Diplomacia | Xi espera que UE assegure “independência” na relação com Pequim

O Presidente da China, Xi Jinping, disse ontem à chanceler cessante da Alemanha, Angela Merkel, desejar que a União Europeia (UE) “mantenha a sua independência”, nas relações com o país asiático, durante uma conversa por telefone.

“Espero que a UE mantenha a sua independência, proteja os seus próprios interesses e a unidade da comunidade internacional, e trabalhe com a China e outros países para resolver conjuntamente os problemas da paz e desenvolvimento”, frisou Xi, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

A mensagem é transmitida numa altura em que os Estados Unidos tentam reaproximar-se dos aliados tradicionais, como a UE, depois de as relações entre Washington e grande parte do mundo terem sido abaladas pela política isolacionista do anterior líder norte-americano Donald Trump (2017 -2021).

Xi disse ainda que a “aspiração comum da China e da UE é a procura pela paz e o desenvolvimento” e que ambas as partes “estão comprometidas em manter o multilateralismo”, enquanto “apoiam a liberalização do comércio e do investimento”.

Amiga Merkel

No entanto, fontes diplomáticas e empresariais da Europa a operar na China têm denunciado repetidamente a desigualdade que as suas empresas enfrentam ao entrar e competir no mercado chinês.

Sobre as relações com a Alemanha, o Presidente chinês elogiou a forma como Merkel se relacionou com a China, durante os 16 anos que liderou a Alemanha.

“China e Alemanha colocaram em jogo a complementaridade económica dos dois países”, lê-se no comunicado, que aponta que ambos beneficiaram da relação. “Isto mostra como uma relação de tudo ou nada pode ser completamente evitada”, concluiu.

A Alemanha é um dos membros da UE que mais aposta nas relações com a China, país no qual algumas das suas grandes empresas – especialmente do sector automóvel, como a Volkswagen ou a Mercedes – têm importantes interesses económicos.

15 Out 2021

Novo embaixador alemão na China morre aos 54 anos

O novo embaixador da Alemanha na China, que serviu anteriormente como conselheiro da chanceler alemã, Angela Merkel, morreu aos 54 anos, anunciou ontem o Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão.

O ministério anunciou a “morte súbita” de Jan Hecker, num breve comunicado, emitido na madrugada de ontem. A mesma fonte não especificou a causa da morte e descartou qualquer relação com o cargo. A porta-voz adjunta do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Andrea Sasse, disse, quando questionada numa conferência de imprensa sobre a causa da morte, que “nada tem a ver com o papel que Hecker desempenhava” na embaixada.
Hecker, que se tornou embaixador, em Agosto passado, era casado e tinha três filhos, segundo a sua biografia, publicado no portal oficial do Ministério.

O embaixador chegou à China no início de Agosto e apresentou as suas credenciais no dia 24 do mesmo mês, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático.

Ex-funcionário do Ministério do Interior e juiz do Tribunal Administrativo Federal da Alemanha, começou a trabalhar na chancelaria alemã, em 2015, como chefe de uma unidade que coordena a política para os refugiados.
Hecker tornou-se conselheiro para a política externa de Merkel – um cargo influente, embora com um perfil público baixo – em 2017.

Merkel revelou, em comunicado, estar “profundamente chocada” com a morte de Jan Hecker. “Estou de luto por um estimado conselheiro de longa data, com profunda humanidade e notável experiência”, afirmou.

7 Set 2021

Cooperação | Pequim apela a consenso com a Europa

O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu uma “expansão do consenso e cooperação” com os países europeus, para “enfrentar desafios globais em conjunto”, noticiou ontem a televisão estatal chinesa. Xi Jinping fez o apelo durante uma videoconferência, realizada na segunda-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, na qual foram abordadas as relações bilaterais entre a China e a União Europeia (UE).

Citado ontem pela televisão estatal CCTV, o líder chinês apelou ao “respeito mútuo” e “busca por interesses comuns”, e a uma “gestão adequada” das diferenças, visando desenvolver os laços entre a China e a Europa.

“Esperamos que a Europa desempenhe um papel mais activo nos assuntos internacionais, reflectindo verdadeiramente a sua autonomia estratégica”, exortou Xi.

O apelo surge após uma visita do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Europa, que visou formar uma frente comum para desafiar a China em questões económicas e de Direitos Humanos.

A cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) apontou também, pela primeira vez, a China como um adversário.

Xi ressaltou o seu compromisso com um “verdadeiro multilateralismo”, que permita resolver os problemas internacionais “através de consultas”.

Outras matérias

Apesar de a União Europeia reclamar há vários anos reciprocidade no acesso ao mercado, apontando que as suas empresas enfrentam regulamentos discriminatórios no país asiático, Xi pediu aos países europeus que “proporcionem um ambiente de negócios transparente e não discriminatório para as empresas chinesas”.

O Presidente chinês pediu também às nações europeias para apoiarem a celebração dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022, numa altura em que existe a possibilidade de alguns países boicotarem o evento.

A conferência entre os três líderes, que não foi anunciada antecipadamente, serviu também para abordar o comércio internacional, o combate às mudanças climáticas, a protecção da biodiversidade e a cooperação internacional no contexto da pandemia da covid-19.

Merkel e Macron apoiam investimento

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, apoiaram a ratificação do acordo para a protecção de investimentos entre a China e a União Europeia, numa videoconferência com o homólogo chinês, Xi Jinping. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China garantiu que Macron expressou o seu “apoio à conclusão do acordo de investimentos China-UE” e que Merkel mostrou esperança de que “seja aprovado o mais brevemente possível”. “A Alemanha apoia que a cimeira entre a UE e a China seja antecipada e espera que o acordo de investimento seja aprovado o mais brevemente possível”, disse a chanceler alemã, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

7 Jul 2021

Davos | Angela Merkel diz que limite da cooperação económica com a China está nos valores fundamentais

A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu esta terça-feira o acordo de investimentos entre a União Europeia e a China, mas advertiu sobre os limites da cooperação económica com Pequim, pelas diferenças em torno de “valores fundamentais”.

Na sua intervenção durante a edição virtual do Fórum de Davos, a chanceler sublinhou a importância do acordo de princípio sobre investimentos alcançado em finais de dezembro entre a União Europeia (UE) e a China, em grande parte devido à sua própria intervenção no exercício da presidência rotativa do Conselho Europeu.

Merkel disse estar “muito feliz” com o acordo, porque supõe um salto qualitativo para os investimentos europeus na China ao alcançar uma “melhor reciprocidade” e “mais transparência nos subsídios”, além de garantir um “acesso justo” no domínio da alta tecnologia.

O pacto consegue também estabelecer uma série de requisitos na “protecção do meio ambiente” e condições laborais “justas”, algo “muito importante”, segundo a chanceler.

No entanto, Merkel destacou que o seu entendimento de multilateralismo é diferente do do Presidente chinês, Xi Jinping, que defendeu a cooperação internacional e o comércio livre na segunda-feira durante a sua intervenção no fórum.

A chanceler sublinhou que ambas as concepções chocam em “valores elementares”, como a “dignidade de cada pessoa”, pelo que a cooperação está limitada.

Além disso, acrescentou que a “transparência é fundamental” no que se refere à China, para que se possa saber desde fora “o que se passa num país” e se leva a cabo “um comércio baseado em regras ou não”, um ponto sobre o qual reconheceu que tem havido recentemente “tensões e controvérsias”.

Embora não explicitamente, Merkel parecia referir-se a relatórios recentes sobre o uso maciço por parte da China de pessoas da minoria étnica uigur como mão-de-obra forçada na produção de algodão e na fabricação de painéis solares.

Merkel considerou ainda que faltou transparência a Pequim no início da pandemia de covid-19, quando começaram a ser detetados casos da doença e no que se refere ao fornecimento de informações à Organização Mundial da Saúde.

Para a chanceler alemã, o multilateralismo significa também trabalhar para fortalecer as cadeias de produção transnacionais, evitar problemas de abastecimento no início da pandemia e prevenir o surgimento do “protecionismo regional”

Nesse sentido, defendeu também a revitalização da Organização Mundial do Comércio após a “paralisia dos últimos anos”, porque actualmente “não está totalmente operacional” e é “parte essencial de um comércio baseado em valores”.

27 Jan 2021

Covid-19 | Angela Merkel contactou com médico infectado e vai ficar em quarentena

[dropcap]A[/dropcap] chanceler alemã, Ângela Merkel, esteve em contacto na sexta-feira com um médico que testou positivo para o novo coronavírus e “decidiu ficar imediatamente em quarentena” em casa, anunciou o porta-voz do governo alemão. A chanceler foi “informada que um médico que lhe tinha dado uma vacina contra infeções pneumocócicas na sexta-feira à tarde estava positivo” para o novo coronavírus, indicou Steffen Seibert num comunicado.

Merkel “será testada nos próximos dias” para saber se foi contagiada, adiantou o porta-voz. A chanceler, 65 anos e à frente do governo alemão desde 2005, “prosseguirá as suas actividades oficiais em quarentena no domicílio” em Berlim, disse ainda Seibert.

Antes do anúncio da sua entrada em quarentena, Merkel tinha apresentado novas medidas para conter a epidemia da Covid-19, incluindo a proibição de se reunirem mais de duas pessoas e o encerramento de todos os restaurantes no país.

A Alemanha conta com 18.610 casos do novo coronavírus e 55 vítimas mortais, de acordo com a página oficial do Instituto Robert Koch, entidade responsável pela prevenção e controlo de doenças. O país registou um aumento de 1.948 casos em relação ao dia anterior, com os estados federados da Renânia do Norte-Vestefália, Baviera e Bade-Vurtemberga a serem os mais afectados.

23 Mar 2020

Alemanha | Merkel chega a acordo com parceiros bávaros sobre migrações e evita crise no governo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chanceler alemã, Angela Merkel, e os aliados bávaros chegaram ontem a acordo para acabar com a disputa sobre a gestão dos fluxos migratórios, que ameaçava derrubar o Governo de coligação.

O ministro do Interior, Horst Seehofer, líder da União Social-Cristã, partido bávaro irmão da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), de Merkel, saiu da reunião, ao início da noite, a dizer que o compromisso alcançado “previne a imigração ilegal na fronteira entre a Alemanha e a Áustria”.

Seehofer tem estado em confronto com Merkel quanto ao seu plano de recusar candidatos a asilo na fronteira que se tivessem registado em outros Estados-membros da União Europeia. Merkel recusou, dizendo que é precisa uma solução que envolva outros Estados europeus.

Horst Seehofer ofereceu a sua resignação da liderança do partido e enquanto ministro do Interior, durante uma reunião da CSU, no domingo à noite, mas foi convencido a retomar o diálogo com Merkel.

Sem adiantar detalhes do acordo agora alcançado, Seehofer garantiu que já não tenciona demitir-se.

Merkel, por seu lado, indicou aos jornalistas que, “depois de dias difíceis e negociações rudes, hoje foi alcançado um bom compromisso”.

“Depois de negociações intensivas (…), estamos todos de acordo” quanto às medidas para reduzir a imigração ilegal, afirmou Seehofer.

O terceiro parceiro da coligação governamental, o social-democrata SPD, ainda tem de dizer se concorda com os termos do acordo.

O compromisso prevê que os futuros solicitadores de asilo que chegam à Alemanha, mas que já estejam registados em outros Estados da União Europeia, sejam conduzidos para ‘centros de trânsito’, diretamente na fronteira, e já não repartidos pelo conjunto do país.

Quando os seus dossiers estiverem analisados, serão reenviados, a partir destes centros, onde terão de permanecer, para os países da União Europeia de onde vieram.

3 Jul 2018

Economia | Merkel quer “reciprocidade” entre China e Europa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu ontem em Lisboa a necessidade de haver “reciprocidade” nas relações económicas entre a China e a Europa.

“Nessas questões é importante haver reciprocidade. Ou seja, onde a China se abre, também nós podemos abrir-nos. Já falei sobre isto com as autoridades chinesas. É uma situação de ‘win-win’”, comentou a chefe do Governo alemão, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião bilateral com o primeiro-ministro português, António Costa.

Os dois governantes foram questionados pela imprensa sobre a OPA lançada pela empresa chinesa China Three Gorges à EDP, em relação ao qual Merkel não se opôs, apesar de não ter sido um tema abordado neste encontro. “Nós, na Alemanha, temos relações económicas muito estreitas com a China. É claro que houve uma fase em que a Alemanha investiu na China, e [Pequim] também tem interesse no mercado europeu”, disse.

Já António Costa reiterou que “nem sequer o Estado português tem que se pronunciar sobre uma operação de mercado que decorre de acordo com as regras do mercado”.

A China Three Gorges anunciou em meados de Maio a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada acção, o que representa um prémio de 4,82 por cento face ao valor de mercado e avalia a empresa em cerca de 11,9 mil milhões de euros.

A CTG, que já detém 23,27 por cento do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.

1 Jun 2018

Alemanha | Quarto mandato de Merkel na eleição que leva a extrema-direita ao Bundestag

A hipótese mais provável para Angela Merkel formar Governo é a coligação com Liberais e Verdes, depois dos socialistas do SPD terem obtido o pior resultado de sempre. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha é a terceira força política neste momento. No entanto, as relações com a China devem permanecer fortes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] CDU de Angela Merkel ficou em primeiro lugar nas eleições federais alemãs apesar do crescimento do populismo isolacionista da extrema-direita, com a Alternativa para a Alemanha (AfD) a ficar em terceiro lugar e a chegar pela primeira vez ao Bundestag. A líder dos cristãos democratas, no poder desde 2005, não tem uma vida fácil pela frente na tarefa de formar um Executivo, principalmente tendo em conta o desaire dos sociais-democratas do SPD de Martin Schulz, que obtiveram a pior votação de sempre, com 20,5 por cento. Neste contexto, resta à Chanceler formar Governo com os Liberais e Verdes.

José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, vê com preocupação os resultados das eleições alemãs. “Há um reforço nítido da extrema-direita, agora representada no Parlamento com um número razoável de deputados”. O economista aponta a possível destabilização política trazida pelos “discursos populistas, anti-imigrantes, que surgiram também noutros pontos da Europa”, trazidos para a campanha alemã pela AfD. De facto, o partido de Frauke Petry, apelidada por alguns sectores como Adolfina, chega aos 94 deputados, num total de 630 possíveis.

A própria CDU tem de fazer contas à vida depois de conseguir um dos piores resultados de sempre com 33 por cento, uma marca que apenas encontra um registo pior em 1949, o primeiro sufrágio depois da queda de Hitler e da divisão do país, quando tiveram 31 por cento. Importa recordar que nas eleições de 2013 a CDU conseguiu 41,5 por cento.

Queda socialista

Contudo, o grande derrotado destas eleições foi o SPD, o partido de centro esquerda liderado por Martin Schulz, que apesar do segundo lugar obtido ficou muito aquém do esperado com apenas 20,5 por cento, o pior resultado de sempre. O desaire levou o líder dos socialistas a confirmar que vai passar para a oposição, deixando a Merkel apenas a possibilidade de se coligar com os Liberais e os Verdes.

O tombo socialista também não foi uma surpresa tendo em conta a tendência política europeia e mesmo a eleição de Donald Trump.

“Os partidos socialistas na Europa parecem perder eleitores para forças políticas que são anti-imigrantes, um movimento difícil de fazer”, diagnostica Sten Verhoeven, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. O docente especialista em direito europeu realça o muito tempo que estas forças políticas estiveram no poder, durante as quais surgiram pressões sobre o estado social. O eleitorado vira-se para forças que apontam o dedo a outras causas para a crescente pressão sobre o trabalho e benefícios sociais, tais como o federalismo europeu e as vagas migratórias. “Os socialistas têm de se reinventar e voltarem a focar-se em assuntos sociais”, aponta o académico. Feitas as contas o SPD fica com 149 deputados.

Em terceiro lugar no pódio das eleições fica então a AfD. Com tamanha representatividade parlamentar, o partido de extrema-direita terá algum poder de arremesso para pressionar o Governo de Angela Merkel a tomar posições mais isolacionistas, tanto em políticas de imigração como na relação com a União Europeia (UE).

Sinais preocupantes

As eleições alemãs foram mais um cartão amarelo às instituições europeias. Apesar de estar em perspectiva um quarto mandato para Angela Merkel, a agenda euro-céptica do AfD ganhou tracção considerável no eleitorado, algo que não deverá passar em claro a Bruxelas. Isto também tendo em conta que o partido de Frauke Petry anunciou que irá coordenador esforços com a Frente Nacional francesa e com o partido de extrema-direita da Áustria. Tudo “situações preocupantes para a UE”, no entender de José Sales Marques, que realça as características nacionalistas e isolacionistas destes movimentos profundamente contrários ao processo de integração europeia.

Angela Merkel na primeira reacção aos resultados apurados dirigiu-se aos eleitores da AfD, dizendo que quer ouvir os seus medos, compreender as suas preocupações e procurar resolvê-las.

“Nesta conjuntura, com a realidade do Brexit, há a necessidade de reequacionar o futuro da Europa”, perspectiva o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau. Apesar de as forças populistas de extrema-direita dificilmente terem capacidade para chegar ao poder, o seu crescimento pode levar a mudanças de políticas que levam o pêndulo ideológico a afastar-se do centro. Uma circunstância que, de acordo com José Sales Marques, também pode trazer más notícias para os países do Sul da Europa.

Com este resultado, o AfD pode cimentar-se no Bundestag e na política nacional alemã. Embora possa haver alguma fragmentação interna entre as diversas facções dentro dos nacionalistas, os fundos federais que vão receber permitem que tenham uma estrutura sólida no panorama político alemão.

Relações chinesas

Apesar da descida do partido de Merkel, a agência Xinhua salienta os 12 anos consecutivos da Chanceler ao leme da Alemanha como uma apoiante da globalização e da cooperação internacional. Durante os seus mandatos, Merkel visitou a China uma dezena de vezes e a sua reeleição é tida pela agência oficial chinesa como “um sinal positivo para o desenvolvimento futuro das relações entre a China e a Alemanha”.

Importa salientar que neste momento Pequim é o maior parceiro comercial da Alemanha. Em contrapartida, os produtos alemães são os preferidos nas importações chinesas entre os países europeus. Aliás, a agência salienta que as estreitas ligações comerciais são uma das razões da robustez económica alemã, facto que terá sido fundamental para a reeleição de Merkel.

Outra das situações elencadas pela Xinhua para celebrar a vitória da CDU é a “volatilidade crescente que se faz sentir no mundo” sendo, portanto, uma boa notícia uma “relação de maturidade entre os dois países num contexto de prosperidade e estabilidade global”.

Sem aludir directamente ao nome de Donald Trump, a agência chinesa salienta o papel da Alemanha como um actor racional no plano internacional, que funda a sua conduta na resolução de crises e conflitos pela via diplomática, em vez da intervenção militar. Além disso, a Xinhua salienta a posição alemã de compromisso com o acordo de Paris quanto às políticas de combate às alterações climáticas.

José Sales Marques destaca a natureza da relação entre a China e a Alemanha, que é “na sua essência baseada em relações comerciais extremamente vantajosas para ambas as partes”.

Também Sten Verhoeven entende que os germânicos não devem abdicar da posicionamento que têm no comércio global. Aliás, o académico entende mesmo que para a Alemanha não existe alternativa a essa posição e que romper com esta aliança comercial traria dores económicas a ambos os países.

A possibilidade das forças políticas nacionalistas fincarem o pé numa posição de isolacionismo face ao mercado global é algo que José Sales Marques não acredita ser possível. “É do interesse nacional da Alemanha que essa capacidade económica se mantenha, ou que se fortaleça”, comenta.

Como faz questão de vincar a Xinhua, o eixo comercial e diplomático sino-germânico tem desenvolvido “ligações especiais”, e “qualquer interrupção desse intercâmbio seria demasiado custosa”. Nesse sentido, a agência refere que ambas as partes precisam estar atentas ao crescente espectro de proteccionismo que atravessa o velho continente.

26 Set 2017

Li Keqiang diz que combate às alterações climáticas é “consenso global”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse ontem que o combate às alterações climáticas é um “consenso global” e uma “responsabilidade internacional”, face à possibilidade de os Estados Unidos se retirarem do Acordo de Paris.

“As nossas palavras têm peso e as nossas acções devem alcançar o êxito”, disse Li, numa conferência de imprensa em Berlim, ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel.

O responsável chinês recordou que o seu país teve um papel activo no processo de negociação do acordo e foi um dos primeiros a levá-lo ao parlamento para ser ratificado e a apresentar nas Nações Unidas as medidas que planeia implementar.

“A China é um grande país e assume a sua responsabilidade internacional”, realçou.

Em Pequim, a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Hua Chunying afirmou também que a China vai trabalhar com a União Europeia (UE) para manter o Acordo de Paris contra as alterações climáticas, mesmo que se confirme a retirada dos EUA.

O aquecimento global é um “desafio global” que nenhum país pode ignorar, afirmou Hua.

“Não importa as mudanças nas posições de outros países, nós vamos manter um modelo de desenvolvimento sustentável”, afirmou.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, deve estar prestes a anunciar a sua decisão sobre a retirada dos EUA.

Caminho conjunto

A China é o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, seguida pelos EUA. Ambos os países foram elementos chave para a conclusão do acordo em Paris, em 2015, que foi assinado por 195 nações.

Trump afirmou anteriormente que as alterações climáticas são uma “farsa” criada pela China para danificar a economia norte-americana, numa posição que desafia um consenso cientifico alargado.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, vai abordar o acordo em Bruxelas, durante um encontro com líderes da UE.

“Desejamos trabalhar com a UE para reforçar a nossa comunicação e cooperação prática nas alterações climáticas”, disse Hua.

Questionada sobre qual o tipo de intercâmbio que os líderes chineses têm tido com Trump sobre a sua decisão, Hua afirmou apenas que a China e os EUA “têm mantido uma comunicação próxima a vários níveis”, incluindo na questão das alterações climáticas.

2 Jun 2017

NATO | Alemanha responde a Trump: “Não há dívida nenhuma”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]penas um dia depois do encontro entre Angela Merkel e Donald Trump, os dois países já trocam acusações. O Presidente norte-americano escreveu já este domingo que a Alemanha “deve vastas somas de dinheiro” à NATO e aos EUA, e não ficou sem resposta. Poucas horas depois das declarações de Trump na rede social Twitter, a ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, disse que “não há nenhuma dívida à NATO”.

Além de negar a dívida apontada por Trump, Leyen explicou que o objectivo dos membros da Aliança Atlântica de gastar 2% do PIB até 2023 em defesa não se traduzia apenas nas contribuições para a NATO. “As despesas com defesa vão também para missões de paz da ONU, nas nossas missões europeias e na nossa contribuição na luta como o terrorismo”, disse em comunicado.

De acordo com a Reuters, a despesa da Alemanha com Defesa aumentará para os 38,5 mil milhões de euros em 2018, o que representa 1,26% do PIB. E Merkel, no encontro que teve com Donald Trump, prometeu aumentar a fatia para os 2% que estão apenas previstos serem atingidos pelos estados signatários do Tratado do Atlântico Norte em 2024.

Outros comentários

A ministra alemã não foi a única a “explicar” a Donald Trump como funciona a NATO. O antigo embaixador dos EUA na NATO, Ivo Daalder, expôs os erros de interpretação do Presidente numa série de tweets. O diplomata diz que “não é assim que as coisas funcionam”, explicando que cada país decide o que paga, sendo que está acordado que o objectivo é que contribuam com 2% do PIB.

Daalder acrescenta que a Alemanha não deve nada aos EUA, porque o financiamento à NATO não é um financiamento aos Estados Unidos e cada contribuição que os países fazem não é para a segurança própria, mas para o bem comum. “Combatemos duas Guerras Mundiais na Europa e uma Guerra Fria. Manter a Europa inteira, livre e em paz é vital para os interesses dos EUA”, escreveu.

20 Mar 2017

Xi Jinping destaca relação “muito madura” com Alemanha

A chanceler alemã Angela Merkel terminou ontem aquela que foi a sua nona visita à China. O reforço da cooperação económica esteve no centro da agenda com acordos assinados entre empresas das duas nações no valor de mais de 13.000 milhões de euros

[dropcap style=´circle´]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, afirmou que as relações do país com a Alemanha estão numa fase “muito madura”, durante um encontro com a chanceler Angela Merkel, noticiou ontem a imprensa oficial chinesa.
A reunião, na segunda-feira, à porta fechada, em Pequim, fez parte da visita oficial de Merkel ao país asiático iniciada no domingo e que se concluiu ontem com uma passagem por um parque industrial com investimento alemão na cidade de Shenyang, nordeste da China.
A responsável alemã reuniu-se também com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com quem assistiu à assinatura de 24 acordos de cooperação, e participou num fórum empresarial, durante o qual empresas dos dois países subscreveram 96 contratos com um valor total de 13.200 milhões de euros.

Mercado e modernidade

Durante o encontro, Xi e Merkel frisaram as possibilidades de cooperação que oferecem as estratégias de modernização industrial de ambos os países, “Indústria 4.0” e “Made in China 2025”, destacou a imprensa local.
Xi referiu ainda a preocupação de Pequim em que a União Europeia cumpra com o protocolo de adesão do seu país à Organização Mundial do Comércio (OMC), que prevê o reconhecimento do estatuto de economia de mercado à China antes de Dezembro de 2016.
Segundo os jornais locais, Merkel reconheceu a importância da implementação daquele acordo.
Ambos abordaram ainda outras áreas de cooperação, nomeadamente no ensino, facilitação na concessão de vistos e na medicina tradicional chinesa.
Além disso, comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para coordenar as cimeiras do G20, que este ano se realiza na cidade chinesa de Hangzhou e que a Alemanha acolherá em 2017. Esta visita de Merkel à China é a nona desde que foi eleita chanceler.
 

15 Jun 2016

Angela Merkel volta a Pequim para assinar acordos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] chanceler alemã, Angela Merkel, chegou ontem à China para uma visita e dois dias com uma forte componente económica, após o escândalo da Volkswagen e numa altura em que a segunda economia mundial está em abrandamento.
Merkel, que foi recebida em Pequim pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, segundo a televisão estatal CCTV, iniciou ontem a visita oficial – a oitava que realiza ao país asiático – durante a qual se prevê a assinatura de uma série de acordos de cariz económico.
A chanceler alemã, que viaja acompanhada por uma comitiva de empresários, incluindo o novo presidente da Volkswagen, Matthias Müller, reuniu-se ontem com o Presidente chinês, Xi Jinping.
Em cima da mesa vão estar assuntos bilaterais, bem como a questão dos direitos humanos na China ou temas de âmbito internacional como a tensão desencadeada pelo conflito territorial nos mares da Ásia-Pacífico ou a Ucrânia, de acordo com o governo alemão.
Mas, acima de tudo, Berlim vai tentar aproveitar a viagem para aprofundar a já forte relação económica entre os dois países, numa altura em que o abrandamento da segunda economia mundial tem afectado as exportações alemãs para a China.
Merkel vai tentar fortalecer os interesses das empresas alemãs depois da crise provocada pelo escândalo da Volkswagen e após os múltiplos acordos firmados por Xi Jinping na sua recente visita ao Reino Unido.

Airbus encomendados

A chanceler alemã e o primeiro-ministro chinês assistiram em Pequim, à assinatura de um acordo para a compra de 130 aviões Airbus pelo valor de 17.000 milhões de dólares, uma das maiores encomendas da China ao fabricante europeu.
O acordo, de 15.500 milhões de euros, segundo a paridade monetária actual, assinado no Grande Palácio do Povo de Pequim durante o primeiro de dois dias de visita de Angela Merkel à China, prevê a aquisição de 100 aviões Airbus A320 e outros 30 A330.
A transacção ocorreu numa altura em que as companhias aéreas chinesas estão a alargar as suas frotas e à espera de que o número de passageiros de voos nacionais e internacionais triplique nos próximos 20 anos.
Além disso, o fabricante aeronáutico europeu acordou, em Julho último, construir um centro para acabamentos do A330 em Tianjin, cidade industrial portuária no nordeste da China, onde existe uma linha de montagem de A320, vendidos sobretudo às transportadoras chinesas.
Merkel e o chefe do Governo de Pequim, Li Keqiang, presidiram ainda à assinatura de outros 12 acordos, incluindo o da Nokia com a operadora China Mobile para o fornecimento de tecnologia móvel, software e serviços, e entre a Volkswagen AG e um dos quatro principais bancos da segunda economia mundial, o ICBC.

30 Out 2015