BNU dá dias extra aos trabalhadores que se vacinem contra a covid-19 Hoje Macau - 1 Jun 2021 O Banco Nacional Ultramarino (BNU) vai oferecer dois dias extra de férias aos trabalhadores inoculados com as duas doses da vacina contra a covid-19 até ao final de Setembro. A medida da empresa foi anunciada ontem num comunicado, depois de um encontro entre o CEO do BNU e os principais directores da instituição. “Temos todos a responsabilidade de fazer a nossa parte para que tenhamos um ambiente de trabalho seguro, para nós e para os nossos clientes”, afirmou, segundo um comunicado do BNU, o CEO durante o encontro. “Tivemos uma excelente resposta e rápida actuação na implementação das medidas de prevenção à propagação do vírus quando este apareceu no princípio de 2020 e devemos mais uma vez demonstrar o nosso compromisso com o Governo na criação de uma imunidade de grupo para proteger toda a comunidade de Macau e apoiar uma rápida recuperação económica”, acrescentou. O banco vai ainda distribuir outros benefícios que diz que vão custar “perto de 1 milhão de patacas”, no caso de ser atingida a meta “um determinado número mínimo de empregados completamente vacinados”. A meta não foi anunciada, mas os benefícios vão ser envolvem “notas por cortar, cupões de dinheiro de diferentes montantes para usufruir num resort seleccionado, notas comemorativas” e vão ser sorteados entre os trabalhadores vacinados. Além disso, o banco vai organizar um seminário com os Serviços de Saúde em que vão ser explicados aos trabalhadores os benefícios da vacinação. O encontro vai decorrer no dia 4 de Junho.
Autoridades de Guangdong detectam 11 casos locais de covid-19 Hoje Macau - 1 Jun 2021 A província de Guangdong, que faz fronteira com Macau e Hong Kong, detectou 11 casos locais de covid-19 nas últimas 24 horas, anunciou hoje a Comissão de Saúde da China. Guangdong detetou dezenas de infeções locais desde 21 de maio passado, situação que levou as autoridades locais a impor, na segunda-feira, restrições à circulação interna de pessoas, ao ditar que quem quiser sair da província deve fazer um teste à covid-19. A China registou ainda 12 casos positivos, entre viajantes oriundos do exterior, na cidade de Xangai (leste) e nas províncias de Guangdong (sudeste), Jiangsu (sudeste) e Sichuan (centro). As autoridades sanitárias também indicaram terem detetado 15 novas infeções assintomáticas, duas por contágio local em Guangdong e as restantes importadas, embora Pequim não as inclua como casos confirmados, a menos que manifestem sintomas. A Comissão de Saúde da China adiantou que o número total de casos activos é de 337, entre os quais seis em estado grave. Desde o início da pandemia de covid-19, o país registou 91.122 casos da doença e 4.636 mortos. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.543.125 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Governo pressionado a apresentar planos para a classe sanduíche Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 1 Jun 2021 O Governo continua a ser pressionado para apresentar um calendário e planos concretos para a habitação destinada à classe sanduíche, mesmo que, na última sexta-feira, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, tenha pedido mais tempo para o fazer. O deputado Ng Kuok Cheong entregou ontem nova interpelação sobre a matéria, lembrando que “ainda não há o regime jurídico sobre as habitações para a classe sanduíche e as residências para idosos”. Para o deputado, estas matérias devem estar incluídas nas Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2022, para que haja “uma base jurídica para a aquisição de imóveis”. Ng Kuok Cheong pretende também saber quais os planos do Executivo para terrenos em locais como a zona A dos novos aterros, avenida Wai Long, bairro Tamagnini Barbosa, em Mong-Há, e na avenida Venceslau de Morais. “Depois de desistir dos aterros na zona D, os novos aterros da zona norte da Taipa vão ser afectados? Quantas são as fracções habitacionais ainda disponíveis? Será que os novos aterros em Seac Pai Van incluem os terrenos recuperados da avenida do Vale das Borboletas e da avenida Ip Heng? Quantas são as fracções habitacionais disponíveis?”, questionou. Mero conceito Também Leong Sin Man, vice-presidente da Associação da Nova Juventude Chinesa de Macau, defendeu que o Governo deve acelerar a concepção das casas para a classe sanduíche. Segundo o Jornal do Cidadão, o responsável lembrou que o Governo recuperou mais de 80 terrenos não desenvolvidos desde 2015, devendo destinar alguns para construir estas casas, em consonância com o Plano Director. Leong Sin Man defendeu que “há uma necessidade urgente” de casas económicas, que pode ser satisfeita com os projectos para a zona A e avenida Wai Long. No entanto, a habitação para a classe sanduíche não passa ainda de um mero conceito político, referiu.
Chefe de divisão da PJ encontrado morto junto aos Lagos Nam Van João Santos Filipe - 1 Jun 2021 O chefe da Divisão de Ligação entre Polícia e Comunidade e Relações Públicas da Polícia Judiciária, Cheang Pou Seong, foi encontrado ontem sem vida dentro da viatura. O corpo de Cheang foi detectado, junto do Lago de Nam Van, depois de a família ter dado o alerta para o desaparecimento do homem de 47 anos de idade “Esta manhã, a Polícia Judiciária foi informada pela família de um investigador desta força sobre a impossibilidade de contactá-lo. Na sequência da denúncia, os agentes encontraram o carro do agente num parque de estacionamento junto do Lago de Nam Van”, afirmou a PJ numa mensagem escrita, em que o morto era identificado como agente Cheang. “O agente foi encontrado dentro do carro, onde também estavam alguns objectos de carvão que tinham sido queimados”, foi acrescentado. Ainda de acordo com a informação oficial, o corpo do agente da PJ não apresentava sinais de lesões. Porém, a PJ diz que a causa da morte só vai ser identificada depois de ser feita a autópsia. Ao HM, um porta-voz da PJ recusou prestar mais esclarecimentos sobre o caso, devido a motivos familiares, e indicou que a informação já tinha sido disponibilizada. Contudo, a principal tese aponta para que Cheang Pou Seong tenha cometido suicídio, uma vez que com o corpo, além do carvão queimado, terá sido alegadamente encontrada uma carta. Carreira de louvores Cheang Pou Seong era licenciado em Direito e estava na Polícia Judiciária desde 1999. Ao longo da carreira assumiu os cargos de investigador criminal estagiário, investigador criminal e sub-inspector. Foi em Abril de 2013 que passou a assumir as funções que manteve até ontem. Até 2013, de acordo com uma nota do Gabinete de Comunicação Social, aquando a tomada de posse, tinha acumulado uma Menção de Mérito Excepcional, 4 louvores individuais e 8 louvores colectivos. Em 2014, Cheang recebeu outra menção de Mérito Excepcional, atribuída pelo secretário para a Segurança, Cheong Kuoc Vá. “Revelou sempre dedicação, empenho e um espírito inovador, activo e responsável no trabalho. Para alargar os laços de cooperação entre a polícia e a população envidou grande esforço, procurando sempre manter uma boa cooperação com as associações, estabelecimentos de ensino e média”, destacou na altura o então secretário. “Manteve uma boa interacção com os média, reforçando em diversos âmbitos, os laços de cooperação entre a polícia e a população, dando assim um contributo relevante para o desenvolvimento do trabalho de policiamento de proximidade”, foi igualmente destacado. O Instituto de Acção Social (IAS) apela às pessoas com pensamentos suicidas e que necessitem de auxílio que contactem o Serviço de Auxílio da Cáritas, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês.
O labirinto da política André Namora - 1 Jun 2021 Em Portugal os políticos ou enlouqueceram ou querem matar-se uns aos outros. Já ninguém do povinho os entende e o que é que pretendem. Houve um escriba que até se deu ao luxo de afirmar que a direita e a esquerda políticas tendem a acabar… O homem não deve ter tido conhecimento do que aconteceu na semana passada e que está a fazer correr muita tinta. O chamado “Congresso das Direitas” pode ser classificado de duas formas: por um lado a pretensão de ressuscitar dinossauros de triste memória que até percebiam imenso de submarinos e por outro, um palco onde se promoveu a extrema-direita sem que se ouvisse uma intervenção com algum conteúdo de política digna, futurista, infraestrutural, alternativa ou até, num extremo analítico, de união dessas direitas para que pudessem vencer futuras eleições. Não, aquilo pareceu mais um velório, onde o silêncio foi quebrado com baboseiras de indivíduos que escolheram a política para se manterem à tona da sociedade ou para enriquecerem. Não ouvimos um discurso com conteúdo suficientemente baseado em propostas de mudança no país, de forma a que os desprotegidos deixassem de dizer que não há justiça, que não há saúde, que não há educação, que não há combate à corrupção, que não há economia, que não há emprego e por aí fora tal como diz continuamente a vox populi. A ideia parva de juntar uns comentadores ultrapassados, os líderes do CDS, Chega, Iniciativa Liberal e PSD foi algo de absurdo porque nenhum daqueles “sábios” está interessado numa mudança social no país. Eles querem promover-se e afirmar que são de direita, sem o serem. Para serem de direita têm de assumir, em princípio, propostas conservadoras mas sérias e democráticas. Ora, ali naquela reunião chamada “Congresso das Direitas” só vimos um liberal que não tem iniciativa alguma. Um fala-barato da extrema-direita que só para rir é que se ouve o fulano a dizer que quer ser governo, um centrista que se apelida de democrata-cristão e um ex-autarca que deixou os adeptos do seu partido, dito social-democrata, de boca aberta quando afirmou que não era de direita, mas sim do centro. Mas qual centro? E assim quase que se concluiu que não há direita na política portuguesa. A palhaçada ultrapassou os limites quando levaram para a plateia o ex-primeiro-ministro e líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que ao fim e ao cabo foi a vedeta da “festa” mais aplaudida. E porque teria estado ali esta figura pública ultrapassada? Alguém pretende que Passos Coelho volte a ser o número um do PSD? O próprio diz que não quer. Ou há sonhadores que o querem promover para eventual candidato a Presidente da República nas próximas eleições? Obviamente que há direita política. São todos aqueles que estiveram no denominado “congresso”. Todos são de direita e da extrema-direita. Todos querem acabar com o reinado de António Costa e aproveitarem-se das divergências existentes no Partido Socialista e restante esquerda representada pelo Partido Comunista e Bloco de Esquerda. O tal “congresso” foi um fiasco e nem uma proposta de alternativa ao actual regime socialista foi ouvida pelo auditório, de onde se conclui que afinal, o grande vencedor daquela triste iniciativa foi António Costa, o qual até já anunciou a sua recandidatura a líder do PS. Triste é vermos a luta das sanguessugas pelo poleiro na esquerda política. No PS, Pedro Nuno Santos, Fernando Medina e Ana Catarina Mendes. Três facções em que os apoiantes já começaram a “trabalhar” para que um dos três políticos possa ser o substituto de António Costa na liderança socialista. Os políticos enlouqueceram. Querem ser alguma coisa que os leve à televisão. Autarcas, deputados ou governantes, todos repetem a mesma lengalenga aos assessores para que estes os promovam na hasta pública. Sim, porque se trata de um leilão, onde por vezes aquele que tiver mais dinheiro é que coloca a coroa de diamantes na cabeça. No Partido Comunista, Jerónimo Sousa, continua com a teimosia de ver o Bloco de Esquerda como “ladrão” de votos e a partir daí não admite entendimentos à esquerda. Por sua vez, no Bloco de Esquerda as manas Mortágua estão desejosas de que Catarina Martins volte para os palcos de teatro e deixe o microfone bloquista. Temos, sem dúvidas, políticos de direita e de esquerda que não compreendem o que o povo necessita. Não são capazes de ver as miseráveis reformas que são pagas a milhares de velhos que trabalharam uma vida inteira e que imensas empresas não lhes executaram os devidos descontos para a Segurança Social. São políticos que há dois anos andam a falar de pandemia, confinamento e covid-19, três palavras que nunca tinham antes pronunciado. Estes políticos estão a desgraçar o país porque o povo está cada vez mais a optar pela abstenção de cada vez que temos eleições. E quem ganha com isto é sempre o populismo normalmente de extrema-direita, o que é perigoso. Estamos num labirinto difícil de encontrar a saída, mas onde os portugueses têm de começar a levantar a voz bem alto de modo a que o seu protesto é que tenha de mudar o paradigma de políticos que valem zero. *Texto escrito com a antiga grafia
A Máquina do Romance Paulo José Miranda - 1 Jun 2021 Para o Sérgio Gonçalves Helder Macedo, nascido na África do Sul em 1935, figura incontornável das letras e da cultura portuguesa – responsável pela negociação e aquisição da Cinemateca Portuguesa, quando era Secretário da Cultura do governo de Maria de Lurdes Pintassilgo –, tornou-se romancista relativamente tarde. A publicação do seu primeiro romance, «Partes de África», aconteceu em 1991, tinha o escritor 55 anos. Além do primeiro romance, profundamente estudado no Brasil – multiplicam-se as teses universitárias acerca do livro – há outros dois romances muito importantes na vida literária do escritor: Pedro e Paula, por ter sido o seu maior sucesso comercial, e Tão Longo Amor Tão Curta A Vida, que é provavelmente o romance contemporâneo mais extraordinário escrito na nossa língua. Para além de romancista, Helder é também poeta e ensaísta. Como poeta, o seu primeiro livro, «Vesperal», 1957 – com ainda 21 anos – foi euforicamente elogiado por Jorge de Sena, que nunca foi levado a encómios exagerados. A partir daí, Jorge de Sena e Helder Macedo tornaram-se amigos para sempre. Ambos expatriados. Foi durante anos responsável pela Cátedra de Camões no King’s College, em Londres, onde ainda vive, desde os anos 60. A sua obra ensaística vai desde a sua famosa tese de doutoramento sobre Cesário Verde – «Nós – Uma Leitura de Cesário Verde» – até Camões e Bernardim Ribeiro, passando por Machado de Assis e Teixeira Gomes. Os prémios e as condecorações preenchem páginas. Tudo isto é conhecido e reconhecido. Mas aquilo que me traz aqui hoje é um livro pouco conhecido de Helder – um dos seus ensaios –, intitulado «A Máquina do Romance», de 1989. Era como se esse livro anunciasse tudo aquilo que o autor iria fazer depois na prática, isto é, nos seus romances. Na realidade, «A Máquina do Romance» é o livro mais helderiano de todos os livros de Helder Macedo, apesar de, à distância, nem parecer ter sido escrito por ele. Mas este pensamento assalta-nos apenas superficialmente. É sabido que os romances de Helder mais do que construir uma imagem, tornam todas as imagens em palavras. Talvez não seja certo dizermos que nos romances de Helder uma palavra vale mil imagens, mas é seguro dizermos que uma frase vale mil palavras. Um acontecimento vira uma frase, uma história vira um parágrafo, uma vida vira um capítulo, o universo um romance. Em «A Máquina do Romance», Helder escreve, à página 34: «O romance torna tudo o que toca em romance. Quer sejam pessoas, edifícios, países, obras de arte, óperas, filmes, tudo o que o romance evoca passa a ficar parte dele. O universo não tem parte de fora. No universo não há lado de fora e lado de dentro, tudo é lado de dentro. E assim acontece com o romance. O romance não tem lado de fora. Aquilo a que chamamos intertextualidades não passa do modo de ser natural do romance. Tal como no universo, no romance tudo é intertextualidade.» É evidente que Helder referia-se ao seu modo de escrever romances, ou melhor, ao modo como iria escrevê-los, deixando isso logo anunciado em 1989, neste ensaio. «A Máquina do Romance» é hoje uma espécie de visita, não à oficina do romancista Helder Macedo, mas àquilo que é a essência do romance helderiano. Numa entrevista, nesse mesmo ano, e acerca deste ensaio, Helder diz: «Depois de Pessoa, não me parece interessante escrever romances sem a dimensão de alteridade do humano exposta. Contar uma história como se imitássemos a vida de alguém também não me interessa. A narrativa em si mesma tem de ser a personagem principal do romance. No fundo, aquilo que pretendi que ficasse claro é que a máquina do romance é a própria narrativa a desenvolver-se ao longo do livro, a apropriar-se dele, arrastando tudo para dentro de si: autor, leitor, personagens, mundo. A narrativa tem vida própria, pensa e pensa-se a si mesma.» Todos os livros de Helder Macedo acabam por se desenvolver a partir da ideia de narrativa como problema. Não são as personagens que importam, nem sequer o autor, mas a narrativa no sentido de problema. Como se pode narrar, o que é narrar hoje em dia? Escreve no ensaio: «Narrar não é contar uma história, nem tão pouco expor problemas da existência ou da sua percepção. Narrar é transformar tudo em palavras. Lê-se no início do Evangelho Segundo São João: “1. No princípio era a Palavra […] 14. E a Palavra tornou-se carne e habitou entre nós […]”. Todo o romance é a tentativa de inverter esse Evangelho: No Princípio era a carne; e a carne tornou-se em palavra. Se no Evangelho há um incarnar da palavra, no romance há um inparabole da carne. Ou seja, no romance a carne torna-se em palavra. O mundo torna-se palavra.» Infelizmente, «A Máquina do Romance» está esgotadíssimo. Esperemos que em breve seja reeditado.
Carta de marear (apontamentos) Anabela Canas - 1 Jun 2021 Gesto de adorno. Talvez vazante. Páginas cheias do dicionário. Pensar em quando se diz estar de maré e a qual de duas nos referimos se há duas e opostas e sempre uma que traz e outra que leva. Marear, adornar. Terminações que rimam entre si também. Marear: acto de enfrentar as marés. Navegar ou entontecer a bordo. Adornar, alindar ou inclinar-se o barco, amar ou submergir. O dicionário não ajuda nem mente. Enfrenta paradoxos com candura e serenamente. Ao reencontro cuidadoso da rota por entre palavras como escolhos visíveis abaixo do vidro. Como as evitar, se delas se faria navegar. A norte desarvorou o barco, velas desamarradas e pouco vento será mais do que o necessário para transbordar o mar. Dir-se-á que serão os icebergs em lágrimas de ainda mais norte a vir por aí abaixo, outra coisa já sendo, a misturar-se ao que já eram mares. Mais subidos e indiferentes. Menos terra maravilhosa de água sido feita. Menos ursos gordinhos e filhotes felizes, menos tudo. Menos terra depois de soterrada, menos país o que for baixo. Avaliado em tantos discutíveis valores, valeria mais talvez naufragado. Pasto à pirataria inocente e não grave das crianças na praia sem saber nadar. Recolectoras de tábuas de acaso. Tesouros mórbidos e pedaços de outros. Naufrágios. Reticências afundadas em aquário de peixes soltos. Soltos mas limitados. Seja o domínio da ilusão ou o da relatividade das coisas. Observadas. Através da água com a profunda imprecisão de ser dentro ou fora da viscosidade do vidro. Que contém a água que contém os olhos. Mas sabe-se lá mesmo, se estes dentro das paredes de vidro, lavados pelas águas, ou no recato exterior e ressequido mas a fingir tão bem. Que a ondulação que lhes perpassa na córnea os humedece talvez de uma emoção viva. Que os contamina de realidade química e lhes causa uma sensação mais do que a da ficção, a da física. As transparências ambíguas sem coordenadas de localização. Como a vida é diferente vinte centímetros atrás, ou vinte centímetros à frente. Mas idêntica e límpida. Contudo, às vezes sabe-se que é uma aparência que mente. Como se sabe lágrimas debaixo de chuva? Dentro de um aquário pequeno com água. Microrganismos começam a edificar cortinas verdes. Quem sabe a camuflar um mundo distorcido. Menos nas cores que são tristes. Reais? Águas livres. Que são como espelhos de verificar existência. As de transparência, as de brilho superficial, as espessas e de profundidade abismal, desconhecida. Fundos de peixes estranhos onde não chega a luz. As límpidas e que reflectem um eu em si e no amor de si e do eu, não me interessam nem nunca. As de opaca profundidade estranha e desconhecida, sim. O outro e o desconhecido em si e em mim. Esse mergulho a pique sem garantias de salvação ou retorno. Umas vezes a tentação, outras o inevitável. Cartas de marear. Sobre a mesa. Ansiadas. (Mas o meu capitão proíbe. De voz tonitruante, apela aos astros, à intuição e ao olhar para longe. Para um além de nuvens que abarque o espaço sideral como uma folha de araucária caída para ser lida. Diz ser o olhar, a carta. E o ver bem, o marear com calma. Estranhas premissas deste capitão quase se diria poeta. Não fosse o bagaço rude das garrafas atiradas ao mar. Mas espiando, uma noite, rolhadas as vi e imprecisamente repletas de uma forma fina a dizer provavelmente algo. Ou não sei. No seio da forma fina, da superfície grosseira do vidro tosco, no duplo abraço, na água que acolhe engolindo fundo. Algo chegará à margem mesmo que de um tempo por vir definir e medir. Este meu capitão. Afinal poeta a lançar ao mar. O poema e não ele. Que um dia de borco, também pode cair. Se antes, o tempo não levar.) Ser marinheiro que sempre espera do mar. Mesmo se em terra, a próxima maré. Ser é estar sempre de olhos no mar Mesmo cerrados de intempéries, invadidos de poeiras e iludidos de monstros ao dobrar dos cabos. Marinheiro amador. Nada é por uma jorna. Nem embarcar, nem esperar. As marés que se levantam, as serenas eclosões dos ventos, outras latitudes. A tinta estalada do sol e do sal. Madeiramentos desprotegidos a flutuar e a ranger. Esperar a maré. Os mínimos para uns dias. Ultrapassar com rigor a linha do horizonte e parar logo a seguir longe da vista. Como brincadeira de criança na curva do corredor. Sobra um edifício mais alto, assim, irónico e visto, no meio do mar, como um registo de catástrofe. Era um farol. Em tempos. E esperar até que a disposição mude como um vento, mas não o formato das ondas. Sentir longe. Apagamento. Sem temporizador. Seixos rolados à mercê do tempo. Interrompidos. Muito tempo e labor. Maresia alterada da memória como uma mesa rasa e distante na corrente de ar. Ventos opostos. A intermitência do olfato. Respirar devagar para não assustar um aroma fugidio. Enquanto o ar salga a pele do rosto mas sem cheiro. Uma coisa subtil. Sem sintoma. Deixa rastos como mapas no limiar de sumir. Orlas brancas a lembrar ondas conservadas. O alívio da água doce. Vazante. Uma dor a vir de solstício, uma moinha. Rolar. Plâncton. Sem mobilidade própria à mercê de todas as cadeias alimentares. Ínfimo. Mas basta redefinir os termos de comparação. Criaturas que servem para alimentar as que servem para alimentar as que servem para alimentar. Inesgotáveis circunstâncias, algo ou alguém. Como mar.
Joalharia | Exposição “O Novo Mundo” inaugurada esta quinta-feira Hoje Macau - 1 Jun 2021 Além da exposição sobre o azulejo português, a Casa de Portugal em Macau (CPM) inaugura também, esta quinta-feira, uma outra mostra, mas desta vez sobre joalharia. Intitulada “O Novo Mundo”, esta exposição acontece na Casa de Vidro, na praça do Tap Siac, e conta com curadoria de Cristina Vinhas, também monitora da CPM. Segundo um comunicado da CPM, “esta exposição pretende celebrar a portugalidade revelando ao público a arte de trabalhar metais nobres”, como é o caso da filigrana portuguesa. “Esta arte artesanal seduz, não pelo valor do metal mas pelo delicado rendilhado, pela variedade das formas de expressão ou figuração comparado a um ‘sonho leve’”, lê-se ainda. O nome da exposição parte das incertezas geradas pela pandemia da covid-19. Com esta mostra de joalharia, o objectivo é “perspectivar um mundo melhor para todos”. Com portas abertas até ao dia 27 de Junho, podem ver-se peças de Cristina Gomes da Silva, Emily Leong, Filipa Didier, Lúcia Lemos e Maria Paulina Lourenço.
Azulejo português | Casa de Portugal inaugura nova exposição no jardim Lou Lim Ieoc Andreia Sofia Silva - 1 Jun 2021 A 7 de Junho é inaugurada a “Mostra Didáctica do Azulejo Português”, uma iniciativa da Casa de Portugal em Macau com curadoria de José Matos. A ideia é mostrar ao público que há mais vida além do tradicional e mais conhecido azulejo português azul e branco, bem como mostrar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nas oficinas da associação “Mostra Didáctica do Azulejo Português” é a nova exposição promovida pela Casa de Portugal em Macau (CPM) que abre portas no Pavilhão Che Chou Tong, no Jardim Lou Lim Ioc, na próxima segunda-feira, dia 7 de Junho. Com curadoria de José Matos, o objectivo desta mostra é revelar os segredos e detalhes do azulejo português além do modelo mais conhecido, com as cores azul e branca. “Vamos ter algumas técnicas de azulejaria portuguesa, a começar pelas técnicas hispano-mouriscas que chegaram à Península Ibérica, primeira a Sevilha e depois a Portugal, como o azulejo aresta ou azulejo de corda seca. Vamos ter a explicação visual de todo o material envolvido na fabricação e concepção de cada azulejo até ter um exemplo de trabalho final”, adiantou ao HM José Matos. Mas no espaço expositivo haverá também a possibilidade de conhecer mais sobre o azulejo de estampilha, “representativo da reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1755, quando se começou a fazer uma produção diferente”. Além disso, a mostra conta com exemplos do “azulejo figurado, também contemporâneo dessa altura”, bem como da pintura “de vários tipos de temas, desde os jarrões até às carrancas, depois coisas mais ou menos figurativas”. “Temos vários exemplos de tudo o que é pintura de azulejo”, frisou o curador. Segundo José Matos, “existe muito a ideia, e é o que é mais conhecido cá, de que o azulejo português é o azul e branco, o azulejo barroco”. No entanto, em Portugal, “produziram-se diferentes tipos de azulejo com técnicas diferentes”. “Também temos representado o estilo figuras de convite, ensinado num curso que terminamos na semana passada, em que foram abordadas várias técnicas, e esses trabalhos também vão estar expostos”, acrescentou o curador. Das escolas Os azulejos expostos são fruto do trabalho dos alunos dos cursos que a CPM tem organizado nos últimos anos e, por isso, não têm assinaturas especiais. José Matos focou-se, por isso, mais nas técnicas utilizadas ao invés dos autores na hora de fazer a curadoria. “É difícil destacar um trabalho em especial. Todas as técnicas têm um trabalho concluído. O que está mais representado será na pintura de azulejo feita em cima do vidrado cru. Temos uns painéis feitos nos últimos anos e serão os trabalhos com um pouco mais de destaque.” “O principal objectivo da exposição é mostrar as várias técnicas e formas de fazer azulejo e os vários trabalhos finalizados que temos”, adiantou o curador, que falou também do trabalho que será desenvolvido com a comunidade escolar. “Temos algumas visitas marcadas com as escolas e nessas visitas vou tentar exemplificar, na prática, como se desenvolvem essas técnicas. Vamos ter também todos os fins-de-semana duas pintoras da escola a executar trabalhos ao vivo”, concluiu. A exposição tem entrada livre e fecha portas a 20 de Junho. Esta iniciativa conta com o apoio de entidades como a Fundação Macau e o Consulado-geral de Portugal em Macau, entre outras.
Covid-19 | Surto em Cantão leva Governo a pedir que se evitem deslocações João Santos Filipe - 1 Jun 20211 Jun 2021 Os vinte casos identificados domingo na província vizinha colocaram Macau em modo de alerta e o Governo apela aos residentes para que evitem as deslocações ao Interior. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura realçou que em tempo de pandemia não se pode garantir a 100 por cento a segurança da RAEM O surto comunitário dos últimos dias na Província de Cantão levou o Governo a apelar aos cidadãos para evitarem as deslocações ao outro lado da fronteira. A mensagem foi deixada ontem pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieng U, durante a conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia da covid-19. Desde domingo, a província de Cantão relatou 20 casos, 18 dos quais na cidade de Guangzhou e dois em Foshan. Um dos casos esteve em contacto próximo com um residente local, o que fez com que a pessoa de Macau tivesse de ser colocada de quarentena. “Uma vez que surgiram novos casos em Guangzhou e Foshan aproveito para uma vez mais apelar a todos os cidadãos que, caso não seja necessário, não saiam de Macau e não se desloquem a locais com casos identificados”, apelou. “Talvez haja pessoas que pensem que Macau nunca vai passar pela epidemia, mas já antes houve recaídas e não podemos nunca garantir a 100 por cento que não há mais casos”, acrescentou. O surto levou a que tenham sido adoptadas medidas mais restritivas de circulação de pessoas. Em Macau, ainda não se coloca o cenário de ser imposta quarentena para quem vem do outro lado da fronteira, mas poderá haver um agravar das restrições se surgirem casos. “Se houver casos temos de voltar a Junho do ano passado […] Por isso, espero que os residentes não se desloquem a países e regiões com casos confirmados”, sublinhou. Mais testes e código amarelo Também ontem foi anunciado que as pessoas que se deslocarem aos hospitais com febre vão ser testadas à covid-19 e durante o tempo em que aguardarem pelo resultado serão reencaminhadas para casa, onde se espera que cumpram o isolamento. Nesse período, a cor do código de saúde dos afectados vai ser alterada para amarelo, até que se confirme que não estão infectados. “Como sabemos há casos novos nas regiões vizinhas […] por isso vamos testar as pessoas para descobrir o mais cedo possível potenciais infecções”, afirmou Alvis Lo Iek Long, director dos Serviços de Saúde (SSM). Na ocasião, o médico abordou igualmente a situação das 31 pessoas que viajaram com o residente local que esteve em contacto próximo com um infectado, em Cantão. Apesar disso, apenas o homem do contacto próximo está de quarentena, e Alvis Lo avançou ontem com a explicação para os diferentes critérios. “As 31 pessoas são da mesma excursão, mas não estiveram no mesmo local que o contacto próximo. Mesmo assim, as 31 pessoas vão fazer três testes de ácido nucleico”, indicou. “Achamos que a medida é suficiente, porque também temos de ser razoáveis nas medidas que tomamos”, justificou. Hong Kong mais longe Durante a conferência de imprensa de ontem, os representantes foram questionados sobre a possibilidade de se aliviarem as restrições de circulação com Hong Kong. A pergunta foi feita com base nos dados de domingo, quando Cantão apresentou 20 casos, o que não impede a circulação para o outro lado da fronteira sem quarentena, enquanto Hong Kong apresentou zero casos. Contudo, neste momento, não é possível circular para a RAEHK sem cumprir o isolamento médico. No entanto, a diferença foi explicada com uma maior confiança da RAEM nos mecanismos do Interior do que da RAEHK. “As nossas decisões têm por base dados científicos. O Governo tem contactado com Hong Kong e quando forem alcançados os 14 dias sem casos, vamos iniciar as negociações para uma circulação mais próxima”, afirmou Alvis Lo. De seguida, o médico, fez a comparação com Interior: “Em relação a Guangdong foram aplicadas restrições muito fortes desde que foi descoberto o caso. Podemos considerar que têm capacidade para testar toda a zona afectada e que o risco é médio”, defendeu o director dos SSM. “A capacidade do Governo de Guangdong é muito forte e recebemos prontamente a comunicação com os casos confirmados. […] Acho que as medidas que tomaram são suficientes”, acrescentou. Vacinação com 48 mil marcações De acordo com a informação disponibilizada, o processo da vacinação começa a ser mais requisitado. Segundo a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, só na última semana houve mais de 48 mil marcações, o que representou uma média diária superior a 7 mil agendamentos por dia. O número levou a secretária a agradecer à população. Este aumento vai fazer com que os cidadãos que pretendam ser inoculados com a vacina BioNTech/Pfizer tenham de aguardar alguns dias, depois de realizarem a marcação. Os que têm agendada a segunda dose não vão ser afectados por eventuais atrasos. “Neste momento temos cerca de 20.500 doses da vacina MRNA. Essas doses são de reserva e para as pessoas levarem a segunda dose. Por isso, se fizermos os cálculos já não temos vacinas de MRNA suficientes e as pessoas que fizerem a marcação vão ter de esperar um pouco mais”, reconheceu Tai Wa Hou, coordenador do Plano de Vacinação contra a Covid-19. A necessidade de espera foi explicada pela secretária, que acrescentou que o fornecimento está a ser feito de acordo com a procura, para evitar o desperdício. “Temos vacinas suficientes. Mas uma vez que o período da validade é mais curto, pedimos aos fornecedores que nos abastecessem pouca quantidade de uma vez”, clarificou. “Antes havia centenas de pessoas a receber esta vacina por dia, mas recentemente houve um grande aumento de marcações, com cerca de mil vacinas MRNA por dia. Por isso, no armazém não temos vacinas suficientes, temos de pedir imediatamente ao fornecedor. Temos de pedir para satisfazer a procura”, acrescentou. Ainda de acordo com as contas de Elise Ao Ieng U, a espera entre a marcação e a vacinação deverá ser de “um ou dois dias”, pelo que considerou que as pessoas não se precisam de preocupar porque “as vacinas são suficientes”. Óbito | Notícia da morte de advogado atrasada a pensar na família Durante a conferência de imprensa de ontem, Alvis Lo admitiu que a notícia da morte do advogado Francisco Gaivão foi atrasada por motivos familiares. “Sentimos que tínhamos de considerar a situação da família”, reconheceu o médico. Os esclarecimentos foram prestados, depois de os responsáveis do Governo terem sido questionados sobre uma eventual ligação entre a morte e a vacinação do advogado de 48 anos. Inicialmente, o caso tinha sido classificado como de reacção adversa à vacinação, mas o Governo acabou por considerar que não havia ligação entre a vacinação e a morte. “Sabemos que a epiglotite necrosante aguda pode causar asfixia, por isso achamos que o caso não tem a ver com a vacinação”, sublinhou Alvis Lo. Sobre a qualificação como reacção adversa, o director dos SSM diz que faz parte de um processo inicial, em que por uma questão de transparência qualquer sintoma é tido como reacção adversa e que só mais tarde, em caso de necessidade, é investigada. Código de saúde | Problema sem impacto A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, garantiu que os problemas com o código de saúde de Cantão não afecta a capacidade dos Governo de detectarem o percurso das pessoas infectadas com Covid-19. A posição foi explicada com base na “comunicação permanente” entre as autoridades das regiões. Contudo, a secretária mostrou-se preocupada com a concentração nos últimas dias de pessoas nas Portas do Cerco e apelou aos residentes para que utilizem outras fronteiras.
Burlas | Mulher perdeu 3,7 milhões de dólares de Hong Kong online Salomé Fernandes - 1 Jun 2021 Depois efectuar várias apostas online e alegadamente ganhar mais de três milhões de dólares de Hong Kong, uma mulher, na casa dos 20 anos, não conseguiu levantar o dinheiro e apresentou queixa à polícia. Num outro caso, a burla qualificada levou a prejuízos superiores a 742 mil dólares Uma mulher na casa dos 20 anos sofreu alegadamente um prejuízo de 3,7 milhões de dólares de Hong Kong, num caso que envolve uma plataforma de apostas online, avançaram ontem as autoridades policiais em conferência de imprensa. A plataforma foi apresentada à vítima através de um homem que esta conheceu pela internet em Outubro do ano passado. Inicialmente, a alegada vítima depositou três mil dólares de Hong Kong numa conta, tendo sido avisada no final de Janeiro de que o nome da plataforma online tinha mudado. De acordo com a polícia, no total a mulher depositou cerca de dois milhões de dólares de Hong Kong e disse que teve ganhos superiores a três milhões de dólares. No entanto, quando quis retirar o dinheiro, um funcionário da plataforma online disse que precisava de pagar taxas de transacções, depósito e caução, pedindo para continuar a depositar dinheiro para poder fazer o levantamento. No entanto, no dia 18 de Maio a mulher descobriu que a plataforma deixou de estar em funcionamento e apresentou queixa na polícia, alegando um prejuízo de 3,7 milhões de dólares de Hong Kong. O caso está sob investigação. Dar sem receber As autoridades deram também conta de outros casos de burla qualificada a envolver troca de dinheiro. Num deles, esteve em causa uma troca de 262 mil renminbis por 300 mil dólares de Hong Kong. As autoridades indicaram que os dois indivíduos já tinham realizado trocas de dinheiro anteriormente. O suspeito transferiu inicialmente seis mil renminbis para a alegada vítima, e pediu para receber o montante em dólares de Hong Kong enquanto esperava que um amigo transferisse o valor restante. A vítima acabou por fazer duas transferências, uma de 200 mil dólares de Hong Kong e outra de 450 mil, que o suspeito perdeu no jogo. Como o suspeito não fez a transferência deste dinheiro, o ofendido apresentou queixa alegando um prejuízo total superior a 742 mil dólares. Abuso de confiança Um jovem de 24 anos admitiu que tirou dinheiro do cofre da loja onde trabalhava para pagar um empréstimo. A responsável de uma loja no Cotai percebeu que tinha desaparecido dinheiro do local e através da cctv viu que um trabalhador abriu o cofre e retirou dinheiro em três dias diferentes. O trabalhador em causa tinha iniciado funções há apenas duas semanas e terá retirado um total de 60 mil dólares de Hong Kong. Foi encaminhado ao Ministério Público por abuso de confiança.
Kevin Ho apoia recusa das autoridades para a realização da vigília Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 1 Jun 2021 Kevin Ho, empresário local e membro da Assembleia Popular Nacional (APN), mostrou apoio à recusa, por parte das autoridades, da realização da vigília do 4 de Junho, que recorda o massacre de Tiananmen. Segundo o jornal Ou Mun, Kevin Ho lembrou que na vigília foram divulgadas mensagens como “Acabar com a ditadura de partido único”, o que pode levar à incitação da subversão do poder do Estado chinês, violando a lei da segurança nacional em vigor. “A divulgação destes assuntos de forma consecutiva pode influenciar as opiniões dos residentes, além de ter um impacto na reputação da governação do país ou do partido”, disse Kevin Ho, referindo-se ao Partido Comunista Chinês (PCC). O empresário frisou que as autoridades de Macau devem assumir uma postura “mais séria” na hora de lidar com este tipo de assuntos, questionando a legitimidade da organização da vigília. Quanto à possibilidade de esta vir a ser organizada num espaço fechado, Kevin Ho disse que se a vigília conter mensagens como “Acabar com a ditadura de partido único” constitui também uma violação intencional da lei. Também Suen Yan Kwong, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, se declarou contra a vigília. Macau é agora um local seguro no que diz respeito à covid-19 e a realização de iniciativas como a da vigília “é algo irresponsável e que pode perturbar a ordem social e levar os residentes ao engano”, afirmou.
Dia da Criança | Sexo precoce apontado como entrave ao desenvolvimento saudável Salomé Fernandes - 1 Jun 2021 Assinala-se hoje o Dia da Criança, uma data que, segundo Lei Chan U, deveria ser feriado oficial. O deputado aponta o abuso de drogas e o sexo precoce como factores que afectam o desenvolvimento dos mais novos e alerta para “insuficiências” na defesa dos direitos das crianças, apesar de reconhecer melhorias nas últimas décadas Embora reconheça melhorias na defesa dos direitos das crianças, o deputado Lei Chan U apontou novos desafios ao crescimento saudável dos jovens. “Com o desenvolvimento da economia e da sociedade, as crianças encontram cada vez mais factores que perturbam o processo de crescimento e vários elementos indesejáveis irão sempre afectar o seu desenvolvimento saudável, como o vício da internet e produtos electrónicos, fumar, beber, abuso de drogas e sexo precoce”, pode ler-se num comunicado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). De acordo com a nota, Lei Chan U apontou “insuficiências” no desenvolvimento dos direitos das crianças em Macau, como a falta de espaços de entretenimento e desporto de larga escala diversificados, a ocorrência de casos de bullying escolar e violência doméstica, e situações de abuso sexual. Elementos que “afectam ou mesmo ameaçam o desenvolvimento saudável das crianças”. Além disso, o deputado apontou dificuldades à intervenção das crianças no processo de tomada de decisões políticas, criticando que as suas expectativas e exigências sejam “frequentemente ignoradas”. Assim, ficou o apelo para as entidades governamentais trabalharem no sentido de “ouvir as vozes das crianças”. Tempo de reflexão Lei Chan U enfatizou que o Dia da Criança, celebrado hoje, não é um feriado oficial, pelo que, a menos que coincida com o fim de semana, a maioria das crianças passa a data longe dos pais. O deputado defende que o dia se torne num feriado para “lembrar a sociedade de prestar atenção à família”. A Convenção sobre os Direitos da Criança aplica-se em Macau desde 14 de Setembro de 1998. As crianças passaram a contar com direitos fundamentais que incluem o direito à vida, de serem protegidas, ao desenvolvimento e à participação. Apesar dos desafios apontados, Lei Chan U considera que nas duas décadas que seguiram à adesão à convenção, o Governo “cumpriu as suas obrigações” e “protegeu e desenvolveu” os direitos e interesses das crianças. “O estado de saúde das crianças continuou a melhorar, o direito à educação foi plenamente garantido, o ambiente de crescimento foi optimizado diariamente e as conquistas são notáveis”, destacou. De acordo com a Base de Dados das Crianças do Instituto de Acção Social (IAS), em 2019 registaram-se três menores em tratamento de desintoxicação e 12 vítimas de abuso sexual. Em 2020, houve dez casos de violência doméstica sobre crianças. Na vertente escolar, os dados mostram uma taxa de aproveitamento do ano lectivo 2018/2019 no ensino infantil de 98,9 por cento e no secundário de 92,1 por cento.
Apoio ao consumo | Comerciantes pouco optimistas quanto à nova ronda de apoios Pedro Arede e Nunu Wu - 1 Jun 2021 Os residentes inscritos no “Plano de benefícios de consumo por meio electrónico” já podem começar a utilizar o montante total de 8.000 patacas. Ao HM vários comerciantes revelam estar pouco optimistas, havendo, contudo, quem esteja a planear campanhas para a ocasião. Do lado dos consumidores, a ajuda é bem-vinda, com a maioria a preferir o cartão de consumo ao pagamento móvel. Cerca de 540 mil residentes já se inscreveram No meio do deserto lá passa uma aragem. A partir de hoje, os residentes permanentes e não permanentes de Macau inscritos no “Plano de benefícios de consumo por meio electrónico”, podem começar a utilizar, por via digital ou através de cartão de consumo, os montantes destinados a apoiar a economia de Macau, no valor total de 8.000 patacas por pessoa. Até ao meio-dia de ontem, aproximadamente 540 mil residentes já tinham efectuado a inscrição para obter o montante inicial de 5.000 patacas e outro, para desconto imediato, no valor de 3.000 patacas, sendo que, do total de inscritos, 405 mil residentes já receberam os valores do apoio, podendo começar a gastá-lo a partir de hoje. De referir ainda que, até ao momento, a maioria dos inscritos, ou seja 303 mil residentes, optou pelo cartão de consumo em detrimento da utilização de pagamentos móveis, ou seja 203 mil residentes. Uma ronda por alguns estabelecimentos localizados no centro da cidade, revelou que a maioria dos comerciantes está pouco optimista relativamente aos efeitos práticos que o programa do Governo vai ter ao nível do negócio, apontando, contudo, que existem sempre alguns benefícios. Com o fantasma da pandemia a persistir, outra das preocupações reveladas pelos lojistas com quem o HM falou, prende-se com o facto de a maioria dos consumidores canalizarem grande parte dos gastos dos apoios para as grandes superfícies e supermercados. Chang é responsável por uma banca de venda de carne, localizada no Mercado de São Domingos e vê com bons olhos a nova ronda de apoios, apesar de não ter grandes expectativas quanto à melhoria do negócio. “Acho que o plano de benefícios ao consumo pode contribuir para melhorar o negócio, mas as vendas têm sido muito más [devido à pandemia] e, por isso, não estou a ver que o programa possa trazer assim tantos benefícios. Além disso, devido ao calor que se faz sentir agora, as pessoas preferem fazer compras nos supermercados em vez de vir aos mercados municipais”, partilhou. Dois andares abaixo, na área da peixaria, Chao conta que na banca onde trabalha não houve despedimentos devido à situação causada pela pandemia, mas que o seu salário foi cortado. Sobre o plano de apoio ao consumo espera que “beneficie o negócio” e deixa elogios à utilização do cartão de consumo em detrimento dos pagamentos electrónicos, pois “só os jovens sabem utilizá-los”. Às compras naquela zona está Lito, residente de Macau natural das Filipinas, que assegura já ter efectuado antecipadamente a inscrição no plano de apoio. Questionado sobre o meio de pagamento seleccionado, o residente de 59 anos revela ter optado pelo cartão de consumo por ter “medo de ser alvo de ciberataques”. Uma cliente do mercado municipal de São Domingos de apelido Ieong confirma também a preferência pelo formato físico, revelando ter optado pelo cartão de consumo. “Já me inscrevi no plano e fui carregar o meu cartão de consumo. Não tenciono gastar o montante em nenhuma área específica, até porque ao longo de meio ano é fácil gastar a totalidade do valor”, contou ao HM. Recorde-se que, a partir do momento em que os valores são atribuídos aos residentes, os apoios poderão ser utilizados até ao final do ano, ou seja, 31 de Dezembro de 2021. O “Plano de benefícios do consumo por meio electrónico” é uma das iniciativas que integram a estratégia do Governo de salvaguarda do emprego e estabilização da economia. O objectivo, passa por “aliviar as dificuldades da população” e estabilizar a economia”, salientou o director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), Tai Kin Ip, por ocasião da apresentação do programa. É melhor aproveitar Na rua o negócio já viu melhores dias e mais turistas, mas nem por isso, alguns comerciantes vão tentar capitalizar com o início do plano de apoio ao consumo para atrair clientela local. O responsável de uma farmácia localizada na rua de São Domingos, de apelido Kuok aponta que, apesar de a maioria dos clientes serem do Interior da China e virem, sobretudo, à procura de comprar leite em pó, a partir de hoje vai introduzir descontos entre os 10 e os 20 por cento em todos os produtos. Até porque, nas rondas de apoio anteriores, o programa do Governo contribuiu para que o volume de negócios do estabelecimento aumentasse cerca de 20 por cento. “[Nas rondas anteriores], a utilização do cartão do consumo fez aumentar em cerca de vinte por cento o volume total do negócio. Espero que o novo plano de benefícios ao consumo possa trazer um aumento semelhante. Os supermercados são os maiores beneficiários do plano, mas as pessoas acabam normalmente por comprar leite em pó nas farmácias. No ano passado, 10 por cento do consumo feito aqui na loja através do cartão de consumo foi para comprar leite em pó”, revelou ao HM. Por seu turno, a gerente de uma cadeia de lojas de cosmética, de apelido Tong, revela que no ano passado houve “pouco volume de negócio impulsionado pelo cartão de consumo”, embora tenha visto o consumo dos clientes locais a aumentar. Questionada se iriam ser aplicadas promoções a pensar na nova ronda de apoios, a responsável partilhou tal não vai acontecer, não só porque a maioria dos consumidores são habitualmente turistas do Interior da China, mas também porque desde o início da pandemia a maioria dos produtos já têm desconto. Sol de pouca dura Em Abril, durante a apresentação do “Plano de benefícios de consumo por meio electrónico”, Tai Kin Ip apontou que, através do programa, o Governo espera injectar mais de seis mil milhões de patacas, embora o efeito na economia possa ser mais abrangente. Contactado pelo HM, Albano Martins revela que o plano apoia de facto a economia, mas de uma forma “fragilizada”, pois o valor a injectar no mercado representará apenas cerca de 10 por cento de um trimestre. Além disso, o economista aponta que depois dos incentivos acabarem “vão continuar a haver layoffs”, até porque o apoio não chega a todos os sectores e, ao contrário da primeira ronda de apoios, as medidas de retenção de trabalhadores não existem. “Se o incentivo ao consumo não for feito de forma continuada não funciona e não tem significado na economia. Os valores representaram cerca de 4,0 por cento do PIB por trimestre ou, de outra forma, representa cerca de 10 por cento de um trimestre. Não estou muito convencido que é por aí que se vai dar a volta até porque grande parte desse consumo é feito, sobretudo, no mesmo tipo de empresas como supermercados e restaurantes. As outras PME não recebem esses apoios”, começou por dizer. “Acabado o consumo, as pessoas são colocadas outra vez em layoff ou despedidas. Não há garantias nenhumas de que isso não vá acontecer. No passado, quando o Governo lançou o primeiro pacote de apoio, impediu que as empresas despedissem trabalhadores porque deu incentivos com a condição de não despedir. Não há nada disso neste momento. O que há é literalmente algo para alegrar a malta toda mas, na prática, quando acabar o consumo (…) empresas ficam na mesma”, rematou. Ainda há esperança Apesar de o plano prever originalmente a inclusão de trabalhadores não residentes (TNR), os actuais moldes em que o plano foi pensado após forte contestação da população, não incluem os trabalhadores migrantes. O Governo já admitiu a possibilidade de o plano, ou pelo menos a vertente das 3.000 patacas em descontos, poder ser alargada aos TNR. Contudo o tema continua “em estudo”, de acordo com as palavras proferidas por Tai Kin Ip no passado mês de Abril. Contactada pelo HM, a presidente da União Progressista dos Trabalhadores Domésticos de Macau, Jassy Santos, considera que, se tal vier a acontecer, seria uma “grande ajuda”, até por muitos trabalhadores migrantes estão actualmente a viver da caridade, por terem perdido os postos de trabalho. “Temos esperança de ainda vir a ser incluídos no programa porque isso seria uma grande ajuda para os muitos trabalhadores não residentes que, actualmente, estão a viver apenas à custa da caridade. Espero sinceramente que o Governo venha a incluir os trabalhadores migrantes. Era uma grande ajuda”, referiu. Sobre as razões da exclusão, Jassy Santos aponta que, em Macau, a classe que representa não é tratada com dignidade. “Em Macau não somos tratados como trabalhadores. Na verdade, nem somos tratados como seres humanos. Devem pensar que não temos de comer ou que não consumimos. O Governo é realmente discriminatório em relação aos TNR. Nós também consumimos, na verdade, somos bons consumidores. O nosso salário apenas é gasto aqui”, apontou a responsável. Fraudes | DSEDT e CC alertam comerciantes para cumprimento da lei Dias antes do início da utilização dos “benefícios de consumo por meio electrónico”, a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) e o Conselho de Consumidores (CC) deslocaram-se a vários bairros da cidade para apelar aos comerciantes para o cumprimento rigoroso das regras de utilização do programa. O objectivo, segundo um comunicado oficial passa, sobretudo, por proteger os direitos dos consumidores e evitar a utilização ilícita dos montantes afectos à nova ronda de apoio. “Os comerciantes não podem aceitar, de forma ilícita, o pagamento com subsídio de consumo, nem praticar actos que prejudiquem os direitos e interesses dos consumidores, nomeadamente a prestação de informações enganosas sobre o preço ou o aumento do preço sem justa causa, devendo ainda os mesmos prestar plena cooperação”, pode ler-se na nota. Caso se verifiquem irregularidades, lembra a DSEDT, o organismo pode, dependendo da gravidade da situação “fazer cessar, no prazo indicado, a aceitação do pagamento com benefícios de consumo por meio electrónico por todos ou parte dos estabelecimentos comerciais do empresário comercial ao qual pertence aquele estabelecimento”. Relativamente a receios de eventuais oscilações de preço, a DSEDT revelou que entre 1 de Maio de 2020 e 28 de Maio de 2021, efectuou 7.500 inspecções a estabelecimentos comerciais, tendo sido inspeccionados aleatoriamente cerca de 75.000 unidades de produtos. Por seu turno, o CC aponta que, nos últimos dias afixou a etiqueta do código QR e cartazes do serviço “Consumidor Online” em vários estabelecimentos comerciais, permitindo que, no momento da transação, os consumidores possam apresentar reclamações por via de texto ou fotografia.
China aumenta para três limite de filhos por casal Hoje Macau - 31 Mai 2021 A China decidiu hoje aumentar de dois para três o limite de filhos por casal, quando se adivinha uma crise demográfica no país, como resultado da política de filho único, que vigorou até 2016. Três semanas após serem conhecidos os resultados do último censo demográfico, que se realiza a cada dez anos e que revelou forte desaceleração no crescimento populacional, a liderança chinesa decidiu flexibilizar a sua política de controlo da natalidade, mas mantendo um limite: não mais do que três filhos por casal. “Em resposta ao envelhecimento da população (…) um casal passa a poder ter três filhos”, avançou a agência noticiosa oficial Xinhua, que citou as conclusões de uma reunião entre os membros permanentes do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês liderada pelo Presidente Xi Jinping. A política vem acompanhada de “medidas de apoio” às famílias, acrescentou a Xinhua, sem avançar detalhes. No início de maio, os resultados do censo realizado em 2020 revelaram um envelhecimento mais rápido do que o esperado da população chinesa. A população aumentou em 72 milhões de pessoas nos últimos 10 anos, para 1.411 milhões, segundo os dados oficiais. O crescimento médio anual fixou-se em 0,53%, em termos homólogos, uma queda de 0,04%, em relação à década anterior. No ano passado, marcado pela epidemia da covid-19, o número de nascimentos caiu para 12 milhões, face a 14,65 milhões, em 2019, quando a taxa de natalidade (10,48 por 1.000) foi já a menor desde a fundação da República Popular da China, em 1949. A China praticou um rígido controlo de natalidade, entre 1980 e 2016, em nome da preservação de recursos escassos para a sua economia em expansão. A queda na taxa de natalidade é vista agora, no entanto, como grande ameaça ao progresso económico e à estabilidade social no país asiático. A política de filho único foi abolida em 2016, mas os casais permanecem reticentes em ter mais filhos, face aos elevados custos de vida e discriminação das empresas contra as mães. No outro extremo da pirâmide etária, a China tinha mais de 264 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no ano passado. Aquela faixa etária passou a representar 18,7% do total da população, um aumento de 5,44%, em relação ao censo de 2010. Em contrapartida, a população em idade ativa (15 a 59 anos) representa agora 63,35% do total, uma queda de 6,79%. Em março passado, a Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, votou um plano para aumentar gradualmente a idade de reforma ao longo dos próximos cinco anos. Os detalhes desta política não foram divulgados. Especialistas alertaram o país contra um desenvolvimento ao estilo japonês ou sul-coreano, com um declínio da população e um excesso de idosos em relação aos jovens e trabalhadores. A China poderá ser ultrapassada nos próximos anos pela Índia como o país mais populoso do mundo, segundo estimativas das Nações Unidas. Pequim previu que a sua curva de crescimento populacional atingirá o pico em 2027. A população chinesa começará então a diminuir para atingir 1,32 mil milhões de habitantes em 2050. A China, juntamente com a Tailândia e outros países asiáticos em desenvolvimento, enfrenta o risco de envelhecer antes de enriquecer. Alguns especialistas consideram que o país asiático enfrenta uma “bomba-relógio demográfica”. Refletindo a sensibilidade da questão, o gabinete de estatísticas da China tomou a decisão invulgar, no mês passado, de reagir a uma notícia do jornal The Financial Times, que avançou que o último censo tinha revelado um declínio demográfico. Os casais que desejam um filho enfrentam grandes desafios. Muitos dividem apartamentos com os pais em cidades densamente povoadas no litoral do país. Os cuidados infantis são caros e a licença de maternidade curta. A maioria das mães solteiras está excluída do seguro médico e dos pagamentos da previdência social. Algumas mulheres temem mesmo que o parto possa prejudicar as suas carreiras. Japão, Alemanha e alguns outros países ricos enfrentam o mesmo desafio de sustentar populações envelhecidas com menos trabalhadores, mas podem recorrer ao investimento em fábricas, tecnologia e ativos estrangeiros. Em contraste, a China continua a ser um país de rendimento médio, com agricultura e manufactura intensivas em mão-de-obra.
Covid-19 | Índia ultrapassa os 28 milhões de casos desde o início da pandemia Hoje Macau - 31 Mai 2021 A Índia ultrapassou hoje 28 milhões de casos da covid-19 desde o início da pandemia, embora nas últimas 24 horas o país tenha registado o menor número de infeções dos últimos 50 dias. Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde indiano identificou 152.734 casos, um número muito distante dos mais de 400.000 por dia registados no início de maio. No total, o país contabiliza 28.047.534 casos desde o início da pandemia. A Índia é o segundo país do mundo com mais casos acumulados desde o início da pandemia, superado apenas pelos Estados Unidos com 33,2 milhões. Nas últimas 24 horas o país registou 3.128 mortes, totalizando agora 329.100, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil. A campanha de vacinação é vista como o melhor recurso contra a pandemia, e a Índia já administrou 213 milhões de doses, um número ainda insuficiente para os seus 1.350 milhões de habitantes.
Covid-19 | Província de Guangdong detecta 20 casos locais Hoje Macau - 31 Mai 2021 A província de Guangdong detectou 20 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde da China. O país registou ainda sete casos positivos, entre viajantes oriundos do exterior, na cidade de Xangai (leste) e nas províncias de Guangdong (sudeste), Fujian (sudeste) e Henan (centro). As autoridades sanitárias também informaram sobre a deteção de 19 novas infeções assintomáticas (três por contágio local em Guangdong e as restantes importadas), embora Pequim não as inclua como casos confirmados, a menos que manifestem sintomas. A Comissão de Saúde da China adiantou que o número total de casos activos é de 328, entre os quais seis em estado grave. Desde o início da pandemia de covid-19, o país registou 91.099 casos da doença e 4.636 mortos.
Saúde | Discutida declaração antecipada de vontade sobre tratamentos a receber Hoje Macau - 31 Mai 2021 Estudos realizados recentemente pela Universidade da Cidade de Macau e o Instituto de Enfermagem Kiang Wu demonstraram que o público “tem um certo grau de conhecimento e apoio” quanto à declaração antecipada de vontade. A informação foi avançada pelos Serviços de Saúde (SSM) num comunicado sobre uma reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos. Em termos gerais, a directiva antecipada de vontade é o documento onde um cidadão manifesta, antecipadamente, a vontade consciente, livre e esclarecida sobre os cuidados de saúde que deseja receber, caso se verifique uma situação em que seja impossível expressar a sua vontade. Alvis Lo, presidente do Conselho para os Assuntos Médicos, exemplificou que em Hong Kong foram implementadas medidas relativas à declaração antecipada de vontade em hospitais subordinados à Autoridade Hospitalar há dez anos. Os membros do organismo “acreditam que a declaração antecipada de vontade merece discussão”. Mas é dada prioridade à divulgação educativa, para evitar confusão entre cuidados paliativos ou não fazer tratamentos médicos, para evitar “disputas desnecessárias”. “Macau está prestes a entrar numa sociedade em envelhecimento e a procura de cuidados paliativos está a aumentar de forma contínua, pelo que é razoável comunicar com os idosos para que os mesmos compreendam o sistema de declaração antecipada de vontade, estabelecendo também sistemas relacionados e elaborando modelos de formulários o mais rápido possível”, diz a nota. Além disso, os membros do Conselho indicaram que os sectores são favoráveis à participação de instituições médicas privadas no sistema do registo electrónico de saúde, mas mostraram-se preocupados com o custo de manutenção da plataforma.
Circum-navegação da Victória José Simões Morais - 31 Mai 202131 Mai 2021 Nas Molucas os portugueses controlavam o comércio na ilha de Ternate e os espanhóis Tidore desde a sua chegada a 8 de Novembro de 1521, quando foram bem acolhidos por o sultão Almanzor. Como capitão da armada Gonzalo Gómez de Espinosa ia ao comando da nau Trinidad e a Victoria tinha como capitão Sebastián de Elcano, um dos revoltosos em San Julian, perdoado por Magalhães. Para haver sucesso e pelo menos um chegar a Espanha combinaram, a Victoria seguiria para Oeste e a Trinidad retornaria por águas espanholas, como inicialmente fora planeada a viagem. Mas a 18 de Dezembro, com as naus bem carregadas de especiarias à saída do porto de Tidore, a Trinidad começou a meter água e por isso foi adiada a partida. A sua reparação iria demorar meses e a Victória, após reforçar a calafetagem e aliviar 60 quintais de cravinho da carga, com acordo de Espinosa partia a 21 de Dezembro de 1521, aproveitando o vento favorável. A nau Victória, além do capitão Sebastián de Elcano e o piloto Francisco Albo, contava com uma tripulação de 47 tripulantes, oficiais e marinheiros, treze malaios e dois pilotos locais para os guiar por aqueles mares. Ao passar por o Arquipélago da Indonésia fundearam à frente de algumas ilhas para se abastecerem, chegando a 1 de Janeiro de 1522 à ilha de Amboíno e uma semana depois a Timor, onde procuraram adquirir sal, sem o conseguir. Já ao largo de Sumatra, apanhados por uma violenta tempestade voltaram para trás, refugiando-se na ilha Mallua (Ombay), onde estiveram duas semanas e a 25 de Janeiro, guiados por um idoso piloto local seguiram de novo para Timor. Aí, a tripulação amotinou-se ao conhecer o plano da viagem, que seria directa até Espanha sem paragens no percurso para abastecer nos portos dominados por os portugueses. Cansada de andar embarcada a vaguear sem rumo certo e com a perspectiva de no Índico vir a passar novamente os tormentos ocorridos na travessia do Pacífico, mais certa era a morte durante a viagem do que atingir Espanha, alguns aproveitaram para fugir. Na primeira metade de Fevereiro, com a nau abastecida partiam de Timor levando a precaução de escapar aos portugueses e por pouco não se cruzaram com os barcos de António de Brito, que ali próximo, na ilha de Banda esperavam por bom tempo para ir às Molucas, afim de construir uma fortaleza e capturar a armada de Magalhães, se ela aí chegasse. UM DIA A MENOS Pelo Mar de Timor entraram no Oceano Índico e fora da rota portuguesa, dirigindo-se para Sul singraram em latitudes abaixo dos 30º Sul atravessando-o em mar aberto. Com muito frio e fome, só tinham arroz e água, pois a carne, sem sal para a conservar, apodrecera. Optou-se seguir directamente para dobrar o Cabo da Boa Esperança mas, a cinco léguas Sul deste cabo vão ficar dois meses com as velas recolhidas devido aos ventos de Oeste e que terminará numa tempestade. Na altura, a nau Trinidad já reparada partia de Tidore a viajar para Leste. Passando o Cabo da Boa Esperança a 6, ou a 18 de Maio de 1522, subindo a costa Ocidental de África sem dela se aproximar e ainda sem escalas desde Timor, no início de Julho junto a Cabo Verde pelas provações encontravam-se num alto grau de exaustão. Por conselho decidiram aventurar-se e ir ao porto da ilha de Santiago pedir ajuda, pois toda a tripulação estava moribunda. A 9 de Julho, um esquife foi a terra apresentando-se como uma nau apanhada numa tempestade e que se perdera da armada espanhola regressada das Índias Ocidentais e os portugueses acreditaram. Alimentaram e deram-lhes água e produtos frescos para levar para a nau, que pagaram com três quintais de cravinho, segundo mais tarde Elcano relatou ao Rei. Em Santiago perceberam estar algo errado ao ver ser a missa celebrada num sábado e estranhando perguntaram em que dia estavam. Ao contrário do que pensavam, era Domingo 13 de Julho e na nau, cada um revendo os registos da viagem, verificaram faltar a todos um dia. Durante a viagem de circum-navegação tinham perdido um dia. Na manhã seguinte voltaram a terra a continuar o abastecimento, regressando ao meio-dia à nau e para fazer o último carregamento, de tarde foram de novo à ilha num esquife com doze homens a comprar escravos. Como passou a noite e não apareciam, a Victoria aproximou-se do porto, quando viram uma barcaça cheia de soldados portugueses e ainda de longe exigiam subir a bordo. Logo os 22 tripulantes da nau levantaram as âncoras e soltando as velas fugiram, navegando em grande dificuldade com um imenso trabalho para bombear a água que entrava por todos os lados. Avistaram os Açores a 4 de Agosto e um mês depois o Cabo São Vicente. A nau com 21 homens, entre eles três malaios, chegava a 6 de Setembro ao porto Sanlúcar de Barrameda, onde foram socorridos. Levada Rio Guadalquivir acima, a Victoria aportava em Sevilha a 8 de Setembro de 1522, três anos e um mês após daí ter partido. No dia seguinte, em procissão toda a tripulação descalça com uma vela acesa foi da beira-rio à Catedral para agradecer a Santa Maria da Vitória, a quem na partida se tinham encomendado. Um dos sobreviventes da viagem era o aventureiro António Pigafetta (1491-1534?), fidalgo italiano de Vicenza, que aproveitara a boleia para viajar e escreveu o Relazione: Il Primo Viaggio Intorno al Mondo. Chegara a Barcelona no séquito do representante papal na corte de Carlos V e ao ouvir falar da expedição, que estava prestes a sair, pediu ao Rei para nela ser integrado. LUCRATIVA VIAGEM Ao basco Juan Sebastián Elcano (1476-1526) coube a glória de terminar a viagem de circum-navegação, mas Fernão de Magalhães e o seu escravo Henrique já em Cebu a teriam realizado. Dos iniciais 265 homens, a Espanha voltaram 35 que deram a volta ao mundo e os 55 da San Antonio, sendo libertado então Álvaro da Mesquita. Em Sevilha, os oito milhões de maravedis investidos na armada de Magalhães consideravam-se já perdidos, pois ninguém acreditava na sobrevivência das três naus que a San Antonio deixara no Estreito de Magalhães. Assim ao aparecerem, “os 520 quintais de especiarias (cerca de 26 toneladas) que a Victória trouxe das Molucas dão, depois de pagar as despesas, um lucro de cerca de 500 ducados de oiro”, segundo Stefan Zweig. (1 ducado = 375 maravedis) A questão entre Portugal e Espanha sobre a posse das Molucas estava por resolver devido ao cálculo das longitudes ser então muito impreciso. Já quanto às ilhas de São Lázaro, as futuras Filipinas, encontravam-se no espaço do mar português, mas estes não as reivindicaram por não haver meios suficientes para tomar conta de todo esse espaço no Pacífico. Importante era para os portugueses o valioso monopólio das especiarias das Molucas e convencidos pertencerem estas a Espanha, deixaram cair o direito sobre as Filipinas. Também ficou provado ser o caminho espanhol pelo Ocidente até às Molucas muito longo, fora de mão e de extrema dificuldade para os navegantes, levando Carlos V a vender por 350 mil ducados de ouro o direito de posse dessas ilhas a D. João III.
Covid-19 | Golpe militar deixa Myanmar desprotegida para nova vaga de contágios Hoje Macau - 31 Mai 2021 O golpe militar e os protestos nos últimos meses deixaram Myanmar, antiga Birmânia, que conta com um sistema sanitário precário, ainda mais desprotegida face uma terceira vaga de covid-19 que está a chegar ao continente. Fontes da Cruz Vermelha disseram à agência de notícias Efe que existe o perigo de que a terceira vaga da pandemia de covid-19, que está a afectar muitos países asiáticos, principalmente pela chamada variante indiana do coronavírus, chegue a Myanmar sem ser detectada. Os profissionais de saúde foram os primeiros a aderir ao movimento de desobediência civil contra o golpe do passado dia 1 de Fevereiro e muitos deles estão detidos e acusados pela junta militar, o que diminuiu a capacidade do sistema sanitário, já por si debilitado. A Cruz Vermelha disse ainda que, actualmente, o país carece de um sistema sistemático de testes ao SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, a vacinação diminuiu significativamente e a capacidade de monitorizar e rastrear infecções está reduzida. “Há um risco significativo de uma futura onda de casos que podem chegar sem serem detectados de imediato, dada a probabilidade de grande parte dos infectados não terem sintomas ou [a terem] serem leves”, disse a agência humanitária. Segundo dados do Ministério da Saúde de Myanmar, os casos acumulados desde o início da pandemia ultrapassam os 144.000, com 3.216 mortes, face a uma população de 54 milhões de pessoas. O número de testes diários caiu em Janeiro deste ano, dos cerca de 15.000 que se faziam para 1.500 a 2.000 nos dias de hoje, o que levanta a suspeita de haver muitas infecções que não estão a ser detectadas, de acordo com a Cruz Vermelha. O Governo anterior, da líder deposta Aung San Suu Kyi, recebeu 1,5 milhão de doses de vacinas de combate à covid-19 da Índia e tinha planos de encomendar outras 30 milhões, mas desde então, o país recebeu cerca de 500.000 vacinas da China. Até ao momento, apenas 1,77 milhões de habitantes, pouco mais de 3 por cento da população, foram vacinados após o início da campanha de vacinação, em Janeiro deste ano. A Cruz Vermelha disse que a morosidade no processo de vacinação é também fruto da precariedade do sistema e da falta de pessoal, em parte devido ao movimento de desobediência civil, à qual se deve somar a relutância da população em se vacinar junto dos militares. “Não tenho nenhum desejo de vacinar-me, se forem eles [os militares], que me vão aplicar. Não confio nada neles”, disse um habitante, U Maung, ao portal Myanmar Now, citado pela Efe, expressando a sua recusa em ser vacinado pela junta militar. Por conta própria O Exército para a Independência de Kachin disse à Al Jazeera que está a realizar testes e recebeu cerca de 15.000 vacinas da empresa farmacêutica chinesa Sinovac, doadas pela Cruz Vermelha da China. Entretanto, algumas minorias étnicas, que controlam os seus próprios territórios em zonas fronteiriças, estão a tomar medidas para enfrentar a pandemia, apesar das dificuldades por um conflito armado que remonta a décadas, muito antes do recente golpe. Em Myanmar, a antiga Birmânia, a Cruz Vermelha conta com cerca de 6.000 voluntários que continuam a ajudar as comunidades a combater a pandemia através de campanhas de vacinação, controle de temperatura e ajuda em isolamento de casos positivos, entre outras iniciativas. Os voluntários, que contam com a ajuda de 143 ambulâncias, prestam atendimento médico aos feridos nos protestos, nos quais os profissionais de saúde também foram vítimas de ataques das forças de segurança com, pelo menos, 11 mortos e 51 feridos, entre eles. Os manifestantes foram os mais atingidos pela violência de soldados e polícias, que mataram mais de 830 pessoas desde o golpe, segundo dados da Associação de Assistência a Presos Políticos, uma Organização Não Governamental (ONG) de activistas pró-democráticos.
Em defesa de uma agenda cultural para a cidade Hoje Macau - 31 Mai 2021 Opinião de João Miguel Barros 1. Macau é uma cidade pequena, com comunidades diversificadas. Tem muita gente por cm2, mas não tanta assim interessada em acontecimentos culturais contemporâneos. No entanto, a autonomia individual na promoção e dinamização cultural, e a lógica do “cada um por si”, que aparenta ser um sinal de enorme riqueza e variedade, torna-se num factor não inclusivo e até de exclusão à participação nas actividades culturais que se vão organizando pela cidade. Somos muitos e apenas deve contar quem está. Mas não é possível estar em mais do que um lugar ao mesmo tempo. E este é o problema. Justifica-se que a autonomia de cada uma das entidades que organizam eventos leve a que se tenha, por vezes, duas e três inaugurações no mesmo dia e há mesma hora? 2. Em meu entender, isto é um absurdo. Mas pode ter solução se houver vontade de se começar a olhar para além do próprio umbigo! 3. O caminho não é limitar a capacidade de iniciativa de ninguém (a livre iniciativa na organização, como a liberdade criativa, são sempre bens a preservar e a defender de forma intransigente). Mas já seria uma boa solução se fosse criada uma agenda cultural para a cidade. Poderão realizar-se eventos que coincidam no mesmo dia e hora, se for essa a vontade consciente das entidades envolvidas, mas é imperioso minimizar os “riscos” dessa sobreposição. 4. O Instituto Cultural (ou a Direcção de Turismo) poderia, e deveria, promover uma plataforma de registo prévio de eventos, aberto a todas as entidades que organizem eventos culturais, para que, com antecedência, essas entidades “reservem” espaço de calendário, deixando nesse backoffice uma previsão da sua programação cultural. As entidades (associações, fundações, departamentos do governo, etc.) teriam assim, querendo, um instrumento de planeamento da sua programação (e nunca de controlo ou censura), que lhes permitiria ajustar as suas inaugurações ou realizações a dias livres e sem se sobreporem a outros “acontecimentos” já previamente projetados. 5. Uma vez confirmadas as diversas iniciativas, o conteúdo dessa agenda cultural deveria ser disponibilizado em três línguas através de uma página própria na internet, onde se dariam detalhes públicos sobre cada uma das concretas iniciativas a acontecer ou em curso. E assim teríamos, também, mais um instrumento de promoção de um turismo cultural que importa dinamizar, e que vá para além das visitas aos bairros históricos ou ao património construído. 6. Esta é uma solução plausível e a sua concretização é de manifesta utilidade pública. A tecnologia não é problema; mas as pequenas vaidades ou necessidades de afirmação de “independência” de cada um talvez o sejam… Esta metodologia de trabalho inclusivo seria a melhor forma de garantir a diversidade e de permitir a participação cultural na cidade. Logo se ajustariam os procedimentos quando as pessoas passassem a ter o dom da ubiquidade!
Literatura | Livro sobre Camilo Pessanha apresentado em Lisboa Andreia Sofia Silva - 31 Mai 2021 “Clepsydra 1920-2020 – Estudos e revisões” foi lançado este sábado em Lisboa, na Livraria da Lapa, depois de uma primeira apresentação em Macau, em Dezembro. Trata-se de um projecto que faz “a releitura da obra” de Camilo Pessanha “mais do que o foco no seu autor”, lembrou Catarina Nunes de Almeida, coordenadora da obra “Faz sentido começarmos com as palavras do poeta”. E estas foram lidas por Raquel Marinho, com a sua própria edição da Clepsydra, tendo-se ouvido versos como “Eu vi a luz num país perdido” ou “Floriram por engano as rosas bravas”. Estava assim dado o mote para o lançamento de mais uma obra sobre Camilo Pessanha, o poeta português falecido em Macau em 1926 e um dos expoentes máximos do Simbolismo na literatura portuguesa. Clepsydra seria lançado em 1920, graças aos esforços de Ana Castro Osório. “Clepsydra 1920-2020 – Estudos e revisões”, com edição da Documenta e coordenada por Catarina Nunes de Almeida, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), reúne uma série de textos que olham não apenas para o poeta mas também “para o Pessanha sinólogo e jurista”. O lançamento aconteceu este sábado na Livraria da Lapa, em Lisboa, depois de ter sido feito uma primeira apresentação do livro em Macau, em Dezembro do ano passado. “Faz todo o sentido que esteja disponível para aquele universo de leitores, porque é o espaço de Pessanha”, adiantou Catarina Nunes de Almeida. Esta obra, que teve o patrocínio do jornal Hoje Macau, contém textos de vários académicos, como Paulo Franchetti, Duarte Drumond Braga, Rogério Miguel Puga ou Carlos Morais José, entre outros, que se debruçaram sobre a vida e obra de Pessanha, profundamente ligada a Macau. Catarina Nunes de Almeida frisou o facto de este trabalho propor-se fazer “a releitura da sua obra, mais do que colocar o foco no seu autor”, fazendo “não apenas uma análise estrita dos poemas, mas contribuindo com novos dados para futuras leituras”. A coordenadora do livro destacou a importância que os escritos de Pessanha tiveram nas gerações seguintes de autores portugueses mais contemporâneos. “É a geração de Orpheu a primeira a reconhecer o estatuto de mestre [de Pessanha]”, embora os seus escritos tenham “continuado a ecoar em poetas mais recentes”. Vida e quezílias Camilo Pessanha viajou para Macau em 1894, quando este era um “território minúsculo”, lembrou Daniel Pires, um dos autores do livro e responsável pelo inventário da biblioteca pessoal de Pessanha. Foi “o fundador da Maçonaria em Macau”, um “jurista temido” e um “fumador de ópio”, sem esquecer a amizade que o ligou a diversas personalidades, incluindo Sun Yat-sen e o Governador de Macau Carlos da Maia. Houve, no entanto, “pessoas que o combateram firmemente, até com calúnias”, como Manuel da Silva Mendes, intelectual português em Macau e muito ligado à cultura chinesa. Silva Mendes “era o grande rival de Pessanha no domínio da colecção de arte chinesa” e dizia “que a sua poesia não rimava, e que coleccionava bugigangas”. No entanto, Daniel Pires destacou o facto de Manuel da Silva Mendes se ter referido a Pessanha como “um bom advogado e professor”. “A sua vivência em Macau continua a ter muitas lacunas”, frisou, “e o que de mais puro nos restou para aceder à verdade dessa figura é a sua escrita”. “Se não fossem essas lacunas certamente não teríamos tido um aproveitamento ficcional da personagem de Camilo Pessanha em obras como ‘A Quinta Essência’, de Augustina Bessa Luís, ou ‘O Mar’, de Paulo José Miranda”, lembrou Catarina Nunes de Almeida. A China na prosa Duarte Drumond Braga, também investigador da FLUL, é autor do capítulo “Para ler Camilo Pessanha sem sair de Macau”, lugar primordial para se entender a obra do poeta. “A China mal está representada na Clepsydra, temos apenas dois poemas”, lembrou. Esta está “na prosa, que devemos ler em conjunto”, e que neste momento se encontra em Macau. “Merecia uma reedição”, sugeriu Drumond Braga. É, sobretudo, fundamental combater a “ideia tola de que Camilo Pessanha não sabia nada sobre a China”. “Se estivermos à procura do bambu e da chinesinha não vamos encontrar nada, vemos outras coisas”, exemplificou. Ricardo Marques, que analisou a publicação de escritos inéditos de Pessanha em revistas, considerou que existe a ideia da Clepsydra “como uma coisa definida”, mas Pessanha, “como outros poetas, fazia circular inéditos pelas revistas literárias, e isso é importante ver 100 anos depois”.
IPIM | TSI manda repetir julgamento de Jackson Chang Pedro Arede - 31 Mai 2021 O antigo presidente do IPIM vai ser julgado novamente em primeira instância pelos crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais e abuso de poder. A decisão, que consta de um acórdão do TSI, iliba, contudo, Jackson Chang da condenação por violação de segredo, reduzindo a pena para 11 meses. Já Glória Batalha foi absolvida de todos os crimes No âmbito dos recursos apresentados por várias partes envolvidas no caso IPIM (Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau), o Tribunal de Segunda Instância (TSI) decidiu que Jackson Chang irá ser novamente julgado em primeira instância pelos crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais e abuso de poder. Contudo, o mesmo acórdão dá também provimento parcial ao recurso apresentado pela defesa do ex-presidente do IPIM, fazendo cair a condenação por violação de segredo. Segundo reportou a TDM Canal-Macau, o facto de o TSI ter dado provimento parcial ao recurso apresentado pelo Ministério Público (MP) irá levar a que Jackson Chang volte a ser julgado no Tribunal Judicial de Base (TJB) para responder por quatro crimes de corrupção passiva, quatro crimes de branqueamento de capitais (pelos quais tinha sido absolvido) e ainda, por três crimes de abuso de poder. Quanto aos crimes de abuso de poder, Chang acabou por não ser julgado por alteração de tipologia, já que este passou a ser designado por “violação de segredo”. Recorde-se que em Outubro do ano passado, Jackson Chang foi condenado a dois anos de prisão efectiva pelos crimes de violação de segredo e inexactidão de declaração de rendimentos. Durante o julgamento o ex-presidente do IPIM foi ainda acusado de corrupção, branqueamento de capitais e associação criminosa, mas o tribunal absolveu-o desses crimes por falta de provas, apesar de ter levado uma forte reprimenda da juíza durante a leitura da sentença. No rescaldo do acórdão emitido pelo TSI, e que apenas está disponível em cantonês, a defesa de Jackson Chang obteve também uma vitória parcial, dado que o organismo deu razão ao ex-presidente do IPIM no recurso apresentado contra a condenação por violação de segredo, que tinha resultado numa pena de um ano de prisão. Contas feitas, Jackson Chang, que tinha sido condenado a dois anos de prisão efectiva vê assim a sua pena encurtada para 11 meses de prisão com pena suspensa de dois anos e seis meses. A decisão do TSI faz também com que Jackson Chang não tenha de voltar para o estabelecimento prisional de Coloane, dado já ter cumprido a totalidade da pena em prisão preventiva. Batalha ganha Quanto a Glória Batalha, o TSI deu provimento total ao recurso apresentado pela ex-vogal do IPIM, absolvendo-a dos crimes de abuso de poder e violação de segredo pelos quais tinha sido condenada a cumprir uma pena de um ano e nove meses de prisão efectiva em primeira instância. Questionado a comentar a decisão do TSI, o advogado de Glória Batalha Bernardo Leong afirmou não poder falar sobre a matéria. “Os meus deveres deontológicos não me permitem comentar matérias que estão confiadas, nem tão pouco matérias que estão pendentes em Tribunal”, apontou ao HM. Recentemente, Miguel Ian, ex-director-adjunto do Departamento Jurídico e de Fixação de Residência por Investimento do IPIM, perdeu um recurso no TSI contra a condenação a quatro anos de prisão efectiva, por sete crimes de falsificação de documentos. Recorde-se que, entre os 26 arguidos do processo, 19 foram considerados culpados e sete foram ilibados. Segundo o tribunal, os empresários Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua, marido e mulher, criaram uma associação criminosa para vender autorizações de fixação de residência e foram condenados, respectivamente, a penas de 18 e 12 anos de prisão. O cabecilha, Ng Kuok Sao, encontra-se fora de Macau e foi julgado à revelia.
Turismo | UM passa do 42.º para 25.º lugar no ranking de Xangai Andreia Sofia Silva - 31 Mai 2021 A Universidade de Macau subiu da 42.ª para a 25.ª posição do ranking de Xangai na área da hospitalidade e gestão de turismo, numa lista liderada pelo Instituto Politécnico de Hong Kong. O Instituto de Formação Turística, Universidade Cidade de Macau e Universidade de Ciência e Tecnologia estão abaixo da 30.ª posição Os novos resultados do ranking de Xangai [Shanghai Ranking], que analisa o desempenho de centenas de universidades de todo o mundo no ensino de mais de 50 disciplinas, mostra o crescimento da Universidade de Macau (UM) na área do ensino do turismo. Isto porque a UM passou da 42.ª posição registada em 2020 para a área da hospitalidade e gestão de turismo para a 25.ª este ano, numa lista liderada pelo Instituto Politécnico de Hong Kong. Em segundo lugar, surge a Universidade Central da Florida, nos EUA, e na terceira posição a Universidade de Surrey. Em quarto lugar, aparece a Universidade de Sun Yat-sen, sendo que na lista das 30 primeiras instituições destacadas surgem ainda mais universidades chinesas, como é o caso da Universidade de Zhejiang, na 28ª posição, e da Universidade de Xiamen, na 30.ª posição. A UM é ainda avaliada em mais sete áreas de ensino, sendo que nas disciplinas de automação e controlo está entre as 51 e 75 melhores do mundo, respectivamente, bem como nas áreas das ciências da alimentação e tecnologia. Em ciências computacionais e engenharia a UM está figura as 76 e as 100 melhores, descendo para a lista das 101 a 150 melhores do mundo nas áreas da engenharia de telecomunicações e educação. A UM está também na lista das 151 a 200 melhores nos campos da engenharia electrotécnica, ciência de instrumentos e tecnologia. Ao HM, a UM considera que este resultado é sinal de que a instituição de ensino “está a entrar num período sem precedentes de desenvolvimento” e que vai continuar a “melhorar, optimizar, desenvolver e inovar” o ensino. “Como uma universidade de Macau vamos continuar a integrar de forma activa a zona da Grande Baía, em linha com a estratégia de desenvolvimento nacional, e procurar ser cada vez mais internacional”, aponta o gabinete de comunicação. A ideia é “desenvolver uma instituição académica de excelência na área do ensino superior que seja o orgulho dos residentes de Macau e reconhecida na comunidade académica local e exterior”. À frente do IFT, UCM e MUST A UM ocupa um lugar cimeiro face às restantes instituições do ensino superior do território que também administram cursos na área do turismo, inclusivamente do próprio Instituto de Formação Turística (IFT), que está em 45.º lugar, com uma pontuação de 33.5, de 0 a 100. Segue-se a Universidade Cidade de Macau, no grupo das 50 e 75 melhores instituições, com uma pontuação de 28.2. Também entre as 50 e 75 melhores instituições, e com uma pontuação de 28.2, está a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), que é avaliada em mais sete disciplinas. A universidade privada obtém a mesma classificação na área da automação e controlo, ocupando depois uma posição entre as 150 e 200 melhores universidades na área das ciências computacionais e engenharias. No ramo da biologia, ciências farmacêuticas, engenharia de telecomunicações ou electrotécnica, a MUST surge entre as 201 e 400 melhores do mundo.