Grande Baía | Secretária desafia IFT a manter posição de “liderança”

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, desafiou ontem o Instituto de Formação Turística a manter a posição de liderança na Grande Baía, ao nível da formação de quadros qualificados. A “esperança” foi deixada durante o discurso da cerimónia de licenciatura deste ano dos estudantes do IFT.

“Espera-se que o IFTM acompanhe, de perto, as necessidades de Macau e da Grande Baía, desempenhando ainda mais o seu papel de liderança nos serviços de formação e educação nas áreas de turismo e lazer, no sentido de contribuir para o desenvolvimento contínuo da sociedade”, afirmou.

A secretária apelou ainda à coragem dos alunos para que arrisquem e participem na Grande Baía. “Para abraçar o futuro, não só temos de ter grande coragem, como temos de alargar os nossos horizontes e manter as nossas mentes abertas. A Grande Baía está intimamente ligada à nossa vida, e as oportunidades de desenvolvimento na Grande Baía são únicas para nós”, afirmou. “Os alunos devem aproveitar estas boas oportunidades, atrevendo-se a tentar coisas novas e desenvolvendo as suas potencialidades”, recomendou.

Além do desafio, Elsie Ao Ieong U elogiou o contributo da instituição para a integração de Macau na Grande Baía, através da “base”. “A Base de Ensino e Formação em Turismo para a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, estabelecida pelo IFTM, depois de menos de dois anos de desenvolvimento, já tem acções de cooperação estendidas a Zhuhai, Guangzhou e Shunde, em Foshan, assim concretizando gradualmente o conceito de exportar recursos de formação turística de qualidade para o ‘círculo de formação acessível em uma hora’”, reconheceu.

Renovação Urbana | Contratos milionários para empresas estatais

A empresa Macau Renovação Urbana assinou ontem dois memorandos de entendimento para as obras no Lote P da Areia Preta, que vão garantir a empresas estatais quase 5 mil milhões de patacas.

Em relação à obra mais cara, que envolve a construção das habitações para troca com os lesados do empreendimento Pearl Horizon, os trabalhos vão ser conduzidos pela empresa China Construction Engineering (Macau) a troco de 4,068 mil milhões de patacas. A informação foi divulgada ontem num comunicado da empresa, que apenas comunica em chinês e inglês.

A outra obra implica a construção de habitação para troca, ou seja, as casas que poderão ser utilizadas como forma de compensar os proprietários que participarem no programa do Governo de renovação urbana. Os trabalhos implicam um custo de 878,6 milhões de patacas e foram atribuídos ao consórcio constituídos pelas empresas China Road and Bridge Corporation, Coneer Engineering Limited e Top Design Consultants Company Limited.

Por outro lado, a empresa avançou também que o concurso público para a construção de mais habitações temporárias está em curso e deve chegar ao fim no final deste mês.

Segundo a Macau Renovação Urbana, as obras no Lote P vão criar mais de três mil oportunidades de emprego. A empresa diz ainda estar empenhada em coordenar os diferentes trabalhos de escavação, de forma a evitar ao máximo os condicionamentos no trânsito.

As obras de construção no terreno da Areia Preta, onde ia ser erigido o empreendimento de luxo Pearl Horizon, devem ficar concluídas no final de 2024.

Advocacia | Ordem quer reactivar Protocolo com AAM no início do próximo ano 

A Ordem dos Advogados assegura que o Protocolo com a Associação dos Advogados de Macau poderá ser retomado no início do próximo ano, ultrapassado o impasse causado pela pandemia da covid-19. O Bastonário, Luís Menezes Leitão, assegura que “a principal questão” nas negociações prende-se “com a exigência de formação complementar para exercer a advocacia”

 

Pode estar para breve a reactivação do Protocolo entre a Ordem dos Advogados (OA) em Portugal e a Associação dos Advogados de Macau (AAM). Depois de meses de negociações, a OA aponta como prazo para a entrada em vigor o início do próximo ano.

“Desde o início que manifestamos concordância com a recuperação do Protocolo, havendo apenas que ultimar as questões que se colocam para efeitos de reciprocidade. A pandemia prejudicou, no entanto, o decorrer das negociações. Temos esperança que, estando tudo resolvido, no início do próximo ano o mesmo possa ser reactivado”, confirmou ao HM Luís Menezes Leitão, Bastonário da OA.

A exigência de formação complementar além da licenciatura em advocacia é, para já, o tema que continua a ser discutido. Esta formação é exigida para exercer a profissão no território e ter “o conhecimento da lei local, que é cada vez mais diferente em Portugal e Macau”. “Teremos que acertar em condições de reciprocidade qual a formação exigida para o exercício da advocacia em cada uma das jurisdições”, adiantou o Bastonário. Esta formação prende-se com a necessidade de aprendizagem do Direito de Macau.

Um ano de negociações

As negociações para que este Protocolo seja reactivado duram há cerca de um ano. Numa entrevista ao HM, Luís Menezes Leitão falou da importância do documento para a OA. “É uma forma de mantermos a nossa ligação em termos jurídicos com Macau onde neste momento existe ainda um grande património jurídico comum. Achamos que ambas as advocacias podem trabalhar em conjunto.”

Jorge Neto Valente, presidente da AAM, referiu recentemente que o número de advogados portugueses que vêm para Macau trabalhar é cada vez menor. Em 1999 “havia 87 advogados de pleno direito e 13 estagiários, e a esmagadora maioria, seguramente 70 por cento, eram de língua materna portuguesa”, recordou. “Neste momento, eu diria que 70 por cento [dos inscritos] são de língua materna chinesa”, num universo de “436 advogados e 127 estagiários”, apontou o presidente da AAM em declarações à Lusa.

“Há muito poucos [causídicos], porque, além da questão da pandemia, os advogados de Portugal não podem chegar aqui, bater à porta e dizer ‘estou cá’”, disse. Antes de poderem exercer no território, têm de obter autorização de residência e de trabalho, “o que não é fácil”, e “fazer um curso de adaptação ao Direito de Macau”. “Ou então têm de começar pelo estágio, e a maior parte dos advogados não quer ter de fazer estágio outra vez”, explicou Jorge Neto Valente.

Drenagem | Conselheiros questionam escoamento de águas

A capacidade do sistema de drenagem do território marcou a reunião do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários do Centro, realizada ontem. As opiniões dos membros foram apresentadas, depois de, na terça-feira, várias zonas terem ficado inundadas, após a maior chuvada desde que há registos no território.

Um dos membros preocupado com o assunto foi Ho Weng Hong, considerando que as inundações mostraram que o sistema em várias zonas da cidade não tem capacidade para lidar com chuvas intensas.

Ho alertou também para que os departamentos do Governo devem começar a estudar tão cedo quanto possível o sistema de drenagem e realizar as operações necessárias para aumentar a capacidade nas zonas mais afectadas. Por outro lado, o membro do conselho consultivo apelou às autoridades para fiscalizarem de forma mais activa os despejos ilegais na rede de esgotos e aplicarem as respectivas multas.

Por sua vez, Chui Oi Lei, membro ligada à Associação das Mulheres, perguntou se não teria sido possível emitir o sinal de alerta mais cedo e levantou questões sobre o falhanço da box-culvert da Estação Elevatória de Águas Pluviais do Norte do Porto Interior.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a reunião serviu ainda para se falar da habitação para idosos e Luo Ping defendeu que as rendas cobradas aos membros devem ter por base os rendimentos de cada um. Sobre este assunto, Wu Hang San abordou o envelhecimento da população, e alertou o Executivo para a necessidade de aumentar anualmente e gradualmente o número de habitações para os mais velhos.

Inundações | Deputados criticam resposta do Governo à intempérie

Apesar da imprevisibilidade associada à chuva intensa, Agnes Lam, Sulu Sou e Angela Leong consideram que podia ter sido feito mais na prevenção daquele que foi o dia mais chuvoso desde 1952 e esperam que o Governo melhore os mecanismos e infra-estruturas de combate às inundações

 

No rescaldo das chuvas intensas registadas ao longo da passada terça-feira e que provocaram estragos e apreensão um pouco por toda a cidade, foram vários os deputados a apontar que, tanto os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) como os restantes organismos do Governo responsáveis pelos mecanismos de prevenção de inundações, podiam ter feito mais.

Através de um comunicado, Agnes Lam sublinhou que a bomba de drenagem de água do norte do Porto Interior revelou ser “pouco eficaz” durante a fase crítica do período de chuva intensa a partir das 5h00 de terça-feira, quando foi emitido o sinal preto. Para a deputada, as autoridades competentes deviam assumir, à partida, que a capacidade de drenagem de Macau é “baixa” e que, por isso, a situação de cheias deve ser prevenida e não “normalizada”, averiguando a possibilidade de aumentar a capacidade da bomba.

Recorde-se que durante o período de chuva intensa foram registados até às 16h00 da passada terça-feira, segundo o Corpo de Bombeiros, 33 casos de cheias, quatro deslizamentos de terras e 10 acidentes de viação, com 11 feridos nas estradas locais.

Sobre a emissão de avisos perante o aproximar de uma iminente situação de chuva intensa, Agnes Lam, referiu, fazendo alusão ao tufão Hato, que, apesar de os SMG terem alertado na semana passada para a ocorrência de aguaceiros no decorrer desta semana, a população foi “apanhada desprevenida” pelas cheias e as trovoadas que se verificaram ao raiar do dia, não tendo sido dado tempo para responder adequadamente à situação e colocando-se, muitas vezes, em “situações perigosas” para tentar salvar bens e património.

Caixa negra

Por seu turno, através de uma interpelação escrita, Sulu Sou questionou o Governo sobre que melhorias estão a ser ponderadas para aumentar a eficácia dos mecanismos de alerta em caso de chuvas intensas. Além disso, o deputado pró-democrata pediu esclarecimentos adicionais sobre o facto da “Box-Culvert” da Estação Elevatória de Águas Pluviais do Norte do Porto Interior, inaugurada no mês passado, não ter ajudado a evitar inundações em locais como a Rua Cinco de Outubro ou a Rua do Patane.

Também Angela Leong abordou ontem, em comunicado, o facto de a maioria da população ter demonstrado preocupação quanto à “inutilidade” da “Box-Culvert”, que se encontra ainda em fase experimental.

Para a deputada, “as autoridades devem concluir, o quanto antes, as obras relacionadas com a prevenção e redução de catástrofes” e implementar, em situações semelhantes à da passada terça-feira ou durante a passagem de tufões, “programas de intervenção em pontos específicos de inundação” de forma a reduzir situações problemáticas.

Recorde-se que, ao ser questionado sobre as obras realizadas no Porto Interior para evitar inundações, o Chefe do Executivo disse que serão feitos ajustes. “É uma infra-estrutura nova e ainda não foi bem ajustada. Em chuvas normais é possível resolver os problemas, só que esta manhã foram chuvas intensas, portanto os serviços competentes já estão a ajustar”, disse.

Na interpelação apresentada por Sulu Sou, o deputado pediu ainda explicações sobre o facto de também terem sido afectadas zonas em áreas altas da cidade como a Estrada Marginal da Ilha Verde, a Rua do Almirante Lacerda e alguns locais na Taipa.

Poderes do Pensamento Político apresenta comissão de candidatura às eleições

As questões da habitação, da função pública e das concessões do jogo são alguns dos aspectos que os membros esperam abordar durante o período de campanha

 

Uma candidatura que se vai focar nas questões da habitação, função pública e das concessões do jogo. A promessa foi deixada ontem por Nelson Kot, membro da Comissão de Candidatura com o nome Poderes do Pensamento Político, que apresentou o processo para validação na terça-feira.

Ao HM, o ex-candidato às eleições de 2017 e ex-funcionário da Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos, explicou que a ordem da lista apenas vai ser apresentada após o processo de validação dos 350 membros pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Contudo, Nelson Kot adiantou que entre as prioridades para a campanha está o problema de habitação.

“O Governo criou muitos sistemas para a atribuição de habitação, o que nos faz prever que o futuro terá menos problemas”, reconhece Kot. “Mas, actualmente, ninguém sabe a quantidade de casas que vai ser disponibilizada para habitação neste ano, no próximo ano e até 2024. E essa informação é muito importante. O Governo tem de revelar mais informações sobre este assunto, que vai merecer a nossa atenção”, acrescentou.

Na questão da Função Pública, a comissão Poderes do Pensamento Político acredita que existe a necessidade de reformar o regime de carreiras da administração pública. Este é um processo que Nelson Kot considerou estar a ser adiado há demasiado tempo.

“O Governo tem levado muito tempo a reformar o regime da função pública, estão a ser demasiado lentos. O nosso regime foi estabelecido antes de 1999, tem quase trinta e tal anos. E nas carreiras especiais não tem havido alterações, o que causa insatisfação aos funcionários”, vincou.

Kot afirma que faz sentido nesta fase actualizar os salários a nível das carreiras especiais para que haja uma maior diferenciação entre a remuneração dos assessores e dos chefes de departamentos e divisões. “Os salários dos chefes são muito semelhantes aos salários dos assessores. Isso faz com que as pessoas não tenham interesse em subir na carreira e assumir cargos com mais responsabilidades”, explicou. “Tem de haver uma maior diferenciação para haver uma maior motivação”, atirou.

Questões e concessões

Na agenda da candidatura consta igualmente a situação das concessões do jogo, principal sector da economia, que terminam a meio do próximo ano. Neste aspecto, Nelson Kot admite que existe a preocupação pela falta de informação sobre o assunto.

“Há muitas dúvidas sobre os contratos e o Governo não tem disponibilizado informação. Queremos que o Executivo explique se vai haver um prolongamento das concessões ou se vai abrir o concurso público. Eles ainda não disseram nada, apenas sabemos que vai haver a consulta pública na segunda metade do ano…”, revelou. “Queremos que o Governo tenha atenção a este aspecto. As licenças são muito importantes para Macau e para o futuro do território”, alertou.

Nelson Kot foi o cabeça de lista também com o nome Poderes do Pensamento Político, em 2017. Na altura, a lista reuniu 672 votos, ou seja, ficou a 7.676 votos do último deputado eleito.

Ana Saldanha, autora de “Literatura, Arte e Sociedade em Portugal”: “Há falta de perspectiva para compreender o passado”

O novo livro de Ana Saldanha, apresentado hoje na Fundação Rui Cunha, dá a conhecer as manifestações literárias e artísticas no Portugal contemporâneo entre o Golpe de Estado de 1926, a instauração do fascismo e a Revolução do 25 de Abril de 1974. A docente do Instituto Politécnico de Macau analisa movimentos e autores que não se dissociam do seu tempo

 

Como surgiu a possibilidade de editar este livro, que traça um olhar transversal à sociedade portuguesa entre 1926 e 1974?

Trabalho com literatura portuguesa desde o meu doutoramento e tenho trabalhado bastante com a literatura produzida durante o fascismo, nomeadamente a literatura neo-realista. Tenho trabalhado também com a literatura do pós-25 de Abril das décadas de 70 e 80. Tenho feito também trabalho com a arte muralista, com a literatura feita por autoras mulheres, e este livro partiu da ideia de juntar tudo isto e fazer uma obra que se dedicasse ao período do fascismo e do 25 de Abril de um ponto de vista da sociologia da literatura.

Temos então um olhar transversal sobre tudo o que se fez na área da cultura neste período de tempo.

Não considero que a literatura se deva desligar dos movimentos da sociedade e de outras manifestações artísticas. Temos de ter uma visão de conjunto para compreender a literatura, arte e aspectos socio-políticos. É nesse sentido que construo este livro: compreender a literatura não apenas fechada no seu próprio universo mas algo que comunica com todos os outros aspectos da sociedade, com a canção, a arte e o cinema.

Entre 1926 e 1974 acontece muita coisa na sociedade portuguesa. Olhando para as representações artísticas de 1926, consegue fazer uma comparação face a períodos posteriores relativamente ao papel que tiveram?

A questão será mais a inversa, pois a partir do golpe militar de 1926 instala-se uma nova situação socio-política em Portugal. Portanto, todas as manifestações artísticas das décadas de 20 e de 30 não se podem desligar desse contexto, e não é por acaso que o neo-realismo vai depois surgir na década de 40. Não considero que possamos ler as manifestações artísticas sem ter uma compreensão prévia do contexto socio-histórico. Temos de fazer uma leitura dialéctica.

Foram-se construindo passos para, em 1974, dar lugar a outras manifestações, como a música de intervenção no período do 25 de Abril. Em 1926 não haveria outro tipo de expressões ao nível da música, haveria outras.

Sim. Ainda que a música de intervenção surja de uma certa linha contestatária que já vinha de antes do 25 de Abril. Mas mais uma vez não a podemos compreender sem compreender também o contexto socio-histórico. Em relação à literatura, como diz Eduardo Lourenço, nos anos que imediatamente se seguiram ao 25 de Abril, de facto não há uma grande produção literária. Esta só surge no final da década de 70. Mas durante esse período em que não há uma grande produção literária temos, por exemplo, a arte que se manifesta de uma outra forma, que sai das galerias e que vai para as ruas, tal como a música. E a música de intervenção vem um pouco no sentido da arte, porque deixa de estar escondida. A música torna-se na palavra do povo português, ela é apropriada pelo povo. De uma certa forma é uma manifestação artística, em que há um autor, quem a cante, mas há também um movimento colectivo em volta disto, inclusivamente com a arte muralista. Esta interligação entre o colectivo e o individual também é bastante interessante como fenómeno socio-estético depois do 25 de Abril. Naturalmente que a literatura, depois de um período de censura, com o 25 de Abril e a ideia de construção de uma sociedade diferente, seguiu depois os seus caminhos próprios, ainda que nas décadas de 70 e 80 esteja extremamente ligada ao passado recente português.

A arte muralista foi algo muito específico, de um certo período de tempo. Depois da Revolução deixou de se pintar murais, pelo menos com a mesma força.

Há aqui uma questão do facto de a arte ser apenas acessível a uma elite. E antes do 25 de Abril para se ver arte era necessário ir a uma galeria e a um museu. O 25 de Abril veio trazer a possibilidade de todos terem acesso à arte. Esse processo foi muito importante no Brasil, mas ao contrário. Durante a Ditadura Militar traz-se a arte para a rua como forma de consciencialização através de outras expressões artísticas, como a impressão em notas de um real da questão “Quem matou Herzog” [referência ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975]. Em Portugal é assim também, com ligação a um terceiro elemento, bastante peculiar, que é o facto de podermos participar nessa construção da obra de arte. Muitos dos murais foram pintados pelas pessoas que eram orientadas por alguém. Todos podiam participar na construção de uma obra de arte. Havia uma espécie de reciprocidade e isso tem a ver com o contexto revolucionário.

Dedica também um capítulo às antigas colónias neste livro. Macau, ainda que não fosse uma colónia, olhava com algum distanciamento sobre estas manifestações que iam acontecendo na então metrópole?

Não me debruço sobre Macau e não faço essa ligação. O contexto das colónias interessa aqui para compreender a Guerra Colonial, a razão da formação do MFA [Movimento das Forças Armadas], a ligação que tem depois com todo o processo de guerra. Interessa-me como um contexto sócio-histórico e não tanto como produção. Não falo da produção literária que é feita a partir da situação colonial, o que me interessa é, na literatura produzida depois do 25 de Abril, a forma como a situação colonial e a guerra é tratada pelos autores.

E como foi tratada?

Depende. O que acontece é que a guerra colonial passa a ser parte da matéria literária. Depois do 25 de Abril foram anos extremamente traumáticos e passou a haver uma literatura que, reflectindo sobre o passado recente português e a censura, tinha também de reflectir sobre este processo. Este período, de tão traumático que foi, era difícil que não entrasse na matéria literária. Temos o António Lobo Antunes, o escritor onde talvez a guerra colonial esteja mais presente na sua literatura. Dificilmente poderíamos compreender a literatura do Lobo Antunes sem compreender o que foi a guerra colonial, ainda que a vivesse como médico. Mas a guerra colonial surge também em obras de autores como Manuel Alegre, Olga Gonçalves ou Mário de Carvalho.

Depois do 25 de Abril surgem autores como José Saramago, Prémio Nobel, Fernando Namora, José Cardoso Pires. Como caracteriza esta literatura portuguesa do pós-25 de Abril, já com algum distanciamento?

Mesmo que a matéria revolucionária e os acontecimentos históricos pareçam estar ausentes, é sempre uma literatura que não pode ser entendida sem que se faça uma compreensão do 25 de Abril. É esta a ideia que defendo neste livro. Estas obras só surgem porque houve o 25 de Abril, e é como se a matéria socio-histórica estivesse sempre presente. Há uma geração de autores que fazem a reflexão a partir daquilo que escrevem é feita a partir de um contexto revolucionário ou pós-revolucionário.

Esta obra dedica-se ao público no geral, mas os alunos que a folhearem vão ter, no fundo, acesso a uma compilação de dados sobre o Portugal contemporâneo.

Sim. Não há nenhuma obra deste tipo em Macau e, para mais, com esta perspectiva sociológica da literatura. Havendo uma ausência de produção do ponto de vista teórico, mas também nesta tentativa de conjugação da matéria literária com o contexto social e histórico, e para mais com este contexto que é tão importante, como é o da Revolução de Abril, e todo o período do fascismo português, achei que seria necessário ocupar este espaço. Além disso, aqui no IPM há várias disciplinas ligadas à literatura portuguesa onde penso que este livro se pode inserir. Há também uma falta de perspectiva, quer historiográfica quer social e estética que permita reunir e compreender o passado recente português, interligando todos os movimentos da vida e da história.

Museu do Grande Prémio | Cerca de 12 mil visitantes no período experimental

O Museu do Grande Prémio abriu ontem oficialmente. Apesar de ter capacidade para receber 2.200 visitantes por dia, devido às medidas de prevenção da pandemia vão ser disponibilizadas 1.100 entradas, com um máximo de 284 pessoas por cada período. O Chefe do Executivo presidiu à cerimónia de inauguração.

“Em Março deste ano foram concluídas as obras e deu-se início ao seu funcionamento experimental. No início do funcionamento, os turistas ocupavam cerca de 10 por cento do total de visitantes e têm vindo a aumentar até aos actuais 30 por cento. Até ao final de Maio registaram-se 12 mil visitas, tendo-se ouvido também opiniões de diferentes organizações e residentes para ajustamento e aperfeiçoamento de serviços”, disse a directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, ao discursar na cerimónia de inauguração.

A DST avançou que os inquéritos recolhidos pelo museu mostram que as peças expostas e serviço de visitas guiadas são os elementos que geram maior satisfação entre os visitantes, enquanto o “desafio g-force”, “sentir uma corrida virtual de moto” e “boxes” são os jogos interactivos mais populares. Além disso, prevê-se que no futuro o museu organize workshops para famílias em cooperação com diferentes organizações. O museu está aberto entre as 10h e as 18h, encerrando à terça-feira.

Turismo | Situação em Guangdong teve efeito “imediato”, diz Chefe do Executivo

O número de visitantes diários baixou nos últimos dias, mostrando o impacto do contexto epidémico em Guangdong no turismo local. Mas o Chefe do Executivo considera que a situação da província será “rapidamente” controlada

 

O impacto da situação epidémica em Guangdong é visível nos números do turismo. De acordo com Helena de Senna Fernandes, a média de visitantes em Maio situou-se entre os 25 e 30 mil. No entanto, nos últimos dias os números ficaram aquém dessa estimativa. “Há dois dias a entrada dos visitantes era só por volta dos 16 mil, e ontem (anteontem) foram 20 mil e poucos. (…) Estamos a observar que está a ter um resultado imediato, que afectou o número das entradas em termos dos visitantes”, explicou ontem a directora dos Serviços de Turismo (DST). Helena de Senna Fernandes falou à margem da inauguração do Museu do Grande Prémio de Macau.

A responsável considera que é necessária “muita cautela” e que o efeito “vai depender muito do que acontecer nas próximas duas semanas”. Se a situação acalmar, espera-se que não afecte muito o Verão, mas caso contrário prevê-se que tenha algum efeito.

No mesmo evento, Ho Iat Seng indicou que há muitos voos que foram suspensos no aeroporto de Cantão e que isso tem um “certo impacto” na recuperação do número de visitantes. Mas observou que visitantes que não são de Guangdong podem vir directamente a Macau, por exemplo, através de Xangai. O Chefe do Executivo mostrou confiança em Guangdong, indicando que as autoridades estão a “tomar as medidas devidas para investigar e fazer as análises para ver quais são as pessoas com sintomas”. “Acho que muito rapidamente vão conseguir controlar a situação”, afirmou.

Mãos ao trabalho

Antes da pandemia, os turistas vindos de Guangdong representavam por volta de 43 a 46 por cento do total, tendo depois aumentado para cerca de 56 por cento. Helena de Senna Fernandes recordou que esta foi a primeira província da qual as pessoas puderam reentrar em Macau sem quarentena.

“Daqui para a frente, embora Guangdong continue a ser muito importante, também temos de fazer mais trabalho junto das províncias ou cidades que têm uma ligação directa de avião com Macau”, afirmou. A directora da DST disse que apesar dos “grandes números” de visitantes vindos de Guangdong, a média da sua permanência é “muito mais baixa” comparativamente às outras províncias.

No geral, a responsável indicou que no quarto trimestre do ano passado a média das despesas por visitante aumentou cerca de 20 por cento. E no primeiro trimestre deste ano “aumentou o dobro do anterior”. Os dados mostram que mais de metade das despesas são na área do retalho, seguindo-se a comida e o alojamento.

Apelo à vacinação

Ho Iat Seng reiterou ontem o apelo à população para se vacinar, alertando que “a transmissão é muito fácil”, e garantindo que existem doses suficientes. “A nível mundial estão todos a lutar para tentar conseguir vacinas. Nós temos vacinas suficientes, estejam descansados”, comentou. O Chefe do Executivo disse também que o Governo não tem incentivos, frisando que a vacinação é voluntária.

Contos da normalidade normal

Camponesa, Lisboa, terça, 11 Maio

 

O tempo tanto arredonda os dias como os arremessa, finge-se planície e nisto ergue vincos, quinas de arranhar epidermes. Em Setembro próximo terão passado uns redondos 80 anos desde que Jean Moulin, futuro herói da Resistência francesa ao nazismo e ao quietismo, calcorreou por estas ruas do Chiado a caminho de Londres para mudar de pele. Era um jovem prefeito acabado de despedir pelo regime infame de Vichy que há uns meses descobria que sua ideia de bem comum implicava o risco da desobediência. Quando em noite de lua apropriada caiu de pára-quedas perto do lugar onde havia nascido era já Rex e tinha missão: atar os fios soltos que erguiam um exército de sombras. O João [Soares] resolveu agregar energicamente um grupo de amigos para evocar aquela figura e percurso, arrastando-nos em frenesi de contactos e leituras e investigações e possibilidades. Seria difícil encontrar melhor corda a que me agarrar para, em esforço, sair das areias movediças em que me encontro, umas vezes até cintura, outras pelo pescoço. O interesse não se encontra tanto nos detalhes narrativos da curta vida de um reservado amante da boa vida, que trocou as artes, que chegou a praticar, por carreira de funcionário público ao serviço de certa ideia de República, herdada do seu pai. A sua biografia cedo se torna portal para regressos à noite escura europeia, e, no caso, de uma França dividida e ocupada, colaboracionista ou posta em espera, escrava de medos e misérias, em absoluto desfocada de si, despida do mítico amor-próprio, entrevado por retóricas suicidárias. Décadas depois de morte envolta em dúvida (traição ou eficácia da máquina do terror?), o país quis-se espelhar-se nele e virou o homem do avesso para extrair herói, em construção exemplar e simbólica que colocou incertas cinzas no Panteão, esse altar sagrado do republicanismo laico órfão de rituais. André Malraux oficiou o momento, coreografado como poucos, em discurso inflamado. «Eis a marcha fúnebre das suas cinzas. Ao lado das de Carnot com os soldados do ano II, das de Victor Hugo com os Miseráveis, das de Jaurès veladas pela Justiça, que venham repousar com o seu longo cortejo de sombras desfiguradas. Hoje, juventude, pudesses tu pensar neste homem de modo a tocar com as tuas mãos a sua pobre face naquele seu último dia, tocando os lábios que não falaram, naquele dia ele era o rosto da França…» O relato da vida normal ficou para sempre tintado pelo esforço de construção do herói, com a velha ilusão de que cada percurso contém um sentido, o que o destino se encontra escrito em cada entrelinha, em cada gesto. A moralidade deste conto de acordar consciências está, contudo, na ética explosiva do indivíduo comum se erguer ao ponto de dizer não! Jean Moulin foi um de nós, apenas capaz de subir à norma para ver além do nevoeiro das circunstâncias. Ora essa louca capacidade não nasce por geração espontânea, aprende-se.

Cerveteca, Lisboa, quarta, 12 Maio

A agenda está feita toalha sobre a mesa entre garrafas. Ninguém diria que aqui se trabalha, mas assim acontece. O Marko [Rosalline] apresentou um pormenor, fulgurante digo-vos já, que dá unidade ao delírio das cervejas literárias, colocando a pressão no [Nuno] Saraiva que tarda, como habitualmente, em dar imagens às palavras dos contistas. Era ainda ocasião de provar o néctar-de-matar-sedes do João [Brazão], que reúne profundidade e leveza de modo que faz acreditar. Em quê? Na possibilidade, quem sabe do ser. Do sabor do saber. Uma bebida tem tanto de álcool como de esforço e partilha, de criação. Esse o assunto sério deste «Cadáver Esquisito», longamente bebido, desculpem, debatido. Cada sabor que se esconde nesta cerveja tem correspondência na embalagem, no logotipo, em cada conto, no que se vai desenvolvendo. O pensamento anda por aqui armado em canivete suíço, obrigando a revelar razões por detrás de cada gesto, de cada afazer. Saio daqui entusiasmado. E tocado.

Horta Seca, Lisboa, quinta, 13 Maio

Da primeira vez que li, há umas valentes décadas, este «Fadários», então com outro título, achei-o disperso, algo perdido no que trazia por contar, grávido de todos os «roman noir» e «crime novel» e neo-realistas de pendor surreal lidos à lupa pelo mano José Xavier [Ezequiel]. E soltando como perfume aquele negrume habitual, o melhor amigo do homem lúcido de tão perdido. Ou vice-versa? Agora celebro-lhe esse espalhamento, o sopro com que molda personagens em debandada de si próprios. Se a vida é beco sem saída por que raio nos consumimos em busca de sentidos, proibidos, obrigatórios, para lá dos cinco, antes do significado, além do fado? Ontem como hoje noto nele um levantamento das linguagens, as da língua e do corpo inteiro, que nem halteres ou navalhas, à maneira de Nuno Bragança ou, está claro, de Dinis Machado. E com fulgor que encandeia. Ora o palco só podia ser o Bairro Alto e algumas aortas das bordas, sendo como era o coração profundo de Lisboa. E não havia outra cidade. Nem outras passagens além dos bares. De súbito, sinto o tempo a pesar enquanto converso com a Elisabete [Gomes] por causa das capas, que nesta colecção oscilam entre paisagem e rosto, ainda que em um caso ou outro, a cara se faça lugar. O Bairro foi para mim sinónimo de noite e de conquista, de autonomia e aventura, não este dado adquirido do entretenimento óbvio e da turistagem feroz. Não havia multidões na rua, antes indivíduos espalhados ao comprido no consolo acre da serradura vomitada das tascas e dos bares. A capa deste romance mais negro que a noite escura poderia bem evocar as portas, os riscos de luz, mas não as multidões. Algures na página está hipótese entretanto trocada por outra mais forte (não liguem às gralhas que era esquisso), que faz do balcão o lugar-comum, mas agrada-me por demais o expressionismo destas cabeças perdidas.

Perdidos na transcodificação

Na passada quinta-feira foi divulgada uma situação que certamente criou bastante transtorno a quem estava a viajar entre a China continental e Macau. Por volta do meio-dia, o sistema informático deixou de conseguir transcodificar os códigos dos cartões de saúde (códigos QR) entre as duas zonas, o que perturbou seriamente a passagem nas fronteiras.

Embora o sistema tenha voltado ao normal por volta das 12.30h, voltou a falhar às 17.00h desse mesmo dia. Nesta altura, o sistema deu um alerta de avaria. Cerca das 19.40h o problema estava resolvido e o movimento entre fronteiras foi retomado.

Não é a primeira vez que ocorre uma falha na leitura do código e não é a primeira vez que causa transtornos.
Desta vez, julgando pela organização, é óbvio que o Governo já há muito tempo que vinha a fazer preparativos para esta eventualidade. Quando o sistema informático falhou, verificou-se que o pessoal envolvido conhecia perfeitamente o plano de emergência, o que fazer e como deixar as pessoas passar. A polícia implementou medidas de controlo de multidões, pedindo às pessoas em trânsito que usassem plataformas de informação em tempo real para verificarem quais os pontos de passagem mais movimentados, de forma a evitá-los, para que a travessia na alfândega se fizesse com a maior facilidade possível. Estas medidas demonstraram que os funcionários governamentais estavam bem coordenados e que os viajantes foram também bastante cooperantes. No final, toda a operação decorreu sem problemas.

Embora actualmente o novo coronavírus ainda esteja a ameaçar a saúde dos seres humanos, não afectou os intercâmbios frequentes entre Zhuhai e Macau. A avaliar pelos problemas que têm acontecido por falhas na leitura do código, percebemos que esta questão pode criar uma quebra na comunicação entre as duas cidades, afectando a vidas das pessoas que transitam entre ambas. Este problema tem de ser abordado com seriedade.

Qual terá sido a causa da falha no sistema informático? Se foi um ataque de hackers, implica que houve crime informático, e a polícia naturalmente dará início a uma investigação.

Se a falha se ficou a dever a problemas com o software ou com o hardware, resta-nos pedir aos dois Governos que aperfeiçoem a manutenção e a monitorização do sistema informático. Por exemplo, haverá necessidade de adicionar novos servidores para aliviar a carga dos que já existem? Esta medida não só aumentaria a eficiência, como também reduziria a probabilidade de ocorrência de situações que causem transtornam a quem se desloca entre as duas cidades.

Além disso, as operações processadas pelos sistemas informáticos implicam transmissão de dados. Desta forma, poderá ser necessário uma maior monitorização das redes para evitar que haja uma sobrecarga provocada pela transmissão simultânea de excesso de dados, que possa dar origem a um problema na leitura do código.

É evidente que os peritos conseguem resolver problemas informáticos, mas para que seja possível atravessar fronteiras sem dificuldade, quando ocorre um erro na transcodificação, cada pessoa tem de ser responsável. Uma das formas de ultrapassar o problema seria unificar os códigos QR de Zhuhai e Macau. Mas embora esta solução fosse simplificar a passagem entre as duas cidades, iria levantar questões de privacidade.

Actualmente, é impossível saber quantas pessoas entram e saem em cada posto fronteiriço, quer estejam a usar o código QR de Macau ou de Zhuhai. Em circunstâncias normais, quanto mais pessoas passarem em determinadas alfândegas, mais pesado será o sistema informático desses locais. Se fosse possível adicionar uma ligação entre os códigos QR de Zhuhai e de Macau, os passageiros poderiam verificar em tempo real a afluência de cada ponto fronteiriço durante a transcodificação. Isto não só reduziria o congestionamento nas fronteiras, como também reduziria a sobrecarga do sistema informático. É por isto que o Departamento de Imigração necessita com urgência que os passageiros passem a usar plataformas de informação em tempo real de forma a procurarem os pontos fronteiriços menos movimentados. Desde que estas plataformas tenham uma ligação aos códigos QR, as pessoas podem obter informação relevante em tempo real e, mesmo quando a transcodificação não é viável, as alfândegas podem continuar a funcionar normalmente.

É evidente que a forma mais simples e mais directa, será proceder à transcodificação antes de chegar à alfândega para evitar os congestionamentos.

Os sistemas informáticos dependem de máquinas e as máquinas podem avariar-se. Não é possível esperar que funcionem sempre a 100 por cento. A chave está em estabelecer um bom plano de emergência. Desde que este plano esteja bem concebido, pode colmatar-se as falhas informáticas. Mesmo nessas circunstâncias, haverá forma de resolver os problemas e os inconvenientes serão minimizados.


Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau
Blog:http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

Detidas 59 pessoas por envolvimento em rede de prostituição

A Polícia Judiciária (PJ) deteve ontem de manhã, no bairro do Iao Hon, um total de 59 pessoas por suspeitas de envolvimento numa rede de prostituição. Entre os detidos estão 25 homens e 34 mulheres, dos quais, quatro são residentes de Macau, 45 têm nacionalidade vietnamita, nove são oriundos Interior da China e um é residente de Hong Kong.

De acordo com uma nota enviada pela PJ, o caso começou a ser investigado em Janeiro deste ano, no seguimento de denúncias feitas pelos moradores do bairro localizado na zona norte da cidade, a reportar que, sobretudo junto a algumas habitações mais antigas, passou a ser notória a presença de várias mulheres que assediavam, habitualmente, os transeuntes.

Com todos os indícios recolhidos, a PJ decidiu montar uma operação pelas 7h00 de ontem num desses edifícios antigos, acabando por deter as 59 pessoas no interior de 28 unidades habitacionais.

No decorrer da investigação, a PJ conseguiu descortinar tratar-se de uma rede criminosa de “considerável dimensão” e que os membros da organização tinham uma “clara divisão de tarefas”. Além disso, entre os detidos havia 22 pessoas com visto de trabalhador não residente (blue card). Após as detenções, quatro pessoas acabaram por confessar que estavam a trabalhar como prostitutas.

Com estrutura

Quanto ao modus operandi da rede, a PJ relatou que os cabecilhas do grupo alugavam as fracções em edifícios antigos para as entregar às mulheres, juntamente com alguns materiais e a promessa de protecção, em troca do pagamento diário de um valor situado entre as 300 e as 500 patacas. Enquanto as fracções eram alegadamente utilizadas para prostituição, outros membros do grupo ficavam nas ruas circundantes de vigia. Ainda de acordo com as autoridades, por cada serviço as mulheres recebiam entre 150 e 200 patacas.

À luz da lei, quem como “modo de vida ou com intenção lucrativa, fomentar, favorecer ou facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição ou a prática de actos sexuais de relevo, explorando a sua situação de abandono ou de necessidade” pode ser punido com pena de prisão de 1 a 5 anos.

Crónica hospitalar

O olhar em contra-picado, um travelling veloz sobre tectos abobadados, o frio que me envolve, um misto de insegurança e alívio. Plano lateral, os azulejos, que extraordinários azulejos, serão século XVII ou XVIII, uma voz que me interrompe

– Está tudo bem, Nuno? Estamos quase a chegar, diz-me um simpático rapaz de bata verde, o responsável por empurrar o charriot que permite este travelling e sobre o qual estou deitado e o mistério permanece enquanto os corredores se vão desfazendo, os azulejos, aqueles azulejos de que século são, isso é que importa saber, ninguém me responde.

Depositam-me num sarcófago electrónico, mais sorrisos e gentileza cuidadosa, “feche os olhos”, com certeza que fecho os olhos mas acordem-me, foi por ter fechado os olhos de repente que vim aqui parar, não me levem a mal.

Não chego a ver os misteriosos raios que invadem o meu cérebro, só espero que não estejam programados para desvendar algumas coisas que lá tenho alojadas, não seria bom para ninguém e lá se ia a minha parca credibilidade.

Pouco tempo depois o travelling em sentido inverso e para sempre o mistério dos azulejos ficará por desvendar. Estacionam-me enfim numa sala ao lado de outros como eu, camas perfiladas numa simetria que me pareceu inusitada, azáfama silenciosa e diligente de mais batas verdes. Mesmo ao meu lado está um idoso africano, talvez angolano pelo sotaque. Fala muito com as enfermeiras e médicas, sempre rematando da mesma forma

– Vamos todos morrer!, “Vamos sim, senhor Pedro”, diz uma das enfermeiras com o sorriso cansado mas gentil de quem reconhece um freguês habitual. O senhor Pedro continua a insistir no seu discurso apocalíptico e eu penso que me puseram ao lado de uma espécie de alma gémea, talvez tenha a ver com o que o sarcófago electrónico descobriu nas circunvalações do meu cérebro. Vamos todos morrer mas agora não, tenho coisas combinadas. E mesmo sabendo que dificilmente o meu fim está próximo olho para o lado e vejo os meus companheiros de enfermaria num sofrimento manso, expectante e não consigo pensar que ali cada drama é único, ali é o meu drama, um egoísmo inesperado mas real, reduzido que estou a um monte de carne e ossos, despido de todas as minhas afectações, qualidades e defeitos que nada me servem. E talvez por ter sido apanhado em flagrante com estes pensamentos uma enfermeira pede-me que me dispa para vestir o pijama do hospital. A minha resposta veio num tom de indignação circense “senhora enfermeira, um casaco às bolinhas e calças aos quadrados? Recuso, tenha paciência, apesar de tudo tenho uma reputação a manter” e recebo um piropo amável para me acalmar “sim, percebi que o senhor Nuno gosta de estar elegante”, o que sendo simpático é difícil de acreditar para quem naquele momento está com a cabeça ligada. Nessa altura o magnífico senhor Pedro diz a frase do dia

– Vocês aqui só falam de doenças! e eu não contenho a gargalhada, gosto deste humor do náufrago do Titanic que agarrado à bóia tem tempo para indagar o que teria acontecido ao icebergue. O meu companheiro repara enfim em mim, sorri comigo e reconhece um cúmplice para depois voltar ao seu mantra preferido, “Vamos todos morrer”.

Mas desta vez, desta vez olha para mim e mais baixo diz-me “Vamos todos morrer mas eu estou feliz”.
E pela primeira vez a minha exagerada consciência da mortalidade levou-me a desejar a vida, a infelicidade que seja, a dizer obrigado e a já ter saudades e inveja do senhor Pedro.

InspirARTE | Nova edição arranca em Julho no CCM com vários espectáculos

O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a partir de Julho, uma nova edição do ciclo de actividades InspirARTE, dedicadas a toda a família. Entre os dias 1 e 4 de Julho decorre o espectáculo “Bebés à Solta”, descrito como “multisensorial” e “concebido para meninos de colo acompanhados pelos seus crescidos”. Trata-se de uma “fusão de dança contemporânea, som e artes visuais”, onde a “performance emerge o pequenino público numa pulsante atmosfera artística”.

“Bebés à Solta” é produzido e encenado pela Companhia Infantil D’Arte de Xangai e incentiva “os bebés a interagir com dois bailarinos”, o que “provoca os sentidos e estimula a percepção”. A encenação deste espectáculo faz-se “ao som de uma música original” e desvenda “uma calmante sequência de dança e texturas em movimento”. Trata-se de uma iniciativa que se centra “na inter-relação sensorial entre o corpo, a mente e o meio ambiente que rodeia as crianças”.

Entre os dias 5 e 8 de Agosto acontece o espectáculo “A Lagartinha Muito Comilona”, um original criado por Jonathan Rockefeller e produzido por uma companhia de Xangai. Esta é uma “experiência para os pequenos estreantes no teatro que também vai levar alguns pais a recordar a infância”, inspirando-se “num dos livros infantis mais lidos de sempre”, as “histórias incríveis de Eric Carle.

Também em Agosto, mas entre os dias 26 e 29, acontece o evento “Cinema InspirARTE em Festa”, que tem como objectivo “juntar os miúdos aos pais para partilharem a experiência da sétima arte”. A 29 de Agosto tem lugar “InspirARTE à Solta”, que não é mais do que uma “corrente de eventos criativos e jogos”.

Os bilhetes para estas iniciativas estão à venda a partir de domingo nas bilheteiras do CCM e aos balcões da Rede Bilheteira de Macau. Os bilhetes para o Cinema inspirARTE estarão disponíveis em Julho.

Fotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro lança novo livro sobre lago Tonle Sap no Cambodja 

O fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro acaba de lançar um novo livro de fotografia. Com o nome “Tonle Sap”, a obra retrata as vivências no lago com o mesmo nome, localizado no Cambodja, e que tem uma extensão de 2.590 quilómetros quadrados. Na estação das chuvas, o lago pode atingir os 24.605 quilómetros quadrados, tornando-se, desta forma, na maior extensão de água doce da região do sudeste asiático.

Gonçalo Lobo Pinheiro fotografou este local em 2015, sendo que algumas das imagens integraram a exposição colectiva “Photography Now”, que aconteceu em 2018 na Brick Lane Gallery em Londres, Inglaterra. Algumas fotografias foram também pré-seleccionadas para o Festival de Fotografia Paraty em Foco, também em 2018, e receberam menções honrosas em concursos internacionais de fotografia.

O lago, que na língua khmer significa água fresca, localiza-se na planície central do país. As províncias que o rodeiam são, ao norte, Siem Reap e Kompung Thom, e ao sul Battambang, Pursat e Kompung Chinang. Desde 1997 que o lago é Reserva da Biosfera da UNESCO, fazendo parte de um grande ecossistema hídrico, o maior do sudeste asiático.

O Tonle Sap é vital para a economia regional pela sua riqueza em pesca e a fertilidade das suas terras para o cultivo do arroz. Está intimamente associado ao complexo arqueológico e religioso de Angkor Wat, no qual se estende na sua área noroeste, próximo da cidade de Siem Reap, a segunda maior cidade do Camboja. A obra, com 28 páginas e fotografias a preto e branco, é editada pela Artisan Raw Books, editora brasileira.

Chefe do Executivo não comenta proibição da vigília do 4 de Junho

O Chefe do Executivo não se quis pronunciar sobre a proibição da vigília do 4 de Junho, dado que o caso se encontra em processo judicial. “Não me convém pronunciar-me sobre o assunto”, respondeu ainda quando questionado sobre o seu entendimento relativamente ao que aconteceu em Tiananmen.

A União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e a Associação Geral das Mulheres de Macau concordam com a decisão do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) de rejeitar a realização da vigília em memória do massacre de Tiananmen no próximo dia 4 de Junho.

Segundo o jornal Ou Mun, o vice-presidente da FAOM, Fong Ka Kai apontou que está a ser evitado um cenário que poderia “provocar danos graves ao país”, tal como aconteceu relativamente às mudanças de regime verificadas anteriormente na União Soviética e noutros países do leste europeu, planeadas pelos países ocidentais e pelos Estados Unidos.

Já a vice-presidente da UGAMM, Chao I Sam, argumenta que o CPSP se baseou no código penal para “defender a segurança nacional de Macau”, a vida da população e a imagem do estado de direito. O responsável indicou ainda que, em Macau, não deve ser repetida propaganda contra o Governo Central, tal como aconteceu em anos anteriores através da exibição de cartazes como “Acabar com a ditadura do partido único”.

Por fim, Ao Ieong Ut Seng, vice-presidente da Associação Geral das Mulheres indicou que, ao longo dos anos, os promotores do evento têm “mostrado pouca consciência relativamente à defesa do país e de Macau”, difamando o princípio “Um País, Dois Sistemas” e dando um mau exemplo à população.

Assumir riscos

Au Kam San disse ao HM que a União para o Desenvolvimento da Democracia (UDD) chegou a um veredicto sobre a organização da vigília num espaço interior. Caso o Tribunal de Última Instância concorde com a decisão da polícia, a UDD vai fazer a vigília dentro de portas, mas esta será transmitida em directo e não será dado acesso ao público no espaço. “Nós comportamos o risco por só nós participarmos”, disse.

No entanto, o deputado reiterou que não considera que incorram em violação do código penal. “Por exemplo, a polícia justificou que slogans como ‘acabar a ditadura de partido único’ é incitar à subversão do poder do estado. De facto, há vários anos que já não gritamos nem usamos este slogan. Ao longo dos anos, usámos ‘Reabilitação do movimento democrático de 1989’ e ‘Desenvolver a China democrática’ como temas, por isso não existe violação do código penal”, explicou.

Joking Case com nova música e desejo de pisar mais palcos 

Chamam-se Joking Case e apresentam-se como uma banda de música alternativa que, no fundo, quer experimentar todos os géneros, desde o pop ao funk. Depois de um recente concerto no espaço Live Music Association, Vickie Cheong, vocalista e compositora, assume que a banda quer pisar novos palcos assim que a pandemia o permitir e fala de “Dualism”, o novo single

 

Tudo começou em 2017 com a participação numa competição de bandas, na qual os Joking Case ficaram em primeiro lugar. Depois disso, a composição do grupo mudou, mas a vontade de fazer música não diminuiu. Prova disso, é o lançamento recente de “Dualism”, o novo single da banda disponível nas plataformas digitais, cujo videoclip foi feito em parceria com Kawai Ho, estudante do Instituto Politécnico de Macau.

Trata-se de uma música “mais ligada à sonoridade funk”, baseada na história de uma pessoa “com várias mentalidades numa só” contou ao HM Vickie Cheong, vocalista e compositora da banda. “Vamos aproximar-nos do formato de pequeno álbum. Esta estudante interessou-se pela nossa música e daí nasceu uma colaboração.

Queremos tocar em diferentes locais e ir a outros países, para que outras pessoas conheçam a nossa música. Mas primeiro queremos lançar mais canções, para podermos ter mais espectáculos”, contou.

Além de Vickie Cheong, fazem parte dos Joking Case Ronald, baterista, Brian, guitarrista e Ethan, baixista. “Sou vocalista e escrevo muitas letras para as composições feitas pelo guitarrista [Brian]. Consideramo-nos como um grupo de música alternativa, porque a música que fazemos actualmente tem diferentes estilos e sonoridades.”

Vickie Cheong confessa que consegue transmitir melhor as suas ideias em inglês do que em chinês. “Esta é a primeira banda na qual participo e passamos bons momentos a compor novas canções. Todos nós temos pensamentos semelhantes na hora de compor, sobre os temas, trabalhamos muito bem nesse aspecto. Diria que escrevo mais em inglês porque é mais fácil expressar o sentido daquilo que quero que seja escrito. Em chinês seria mais desafiante para mim.”

No início, os Joking Case ouviam muitas bandas de Taiwan, e parte da inspiração para as letras veio daí. “Queríamos ter um estilo mais descontraído. Algumas partes estavam mais ligadas à música soul, enquanto que outras tinham uma sonoridade mais forte. A ideia era expressar o significado das nossas canções. As coisas que estávamos a escrever baseavam-se nos nossos próprios pensamentos. Muitas vezes escrevemos sobre histórias de amor, ligações entre rapazes e raparigas, coisas desse género.”

A vocalista frisa que os Joking Case buscam a competição, e isso passa por mostrar as suas músicas “em diferentes plataformas e a pessoas de diferentes países”. “Este foi um bom começo e não queremos parar. Mesmo que alguns membros tenham saído mas ainda queremos fazer mais experiências e criar canções diferentes”, acrescentou.

A experimentação é um dos objectivos dos Joking Case. “Queremos experimentar todos os géneros musicais de que gostamos. Na maior parte das vezes gostamos de compor em inglês, ouvimos diferentes géneros musicais e fazemos uma história para as nossas canções, e produzimo-las. É esse o nosso projecto.”

Problemas que são piada

O nome Joking Case nasce dos problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia que, no final de contas, se resolvem e se transformam nisso mesmo, em situações que acabam, muitas das vezes, por nos fazer rir.

“Escrevemos sobre a realidade e sobre situações que nem sempre são as melhores. Todos enfrentam dificuldades na vida, podemos passar por maus momentos às vezes. Queremos que o público saiba que há situações que, mesmo não sendo as melhores, podem durar apenas um período de tempo e depois fazem parte do passado, deixam de ser importantes. É apenas uma coisa engraçada na tua vida, foi um desafio. É um caso encerrado que pode ser considerado uma piada.”

Assumindo-se como uma “banda independente”, em que tudo o que fazem em termos musicais é pago do seu bolso, os Joking Case querem “tomar as melhores decisões” com base no orçamento de que dispõem. “Esta é a parte mais difícil”, conta Vickie Cheong. Ainda assim, fazer música em Macau é cada vez mais desafiante, defende.

“As bandas de Macau estão cada vez melhores, porque há mais bandas a fazer videoclips, por exemplo. Nos últimos quatro anos aprendemos mais sobre como produzir músicas e agora há mais espectáculos, em espaços como o LMA, e há mais público a aproximar-se destes projectos. O panorama em Macau está a melhorar, há mais bandas com mais géneros musicais, como hip-hop ou música electrónica.”

Nova lei pretende “optimizar” utilização de símbolos nacionais

Apesar de a situação ser “satisfatória” em Macau, o Executivo considera que a alteração à lei da utilização e protecção da bandeira e hino nacionais vai “optimizar” a utilização dos símbolos do país. Bandeiras só podem ser deitadas para o lixo se forem “embrulhadas” com muito respeito. Caso contrário devem ser incineradas

 

Durante uma reunião com a 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) que se encontra a analisar a proposta de alteração à lei da utilização e protecção da bandeira e hino nacionais, o Governo frisou que o diploma tem como objectivo principal melhorar a utilização dos símbolos nacionais em Macau e o cumprimento da lei. A ideia foi transmitida ontem pelo presidente da Comissão, Ho Ion Sang.

“O essencial passa por regular através da lei a forma de tratar a bandeira, emblemas e hino nacionais, ou seja, respeitá-las e protegê-las. Além desta proposta de lei, no futuro, vai ainda haver um diploma complementar e [outras] orientações. Actualmente temos uma lei em vigor e temos conhecimento que, ao nível do cumprimento da lei e da utilização da bandeira, emblemas e do hino nacionais, a situação é satisfatória em Macau. Com esta alteração o Governo vai optimizar este trabalho”, partilhou o deputado.

Na prática, acrescentou Ho Ion Sang, o Governo justificou a alteração ao diploma com a necessidade de definir orientações claras sobre a forma de “tratar as bandeiras usadas”, sobretudo por parte dos organizadores de grandes eventos.

“Vão ser definidas orientações para os grandes eventos e as entidades organizadoras também vão ter este dever de tratar adequadamente as bandeiras. Claro que também os participantes dos eventos podem levar as bandeiras para casa, mas não podem, por exemplo, destruir, estragar ou deitar fora, tal como está previsto na lei. Com as alterações que vamos introduzir creio que tudo vai ser melhor”, apontou.

Com pinças

Segundo transmitiu Ho Ion Sang, caso as bandeiras não estejam danificadas após a utilização e puderem ser usadas novamente, estas “devem ser guardadas”. Caso contrário, os organizadores devem embrulhar adequadamente as bandeiras e levá-las para uma central de inceneração, pois “não podem ser deitadas no lixo”. No entanto, o deputado esclareceu que se a bandeira “for embrulhada com muito respeito”, pode ser deitada no caixote.

Sobre a colocação ou utilização de bandeiras de forma invertida, deterioradas, sujas, descoloradas ou degradas, Ho Ian Sang frisou que a lei prevê penas para os infractores, por se tratar de “um acto de desrespeito”. Já quanto à colocação ou utilização de bandeiras ou símbolos nacionais de forma inclinada, o deputado sublinhou que “cada caso é concreto”.

“Se a bandeira for colocada dolosamente de forma inclinada para prejudicar a dignidade da bandeira, isso não é admissível. Segundo o Governo é necessário verificar, caso a caso, como é que a bandeira foi colocada. No futuro, vai também haver algo nas orientações e no diploma complementar para que a população possa saber claramente como é que deve tratar a bandeira”, rematou.

EPM | Pais questionam aumento de propinas na ordem dos 12 por cento

Os encarregados de educação da Escola Portuguesa de Macau foram ontem informados do aumento de propinas na ordem dos 12 por cento, mas a Associação de Pais contesta os números e pede explicações sobre a gestão do estabelecimento de ensino. A Fundação que gere a escola diz-se aberta ao diálogo, mas afirma que os aumentos são inevitáveis dada a redução dos subsídios

 

A Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) decidiu aumentar as propinas em 12 por cento, depois de em Fevereiro ter sido proposto um aumento de 15 por cento. Os pais foram ontem informados desta actualização.

“Este aumento tem um peso real no bolso dos pais que varia entre 34,05 e 46,19 por cento, dependendo do ciclo de ensino”, disse Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da Associação de Pais da EPM (APEP) ao HM. O Governo, através da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, financia parte destes valores, mas apenas para os portadores do BIR.

“Como o subsídio não aumenta com a mesma dimensão da propina, o grande aumento acaba por recair nos encarregados de educação. [Os pais sem BIR] já pagavam bastante mais e vão continuar a pagar mais”, frisou. Estão em causa aumentos, por exemplo, de mais 3.900 patacas anuais no primeiro ciclo, ou de 4.700 patacas por ano no ensino secundário.

Filipe Regêncio Figueiredo alerta para casos em que muitos encarregados de educação perderam o emprego ou viram os seus salários reduzidos devido à crise gerada pela pandemia.

A APEP não está contra o aumento, mas pede justificações sobre o orçamento e gestão da escola. “No ano lectivo de 2014/2015 a EPM teve um resultado líquido de exercício positivo de perto de 2 milhões de patacas. Passados quatro anos, em 2018/2019, teve um resultado líquido negativo superior a 3 milhões de patacas. Com o número de alunos a subir, que leva ao aumento de propinas, pode haver questões com a contratação de mais professores, mas tenho dúvidas”, adiantou o presidente da APEP.

Uma das explicações reside no corte do subsídio, em 1 milhão de patacas, por parte da Fundação Macau (FM), mas é um argumento que também não convence a APEP. “Este aumento [de propinas] é, em média, de 2,5 milhões de patacas, muito acima de 1 milhão cortado pela FM. Não basta dizer que a única forma de reduzir custos é despedir pessoal, porque não é verdade.”

Filipe Regêncio Figueiredo diz não compreender “a discrepância entre o valor médio de um salário de um docente e o valor médio de um salário de alguém da direcção, que é três vezes superior”. De frisar que, nos últimos anos houve aumentos residuais de propinas, à excepção do último ano lectivo.

FEPM “em dificuldades”

Contactado pelo HM, José Sales Marques, administrador e porta-voz da FEPM, garantiu que continuam abertos ao diálogo com os pais, mas que os tempos são outros. “Este ano tivemos de fazer uns acertos porque os custos da escola são, em muitos aspectos, fixos, como os salários, que tendem a aumentar e não a diminuir. A escola tem tido propinas que são relativamente inferiores a outras escolas privadas. Isso só tem sido possível por causa dos subsídios”, frisou.

Sales Marques confirmou o corte de subsídios por parte da FM e o facto de “a FEPM ter vindo a cobrir os défices anuais [da EPM] com recurso ao seu fundo de reserva”. O responsável destaca o facto de a situação financeira da EPM se dever “a um problema estrutural”, pois começou com “uma base de propinas muito baixa”. Sales Marques admitiu que o donativo de 65 milhões de patacas feito pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) tem vindo a ser gasto nos últimos anos.

“O fundo inicial da FEPM foi de cerca de 25 milhões de patacas e já passamos por muitas dificuldades financeiras que nunca foram reflectidas. Houve anos em que a Fundação Oriente deixou de contribuir, depois houve uma certa reposição de valores, mas sem esses fundos que foram doados, como da SJM, se calhar teríamos de pedir algum ‘socorro’. Mas isso nunca se reflectiu no dia-a-dia da escola. Os salários foram sempre pagos a horas.”

Sales Marques explica que há o risco de não se voltar aos antigos valores subsidiados. “Não sei se irá, provavelmente não, haver uma recuperação do ponto de vista dos subsídios que são dados pela FM”, disse, destacando que esta actualização das propinas é necessária “para que no futuro não tenhamos de fazer aumentos ainda maiores”.

Sales Marques acrescentou que o maior número de alunos não explica tudo. “O aumento do número de alunos não se reflecte imediatamente no rácio entre o custo por aluno e as receitas que a escola pode gerar. Terá de ser sempre compensado com um aumento de propinas. Nos anos anteriores houve inflação e fomos sempre muito prudentes, não quisemos sobrecarregar as famílias”, rematou.

Inundações: Ho Iat Seng reconhece inconveniência para a população

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, reconheceu que as inundações decorrentes das chuvas intensas de ontem afectaram os cidadãos, mas apontou que comunicou com os Serviços Meteorológicos e “são previsões difíceis”, diferentes das situações de tufão, em que é possível ver a sua rota. “É difícil de um momento para o outro retirar a água toda por causa das alterações climáticas. Desde a uma e tal da manhã que começou a chover, até esta manhã, portanto desta vez surgiram alguns inconvenientes para a população”, descreveu, à margem da cerimónia de inauguração do Museu do Grande Prémio.

Questionado sobre as obras realizadas no Porto Interior para evitar inundações, o Chefe do Executivo disse que serão feitos ajustes. “É uma infraestrutura nova e ainda não foi bem ajustada. Em chuvas normais é possível resolver os problemas, só que esta manhã foram chuvas intensas, portanto os serviços competentes já estão a ajustar”, disse.

Recorde-se que as obras de construção de “Box-Culvert” da Estação Elevatória de Águas Pluviais do Norte do Porto Interior, começaram em 2019 e foram concluídas em Maio deste ano. “De certeza que é melhor do que não haver infra-estruturas para as zonas baixas de Macau”, respondeu Ho Iat Seng aos jornalistas.

Em preparativos

O Chefe do Executivo avançou que o Governo fez preparativos relativamente ao tufão que afectou recentemente as Filipinas, indicando que se tivesse atingido Macau “a situação poderia ser pior do que no Hato”. Em relação à época de tufões, disse que os serviços competentes estão a preparar-se para “salvaguardar a vida e os bens da população”.

Além da situação de Macau, Ho Iat Seng apontou que Zhuhai também foi afectada por chuvas intensas e que as inundações aparentam ter chegado ao topo de carros. “Em Macau foi basicamente inundações de água da chuva. Portanto em relação aos carros se calhar como não é água salgada o prejuízo não é tão grande”, disse o líder da RAEM, em resposta sobre os prejuízos.

Inundações | Junho começou com o dia com mais chuva desde que há registos

O período com mais chuva foi registado às 06h, altura em que por cada metro quadrado caíram 119,6 litros de água. Até às 16h o Corpo de Bombeiros foi chamado para 33 casos de cheias, quatro deslizamentos e ainda 10 acidentes de viação, que causaram 11 feridos

 

Durante o período de chuva intensa que ocorreu ontem em Macau tiveram lugar 33 casos de cheias, quatro deslizamentos de terras e 10 acidentes de viação, com 11 feridos nas estradas locais. O balanço do número de casos foi ontem apresentado pelo Corpo de Bombeiros ao HM, e engloba o espaço entre as 04h25, altura em que foi emitido o sinal de chuva intenso vermelho, até às 16h00.

O período mais crítico aconteceu a partir das 05h, quando foi emitido o sinal preto, o mais elevado da escala para chuvas intensas. Também por essa altura, as cheias afectaram não só o Porto Interior, uma das zonas tradicionalmente mais atingidas pela subida do nível da água, mas também outras artérias como a Avenida Vensceslau Morais, na Areia Preta, Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues ou mesmo a Avenida do Infante Dom Henrique.

Segundo os dados oficiais dos Serviços de Meteorologia e Geofísica (SMG), a precipitação diária de ontem registada pela estação da Fortaleza do Monte até às 19h50 era de 408,8 milímetros (mm). Esta escala significa que por cada metro quadrado havia o equivalente a 408,8 litros de água.

O valor até às 19h50 já ultrapassava o recorde de chuva por dia desde 1952, que segundo os SMG, tinha sido registado a 10 de Maio de 1972, com 348,2 mm, ou seja 348,2 litros de água por metro quadrado. O ano de 1952 é o primeiro em que existem dados sobre os valores da precipitação.

No que diz respeito à chuva por hora, os valores de ontem foram os mais altos desde 1964. Na estação da Fortaleza do Monte, às 06h, foram registados 119,6 mm, enquanto em 1964, no dia 6 de Setembro, tinha havido o registo de 125,1 mm.

Na sequência das cheias foram várias as imagens a circular online de zonas submersas, de carros afectados pela subida do nível da água ou de autocarros cheios não só de passageiros, mas também com muita água no interior, assim como de acidentes.

No entanto, e apesar do principal período das chuvas ter acontecido de madrugada, foi às 13h que se registou um dos momentos mais icónicos, com o aparecimento de uma tromba de água. O fenómeno com o “tornado sobre a água” durou alguns minutos e foi captado a leste da Ponte da Amizade por várias pessoas a circular no tabuleiro.

Posteriormente, os SMG atestaram a veracidade das imagens e explicaram que o “tornado” acabou por se dissipar numa questão de minutos.

Cheias antecipadas

Na zona do Porto Interior e na Rua 5 de Outubro, as cheias não deixaram de apanhar alguns comerciantes desprevenidos, apesar de a situação ser recorrente. Foi o que admitiu a cidadã com o apelido Ng, dona de uma loja de ferragens na Zona do Porto Interior. “Nunca imaginei que a chuva ia ser tão intensa nem que durasse durante tanto tempo, por isso não coloquei as protecções contra inundações na porta”, reconheceu a senhora de 60 anos.

Segundo a responsável, o nível da água dentro da loja de ferragens atingiu os 10 centímetros, entre as 5h e as 7h. “A água entrou-me dentro da loja e tive de passar muito tempo a fazer as limpezas. Cheguei às 5h e limpei até às 7h.

Depois a situação acalmou, saí para fazer outras coisas e voltei para terminar as limpezas”, apontou.
Por sua vez, a proprietária de uma loja de roupa na Rua 5 de Outubro mostrou-se surpreendida com o surgimento das cheias tão cedo, apesar de ser ter preparado para a possibilidade. “Este ano as inundações chegaram mais cedo, porque estamos a 1 de Junho e já há cheias”, afirmou a empresária Lam. “Felizmente as inundações não foram muito graves, e o nível da água apenas atingiu alguns centímetros”, acrescentou.

A dona da loja afirmou ainda não ter tido prejuízos. “Como fiz as preparações cedo não tive qualquer perda. Cheguei às 5h e o chão estava inundado. Comecei logo a fazer as limpezas, mas não limpei tudo porque achei que ia continuar a chover. Mais tarde, quando achei que o pior tinha passado, limpei o resto”, explicou sobre a forma como lidou com a subida do nível da água.

Antigos e vulneráveis

Ao HM, o arquitecto Mário Duque explicou que as cheias são cada vez mais frequentes devido à urbanização do Delta do Rio das Pérolas. “Quando a maré sobe, o volume de água vai precisar de um estuário para se espraiar, ou seja, do Delta [do Rio das Pérolas]. A província de Cantão urbanizou o Delta todo, e a água como não tem lugar para onde ir, entra pela cidade [de Macau]”, explicou. “As inundações são cada vez mais frequentes, porque as condições do estuário se alteraram substancialmente. Da mesma maneira que Macau triplicou de dimensão por causa dos aterros, não é difícil imaginar quantas vezes triplicaram as ocupações litorais do Rio das Pérolas”, acrescentou.

No mesmo sentido, o Porto Interior é uma das zonas mais afectadas devido à altura dos aterros em comparação com os mais novos. “Os aterros mais novos são mais altos que os aterros antigos, feitos na Península de Macau, como é o caso do Porto Interior, por isso este acaba por estar numa situação mais vulnerável”, completou.

No entanto, para o arquitecto, as consequências das cheias estão igualmente relacionadas com factores relacionados com a capacidade de preparação e resposta do território. Neste campo, Mário Duque nota que a população está mais preparada do que no passado, e aponta a existência de sacos com areia ou tábuas para isolar as portas nas zonas mais afectadas.

Porém, para resolver o problema é preciso uma solução e esta passa por impedir que a água da chuva entre na rede de escoamento durante os períodos com marés altas. “Uma inundação adiada, é uma inundação evitada. Se conseguirmos segurar as águas, para que não sejam logo lançadas na rede [de escoamento], que na altura de cheias não tem capacidade recebê-la ou despejá-la no mar, porque a maré está alta, temos uma solução”, afirmou. “Ao segurarmos as águas e ao tentarmos adiar a inundação, adiamos as ocorrências. E mais tarde, quando finalmente se libertam as águas, numa situação de maré baixa, a rede consegue escoar essa água”, finalizou.

Homem aproveitou para tomar banho

Durante um dos períodos intensos de chuva, um homem aproveitou para tomar banho na rua. Nas imagens, que se tornaram virais nas redes sociais, é possível ver um homem coberto com espuma a esfregar o corpo, enquanto está encostado a grades na estrada junto a uma das bocas de escoamento. Ao mesmo tempo que o homem toma banho, é ainda possível ver carros a circular, assim como uma transeunte.

Túnel da Avenida Rodrigo Rodrigues encerrado

Durante o dia de ontem, o Túnel da Avenida Rodrigo Rodrigues foi uma das zonas mais inundadas. Por motivos de segurança, a estrutura teve mesmo de ser encerrada ao trânsito e a reabertura do troço entre o túnel e a estação de gasolina da Caltex só deverá acontecer esta manhã entre as 9h30 e as 12h. Durante o período do encerramento, os veículos que circularem no túnel da Guia estão proibidos de virar para a esquerda, ou seja para o troço da Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues que permite seguir para a Estrada do Reservatório.

Português surpreendido no epicentro de surto de covid-19 na província chinesa de Guangdong

Sem aviso prévio, o português Alexandre Castro ficou impedido de sair de casa, por tempo indeterminado, na cidade de Cantão, sudeste da China, experimentando a contundência das autoridades chinesas na supressão do novo coronavírus.

“No sábado, íamos a sair do edifício e já não conseguimos”, descreveu Castro à agência Lusa. “As ruas em torno do bairro foram cercadas, com cordão policial, e uma barreira foi colocada à porta do prédio”, disse.

Alexandre Castro, treinador de futebol radicado há dois anos em Cantão, cidade com 15 milhões de pessoas, foi apanhado no epicentro do surto que resultou em dezenas de infeções locais desde 21 de Maio. O súbito aumento de casos na capital da província de Guangdong abalou as autoridades chinesas, que pensavam que tinham a doença sob controlo.

O bairro onde o português vive – Zhonghai Huawan Yihao – foi dos primeiros a ser isolado, após terem sido detetados vários casos entre os moradores. O condomínio é composto por mais de vinte torres, servindo de residência a milhares de famílias.

Na semana passada, após terem sido detectados os primeiros casos no bairro, todos os moradores foram testados. No sábado, as autoridades procederam a isolar o quarteirão, impedindo saídas. Pelo menos cinco estações de metro próximas da área foram encerradas, segundo o português.

A nível provincial, as autoridades impuseram na segunda-feira restrições à saída de pessoas de Guangdong, passando a exigir um teste realizado nas 72 horas anteriores. O fornecimento de mantimentos para o bairro de Alexandre, situado no sul de Cantão, continua a ser uma incógnita. “Fomos informados que íamos receber mantimentos, mas até agora nada”, resumiu.

Desde Março de 2019, quando o Partido Comunista Chinês declarou vitória sobre a doença, as autoridades têm actuado rapidamente para impedir que novos surtos se alastrem, colocando sob quarentena bairros ou cidades inteiras, enquanto testam massivamente a população local assim que os primeiros casos são diagnosticados.

O relato de Alexandre ilustra a eficácia do sistema chinês em lidar com a doença, mas também o seu lado mais sombrio: o vírus foi mantido sob controle, mas apenas devido ao poder do regime de ditar mudanças colossais, enquanto dispõe de um amplo aparelho de vigilância.

Praticamente todas as pessoas que vivem na China são hoje obrigadas a usar um aplicativo no telemóvel que regista em detalhe onde o usuário esteve. O aplicativo é exigido à entrada de edifícios de escritórios, centros comerciais ou supermercados.

Comités de Prevenção da Epidemia foram oficialmente criados em todos os bairros, ilustrando a mobilização nacional, depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter designado o combate ao vírus como uma “guerra popular”.

China detecta primeiro caso mundial de gripe aviária H10N3 em humanos

Um homem no leste da China contraiu o que pode ser o primeiro caso humano da estirpe H10N3 da gripe das aves, mas o risco de contágio em larga escala é baixo, afirmou esta terça-feira o Governo.

O homem, de 41 anos, na província de Jiangsu, noroeste de Xangai, foi hospitalizado em finais de abril e encontra-se estável, anunciou a Comissão Nacional de Saúde no seu ‘site’ na internet.

Mais nenhum caso humano de H10N3 foi reportado em lugar algum, segundo a mesma fonte. “Esta infeção é uma transmissão acidental entre espécies”, de acordo com o comunicado publicado, no qual se refere: “O risco de transmissão em larga escala é baixo”.

O paciente melhorou até alcançar os requisitos para lhe ser dada alta, acrescentou a comissão. As autoridades acompanharam todos os contactos e não encontraram “anomalias”. De acordo com os peritos trata-se de um caso isolado. Este vírus não tem capacidade para infetar de forma efectiva os humanos.

A comissão apelou aos cidadãos para evitarem o contacto com aves mortas no dia a dia e a não se aproximarem sequer dos animais vivos, bem como a cuidarem da higiene alimentar e a recorrerem ao médico se tiverem sintomas de febre ou problemas respiratórios.

Casinos | Receitas atingem números recorde em Maio

Os casinos registaram em Maio receitas recorde desde o início da pandemia, mais 492,2% do que em 2020, mas ainda assim apenas um terço do montante arrecadado pelos casinos em 2019, indicaram dados oficiais hoje divulgados.

As operadoras registaram receitas de 10.445 milhões de patacas, mais dois mil milhões de patacas do que no mês anterior, de acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.

A receita bruta acumulada em 2020 é de 42.487 milhões de patacas, mais 28% do que no ano passado. Antes da pandemia da covid-19, contudo, nos primeiros cinco meses de 2019, os casinos já tinham arrecadado 125.691 milhões de patacas.

Macau identificou apenas 51 casos de covid-19 desde o início da pandemia, mas as restrições fronteiriças e a ausência de visitantes praticamente paralisaram a economia, quase exclusivamente dependente da indústria dos casinos e do turismo chinês.

Após o reinício, no final de setembro, da emissão dos vistos individuais e de grupo da China continental para o território, suspensos desde o início da pandemia, o número de turistas tem subido gradualmente, ainda que continue muito abaixo da média de cerca de três milhões de visitantes registada por mês em 2019.

Macau, capital mundial do jogo, é o único local em toda a China onde o jogo em casino é legal. Em 2019 obteve receitas de 292,4 mil milhões de patacas. Contudo, em 2020, devido ao impacto causado pela pandemia, os casinos em Macau terminaram o ano com receitas de 60,4 mil milhões de patacas, uma quebra de 79,3% em relação ao ano anterior.