Pintura | Galeria At Light acolhe “Profound”, de David Sheekwan

A partir de sábado abre ao público a exposição de pintura “Profound”. Ao todo, serão expostas 25 obras de David Sheekwan, veterano estilista de Hong Kong, que não se coíbe de partir em busca, também na tela, do minimalismo e da exploração do cosmos, através de cores frias e profundas e da integração de elementos do quotidiano como madeira e areia

 

É inaugurada no próximo sábado a exposição de pintura “Profound” da autoria de David Sheekwan, uma mostra promovida pela associação Arts Empowering Lab na galeria At Light.

De acordo com um comunicado divulgado pela organização, poderão ser apreciadas, ao todo, 25 pinturas a óleo produzidas recentemente por David Sheekwan, na sua casa situada em Zhongshan. Natural de Hong Kong, Sheekwan queria ser arquitecto, mas acabou por ficar conhecido no mundo da moda, materializado na marca David & David, com espaços em Nova Iorque e Paris.

Tendo estudado cerâmica e pintura no San Francisco Art Institute, David Sheekwan desde cedo desenvolveu um gosto por diferentes texturas e tonalidades de cor que pode facilmente ser experienciado na mostra patente na galeria At Light.

Partindo de um estilo monocromático e que privilegia “cores suaves” e sempre com o cosmos em pano de fundo, as obras do artista incorporam elementos como ramos, pedaços de madeira e areia para aglomerar diferentes texturas e destacar “diferentes tonalidades de cor e luz”.

Pelo meio da integração de objectos do quotidiano na sua obra, inspiração cuja culpa é atribuída a Picasso e a Georges Braque, surge a exploração da “escuridão” e do “mistério” do universo, mais precisamente através da forma como “o ser humano existe no gigantesco cosmos”.

“As pinturas abstractas [de David Sheekwan] mostram uma visão única ao nível da observação de cores, traços e proporções. O seu estilo de pintura é simultaneamente simples e misterioso e as suas obras deixam sempre espaço para as fazer as pessoas pensar”, pode ler-se na mesma nota.

Etérea paz

De acordo com o curador da exposição, Joey Ho, o trabalho de David Sheekwan tem o condão de transmitir uma indescritível sensação de “profundidade” e tranquilidade, que parece não ter lugar nas experiências mundanas.

“Os trabalhos de David Sheekwan (…) são essencialmente profundos, simples e abstractos, tornando-os impossíveis de associar ao deslumbramento dos primeiros anos da sua vida. Não há qualquer vestígio mundano neles, ao invés, são capazes de destacar uma indescritível sensação de “profundidade”, referiu Joey Ho, de acordo com uma nota sobre a exposição.

No mesmo artigo, o curador destaca ainda que o artista é “muito habilidoso” e “delicado” na forma de tratar cores “frias e profundas”, como o cinzento, o preto, o azul e o verde escuro, criando uma atmosfera pacífica e amigável. “Ao ver as suas obras é possível ouvir um tranquilo e etéreo eco de um mundo sem limites, que nos leva de volta para a escuridão quente do ventre materno, deixando de lado opiniões e canalizando a consciência para a tranquilidade e a energia”, aponta Joey Ho.

Reportando uma situação em que teve a oportunidade de privar com o artista, Joey Ho partilhou ainda o que é a arte para David Sheekwan.

“Quando pinto, o meu cérebro está vazio e não penso em nada. Se a arte pode ser explicada, ela não existe de todo”, vincou David Sheekwan. A exposição “Profound” pode ser vista na galeria At Light até ao dia 26 de Junho.

11 Mai 2021

Exposição | Galeria At Light acolhe “Human Observation”, de Os Wei 

“Human Observation” [Observação Humana] é o nome da nova exposição promovida pela associação Arts Empowering Lab e que estará patente na galeria At Light a partir deste sábado, dia 20. O trabalho multimédia de Os Wei tem a curadoria de Cora Si e inclui um total de 100 imagens que se complementam com vídeo e música, espelhando a diversidade de Macau

 

Os Wei está de regresso às exposições com “Human Observation” [Observação Humana], uma mostra promovida pela associação Arts Empowering Lab na galeria At Light. A mostra será inaugurada amanhã, dia 20, e revela um total de 100 fotos, complementadas com video e música, exibidas sem uma ordem específica. A curadoria da exposição está a cargo de Cora Si que descreve as imagens como “fragmentos” captados por Os Wei “como um sonho, mas também de uma forma realista”.

“Human Observation” não é mais do que “um projecto experimental de imagem” onde Os Wei “vagueia por diferentes cantos da cidade, observando e registando o ambiente com o seu smartphone” e fotografando “de forma intuitiva”. Desta forma, o artista destaca-se “num grupo onde ‘qualquer pessoa pode ser um fotógrafo’”.

Acima de tudo, este trabalho de Os Wei visa mostrar a diversidade de Macau enquanto lugar de diversas culturas e vivências. “Macau, uma cidade de diversidade onde vários estilos de vida co-existem depois de séculos de interacção, e com pessoas de diferentes culturas, onde acaba por se criar uma relação próxima mas estranha entre indivíduos”, explica a curadora.

Nesta exposição, os visitantes são confrontados com um espelho logo à entrada. “De uma forma directa, as actividades do visitante da exposição são monitorizadas e mostradas através de uma forma de comunicação visual. Este tipo de vigilância invisível tem vindo a tornar-se cada vez mais popular. Por um lado, o homem necessita de uma sensação de segurança, mas, por outro lado, de uma sensação de insegurança. É uma oposição que está enraizada nos humanos e que surge de diferentes formas e em diferentes períodos”, explica Cora Si.

Artista multimédia

Formado em design de comunicação visual em Taiwan, Os Wei sempre deixou de lado as convenções mais tradicionais da fotografia, apostando muito no telemóvel para capturar imagens e vídeos de edifícios, da natureza e das pessoas.

“Os seus trabalhos, apesar de não terem temas relacionados entre si, revelam os seus sentimentos mais íntimos através desta expressão visual. Ele olha para o mundo, para a consciência subjectiva das pessoas de Macau, com um foco na sua vida diária e no seu trabalho”, descreve a curadora.

Este exercício de observação serve para Os Wei concluir que o ser humano é “um animal estranho, que envia sempre mensagens com as suas roupas, expressões faciais, comportamentos e movimentos”.

Depois de se formar em Taiwan, Os Wei voltou a Macau em 2016, tendo estado também envolvido na produção de vários filmes e explorando sempre novas possibilidades com a imagem. Os Wei foi um dos nomes presentes na última edição do festival This is My City, o ano passado. Esta exposição conta com o apoio da Fundação Macau e poderá ser vista na galeria At Light, no Pátio do Padre Narciso, entre as 14h e as 18h, de segunda a sexta-feira. Aos sábados a galeria tem as portas abertas até às 21h.

19 Mar 2021

Exposição | Galeria At Light reúne artistas lusófonos em “Cor da Vida”

No próximo dia 23 é inaugurada na Galeria At Light a exposição “Cor da Vida”, com obras de artistas lusófonos e curadoria de José Isaac Duarte. A mostra foi organizada a partir de um acervo já existente no território. Para Joey Ho, responsável pela galeria, ligada à associação Arts Empowering Lab, recorda que Macau possui há muito uma ligação próxima com a lusofonia

 

A Galeria At Light, ligada à associação Arts Empowering Lab, inaugura no próximo dia 23 de Janeiro a exposição “Cor da Vida – Exposição dos Artistas dos Países de Língua Portuguesa”, que inclui trabalhos de autores como Damião Porto, Malé, Pedro Proença, entre outros. A mostra, que pode ser visitada até ao dia 6 de Março, tem a curadoria de José Isaac Duarte.

“Havia o interesse de fazer uma exposição de artistas lusófonos na galeria. Tudo foi feito com base em acervos que existem em Macau e montou-se uma exposição com dois artistas de cada país. O resultado é uma pequena amostra da diversidade artística dos países de expressão portuguesa”, contou ao HM.

Sem apontar uma obra de maior relevo, José Isaac Duarte confessou que quis mostrar a diversidade e a cor da arte que se faz nos países de expressão portuguesa. “Naturalmente que é importante uma galeria querer fazer esta exposição. Acho que é importante uma galeria não institucional que queira apresentar artistas lusófonos.”

Joey Ho decidiu avançar para a organização desta mostra dadas as ligações históricas que Macau possui com a lusofonia. “Macau tem uma longa conexão com os países de língua portuguesa. A relação tem incluído também uma partilha a nível artístico. Esta exposição é parte desse movimento e um vislumbre da vitalidade das artes visuais desses países”, disse.

Os artistas

Sem qualquer artista de Macau representado, “Cor da Vida” apresenta trabalhos de conceituados pintores que há muito palmilham o caminho das artes. É o caso de Pedro Proença, nascido em Angola em 1962, devido ao facto de o pai ter sido mobilizado para a Guerra Colonial. Anos mais tarde voltaria para Lisboa e, além de artista plástico, é também escritor, músico e tipógrafo.

No caso de Damião Porto, nascido em Portugal, a sua obra tem uma forte presença figurativa, conforme disse numa entrevista ao portal Minho Digital. “O que fundamenta geralmente o meu trabalho, tanto nas pinturas como nos desenhos é uma forte presença figurativa e, simultaneamente, persegue os limites do expressionismo chegando próximo do informal, ou seja, a neofiguração.”

Natural de São Tomé e Príncipe, Malé, cujo primeiro nome é Eduardo, reside hoje na Batalha, em Portugal. Nascido em 1973, Malé fez os cursos de Design de Equipamento (Escola Secundária de Artes António Arroio, Lisboa, 2000), Artes Plásticas (Escola Superior de Arte e Design, nas Caldas da Rainha, 2006), Formação Artística (SNBA, Lisboa, 1998).

Nomes como Abel Júpiter, Kwame Sousa, Roberto Chichorro e Sidney Cerqueira fazem também parte da mostra, sem esquecer Malangatana Ngwenya, artista plástico e poeta moçambicano que faleceu em 2011.

15 Jan 2021

Exposição | Fotografia no feminino na Galeria At Light até 21 de Agosto

Arte no feminino é a série que apresenta as exposições de fotografia “Light Elegance” e “Slender Grace”, resultado da criatividade de Bella Tam e Pui Cheng respectivamente. A exposição conjunta está patente na Galeria At Light até 21 de Agosto

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om a curadoria de Si Wun Cheng, as exposições “Light Elegance” e “Slender Grace” integram a série “Arte no Feminino” que pretende trazer ao público obras fotográficas centradas na mulher, enquanto artista e objecto.

“Light Elegance” foi o nome inspirado nas componentes do carácter chinês que remete para o conceito de elegância. “O carácter é constituído pelo radical de mulher e remete para este conceito”, começa por explicar a curadora Si Wun Cheng ao HM. Adepta de trabalhos que abordem naturezas mortas, a fotógrafa Bella Tam desenvolveu as imagens presentes na exposição a partir do contacto com plantas. “Sempre gostei de trabalhar com objectos inanimados como flores, comida, coisas desse género”, conta ao HM. São estes objectos, em especial as plantas, que transportam a artista para o próprio corpo da mulher, até porque nelas vê um sistema orgânico muito semelhante ao humano. “Às vezes compro flores que coloco no meu quarto. Com a presença constante delas, ali, acabam por de alguma forma se transformar em seres orgânicos, como os corpos humanos”, diz.

Para Tam, plantas e pessoas mesclam-se e é nesta mistura, que pode “parecer ambígua, que colidem e entram em simbiose” que a fotógrafa tenta captar em imagem. “Este é o meu ponto de partida e o que está aqui é o resultado do que faço desde o primeiro dia em que comecei a fotografar”, revela.

Contra o preconceito

Já Pui Cheng resolveu juntar a força de uma imagem com a sua delicadeza ao mesmo tempo que explora o tema da vergonha do corpo feminino. “Através da exploração do corpo e das suas formas estamos a fazer uma espécie de afirmação”, conta. Para a fotógrafa ainda existe algum pudor quando se fala em abordar o corpo, algo que pretende combater. “Não temos de nos envergonhar do nosso corpo. Com estas obras quis fazer um regresso ao despudor e à normalidade do corpo humano”, diz.

Por outro lado, nas imagens que alternam partes de corpos, flores e construções em cimento, Cheng dá a conhecer os elementos que a inspiram. “Sempre fui fascinada pelo ordinário e pelo vulgar, pelas coisas por que passamos todos os dias”, aponta. É aqui que também se inclui o que os homens fazem e constroem. A fotógrafa gosta de “explorar a vida que nasce daquilo que é feito por mão humana, o que nasce em paredes, muros ou edifícios”. Para a artista é na contraposição entre a “morte” destas construções e a possibilidade de nelas nascer a vida que gira todo o seu processo criativo.

Dois em um

O resultado das criações de Bella Tam e Pui Cheng é uma complementaridade de trabalhos que mais parece terem sido feitos em paralelo e em constante comunicação. Mas isso não aconteceu. Tam e Cheng, apesar de amigas desenvolveram estes projectos sem partilhar o que faziam. Preferiram “que os trabalhos, no final falassem por si”, revelou a curadora. “E foi surpreendente perceber como se complementavam, como interagiam e como pareciam ter sido feitos por uma só pessoa”, referiu.

Para Si Wun Cheng, a série “Arte no Feminino” é um passo importante para a formação da fotografia feita por mulheres. Segundo a curadora, “estas iniciativas são especialmente importantes na medida em que em Macau as pessoas estão cientes de que a arte existe, no entanto não a conhecem”, refere.

Paralelamente, existe a ideia de que arte é a clássica, e “que as obras de arte são apenas as que obedecem a conceitos também clássicos, sendo a pintura o seu maior expoente”, completa. Cheng lamente que a fotografia, enquanto plataforma de expressão recente, seja ainda passada para segundo plano. O objectivo desta exposição é fazer com que as pessoas olhem para a fotografia de outra forma e divulgar o que anda a ser feito por mulheres fotógrafas de Macau.

24 Jul 2018