Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português até Novembro na Taipa

Será inaugurada esta sexta-feira a “Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português”, que fica até ao dia 3 de Novembro na Casa de Nostalgia das Casas-museu da Taipa. O evento insere-se no programa da sexta edição do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Irão, assim, realizar-se diversas actividades como sessões de promoção de livros, workshops, palestras e sessões de leitura de livros ilustrados.

O tema do evento é “Carnaval da Floresta”, e apresenta mais de 500 livros ilustrados e literatura infantil graças à participação de editoras como a Porto Editora, de Portugal, e a Beijing Cheerful Century Co. Ltd., editora de livros infantis de Pequim; bem como as editoras de livros infantis de Macau.

A ideia é, segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), “dar a conhecer melhor ao público as publicações da China e dos países de língua portuguesa”.

Nas sessões de leitura com o público, destaca-se, este sábado, entre as 15h e as 16h, a sessão com Elizabeth Neves, com o tema “Queres saber um segredo? Tu tens superpoderes!”, obra da sua autoria. Segue-se, no mesmo dia, mas entre as 16h30 e as 17h30, a sessão com Catarina Mesquita, fundadora da editora local de livros infantis “Mandarina”, que apresentará a mais recente obra editada, “Pequenos exploradores: Um lugar de descobertas”.

Elizabeth Neves volta a falar no sábado, 26, mas desta vez entre as 11h e as 12h30 na Casa da Literatura de Macau, em “Emoções Ilustradas, Emoções Vivenciadas – Leitura e exploração dinamizada do livro ‘O Novelo de Emoções'”.

No domingo, é a vez de Xiaoxi Li falar entre as 15h e as 16h, apresentando as obras “Quando é que a flor de lótus floresce?”, “A Boy, His Dog and the Sea”, e ainda “The Three Wishes”, numa sessão em mandarim. Estão ainda marcadas mais sessões em chinês, nomeadamente no dia 2 de Novembro, entre as 15h e as 16h, com Cheong In Cheng e Chan Lok Si, que apresentam “Pacote Misterioso”, “Presente do Tempo” e “Crise de Dados”.

23 Out 2024

Orquestra de Macau | Concerto “Sinfonia Estrelada no Prado” em Novembro no CCM

Já é conhecido o próximo espectáculo protagonizado pela Orquestra de Macau. Trata-se da “Sinfonia Estrelada no Prado”, está agendado para o dia 16 de Novembro e acontece na praça do Centro Cultural de Macau. Esta é a oportunidade de ver ao vivo o chamado “rei do trompete”, Chris Botti, a tocar com o grupo liderado pelo maestro Lio Kuokman

 

Está marcado para o dia 16 de Novembro, às 19h45, mais um concerto de música clássica no Centro Cultural de Macau (CCM). Trata-se de “Sinfonia Estrelada no Prado” e junta a Orquestra de Macau (OM), liderada pelo maestro Lio Kuokman, e o chamado “rei do trompete”, Chris Botti.

Este espectáculo, com entrada livre, promete combinar “música clássica, popular e jazz”, sendo os bilhetes disponibilizados mediante inscrição que decorre até hoje à meia noite, para um máximo de dois bilhetes.

Chris Botti iniciou a carreira como músico profissional ainda na escola secundária complementar e, ao longo dos anos, destacou-se pelas suas técnicas requintadas e versatilidade musical, acumulando também inúmeros fãs. Além do jazz, as suas actuações não seguem um só estilo, pois pode transitar facilmente entre vários géneros musicais, alternado o jazz com rock, música popular e clássica.

Botti estreou-se em 1995 e, desde então, tem sido agraciado com um grande número de prémios, destacando-se o Grammy na categoria “Melhor Álbum Pop Instrumental” pelo disco “Impressions”.

Primeiro de muitos

Habituada a tocar dentro de portas, esta será a primeira vez que a OM actua ao ar livre, sendo que os espectadores “são convidados a fazer um piquenique no local e a apreciar o concerto com os amigos e familiares”, proporcionando-se “uma experiência distinta da que é apresentada em salas de concertos”.

Os inscritos podem aceder ao sistema de sorteio online a partir das 12h desta sexta-feira, com os vencedores da primeira ronda a poderem levantar os ingressos a partir do meio-dia desse dia e as 18h do dia 4 de Novembro. Caso ainda restem bilhetes disponíveis após o final da primeira ronda de distribuição, estes serão atribuídos aos inscritos em lista de suplentes, de acordo com a ordem do sorteio. Os resultados do sorteio de suplentes estão disponíveis a partir das 12h do dia 6 de Novembro e os vencedores dessa lista podem levantar os bilhetes entre as 12h desse dia e as 18h do dia 14 de Novembro.

Destaque também para a apresentação, nos dias 9 e 10 de Novembro, do espectáculo realizado em parceria com o Ballet de Hong Kong, intitulado “Os Amantes Borboleta”, que se realiza depois da presença, este mês, da OM em Hong Kong para uma actuação conjunta.

23 Out 2024

FRC | Livro de Dora Nunes Gago apresentado hoje

É hoje apresentado, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC) o livro “Palavras Nómadas”, da autoria de Dora Nunes Gago, ex-directora do departamento de português da Universidade de Macau. Trata-se de um livro lançado em Março do ano passado com a chancela da editora portuguesa Húmus, relatando “em crónicas as muitas viagens solitárias da autora pelo mundo, acompanhada pelas palavras dos seus escritores preferidos”.

O livro foi distinguido em Julho de 2024 com o Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga, da Associação Portuguesa de Escritores. De acordo com o prefácio de Onésimo Teotónio Almeida, este “é uma viagem silenciosa, porém rica de olhares, finos na sua perspicácia e sensibilidade”, que o mesmo comparou às aventuras de “Fernão Mendes Pinto em versão moderna: uma mulher a viajar sozinha pelo planeta”.

“Não exagero a referência ao autor da Peregrinação. Os revezes e os contratempos não são comparáveis, mas os países sim, sobretudo pela alta percentagem de terras asiáticas na lista das que a narradora palmilhou. Dei-me ao cuidado de registar, sem qualquer pré-concebida ordem, os países tocados por estas crónicas: China, Taiwan, Camboja, Indonésia, Tailândia, Índia, Laos, Malásia, Japão, Filipinas, Singapura, Turquia, Estados Unidos, Países Baixos, Espanha, Brasil, Reino Unido, Uruguai, Guiné-Bissau… Não garanto ter sido exaustivo”, declarou.

A apresentação do livro será feita por Sara Augusto, juntamente com docentes de português, nomeadamente Maria José Grosso, Sara Santos, Chen Gaozhao e João Veloso.

Dora Nunes Gago nasceu em São Brás de Alportel, na região do Algarve, e é doutorada em Literaturas Românicas Comparadas pela Universidade Nova de Lisboa. Durante os últimos dez anos leccionou na Universidade de Macau, primeiro como professora auxiliar, depois como professora associada de Literatura, tendo sido vice-directora e directora do Departamento de Português da UM.

22 Out 2024

Escritor Andrey Kurkov diz que falsas notícias são mais perigosas que mísseis

O escritor ucraniano Andrey Kurkov considerou ontem, num festival literário, que a propaganda e a desinformação são tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, através da falsificação de provas que permitem ocupar um país sem usar uma arma.

“É possível ocupar um país sem usar uma arma, mostrar quem é o inimigo e as pessoas acreditarão porque é possível falsificar provas”, disse o escritor, referindo-se à “propaganda e desinformação que são provavelmente tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, porque são bem produzidas”.

O autor de “A morte e o pinguim” conversou com o colombiano Juan Gabriel Vasquez sobre “Conflitos”, numa mesa do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, em que os dois autores abordaram as diferenças e semelhanças entre as guerras que assolaram os respectivos países.

Na Ucrânia, novamente invadida pela Rússia em 2022, “as pessoas não dormem à noite”, refugiando-se nos abrigos ou atentos ao toque das sirenes, mas, de manhã “vão para o trabalho, para os cafés e à noite aos teatros”, alguns dos quais com “bilhetes esgotados com um mês ou dois de antecedência”, contou.

Esta é, segundo o escritor, a forma de “resistir à guerra”, mantendo “um estilo de vida normal”, ainda que nas próximas décadas possa “aumentar a violência nas famílias, porque as pessoas tornam-se agressivas, radicalizadas”.

E as guerrilhas?

Já a Colômbia, onde os conflitos com movimentos de guerrilha se estenderam por mais de 60 anos, é vista por Juan Gabriel Vasquez como “um país em regressão”, onde “a classe política não consegue ultrapassar as suas disputas”.

Para ambos, a distorção da realidade através da desinformação está a determinar a forma como as classes políticas e as populações encaram os conflitos num tempo em que os escritores têm o papel de “provocar o debate público e convocar a sociedade civil para debater diferentes temas”, defendeu o autor colombiano, que tem em “A tradução do mundo” o seu mais recente livro editado em Portugal.

Andrey Kurkov considera mesmo que “nos tempos difíceis os escritores estão a tornar-se jornalistas”, já que no seu país “a maioria dos escritores ucranianos não escreve ficção” desde 2022, escrevendo, em contrapartida, “livros de história”.

Esse é, segundo Juan Gabriel Vasquez, a “forma de contrariar a versão oficial da história”, veiculada pelos poderes interessados em veicular “um certo tipo de verdade sobre quem foi responsável pelo quê, sobre o que de facto aconteceu e deixando algumas perguntas por responder”.

“Num mundo onde a maioria das pessoas obtém as suas informações através das redes sociais”, as sociedades precisam de desenvolver “o talento para saber separar as verdades das mentiras”, e aprender a “ler a realidade”.

Mas a realidade “é que não o estão a conseguir” e “estão a cair em mentiras”, lamentou, exemplificando com o facto de “mais de metade dos cidadãos dos Estados Unidos acreditarem que Donald Trump ganhou as eleições” ou de “uma grande parte da população de vários países ocidentais, em 2020, acreditar que a Ucrânia tinha um regime nazi”.

Para o autor, cabe agora a todos assumir o papel de “verificadores de factos” e filtrar a informação, já que essa será “a única possibilidade de sobrevivermos como sociedade”.

O Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos abriu portas no passado dia 10 e terminou ontem depois de mais de 600 iniciativas, distribuídas por várias curadorias, com a presença de vários escritores e ilustradores internacionais premiados.

22 Out 2024

Clockenflap | Jamie XX, Air e Suede em Central no fim de Novembro

Já é conhecido o cartaz completo da edição deste ano do festival Clockenflap, agendado para os dias 29 de Novembro a 1 de Dezembro no Central Harbourfront Event Space, em Hong Kong. O público pode esperar uma mescla de sonoridades, que começa com electrónica representada pelos Air ou por A-Trak, passando a Suede ou Jamie XX como nomes de destaque

 

Está a chegar aquela altura do ano em que os grandes amantes de festivais e música ao ar livre rumam a Hong Kong para três dias de concertos com o melhor da música a nível mundial, com géneros para todos os gostos. E este ano o cartaz do festival Clockenflap promete não desapontar, apresentando, entre os dias 29 de Novembro e 1 de Dezembro, nomes como Central Cee, cabeça de cartaz de sábado, dia 30 de Novembro, ou ainda BANKS, Serrini, The Black Skirts ou Wisp. Mas na sexta-feira, 29, o alinhamento abre com a música electrónica, primeiro com a duplo francesa Air, cujo álbum, “Moon Safari”, acaba de fazer 20 anos. Seguem-se nomes como A-Trak, também outro grande nome da electrónica, Taste of Blue e Biascut, de Hong Kong, ou ainda os Hiperson, da China.

Ainda no sábado, será dia para ouvir os Suede, do Reino Unido, Sakurazaka, do Japão, ou ainda Fat Dog. O Clockenflap encerra no domingo com chave de ouro, apresentando os espectáculos de Jamie XX e Jack White.

Promete-se, segundo a apresentação do programa, “um alinhamento eclético de artistas internacionais, regionais e locais”, sem esquecer o habitual “ambiente espectacular ao ar livre com vários palcos”. Dá-se destaque ao cabeça de cartaz Central Cee, rapper britânico que “tomou de assalto o mundo do hip-hop nos últimos cinco anos com uma série de singles e álbuns no topo das tabelas e mais de 4 mil milhões de streams só no Spotify”, conhecida plataforma de streaming.

Podem, assim, ouvir-se sucessos como “Doja” e “Sprinter”. Destaque também para a estreia em Hong Kong de BANKS, nome artístico da cantora Jilian Rose Banks, que aposta no género Alt-R&B.

Outra estreias

A organização do festival destaca ainda a estreia na região vizinha de Jack White, que deverá levar ao palco as canções do seu mais recente trabalho de originais, “No Name”, que já é o sexto álbum a solo. O antigo vocalista dos White Stripes, Raconteurs e The Dead Weather actua no domingo à noite, estando pronto para “levar o festival a um fecho triunfante”.

É também referida a presença de St.Vicent, tida como “uma das artistas mais intrigantes e consistentemente surpreendentes dos últimos 20 anos”, e que será “a grande atracção de sábado, com um espectáculo que engloba o seu impecável catálogo [de canções]”, incluindo o mais recente álbum, lançado este ano, e intitulado “All Born Screaming”.

No caso dos britânicos Glass Animals, promete-se um grande espectáculo de pop-rock psicadélico. A banda lançou o quarto álbum recentemente, intitulado “I Love You So F***ing Much”. De resto, o Clockenflap deverá também apresentar nomes que representam “a amplitude e profundidade da electrizante cena musical do Japão”, com um “alinhamento que apresenta uma colecção eclética dos artistas mais excitantes do país, incluindo o duo de hip-hop Creepy Nuts, o enigmático vocalista de J-Pop yama, os intrincados mestres do post-rock/math rock toe, o hipnotizante grupo feminino Sakurazaka46 e a banda indie-pop Cody・Lee(李)”.

Os bilhetes para o festival já estão à venda e custam 1,990 dólares de Hong Kong para os três dias, e 1,280 dólares de Hong Kong para uma entrada diária. Há ainda bilhetes mais baratos para espectadores com menos de 18 anos.

22 Out 2024

Andrey Kurkov diz que falsas notícias são mais perigosas que mísseis

O escritor ucraniano Andrey Kurkov considerou ontem, num festival literário, que a propaganda e a desinformação são tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, através da falsificação de provas que permitem ocupar um país sem usar uma arma.

“É possível ocupar um país sem usar uma arma, mostrar quem é o inimigo e as pessoas acreditarão porque é possível falsificar provas”, disse o escritor, referindo-se à “propaganda e desinformação que são provavelmente tão perigosas como os mísseis e as armas nucleares, porque são bem produzidas”.

O autor de “A morte e o pinguim” conversou com o colombiano Juan Gabriel Vasquez sobre “Conflitos”, numa mesa do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, em que os dois autores abordaram as diferenças e semelhanças entre as guerras que assolaram os respetivos países.

Na Ucrânia, novamente invadida pela Rússia em 2022, “as pessoas não dormem à noite”, refugiando-se nos abrigos ou atentos ao toque das sirenes, mas, de manhã “vão para o trabalho, para os cafés e à noite aos teatros”, alguns dos quais com “bilhetes esgotados com um mês ou dois de antecedência”, contou.

Esta é, segundo o escritor, a forma de “resistir à guerra”, mantendo “um estilo de vida normal”, ainda que nas próximas décadas possa “aumentar a violência nas famílias, porque as pessoas tornam-se agressivas, radicalizadas”.

E as guerrilhas?

Já a Colômbia, onde os conflitos com movimentos de guerrilha se estenderam por mais de 60 anos, é vista por Juan Gabriel Vasquez como “um país em regressão”, onde “a classe política não consegue ultrapassar as suas disputas”.

Para ambos, a distorção da realidade através da desinformação está a determinar a forma como as classes políticas e as populações encaram os conflitos num tempo em que os escritores têm o papel de “provocar o debate público e convocar a sociedade civil para debater diferentes temas”, defendeu o autor colombiano, que tem em “A tradução do mundo” o seu mais recente livro editado em Portugal.

Andrey Kurkov considera mesmo que “nos tempos difíceis os escritores estão a tornar-se jornalistas”, já que no seu país “a maioria dos escritores ucranianos não escreve ficção” desde 2022, escrevendo, em contrapartida, “livros de história”.

Esse é, segundo Juan Gabriel Vasquez, a “forma de contrariar a versão oficial da história”, veiculada pelos poderes interessados em veicular “um certo tipo de verdade sobre quem foi responsável pelo quê, sobre o que de facto aconteceu e deixando algumas perguntas por responder”.

“Num mundo onde a maioria das pessoas obtém as suas informações através das redes sociais”, as sociedades precisam de desenvolver “o talento para saber separar as verdades das mentiras”, e aprender a “ler a realidade”.

Mas a realidade “é que não o estão a conseguir” e “estão a cair em mentiras”, lamentou, exemplificando com o facto de “mais de metade dos cidadãos dos Estados Unidos acreditarem que Donald Trump ganhou as eleições” ou de “uma grande parte da população de vários países ocidentais, em 2020, acreditar que a Ucrânia tinha um regime nazi”.

Para o autor, cabe agora a todos assumir o papel de “verificadores de factos” e filtrar a informação, já que essa será “a única possibilidade de sobrevivermos como sociedade”.

O Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos abriu portas no passado dia 10 e terminou ontem depois de mais de 600 iniciativas, distribuídas por várias curadorias, com a presença de vários escritores e ilustradores internacionais premiados.

21 Out 2024

Hong Kong quer replicar projecto português de teatro para jovens

Hong Kong está interessada em replicar um projecto da maior rede de teatros com financiamento público da Europa que tem os jovens como público-alvo e parte da criação, disse à Lusa a portuguesa Cláudia Belchior. “Já há vários parceiros aqui em Hong Kong que estão muito interessados em trabalhar com os nossos membros europeus e fazer peças em conjunto”, disse a presidente da European Theatre Convention (ETC), fundada em 1988.

A líder da ETC, que reúne 63 teatros de 31 países, incluindo quatro de Portugal, esteve na região para participar na Hong Kong Performing Arts Expo, uma conferência de profissionais das artes de palco, que terminou na sexta-feira.

Na quarta-feira, Belchior foi à Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKICC, na sigla em inglês) explicar o projecto Young Europe (Europa Jovem), que convida dramaturgos a ir às salas de aulas e envolver os jovens na criação de peças.

O director da Escola de Criatividade Lee Shau Kee da HKICC, Yan Pat-to, “ficou muito entusiasmado”. “Tivemos uma reação fantástica”, disse a também assessora artística da Fundação Centro Cultural de Belém.

Possibilidades asiáticas

Embora a 4.ª edição (2011-2014) da Young Europe não tenha contado com a participação de teatros portugueses, Belchior defendeu que o projecto “pode ser feito na Ásia, pode ser feito em Portugal, pode ser feito num outro país europeu”.

O último tema foi “Vozes não dominantes” (‘Non-dominant voices’) e levou à criação de peças sobre assuntos como ‘fat-shaming’ (a discriminação contra pessoas com excesso de peso), suicídio, saúde mental, imigração e religião, sublinhou a presidente da ETC.

“É interessante para os próprios escritores, que percebem que há muito material que é necessário escrever, com outra linguagem, com outros temas, portanto, tem sido uma descoberta incrível”, referiu Belchior.

“As peças são trabalhadas com os jovens (…) e depois são mostradas nas escolas, porque consideramos também que a sala de aula é um espaço mais seguro para eles se manifestarem. E depois trabalhamos com pedagogos”, explicou a dirigente.

O tema do Young Europe para os próximos quatro anos é “Cuidar” (‘Care’), porque, ao olhar “para a Europa toda, há uma grande diferença nos miúdos de 14, 15 anos”, sendo esta “uma geração que cresceu num mundo em conflito”, lamentou a presidente da ETC. “São jovens que falam com muito mais abertura da importância da saúde mental” e dos problemas de isolamento e solidão, sublinhou Belchior, depois de terem também vivido “os anos brutais, fechados” da pandemia de covid-19.

20 Out 2024

André Luiz Reis fala hoje sobre política externa do Brasil na FRC

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 18h30, a primeira sessão do ciclo de palestras intitulado “Roda de Ideias”, sendo que o debate de hoje tem como nome “Política Externa Brasileira: Qual é o lugar do Brasil no mundo?”, que terá como orador convidado André Luiz Reis da Silva, professor associado da Faculdade de Ciências Económicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil. A conversa será moderada por Francisco Leandro, professor associado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM).

O tema em reflexão será o lugar do Brasil no mundo, que se encontra em permanente redefinição. No comunicado, que explicita o tema do debate de hoje, lê-se que o Brasil, “quer seja designado como potência emergente ou como potência média ou regional, o tamanho do país não lhe permite desempenhar um papel menor, que não passe de uma simples boleia das grandes potências ou que permaneça acomodado”.

Ao mesmo tempo, “exige-se uma constante avaliação das suas capacidades e limitações conjunturais e estruturais, na procura de uma leitura adequada dos seus interesses e condições de actuação no sistema internacional”, refere a proposta de intenções.

Uma história no estrangeiro

Em termos históricos, “na primeira década do século XXI o país fortaleceu os seus activos diplomáticos nas várias esferas; no entanto, estes foram sendo lentamente consumidos ao longo da segunda década”.

Desta forma, a palestra que hoje se apresenta “aborda a política externa brasileira do início do século XXI até os dias de hoje, tendo como eixos de análise as matrizes de inserção internacional, formuladas nos âmbitos regional, multilateral e bilateral, procurando analisar as principais características, os dilemas e as opções da actuação externa do Brasil do novo Governo Lula, iniciado em Janeiro de 2023, tais como Integração regional, Brasil-China, BRICS, Sul Global e actuação multilateral”, pode ler-se.

A passagem por Macau do professor André Reis insere-se no projecto que estuda a geopolítica do Brasil, como parte do esforço que a Universidade de Macau está a fazer no contexto da promoção do estudo das relações internacionais dos Países de Língua Portuguesa.

20 Out 2024

Bienal de Veneza | O sucesso de Maria Madeira e o impacto na arte timorense

Maria Madeira foi a primeira artista timorense a ver o seu nome escolhido para representar o país numa exposição internacional tão importante como é a Bienal de Veneza, que termina a 24 de Novembro. A artista confessou que esta presença constitui “um ponto de viragem” no que se faz de artístico e cultural em Timor. Alguns trabalhos da artista podem ser vistos na mostra local “Policromias Lusófonas”

 

Maria Madeira, a primeira artista a representar Timor-Leste na Bienal de Veneza, disse à agência Lusa que o sucesso da participação timorense vai ser “um ponto de viragem” para a arte contemporânea no país. A 60.ª edição da principal mostra internacional de arte contemporânea, sob o tema “Estrangeiros em todo o lado”, com curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, começou em 20 de Abril e vai decorrer até 24 de Novembro.
O projecto de Maria Madeira, “Kiss and don´t tell”, sobre a história da luta das mulheres contra a ocupação indonésia de Timor-Leste, teve “um grande impacto” e despertou enorme interesse, disse a artista. “Segundo a curadora [a australiana Natalie King] e os organizadores, foi uma das exposições mais faladas”, disse Madeira, que após a abertura da instalação recebeu pedidos de entrevistas vindos de vários países.
A instalação, com 25 metros de comprimento e três metros de altura, vai ser adquirida pela National Gallery of Victoria, o mais antigo museu da Austrália, onde a artista está radicada, mas Madeira demonstrou esperança em que possa ser exibida também em Portugal.

A presença política

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, esteve presente na inauguração e a artista de 58 anos disse acreditar que “o Governo finalmente viu como a arte pode ter um grande impacto no mundo”.
Timor-Leste tem “muito talento e artistas incríveis, mas simplesmente não têm oportunidades suficientes”, lamentou Madeira, recordando que, 22 anos depois da independência, o país não tem uma escola de artes.
Em 2021, as autoridades timorenses despejaram o Arte Morris do espaço na capital, Díli, onde o grupo artístico tinha vindo a trabalhar há cerca de 20 anos, criando o único centro de arte contemporânea do país. Maria Madeira acredita que a decisão do Governo teria agora sido diferente, depois de ver, na Bienal de Veneza, “como a arte é tão importante para comunicar com o mundo”, e que mesmo a perspetiva dos jovens artistas emergentes timorenses mudou.
Madeira já expôs na Austrália, Portugal, Brasil, Macau e Indonésia, mas o sucesso em Itália tem “aberto portas a torto e a direito” à artista, que quer aproveitar a oportunidade de “usar esta plataforma e fazer avançar a arte contemporânea” timorense.
Além de querer voltar a viver em Timor-Leste, “talvez no espaço de dois anos”, Madeira espera poder abrir uma galeria de arte, montar um estúdio e “talvez até trabalhar e contribuir para um currículo artístico nas escolas”, algo que ainda não existe.
“Sou a única timorense com um doutoramento em filosofia da arte e a única professora timorense qualificada de arte na história do país”, lamentou a artista.
Madeira disse que gostaria em especial de trabalhar com grupos mais desfavorecidos, como órfãos e pessoas com deficiência, “que raramente são vistos em público”.

Exposição em Macau

Madeira está em Macau para a inauguração, na segunda-feira, de uma mostra que reúne obras da timorense, do fotógrafo brasileiro Luiz Bhering e do artista local Wilson Chi Ian Lam. A exposição, que estará patente até 24 de novembro, faz parte do programa da 16.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa.
A mostra em questão intitula-se “Policromias Lusófonas”, sendo esta a quarta edição desta iniciativa. Nesta mostra o público poderá ver obras como “Kolonizasaun”, “Foremothers Fingerprints”, “Contemporary Issues (Asuntus Kontemporáneus)” e “Ba Lia (with details)”.
Maria Madeira já realizou mais de 30 exposições em países como a Austrália, Portugal, Brasil ou Indonésia. De 1996 a 2000 trabalhou como assessora cultural na Austrália.

20 Out 2024

Tóquio | Morreu aos 76 anos actor japonês Toshiyuki Nishida

O actor Toshiyuki Nishida, figura lendária dos filmes de Takeshi Kitano e um dos rostos mais queridos do cinema japonês nas últimas décadas, foi encontrado morto na sua casa em Setagaya (oeste de Tóquio), disse ontem a polícia.

As autoridades estão a investigar os pormenores do incidente, avançou a emissora pública japonesa NHK. O alerta foi dado por uma pessoa não identificada, que entrou na casa e encontrou o actor morto na cama, indicou a agência de notícias local Jiji.

Nascido a 04 de Novembro de 1947 em Fukushima (nordeste), o actor e executivo japonês participou em 163 filmes e séries e foi um dos actores mais queridos do Japão. Entre os papéis mais notáveis está o do general Kajima no filme “Emperor” (2012), sobre a rendição do Japão durante a Segunda Guerra Mundial, que também contou com os desempenhos dos actores norte-americanos Tommy Lee Jones e Matthew Fox.

Também em dois dos filmes da saga “Outrage” (2012 e 2017), escritos, realizados e protagonizados por Takeshi Kitano, filmes de acção sobre a luta pelo poder na máfia japonesa (“yakuza”).

Em “The Ramen Girl” (“Sozinha em Tóquio”, 2008), do nova-iorquino Robert Allan Ackerman, Nishida interpretou um ‘chef’ de ramen (Maezumi) que deve ensinar uma mulher norte-americana, a cargo de Brittany Murphy, a preparar este prato clássico e tornar-se sucessora no restaurante. Murphy, de 32 anos, foi encontrada morta a 20 Dezembro de 2009, na casa em Los Angeles.

18 Out 2024

CCM | Concerto da Orquestra Chinesa a 1 de Dezembro

Está marcado para o dia 1 de Dezembro o concerto “Luzes Cintilantes, Flores Resplandecentes”, tido como um dos mais importantes espectáculos da temporada de concertos da Orquestra Chinesa de Macau (OCHM).

Assim, a partir das 20h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), podem ouvir-se os sons que celebram os 25 anos da RAEM, sob a batuta do Director Musical e Maestro Principal da Orquestra Chinesa de Macau, Zhang Lie.

A OCHM interpretará a peça “Luzes Cintilantes, Flores Resplandecentes”, composta especialmente para a OCHM pelo famoso compositor Gu Guanren. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), esta composição “é repleta de uma atmosfera festiva e de animação, com ritmos alegres e acelerados, proporcionando um espectáculo ímpar que corresponde perfeitamente ao tema do concerto”.

A famosa intérprete de erhu, instrumento musical chinês, Yu Hongmei, interpretará a sua obra mais recente, “As Paisagens de Yimeng”, mostrando toda a sua maestria no erhu, para exprimir as saudades da terra natal de forma mais profunda e melodiosa, num concerto que marcará a estreia da peça em Macau. O famoso grupo de percussão “Oito Martelos”, composto por Wang Jianhua, Li Congnong, Ma Li e Gao Chao, subirá ao palco para interpretar a obra “Caos no Céu”. Além disso, a guitarrista de fado portuguesa, Maria Pereira da Costa, irá interpretar com Wei Qing, a Chefe de Naipe de liuqin da Orquestra, a obra “Rapsódia de Macau”, encomendada pela Orquestra Chinesa de Macau ao compositor Kuan Nai Chung para este concerto. Destaca-se aqui “o encanto de Macau como um ponto de convergência entre as culturas chinesa e ocidental, numa estreia mundial a não perder”.

Os bilhetes já estão à venda e os preços variam entre 120 e 380 patacas. Os residentes de Macau beneficiam de um desconto especial de 50 por cento dos bilhetes por se tratar de um espectáculo de celebração do 25.º aniversário da transição.

18 Out 2024

Filipe Dores seleccionado para Exposição Anual das Artes Visuais

O artista macaense Filipe Miguel das Dores foi um dos artistas escolhidos para apresentar o trabalho “Separado do antigo refúgio” na Exposição Anual das Artes Visuais de Macau 2024, juntamente com mais nove artistas chineses.

São eles Lei Hio Lam, com a obra “Se fossem reais”; Cheong Hang Fong, com “Uma aula em Julho”; Leong Wai Lap, com “Cidade Flutuante – Cidade Néon”; Leong Kit Man, com “Sem vento para lançar papagaios”; Mak Kuong Weng, com “Macau – Dragão a voar na era próspera”; Wong Kin Tong, com “0”; Wong Mei Teng, “Jogo de Fronteira”; Lao I Wo, com “A poesia de Macau de uma pessoa Nº 2” e ainda Cheong Cheng Wa com a série “Submeter-se”, “Conhecimento #1”e“O Consumo”.

Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), foi “esmagadora” a receptividade dos artistas nesta submissão de trabalhos, tendo sido recebidas propostas de 181 artistas e um total de 178 obras ou conjuntos. No total, foram escolhidas 45 peças individuais ou séries de obras, incluindo dez “galardoadas com o Prémio para Obras Excepcionais”.

Júri profissional

Esta mostra pretende servir de incentivo “à criação de obras artísticas contemporâneas inovadoras que expressem o espírito dos tempos e evidenciem os últimos desenvolvimentos das artes visuais em Macau”. O júri foi composto por cinco profissionais da área, incluindo representantes de escolas de arte, curadores independentes e representantes da indústria das artes.

Assim, fizeram parte do júri nomes como Feng Boyi, curador de arte independente e crítico de arte; Wang Chunchen, Vice-Director do Museu de Arte da Academia Central de Belas Artes; Che Jianquan, professor na Academia de Belas Artes de Guangzhou; Leicier, Directora de Exposições da Expo de Arte Contemporânea de Beijing; e Bridget Tracy Tan Li Lin, Directora Sénior do Instituto de Artes e Galerias de Arte do Sudeste Asiático e Conselheira Académica de Artes do Sudeste Asiático na Academia Nanyang de Belas Artes de Singapura.

A exposição com os trabalhos escolhidos acontece no final deste ano, sendo que a devolução dos projectos artísticos que não foram escolhidos terá lugar entre 1 e 3 de Novembro, das 10h às 19h, na Galeria Tap Seac.

18 Out 2024

Literatura | Lançado “Caril-Diabo”, livro de crónicas do padre Manuel Teixeira

“Caril-Diabo” era um manuscrito inédito do padre Manuel Teixeira que estava à guarda de Jorge Morbey, historiador, e que foi parar às mãos de Jorge Bruxo, antigo docente universitário. Daí até à edição por parte da Lema D’Origem, em Portugal, foi um passo. Eis o novo livro de crónicas do famoso pároco português que viveu quase toda a vida em Macau

 

A referência à comida macaense serve de título ao novo livro póstumo do padre Manuel Teixeira, natural de Freixo de Espada à Cinta, mas que fez de Macau a sua casa. Cronista e autor, sobretudo focado nos temas da história de Macau, Monsenhor Manuel Teixeira deixou nas mãos de Jorge Morbey, historiador e residente do território, um manuscrito com crónicas intitulado “Caril-diabo”.

A obra, lançada este ano pela editora portuguesa Lema D’Origem, constitui, assim, um relembrar dos escritos do padre Teixeira que viveu os principais acontecimentos de Macau no século XX.

António Lopes, editor da Lema D’Origem, contou que teve acesso ao manuscrito graças a Jorge Bruxo, antigo professor universitário em Macau. Trata-se de uma compilação de crónicas publicadas por Teixeira nos jornais locais. “O padre Manuel Teixeira é oriundo de uma vila muito próxima da minha e, tendo a Lema d’Origem uma costela transmontana, não podia deixar de os publicar.”

Para o editor, “é evidente que os textos do Padre Manuel Teixeira são um importante contributo para a compreensão da presença portuguesa no Oriente ao longo dos séculos”.

“Talvez os textos não narrem a história oficial, mas narram, de certeza, os encontros e desencontros da nossa gente nesse longínquo Oriente. O título é do próprio Padre Manuel Teixeira, que o explica logo no primeiro texto. [Caril-diabo] é um prato tipicamente macaense, muito picante, que quando se come apetece praguejar”, explicou ainda.

Palavras acutilantes

As crónicas, segundo Jorge Bruxo, são 355, publicadas ao longo dos anos no Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau. Trata-se de textos “de natureza histórica e um pouco críticas”. “É a pequena história de Macau contada praticamente a partir da fundação de Macau até ao século XX”, descreve o intermediário do livro. “São crónicas acutilantes, estórias que a história não conta, o outro reverso da medalha”, destacou.

Jorge Bruxo adiante que “Caril-Diabo” esteve quase para ser editado nos anos 80, mas acabou por nunca ver a luz do dia. “O livro esteve pronto para ser publicado no tempo do Governador Almeida e Costa, chegou a estar na Imprensa Oficial para uma primeira revisão, mas foi retirado das provas e nunca mais nenhuma entidade pública ou privada se interessou por esta obra. O padre Manuel Teixeira partiu lamentando-se que algumas das suas obras estavam por publicar”, disse Jorge Bruxo.

Falecido em 2006, o pároco Manuel Teixeira foi uma personagem lendária de Macau que, ao longo dos anos em que viveu no território, estabeleceu contactos próximos com as comunidades portuguesa, chinesa e macaense. Falecido em Portugal, passou 76 anos no Oriente, entre Singapura e Macau, para onde viajou com apenas 12 anos para estudar no seminário. Recebeu várias condecorações, nomeadamente a de Oficial da Ordem do Império, Comendador da Ordem do Infante D. Henrique e da Ordem Militar de Santiago e Espada.

18 Out 2024

CCM | Ópera Liyuan e “Flores de Lótus Douradas” sobem ao palco este mês

O Centro Cultural de Macau volta a acolher, a partir da próxima semana, mais espectáculos que revelam as particularidades da ópera chinesa Liyuan. Tratam-se de quatro concertos organizados no âmbito da Temporada de Espectáculos de Companhias de Arte Nacionais

 

Estão à venda desde sábado bilhetes para os novos espectáculos de ópera Liyuan, um género específico da ópera chinesa, que se apresentam nos palcos do Centro Cultural de Macau (CCM) a partir da próxima semana. Tratam-se de quatro concertos, integrados na Temporada de Espectáculos de Companhias de Arte Nacionais em Macau 2024, que decorre entre terça-feira, 22, e 31 de Outubro.

O público poderá ver a nova produção de Ópera Liyuan “Dong Sheng e Li Shi” e mais dois espectáculos “Flores de Lótus Douradas”, apresentados pelo Centro de Preservação da Ópera Liyuan da Província de Fujian e pela Ópera Nacional da China, respectivamente.

Um comunicado do Instituto Cultural (IC) dá conta de que o público poderá desfrutar de “banquetes musicais de classe nacional”, sendo que esta temporada de espectáculos de ópera chinesa visa “potenciar o intercâmbio e a cooperação entre o Interior da China e Macau, bem como apoiar Macau na diversificação da sua oferta como Centro Mundial de Turismo e Lazer”. A ideia é também contribuir para o conceito de Macau como “uma base de intercâmbio e cooperação para promover a coexistência de diversas culturas, sendo a cultura chinesa a predominante”.

Com origem em Quanzhou, na província de Fujian e com uma história de mais de oito séculos, a Ópera Liyuan é cantada no dialecto de Quanzhou do sistema de Minnan, no sul de Fujian, sendo um dos géneros teatrais mais antigos existentes na China.

Fundado em 1953, o Centro de Preservação da Ópera Liyuan da Província de Fujian, anteriormente conhecido como Teatro Experimental da Ópera Liyuan da Província de Fujian, é o único grupo profissional de Ópera Liyuan, reconhecido como o “fóssil vivo da ópera do sul da China das dinastias Song e Yuan”.

Histórias clássicas

A ópera “Dong Sheng e Li Shi” conta a história do senhor Dong e da senhora Li, que superam inúmeros obstáculos para finalmente alcançarem a união e a felicidade. Esta peça lendária apresenta um enredo fluido e uma linguagem humorística, complementados com uma música melodiosa. Revestida de uma estética clássica chinesa, esta peça evidencia plenamente o glamour da Ópera Liyuan enquanto género de arte cénica tradicional, tendo vencido inúmeros prémios, nomeadamente o Prémio de Literatura Dramática Cao Yu, na sua primeira edição, o Prémio de Obras-primas de Artes Cénicas Nacionais e o Grande Prémio de Excelência em Teatro de Reportório do Ministério da Cultura.

No caso de “Flores de Lótus Douradas – Um Concerto Especial de Poesia Clássica Chinesa” é produzido e apresentado em Macau pela Ópera Nacional da China. Trata-se de uma iniciativa que “pretende construir pontes entre a tradição e a modernidade, bem como entre as culturas oriental e ocidental”.

“Através da combinação multidimensional de música, recitação, coro e elementos cenográficos, o concerto despertará no público um apreço renovado pela poesia clássica chinesa, promovendo uma compreensão mais profunda das emoções dos antigos e da riqueza da cultura tradicional da China”, é descrito.

Haverá depois um segundo espectáculo protagonizado pela Ópera Nacional, intitulado “Flores de Lótus Douradas – Um Concerto de Árias de Óperas Clássicas Seleccionadas da China e do Mundo”, sendo que a primeira parte contém trechos clássicos da ópera chinesa. Já a segunda parte está reservada a árias de ópera clássicas consagradas a nível internacional, “proporcionando ao público uma imersão no vasto património cultural musical”, explica o IC.

O espectáculo de Ópera Liyuan “Dong Sheng e Li Shi” decorre na próxima terça e quarta-feira, às 19h45, no pequeno auditório do CCM, com bilhetes a 150 patacas. Por sua vez, os concertos “Flores de Lótus” acontecem nos dias 30 e 31 de Outubro, pelas 20h, desta vez no grande auditório.

Os concertos são co-organizados pelo Departamento de Publicidade e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude e pelo Instituto Cultural de Macau, contando com a execução da CPAA Productions Ltd. e a coordenação do Grupo de Artes e Entretenimento da China.

17 Out 2024

Solidariedade | Fotógrafo local angaria 16.500 patacas para bombeiros

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau desde 2010, conseguiu arrecadar um total de 16 500 patacas para ajudar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis (AHBVG) na compra de uma ambulância.

A venda das fotografias representou, segundo um comunicado, uma “humilde ajuda” aos soldados da paz que, ano após ano, enfrentam grandes dificuldades no combate aos incêndios florestais e, em particular, à entidade localizada naquele concelho português de onde é originária toda a família paterna do fotógrafo.

“Esperava ter chegado aos 2000 euros, mas já é uma boa ajuda. Como disse anteriormente, estarei sempre disponível para contribuir para Góis e para os goienses”, vincou, recordando que os Bombeiros Voluntários de Góis “estão a precisar adquirir uma ambulância que custa mais de 60 mil euros”.

Agora, as fotografias serão impressas em formato A4 e entregues ou enviadas aos compradores durante as duas últimas semanas de Outubro. “Nos próximos dias apresentarei os saldos publicamente e transferirei o valor final de 1890 euros para a conta bancária da AHBVG. Depois, os meus pais deslocar-se-ão a Góis em dia a combinar para, de modo formal, encerrar esta campanha. Ao mesmo tempo, de forma ordenada e até ao final do mês, pretendo entregar ou enviar por correio as impressões a todos aqueles que, solidariamente, as adquiriram.”

O fotojornalista agradece, ainda, às 23 pessoas solidárias de Macau, Portugal, Brasil, Hong Kong e Vietname que adquiriram por 500 patacas exemplares das três fotografias disponível na acção de solidariedade por si promovida no passado dia 19 de Setembro.

16 Out 2024

Morreu o escritor chileno autor d’”O carteiro de Pablo Neruda”

O escritor chileno Antonio Skármeta, vencedor de três prémios Planeta, autor da obra que viria a ser conhecida por “O carteiro de Pablo Neruda”, morreu ontem, aos 83 anos, informou a Universidade do Chile, à qual estava ligado.

Skármeta é conhecido do grande público pelas adaptações cinematográficas das suas obras e, em particular, de “O carteiro de Pablo Neruda”, uma produção de 1994, dirigida por Michael Radford.

“A nossa comunidade universitária despede-se com pesar de Antonio Skármeta Vranicic, escritor, Prémio Nacional de Literatura 2014, licenciado em Filosofia e académico pela Universidade do Chile em múltiplas etapas da sua inspiradora carreira, que promoveu a leitura e o amor pelos livros”, anunciou a universidade.

Um dos primeiros a lamentar a sua perda e a destacar o seu contributo para a literatura chilena, em particular, e para a literatura latino-americana, em geral, foi o Presidente da República do Chile, Gabriel Boric, numa mensagem nas redes sociais.

“Obrigado, professor, pela vida vivida. Pelos contos, pelos romances e pelo teatro. Pelo empenho político. Pelo ‘espetáculo’ de livros que alargaram as fronteiras da literatura. Por sonhar que ardia a neve no Chile que tanto lhe doía”, afirma o Presidente, referindo-se a um dos seus primeiros livros, “Soñé que la nieve ardía” (1975).

Da Croácia para o Chile

De origens croatas, Antonio Skármeta Vranicic nasceu na cidade de Antofagasta, no norte do Chile, em Novembro de 1940, e é um dos mais criativos e influentes intelectuais do país, um contador de histórias nato com grande talento para condensar a vida e a filosofia dentro da história, o formato que lhe era mais caro, afirma a agência noticiosa espanhola Efe.

Licenciado em Filosofia e Educação pela Universidade do Chile, cresceu como escritor sob a influência do pensador espanhol Francisco Soler Grima, discípulo de Julián Marías e de José Ortega y Gasset, sobre quem escreveu a sua tese de doutoramento em 1963, “Ortega y Gasset, linguagem, gesto e silêncio”, prossegue a Efe referindo que Skármeta era amante do pensamento de Jean-Paul Sartre, Albert Camus e Martin Heidegger.

Em 1964, ganhou uma bolsa ‘Fulbright’ e viajou para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde escreveu uma segunda tese, desta vez sobre a narrativa de Julio Cortazar. Em 1969, recebeu, em Havana, o Prémio Casa das Américas pelo livro “Desnudo en el tejado”.

A fama internacional chegou-lhe através dos seus romances e, em particular, através da adaptação cinematográfica do seu livro “Ardiente paciência” (1983), do qual saíram dois filmes: um com o mesmo título e outro como “O carteiro de Pablo Neruda”, protagonizado por Massimo Troisi.

Como realizador de cinema, Antonio Skármeta rodou vários documentários e longas-metragens. Intelectual de esquerda, Skármeta foi obrigado a abandonar o Chile após o golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet, em 1973, que transformou o país numa das mais sangrentas ditaduras da América Latina.

Depois de passar pela Argentina e outros países, em 1981 instalou-se na Alemanha, onde escreveu a história do carteiro de Neruda: primeiro para uma rádio alemã e, depois, como guião de cinema. A obra teve um enorme sucesso e catapultou-o para a fama, foi traduzida para trinta línguas, adaptada ao cinema, teatro, ópera e rádio e, como o próprio autor afirmou numa entrevista, “existem mais de uma centena de versões no mundo”.

Skármeta regressou ao Chile em 1989, no ano do fim da ditadura, e aí continuou como professor universitário, académico e, pelo meio, como diplomata na Alemanha.

16 Out 2024

Nobel | Han Kang vende mais de um milhão de livros em poucos dias

Mais de um milhão de livros da escritora sul-coreana Han Kang, recentemente galardoada com o Prémio Nobel da Literatura, foram vendidos na Coreia do Sul desde a semana passada, de acordo com livrarias do país.

Pelo menos 1,06 milhões de livros, incluindo electrónicos, de Han Kang foram vendidos desde que lhe foi atribuído o Nobel na quinta-feira, disseram à agência de notícias France-Presse (AFP) a Kyobo, a Aladin e a YES24, três grandes livrarias e lojas ‘online’ sul-coreanas.

“Os livros de Han Kang estão a ter vendas sem precedentes. Isto é algo que nunca vimos antes”, disse à AFP o porta-voz da Kyobo, maior cadeia de livrarias do país, Kim Hyun-jung.

Tendo sido a primeira mulher asiática a ganhar este prémio literário, a romancista de 53 anos foi escolhida pela “prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”. É mais conhecida no estrangeiro pelo romance “A Vegetariana”, vencedor do Man Booker Prize em 2016, que narra a mudança radical de hábitos alimentares de uma mulher após pesadelos violentos, com consequências desastrosas para a vida conjugal e a saúde mental.

De acordo com o negócio de livros novos e usados Aladin, Han Kang aumentou as vendas dos livros 1.200 vezes em relação ao mesmo período do ano passado, e as da literatura sul-coreana em 12 vezes. “Nunca estive tão ocupado desde que entrei para a empresa em 2006”, disse à AFP um funcionário do Aladin.

16 Out 2024

“Voices of the World” | Associação 10 Marias apresenta novo cabaré

A Associação 10 Marias apresenta, este sábado, um novo espectáculo de cabaré intitulado “Voices of the World”, naquela que promete ser “a noite mais electrizante do ano”, descreve um comunicado. O espectáculo começa às 23h, com porta aberta uma hora antes, na discoteca DD3, na Doca dos Pescadores, com os bilhetes a custarem 250 patacas.

Segundo a mesma nota, esta será “uma espectacular extravagância de cabaré que apresenta muitas actuações internacionais ao vivo para deslumbrar e surpreender”, apresentando-se participantes que trazem ao palco “danças de tirar o fôlego, cantos hipnotizantes, músicos sensacionais e acrobacias de cair o queixo”.

Haverá ainda “muita representação, provocação e reacção, sensualidade e sensatez, rodopios e arrepios, suor e agitação”, sendo que “cada acto apresenta talentos notáveis de todo o mundo, fazendo deste evento uma verdadeira celebração da expressão artística”, é referido.

Segundo Mónica Coteriano, co-fundadora da associação e coordenadora do espectáculo, “esta não é apenas uma performance; é uma experiência que vos vai deixar maravilhados”. “Estamos entusiasmados por reunir alguns dos melhores talentos do mundo, e alguns inspirados estreantes locais, para uma noite que promete ser inesquecível. E sempre muito divertida”, declarou.

16 Out 2024

FRC | “Passeios com História” voltam a realizar-se no fim do mês

Cândido Azevedo, professor, volta a ser o orientador da iniciativa “Passeios com História” promovida pela Fundação Rui Cunha (FRC) para os próximos dias 26 e 27 deste mês. A ideia é descobrir mais sobre a história e o património das zonas antigas de Macau em visitas guiadas em português, nos dias 26 e 27, e também no dia 3 de Novembro, mas desta vez em inglês. As visitas decorrem entre as 10h e as 12h30.

Segundo uma nota, desde 2017 que a área dos apoios sócio-culturais e filantrópicos da FRC oferece aos interessados um programa gratuito de visitas guiadas à História e Património da “Cidade de Macau dos séculos XVI a XIX”. Ao longo de duas horas e meia terão os participantes oportunidade de conhecer as memórias, crenças, práticas quotidianas e saberes das gentes desse tempo, das duas partes da cidade: a cristã e a chinesa.

Este ano decorre, assim, a quinta edição, sendo que o objectivo é descobrir mais informações sobre as ruas becos, santuários e núcleos museológicos. O passeio intitula-se “Circuito das cidades cristã e chinesa, na Macau dos séculos XVI a XIX”. O ponto de encontro será na galeria da FRC a partir das 9h45. As inscrições fazem-se junto da FRC.

16 Out 2024

Literatura | Odes de Luís de Camões traduzidas para chinês

Foi recentemente lançado o livro “Odes de Camões” que reúne 14 odes de Luís de Camões traduzidas por Zhang Weimin. Este é um projecto editorial da plataforma académica “Rede Camões em Ásia e África”, da qual faz parte o tradutor e Filipe Saavedra, coordenador da obra. A tradução dos escritos de Camões para chinês promete não ficar por aqui

 

Nasceu há 500 anos o intérprete maior da língua portuguesa, Luís de Camões, e muitas têm sido as actividades que celebram o poeta que terá passado algum tempo da sua vida em Macau. Um dos últimos projectos realizados, foi o lançamento, no último sábado, de uma obra que revela em chinês todas as odes, ou poemas, da sua autoria.

“Odes de Camões” nasce da iniciativa da “Rede Camões na Ásia e África” (Rede), dedicada a estudar a vida e obra do poeta português, e que tem coordenação de Filipe Saavedra e tradução de Zhang Weimin. Filipe Saveedra é doutor em Estudos Portugueses e História, sendo actualmente docente da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau. Zhang Weimin, por sua vez, é formado em língua portuguesa pelo Bureau de Publicações em Línguas Estrangeiras de Pequim, sendo tradutor de Camões para chinês simplificado.

Numa nota da autoria de Filipe Saveedra sobre o projecto, explica-se que “Camões não se limita ao milagre de ‘Os Lusíadas'”, a sua obra mais conhecida.

“Para valorizar outros géneros que ele soberbamente cultivou, iniciámos, em 2022, a publicação do epistolário camoniano em moldes críticos, com uma edição já considerada indispensável por muitos estudiosos, que é a inédita ‘Carta que um amigo a outro manda novas de Lisboa'”.

Depois seguiu-se o estudo e tradução das Odes de Camões. Este tipo de texto poético vem do período da Grécia Antiga, sendo “uma das mais antigas tradições poéticas do mundo e das poucas que rivalizam com a chinesa em termos de antiguidade”. Terão sido os gregos que, segundo Filipe Saveedra, criaram os primeiros poemas de amor, textos autobiográficos ou confessionais “há quase três mil anos”.

As odes, enquanto género da escrita, constituem “uma revolução na temática dos poetas, até aí ocupados com heróis guerreiros e os seus feitos como fez Homero, ou com amplas questões da vida social e da justiça, como Hesíodo”. Nomes como Alceu e Safo começaram então a escrever poemas centrados “na própria vida e emoções do poeta, que se torna no centro da mundividência a que chamamos lírica”.

No caso das odes escritas por Camões, elas não se centram apenas “no herói em si, mas sim nos contrastes que se estabelecem entre a vida deste e a do poeta, ou pessoas do seu círculo”.

Outro exemplo conhecido da escrita de odes, vem do poeta Horácio, já no período romano, que “retomou temas e formas da ode grega para nos contar a sua própria vida de forma poética”. Após um período de menor produção na Idade Média, as odes voltaram a ter alguma expressão no período do Renascimento, primeiro em Itália, depois em Espanha e Portugal.

Assim, segundo Filipe Saveedra, “é possível que tenha sido Camões o criador da ode portuguesa, inspirado pelas recriações de Bernardo Tasso e de Garcilaso de la Vega”.

A obra lançada no passado dia 12 na Casa Garden inclui, assim, 14 odes da autoria do poeta português, que “homenageiam Orfeu, Safo, Alceu, Píndaro, Horácio, Tasso e Garcilaso”.

Traduções em curso

A Rede da qual faz parte Filipe de Saveedra organizou em Macau, este ano, a primeira celebração a nível mundial dos 500 anos do nascimento de Camões, até porque Macau terá sido o lugar “onde o poeta continuou a composição de ‘Os Lusíadas'”.

Para Junho de 2025, está a ser organizado um próximo congresso que deverá decorrer em Moçambique, local onde “Camões esteve dois anos a aperfeiçoar o seu manuscrito de ‘Os Lusíadas'”. “Se Camões era português, a sua obra é mais abrangente, e ‘Os Lusíadas’ não são apenas a maior obra da literatura portuguesa, mas parte importante das literaturas moçambicana, indiana, indonésia e, claro, de Macau, que se têm apropriado com sucesso, de uma forma ou de outra, deste riquíssimo património”, é referido.

A tradução das odes é “um passo inicial na edição e tradução da lírica completa de Camões”, sendo que o leitor “é auxiliado por paráfrases em prosa poética para a plena compreensão das alusões eruditas”, incluindo ainda notas explicativas em chinês da autoria do tradutor. Zhang Weimin está já a trabalhar na tradução das canções e éclogas de Camões.

Entretanto, os 500 anos do nascimento de Camões continua a ser celebrado em Portugal. Um dos eventos programados, um ciclo de mesas-redondas sobre Camões, acontece na Biblioteca Nacional, em Lisboa, a partir do dia 24 deste mês e estende-se até ao próximo ano.

Filipe Saveedra será um dos convidados para a sessão de 23 de Abril de 2025, intitulada “De Lisboa a Goa: o que contam as cartas de Camões”, ao lado de Maria do Céu Fraga. Rui Loureiro irá moderar a sessão de 22 de Janeiro, intitulada “Camões e o Oriente”.

16 Out 2024

D. Pedro V | “Fado Nosso”, o espectáculo que celebra Amália

“Fado Nosso” já tem alguns anos de existência no leque de produções da companhia de dança Amálgama, mas chega agora a Macau apresentando-se amanhã no Teatro D. Pedro V. Alexandra Battaglia, criadora e directora artística, fala de uma produção que celebra a voz maior do Fado, Amália Rodrigues

 

Desde 2003 que a companhia de dança Amálgama sobe aos palcos para dançar o Fado, a música portuguesa por excelência. “Fado Nosso” não é excepção – nasceu primeiro para ser apresentado no Panteão Nacional, onde repousa o corpo de Amália Rodrigues, considerada a maior fadista portuguesa, mas depois deixou de ser apresentado.

No ano em que se celebra o 25.º aniversário da sua morte, que ocorreu a 6 de Outubro de 1999, o Instituto Português do Oriente (IPOR) decidiu reavivar esta produção da Amálgama, trazendo-a de Portugal para o Teatro D. Pedro V. Alexandra Battaglia, directora artística da companhia e criativa do espectáculo, disse ao HM estar muito satisfeita com esta oportunidade.

“Desde o ano 2000, quando fomos criados, que a fusão entre o Oriente e Ocidente, a espiritualidade natural, o património físico e imaterial são os nossos princípios. Em 2003 começámos a trabalhar o Fado e fomos talvez a primeira companhia de dança a mergulhar numa casa de fados”, contou.

Para a criadora de “Fado Nosso”, o Fado “é um património não só de Portugal, pois quando o sentimos de forma diferente é um património universal da alma, e é já nesse estado que o sentimos e criamos”.

“Temos um percurso de quase 15 anos a dançar o Fado em várias criações. A última criação, pioneira, partiu do convite para criarmos, no Panteão Nacional, um espectáculo focado no tributo à voz do Fado, a Amália. Tem sido um sucesso enorme e só parou com a mudança na direcção do Panteão, e depois apareceu a pandemia. Tudo ficou em suspenso. Era um espectáculo que poderia ficar no Panteão eternamente, que seria sempre um sucesso certamente.”

Agora, em Macau, “Fado Nosso” apresenta-se com diferentes fados que vão contando o percurso de Amália Rodrigues, artista que nasceu pobre, mas que acabou por ter uma carreira de sucesso, também a nível internacional.

“No espectáculo do Panteão tínhamos a música ‘Fado Meu’, mas fizemos a mudança para ‘Fado Nosso’ dada a adaptação a outros espaços. Fazemos um percurso pelas diferentes etapas de Amália. Começa com um fado que é ícone nela, e que para nós permite olhar para a fase mais conhecida da fadista, e vamos depois entrando numa espiral de diferentes fases, que passa pelas paixões, os fados mais sensíveis.”

Depois é a vez de se ouvir e dança “os fados mais populares, como o ‘Barco Negro’, ‘Uma Casa Portuguesa’, entrando depois noutra fase com ‘Foi Deus’ ou ‘Com que Voz’. Temos depois fados que representam a fase da carreira dela mais internacional.”

Acima de tudo, “Fado Nosso” surge “do percurso das criações da Amálgama e dos seus cruzamentos com o património material e imaterial português e da humanidade, nomeadamente com o Fado”. Foi um projecto nascido “da vontade de criar um espaço mais informal, numa espécie de desgarrada e improvisos sobre o Fado que ofereça um encontro entre artistas de diferentes percursos e estéticas no dançar e sentir o Fado”, lê-se na descrição oficial do espectáculo.

Influências orientais

Na Amálgama não se começa a dançar com base num conceito ou numa mera ideia, procurando-se estabelecer uma conexão com o corpo, o espírito, o mundo que rodeia os criadores e os bailarinos. Dentro dos princípios da companhia reside uma conexão com o Oriente, e importa lembrar que a companhia nasceu na Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa.

“Passámos cerca de nove anos a partilhar metodologias entre a nossa formação em dança, com foco na dança contemporânea, com práticas energéticas e criativas que cruzavam o nosso conceito de dança e identidade artística, numa ligação com princípios taoístas e a relação com a natureza.”

Para Alexandra Battaglia, já aí se denotava que a Amálgama, como companhia de dança, “era muito diferente”. “Procurávamos identidade onde a alma estivesse envolvida, para não serem apenas corpos virtuosos com domínio técnico que executavam coisas. Primeiro fazemos uma busca sobre nós, quem somos e onde está a nossa raiz cultural, aquilo que nos toca como seres humanos e portugueses. Esse conhecimento geral partilhado numa companhia de dança vai depois para a essência do que é ser português. Tínhamos bailarinos a cantar Fado e íamos ao sentir o que era isso, o que era essa ‘coisa portuguesa’.”

Mas Alexandra Battaglia tem também uma forte ligação ao território, quando foi convidada em 2011, pelo Instituto Cultural, para criar a Parada Internacional de Macau. “Precisavam de alguém que soubesse trabalhar com a multiculturalidade e que conseguisse juntar o que está em Macau em caixinhas, desde brasileiros, portugueses, macaenses e chineses. Achava que esta miscelânea cultural e magia que Macau me parecia ter estava fundida, mas não. Procuravam então alguém que criasse identidade e desenhasse a parada.”

Primeiro foi realizado um espectáculo para o Festival das Artes em conjugação com todas as associações artísticas do território, num total de 700 artistas, e depois foi criada a parada. “Com isso quis colocar em cada rua de Macau a arte que se faz, o que o grupo tinha para oferecer, para que olhassem para a arte de uma outra maneira, saída do espaço tradicional e colocar na rua, nos jardins, nas esquinas. Queria criar uma viagem em que o público entrava e se encantava por momentos da arte que iam emergindo.”

A Amálgama esteve também ligada à plataforma UnityGate “que visava fazer fluir, a partir de 2011, artistas entre Macau e Portugal”, projecto que tem estado suspenso.

15 Out 2024

Mimicat actua na Semana Cultural da China e PLP

Dois concertos da cantora portuguesa Mimicat são o destaque do programa da 16.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, que foi ontem anunciado e arranca esta quinta-feira. Mimicat, que representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção em 2023 e lançou o terceiro álbum, “Peito”, em Setembro, vai actuar na sexta-feira e no domingo na Doca dos Pescadores.

O primeiro dia de espectáculos, 18 de Outubro, inclui ainda actuações da cantora angolana ‘Noite e Dia’, da cantora cabo-verdiana Paulinha, do ‘rapper’ da Guiné Equatorial Negro Bey, do grupo timorense Nabilan e da China Broadcasting Performing Arts Troupe. A companhia chinesa irá tocar o tema popular português ‘Canção do Mar’, celebrizado por Dulce Pontes, revelou numa conferência de imprensa a secretária-adjunta do Fórum de Macau, Xie Ying.

A Semana Cultural é organizada pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), com apoio das associações das comunidades lusófonas na região. No segundo dia sobem também ao palco o duo local Winnie Lam x Ten, o grupo Tuna Macaense, o grupo de percussão brasileiro Trio Manari, a orquestra da Guiné-Bissau Unidos por uma Causa, a cantora moçambicana Neyma e o cantor são-tomense Ibaguay.

Comida para todos

Além de três dias de música e dança, o programa inclui, entre 18 e 22 de Outubro, uma mostra gastronómica com os ‘chefs’ Nário Tala (Angola), Martinho Moniz (Portugal), Maria das Dores (São Tomé e Príncipe), Delfina Maria Baptista Guterres (Timor-Leste) e a macaense Ana Manhão, que irão ainda dar workshops de culinária.

Haverá uma feira de artesanato com artistas de todos os países de língua portuguesa, entre 17 e 20 de Outubro, e tendas com produtos lusófonos. Xie Ying disse que na sexta-feira vão ser exibidos na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau cinco documentários, incluindo o moçambicano ‘A Natureza dos Homens e dos Animais’ e o português ‘Minha Terra Minha Gente’. Os documentários serão depois mostrados em outras escolas da região.

“Adicionámos novos elementos, como a mostra de cinema, para atrair mais jovens para participar no evento e aumentar a nossa visibilidade”, disse o secretário-geral do Fórum de Macau, Ji Xianzheng, sobre o programa que inclui ainda duas ‘flash mobs’.

Entre 21 de outubro e 24 de novembro, vai estar patente no edifício do Fórum Macau uma exposição de obras do fotógrafo brasileiro Luiz Bhering, do artista local Wilson Chi Ian Lam e de Maria Madeira, que está a representar Timor-Leste na Bienal de Veneza.

A este evento vai seguir-se o 6.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que inclui o Festival da Lusofonia, onde vão actuar o português Fernando Daniel e o angolano Yuri Cunha. A Semana Cultural terá um orçamento de 11,5 milhões de patacas, “semelhante ao do ano passado”, disse o coordenador do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau, Vincent U U Sang.

14 Out 2024

Creative Macau | “Time Pixels” para ver até ao dia 26

Foi inaugurada recentemente a nova exposição patente na galeria da Creative Macau, intitulada “Time Pixels – Exposição de Trabalhos de Estudantes de Artes Visuais da Universidade Politécnica de Macau”. Segundo um comunicado, a Creative Macau, enquanto centro de indústrias criativas, “tem vindo a estabelecer uma parceria anual com a Universidade Politécnica de Macau há mais de uma década para apresentar obras de arte criadas por estudantes da Faculdade de Artes e Design”.

Assim, em “Time Pixels” apresentam-se 22 obras dos alunos do curso de Artes Visuais concluídas em dois módulos, nomeadamente “Prática Artística Social” e “Sociologia da Arte”. O objectivo destas disciplinas “é orientar os estudantes para a aplicação das suas capacidades artísticas, nas áreas da pintura chinesa, pintura a óleo, gravura, escultura, cerâmica, aos temas sociais”.

A exposição gira em torno do conceito “Cronologia da Família”, “adoptado pela primeira vez como o tema que atravessa o ensino e a criação de obras de arte”. Neste contexto, os alunos “foram orientados a investigar as suas histórias familiares, a construir e a integrar as ligações entre o indivíduo, a história familiar e as mudanças na sociedade, e a expor o seu pensamento e prática artística sob a forma de pinturas, esculturas, instalações, fotografias ou textos”.

Anteriormente designada por Instituto de Artes Visuais, a Faculdade de Artes e Design da Universidade Politécnica de Macau foi criada pelo Instituto Cultural de Macau em 1989 e incorporada na Universidade Politécnica de Macau em 1993, tendo passado a designar-se Faculdade da Escola das Artes em 2022.

13 Out 2024

Doci Papiaçam | Coro actua em Lisboa e volta a juntar comunidade

Quarta-feira foi um dia especial para a comunidade macaense de Macau e a residir em Lisboa: a actuação do coro do grupo Doci Papiaçam di Macau juntou, na Casa de Macau, macaenses e antigos residentes portugueses que quiseram matar saudades do território. Carlos Piteira, presidente da Casa, anunciou que pode ser criado uma extensão dos Doci em Portugal

 

O coro dos Doci Papiaçam di Macau esteve em Lisboa na última semana a convite do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, a propósito das eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas. Porém, a visita serviu de argumento para uma visita de maior importância: a ida à Casa de Macau em Lisboa, actualmente presidida por Carlos Piteira.

Na quarta-feira, ao final da tarde, já se vivia o rebuliço na Casa, localizada na Avenida Almirante Gago Coutinho, com ensaios do coro, as mesas a serem preparadas com petiscos macaenses e membros da comunidade a chegar. Tratou-se de uma actuação que juntou os macaenses que vivem entre cá e lá, no meio de abraços e muitos sorrisos.

Já no dia anterior os Doci tinham actuado no Palácio de São Bento, embora tenha sido “uma actuação muito breve”, com apenas duas músicas, conforme descreveu ao HM Miguel de Senna Fernandes, que se mostrou muito satisfeito por poder cantar numa casa que também é sua e de todos os macaenses.

“Por falta de tempo só podemos cantar duas músicas. Gostámos de conhecer o Palácio de São Bento, porque não conhecia. Penso que as pessoas ficaram maravilhadas, e havia pessoas que não sabiam que em Macau havia este tipo de projectos.”

Do grupo dos Doci vieram a Lisboa apenas alguns integrantes, como foi o caso de Agurtzane Azpiazu, Aleixo Siqueira, Arnaldo Ritchie, Carlos Anok Cabral, Isabela Pedruco, Ivone de Senna Fernandes, José Basto da Silva, José António Carion Jr., Luís Pedruco Novo, Manuel Jesus, Marina de Senna Fernandes e Miguel de Senna Fernandes, Paula Carion e Sónia Palmer.

Trata-se de rostos que habitualmente são vistos em palco nas peças dos Doci, em patuá, mas que agora vestiram a pele de cantores, cantando também em patuá. “As letras e arranjos são meus, mas claro que, obedecendo à tradição antiga, as melodias são conhecidas e fazemos a adaptação. Há uma música do Adé, que é o hino”, disse Miguel.

O espectáculo arrancou com “Nós Maquista Sâm” [Nós Macaenses Somos], uma letra sobre a personalidade dos macaenses, “gente com paixão” e com “bom coração”, apesar das discussões e coscuvilhices. Seguiu-se “Palavra di Amigo”, “Quelôra Sol Ta Quentá” [Quando o Sol Aquece] e a bem conhecida “Macau Sã Assí” [Macau é Assim], cantada por todos os presentes.

Doci em Lisboa

Na apresentação do espectáculo, Miguel de Senna Fernandes, autor das músicas e dos arranjos, bem como das peças de patuá, disse estar “sensibilizado” por poder estar com o grupo em Lisboa.

“Somos um grupo cujos membros, por acaso, também cantam. Já que viemos a Lisboa, porque não fazer uma visita à Casa de Macau. Faz 25 anos que o grupo dos Doci não actua em Portugal, pelo que faz todo o sentido.”

Do lado de Carlos Piteira, destacou-se o facto de o grupo estar naquela que é também a sua casa. “Se tivesse a ideia que a fama dos Doci era esta, teria contratado o Coliseu (risos). A contrapartida é que não vinham à Casa de Macau, e o virem aqui é virem também à vossa casa aqui em Portugal. É um tributo ao patuá, e nós Casa de Macau temos tentado manter este traço identitário paralelamente com a gastronomia. É uma pena estas canções não serem mais divulgadas aqui em Portugal.”

O presidente destacou ainda a ideia de vir a criar em Portugal, mais concretamente em Lisboa, uma extensão dos Doci Papiaçam di Macau. “Ainda não é formal, mas estamos a tentar criar um grupo de patuá também aqui em Portugal”, disse.

No dia seguinte a esta actuação, na quinta-feira, os Doci estiveram junto à Câmara Municipal de Lisboa a cantar em patuá, por ocasião da cerimónia de encerramento das actividades do Conselho das Comunidades, que reuniu durante três dias.

13 Out 2024