Casa Garden | Lançamento em Maio de livro que compara Macau, Índia e Timor

O livro “Macau, Índia e Urbanismo de Timor – Continuidade e Ruptura na Implantação do Planeamento Urbano entre 1934 e 1974”, da autoria de Sérgio Barreiros Proença, será lançado na Casa Garden no próximo dia 3 de Maio, a partir das 18h30, tratando-se de uma iniciativa promovida pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo.

Segundo um comunicado da organização, este livro proporciona “uma perspectiva única sobre o desenvolvimento do planeamento urbano de Macau, Goa e Timor”, apresentando a análise sobre o “rico arquivo de planos urbanísticos destes três territórios”.

A obra nasce de um projecto de investigação financiado pelo próprio CURB, Fundação Macau e CIAUD – Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design, ligado à Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Este projecto, realizado com base nos planos de urbanização das antigas províncias ultramarinas portuguesas, dos anos 1937 a 1974, foi também financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo coordenação da académica Maria Clara Mendes.

Sérgio Barreiros Proença é licenciado em Arquitectura, Planeamento Urbano e Territorial pela antiga Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, actualmente Universidade de Lisboa. Tem ainda um mestrado em Cultura Arquitectónica Moderna e Contemporânea e um doutoramento em Urbanismo. É ainda docente nesta área.

O CURB é uma instituição sem fins lucrativos estabelecida em Macau para promover a investigação, educação, produção e disseminação do conhecimento em arquitectura, urbanismo e cultura urbana.

26 Abr 2024

Concerto | Trio Mark Leung e músicos locais amanhã na FRC

É já amanhã que a galeria da Fundação Rui Cunha acolhe mais um espectáculo de jazz. Os protagonistas são o Trio Mark Leung, composto por músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos e colaboradores da Associação de Promoção de Jazz de Macau. Este é mais um evento incluído na série de espectáculos “Saturday Nigh Jazz” e serve de celebração aos 12 anos da FRC

 

Escreve-se amanhã mais um capítulo na história da iniciativa “Saturday Night Jazz”, criada pela Fundação Rui Cunha (FRC) para promover a música que se faz a nível local e também regional. A partir das 21h é possível ouvir composições de jazz tocadas pelo Trio Mark Leung, com músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos da Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA, na sigla inglesa), presença habitual na FRC na realização deste tipo de iniciativas.

O concerto serve para celebrar o 12.º ano da FRC, um projecto que nasceu da mente do advogado Rui Cunha para promover a cultura local, mas também a dinamização do Direito de Macau.

O Trio Mark Leung adoptou o nome do seu guitarrista, que se junta ao baterista Felix Leung e ao baixista Kiu Fung Lee. Mark Leung esteve em Macau em Março do ano passado, quando apresentou o seu projecto mais regular, o “Olá Jazz Guys”.

O guitarrista fundou a “Olá School of Music” para desenvolver estudos de performance e educação musical no território vizinho, sendo também fundador da Free Music Association (FMA).

Mark Leung é ainda membro da Sociedade de Compositores e Autores de Hong Kong (CASH), além de ser considerado “um velho amigo” da MJPA, tendo inclusivamente estudado em Portugal com o músico de jazz Zé Eduardo, nome também habitual na cena local do jazz.

Segunda parte local

Se o espectáculo abre com o Trio Mark Leung, encerra com músicos de Macau e habituais colaboradores da MJPA, nomeadamente o guitarrista Mars Lei, seu presidente e nome habitual nestas iniciativas. Segundo a FRC, “os habituais artistas residentes irão tocar clássicos do jazz com a ajuda dos colegas de Hong Kong”.

Desde 2014 que o evento “Saturday Night Jazz” é organizado pela FRC em parceria com a associação, que é formada “por amantes de jazz que regularmente tocam, ensinam e exploram os vários estilos deste género musical, no âmbito de múltiplos projectos vocacionados para a juventude”.

26 Abr 2024

Obras de Ding Li na galeria Humarish Club até Maio

A galeria Humarish Club, no empreendimento Lisboeta Macau, acolhe até ao dia 17 de Maio a exposição “La Dolce Vita” [A Vida é Bela] do artista chinês Ding Li, sendo esta a primeira vez que este revela a sua obra ao público local.

A exposição, realizada em parceria com a galeria Madein, apresenta obras que são uma espécie de retratos de figuras, com o artista a apresentar uma nova visão sobre “cenas do quotidiano através de pinceladas intrincadas”, criando “linhas de textura metálicas” e “texturas metálicas”, explica a organização em comunicado.

Ding Li apresenta, em “La Dolce Vita”, uma “linguagem visual profunda que estimula a contemplação e a exploração da criação artística por parte do público”.

Com esta mostra, o Humarish Club diz querer “enriquecer a diversidade do panorama cultural e artístico de Macau através da apresentação de obras de arte com características pessoais distintas, mostrando a integração da tecnologia digital e da pintura tradicional”, além de reflectir “a tendência da integração interdisciplinar”.

De Xangai a Paris

Nascido em Xangai em 1979, Ding Li formou-se em artes Academia de Belas Artes de Paris, França (École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris). O artista dedica-se também à fotografia, onde explora “formas concisas e temas proeminentes, adoptando uma linguagem estilizada e madura aos seus temas e objectos”.

Ding Li acaba por centrar muito do seu trabalho em retratos de busto de uma ou várias pessoas, bem como paisagens, variando entre a pintura e a criação de imagens. O processo de criação artística funciona como um enfrentar “dos efeitos subsequentes desta tensão constante”.

Segundo a organização da mostra, o artista destaca “a natureza construída da imagem, deixando em aberto a possibilidade de resultados inesperados” para quem vê o seu trabalho. As suas pinturas “atraem a atenção do espectador não só pelo prazer que despertam as cores vivas e linhas curvas, mas também pelas mensagens e emoções incertas que transmitem”.

O artista baseia-se ainda em “experiências repetidas com o objectivo de definir uma expressão pura própria” no meio artística. Ding Li explora a pintura feita a partir de características materiais e apresenta uma nova linguagem visual através da reconstrução de tintas a óleo, tintas em spray, pincéis e molduras.

A mais recente exposição do artista foi apresentada no Museu de Arte de Guangdong, em Cantão, no ano passado, integrada no evento “Symphony of All the Changes: The 7th Guangzhou Triennial”.

25 Abr 2024

Casa de Vidro | Imagens do 25 de Abril para ver até 19 de Maio

Está patente na Casa de Vidro do Tap Seac, até ao dia 19 de Maio, a mostra “50 Passos para a Liberdade: Portugal da Ditadura ao 25 de Abril”. Esta exposição é organizada pela Casa de Portugal em Macau e cedida pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.

Na mostra retrata-se “os últimos anos da ditadura e os primeiros momentos depois do seu derrube, abrangendo o intervalo temporal entre Setembro de 1968 e Julho de 1974, com recurso a fotografias, cartazes, documentos e recortes de imprensa”. É feita uma divisão em quatro núcleos centrais, nomeadamente “Um regime à beira do fim”, “O derrube da ditadura”, “O dia inicial inteiro e limpo”, com referência ao célebre poema de Sophia de Mello Breyner, e ainda “Os primeiros dias em liberdade”. Esta exposição é itinerante e contém conteúdos em várias línguas para se adaptar aos vários países e regiões onde estará presente, sendo uma iniciativa com a colaboração do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua (Camões – IP).

A historiadora Maria Inácia Rezola, comissária das celebrações do 25 de Abril em Portugal, adiantou à Lusa que “o ponto inicial é a célebre queda da cadeira de Oliveira Salazar”, explicando que a exposição percorre depois “alguns dos acontecimentos centrais do marcelismo, enfatizando questões como a luta dos movimentos de libertação africanos, as lutas sindicais e a luta dos católicos progressistas”.

A mostra analisa “a conspiração dos capitães e a preparação do 25 de Abril e do programa do MFA [Movimento das Forças Armadas]”, adiantou a comissária, vincando que a exposição dedica “um espaço muito particular ao próprio dia 25 de Abril” e conclui, no quarto núcleo, “retratando o que foram os primeiros momentos vividos em liberdade”.

Nomeadamente, acrescentou, abordando “a conquista da liberdade de expressão e a conquista do salário mínimo nacional, culminando todas estas novidades com a aprovação, a 27 de Julho de 1974, da lei 7/74, pela qual, finalmente, Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e à independência”.

25 Abr 2024

Livraria Portuguesa | Livro sobre empreendedorismo lançado amanhã

É já esta sexta-feira, a partir das 18h30, que será lançado na Livraria Portuguesa a obra “Jornada do Empreendedorismo”, da autoria de Marcos Barbosa Rodrigues e Luís Rasquilha. A apresentação caberá a José Alves, director da Faculdade de Gestão da Universidade Cidade de Macau.

Marcos Barbosa Rodrigues é, segundo uma nota da Livraria Portuguesa, um “empreendedor visionário com uma larga experiência no mundo executivo e empresarial”, sendo formado em Empreendedorismo e Gestão da Inovação pela Universidade Católica Portuguesa. O co-autor deste livro é actualmente CEO da Polis CV e presidente do Conselho Superior das Câmaras de Comércio e Turismo de Cabo Verde.

Esta obra explora a área do empreendedorismo, explicando aos leitores que se trata de “muito mais do que criar um negócio”, mas também de “um estado de espírito, uma forma de encarar desafios, olhar possibilidades onde outros vêem obstáculos e transformar paixões em empreendimentos prósperos”.

Desta forma, o livro “mergulha nas raízes do empreendedorismo, explorando as suas origens históricas e o crescimento no mundo contemporâneo”. Os autores revelam histórias de empreendedores e desvendam “os elementos-chave” desta área, “desde a identificação de oportunidades até à construção de uma empresa e sua gestão do negócio”. Esta obra apresenta-se como um “convite para a transformação num agente de mudança” e a possibilidade de “abraçar o espírito empreendedor e transformar as suas aspirações em realidade”.

25 Abr 2024

Palestra sobre dietas e obesidade amanhã na FRC

Decorre amanhã, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), a palestra “Dietas para combater a Obesidade – Mitos e Estratégias”, com a presença da médica Paula Freitas, assistente graduada do serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto, e ainda professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Segundo um comunicado da FRC, a palestra pretende desmistificar algumas ideias pré-concebidas em torno da alimentação e obesidade. Paula Freitas refere, na mesma nota, que a obesidade pode ser considerada “uma doença crónica complexa, multifactorial e recidivante”, e que “qualquer intervenção a curto prazo, correcta ou incorrecta, não terá impacto a longo prazo e está votada ao insucesso, se a sua estratégia não for a modificação do estilo de vida de uma forma permanente”.

A profissional de saúde destaca ainda que a obesidade ou pré-obesidade são “doenças crónicas com impacto na saúde, qualidade de vida e mortalidade”, não sendo apenas problemas do ponto de vista estético.

Assim, “é de primordial importância que a pessoa com obesidade defina e tenha metas realistas no tratamento”, pois, caso contrário, “ficará frustrada, irá desistir e não perderá peso”.

Cada corpo é um corpo

Relativamente às chamadas dietas rápidas, Paula Freitas denota que “a pressa é inimiga da perfeição”, e que não há uma dieta milagrosa que funcione com todas as pessoas. Na verdade, uma dieta que promete perda de muito peso em pouco tempo “pode levar à interrupção de comportamentos saudáveis necessários, de forma prolongada e duradoira, para uma saudável perda de peso”.

Cortar nas proteínas, gorduras ou hidratos de carbono, ou optar por uma alimentação vegetariana, por exemplo, depende de cada pessoa e das doenças que possa ter, caso sejam do foro cardiovascular, diabetes ou colesterol aumentado.

A médica aconselha, assim, a que as pessoas façam “escolhas saudáveis todos os dias”. “Há que pôr fim aos mitos e às confabulações sobre dietas miraculosas. Devemos fazer escolhas alimentares saudáveis todos os dias e praticar exercício físico regularmente. Só deste modo, teremos uma vida saudável”, descreve.

24 Abr 2024

Bienal de Veneza | Exposição “Acima de Zobeida” exibida até Novembro

Macau está presente na 60ª edição da Bienal de Veneza com “Acima de Zobeida – Exposição de Macau, China”, patente no Instituto Santa Maria della Pietà até 24 de Novembro. A mostra revela o trabalho do artista local Wong Weng Cheong, inspirado no romance de Italo Calvino “As Cidades Invisíveis”

 

Foi inaugurada na segunda-feira a exposição que representa a RAEM na 60ª edição da Bienal de Veneza. “Acima de Zobeida – Exposição de Macau, China” revela o trabalho do artista local Wong Weng Cheong, formado em artes plásticas no Reino Unido e que, para este projecto, se inspirou no romance “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino.

Tendo livro do romancista italiano como guia de imaginário, o artista utilizou as instalações da bienal para “criar um mundo ficcional repleto de metáforas”, onde existe “um espaço selvagem acima das ruínas de uma cidade, habitado apenas por um grupo de herbívoros com pernas alongadas”.

Com este projecto os espectadores “são ocasionalmente captados pela câmara”, parecendo “forasteiros”, sempre em busca de novidades. Segundo uma nota de imprensa do Instituto Cultural (IC), “através da engenhosa justaposição de realidade e imaginação, natureza e civilização, animais e humanos, governantes e forasteiros, o artista apresenta a crise de mutação enfrentada pelos humanos no processo de desenvolvimento urbano impulsionado por desejos materiais, levando os espectadores a contemplar a situação complicada que a humanidade tem de enfrentar no mundo contemporâneo e reflectindo a sobrevivência aparentemente vulnerável, mas tenaz, de todos os seres”.

Rol de oportunidades

Na cerimónia de inauguração, a presidente do IC, Leong Wai Man, considerou que a exposição “reflecte não só a perspectiva global e o cuidado humanístico da criação artística de Macau, mas também revela as personalidades e talentos destes artistas jovens e em ascensão”.

Ficou ainda patente a promessa de que o Governo “irá continuar a criar mais condições e oportunidades para os artistas de Macau, concretamente para os jovens artistas, permitindo-lhes criarem obras de arte que reflitam a cultura chinesa e o carácter de Macau, promovendo o desenvolvimento cultural e as indústrias culturais de Macau”.

Esta mostra tem a curadoria de Chang Chan que, tal como Wong Weng Cheong, agradeceu à organização da bienal “a assistência e apoio à criação artística em Macau”. Ambos disseram sentirem-se “honrados por participarem em nome de Macau na Bienal de Veneza, uma plataforma a que os profissionais da arte aspiram, prometendo aproveitar esta preciosa oportunidade para apresentar ao mundo os mais recentes desenvolvimentos artísticos” do território.

Natural de Cuba, Italo Calvino é considerado um dos mais importantes romancistas do século XX, tendo publicado “As Cidades Invisíveis” em 1972. O livro estabelece uma ligação entre as viagens do navegador Marco Polo ao Oriente e os diálogos com o imperador Kublai Khan.

24 Abr 2024

Cinema | “A Sociedade da Neve” em destaque nos prémios ibero-americanos Platino

O filme “A Sociedade da Neve” venceu a 11.ª edição dos prémios ibero-americanos Platino em seis das sete categorias em que estava nomeado, em que os candidatos portugueses ficaram fora dos premiados, anunciou a organização.

Co-produção de Espanha, Chile, Uruguai e Estados Unidos para a Netflix, o filme, sobre a tragédia aérea ocorrida nos Andes em 1972, do espanhol Juan Antonio Bayona, conquistou as categorias de melhor filme ibero-americano de ficção, realizador, actor, montagem, fotografia e sonoplastia, numa cerimónia no sábado, em Cancún, no México.

Os filmes “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, e “Mataram o Pianista”, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, co-produzido por Portugal, estavam nomeados na categoria de animação, em que “Robot Dreams” foi o vencedor. “Nayola” é a primeira longa-metragem do realizador português José Miguel Ribeiro, tendo já sido premiada e exibida em vários festivais e estreado nos cinemas portugueses.

“Mataram o Pianista” é um documentário dos realizadores espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, com Humberto Santana, fundador da Animanostra, como coprodutor.

Os Prémios Platino são organizados pela Entidade de Gestão de Direitos dos Produtores Audiovisuais e pela Federação Ibero-americana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais, em parceria com academias e institutos de cinema dos países do espaço ibero-americano.

23 Abr 2024

Clube Militar | Celebrações do 25 de Abril com jantar e exposição

O Clube Militar de Macau acolhe esta quinta-feira as celebrações dos 50 anos da revolução portuguesa do 25 de Abril de 1974 que levou à queda do regime ditatorial do Estado Novo. Está agendado um jantar comemorativo que começa a partir das 18h30 com um cocktail, seguindo-se um momento musical com Zeca Li Silveirinha e Mariana Menezes.

Além disso, será inaugurada uma exposição de fotografia intitulada “Lisboa, 25 de Abril de 1974”, com imagens de Álvaro e José Tavares. As inscrições para o jantar e espectáculo terminam amanhã e devem ser feitas junto dos responsáveis pela organização do evento, nomeadamente Manuel Geraldes, Pedro Vale de Gato, Lurdes de Sousa ou Carlos Wilson. Esta iniciativa conta ainda com o apoio da Casa de Portugal em Macau.

23 Abr 2024

Música | Pianista macaense cria associação em prol da educação musical

Catarina Amaral está há dez anos em Nova Iorque e decidiu criar a Opus One com Peter Chan e Shuyan Wong, também nascidos em Macau, a fim de desenvolver uma educação musical alternativa para o território com mais concertos, masterclasses e outros eventos gratuitos ou com custo reduzido

 

A pianista macaense Catarina Amaral, a estudar em Nova Iorque, criou com outros dois músicos a associação de artistas Opus One, que quer contribuir para criar um ambiente “mais saudável” na educação musical em Macau. A razão que levou Catarina Amaral a partir há quase dez anos para os Estados Unidos, para estudar Música, é praticamente a mesma que a fez criar, em Outubro de 2021, a associação de artistas Opus One.

Em Macau, onde nasceu, sentia falta de uma comunidade artística. E a educação musical tinha ainda muito caminho pela frente. “Está muito melhor do que antes, porque pessoas que estudaram fora voltaram para Macau e existem mais alunos a tocar muito melhor tecnicamente”, diz em entrevista à Lusa a macaense de 24 anos.

No entanto, nota a pianista, com a “cultura de competição que se mantém entre os alunos” do território, que “sentem muita pressão”, a qualidade da música local acaba por ser “muito afectada”.

Ao nível do currículo do ensino superior, considera, faltam programas interessantes, até “porque música não é só tocar”: “Tens muito mais do que só isso: artes, tens a história, a teoria, está tudo relacionado e Macau ainda não está a pôr estes pontos juntos. Ainda falta, mas está a começar”.

A Opus One, constituída por Catarina e dois amigos, também pianistas de Macau, Peter Chan e Shuyan Wong, quer trazer algum equilíbrio a quem está a dar os primeiros passos neste mundo, através, por exemplo, de “mais educação via concertos, ‘masterclasses’ e outros eventos”, gratuitos ou de custo reduzido.

“Em vez de tudo ser competição, em vez de se ter de pagar para as aulas, nós queremos mesmo que os alunos comecem a apreciar a música que eles próprios ouvem, que eles próprios veem, que não sejam só mandados praticar, mandados gostar de música”, explica.

Primeiros acordes

Um recital com a russa-americana Olga Kern, única mulher a alcançar nos últimos 50 anos o ouro na competição internacional de piano Van Cliburn, ou com o pianista canadiano Avan Yu, que deu ainda uma ‘masterclass’ a quatro crianças de Macau, foram algumas das actividades organizadas até agora pela Opus One.

Todas com dinheiro do próprio bolso, já que a associação não conseguiu angariar fundos para apoiar as iniciativas.

“Estes eventos, que começam por ser grátis ou a um preço baixo, ou a oportunidade [que as crianças têm] de conhecerem estes artistas e tocarem para estes artistas, pode influenciar os jovens a gostarem ainda mais de música. Pode até trazer um ambiente mais saudável para Macau”, reforça.

Catarina Amaral concluiu a licenciatura e mestrado em Música na Manhattan School of Music, em Nova Iorque, e frequenta agora um segundo mestrado, em Educação, na Columbia University. Diz que, para o futuro, o que “queria mesmo era ensinar professores como ser professores”. “Não é só dizer aos alunos o que fazer, mas dizer aos alunos para explorarem o que eles querem fazer”, reforça.

Para já, esta macaense, de origem portuguesa e chinesa, vai ficar nos Estados Unidos para um fazer o doutoramento. O regresso a Macau está nos planos, diz, até porque sente que quer dar algo de volta à comunidade.

Quanto à associação, dedicada numa fase inicial mais à música e ao piano, a ideia passa por contactar com outros instrumentos e artes. Pintura e moda são algumas das áreas de interesse e com “talentos não descobertos”.

“Macau tem muito talento, tem muitas pessoas com muito talento e que não são faladas, não são dadas a conhecer ao público. Por isso são também comunidades que queremos incluir”, diz.

23 Abr 2024

Fundação Oriente promove encontro para partilhar o “que se faz de melhor” em Macau e Goa

O 1.º Encontro de Delegações da Fundação Oriente (FO), que se realiza em Macau por ocasião do 25 de Abril, é uma “primeira aproximação” entre as representações e “uma rampa de lançamento” para maior intercâmbio.

“Tivemos aqui uma ideia de aproximação, uma primeira aproximação, não só para trocar experiências entre nós, delegados (…) mas isto foi uma coisa que nasceu (…) do interesse que temos em aprender com aquilo que se faz de melhor em cada um desses sítios”, disse à Lusa a delegada da Fundação Oriente em Macau, Catarina Cottinelli.

A decorrer entre 24 e 29 de Abril, esta primeira edição junta apenas Macau e Goa, estando a delegação de Timor-Leste ausente devido a compromissos.

Nadia Rebelo, Franz Schubert Cotta e Omar de Loiola Pereira, três músicos de Goa, sobem ao palco, na Casa Garden, Macau (27 de Abril), e no Clube Lusitano, em Hong Kong (28 de Abril), para dois concertos que incluem temas de fado e de mandó, género musical goês.

Está prevista ainda uma conferência sobre o trabalho da Fundação Oriente na Índia, com incidência na recuperação de património cristão no estado indiano de Goa e no apoio e promoção do ensino de português.

“A fundação aqui também tem o papel não só dessa manutenção do património, dessas ligações a Portugal, mas também tudo o que seja o incremento dos laços entre Portugal e Índia, mais concretamente em Goa. E, além dessa recuperação, também temos vindo pontualmente a suportar ou apoiar o governo de Goa na recuperação de algum património hindu”, disse à Lusa o delegado da FO Goa, Paulo Gomes.

O encontro na região chinesa, onde Catarina Cottinelli diz esperar elevar a cumplicidade entre as representações, é também uma oportunidade para dar a conhecer as comunidades com quem trabalham e até “a própria estratégia” para as respectivas regiões, “que é um pouco diferente” e adaptada “a cada contexto”.

“A fundação [em Macau], hoje em dia, tem um papel mais na vertente cultural, do intercâmbio cultural, de promover as actividades que fazemos aqui, promover justamente uma relação maior com a cultura chinesa e portuguesa, e, neste caso, a cultura de Macau”, explicou.

Olhar para a frente

Cottinelli já pensa em encontros futuros, na Índia e em Timor-Leste, e assegura que as ideias existem, nomeadamente a realização de residências artísticas. “Por que não trazermos artistas de Goa e vice-versa”, sugeriu, avançando ainda a possibilidade de levar artistas de Macau que queiram fazer investigação em Goa.

Já Paulo Gomes admite que este primeiro evento pode ser uma “rampa de lançamento” para a realização de “duas ou três actividades anuais que envolvam as três delegações”. A Fundação Oriente nasceu em 18 de Março de 1988 como uma das contrapartidas impostas pela então administração portuguesa em Macau à concessão em regime de exclusividade da exploração do jogo no território.

Desenvolve acções culturais, educativas, artísticas, científicas, sociais e filantrópicas, com vista à valorização e à continuidade das relações históricas e culturais entre Portugal e o Oriente. Após a abertura da delegação da FO em Macau, em 1988, seguiu-se Goa, em 1995, e Timor-Leste, em 2002.

22 Abr 2024

CCM | Concerto de homenagem a Rachmaninoff no sábado

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) recebe no próximo sábado, a partir das 20h, “Homenagem a Rachmaninoff”, um concerto da Orquestra de Macau (OM) dirigido pelo maestro húngaro Gábor Káli.

Os músicos da orquestra local vão tocar neste espectáculo três obras de Sergei Rachmaninoff “raramente interpretadas”, segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), nomeadamente “Sinfonia Juvenil em Ré menor”, “Concerto para Piano e Orquestra N.º 4 em Sol menor” e “Sinfonia N.º 1 em Ré menor”. O público poderá, assim, desfrutar de uma “visão única das obras desta figura icónica da escola da música romântica russa”.

O maestro húngaro Gábor Káli foi o vencedor do primeiro prémio e do Prémio de Orquestra da primeira edição do Hong Kong International Conducting Competition em 2018. Assumiu o cargo de director musical assistente e maestro principal do Teatro Estadual de Nuremberga, na Alemanha, e o de maestro convidado da Ópera Estatal Húngara, em Budapeste, por várias vezes.

Outro destaque do concerto é a pianista francesa Marie-Ange Nguci, que ingressou no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris aos 13 anos e completou o curso de mestrado de música em Execução de Piano aos 16 anos. Segundo o IC, “a sua técnica excepcional, musicalidade extraordinária e visão colocaram-na na vanguarda do sector musical”.

22 Abr 2024

Cinemateca Paixão | Ciclo exibe filmes do sul-coreano Hong Sang-soo até Maio

Um total de dez películas com a assinatura do realizador Hong Sang-soo podem ser vistas na Cinemateca Paixão até 11 de Maio. O ritmo vagaroso com que conta histórias de amor e dilemas do quotidiano da Coreia do Sul são características do realismo doméstico típico dos seus filmes

 

Arrancou na última semana na Cinemateca Paixão um ciclo de cinema inteiramente dedicado ao realizador sul-coreano Hong Sang-soo, que começou a ficar conhecido no cinema asiático e mundial em meados dos anos 1990. “Realizador em Destaque: Exibição Temática de Filmes de Hong Sang-soo” apresenta ao público de Macau um conjunto de dez filmes, incluindo a longa-metragem com a qual se estreou nos grandes ecrãs: “The Day a Pig Fell Into the Well” [O Dia em que o Porco caiu no Poço], que teve uma única exibição no último sábado.

Contudo, os restantes filmes terão direito a duas exibições para que os fãs não percam a oportunidade de conhecer de perto o trabalho do realizador. Ainda esta quarta-feira serão exibidos, às 19h30, a curta-metragem “Lista” e o filme “A Colina da Liberdade”, este último de 2014.

“Necessidades de Uma Viajante”, filme deste ano, exibe-se no próximo sábado às 16h30. Esta película, que ganhou o Urso de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim, além de ter marcado presença no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, conta a história de uma mulher francesa que tocava flauta de bisel num parque para sobreviver, mas que acaba por se tornar docente de francês de duas mulheres. A filme conta com a participação da actriz Isabelle Huppert.

Também no próximo sábado, às 21h30, passa o filme “Recordando a Porta Giratória”, feito em 2002, e que é novamente exibido no dia 11 de Maio às 21h30. No domingo, às 19h30, exibe-se “Na Praia À Noite Sozinha”, centrando-se nas deambulações da actriz Younghee devido a uma relação com um homem casado.

“A Romancista e o seu Filme”, com uma primeira exibição na última quinta-feira, volta a ser exibido no domingo, 28 de Abril, às 21h30.

Este filme conta a história de uma romancista que faz uma longa viagem para visitar uma livraria gerida por uma colega com a qual perdeu o contacto. Numa ocasião, ao subir sozinha uma torre, cruza-se com um realizador de cinema e a mulher, que a convence a fazer um filme. Contudo, uma série de peripécias, que culmina com uma bebedeira, altera o rumo dos acontecimentos.

“A Romancista e o seu Filme” ganhou um Urso de Prata na edição de 2022 do Festival Internacional de Cinema de Berlim, além de ter marcado presença nos festivais de Nova Iorque e Busan.

Dias de Maio

A Cinemateca Paixão exibe também “O Dia em que Ele Chegar”, pela segunda-vez a 5 de Maio.

O filme de 2011, que marcou presença em Cannes, centra-se em torno de Seongjun, que vai para Seul ter com um amigo próximo. Quando este não atende o telefone, Seongjun decide passear na zona de Seul em que vive o seu amigo, Bukchon, encontrando uma actriz que conhecia. Ao descer até outra zona de Seul, Insadong, Seongjun, que era realizador de cinema, trava conhecimento com várias pessoas, vendo-se obrigado a enfrentar as consequências das suas decisões.

Depois de se estrear com a longa-metragem de 1996, Hong Sang-soo realizou, em 1998, “O Poder da Província Kangwoo”, que volta a ser exibido na Cinemateca Paixão no dia 3 de Maio, às 21h30, depois de uma primeira exibição ontem.

Com este filme, o realizador sul-coreano venceu os Prémios Dragão Azul nas categorias de melhor realizador e melhor argumento, além de ter marcado presença, em 2000, no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary

“A Nossa Sunhi”, exibido a 2 de Maio às 19h30, também gira em torno de uma personagem que faz filmes. Neste caso é Sunhi, que vai à sua antiga escola pedir uma carta de recomendação a um docente, com o intuito de prosseguir estudos em cinema nos Estados Unidos. Mas esse pedido faz com que Sunhi se reencontre o ex-namorado e o director que se formou na mesma escola que ela, gerando-se um interesse romântico de ambos pela protagonista.

Finalmente, a 9 de Maio, será exibido “Nos Nossos Dias”, centrado na vida de uma mulher de cerca de 40 anos que vive temporariamente em casa de uma amiga que, por sua vez, está a criar um gato. Há ainda outro idoso, na casa dos 70 anos, que vive sozinho e sofre com a morte do seu gato. A trama prossegue em torno destas histórias de vida.

Hong Sang-soo formou-se em cinema na Coreia do Sul, Califórnia e Chicago. Ao longo da carreira, os seus filmes tiveram como foco relatos de vidas e relações modernas, condimentados com pitadas de humor negro. Os bilhetes normais para uma sessão custam 60 patacas, enquanto estudantes e idosos têm desconto de 50 por cento.

22 Abr 2024

Patuá | Livro que reúne cartões de estudo do crioulo apresentado amanhã

Elisabela Larrea apresenta amanhã, no pavilhão polidesportivo do Tap Seac, o livro “Unchinho di Língu Maquista: Cartões de Estudo do Patuá”, uma edição financiada pelo Governo e apoiada pelo Instituto Internacional de Macau. Ao HM, a autora fala do projecto que começou a ser desenvolvido em 2016

 

É apresentado amanhã o novo livro da macaense Elisabela Larrea, a partir das 14h30 no pavilhão polidesportivo do Tap Seac, por ocasião da Feira do Livro da Primavera. Editado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) e com o patrocínio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC), o livro reúne os cartões de estudo de patuá, o crioulo macaense, sendo ainda traduzido para chinês, português e inglês.

O projecto de desenvolver cartões de estudo com palavras em patuá começou a traçar-se em 2016, mas a sua compilação em livro visa “proporcionar uma forma de aprendizagem do crioulo de base portuguesa de Macau, através de ilustrações simples”. A edição proporciona ao utilizador o acesso a redes sociais com códigos QR para fomentar a aprendizagem do patuá nos meios audiovisuais, “facilitando ainda mais a aprendizagem de uma língua que se encontra actualmente em perigo de extinção, conforme a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)”, aponta o IIM.

Na mesma nota, o IIM recorda que “a comunidade macaense tem procurado salvaguardar com trabalhos de documentação de estudo, em publicações e na promoção e no ensino e na música, sem esquecer o teatro em patuá do grupo dos Dóci Papiaçám di Macau, reconhecido pela RAEM e pela República Popular da China como património intangível”.

Ao HM, Elisabela Larrea recorda que iniciou este trabalho graças à pesquisa que desenvolveu para o seu doutoramento, na Universidade de Macau, relacionado, precisamente, com o patuá. “Apercebi-me de que as publicações ou explicações [do crioulo] estavam maioritariamente em português e inglês, pelo que surgiu a ideia de incluir o chinês para promover a cultura macaense e o patuá junto de diferentes comunidades culturais.”

A autora refere ainda ter “muitos amigos chineses interessados em saber mais” sobre o patuá, sentido muitas dificuldades em encontrar materiais ou livros sobre o assunto, tal como macaenses na diáspora, ou não macaenses, que têm interesse na linguagem muito específica de Macau.

A elaboração dos cartões de estudo transformou-se rapidamente numa “paixão”, sobretudo depois de Elisabela Larrea receber “muitas mensagens encorajadoras e interessantes enviadas de todo o mundo”.

Aumentar o conhecimento

Além dos cartões que explicam o significado das palavras em patuá, o livro conta também um pouco da história da própria comunidade macaense, a fim de “aumentar o interesse das pessoas para saberem mais” sobre o grupo étnico. “Encaro este livro como um atractivo para despertar o interesse e o desejo de diferentes comunidades culturais em saber mais sobre a cultura macaense, bem como sobre esta língua que nasceu em Macau”, frisou.

Elisabela Larrea é doutorada em comunicação e investigadora da cultura macaense, tendo desenvolvido grande interesse pela história e pelas culturas de Macau. Desde 2004 que se dedica ao trabalho de preservação e promoção da cultura macaense através da arte, documentários, filmes, palestras públicas e investigação académica.

É preciso mais

Questionada sobre se fazem falta mais materiais de estudo em patuá, Elisabela Larrea diz ser uma “defensora absoluta da diversidade no que diz respeito à preservação e promoção do patuá”.

“Os cartões de estudo foram criados para serem uma forma de ajudar nesta busca [de novos materiais], mas muitos outros também estão a fazer essa busca. Aprender uma língua em vias de extinção tem desafios e dificuldades, sendo necessário mergulhar na língua e comunidade durante tempo suficiente para compreender, de facto, a essência e contexto cultural, a fim de garantir que aquilo que é partilhado corresponde ao que existe na comunidade.”

Elisabela Larrea mergulhou nas obras do poeta Adé, de nome José dos Santos Ferreira, “que criou uma espécie de consistência no sistema de escrita do patuá”. A autora pesquisou também o livro com vocabulário do patuá intitulado “Maquista Chapado”, bem como as peças de teatro do grupo Doci Papiaçam di Macau, escritas por Miguel de Senna Fernandes.

A autora espera que “cada vez mais pessoas possam publicar obras em patuá, para que as novas gerações tenham mais meios de aprendizagem”, revelando ainda estar optimista quanto ao futuro do crioulo. “Estou muito optimista em relação à atenção dada ao patuá, especialmente nestes últimos anos. Conheço um grupo de jovens, macaenses e não macaenses, que são apaixonados pelo patuá. São solidários e curiosos sobre a língua e anseiam por fazer a sua parte para a sua preservação e promoção. Alguns são chineses, malaios, japoneses, singapurenses ou brasileiros, aprendem o patuá e tentam usá-lo através das redes sociais.”

Além disso, destaca a autora, “o número de espectadores do teatro em patuá continua a aumentar, o que reflecte o interesse das pessoas por esta cultura”.

19 Abr 2024

Bienal de Arte de Veneza arranca amanhã com o tema “Estrangeiros em todo o lado”

O projecto “Greenhouse” representa este ano Portugal na Bienal de Arte de Veneza, que começa amanhã, numa edição que conta pela primeira vez com um pavilhão de Timor-Leste e é afectada pelo conflito israelo-palestiniano.

À 60.ª edição, a Bienal de Veneza, em Itália, é dedicada a “Foreigners Everywhere” (“Estrangeiros em todo o lado”, em tradução livre). Este ano, o foco principal são “artistas que são eles próprios estrangeiros, imigrantes, expatriados, diaspóricos, emigrados, exilados ou refugiados – particularmente aqueles que se deslocaram entre o sul global e o norte global”, sendo que “a migração e a descolonização serão temas-chave”, de acordo com o curador, o brasileiro Adriano Pedrosa, director artístico do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Nesta edição, o Pavilhão de Portugal, instalado no Palazzo Franchetti, no Grande Canal de Veneza, acolhe o projecto “Greenhouse”, das curadoras e artistas Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala, que tem como protagonista um Jardim Crioulo onde há instalações que são palcos de coreografias, assembleias e educação militante.

De acordo com Mónica de Miranda, o jardim, que “vai ser cuidado” ao longo da bienal, é “pontuado por instalações, que também carregam jardins, esculturas que são palcos, esculturas móveis que se transmutam para o espaço, que recebem coreografias e onde vão acontecer escolas, que tentam replicar as assembleias de Amílcar Cabral [fundador e líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, que este ano completaria o 100.º aniversário], que aconteciam em florestas”.

Na conferência de imprensa de apresentação do projecto, em Fevereiro em Lisboa, a artista revelou que no Jardim Crioulo haverá também escutas de rádio, para a qual contribuíram “vários pensadores”, e o projecto “abre-se para mais artistas e outros curadores reflectirem”.

Ciclos de tempo

Até Novembro, quando encerra a bienal, “convoca-se um público activo para fazer parte da experiência do projecto expositivo, que, além de ser uma experiência estéctica, expande-se e convoca vários pensadores, vários artistas, vários investigadores a reflectirem a própria temática do pavilhão”.

As três curadoras, artistas e investigadoras constroem, com este projecto, “uma reflexão ecológica, histórica e colectiva, que o jardim traz em si”.

“O jardim tem um tempo que é cíclico, traz o passado, o presente e o futuro. No passado traz todas as histórias de um legado colonial português, e desconstrói esse espaço a partir de práticas artísticas que apontam para o futuro, uma utopia de conseguir criar a partir da arte um lugar de encontros onde se estabelece um diálogo, que reflecte essas questões e traz novas alternativas para elas”, referiu Mónica de Miranda, em declarações à Lusa, à margem da conferência de imprensa. A Representação Oficial Portuguesa não é a única presença portuguesa na Bienal.

O pavilhão oficial da Santa Sé, instalado na prisão feminina Venezia Giudecca, acolhe a exposição “Com os meus olhos”, comissariada pelo cardeal português Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.

Já o pavilhão da Lituânia, instalado na Igreja di Sant’Antonin, tem na lista de comissários o curador português João Laia, actualmente director artístico do Departamento de Arte Contemporânea do Município do Porto.

19 Abr 2024

Batalha de 1622 | Apresentada versão chinesa de livro de Manuel Basílio

Foi lançada esta terça-feira, na sede da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), a versão chinesa do livro de Manuel Basílio sobre a derrota dos holandeses em Macau a 22 de Junho de 1622.

“Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” é o nome da obra do escritor macaense que foi totalmente patrocinada pela APOMAC, por se tratar de uma data com “simbolismo histórico, pois caso os holandeses tivessem vencido esta batalha a história de Macau seria escrita de outra forma”, descreve a APOMAC em comunicado.

Além disso, torna-se importante este lançamento pelo facto de “poucos residentes de Macau terem conhecimento deste facto histórico”.

O prefácio do livro ficou a carga de Lok Po, director do jornal Ou Mun, que também esteve presente no lançamento da obra. Jorge Fão, presidente da assembleia-geral da APOMAC, adiantou na mesma sessão que foram impressos 1500 livros que serão oferecidos às escolas secundárias chinesas bem como a serviços e entidades públicas. O objectivo desta acção é “proporcionar à comunidade chinesa um conhecimento mais profundo sobre a história de Macau”. Manuel Basílio é autor de oito livros sobre Macau, sendo que cinco já foram traduzidos para chinês.

Primeiro em português

Recorde-se que a versão portuguesa do livro foi lançada em 2022. Na altura, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, o autor descreveu o processo de escrita, que o obrigou a “ler muito e a vasculhar muitos jornais antigos, incluindo os boletins do Governo a partir dos anos 30 do século XIX até ao século XX”.

Em 2022, assinalaram-se os 400 anos da invasão dos holandeses que pretendiam “apoderar-se de Macau porque, nessa altura, era uma cidade muito próspera, com uma importante rota comercial com o Japão e Goa”, explicou.

Conforme disse Manuel Basílio ao mesmo jornal, caso os holandeses tivessem ganho a batalha, os jesuítas portugueses em Macau “ficariam sem uma base para a envangelização” e os portugueses “sem uma base para a comercialização”.

A vitória dos portugueses sobre os holandeses sagrou-se a 24 de Junho, tendo este sido, durante muitos anos, o Dia da Cidade. “As pessoas atribuíram a vitória à intervenção divina de São João Baptista, depois de batalha foram à Sé Catedral dar graças e proclamaram-no como o padroeiro da cidade, porque aconteceu no Dia de São João Baptista. A partir daí, celebraram-no todos os anos”, acrescentou o escritor na mesma entrevista.

18 Abr 2024

FRC | Inaugurada exposição que celebra 12 anos da Fundação

“Doze Anos Brilhantes” é o nome da exposição colectiva de arte que a partir de hoje pode ser vista na Fundação Rui Cunha e que celebra o 12.º aniversário da instituição que nasceu por vontade do seu patrono, o advogado Rui Cunha, com o intuito de promover debates sobre temas sociais e conhecimento jurídico, sem esquecer os eventos culturais

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) celebra este ano 12 anos de existência e, a pensar nisso, inaugura hoje uma nova exposição colectiva com artistas locais que mostram, assim, os seus trabalhos. “Doze Anos Brilhantes” pode ser vista hoje a partir das 18h30 e celebra o momento de criação da FRC, por ideia do seu fundador, o advogado Rui Cunha, a 28 de Abril de 2012.

Liberdade criativa é o mote desta mostra que faz uma retrospectiva dos artistas que já apresentaram trabalhos na galeria da FRC. Foram, assim, convidados mais de 50 artistas para expor obras de pintura, caligrafia, gravura de sinetes, escultura, fotografia, técnica mista e novos meios artísticos.

O facto de a mostra não ter um tema específico fez com que os artistas convidados tenham feito obras que remetem para a ideia de “consagração do ciclo completo de 12 anos, pleno de actividades que celebraram a multiculturalidade do território”.

“Tal como na roda dos signos do zodíaco chinês, o pequeno Dragão regressou à casa inicial, mais forte e determinado, marcando a sua influência em muitas obras aqui patentes”, descreve a FRC.

A joalheira Cristina Vinhas, que colabora com a Casa de Portugal em Macau e que já expôs inúmeros trabalhos no território, é uma das artistas convidadas, tal como o pintor Denis Murell, o fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro ou ainda o músico e artista macaense Giulio Acconci.

Destaque ainda para nomes como Ada Zhang, Alice Ieong, o macaense José Basto da Silva ou Mónica Coteriano, co-fundadora da 10 Marias – Associação Cultural, ou ainda Fortes Pakeong Sequeira, outro nome bem conhecido do meio artístico local e que já expôs o seu trabalho na FRC.

Casa das artes

Há 12 anos que a FRC existe com a missão de “apoiar e impulsionar a produção cultural e criativa de Macau”, tendo organizado mais de 1.600 eventos ligados a diversas áreas, tendo estabelecido “uma plataforma de intercâmbio e enriquecimento cultural e educacional, num espaço que foi gradualmente conquistando a atenção e o respeito das comunidades locais e regionais, das entidades públicas e privadas”.

“Doze Anos Brilhantes” pode ser visitada, de forma totalmente gratuita, até ao dia 4 de Maio. A FRC agradece, em comunicado, a todos os artistas convidados a expressarem a sua arte e trabalho para este evento. Estes “participaram com grande entusiasmo e abrilhantaram esta iniciativa com as suas criações artísticas”.

A FRC agradece ainda “às entidades associativas e institucionais que apoiam a nossa visão e esforço desde o início”, bem como ao “público geral por nos vir acompanhando de forma contínua e incondicional neste trajecto”.

18 Abr 2024

Livros de Marina Palácio apresentados hoje na Livraria Portuguesa

Decorre hoje, na Livraria Portuguesa, entre as 18h30 e as 19h30, a apresentação de dois livros infantis da autora e ilustradora Marina Palácio, no âmbito do festival Letras & Companhia, destinado a pais e filhos e promovido pelo Instituto Português do Oriente (IPOR). Os livros têm por nome “Tratado do Silêncio” e “Árvore do Tempo”.

Nascida em Lisboa em 1971, Marina Palácio está ligada à área do teatro há mais de 20 anos, sendo autora de diversos livros para crianças. Marina Palácio já recebeu o Prémio de Ilustração do Festival de BD da Amadora – Melhor Ilustração Infantil 2003 pelas ilustrações do livro “O Circo da Lua”.

A autora criou ainda diversas oficinas de leitura e criatividade para crianças e adultos, associadas ao universo dos livros, mas não só, “cruzando conceitos e materiais não convencionais”. O IPOR descreve ainda que a autora tem procurado, com o seu trabalho, “sensibilizar para as diferentes formas de leituras dos livros e do mundo através de criação de laboratórios plásticos, ilustração, natureza, ciência, provocando experiências estéticas, poéticas, sensoriais e imaginativas”.

Ensinar os outros

Também este sábado Marina Palácio será protagonista de outra actividade do festival Letras & Companhia, desta vez destinada à formação de professores. “Ler e Jogar – Mediação de Leitura criativa através do Livro, Arte e Natureza” acontece na sede do IPOR entre as 9h30 e as 14h, destinando-se a professores e agentes do ensino dos níveis infantil, primário, básico e secundário.

O objectivo aqui é explorar a relação da criança com o livro, sendo “Ler e Jogar” um “laboratório de partilha para poetas da curiosidade de como sentir o Livro como um Jogo, um tabuleiro com um percurso”, com cruzamento de ideias e noções.

Também no sábado, entre as 15h30 e as 17h30, no IPOR, Marina Palácio irá dar o workshop “Ser e Estar – A coexistência pacífica entre o homem-homem e homem-natureza!”, tratando-se esta iniciativa de uma oficina de escrita criativa que gira em torno da ilustração, biodiversidade, história universal e natureza humana.

Nesta oficina pretende-se que os participantes façam uma leitura e interpretação da ideia de “Nós e o Mundo” e de que “todos somos diferentes interior e exteriormente”. “Será que há uma tendência para a cópia na forma de estar? É difícil ter opinião própria? Quem sou eu, quem poderei ser? Porquê é que é tão difícil conseguir resolver situações de conflito entre o homem-homem e a natureza? O que o Mundo espera de nós? É possível mudar o Mundo para melhor? Como poderemos estar no Mundo de forma positiva e criadora?”, descreve-se no programa do festival.

Entretanto, esta segunda-feira foi inaugurado o Mercado das Letrinhas, em parceria com a Livraria Portuguesa, e que pode ser visitado até ao dia 7 de Maio. Trata-se de uma feira de livros infantis com publicações em português, chinês e inglês em torno do tema do festival, que é a saúde mental.

Também pode ser vista até ao dia 7 de Maio a exposição “O que senti durante a pandemia”, com trabalhos de alunos e da designer Clara Brito sobre esta temática. Esta mostra está patente no Café Oriente do IPOR.

17 Abr 2024

Cinemateca Paixão | “Opus”, sobre a vida de Ryuichi Sakamoto, no cartaz de Abril

A Cinemateca Paixão apresenta, a partir de hoje, um cartaz com novos filmes onde se inclui “Opus”, que nos recorda a vida e obra do compositor japonês Ryuichi Sakamoto, recentemente falecido. Hoje é exibido o primeiro filme de Ariane Louis-Seize, “Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person”

 

Há novos filmes para ver na Cinemateca Paixão à boleia de um novo mês. “Encantos de Abril” é o nome dado ao programa que traz a esta sala de cinema apenas quatro filmes, sendo que um deles representa a aclamação da vida e obra do compositor japonês Ryuichi Sakamoto.

“Opus”, realizado pelo filho do compositor, Neo Sora, gira em torno de 20 grandes composições clássicas que melhor descrevem o percurso musical do compositor japonês que até começou na música electrónica, ao integrar, em jovem, o grupo Yellow Magic Orchestra.

Falecido com cancro no ano passado, em Março, Sakamoto deixou a memória de muitas músicas que fizeram bandas sonoras de filmes e tantas outras composições em parceria com outros músicos, inclusivamente ligados ao universo da Bossa Nova, como foi o caso de Jacques Morelenbaum no disco “Casa”.

“Opus” apresenta as últimas actuações ao vivo de 20 temas seleccionados por Sakamoto por melhor descreverem os 40 anos de carreira, tendo cabido ao seu filho captar estes momentos. Cria-se, assim, num universo a preto e branco, e também melancólico, “uma celebração comovente da música de Sakamoto”, descreve a Cinemateca.

“Opus” é mais do que um mero filme “essencial para os fãs”, apresentando-se como “uma experiência musical solene que deve ser vista no cinema”. Neo Sora vive entre Tóquio e Nova Iorque e já realizou diversas curtas-metragens de estilo narrativo e documental, bem como vídeoclipes e outras produções ligadas ao mundo da moda e música. O filme sobre Sakamoto estreia esta quinta-feira, 18, sendo exibido a partir das 21h30, tendo ainda uma segunda exibição no dia 25 à mesma hora.

Vampiros e outras histórias

“Encantos de Abril” apresenta hoje o primeiro filme da realizadora Ariane Louis-Seize, intitulado “Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person”. Trata-se de uma película que ganhou o prémio de Melhor Realizador edição do ano passado do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

O filme conta a história de Sasha, uma jovem vampira que não consegue matar, ao contrário do que acontece com a maioria dos vampiros. O problema adensa-se quando os pais deixam de lhe dar sangue, colocando a vida da filha vampira em perigo. Contudo, Sasha conhece Paul, um adolescente solitário com tendências suicidas que está disposto a dar a vida em prol da sua sobrevivência. O que parecia ser a solução para um grande problema torna-se numa sucessão de episódios marcados pelos últimos desejos de Paul, que devem ser concretizados antes que uma nova manhã se inicie.

Ariane Louis-Seize é uma realizadora do Canadá que começou a carreira no universo das curtas-metragens, nomeadamente com a produção “Wild Skin”. “Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person” é exibido hoje às 19h30, com repetição esta sexta-feira às 20h.

Da Filândia chega à Cinemateca Paixão o filme “Fallen Leaves”, o último do mestre do cinema finlandês Aki Kaurismäki e que se estreou mundialmente no Festival de Cinema de Cannes em 2023.

Este filme começa no momento em que Ansa e Holappa, duas almas solitárias, se conhecem num bar de karaoke em Helsínquia. Contudo, o que parecia uma bonita história de amor depressa obriga os seus protagonistas a ultrapassarem uma série de obstáculos.

“Fallen Leaves” é exibido pela primeira vez este sábado, 20, às 19h30, com repetições na próxima terça-feira, 23, quinta-feira, 25, e sábado, dia 27, sempre no mesmo horário.

“All Shall Be Well” é um filme de Hong Kong que também integra o cartaz de “Encantos de Abril”, da autoria de Ray Yeung, e que conta apenas com uma exibição no dia 21, já esgotada.

Este filme estreou mundialmente na secção Panorama do 74.º Festival Internacional de Cinema de Berlim e ganhou o Teddy Award para melhor longa-metragem com temática LGBTQ. “All Shall Be Well” também foi o filme de abertura do 48º Festival Internacional de Cinema de Hong Kong.

17 Abr 2024

Hold On To Hope | Fotografias de Francisco Ricarte para ver até dia 28

O arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte protagoniza a nova exposição da galeria Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. “Unnoticeable Objects +” é o nome da mostra de fotografias que revelam pedaços de Macau e de Coloane que podem escapar ao olhar comum, mas que contam histórias do ambiente em estamos inseridos

 

“Unnoticeable Objects +” [Objectos Imperceptíveis +] é o nome da nova exposição patente, desde sábado e até ao dia 28 deste mês, na galeria H2H [Hold On To Hope], um espaço sociocultural na vila de Ka-Hó, em Coloane, gerido pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM).

O protagonista da mostra é o arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte que, com este projecto, tem a oportunidade de mostrar imagens de pequenos elementos naturais, ou não, que escapam ao olhar mais comum, mas não ao seu.

Segundo uma nota da galeria H2H, esta exposição de fotografia “explora elementos aparentemente simples e sem qualquer tipo de destaque, sejam eles naturais ou feitos pelo homem, encontrados ao longo dos trilhos naturais de Macau em Coloane”. Trata-se da segunda parte de um projecto fotográfico, de menor dimensão, apresentado em 2020, e que teve “visibilidade limitada devido às restrições da pandemia”.

Assim, esta colecção de imagens vem agora destacar, ainda mais, “a perspectiva pessoal sobre estes objectos peculiares e a sua presença no ambiente natural circundante”. “Unnoticeable Objects +” realça também “a presença singular [desses elementos captados pelo fotógrafo] na natureza circundante e no cenário paisagístico”.

Múltiplas percepções

Numa nota enviada ao HM, Francico Ricarte contou que as fotografias patentes em Ka-Hó foram captadas nos primeiros meses de 2020, “um período muito peculiar de restrição de circulação na cidade devido à situação pandémica”, e “aquando da recuperação do acesso aos trilhos de Coloane”.

Ao mesmo tempo que as imagens constituem “um elogio à natureza de Macau e à importância de a valorizar”, Francisco Ricarte considera que salta à vista uma questão quando se visita a exposição.

“Será que estes ‘objectos imperceptíveis’ moldam os trilhos, ou a sua percepção é moldada pela presença da natureza circundante? Será que estas fotografias também realçam o significado destes objectos na formação da nossa visão e percepção das áreas ajardinadas de Macau?”, questionou.

Por coincidência, as imagens de Francisco Ricarte foram tiradas no ano de inauguração da galeria H2H, a 19 de Dezembro de 2020. O objectivo deste espaço, inserido na antiga Leprosaria de Ka-Hó, é assegurar formação e treino vocacional aos utentes da ARTM, com o funcionamento de uma cafeteria e da galeria, além de ser um espaço de partilha e difusão de projectos culturais.

16 Abr 2024

Exposição sobre trabalho de Eduardo Nery na USJ até ao dia 26

Pode ser vista, até ao dia 26 de Abril, na Universidade de São José (USJ) a exposição “Unveiling the Artistic Journey of Eduardo Nery at Macau Airport” [Desvendando o Percurso Artístico de Eduardo Nery no Aeroporto de Macau], centrada no painel de azulejos que pode ser visto no aeroporto.

Segundo um comunicado da USJ, esta mostra nasceu da iniciativa da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ em colaboração com o Sistema de Informação para o Património Arquitectónico e o Centro Científico e Cultural de Macau.

A exposição assinala o 30º aniversário do painel de azulejos que foi criado em 1994 pelo artista português Eduardo Nery de propósito para o Aeroporto Internacional de Macau a convite da administração de Vasco Rocha Vieira, último Governador português do território.

A ideia era conceber “uma obra de arte de grande escala para melhorar o espaço público do aeroporto”, tendo o convite resultado num painel com 210 metros de comprimento e 2,10 metros de altura. A inauguração aconteceu em Dezembro de 1995, quando o aeroporto abriu oficialmente ao público. A USJ acrescenta que a mostra visa explorar “o processo criativo de Nery, oferecendo aos visitantes uma visão única da concepção e realização do mural, que se tornou um símbolo do Aeroporto de Macau”.

O mar e o mito

Os temas retratados na obra de arte incluem religiões e mitos portugueses e chineses, o significado histórico do mar na ligação entre Portugal e Macau, a ciência náutica, a aviação em Macau e aspectos da cultura portuguesa dos séculos XVI e XVII. Através de vários materiais, incluindo esboços originais, estudos e fotografias, esta exposição oferece uma perspectiva detalhada do trabalho meticuloso do artista na simplificação e reinterpretação de imagens históricas para criar o deslumbrante mural.

Carlos Sena Caires, director da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ e curador da exposição, indica que a ideia por detrás deste projecto foi não só “mostrar a última obra-prima de Eduardo Nery no Aeroporto de Macau, mas também aprofundar o intrincado processo que conduziu à sua criação”.

“É fascinante apreciar a diversidade de fontes e inspirações que informaram a abordagem artística e criativa de Eduardo Nery, desde desenhos antigos a referências de pinturas chinesas e fotografias de arquitectura, tudo convergindo para uma expressão artística coerente e diversificada”, disse ainda. A exposição está aberta ao público, gratuitamente, na Galeria de Exposições Keng Wong, no Campus da Ilha Verde da USJ.

15 Abr 2024

Concerto | Palestra sobre música do século XIX hoje na FRC

Hoje, a partir das 18h30, os amantes de música clássica vão poder apreciar composições que marcaram o século XIX num concerto que é, ao mesmo tempo, uma palestra dirigida pelo musicólogo Sio Pan Leong. O evento será oportunidade para admirar as sonoridades de Schubert, Tosti, Debussy, Chopin, Brahms e Hasselman

 

“Melodias Nocturnas: A Noite Artística na Música do Século XIX” é o nome da palestra que é, ao mesmo tempo, um espectáculo musical que decorre hoje, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC). O evento será conduzido pelo musicólogo Sio Pan Leong, contando ainda com a presença das pianistas Vicky Hei Man Tong e Christy Pui Man Tong, a soprano Hapi Hoi Sam Chan e a harpista Jessica Iok Man Chong.

Nesta sessão, co-organizada pela Associação de Performance Musical de Macau (APMM) e a Associação Musicológica de Macau, o público poderá “mergulhar na paisagem nocturna da música artística do século XIX”, aponta um comunicado da FRC, que cita a APMM. A organização do evento descreve a época em destaque como uma altura em que a “escuridão da noite serviu de tela para interagir com o misterioso e o irracional”, explorando “o sublime e o transcendental, os sonhos e os anseios, bem como os aspectos desconhecidos e sombrios da psique humana”.

Como tal, é proposto ao público uma “viagem fascinante por peças criadas para piano, voz e harpa”, de compositores bem conhecidos em todo o mundo como Schubert, Tosti, Debussy, Chopin, Brahms e Hasselman, sendo apresentadas diversas interpretações do tema “Noite”. Adicionalmente, a componente teórica do recital acompanhará o público na exploração e elucidação deste conceito, desvendando os mistérios e a essência poética da “Noite” na música, na arte e na literatura do século XIX.

Um certo fascínio

A sessão de hoje na FRC explora quatro segmentos relacionados com o universo nocturno, nomeadamente “Ode à Noite”, que explora a glorificação deste conceito no Romantismo; “Despertar”, que representa a transição do reino etéreo dos sonhos para a dura realidade do dia; “Nocturno”, que desvenda os aspectos enigmáticos e sombrios da noite através de composições instrumentais; e “Rouxinol” que descreve uma serenata ao público com os sons encantadores da natureza à noite.

A FRC explica que “independentemente do nível de conhecimento musical de cada um, esta palestra-recital promete evocar o extraordinário fascínio e profundidade emocional da ‘Noite’ associada aos temas clássicos”. Um dos exemplos mais conhecidos da música clássica melancólica é o de Frédéric Chopin, que compôs 21 nocturnos para piano entre os anos de 1827 e 1846, ocupando, ainda hoje, uma grande importância no repertório de muitos pianistas, com inúmeras interpretações.
Também os nocturnos de Claude Debussy ficaram para a história, tratando-se de uma composição em três movimentos para orquestra escrita entre 1892 e 1899, baseada na poesia.

15 Abr 2024

Exposição “50 passos para a liberdade” vai passar por Macau

Os “50 passos para a Liberdade” que marcaram o fim da ditadura em Portugal vão poder ser vistos a partir de terça-feira, no âmbito de uma exposição que arranca nas Caldas da Rainha em simultâneo com 14 cidades do mundo, onde se incluem Macau, Pequim, Seul, São Tomé e Príncipe, Bucareste, Bogotá, Havana, Teerão, Oslo e Dacar.

Desenvolvida pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, a Exposição “50 passos para a Liberdade: Portugal, da Ditadura ao 25 de Abril” será na terça-feira inaugurada no Centro Cultural e Congressos (CCC) das Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, circulando, em simultâneo por uma dezena de países do mundo.
Tal reflecte, segundo a comissária executiva, Maria Inácia Rezola, “o interesse não apenas nacional, mas também internacional, que as celebrações estão a assumir”.
Abrangendo o período entre Setembro de 1968 e Julho de 1974, a mostra retrata os últimos anos da ditadura e os momentos seguintes ao seu derrube com recurso a fotografias, cartazes, documentos e recortes de imprensa.

“O ponto inicial é a célebre queda da cadeira de Oliveira Salazar”, disse Inácia Rezola à agência Lusa, explicando que a exposição percorre depois “alguns dos acontecimentos centrais do marcelismo, enfatizando questões como a luta dos movimentos de libertação africanos, as lutas sindicais e a luta dos católicos progressistas”.

Pontos cardeais

Organizada em quatro núcleos, a mostra analisa “a conspiração dos capitães e a preparação do 25 de Abril e do programa do MFA [Movimento das Forças Armadas]”, adiantou a comissária, vincando que a exposição dedica “um espaço muito particular ao próprio dia 25 de Abril” e conclui, no quarto núcleo, “retratando o que foram os primeiros momentos vividos em liberdade”.

Nomeadamente, acrescentou, abordando “a conquista da liberdade de expressão e a conquista do salário mínimo nacional, culminando todas estas novidades com a aprovação, a 27 de julho de 1974, da lei 7/74, pela qual, finalmente, Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e à independência”.

Concebida em formato digital, para poder ser reproduzida em qualquer parte do mundo, a exposição irá circular pelo país, no âmbito do dia da Defesa Nacional, ficando patente nos vários centros de divulgação.

Com conteúdos disponíveis em português, inglês, francês e espanhol, numa iniciativa que contou com a colaboração do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua (Camões – IP), a exposição, está desde o início do mês patente em Maputo (Moçambique) e em Praga, na República Checa. A exposição “foi concebida de uma forma muito didática” e, segundo a comissária, “pode ser vista por quem viveu o período, que irá recordar e rememorar esses momentos, mas também foi pensada para os mais jovens, para os que nasceram depois do 25 de Abril e para os que nasceram já neste milénio”.

A exposição é uma das iniciativas das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que tiveram início em Março de 2022 e vão decorrer até 2026.
Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo o período inicial sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do MFA começaram a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.

15 Abr 2024

Concerto em Lisboa evoca o dia em que o 25 de Abril se soube em Macau

Decorre hoje, em Lisboa, na Fundação Oriente (FO), o espectáculo “Macau no dia 25 de Abril de 1974”, concebido pelo maestro Jorge Salgueiro e produzido pela Associação Setúbal Voz. O concerto mistura música com teatro e recorda o dia em que o cantor Rui Mascarenhas anunciou em Macau que a ditadura do Estado Novo tinha caído em Portugal.

À época, o território vivia sob censura e as notícias demoravam a chegar, pelo que só no final do dia 25 de Abril a rádio passou as declarações de Rui Mascarenhas sobre a revolução.

Ao HM, Jorge Salgueiro conta como foi elaborar este espectáculo. “Achei curioso o facto de ter sido um cantor a levar a notícia do 25 de Abril de 1974 a Macau. Certamente que as autoridades já conheciam os acontecimentos, mas estariam à espera de ter a certeza para falar com a população. Com base nesta recolha de informação a que tive acesso, achei interessante criar o espectáculo a partir deste episódio.”

À época, Rui Mascarenhas, nascido em Moçambique, era “um cantor de música popular portuguesa muito famoso” que levava a sua música não só à metrópole portuguesa, mas também às antigas colónias. Macau, território ultramarino administrado pelos portugueses, não era excepção.

Poesia e música chinesa

Jorge Salgueiro considera o espectáculo um “concerto encenado”, que inclui música chinesa, que funciona “como a paisagem sonora do território”. Há depois canções do próprio Rui Mascarenhas, outras ligadas ao 25 de Abril, o Oriente e ao facto de Mascarenhas ter sido também cantor de ópera.

“Este tipo de trabalho é muito comum na Associação Setúbal Voz, que produz este concerto. Damos sempre um cunho dramatúrgico aos concertos que fazemos, contam uma história e têm personagens, e é também o caso deste concerto”, destacou o maestro. O repertório de hoje será composto por termas como “Flor de Jasmim”, um clássico chinês, “Acordai”, poema de José Gomes Ferreira musicado por Fernando Lopes Graça, ou ainda “Encontro às Dez”, com letra de Jerónimo Bragança.

Não faltam também canções de intervenção portuguesas como “E Depois do Adeus” e “Traz Outro Amigo Também”. O espectáculo conta com a presença de Diogo Oliveira como barítono e Tiago Mileu ao piano.

12 Abr 2024