Índia encontra destroços que podem ser de avião desaparecido em 2016

O Ministério da Defesa indiano anunciou sexta-feira que foram encontrados destroços de um avião no mar provavelmente de uma aeronave do Exército indiano que desapareceu em 2016 com 29 pessoas a bordo.

“Esta descoberta no provável local do acidente, sem qualquer outro registo de aeronave desaparecida na mesma área, indica que os destroços provavelmente pertencem ao An-32 da IAF (Força Aérea Indiana)” que caiu em Julho de 2016 na baía de Bengala, informou o Ministério, num comunicado.

O Antonov An-32, de fabrico russo, que descolou de uma base perto de Chennai, no sudeste da Índia, com destino às ilhas Andaman e Nicobar, desapareceu 15 minutos depois do último contacto com a torre de controlo, em Julho de 2016.

As principais operações de busca realizadas na época não conseguiram encontrar o seu rasto. Sexta-feira, o Ministério da Defesa da Índia disse que um ‘drone’ de alto mar que sondava o fundo do oceano na Baía de Bengala encontrou destroços do avião acidentado a uma profundidade de 3.400 metros, a cerca de 140 milhas náuticas (310 quilómetros) de distância.

As aeronaves An-32 podem voar quatro horas sem necessidade de reabastecimento e são os aviões de transporte mais utilizados pela Força Aérea Indiana, mas sofreram inúmeros acidentes e falhas técnicas. Antes do desastre de 2016, um dos piores acidentes envolvendo um An-32, ocorreu em 1999: uma aeronave caiu perto do aeroporto de Nova Deli com 20 pessoas a bordo.

Em queda

Em 2016, uma fonte da IAF disse que os dados do radar do avião desaparecido mostraram que este tinha feito uma curva acentuada à esquerda antes de perder altitude rapidamente. O chefe das Forças Armadas da Índia, general Bipin Rawat, foi morto em 2021 juntamente com outras 12 pessoas quando o seu helicóptero Mi-17 de fabrico russo caiu no estado de Tamil Nadu.

No ano seguinte, dois pilotos morreram quando o seu caça MiG-21 da era soviética caiu durante uma incursão de treino no Rajastão. Em 2023, um Sukhoi Su-30 russo e um Mirage 2000 francês colidiram no ar durante exercícios a sul de Nova Deli e um dos pilotos morreu. A Força Aérea tem vindo a renovar a sua frota, parte da qual ainda data da década de 1960.

15 Jan 2024

Índia | Supremo confirma retirada da autonomia de Caxemira

O Supremo Tribunal da Índia aprovou ontem a decisão do Governo do primeiro-ministro, Narendra Modi, de acabar com o estatuto semiautónomo da região de Caxemira, palco há décadas de uma rebelião armada. A decisão de 2019, que permitiu a Nova Deli administrar directamente o território de Jammu e Caxemira, de maioria muçulmana, representou “o culminar do processo de integração e, como tal, um exercício válido de poder”, disseram os juízes.

A última instância da Índia ordenou ainda a realização de eleições em Jammu e Caxemira até 30 de Setembro de 2024, defendendo que o território deve ser colocado em pé de igualdade com outros estados indianos “o mais cedo e o mais rápido possível”. Em resposta, Narendra Modi descreveu a “decisão histórica” do Supremo Tribunal como um “raio de esperança”.

O veredicto representa “a promessa de um futuro melhor e um testemunho da determinação colectiva em construir uma Índia mais forte e mais unida”, escreveu o líder nacionalista hindu na rede social X. Modi decidiu, em 2019, abolir o estatuto semiautónomo da região de Caxemira, em vigor durante sete décadas, seguido de um esforço para acabar com a rebelião armada.

Desde então, centenas de separatistas foram presos e um forte sistema de vigilância foi estabelecido “para conter actividades antinacionais”. De acordo com as autoridades indianas, pelo menos 114 pessoas foram mortas em Caxemira em conflitos este ano: 11 civis, 23 membros das forças de segurança e 80 alegados rebeldes.

Caxemira, um território dos Himalaias, está dividido entre a Índia e o Paquistão, que, desde a independência, em 1947, reivindica a totalidade da soberania da região.

12 Dez 2023

Índia | Militares escavam à mão túnel para tirar trabalhadores presos

Militares indianos estão a preparar-se para escavar manualmente o túnel e tentar chegar aos 41 trabalhadores presos há 16 dias, depois de as operações de resgate terem sofrido vários contratempos.

Quando faltavam apenas nove metros de perfuração que iam permitir inserir as partes finais de um tubo de aço de 57 metros de comprimento, com largura suficiente para a passagem de um homem e permitir a retirada dos trabalhadores, barras de metal e veículos de construção que estavam o caminho danificaram a máquina.

Militares indianos vão tentar agora limpar as rochas e os escombros destes nove metros restantes, enquanto as temperaturas caem nesta região montanhosa isolada do estado de Uttarakhand, nos Himalaias. “O pessoal do batalhão de engenharia do exército indiano, bem como outras equipas de resgate, estão a preparar-se para esta operação”, disse um alto funcionário local, Abhishek Ruhela.

Desde que o túnel desabou, a 12 de Novembro, os esforços de resgate têm sido complicados e retardados pela queda de destroços e sucessivas falhas nas máquinas cruciais para resgatar trabalhadores. Os trabalhadores sobrevivem há duas semanas graças ao fornecimento de ar, comida, água e electricidade através de uma conduta na qual foi inserida uma câmara endoscópica.

O aluimento de terras provocou o desabamento de uma parte do túnel, de 4,5 quilómetros, a cerca de 200 metros da entrada. O local do desabamento fica em Uttarakhand, um estado montanhoso com vários templos hindus que atraem muitos peregrinos e turistas e a construção de autoestradas e edifícios tem sido constante para responder a um fluxo crescente de visitantes.

28 Nov 2023

Índia | Trabalhadores presos em túnel perto do resgate

Os 41 trabalhadores da construção civil presos há quase duas semanas num túnel que desabou no norte da Índia estavam ontem na iminência de ser resgatados, segundo uma fonte envolvida no processo de resgate.

A perfuradora que está a escavar a terra e os detritos já alcançou 44 metros dos cerca de 57 necessários, disse à agência de notícias Press Trust of India (PTI) Harpal Singh, gestor de um outro projecto de túnel que está a apoiar as operações de salvamento.

Assim que terminarem de escavar os restantes 13 metros, as equipas de socorro vão poder inserir e soldar tubos através dos quais os trabalhadores poderão sair em liberdade. Os socorristas retomaram a perfuração horizontal através da entrada do túnel na quarta-feira, depois de problemas com a máquina os ter obrigado a parar a escavação na semana passada e a considerar planos alternativos.

O terreno montanhoso do estado de Uttarakhand revelou-se um desafio para a máquina de perfuração, que avariou quando os socorristas tentaram escavar horizontalmente. As vibrações de alta intensidade da máquina também provocaram a queda de mais detritos.

Maior optimismo

Os trabalhadores encontram-se presos no local desde 12 de Novembro, quando um deslizamento de terras provocou a derrocada de uma parte do túnel de 4,5 quilómetros que estavam a construir, a cerca de 200 metros da entrada. Na quarta-feira à noite, foram enviadas ambulâncias e uma equipa de 15 médicos para o local, informou a PTI.

Os familiares que se reuniram no local disseram à agência de notícias que estão optimistas, após dias de ansiedade e preocupação com o salvamento e o bem-estar dos trabalhadores.

As autoridades começaram a fornecer aos trabalhadores refeições quentes através de um tubo de 15,24 centímetros de diâmetro, no início desta semana, depois de terem passado dias a sobreviver com alimentos secos enviados através de um canal mais estreito. O oxigénio chega por um canal separado.

Na terça-feira, as autoridades divulgaram um vídeo – uma câmara foi empurrada até ao local através do canal – que mostra os trabalhadores de capacete de construção a deslocarem-se pelo túnel bloqueado enquanto comunicam com os socorristas no terreno através de ‘walkie-talkies’.

Uttarakhand está repleto de templos hindus, e a construção de auto-estradas e edifícios tem sido constante para acomodar o fluxo de peregrinos e turistas. Este túnel faz parte da estrada Chardham, um projecto federal emblemático que liga vários locais de peregrinação hindu.

24 Nov 2023

Trabalhadores presos em túnel que desabou na Índia receberam refeições quentes

Os 41 trabalhadores da construção civil presos num túnel que desabou no norte da Índia há mais de uma semana receberam hoje refeições quentes, enquanto as equipas de resgate continuam a trabalhar num plano alternativo para os retirar.

As refeições – arroz e lentilhas – foram fornecidas através de um tubo de aço de 15,24cm instalado através dos escombros na noite de segunda-feira, disse Deepa Gaur, porta-voz do Governo. Nos últimos nove dias, os trabalhadores sobreviveram com comida seca enviada através de um tubo mais estreito. O oxigénio está a ser fornecido através de um outro tubo. As autoridades divulgaram na terça-feira um vídeo, depois de terem conseguido fazer chegar uma câmara aos trabalhadores.

As imagens mostravam os trabalhadores com os capacetes colocados, movendo-se pelo túnel bloqueado, enquanto comunicavam com as equipas de resgate por ‘walkie-talkies’. As famílias estão cada vez mais preocupadas e frustradas à medida que a operação de resgate se arrasta.

O túnel desabou no estado de Uttarakhand, uma região montanhosa que se revelou um desafio para a máquina de perfuração, que avariou enquanto as equipas de resgate tentavam cavar horizontalmente em direção aos trabalhadores presos.

As vibrações de alta intensidade da máquina também causaram a queda de mais destroços, levando as autoridades a suspender os esforços de resgate. Atualmente, as equipas estão a fazer uma estrada de acesso ao topo da montanha, de onde farão a escavação na vertical.

A perfuração do túnel levará alguns dias e poderão cair detritos durante os trabalhos, segundo disseram as autoridades na segunda-feira. Será necessário escavar 103 metros para alcançar os trabalhadores presos, quase o dobro da distância da perfuração horizontal anteriormente tentada. Contudo, as autoridades disseram que continuariam a escavar horizontalmente, desde a boca do túnel, em direção aos trabalhadores.

Os trabalhadores estão presos desde 12 de novembro, quando um deslizamento de terra fez com que uma parte do túnel de 4,5 quilómetros que estavam a construir desabasse a cerca de 200 metros da entrada.

A região de Uttarakhand é repleta de templos hindus e a construção de rodovias e edifícios tem sido constante para acomodar o fluxo de peregrinos e turistas. O túnel faz parte da estrada para Chardham, um projeto emblemático que abarca um conjutno de quatro locais de peregrinação hindu.

21 Nov 2023

Equipas continuam a tentar resgatar 40 trabalhadores soterrados em túnel na Índia

As equipas de socorro continuam hoje os trabalhos de remoção de destroços para tentar resgatar os 40 trabalhadores que ficaram soterrados no domingo após o colapso de um túnel em construção no norte da Índia.

“Um tubo de aço será empurrado através de uma abertura criada (…) para retirar com segurança os trabalhadores retidos”, disseram as autoridades, que esperam poder libertá-los nas próximas 24 horas. Cerca de 200 equipas de resgate de agências federais e estaduais de ajuda humanitária estão a usar equipamentos de perfuração e escavadoras para chegar aos trabalhadores.

Na segunda-feira, um responsável dos serviços de socorro anunciou que os 40 trabalhadores que ficaram soterrados quando um túnel rodoviário em construção no norte da Índia se desmoronou, no domingo, estão vivos. “Todos os 40 trabalhadores presos dentro do túnel estão vivos”, disse, em comunicado, o comandante da Força de Resposta a Desastres indiana, Karamveer Singh Bhandari, acrescentando que está a ser enviada água e comida.

As equipas de resgate conseguiram entrar em contacto com os sobreviventes, primeiro através de uma mensagem num pedaço de papel, e, mais tarde, conseguiram estabelecer comunicação por meio de aparelhos de rádio. Um responsável dos serviços de socorro do estado de Uttarakhand disse que as autoridades estão a bombear oxigénio e a enviar “alguns pequenos pacotes de alimentos” para o interior do túnel, através de uma conduta.

A parte do túnel, que desabou, com 4,5 quilómetros de comprimentos fica a cerca de 200 metros da entrada, disseram as autoridades à agência de notícias Press Trust of India. A derrocada ocorreu na madrugada de domingo, na região dos Himalaias, quando um grupo de trabalhadores abandonava o estaleiro e chegava uma equipa de substituição.

O túnel faz parte da autoestrada Chardham, um projeto emblemático do governo federal da Índia em construção entre Silkyara e Dandalgaon para ligar os dois importantes santuários hindus de Uttarkashi e Yamnotri, em Uttarakhand, um estado montanhoso que atrai muitos peregrinos e turistas.

Em janeiro, as autoridades de Uttarakhand transferiram centenas de pessoas para abrigos temporários depois de um templo ter desabado e terem surgido fissuras em mais de 600 casas devido ao afundamento de terrenos na cidade de Joshimath e arredores.

14 Nov 2023

Trabalhadores soterrados em túnel no norte da Índia estão vivos, confirmam socorristas

Os 40 trabalhadores que ficaram soterrados quando um túnel rodoviário em construção no norte da Índia se desmoronou, no domingo, estão vivos, anunciou hoje um responsável dos serviços de socorro. “Todos os 40 trabalhadores presos dentro do túnel estão vivos”, disse, em comunicado, o comandante da Força de Resposta a Desastres indiana, Karamveer Singh Bhandari, acrescentando que está a ser enviada água e comida.

As equipas de resgate conseguiram entrar em contacto com os sobreviventes, primeiro através de uma mensagem num pedaço de papel, e, mais tarde, conseguiram estabelecer comunicação por meio de aparelhos de rádio.

Um responsável dos serviços de socorro do estado de Uttarakhand disse que as autoridades estão a bombear oxigénio e a enviar “alguns pequenos pacotes de alimentos” para o interior do túnel, através de uma conduta.

Durgesh Rathodi acrescentou que as equipas de resgate usaram escavadoras para remover cerca de 20 metros de escombros, estando atualmente a 40 metros dos trabalhadores.

Um agente da polícia, Prashant Kumar, disse que mais de 150 socorristas usaram também equipamentos de perfuração para remover escombros durante toda a noite.

A parte desabada do túnel com 4,5 quilómetros de comprimentos fica a cerca de 200 metros da entrada, disseram as autoridades à agência de notícias Press Trust of India.

O primeiro-ministro de Uttarakhand, Pushkar Singh Dhami, que visitou já o local do acidente, escreveu na rede social X (antigo Twitter) que a remoção dos escombros continua “sem parar” para retirar os trabalhadores “com segurança”.

“O lado positivo é que os trabalhadores não estão uns em cima dos outros e têm um espaço tampão de cerca de 400 metros para caminhar e respirar”, assegurou um outro responsável dos serviços de socorro, Devendra Patwal, ao jornal Indian Express.

A derrocada ocorreu na madrugada de domingo, na região dos Himalaias, quando um grupo de trabalhadores abandonava o estaleiro e chegava uma equipa de substituição.

O túnel faz parte da autoestrada Chardham, um projeto emblemático do governo federal da Índia em construção entre Silkyara e Dandalgaon para ligar os dois importantes santuários hindus de Uttarkashi e Yamnotri, em Uttarakhand, um estado montanhoso que atrai muitos peregrinos e turistas.

Em janeiro, as autoridades de Uttarakhand transferiram centenas de pessoas para abrigos temporários depois de um templo ter desabado e terem surgido fissuras em mais de 600 casas devido ao afundamento de terrenos na cidade de Joshimath e arredores.

13 Nov 2023

Pelo menos 40 trabalhadores soterrados em túnel em construção no norte da Índia

Pelo menos quarenta trabalhadores ficaram soterrados quando um túnel rodoviário em construção no norte da Índia se desmoronou hoje, anunciou um funcionário dos serviços de socorro. “Cerca de 200 metros do túnel desmoronaram”, disse à agência francesa de notícias France-Presse, Durgesh Rathodi, um funcionário dos serviços de salvamento, a partir do local, no estado de Uttarakhand.

“No interior ainda estão presos 40 ou 41 trabalhadores. O oxigénio está a ser fornecido através dos escombros, mas estão a cair mais escombros à medida que os socorristas tentam remover a obstrução”, acrescentou. A derrocada ocorreu na madrugada de domingo, na região dos Himalaias, quando um grupo de trabalhadores abandonava o estaleiro e chegava uma equipa de substituição.

O túnel de 4,5 km de comprimento está a ser construído entre Silkyara e Dandalgaon para ligar os dois importantes santuários hindus de Uttarkashi e Yamnotri. As fotografias divulgadas pelas equipas de salvamento mostram enormes blocos de betão a bloquear o túnel, com barras de metal retorcidas no telhado a sobressair dos escombros.

“Rezem a Deus para que os trabalhadores presos no túnel saiam em segurança”, escreveu o primeiro-ministro de Uttarakhand, Pushkar Singh Dhami, na rede social X (antigo Twitter).

12 Nov 2023

Índia | Cheias no norte do país causam pelo menos 77 mortos

O número de mortos devido às inundações no norte da Índia aumentou ontem para 77, enquanto mais de 100 pessoas estão desaparecidas, adiantaram as autoridades indianas.

De acordo com as autoridades de Sikkim, mais de 2.400 pessoas foram retiradas de casas na consequência da subida das águas que destruiu mais de uma dúzia de pontes e enterrou veículos e casas à medida que passavam rio abaixo. As operações de resgate foram dificultadas por bloqueios de estradas e condições climatéricas adversas, que impediram o envio de helicópteros militares.

As inundações repentinas, uma das piores da história desta região que faz fronteira com o Nepal, a China e o Butão, ocorreram no início desta semana, após o transbordamento do lago glaciar Lhonak. Juntamente com uma semana de chuvas intensas na região, o rompimento deste lago destruiu casas e estradas e transbordou a barragem hidroeléctrica de Chungthang, provocando uma inundação entre quatro e seis metros de altura.

O rompimento desta barragem, com capacidade de gerar 1.200 megawatts e uma das maiores do tipo no país asiático, amplificou a inundação repentina. As chuvas intensas causam perdas humanas e materiais significativas nos países do sul da Ásia todos os anos, especialmente durante o período das monções, entre Maio e Setembro.

Além disso, o aumento das temperaturas globais causado pelas alterações climáticas ameaça multiplicar os incidentes de explosões glaciais.

9 Out 2023

Índia suspende processamento de vistos no Canadá

A Índia suspendeu o processamento de vistos no Canadá, anunciou ontem o prestador de serviços, depois de Otava ter responsabilizado a Índia pelo assassínio de um líder sikh em Vancouver.

“Aviso importante da missão indiana: por razões operacionais, com efeito a partir de 21 de Setembro de 2023, os serviços de vistos indianos foram suspensos até novo aviso”, lê-se no portal da BLS International, um fornecedor indiano de serviços de ‘outsourcing’ para missões governamentais e diplomáticas em todo o mundo.

Na quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Nova Deli emitiu um comunicado no qual pede especial cuidado aos cidadãos que estudam naquele país norte-americano devido às “crescentes posições anti-Índia e à tolerância política dada a crimes de ódio”. Os indianos também devem evitar ir a locais do Canadá onde “diplomatas indianos e sectores da comunidade indiana foram alvo de ameaças”, adiantou o ministério.

Otava e Nova Deli, dois parceiros estratégicos importantes em matéria de segurança e comércio, estão envolvidos numa disputa diplomática depois de o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, ter alegado que a Índia estava ligada ao assassínio, em Junho passado, em território canadiano, do defensor da independência sikh.

O Canadá ainda não forneceu qualquer prova do envolvimento indiano no assassínio de Hardeep Singh Nijjar, um líder sikh de 45 anos morto por homens armados em Surrey, nos arredores de Vancouver. Durante anos, a Índia afirmou que Nijjar, um cidadão canadiano nascido na Índia, tinha ligações ao terrorismo, alegação que Nijjar negou sempre. Quando foi assassinado, Nijjar estava a tentar organizar um referendo não oficial na diáspora sikh para independência em relação à Índia.

História com barbas

A acusação de Trudeau foi seguida da expulsão do Canadá de um diplomata indiano em Otava e Nova Deli considerando a acusação “absurda” e expulsando também um diplomata canadiano.

As autoridades indianas designaram Nijjar como terrorista em 2020 e acusaram-no de apoiar as exigências de uma pátria sikh independente, conhecida como Calistão, que começou como uma insurgência no estado indiano de Punjab nas décadas de 1970 e 1980 mas foi esmagada pelo Governo indiano. Desde então, o movimento perdeu grande parte do seu poder político, mas ainda tem apoiantes no Punjab, onde os sikhs são maioria, bem como entre a considerável diáspora sikh no estrangeiro.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia referiu ainda que as alegações de Trudeau “pretendem desviar o foco dos terroristas e extremistas do Calistão, que receberam abrigo no Canadá e continuam a ameaçar a soberania e a integridade territorial da Índia”.

O ministério emite regularmente avisos de viagem, tendo, em Setembro do ano passado, pedido aos cidadãos indianos que fossem cautelosos quando viajassem para o Canadá devido ao “aumento acentuado de incidentes de crimes de ódio, violência sectária e actividades anti-Índia” naquele país.

22 Set 2023

Índia | Expulso diplomata canadiano após acusações sobre assassínio de líder sikh

As autoridades indianas responderam à expulsão de um importante diplomata indiano no Canadá na mesma moeda, expulsando também um diplomata canadiano do país. Em causa, está a morte de Singh Nijjar, acusado de terrorismo por Nova Deli e atingido a tiro por agressores desconhecidos no Canadá

 

Nova Deli anunciou ontem a expulsão de um importante diplomata canadiano, em resposta à acusação de Otava de que a Índia estaria envolvida no assassínio, no Canadá, de um líder separatista de origem indiana.

“O Alto Comissário canadiano na Índia foi convocado hoje (ontem) e informado sobre a decisão do Governo da Índia de expulsar um importante diplomata canadiano”, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

A decisão de Nova Deli reflecte a sua “crescente preocupação com a interferência dos diplomatas canadianos nos assuntos internos e o seu envolvimento em actividades anti-Índia”, explicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros na mesma nota.

O ministério já tinha considerado ontem absurdas as alegações do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, que implicara Nova Deli no assassínio de um activista sikh no Canadá.

O Canadá expulsou na segunda-feira um importante diplomata indiano, no dia em que Trudeau revelou que os serviços de informação do seu país implicaram as autoridades indianas no crime.

“Qualquer envolvimento de um Governo estrangeiro no assassínio de um canadiano em solo canadiano é uma violação inaceitável da nossa soberania”, disse Trudeau, na câmara baixa do parlamento do Canadá.

 

Conversa acabada

Singh Nijjar, atingido a tiro em 18 de Junho por agressores desconhecidos no estacionamento de um templo sikh, foi acusado de terrorismo pelas autoridades indianas por defender a criação de um país independente no estado de Punjab, o Calistão, para a minoria étnica e religiosa sikh.

A 01 de Setembro, o Governo canadiano anunciou a suspensão das conversações com a Índia para a assinatura de um acordo de comércio livre, sem explicar os motivos. O Canadá também cancelou uma missão comercial à Índia que estava marcada para outubro.

Cerca de 1,8 milhões de pessoas de origem indiana vivem no Canadá, das quais cerca de 770 mil são sikhs.

O líder do social-democrata Novo Partido Democrático (NPD), Jagmeet Singh, o quarto partido no parlamento canadiano, é sikh.

20 Set 2023

Índia | Lançado foguetão com o primeiro satélite para estudar o Sol

Após o lançamento com sucesso de uma sonda que pousou no polo sul da Lua, o país mais populoso do mundo deu mais um passo na exploração espacial com o lançamento, no sábado, de um foguetão com uma nova sonda para estudar a actividade solar

 

A Índia lançou sábado um foguetão que transporta uma sonda solar para uma viagem de quatro meses em direcção ao Sol, momento que foi transmitido em directo pela Organização Indiana de Investigação Espacial, que promove a missão.

Após o foguetão descolar à hora prevista da plataforma de lançamento na ilha de Sriharikota, no sul da Índia, os técnicos de controlo da missão aplaudiram.

O lançamento surge pouco mais de uma semana depois de a Índia ter pousado no polo sul da Lua uma sonda com um robô, um feito inédito na exploração espacial. O satélite Aditya-L1 será posicionado a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, no chamado ponto de Lagrange 1 (L1).

Aditya, que significa Sol em hindi, irá registar a actividade solar, em particular a dinâmica dos ventos solares (emissão contínua de partículas subatómicas provenientes da coroa solar) e os seus efeitos na meteorologia espacial.

O engenho está equipado com sete módulos para observar duas das camadas externas da atmosfera do Sol – cromosfera e coroa – e detectores de campos eletromagnéticos e de partículas, segundo a organização espacial indiana.

Feitos inéditos

A Europa e os Estados Unidos já têm sondas a observar o Sol, a Solar Orbiter e a Parker Solar, mas é a primeira vez que a Índia se lança no estudo da estrela. Em 23 de Agosto, a Índia tornou-se o primeiro país a pousar um engenho espacial no polo sul da Lua, região inexplorada e onde haverá grandes quantidades de água gelada.

É nesta região que os Estados Unidos querem colocar em Dezembro de 2025 a primeira astronauta mulher e o primeiro astronauta negro, ao abrigo do novo programa lunar Artemis. Apenas os Estados Unidos tiveram astronautas na superfície da Lua, entre 1969 e 1972, todos homens, no âmbito do programa Apollo.

4 Set 2023

Índia protesta contra mapa chinês que reivindica território indiano

Nova Deli formalizou um protesto contra um novo mapa chinês que reivindica território indiano, disse ontem fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia, aumentando a tensão diplomática face ao impasse militar entre as duas nações.

O momento do protesto é significativo, uma vez que o Presidente chinês, Xi Jinping, deve participar na cimeira dos países industrializados e em desenvolvimento (G20), agendada para Nova Deli, na próxima semana.

“Rejeitamos estas alegações porque não têm qualquer fundamento. Estas medidas da parte chinesa apenas complicam a resolução da questão da fronteira”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Arindam Bagchi, em comunicado.

Bagchi afirmou que o protesto formal foi apresentado na terça-feira, através dos canais diplomáticos, face ao mapa publicado no ‘site’ do Ministério dos Recursos Naturais chinês.

No mapa, é possível observar que Arunachal Pradesh e o planalto de Doklam, estão incluídos nas fronteiras chinesas, juntamente com Aksai Chin na secção ocidental, que a China controla, mas que a Índia ainda reivindica.

O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Jaishankar Subhramanyam, também rejeitou a reivindicação da China numa entrevista televisiva na terça-feira à noite. “Fazer reivindicações absurdas sobre o território da Índia não o torna território da China”, afirmou.

Na semana passada, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, falou informalmente com Xi, à margem da cimeira dos BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], em Joanesburgo, onde Modi sublinhou as preocupações de Nova Deli sobre as questões fronteiriças não resolvidas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia informou que os dois líderes concordaram em intensificar os esforços para diminuir as tensões na fronteira disputada entre os dois países e trazer para casa milhares das tropas destacadas na região.

Fronteiras da paz

“As duas partes devem ter em mente os interesses globais das relações bilaterais e tratar adequadamente a questão da fronteira, de modo a salvaguardar conjuntamente a paz e a tranquilidade na região fronteiriça”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, após a reunião dos dois líderes.

Os comandantes militares indianos e chineses reuniram-se, no início deste mês, num aparente esforço para estabilizar a situação. Uma fronteira, designada por “Linha de Controlo Real”, separa os territórios detidos pela China e pela Índia, desde Ladakh, a oeste, até ao estado indiano de Arunachal Pradesh, a leste, que Pequim reivindica na totalidade.

A Índia e a China travaram uma guerra sobre a fronteira em 1962. A China reivindica cerca de 90 mil quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, incluindo Arunachal Pradesh.

Nova Deli afirma que a China ocupa 38 mil quilómetros quadrados do território no planalto de Aksai Chin, que a Índia considera parte de Ladakh, onde decorre o actual conflito.

30 Ago 2023

Fronteira | Pequim e Nova Deli intensificam esforços para reduzir tensões

Modi e Xi encontraram-se à margem cimeira dos BRICS, em Joanesburgo, para debater a questão dos conflitos fronteiriços. Do encontro, resultaram indicações para que ambos os lados intensifiquem os esforços para evitar conflitos

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o Presidente chinês, Xi Jinping, concordaram na quinta-feira em intensificar esforços para reduzir tensões na fronteira disputada entre os dois países, que resultaram em sangrentos confrontos em 2020.

Segundo o secretário para os Negócios Estrangeiros da Índia, Vinay Mohan Kwatra, Modi e Xi reuniram-se à margem da cimeira do bloco de economias emergentes BRICS, em Joanesburgo.

Durante a reunião, Modi apontou a Xi Jinping as preocupações da Índia com questões fronteiriças não resolvidas.

A fronteira disputada levou a um impasse de três anos entre dezenas de milhares de soldados indianos e chineses na área de Ladakh. Uma luta com paus e pedras na região resultou na morte de 20 soldados indianos e de quatro chineses.

Kwatra disse que os dois líderes concordaram em intensificar esforços, mas não detalhou qual foi a resposta de Xi às preocupações expressas por Modi, nem elaborou detalhes sobre a posição do primeiro-ministro indiano.

Segundo um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros da China difundido pela embaixada chinesa em Nova Deli, Xi sublinhou que a melhoria das relações entre China e Índia serve os interesses comuns dos dois países e é relevante para a paz, estabilidade e desenvolvimento do mundo e da região.

“Os dois lados devem ter atenção aos interesses gerais da relação bilateral e lidar adequadamente com a questão fronteiriça, de modo a salvaguardar conjuntamente a paz e a tranquilidade na região”, afirmou.

Luta territorial

Os comandantes militares indianos e chineses reuniram-se na semana passada num aparente esforço para estabilizar a situação. Uma Linha de Controlo Real separa os territórios controlados pela China e pela Índia, desde Ladakh, no oeste, até ao estado de Arunachal Pradesh, no leste da Índia, que a China reivindica na totalidade.

A Índia e a China travaram uma guerra nas suas fronteiras em 1962. A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, incluindo Arunachal Pradesh, onde a população é maioritariamente budista.

A Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados do seu território no planalto de Aksai Chin, que a Índia considera parte de Ladakh, onde os dois países reforçaram as suas posições militares.

Índia e China retiraram tropas de algumas áreas nas margens norte e sul de Pangong Tso, Gogra e Galwan Valley, mas continuam a manter tropas extra, como parte de uma implantação de vários níveis.

Em Abril, o ministro de Defesa da Índia acusou a China de corroer “toda a base” dos laços entre os dois países ao violar acordos bilaterais, durante conversas com o seu homólogo chinês, o general Li Shangfu.

28 Ago 2023

Índia | Terminam buscas por dezenas de desaparecidos

Centenas de socorristas deram ontem por encerradas as buscas, que decorreram durante quatro dias, por dezenas de pessoas desaparecidas, depois um enorme deslizamento de terras provocado por chuvas, numa aldeia no oeste da Índia.

As equipas de resgate recuperaram, nos primeiros dois dias de buscas, os corpos de 27 pessoas que morreram no deslizamento de terras, que ocorreu na quarta-feira à noite na aldeia de Irshalwadi, localizada a quase 80 quilómetros de Mumbai, a capital do estado de Maharashtra.

O governo estadual e a agência nacional de socorro decidiram ontem encerrar as operações de busca, por entenderem que não há esperança de encontrar sobreviventes, quando continuam desaparecidas 78 pessoas, Deepak Avadh, responsável da força nacional de resposta a desastres.

Pelo menos 17 das 48 casas da aldeia foram total ou parcialmente soterradas pelos escombros, disseram as autoridades.

Entre os mortos, estão quatro crianças, segundo a agência de notícias Press Trust of India, acrescentando que 75 pessoas foram resgatadas com vida, quatro delas encontrando-se hospitalizados.

Chuvas recordes de monções mataram mais de 100 pessoas no norte da Índia nas últimas três semanas, disseram as autoridades, com a força das águas a causar a queda de pontes e estradas e o colapso de casas.

A Índia sofre regularmente inundações severas durante a temporada de monções, entre Junho e Setembro, que os cientistas dizem que estão a tornar-se mais erráticas por causa das mudanças climáticas, levando a deslizamentos de terra frequentes e inundações repentinas.

25 Jul 2023

Índia | Modi condena agressões a mulheres forçadas a desfilar nuas

O primeiro-ministro indiano quebrou mais de dois meses de silêncio sobre os confrontos étnicos mortais no nordeste da Índia, dizendo que as agressões a duas mulheres forçadas a desfilar nuas por uma multidão no estado de Manipur eram imperdoáveis.

Um vídeo dos ataques provocou uma indignação massiva e tornou-se viral na quarta-feira, apesar de a Internet ter sido amplamente bloqueada e de ter sido travado o acesso aos jornalistas. As imagens mostram duas mulheres nuas cercadas por dezenas de rapazes, que lhes apalpam os órgãos genitais e as arrastam para um campo.

“Os culpados não serão poupados. O que aconteceu com as filhas de Manipur nunca pode ser perdoado”, disse Narenda Modi aos jornalistas, antes de uma sessão parlamentar, naquele que foi o seu primeiro comentário público sobre o conflito em Manipur desde que os confrontos começaram, em Maio passado.

O chefe do governo de Manipur, Biren Singh, disse ontem, por sua vez, no Twitter, que “a polícia entrou em acção e fez a primeira detenção hoje (ontem) de manhã”.

“Uma investigação minuciosa está em andamento e garantiremos que serão tomadas medidas contra todos os perpetradores, incluindo a possibilidade de pena capital. Na nossa sociedade não há lugar para actos hediondos”, disse Singh.

Revolta total

O incidente suscitou uma onda de indignação, tanto entre partidos políticos e organizações da sociedade civil, como no mais alto órgão judicial do país.

O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, D.Y. Chandrachud, afirmou ontem que o incidente é “simplesmente inaceitável” e que o tribunal vai agir “se o Governo não o fizer”, segundo declarações recolhidas pelo jornal Indian Express.

De acordo com a polícia de Manipur, o incidente ocorreu no dia 4 de Maio, no distrito de Thoubal, e as duas mulheres forçadas a desfilar nuas pertencem à comunidade tribal Kuki-Zomi, segundo um comunicado do Fórum de Líderes Tribais Indígenas (ITLF).

Aquele estado do nordeste foi invadido por uma onda de violência étnica, que eclodiu a 3 de Maio, quando uma marcha de jovens de maioria Kukis, tribos concentradas principalmente em áreas montanhosas, protestou contra um pedido judicial para classificar a maioria Meitei, que reside no vale do estado, como “tribais”, condição que lhes permitiria espalhar-se pelas montanhas e ter acesso a postos do governo.

A situação deu origem a um conflito entre os dois grupos tribais, que provocou 142 mortos, segundo dados do governo. Mais de 50.000 pessoas foram deslocadas pela violência e, até o momento, os esforços das autoridades para mediar o conflito não foram suficientes para acabar com os confrontos.

21 Jul 2023

Índia | Amazon investe 24 mil ME até 2030

A empresa norte-americana reforça a sua posição no país dando seguimento ao investimento de 12.700 milhões de dólares até 2030 anunciado a 18 de Maio pelo maior provedor de serviços de computação em nuvem do mundo, a Amazon Web Services.
O director executivo da Amazon comprometeu-se a aumentar os investimentos da gigante norte-americana na Índia para 26.000 milhões de dólares até 2030, durante um encontro com o primeiro-ministro indiano na sexta-feira.
De acordo com um comunicado divulgado sábado pelo gabinete do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o governante e Andrew R. Jassy “mantiveram conversações sobre a área do comércio electrónico” e “discutiram o potencial de uma maior colaboração com a Amazon no sector logístico na Índia”.
Por sua vez, o presidente executivo da Amazon avançou na rede social Twitter que, durante a reunião, foi discutido “o compromisso da Amazon de investir 26.000 milhões de dólares na Índia até 2030”.
“Trabalhando juntos, apoiaremos as novas empresas, criaremos empregos, possibilitaremos exportações e capacitaremos pessoas e pequenas empresas para competirem globalmente”, acrescentou Jassy.
Os esforços da Amazon para fortalecer a sua presença no país asiático seguem-se ao investimento de 12.700 milhões de dólares até 2030 anunciado a 18 de Maio pelo maior provedor de serviços de computação em nuvem do mundo, a Amazon Web Services (AWS).
Ao interesse da Amazon em investir na Índia somam-se outras oportunidades de crescimento exploradas por Modi durante a sua visita aos EUA, onde manteve reuniões com o presidente executivo (CEO) da Google, o empresário indo-americano Sundar Pichai, o director executivo da Boeing, David L. Calhoun, e o fundador da Tesla e actual dono do Twitter, Elon Musk.

Agenda preenchida
O primeiro-ministro indiano terminou sábado a visita de Estado de quatro dias aos EUA, durante a qual se reuniu com o Presidente Joe Biden, participou num jantar na Casa Branca, interveio uma sessão conjunta do Congresso dos EUA e manteve encontros com mais de duas dezenas de líderes e empresários, incluindo economistas, académicos e especialistas em saúde.
Narendra Modi seguiu para o Egipto, onde se encontrou com o Presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi.

26 Jun 2023

Índia | Circulação retomada após acidente ferroviário que matou 275 pessoas

Os comboios voltaram ontem a circular no troço onde aconteceu na sexta-feira o pior acidente ferroviário na Índia deste século, que causou a morte 275 pessoas e deixou mais de mil feridos.

“A circulação foi retomada em ambas as linhas ferroviárias 51 horas após o descarrilamento”, disse o Ministério dos Caminhos de Ferro na rede social Twitter, partilhando imagens de vários comboios a saírem de uma estação de noite, na presença de funcionários e trabalhadores.

O restabelecimento da circulação surge após a retirada dos escombros dos 21 vagões descarrilados no acidente, que durou mais de um dia, após a conclusão da missão de busca e resgate das vítimas, disse o ministério.

De acordo com o último balanço do departamento de saúde do estado de Odisha, no leste da Índia, além dos 275 mortos já contabilizados, o desastre fez 1.175 feridos, dos quais 344 ainda estão hospitalizados.

O acidente terá sido provocado por um erro no sistema de sinalização, levando um dos três comboios envolvidos (dois deles de passageiros), a mudar de linha, disse no domingo o ministro da Ferrovia, Ashwini Vaishnaw.

“Quem fez isto e quais as razões é algo que vai ser apurado durante a investigação”, afirmou o ministro numa entrevista ao canal de televisão de Nova Deli, citado pela AP.

A agência de notícias Press Trust of Índia (PTI) já tinha avançado que as investigações preliminares indicam que o sinal dado ao comboio Coromandel Express para entrar na linha principal tinha depois sido retirado.

O comboio entrou numa outra linha, conhecida como linha circular, colidindo com um comboio de mercadorias que ali se encontrava estacionado, segundo a PTI.

Dez a 12 vagões do comboio descarrilaram e os destroços de alguns dos vagões caíram num trilho próximo.

Esses destroços atingiram outro comboio de passageiros, que viajava na direcção oposta. Um terceiro comboio de carga também esteve envolvido no acidente.

6 Jun 2023

Acidente ferroviário na Índia faz pelo menos mortos 280 mortos

Um acidente ferroviário no leste da Índia, que envolveu na sexta-feira dois comboios de passageiros, fez pelo menos 280 mortos e cerca de 900 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades.

Pelo menos 280 corpos foram recuperados entre a noite de sexta-feira e a manhã de domingo, disse à agência de notícias Associated Press (AP) o responsável dos bombeiros do estado de Odisha.

Sudhanshu Sarangi notou ainda que mais de 800 passageiros feridos, muitos deles em estado crítico, foram transferidos para vários hospitais. As equipas de resgate continuam a tentar aceder aos vagões destruídos à procura de passageiros que tenham ficado presos. De acordo com Sarangi, as hipóteses de encontrarem sobreviventes são reduzidas.

“Por volta das 22:00 locais de sexta-feira, conseguimos resgatar os sobreviventes. Depois disso, tratou-se de recolher os cadáveres”, disse. “Isto é muito, muito trágico. Nunca vi nada assim na minha carreira”, acrescentou.

O acidente, de acordo com o relato das agências internacionais de notícias, ocorreu às 19:20 locais, perto de uma estação na localidade de Bahanaga, a 1.600 quilómetros a nordeste da capital Nova Deli.

Imagens transmitidas pelas estações televisivas mostram carruagens completamente destruídas e amontoados de metal no local da tragédia.

Dez a 12 vagões de um comboio descarrilaram e os destroços de alguns dos vagões caíram num trilho próximo, explicou o porta-voz da Indian Railways, Amitabh Sharma. Esses destroços, acrescentou o responsável, foram, por sua vez, atingidos por um outro comboio de passageiros, que viajava na direcção oposta.

Um terceiro comboio de carga esteve também envolvido no acidente.

Um dos sobreviventes contou aos jornalistas que estava a dormir quando ocorreu o desastre e que, quando acordou, estava por cima de uma dúzia de outros passageiros.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, manifestou através das redes sociais estar “angustiado” com a tragédia. O ministro das Ferrovias, Ashwini Vaishnaw garantiu que “a Força Aérea” está “mobilizada”.

Historial trágico

A Índia registou no passado outros desastres ferroviários, embora a segurança tenha melhorado significativamente nos últimos anos, graças a novos investimentos maciços e actualizações tecnológicas.

Este país tem a quarta maior rede ferroviária, a seguir aos Estados Unidos, Rússia e China, com cerca de 68 mil quilómetros, mais de 21 mil comboios e 7.349 estações, transportando diariamente 23 milhões de passageiros.

O acidente ferroviário mais mortal na Índia ocorreu em 06 de Junho de 1981 quando, no Estado de Bihar (leste), sete carruagens de um comboio que atravessava uma ponte caíram num rio, o que causou entre 800 e 1.000 mortos.

O acidente de sexta-feira é o pior ocorrido em caminhos-de-ferro da Índia desde que um comboio abalroou fiéis reunidos num festival hindu no Estado de Punjab, no norte, em 19 de Outubro de 2018, resultando em 60 mortos e 90 feridos.

Desde o início do século, treze acidentes ferroviários, incluindo pelo menos três causados por ataques, fizeram cada um mais de 50 mortes.

4 Jun 2023

Índia | Pelo menos 27 mortos por consumo de álcool adulterado

Pelo menos 27 pessoas morreram devido ao consumo de álcool adulterado no estado indiano de Bihar (leste), onde vigora a proibição total de venda de bebidas alcoólicas desde 2016, anunciaram ontem as autoridades. A polícia indiana registou 27 mortes no distrito de Champaran Leste, nove casos estão sob avaliação e pelo menos 20 pessoas estão internadas em estado grave.

As forças de segurança detiveram 174 pessoas no decorrer das investigações e foram tomadas medidas disciplinares contra vários indivíduos. As autoridades apreenderam mais de 1.700 litros de bebidas alcoólicas caseiras e 2.200 litros de produtos químicos utilizados no fabrico das bebidas, cujo consumo continua a ser frequente apesar da proibição em vigor.

Centenas de pessoas morrem todos os anos na Índia por consumirem álcool adulterado, mais barato do que o álcool produzido comercialmente, mas que pode muitas vezes levar a envenenamento. Dos estimados cinco mil milhões de litros de álcool consumidos anualmente no país, cerca de 40 por cento são produzidos ilegalmente, de acordo com a Associação Internacional do Vinho e das Bebidas Espirituosas da Índia.

As bebidas alcoólicas ilegais são frequentemente adulteradas com metanol para aumentar o teor alcoólico. Se ingerido, o metanol pode causar cegueira, danos hepáticos e morte.

18 Abr 2023

Governo da Índia declara formalmente oposição a casamentos homossexuais

O Governo da Índia manifestou ontem a sua oposição ao casamento homossexual, numa declaração lida perante o Supremo Tribunal, numa altura em que o tribunal avalia várias petições sobre a validação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

“O reconhecimento legal do matrimónio limitado ao casamento, união ou relação como de natureza heterossexual é a norma ao longo da história e é o fundamento tanto para a existência, como para a continuidade do Estado”, sustenta o Governo na declaração, de acordo com o meio especializado LiveLaw, citado pela agência espanhola de notícias, a Efe.

Depois de várias petições que procuravam que o direito a se casar livremente com qualquer pessoa também se estendesse a cidadãos LGBTI, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, D.Y. Chandrachud, convidou o Governo indiano, em novembro, para clarificar a posição sobre este tema.

A posição oficial do Governo é oposta à que deputados do partido que sustenta o Executivo, o Bharatiya Janata (BJP), haviam deixado claro perante o Parlamento em várias ocasiões, mas até ao momento não tinha havido uma resposta formal por parte do Governo perante o Supremo.

“Viver juntos como casal e ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo não é compatível com o conceito de unidade familiar indiana de um marido, uma mulher e filhos”, disse o Governo na sua declaração.

Criticando a possibilidade de uma “interpretação judicial” perturbar ou diluir esta ideia, o Governo indiano insiste que a união de pessoas de sexos diferentes é a que está “social, cultural e legalmente consagrada no próprio conceito de casamento”.

Para além disso, argumentou ainda que, apesar de este tipo de união não ser ilegal, “não existe um direito que exija que estas associações devam necessariamente ser reconhecidas legalmente pelo Estado”.

O casamento entre pessoas do mesmo sexo chegou ao Supremo depois de várias instâncias inferiores, e o Governo indiano já se tinha oposto a este tipo de uniões no ano passado perante o Tribunal Supremo de Nova Deli, reutilizando a ideia de que os dois tipos de uniões não são compatíveis com o “conceito de unidade familiar indiana”.

13 Mar 2023

Índia testa hospitais para possível nova onda de covid-19

A Índia realizou ontem simulacros nos hospitais relacionados com a covid-19 para testar a sua capacidade de resposta no caso de surgir uma nova onda de infecções, quando as autoridades de saúde alertam para um possível aumento de contaminações pelo SARS-CoV-2 nos próximos dias.

“Estamos a realizar simulacros em hospitais de todo o país que trataram pacientes com a covid-19, para que todas as instituições de saúde estejam preparadas caso os casos aumentem”, disse ontem o ministro da Saúde indiano, Manshukh Mandaviya, aos jornalistas à entrada do Hospital Safdarjung, em Nova Deli.

“É crítico porque os casos de covid-19 devem aumentar nos próximos dias”, acrescentou.
Durante o teste, as autoridades de saúde avaliaram de perto os recursos dos hospitais, como a disponibilidade de ventiladores ou oxigénio medicinal, ou ainda a existência de um número suficiente de camas para atender os doentes no caso de ocorrer um aumento de casos da doença.

Com isso, pretendem evitar que se repitam as dramáticas imagens de hospitais e crematórios saturados que se verificaram durante a segunda vaga da covid-19 que afectou o país em 2021 e que atingiu o seu pico em meados de Maio, quando se registaram mais de 400 mil infecções e 4.000 mortes por dia como resultado de um sistema de saúde saturado.

Apesar do facto de as infecções pelo SARS-CoV-2 no país serem agora muito menores, à volta de 200 infecções diárias nas últimas semanas, o aumento alarmante de casos experimentados por outros países, incluindo a vizinha China, levou o Governo indiano a tomar medidas extremas de precaução para evitar a entrada e propagação do vírus no seu território.

“Visto o surto da covid-19 [em todo o mundo], o primeiro-ministro [indiano, Narendra Modi] pediu que continuássemos vigilantes e preparados para que a doença não se espalhasse na Índia ou os casos aumentassem”, explicou Mandaviya.

Nesse sentido, as autoridades do estado de Karnataka, no sul, impuseram esta semana o uso de máscaras em espaços fechados, como teatros e cinemas, e proibiram que todas as festas para comemorar o fim de ano durem além da 01:00.

Lição estudada

A nível nacional, a Índia reintroduziu na semana passada verificações aleatórias nos aeroportos a 2 por cento dos viajantes internacionais que entram no país, anunciando que realizariam um PCR obrigatório em todos os passageiros provenientes da China, Japão, Coreia do Sul, Hong Kong e Tailândia, todos territórios com maior incidência do vírus, à chegada.

Além disso, o Governo pediu em carta dirigida a todos os estados que enviem “amostras de todos os casos positivos” aos laboratórios de sequenciação do genoma para rastrear as mutações do vírus e impedir a entrada de novas variantes.

A Índia foi um dos países mais afectados durante a pandemia, contabilizando mais de 44 milhões de casos desde o início da emergência sanitária e mais de 530.000 mortes oficiais, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimar que o número de mortes neste país pode chegar a 4,7 milhões de pessoas.

28 Dez 2022

Secretário-geral da ONU critica histórico dos direitos humanos na Índia

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou hoje o histórico dos direitos humanos da Índia, que, segundo observadores, regrediu durante o mandato do primeiro-ministro nacionalista hindu, Narendra Modi.

“Como membro eleito do Conselho de Direitos Humanos, a Índia tem a responsabilidade de respeitar os direitos humanos em todo o mundo e de proteger e promover os direitos de todos os indivíduos, incluindo membros de comunidades minoritárias”, disse Guterres durante um discurso em Mumbai.

Saudando o desenvolvimento da Índia desde a sua independência do Reino Unido em 1947, o responsável da ONU, no entanto, lamentou que a noção da “diversidade ser uma riqueza” não esteja a “ser garantida” no país.

Este pensamento, segundo o secretário-geral da ONU, deve “ser nutrido, fortalecido e renovado a cada dia”.

Os ativistas dos direitos humanos dizem que desde que Narendra Modi chegou ao poder em 2014 num país de maioria hindu e com cerca de 1,4 mil milhões pessoas, houve um aumento da perseguição e do discurso de ódio contra minorias religiosas.

A minoria muçulmana foi particularmente atingida na parte indiana da Caxemira, desde que o Governo de Modi impôs a sua autoridade direta na região em 2019.

A pressão também aumentou sobre críticos do Governo e jornalistas, especialmente mulheres jornalistas, que estão a ser violentamente assediadas na internet.

A Índia deve “proteger os direitos e liberdades de jornalistas, dos ativistas de direitos humanos, de estudantes e de académicos” e garantir “a manutenção da independência do sistema judicial indiano”, declarou ainda António Guterres.

“A voz da Índia no cenário mundial só pode ganhar autoridade e credibilidade a partir de um forte compromisso com a inclusão e o respeito pelos direitos humanos no país”, disse.

Guterres enfatizou que “muito ainda precisa ser feito para promover a igualdade de género e os direitos das mulheres”. “Peço aos indianos que sejam vigilantes e invistam mais em comunidades e sociedades inclusivas, pluralistas e diversas”, afirmou o secretário-geral da ONU.

Em fevereiro, especialistas em direitos humanos da ONU pediram o fim dos ataques “misóginos e sectários” na internet contra uma jornalista muçulmana que criticou fortemente o primeiro-ministro Modi.

Os Repórteres Sem Fronteiras classificaram a Índia no 142.º lugar do seu índice mundial de liberdade de imprensa, sublinhando que está a “aumentar a pressão sobre os meios de comunicação para seguir a linha do Governo nacionalista hindu”.

19 Out 2022

7º Fórum Económico do Oriente | Pequim e Moscovo reforçam cooperação

As políticas hegemónicas dos EUA e as sanções europeias aproximaram, de forma dramática, a China e a Rússia que, durante o 7º Fórum Económico do Oriente, revelaram ter aumentado em mais de 50% o seu volume de negócios. Um mundo multipolar e a “desdolarização” da economia global são pontos altos na agenda

 

A China irá reforçar a cooperação com a Rússia e trabalhar em conjunto com outros membros da comunidade internacional para impulsionar a multipolarização do mundo, afirmaram peritos chineses, no 7º Fórum Económico Oriental (FEO) que decorre em Vladivostok, Rússia. A Rússia também criticou duramente as sanções ocidentais por causa da crise da Ucrânia, uma vez que “causaram grandes danos a toda a gente em todo o mundo, incluindo ao seu próprio povo no Ocidente”.

O Presidente russo Vladimir Putin afirmou na quarta-feira no fórum que “o Ocidente está a falhar, o futuro está na Ásia. As nações ocidentais estão a prejudicar toda a gente, incluindo o seu próprio povo, numa tentativa de preservar o domínio global que está a escorregar das suas mãos”, observou Putin. O presidente russo disse também que os esforços para isolar a Rússia foram em vão, fazendo a Rússia voltar-se em direcção à Ásia.

O desenrolar da crise económica global foi desencadeado por “elites ocidentais, que não reconhecem, ou mesmo não podem reconhecer, factos objetivos sobre as mudanças globais”, disse ainda o presidente russo.

Os líderes dos EUA e seus aliados procuram preservar “a ordem mundial que só os beneficia, forçando todos a viver sob as regras, que eles inventaram e que eles quebram regularmente e mudam constantemente, dependendo da situação”, observou Putin.

Face à oposição de nações que não se querem vergar à sua vontade, os EUA e os seus aliados “atacam” e tomam decisões míopes que prejudicam não só os dissidentes, mas também as suas próprias nações, declarou Putin, referindo-se a um “crescente afastamento” das elites ocidentais do povo comum.

Presença chinesa

A China enviou ao FEO a maior delegação, com 205 representantes, entre os quais Li Zhanshu, presidente do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, que participou na sessão plenária do FEO na quarta-feira.

Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade de Renmin, disse na quarta-feira que “sob os enormes impactos provocados pelas sanções e pela grande estratégia de competição de poder lançada pelos EUA e os seus aliados ocidentais, a necessidade e importância da cooperação China-Rússia está a aumentar, e os dois países terão de trabalhar em conjunto para salvaguardar e reformar a ordem internacional, enquanto os EUA estão a tentar quebrar e remodelar uma para servir a sua hegemonia”.

Um perito em relações internacionais baseado em Pequim, que pediu anonimato, disse que os EUA estão descontentes com a actual ordem internacional e globalização, uma vez que as elites de Washington acreditam que a actual ordem só beneficia as potências em ascensão, especialmente a China, enquanto enfraquece a hegemonia dos EUA, pelo que está a utilizar problemas regionais como a crise da Ucrânia e a tensão do Estreito de Taiwan para mobilizar os seus aliados e servir a estratégia dos EUA de conter a China e a Rússia, mas tem subestimado a resistência e a força dos seus concorrentes.

“Mais importante ainda, ignorou os danos causados às pessoas em todo o mundo, como a terrível crise energética e alimentar, o que faz com que cada vez mais países se apercebam do perigo, incerteza e risco de uma ordem dominada pelos EUA, ou de um mundo unipolar. E é por isso que o tema do FEO este ano é “a caminho de um mundo multipolar”. Isto tem reflectido um consenso partilhado por cada vez mais países em todo o mundo”, observou o perito.

Desdolarização, multipolarização

Putin disse que a Rússia está a abandonar a utilização do dólar americano e da libra esterlina, uma vez que “os EUA minaram os alicerces do sistema económico mundial e as duas moedas perderam assim credibilidade”. O produtor russo de gás natural Gazprom e o maior produtor de petróleo chinês CNPC passarão a efectuar pagamentos em rublos e yuans para o fornecimento de gás à China, informou a TASS na terça-feira. Myanmar anunciou também na quarta-feira que está a comprar produtos petrolíferos russos em rublos.

Especialistas disseram que a mudança por parte das empresas energéticas russas e chinesas, quando totalmente implementada, irá retirar uma grande parte do comércio internacional de energia do sistema de pagamento internacional baseado no dólar.

Além disso, o ambiente actual, com os países do Grupo dos Sete (G7) a tentar limitar o preço das exportações petrolíferas russas e uma mudança temporária no cabaz energético global para combustíveis fósseis, está previsto um aumento das importações de energia russa por parte da China, disse Jin Lei, professor da Universidade do Petróleo da China.

Cooperação de grande sucesso

A China é o principal investidor e o maior parceiro comercial do Extremo Oriente russo. Em 2021, o comércio com a região cresceu 28% para 14 mil milhões de dólares, e 54 projectos de investimento chinês, com um investimento total de 14,7 mil milhões de dólares, foram utilizados em infra-estruturas, energia, agricultura ou sectores relacionados com a rota marítima do Árctico.

Alex Cao, um empresário chinês participante no fórum, disse que o FEO reúne os chefes de quase todas as grandes empresas russas e é uma plataforma importante para a sua empresa desenvolver laços comerciais.

Devido ao aumento da cooperação financeira entre a China e a Rússia no contexto actual, Cao tenciona assinar uma série de acordos financeiros com bancos russos para alimentar o desenvolvimento da sua empresa agrícola.

A cooperação financeira bilateral tem registado progressos nos últimos meses à medida que a utilização do yuan continua a expandir-se na Rússia. Grandes empresas russas, incluindo a maior mineradora de ouro russo PJSC Polyus e a empresa russa de alumínio Rusal emitiram obrigações denominadas em yuans no mercado russo, à medida que os actores do mercado russo exploram o yuan como uma alternativa ao dólar americano e ao euro.

O comércio da China com a Rússia aumentou 31,4% de Janeiro a Agosto para 117,2 mil milhões de dólares, dados da Administração Geral das Alfândegas da China divulgados na quarta-feira. As importações da China da Rússia aumentaram 50,7 por cento, atingindo 72,95 mil milhões de dólares durante o período referido.

O Ministro do Desenvolvimento Económico russo Maxim Reshetnikov disse aos jornalistas que se espera que o comércio entre os dois países atinja um máximo histórico de 170 mil milhões de dólares até ao final do ano, no bom caminho para atingir o objectivo declarado de aumentar o volume de negócios comerciais para 200 mil milhões de dólares até 2024.

O ministro russo acrescentou que estes números são a confirmação do trabalho conjunto entre a Rússia e a China em muitas áreas, incluindo a resolução de problemas de exportação e importação e a garantia do fornecimento ininterrupto de mercadorias e da circulação sem entraves de mercadorias através de postos de controlo fronteiriços, apesar das actuais restrições da COVID.

A pressão das sanções ocidentais obrigou a Rússia a intensificar os seus esforços para lançar novas fábricas e empresas, disse Evgeny Markin, director executivo do Conselho Empresarial Russo-Chinês . Os projectos conjuntos na esfera da construção de novas fábricas e empresas estão entre as áreas mais importantes, disse Markin. Um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse na quarta-feira que a Rússia e a China estão a explorar 79 negócios que poderão ascender a um montante total de 160 mil milhões de dólares. O funcionário disse que “a Rússia acolhe favoravelmente os investimentos da China, ao contrário dos EUA, que tratam tais investimentos de uma forma duvidosa e hostil”.

O FEO já assistiu ao registo de mais de 150 negócios no valor de 1,53 biliões de rublos. O fórum foi estabelecido pelo decreto do Presidente Putin em 2015 para apoiar o desenvolvimento económico do Extremo Oriente russo e para expandir a cooperação internacional na região Ásia-Pacífico.

 

Narendra Modi quer mais trocas de bens, serviços e pessoas

O Primeiro-Ministro indiano Narendra Modi apelou na quarta-feira para o reforço da parceria da Índia com a Rússia, afirmando que o país apoia todos os esforços pacíficos para pôr fim à crise da Ucrânia. No seu discurso online no Fórum Económico Oriental, na presença de Vladimir Putin, Modi afirmou que a Índia tem vindo a enfatizar a necessidade de adoptar a via da diplomacia e do diálogo desde o início do conflito na Ucrânia. “Apoiamos todos os esforços pacíficos para pôr fim a este conflito”, disse o primeiro-ministro.

Modi disse também que a Rússia pode tornar-se um parceiro importante para a indústria siderúrgica indiana através do fornecimento de carvão e que havia margem para uma boa cooperação e mobilidade de especialistas.

“Os especialistas indianos têm contribuído para o desenvolvimento de muitas regiões do mundo. Acredito que o talento e o profissionalismo dos indianos podem trazer um rápido desenvolvimento no Extremo Oriente russo”, acrescentou.

Referindo-se à antiga doutrina da Índia “Vasudhaiva Kutumbakam”, Modi disse: “ensinou-nos a ver o mundo como uma família e, no mundo globalizado de hoje, os acontecimentos numa parte do mundo criam um impacto global”.

“O conflito na Ucrânia e a pandemia da COVID têm tido um grande impacto nas cadeias de abastecimento globais. A escassez de grãos alimentares, fertilizantes e combustíveis é uma grande preocupação para os países em desenvolvimento. Desde o início do conflito na Ucrânia, temos salientado a necessidade de seguir o caminho da diplomacia e do diálogo”, afirmou. Apelando a esforços pacíficos para pôr fim ao conflito, Modi disse que a Índia também se congratula com o recente acordo relativo à exportação segura de cereais e fertilizantes.

Recordando a sua participação física na cimeira do fórum em 2019, Modi disse que a Índia tinha anunciado a sua política “Act Far-East” nessa altura e, como resultado disso, a cooperação da Índia com o Extremo Oriente russo aumentou em vários campos. “Esta política tornou-se agora um pilar fundamental da ‘Parceria Estratégica Especial e Privilegiada’ entre a Índia e a Rússia”, acrescentou.

“Este mês, 30 anos estão a ser completados desde a criação do Consulado da Índia em Vladivostok. A Índia foi o primeiro país a abrir um consulado nesta cidade. Desde então, esta cidade tem sido testemunha de muitos marcos na nossa relação”, acrescentou ele. Modi disse ainda que o fórum, estabelecido em 2015, tornou-se um importante fórum global para a cooperação internacional no desenvolvimento do Extremo Oriente russo. “Por isto, aprecio a visão do Presidente Putin e também o felicito”, disse ele.

Ao falar sobre o Corredor Internacional Norte-Sul, o Corredor Marítimo Chennai-Vladivostok e a Rota do Mar do Norte, Modi disse: “A conectividade desempenhará um papel importante no desenvolvimento das nossas relações no futuro”. “A Índia está interessada em reforçar a sua parceria com a Rússia em questões relacionadas com o Árctico. Existe também um imenso potencial de cooperação no domínio da energia. Juntamente com a energia, a Índia também tem feito investimentos significativos no Extremo Oriente russo nas áreas da farmácia e dos diamantes”, concluiu.

9 Set 2022