Fronteiras | Zhuhai proíbe entrada de viaturas com matrícula dupla João Santos Filipe - 2 Abr 2020 A partir desta manhã, os residentes com veículos com dupla matrícula vão deixar de poder viajar para o Interior. A medida partiu de Zhuhai e a CPSP pediu compreensão aos residentes [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Zhuhai vão proibir a partir das 10h de hoje a entrada de viaturas com matrícula dupla, ou com a matrícula tripla (Macau, Interior da China e de Hong Kong). A informação foi avançada na madrugada de ontem e levou ao aumento significativo do tráfego para passar a fronteira. Na conferência de imprensa, Ma Chio Hong, chefe da Divisão de Operações e Comunicações do Corpo de Polícia Segurança Pública, pediu a compreensão aos condutores afectados pelas medidas adoptadas pelo Interior. “O que se pretende é evitar a circulação de veículos e pessoas. As autoridades de diferentes governos estão a tomar medidas de prevenção e algumas são cada vez mais apertadas”, afirmou o responsável. “Estamos num período muito crítico e espero que haja compreensão. O objectivo é reduzir os riscos de transmissão”, acrescentou. A decisão das autoridades de Zhuhai apenas foi conhecida em português às 01h25 de ontem, em chinês foi publicada às 23h29 do dia anterior. Ma Chio Hong justificou que a comunicação foi feita tão depressa quanto possível pelas autoridades locais. Como consequência, entre as 01h e o meio-dia de ontem, um total de 1.941 viaturas saíram de Macau, o que representa um incremento de 47 por cento nos movimentos de veículos em comparação com o período anterior. O número de saídas foi de 1.125, mas depois do meio-dia ainda havia viaturas concentradas para deixar Macau. As novas restrições de Zhuhai não têm data limite, mas proíbe a circulação de veículos com excepção dos utilizados para transporte de mercadorias, serviços públicos de contingência, viaturas fúnebres e com matrícula única de Macau para entrada em Hengqin e Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau. Sete dias de isolamento Nos próximos dias, um grande número de pessoas vai sair de quarentena, caso os últimos testes ao covid-19 sejam negativos. Por este motivo, Alvis Lo Iek Long, médico-adjunto da direcção do CHCSJ, apelou às pessoas que regressem a casa e que permaneçam isoladas durante mais sete dias. “Quando acabarem o isolamento, apelamos para que pensem nas famílias e na sociedade e se mantenham isolados mais sete dias e meçam a temperatura duas vezes por dia. Também vamos telefonar-lhes para saber como estão”, afirmou Alvis Lo. O mesmo médico afastou ainda a hipótese, por motivos técnicos, de Macau passar a publicar os dados sobre o número de pacientes que nunca desenvolvem sintomas, apesar de estarem infectados pelo covid-19. “Nós temos publicado todos os números, mas não temos essa estatística. Como muitos dos nossos casos são detectados numa fase muito inicial, também porque as pessoas estão de quarentena, a detecção é feita sem que haja sintomas”, começou por explicar. “Mais tarde, já durante o tratamento, as pessoas depois apresentam sintomas, mas é muito difícil saber se são considerados com ou sem sintomas”, acrescentou. Casos sobem para 41 Ontem também foram reveladas mais informações sobre os 40.º e 41.º casos identificados em Macau. Ambos são residentes e são mãe, com 47 anos, e filho, com 20 anos. Segundo as informações disponibilizadas pela médica Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, ambos tinham estado no Reino Unido entre 15 e 26 de Março, altura em que regressam para Macau via Hong Kong. O transporte foi arranjado pelas autoridades e os dois infectados estavam de quarentena quando foram diagnosticados. Além deles, quatro familiares que os acompanharam na viagem foram levados para o centro de isolamento no Hospital das Ilhas. Actualmente, Macau regista 31 casos activos e 10 curados. Entre as pessoas isoladas e em tratamento há um paciente em estado grave, ligado ao ventilador, mas que registou melhorias. Por outro lado, há 16 pacientes com sintomas de pneumonia e outros 14 com sintomas mais leves. Quarentena | Atrasos em resultados impediram altas Uma dezena de pessoas em quarentena no Alto de Coloane deviam ter tido alta ontem, mas atrasos na recolha e resultados dos últimos testes atrasaram a saída para hoje. A informação foi avançada ontem por Alvis Lo Iek Long, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ). Ainda em relação às pessoas a cumprir quarentena em casa, foi revelado na conferência de imprensa que há cinco casos, cujo fim da quarentena também está para breve. Finalmente, foi esclarecido que as pessoas obrigadas pelos SSM a parar a quarentena em casa para serem transferidas para hotéis designados ficam isentas dos custos do hotel. Máscaras, ronda 8 A oitava ronda da venda de máscaras disponibilizadas pelo Executivo vai arrancar hoje em 84 postos de venda. Na fase anterior foram vendidas cerca de 6 milhões de unidades, o que em termos acumulados significa a venda de 40 milhões de máscaras desde o início da pandemia. A grande novidade nesta fase é a colaboração de cerca de 500 alunos voluntários para o empacotamento e distribuição de máscaras. As autoridades apelaram ainda para que se evitem filas, no caso de não haver necessidade urgente de máscaras.
Chuxia Deng, investigador e reitor da Faculdade de Ciências Médicas da UM: “É possível prevenir o cancro da mama” Pedro Arede - 2 Abr 2020 Ao fim de quatro anos, uma equipa de 12 investigadores da Universidade de Macau (UM) descobriu um meio de travar a proliferação do cancro da mama e bloquear o aparecimento de metástases após cirurgia. Chuxia Deng, professor que liderou a investigação, aponta o caminho a percorrer e a razão porque Macau, assim como outros países asiáticos, regista muito menos casos que o Ocidente [dropcap]Q[/dropcap]ual a importância deste estudo? A importância desta descoberta assenta sobre vários aspectos. O primeiro de todos é que o cancro da mama ocorre com maior frequência nas mulheres, afectando anualmente mais de dois milhões de pacientes do sexo feminino e provocando a morte a mais de 600 mil. O gene sobre o qual estivemos a trabalhar chama-se BRCA1, cuja mutação está relacionada com o aumento do risco de desenvolver cancro da mama. O que isso quer dizer é que, estando a mutação deste gene relacionada com o aparecimento de cancro da mama de origem hereditária, as pessoas portadoras da mutação do gene BRCA1 têm muito mais possibilidades de contrair cancro da mama. Outro ponto de foco da nossa equipa foi o facto da mutação provocada pelo BRCA1 estar relacionado com os casos mais graves de cancro da mama, os do tipo triplo negativo (TNBC). Apesar deste tipo de cancro da mama ser muito difícil de tratar, descobrimos que o BRCA1 tem uma nova função que revelou ser de extrema importância. Isto porque antes, pensávamos que este gene estava apenas relacionado com a regeneração de ADN, mas no nosso estudo descobrimos que é também responsável por manter a integridade das mitocôndrias que, no caso de estarem danificadas, podem provocar inflamações e, consequentemente, a criação de tumores e metástases. Foi essa a nossa descoberta. Mas fomos mais longe e descobrimos que, ao utilizarmos inibidores contra inflamações, é possível parar a proliferação do cancro e bloquear o aparecimento de metástases. Portanto, esse é também um ponto muito importante desta pesquisa. O que é que na prática passa a poder ser feito de forma diferente no tratamento e prevenção do reaparecimento do cancro da mama? O nosso estudo aborda também um ângulo muito interessante porque em muitas pessoas, após serem operadas para a remoção dos tecidos cancerígenas, por vezes, volta a verificar-se a recorrência e o aparecimento de metástases. Isso quer dizer que após a cirurgia, mesmo que o cancro tenha sido removido, por vezes, ele pode voltar a aparecer. Nesse sentido, descobrimos que a ocorrência de inflamações desempenha um papel crucial porque, no nosso caso, ao conseguirmos tratar da inflamação, bloqueamos a formação de tecido cancerígena e também o aparecimento de metástases. Por isso, o nosso estudo sugere que, em alguns casos, após a cirurgia, o paciente seja tratado com inibidores inflamatórios para reduzir o risco do cancro voltar a aparecer. Isto é algo que temos muita vontade de aplicar. Em que é que o vosso estudo se distância de outros sobre o cancro da mama e quais os próximos passos para futuras investigações? O nosso estudo abordou apenas uma pequena parcela daquilo que é o universo do cancro da mama, porque a maioria dos cancros da mama não estão relacionados com o gene BRCA1. Mas, na minha opinião, podemos começar por assumir uma pequena parte para entender o mecanismo inerente a este tipo de cancro e, assim, gradualmente, sermos capazes de entender uma regra que pode ser aplicável a outros tipos de cancro. Por isso, faseadamente, pretendemos expandir o nosso trabalho a outros tipos de cancro da mama e compreender se o mesmo mecanismo se aplica. Outro objectivo do nosso estudo é compreender se o microambiente tumoral implicado no cancro da mama, também pode ser estendido a outros tipos de cancro, generalizando-o a uma maior fatia da população. Acredita que a evolução do panorama do cancro da mama tem sido positiva? Existem actualmente muitas abordagens relativas ao cancro da mama. O cancro da mama pode ser de vários tipos e, para a maior parte, já estamos preparados para lidar com eles e curá-los. Mas o problema são aqueles que estão relacionados com a mutação do gene BRAC1 ou do tipo triplo negativo, que são os mais difíceis de tratar. Por isso, a nossa estratégia passa por “atacar” estes dois tipos de cancros. No entanto, para os cancros relacionados com a mutação de gene, muitas pessoas já estão sensibilizadas para a questão da prevenção, como são exemplo as doenças genéticas. Nestes casos, é possível fazer sequências para descobrir essas mutações e actuar sobre elas. Um desses exemplos é o caso de Angelina Jolie, que em 2013, quando descobriu que tinha sofrido uma mutação do gene BRCA1, tomou a iniciativa de se sujeitar a uma cirurgia para remover a mama. Mais tarde, acabaria também por remover a outra mama como forma de prevenção. No entanto, existem muitos progressos que estão a ser feitos nesta área e outros factores de prevenção, nomeadamente ambientais e imunológicos relativos ao mecanismo inflamatório. Podemos tomar muitas acções para tentar impedir o aparecimento deste tipo de cancro. O que deve ser feito ao nível da sensibilização e prevenção do cancro da mama? Quais os sinais para os quais as pessoas devem estar atentas? Temos de transmitir que o cancro da mama afecta essencialmente as mulheres e que tem uma elevada taxa de frequência, causando muitas mortes. Mas também queremos que as pessoas saibam que é possível prevenir este tipo de cancro. É possível fazer uma detecção precoce. Em muitos países ocidentais, como os EUA, as mulheres a partir dos 50 anos devem fazer uma mamografia anual, de forma a actuar numa fase inicial sobre um eventual problema. O mesmo deve ser feito também em relação aos casos em que existem antecedentes familiares de cancro da mama. Por isso, este é um tipo de cancro em que é possível actuar de forma preventiva e essa mensagem tem de chegar às pessoas. Também é preciso estar atento às questões do sistema imunitário. Um sistema imunitário forte pode reduzir o aparecimento de inflamações e, consequentemente, deste tipo de cancro. Quais os principais desafios que encontraram durante a investigação? O principal desafio diz respeito à dificuldade na obtenção de amostras clínicas, isto porque Macau não tem assim tantos pacientes diagnosticados com cancro da mama. Por isso, para futuros trabalhos estamos a considerar proceder a ensaios clínicos fora de Macau. Por outro lado, as áreas circundantes têm vários exemplos como Zhuhai e, por isso, gostaríamos de examinar mais casos clínicos. Porque decidiu avançar com este estudo e quando começou a estudar o tema do cancro da mama? Participei num estudo sobre o cancro da mama em 1992, na Universidade de Harvard. A partir desse ano, optei pelo estudo nesta área porque sinto que é muito interessante e porque a taxa de incidência é muito elevada. Nos EUA, a taxa de incidência do cancro da mama é muito maior do que a de Macau ou da China e, por isso, acho que é um grande desafio. Em 1994 comecei a trabalhar sobre o gene BRAC1, por isso já levo 26 anos de trabalho sobre este tema. Qual é o panorama do cancro da mama em Macau? Em Macau, apesar de a taxa de incidência ser inferior à dos países ocidentais, existem anualmente cerca de 150 casos de cancro da mama, acabando por morrer cerca de 30 mulheres. É o tipo de cancro mais comum entre as mulheres de Macau. É preciso actuar. Através da prevenção é possível reduzir, no futuro, os riscos relacionados com o cancro da mama. Qual a razão para o número de casos em Macau e noutros países asiáticos ser consideravelmente mais baixo que nos países ocidentais? O cancro da mama pode ter origem em múltiplos factores. Um diz respeito à própria genética e neste aspecto, os países ocidentais têm maior incidência entre a sua população, nomeadamente quanto à mutação dos genes BRAC1 ou BRAC2. Outro aspecto está relacionado com o estilo de vida, por exemplo, o tipo de alimentação dos países ocidentais pode promover a formação do cancro da mama. Existem estudos a relatar que a taxa de incidência do cancro da mama aumentou em mulheres asiáticas a partir do momento em que se mudaram para os EUA. Por isso, acredito que há uma forte possibilidade de estar relacionado com a alimentação. O mesmo acontece, por exemplo, com o cancro do cólon que é muito mais frequente no Ocidente que no Oriente.
Covid-19 | Mais de 30 mil pessoas morreram na Europa Hoje Macau - 1 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap] pandemia de covid-19 já matou mais de 30 mil pessoas na Europa, mais de dois terços em Itália e em Espanha, segundo um balanço da AFP às 07:00, a partir de dados oficiais. Com um total de 30.063 mortes (para 458.601 casos), a Europa é o continente mais atingido pela pandemia de covid-19. Itália (12.428 mortes) é o país europeu mais afectado, seguida pela Espanha (8.189) e pela França (3.523).
Casinos | Receitas de Março com quebras de quase 80 por cento Andreia Sofia Silva - 1 Abr 20202 Abr 2020 O mês de Março continuou a ser negro para o sector do jogo com as receitas a caírem 79,7 por cento. No primeiro trimestre, as receitas sofreram uma quebra de cerca de 60 por cento. Albano Martins prevê que o jogo VIP seja mais forte este ano e que as medidas adoptadas nas fronteiras atrasem a recuperação do sector [dropcap]D[/dropcap]epois do período mais difícil no combate à pandemia covid-19, que decretou o encerramento de quase todas as actividades económicas e o fecho dos casinos, por um período de 15 dias, as receitas do jogo continuam no vermelho. Dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) revelam que as receitas dos casinos registaram no mês de Março uma quebra de 79,7 por cento, fixando-se em 5,2 mil milhões de patacas. Por oposição, no mês de Março de 2019 as receitas foram de 25,8 mil milhões de patacas. No que diz respeito ao terceiro trimestre, houve uma descida de 60 por cento nas receitas, para 30,48 mil milhões de patacas, menos 45,66 mil milhões de patacas do montante arrecadado nos três primeiros meses de 2019. Confrontado com estes dados, o economista Albano Martins não encontra grande diferença entre os números de Fevereiro e de Março. “Houve uma quebra de receitas à volta de 80 por cento no mês de Março, quando em Fevereiro foi de 88 por cento. Em Fevereiro os casinos estiveram fechados 15 dias, e em Março não estiveram fechados, pelo que a subida da receita não foi muito significativa”, disse ao HM. O facto de Macau, Hong Kong e a província de Guangdong terem adoptado medidas restritivas nas fronteiras devido à covid-19 faz com que o início da recuperação do sector do jogo não se faça já este mês, defende o economista. “Isto vai ter implicações muito grandes nas receitas do jogo, porque era suposto que em Abril e Maio essa quebra global de 60 por cento fosse reduzindo mais rapidamente, mas assim é de novo uma grande incógnita. Mas, acreditando que possa demorar mais um mês, as receitas do jogo vão recuperar e vai-se registar uma quebra de 40 por cento face ao ano anterior, mas é tudo uma previsão.” Jogo VIP mais forte Ainda que os dados da DICJ não façam a diferenciação entre jogo de massas e jogo VIP, Albano Martins acredita que este último segmento continue a ser mais forte. “Até Fevereiro ou Março, o jogo VIP já tinha ultrapassado o jogo de massas, o que é normal. O ano passado tinha ficado abaixo dos 50 por cento. O que pode acontecer é que o jogo VIP continue a ser mais forte do que o jogo de massas. O jogo VIP vai trazer mais receitas este ano para Macau.” No que diz respeito à quebra global de receitas, o economista acredita que os valores vão ficar, este ano, “razoavelmente abaixo dos 50 por cento”. “Acredita-se que em Maio e Junho as coisas estejam melhores que agora. A China já se começa a abrir, e, embora não venham [turistas] de outros países, Macau depende essencialmente do jogo da China. Portanto, é só uma questão de se abrir a torneira e os visitantes começarem a vir de novo, para que os valores fiquem razoavelmente abaixo de 50 por cento.” “Muitos analistas dizem que as receitas de jogo vão cair substancialmente, mas não vão cair muito mais do que isso, porque é difícil haver menos receitas do que 3,1 mil milhões [de patacas, valor das receitas de Fevereiro deste ano]”, rematou Albano Martins.
Covid-19 | China identifica 130 novos casos assintomáticos Hoje Macau - 1 Abr 20201 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap] Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que identificou 130 novos casos assintomáticos, portadores do novo coronavírus, mas que não revelam nenhum sintoma da doença da covid-19. A mesma comissão informara na terça-feira que, de um total de mais de 1.500 casos assintomáticos que estão a ser isolados e monitorizados, 205 vieram do exterior. As autoridades indicaram também que foram registados 36 novos casos confirmados da covid-19 no país continental, que exclui Macau e Hong Kong. Todos, exceto um dos novos casos, foram importados. Nas últimas 24 horas foram ainda registadas mais sete mortes. Hoje, pela primeira vez, a China passou a contabilizar os casos assintomáticos na contagem oficial. Enquanto a proporção de pessoas que contraíram o vírus, mas permanecem assintomáticas, é atualmente desconhecida, os cientistas dizem que esses ‘portadores’ ainda podem transmitir a covid-19. Como o surto doméstico na China a diminuir significativamente, alguns especialistas questionaram se a dificuldade em identificar casos assintomáticos poderia levar ao ressurgimento de infeções. A China, onde o vírus foi detectado pela primeira vez em dezembro, registou um total de 81.554 casos e 3.312 mortes desde o início do surto. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 850 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 42 mil. Dos casos de infecção, pelo menos mais de 170 mil são considerados curados.
Vales de consumo | Facilitada inscrição de recém-nascidos Hoje Macau - 1 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap]té dia 8 de Abril pode ser feita a pré-inscrição de recém-nascidos que satisfaçam os requisitos do plano de subsídio de consumo e que não tenham bilhete de identidade de residente (BIR), comunicou a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI). Isto pode ser feito sem que o recém-nascido esteja presente. É preciso levar documentação, como o boletim de nascimento emitido pela Conservatória do Registo Civil, o BIR original do cidadão e fotocópia do BIR do cônjuge. O recém-nascido deverá ser levado posteriormente à DSI para conclusão do requerimento de BIR. Desde que o requerimento de BIR seja concluído até 23 de Abril, o documento poderá ser emitido até 29 de Abril.
Wynn Macau | Lucros líquidos desceram 19% Hoje Macau - 1 Abr 2020 [dropcap]A[/dropcap] Wynn Macau Ltd teve uma quebra de 19 por cento nos lucros líquidos em 2019. Em causa está uma descida de 6,25 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2018 para 5,06 mil milhões no ano passado. No documento em que anuncia os resultados, a empresa indica que as receitas diminuíram 8,7 por cento para 36,16 mil milhões de dólares de Hong Kong. O motivo principal apontado é uma descida no jogo VIP, parcialmente compensada por um crescimento no mercado de massas, tanto no Wynn Palace como no Wynn Macau. Já os elementos que não são de jogo, tiveram também uma quebra, ainda que ao nível dos quartos as receitas se tenham mantido semelhantes ao ano anterior. Face ao contexto actual, a empresa explica que vai acompanhar as condições de mercado em Macau e na China e que “poderá considerar um dividendo especial no futuro quando as condições estabilizarem”. No entanto, descreve que “durante esta crise sem precedentes da covid-19, o principal foco do Conselho é salvaguardar as suas operações em Macau e, mais importante, o bem-estar dos seus mais de 13 mil funcionários”.
Comparticipação pecuniária | Cheques começam a ser distribuídos hoje Hoje Macau - 1 Abr 2020 [dropcap]C[/dropcap]omeçam hoje a ser distribuídos, pelo Governo da RAEM, os cheques no âmbito do Plano de Comparticipação Pecuniária. A distribuição dos cheques será feita até ao dia 19 de Junho, sendo que cada residente permanente irá receber 10 mil patacas, enquanto que os residentes não permanentes recebem seis mil patacas. Os idosos e todos aqueles que optaram pelo depósito directo do cheque na conta bancária são os primeiros a receber este montante, seguindo-se os funcionários públicos aposentados ou alunos com bolsas de estudo. O pagamento faz-se depois faseadamente de acordo com os anos de nascimento dos beneficiários.
Nevoeiro Hoje Macau - 1 Abr 2020 [dropcap]F[/dropcap]iz a mala. Só falta fechar. De fora deixei a necessaire e uma mochila grande para pôr a parafernália das refeições: os talheres, o prato e a malga coloridos da Cristina e a outra malga que veio com o chili de lentilhas e vegetais da Vera. A aveia, o chá e o café, se ainda houver. Não, não saio amanhã. Ainda faltam uns dias. Mas hoje, ao contrário do que me caracteriza – aqueles cinco, sete minutos de pegar em três peças de roupa antes de apanhar um avião – fiz a mala com antecedência. Ficou também de lado uma mochila mais pequena, para o computador e os livros que ainda me servem. Além da roupa essencial para esta última etapa, e que a seu tempo será enrolada numa bola e colocada num saco já destinado, está também de fora, dobrada por cima do sofá vermelho, uma outra muda, escolhida a dedo dentro das possibilidades. Não quero sair daqui indigna do ar. Tenho que ir arranjadinha rumo à porta, lá de fora, e ao respirar. “Bom dia, gostaria de saber se se está a sentir bem e se precisa de alguma coisa?” pergunta-me a relações públicas do hotel. Digo que sim e agradeço o cuidado. “Boa tarde, estou a ligar dos Serviços de Saúde” oiço mais tarde “Está a sentir-se bem? Como está a sua temperatura hoje? Tem tido alguma indisposição?” “36 graus e sinto-me lindamente”. “Obrigada e até amanhã”. O que faz falta Das rotinas diárias faz parte o arrumar a “casa”. Lavo a pouca loiça que tenho e que me está a uso. A bancada da casa de banho está dividida. De um lado, uma espécie de escorredor, onde estendi uma toalha, pequena, branca. Do outro, o copo com a escova e a pasta dos dentes. Ao lado, está a escova do cabelo e o óleo de argão que dá para tudo. Entre um lado e outro, duas velas, grandes e cheirosas, para me fazerem sentir mais em casa. Na parede, as toalhas. Uma para as mãos. Outra para a loiça. Ficam bem ali, penduradas no varão dourado e a contrastar com o amarelo de fundo. Os pauzinhos, que me dão aos pares de três por dia também se incluem. Reutilizam-se para tentar adoecer menos o mundo. Afinal, não preciso de muito. Mas preciso de ar, do sorriso das pessoas do outro lado da mesa do café, do vento quente e húmido da estação, das vozes sem serem filtradas por linhas ou letras. De caras, sem máscaras, sem máscara alguma. Hoje está mais nevoeiro do que o habitual. Por esta altura do ano parece que Macau se enfia dentro de um capacete. A humidade dispara para se manter nos 100 por cento, a temperatura começa a aumentar a o território mergulha numa nuvem permanente, claustrofóbica que antecede a próxima estação. É uma espécie de prelúdio de Verão. M.M.
Ficção do Sexo e do Vírus II Tânia dos Santos - 1 Abr 2020 [dropcap]J[/dropcap]á há novas estórias de amor – fictícias e verídicas – em tempos de covid-19. Esta é mista. Gentes que contemplam pelas janelas dos seus apartamentos e casas, sonhando com o nervoso miudinho que fica na barriga quando vemos quem nos excita. Há quem veja uma dança da janela, uma rapariga de cabelos escuros ondulados a dançar ao som de uma banda indie rock qualquer. A rapariga que dança começou agora um diário, o diário da pandemia. Também dança e canta, para espantar os males? Várias culturas ensinaram-lhe que cantar cura coisas, espanta outras. ‘Continuem com as vossas rotinas’, dizem uns, ‘aproveitem para descansar’, dizem outros. ‘É tempo de masturbação’, dizem todas as sexólogas na internet. Quanta confusão mental num espaço tão pequeno que é uma casa. Tantos problemas no mundo que se mostram nus em tão poucos metros quadrados. Se calhar o mundo nunca mais será o mesmo, ninguém sabe ao certo. Ela não é futuróloga e rapidamente deixa de pensar nisso. Ela pensa na redefinição do amor. Mudam-se as crenças, mudam-se as vontades, mudam-se os comportamentos. O isolamento é agora uma prova de amor. Ainda assim sente-se ligada a quem mais ama porque há modernices, e porque tem um caderno e uma caneta em casa. Escreve parvoíces e desenha infantilidades – um diário para se distrair com (e d)ela própria. Alguém a viu de uma outra janela e apaixonou-se pela dança, pelo cabelo, por qualquer coisa que não sabe. O amor não acontece assim, mas a atracção, sim. Ela não faz ideia a quem pertence a silhueta por detrás da janela. Vive naquela casa há anos e nunca reparou que tinha a vista perfeita para uma rapariga de cabelos escuros ondulados. A vida pré-isolamento era mais atarefada. Agora está parada, com mais tempo para contemplar vidas e janelas. Talvez o isolamento tenha atiçado o tesão, como as forças opostas que constroem os nossos dilemas internos. ‘Quando sou obrigada a estar sozinha, mais me apetece estar com alguém’. Ela deixa um recado na janela, e espera que só ela repare. ‘Rapariga de cabelo escuro e ondulado que gosta de dançar à janela, queres jantar comigo?’. Desenha um arco-íris também, para não destoar das outras janelas. O jantar teria que ser reinventado, depois pensaria nos pormenores. Ela não costuma ser tão extrovertida, mas a visão catastrófica do mundo obrigava-a a arriscar. Esperou que o objecto do seu desejo respondesse positivamente, com uma mensagem na janela, também? Esperou mais um pouco. Enquanto esperava, imaginava cenários de enamoramento em tempos de pandemia. Não tinha medo da rejeição, a solidão já a acompanhava de uma maneira ou de outra. Continuou à espera de um qualquer sinal. O amor é um alívio – tal como a esperança que nos motiva para pintar um arco-íris, colá-lo à janela e pedir que tudo fique bem. A incerteza é lixada, mas o amor ajuda a encará-la. O amor, que alimenta a solidariedade, empatia e esses clichés todos optimistas, precisa de um objecto, de uma concretização qualquer. Nesta invasão de medos activam-se formas de conexão virtual e mental. Não há formas certas ou erradas, há a redescoberta de uma forma diferente de se ser. Ainda não sei se a rapariga de cabelos escuros e ondulados reparou na mensagem, como é que irá responder, o que irá acontecer. A satisfação está na presença destas duas personagens que, sem uma pandemia, não seriam quem são.
A rua era nossa, foi minha Andreia Sofia Silva - 1 Abr 2020 [dropcap]H[/dropcap]ouve tempos em que morei ao pé do jardim Luís de Camões numa casa inteira, mas pequena, só para mim. A localização era perfeita: estava ao pé da biblioteca do Tap Seac, do café Honolulu, da Cinemateca Paixão, do restaurante Afonso e dos bares Che Che e Mico. Durante o dia frequentava os três primeiros lugares, à noite os restantes. Aquela rua quieta, aonde não ia vivalma, era nossa. Primeiro jantávamos no Afonso, depois passávamos para o Che Che, cigarro atrás de cigarro, e depois terminávamos a noite no Mico. Às vezes começávamos a noite no Mico e bebíamos whisky japonês. Durante a semana ou aos fins-de-semana, conforme a disposição e a vontade de qualquer coisa. Aos meus poucos leitores, peço que me desculpem esta onda de saudosismo, mas quando soube da morte do Pedro Ascensão, este domingo, recordei-me destes tempos em que subia aquela rua que fazia as minhas noites. Dono de um feitio muito particular, Pedro era capaz de pôr pessoas no olho da rua como também contava as histórias fascinantes dos tempos em que deu aulas no Alentejo e dormia ao relento, depois de andar quilómetros de motorizada. Aconteceu comigo. A minha casa foi vendida, saí. Pedro morreu e o Afonso fechou o restaurante. Aquela rua, que era nossa, e que foi minha, terá agora outra forma.
A hora das pequenas coisas Nuno Miguel Guedes - 1 Abr 2020 [dropcap]E[/dropcap]nfim, nem tudo pode ser mau, embora pareça. Este tempo deu-me oportunidade para fazer algo que já pratico regularmente com algum prazer: reler. Mas as escolhas agora são feitas em função destes dias e portanto não é por acaso que regressei a um dos meus livros mais acarinhados e que carrega o maior número de notas nas margens (sim, sou desses. E a caneta). Trata-se de Cartas A Lucílio, de Lúcio Aneu Séneca (4 a.C- 65 d.C.). É uma demonstração prática da filosofia estóica sob forma epistolar e que ao longo dos anos em que o tenho lido me ajudou a criar a minha visão do mundo e da vida. E mais uma vez não me falhou. Eis a abertura da primeira carta: “Procede deste modo, caro Lucílio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos”. E mais à frente: “Nada nos pertence, Lucílio, só o tempo é nosso”. Aqui está então um dos maiores desafios destes estranhos dias: o que fazer com o que sempre foi nosso? Descobrimos com surpresa que não estamos preparados para o ócio no seu sentido mais nobre. Há uma proporção e uma hierarquia diferente de coisas e sentimentos, perspectivas que se modificam, pontos de fuga que se esvaem. Redescobrimos a profunda importância das pequenas coisas e acarinhamo-las. Recuperámos por exemplo a noção de ausência. Para nós, portugueses, recuperámos da pior maneira um atavismo nacional: a saudade. E felizmente que o estamos a usar. Recuperámos a vontade de um sorriso, de um passeio, de uma paisagem, de um abraço. Há o sentimento real de que a nossa vida nos foi tirada em vida. As emoções surgem com um altíssimo grau de pureza que assustaria até o mais veterano dos toxicodependentes. Não ficarei insultado se alguém me disser que o aqui escrevo não passam de truísmos. São-no, de facto; e se os uso é porque também eu preciso deles para me reassegurar e encontrar alguma ordem num labirinto construído à revelia da minha vontade. Provavelmente será sempre assim quando somos confrontados com o tanto que temos por garantido, os ínfimos pormenores essenciais que sustêm a nossa fragilidade que se passeia pelos dias. Vivemos no mundo da Alice de Lewis Caroll, onde tudo é certo e nada é certo. Ferem-me agora uns versos que fiz para um fado baseado nessa personagem extraordinária e que reflecte alguém perdido dentro da sua vida: “Todas as coisas são estranhas / Todas as dores são tamanhas/ E eu o seu inventário”. Não gosto de profecias e muito menos quando sou eu que as faço. Mas nestas horas turvas reparai na beleza possível, amigos. Acarinhai-a. Que grandes ficam as pequenas coisas. Recebo agora de um amigo-irmão uma versão apressada, hesitante, ansiosa do Suzanne de Leonard Cohen. Este meu querido amigo, músico e autor extraordinaire, alimenta o meu isolamento com o dele. E isto é tão simples e tão pequeno e portanto, na nova matemática dos dias, é igual a infinito.
Cumprir a mão João Paulo Cotrim - 1 Abr 2020 Palhavã, Lisboa, segunda 3 Fevereiro [dropcap]A[/dropcap] notícia da morte de George Steiner (1929-2020) apanha-me prostrado, tentando afastar do pensamento por razões práticas a sempre próxima. Tão próxima que se fez querida. Na arrumação dos dias, agigantou-se a mesa de cabeceira, ou talvez a estante se tenha aproximado ainda mais do lugar onde tombo a cabeça. Estendo a mão e puxo o robusto introito à obra e figura do mestre, composto e interpretado a quatro mãos por José Pedro [Serra] e Ricardo [Gil Soeiro], «George Steiner, Das cinzas do silêncio à palavra de fogo» (ed. Exclamação). A poesia e o programa do título cumpre-se em vários ensaios dos queridos organizadores, além do «elogio» e resposta aquando do doutoramento Honoris Causa, em 2009, de uma entrevista e de utilíssimas bibliografias. Atenho-me em «Steiner ou Palavra Viva», no qual José Pedro desenha o perfil do pensador a partir das suas entrevistas e que se resume na frase que sublinho a lápis, que devia aprender de cor: «o seu humanismo consiste, com a ajuda dos melhores, em colocar o homem perante os múltiplos cantos de todas as Esfinges, em procurar olhar os abismos da alma, em lançar o pensamento até ao limite do compreensível, em proclamar a superioridade do Bem, em aludir à misteriosa e inefável experiência do Belo.» Parêntesis longo: as páginas iniciais desenvolvem notáveis argumentos para a instituição da entrevista enquanto género literário e dos mais radicais elogios que me foi dado ler sobre tão menosprezada prática (mais ou menos) jornalística. «A entrevista é lugar único e inimitável para uma característica formulação de um pensamento, para a experiência de um sentimento, de um entusiasmo poético, para o eco do pulsar cardíaco de uma revelação ou de uma inquietação.» O essencial está na «visão encarnada» das ideias a habitarem o tempo daquele individuo, tendo invariavelmente por perto a Senhora Morte, dada a nudez radical que se exige aquele que se joga na entrevista. «Esta coloca-nos não apenas perante a ideia, mas perante o homem que pensa a ideia, não apenas perante o sentido de um caminho sugerido, mas perante o homem que arrisca o caminho, que o trilha e o desbrava». Parêntesis fechado. O Steiner que aqui se desbrava, feito percurso e planeta resulta de um magma de alta cultura europeia, com andantes raízes no judaísmo, assombrado pelo Mal impensável entrevisto no Holocausto, em busca incessante pelo Sentido e pelo Absoluto em diálogo com o Transcendente, talvez Deus. Interpela-me o «cancro do pensamento», a «patologia do absoluto» que Deus, incandescente até na sua ausência, nos terá inoculado de modo a que qualquer interpretação seja uma interpelação. Encontro estranho conforto nesta tessitura entre a questão de Deus, em mim adiada, e o mergulho em apneia no texto. Sem esquecer o desencanto das construções políticas, a tragédia do aparente falhanço das utopias. Em frutuoso diálogo, José Pedro discorda de Steiner quanto à «tragédia absoluta», espécie de buraco negro, pois encontra no coração das trevas «sempre um resistente traço de luz que se recusa a extinguir, rebelde traço oposto ao negro traço deixado pela tragédia.» Quero crer em uma rebeldia de luz, com raiz na palavra. Que outra forma teríamos de desenhar chão ou céu? Palhavã, Lisboa, quarta 18 Março A máscara no rosto faz com que a respiração me embacie os óculos, e a limpeza das lentes a cada passo parece apropriada para o que de explosivo contém este número 87, 88 e 89 d’«A Ideia», a revista de cultura libertária, companheira de há muito, que me fez chegar o velho e querido amigo António [Cândido Franco], seu director (que digo? alma). Não se encontrará hoje, entre nós, publicação mais desafiante, capaz de propor pensamento nas mais díspares direcções, de recolher pistas das mais distintas tradições de resistência e produção de paisagens outras. Este número entusiasma de tão exemplar, na sábia mistura de dossiers (escrita automática e surrealismo, com texto notável de síntese e potência do António, além de interessante inquérito, mas também em torno de Agostinho da Silva ou sobre anarquismo), de poemas e contributos artísticos (de que o trabalho de Maria João Vasconcelos nesta página é marcante exemplo, uma ilustração para estas horas difusas, em que não sabemos se subimos ou descemos, em que deixámos de ver o chão, mas não sabemos onde colocar os pés), de textos literários e reflexões (Schwob, Tolstoi, Zweig, Verlaine, Anselm Jappe, José Manuel Martins), de atenção às efemérides (A Batalha), de evocações afectivas (Bruno da Ponte, Alexandre Vargas), de traduções inéditas de documentos, como este «Ruptura inaugural», de 1947, e que acaba por contaminar tudo nas páginas seguintes. É que o surrealismo não se afirmava «apenas» enquanto movimento literário, mas revolução interior, gesto capaz de radical «resolução de conflitos que bloqueiam o acesso a toda a liberdade, estejam eles entre o sonho e a acção, o maravilhoso e o contingente, o imaginário e o real, o exprimível e o indizível, a candura e a ironia, o fortuito e o determinado, a reflexão e o impulso, a razão e a paixão, exemplos particulares de uma antinomia mais vasta, contrapondo, no mais profundo da natureza humana, o desejo e a necessidade.» Esse relâmpago rasga a diversidade do volume, que se desmultiplica em tantas outras leituras, se cristaliza e dispersa, que interroga e consola, que perturba e apazigua: a poesia enquanto o princípio e a fonte de todo o conhecimento. Santa Bárbara, Lisboa, sexta 20 Março Este parêntesis (não será antes movediças reticências?) em que mergulhámos dá-nos a falsa sensação de que a vida se suspendeu, mas ela continua sob todas as suas formas. Até a habitual morte. Deixa-nos Rogério Petinga (1935-2020) que, sobretudo na Quetzal da prometedora origem, desenhou livros com cuidados de barroca filigrana aproximando leitores de autores fundamentais. Santa Bárbara, Lisboa, domingo 22 Março Recebo uma folha, que parece tombada de árvore outonal, portanto desalinhada com as estações, com marca das hastes e restos de seiva. Diz a Sara: «eu por aqui, vou-me podando. E às plantas também. Observo, espero por notícias que a mão vai cumprindo, sem a turvez e a hesitação que cá dentro acontece. Identifico as ervas daninhas que na sua característica persistência invadem com teimosia e arranco-as com suavidade, na esperança de que cá dentro se lhe copie o modo. Olho para aquelas que já não darão frutos, apesar de todos os cuidados e atenção e com uma coragem muda assumo o seu fim honrando-as numa nova existência.» Deixo divagar com as notícias que a mão vai cumprindo.
Ensino Superior | Exame de Acesso realizado este mês Hoje Macau - 1 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] Exame Unificado de Acesso ao Ensino Superior de Macau para o próximo ano lectivo vai decorrer entre 16 e 19 de Abril. As datas foram acordadas depois de um encontro entre os representantes da Universidade de Macau, Instituto Politécnico de Macau, Instituto de Formação Turística de Macau e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Os exames avaliam as disciplinas de Português, Chinês, Inglês e Matemática e servem para aceder às instituições em causa. Face à pandemia da covid-19, há medidas especiais para a realização das provas que passam pela utilização de máscaras, reforço de limpeza e desinfecção das salas de exame, maior distância entre as cadeiras e o preenchimento da declaração de saúde.
Fluxo de passageiros no aeroporto internacional de Macau desce 45% Hoje Macau - 1 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] número de passageiros no Aeroporto Internacional de Macau caiu 45 por cento, entre o início do ano e 30 de Março, enquanto os voos caíram 55 por cento, em relação ao período homólogo em 2019, de acordo com dados divulgados ontem pela CAM, a sociedade que gere o aeroporto. “Devido à epidemia desencadeada pela covid-19 desde o início deste ano, a procura pela indústria da aviação caiu drasticamente”, apontou em comunicado a entidade. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, que também divulgou dados ontem, especificou que em Fevereiro houve um total de 1.138 voos comerciais, o que representou uma quebra de 79,6 por cento em relação a Fevereiro de 2019, com particular destaque para os voos entre Macau e o Interior da China que diminuíram 88,4 por cento.
IAM | Proibida circulação de bicicletas nos trilhos de Macau João Santos Filipe - 1 Abr 2020 O Governo está a impedir a circulação nos trilhos, o que faz com que os praticantes do ciclismo todo-o-terreno fiquem sem qualquer lugar para a modalidade. Segundo o IAM, os ciclistas podem utilizar as ciclovias alcatroadas [dropcap]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) está a impedir a circulação de bicicletas nos trilhos, o que faz com que os fãs da modalidade todo-o-terreno (BTT), ou seja de ciclismo fora de estrada, fiquem sem locais para praticar desporto. O IAM justifica a medida com a necessidade de garantir a segurança das pessoas que caminham nos trilhos. Porém, para os praticantes ouvidos pelo HM nada impede que se criem vias especiais só para as bicicletas, ou que estas estejam autorizadas a circular em determinadas horas. O que é visto como incompreensível é o facto de se ter optado pela proibição sem alternativas. “Os praticantes da modalidade sentem uma enorme frustração e preocupação ao verem as autoridades de Macau impedirem, de forma sistemática e activa, a prática deste desporto. […] O Governo utiliza como argumento a segurança. E só tenho a dizer que concordo, respeito e até acompanho a preocupação”, começou por ressalvar Ricardo Lopes, residente que pratica BTT há mais de 30 anos. “Mas a forma de resolver este assunto não é escorraçar os ciclistas, atirá-los para debaixo do tapete, como se fossem um não-assunto. Não quero enviar farpas, mas é abusivo agir desta forma porque a proibição torna-nos completamente discriminados em relação aos outros desportos. Com a proibição não temos um único local para praticar este desporto”, explicou. A mesma opinião é partilhada por Sérgio Guiu, que também defende alternativas para a circulação das bicicletas em condições de todo-o-terreno. Praticante há mais de 20 anos, admite que já foi por várias vezes expulso dos trilhos pelos trabalhadores do IAM: “O Governo deveria de forma clara criar condições e autorizar a prática do BTT. Não vejo uma razão para que não se criem estas condições”, considerou. “Os trilhos onde as pessoas fazem caminhadas teriam sempre que exigir que houvesse prioridade para quem está a pé. Também tem de haver uma moderação da velocidade por parte dos ciclistas. Aceitamos isso. Mas, paralelamente nada impede que se criem trilhos que possam ser utilizados para a prática de BTT. Não vejo razão para o Governo não o fazer”, apontou. Lugares recomendados Ao HM, o IAM justificou a proibição com a segurança das pessoas que caminham nos trilhos. Por outro lado, defendeu que o Regulamento Geral de Espaços Públicos permite proibir a circulação das bicicletas, apesar do Despacho do Chefe Executivo n.º 432/2005, que complementa o regulamento, abrir uma excepção para a entrada de bicicletas nos trilhos. “Circular de bicicleta nos trilhos pode representar um perigo para o condutor e para as pessoas que caminham neste espaço público. A proibição de utilizar a bicicleta nos trilhos está devidamente assinalada em todas as entradas e saídas dos trilhos, sendo que o infractor pode ser punido nos termos do Regulamento Geral de Espaços Públicos”, sustentou o organismo ao HM. “Para a sua segurança e dos utilizadores dos trilhos, os ciclistas devem usar a ciclovia da Marginal da Taipa ou a ciclovia Flor de Lótus”, foi acrescentado pelo HM. Estes espaços são alcatroados, o que impede a prática de BTT. No entanto, Ricardo Lopes, praticante e advogado, faz uma leitura diferente do IAM, uma vez que entende que o despacho assinado por Edmund Ho, que complementa o Regulamento Geral de Espaços Públicos, permite mesmo a circulação de bicicletas nos trilhos. Quanto à Associação Geral de Ciclismo de Macau, contactada pelo HM, através do representante e deputado Chan Chak Mo, apontou que houve conversas anteriores com o Governo sobre o assunto. Na altura, o IAM terá escutado opiniões da associação sobre a criação de um espaço temporário só para bicicletas BTT. “Concordamos com a sugestão e esperamos que essa zona seja criada. Segundo o Executivo, deverá ser complicado ter uma zona permanente, mas uma temporária pode ser mesmo criada. E estamos de acordo”, afirmou Chan Chak Mo, ao HM. Questionado sobre este projecto e uma possível data de arranque, o IAM não respondeu.
Segurança | PJ fica com vagas de contratação dos Bombeiros e PSP João Santos Filipe - 1 Abr 2020 Com poderes reforçados para combater as ameaças ao Estado, a Polícia Judiciária vai precisar de contratar mais agentes. Só na área forense está prevista a contratação de 58 técnicos e técnicos superiores [dropcap]A[/dropcap] execução das Lei de Defesa do Estado, Cibersegurança e Criminalidade Informática carece de reforço dos quadros da Polícia Judiciária (PJ). Para o efeito, vão ser disponibilizadas vagas de contratação de pessoal do Corpo de Bombeiros (CB) e Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). A informação foi transmitida por Wong Sio Chak, após uma reunião na Assembleia Legislativa para discutir o regime de carreiras especiais da PJ. “Tendo em conta que foram aprovadas várias leis, nomeadamente a Lei da Segurança do Estado, Cibersegurança, entre outras, é necessário aumentar o número do quadro de pessoal da Polícia Judiciária”, afirmou Ho Ion Sang, presidente da 1.ª Comissão da AL. “Sabemos que há falta de pessoal na PJ, que vai enfrentar cada vez mais trabalho, devido a essas leis. Por isso, é necessário contratar mais talentos para esta área, também de forma a satisfazer as necessidades de investigação criminal”, acrescentou. A transferência das vagas, em vez do aumento do número de pessoal da tutela, tem em conta a política prometida por Ho Iat Seng no programa de candidatura a Chefe do Executivo. Segundo essas linhas de orientação, o Governo ia evitar ao máximo aumentar os seus quadros e proceder a contratações de forma muito rigorosa. “No novo mandato o governo da RAEM tinha referido que ia ser mais exigente na contratação de trabalhadores. Portanto, o secretário referiu que em vez de aumentar o número de vagas para contratação na sua tutela que iria transferi-las para a Polícia Judiciária”, apontou o deputado. Ainda de acordo com Ho Ion Sang, os deputados presentes na reunião da 1.ª comissão não mostraram qualquer reserva perante a medida. Mais 58 contratações O conjunto de leis mencionado anteriormente explica a necessidade de proceder a 58 novas contratações. Assim sendo, o número de técnicos superiores de ciências forenses vai crescer dos actuais 23 para 56 profissionais. Já o número de técnicos forenses vai quase triplicar, de 13 para 38. O presidente da comissão explicou ainda que as vagas serão ocupadas por pessoal altamente especializadas para a recolha de provas materiais. Por exemplo, vão ser contratados técnicos especializados em química, a pensar nos crimes de droga, biologia, para análise de ADN, ou em engenharias e física, a pensar na balística.
Operadoras | Diversificação não deve atropelar PME, defendem deputados Pedro Arede - 1 Abr 2020 Os deputados querem que o Governo exija às operadoras uma aposta maior em actividades fora do âmbito do jogo e deram mesmo ideias a ser incluídas nos futuros contratos de concessão. No entanto, estas não devem entrar no raio de acção das pequenas e médias empresas [dropcap]P[/dropcap]ara muitos deputados, a crise provocada pelo surto do novo tipo de coronavírus veio pôr a nu a necessidade de apostar na diversificação económica de Macau e, por isso mesmo, foram inúmeras as ideias lançadas ontem pelos próprios sobre o que deve ser exigido às operadoras de jogo, nos futuros contratos de concessão, depois de 2022. Contudo, numa sessão plenária dedicada a interpelações orais, os deputados alertaram o Governo que estas actividades além-jogo não devem colidir com os negócios tradicionais das pequenas e médias empresas (PME), como a restauração e o retalho. As intervenções surgiram na sequência de uma interpelação oral de Si Ka Lon sobre a necessidade de se investir noutras indústrias além do jogo, para se promover Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer A organização de eventos desportivos e culturais foram desde logo as actividades além-jogo apontadas pelos deputados Mai Chi Seng e Mak Soi Kun, nas quais as concessionárias deviam apostar. “É necessário entender bem a definição de actividades além-jogo. Por exemplo, penso que podemos pensar em competições desportivas e eventos de grande dimensão que impliquem convidar cantores de renome e para os quais o Governo não tem capacidade de investir. Já se a competitividade além-jogo for só no sector da restauração, isso não é realista, porque vai contribuir para criar maior concorrência”, expôs Mak Soi Kun. Já o deputado Wang Sai Man sugeriu que sejam atribuídas às concessionárias a responsabilidade de revitalizar um determinado espaço geográfico dentro da cidade, para “evitar que o consumo da população seja desviado para os grandes complexos em detrimento dos sectores tradicionais”. Para proteger as PME, o deputado Zheng Anting sugeriu ainda que as operadoras pudessem assumir alguns dos negócios do sector tradicional. Outros deputados como Chui Sai Peng ou Pang Chuan sublinharam que a indústria do jogo contribui para impulsionar outros sectores de actividade, com o último a sugerir que seja desenvolvida em Macau “uma indústria da produção de cartas e slot machines”. Na resposta, o director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Paulo Martins Chan considerou “preciosas” as opiniões dos deputados e assegurou que serão tidas em conta pelo o Governo, quando chegar a hora de assinar os novos contratos com as operadoras. Turistas, precisam-se Sobre o desenvolvimento de Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer, a Directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes afirmou que apesar de o objectivo ser o de “atrair cada vez mais turistas internacionais”, a situação provocada pela covid-19 obriga a apostar, no imediato, no mercado do Interior da China por ser mais “prático” e pelo actual contexto internacional. Defendendo que “atrair turistas para Macau é trabalho do Governo”, a deputada Song Pek Kei questionou as autoridades sobre a estratégia a adoptar. Em resposta, o Governo afirmou estar a desenvolver novos produtos turísticos assentes em vectores como a gastronomia e roteiros marítimos, assegurando que está a “fazer todos os esforços para apoiar os sectores que estão a sofrer com a epidemia”.
Indemnização em caso de morte vai ser actualizada até 10% Pedro Arede - 1 Abr 2020 [dropcap]O[/dropcap] Governo admitiu ontem vir a aumentar o tecto máximo das indemnizações resultantes de acidentes de trabalho, sendo que para os casos de morte a actualização deverá ser entre os oito e os 10 por cento. O anúncio foi feito ontem por Ng Wai Han, subdirectora dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em resposta a uma interpelação oral levada ao plenário pelo deputado Lam Lon Wai. “Tendo em contas as partes patronal e laboral e o diálogo com as associações das companhias seguradoras, em Novembro do ano passado, na reunião geral do Conselho Permanente de Concertação Social, concordámos com a actualização dos valores através de uma ordem executiva. Estamos a proceder à actualização das normas”, afirmou Ng Wai Han. Apesar da luz verde em matéria compensações resultantes de acidentes de trabalho, foram vários deputados a mostrar preocupação com os atrasos do Governo na actualização de diplomas relacionados com questões laborais. Isto porque a lei prevê, por exemplo, que seja feita uma revisão anual do salário mínimo ou uma revisão bianual do montante mensal que serve de base para calcular as indemnizações em caso de despedimento por justa causa, mas na realidade isso não tem acontecido. A deputada Ella Lei, lamentou mesmo a “lentidão de trabalho, a falta de transparência e a revisão não atempada das leis”. “O limite máximo das prestações por morte, em caso de acidente laboral ou doença profissional não é alterado desde 2011. O salário mínimo até pode não ser actualizado, mas o Governo tem de analisar os dados, ouvir as opiniões da população e divulgar a sua decisão”, apontou Ella Lei. Feridas recentes O deputado Sulu Sou considerou “inaceitável” o facto de a taxa de inflação não ter sido tida em conta para o cálculo da actualização de montantes relacionados com as questões laborais e relembrou o recente acidente no estaleiro de obras de construção da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort que provocou três mortos e quatro feridos. O legislador alertou ainda para a necessidade de se alargar o leque de membros do Conselho Permanente de Concertação Social, de modo a elevar a representatividade do órgão.
SSM | Registados 41 casos. Menina de 9 anos “em recuperação” Andreia Sofia Silva - 1 Abr 2020 [dropcap]E[/dropcap]sta terça-feira foram registadas mais duas ocorrências de covid-19, registados como 40.º e 41.º casos confirmados. O 40º caso, a doente é uma mulher de 47 anos de idade, residente de Macau, doméstica, que regressou a Macau proveniente do Reino Unido, enquanto o 41º caso foi diagnosticado num homem de 20 anos de idade, estudante no Reino Unido, filho do 40º caso. A mãe e o filho chegaram a Hong Kong na tarde do dia 27 de Março, vindos de Londres, e foram transportados até Macau pelo transporte exclusivo do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Foram encaminhados ao Hotel Dragão Royal para observação médica, tendo realizado ontem testes de zaragatoa nasofaríngea cujos resultados foram positivos confirmando a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus. Já o 39º caso de infecção com o novo coronavírus, é o de uma menina de 9 anos filha do 34º infectado. A menina terá contraído a covid-19 nas Filipinas, para onde viajou a 17 de Janeiro com o pai e o irmão para visitar a mãe. Ao início não apresentava sintomas, tendo sido feitos testes a 26 de Janeiro, com resultado negativo, e mais dois testes no dia seguinte, em que um deles deu positivo. “Achamos que contraiu a doença nas Filipinas, a criança não sentiu nada, mas já apresentava sintomas. Os resultados dos testes deram primeiro negativo e depois positivo. Achamos que não é um caso muito especial, porque a criança apanhou a doença naquele país e não se sentiu mal”, disse o médico Alvis Lo. O profissional de saúde acrescentou que não se trata de uma nova infecção e que o facto de ter apresentado sintomas depois de quatro semanas está relacionado com o desenvolvimento do vírus no corpo humano. “Normalmente, após uma primeira infecção, há casos em que pode aparecer novamente o resultado positivo. Ela está na fase de recuperação, estamos a fazer um tratamento anti-viral e não consideramos que é uma nova infecção”, concluiu Alvis Lo.
Covid-19 | Termina transporte especial de residentes para Macau Andreia Sofia Silva - 1 Abr 2020 Acabou a segunda e última fase da medida de transporte especial de residentes do aeroporto internacional de Hong Kong para o território. Até ontem existiam ainda 129 pessoas inscritas para esse apoio. Governo sugere a residentes para ponderarem bem o regresso [dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau deixa de prestar, a partir de hoje, o apoio na concessão de transporte especial para residentes que regressem de países estrangeiros para o aeroporto internacional de Hong Kong. A medida teve duas fases, compreendidas entre os dias 17 e 22 e entre 22 e 31 de Março, e não será prolongada, disse ontem Inês Chan, representante da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). “Esta medida foi adoptada há 15 dias e em todo o mundo estão a ser adoptadas diferentes medidas de prevenção e há muitas limitações, como o fecho das fronteiras. Devido a este desenvolvimento mundial não teremos mais a operação para ir buscar residentes ao aeroporto de Hong Kong”, explicou. Até ontem existiam ainda 129 pessoas inscritas junto do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo para terem acesso a este apoio, mas podem ainda surgir constrangimentos a muitas pessoas que estão em trânsito ou a pensar voltar a Macau. “Hoje [ontem, 31 de Março] vamos buscar mais 129 pessoas. Será que todas essas pessoas vão conseguir apanhar os voos para regressarem a Hong Kong? Estamos a contactar com os residentes que fizeram o check-in, mas podem existir situações em que os voos internos tenham sido cancelados, podendo existir obstáculos para apanhar depois o voo para Hong Kong”, adiantou Inês Chan. Até esta segunda-feira, 30, o Governo de Macau transportou um total de 2007 residentes no âmbito desta medida, tendo recebido mais dois pedidos adicionais de consulta relativos ao regresso à RAEM. “Não podemos pedir apoio a Hong Kong sem limites só para ir buscar os residentes de Macau. Também temos de respeitar as regras do Governo vizinho.” Que alternativas? Quem não for residente de Hong Kong não tem sequer oportunidade para fazer check-in, mesmo que esteja ainda na Europa ou noutro país estrangeiro. Inês Chan falou ainda de outras alternativas. “Quem tem salvo conduto e pode viajar para a China pode depois voltar por essa via, é uma possibilidade, mas quem não tem não há hipótese. Alguns são residentes de Macau e também portadores do BIR de Hong Kong. Há dias fomos contactados por um estudante que se encontra em Portugal e que, primeiro, decidiu ficar no país, mas só hoje quis voltar a Macau, mas já não há bilhetes”, exemplificou a responsável da DST. Inês Chan disse não poder dar resposta relativamente a todos os residentes que se encontrem no exterior, tendo alertado para que estes ponderem bem o seu regresso. “Fazemos um apelo porque é necessário tomar uma decisão com prudência. Se os residentes quiserem voltar a Macau podem consultar outros meios mas têm de ter em conta as medidas de contenção, porque a sua deslocação pode ser impedida”, rematou. Zhuhai | TNR voltam a poder fazer quarentena Passa a estar activo, a partir de hoje, o local, em Zhuhai, destinado à quarentena de trabalhadores não residentes (TNR) que visitaram ou estiveram no Interior da China e que pretendam entrar em Macau. Ontem, na habitual conferência de imprensa do centro de coordenação e contingência do novo coronavírus, o agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) declarou que o local anteriormente designado para a quarentena deixa, assim, de estar suspenso, sendo que os TNR devem munir-se de uma declaração médica que comprove que não estão infectados antes de entrarem no território.
Stephen Morgan, futuro reitor da Universidade de São José: “Somos uma instituição de confiança” Salomé Fernandes - 1 Abr 2020 Nomeado para reitor da Universidade de São José (USJ), o diácono galês Stephen Morgan antevê desafios no rescaldo do novo coronavírus. Quer ouvir antes de traçar objectivos específicos, mas salienta o papel da USJ como ponte entre os mundos chinês e lusófono, e defende que a liberdade de expressão acarreta responsabilidades [dropcap]C[/dropcap]omo se sente depois de ter sido nomeado como reitor? Há dois sentimentos avassaladores. Um é um grande sentido de honra, e o outro uma sensação de gratidão à Fundação Católica por me nomear e gratidão ao meu predecessor, o padre Peter Stilwell, que tem sido notavelmente eficiente e um firme reitor da universidade. Estou um pouco intimidado pelo desafio, mas isso é em parte aliviado pelo facto de a equipa na universidade ser de primeira classe. São pessoas boas e com um sentido de propósito. Como é que a fé despertou em si? Não tenho consciência de nunca ter tido um sentido de confiança em Deus. Pensamos frequentemente em fé enquanto ascensão intelectual a uma série de proposições, e é isso, mas é mais, é um sentimento de confiança. Tenho muita sorte de vir de uma família amorosa e estável. Era um ambiente acolhedor, onde a fé era tida por garantida. Não era algo que uma pessoa se sentisse forçada a fazer – tenho dois irmãos que, tanto quanto sei, não têm qualquer crença religiosa explícita, mas eu cresci com isso. Sou o filho mais velho, e os filhos mais velhos tendem a ser bastante respeitadores e obedientes. Era muito chegado à minha avó, uma mulher católica muito devota. Não fui criado católico, mas protestante, e era muito próximo da minha avó. Quando ficava com ela íamos juntos à missa. Tornou-se uma coisa natural. Mas não houve um momento em que subitamente algo me transformou em crente. Sobre o seu novo papel, o que imagina para a instituição? A universidade tem um número de aspectos que quando colocados em conjunto são uma proposta interessante. Somos a única universidade Católica da China, e isso significa que temos uma responsabilidade para com Macau e a China no sentido de sermos um local de testemunho de uma série de valores que são adquiridos na nossa fé. Mas que podemos reconhecer vastamente como valores humanos sobre a importância da dignidade da pessoa humana e das responsabilidades desta em relação à família e à sociedade. Somos também uma comunidade muito internacional, com mais de 40 nacionalidades no corpo estudantil da universidade, esse lugar de diálogo intercultural é muito importante, abre a visão de uma pessoa. Em terceiro, somos uma comunidade que tenta aprender e ensinar e trabalhar numa língua que não é primeira língua de ninguém na universidade. Temos muito poucos falantes de inglês como primeira língua. Penso que é uma combinação atractiva. Tem objectivos específicos que queira atingir? Acho que é demasiado cedo para dizer. Quero que a Universidade viva, prospere, cresça, seja consciente de, e apreciada pelo seu serviço à comunidade de Macau. À comunidade Católica de Macau em primeira instância, mas também de forma mais vasta. Penso que está na natureza do que uma universidade Católica deve ser: nascida do coração da Igreja, mas ao serviço da sociedade. Acho que antes de começar a traçar objectivos concretos tenho de ouvir muito. Ouvir a universidade, a Igreja, o Governo e a comunidade de Macau. Foi-me dito uma vez que temos uma boca e dois ouvidos, e que o melhor é usá-los nessa proporção. Quais os principais desafios que espera encontrar? Teria tido uma lista diferente se me tivesse feito esta pergunta há seis meses, apesar de nessa altura não ter expectativa de ser reitor da universidade. Acho que no rescaldo do coronavírus o primeiro desafio que a universidade e toda a Macau terá de enfrentar é como voltar à vida normal. E será a vida normal depois do coronavírus igual ao que era antes? Inevitavelmente, não. Uma das coisas que me impressiona mais no novo Governo de Macau é como cuidadosamente, decididamente e sabiamente actuou. Não pode ter sido fácil lidar com isso. (…) Acho que vai afectar, por exemplo, o recrutamento internacional. A probabilidade de os estudantes virem este ano vai descer, isso pode fazer parte do desafio. Sinto que o Governo de Macau vai responder ao período pós-vírus com o mesmo grau de certeza com que actuou durante esta fase. São muito sérios em relação à diversificação da economia e a educação superior tem um papel a desempenhar nisso. Penso que será um desafio para mim. Ponho isso quase acima de tudo o resto. Antes de isso estar na agenda havia todo o tipo de coisas, a maioria delas técnicas em relação ao funcionamento interno da Universidade, porque as decisões grandes e estratégicas, como a mudança para o Campus da Ilha Verde, por exemplo, foram parte do que o actual reitor atingiu (…). O seu predecessor a dada altura fechou cerca de 30 cursos. De momento, como estão as finanças da Universidade? Estáveis. Acho que [foi] uma das maiores conquistas na sua vida na universidade. Não somos uma universidade com enormes reservas, por isso as decisões sempre tiveram de ser feitas com um olhar cuidadoso em relação ao impacto financeiro. Em alguns aspectos tive sorte, com o meu tempo em Hong Kong e depois os 14 anos na diocese. O trabalho que fiz aí foi de director operacional e por isso tinha uma diocese com 73 escolas com 4500 professores, 27 mil crianças e 160 igrejas. Por isso, gestão financeira é algo que passei muito tempo da minha vida a fazer, estou confortável nesse mundo. O facto de o Padre Peter ter conseguido estabilizar e melhorar as finanças da universidade de tal forma que nos últimos quatro anos teve excedente é extraordinário, tendo em conta que é um académico teólogo sem experiência nesse mundo. Mas as finanças estão estáveis. A primeira tarefa nesse processo é demonstrar às pessoas o valor daquilo que temos a oferecer. E se fizermos isso de forma eficiente, acho que a situação financeira ao longo dos próximos anos vai gradualmente melhorar. Nunca vamos estar na situação das universidades de financiamento público, isso está na natureza de ser uma universidade privada. Um estudo da rede “Scholars at Risk” do ano passado concluiu que há uma erosão na autonomia das universidades em Macau. Como é que esta pressão na liberdade académica é sentida na USJ? Não tenho qualquer sensação de pressão na liberdade académica. Não estou ciente de que qualquer dos meus colegas sinta que esteja sob maior pressão do que poderia estar se ensinasse em Portugal ou no Reino Unido. Eu, certamente, não sinto. Fiz algumas conferências aqui, uma delas co-organizada com a Renmin University of China, e não senti qualquer sugestão de que tinha de ter cuidado com o que dissesse. Há algo de que talvez tenhamos perdido a visão, sob a influência do entendimento americano da liberdade de expressão, mas o direito a exprimir opiniões vem com uma responsabilidade. A responsabilidade dessas opiniões. A sensação que tenho, do que vi da nossa interação com o Governo de Macau, não é de estar sob pressão governamental para ser cuidadosos com o que dizemos e fazemos, de todo. É algo à volta de responsabilidade e carinho da parte deles. Claramente, quando estão a gastar o seu próprio dinheiro têm o direito de decidir para onde esse dinheiro vai. Uma vantagem de ser uma universidade privada é que não estamos tão dependentes disso. Vi o relatório do Scholars at Risk, e outro da Human Rights Watch. É muito interessante, mas não é o que se sente em Macau. Qual a sua posição em relação a professores da universidade expressarem a sua opinião política pessoal em público ou nos meios de comunicação? Depende da forma como a pessoa o faz. Estou ciente que há alguns anos, um professor expressou opiniões de uma forma que a universidade teve de lhe dizer adeus. Esta é a interacção entre direitos e responsabilidades. Tivemos um grande caso de tribunal no Reino Unido há alguns anos, sobre a responsabilidade da Igreja e as acções dos padres. Um dos juízes colocou a situação da seguinte forma: se a Igreja puser alguém num púlpito, tem responsabilidade pelo que a pessoa diz, e essa pessoa tem responsabilidade para com a instituição, para garantir que não abusam da sua posição. As pessoas não costumam pedir a opinião do Stephen Morgan porque é o Stephen Morgan, pedem-me a minha opinião porque sou o director de uma faculdade. Quando expresso as minhas opiniões tenho de ter um sentido de responsabilidade por essa razão. Penso que é algo difícil de assimilar para europeus e norte-americanos, porque estamos muito habituados a um sentido de liberdade de expressão que é quase ao nível da permissão completa, sem consideração por consequências do que se diz. Para além disso, temos de reconhecer que enquanto estrangeiros temos o dever de compreender e respeitar a comunidade onde vivemos. Trazer as nossas próprias noções de como a sociedade deve funcionar e ser governada, e assumir que são normativas para toda a gente parece-me neocolonialismo. Quais as expectativas de a USJ receber estudantes da China Continental? Não sabemos porque é que não podemos receber estudantes da China Continental. Mas uma das coisas que aprendi quando estive nesta parte do mundo, há 25 ou mais anos, é que o importante é construir relações de confiança. Não se pode forçar a velocidade a que se constrói uma relação de confiança. Só se pode ganhar a confiança de alguém depois de um período de tempo em que há exposição mútua. Estive em Pequim em Janeiro com o reitor e um dos nossos vice-reitores e fomos recebidos aberta e graciosamente pelo United Front Work Department e pelos presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal Católica. Vamos demonstrar que somos uma instituição em que se pode confiar, e com tempo isso pode abrir a nossa universidade a receber estudantes da China Continental. Mas a estratégia da universidade não depende disso.
Covid-19 | Portugal com 160 mortes e mais de 7.400 infectados Hoje Macau - 31 Mar 2020 [dropcap]P[/dropcap]ortugal regista hoje 160 mortes associadas à covid-19, mais 20 do que na segunda-feira, e 7.443 infectados (mais 1.035), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS). O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados atualizados até às 24:00 de segunda-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (83), seguida da região Centro (40), da região de Lisboa e Vale do Tejo (35) e do Algarve, que hoje regista dois mortos. Relativamente a segunda-feira, em que se registavam 140 mortes, hoje observou-se um aumento de 14,1% (mais 20). De acordo com dados da DGS, há 7.443 casos confirmados, mais 1.035 (um aumento de 16,1%) face a segunda-feira. Das 140 mortes registadas, 97 tinham mais de 80 anos, 38 tinham idades entre os 70 e os 79 anos, 17 entre os 60 e os 69 anos, seis entre os 50 e os 59 anos e dois óbitos entre os 40 aos 49 anos. Das 7.443 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a grande maioria (5.837) está a recuperar em casa, 627 (mais 56, +9,8%) estão internadas, 188 (mais 24, +14,6%) dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos. Os dados da DGS, que se referem a 75% dos casos confirmados, precisam que Lisboa é o concelho que regista o maior número de casos de infeção pelo coronavírus SARSCov2 (505), seguida do Porto (462 casos), Vila Nova de Gaia (338), Gondomar (298), Maia (293), Matosinhos (273), Braga (220), Valongo (210), Sintra (167) e Ovar (159). Desde o dia 1 de Janeiro, registaram-se 52.086 casos suspeitos, dos quais 4.610 aguardam resultado das análises. O boletim epidemiológico indica também que há 40.033 casos em que o resultado dos testes foi negativo e que 43 doentes recuperaram. A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 4.452, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, com 1.799 casos, da região Centro (911), do Algarve (137) e do Alentejo, que hoje apresenta 50 casos. Há ainda 48 pessoas infectadas com covid-19 nos Açores e 46 na Madeira. A DGS regista ainda 19.260 contactos em vigilância pelas autoridades (mais 7.778). A faixa etária mais afetada é a dos 40 aos 49 anos (1.383), seguida dos 50 aos 59 anos (1.346), dos 30 aos 39 anos (1.115) e dos 60 aos 69 anos (1.028). Há ainda 94 casos de crianças com idades até aos nove anos, 184 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos e 755 com idades entre os 20 e os 29 anos. Os dados indicam também que há 758 casos de pessoas com idades entre os 70 e os 79 anos e 780 com mais de 80 anos. Segundo o relatório da DGS, 134 casos resultam da importação do vírus de Espanha, 98 de França, 49 do Reino Unido, 28 de Itália, 32 da Suíça, 38 dos Emirados Árabes Unidos, 18 de Andorra, 14 da Austrália, 11 do Brasil, 11 Países Baixos, oito da Bélgica, sete da Alemanha, sete da Argentina, seis dos EUA, quatro da Áustria, quatro em Cabo Verde e quatro no Canadá. O boletim dá ainda conta de três casos importados da Índia e outros três de Israel e dois casos do Egito, dois da Irlanda, dois da Jamaica e outros dois da Tailândia. Foram ainda importados um caso da Áustria/Alemanha, Chile, Cuba, Dinamarca, Indonésia, Irão, Luxemburgo, Malta, Maldivas, Noruega, Paquistão, Polónia, Qatar, República Checa, Venezuela, Ucrânia e Suécia. Segundo a DGS, 62% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 50% febre, 34% dores musculares, 29% cefaleias, 24% fraqueza generalizada e 19% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 76% dos casos.
Covid-19 | China regista 48 novos casos de infecção vindos do exterior Hoje Macau - 31 Mar 2020 [dropcap]A[/dropcap] China continuou a registar dezenas de novos casos de contágio pelo novo coronavírus oriundos do exterior, apesar de ter interditado, no sábado passado, a entrada de estrangeiros no país. Foram detectadas no país 48 pessoas infectadas com a covid-19, todas vindas do exterior, até à meia-noite na China, segundo as autoridades de saúde chinesas. A Comissão Nacional de Saúde da China informou ainda que morreu uma pessoa devido à infeção pelo novo coronavírus, na cidade chinesa de Wuhan, epicentro da epidemia. Wuhan conta com 528 pacientes em estado grave, a maioria a nível nacional. O número total de infectados diagnosticados na China, desde o início da pandemia, é de 81.518, entre os quais 3.305 morreram e 76.052 tiveram alta após superarem a doença. O número de pacientes infectados fixou-se assim nos 2.161. Quando a doença começou a atingir o resto do mundo, muitos chineses regressaram ao país, que passou assim a registar centenas de casos oriundos do exterior. A partir de sábado, a China suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo quem possui visto ou autorização de residência, como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus. Desde o início do surto, em dezembro passado, 704.190 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, incluindo 19.853 ainda sob observação, de acordo com dados oficiais. Para impedir uma segunda vaga de contágios no país, o Governo chinês impôs uma quarentena rigorosa de 14 dias em centros designados pelas autoridades a quem entrar na China. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 148.500 são considerados curados.