Governo pede tempo para legislar sobre casas para classe sanduíche

O Governo garante que vai tratar do dossier das casas para a chamada classe sanduíche, só precisa de mais tempo para o fazer. A garantia foi dada na sexta-feira na Assembleia Legislativa (AL) pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, em resposta a uma interpelação oral apresentada pelo deputado Ng Kuok Cheong.

“Se me perguntam se podemos fazer tudo ao mesmo tempo, vou encontrar terrenos que sejam destinados a habitações para a classe sanduíche. Mas como é que isso se faz? Naturalmente que temos de seguir a lei”, frisou. O secretário lembrou que as casas para as pessoas que não conseguem comprar habitação no privado nem candidatar-se a uma habitação pública devem seguir a mesma legislação da habitação económica e social.

“Temos de fazer uma lei, e nos termos dessa lei, que a AL eventualmente pode aprovar, é que nós podemos criar ou construir as casas.”

Sobre o relatório da consulta pública relativo a esta matéria, o secretário admitiu que ainda o vai analisar. “Não tenho condições para fazer agora qualquer abordagem, porque não tenho informações sobre isso. Agora não é oportuno dar uma resposta em relação às habitações para a classe sanduíche e ainda não li o relatório”, disse.
Para este ano, ficou prometido o concurso público para a atribuição de mais cinco mil habitações públicas.

Deputado “é pessimista”

No debate de sexta-feira o secretário aproveitou também para pedir mais “confiança” ao deputado Au Kam San, que por norma é bastante crítico das políticas de habitação do Executivo.

“Nunca tivemos a sua confiança nos nossos trabalhos, mas agora temos um mecanismo permanente para a habitação económica. Não acreditava, mas já fizemos. Peço que nos dê mais confiança.”
Raimundo do Rosário deu ainda como exemplo o projecto do metro ligeiro. “Sei que o senhor deputado é um pouco mais pessimista. Lembro-me que em Agosto de 2016 disse em sede de comissão de acompanhamento que iríamos criar as oficinas e a linha da Taipa. Na altura o deputado não acreditava, mas os meus colegas conseguiram. A habitação social, complementada pela económica, já não constitui um problema e já resolvemos, porque temos um mecanismo permanente. Antes não havia terrenos mas agora já temos.”

O governante disse mesmo que “nada cai do céu” e que estes projectos de obras públicas nascem “dos esforços dos colegas”, rematou. Outro membro do Governo falou ainda da habitação para idosos, tendo dito que muitos dos que vivem em zonas antigas já foram consultados. “Todos concordam que a construção de habitação para idosos tem de ser equipada com infra-estruturas sem barreiras, têm de existir pódios e jardins. Vamos ter em conta estes aspectos e iremos facultar muitos serviços aos idosos”, apontou.

Porto Interior | Projectos para travar inundações vão avançar

Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, disse no hemiciclo, na última sexta-feira, que a construção dos muretes de protecção contra inundações no Porto Interior e de melhoramento do dique do Porto Exterior vão mesmo avançar, mas não este ano.

Segundo o governante, é necessário coordenar as obras com as autoridades de Zhuhai. “O resultado desse simulacro foi positivo. Posso dizer que vamos avançar com esse projecto. Mas quanto ao preço e ao tempo, ou seja, o prazo, porque se trata de um projecto transfronteiriço, temos também que depender de uma cooperação regional. Espero que no final deste ano possa avançar com mais pormenores sobre o projecto”, adiantou.

O secretário disse mesmo que, com base no relatório de simulação, se houver outro tufão de intensidade semelhante à do Hato, a barreira de proteção de marés pode ser capaz de proteger a área do Porto Interior só até certo ponto, mas nunca na totalidade. “Pode haver um tufão mais forte no futuro e é impossível hoje prever [o que vai acontecer]”, disse.

Alibaba | Cooperação prolongada devido à pandemia

O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, assegurou, em resposta a uma interpelação oral do deputado Lam Lon Wai, que o acordo de cooperação com o grupo de comércio electrónico Alibaba, do magnata Jack Ma, será estendido até Dezembro.

“Proceder-se-á ao ajustamento do Acordo-Quadro inicial e prorrogar-se-á o prazo de cooperação até ao final deste ano, para que os trabalhos sejam executados da melhor forma”, disse o secretário. Esta mudança deve-se “ao impacto da epidemia e à nova direcção do desenvolvimento da governação electrónica”.

O acordo foi celebrado com o grupo Alibaba em 2017, tendo sido concluída em 2019 a primeira fase de cooperação, através da construção do Centro de Computação em Nuvem. A segunda fase de cooperação, teve início em Julho de 2019, estando prevista a sua conclusão no próximo mês de Junho. “Além da optimização das infra-estruturas” será “aprimorada a cidade inteligente e a governação electrónica”, explicou o secretário.

A pandemia “teve um grande impacto no desenvolvimento do programa de cooperação entre as duas partes no âmbito da governação inteligente”, uma vez que a equipa técnica do grupo Alibaba não conseguiu viajar do Interior da China para o território. Este impedimento “dificultou o desenvolvimento atempado dos trabalhos”.

André Cheong disse também no hemiciclo que no segundo semestre deste ano será lançada na conta única de acesso comum a funcionalidade da carteira digital, com vista a tornar efectiva a digitalização de 28 tipos de cartões, como, por exemplo, a do cartão de utente dos Serviços de Saúde e a do Cartão Sport Easy do Instituto do Desporto. Será lançado também o serviço de criação de conta online para os menores de 18 anos de idade.

Caso TDM | Sulu Sou critica ausência de respostas da Comissão Executiva

Coube, mais uma vez, a Inês Chan, directora do Gabinete de Comunicação Social, dar explicações sobre o caso TDM e a alegada mudança da linha editorial em prol de uma informação mais patriótica. O deputado Sulu Sou não gostou e protestou. Kou Hoi In não deu justificações

 

O deputado Sulu Sou exigia a presença da presidente da comissão executiva da Teledifusão de Macau (TDM), Lou Song Man, na Assembleia Legislativa (AL) para dar justificações sobre a eventual mudança da linha editorial da estação pública, mas tal não aconteceu. No debate de sexta-feira, apenas Inês Chan, directora do Gabinete de Comunicação Social (GCS), apareceu para reforçar a ideia de que o Governo não controla os media.

Tal motivou a apresentação de um protesto por parte do deputado Sulu Sou, que levou para a sala um cartaz com a frase “TDM – Diga a Verdade!”. “Como foi a comunicação entre a AL e a TDM? Se a TDM respondeu, porque é que não esteve presente? Apresento um protesto. A comissão executiva da TDM não respeita as intervenções dos deputados”, frisou.

Kou Hoi In, presidente do hemiciclo, não apresentou qualquer justificação para a ausência. “Encaminhamos a sua carta ao Governo. São arranjos do Governo, não há explicações sobre isto.”

Inês Chan manteve a mesma posição que tem mantido nos últimos meses relativamente a um caso que já levou à saída de nove jornalistas, tanto do canal de televisão como da rádio. “Todos os órgãos de comunicação social têm as suas linhas editoriais independentes. E o Governo defende sempre a liberdade de imprensa e o senhor Chefe do Executivo também já respondeu a esta questão publicamente em Março, ou seja, o Governo da RAEM nunca apertou a sua gestão quanto aos media.”

As dúvidas de Song Pek Kei

Na interpelação oral, Sulu Sou exigia a presença de Lo Song Man também para explicar questões estatutárias da empresa. “A TDM recebe, todos os anos, montantes avultados do erário público, e foi criticada nos relatórios do Comissariado de Auditoria, devido à falta de fiscalização. Quando é que [o Governo] vai legislar para definir o estatuto legal da TDM enquanto entidade de difusão pública e os seus deveres?”, questionou.

Os deputados Ng Kuok Cheong e Agnes Lam assumiram posições de defesa da liberdade de imprensa, uma vez que falaram, respectivamente, na necessidade de uma investigação ao caso e da manutenção da linha editorial.
Song Pek Kei, deputada natural de Fujian, mostrou-se a favor da adopção de uma linha mais patriótica da informação. “A TDM recebe dinheiro do Governo e está a fazer algo que contradiz as políticas do Governo Central e do Governo da RAEM? Isto é adequado ou não?”, apontou.

Covid-19 | Mais de oito mil inscrições para vacinação num só dia

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou que está a ser planeada a vacinação contra a Covid-19 nos centros de saúde sem necessidade de marcação online, apesar de na semana passada se ter registado um fluxo grande de inscrições. O Governo disse que a pandemia está a abrandar na Europa e na América do Norte por causa da vacinação, mas alertou para um agravamento nas regiões vizinhas

 

Na última semana “houve um grande registo da população” para a toma da vacina contra a Covid-19. Num único dia, as marcações atingiram as 8.600 pessoas, indicou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. Em comunicado do Gabinete de Comunicação Social, é ainda adiantado que o Governo está a planear mudanças nos procedimentos para a vacinação, para permitir que a população vá directamente aos centros de saúde sem precisar de fazer marcação online.

A secretária reiterou o apelo à vacinação de forma a criar uma barreira imunológica comunitária, recordando que se detectou recentemente em Macau um caso confirmado da variante indiana, casos de recaída, bem como variações à situação epidemiológica em regiões vizinhas. Além disso, a responsável apontou que cidades com contactos estreitos com Macau, como Cantão, Foshan e Shenzhen, se tornaram zonas de médio risco. Motivos pelos quais “não se exclui a possibilidade de surgir epidemia em Macau pelo que se apela à população para continuar a manter as medidas de prevenção”.

Os trabalhos de prevenção associados ao aumento de visitantes ao longo dos últimos meses também receberam a atenção da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, que reconheceu poder “tornar-se mais difícil” agora procurar hotéis para quarentena, em comparação com o ano passado. Ainda assim, Elsie Ao Ieong U indicou que há comunicação com o sector hoteleiro e que se acredita que “será providenciado o número suficiente de quartos destinados ao isolamento para observação médica”.

Além disso, o Governo criou um grupo de trabalho para coordenar o regresso de residentes no exterior que querem voltar ao território. A secretária avançou que mais de 1.600 estudantes preencheram os formulários disponibilizados pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude para regressarem a Macau. Destes, 1.100 encontram-se em Taiwan e alguns na Europa e nos EUA.

Altos e baixos

“A pandemia da Covid-19 está a diminuir na Europa e América do Norte devido às altas taxas de vacinação, contudo em países ou regiões com taxas de vacinação relativamente baixas, como Japão, Malásia, Tailândia e região de Taiwan da China a pandemia recentemente agravou-se”, comunicou o Centro de Contingência.

Sobre a situação no Interior da China, é apontado que a tendência se tem mantido boa desde os feriados do Ano Novo Lunar mas que o impacto de “factores externos” levaram o vírus a propagar-se, ficando várias regiões sinalizadas como de médio risco. “A situação da Província de Cantão (Guangdong) merece mais atenção pois possui um relacionamento muito próximo com Macau pois diariamente há um elevado fluxo de pessoas entre dois lados, o que pode causar grande impacto em Macau”, pode ler-se.

A partir das 12h de sábado, a passagem por várias zonas de Shenzhen, Foshan e Guangdong passou a exigir quarentena. Relativamente a Guangdong, é requerida quarentena aos indivíduos que nos 14 dias anteriores à entrada em Macau tenham estado na cidade de Cantão, com zonas do Distrito de Liwan (na comunidade de Jinlong e em áreas dos subdistritos de Zhongnan, Baihedong, Dongnao e Chongkou) e na Comunidade Pequena de Nanzhou Mingyuan, do Distrito de Haizhu.

Segurança líquida

Até às 16h de ontem, foram administradas 169.965 vacinas contra Covid-19, que representam 106.437 pessoas vacinadas. Mais de 64 mil pessoas foram vacinadas com a segunda dose, enquanto 42.256 levaram a primeira. Desde o início da vacinação registaram-se 749 notificações de eventos adversos, das quais 746 relacionadas com situações ligeiras.

Covid-19 | Caso de proximidade testou negativo

Um residente de Macau foi submetido a observação médica por ter estado próximo de uma pessoa assintomática diagnosticada com Covid-19, da cidade de Cantão. O resultado do teste de ácido nucleico deu negativo e o utente foi encaminhado para observação médica em isolamento de 14 dias no Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane. Até ontem, não apresentou sintomas.

“No dia 23 de Maio, estas duas pessoas estiveram próximas uma da outra (menos de três metros) na área turística de Gulong Gorge situado na Distrito Xin da cidade Qingyuan”, explica uma nota do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. As autoridades de saúde foram informadas da situação na madrugada de sábado, através do mecanismo de cooperação entre Macau e Zhuhai. “Os Serviços de Saúde lançaram imediatamente uma investigação e já encontraram o residente de Macau”, apontou o centro de coordenação.

O residente participou numa excursão em Qingyuan, nos dias 22 e 23 de Maio, tendo estado próximo da pessoa diagnosticada no segundo dia. “Alegando que usou máscara, este residente negou qualquer contacto com qualquer pessoa com febre ou sintomas respiratórios”, indica o Centro de Coordenação. Na noite de dia 23, voltou a Zhuhai de autocarro e ao chegar a Macau regressou a casa num carro de familiares.

Baixo risco

A 25 de Maio, o homem levou uma dose da vacina contra a Covid-19 e fez um teste de ácido nucleico em Zhuhai que deu negativo. Desde então, levou uma dose da vacina contra a Covid-19 e fez um teste de ácido nucleico em Zhuhai que deu também negativo, visitou familiares também em Zhuhai e “divertiu-se sozinho” no Casino Oceanus.

O indivíduo – condutor da área VIP do casino City of Dreams – regressou ao trabalho nos dias 28 e 29 de Maio. Indica que usou sempre máscara nas saídas de casa. “Este residente só esteve próximo (com a distância curta) com uma pessoa que foi diagnosticada com infecção assintomática, e os seus dois testes de ácido nucleico deram negativos. Tendo um risco baixo de infecção, os contactos deste residente não precisam de ser acompanhados, de momento”, diz a nota.

Covid-19 | Bolsonaro atrasou negociação de vacina chinesa em três meses

O director do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse ontem que as negociações para a aquisição da vacina CoronaVAc, contra a covid-19, ficaram paradas no Brasil durante três meses, após o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ter declarado que não a compraria.

Segundo o depoimento de Covas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado brasileiro, que investiga as ações do Governo brasileiro na pandemia de covid-19, no dia 7 de outubro de 2020 o Instituto Butantan fez uma oferta de 100 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde do Brasil.

“Houve uma sinalização de que poderíamos evoluir, inclusive com a produção de uma medida provisória (…) Tudo estava indo muito bem. Tanto que em 20 de outubro, fui convidado pelo [ex] ministro [da Saúde brasileiro, Eduardo] Pazuello para uma cerimónia na qual a vacina seria anunciada”, disse Covas.

“No outro dia de manhã, quando ainda haveria conversas adicionais, essas conversas adicionais não aconteceram porque o Presidente Jair Bolsonaro disse que não haveria continuação nesse processo”, acrescentou.

O Butantan firmou uma parceria com o laboratório chinês Sinovac, que desenvolveu a CoronaVac, no primeiro semestre do ano passado para testar e produzir o medicamento no Brasil e, portanto, é responsável pelo contrato de venda do medicamento junto ao Governo brasileiro.

Os testes e a aplicação desta vacina, porém, desencadearam várias polémicas porque Bolsonaro atacou o medicamento publicamente em mais que uma oportunidade e disse que não compraria a ‘vacina chinesa’ patrocinada pelo governador de São Paulo e seu rival político, João Dória.

Ao ser questionado novamente pelos senadores sobre a alegada paralisação das negociações entre o Governo brasileiro e o Instituto Butantan para a aquisição da CoronaVac, que é responsável por 65% das imunizações realizadas no país, Covas reafirmou que não houve mais progresso nas conversações até janeiro, quando um contrato foi finalmente assinado.

A declaração colocou em causa parte do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que afirmou aos senadores da CPI, na semana passada, que as declarações de Bolsonaro eram “falas de internet” e afirmou que ele e os técnicos do Ministério da Saúde continuaram a negociar com o Instituto Butantan.

A alegada recusa de comprar doses da CoronaVac tornou-se um episódio polémico na gestão da pandemia no Brasil porque Pazuelo gravou um vídeo ao lado de Bolsonaro no qual o ex-ministro da Saúde justificou a sua mudança de posição sobre este medicamento dizendo: “É simples assim. Um manda e o outro obedece”.

No seu depoimento à CPI da covid-19, Covas afirmou que não houve investimento direto do Ministério da Saúde no desenvolvimento da CoronaVac.

O director do Butantan também considerou que declarações ofensivas de membros do Governo brasileiro podem estar a causar atrasos recorrentes no envio de consumíveis exportados pela China para fabrico da CoronaVac e de outras vacinas no Brasil.

Questionado sobre a aplicação de uma terceira dose da CoronaVac para garantir a imunização, o especialista considerou que pode ser necessária não só para a CoronaVac como para outros imunizantes usados contra a covid-19.

“Isso será necessário neste momento para todas as vacinas, não só em relação à própria duração da imunidade, na minha opinião, é claro, como também em relação às variantes”, concluiu o diretor do Butantan.

Covid-19 | Voo entre Portugal e China suspenso transporta sobretudo chineses, diz MNE

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, confirmou ontem já ter tido conhecimento da suspensão do voo direto entre Portugal e a China, adiantando que a ligação se destinava, actualmente, sobretudo a cidadãos chineses.

“O voo Lisboa-Xi’an era o único voo directo actualmente em operação entre Portugal e a China e destinava-se sobretudo ao transporte de cidadãos chineses, dadas as restrições de entrada de cidadãos estrangeiros em território chinês”, afirmou Santos Silva, que esteve ontem em reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia.

As autoridades chinesas anunciaram ontem a suspensão da ligação aérea entre Portugal e a China, por um período de duas semanas, após detetarem sete casos de covid-19, em 14 de Maio, num voo oriundo de Lisboa.

Em comunicado difundido no seu portal oficial, a Administração de Aviação Civil da China informou que o voo entre Lisboa e a cidade chinesa de Xi’an, operado pela companhia aérea Beijing Capital Airlines, passa a estar suspenso a partir de 31 de Maio.

Segundo o ministério, Santos Silva “teve conhecimento da suspensão dos voos Lisboa-Xi’an por deteção de casos positivos após uma das viagens”.

No entanto, refere, “como não estão em causa cidadãos portugueses e todos os cidadãos que viajaram no voo em causa têm nacionalidade chinesa, não foi o ministério dos Negócios Estrangeiros informado em que momento é que estes passageiros testaram positivo depois de chegados a território chinês”.

De acordo com as autoridades chinesas, a ligação aérea poderá ser retomada “após o período de suspensão, com a frequência de um voo por semana”.

Interpol deteve 585 pessoas na Ásia acusadas de fraudes através da internet

Cerca de 600 pessoas foram detidas numa operação contra delitos financeiros na internet, tendo sido interceptados 83 milhões de dólares de fundos ilícitos em nove países da região Ásia-Pacífico, anunciou ontem a Interpol.

A operação da Polícia Criminal Internacional (Interpol), em que foram detidas 585 pessoas, resolveu 892 casos em seis meses em colaboração com funcionários policiais do Camboja, República Popular da China, Indonésia, Coreia do Sul, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname.

A acção policial, com nome de código HAECHI-I, concentrou-se em cinco tipos de delitos: fraudes em investimentos, branqueamento de capitais associados a jogo ilegal, extorsão sexual (chantagem contra uma pessoa com recurso a imagens de caráter sexual), rastreio e localização de identidades falsas.

As operações decorreram entre Setembro de 2020 e Março de 2021, tendo a maior parte dos trabalhos sido encerrados na semana passada.

Apesar de se ter concentrado na região da Ásia e do Pacífico, o carácter transfronteiriço dos delitos através da internet obrigou a investigações em todos os continentes, disse a Interpol, em comunicado.

No total, foram levadas a cabo 1.400 investigações, algumas das quais ainda decorrem, e congeladas 1.600 contas bancárias em todo o mundo.

“Os prevaricadores da internet tentam aproveitar o carácter sem fronteiras da rede digital para afectar vítimas em outros países ou transferir fundos ilícitos para o estrangeiro”, alertou a directora do departamento Delinquência Organizada da Interpol, Ilana de Wild.

Os resultados obtidos demonstram que a delinquência financeira na rede digital é “claramente global”, acrescentou Wild, apelando à cooperação internacional no combate aos crimes.

Casos práticos

Entre os exemplos citados, encontra-se uma empresa sul-coreana que foi contactada em Fevereiro por alguém que se fez passar por um sócio comercial que solicitou o pagamento de uma série de facturas através da mudança de dados bancários de forma fraudulenta. A companhia acabou por transferir sete milhões de dólares ao criminoso, tendo o dinheiro sido transferido de forma rápida para contas bancárias na Indonésia e Hong Kong.

Pouco depois da denúncia apresentada às autoridades, as forças policiais de Seul alertaram a unidade de delitos financeiros da Interpol, que até ao momento conseguiu interceptar e congelar metade dos fundos roubados.

Outro caso de fraude envolveu um grupo de Hong Kong que coordenou a compra de uma grande quantidade de acções, provocando propositadamente uma subida repentina dos preços no mercado financeiro da RAEHK.

A linha de partida das eleições

De momento, ainda ninguém sabe se os Jogos Olímpicos de Tóquio se vão realizar a 23 de Julho como estava programado. Mas as eleições para a Assembleia Legislativa de Macau, agendadas para 12 de Setembro, serão realizadas, a menos que qualquer situação de emergência não prevista, como um tufão, um terramoto, uma super variante do coronavírus, ou uma guerra regional ocorram. As eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong têm sido sucessivamente adiadas. Com a implementação da decisão do Congresso Nacional do Povo para Aperfeiçoar o Sistema Eleitoral da RAEHK e da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, é difícil prever se os democratas estão dispostos a candidatar-se a esta eleição. O sistema eleitoral em Macau permanece inalterado e pode ser encarado como um modelo de sucesso da implementação do princípio “um País, dois sistemas”. Por isso não vejo nenhuma razão plausível para adiar ou cancelar uma tão simbólica eleição.

Para participar nas Olimpíadas de Tóquio, os atletas têm de obedecer a determinados requisitos. Para participar na eleição dos deputados à Assembleia Legislativa da RAEM por sufrágio directo, as associações políticas ou as comissões de candidatura desde que constituídas por 300 a 500 eleitores recenseados podem apresentar candidatura.

Existem mais de 325.000 eleitores recenseados em Macau e havia mais de 174.000 eleitores recenseados para votarem nas eleições por sufrágio directo em 2017. Se 10% dos eleitores recenseados desejarem formar comissões de candidatura, e se cada candidatura requerer 500 eleitores recenseados, os 10% dos eleitores recenseados podem apresentar 34 candidaturas no total. Nas eleições para a 6.ª Assembleia Legislativa de Macau, só foram apresentadas pouco mais de vinte candidaturas. Em teoria, não deveria ser difícil encontrar 300 eleitores recenseados para formar uma comissão de candidatura. Mas na verdade, participar neste processo é tão difícil como participar nas Olimpíadas de Tóquio.

Como os diferentes grupos que pretendem apresentar candidaturas precisam de angariar um número suficiente de eleitores recenseados dispostos a formar uma comissão de candidatura, alguns tentam encontrar estes eleitores recenseados através de várias organizações e instituições, enquanto outros apelam directamente ao público, instalando bancas em certas artérias da cidade, ou procuram eleitores recenseados através da Internet. Nestas eleições, a procura de eleitores recenseados tem sido mais intensa que nas anteriores. Primeiro que tudo, a “caça” aos eleitores recenseados disparou rapidamente desde 11 de Março, e toda a força de trabalho necessária foi mobilizada por diferentes grupos. Em seguida, o número de eleitores recenseados angariados por grupos excedeu largamente os 500 definidos pelos estatutos, sem ter havido necessidade de estabelecer um patamar mais elevado.

Independentemente da forma hilariante como foram “coleccionados” os eleitores recenseados para formar comissões de candidatura, ocorreram-me os seguintes motivos para analisar a situação: 1) Alguns grupos não conseguem obter os eleitores recenseados requeridos, por isso necessitam procurá-los freneticamente; 2) Outros, já conseguiram o número suficiente de eleitores recenseados, mas continuam à procura de mais para aumentar a sua exposição pública; 3) Outros ainda, que já têm eleitores recenseados de sobra, procuram diminuir a quantidade de eleitores recenseados disponíveis no “mercado” para prejudicar os seus rivais; 4) Há ainda aqueles que, embora tenham eleitores recenseados em excesso, continuem à procura de mais para testar a capacidade organizacional e de mobilização dos seus membros e para obterem uma grande quantidade de dados para análise de forma a prever o número de votos que podem obter nas eleições para a 7.ª Assembleia Legislativa de Macau e também para poderem estabelecer estratégias de campanha e planos de votação com antecedência.

A intensa luta pela obtenção de eleitores recenseados demonstra que não é de todo fácil pôr o pé na linha de partida nas eleições para a 7.ª Assembleia Legislativa de Macau, agendadas para 12 de Setembro. E mesmo alguns grupos que já pisaram esta linha, é possível que não venham a participar na corrida por uma variedade de motivos. Recentemente, dois grupos enviaram uma carta à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa anunciando a sua desistência da candidatura. As razões para a desistência da candidatura podem ser pessoais, saúde ou quaisquer outras. Mas, avaliando a partir de um conjunto de sinais, a rivalidade intensa despertada pela eleição dos deputados à 7.ª Assembleia Legislativa da RAEM por sufrágio directo não será menor que nas eleições para a 6.ª Assembleia Legislativa da RAEM e o número da lista de candidaturas para a 7.ª Assembleia Legislativa da RAEM será também semelhante à anterior.

Alguns grupos optaram por não participar e outros optaram por concorrer à eleição dos deputados à 7.ª Assembleia Legislativa da RAEM. Cada eleitor recenseado tem o direito de exercer os direitos de propositura, de candidatura e de voto nas eleições, e o exercício dos direitos é um dever dos cidadãos. A linha de partida pode estar em qualquer lado, mas o mais importante é que os cidadãos definam por si próprios onde se encontra esta linha.

A miúda mais bonita da turma

Já não me lembro se foi no sexto ou no sétimo ano que dei conta de que existiam mulheres e que isso não me era indiferente. Com doze ou treze anos, o sexo era a penúltima das minhas preocupações. O sexo era, aliás, um abstracto mais ou menos curioso que correspondia a conversas que os mais velhos – ou os mais afoitos – tinham. O meu interesse pelas raparigas adveio antes do meu interesse por sexo. Ou, como dizia o Santo Agostinho das Confissões a respeito de assuntos mais nobres, «eu já amava antes de saber amar».

Baixinho, tímido e basicamente amaldiçoado pelo facto de a minha mãe insistir em ser ela a escolher-me a roupa, poucos argumentos tinha para que uma rapariga tivesse qualquer interesse extracurricular em falar comigo. As pessoas com quem me dava, aliás, eram os proscritos do continente inacessível da popularidade, aqueles que faziam um grupo de não serem aceites em grupo nenhum. E, tirando a questão feminina, era um grupo bem mais interessante do que o dos aspirantes a motários ou a delinquentes (mas muito menos sexy, obviamente).

Quando a Luísa, provavelmente a miúda mais bonita da turma, meteu conversa comigo acerca do quão violentos os rapazes podiam ser nas suas brincadeiras, senti-me, pela primeira vez na vida, especial. Outra humanidade, à margem dos penteados decalcados da Bravo e das calças da Chevignon, era possível. Eu sempre achara que a Luísa, a interessar-se por alguém, iria naturalmente sucumbir ao charme do Ivan, um latagão magríssimo de metro e setenta (eu olhava para ele de baixo para cima sem nunca ousar dirigir-lhe uma palavra) com um mullet cujos caracóis loiros faziam inveja a qualquer querubim do renascimento. Eles eram o par perfeito. Com o seu aspecto irrepreensivelmente nórdico, contrastavam de tal modo com o nosso ar marroquino de algarvios queimados do sol que não acabarem juntos era uma ideia que roçava o pecado.

Quando a Luísa me convidou para ir ao cinema com ela, ver o Robocop, devo ter demorado uns bons dois minutos até lhe dizer, muito baixinho, que sim. Já era difícil acreditar que a Luísa pudesse achar em mim qualquer interesse que justificasse uma troca breve de palavras, mas convidar-me para o cinema tinha laivos de história para um daqueles defuntos jornais de notícias do bizarro e do além. Pedi emprestado umas calças de fato de treino a um amigo mais atreito à questão da moda e aperaltei-me com pude. Duas gotas do Old Spice do meu pai atrás das orelhas completaram a minha transformação. Às 19:15 estava à porta do café na baixa onde tínhamos combinado encontrar-nos. Era verão e a íamos à sessão das 20:30, pelo que pelas minhas contas, a nervoseira resultante de uma hora a tentar não fazer figuras de urso diante da Luísa dava para ensopar duas vezes a roupa impecavelmente passada a ferro que vestia naquele dia.

Passou-se o tempo, muito devagar, e a Luísa não apareceu. Tão desanimado quanto estranhamente aliviado, dirigi-me para o cinema. Era o universo a retomar o seu curso natural, pensei. Na bilheteira, vejo a Luísa e ainda pensei em gritar-lhe do outro lado da rua. Ainda bem que não o fiz. Ela estava com o Ivan. Ele, naturalmente imune ao embaraço, não parava de lhe contar o que eu imaginava serem, pelo riso dela, as melhores piadas do mundo. Eu, por dentro, desmoronei de amores pela primeira vez.

Fiquei sentado duas filas por detrás deles. O Ivan, alto, fez-me pelo menos metade do filme com aqueles caracóis que me pareciam cada vez mais ridículos a cada minuto que passava. Do nada, saquei da pastilha corpulenta que mastigava há horas (preceitos para o hálito, conselho do amigo das calças) e atirei-a de modo a que fizesse ninho no cabelo do Ivan.

Se estiveres aí desse lado, meu querido, aceita as minhas tardias desculpas. Sim, fui eu. Sim, tu não tinhas culpa nenhuma de seres insuportavelmente bonito. Espero-te bem. Lamento teres tido que rapar esses gloriosos caracóis. Ah, e lamento pela Luísa. Afinal preferia morenos. Tans pis.

Sobre a canção popular moderna – Jean-François Revel

Tradução de Emanuel Cameira

Na italomania, a noção de «canção popular italiana» é um dogma constitucional. Toda a imaginação nórdica associa teimosamente «meridional» e «popular». Pela sua essência, pela sua natureza, o sotaque marselhês passa por «popular» – como se não fosse também o dos burgueses de Marselha desta ou daquela velha aristocracia ou plutocracia.

Se entendemos por «canção popular» as canções inventadas e cantadas pelo «povo», aquelas de que os folcloristas acompanham as migrações, as evoluções ao longo dos séculos, das quais procuram determinar a origem e as diversas versões com vista a coleccioná-las nos tesouros que as salvarão do esquecimento, direi que, nesse sentido, a canção popular italiana tem o destino de todas as dos outros países: é cada vez mais empurrada pela torrente sonora que a rádio e o disco propagam desde há trinta anos, e os etnomusicólogos trabalham em Itália como em todos os lugares: apressam-se a registar os vestígios que ainda encontram a fim de definir o corpus.

E se por «canção popular» queremos dizer as canções escritas por autores e compositores profissionais para se tornarem sucessos populares, responderei que este género não existe em Itália, artisticamente falando. Com excepção da canção napolitana, infelizmente pouco renovada, a música destinada às massas limita-se à mais indecisa imitação da «música ligeira» americana, mistura branda de falso jazz e de gastos e frouxos ritmos sul-americanos.

Nesta área, os Italianos têm pouco gosto pela autenticidade: o gosto pelo verdadeiro jazz, por exemplo, ou pelo verdadeiro flamenco.

Essas maravilhas que são as grandes óperas italianas do século XIX mantêm-se, em última instância, como a única música popular autêntica e bela, quero dizer, consumida pelo grande público.

Mas não encontramos canções equivalentes a esses produtos, ora populares ora refinados, que inspiraram e foram recuperados ou interpretados por personalidades tão originais como Bruant, Chevalier, Mistinguett, Trénet, Piaf, Léo Ferré ou Brassens. Esta canção popular, de facto, contém toda a poesia moderna: Verlaine, Laforgue, Corbière, Prévert, etc., essa ponte lançada entre a literatura e a fala do povo. A canção popular moderna é a fala popular vista através da poesia, mas essa poesia foi primeiro necessária para que Bruant tivesse a ideia de registar, tal e qual, as confissões de prostitutas e delinquentes e de as cantar com total despojamento, ao som de um simples realejo. Na origem deste cruzamento, encontramos o princípio: «A Arte é o contrário da Arte», princípio, como vimos, alheio ao espírito criador italiano (excepto na arte do cinema, onde ele o entendeu e aplicou com os resultados admiráveis que conhecemos). Por sua vez, a poesia moderna passou à canção, graças à qual o surrealismo, por exemplo, foi impresso em milhões de cópias.

Ademais, a canção popular moderna pressupõe o calão. Contudo, o calão, ele mesmo, supõe uma língua nacional falada universalmente. O calão é a linguagem utilizada pelos larápios a fim de não serem compreendidos pelos outros cidadãos. Mas o problema dos Italianos sempre foi, pelo contrário, o de encontrar uma língua em que pudessem fazer-se entender aos que ignoram o dialecto da sua aldeia.

«O que é terrível é que esse defeito da língua inviabiliza o cómico. Não há nenhuma construção artificial que não seja natural em qualquer canto…» (Stendhal, Roma, Nápoles, Florença em 1817.) Também não encontramos mais nenhuma canção humorística ou divertida, seja o antigo género café-concerto («Le samedi soir après l’turbin», etc.), ou o dos Irmãos Jacques. Muito menos humor misturado com poesia, como em Brassens, ou a caricatura, a paródia, a agressividade, a sátira. A poesia dialectal do século XIX oferece exemplos desses vários tons. Mas não serviu de fonte para a canção popular do século XX. E, além disso, essa poesia nem sempre é popular; é amiúde uma poesia literária escrita em dialecto.

Chevalier ou Piaf, mesmo quando usam apenas semi-calão, usam uma linguagem falada que representa um francês descontraído. É o francês natural, onde se diz «c’est pas» em vez de «ce n’est pas». Mas não há um italiano descontraído, o que suporia um fundo comum em que a descontracção seria uma referência compreensível para todos. A Toscânia, porém, também não produziu nada em termos de canções.

Do ponto de vista musical, as melodias da canção moderna são invenções a partir de um género popular: canto de tom plangente, música de acordeão, danças de baile, etc., cuja técnica de encadeamento é retomada por um Kosma ou um Léo Ferré, conseguindo construir habilmente uma música fácil, aí pondo tanto de si quanto numa música culta.

Desconheço se todas estas razões são boas, mas aquilo de que estou certo é que os sucessos populares italianos não ultrapassam o patamar das produções de um Luis Mariano ou de um Tino Rossi – ou deste Marino Marini, desconhecido em Itália, mas cujo Bambino fez ainda assim escorrer sobre nós a mais representativa das ninharias.

Tradução de: Revel, Jean-François [1958], Pour l’Italie, Paris, Union Générale d’Éditions, 1969, pp. 165-167.

China-Portugal | Zhao Bentang, embaixador em Lisboa, fala de “questões e desafios em comum”

Zhao Bentang, embaixador da China em Lisboa, falou ontem numa palestra promovida pela Universidade de Aveiro e destacou a intensa relação entre Portugal e China. O embaixador, no cargo há pouco tempo, lembrou que os dois países “enfrentam questões e desafios em comum”. Para o futuro esperam-se “resultados tangíveis” nas áreas da saúde e turismo

 

O novo embaixador da República Popular da China (RPC) em Portugal, Zhao Bentang, fez ontem um discurso optimista sobre a relação bilateral com Portugal no programa “Conferência da Saúde e Bem-estar na Nova Rota da Seda”, que decorreu ontem na Universidade de Aveiro.

Participando por videoconferência, o embaixador disse que “as duas partes enfrentam questões e desafios em comum e realizaram amplas cooperações, com resultados frutíferos”. Além disso, Zhao Bentang destacou o facto de “Portugal ser um dos países europeus mais abertos à cooperação com a China na área da medicina tradicional chinesa”.

“Estamos na expectativa de envidar esforços com Portugal para promover uma interacção profunda entre a medicina tradicional chinesa e a medicina ocidental para beneficiar melhor os dois povos”, disse. O diplomata não esqueceu o facto de Portugal ter sido “um dos primeiros países europeus a assinar um documento de cooperação com a China no âmbito [da política] Uma Faixa, Uma Rota”.

“A cooperação entre os dois países tem uma boa base e uma perspectiva risonha. Ao lutarem juntos contra a pandemia a China e Portugal dão um ao outro apoio e compreensão mútuos”, considerou. Esse futuro passa “pela busca de resultados tangíveis na saúde, turismo e outras áreas abordadas na conferência”, com o objectivo de obter “mais avanços na parceria estratégia global”.

José Augusto Duarte, embaixador português em Pequim, também falou do bom caminho que a cooperação com a China sempre tomou, tendo em conta “a força de uma relação luso-chinesa de 500 anos marcada pela paz”.
“Há um claro interesse em trabalhar com a China na resolução dos desafios que são globais e que exige uma resposta conjunta de todos nós. É o caso, por exemplo, do combate às alterações climáticas, mas também na luta contra a pandemia da covid-19. A ciência deve ocupar um lugar cimeiro e de aproximação dos povos.”

Uma rota da saúde

Ainda sobre a pandemia, Zhao Bentang lembrou que a covid-19 “continua activa a nível global e traz uma enorme ameaça à vida e saúde das pessoas”, gerando “um grande desafio à segurança da saúde pública a nível global e um impacto grave ao desenvolvimento socioeconómico no mundo”.

O responsável, que substituiu Cai Run no cargo em Lisboa, frisou que “nenhum país poderia sobreviver sozinho à grande crise”, pelo que “a união e a cooperação é o único caminho correcto”.

“Nos últimos oito anos [desde o anúncio da política Uma Faixa, Uma Rota], a China e mais de 14 países e 31 organizações internacionais, Portugal incluído, assinaram documentos de cooperação e foi promovido o desenvolvimento constante da construção conjunta” dessa política, concluiu.

Zhao Bentang defendeu que “a cooperação na área da saúde constitui uma parte importante na cooperação pragmática e diversificada no quadro de Uma Faixa, Uma Rota”.

“Desde o início da pandemia da covid-19 que a cooperação internacional [neste âmbito] vem demostrando uma forte resiliência e vitalidade”. Esta política de Pequim desempenha “um papel importante no combate à pandemia, estabilização da economia e apoio ao bem-estar da população dos países”, disse o embaixador.

Zhao Bentang disse mesmo que a política Uma Faixa, Uma Rota “está a tornar-se numa rota da saúde para preservar a saúde dos seres humanos e garantir o espírito de responsabilidade da parte chinesa em proteger a vida humana”.

Académicos de Macau participaram

O ciclo de conferências ficou também marcado pela participação de dois cientistas da Universidade de Macau que apresentaram estudos na área da saúde. San Ming Wang falou da prevenção do cancro na população da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, enquanto que Simon Lee falou da “Importância do Desenvolvimento da Cooperação com a China no Sistema de Saúde Global”.

Segundo a Xinhua, tanto Zhao Bentang como José Augusto Duarte foram oradores noutro seminário, desta vez promovido pela Universidade de Coimbra, intitulado “O Futuro da Cooperação Sino-Portuguesa e Sino-Europeia”.
Zhao Bentang, disse que, ao longo dos anos, a China tem defendido e promovido activamente a integração do conceito de ecologia verde na construção conjunta de Uma Faixa, Uma Rota, apontando que este desenvolvimento ambiental não é o único caminho para a transformação económica da China. José Augusto Duarte apontou que o desenvolvimento da China nos últimos anos tem sido aberto, alertando para a necessidade de Portugal, China e Europa necessitarem de fortalecer o intercâmbio e a cooperação no combate às alterações climáticas e no combate à epidemia.

Duarte Braga aborda referências à China n’O Livro do Desassossego de Fernando Pessoa

Duarte Drumond Braga, investigador da Universidade de Lisboa, tem estudado a ligação ténue entre a obra de Fernando Pessoa e a China, nomeadamente as referências ao mundo pictórico chinês n’O Livro do Desassossego. Este assunto foi abordado numa palestra promovida pelo departamento de português e espanhol da universidade UC Santa Barbara

 

Decorreu ontem a palestra online intitulada “O Oriente e o Orientalismo em Fernando Pessoa”, promovida pela universidade UC Santa Barbara e em que participou o investigador Duarte Drumond Braga, da Universidade de Lisboa, como orador. Duarte Braga, que há muito se debruça sobre a presença do oriente nos escritos do poeta português, disse ao HM que tem analisado a presença da China em algumas das suas obras.

“Não há nenhum projecto pessoano de escrita sobre a China, mas há referências do Pessoa leitor, escritor, poeta, à China. Há momentos muito interessantes da obra pessoana em que a China aparece, como por exemplo n’O Livro do Desassossego, em que se presta muita atenção à questão da ideia da paisagem impossível, como chama Bernardo Soares, a paisagem da porcelana, dos leques, desse mundo pictórico chinês. Essa paisagem é valorizada por ser demasiado perfeita, irreal, impossível, que é muito a tónica d’O Livro do Desassossego.”

No entanto, estão sempre em causa “referências esporádicas”, uma vez que “quando aparece a China nesse livro é por causa da paisagem representada na porcelana, falar sobre a China não é a primeira ideia”.

Além disso, “há uma carta de Fernando Pessoa para Camilo Pessanha, pedindo a colaboração, e que foi enviada para Macau”. Há também “uma referência de Álvaro de Campos a Macau”.

Na palestra, apoiada pelo Instituto Camões, Duarte Braga falou também do trabalho de alguns investigadores sobre incursões de Fernando Pessoa no Japão, nomeadamente a tentativa do poeta de tentar a poesia do tipo Haiku, tema já abordado no número 9 da revista Pessoa Plural, organizado por Duarte Braga.

Ainda relativamente ao orientalismo na obra de Pessoa, há que destacar a Índia “que se confunde com a ideia do Império português, porque é centrado lá”. Coloca-se “a questão das índias espirituais, porque para Pessoa é necessário descobrir uma outra Índia, que já não estaria nos mapas”.

O português pelo mundo

Na conversa de ontem, Duarte Drumond Braga falou também “de um Pessoa esotérico, onde entra a Ásia”. Há também referências ao mundo árabe e à Pérsia.

O investigador, que viveu em Macau e que colabora com o HM, tem um novo projecto no centro de estudos comparatistas da UL, sobre a literatura em português nos quatro continentes, em zonas como o Brasil, Moçambique, Goa, Macau e Portugal, com um foco nos Açores.

“Esse projecto tem a ver com uma perspectiva não nacionalista sobre as várias tradições de escrita em português, e a Ásia mostra bem isso, com Goa e Macau. São sítios onde há escrita em português, mas não são nações de língua portuguesa, são outros formatos”, remata.

Fórum de Cooperação Ambiental | Mobilidade ecológica em destaque

Uma nova “zona de exposição de mobilidade ecológica”, com “veículos movidos a novas energias”, vai ser apresentada na edição deste ano do MIECF – Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau, foi ontem anunciado.

Subordinado ao tema “Rumo a uma nova de ecologia e baixa emissão carbónica”, o MIECF vai decorrer entre 5 e 7 de Agosto, destacando-se entre as acções presenciais a “Mostra Verde”, que vai contar com a apresentação “de veículos movidos a novas energias, equipamentos complementares e tecnologias relevantes” na “zona de exposição de mobilidade ecológica”, indicaram as autoridades locais, em comunicado.

Exposições dedicadas à apresentação de tecnologias ecológicas inovadoras vão estar patentes ao público neste fórum dedicado à “promoção da cooperação e do intercâmbio, à escala mundial, entre organismos governamentais, indústrias, universidades, centros de investigação, consumidores e serviços financeiros, no âmbito da proteção ambiental”, indicou a mesma nota.

Organizado pelo Governo e coordenado pelo IPIM e Direcção dos Serviços de Proteção Ambiental, o MIECF vai contar, ao longo dos três dias, “com sessões de intercâmbio especializadas, tanto a nível ‘online’ (…), como a nível ‘offline'”, no recinto, acrescentou.

Suspeito de abuso sexual em prisão preventiva

Um residente, de 25 anos de idade, ficou em prisão preventiva por suspeitas de abuso sexual de uma menina de 14 anos. O caso foi encaminhado para o Ministério Público (MP) para mais investigação, e foi aplicada a medida de coacção “tendo em consideração a gravidade dos factos” e a “prática do crime do mesmo tipo pelo arguido no passado”.

O caso remonta a Maio, quando o suspeito conheceu a menor num aplicativo de conversação. “Alguns dias depois os dois tiveram um encontro, durante o qual o arguido levou a ofendida a um apartamento sito na zona Norte e praticou acto sexual com a mesma, mesmo sabendo que a sua idade era inferior a 14 anos”, descreve o MP, em comunicado.

Posteriormente, a menor “recorreu ao assistente social da escola e, em seguida, participou os factos à polícia”. A Polícia Judiciária apurou que, em 2012, o arguido tinha sido condenado à pena de prisão por ter cometido o crime de abuso sexual de menor, com pena suspensa. O MP abriu então um inquérito pela prática do crime de abuso sexual de crianças, que de acordo com o Código Penal é punível com uma pena de prisão que pode ir dos três aos dez anos. Além disso, “o crime precedente pode constituir circunstância a ponderar pelo tribunal na determinação da pena”.

Covid-19 | Quarentena para quem vem de Cantão e Shenzhen

Numa altura em que a variante indiana foi diagnosticada em Macau e o número de casos de covid-19 aumenta nas regiões vizinhas, foi anunciada a obrigatoriedade de quarentena para algumas localidades de Cantão e Shenzhen. A conversão para o código de saúde de Guangdong esteve em baixo durante grande parte do dia de ontem

 

Desde ontem que, quem esteve no subdistrito de Heyuan, do Distrito de Liwan, da Cidade de Cantão está sujeito a uma quarentena de 14 dias à chegada a Macau. A mesma medida foi está também a ser aplicada desde as 21h de quarta-feira para quem chega dos distritos de Longgang e Yantian da cidade de Shenzhen. O anúncio foi comunicado pelo Centro de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

A actualização dos locais a partir dos quais passa a ser obrigatória realizar quarentena à chegada a Macau vem no seguimento do aumento do número de casos de covid-19 na cidade de Shenzhen e no recente anúncio das autoridades de Macau sobre a detecção da variante indiana no território.

De acordo com uma nota oficial, os testes realizados ao 51º caso de covid-19 de Macau confirmaram, pela primeira vez, a detecção da variante no território, facto que demonstra, segundo o Centro de Coordenação de Contingência para o novo tipo de Coronavírus “a potencial ameaça da infecção é bem real em Macau” e que, por isso, a população deve ser vacinada o mais depressa possível.

“É a primeira vez que esta variante é diagnosticada em Macau e revela que a potencial ameaça da infecção pelo novo tipo de coronavírus sempre existiu e é bem real em Macau. Todos os cidadãos que não foram vacinados devem administrar as vacinas o mais rapidamente possível. A variante indiana do novo tipo de coronavírus B.1.617 foi descoberta pela primeira vez na Índia, em Dezembro do ano passado e actualmente está a causar um amplo surto na Índia”.

Código em baixo

Segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, até às 18h de ontem, o sistema de conversão do “Código de Saúde de Macau” no “Código de Saúde da Província de Cantão (Guangdong)” esteve em baixo.

De acordo com a mesma fonte, para fazer face ao problema foram incluídas mais passagens nos postos fronteiriços e, caso o sistema se mantenha instável e seja impossível apresentar a conversão, a polícia está autorizada a permitir a passagem mediante o código de saúde de Macau.

Emprego | Média salarial aumenta em Março

Durante o primeiro trimestre do ano a média salarial dos trabalhadores a tempo inteiro aumentou em Março “em virtude de a base de comparação ter sido relativamente baixa”. Isto porque em Março do ano passado “a remuneração média desceu significativamente devido ao grande número de trabalhadores de alguns ramos de actividade económica em licença sem vencimento”. Esta situação deveu-se à pandemia da covid-19.

No caso dos hotéis, no primeiro trimestre, trabalhavam 49.685 pessoas a tempo inteiro, menos 15,9 por cento. Em Março, a remuneração média destes trabalhadores era de 18.360 patacas, mais um por cento em termos anuais. No sector da restauração a remuneração média, no mesmo período, era de 9.600 patacas, mais 17,4 por cento. Trabalhavam nesta área 23.914 pessoas.

No caso das indústrias transformadoras o salário médio era de 11.830 patacas, mais 9,9 por cento, enquanto que na área da educação, nomeadamente nas creches, trabalhavam 1.522 pessoas com um salário médio de 16.460 patacas, mais quatro por cento. A área da gerontologia albergava 1.140 trabalhadores com um salário médio de 15.850 patacas, mais 0,6 por cento.

Turismo | Número de hóspedes chineses sobe 760% em Abril

A taxa de ocupação hoteleira aumentou 45,9 por cento em Abril em comparação com o ano passado, com uma taxa de ocupação média de 58,5 por cento. A taxa de ocupação média dos hotéis de três estrelas foi de 68,5 por cento.

Em Abril existiam um total de 37 mil quartos de hotel, mais 10,5 por cento, bem como um total de 119 hotéis e pensões, mais nove face ao igual período de 2020. Neste mês pernoitaram nas unidades hoteleiras 694 mil pessoas, mais 550,3 por cento face a Abril de 2020. O número de hóspedes do Interior da China, 603 mil, e de Macau, 61 mil, registou um aumento de 761,2 e 149,3 por cento, respectivamente.

No mês em análise, o território registou apenas 11 mil visitantes em excursões locais, enquanto 20 mil residentes de Macau viajaram para o exterior através de agências de viagem. A grande parte dessas viagens, 98,5 por cento, foram feitas ao interior da China.

Durante os primeiros quatro meses do ano, a taxa de ocupação média dos hotéis e pensões foi de 48,4 por cento, mais 13,8 por cento em relação a 2020. Hospedaram-se 2.148 milhões de pessoas, uma subida 36,1 por cento. No mesmo período, o número de visitantes em excursões locais foi de 17 mil, mais 81,8 por cento face ao mesmo período de 2020.

Gastronomia | Restaurante Macau Gourmet abre na próxima semana

O Macau Gourmet Café&Bistro abre portas na próxima semana sob a gestão de Fernando Marques, ex-proprietário do Restaurante “Toca”. Além da aposta nos pratos de carnes e mariscos, o cardápio contempla ainda um whisky bar, sala de karaoke e, no futuro, serviço de pastelaria. Nos dias 12 e 13 de Junho haverá arraial de Santo António

 

O nome até pode dar margem para dúvidas, mas a alma do negócio não. Gerido por Fernando Marques, ex-proprietário do Restaurante “Toca”, na Taipa, o Macau Gourmet Café&Bistro é um restaurante português que se prepara para abrir portas na Rua da Sé, já no decorrer da próxima semana.

Ao HM, o responsável conta que o novo espaço vai ser um restaurante português com alguma influência local, onde a maior aposta será nos pratos de carne e mariscos, sem esquecer marcos incontornáveis da gastronomia portuguesa como o bacalhau com natas ou o arroz de pato. Para ajudar à tarefa e “porque os olhos também comem”, Fernando Marques revelou ainda que, à entrada, haverá uma vitrina onde estarão expostas as carnes, os peixes e os mariscos do dia, um pouco à imagem do que acontece, habitualmente, nas marisqueiras em Portugal.

“Vamos apostar muito em carnes e mariscos, porque, normalmente, os restaurantes portugueses de rua aqui em Macau, não têm muito o hábito de ter marisco. Normalmente, o marisco come-se nos hotéis e, por isso, aqui vou apostar nesse mercado, até porque irá atrair o tipo de clientes que estamos a pensar ter aqui. Depois haverá lugar para os nossos pratos portugueses como o bacalhau com natas, o arroz de pato, frango assado, vamos ter uma base grande de comida portuguesa”, explicou.

Sobre a vitrina, Fernando Marques sublinha que “apesar de ser uma coisa rara nos restaurantes portugueses em Macau”, é uma aposta importante, pois permite “levar os melhores produtos para fora da cozinha” e cativar clientes.

O espaço do Macau Gourmet está divido em duas áreas principais. Um espaço exterior, junto à entrada, aberto entre as 11h e as 22h que, no futuro, está planeado para acolher uma cafetaria onde haverá pão e produtos de pastelaria como croissants, bolos de arroz, e bolas de berlim. O segundo espaço é uma sala interior dedicada às refeições, que estará aberta entre as 11h e as 15h. Além disso, a cave do Macau Gourmet está a ser pensada para receber um whisky bar e uma sala de karaoke, dedicada “por enquanto, a eventos privados mediante reserva”.

Haja festa

Além dos preparativos para a abertura, prevista para meados da próxima semana, Fernando Marques aponta que outra das apostas prende-se com a organização de eventos, sendo que o primeiro poderá já acontecer nos próximos dias 12 e 13 de Junho, a pretexto das celebrações do Santo António.

“Não se faz um arraial de Santo António há muito tempo, por isso, este ano estou a pensar fazer aqui um arraial porque as pessoas estão à espera de festas e depois, como é um espaço privado, que não requer autorizações de saúde ou dos bombeiros, basta juntar o útil ao agradável”, contou.

Segundo o responsável, durante o arraial, os clientes poderão circular livremente pelo espaço, petiscar, comprar artesanato típico português e, claro, comer sardinhas.

Além do arraial de Santo António, está também pensada para breve uma noite de música clássica e outra, por exemplo, dedicada ao fado.

Questionado sobre os riscos de começar um negócio num contexto económico instável devido à pandemia, Fernando Marques afirma ter confiança no “mercado local”, na qualidade da comida e na experiência acumulada ao longo dos anos.

“É arriscado abrir um negócio agora, mas já fui percebendo o mercado ao longo do tempo e compreendi que há mercado para os locais. Os locais continuam a sair muito à rua para jantar com a família, amigos e ir a festas. Além disso, os clientes estão sempre à procura de algo novo e tenho reparado que os novos restaurantes e lojas que estão a abrir atraem muitas pessoas pela novidade. Agora, claro, temos é que ter boa comida. Se não falhar aí, acho que temos tudo para andar para a frente”, rematou.

CPSP admite vigílias online caso sejam cumpridos requisitos legais

Numa resposta enviada ao HM, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), admite que a vigília em memória do massacre de Tiananmen pode acontecer online e num espaço fechado, desde que sejam cumpridos os requisitos legais.

Segundo o CPSP, os direitos de reunião e de manifestação dos residentes de Macau estão assegurados, não só pela Lei Básica, mas também pela legislação em vigor. “As actividades podem ser realizadas nos termos da lei, desde que cumpram os requisitos legais existentes”, pode ler-se na nota.

Recorde-se que Au Kam San, um dos promotores da vigília que acabou por não obter autorização, partilhou na quarta-feira com o HM que tenciona organizar o evento da mesma índole, mas dentro de portas, à semelhança do que aconteceu no ano passado. Isto, apesar de considerar que tal é “provavelmente, arriscado”.

Sobre a razão pela qual não foram tomadas medidas para impedir a vigília do 4 de Junho em anos anteriores, quando factos ocorridos durante esses eventos foram usados para justificar a proibição da vigília deste ano, o CPSP refere que o despacho foi emitido tendo por base uma análise “factual e legal” e que havia a necessidade de as explicações serem claras.

“Os nossos serviços abordam cada aviso prévio emitido pelos organizadores de acordo com a lei; tecemos análises e avaliações sobre os tópicos e conteúdos dos avisos prévios e fazemos um despacho. A nossa análise, produzida com uma base factual e legal, é plasmada de forma clara no despacho. Adicionalmente, pretendemos explicar claramente o conteúdo do despacho aos organizadores. Tomamos decisões no âmbito do nosso dever e em conformidade com a lei”, pode ler-se na resposta.

Outro dos organizadores da iniciativa, Ng Kuok Cheong, confirmou ao HM que os promotores apresentaram ontem recurso sobre a decisão do CPSP junto do Tribunal de última Instância (TUI), devendo a decisão final ser conhecida daqui a cinco dias.

Eleições | Scott Chiang oficializa candidatura para unir pró-democratas

Apesar de não assumir que irá encabeçar a lista de candidatura da APMD, Scott Chiang oficializou a corrida às eleições legislativas com Ng Kuok Cheong. No regresso à vida política, o candidato espera “consolidar a ala pró-democrata” e garantir a sua presença na Assembleia Legislativa

 

Scott Chiang oficializou na quarta-feira que fará parte da lista de candidatura da Associação de Próspero Macau Democrático (APDM), juntamente com Ng Kuok Cheong, para as eleições para a Assembleia Legislativa, agendadas para Setembro. Contudo, até a lista estar fechada, o candidato recusa-se a dar por certo que a irá encabeçar.

“Oficializei a nomeação para a lista de candidatura e iremos finalizar a lista de candidatos no início de Julho. À partida serei o cabeça de lista, mas (…) ainda é cedo para o afirmar oficialmente enquanto a lista ainda não está finalizada”, explicou ontem ao HM.

Questionado sobre os motivos que motivaram o regresso à vida política, o candidato começou por dizer que, na base, está a “estranha sensação de que muita coisa mudou, mas que, no fundo, nada mudou”. “Quero regressar à política porque, se por um lado muita coisa mudou, ainda me é tudo muito familiar e não houve muito progresso desde que deixei [a política]”, acrescentou.

Detalhando, Scott Chiang partilhou que o principal objectivo da candidatura é garantir a continuidade da ala pró-democrata na Assembleia Legislativa. Além disso, conta, é preciso garantir que os pró-democratas estão unidos e focados em alcançar objectivos “positivos” e “construtivos”. Isto, tendo em conta que o histórico deputado Au Kam San não irá apresentar candidatura nas próximas eleições.

“Queremos garantir que não perdemos a nossa presença na configuração da AL e essa seria, desde já, uma das maiores vitórias que poderíamos ter. Numa perspectiva alargada, e ao nível do espectro político, pretendemos consolidar a força do sector pró-democrata, pois já houve demasiados conflitos internos nos últimos tempos. Temos de nos focar em algo que seja mais positivo e construtivo e espero poder contribuir para isso, fazendo com que outras pessoas concordem comigo”, apontou.

Caminho traçado

Depois da saída da Associação Novo Macau em 2017 e de três anos dividido entre processos judiciais e o papel de pai a tempo inteiro, Chiang chegou a referir que o regresso à acção política “foi a tempos surreal”.

Em Setembro de 2020, Ng Kuok Cheong anunciou que a decisão de se candidatar dependia do estado de saúde, mas que se concorresse não seria como cabeça de lista e que pretendia encorajar mais jovens a participar activamente na vida política.

Desporto | Governo alerta para falta de fisioterapeutas

Elsie Au Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, reconheceu ontem que há falta de fisioterapeutas com especialidade na área desportiva. “Vamos melhorar a qualidade da nossa equipa médica. (…) Não temos profissionais especializados na medicina desportiva então através da associação nacional de desporto andamos à procura de profissionais para trabalharem em Macau ou formar os nossos médicos”, disse também o presidente do Instituto do Desporto.

Segundo os dados apresentados, entre 2018 e 2020, registaram-se mais de 300 casos de lesões de atletas, que têm um seguro de saúde adquirido pelo Governo. Em 2020, houve 42 casos de pedido de indemnização e Elsie Ao Ieong U considera que os mecanismos “são eficazes”. A informação foi dada em resposta a uma interpelação oral do deputado Zheng Anting sobre os apoios dados aos atletas de elite.

Quanto à vida dos atletas de elite depois de terminarem a carreira desportiva, a secretária disse que o Governo apoia a sua participação em acções de formação. Cerca de 80 por cento dos atletas subsidiados têm um grau académico, incluindo um com doutoramento e nove com mestrado.

Medicina Tradicional Chinesa | Consulta sobre importação de talentos no final do ano

O Governo destacou ontem a saúde como uma das áreas onde faltam talentos em Macau, em que é necessário importar profissionais, através de um regime que estabeleça uma quota de importação para especialistas com renome. Um representante da Comissão de Desenvolvimento de Talentos apontou que profissionais com experiência superior a dez anos “são excelentes” e enquadram-se entre os potenciais líderes de equipa que se pretende importar.

“Em Setembro ou no final deste ano vamos fazer consulta pública sobre este regime de importação de líderes de equipa”, disse.

O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, afirmou a importância da “introdução de figuras de liderança” no desenvolvimento do sector da Medicina Tradicional Chinesa.

Noutro ponto, o secretário revelou a construção dos três principais projectos do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong-Macau está “prestes a ser concluída”. Em causa estão o resort temático voltado para tratamentos médicos, o Museu de Tecnologia e Criatividade de Medicina Tradicional Chinesa e a rua cultural temática. Os restantes trabalhos foram totalmente suspensos, por causa da pandemia e da necessidade de reavaliar o “posicionamento de mercado” e a “estrutura de gestão”. Mas o secretário deu a entender que podem ser analisados. “Se houver novos projectos além dos previstos nos contratos, estão suspensos, mas não quer dizer que estejam retirados”, disse.