anos aceitava raparigas de mau procedimento e incorrigíveis, que não foram expostas e cujas famílias que as criaram procuravam livrar-se. Estas mulheres nos finais de 1866 eram em número de sete, sendo sustentadas, vestidas e tratadas nas suas doenças na Misericórdia. “Para tudo tem servido este pio estabelecimento, menos para exercer a verdadeira caridade. Este abuso, de uma inconveniência bem manifesta, não deve continuar”, declarou a Comissão e por isso, no Boletim do Governo de Macau, Ano 1867 – Vol. XIII – n.º 6; segunda-feira 11 de Fevereiro, Parte Oficial N.º 12, o Governador de Macau José Maria da Ponte e Horta determina a 8 de Fevereiro de 1867 o seguinte: . Já na portaria n.º 11, o Governador abolia . Por isso, as aceitações dos recém-nascidos continuariam, mas por admissão justificada com registos em forma, a garantirem às mães pobres, os subsídios já durante a gravidez e puerpério (período do parto), com assistência em maternidades e com visitas mesmo posteriores, quantitativamente longe ainda do que seria necessário, mas ao menos em bases justas, mais dignas e humanas. Não é portanto o intuito de encobrir aos olhos do mundo a vergonha de uma união ilegítima a causa da exposição em Macau, pois que isso nada importa aos chineses e é raríssima a exposição de crianças portuguesas. Em quinze anos, como afirma a Regente do estabelecimento, aponta-se esta e aquela. Seja isto dito em abono da nossa população. Para ela felizmente é desnecessária a roda, que absorve um terço dos rendimentos da Santa Casa da Misericórdia, que são provenientes de dinheiro a juros, propriedades de casas, terrenos, hospital, capelas, lotarias, multas e cadeiras no passeio público. Já as verbas de despesa são, para além da casa dos expostos, o hospício dos lázaros, hospital, presos pobres, educação de um aluno no Colégio de S. José; foro do cemitério dos parsis, missas e esmolas. Escolha das amas À data de 31 de Dezembro de 1866 havia 79 crianças de leite e 29 desmamadas, nenhuma portuguesa, sendo todas chinesas, além de sete raparigas adultas, remetidas em depósito pelo Juiz de Direito, para lá desempenharem serviços auxiliares. Da China vinham muitas crianças, abandonadas pelos pais por serem raparigas, sendo recolhidas pela Santa Casa da Misericórdia que tratava delas até aos 7 anos. Depois entregues ao destino, ou, compradas pelos habitantes tornavam-se muichais (criadas para toda a vida). Nada tinha, pois, de lisonjeiro ou tolerável tal estado de coisas, e por isso a Comissão, assustada com o progressivo aumento dos gastos, em ritmo impossível de ser comportado, entendeu que, para salvar da completa ruína a Misericórdia convinha, em primeiro lugar, abolir a roda… continuando, porém, a socorrer os enjeitados existentes. Apesar de ser uma medida oficial, por força da rotina continuaram a persistir as admissões, quase nos antigos termos e números. Disso queixava-se em 1870 outra Comissão Administrativa ao classificar esse serviço a manter obrigatoriamente 72 crianças entregues a amas de leite e 26 aos cuidados da Regente. Novas instruções foram também aprovadas para a escolha das amas: Que as amas sejam de boa constituição e gordura mediana e de 20 a 30 anos de idade. Que sejam de fisionomia alegre e viva. Que as tetas sejam firmes, arredondadas e de volume mediano, com os mametais bem formados, mas não grossos e sem rachas ou escoriações. Que o leite seja abundante, de cor azulada, sem cheiro, de sabor mal doce e assas consistente para se conservar em gotas, quando lançado em superfície polida. Que não tenham erupções pelo corpo ou na cabeça, nem transpiração de cheiro forte. Que não tenham mau hálito e que os dentes sejam brancos, unidos, as gengivas firmes e em bom estado e a garganta sã. Que não tenham cicatrizes nas virilhas e as partes genitais estejam em estado normal e sem leucorreia (branco corrimento). Do Arquivo da Misericórdia. Enterros sem cerimónia O Boletim da Província de Macau e Timor de 3 de Junho de 1867 refere, “O estabelecimento dos expostos, que pela Portaria do Governo de 2 de Fevereiro de 1867 a Santa Casa conserva ainda sob sua guarda e cuidado, não deixou de ser fiscalizado. Contam-se até hoje 71 crianças de leite entregues ao cuidado de 71 amas, fora da vista e vigilância da casa, pelo subsídio mensal de 1 pataca a cada criança, inclusive o salário da ama; e 25 desmamadas ao cuidado da Regente, sustentadas por conta da Santa Casa. Para melhor inspecção das crianças entregues às amas, a comissão deliberou que o velho distintivo, que elas traziam para serem reconhecidas, fosse substituído por um novo, que é um cordão atado ao pescoço da criança em distância, que não possa passar pela cabeça, tendo as pontas amarradas, e lacradas com o selo e como dístico – Santa Casa da Misericórdia – sobre um quadrado dobrado de duas polegadas, de pergaminho, com o número correspondente ao que se acha consignado no livro do registo. As crianças eram apresentadas mensalmente pelas respectivas amas à Regente dos Expostos para receberem o subsídio correspondente. Caso alguma falecesse era o cadáver levado à Casa dos Expostos e mandado enterrar pela Regente no cemitério público.“ Trabalho realizado por um chinês que se encarregava de transportar o féretro ao cemitério e após abrir uma pequena cova, com licença do encarregado do cemitério, da caixa retirava o cadáver e o sepultava sem haver cerimónia, nem a bênção do respectivo pároco. A caixa, comum pois servira e servirá para outros, regressava à Casa dos Expostos. A partir de 1867, em caso de falecimento de uma criança era ela levada à Casa dos Expostos e apresentada ao encarregado daquele estabelecimento, um dos vogais da comissão, para verificar pelo distintivo a sua identidade. Depois o defunto era levado dentro do féretro à sepultura, precedendo-se o aviso ao respectivo pároco, para encomendar o corpo, ou na igreja, ou na capela do cemitério. Sendo o cadáver enterrado dentro da caixa, deixou assim de existir a caixa comum.
Insignificâncias João Paulo Cotrim - 8 Abr 2020 Santa Bárbara, Lisboa, terça 24 Março [dropcap]O[/dropcap] gato percebeu-o antes, como deve ser. A varanda que dá para o cruzamento quase largo, palco maior dos pequenos choques e até grandes acidentes, abre-se não apenas para o jardim despercebido das infâncias, mas em vistas para a «situação», dita assim meio a medo de nomear a doença. Da minha varanda vê-se o confinamento, essa lente que agora tudo amplia, tudo atrai para a sua rede de significâncias, talvez aparentes, certamente frágeis. Há uns valentes anos, em momento difícil, sob liderança esclarecida do mano Tiago Manuel, juntei-me ao Luis [Manuel Gaspar] para um conjunto de objectos que envolvia desenho, pintura e poesia. Em Novembro último, sem razão aparente, sacudi o pó aos versos, alguns pertencendo a poema baptizado «Santa Bárbara», que acabou publicado na folha de sala da «Diga 33», as sessões animadas pelo Henrique [Manuel Bento Fialho]no Teatro da Rainha. Noto-lhe ressonâncias, pelo que aqui o deixo ao vento, mais a chuva que parece vir do rio só para me agradar. «É da minha torre que vejo o castelo,/ rasgo na mão a flor de sal do horizonte.// Tacteio os muros em busca das janelas,/ noto a ponta dos dedos ferida de céu.// Em cima, os passos descalços da vocação perdida,/ aqui ao fundo aguardo um caminho.// Há promessas de viagem na trovoada,/ a redenção espreguiça-se como um arco.// Uma ideia descalça no miolo da espada,/ são raios que me partem, as dúvidas.// Na companhia íntima das raízes,/ o brilho da lágrima faz a morte hesitar.// Explode às vezes a coluna de pó,/ são as janelas que brincam de ameias.// Desfaz-se o perigo naquelas mãos,/ sei de cor a dádiva de uma recusa.// Anunciam-se os sábios e as palavras,/ mas se o círculo de pólvora limita os passos.// Cada onda da túnica é beijada pelo navio,/ estendo as mãos ao encontro dos estranhos.// Guarda o belo para o regresso,/ repousa a folha, um relâmpago no regaço.» Santa Bárbara, Lisboa, quarta 25 Março Saiu da gráfica para o vazio, este «O Nosso Desporto Preferido ̶ Futuro Distante», com que o Gonçalo [Waddington] se tem entretido a fazer e desfazer o tempo, com o corpo todo e a partir dele, nossa inevitável máquina de mastigar paisagens e cuspir necessidades. Ou vice-versa. E não deixo de tropeçar nos fios que ligam este trabalho, onde convivem espectros e a Humanidade em coro, espelhos e o malabarismo da língua, ao que estamos experimentando. «O tempo a ludibriar-nos pela eternidade adentro, e ainda nos aldrabam o espaço», diz Tirésias lá para o fim. «Agora é tudo escondido atrás de uma parede. É isto que nos deixaste, seu madraço? Versos rascas, rimas badalhocas e asneira atrás de asneira?» Um grupo de génios desenvolveu uma humanidade com as necessidades mais básicas resolvidas, e as quatro peças, sem que uma está por levar à cena, vão contando, anos para trás e para frente, do processo e respectivas consequências. Brutais, que não é impunemente que se mexe no que nos define. Nesta encenação em concreto, o público estava em cena, participava apenas por estar de corpo presente, espectro da humanidade possível. Eis-nos agora, postos à força a jogar esse lentíssimo e exasperante badmington, à espera que o outro devolva o volante. Dá tempo para acasalar com uma cadeira. Santa Bárbara, Lisboa, quinta 26 Março De cada vez que passo por uma estante, as lombadas, que se alinham de modo diferente a cada dia, sussurram tentações, maneiras de queimar o tempo, de o explicar, de jogar com ele. Tem tentáculos, a situação. Afinal, passo dia a fazer noite. E oiço isso mesmo vindo d’ «A espuma dos dias», do Boris Vian (ed. Frenesi). E lá descubro que «as pessoas perdem tempo viver, por isso já lhes não sobra nenhum para trabalhar». Lá acompanho a desgraça de nenúfares que vivem nos pulmões, apesar das flores. «Nem sempre as coisas podem correr bem». Tenho que concordar com a resposta, «mas podiam não correr sempre mal». Sou agarrado por «Les choses», de Perec (ed. Juillard), e vejo-me com o narrador a observar aquelas vidas na casinha de bonecas, fascinado pela «aisance» de vidas forradas as coisas, sustentadas por elas, nelas esgotadas. A felicidade feita venenosa «souplesse». Mas a situação já manda em mim? Nisto só me apetece o quietismo, invetsigar os místicos. Entro na «Cuaretena», de Juan Goytisolo (ed. Alfaguara), para me baralhar mais ainda os planos, mas convocando o corpo subtil e com ele modos de aprender a leveza, a ligeireza. Além de duas ou três páginas onde o labor da escrita se vê plasmado com minúcias nesta ideia que nos atravessa do isolamento. Mas não haverá outro assunto, ó estante maldita. Santa Bárbara, Lisboa, sexta 27 Março Não é de agora. O mano Tiago Manuel insiste em ser um dos últimos moicanos a teimar na carta manuscrita e em papel, invariavelmente acompanhada de desenho, que teima em dobrar e agrafar, tentando sem grande sucesso impedir que acabe nas paredes dos amigos. As suas imagens são matéria pura, em incomum mistura de ligeireza, de fluidez na definição dos corpos e da sua paisagem, e a gravidade que resulta de pensar por inteiro. Desta, teve a generosidade de dialogar com poema meu, que fala de horizonte e relâmpago, e não o mostro aqui por me apetecer a reserva. Foi tempo que lhe respondia, como desejaria, lavrando folha, em esforço para que a letra levasse o mínimo de inteligibilidade, mas há muito desconsegui. Digo-lhe por aqui que conservo no lugar exacto as suas incandescentes palavras e gestos de conforto e que acredito na teia de bem querenças onde pernoitar. «Estes dias mostram-nos o Mundo com as cores sombrias de um tempo antigo que julgávamos para sempre esquecido e não e fácil equilibrar os nossos males e preocupações com tão grande ressonância. Porém, estamos unidos pela força dos afectos e havemos de ultrapassar as dificuldades de hoje como aquelas que deixamos atrás.» Santa Bárbara, Lisboa, sexta 3 Abril A situação pôs ponto final no «Obra Aberta», quatro anos e mais de cem convidados depois. Muitas páginas se folhearam ao vivo no CCB, pouco antes de se ouvir a conversa em torno dos livros e da leitura, portanto, da vida, conduzida pela Maria João Costa, na antena da Renascença. Os livros são corpos cada vez mais estranhos no horizonte dos dias, destes exactos dias que tanto precisam das perspectivas que apenas a leitura possibilita.
Declinações de solidão Nuno Miguel Guedes - 8 Abr 2020 [dropcap]E[/dropcap]stá um dia chuvoso, plúmbeo, esses mesmo que o leitor está a pensar. “Mais um para juntar a estes que vamos conhecendo”, acrescentará o filosófico leitor. Talvez, talvez. Do lugar onde escrevo tenho a sorte de ver o castelo que outrora protegeu a cidade. Mas agora as pedras das suas muralhas apenas mostram uma impotência triste perante um invasor que não conseguem deter. O resto já sabemos, já sei. As ruas semi-desertas, os transeuntes que se entreolham quando se cruzam a distância menor do que a aconselhada pelas autoridades sanitárias. No meio da esperança e do optimismo que escolhemos para nos acalentar mora ainda a natureza humana. E nela existe e sempre existirá a desconfiança do outro, por mais diluída que agora se sirva em gestos solidários. Perdoai então o mau feitio do cronista, a quem não apetece nesta altura escrever frases motivacionais. Desde há vários dias assim, comecei a indagar-me o porquê deste temperamento recorrente nestes dias. As circunstâncias por si só não o justificavam. Até que reparei que existia um estranho silêncio nas ruas, uma ausência que me feria sem saber porquê. Uma destas manhãs fui à janela e percebi. Moro por cima de uma escola primária e de casa consigo ver o recreio. Até há pouco tempo, todas as manhãs eram preenchidas pelo chilrear dos miúdos a brincar, algo que sempre achei reconfortante. Não sei porquê mas sempre procurei viver perto de escolas e igrejas, porque gosto de ouvir os sinos. Dão-me um invulgar sentimento de protecção. De forma que é isso: não existem crianças nas ruas. Não oiço as suas vozes, os seus gritos, os seus choros, os seus risos. Fazem-me falta para contrariar o exército sorumbático que tomou conta da cidade e em que me incluo. E esta ausência contribui para uma sensação de algo que não será bem solidão mas sim de sozinhez, esta palavra linda inventada pelo poeta e cronista brasileiro Paulo Mendes Campos, numa crónica de 1963 chamada Para Maria da Graça. A sozinhez não é tão profunda ou irreversível como a solidão; mas dói, uma dor mansa mas que existe. É o que sinto tomar conta de mim devagar, mesmo à medida que escrevo estas palavras. A vozearia das crianças representa uma espécie de âncora de normalidade e ao desparecer, essa esperança também desparece. Corrijo: não é a esperança nem sequer o futuro que não se vê: é o agora, o presente-instante que parece ter sido roubado e que nos está a fazer falta. Não gostaria de terminar a crónica com travo amargo. Refugio-me no que Paulo Mendes Campos também escreveu quando inventou a sozinhez: “Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior isso acontece muitas vezes em um ano. “Quem sou eu no mundo?”. Essa pergunta perplexa é o lugar-comum da história humana. Quanto mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás.” É um consolo bem-vindo. Mas por enquanto aqui fico, à espera desse dia em que as crianças tomem as ruas de assalto, de forma urgente e definitiva.
A Ásia na poesia de Gil de Carvalho Duarte Drumond Braga - 8 Abr 2020 [dropcap]E[/dropcap]is a primeira novidade: a Ásia deste poeta não coincide, a não ser com a China, com os territórios típicos do Oriente português. Aqui não há então orientalismo (no sentido que lhe deu Edward Said em 1978) simplesmente porque não há Oriente, melhor dizendo, não há esse mecanismo de recondução do alheio ao próprio, essa necessidade de encaixar a Ásia num olhar europeu. Por outro lado, havendo intersecções de referências, estas dispensam qualquer formulação que implique identificação com a figura do “outro”: “Chegar à taiga. Mandala ou yantra?/ Panquecas muito secas fundindo/ O recheio no vermelho a rapariga/ Dum barco a neve montanhas fecha”. (Viagens, 2008, p. 273). Seria assim penoso ou desadequado enquadrar o autor no Oriente quase sempre ideológico dos poetas portugueses do século XX, sempre entre império e exotismo. O que antes há no “orientalismo” de Carvalho é uma capacidade de notação, de registo – mesmo de investigação, o que se prende com a forte vertente “viajante” desta poesia – e que se tornou mais explícita a partir dos livros De Fevereiro a Fevereiro (1987) e Tarantela & Viagens (1998) –, exploradora de realidades culturais diversas, nunca endereçadas a partir dos binómios próprio/alheio ou eu/outro. Esta era porventura a dimensão que faltava à escrita poética portuguesa sobre o Oriente do século XX – exceptuando talvez Ruy Cinatti ou certos momentos de Couto Viana, muito ligados no entanto à ideia de império – e retomando virtualidades do nosso orientalismo “prático” quinhentista, de igual modo agindo no terreno. Quanto a mim, são precisamente certas dimensões da ligação histórico-cultural de Portugal à Ásia que são indirectamente retomadas na poesia de Gil de Carvalho, obviamente dispensando o poeta qualquer tipo de inscrição explícita nessa herança, e tendo em conta que estas não esgotam de modo nenhum a compreensão da presença da Ásia nesta poesia, ajudando contudo a explicar o uso de um certo tipo de olhar. Numa cultura de prática do Oriente, foram as práticas humanas de campo, a exploração, a conquista, o comércio e a praxis de escrita (literária ou não), que se substituíram a um inexistente ou incipiente orientalismo cientifico, que iria depois ser criado por outras nações, tantas vezes com o material coligido por portugueses. De certa forma, e como se torna óbvio no século XIX e XX, em Camilo Pessanha ou Venceslau de Morais, a literatura fez as vezes de um inexistente orientalismo científico, assumindo-se como um conhecimento poético do Oriente, (como alguém disse) uma ciência de ver, tornando-se o veículo de uma continuada presença que sobreviveu à precariedade de um império asiático. E assim, dispensando todos os modelos culturais pré-estabelecidos de falar no Oriente por portugueses, a poesia de Gil de Carvalho é uma nova ciência de ver a realidade asiática, simplesmente por desejar conhecer, por notar, registar, alinhavá-la nas rugosidades da sua textualidade. Com Carvalho são as viagens – título escolhido para a sua obra coligida – que dão, não a displicência sentimental do olhar do viajante, mas a sensação de percorrer realidades nunca lineares, nunca facilmente descritíveis, mas em tempos e espaços nos quais convivem o arcaico com o coevo, o urbano com o rural: “Por cima da estepe a última/ Cidade. Pacientes artesãos/ Em trocas eternas. O fumo/ Das centrais, aberto./ E a proverbial fidelidade/ Da mulher mongol. (Viagens, p.177) A noção de viagem parece-me ser, com efeito, uma chave para a compreensão da sua obra, em primeiro lugar como indicador, não só da constante mudança de cenário, mas da própria descontinuidade das coisas, indo ao encontro de uma horizontalidade geográfica de dimensão quase planetária. Em segundo lugar, aponta também para uma verticalidade, no sentido em que, quer a Mongólia quer a serra algarvia de que também fala a certo ponto são geografias complexas com camadas significantes, imagens do mundo em hiatos, em socalcos, de que a sua verbalização adopta a natureza. E não há aqui a imposição de uma subjectividade marcada que dê um sentido a esta errância, unindo os seus espaços; há antes um sujeito em viagem que é constituído pela descontinuidade do que vê, mais do que uma entidade sedeada no centro de algo, como neste encontro com a artesã manchu: “(…) Qual seria o rosto entregue/ Por ambos neste pagamento? Ancestral/Por certo./ Vermo-nos em vidros, manchus: séculos,/ Milénios passados após os Estreitos”. (Viagens, p.179)
Candidaturas para subsídio complementar de rendimentos vão até dia 4 de Maio Hoje Macau - 8 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) começa a aceitar, a partir de hoje e até 4 de Maio, os pedidos para a primeira prestação do subsídio complementar aos rendimentos do trabalho relativo ao ano de 2020. De acordo com um comunicado oficial, “os requisitos dos destinatários relativos ao pedido do subsídio do corrente ano são aligeirados até aos residentes não permanentes da RAEM”. Desta forma, podem candidatar-se todos os residentes, sejam permanentes ou não permanentes, que tenham completado 40 anos de idade, tenha a inscrição no Fundo de Segurança Social como trabalhadores por conta de outrem no trimestre a que se reporta o pedido de subsídio (até 31 de Dezembro de 2019). Outra regra para receber este subsídio é a obrigatoriedade de prestação de um mínimo de 152 horas de trabalho por mês, no mínimo, ou 128 horas de trabalho “caso [os candidatos] exerçam actividades nas indústrias de fabricação de produtos têxteis, de vestuário e do couro para exportação. São também elegíveis os candidatos que aufiram rendimentos inferiores a 15 mil patacas no mesmo trimestre. Pessoas que são titulares do cartão de registo de avaliação da deficiência válido também podem requerer este subsídio.
Covid-19 | Conta da Comissão Macau Solidário fechou ontem com 3,5 milhões de patacas Andreia Sofia Silva - 8 Abr 2020 Está encerrada a conta bancária da Comissão Macau Solidário, criada por entidades locais para ajudar a combater a pandemia da covid-19 em Portugal através da compra de máscaras e outro equipamento médico. A conta tinha ontem 3,5 milhões de patacas, mas este montante deverá aumentar, uma vez que há ainda operações bancárias a decorrer [dropcap]D[/dropcap]esde ontem que não é possível fazer mais depósitos na “Covid-19 – Portugal Conta Solidariedade”, a conta bancária aberta pela Comissão Macau Solidário no Banco Nacional Ultramarino (BNU) no passado dia 25 de Março. A conta está oficialmente encerrada e, até ao fecho desta edição, contabilizava cerca de 3,5 milhões de patacas, valor que poderá ainda aumentar, disse ao HM Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM). “Esperamos algum aumento, não sabemos quanto. As coisas estão a correr bem, há montantes que ainda não entraram na conta porque houve feriados e as operações bancárias atrasaram-se.” Amélia António não quis dizer, para já, de que forma este montante será canalizado para ajudar a sociedade portuguesa no combate à covid-19, numa altura em que há relatos de falta de material de protecção em hospitais e outro tipo de instituições de saúde. A presidente da CPM assegurou que será emitido um comunicado conjunto assim que o total seja contabilizado. Ajudar a primeira linha A Comissão Macau Solidário, composta por 17 entidades locais, pretendeu, desde o início, juntar um “querer colectivo de tentar fazer alguma coisa para ajudar a situação que se vive em Portugal”, disse Amélia António aquando da apresentação do projecto, no consulado-geral de Portugal em Macau. A ideia é que os profissionais da linha da frente que trabalhem com doentes de covid-19 sejam os primeiros a receber máscaras, batas e viseiras, entre outros equipamentos. Posteriormente, serão enviados kits para testes de despistagem à covid-19, uma vez que a Organização Mundial de Saúde “parece concluir que onde se fazem mais testes tem-se conseguido dominar melhor a questão”, acrescentou Amélia António a 25 de Março. Todo o material enviado para Portugal será distribuído pelo Ministério da Saúde. Portugal conta actualmente com 345 mortos e um total de 12.442 casos de infecção.