IC | Deland Leong realça existência de linhas vermelhas intoleráveis

Após ter censurado nudez, linguagem obscena e conteúdos transexuais, a presidente do IC diz que não há temas proibidos na programação da agenda cultural da cidade. Quanto aos pedidos de guiões para aprovação prévia, foram justificados com segurança e ordem públicas

 

Depois de ter adaptado conteúdos artísticos e cancelado espectáculos devido a nudez, linguagem obscena e conteúdos transexuais, a presidente do Instituto Cultural (IC) negou que haja temas proibidos na agenda cultural do território. As declarações foram prestadas por Deland Leong Wai Man, à margem do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, organizado pelo IC. “Penso que esses temas [com nudez, linguagem obscena e conteúdos transexuais] foram abordados anteriormente em espectáculos e não houve problema”, começou por dizer Deland Leong, citada pelo Canal Macau da TDM.

A responsável admitiu ainda existirem linhas vermelhas nos eventos organizados pelo IC, que justificam que o organismo solicite antecipadamente os guiões dos espectáculos realizados no território e organizados pelo IC. “A nossa linha vermelha está, talvez, traçada em conteúdos que ameaçam a segurança da sociedade no seu todo ou a ordem pública”, acrescentou, sem mais detalhes.

Por explicar ficou igualmente o facto de o IC ter obrigado o cancelamento de um espectáculo com linguagem obscena e conteúdos transexuais que tinha sido autorizado no Interior.
Nas declarações de sexta-feira, Leong Wau Man respondeu também à preocupação mostrada por Miguel de Senna Fernandes, um dos fundadores do grupo de patuá Dóci Papiaçám, sobre o facto de o guião da sua mais recente peça incluída no cartaz do Festival de Artes de Macau ter sido pedido de antemão, o que aconteceu pela primeira vez. “Por exemplo, no teatro dos Dóci Papiaçám, o sarcasmo é um dos elementos habituais presentes no conteúdo. Por isso, vamos aceitá-lo”, concedeu. “Seleccionámos qualquer tipo de projecto, quer seja para o Festival de Artes de Macau, o Festiva Fringe ou festivais de cinema, mas precisamos de conhecer o guião e o conteúdo do espectáculos”, justificou.

Cancelamentos e alterações

Em Janeiro, o espectáculo Made By Beauty foi cancelado pelo IC do Festival Fringe devido a cenas de nudez, ao contrário do que aconteceu no Interior, onde o espectáculo foi permitido. Antes deste cancelamento, tinha havido um outro, de uma peça relacionada com suicídio. “The Morning As Usual” era um projecto da associação Artistry of Wind Box Community Development Association [Associação de Desenvolvimento das Artes Comunitárias Windy Box] e durante dois dias devia ter levado a plateia a pensar sobre a questão do suicídio, um dos principais problemas sociais do território. A peça acabou cancelada devido à polémica do tema.

No mês passado, em declarações ao HM, também o coreógrafo Victor Hugo Pontes admitiu que o espectáculo de dança contemporânea “Os Três Irmãos”, que vai ser exibido no Festival de Artes, foi adaptado para corresponder às exigências do IC para esconder cenas de nudez.

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