G20 | Biden define como “não hostil” reunião com PM chinês

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse no domingo que teve uma reunião “não hostil” com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, à margem da cimeira do G20, em Nova Deli, na Índia.

Numa conferência de imprensa em Hanói, capital do Vietname, Joe Biden revelou que se encontrou com Li Qiang na cimeira do G20, referindo que os dois conversaram sobre a “conferência em geral” e as oportunidades para o chamado “Sul Global”.

Até então, não se sabia que o Presidente dos Estados Unidos se tinha encontrado com o primeiro-ministro da China. Um dos seus conselheiros de política externa, Jon Finer, disse no próprio dia não ter informação sobre conversas entre Joe Biden e Li Qiang.

O G20 esteve reunido no fim de semana numa cimeira em Nova Deli, capital da Índia. O G20 reúne as 19 economias mais desenvolvidas ou emergentes e a União Europeia. A União Africana passou a fazer parte do grupo desde sábado, não tendo sido ainda mencionada a alteração do nome para G21.

Em declarações aos jornalistas, em Hanói, o Presidente dos Estados Unidos considerou que a situação económica da China torna menos provável a invasão de Taiwan.

Durante a conferência de imprensa, Biden foi questionado sobre o abrandamento do crescimento económico da China e se este poderia levar o governo chinês a agir de forma mais agressiva em relação a Taiwan, chegando mesmo ao ponto de invadir a ilha.

“Não creio que isso faça com que a China invada Taiwan, pelo contrário”, respondeu o Presidente dos Estados Unidos.

11 Set 2023

Vietname | Joe Biden de visita ao país para reforçar laços

O reforço dos laços económicos e tecnológicos com o Vietname está no topo das prioridades da visita do Presidente norte-americano, Joe Biden, em plena disputa de influência com a China na região do Indo-Pacífico.

Joe Biden chegou ontem ao Vietname, depois de participar na reunião dos líderes do G20 em Nova Deli, na Índia, que marcada pela ausência do seu homólogo chinês, Xi Jinping (ver Grande Plano).

Num momento de tensões crescentes com Pequim, o líder norte-americano assinará um acordo de parceria estratégica com o Vietname, disseram fontes com conhecimento do acordo ao jornal Politico, sob condição de anonimato.

O acordo permitirá uma nova colaboração bilateral que impulsionará os esforços do Vietname para desenvolver o seu sector de alta tecnologia em áreas que incluem a produção de semicondutores e inteligência artificial. Ambos os campos são áreas de competição entre os Estados Unidos e a China.

Segundo analistas, o estabelecimento desta parceria estratégica dará aos Estados Unidos um estatuto diplomático que o Vietname reservou a poucos países, como China, Rússia, Índia e Coreia do Sul.

“Se os Estados Unidos estiverem no mesmo pedestal que a China, isso significa muito para Pequim, mas também para o resto da região e do mundo. Isso significa que a relação EUA-Vietname percorreu um longo caminho desde 1995”, quando os dois países estabeleceram relações diplomáticas, disse Derek Grossman, analista de Defesa do ‘think tank’ Rand Corporation e ex-oficial da inteligência, ao jornal Washington Post.

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Se, por um lado, o acordo serve como um contrapeso dos Estados Unidos face ao crescente poder económico, diplomático e militar da China na região, por outro lado, “serve a propósitos simbólicos e substantivos” do Vietname, disse Le Hong Hiep, membro da instituição de investigação Yusof Ishak Institute, com sede em Singapura.

“Isto é o Vietname a garantir que pode equilibrar as duas potências [China e Estados Unidos] e manter a sua própria autonomia”, avaliou Gregory Poling, director do programa do Sudeste Asiático no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, citado pelo Washington Post.

O acordo entre os Estados Unidos e o Vietname coincide ainda com um aumento da tensão entre Hanói e Pequim devido a disputas territoriais de longa data no Mar do Sul da China.

Contudo, apesar de o acordo ajudar a aumentar a influência norte-americana na região Indo-Pacífico, Biden pode esperar acusações de hipocrisia por defender uma política externa baseada em valores, ao mesmo tempo que reforça laços com um Estado repressivo e autoritário de partido único como o Vietname.

“A situação dos Direitos Humanos no Vietname tem vindo a piorar, e não a melhorar. Há definitivamente pessoas por aí que ficarão chocadas com este acordo, que verão isto como uma forma ‘realpolitik’ de fazer as coisas contra a China, ignorando ao mesmo tempo a situação agravada dos Direitos Humanos no Vietname”, observou Grossman.

11 Set 2023

Diplomacia | Biden quer reunir com Xi no Outono

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na sexta-feira que pretende reunir com seu homólogo chinês, Xi Jinping, este Outono, numa continuação das conversas que mantiveram em Novembro passado na Indonésia.

“Planeio e espero continuar neste Outono a conversa que tivemos em Bali. É o que espero”, disse Biden em resposta a um jornalista no final de uma cimeira com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e com o Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, em Camp David, residência de campo presidencial próxima de Washington DC.

Biden referia-se ao contacto que manteve com Xi Jinping em Novembro de 2022 em Bali, na Indonésia, durante uma cimeira do G20.

Momentos antes de declarar a intenção de se reencontrar com o homólogo chinês, Biden e os líderes asiáticos presentes na cimeira denunciaram o comportamento “perigoso” e “agressivo” de Pequim no Mar do Sul da China.

Numa declaração conjunta, os três países condenaram “reivindicações marítimas ilegais” em assuntos marítimos, enquanto Pequim reclama a soberania sobre águas de países vizinhos e realiza de forma quase quotidiana exercícios aéreos e marítimos junto ao espaço aéreo de Taiwan.

“Opomo-nos fortemente a qualquer tentativa unilateral de mudar o ‘status quo’ nas águas da região do Indo-Pacífico”, afirmaram os líderes dos três países no comunicado final.

“Reafirmamos a importância da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan”, acrescentaram ainda, numa referência ao arquipélago de governo democrático liberal, tal como os três países representados na cimeira de sexta-feira.

“O propósito da nossa cooperação trilateral de segurança é e continuará a ser promover e aumentar a paz e a estabilidade em toda a região”, disseram os três países em comunicado conjunto.

20 Ago 2023

Tecnologia | Biden inclui Macau nas restrições de investimentos americanos

Joe Biden assinou na quarta-feira uma ordem executiva que limita o investimento de empresas norte-americanas em tecnologias críticas em Macau, Hong Kong e Interior da China. As tecnologias consideradas críticas para a segurança nacional incluem semicondutores, computação quântica e inteligência artificial

 

A intenção da Administração de Joe Biden de restringir investimentos de empresas norte-americanas na China em tecnologias críticas foi cumprida ontem, com a assinatura de uma ordem executiva que inclui Macau e Hong Kong.

A agência Bloomberg avançou a 31 de Julho a intenção da Casa Branca de impor as limitações que foram ontem estabelecidas.

A ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano incide sobre semicondutores, inteligência artificial e computação quântica, e não vai afectar nenhum investimento existente, com o seu campo de acção a limitar-se à proibição de certas transacções. Como tal, novos investimentos nesta área terão de ser aprovados por Washington.

“Hoje, o Presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva (…) que autoriza a secretaria do Tesouro a regular certos investimentos norte-americanos em países problemáticos em actividades que envolvem tecnologias sensíveis e críticas para a segurança nacional em três sectores: semicondutores, computação quântica e inteligência artificial. No anexo à ordem executiva, o Presidente identificou a República Popular da China e as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau como país problemático”, é estipulado num comunicado que acompanha a ordem executiva.

A Casa Branca sublinha o “empenho em tomar medidas específicas para proteger a segurança nacional, mantendo ao mesmo tempo o compromisso de longa data para com o investimento aberto. Este programa procurará impedir que países estrangeiros que suscitam preocupações explorem o investimento norte-americano neste conjunto restrito de tecnologias que são essenciais para apoiar o seu desenvolvimento de capacidades militares, de informação, de vigilância e cibernéticas que põem em risco a segurança nacional dos Estados Unidos”.

A resposta

Pequim reagiu rapidamente, enviando a Washington um protesto através dos canais diplomáticos. “A China está extremamente descontente e opõe-se firmemente à insistência dos Estados Unidos em introduzir restrições ao investimento na China”, declarou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado, acrescentando que o país está “muito preocupado com esta situação e reserva o direito de tomar medidas”.

Numa declaração separada, um porta-voz do Ministério do Comércio chinês também disse que o decreto “desvia-se seriamente dos princípios da economia de mercado e da concorrência leal que os Estados Unidos sempre promoveram, e afecta as decisões comerciais normais, prejudica a ordem do comércio internacional e perturba seriamente a segurança das cadeias industriais e de abastecimento globais”. Com Lusa

11 Ago 2023

Biden planeia restrição a investimentos em tecnologia crítica na China

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeia assinar até meados de Agosto uma ordem executiva para limitar investimentos de empresas norte-americanas na China envolvendo tecnologia crítica, avançou ontem a agência Bloomberg.

A ordem executiva, que irá visar semicondutores, inteligência artificial e computação quântica, não vai afectar nenhum investimento existente e apenas pretende proibir certas transações. Novos investimentos nesta área terão de ser aprovados pela Casa Branca.

A ordem executiva deve ser emitida na segunda semana de Agosto, depois de ter sido adiada por várias vezes, segundo a agência Bloomberg, que cita fontes próximas do processo. As restrições só entrarão em vigor no próximo ano.

O desígnio exacto da medida será definido após um período de comentários, para que as partes interessadas possam avaliar a versão final.

O embaixador da China em Washington disse, no início deste mês, que Pequim iria retaliar caso os Estados Unidos impusessem novos limites nas exportações de tecnologia ou nos fluxos de capital.

O conselheiro de segurança nacional norte-americano, Jake Sullivan, discutiu publicamente o conceito pela primeira vez em Julho de 2021.

Membros democratas e republicanos do Congresso norte-americano também demonstraram interesse em legislar sobre o assunto, embora um projecto de lei não tenha ainda chegado à mesa de Biden.

O Senado norte-americano (câmara alta) aprovou recentemente uma emenda ao projecto de lei de política de Defesa Nacional que exige que as empresas notifiquem a administração norte-americana sobre certos investimentos na China e em outros países, embora os investimentos não estejam sujeitos a revisão ou possível proibição.

Abaixo de zero

As relações entre a China e os Estados Unidos atingiram o ponto mais baixo em mais de 30 anos, abaladas por uma prolongada guerra comercial e tecnológica, por disputas em torno do estatuto de Taiwan e Hong Kong, da soberania do Mar do Sul da China ou devido às denúncias de abusos dos Direitos Humanos no país asiático.

O Departamento do Comércio dos Estados Unidos colocou, nos últimos anos, dezenas de empresas chinesas na sua “lista negra”, incluindo a gigante das telecomunicações Huawei. As empresas passaram assim a estar impedidas de fazer negócios com empresas norte-americanas sem licença prévia.

No ano passado, os Estados Unidos proibiram ainda às empresas do seu país e a todos os países de exportarem para a China certos semicondutores fabricados com quaisquer produtos norte-americanos. Washington conseguiu também convencer os Países Baixos e o Japão a restringirem o fornecimento de tecnologia para o país asiático.

1 Ago 2023

EUA | Pequim considera absurdo comentário de Biden que chamou ditador a Xi

A China considera “absurdo” o comentário do chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, que afirmou terça-feira que o Presidente chinês é um “ditador”.
“Esta observação da parte americana é realmente absurda, muito irresponsável e não reflecte a realidade”, declarou aos jornalistas a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim.
Referindo-se a um episódio recente em que os Estados Unidos destruíram um balão chinês que alegavam estar a espiar território norte-americano, Joe Biden disse que “a razão pela qual [o Presidente chinês] ficou tão aborrecido “quando foi abatido aquele balão cheio de equipamento de espionagem é porque não sabia que [o dispositivo] estava lá”.
“É muito embaraçoso para os ditadores quando não sabem o que aconteceu”, acrescentou Biden durante uma recepção no Estado norte-americano da Califórnia.
“E já agora, prometo-vos, não se preocupem com a China (…). A China tem problemas económicos reais”, disse o democrata de 80 anos, que está em campanha para a reeleição.
Ainda a propósito de Xi Jinping, Joe Biden afirmou: “Estamos num momento em que ele quer restabelecer uma relação”.
Biden recordou que o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, tinha acabado de regressar da República Popular da China.
O Presidente norte-americano considerou que o secretário de Estado desempenhou um “bom trabalho”, mas explicou que “vai levar tempo” para resolver a relação muito tensa entre as duas grandes potências.
Não é a primeira vez que Joe Biden emite declarações memoráveis em recepções de angariação de fundos, eventos em pequena escala dos quais as câmaras, os microfones e as máquinas fotográficas são excluídos – podendo os jornalistas presentes, contudo, ouvir os discursos de abertura de Biden e divulgá-los.
Foi num evento desse tipo, em Outubro de 2022, que o Presidente dos Estados Unidos mencionou, por exemplo, o risco de um “apocalipse” nuclear desencadeado pela Rússia.

25 Jun 2023

EUA | Biden pondera levantar sanções contra ministro da Defesa chinês

O desanuviamento das relações entre os Estados Unidos e a China está mais perto de ser uma realidade após o anúncio de Joe Biden na cimeira do G7.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelou domingo, no âmbito da cimeira do G7, em Hiroxima, no Japão, que está a considerar levantar as sanções impostas ao ministro da Defesa da China, o general Li Shangfu.
“Está em discussão”, disse Joe Biden, após ser questionado numa conferência de imprensa sobre se admite levantar as sanções.
Nomeado ministro da Defesa da China no passado mês de Março, Li Shangfu foi sancionado em 2018 pelos Estados Unidos por ser acusado de comprar armamento à empresa estatal russa Rosoboronexport.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA), Lloyd Austin, solicitou uma reunião com Li, mas Pequim rejeitou o encontro, considerando que as sanções são um obstáculo para que essas conversas ocorram entre os ministros da Defesa dos dois países.
Na mesma conferência de imprensa, realizada em Hiroxima, no final da cimeira do G7, Biden expressou confiança de que as relações entre Washington e Pequim “experimentarão um degelo muito em breve”.

E tudo o balão levou
As relações entre as duas potências voltaram a um ponto de tensão depois de o Governo de Biden ter derrubado um suposto balão “espião” chinês que sobrevoou os Estados Unidos no final de Janeiro e caiu sobre as águas do Atlântico a 4 de Fevereiro.
Biden referiu-se ontem a esse incidente e disse que “tudo mudou” nas relações entre Washington e Pequim desde que “aquele balão idiota que carregava equipamento de espionagem equivalente a dois vagões de carga sobrevoou os Estados Unidos”.
O incidente fez com que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cancelasse uma viagem que tinha previsto fazer nessa altura para a China, mas Washington expressou o desejo de retomar a visita num futuro próximo.
Num sinal de reaproximação, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, viajou a Viena para se encontrar com o chefe da diplomacia da China, Wang Yi.
China e Estados Unidos viveram uma época de grandes tensões durante o Governo de Donald Trump (2017-2021), quando ambas as nações se envolveram numa guerra comercial com imposição mútua de tarifas.
No entanto, houve uma reaproximação quando Biden e o Presidente da China, Xi Jinping, se encontraram em Novembro de 2022 à margem do G20, em Bali, na Indonésia.
Ambos concordaram em melhorar os seus canais de diálogo para evitar que a competição entre China e Estados Unidos leve a um conflito aberto, mas as relações voltaram a complicar-se com o incidente do balão.

23 Mai 2023

EUA | Casa Branca autoriza companhias aéreas chinesas a aumentarem voos para o país

O governo do Presidente dos EUA, Joe Biden, vai autorizar as companhias aéreas chinesas a fazerem mais voos para os EUA para equiparar o número de voos que a China autoriza às transportadoras dos EUA.

O Departamento dos Transportes avançou que iria autorizar as transportadoras aéreas chinesas a aumentar de oito para 12 as ligações semanais com os EUA. Esta é uma fracção menor dos voos que estavam autorizados entre os dois países antes da pandemia.

O Departamento dos Transportes informou na passada quinta-feira que estava a agir em resposta ao anúncio chinês, feito no final de Dezembro, e iria reduzir algumas restrições aos voos internacionais de passageiros.

A decisão chinesa tinha autorizado a American Airlines a fazer mais dois voos semanais em Março, entre o aeroporto internacional Fort Worth, em Dallas, e Xangai, o que elevou o total de viagens semanais das transportadoras norte-americanas para a China para 12.

A China anunciou em Março que, depois de três anos, está a reabrir as suas fronteiras para reavivar o turismo e estimular a economia. As transportadoras norte-americanas American, United Airlines e Delta Air Lines são as que têm voos para a China.

7 Mai 2023

EUA | Biden falará com Xi quando novo Governo tomar posse

A Casa Branca anunciou na segunda-feira que o Presidente norte-americano, Joe Biden, falará por telefone com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, quando os novos membros do Governo chinês tomarem posse.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, não forneceu uma data específica para a conversa telefónica, dizendo apenas que ocorrerá depois de ser encerrada a legislatura da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China e o novo Governo entrar em funções.

Durante a ANP, Xi, secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), consolidou o seu poder ao ser nomeado para um terceiro mandato presidencial de cinco anos, algo inédito entre os seus antecessores. A continuidade de Xi não estava em causa, mas havia expectativas sobre a remodelação do executivo e dos principais órgãos estatais.

15 Mar 2023

G20 | Reunião entre Xi Jinping e Joe Biden antecede cimeira

Xi Jinping e Joe Biden abriram ontem a sua primeira reunião presencial desde que o Presidente dos EUA assumiu o cargo, há quase dois anos, com um aperto de mão, num hotel de luxo, na Indonésia, onde vão participar na cimeira do G20, que reúne os líderes dos países mais desenvolvidos e das principais potências emergentes.

O Presidente chinês disse, durante a reunião com o seu homólogo americano que, “como líderes de dois grandes países, precisam de definir o rumo certo para os laços bilaterais”. “Desde o contacto inicial e o estabelecimento de relações diplomáticas até hoje, a China e os Estados Unidos passaram por mais de 50 anos movimentados, com ganhos e perdas, assim como experiência e lições”, disse Xi.

“Notando que a história é o melhor livro de texto, o presidente chinês disse que os dois lados deveriam tomá-lo como um espelho e deixá-lo guiar o futuro. Actualmente, o estado das relações China-EUA não é do interesse fundamental dos dois países e do seu povo”, afirmou Xi, acrescentando que “também não é o que a comunidade internacional espera dos dois países”.

“Como líderes de dois grandes países os dois presidentes precisam de desempenhar o papel de liderança, estabelecer o rumo certo para as relações China-EUA e colocá-lo numa trajectória ascendente. Um estadista deve pensar e saber onde liderar o seu país. Deve também pensar e saber como se dar bem com outros países e com o mundo em geral”, explicou a Biden.

Desafios sem precedentes

Sublinhando que neste tempo e época, grandes mudanças estão a desenrolar-se de formas como nunca antes, Xi disse que “a humanidade está confrontada com desafios sem precedentes. O mundo chegou a uma encruzilhada. Para onde ir a partir daqui? Esta é uma questão que não está apenas na nossa mente, mas também na mente de todos os países. O mundo espera que a China e os Estados Unidos lidem adequadamente com a sua relação”.

Notando que o seu encontro com Biden atraiu a atenção do mundo, Xi disse ainda que os dois lados deveriam trabalhar com todos os países para trazer mais esperança à paz mundial, maior confiança na estabilidade global, e um ímpeto mais forte ao desenvolvimento comum.

Para isso, Xi disse que “está pronto a ter uma troca de pontos de vista franca e aprofundada com Biden sobre questões de importância estratégica nas relações China-EUA e sobre grandes questões globais e regionais, acrescentando que também espera trabalhar com Biden para trazer as relações China-EUA de volta ao caminho de um crescimento saudável e estável em benefício dos nossos dois países e do mundo como um todo”.

Por seu lado, Joe Biden pediu ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, que “encontre formas de trabalharem juntos no sentido de impedir que a rivalidade entre as duas potências se transforme em conflito”.

“As nossas duas nações compartilham a responsabilidade de administrar as suas diferenças, devemos evitar que a competição se torne em conflito. Devemos encontrar formas de trabalhar juntos em questões globais urgentes, que exigem a nossa cooperação”, disse Biden.

Conversas prévias

Antes da reunião, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning tinha dito que a China estava empenhada na coexistência pacífica, mas que defenderia firmemente os seus interesses de soberania, segurança e desenvolvimento.

“É importante que os EUA trabalhem em conjunto com a China para gerir adequadamente as diferenças, avançar na cooperação mutuamente benéfica, evitar mal-entendidos e erros de cálculo, e trazer as relações entre a China e os EUA de volta ao caminho certo de um desenvolvimento sólido e estável”, disse Mao Ning em Pequim.

Os funcionários da Casa Branca e os seus homólogos chineses passaram semanas a negociar os pormenores da reunião, que se realizou no hotel de Xi com tradutores que forneceram interpretação simultânea através de auscultadores.

Os funcionários norte-americanos estavam ansiosos por ver como Xi se aproximava do Biden depois de consolidar a sua posição como líder inquestionável do Estado, dizendo que esperariam para avaliar se isso o tornava mais ou menos provável para procurar áreas de cooperação com os Estados Unidos.

Biden e Xi trouxeram pequenas delegações para a discussão. Os funcionários norte-americanos esperavam que Xi trouxesse novos altos funcionários governamentais e expressaram a esperança de que isso pudesse conduzir a compromissos mais substantivos ao longo da linha.

As muletas de Biden

A delegação de Biden incluiu dois funcionários a nível de gabinete – uma relativa raridade para reuniões bilaterais que é um reflexo da importância que a administração está a atribuir à reunião. O Secretário de Estado Antony Blinken e a Secretária do Tesouro Janet Yellen sentaram-se aos dois lados de Biden, enquanto o grupo tomava os seus lugares em frente à delegação chinesa.

Blinken tem sido uma figura de proa que moldou a actual política dos EUA em relação à China, apresentando a abordagem da administração num discurso há muito esperado em Maio, que chamou a Pequim o “mais sério desafio a longo prazo para a ordem internacional”. Yellen tem repetidamente adoptado uma linha dura sobre a necessidade de reduzir a dependência dos EUA das cadeias de abastecimento chinesas, mas expressou interesse em compromissos mais concentrados – incluindo sobre o impacto das políticas dos EUA e da China na economia global – durante os comentários aos repórteres no início do dia.

Também à mesa estava o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, que se encontrou com o diplomata de topo da China Yang Jiechi numa reunião chave em Junho no Luxemburgo e também se juntou à reunião notoriamente controversa entre funcionários norte-americanos e chineses no Alasca ao lado de Blinken em Março de 2021.

A delegação de Biden incluiu também uma série de funcionários focados na Ásia, incluindo o Embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, e o Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos da Ásia Oriental e Pacífico, Daniel Kritenbrink. Além disso, quatro funcionários do Conselho de Segurança Nacional centrados na Ásia e na China estiveram também presentes nas conversações, de acordo com uma lista fornecida pela Casa Branca.

Os dois homens têm uma história que data do serviço de Biden como vice-presidente do seu país. O presidente dos EUA enfatizou que conhece bem Xi e quer utilizar a reunião para compreender melhor a sua posição.

ASEAN | Uma noiva, dois pretendentes

O Presidente dos EUA Joe Biden, durante a sua reunião no sábado com líderes dos membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), não poupou esforços para cortejar estes países, incluindo a elevação dos laços com o bloco a uma parceria estratégica abrangente e prometendo um pedido orçamental de 850 milhões de dólares em assistência aos países regionais.

“Isto [a elevação dos laços] parece mais um acto simbólico. Os EUA estão a jogar o jogo da recuperação com a China”, disse Koh King Kee, presidente do Center for New Inclusive Asia, um think tank não governamental da Malásia.

“Os EUA costumavam cultivar laços bilaterais com os países do sudeste asiático, a actualização dos laços com todo o bloco e a duplicação da centralidade da ASEAN revelaram que Washington deseja agora que todo o bloco possa desempenhar um papel central, para contrariar o que os EUA acreditam ser a crescente influência da China nesta região”, Chen Xiangmiao, um investigador assistente do Instituto Nacional para Estudos do Mar do Sul da China.

Joe Biden tinha anunciado um pacote de desenvolvimento e segurança de 150 milhões de dólares para a ASEAN na Cimeira Especial EUA-ASEAN de 2022, realizada em Maio, tentando responder aos 1,5 mil milhões de dólares que a China prometeu aos membros da ASEAN em Novembro de 2021 para alimentar a recuperação económica e combater a pandemia da COVID-19.

Já o primeiro-ministro chinês Li Keqiang participou na sexta-feira passada na 25ª Cimeira China-ASEAN, durante a qual apelou ao reforço da cooperação com os membros da ASEAN, e à manutenção conjunta da paz e estabilidade regionais, informou a Xinhua. Li disse que “a China e a ASEAN são parceiros estratégicos abrangentes com um futuro comum, e que se mantiveram unidos durante todo o processo de consolidação da paz e estabilidade regional. Tomar partido não deve ser a nossa escolha. A abertura e a cooperação são o caminho viável para enfrentar os nossos desafios comuns”.

A diferença fundamental entre a cooperação da China e dos EUA com a ASEAN é que o objectivo da China é alcançar uma ASEAN verdadeiramente próspera e pacífica. Além disso, a China não interfere nos assuntos internos dos membros da ASEAN.

Em contraste, as políticas para a ASEAN dos EUA, ao enfatizarem a centralidade do bloco, estão na realidade centradas em torno de si, uma vez que Washington apenas quer que o bloco sirva de peão para contrariar a China, e para cumprir o seu próprio objectivo hegemónico, disse Chen Xiangmiao.

“A presença da China no Sudeste Asiático é basicamente económica, a China e as economias da ASEAN têm maiores complementaridades económicas. Para os EUA, o seu interesse na ASEAN é geopolítico e não económico”, disse Koh.

O valor do comércio Chinês-ASEAN subiu 28% para 878 mil milhões de dólares em 2021. Isso é quase o dobro dos 441 mil milhões de dólares no comércio total entre os EUA e o bloco ASEAN no ano passado.

Embora Biden tenha feito promessas aos membros da ASEAN, as políticas dos EUA nesta região ainda estão a ser testadas, uma vez que a melhoria dos laços comerciais EUA-ASEAN foi atrofiada pela iniciativa do antigo presidente Donald Trump de sair do agrupamento regional de comércio da Parceria Trans-Pacífico em 2017, e ele só fez uma breve aparição numa reunião da ASEAN – em 2017, ano em que tomou posse.

Em toda a região, há um cepticismo crescente sobre se as eleições de 2024 poderão trazer um presidente que não quer seguir o exemplo de Biden, disse recentemente Scot Marciel, um antigo secretário adjunto principal para a Ásia Oriental e o Pacífico no Departamento de Estado norte-americano, ao Politico dos media.

Chen acredita que independentemente do partido que vencer as eleições americanas em dois anos, enquanto Washington continuar a ver Pequim como o seu némesis, continuará a cortejar a ASEAN e a tentar cotovelar o bloco para a linha da frente da luta contra a China na região. “No entanto, um presidente republicano pode procurar restringir a cooperação e assistência económica dos EUA a esta região, à semelhança do que Trump fez durante o seu mandato”, disse Chen.

Chen advertiu que o facto de se fixar em se opor à China na região só afastará o bloco de Washington, uma vez que esta região tem manifestado repetidamente que não quer ser apanhada no meio da rivalidade Pequim-Washington.

15 Nov 2022

EUA impede que empresas e indivíduos chineses comprem semicondutores

O Departamento do Comércio dos EUA anunciou sexta-feira que vai impedir que empresas e indivíduos chineses comprem alguns semicondutores e materiais norte-americanos. A ordem visa impedir que empresas ou indivíduos chineses tenham acesso a microchips ou componentes fabricados nos EUA, o que vai limitar a sua capacidade de produção das peças necessárias ao funcionamento de supercomputadores ou sistemas militares avançados. A possibilidade de esta medida ser tomada tinha sido avançada durante a última semana por vários meios.

“O Partido Comunista Chinês dedicou uma grande quantidade de recursos a desenvolver capacidades de computação avançada e pretende ser líder na inteligência artificial até 2030”, comentou a subsecretária para a Gestão de Exportações do Departamento, Thea Rozman, em comunicado.

O anúncio de restrições ocorre poucas semanas depois de o Congresso ter aprovado uma lei para estimular a produção de microchips nos EUA. Na quinta-feira, a IBM anunciou que vai investir 20 mil milhões de dólares no Estado de Nova Iorque nos próximos 10 anos, projecto apoiado directamente pelo Presidente Joe Biden, que o apresentou como exemplo dos resultados produzidos pelo seu plano de fomento da produção de microprocessadores e outros produtos relevantes em território norte-americano.

Já sábado, Biden, em visita a uma fábrica da Volvo, voltou a realçar os investimentos “históricos” que estão a ser feitos nos EUA para produção de numerosos produtos.

China critica medidas

Por seu lado, a China criticou os EUA por ter decidido reforçar o controlo à exportação de ‘chips’ de computação, acusando o país de violar as regras comerciais e internacionais.

“Pela necessidade de manter a sua hegemonia no que se refere à tecnologia científica, os EUA abusam das medidas de controlo à exportação para bloquear e suprimir maliciosamente as empresas chinesas”, defendeu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mão Ning, citado pela agência Associated Press (AP).

Pequim considera que tal decisão vai prejudicar os interesses das empresas chinesas, mas também das americanas.

Na sexta-feira, os EUA actualizaram a lista de controlo à exportação, incluindo determinados ‘chips’ de computação de alto desempenho e equipamentos utilizados para a fabricação de semicondutores.
Washington defendeu que esta actualização surge para proteger a segurança nacional e os interesses da política externa. As relações entre os EUA e a China têm-se deteriorado nos últimos anos devido a questões ligadas à tecnologia e segurança.

10 Out 2022

Biden contra Biden

O mundo está já habituado ao facto dos Estados Unidos da América (EUA) raramente cumprirem a palavra dada no que toca ao cumprimento das promessas feitas e dos compromissos alcançados em termos de relações internacionais.

Assim se passou quanto à expansão da OTAN para Leste na Europa, quando do desmembramento da União Soviética, e não podemos deixar de pensar ter existido um dedo americano no incumprimento dos tratados de Minsk por parte dos governos da Ucrânia, resultantes do golpe de 2014, claramente apoiado e suportado pelos EUA. O resultado foi o que se sabe: a invasão russa e um conflito armado que pode desembocar num apocalipse.

A OTAN, que ainda hoje se apresenta, descaradamente, como uma aliança unicamente vocacionada para a defesa no caso de ataque inimigo, não se coibiu de bombardear a Sérvia, a Líbia, a Síria, o Iraque, o Afeganistão, entre outros, com os resultados conhecidos. Depois da II Guerra Mundial não consigo encontrar um caso de intervenção militar americana que tenha, de algum modo, melhorado a vida dos cidadãos desses países e muito menos aportado “direitos humanos e democracia”, talvez com excepção da Coreia do Sul, um país onde, contudo, existe um tremendo fosso social, cultural e económico entre ricos e pobres, poderosos e destituídos, como se pode constatar, por exemplo, no filme “Parasitas”, galardoado com um Oscar, ou num tom mais sério e radical na obra do cineasta Kim Ki-duk.

Contudo, as mentiras de um país como os EUA encontram, geralmente, actores diferentes, políticos que renegam o que foi dito pelos seus antecessores, procurando desse modo desculpas esfarrapadas e, mais grave ainda, elevando a níveis preocupantes a desconfiança que a comunidade internacional sente face ao que é um dos países militarmente mais poderosos do mundo e cujo regime tem o dislate de se apresentar como o “fim da História”.

Curiosamente, no domingo passado assistimos a um espectáculo diferente. O presidente Joe Biden, ao proferir que os EUA interviriam militarmente caso a China decidisse invadir a ilha de Taiwan e unificar de vez o país, não apenas contraria o que tem sido afirmado pela diplomacia americana, como renega o que ele próprio afirmou num artigo por si assinado em 2001.

Recordemos os factos e o contexto. Nessa altura, era presidente dos EUA o republicano George W. Bush, o homem que ordenou a invasão ilegal do Iraque com o pretexto de encontrar as armas de destruição massiva que nunca existiram. Bush foi questionado se os EUA teriam a obrigação de defender militarmente Taiwan no caso de um ataque vindo do continente. A sua resposta foi: “Sim, temos. E os chineses têm de perceber isso. Sim, eu teria (essa obrigação)”. E prosseguiu afirmando que faria “o que fosse preciso”, nomeadamente empregar “toda a força do exército americano”, para ajudar Taiwan a defender-se desse eventual ataque.

Ora o então senador Biden criticou fortemente o presidente americano, num artigo intitulado “Not so deft in Taiwan”, publicado no Washington Post, onde começava por afirmar que “as palavras contam (matter), em diplomacia e na lei” e, apesar de reconhecer que “algumas horas mais tarde, o presidente apareceu para se distanciar deste novo e surpreendente compromisso, sublinhando que continuaria a seguir a política de ‘uma só China’ seguida por cada uma das últimas cinco administrações”, Biden remata que “onde outrora os Estados Unidos tinham uma política de ‘ambiguidade estratégica’ – sob a qual nos reservávamos o direito de usar a força para defender Taiwan mas mantínhamo-nos calados sobre as circunstâncias em que podíamos, ou não, intervir numa guerra através do Estreito de Taiwan – agora parece que temos uma política de ‘ambiguidade estratégica ambígua’. Não se trata de uma evolução positiva”.

E continua aquele Biden de 2001:

“Como questão de diplomacia, existe uma enorme diferença entre reservar o direito de usar a força e obrigar-nos, a priori, a vir em defesa de Taiwan. O presidente não deve ceder a Taiwan, muito menos à China, a capacidade de nos atrair automaticamente para uma guerra através do Estreito de Taiwan. Além disso, para cumprir a promessa do presidente, quase de certeza que queremos usar as nossas bases em Okinawa, Japão.

“Mas não há provas de que o presidente tenha consultado o Japão sobre uma expansão explícita e significativa dos termos de referência para a Aliança de Segurança EUA-Japão. Embora a aliança preveja operações conjuntas nas áreas circundantes do Japão, a inclusão de Taiwan nesse âmbito é uma questão da maior sensibilidade em Tóquio. Sucessivos governos japoneses têm evitado ficar presos a esta questão, por medo de fracturar a aliança.

“Por uma questão de lei, as obrigações e políticas são também mundos à parte. O presidente tem ampla autoridade política no domínio da política externa, mas os seus poderes como comandante-em-chefe não são absolutos. Nos termos da Constituição, bem como das disposições da Lei das Relações de Taiwan, o compromisso das forças dos EUA para com a defesa de Taiwan é um assunto que o presidente deve levar ao povo americano e ao Congresso.”

Mais palavras para quê? Afinal, que Biden devemos levar a sério, o de 2001 ou o de 2022? Estará o actual presidente dos EUA a ser de tal modo pressionado pelos falcões ansiosos de guerra (o complexo industrial-militar), que descamba em declarações como as do passado domingo, e não terá a capacidade interior de lhes resistir, ainda que tal agudize a instabilidade que actualmente reina na cena internacional? Será que Joe Biden realmente existe e exerce o poder ou não passa de uma marioneta, cujo papel se resume a recitar o texto que outros lhe escrevem?

As atitudes recentes dos EUA em relação em Taiwan parecem querer provocar a intervenção militar do continente que, legitimamente, aspira à unificação da China e que não poderá admitir mais passos no sentido da independência da ilha. Por enquanto, Pequim tem demonstrado que prefere uma solução pacífica do problema e nem sequer estabeleceu um calendário definitivo para a reunificação. Contudo, se as provocações americanas continuarem e encontrarem eco em Taipé, o caso poderá mudar rapidamente de figura.

Talvez Biden consiga convencer Biden de que a sua actual posição é profundamente errada e perigosa para esta região e para o mundo em geral. E que Biden consiga conter os ímpetos belicistas, hegemónicos e neocolonialistas de Biden. O mundo espera para ver qual dos Biden aparecerá a seguir nos ecrãs de televisão e qual o guião que desta vez escreveu ou lhe deram para ler.

Talvez Biden compreenda que a humanidade deve seguir o caminho da paz e os EUA adoptem uma política de não-interferência nos assuntos internos de outros países ou, pelo contrário, Biden acirre mais os conflitos na cena internacional e nos conduza a todos à desgraça. É que, como diria Jim Morrison, não vale a pena ter ilusões: “Daqui ninguém sai vivo”.

22 Set 2022

Taiwan | Pequim considera comentários de Biden “grave violação” de compromissos

As declarações de Joe Biden sobre uma possível ajuda a Taiwan no caso de intervenção chinesa vêm adensar ainda mais o clima de tensão entre a China e os Estados Unidos

 

A China considerou ontem os comentários do Presidente norte-americano, Joe Biden, que assegurou que os Estados Unidos defenderiam Taiwan no caso de uma intervenção chinesa, uma “grave violação” dos compromissos diplomáticos assumidos por Washington.

Questionado pelo canal norte-americano CBS se “os EUA defenderiam Taiwan no caso de uma invasão chinesa”, Biden respondeu que “sim, se ocorrer um ataque sem precedentes”.

As observações de Joe Biden constituem uma “grave violação do importante compromisso assumido pelos Estados Unidos, de não apoiar a independência de Taiwan”, reagiu Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Isto envia um sinal errado [de apoio] às forças separatistas que fazem campanha pela independência de Taiwan”, acrescentou Mao, em conferência de imprensa.

Através de três comunicados conjuntos assinados em 1972, 1979 e 1982, os Estados Unidos comprometeram-se a reconhecer o governo de Pequim como o único representante legítimo da China.
Washington cortou os laços diplomáticos com Taipé em 1979.

Mau ambiente

As declarações de Biden surgem após uma significativa reaproximação entre os Estados Unidos e Taiwan, numa altura em que as relações entre Pequim e Washington atravessam o pior período em várias décadas.

Na quarta-feira passada, o Comité para as Relações Externas do Senado dos Estados Unidos aprovou o projecto de Lei Taiwan Policy Act, que prevê uma ampliação do apoio militar norte-americano a Taiwan em 6,5 mil milhões de dólares, ao longo dos próximos cinco anos.

Na mesma semana, a China condenou a venda de armamento a Taiwan, feita pelos EUA, no valor de 1,1 mil milhões de dólares, e prometeu “contramedidas” para “defender a sua soberania e interesses de segurança”. No início de Agosto, a visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi também provocou a fúria de Pequim.

“Pedimos aos EUA que reconheçam plenamente a extrema importância e alta sensibilidade da questão de Taiwan (…) para que não prejudiquem ainda mais as relações China – EUA”, disse Mao Ning.

19 Set 2022

Presidentes dos EUA e da China falam hoje ao telefone

A chamada telefónica planeada entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o da China, Xi Jinping, vai acontecer esta quinta-feira, avança a imprensa norte-americana.

A situação em Taiwan e a guerra na Ucrânia serão duas das questões que os líderes irão discutir, naquela que será a quinta conversa entre os dois desde que Biden chegou à Casa Branca, em janeiro de 2021, como lembrou, na terça-feira, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

A ênfase será colocada, disse Kirby, nas questões de segurança e nas reivindicações territoriais da China.

Nesse sentido, além de Taiwan, os dois líderes vão falar também sobre o mar da China Meridional, região em que se estima que exista o equivalente a 11.000 milhões de barris de petróleo e que o gigante asiático disputa com Taiwan, Brunei, Indonésia, Filipinas, Malásia e Vietname.

A outra grande questão será a economia, embora Kirby tenha admitido que os Estados Unidos não deverão tomar, antes da chamada telefónica, uma decisão sobre a continuidade das taxas sobre produtos chineses impostas pelo ex-Presidente Donald Trump.

Biden “quer garantir que todas as linhas de comunicação com o Presidente Xi se mantêm abertas em todas as questões, mesmo nas problemáticas”, sublinhou Kirby, que defendeu a importância de os dois líderes poderem comunicar por telefone de forma “cândida e direta”.

A Casa Branca tem criado expectativas há semanas sobre o telefonema entre Biden e Xi. Entretanto, a possibilidade de a presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi, visitar Taiwan em agosto, também começou a gerar tensão entre os dois países.

Pelosi ainda não anunciou oficialmente nenhuma viagem, mas o Governo chinês já alertou que responderá com “medidas fortes” se a visita se confirmar. Taiwan é um dos principais motivos do conflito entre a China e os Estados Unidos, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria seu maior aliado militar no caso de uma possível guerra com a China.

28 Jul 2022

Biden condiciona baixar taxas às importações chinesas ao impacto para os trabalhadores

O Presidente dos EUA, Joe Biden, continua a considerar reduzir as taxas sobre produtos importados da China que o o seu antecessor, Donald Trump, implementou, mas condiciona a decisão ao impacto que pode ter para os trabalhadores.

“Há potenciais implicações laborais. [Joe Biden] não fará nada que acredite que possa prejudicar os trabalhadores nos Estados Unidos”, disse hoje a secretária de Comércio, Gina Raimondo à CBS.

O Presidente norte-americano quer reduzir a inflação e beneficiar os consumidores, também “para ter certeza de que quando fizermos, se o fizermos, não haverá impacto sobre os trabalhadores americanos”, disse Raimondo no programa “Face the Nation”.

Donald Trump subiu significativamente as taxas sobre as importações da China durante a guerra comercial com aquele país, e o atual governo manteve-as, considerando que algumas são importantes para garantir a segurança nacional dos Estados Unidos.

Sindicatos e alguns altos funcionários norte-americanos, como a representante de Comércio Estrangeiro, Katherine Tai, apoiam a manutenção das tarifas, considerando que dá vantagem aos EUA nas negociações com a China.

Outros, como a secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, afirmam que “certas reduções poderiam ser justificadas” para ajudar a baixar a inflação, que em junho ficou em 9,1%, a taxa mais alta desde 1981.

25 Jul 2022

Biden diz que Exército considera “má ideia” líder do Congresso visitar Taiwan

O Presidente norte-americano, Joe Biden, disse na quarta-feira achar que o Exército dos Estados Unidos considera “não ser boa ideia” a líder do Congresso do país, Nancy Pelosi, visitar Taiwan neste momento.

Os comentários de Biden surgem um dia depois de o ministério dos Negócios Estrangeiros da China ter advertido que o país vai adotar “medidas resolutas e fortes”, caso Pelosi visite a ilha, que é reivindicada por Pequim, apesar de funcionar como uma entidade política soberana.

“Acho que os militares consideram que não é boa ideia neste momento”, disse Biden, em conferência de imprensa, em resposta a uma pergunta sobre a viagem de Pelosi. “Mas não sei qual é a situação atual”, apontou.

O jornal Financial Times avançou, esta semana, que a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos irá visitar Taiwan, em agosto, numa altura em que Taipé enfrenta crescente pressão por parte da China.

A confirmar-se, seria a primeira visita de um líder do Congresso norte-americano a Taiwan nos últimos 25 anos. Pelosi tinha originalmente planeado a visita para abril, mas acabou por adiar, depois de ter testado positivo para a covid-19.

A viagem decorre numa altura em que a relação entre Estados Unidos e China atravessa o pior momento desde que os países normalizaram as relações diplomáticas, em 1979, e Washington passou a reconhecer a liderança em Pequim como o único governo legítimo de toda a China, rompendo os contactos oficiais com Taipé. O gabinete de Pelosi não negou, nem confirmou, a visita.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijiang, disse que a viagem “minaria gravemente a soberania e a integridade territorial da China, teria grave impacto na base política da relação China-EUA e enviaria um sinal muito errado às forças independentistas de Taiwan”.

Os Estados Unidos têm um compromisso de longa data com a política “uma só China”, que implica o reconhecimento de Pequim como o único governo da China, mas permite relações informais e laços de Defesa com Taipé.

Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.

No entanto, Pequim considera Taiwan uma província sua e ameaça usar a força caso a ilha declare independência. Biden também disse que espera reunir por videoconferência com o Presidente chinês, Xi Jinping, nos próximos 10 dias.

Os assessores económicos e de segurança nacional de Biden estão a concluir uma revisão da política tarifária dos EUA e a elaborar recomendações para o Presidente.

O seu antecessor, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias punitivas sobre centenas de milhares de milhões de dólares de importações oriundas da China, visando reduzir o défice comercial norte-americano e forçar a China a adotar práticas comerciais mais justas.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, pediu a eliminação de algumas dessas taxas como forma de ajudar a combater a inflação nos Estados Unidos. Outros membros do governo Biden, incluindo a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, levantaram preocupações sobre a flexibilização das taxas, já que a China não cumpriu o compromisso de aumentar as importações de produtos dos EUA.

Biden evitou uma pergunta sobre o que terá a dizer a Xi sobre as taxas. “Vou-lhe dizer que tenha um bom dia”, respondeu o chefe de Estado norte-americano.

21 Jul 2022

Casa Branca | Joe Biden e Xi Jinping deverão falar nas próximas semanas

Segundo o conselheiro diplomático norte-americano, Jake Sullivan, os dois líderes deverão encontrar-se dentro de algumas semanas

 

Os Presidentes dos Estados Unidos e da China deverão reunir-se “nas próximas semanas”, confirmou ontem o principal conselheiro diplomático norte-americano, Jake Sullivan, à margem da cimeira do G7, na Alemanha.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, “terão a oportunidade de conversar nas próximas semanas”, afirmou Sullivan, sem especificar a forma nem a data desta reunião.

O encontro deverá acontecer numa altura em que as relações entre as duas superpotências estão extremamente tensas, por causa das posições assumidas face à guerra na Ucrânia e ao estatuto de Taiwan e por questões económicas.

Assegurando que, tanto ao nível do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) como da NATO sempre houve “convergência relativamente aos desafios”, Jake Sullivan sublinhou que “competição não significa confronto”.

Um dos temas da conversa poderá ser a manutenção das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos fabricados na China e a obrigação chinesa de aumentar a compra de produtos norte-americanos.

Questionado na semana passada pelos jornalistas, quando dava um passeio de bicicleta, Biden admitiu que ia falar com Xi Jinping, mas sublinhou não ter ainda tomado nenhuma decisão sobre as sobretaxas.

As sobretaxas, que somam o equivalente a 350 milhões de dólares (anuais, foram impostas pelo anterior Presidente norte-americano, Donald Trump, mas o prazo de validade não ficou explícito, podendo ser levantadas em 6 de Julho, em 23 de Agosto ou no período entre Setembro próximo e Setembro de 2023.

A expectativa de uma reunião entre Biden e Xi ganhou força na segunda-feira passada, depois de um encontro pessoal entre o principal conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos e o principal diplomata chinês.

28 Jun 2022

Imprensa | Biden quer esvaziar compromisso com princípio ‘Uma China’

Analistas citados pela imprensa oficial chinesa defenderam ontem que os comentários de Joe Biden, sobre o compromisso de os Estados Unidos intervirem militarmente caso a China invadisse Taiwan, são representativos da estratégia norte-americana de “esvaziar” o princípio “Uma China”.

Para os analistas citados pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista da China, as “observações de Biden constituem sinais perigosos” de que ele pretende abandonar o compromisso de Washington com aquele princípio.

A estratégia de Biden torna a relação entre China e EUA no “Titanic a embater contra um iceberg”, o que “vai resultar numa crise, ou pior”, argumentou Da Wei, director do Centro de Segurança e Estratégia Internacional da Universidade de Tsinghua, citado pelo jornal.

Da considerou as observações de Biden inconsistentes com a posição dos EUA sobre Taiwan e a China.
“Enviar tropas é interferência militar, oferecer armas e inteligência militar também pode ser interpretado como ‘intervenção militar’”, argumentou.

“A Administração de Biden está a jogar com a ilha não apenas para atender aos políticos pró – Taiwan nos EUA, mas também para servir a sua estratégia em relação à China”, disse.

No mesmo tom

Citado pelo Global Times, Sun Chenghao, investigador da Universidade de Tsinghua, apontou que Biden está a tentar usar a guerra na Ucrânia como uma desculpa para enfraquecer a reivindicação da China sobre Taiwan.

“No entanto, a Ucrânia e a ilha de Taiwan são casos completamente diferentes. Ao misturar deliberadamente as duas, os EUA estão a tentar enganar os países da Ásia-Pacífico e fazê-los pensar que a região corre o risco de um conflito semelhante”, disse Sun.

“Tais declarações servem para dar legitimidade à estratégia para a Ásia–Pacífico dos EUA”, argumentou.
Biden disse na segunda-feira, em Tóquio, que os EUA vão continuar a honrar o princípio de “Uma China”, que reconhece a posição de Pequim de que Taiwan faz parte da China, mas também acrescentou que os EUA responderiam militarmente se a China atacasse o território, que funciona como uma entidade política soberana.

“Simplesmente não seria apropriado (…) afectaria toda a região e seria outra acção semelhante ao que aconteceu na Ucrânia”, disse Joe Biden. “A América está comprometida com o princípio de ‘Uma China’, mas isso não significa que a China tenha jurisdição para usar a força contra Taiwan”, frisou.

O Governo chinês expressou também “forte insatisfação e oposição resoluta” às declarações de Biden.
“A China não está disponível para compromissos ou concessões em questões que envolvem os seus interesses centrais, como a soberania e integridade territorial”, disse Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Sob o princípio “Uma só China”, os Estados Unidos reconhecem Pequim como o governo legítimo da China e cortaram relações diplomáticas com Taiwan.

No entanto, Washington mantém contactos não oficiais com o território, incluindo uma embaixada de facto em Taipé.

25 Mai 2022

China avisa Biden para não subestimar determinação de Pequim em relação a Taiwan

A China avisou hoje o Presidente dos Estados Unidos para não “subestimar” a “firme determinação” de Pequim em “proteger a sua soberania”, depois de Joe Biden ter prometido defender Taiwan em caso de uma invasão chinesa.

“Ninguém deve subestimar a firme determinação, a forte vontade e a poderosa capacidade do povo chinês de defender a soberania nacional e a integridade territorial”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Pedimos aos Estados Unidos (…) que evitem enviar sinais errados às forças independentistas” de Taiwan, acrescentou.

Biden, que se encontra no Japão após uma passagem pela Coreia do Sul, naquela que é a sua primeira viagem à Ásia desde que tomou posse, admitiu hoje que os Estados Unidos poderiam intervir militarmente caso a China invadisse Taiwan.

Foram as declarações mais fortes e abertas de apoio a Taipé por um líder da Casa Branca em décadas.

O Presidente norte-americano disse que a obrigação de proteger a ilha tornou-se “ainda mais forte” após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Esse é um compromisso que assumimos”, disse o chefe de Estado norte-americano, numa conferência de imprensa, em Tóquio.

Sob o princípio “Uma só China”, os Estados Unidos reconhecem Pequim como o governo legítimo da China e cortaram relações diplomáticas com Taiwan.

No entanto, Washington mantém contactos não oficiais com o território, incluindo uma embaixada de facto em Taipé. Os Estados Unidos também fornecem equipamento militar para a defesa da ilha.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas.

Pequim considera Taiwan parte do seu território, apesar de a ilha operar como uma entidade política soberana, e ameaça utilizar a força, caso o território declare formalmente independência.

Nos últimos anos, centenas de caças chineses entraram na Zona de Identificação da Defesa Aérea (ADIZ) de Taiwan, numa demonstração de força por parte de Pequim

23 Mai 2022

Japão | Joe Biden reúne-se com líderes do grupo Quad

O Presidente dos Estados Unidos chegou ontem ao Japão para uma visita centrada no reforço da cooperação económica e de segurança com os parceiros do grupo Quad face à ascensão da China e à guerra na Ucrânia, noticia a EFE.

A agência de notícias espanhola realça que na visita de Joe Biden aquele país asiático, a primeira desde que tomou posse, o líder norte-americano vai fazer o lançamento formal do Quadro Económico Indo-Pacífico (IPEF), um novo projecto de cooperação regional destinado a promover o comércio e o investimento entre os EUA e os países da região, bem como a reforçar a resiliência das cadeias de abastecimento.

Segundo a EFE, o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, disse aos jornalistas, ainda a bordo do avião presidencial norte-americano, que o IPEF é um acordo “muito amplo”, no qual vários países da região demonstraram interesse.

Sullivan adiantou ainda que na reunião do grupo Quad, que junta EUA, Japão, Índia e a Austrália, que terá lugar amanhã em Tóquio, os líderes dos quatro países pretendem “enviar uma mensagem clara de dissuasão” contra “agressão militar ou alterações unilaterais ao status quo” no Indo-Pacífico.

O aumento das tensões no Estreito de Taiwan pode igualmente ser “uma das questões de segurança” abordadas nas discussões quadripartidas, embora não esteja inicialmente na agenda da cimeira.

Além da reunião entre os quatro países, Joe Biden irá ter encontros bilaterais com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o Presidente eleito da Austrália, Anthony Albanese, que deverá viajar para o Japão esta terça-feira, logo a seguir à sua tomada de posse, estando também agendada uma cimeira com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

23 Mai 2022

Joe Biden “esperançoso” que China não se envolva na guerra na Ucrânia

O Presidente dos Estados Unidos mostrou-se ontem “esperançoso” que a China não se irá envolver na invasão russa da Ucrânia, sustentando que Pequim percebe que o seu “futuro económico está muito mais ligado ao Ocidente do que à Rússia”.

“Acho que a China percebe que o seu futuro económico está muito mais ligado ao Ocidente do que à Rússia, por isso estou esperançoso de que não se irão envolver”, afirmou Joe Biden.

O Presidente dos Estados Unidos falava numa conferência de imprensa no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), em Bruxelas, depois de ter participado na cimeira extraordinária de líderes da Aliança Atlântica e numa cimeira de líderes do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).

Abordando uma conversa telefónica que teve com o Presidente da China, Xi Jinping, na passada sexta-feira, Biden disse que se assegurou, “de maneira muito clara”, de que o líder chinês percebia as “consequências que teria se ajudasse a Rússia [na Ucrânia], como tinha sido relatado e era esperado”.

“Não fiz nenhuma ameaça, mas indiquei-lhe o número de empresas americanas e estrangeiras que deixaram a Rússia devido ao seu comportamento bárbaro, e transmiti-lhe que conhecia – porque tivemos longas discussões no passado – o seu interesse em manter relações económicas e de crescimento com os Estados Unidos e a Europa”, referiu.

O Presidente norte-americano sublinhou assim que, em caso de auxílio da China à Ucrânia, a vontade chinesa de manter o relacionamento económico com o Ocidente ficaria em “grande perigo”.

25 Mar 2022

Cimeira virtual entre Joe Biden e líderes do Japão, da Índia e da Austrália

O Presidente dos Estados Unidos e os primeiros-ministros japonês, indiano e australiano vão hoje reunir-se, numa cimeira virtual, para “trocar pontos de vista” sobre “os importantes desenvolvimentos na região indo-pacífico”.

No anúncio, o Governo indiano não esclareceu o objetivo desta cimeira entre os países que integram a aliança “Quad”, organizada uma semana depois da invasão da Ucrânia pela Rússia.

A nota indicou apenas que o presidente dos EUA, Joe Biden, e dos primeiros-ministros do Japão, Fumio Kishida, da Índia, Narendra Modi, e da Austrália, Scott Morrison, “vão trocar pontos de vista” sobre “os importantes desenvolvimentos na região indo-Pacífico” e “rever os esforços em curso para implementar as iniciativas dos líderes anunciadas no âmbito da agenda ‘Quad’”.

O comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano surgiu um dia depois de o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, se ter encontrado com o Presidente russo, Vladimir Putin, pela segunda vez desde que a Rússia invadiu a Ucrânia na semana passada.

Os EUA apelaram a Nova Deli para que usasse “a sua influência” com Moscovo. O ‘diálogo quadrilateral de segurança’ (Quad), é uma aliança estratégica informal entre os EUA, Austrália, Japão e Índia, iniciada em 2007, foi relançada em 2017 para combater a influência chinesa.

A Índia e muitos países da região receiam que a crise da Ucrânia leve Washington a perder o interesse na região Ásia-Pacífico.

A cimeira poderá também ser uma oportunidade para outros líderes pressionarem o primeiro-ministro indiano a tomar uma posição mais clara sobre a invasão russa da Ucrânia.

Nova Deli e Moscovo foram próximas durante a Guerra Fria, uma relação que continua até hoje, e a Rússia continua a ser o maior fornecedor de armas da Índia.

Nova Deli exortou a Rússia e a Ucrânia a cessarem as hostilidades, mas não condenou a invasão.

Na quarta-feira, voltou a abster-se na votação de uma resolução da ONU, exigindo “que a Rússia cesse imediatamente o uso da força contra a Ucrânia”.

3 Mar 2022

Xi e Biden baixam o tom agressivo dos últimos tempos

A cimeira China-EUA conseguiu trazer alguma “normalidade” à conversa entre os dois países

 

O Presidente chinês Xi Jinping apelou na terça-feira ao desenvolvimento de uma relação sólida e estável entre a China e os EUA durante uma reunião virtual com o Presidente dos EUA Joe Biden. “A China e os Estados Unidos deveriam respeitar-se mutuamente, coexistir em paz, prosseguir uma cooperação vantajosa para ambas as partes, e gerir bem os assuntos internos, assumindo simultaneamente responsabilidades internacionais”, disse Xi, que tratou o presidente americano por “velho amigo”, dando o tom a uma conversa mais afável que o esperado.

O presidente chinês salientou que tanto a China como os EUA se encontram em fases críticas de desenvolvimento, e que a “aldeia global” da humanidade enfrenta múltiplos desafios.

 

Assumir a responsabilidade de ser grande

Xi Jinping afirmou que ambos devem assumir as responsabilidades de grandes países e liderar a resposta global aos desafios pendentes. Para o presidente chinês, a China e os Estados Unidos precisam de apelar ao estabelecimento de um mecanismo de cooperação para a saúde pública global e a prevenção e controlo das doenças transmissíveis, e promover mais intercâmbios e cooperação internacional.

“A COVID-19 não será a última crise de saúde pública que a humanidade enfrenta”, salientou Xi. “A resposta a qualquer doença importante deve basear-se na ciência”, disse, acrescentando que politizar doenças não faz bem mas apenas mal.

Xi disse também que a prioridade premente na resposta global da COVID é abordar os défices de vacinas e colmatar as lacunas. A China está entre os primeiros a oferecer vacinas aos países em desenvolvimento carenciados, fornecendo mais de 1,7 mil milhões de doses de vacinas acabadas e a granel ao mundo e irá considerar fazer doações adicionais à luz das necessidades dos países em desenvolvimento, referiu Xi.

 

Igualdade e benefício mútuo

“A China e os EUA devem respeitar-se mutuamente, coexistir em paz, e prosseguir uma cooperação vantajosa para ambas as partes”, disse Xi, expressando a sua disponibilidade para trabalhar com o Presidente Biden para construir um consenso e tomar medidas activas para fazer avançar as relações entre a China e os EUA numa direcção positiva. “Se o fizermos, tal será no interesse dos dois povos e irá ao encontro das expectativas da comunidade internacional”, acrescentou Xi.

Xi Jinping descreveu as relações económicas e comerciais entre a China e os EUA como sendo de natureza mutuamente benéfica, e disse que as questões económicas e comerciais entre os dois países não devem ser politizadas. “Os dois lados precisam de tornar o bolo maior para a cooperação”, disse Xi.

O presidente chinês acrescentou que “a China leva a sério os desejos da comunidade empresarial dos EUA de viajar mais facilmente para a China”, e concordou em actualizar o acordo acelerado, o que irá melhorar ainda mais as trocas económicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos e impulsionar a recuperação das duas economias. “Os Estados Unidos deveriam deixar de abusar ou de esticar demasiado o conceito de segurança nacional para reprimir as empresas chinesas”, concluiu.

 

Taiwan: sem descarrilar

“A China será obrigada a tomar medidas resolutas, caso as forças separatistas para a ‘independência de Taiwan’ nos provoquem, forcem a nossa mão ou mesmo atravessem a linha vermelha”. Xi atribuiu as actuais tensões às repetidas tentativas das autoridades de Taiwan de procurar o apoio dos EUA para a sua agenda para a independência, bem como à intenção de alguns americanos de utilizar Taiwan para conter a China. “Tais movimentos são extremamente perigosos, tal como brincar com o fogo”, disse Xi. “Quem brincar com o fogo, será queimado”.

“O princípio de uma só China e as três declarações conjuntas China-EUA são a base política das relações China-EUA”, disse Xi, observando que as anteriores administrações dos EUA assumiram todas compromissos claros sobre este assunto.

“O verdadeiro status quo da questão de Taiwan e o que está no coração de uma China”, salientou Xi, “são os seguintes: existe apenas uma China no mundo e Taiwan faz parte da China, e o Governo da República Popular da China é o único governo legal que representa a China”.

Chamando à realização da reunificação completa da China uma aspiração partilhada por todos os filhos e filhas da nação chinesa, Xi disse: “Temos paciência e lutaremos pela perspectiva de uma reunificação pacífica com a máxima sinceridade e esforço”. “Dito isto, se as forças separatistas para a ‘independência de Taiwan’ nos provocarem, forçarem as nossas mãos ou mesmo atravessarem a linha vermelha, seremos obrigados a tomar medidas resolutas”, disse Xi.

Por seu lado, o presidente dos EUA, Joe Biden, reafirmou a política de longa data do governo dos EUA de uma só China, e declarou que os EUA não apoiam a “independência de Taiwan” e expressou que a paz e a estabilidade devem ser mantidas no Estreito de Taiwan.

Xi Jinping acrescentou ainda que “a China não aprova a utilização dos direitos humanos para se imiscuir nos assuntos internos de outros países”, referindo-se a Hong Kong e Xinjiang. “A China não tem intenção de vender o seu próprio caminho de desenvolvimento em todo o mundo. Pelo contrário, a China encoraja todos os países a encontrar caminhos de desenvolvimento adaptados às suas respectivas condições nacionais”, disse Xi.

 

Cooperação em grandes questões

“Sendo as duas maiores economias mundiais e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a China e os EUA precisam de aumentar a comunicação e a cooperação, cada uma delas gerir bem os seus assuntos internos e, ao mesmo tempo, assume a sua quota-parte de responsabilidades internacionais, e trabalha em conjunto para fazer avançar a nobre causa da paz e desenvolvimento mundiais”, disse Xi. “Este é o desejo partilhado pelos povos dos dois países e de todo o mundo, e a missão conjunta dos líderes chineses e americanos”, concluiu.

Xi salientou que uma relação sólida e estável entre a China e os EUA é necessária para fazer avançar o respectivo desenvolvimento dos dois países e para salvaguardar um ambiente internacional pacífico e estável, incluindo encontrar respostas eficazes aos desafios globais como as alterações climáticas e a pandemia da COVID-19.

Para Xi, “é imperativo que a China e os Estados Unidos mantenham a comunicação sobre políticas macroeconómicas, apoiem a recuperação económica mundial e se protejam contra riscos económicos e financeiros”.

“Os Estados Unidos deveriam estar atentos aos efeitos colaterais das suas políticas macroeconómicas internas, e adoptar políticas macroeconómicas responsáveis”, acrescentou Xi.

17 Nov 2021

Joe Biden defende “sucesso extraordinário” de retirada de norte-americanos e aliados do Afeganistão

O presidente norte-americano, Joe Biden, defendeu ontem que a operação de retirada de norte-americanos e aliados do Afeganistão foi um “sucesso extraordinário”, por acabar com uma guerra que durava há 20 anos.

“Nenhum país jamais alcançou algo parecido na história. O extraordinário sucesso desta missão deve-se ao incrível talento, bravura e coragem altruísta dos militares dos Estados Unidos [da América], os nossos diplomatas e os nossos profissionais de informações”, disse o Presidente dos EUA, em conferência de imprensa na Casa Branca, em Washington.

Biden garantiu ainda que o país está determinado em retirar os entre 100 e 200 norte-americanos que permanecem no Afeganistão. Segundo os últimos números, cerca de 114.000 pessoas foram retiradas de Cabul, desde a tomada da cidade pelos talibãs, em cerca de 2.900 em voos militares ou da coligação internacional.

No discurso na Casa Branca, o presidente norte-americano explicou que os EUA não tinham outra escolha a não ser a retirada, depois do acordo assinado pelo seu antecessor Donald Trump com os talibãs.

“Eu assumo a responsabilidade por esta decisão. […] Tínhamos apenas uma escolha simples. Ou seguir o compromisso assumido pelo governo anterior e deixar o Afeganistão, ou dizer que não íamos embora e enviar dezenas de milhares de soldados para a guerra”, disse.

De acordo com Joe Biden, a “verdadeira escolha era entre sair ou escalar [o conflito]”, acrescentando que não iria prolongar eternamente a guerra e a retirada das pessoas do Afeganistão.

“Depois de 20 anos de guerra no Afeganistão, recusei-me a enviar outra geração de filhos e filhas da América para lutar numa guerra que deveria ter terminado há muito tempo”, sustentou.

Dando por concluída a guerra em território afegão, Biden aproveitou para alertar, durante o seu discurso, que os EUA ainda não destruíram a ala afegã dos `jihadistas` do Estado Islâmico (ISIS-K). “ISIS-K: não acabámos convosco”, exclamou o presidente norte-americano.

Para Joe Biden, a melhor maneira de proteger a segurança dos EUA “é através de uma estratégia forte, implacável, focada e precisa, que persegue o terror onde se encontra hoje”, onde não estava há duas décadas.

O presidente dos EUA reiterou que o fim da presença militar no Afeganistão é o melhor para os futuros interesses do país. “Dou-vos a minha palavra, do fundo do coração. Não tenho dúvidas que esta é a decisão certa, uma decisão sábia e a melhor decisão para a América”, realçou.

Os Estados Unidos terminaram na segunda-feira a sua guerra mais longa com a retirada militar do Afeganistão, país que invadiram há 20 anos, logo após terem sofrido os ataques terroristas de 11 de Setembro.

Os EUA deixam o Afeganistão de novo nas mãos dos talibãs, cujo primeiro regime (1996-2001) tinham derrubado em dezembro de 2001, quando o grupo extremista se recusou a entregar o então líder da Al-Qaida, Osama bin Laden.

A retirada das forças internacionais foi negociada com os talibãs, em fevereiro de 2020, e ocorre 15 dias depois de o movimento rebelde ter conquistado Cabul, depondo o Presidente Ashraf Ghani.

Com a capital afegã controlada pelos talibãs, a operação foi marcada pelo desespero de milhares de afegãos a querer fugir do país e por ataques do grupo extremista Estado Islâmico, incluindo um atentado bombista que matou cerca de 200 pessoas.

1 Set 2021