Crime | Prisão preventiva para tailandês suspeito de violação

[dropcap]U[/dropcap]m homem, de nacionalidade tailandesa, foi colocado em prisão preventiva por suspeita de violação.

Em comunicado, divulgado ontem, o Ministério Público (MP) indica que a medida de coacção mais grave – proposta pelo MP e aceite pelo juiz de Instrução Criminal – foi aplicada dada a “a natureza e a gravidade do crime que, em particular, ameaça a tranquilidade pública” e “no intuito de impedir o possível perigo de fuga”.

A violação é punível com pena de prisão de prisão de 3 a 12 anos.

Burla| Número de queixas sobre imobiliária sobe para 51

[dropcap]S[/dropcap]ubiu para 51 o número de queixas relativas à alegada burla em empréstimos concedidos a uma agência imobiliária detida pela empresária Isabel Chiang. Do total de queixas, 49 foram apresentadas por residentes de Macau, enquanto as restantes duas por indivíduos de Hong Kong e da China, de acordo com dados actualizados, divulgados ontem pela Polícia Judiciária (PJ).

Os queixosos terão sido lesados no valor global de 270 milhões de dólares de Hong Kong, com os prejuízos individuais a oscilarem entre 4 e 60 milhões de dólares de Hong Kong.

O caso estalou depois de o empresário e membro do Conselho Executivo Chan Meng Kam ter dito que foi enganado após ter concedido um empréstimo de 96 milhões à imobiliária ligada ao bairro criativo localizado perto da Rua dos Ervanários. O antigo deputado não terá, no entanto, apresentado queixa junto das autoridades.

Gás pimenta | PSP equaciona usar outras medidas no futuro

[dropcap]L[/dropcap]eong Man Cheong, comandante-geral da Polícia de Segurança Pública (PSP), disse ontem que as autoridades poderão vir a recorrer a outros meios de combate ao crime além do gás pimenta.

“A polícia vai equacionar introduzir outros meios de dissuasão além do gás pimenta, caso seja necessário no futuro”, apontou o responsável à margem da inauguração do posto de comissariado da Praia Grande e centro de apoio a turistas.

Leong Man Cheong assegurou que cerca de dois mil polícias já receberam formação para usar o gás pimenta.

Coronel Mesquita | Casas abertas para celebração dos 20 anos da RAEM

As casas da Avenida Coronel Mesquita que estão sob a alçada do Instituto Cultural (IC), vão estar este ano abertas ao público para comemorar o vigésimo aniversário da transferência de soberania, apontou ontem o presidente do IC. No entanto, a responsável não adiantou datas para o efeito e ainda não se sabe se a cedência destes espaços vai ser concedida a associações ou a particulares

 

[dropcap]A[/dropcap]s casas de arquitectura portuguesa que serviram de residência a funcionários públicos na altura da administração portuguesa, situadas na Avenida Coronel Mesquita, vão estar abertas ao público já este ano. A informação foi adiantada ontem pela presidente do Instituto Cultural (IC), Mok Ian Ian à margem da cerimónia de tomada de posse do novo vice-presidente daquela entidade, Chan Kai Chon. “Este ano celebra-se o estabelecimento dos 20 anos da RAEM pelo que vamos abrir ao público, de forma faseada, as casas da Avenida Coronel Mesquita” apontou.

No entanto, ainda não há datas nem inquilinos definidos para todas as moradias. “Ainda não se sabe se será para serem aproveitadas por associações culturais ou por pessoas particulares”, acrescentou.

Recorde-se que, segundo declarações no passado mês de Setembro da então vice- presidente do IC, Leong Wai Man, quatro das 12 vivendas situadas ao longo da Avenida do Coronel Mesquita estavam agendadas para abrir no início deste ano, estando em processo de restauração para que ficassem disponíveis para acolher os trabalhos “de artistas locais”, apontou. Na altura, a responsável referiu ainda que uma daquelas casas seria aproveitada como memorial do compositor chinês Xian Xing Hai.

Mok Ian Ian salientou também que em 2019 vão ser abertos dez locais para apresentação dos trabalhos levados a cabo por associações culturais. O objectivo é combater a falta de espaço que estas entidades enfrentam no território para desenvolver as suas actividades.

Professores de improviso

Entretanto, a contratação de professores para a Escola de Teatro do Conservatório de Macau só vai acontecer no próximo mês de Setembro. O processo de recrutamento de três docentes está a decorrer desde 2016 e a demora é justificada por Mok Ian Ian, pela dificuldade em encontrar profissionais capazes de preencher os requisitos, sendo que a falta de docentes tem vindo a ser colmatada por funcionários do IC. “Estes colegas também têm, de certa forma, experiência na área de teatro. Neste momento têm competências para a formar novos estudantes”, referiu a responsável.

Por último, Mok Ian Ian salientou que o IC não contribuiu com qualquer verba para o Festival da Travessa do Armazém Velho que envolve o nome da empresária local acusada de burla Isabel Chiang. Recorde-se que Cheang Ka Hang (tradução fonética), sobrinho de Isabel Chiang, é presidente da direcção da Associação de Promoção ao Desenvolvimento de Distritos Históricos de Macau, que tem vindo a organizar o festival. Desde o ano passado que Isabel Chiang está desaparecida. O sobrinho adiantou à TDM que esta não se encontra em Macau.

Economia | Taxa de inflação sobe pela primeira vez ao fim de três anos

[dropcap]A[/dropcap] taxa de inflação fixou-se em 3,01 por cento no ano passado, traduzindo um aumento de 1,78 pontos percentuais face a 2017. A subida inverte a tendência de descida da taxa de inflação registada desde 2015, ano em que caiu para 4,56 por cento.

No ano seguinte, recuou para 2,37 por cento, caindo finalmente para 1,23 por cento em 2017. Dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indicam que o aumento do Índice de Preços no Consumidor (IPC) geral foi impulsionado sobretudo pela subida dos preços das refeições adquiridas fora de casa, das rendas, das tarifas dos parquímetros dos lugares de estacionamento público, das propinas, vestuário e gasolina.

Já os índices de preços das secções de comunicações e das bebidas alcoólicas e tabaco diminuíram. O IPC Geral permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias de Macau.

Imobiliário | Maior número de casas vendidas no ano passado, apesar da subida do preço

Ao longo do ano passado, foram transaccionadas 10.585 fracções para habitação, apesar do aumento do preço médio por metro quadrado que atingiu 111.237 patacas. Quase um terço dos residentes que compraram casa já tinha pelo menos um imóvel

 

[dropcap]O[/dropcap] preço médio por metro quadrado das casas continuou a aumentar no ano passado, alcançando 111.237 patacas, ou seja, mais 10.668 patacas do que em 2017. Apesar da subida, foram transaccionadas 10.585 fracções autónomas destinadas à habitação, isto é, mais 133.

Segundo dados publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, contabilizados a partir das declarações para liquidação do imposto de selo por transmissões de bens, a península figura como a ‘campeã’ de vendas – com 7.410 – contra 1.639 na Taipa e 1.536 em Coloane. Cenário ao qual não terá sido alheio também o facto de o preço médio por metro quadrado ser o mais baixo: 10.194 patacas em 2018. Já na Taipa correspondeu a 112.176 patacas, enquanto em Coloane ascendeu a 137.396 patacas.

Apesar de em termos gerais, o número de fracções destinadas à habitação ter aumentado face a 2017, o desempenho do mercado imobiliário teve nuances consoante a zona. Na península, por exemplo, foram vendidas menos 351 casas, apesar da subida do preço médio por metro quadrado (mais 12.791 patacas). Já na Taipa o preço médio por metro quadrado (menos 3139 patacas) diminuiu, assim como as casas transaccionadas (menos 717), ao passo que em Coloane foram vendidas mais 1.201 do que em 2017, não obstante o aumento (de 7.879 patacas) do preço médio por metro quadrado.

Já em termos de área útil, a média das fracções transaccionadas foi de 61 metros quadrados no ano passado, ou seja, mais seis do que em 2017. As casas vendidas na península eram mais pequenas (54 metros quadrados contra 58 em 2017), seguindo-se as de Coloane (67 metros quadrados contra 106 em 2017) e as da Taipa (86 metros quadrados contra 90 em 2017).

Mais do que uma casa

Os dados publicados pelos Serviços de Finanças indicam ainda que, ao longo do ano passado, dos 10.035 residentes de Macau que adquiriram uma fracção autónoma destinada à habitação, quase um terço tinham pelo menos um imóvel. Em concreto, 1.705 (16,99 por cento) já possuía uma casa; enquanto 1.522 (15,17 por cento) tinha mais de uma. Uma proporção que, em 2017, superava a metade, dado que 5.533 (ou 54,7 por cento) dos 10.099 residentes de Macau que adquiriram uma fracção destinada à habitação nesse ano já estava na posse de um ou mais imóveis com a mesma finalidade.

Prisão preventiva para suspeito de fogo posto em parque de estacionamento

[dropcap]U[/dropcap]m homem, de Hong Kong, foi colocado em prisão preventiva pela alegada prática de fogo posto no parque de estacionamento de um complexo habitacional da Taipa e ofensas a uma segurança, informou ontem o Ministério Público (MP), em comunicado, dando conta de que há outros suspeitos em fuga.

Segundo a investigação preliminar, o homem é suspeito da prática de vários crimes, como de incêndio, explosões e outras condutas especialmente perigosas, ofensa simples à integridade física e dano qualificado, bem como consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. Crimes pelos quais o suspeito arrisca, respectivamente, uma pena máxima de um a dez anos de prisão ou pena de multa.

Dada a “natureza e gravidade dos crimes que, em particular, ameaçam a segurança pública” e “no intuito de impedir o possível perigo de fuga”, uma vez que “os outros arguidos ainda não foram interceptados”, o juiz de Instrução Criminal aceitou a proposta da delegada do Procurador, ordenando a aplicação da medida de coacção mais grave: a prisão preventiva.

O caso remonta à semana passada, altura em que a Polícia Judiciária (PJ) recebeu uma informação do Corpo de Bombeiros dando conta de duas viaturas danificadas por líquido inflamável. O suspeito terá alegadamente tentado atear-lhes fogo com um isqueiro, mas sem sucesso, pelo que recorreu a um balde para danificar uma das viaturas e colocou-se em fuga. Três dias depois, no domingo, a PJ recebeu outra queixa de fogo posto no mesmo local que resultou no incêndio de duas viaturas. O guarda apanhou o homem e entregou-o à PJ antes de ser atacado pelo suspeito, em cuja mochila foram encontrados dois frascos com líquido inflamável e 0,277 gramas de ketamina, bem como vídeos da sua actuação gravados no telemóvel.

Após ser detido, o homem admitiu a prática do crime, tendo recebido, como compensação, 20 mil dólares de Hong Kong para atear fogo em Macau. De acordo com a PJ, os dois casos resultaram em prejuízos na ordem das 680 mil patacas.

AL | Pereira Coutinho quer lei que proíba a importação de produtos descartáveis

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho solicita ao Governo que avance com legislação para proibir a importação e comercialização de produtos embrulhados em plástico descartáveis.

O pedido é feito em interpelação escrita onde Pereira Coutinho solicita esclarecimentos acerca das medidas a tomar para a redução doméstica e empresarial deste tipo de material. Em causa estão produtos como sacos de plástico, garrafas de água, palhinhas, “utensílios descartáveis, caixas de esferovite para comidas, pauzinhos de cotonetes, talheres, pratos, agitadores de bebida, copos para café ou água, ou taças”.

A par da proibição deste tipo de produtos, Pereira Coutinho quer que a legislação contemple ainda o incentivo do “uso de materiais biodegradáveis” ou a substituição dos produtos plásticos por outros feitos de “fibras vegetais naturais” e o “uso de louça reutilizáveis”, lê-se.

Em causa está o que considera ser fundamental para a protecção ambiental, matéria quanto à qual entende que Macau está ainda muito atrasada. O deputado dá exemplos de países que têm liderado em termos de reciclagem: “A Alemanha é a líder mundial em tecnologias e políticas de reaproveitamento de resíduos sólidos e desde 2005 que é proibida a remessa de lixo doméstico e industrial sem tratamento quer para os aterros quer às incineradoras diminuindo drasticamente o volume de lixo doméstico e industrial” refere.

Mais perto está o Japão, “outro dos países mais desenvolvidos na redução do volume de resíduos sólidos vigorando desde 1970 a Lei de Gestão de Resíduos que regulamenta e controla toda a cadeia de produção e destino final do lixo baseados nos conceitos de reduzir, reciclar e reaproveitar e com objectivo de reduzir as emissões de dioxinas”.

De acordo com Pereira Coutinho, o plástico é um produto que está, neste momento, a ameaçar o ambiente e mesmo a sobrevivência de animais e pessoas. “O plástico acumula-se vários anos nos oceanos e deteriora-se dando origem a pequenas partículas que são ingeridas pelos animais e peixes e podem levar à sua morte.

Através da ingestão dos plásticos pelos peixes os micro-plásticos chegam a cadeia alimentar dos seres humanos potenciando doenças graves e cancerígenas”, refere o deputado.

Susana Chou pouco optimista com projecto de integração da Grande Baía

A ex-presidente da Assembleia Legislativa aponta as diferentes leis entre as regiões da Grande Baía como um desafio às relações comerciais. As dúvidas foram levantadas num evento sobre a Lei Básica, em que o vice-director do Gabinete de Ligação elogiou a comunidade macaense

 

[dropcap]A[/dropcap] empresária e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Susana Chou, revelou ontem que não está optimista em relação ao projecto da Grande Baía. Foi na sessão de perguntas e respostas de um evento organizado pela Associação de Promoção da Lei Básica de Macau, sobre a miniconstituição local, que a empresária expressou o ponto-de-vista.

Num evento que contou com a presença do vice-director do Gabinete de Ligação, Zhang Rongshum, de acordo com o canal chinês da TDM, Susana Chou afirmou não estar optimista com o projecto e explicou o cepticismo pelo facto da Grande Baía envolver três jurisdições diferentes.

Sobre este assunto, Susana Chou disse esperar que o Gabinete de Ligação tome as rédeas do processo e que desenvolva as medidas necessárias para que estes obstáculos jurídicos sejam ultrapassados.

Na resposta à intervenção, Zhang, vice-director do Gabinete de Ligação, frisou que as três regiões envolvem zonas fronteiriças diferentes e que devido ao respeito pelo princípio “um país, dois sistemas” não vai haver uma uniformização total das leis. Contudo, o dirigente comprometeu-se a estudar uma forma como as legislações locais podem ser articuladas para aproveitar as vantagens do projecto nacional.

A Grande Baía é um projecto, principalmente económico, que aspira a ser o motor de desenvolvimento desta região da China. Além de Macau, Hong Kong e Cantão integra ainda as cidades de Shenzhen, Jiangmen, Huizhou, Dongguan, Foshan e Zhaoqing.

Direitos adquiridos

Rita Santos, Conselheira das Comunidades Portuguesas, marcou igualmente presença no evento. A macaense confrontou o vice-director da Gabinete de Ligação sobre a eventual necessidade de legislar o artigo 42 da Lei Básica. Este artigo define que “os interesses dos residentes e ascendência portuguesa em Macau são protegidos” e que os seus “costumes e tradições culturais devem ser respeitados”.

Em resposta à questão, Zhang Rongshun afastou o cenário de legislar para este artigo. O responsável justificou que o Governo Central dá muita importância aos costumes e cultura macaense e que isso dispensa a necessidade de criar uma lei específica. Rita Santos contou ainda, ao HM, que Zhang estimou ainda que o número de macaenses seja de aproximadamente 20 mil e garantiu que os costumes da comunidade macaense e portuguesa vão sobreviver durante vários anos.

O vice-director do Gabinete de Ligação sublinhou ainda que a comunidade macaense e portuguesa tem um papel a desempenhar no desenvolvimento nacional.

AL | Estatuto de escolas privadas votado quinta-feira

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da Assembleia Legislativa (AL), votam esta quinta-feira, na generalidade, o estatuto das escolas particulares do ensino não superior, que visa rever uma lei de 1993 e que foi alvo de uma consulta pública em 2013. Na altura, o Governo decidiu partir para uma revisão do diploma “tendo em conta a realidade e necessidades de desenvolvimento da sociedade”.

O plenário desta quinta-feira vai também servir para votar, na generalidade, a revisão da lei de prevenção e controlo do ruído ambiental, aprovada em 2014, bem como a lei do hino, que será votada na especialidade.

Os deputados vão também votar na especialidade o regime de benefícios fiscais para a reconstrução de edifícios, além de que será apreciado o parecer da 2ª comissão permanente da AL sobre a execução orçamental de 2017. Será ainda votada uma resolução relacionada com o Regimento da AL.

Português, uma língua de nicho em Hong Kong

Em Hong Kong, ensina-se português graças à iniciativa de um pequeno grupo de privados e instituições. O Club Lusitano organiza cursos apenas para membros, enquanto que Alexandre Lui decidiu arrendar duas salas para ensinar a língua. Nota-se um ligeiro aumento da procura dos cursos por questões familiares, económicas e até históricas, mas Hong Kong continua a não aderir ao sucesso que o português faz pelo mundo

 

[dropcap]E[/dropcap]studar português num território onde o idioma não é língua oficial, como é o caso de Hong Kong, é um desafio que poucos abraçam, apesar da popularidade do idioma um pouco por todo o mundo. Nem o facto de Hong Kong ter uma comunidade portuguesa ou fortes ligações à comunidade macaense aumentou a procura pela língua de Camões. São poucos a aprender, mas fazem-no por várias razões.

Roy Tse, natural de Hong Kong, é casado com uma mulher de Macau e nunca teve qualquer ligação com a cultura portuguesa ou o país. Mas está tão desiludido com a situação sócio-económica do território que pondera ir viver para Portugal daqui a três anos.

“Aprender português é obrigatório para se viver em Portugal”, contou ao HM. “Perdemos a esperança. Estamos desapontados com o Governo de Hong Kong, que não está a servir as necessidades dos que são de cá. Viver em Hong Kong é muito difícil e muito caro. Tanto a cidade como o próprio Governo estão cheios de mentiras. Então é mais fácil mudar para termos uma vida mais simples, e não apenas por causa do dinheiro”, acrescentou.

Roy Tse foi um dos alunos de Alexandre Lui, natural de Hong Kong mas nascido no Brasil graças à mudança dos pais para São Paulo. Quando voltou, e depois de ter estudado o curso de tradução e interpretação do Instituto Politécnico de Macau (IPM), decidiu apostar na organização de cursos lúdicos de português em 2016, que ainda acontecem em dois locais na zona de Wan Chai. Ainda que não seja oficialmente uma escola, o projecto chama-se “Língua Portuguesa em Hong Kong”.

“Neste momento, não consigo expandir mais [o projecto] para ter uma escola, porque, como o português em Hong Kong não é língua oficial, é difícil atrair o pessoal para vir sempre às aulas. Comecei ontem [17 de Janeiro] um curso novo, mas esperei quase quatro meses para conseguir arranjar dez pessoas”, frisou.

Uma das ambições de Alexandre Lui era expandir o projecto até Shenzhen, não só pela proximidade com Hong Kong, mas também pela existência de muitas empresas, com ligações aos países de língua portuguesa.

Antes de vir para Macau tirar a licenciatura, de onde saiu porque não conseguiu obter o bilhete de identidade de residente, Alexandre já dava aulas em Hong Kong devido ao contacto com o português que teve desde criança. Chegou a dar aulas no instituto CAC, ligado à Federação dos Operários de Hong Kong, que disponibiliza vários cursos de línguas e na área das artes. O HM tentou chegar à fala com a federação, que nos disse não prestar declarações a jornalistas.

Aulas só para membros

Além do instituto CAC e das aulas privadas de Alexandre Lui, o centro SPACE, ligado à Universidade de Hong Kong, também disponibiliza aulas de português. Contudo, o responsável pelos cursos recusou responder às perguntas do HM por estar ocupado com outros planos.

O Club Lusitano arrancou o ano passado com a primeira edição do curso de português, do nível básico ao mais avançado, mas as inscrições destinam-se apenas a membros do clube e convidados.

“O nosso clube tem origem portuguesa e era importante organizarmos este curso. Temos muitos membros que, ao longo de gerações, foram perdendo a prática de falar e escrever português, e decidimos apostar nesta vertente, procurando professores. Tínhamos uma grande procura por parte de 34 membros e das suas famílias”, adiantou Steve Andley, responsável pelo curso. Também ele é aluno, uma vez que, apesar das raízes portuguesas por parte da mãe, nunca aprendeu a língua.

Foram organizados quatro cursos, com dez pessoas em cada turma, mas a segunda edição está suspensa devido ao facto da docente, Isabel Pinto, se encontrar em Portugal. Mas tal deverá ser uma realidade no próximo ano.

O curso tem, contudo, uma contrapartida: apenas aceita membros do clube, que por sua vez só podem convidar seis pessoas cada. Alexandre Lui critica o facto do Club Lusitano não se abrir mais à comunidade neste campo.

“É difícil [o curso] divulgar porque o clube está um pouco fechado a pessoas que não sejam membros. A associação brasileira em Hong Kong, pelo contrário, tem feito muitas coisas. É pena que o Club Lusitano não tenha um maior acesso à comunidade.”

Isabel Pinto, a professora de português do Club Lusitano, foi viver para Hong Kong devido à mudança profissional do marido e, desde cedo, percebeu que existia uma lacuna na oferta formativa em português. A aposta agora é abrir uma escola onde se ensine português.

“Abri a minha actividade há poucos meses para poder começar como freelancer no ensino da língua e também noutros serviços linguísticos como tradução, interpretação e escrita de conteúdos. A minha ideia é expandir mais tarde, quando for o momento para isso”, garantiu ao HM.

Para Isabel Pinto, há várias razões que podem ser apontadas para esta escassa oferta formativa. “A comunidade portuguesa parece ser bem menos representativa em Hong Kong do que em Macau.

Geralmente, são pessoas com competências muito específicas e difíceis de encontrar na zona, como as áreas de engenharia, medicina e hotelaria. É raro encontrar pessoas da área das humanidades, e aquelas que o são podem já ter carreiras intensas que não lhes dão motivos para começar a ensinar português.”

Além disso, “também vejo alguma falta de interesse, também por não haver uma tradição de querer aprender português em Hong Kong”. “Tenho visto procura por línguas como o japonês, espanhol ou francês. O português aqui não tem raiz histórica importante como em Macau; é uma língua de nicho”, assegurou.

Isabel Pinto chegou a propôr a Alexandre Lui a realização de aulas em conjunto, pois, para a docente do Club Lusitano, era importante apostar “em cursos mais formais e intensivos”. “O português de Portugal e do Brasil são bastante diferentes. Já tinha falado com o Alexandre no sentido de unirmos esforços, pois há uma procura pelas duas variantes, mas foi da parte dele que não houve vontade de colaboração. Os meus cursos são mais formais e intensivos, vocacionados para exames, enquanto os dele são mais lúdicos”, referiu.

Para a docente, “se houvesse mais visão e abertura para unir as iniciativas, talvez fosse até proveitoso para ele [Alexandre Lui], já que eu tive de recusar pedidos de alunos por falta de disponibilidade fora do Club, e é difícil encaminhar os alunos para o português do Brasil, pois as pessoas preferem aprender a língua e a gramática originais de Portugal, que são compreendidas em qualquer país lusófono”.

Alexandre Lui explica as razões pelas quais decidiu não aceitar esta parceria. “Como ela [Isabel Pinto] disse que o curso era intensivo e formal, não era o meu tipo. O meu curso é mais de lazer, serve apenas para dar alguns conhecimentos sobre a língua para quem nunca conheceu. Para que as pessoas consigam frequentar cursos formais têm de ter uma base de conhecimento [da língua] primeiro. Se não tiverem estes conhecimentos básicos, um curso formal é apenas um desperdício de tempo e dinheiro.”

Além disso, Alexandre Lui não tinha disponibilidade. “Durante o dia tenho um trabalho normal numa empresa de importação e exportação. Os meus cursos estão disponíveis apenas no período pós-laboral.”

O professor recusa que as suas aulas sejam mais viradas para o português do Brasil. “Na verdade, apesar de eu ser brasileiro, o meu curso é baseado no português europeu. Nos últimos anos, com a presença em Portugal e Macau, o meu português mudou muito, não apenas ao nível do sotaque, mas também ao nível da gramática.

Vistos Gold e afins

Isabel Pinto defende que o seu público alvo está, sobretudo, na ilha de Hong Kong, onde reside a maior parte dos expatriados, mas não ignora o interesse que os chineses possam vir a ter. “Todos partilham um interesse por Portugal. Há um legado cultural e emocional por explorar, ou um objectivo profissional ou financeiro.

Quando digo financeiro, é preciso notar que a política dos vistos Gold é um claro atractivo para esse público.”
Também Alexandre Lui defende que a procura por aulas de português nos próximos tempos vai depender do sucesso da política dos vistos Gold em Portugal. “Graças à política de emigração dos vistos Gold, tenho muitas pessoas que querem aprender a língua, porque querem investir ou viver em Portugal. Eles não têm uma visão positiva sobre o futuro de Hong Kong, então procuram outras saídas.”

Ainda assim, Alexandre Lui prefere por organizar os interessados nos cursos de português em três grupos. “A maioria das pessoas aprendem por motivos de emigração, em segundo pelo trabalho, porque há pessoas que trabalham em empresas portuguesas ou brasileiras, e depois há quem estude mesmo pelo interesse. A Anita quis estudar, e foi uma das minhas primeiras alunas, por interesse, porque gosta mesmo de Portugal.”

Anita Wong, que acompanhou Alexandre Lui na entrevista ao HM, escreveu um guia turístico em chinês sobre Portugal e entregou na passada sexta-feira alguns exemplares em Macau.

Quando decidiu partir para uma nova aventura linguística, Anita Wong tentou o Instituto CAC, mas não teve aulas de imediato. “O português não é a língua mais popular, então tive de esperar três vezes para que tivessem alunos suficientes para abrir o curso.”

Anita Wong decidiu aprender português por mero interesse, depois de ter conhecido um amigo luso através do seu blogue na plataforma Yahoo, em 2009, onde escrevia sobre a sua equipa de futebol preferida: a Juventus. Hoje, viaja para Portugal todos os anos, apesar de saber dizer algumas palavras na língua de Camões.

Números “insignificantes”

Jason Santos, nascido no Canadá, é outro dos portugueses que reside em Hong Kong e que, em tempos, investiu numa escola de línguas que fechou o ano passado por questões financeiras.

“Não fechei por falta de alunos, porque tinha muitos, felizmente, sobretudo de inglês. Fechei devido a problemas de renda. Não quero voltar a tentar porque os custos em Hong Kong, seja onde for, são muito altos e o próprio investimento inicial é demasiado elevado. Tenho sempre querido fazer as coisas com qualidade”, contou ao hm.

Jason Santos nota que “há mais gente que procura [o ensino do português] mas incomparavelmente menos que outras línguas europeias”. Ao contrário do que pensam Alexandre Lui e Isabel Pinto, Jason Santos não vê um aumento de interesse associado aos vistos Gold.

“No que toca a Hong Kong, não posso concordar com a afirmação de que tenha qualquer relacionamento com vistos Gold e afins. Pelo que tenho visto e ouvido, os alunos são movidos por uma série de razões bastante pessoais, desde antigas famílias ou membros de família que vieram a dada altura de Macau, por exemplo, ou pelo facto dos descendentes sentirem interesse pessoal ou por outras razões. Haverá gente que procura português simplesmente por querer algo diferente.”

Perdido no meio de tantas línguas europeias, os números da procura pelo português continuam a ser “insignificantes”, assegura o professor, hoje a trabalhar numa escola pública. “A haver um aumento seria muito pequeno e por razões anómalas, e não uma tendência.”

Steve Andley nota algum interesse pela língua por questões económicas, mas assegura que no Club Lusitano os objectivos dos membros são diferentes. “O nosso clube representa isso, temos essa ligação à comunidade portuguesa, quer sejam nacionais ou de Macau. Para nós, [a situação] é diferente da generalidade do resto do público, porque os nossos membros querem voltar a ter uma ligação a Portugal e à cultura ao invés de quererem sair de Hong Kong.”

Ainda assim, o responsável nota mais interesse pela língua da parte de chineses que não só querem aprender coisas novas como têm interesses económicos. “Alguns têm vistos Gold e compraram casa em Portugal, ou desejam ter um visto.”

Perda de identidade

Jason Santos dá outro exemplo de como o português na região vizinha é mesmo um nicho, apesar de se notar uma ligeira procura. O professor chegou a dar aulas no St. Joseph’s College, uma escola que “há 140 anos era portuguesa”. Contudo, “hoje em dia esse legado praticamente não é conhecido ou referido”.
“Existem antigos alunos com quem tive a oportunidade de falar que se motivaram a aprender português devido a esse sentimento de pertença que tinham para com a escola, e daí saíram grandes oportunidades de negócios. Mas continuam a ser muito poucas as pessoas a querer estudar a língua.”

Isto porque “um indivíduo com passaporte de Hong Kong consegue entrar na União Europeia com relativa facilidade, são pessoas sempre mais viajadas que os compatriotas do outro lado da fronteira”. “Todos os dias falo com pessoas que querem emigrar, Portugal nunca vem à tona”, frisou Jason Santos.

Gonçalo Ramos, a residir em Hong Kong há 11 anos, acredita que “há cada vez mais pessoas à procura [de aulas de português], de dentro e fora da comunidade”.

“Há pessoas que pedem para ser adicionadas ao grupo ‘Portugueses no Facebook’, com intenção de procurarem quem as possa ensinar. Há também indicações de quem ensina português que diz não ter tempo livre e que inclusive procuram encaminhar solicitações para outros educadores.”

Casado e com duas filhas, Gonçalo Ramos tem, ele próprio, dificuldade em encontrar um professor para elas. Na sua visão, além das aulas do Club Lusitano, que “tiveram uma boa resposta”, deveria haver mais oportunidades. “As ofertas resumem-se a iniciativas privadas de indivíduos ou de poucas escolas e institutos”, assegurou.

Roy Tse conta que ele próprio teve dificuldade em encontrar alguém que o ensinasse. “É muito diferente encontrar lições ou um professor para aprender português em Hong Kong [comparativamente com Macau]. Em Hong Kong é mais fácil encontrar cursos de espanhol, holandês ou até grego. Felizmente, encontrei o Alexandre no grupo ‘Portugueses em Hong Kong, mas não tenho a certeza se ele é o melhor tutor, pois é do Brasil.”

O estudante de português assegura que, pelo menos, Alexandre Lui transmitiu-lhe os sons da Bossa Nova. “Também me falou da história de Portugal e de Macau. Seria óptimo se me ensinasse mais sobre fado”, rematou.

Executivo criou 151 comissões e fundos desde 1999

[dropcap]D[/dropcap]esde o estabelecimento da RAEM o Governo criou 151 comissões consultivas, comissões e conselhos funcionais e ainda fundos, incluindo os que têm autonomia administrativa e financeira. Entre estes apenas 36 têm orçamentos próprios, que no ano passado corresponderam a um valor de 17,49 mil milhões de patacas.

Os dados constam numa resposta enviada pelo Governo ao deputado José Pereira Coutinho, a que o HM teve acesso, e tem a informação existente até 12 de Dezembro. Neste documento surgem listadas todas as comissões do Governo, respectivos orçamentos e número de elementos. Entre os 1.895 membros nas comissões existem nomes que se repetem, uma vez que a mesma pessoa pode estar em duas ou mais comissões.

Ainda em relação aos membros, o Conselho para o Desenvolvimento Económico, que está sob a alçada do Chefe do Executivo, é o que tem o maior número com 51. No pólo oposto, o Conselho Técnico de Credenciação, órgão consultivo sob a alçada do Secretário para os Transporte e Obras Públicas aparece com zero membros.

Entre os 151 organismos apresentados, apenas 36 têm orçamentos próprios. O Fundo de Segurança Social surge com o maior montante de 4,76 mil milhões de patacas. Segue-se a Fundação de Macau, com 2,89 mil milhões e o Fundo de Pensões, com 2,45 mil milhões. Com um orçamento de 613 mil patacas, o Conselho dos Magistrados Judicias é quem menos gasta.

Número “excessivo”

Para o deputado José Pereira Coutinho, o número de comissões, comités e fundos é “excessivo”. O legislador considera mesmo que poderia haver uma simplificação dos organismos: “há um Conselho Consultivo para a Reforma da Administração Pública, depois há a Comissão de Avaliação dos Serviços Públicos, também há a Comissão de Coordenação da Reforma da Administração Pública… Há mais casos em áreas semelhantes… Todos estes nomes levantam-me muitas dúvidas sobre o aproveitamento dos recursos”, afirmou Coutinho.

O deputado questiona igualmente se todos os 151 organismos elencados têm actividade. “Acho que se formos a ver e tivermos em conta os resultados finais, verificamos que em muitos casos nem há uma avaliação do trabalho”, justificou. “Existe uma proliferação de conselhos, que estão todos interligados entre si e em que cada um rema para o seu lado. Isto se remarem mesmo!”, frisou.

O deputado eleito pela via directa considerou que um bom indicador para conhecer as actividades das comissões são os respectivos portais online. “Há um bom indício para tentar perceber a actividade dos conselhos, basta olhar para as páginas electrónicas. Se não têm páginas, é normal que se suspeite que não têm actividade porque não têm nada para divulgar”, opinou.

José Pereira Coutinho foi eleito deputado com o apoio da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), a que preside. Sobre este assunto deixou críticas ao actual Conselho para os Assuntos de Habitação Pública: “É um que até hoje nada disse sobre a habitação pública para os trabalhadores da função pública. Não tem nenhuma página electrónica para sabermos as suas actividades e tem 20 membros… O mínimo que devia fazer era divulgar às pessoas o que fazem”, apontou.

A resposta ao deputado vem assinada pelo director dos Serviços dos Assuntos da Função Pública e demorou cerca de seis meses a ser elaborada.

Estudo diz que sair das redes sociais não garante privacidade

[dropcap]U[/dropcap]ma pessoa que saia das redes sociais não tem garantia de privacidade porque os amigos que lá deixou continuam a permitir prever com alguma certeza as suas atividades, segundo um estudo científico publicado ontem.

A investigação da equipa das universidades de Vermont (Estados Unidos) e Adelaide (austrália) centrou-se em trinta milhões de publicações públicas feitas por 13.905 utilizadores da rede social Twitter e concluiu que se uma pessoa deixar de estar activa, as publicações e palavras dos seus amigos permitem prever com 95 por cento de exactidão actividades futuras dessa pessoa, mesmo que esta deixe publicar seja o que for.

O líder da equipa, o matemático James Bagrow, afirma que quando se adere a uma rede social, se pensa que se está a dar informação apenas pessoal, mas o que acontece é que “também se entrega os amigos” ao Twitter, Facebook, Instagram ou outra rede social.

Uma das conclusões a tirar é que empresas, governos ou outras pessoas podem traçar um perfil rigoroso de uma pessoa, incluindo partido político, produtos preferidos ou religião só a partir da informação recolhida entre os amigos, mesmo que essa pessoa deixe as redes sociais ou nunca lá tenha entrado.

“Não nos podemos esconder numa rede social”, afirmou o investigador Lewis Mitchell, co-autor do estudo hoje publicado no boletim científico Nature Human Behavior.

“Só por si, uma pessoa não controla a sua privacidade nas redes sociais”, afirmou James Bagrow, salientando que “os amigos da pessoa têm algo a dizer”.

Institutos Camões e Cervantes lançam projecto para mostrar o poder das línguas ibéricas

[dropcap]O[/dropcap] presidente do instituto Camões, Luís Faro Ramos, afirmou ontem que vai lançar um livro em parceria com a instituição espanhola homóloga, Instituto Cervantes, para “demonstrar o potencial e o poder” das línguas portuguesa e espanhola.

Luís Faro Ramos, que recebeu ontem em Lisboa o novo director do Instituto Cervantes, Luis García Montero, insistiu que o objectivo é reforçar as parcerias com Espanha, tal como com o Brasil, e “fazer cada vez mais acções em comum”.

Exemplo disso é a obra “Camões e Cervantes – Contrastes e Convergências”, que reúne ensaios de dois especialistas nestes “expoentes maiores da literatura ibérica e europeia”, Hélder Macedo e Carlos Alvar, e que foi hoje apresentada, tendo sido um projecto pensado ainda com o anterior director do Instituto Cervantes, adiantou.

Outro projecto que as duas instituições pretendem concretizar este ano é a preparação de um livro para demonstrar o potencial e o poder das duas línguas, tanto na área da literatura como da economia, ciência e comunicação internacional.

Segundo Luís Faro Ramos, o objectivo é mostrar que “o português e o espanhol que, por si só, já valem muito – o português com mais de 260 milhões de falantes, o espanhol com mais de 300 milhões – se se juntarem e procurarem sinergias valerão ainda mais”.

Do lado português, a equipa vai ser liderada pelo professor e ex-reitor do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) Luís Reto, que já colaborou com outras iniciativas do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, como o novo Atlas da Língua Portuguesa.

Para além de ser “um estudo útil para os que querem aprender estas línguas, é também útil para quem fala português e espanhol e que nem sempre tem a noção da dimensão e potencial que a língua tem”, destacou o responsável do Instituto Camões.

O estudo vai ser desenvolvido no âmbito das comemorações do 5.º centenário da circum-navegação, iniciada por Fernão de Magalhães e completada por Juan Sebastián Elcano.

Questionado sobre as explicações relativas à candidatura portuguesa da rota de Fernão de Magalhães a património da Humanidade que, segundo o jornal ABC, o ministério da Cultura espanhol terá pedido à UNESCO, através do seu embaixador, por alegadamente o Governo português ter ignorado o contributo do império espanhol, considerou que não há qualquer conflitualidade.

“Penso que pelo contrário. Temos dito e continuaremos a dizer que esta circum-navegação foi iniciada pelo navegador português Fernão de Magalhães, ao serviço da coroa espanhola, e foi terminada pelo navegador espanhol Juan Sebastián Elcano. Não há aqui nenhuma conflitualidade”, frisou, acrescentando que a comemoração “deve juntar os dois países: Portugal e Espanha”.

O programa completo das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação feita pelo navegador português será apresentado esta quinta-feira, em Lisboa.

“Alpinista de biquiní’ morre em Taiwan após queda em desfiladeiro

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Taiwan anunciaram hoje terem encontrado o corpo de uma montanhista que se tornou conhecida nas redes sociais por tirar fotos em biquíni no topo das montanhas e que tinha caído de um desfiladeiro no sábado.

Gigi Wu, 36, apelidada de ‘alpinista de biquíni’ pelos seus seguidores, usou um telefone via satélite no sábado para avisar os amigos que tinha caído num desfiladeiro no Parque Nacional de Yushan em Taiwan e que se encontrava gravemente ferida.

Segundo as autoridades, que encontraram Wu sem vida na segunda-feira, a montanhista disse aos seus amigos que caíra de uma altura de 20 a 30 metros e que não conseguiu mover a parte inferior do corpo, tendo morrido, aparentemente, de hipotermia.

Taiwan tem muitas montanhas que frequentemente ultrapassam três mil metros. No inverno, as temperaturas caem regularmente abaixo de zero. Gigi Wu é o caso mais recente de uma série de aventureiros de redes sociais que conheceram um desfecho fatal.

Em Outubro de 2018, o “Journal of Family Medicine e Primary Care” informou que cerca de 260 pessoas morreram no mundo nos últimos anos a tentarem tirar uma fotografia de si próprias, conhecida como uma ‘selfie’.

A jovem formou um grande grupo de seguidores, publicando auto-retratos em biquíni quando chegava ao alto das montanhas, depois de subir em roupas de caminhada.

Casos de cobrança abusiva de tarifas de táxis subiram 20,94 por cento em 2018

[dropcap]A[/dropcap]s irregularidades praticadas por taxistas continuam a aumentar. Dados da PSP indicam que, ao longo do ano passado, foram sinalizados 3.846 casos de cobrança abusiva de tarifas, ou seja, uma média superior a dez por dia.

A cobrança abusiva de tarifas representa seis em cada dez irregularidades detectadas que, em termos anuais, sofreram um aumento de 11,56 por cento para 6.126 casos. Em sentido inverso esteve a prática de recusa de transporte – diminuiu 15,12 por cento para 1.336 ocorrências, segundo estatísticas do trânsito divulgados pela PSP.

Em termos gerais, os mesmos dados indicam que as estradas de Macau foram palco de 13.763 acidentes de viação, ou seja, menos 6,47 por cento do que em 2017. Não obstante, houve um aumento dos casos fatais: dez mortes contra oito em 2017. Já o número de feridos recuou de 4.706 para 4.380, ainda que mais tenham carecido de internamento hospitalar (106 contra 91).

As infracções à Lei do Trânsito Rodoviário e ao Regulamento do Código da Estrada diminuíram (de 875.268 para 868.805), mas o valor total das multas aumentou quase um quinto de 175,59 milhões em 2017 para 209,38 milhões de patacas no ano passado.

O estacionamento ilegal (em vias públicas ou em lugares de estacionamento com parquímetros), que representou a maioria, aumentou ligeiramente (0,36 por cento) em termos anuais homólogos. Já os casos de remoção e de bloqueamento de veículos (em vias públicas ou lugares de estacionamento tarifados ou com parquímetros) sofreram um aumento na ordem de um terço.

A condução sob influência de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas desceu 40 por cento para três ocorrências. Em baixa esteve também o número de casos de falta de uso do cinto de segurança durante a condução (5.917 ou menos 7,81 por cento). Em sentido contrário, em 2018, foram detectados mais casos de uso de telemóvel (5.352 ou mais 20,84 por cento).

Pensões ilegais

[dropcap]R[/dropcap]ecentemente, um homem de 68 anos do interior da China, residente numa pensão ilegal, morreu devido a inalação de monóxido de carbono. A causa da morte foi determinada após análise forense.

O homem habitava uma divisão que em tempos tinha sido uma cozinha, e que foi posteriormente convertida num quarto, mas onde ainda estava instalado um esquentador. A filha do falecido declarou que, quando chegou ao local, às 10.00 da manhã, a porta e a janela estavam fechadas. O pai estava deitado na cama, inconsciente. A mulher dirigiu-se de imediato à gerente para pedir socorro. O pai foi levado de ambulância para o hospital, onde o óbito foi confirmado. Posteriormente, os bombeiros foram chamados para analisar as instalações. Aperceberam-se que a porta e as janelas tinham estado fechadas com o esquentador ligado, e, desta forma, o monóxido de carbono foi-se acumulando na divisão. Esta foi, sem dúvida, a causa da morte.

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, declarou que um grande número de agentes é enviado regularmente para verificar as condições de segurança das pensões ilegais. Os funcionários do Gabinete do Turismo, durante as inspecções a estes locais, são acompanhados por agentes da polícia, para sua protecção.

Este caso chamou a atenção das pessoas para o problema das pensões ilegais. Foram levantadas diversas questões, como por exemplo:

Devido às diárias muitos elevadas dos hóteis credenciados, os turistas procuram alternativas. Por outro lado, os imigrantes ilegais em Macau fazem aumentar a procura de locais baratos para viverem. Estes factores fazem aumentar o crescimento das pensões ilegais.

Deveremos exigir responsabilidade criminal aos donos das pensões? Supondo que sim, teremos capacidade para investigar este tipo de casos? Além disso, é necessário distinguir as funções dos funcionários do Gabinete de Turismo das da polícia, para que não haja duplicação de tarefas. E ainda existe uma outra questão: em relação aos proprietários destas pensões, deverá será abolida a responsabilidade civil, face à existência da responsabildade criminal?

Nesta equação temos ainda a considerar os agentes imobiliários que encaminham as pessoas para estas pensões. Se a responsabilidade criminal for decretada para os proprietários, também deverá ser imposta a estes agentes, na medida em que são fomentadores e cúmplices do processo.

Há ainda quem sugira em alternativa o alojamento local. Este tipo de alojamento é mais barato que um hotel e bastante atractivo. Seria uma forma de controlar o crescimento das pensões ilegais.

Não há dúvida que é uma boa ideia que poderia resolver grande parte deste problema. No entanto, onde é que vamos encontrar alojamento local em número suficiente, para dar resposta à procura dos turistas? Estes locais também têm de obedecer a normas de segurança, nomeadamente protecção contra incêndios, pelo que facilmente se compreende que a maior parte das casas de Macau não será adequada para este fim. Mas, mesmo que o fossem, é preciso não esquecer que a lei do arrendamento foi alterada. Como os contratos passaram a ser de três anos, a maior parte dos senhorios não os quer assinar, porque se vêem privados da possibilidade de aumentar as rendas a cada dois anos. Além disso, para se implementar o alojamento local em Macau, era necessário que os residentes tivessem casas suficientes para viver e ainda um excedente para alugar.

Daqui a menos de um mês, estaremos a celebrar o Ano Novo Chinês. Nessa altura Macau será invadida por turistas. Eles serão os clientes alvo das pensões ilegais. Basta ver os sites das pensões, onde aparecem anúncios deste género,

“Oferecemos ótimas condições de segurança. Somos uma residencial de cinco estrelas.”

Sejam quais forem as decisões que se tomem, o problema das pensões ilegais não vai ser resolvido a tempo. Se ocorrer mais alguma tragédia num destes locais durante as celebrações do Ano Novo, a reputação de Macau será seriamente afectada. Talvez fosse aconselhável, por exemplo, ao nível das autoridades aduaneiras, aconselhar os turistas a não procurarem este tipo de pensões. O Gabinete de Turismo poderá reforçar também as inspecções, para verificar se as normas de segurança estão a ser cumpridas.

Entretanto, o Chefe do Executivo já designou a secretária para a Administração e Justiça para coordenar a revisão da lei que irá regular estes hóteis. Os resultados serão brevemente anunciados.

 

Consultor Jurídico sda Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

Sabendo como e porquê

[dropcap]N[/dropcap]ão há facilidade em nenhuma escrita que se interrogue, não somente sobre o seu objecto como sobre si própria. E, nessa estranha dança entre formas e conteúdos, joga-se mais que uma vida: um momento de discernimento ou um mergulho na boçalidade. E seja: um momento pode valer por uma eternidade.

Aliás, será também a eternidade um momento, por exemplo para Deus, como o é para quem já abandonou este espaço de efemeridades. Tijolo a tijolo, página a página, palavra a palavra, beijo a beijo, aparentemente o tempo passa, embora seja apenas visível no nosso corpo ou na face enrugada da Terra.

Valha-nos a invenção da idade para podermos ir compreendendo um pouco mais as coisas, ao mesmo tempo que o saber acumulado se transforma numa espécie de corrida pela cegueira. Crescer significa, afinal, deixar de ver.

E, sabendo como e porquê, existe o advento da morte, essas pequenas mortes que diariamente nos rodeiam, as mortes ínfimas. De seres e trajectos. De ideias. De mistérios.

Sabendo como e porquê, abandonamos para voltar a encontrar. Existem metamorfoses do descanso no sono insatisfeito. Há um ruído, de dentes rangidos, de onda agigantada para nunca rebentar. Voltaremos a casa e aos espelhos familiares. Ao calor do forno onde se consome a lenha amável. Ao charco fétido, à lama de chocolate onde na infância se reflectia a esguia lua, às cabanas silenciosas, às estradas por asfaltar. A isso tudo voltaremos.

Sabendo como e porquê.

Vasco de Lima Couto

[dropcap]L[/dropcap]embro-me dos desenhos à Cocteau com poemas em pratos brancos e recordo o quanto gostava deles, das frases, dos poemas, de tudo aquilo. Depois, olhei-o, e pareceu-me inesperadamente belo e associando temas musicais soube que era ele. Cocteau parecia-me muito menos interessante e infinitamente menos poético do que este Vasco, com seu perfil daquela portugalidade de homem do seu tempo, como Adriano, de belas cabeças imperiais que passaram entre nós para lembrar que uma cicatriz na beleza define os homens. Ele, que passou quase indelével no registo literário, tinha no entanto uma espécie de instinto admirável pela natureza do acto poético, sabia distinguir a qualidade, o sentimento trágico, e tinha uma disposição progressista num maravilhoso perfil romântico.

Foi actor, um actor exigente e prolífero, representou peças de Miller, António José da Silva, Steinbeck, Ionesco, e ainda teve o seu maior êxito no «Mercador de Veneza». Divulgador da poesia contemporânea num programa de rádio chamado «Cantar de Amigo» em Angola, creio que todas elas perdidas numa urdidura em que não achou uma defesa à altura das suas múltiplas capacidades . A sua obra poética deve-o muito ao retiro em Constância onde talvez usufruísse da calma necessária para o diálogo consigo mesmo, parecendo de sólidas amizades e de confiantes dias de camaradagem, é quase sempre um homem afável, porém distante de um centro de reconhecido e justo mérito, o que o deve ter sujeitado a uma tristeza qualquer que ao invés de o azedar adensou a sua rara sensibilidade.

A sua obra poética reparte-se por quase uma dezena de títulos, como « Canto de vida e morte» 1980, o «Silêncio quebrado» 1959, «Recado Invisível» 1950, «Bom dia meu amor» 1974, «Deixando discorrer os dias» 1991, já póstumo, e outros, mais antigos, uma vez que o poeta nascera em 1924 no Porto e dele se foi desamarrando aos entraves burgueses de um país severo e parado para a sua ânsia de viver e de expandir. «Um Pássaro contra as grades» ele – que precisava de espaço para ser feliz – um poema belíssimo que só uma alma larga, com asas, pode ter escrito, um legado de liberdade e de respeito por aquilo que são as relações humanas, esses contactos espaciais que por tão rotineiros quase não dão conta da invasão que provocam. E vale a pena transcrever alguns excertos:

ter palavras certas no sol do caminho e beber, a rir, o doirado vinho. Misturar a vida, misturar o vento… E, nas madrugadas quando o povo abraço, para estar contigo: PRECISO DE ESPAÇO!

Fluía nele também um lado quase religioso sentia-se que não estava deslocado dessa fina teia da indagação teológica que firma os efeitos de uma consciência poética, e são de grande beleza muitas das suas ora indagações, ora gratidão, ora silencioso desespero face ao enigma incognoscível da palavra quando o verso adeja, em Oração, encontramos esta inquietação sempre total:

«Senhor, eu não te peço felicidade…seria condenar a minha vida/ a uma inútil graça de ilusão/ nem te peço que faças dos meus versos desejos de cantigas para os outros/ …… O que te peço é que me dês o alento/ das frases que eu não sei se tu disseste! »

Coisas estas demasiado belas para esquecermos. Quase que por um trilho na percepção entende uma alegria nova, a Revolução dos Cravos, mantém-se entusiasta e envolvido, mas nem antes nem depois a sua situação de homem melhora, e acaba sempre por viver como pode aceitando os trabalhos que lhe dão, há na nova ordem um descaso que certamente o magoa e entende isso talvez com pesar, por isso morreu cedo, e por isso talvez não tivesse tido ensejo para a manutenção da vida que requer tantas concessões. Viveu como um poeta, pois são estes os poetas, os que correm o risco também de viver poeticamente. É sempre, quando dele nos acercamos, alguém com grande coerência e uma elegância quase desaparecida, aquela parte que faz dos poetas esses seres aristocráticos e estranhos, é um rejuvenescimento, de ternura, de despreendimento. Nós, vamos esquecendo, o tempo apaga, fulmina, estrategicamente encobre…mas o que é bom é sempre subitamente belo, bem o disse Safo. E neste súbito e inaugural renascer ele aparece tão novo como se fosse um propósito por vir:

minha mãe, eu canto a noite porque o dia me castiga; minha mãe eu grito a noite, neste amor em que me afundo, porque as palavras da vida minha mãe, já não têm outro mundo, minha mãe eu grito a noite neste amor em que me afundo.

Sabemo-lo boémio, amante das noites e dos cantos, sabê-lo por aí, o Fado, mas poucos sabem que passou por aqui, este homem tão especial que deu por concluído o seu testemunho antes mesmo de ter um florescente recomeço. Nestas vidas encontra-se o melhor. Não estão presas a si mesmas e tudo neles parece sempre novo, contemporâneo, quase eterno, agora mesmo o sinto tão próximo como um anjo de asas frescas sussurrando um canto protector:

Vive… que eu no pensamento viverei contigo/ Sonha, que no meu sentimento te darei alento/ Sofre… Que no meu sofrimento, terás toda a minha alma, a dizer-te um Poema/ – Mas não penses nunca neste meu dilema!

Hoje, estamos plenos de palavras, Vasco, e nenhumas são tão bonitas como aquelas que disseste para que eu as diga de ti neste momento. Não precisamos de muito. Mas temos saudades daquilo que no dizer se imortaliza. Sente-se uma imergência sadia de liberdade e uma zona sempre de espaço alargado no movimento de uma natureza que suporta mal o dirigismo das sociedades, e isso, é a sua marca mais conseguida de homem livre:

Outubro de 68

Que Povo é este, que Povo,
que é Poeta e se alimenta
de tanta maré vazia.
no mar que ele próprio inventa?

Que Povo é este, que Povo,
que tenta um sonho esmagado?
…É o Povo de onde venho
todo por dentro amarrado!

São de Amor todos os poemas.

Japão | Shinzo Abe em Moscovo para discutir ilhas disputadas com Rússia

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro do Japão viajou ontem para Moscovo, em visita oficial, para tentar resolver o impasse sobre as ilhas Curilas, no Pacífico, disputadas entre os dois países há mais de sete décadas.

“As negociações com a Rússia estão pendentes há 70 anos e não serão fáceis”, disse Shinzo Abe aos jornalistas antes de embarcar no avião que o levará a Moscovo, onde se encontrará com o Presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira.

Moscovo e Tóquio estão há mais de sete décadas sem assinar o tratado de paz depois do conflito armado devido ao contencioso territorial sobre quatro ilhas, retiradas ao Japão pela então União Soviética.
“Quero falar honestamente com Putin para poder avançar o máximo possível na negociação do tratado de paz”, sublinhou o primeiro-ministro nipónico.

As negociações não se adivinham nada fáceis. Na semana passada, O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, insistiu que o Japão deve reconhecer que as disputadas ilhas Curilas, no Pacífico, são parte do território russo como ponto de partida para as negociações.

A declaração do ministro russo, depois de conversações com o seu homólogo japonês, Taro Kono, reflectem os esforços de Moscovo para moderar as expectativas japonesas de um acordo iminente.

Filipinos muçulmanos em referendo que pode terminar com conflito separatista

[dropcap]M[/dropcap]ais de dois milhões de filipinos da comunidade de maioria muçulmana no sul do país foram ontem chamados a participar num referendo para tornar esta região mais autónoma, como solução para acabar com cinco décadas de conflito.

O porta-voz da comissão eleitoral James Jimenez afirmou que “o início do processo eleitoral parece estar a desenrolar-se bem”, logo após a abertura das mesas de voto, onde cerca de 2,1 milhões de filipinos podiam votar.

A votação centrou-se nas províncias de Basilan, Lanao del Sur, Maguindanao, Sulu e Tawi-Tawi, que compõem a Região Autónoma Muçulmana de Mindanao (ARMM), que resultam do armistício de 1996 com a Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI).

No referendo é pedida aprovação da lei orgânica de Bangsamoro, assinada em Julho pelo Presidente filipino, Rodrigo Duterte, que vai pôr em prática o acordo de paz alcançado em 2014 com a Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI).

Maior grupo rebelde muçulmano do país, a FMLI vai governar Bangsamoro, depois de ter deposto as armas e renunciado às aspirações independentistas.

Esta lei é vista como a solução para a paz no sul do arquipélago, que viveu cinco décadas de conflito armado e onde continuam a actuar milícias de grupos extremistas como o Abu Sayyaf, os Lutadores pela Libertação Islâmica de Bangsamoro, ou o Grupo Maute, opostos a qualquer acordo de paz.

Fundado em 1991 por alguns ex-combatentes da guerra do Afeganistão contra a antiga União Soviética, são atribuídos ao Abu Sayyaf alguns dos mais sangrentos atentados dos últimos anos nas Filipinas e vários sequestros com os quais se financia.

Em 6 de Fevereiro é a vez dos cerca de 600.000 habitantes de Lanao del Norte decidirem pela aprovação, ou não, da lei orgânica de Bangsamoro.

Com 20 milhões de habitantes, cerca de 20% dos quais muçulmanos, Mindanao tem sido cenário, há décadas, de conflitos entre o Governo e grupos extremistas islâmicos, bem como a guerrilha comunista do Novo Exército do Povo.

População chinesa chega a 1.395 milhões de habitantes

A China registou em 2018 o menor número de nascimentos desde o ano 2000. Apesar do fim da política do filho único, em 2016, e dos incentivos à natalidade, a população activa continua estagnada e o números de habitantes do sexo masculino traduzem ainda um excedente de 30 milhões

 

[dropcap]A[/dropcap] população da China aumentou 15,23 milhões, para 1.395 milhões de habitantes, em 2018, segundo dados oficiais ontem divulgados, prolongando a contínua queda na taxa de natalidade do país mais populoso do mundo.

Trata-se do número de nascimentos mais baixo desde 2000 e um abrandamento de 3,81%, face ao ano anterior, apesar de Pequim ter abolido a política de filho único, em 2016.

O país onde vive cerca de 18% da humanidade, aboliu a 1 de Janeiro de 2016 a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Pelas contas do Governo, sem aquela política, a China teria hoje quase 1.700 milhões.

Mas a população em idade activa estagnou, enquanto o rácio de dependência – o número de trabalhadores em relação à população que não trabalha (sobretudo crianças e reformados) – continua a aumentar.
As autoridades chinesas estimam que a população do país atingirá o pico de 1,442 milhões, em 2029, e que entrará em declínio no ano seguinte.

Entretanto, e fruto da tradição feudal que dá preferência a filhos do sexo masculino, a política de filho único gerou um excedente de 30 milhões de homens.

Segundo a actual política de natalidade, que substituiu a de “um casal, um filho”, a maioria dos casais chineses pode ter apenas duas crianças.

Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões.

Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e passando a oferecer incentivos à natalidade. Em 2017, o número total de nascimentos fixou-se em 17,23 milhões, menos 630.000 do que no ano anterior.

Índia a crescer

O cuidado com os idosos passou a ser uma preocupação crescente do governo, já que a percentagem de população em idade activa continua a cair.

Segundo especialistas, a queda no número de nascimentos deve-se sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano, e aos altos custos e falta de tempo para criar uma criança.

A actual restrição de dois filhos pode assim vir a ser também abolida, permitindo que as famílias tenham vários filhos, pela primeira vez em décadas.

Mas apesar das projecções de declínio no país mais populoso do mundo, as Nações Unidas estimam que a população global continue a crescer. Um relatório de 2017 estima que, em 2030, chegue aos 8,6 mil milhões, e que, até ao final do século, alcance os 11,2 mil milhões. A Índia deve superar a China como o país mais populoso até 2024, segundo a ONU.

Festival Fringe entra na última semana

A programação do 18.º Festival Fringe desta semana tem como destaque uma instalação multimédia inspirada nos contos de Hans Christian Andersen, intitulada “The Icebook” e uma peça de teatro que parte do mundo dos sonhos. A última semana do festival tem ainda em cartaz um concerto da banda da Casa de Portugal, teatro e um workshop de mímica

 

[dropcap]O[/dropcap] Festival Fringe atingiu a maioridade e a edição deste ano entra na recta final à medida que os derradeiros eventos que marcam a última semana do cartaz se aproximam. Na próxima quinta-feira, dia 24, começa a exibição da instalação teatral “The Icebook”, que poderá ser visitada em cinco locais diferentes, todos os dias, até domingo.

Inspirado no conto de Hans Christian Andersen “A Rainha da Neve”, “The Icebook” assume-se como o primeiro livro pop-up de vídeo mapping a ser exibido no mundo inteiro. A instalação teatral, cuja narrativa avança em silêncio, é da autoria dos artistas britânicos Davy e Kristin McGuire. O espectáculo, que tem duração de apenas 17 minutos, centra-se na relação entre uma misteriosa princesa que tem o coração feito de gelo e um rapaz que atrai para obter algum calor. As figuras são feitas a partir de recortes de papel que se agigantam através de projecções de luz de forma a proporcionar à audiência um ambiente intimista e imersivo. “The Icebook” é uma obra difícil de definir, um pouco à imagem do Fringe Festival, que fica algures entre o cinema, o teatro e a animação. No entanto, o resultado promete arrebatar emoções e transportar o espectador para o mundo de fantasia dos contos de Hans Christian Andersen.

Na quinta-feira, “The Icebook” será exibido no Ngai Chon 505 Studio 1, das 17h às 21h30, a cada trinta minutos. No dia seguinte, no mesmo horário, o local escolhido é o Centro de Educação de Vida Sadia na Avenida Nova da Areia Preta. No sábado e domingo, das 14h às 18h30, será exibido no Centro de Actividades Polivalentes do Lago e na Livraria Portuguesa, respectivamente. A entrada para ver o espectáculo custa 50 patacas.

Cantigas e mimos

“Once upon a time Singing in Portuguese” é o título do concerto da banda da Casa de Portugal em Macau, que ao longo de uma hora oferece ao público, em atmosfera familiar, um conjunto de clássico intemporais da música portuguesa, clássicos da Disney e alguns originais retirados do disco infantil “Castelos no Ar”. A banda composta por Tomás Ramos de Deus, Miguel Andrade, Luís Bento, Paulo Pereira e Ivan Pineda terá em palco a colaboração de convidados. O concerto tem como público alvo crianças e os seus pais e está marcado para as 16h de sábado no Largo de Camões na Taipa.

Na sexta-feira e no sábado a partir das 20h, o segundo andar do Edifício do Antigo Tribunal recebe a peça de teatro “Bæd Time”, de autoria da companhia de Taiwan Myan Myan Studio. A peça tem como ponto de partida duas raparigas que se lançam numa discussão sobre vida, morte e existência. Da conversa resulta a revelação da verdadeira identidade de uma das jovens e o sofrimento da interlocutora vítima de bullying. A entrada custa 120 patacas.

Também no Edifício do Antigo Tribunal, o francês Edi Rudo vai dar um workshop de mímica no próximo sábado e domingo, das 10h30 às 12h30. A divertida formação tem como lotação máxima de 10 pares de crianças acompanhadas por um adulto e custa 100 patacas.

Justiça | Adiado julgamento do caso das apostas ilegais

[dropcap]O[/dropcap] julgamento do caso das apostas ilegais durante o Mundial de Futebol de 2014 foi adiado para 12 de Fevereiro.

A primeira audiência estava marcada para ontem, mas o Tribunal Judicial de Base (TJB) entendeu que o empresário malaio Paul Phua, antigo junket em Macau com ligações a Las Vegas, alegado líder da rede de apostas ilegais, não foi devidamente notificado.

O empresário vai acusado de exploração ilícita de jogo, um crime punível com pena de prisão de até três anos. O processo junta mais 14 arguidos.