Fringe | IC aceita trabalhos para exposição até dia 12

Quem estiver interessado em apresentar trabalhos artísticos na “Exposição de Arte para Todos” pode submetê-los até esta sexta-feira junto do Instituto Cultural (IC). De frisar que esta mostra integra-se no cartaz da 22.ª edição do Festival Fringe da Cidade de Macau, que decorre entre os dias 17 e 28 deste mês, sendo que a “Exposição de Arte para Todos” estará patente ao público entre os dias 17 e 22 de Janeiro na antiga Fábrica de Panchões Iec Long e de 23 a 28 de Janeiro no Parque Urbano da Areia Preta, perto do Centro de Saúde.

O festival Fringe apresenta este ano um total de 17 espectáculos e uma série de actividades do Festival Extra. Esta exposição pretende dar resposta ao mote “Todos ao redor da Cidade, os nossos palcos, os nossos espectadores, os nossos artistas”. Além de poderem submeter os seus trabalhos junto do IC, os interessados podem ainda criar as suas obras artísticas nos dois locais de exposição. Segundo uma nota do IC, nos locais da exposição haverá “uma zona criativa para permitir que o público possa manifestar o seu potencial criativo de forma improvisada, promovendo a ideia de que todos podem ser artistas”.

Destaque ainda para a realização, nos dias 13 e 14 deste mês, de três sessões da iniciativa “Workshops Criativos para Todos”, nomeadamente o “Workshop Criativo de Plasticina para Crianças”, “Workshop Criativo de Carpintaria para Famílias” e o “Workshop Criativo de Electrónica”. Os trabalhos produzidos nos workshops podem ser expostos na “Exposição de Arte para Todos”.

8 Jan 2024

Cultura | Cheong Kin Hong continua a presidir a fundo

O Governo decidiu manter Cheong Kin Hong como presidente do Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento da Cultura por mais um ano. Segundo um despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), assinado por Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, a renovação para um novo mandato entra em vigor no dia 1, sendo este desempenhado a tempo parcial, recebendo Cheong Kin Hong um salário correspondente ao índice 660 da tabela indiciária da função pública, bem como demais regalias associadas ao desempenho de um cargo de gestão.

Relativamente ao Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento da Cultura, foi renovada a comissão de serviço de Chan Ka Io, na qualidade de membro, por mais um ano. Esta renovação entra em vigor a 19 de Janeiro, sendo que Chan Ka Io vai desempenhar funções a tempo inteiro.

Para o Conselho Fiscal do mesmo Fundo, foram ainda renovados os mandatos de Tong Io Cheng, no cargo de presidente, Rebeca Vong, representante da Direcção dos Serviços de Finanças, e ainda Vong Hou Piu. Estas renovações produzem efeitos a partir de 1 de Janeiro.

29 Dez 2023

Turismo | Programa “Uma Base Cultural” inclui fado no Teatro D. Pedro V

O Instituto Cultural anunciou ontem o programa “Uma Base Cultural”, composto por espectáculos e iniciativas culturais organizados em parceria com as operadoras de jogo e que decorrem em diversos pontos do território. Destaque para a realização, entre Janeiro e Fevereiro, de noites de fado no Teatro D. Pedro V, iniciativa que poderá tornar-se permanente

 

Foi ontem anunciado pelo Instituto Cultural (IC) o programa para os meses de Inverno que inclui a realização de espectáculos e diversas iniciativas artísticas em vários locais do território. Em parceria com as seis operadoras de jogo, “Uma Base Cultural” inclui, para já, um total de 25 eventos, e segundo a Lusa, o programa integra noites de fado.

Entre os dias 19 de Janeiro e 11 de Fevereiro dois fadistas portugueses, Bárbara Santos e Tiago Correia, cantam fado num projecto que pode tornar-se permanente, anunciou ontem a directora do IC. Os fadistas irão actuar no histórico Teatro D. Pedro V todas as sextas, sábados e domingo, durante quatro semanas, disse Leong Wai Man em conferência de imprensa.

Antes de se cantar o fado, os espectadores vão poder provar “vinho e petiscos portugueses”, numa combinação de música e gastronomia para criar “uma experiência completa, uma noite especial”, explicou.

Leong afirmou também que o IC vai colaborar com agências de viagens para vender aos turistas pacotes de bilhetes para estes espectáculos, que podem “mostrar que Macau é diferente das outras regiões chinesas”. A governante sublinhou que o projecto pretende “aproveitar as vantagens e singularidades de Macau”, começando pelo Teatro D. Pedro V, “um espaço patrimonial com significado histórico”, por ser o primeiro teatro de estilo ocidental na China.

Embora as noites de fado sejam “um projecto a título experimental”, cujo impacto será revisto após ter terminado, a dirigente garantiu que o objectivo é “ter actuações de marca permanentes”. Leong acrescentou que os espectáculos poderão ser alargados a outros locais e edifícios do centro histórico de Macau, considerado Património Mundial pela Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

“Este é um projecto a que damos grande importância, porque queremos construir Macau como uma base cultural entre a China e os países de língua portuguesa”, disse.

Inverno cultural

As noites de fado são um dos 25 eventos que constam do programa de Inverno “Uma Base Cultural”, agora apresentado pelo IC, em colaboração com as seis concessionárias de casinos.

O programa inclui um concerto de passagem de Ano Novo, que irá terminar com a actuação da cantora e compositora franco-brasileira Lia Sophia, a partir das 22h de 31 de Dezembro, na praça do Lago Sai Van.

Na mesma noite, as Casas Museu da Taipa vão acolher gastronomia, música e dança, tendo “como mote a integração de várias culturas,”, disse Leong Wai Man, que destacou o envolvimento das comunidades com raízes na Austrália, Filipinas, Indonésia, Myanmar (antiga Birmânia) e Vietname.

Outro dos destaques, é o pianista japonês Makoto Ozone, de 62 anos, descrito pelo IC como “uma lenda do jazz” e nomeado em 2002 para um Prémio Grammy na categoria “Best Classical Crossover Album” (‘Melhor Álbum Clássico Transversal’). Leong Wai Man sublinhou que o concerto de Makoto Ozone com a Orquestra de Macau irá situar-se precisamente nesse cruzamento de sons, que “reúne jazz e música clássica”.

12 Dez 2023

Património | Criado museu junto às Ruínas de S. Paulo

O Governo vai construir o Museu do Património Mundial de Macau nos números 16 a 22 da rua D. Belchior Carneiro, e que irá incluir os vestígios arqueológicos existentes no local. Segundo um comunicado oficial, o projecto foi ontem apresentado em sede de reunião do Conselho do Património Cultural, tendo uma área de 7600 metros quadrados.

O futuro museu vai ter salas de exposições e de leitura, um armazém de colecções, um auditório e salas multifuncionais, prevendo-se ainda a construção de uma passagem superior que ligue esta infra-estrutura ao Museu de Macau, localizado junto à Fortaleza do Monte. Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural, disse ainda que o projecto será alvo de melhorias no próximo ano.

Segundo o comunicado, “os membros do Conselho expressaram a sua emoção no que diz respeito ao plano e apresentaram sugestões sobre o conteúdo do Museu e o design da respectiva fachada, esperando também que as instalações circundantes possam ser planeadas de forma a facilitar a visita de residentes e turistas”.

Para o IC, o projecto pretende chamar a atenção para o facto de o Centro Histórico de Macau já se encontrar inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO há mais de dezoito anos. A ideia é “proteger e valorizar melhor o património mundial” do território, tendo em conta as consultas feitas “à experiência e trabalhos de salvaguarda do património mundial do Interior da China e do estrangeiro”.

6 Dez 2023

Dezenas de artistas manifestam-se contra aviso do Governo

Dezenas de artistas, associações culturais e companhias teatrais publicaram uma carta aberta contra o aviso enviado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura, plataforma de financiamento gerida pelo Instituto Cultural (IC). As signatárias da missiva incluem o Grupo de Teatro Experimental “Pequena Cidade”, Brotherhood Art Association, Associação de Arte e Cultura —“Comuna de Pedra”, Rota Artes Associação, Associação de Irmandade de Teatro Criativo, Estúdio de Arte de PO, Theatre Styles Theatre, entre outros.

Segundo a carta, divulgada nas redes sociais, o IC enviou emails a diversas entidades a avisar que devem “evitar incluir nas criações [artísticas] elementos impróprios [considerados] indecentes, [como] a violência, pornografia, obscenidade, jogos de azar, insinuações ou violação dos direitos de outras pessoas”, “a fim de evitar o cancelamento do subsídio”.

Os signatários da carta dizem-se “muito preocupados com este aviso” e apontam que já existe a Comissão de Classificação Etária de Espectáculos e Exibições Públicas de Filmes Realizados em Macau, “que visa proteger o público de conteúdos impróprios e distinguir se uma obra é ou não adequada para ser vista [por pessoas de determinadas faixas etárias]”. “Será ainda necessário impor uma restrição generalizada às obras que não contenham nenhum dos elementos inadequados acima referidos? Sugerimos que se respeite a existência das comissões para que o público possa escolher, por si, quais as obras adequadas para assistir”, acrescenta-se.

Mães de Bragança

Segundo a TDM Canal Macau, o aviso enviado pelo IC prende-se com queixas feitas por encarregados de educação de alunos menores de idade relativamente à realização de peças de teatro com conteúdo “indecente” onde foi permitida a entrada de crianças, disse a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. A governante disse que não é intenção do Executivo restringir conteúdos, mas que, ao mesmo tempo, não pode apoiar ou incentivar projectos culturais que contenham “palavrões” ou causem “mau estar ao público”.

Na carta assinada pelos artistas refere-se também que a inclusão de “elementos inadequados” não é sinónimo de que estes “sejam defendidos” pelos artistas e entidades. “Muitas vezes os artistas apresentam elementos impróprios de uma forma genuína e directa, com o objectivo de explorar fenómenos sociais, valores culturais e experiências humanas.”

Os signatários temem que a “aplicação demasiado rigorosa” das restrições resulte “num impacto negativo” ao nível das indústrias das artes e espectáculo, audiovisual e cinema.

“Sugerimos que o fundo reforce o seu mecanismo de comunicação com o sector e reúna com os responsáveis [de associações]. Assim, poderemos compreender melhor as suas preocupações quanto aos ‘elementos inadequados’ e explorar, de forma conjunta, a forma de manter a liberdade criativa e, ao mesmo tempo, proteger o público”, rematam.

4 Out 2023

Edifícios históricos | Lançado plano de apoio financeiro

O Instituto Cultural (IC) vai lançar um apoio financeiro, que conta com um orçamento de 20 milhões de patacas, para apoiar os proprietários na revitalização de edifícios históricos.

Segundo a TDM Rádio Macau, a informação foi avançada pela própria presidente do IC, Leong Wai Man, no âmbito de uma reunião do Conselho do Património Cultural. Haverá no território cerca de 600 prédios com valor histórico e, segundo Chan Ka Io, administrador do Fundo de Desenvolvimento da Cultura, o apoio aos projectos de recuperação não pode ser superior à metade do custo total das obras.

Na reunião de ontem, foi também dado apoio à proposta de revitalização da Casa da Família Chio, situada na avenida de Almeida Ribeiro. Leong Wai Man afirmou que parte do edifício já foi adquirida pelo Executivo por oito milhões de patacas, enquanto a outra parte do prédio, por estar num terreno público, reverteu para a Administração. O grande objectivo a atingir com a revitalização da Casa da Família Chio é dar mais destaque cultural e turístico junto à avenida Almeida Ribeiro.

30 Ago 2023

Arte Macau 2023 | Quatro propostas exibidas em Setembro

Já são conhecidos os quatro projectos artísticos que fazem parte da edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”, evento que acontece este Verão. Assim, a equipa de curadoria seleccionou “The Revelations for X”, um projecto, ainda com título provisório, da autoria de MyLand Culture; “O Tufão do Destino”, da autoria de ARTE YIIMA; “Sincronicidade — Topologia da Mente”, da autoria da Alice Kok; e “O Segredo da Flor de Ouro”, da autoria da Chang Chan.

Após a realização da Arte Macau 2023, estes projectos “repletos de imaginação e fantasia”, conforme descreve o Instituto Cultural (IC), estarão expostos em quatro mostras por um período não inferior a oito semanas entre os meses de Setembro e Novembro.

A ideia desta iniciativa visa, entre outros objectivos, “estimular a inovação e promover o desenvolvimento da arte contemporânea”, sendo que, para esta edição da Arte Macau 2023, o tema é “A Estatística da Fortuna”. Foram apresentadas 28 propostas, com a avaliação inicial dos curadores a ser realizada a 31 de Maio por nomes como Susanna Un, directora do Museu de Arte de Macau e Qiu Zhujie, curador principal da Arte Macau 2023 e vice-director da Academia Central de Belas Artes, entre outras figuras da arte local, onde se inclui o artista James Wong.

A 17 de Junho foram seleccionadas as quatro propostas agora divulgadas.

16 Jul 2023

IC / Cinema | Novas regras de apoio incluem segurança nacional

Os trabalhos cinematográficos e televisivos submetidos ao Instituto Cultural para obtenção de financiamento do Fundo de Desenvolvimento da Cultura vão ter de respeitar matérias como a segurança nacional e crenças locais, passando este a ser um critério na hora de aprovar os projectos. A realizadora Tracy Choi desvaloriza potencial controlo

 

A nova lei relativa à defesa da segurança do Estado entrou esta terça-feira em vigor e, no mesmo dia, o Instituto Cultural (IC) anunciou novas regras para a submissão de projectos cinematográficos e televisivos a financiamento do Fundo de Desenvolvimento da Cultura. Segundo a TDM Rádio Macau, os conteúdos a concurso deverão respeitar matérias como a segurança nacional e as crenças locais, adiantou Hoi Kam Un, chefe de departamento do referido fundo. A informação foi avançada no âmbito de uma conferência de imprensa do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural, onde foi anunciado que este ano haverá dois planos de financiamento ao sector audiovisual, um para filmagens feitas em Macau, com um orçamento total de 12 milhões, com um limite individual de financiamento de dois milhões, e outro para a divulgação e distribuição dessas obras, com um orçamento de 2,5 milhões de patacas, 250 mil por pessoa. O orçamento global dos dois planos de financiamento é de 14,5 milhões de patacas.

Ao HM, Tracy Choi, uma das mais conhecidas realizadoras da nova geração, desvaloriza o risco de controlo excessivo dos conteúdos audiovisuais apresentados a concurso, por grande parte dos projectos incidirem mais sobre as áreas da cultura e entretenimento e não tanto a política.

“O Governo disse que não vai controlar os conteúdos [submetidos], mas claro que alguns dos projectos podem não estar de acordo [com as regras]. Mais do que a questão da lei [da segurança nacional] em si, penso que não haverá um grande controlo, especialmente porque o fundo permite que empresas de fora concorram ao financiamento e teremos uma maior de conteúdos sobre a área do entretenimento.”

Convites de fora

Leong Wai Man, presidente do IC, referiu ainda que a ideia deste programa de financiamento é atrair realizadores e cineastas do exterior para que possam filmar em Macau, a fim de contribuir para uma maior aprendizagem e assimilação de experiências da parte dos realizadores locais no contacto com as equipas de outros países.

A presidente do IC disse ainda que as indústrias televisiva e cinematográfica são um dos rumos do Governo no que diz respeito ao desenvolvimento do sector cultural.

Tracy Choi considera que os dois planos de financiamento ontem apresentados são positivos para o sector. “O primeiro plano inclui o financiamento para que os realizadores do exterior venham a Macau e usem o território como cenário para as suas filmagens, com as empresas locais a apoiá-los nos projectos. Desse ponto de vista é uma boa oportunidade para os profissionais locais, e a indústria vai obter maior experiência, lidando com diferentes equipas.”

A realizadora destaca também o apoio financeiro para facilitar a distribuição de filmes locais. “Em dez anos começaram a surgir no território muitas produções independentes, mas muitos dos filmes de Macau não podem ser vendidos ou distribuídos noutros países, nem mesmo na China. Por isso penso que este plano de financiamento vai trazer mais oportunidades para as distribuidoras e fazer com que o cinema de Macau seja mais visto noutros locais”, concluiu.

31 Mai 2023

IC | Publicada colecção “Património de Macau 2023”

O Instituto Cultural (IC) acaba de editar a colecção de obras intitulada “Património de Macau 2023”, uma actualização dos conteúdos já editados na colecção “Património de Macau 2021”, tendo em conta o aumento do número dos bens imóveis classificados de Macau nos últimos anos.

Assim, a nova colecção integra a totalidade dos 159 bens imóveis classificados de Macau, entre os quais se incluem 69 monumentos, 53 edifícios de interesse arquitectónico, 12 conjuntos e 25 sítios, com vista a aprofundar e a promover os conhecimentos da população sobre o valor dos bens imóveis classificados de Macau.

Em “Património de Macau 2023”, cada edifício incluído “tem uma introdução sumária sobre a história, as características arquitectónicas e os aspectos mais relevantes de cada item, devidamente ilustrados com belas imagens que reforçam o interesse da leitura”.

Esta colecção de livros surge compilada em quatro volumes independentes, com base nos diferentes tipos de bens imóveis classificados acima referidos. Cada um dos volumes é escrito em chinês e português. A colecção de livros está disponível gratuitamente no edifício sede do IC ou nas bibliotecas públicas do IC.

13 Abr 2023

Exposição / Ruínas | Historiador ganhou 800 mil patacas como consultor

O historiador e membro de vários conselhos consultivos do Governo, Ieng Wen Fat, recebeu 800 mil patacas, por ajuste directo, para apresentar o estudo que esteve na génese “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo”. Apesar da falta de rigor histórico, o IC defende as credenciais do historiador

 

O estudo que esteve na base para a concepção da exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” custou aos cofres públicos 800 mil patacas.

O vencimento foi pago ao historiador Ieng Wen Fat, que é membro do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural, Conselho do Património Cultural e Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais.

Ieng Wen Fat é descrito no website da Universidade de Macau como um académico especialista em arquitectura histórica de Macau, contando no currículo com trabalhos como “Research on Macau Urban Architecture in Ming and Qing Dynasties” e a história da Associação Comercial de Macau.

O historiador foi o escolhido como adjudicatário, por ajuste directo, para prestar “serviços ao Instituto Cultural para o estudo do Colégio de S. Paulo e consultadoria na reconstrução do modelo arquitectónico”. Os prazos de execução e prestação dos serviços decorreram entre Setembro de 2021 e Dezembro de 2022, avançou ontem o jornal All About Macau.

O Instituto Cultural (IC) explica que a adjudicação foi feita tendo em conta “a experiência prática e única” do candidato na matéria relevante, assim como o facto de ser um académico versado na história de Macau, com trabalho publicado sobre a arquitectura do Colégio de S. Paulo e a Antiga Alfândega no Pátio do Amparo.

“Como tal, o professor Ieng Wen Fat é um conhecido e reputado perito e académico de Macau na área da arquitectura histórica”, indicou o IC ao All About Macau.

Foram estas credenciais que valeram ao historiador a adjudicação para fazer um estudo que esteve na base da reconstrução da Igreja da Madre de Deus e que, segundo o IC, não será publicado.

Gota no oceano

A exposição, cuja segunda fase foi inaugurada na semana passada, motivou algumas críticas em relação ao rigor da reconstrução virtual das características históricas da antiga Igreja da Madre de Deus, antes de ter sido destruída por um incêndio. Uma das críticas veio da paróquia de São Lázaro que argumentou na conta de Facebook do IC que o altar reproduzido na simulação jamais poderia estar numa igreja anterior à segunda metade do século XX, pois este só passou a ser uma realidade “depois do Concílio Vaticano II” na década de 1960.

Em declarações ao HM, o IC explicou que a “produção da presente exposição virtual, integrando tecnologias de simulação avançadas, como modelos tridimensionais, autoestereoscopia, realidade virtual e realidade aumentada, reconstrução de imagem de RV, concepção e produção de programas, bem como todos os equipamentos de hardware relacionados com a exposição, teve um custo de cerca de 8,8 milhões de patacas”.

A esta despesa juntou-se a factura relativa aos “trabalhos de montagem e decoração do espaço da exposição”, que “custaram cerca de 1,1 milhões de patacas”.

30 Mar 2023

Realidade virtual | Exposição das Ruínas de S. Paulo custou 9,9 milhões

A produção da mostra “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” custou 8,8 milhões de patacas, enquanto a decoração e montagem do espaço ficou por 1,1 milhões. Quanto ao rigor histórico, o IC espera “aperfeiçoar de forma contínua” a exposição, com o contributo de “pessoas e entidades”

 

A exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” custou aos cofres públicos quase 10 milhões de patacas.

A “produção da presente exposição virtual, integrando tecnologias de simulação avançadas, como modelos tridimensionais, autoestereoscopia, realidade virtual e realidade aumentada, reconstrução de imagem de RV, concepção e produção de programas, bem como todos os equipamentos de hardware relacionados com a exposição, o custo é de cerca de 8,8 milhões de patacas”, revelou o Instituto Cultural (IC) ao HM.

A esta despesa juntou-se a factura relativa aos “trabalhos de montagem e decoração do espaço da exposição”, que “custaram cerca de 1,1 milhões de patacas”.

A exposição, cuja segunda fase é inaugurada hoje, motivou algumas críticas em relação ao rigor da reconstrução virtual das características históricas da antiga Igreja da Madre de Deus, antes de ter sido destruída por um incêndio. Uma das críticas foi da paróquia de São Lázaro que argumentou na conta de Facebook do IC que o altar reproduzido na simulação jamais poderia estar numa igreja anterior à segunda metade do século XX, pois só passou a ser uma realidade “depois do Concílio Vaticano II” na década de 1960.

Fazer o possível

Entre outras incongruências históricas e factuais na reconstrução de edifícios e zona circundante às actuais Ruínas de São Paulo, a falta de fontes de informação e relatos históricos sobre a igreja constituíram desafios reconhecidos pelo IC.

Neste aspecto, a entidade liderada por Deland Leong Wai Man indicou ao HM que entre as fontes consultadas para a exposição constam “materiais e a documentação do Boletim Eclesiástico da Diocese, documentos históricos chineses e estrangeiros, relatórios de escavações arqueológicas do Colégio de S. Paulo, bem como as respectivas pinturas históricas e obras académicas, entre outros dados recolhidos pela equipa de pesquisa”.

Ainda assim, o IC reconhece as dificuldades na reconstrução da “Igreja da Madre de Deus do Colégio de S. Paulo, que desapareceu há cerca de duzentos anos, sendo bastante escassas as fontes históricas e os vestígios físicos que documentam a sua fisionomia original”.

Com informações limitadas e dentro do prazo estabelecido, a equipa de produção tentou “reproduzir, tanto quanto possível, a fisionomia e o ambiente do espaço da Igreja, de forma digital e virtual, tendo em consideração a experiência de visualização do público e o efeito estético da exposição, por meios artísticos de modelação, coloração e composição”.

O resultado foi um produto inacabado, que o Governo pretende que “seja sempre optimizado”, ao mesmo tempo que, para “enriquecer os efeitos visuais e os interesses da exposição digital, permitindo ao público ter uma experiência relativamente intuitiva em relação à imagem da Igreja”, “parte dos pormenores foram ajustados ligeiramente, tendo em conta o equilíbrio entre a realidade e a integridade da mesma”.

Porém, tendo em conta que o conteúdo da exposição é para ser melhorado, o IC “espera que diferentes pessoas e entidades possam apresentar mais opiniões, documentação e sugestões, a fim de aperfeiçoar e optimizar, de forma contínua, o conteúdo da exposição”.

23 Mar 2023

Património | Classificação da Casa Comemorativa Sun Yat Sen equacionada

A possibilidade de classificação do imóvel dota o Governo da RAEM de poderes para expropriar o proprietário, o Governo de Taiwan. Deland Leong, presidente do Instituto Cultural, afirmou que o mecanismo de expropriação nunca foi utilizado

 

O Instituto Cultural (IC) propõe classificar a Casa Comemorativa Sun Yat Sen como imóvel protegido na categoria de monumentos. A novidade foi avançada ontem pela presidente do IC, Deland Leong, e da lista constam mais cinco imóveis, como a Casa da Família Chio, na Travessa da Porta, ou o Antigo Matadouro Municipal, na Rua de São Tiago da Barra.

Com o início do processo de classificações, o Governo fica com poderes, à luz da Lei de Salvaguarda do Património Cultural para expropriar o proprietário, que em Setembro do ano passado era a empresa APHS Serviços de Viagem de Hong Kong, que tem sede em Singapura e é detida a 100 por cento pelo Conselho para os Assuntos do Interior de Taiwan. Como acontece nestes casos, a informação oficial apenas aponta que o edifício é propriedade de um privado.

Com o processo de classificação em andamento, o Governo fica também com o direito de preferência sobre o imóvel, no caso de o proprietário decidir vendê-lo. Isto quer dizer que, no caso de o Governo de Taiwan acordar a venda do edifício a um terceiro, o Governo da RAEM pode adquiri-lo, desde que iguale o preço acordado.

Sobre a possibilidade de haver uma expropriação, Deland Leong afirmou que esse mecanismo nunca foi utilizado. “Nós nunca aplicámos este artigo [da aquisição e expropriação]. Só numa situação muito especial é que podemos aplicá-la”, declarou a presidente. “Quanto aos edifícios, como o da Rua Silva Mendes [Casa Comemorativa Sun Yat Sen] e os outros cinco, já iniciámos os trabalhos de classificação e o tratamento vai ser igual ao do passado”, acrescentou.

Deland Leong explicou igualmente que quando o Governo pretende ficar com um imóvel recorre à compra. “Normalmente aplicamos o artigo 41.º da lei sobre o direito de preferência. De acordo com esta lei é necessário consultar o Governo da RAEM para ver se o direito de preferência é exercido”, apontou.

Venda equacionada

A proposta de classificação do imóvel surge depois de em Setembro passado ter sido noticiado, na imprensa da Ilha Formosa, que o Governo de Taiwan estava a equacionar vender o imóvel, por temer que fosse expropriado.

Na altura, os representantes de Taiwan em Macau enfrentavam dificuldades para renovar os vistos de permanência, por recusarem assinar uma carta de compromisso com o princípio ‘Uma China’. A questão foi, entretanto, ultrapassada.

O imóvel tem cerca de 400 metros quadrados e estará avaliado em cerca de 30 milhões de patacas, de acordo com o jornal Liberty Times, que noticiou a possível venda.

A Casa Comemorativa Sun Yat Sen foi construída em 1912, como residência de Lu Muzhen, primeira mulher do homem conhecido como o “Pai da China Moderna”.

Apesar de Sun se ter divorciado da mulher em 1915, para casar com Soong Ching-ling, uma das três irmãs Soong e mais tarde uma das figuras em destaque no Partido Comunista Chinês, Lu e os filhos permaneceram na residência de Macau. Foi nesta habitação que Lu Muzhen morreu, em Setembro de 1952, então com 85 anos de idade.

Desde 1958 que a casa recebeu o nome Casa Comemorativa Sun Yat Sen, e actualmente está aberta ao público, como museu, tendo em exibição livros, cartas, fotografias e pertences de Sun Yat Sen que mostram o caminho revolucionário para derrubar a Dinastia Qing e estabelecer a República da China.

Matadouro e Casa Chio

Na lista dos seis imóveis a serem classificados, constam ainda a Casa Chio ou o Antigo Matadouro Municipal.
A Casa Chio foi construída em 1875, pelos membros desta família que são descendentes do clã imperial da Dinastia Song (960-1279) e se estabeleceram em Macau há mais de 300 anos. Os membros mais destacados são Zhao Yuanlu e Zhao Yunjing porque obtiveram resultados de destaque nos exames imperais chineses e foram elevados à categoria “Juren”, tendo contribuído para a educação imperial.

Quanto ao Antigo Matadouro Municipal da Barra, foi inicialmente construído em 1873 e reconstruído depois entre 1916 e 1917. Actualmente, faz parte das instalações do Instituto para os Assuntos Municipais. A classificação é justificada com o “testemunho notável de vivências ou de factos históricos” e a “importância do imóvel do ponto de vista da investigação cultural, histórica, social ou científica”.

Na lista de imóveis surge também o Antigo Posto de Saúde de Coloane, construído em 1939 e situado no Largo do Cais, dois conjuntos de antigas moradias para funcionários públicos na Avenida do Coronel Mesquita, erigidas em 1953, e na Estrada de Coelho do Amaral (1950). Em relação a estas moradias foi destacado os elementos mistos da arquitectura portuguesa e chinesa. A consulta pública sobre a classificação dos imóveis decorre até 14 de Maio.

16 Mar 2023

Revista de Cultura | 200 anos do jornal “A Abelha da China” é destaque

O mais recente número da Revista de Cultura, publicação editada pelo Instituto Cultural (IC), é dedicado aos 200 anos do primeiro jornal de língua portuguesa editado em Macau, “A Abelha da China”. No nº 70 da revista podem ler-se vários artigos reunidos pelo académico Duarte Drumond Braga, que foi editor convidado da publicação. O leitor poderá, assim, fazer uma viagem pelos antecedentes, formação, contributo e extinção do jornal entre as datas de 12 de Setembro de 1822 e 27 de Dezembro de 1823.

Este número da Revista de Cultura inclui ainda uma crítica ao livro “A Abelha da China nos Seus 200 Anos: Casos, Personagens e Confrontos na Experiência Liberal de Macau”, lançado no ano passado e coordenado por Duarte Drumond Braga e o jornalista Hugo Pinto, e que conta com contributos de autores como Tereza Sena, Cátia Miriam Costa, Jin Guoping, Jorge Arrimar e Pablo Magalhães. A obra conta com a chancela do Centro Científico e Cultural de Macau em parceria com a Universidade de Macau.

Esta edição da Revista de Cultura aborda ainda a imprensa estrangeira na China ao incluir um artigo sobre o primeiro jornal em língua inglesa na costa da China, “The Canton Register”.

Para assinalar os 400 anos sobre a invasão holandesa a Macau, pode também ler-se um artigo que fornece novas percepções sobre o fracasso da investida em 24 de Junho de 1622. Incluem-se ainda dois trabalhos de pesquisa também no campo historiográfico, nomeadamente o primeiro que examina referências toponímicas e posições geográficas de um pequeno arquipélago a leste de Zhuhai e, o segundo, que estuda as redes de comércio em Malaca na primeira metade do século XVI.

Este ano a Revista de Cultura vai adoptar o processo de revisão por pares, usado no meio académico pelas principais revistas científicas, aceitando ainda a submissão de textos em português, chinês e inglês.

12 Fev 2023

IC | Abertas candidaturas para apoios na área do cinema

O Instituto Cultural (IC) abriu as inscrições para o programa “Macau — O Poder da Imagem”, que tem como objectivo “promover o desenvolvimento da arte cinematográfica, bem como de incentivar os produtores cinematográficos independentes de Macau a produzirem mais filmes locais”.

As inscrições podem ser submetidas no Edifício do Instituto Cultural, na Praça do Tap Siac, até 8 de Março. O IC especifica que os “candidatos devem ser associações locais legalmente constituídas e registadas ou portadores do Bilhete de Identidade de Residente da RAEM com idade igual ou superior a 18 anos”. Em relação às propostas, o IC dividiu-as em três categorias: “Documentário”, “Curta-metragem de ficção” e “Animação”, todas separadas por nível de proficiência (avançado, livre e iniciados).

O júri irá seleccionar até 14 projectos e oferecer um montante total até 1,32 milhões de patacas para produção, com um valor máximo de 280 mil patacas para algumas entidades produtoras, dependendo da categoria e do grupo.
Além disso, os projectos seleccionados vão poder contar com aconselhamento individual.

Desde a sua primeira edição, em 2007, o programa Macau — O Poder da Imagem” apoiou a produção de cerca de 150 obras, “muitas foram ainda exibidas ao público, nos festivais de cinema de Macau e do exterior”, indica o IC. O formulário de inscrição ao programa pode ser descarregado no portal do IC.

16 Jan 2023

CCAC | IC e Obras Públicas acusados de falhas de supervisão

O Comissariado contra a Corrupção considera que o Instituto Cultural e as Obras Públicas falharam na protecção do Restaurante Lok Kok, um dos edifícios mais emblemáticos da Rua Cinco de Outubro. Apesar de o imóvel ter sido demolido, concluiu-se que os actuais mecanismos de supervisão respondem às necessidades

 

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) considera que o Instituto Cultural (IC) e a anterior Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) falharam nas suas obrigações ao permitirem que a fachada do Restaurante Lok Kok fosse demolida de forma ilegal. A conclusão faz parte de um relatório do CCAC, apresentado na semana passada, que apesar de apontar várias “falhas”, nega a existência de crimes e considera que os mecanismos de supervisão actuais respondem às necessidades.

Segundo o comunicado do CCAC, desde 1991 que “todos” os proprietários do imóvel falharam no cumprimento dos “deveres atribuídos pela legislação de salvaguarda do património cultural”. Terá sido por este motivo que o emblemático edifício da Rua Cinco de Outubro ficou numa “situação grave” e num “mau estado de conservação”, ficando praticamente abandonado. Umas das consequências foi a destruição da fachada, em 2014, que as autoridades entendem ter acontecido de uma forma que não foi natural e ilegal.

O “desaparecimento” da fachada foi especialmente importante, porque serviu para justificar a perda do valor arquitectónico do edifício e a demolição completa.

Ao mesmo tempo que os proprietários negligenciavam o imóvel, o mesmo acontecia com o IC, que segundo o CCAC, em vez de instaurar um processo para proteger o edifício, manteve uma postura passiva.

“Não se viu que o mesmo serviço (IC) tenha cumprido, de forma independente e autónoma, o disposto no regime jurídico de salvaguarda do património cultural vigente da altura, não tendo o mesmo instaurado, de forma independente, um processo relativo à protecção e preservação do Restaurante Lok Kok”, acusou o CCAC. “Este comportamento passivo da altura coloca indubitavelmente em causa o nível de empenho e a rigorosidade do cumprimento do regime jurídico de salvaguarda do património cultural por parte daquele serviço”, acrescentou no relatório.

A investigação concluiu também que com a actual lei de Salvaguarda do Património Cultural, o IC devia ter imposto imediatamente uma sanção administrativa ao proprietário, devido à não conservação do edifício. Entretanto, o processo prescreveu.

Tudo mal, tudo legal

Apesar de criticar o IC, o CCAC nega que tenha existido qualquer crime no processo de demolição do que restava do edifício, após a queda da fachada. Segundo a lei de salvaguarda do património, qualquer “demolição de edifícios de interesse arquitectónico deve ser precedida de um trâmite conhecido como ‘trilogia’ de procedimento”. Esta trilogia inclui o parecer do IC, a auscultação do Conselho do Património Cultural e despacho do Chefe do Executivo.

No entanto, este procedimento não foi seguido no âmbito das obras de demolição. E bem, para o CCAC, uma vez que do edifício já tinha sido arrancada a fachada, o elemento com maior valor digno de protecção:

“Uma vez que foi reconhecido que as obras de demolição e remoção solicitadas pelo proprietário envolviam apenas os restantes componentes residuais após o desabamento total da fachada, considerou-se não ser necessário iniciar o referido procedimento de ‘trilogia’”, foi explicado. “O CCAC considera que é compreensível a referida decisão do IC e que não se verificou qualquer ilegalidade ou irregularidade administrativa no processo acima referido”, foi apontado.

Também a DSSOPT é alvo de críticas: “Após a entrada em vigor da nova Lei de Salvaguarda do Património Cultural, não se verificou que os serviços de obras públicas tivessem cumprido efectivamente os seus poderes específicos e o poder sancionatório administrativo inerentes à demolição ilegal do bem imóvel classificado do Restaurante Lok Kok, nem que tivessem cumprido o dever de denúncia”, foi apontado pelo CCAC.

O organismo liderado por Chan Tsz King entende assim que “no trabalho de salvaguarda do património cultural do Restaurante Lok Kok, a então DSSOPT actuou de forma relativamente passiva e negativa quanto à implementação da nova Lei de Salvaguarda do Património Cultural”.

Recorde-se que dois dos últimos dirigentes da DSSOPT, Jaime Carion e Li Canfeng, estão actualmente a ser julgados num mega processo de corrupção que envolve vários empresários ligados à construção civil.

28 Dez 2022

Instituto Cultural reforça compromisso com preservação do património

Em resposta a uma interpelação assinada por Wong Kit Cheng, o Instituto Cultural sublinhou o seu empenho na defesa do património e edifícios históricos.

A deputada pediu explicações sobre danos verificados numa lista longa de edifícios e estruturas que são património classificado, incluindo o Templo de A-Má, a Casa de Lou Kau, Ruínas de São Paulo, muralhas antigas no Templo de Na Tcha e na Estrada de S. Francisco, Restaurante Lok Kok, o Covento da Colina da Ilha Verde e alguns edifícios degradados no Bairro de São Lázaro, como o localizado no nº29 de Rua de S. Miguel.

Destes, a presidente do IC, Leong Wai Man, apenas endereçou o prédio do Bairro de São Lázaro e a Colina da Ilha Verde. Porém, garantiu que a Lei de Salvaguarda do Património Cultural apetrechou o Governo de mecanismos para colmatar qualquer eventual falta de manutenção e reparação de um edifício classificado. Nesses casos, “o IC notifica o seu proprietário para tomar as acções necessárias de reparação”.

Se a realidade a isso obrigar, o IC pode prestar assistência técnica e apoio ao proprietário. Se as notificações e exigências do IC forem sucessivamente ignoradas, o proprietário pode ser obrigado a obedecer por intermédio de ordem judicial. Aliás, foi o que se verificou no exemplo citado por Leong Wai Man em relação ao edifício degradado no Bairro de São Lázaro.

“No ano passado, no caso da construção privada sita na Rua de S. Miguel n.º 29, em Macau, o IC tomou a iniciativa de apresentar um requerimento ao tribunal e obteve aprovação de acesso ao interior do edifício para proceder à inspecção e monitorização de segurança. Confirmada a insegurança do edifício, o IC aplicou as reparações obrigatórias”, indicou o IC.

Um centro, muitas monitorizações

O Convento da Colina da Ilha Verde foi o outro exemplo de intervenção apresentado à deputada Wong Kit Cheng. Porém, o facto de a Colina da Ilha Verde “estar sujeita a ocupação ilegal e ao estado de procedimento judiciário, fez com que as actividades de protecção fossem afectadas”, é assumido pelo IC.

Apesar de ainda não ter entrado em funcionamento, a deputada ligada à Associação Geral das Mulheres perguntou se o Governo tem planos para alargar a intervenção do Centro de Monitorização do Património Mundial de Macau.

O organismo, que começa a operar até ao final deste ano, irá monitorizar, “em primeiro lugar, 22 construções classificadas como património mundial e oito largos e praças, de acordo com os requisitos internacionais de refinamento de protecção do património mundial. Após o funcionamento formal do centro, o IC irá proceder à análise e investigação mais pormenorizada sobre a viabilidade de alargamento gradual dos destinatários de preservação”, é apontado pelo IC.

24 Out 2022

IC | Apoio financeiro para proprietários de edifícios históricos em 2023

No próximo ano, o Instituto Cultural e o Fundo de Desenvolvimento da Cultura Lançado vão lançar apoios financeiros para assegurar a manutenção de edifícios com valor histórico

 

O Instituto Cultural (IC) indicou que no próximo ano vai lançar o Programa de Apoio Financeiro para a Manutenção de Edifícios Históricos. A intenção foi assumida na resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

O objectivo do programa, cujo futuro orçamento não foi revelado, passa por auxiliar os proprietários de imóveis com valor histórico a assegurarem a manutenção e conservação. “Actualmente, o IC e o FDC [Fundo de Desenvolvimento da Cultura] estão a acelerar os preparativos para o lançamento do Programa de Apoio Financeiro para a Manutenção de Edifícios Históricos no próximo ano”, foi revelado. “Acredita-se que, com o apoio e a promoção de novas políticas no futuro, será aumentado o interesse dos proprietários na conservação e reparação, contribuindo para uma melhor e atempada protecção dos bens imóveis classificados privados”, foi acrescentado.

Na resposta, o IC também destaca que a responsabilidade de garantir a manutenção destes edifícios passa pelos proprietários, e que por isso realiza supervisões regulares a vários locais.

Evitar danos

Sobre as medidas de prevenção para impedir a danificação de bens classificados, o Instituto Cultural, na resposta assinada por Cheong Lai San como presidente substituta, afirma que foram colocados sinais a advertir contra danos.

“O IC já instalou avisos nos 22 principais sítios de património mundial classificados no âmbito do Centro Histórico de Macau, para além da criação do mecanismo de comunicação e coordenação com as autoridades de polícia, no intuito de aplicar rigorosamente a lei sobre os actos de destruição de relíquias culturais”, foi justificado. A cooperação com as autoridades policias é vista como essencial para alcançar “os efeitos de advertência e dissuasão”.

Por outro lado, para promover a “salvaguarda do património cultural” o IC tem vindo “a criar postos móveis de divulgação em bairros comunitários” e a colocar anúncios “na televisão, rádio, meios de transporte público, arruamentos, periódicos e revistas turísticos”. Este é um caminho que o IC se compromete a seguir para promover “ainda mais a divulgação e sensibilização dos visitantes sobre o património cultural e da preservação correcta”.

10 Out 2022

Bienal de Veneza | MAM recebe propostas de arquitectos para exposição

O Instituto Cultural aceita, até ao dia 20, propostas de arquitectos para uma exposição a propósito da Bienal de Arquitectura de Veneza, sendo que a peça vencedora será exposta na cidade italiana em Maio do próximo ano, em representação da RAEM

 

Está aberto o concurso para propostas de projectos de arquitectura para a “18ª Exposição Internacional de Arquitectura La Biennale di Venezia – Evento Colateral de Macau, China”. Até ao dia 20 decorre o concurso, promovido pelo Instituto Cultural (IC) e Museu de Arte de Macau (MAM), com o apoio da Associação dos Arquitectos de Macau (AAM). As propostas serão depois seleccionadas e expostas em Macau, mas a peça vencedora será exibida em Veneza, Itália, em Maio do próximo ano, aquando da Bienal de Arquitectura de Veneza, representando a RAEM.

Segundo um comunicado, pretende-se “incentivar o talento arquitectónico em Macau a fazer inovações de sucesso e aumentar o intercâmbio entre a indústria em Macau e os seus pares internacionais”.

A equipa participante deve ter, pelo menos, dois membros, sendo que um deve ser o curador, além de que pelo menos um dos membros deve ter um bacharelato em arquitectura ou uma formação superior nesta área. Todos os membros da equipa, à excepção do curador, devem ser residentes permanentes.

Os projectos a concurso concorrem para os Prémios de Ouro, de Prata e de Bronze, existindo ainda dois vencedores para o Prémio de Louvor. Os resultados serão conhecidos em Outubro e o projecto que obtiver o Prémio de Ouro participa na 18.ª Exposição Internacional de Arquitectura La Biennale di Venezia – Evento Colateral de Macau, China” e ganha um prémio de 20 mil patacas.

Os regulamentos e formulário de inscrição do convite aberto podem ser consultados ou descarregados no sítio web do MAM em www.mam.gov.mo Informações adicionais podem ser pedidas através do email events@aam.archi ou do telefone 2870 3458.

História de uma bienal

Criada em 1980, a Bienal de Arquitectura de Veneza tornou-se “no maior e mais influente evento no panorama da arquitectura mundial, proporcionando a vários países em todo o mundo uma importante plataforma de comunicação para o intercâmbio arquitectónico e cultural”.

O tema da edição do próximo ano é “O Laboratório do Futuro”, uma ideia desenvolvida pelo curador-chefe da Bienal, Lesley Lokko. Desta forma, a próxima edição da Bienal é encarada como um laboratório, “inspirando os visitantes a conceber o futuro através de casos de prática arquitectónica moderna”.

Macau participa na Bienal desde 2014, sempre com a colaboração de profissionais da área da arquitectura sediados no território. Pretende-se “enriquecer a experiência de talentos arquitectónicos locais na participação de eventos internacionais e na elevação do interesse das pessoas pela arquitectura”.

Como exemplo, o território fez-se representar em Veneza, no ano passado, com o projecto de quatro arquitectos locais, Ho Ting Fong, Che Chi Hong, Lao Man Si e Chan Ka Tat, com a curadoria a cargo do arquitecto Carlos Marreiros. A Bienal, que tinha como tema “Como iremos viver juntos? recebeu o pavilhão Macau-China com “quatro obras de diferentes estilos” sob a temática “Interligações – Vida Transfronteiriça na Grande Baía”. A ideia do projecto era “traçar o panorama urbano da futura cidade de Macau e reflectir sobre a simbiose e os desafios decorrentes da profunda integração da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

1 Set 2022

IC | Casa da Literatura abre até finais de Setembro para promover leitura

Além do projecto para incentivar a leitura, o Instituto Cultural apresentou ao Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural um plano de revitalização e ocupação das 10 vivendas de Mong Há, onde se esperam mais actividades culturais e de restauração

 

Um novo espaço para promover a literatura de Macau em língua portuguesa e chinesa, fazer exposições, organizar eventos de intercâmbio e incentivar a população a ler mais. Foi desta forma que a presidente do Instituto Cultural, Deland Leong, apresentou ontem a Casa da Literatura, edifício que vai abrir até ao final de Setembro, na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida.

“Vai ser um espaço sobre a história do desenvolvimento das obras literárias de Macau, quer em língua chinesa, quer em língua portuguesa, que terá apresentações sobre escritores famosos. Vamos ter livros, revistas sobre a literatura local e colectâneas de obras literárias”, revelou ontem Deland Leong. O projecto foi apresentado durante a reunião plenária do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural.

“No segundo andar do edifício haverá uma sala diferente, para actividades relacionadas com a literatura de Macau, como o lançamento de livros novos, realização de palestras literárias, entre outras. Queremos que seja um espaço para a promoção da literatura”, vincou a responsável.

As dez vivendas

Ainda no plano de actividades do Instituto Cultural para este ano foi apresentado um projecto experimental para a ocupação de 10 vivendas de Mong Há, onde vão ser desenvolvidas actividades culturais, mas também de restauração, como forma de revitalização da zona.

“Em três destas vivendas esperamos ter elementos artísticos e culturais, como exposições e outras actividades e ainda espaços para as famílias. Nas restantes sete vivendas, cabe aos requerentes apresentar propostas, podem ter elementos comerciais, por exemplo restaurantes, cafés, e ainda venda de produtos”, justificou a presidente do IC.

Sobre o desenvolvimento das indústrias culturais no local, Leong admitiu que podem surgir dificuldades e que serão atribuídos subsídios aos projectos escolhidos. “Esperamos através da atribuição de apoios atrair o sector cultural para participar na exploração das vivendas. Ainda estamos a finalizar este projecto, mas na fase inicial vamos conceder apoio financeiro para o sector preparar a exploração das vivendas”, admitiu.

A atribuição das vivendas será feita através de concurso público. A presidente do IC garantiu que os pormenores vão ser revelados mais tarde.

Mais independência

Apesar da promessa de apoios ao sector cultural, Deland Leong deixou uma mensagem para o futuro e avisou que a indústria vai ter de se tornar independente e crescer de forma sustentável.

“Na sessão de hoje, os membros sugeriram que, neste momento relativamente mais difícil para o sector cultural, as empresas têm de ser mais criativas, mais inovadoras e pensar em planos para sobreviver”, adiantou Leong. “Achamos que se dependerem das suas ideias e negócios essa será uma forma sustentável de desenvolvimento, não podem estar sempre a depender do apoio financeiro do Governo”, alertou. “Esperamos que nos próximos 5 ou 10 anos consigamos constituir uma empresa cultural real”, vincou.

A mesma posição foi vincada por Ieong Weng Fat, membro do concelho. “Nesta altura mais difícil em que não há turistas, as empresas culturais têm mais tempo para reflectir sobre o futuro. Têm de pensar porque esta indústria não pode depender sempre dos apoios do Governo. No futuro vai ter de depender das suas ideias”, argumentou.

15 Jun 2022

Património | IC não apresentou queixa-crime por destruição de muralha

A destruição de património classificado, como a muralha antiga da cidade, pode constituir crime de dano qualificado, mas tanto o Ministério Público como o Instituto Cultural não procederam ao apuramento de responsabilidades criminais. Por sua vez, a Polícia Judiciária afirmou que não podia responder sobre o assunto

 

O Instituto Cultural (IC) admitiu não ter contactado o Ministério Público (MP) para o apuramento de responsabilidades criminais face à destruição da muralha antiga da cidade, um elemento classificado como património cultural. Ontem, no final do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural, Deland Leong, presidente do IC, considerou que a prioridade é garantir a segurança dos residentes da zona afectada e aguardar por um relatório da Direcção de Serviços das Obras Públicas.

“Sobre a protecção da muralha, o IC tem um papel tutelar. Em relação às obras, exigimos que a muralha fosse protegida, além da protecção da paisagem e de outros aspectos. Emitimos um parecer que tem de ser respeitado durante as obras”, começou por esclarecer a responsável do IC. “Temos de aguardar o resultado da investigação das Obras Públicas [sobre o incidente]. Só depois podemos saber a quem cabe a responsabilidade e o motivo que levou ao desabamento da muralha”, acrescentou.

Segundo Deland Leong, o eventual apuramento de responsabilidades criminais “é um trabalho de segunda fase”, que só será ponderado depois da investigação das Obras Públicas. “Não estamos a negligenciar o problema, mas o importante é garantir a segurança dos residentes da zona. E agora a investigação está a ser feita pelos Serviços de Obras Públicas”, garantiu.

Segundo o Código Penal da RAEM, “quem destruir, no todo ou em parte, danificar, desfigurar ou tornar não utilizável coisa pertinente ao património cultural e legalmente classificada” comete o crime de dano qualificado e pode ser punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias. A pena pode ser gravada para entre 2 a 10 anos de prisão.

Sem investigação

Face à destruição do património classificado, o HM contactou o MP para saber se tinha sido aberta uma investigação sobre o caso. Na resposta, através de correio electrónico, o cenário foi negado: “Até este momento, o Ministério Público não autuou uma investigação em relação ao assunto”.

Por sua vez, a PJ afirmou que não poderia fornecer uma resposta ontem sobre a abertura de uma investigação, depois das questões terem sido colocadas na segunda-feira.

Responsabilidades criminais à parte, Deland Leong afirmou que as obras de recuperação da muralha só deverão começar depois de serem concluídos os trabalhos actuais de consolidação das terras no local. Leong mostrou-se ainda muito confiante com a recuperação e afirmou que anteriormente houve um levantamento profundo da muralha, que permite um restauro fiel ao original.

Solo em fuga

O deslizamento de terras que destruiu um troço das Antigas Muralhas da cidade aconteceu na quinta-feira, num estaleiro de construção privado situado na Estrada de São Francisco. Nessa altura decorriam, pelo menos, duas obras nas imediações das muralhas. O deslizamento de terras afectou ainda os moradores do Edifício Ka On Kok, com detritos a entrar em algumas fracções.

De acordo com as declarações da presidente do IC, após o deslizamento, o troço afectado tem um comprimento de 18 metros e abrange zonas de granito e muros de chunambo.

15 Jun 2022

IC | Lançada exposição online sobre canhões antigos 

O Instituto Cultural (IC) acaba de lançar a “exposição online de canhões antigos”, uma plataforma digital que exibe o modelo em três dimensões dos quatro canhões antigos que foram encontrados em estaleiros de construção nas zonas do Porto Interior e Cotai.

Neste momento estes canhões estão sob protecção e gestão do Museu de Macau, sendo sujeitos a um trabalho de análise e restauro desenvolvido pelo Instituto de Investigação Social e Cultural e ao Laboratório de Conservação do Património da Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.

O público poderá ver esta exposição no site do Museu de Macau, uma vez que, nesta fase, “os canhões não estão em condições de serem fisicamente expostos”, devido “ao grau avançado de deterioração, em consequência do longo período em que estiveram enterrados”. Prevê-se que o trabalho de restauro dure vários anos, aponta o IC em comunicado.

A descoberta dos quatro canhões antigos veio “enriquecer a variedade de canhões antigos existente em Macau”, além de dar uma “noção mais completa sobre a disposição de canhões no território durante a era moderna”. Para o IC, trata-se de mais uma prova viva do “papel marítimo da área marítima da Taipa e Coloane enquanto um importante ponto da rota comercial entre a China e o Ocidente e um local de atracagem e reparação das embarcações vindas do estrangeiro”. O IC descreve ainda esta descoberta como “fundamental enquanto referência histórica para mais investigações sobre o passado militar do território”, bem como da defesa costeira e comercial.

A exposição pode ser vista no website: www.macaumuseum.gov.mo/oldCannons/index.html

6 Jun 2022

IC | Macau celebra património cultural e natural da China a 11 e 12 de Junho

O Jardim da Fortaleza do Monte e o Museu de Macau recebem no fim-de-semana de 11 e 12 de Junho o Carnaval do Dia do Património Cultural e Natural da China. O cartaz inclui visitas guiadas, workshops, danças e palestras com o intuito de reforçar a consciência social para a importância de preservar o património cultural e natural. As inscrições para as várias actividade abrem hoje

 

Animação, cultura e divertimento para toda a família resumem o que se pode esperar do Carnaval do Dia do Património Cultural e Natural da China, o evento de dois dias marcado para o fim-de-semana de 11 e 12 de Junho, com epicentro no Jardim da Fortaleza do Monte e no Museu de Macau, mas também com actividades noutros locais, como a Casa do Mandarim.

O calendário das festividades inclui bancas de jogos, demonstrações de confecção de biscoitos de amêndoa e doces de barba de dragão. No capítulo das artes performativas, serão apresentadas “actuações de dança do leão, dança folclórica portuguesa, bem como artes marciais de Wing Chun, artes marciais de Tai Chi Chuan e Artes Marciais de Choi Lei Fat”.

O teatro também irá sair à rua, com a apresentação de “Histórias de Património Cultural Intangível – Vendilhões”, uma peça “móvel” que retrata a cultura comercial e mercantil dos velhos bairros de Macau, misturando a tradição de contar histórias, marionetas e o espírito dos velhos teatros ambulantes.

No plano histórico, o Instituto Cultural irá organizar uma “Visita Guiada à Fortaleza do Monte” para contar o mítico episódio do tiro de canhão, disparado da fortificação, que acabou com a invasão holandesa do território há exactamente 500 anos.

Num tom menos bélico, está previsto um workshop sobre técnicas básicas de decalque e outro onde os participantes serão desafiados a pintar cartões-postais a aguarela.

Festa itinerante

Nos dois dias de celebração do património chinês, a partir das 15h, a Casa do Mandarim recebe o “Workshop de Pintura em Porcelana”, em que o ponto de partida é a exploração das características do próprio local e a forma como está adornado.

A caligrafia chinesa também estará em destaque. No dia 12 de Junho, a partir das 15h, o Auditório do Museu de Macau acolhe o seminário “Curiosidades sobre os Caracteres Chineses”, apresentado por Chong Chon Fai, responsável pela Casa da Cultura da China na Escola Secundária Pui Ching de Macau. A tarde será dedicada à “estrutura, origem e evolução dos caracteres chineses, dando a conhecer algumas histórias curiosas, demonstrando o valor e interesse dos caracteres chineses e a beleza na sua criação”.

O evento organizado pelo Instituto Cultural (IC) insere-se no “Dia do Património Cultural e Natural”, celebrado, de acordo com directivas do Conselho de Estado da República Popular da China, no segundo sábado de Junho desde 2006. A efeméride tem como objectivo “reforçar a consciência social sobre a importância do património cultural e natural e a sua preservação”.

Apesar de as actuações teatrais, visitas guiadas, workshops e seminário requererem inscrição obrigatória, devido ao número limitado de vagas, todas as actividades são gratuitas. Os interessados podem inscrever-se a partir de hoje, no site do IC, na secção “Sistema de Inscrição em Actividades”.

25 Mai 2022

IC | Livro de Sulu Sou recusado em evento “Troca de Livros”

Um leitor tentou participar no evento “Troca de Livros” com uma obra escrita por Sulu Sou, mas foi impedido por lhe terem dito que não se aceitam livros que envolvam “política”. O IC confirma a recusa, mas justifica que estava riscado e que contraria o regulamento da iniciativa

 

Um residente tentou participar na actividade Troca de Livros, promovida pelo Instituto Cultural, com uma obra escrita pelo ex-deputado e candidato excluído das eleições, Sulu Sou. Contudo, foi impedido de entregar um dos livros, de acordo com um artigo publicado pelo portal All About Macau.

Segundo a publicação, o residente que preferiu manter-se anónimo, utilizando apenas o nome fictício Logos, contou que no passado participou várias vezes nesta actividade. A troca de livros permite que os leitores entreguem os seus livros à organização, que classifica os mesmos de acordo com um montante monetário. Consoante o valor entregue, o leitor pode levantar outros livros dentro dos mesmos parâmetros.

No entanto, este ano, quando tentou fazer a entrega na Biblioteca Sir Robert Ho Tung, um dos livros foi recusado com uma justificação diferente da habitual. Em causa, está a publicação de Sulu Sou com o título: “Dia e Noite de 30 de Junho: Recordações de um Movimento Social em Macau”. Ao longo das páginas, o ex-deputado aborda uma das manifestações de 2013, em que foi pedida a demissão da ex-secretária para a Administração e Justiça Florinda Chan.

Ao indivíduo de nome Logos foi explicado, por uma funcionária da biblioteca, que o livro de Sulu Sou não podia ser aceite porque a iniciativa não recebia escritos que “envolvessem política” e ainda por estar “autografado pelo autor”.

Recusas normais

Segundo o residente, as recusas de livros são frequentes, mas por motivos que se prendem com o estado de conservação. Logos reconheceu que teve outro livro recusado, da autora Sanmao, e que aceitou como naturalidade, face ao argumento de que tal se devia “ao estado de conservação”. No entanto, a recusa do livro do ex-deputado foi diferente, por ter sido utilizado um argumento político.

Após a denúncia, o All About Macau contactou o Instituto Cultural sobre o incidente, que confirmou a recusa, sem mencionar motivos políticos. Segundo a resposta, o programa da iniciativa impede a troca de livros “didácticos, cadernos de exercícios, manuais escolares, revistas, publicações pornográficas, publicações religiosas, banda desenhada, livros sobre tecnologia de informação e publicações periódicas com mais de um ano”, além de “livros turísticos publicados antes de 2020, materiais audiovisuais, publicidade e qualquer publicação que viole direitos de autor”.

Ainda de acordo com a explicação do IC, os “livros danificados ou sujos, colecções incompletas e livros com inscrições no seu interior” também são recusados. Por isso, segundo o organizador, o livro de Sulu Sou, apresentado pelo residente, não cumpriu os requisitos mencionados e foi recusado.

22 Abr 2022

Livros | Wang Suoying diz ter aprendido com tradução de relatos de missionários 

Wang Suoying traduziu, há 23 anos, os primeiros relatos de missionários portugueses na China sobre a dinastia Ming. A obra “Antologia dos Viajantes Portugueses” volta agora a ser reeditada, com correcções, e a reputada académica confessa que aprendeu coisas sobre o período da dinastia Ming que desconhecia

 

Uma das grandes responsáveis pela dinamização do ensino do chinês em Portugal, incluindo a elaboração de manuais, foi convidada pelo Instituto Cultural (IC) para rever, 23 anos depois, a sua tradução dos primeiros relatos feitos por missionários portugueses dos hábitos e costumes da China no período da dinastia Ming.

Ao HM, Wang Suoying considera que esta reedição “é importante para a compreensão mútua entre os povos chinês e português, que se relacionam há cinco séculos com Macau a servir como ponto de partida e motivo de contacto permanente”.

A “Antologia dos Viajantes Portugueses na China” inclui textos de autores bem conhecidos como São Francisco Xavier, Melchior Carneiro Leitão ou Gaspar da Cruz, incluindo excertos da “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto. Para Wang Suoying, este foi o texto mais desafiante em termos de tradução.

“Os textos incluídos no livro descrevem o que os viajantes portugueses viram, sentiram e experimentaram na China. A versão chinesa é importante pois ajuda os leitores chineses a perceber qual era a imagem da dinastia Ming aos olhos dos portugueses e qual era a imagem da dinastia Ming na altura, uma vez que a descrição pormenorizada dos viajantes portugueses revela muitas novidades sobre a sociedade e os hábitos [da sociedade à época] que os chineses contemporâneos desconhecem”, contou a tradutora.

Nesta antologia há também relatos da imagem da sociedade portuguesa na altura em comparação com a sociedade chinesa. De frisar que foi durante a dinastia Ming, que governou a China de 1368 a 1644, que Portugal obteve o reconhecimento formal, em 1557, da base comercial portuguesa estabelecida em Macau.

Nova edição

Wang Suoying relata que “aos olhos dos viajantes portugueses esta dinastia era o mundo ideal”. “Os autores falam muito bem dela, de como eram ajudados os pobres, como as pessoas trabalhavam, como funcionava o sistema de justiça, sem corrupção. E também descreveram alguns pormenores que eu própria não conhecia”, acrescentou.

A académica descreve um deles, sobre quando as pessoas avisavam na rua que iam mudar de casa, batendo numa espécie de bacia e avisando os outros para pagarem as suas dívidas antes da mudança. “Achei isso muito engraçado, não conhecia. Mas há hábitos descritos que são iguais aos de hoje, como celebrar os aniversários, convidar as pessoas, comer em conjunto. Acho que o livro é muito interessante.”

A tradutora confessa ter “aprendido muito” com este trabalho. “Há 23 anos a minha competência como tradutora era diferente, e alguns termos foram corrigidos. Foram dois meses de um trabalho muito intenso, de comparação entre o português e o chinês. A tradução, quando tem erros, só podem ser corrigidos aquando de uma nova edição. Se tiver tempo gostaria de fazer uma nova edição, mais pormenorizada”, frisou. Wang Suoying foi ontem jubilada numa cerimónia da Universidade de Aveiro. Apesar de reformada oficialmente desde o dia 28 de Dezembro, a académica diz-se disponível para continuar a trabalhar.

22 Fev 2022