China / Austrália | Relações cimentadas após anos de tensões

A viagem do ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, a Camberra visou restaurar os laços de cooperação afectados por várias disputas nos últimos anos

 

Os chefes da diplomacia da Austrália e da China reforçaram ontem as relações bilaterais, apesar de anos de tensão e divergências sobre a região do Indo-Pacífico, comércio e direitos humanos.

“Através dos esforços de ambas as partes, a China e a Austrália quebraram o gelo e estão a navegar juntas novamente, e os intercâmbios e a cooperação em muitos domínios foram gradualmente restaurados”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, em comunicado.

Wang, o primeiro responsável da diplomacia chinesa a visitar o território australiano desde 2017, participou no sétimo Diálogo Estratégico Austrália-China, em Camberra, no âmbito das medidas de normalização das relações bilaterais, enquadradas num contexto de competição na região do Indo-Pacífico entre Pequim e Washington, parceiro do país oceânico.

“Cada vez que nos encontramos, a confiança mútua é reforçada e as relações China-Austrália avançam. A comunicação estratégica é positiva e um passo em frente para dissipar dúvidas e construir confiança”, considerou Wang.

No final do encontro, a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana disse que as conversações se centraram nos australianos detidos na China, nos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang, no Tibete e em Hong Kong, na segurança marítima e regional, na invasão da Ucrânia pela Rússia e no Médio Oriente.

Penny Wong sublinhou a importância de respeitar o direito internacional no mar do Sul da China, uma zona rica em recursos e fundamental para o comércio internacional, palco de disputas territoriais entre Pequim e os países da região.

“Manifestei a nossa grande preocupação com a conduta insegura no mar, o nosso desejo de paz e estabilidade no estreito de Taiwan e na nossa região”, disse Wong, numa conferência de imprensa, no final do encontro com Wang.

O responsável chinês sublinhou que a Austrália e a China “não têm disputas ou conflitos históricos” e os “interesses comuns ultrapassam de longe as diferenças”, instando ambas as partes a respeitarem a “soberania nacional e a integridade territorial” uma da outra.

Neste contexto, Wong afirmou que Camberra procura “uma relação estável, produtiva e madura com a China”. Os dois países estão a preparar uma visita à Austrália do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, em data a divulgar.

A responsável australiana destacou ainda os passos dados pela China, o principal parceiro comercial, no levantamento das tarifas sobre vários produtos australianos impostas por Pequim em 2020, na sequência de um pedido feito pelo anterior Governo do conservador Scott Morrison de uma investigação internacional sobre a origem da covid-19.

Ponto de viragem

Pequim tem vindo a levantar as restrições comerciais a uma série de produtos e as relações bilaterais têm progredido desde que o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, no poder desde Maio de 2022, visitou a China em Novembro.

“A previsibilidade nos negócios e no comércio é do interesse de todos”, observou Wong, esperando a resolução de “questões pendentes”, como o levantamento das tarifas sobre o vinho e a lagosta australianos.

Mas uma das questões prementes para a Austrália que ficou sem resposta é a situação do escritor australiano nascido na China, Yang Hengjun, condenado à morte por um tribunal chinês, com pena suspensa, por espionagem, no mês passado. “Não abandonaremos a defesa de Yang Hengjun”, prometeu Wong. A deslocação de Wang começou no domingo na Nova Zelândia e termina na quinta-feira na Austrália.

21 Mar 2024

Viagem | MNE encontra-se com homólogo neozelandês

Wang Yi iniciou ontem uma viagem à Nova Zelândia e Austrália onde vai reunir com as autoridades dos dois países e discutir alguns temas sensíveis como as taxas alfandegárias ou a condenação à morte do australiano detido Yang Hengjun

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, reuniu-se ontem com o homólogo neozelandês, no início de uma visita àquele país e à Austrália.

O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Winston Peters, saudou Wang em Wellington, a capital da Nova Zelândia. “Desde a última vez que nos encontrámos, houve alguns desenvolvimentos significativos, nomeadamente uma pandemia global que afectou os nossos dois países”, disse Peters, nos comentários iniciais da reunião formal no parlamento da Nova Zelândia.

“Hoje é uma oportunidade valiosa para reflectir sobre os desafios e as oportunidades que se nos deparam”, observou. Wang é o político chinês de mais alto nível a visitar o país desde a sua anterior visita em 2017. A Nova Zelândia tem mantido fortes laços económicos com a China nos últimos anos, tendo sido o primeiro país desenvolvido a assinar um acordo bilateral de comércio livre com Pequim em 2008.

Durante a passagem por Wellington, Wang terá também breves reuniões com o primeiro-ministro, Christopher Luxon, e o ministro do Comércio, Todd McClay.

“A China espera trabalhar com os dois países para concretizar os entendimentos comuns entre os líderes, melhorar a comunicação estratégica, aprofundar a confiança mútua, fazer avançar os intercâmbios e a cooperação, promover o crescimento constante e sustentado das parcerias estratégicas abrangentes China – Nova Zelândia e China – Austrália e contribuir para a paz, estabilidade e prosperidade mundiais”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin.

Muito a discutir

Wang chegará a Camberra, na Austrália, na quarta-feira, para se encontrar com a homóloga Penny Wong, esperando-se que o diálogo entre os dois se centre no caso do australiano detido Yang Hengjun.

Será a primeira vez que os dois ministros dos Negócios Estrangeiros se encontrarão cara a cara desde que Yang foi considerado culpado de espionagem, na sequência de um julgamento à porta fechada, e condenado à morte com uma prorrogação de dois anos, em Fevereiro.

Também na ordem do dia estará a remoção das últimas taxas alfandegárias que foram impostas pela China em 2020. Estas são amplamente consideradas como punição contra o anterior governo australiano, que aprovou leis que proíbem a interferência estrangeira encoberta na política interna, para impedir o gigante das telecomunicações chinês Huawei de participar na construção da rede 5G da Austrália, devido a preocupações de segurança e para solicitar uma investigação independente da pandemia da covid-19.

As tarifas comerciais custaram à economia local cerca de 20 mil milhões de dólares australianos, mas desde então foram reduzidas para a maioria dos produtos.

19 Mar 2024

Análistas | Wang Yi em África e América Latina frisa aposta no Sul Global

O périplo do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês pelo continente africano e pela América Latina é visto por vários analistas como um forte sinal de apoio ao desenvolvimento do Sul Global e à construção de uma nova ordem global

 

Analistas chinesas defendem que a recente deslocação do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, a África e à América Latina, incluindo Brasil, sublinha a crescente aposta da China na relação com os países em desenvolvimento. Citados pela imprensa oficial de Pequim, os analistas sustentam que uma coordenação próxima com estas nações do Sul Global (uma referência ao conjunto de países em desenvolvimento) visa criar um cenário global “mais equilibrado e sustentável”, face às “crescentes incertezas e turbulências” que se avizinham.

No Brasil, onde reuniu com o Presidente brasileiro, Lula da Silva, na sexta-feira, Wang Yi co-presidiu, juntamente com o homólogo brasileiro, Mauro Vieira, ao quarto Diálogo Estratégico Abrangente China – Brasil.

Observando que Brasil e China estão de acordo em muitas questões importantes, Lula disse que quer trabalhar com a China para melhorar a governação global e aumentar a força e a voz dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais.

Wang e Vieira prometeram explorar as sinergias entre a Iniciativa ‘Faixa e Rota’, o gigantesco projecto de infraestruturas internacional lançado por Pequim, e o Programa de Reindustrialização do Brasil, segundo a diplomacia do país asiático.

Os dois países assinaram ainda um acordo para facilitação mútua de vistos de turismo e negócios. Durante um encontro com Celso Amorim, conselheiro do Presidente brasileiro, Wang Yi destacou o “aumento da incerteza e da instabilidade” no mundo.

Como potências emergentes independentes, China e Brasil devem, em primeiro lugar, gerir bem os seus próprios assuntos, reforçando simultaneamente a unidade e a cooperação, ancorando objectivos comuns para demonstrarem as suas responsabilidades como países importantes para se tornarem forças estabilizadoras cruciais num sistema multipolar, sublinhou o diplomata chinês.

“O fortalecimento da cooperação com os países em desenvolvimento sempre foi uma prioridade para a diplomacia chinesa e a China procura coordenar melhor a cooperação com esses países para alcançar um cenário diplomático global sustentável, saudável e equilibrado”, afirmou Jiang Shixue, professor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Xangai, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Segundo a diplomacia chinesa, todos os líderes que receberam Wang enfatizaram o respeito pelo princípio ‘Uma só China’, visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território.

“Tomando a questão de Taiwan como exemplo, a maioria dos países em desenvolvimento mantém uma postura clara e firme no princípio ‘Uma só China’, enquanto alguns países, dispostos a servir como vassalos dos EUA, procuram sempre provocar confrontos com a China sobre esta questão”, disse o professor da Universidade de Negócios Estrangeiros da China Li Haidong, citado pela imprensa oficial.

Outras paragens

A Jamaica foi a última paragem do périplo de Wang Yi. Antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês esteve no Egipto, Tunísia, Togo, Costa do Marfim e Brasil. A influência da China nos países em desenvolvimento é vista por analistas como crucial para Pequim projectar poder e interesses além-fronteiras e assegurar acesso a mercados em rápido crescimento, à medida que tenta transfigurar a ordem mundial.

Programas como a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI, na sigla em inglês) ou a ‘Faixa e Rota’ são apresentados por Pequim como iniciativas multilaterais que visam “promover o desenvolvimento” e “aliviar a pobreza” nos países em desenvolvimento.

Estas iniciativas, no entanto, são acompanhadas pela fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas, como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. O maior relacionamento entre Pequim e os países envolvidos abarca também um aumento da cooperação no ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos financeiros, visando elevar o papel internacional da moeda chinesa, o yuan.

23 Jan 2024

China e Brasil prometem fortalecer estratégias de desenvolvimento

Wang Yi, e Mauro Vieira, co-presidiram na sexta-feira ao quarto Diálogo Estratégico Abrangente China-Brasil dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, prometendo fortalecer a sinergia das estratégias de desenvolvimento e expandir a cooperação em campos emergentes

 

As relações China-Brasil resistiram ao teste de um cenário internacional em constante evolução, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, também membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China, indicou o Diário do Povo.

Desde que a China e o Brasil lançaram o diálogo estratégico abrangente, há 10 anos, a confiança mútua tornou-se mais forte, a comunicação entre os dois lados foi mais profunda e a cooperação bilateral em vários campos mostrou perspectivas mais amplas, disse Wang.

Os dois lados entendem-se e apoiam-se em questões que envolvem os seus respectivos interesses centrais e as suas principais preocupações, o que fornece uma garantia para o crescimento sólido e constante das relações China-Brasil, disse o governante.

A China sempre deu prioridade às suas relações com o Brasil na sua diplomacia geral e na sua diplomacia com a América Latina e apoia o Brasil na promoção do desenvolvimento e da revitalização nacionais, disse Wang.

A China está pronta para trabalhar com o Brasil para aproveitar o 50.º aniversário das suas relações diplomáticas como uma oportunidade para fortalecer a sinergia das estratégias de desenvolvimento, abrir novas áreas e explorar novos potenciais de cooperação, de modo a injectar novo impulso e abrir novas perspectivas para a parceria estratégica abrangente China-Brasil, acrescentou.

Em português

Vieira, por sua vez, disse que as relações Brasil-China obtiveram grande progresso, graças à sólida confiança mútua e à orientação estratégica dos dois chefes de Estado.

Descrevendo a cooperação bilateral como mutuamente benéfica, em grande escala, de alta qualidade, de rápido crescimento e abrangente, o responsável brasileiro disse que ela forneceu apoio vital para o desenvolvimento de ambos os países e trouxe benefícios tangíveis para os dois povos, indicou a publicação estatal.

O Brasil preza as suas relações com a China, permanece comprometido com o princípio de Uma Só China e espera aprofundar a cooperação em vários campos, de modo a elevar as relações Brasil-China a novos patamares, disse Vieira. As duas partes tiveram uma comunicação aprofundada e chegaram a um amplo consenso sobre cooperação prática, situação internacional, coordenação multilateral e questões de pontos críticos, entre outros.

Ambas as partes comprometeram-se a fortalecer os intercâmbios de alto nível, a desempenhar plenamente o papel da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, do Diálogo Estratégico Abrangente China-Brasil dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e de outros mecanismos e a retomar os mecanismos de consulta bilateral em vários campos em uma data breve.

Os ministros prometeram ainda apoiar-se mutuamente na tomada de seu próprio caminho de modernização que se adapte às suas respectivas condições nacionais, explorar a sinergia estratégica entre a cooperação do programa Uma Faixa, Uma e Rota e reindustrialização e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento do Brasil, aprofundar a cooperação em áreas tradicionais como agricultura, minerais energéticos, infraestrutura e aeroespaço, e expandir a cooperação em campos emergentes, como interconectividade, saúde, desenvolvimento verde, economia digital, energias limpas e inteligência artificial.

Ambos os lados se comprometeram a tornar um sucesso uma série de celebrações pelo 50.º aniversário das relações diplomáticas, a procurar a restauração total dos intercâmbios entre pessoas e a consolidar o apoio público à amizade China-Brasil.

Pelos vistos

Os governantes assinaram um acordo sobre a facilitação mútua de vistos para expandir ainda mais o intercâmbio de pessoal entre os dois países.

Reconhecendo a crescente influência global da relação China-Brasil, que vai muito além do âmbito bilateral, ambos os lados expressaram sua disposição de fortalecer a coordenação estratégica nos âmbitos das Nações Unidas, do Grupo dos 20 (G20), do BRICS e da Organização Mundial do Comércio, melhorar a voz e a representação dos países em desenvolvimento e salvaguardar os interesses comuns dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento.

A China expressou seu apoio ao Brasil para sediar a Cimeira de Líderes do G20 no Rio de Janeiro e expressou sua disposição de manter a direcção certa da governança global e trabalhar com o Brasil para um mundo multipolar igual e ordenado, bem como uma globalização económica inclusiva que beneficie a todos.

Ambos os lados se comprometeram a procurar soluções políticas para questões de pontos críticos e contribuir para promover o desenvolvimento pacífico.

Concordando que a cooperação China-América Latina serve os interesses comuns da China e da América Latina e abraça a tendência de desenvolvimento dos tempos, as duas partes expressaram a disposição de activar ainda mais a cooperação China-América Latina, de modo a ajudar os países regionais a fortalecerem-se através da unidade e acelerarem o desenvolvimento e a revitalização.

22 Jan 2024

Brasília | Ministros da China e do Brasil reúnem-se

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Mauro Vieira, estão reunidos desde ontem, em Brasília, para tratar da agenda bilateral e questões de governança global. Durante a visita serão tratados temas bilaterais, multilaterais e regionais, além da presidência brasileira do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.

A reunião entre o ministro chinês e o brasileiro também trata de temas ligados à reforma da governança global e a cooperação bilateral em comércio, investimentos e ciência, tecnologia e inovação.

Segundo o jornal China Daily, “espera-se que a visita dê continuidade ao impulso positivo do desenvolvimento da parceria estratégica abrangente China-Brasil que foi efectivamente consolidada pela visita de estado do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China em Abril do ano passado.”

O Governo brasileiro também destacou, no comunicado, que 2024 marca o 50.º aniversário da fundação das relações diplomáticas entre os dois países.

“Os últimos 50 anos não só viram a China e o Brasil tornarem-se os maiores países em desenvolvimento nos hemisférios Oriental e Ocidental, respectivamente, mas também os testemunharam tornarem-se actores importantes na cena mundial”, avaliou o jornal chinês sobre o mesmo tema.

A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. No ano passado, as transações com a China foram responsáveis por cerca de 52 por cento do excedente comercial total brasileiro. O Brasil e a China estabeleceram uma Parceria Estratégica em 1993, elevada a Parceria Estratégica Global em 2012.

19 Jan 2024

MNE | Pequim quer “novo padrão” nas relações internacionais

Em contra corrente com as tendências unilateralistas e de confronto que despontam um pouco por todo o mundo, a China propõe um padrão de cooperação internacional que resulte em ganhos para todos

 

A China quer criar um “novo padrão” de relações internacionais e defender a paz e o multilateralismo face aos desafios globais, afirmou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Num discurso proferido durante um seminário, Wang afirmou que Pequim escolheu um caminho “cooperativo” e “justo” em vez de uma “política de poder” confrontacional.

“No mundo actual, novas e velhas contradições estão entrelaçadas, o unilateralismo está a aumentar, prioridades domésticas são realçadas e os défices de governação e de confiança da comunidade internacional continuam a aumentar”, disse Wang.

“A China vai sempre aderir à cooperação vantajosa para todos, promover activamente a globalização económica inclusiva e opor-se resolutamente a todas as formas de unilateralismo, proteccionismo e inversão da globalização”, disse o chefe da diplomacia chinesa.

No seminário organizado por dois grupos de reflexão, o Instituto de Estudos Internacionais da China e a Fundação de Estudos Internacionais da China, Wang afirmou que a diplomacia do país vai entrar numa nova fase mais resoluta, fazendo eco dos comentários do Presidente, Xi Jinping, no mês passado.

Wang defendeu que o país deve guiar-se pela filosofia de Xi “para abrir um novo domínio da teoria e da prática diplomática chinesa e para moldar um novo padrão de relações [entre Pequim] e o mundo, visando elevar a influência internacional, o carisma e o poder de moldar [os acontecimentos] pela China”.

O discurso de Wang foi proferido num contexto de pressões crescentes suscitadas pelo abrandamento económico do país e pelas tensões com o Ocidente, à medida que os Estados Unidos e os seus aliados tentam travar o que consideram ser uma China mais “assertiva” que está a desafiar a ordem mundial.

A China está a tentar promover uma visão alternativa ao sistema liderado pelos EUA – através de laços mais fortes com os países em desenvolvimento ou plataformas como a Iniciativa “Faixa e Rota” ou o bloco de economias emergentes BRICS. Wang afirmou que a China vai continuar a “explorar a forma correcta de se dar bem” com os EUA e que não vai haver “nenhum confronto entre blocos ou uma nova guerra fria” se “a China e a Europa derem as mãos”.

Potência imparável

Na semana passada, Kristalina Georgieva, directora do Fundo Monetário Internacional, alertou que a divisão da economia mundial em blocos liderados pelos EUA e pela China poderia reduzir a produção económica global em 7 por cento, devido ao aumento dos custos comerciais.

As relações entre China e União Europeia deterioraram-se devido ao reforço dos laços de Pequim com a Rússia, apesar da invasão da Ucrânia. Wang afirmou que a China vai continuar a expandir a sua rede de parcerias globais e a trabalhar com os países em desenvolvimento “de mãos dadas” e a aprofundar a confiança estratégica e a parceria com a Rússia.

O ministro também se comprometeu a defender a “equidade e a justiça” e a fornecer mais “soluções e sabedoria chinesas” para as guerras na Ucrânia e em Gaza. Wang disse no seminário que a determinação da China em “salvaguardar a justiça” também inclui a sua integridade territorial.

“Perante a interferência externa e as provocações, lutámos de forma resoluta e vigorosa. A determinação dos 1,4 mil milhões de chineses em promover a reunificação nacional é sólida como uma rocha”, afirmou. “Ninguém ou qualquer força deve tentar desafiar a vontade férrea do povo chinês ou tentar prejudicar os interesses fundamentais da China”, realçou.

10 Jan 2024

China-EUA | Wang Yi incentiva ao entendimento mútuo

Em dia de celebração do 45.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e os Estados Unidos, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês proferiu palavras de paz sublinhando que o bom entendimento entre as duas nações representa um ganho a nível mundial e não só no relacionamento bilateral

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, discursou na sexta-feira sobre os esclarecimentos trazidos pelo desenvolvimento das relações China-EUA, dizendo que a paz é o alicerce mais fundamental dos laços bilaterais.

Wang, que também é membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China, fez as observações numa recepção comemorativa do 45.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e os Estados Unidos em Pequim, indica a agência estatal Xinhua.

Wang disse que as relações bilaterais passaram por reviravoltas, o que trouxe lições importantes, acrescentando que “não haver conflito ou confronto” entre os dois grandes países é, por si só, o mais importante dividendo de paz para a humanidade.

Observando que a cooperação é a escolha mais correcta para a China e os Estados Unidos se relacionarem bem, Wang afirmou que a cooperação vencedora é a característica mais essencial dos intercâmbios China-EUA.

Haja respeito

O responsável afirmou também que o alto nível do comércio bilateral e do investimento bilateral reflecte profundamente a estrutura económica altamente complementar dos dois países e sua profunda conexão na cadeia industrial e de suprimentos global. O afastamento e o bloqueio artificiais incorrem em mais perdas do que ganhos.

Wang apresentou ainda várias propostas sobre a implementação do consenso alcançado pelos dois chefes de Estado em São Francisco, acrescenta a Xinhua.

Pediu que ambos os lados se respeitem mutuamente e estabeleçam um entendimento correcto o mais rápido possível, enfatizando que a China não tem a intenção de substituir ou sobrepor-se a ninguém, tampouco de procurar a hegemonia. A China está comprometida com a construção de relações estáveis, saudáveis e sustentáveis entre a China e os EUA com base no respeito mútuo.

Ambos os lados devem defender a coexistência pacífica, especialmente no gerenciamento eficaz das diferenças, disse Wang, expressando oposição às práticas de recorrer ao confronto, à sanção ou ao envolvimento em hegemonia de poder e jogo de soma negativo apenas por causa de diferenças.

Wang disse que ambos os lados devem continuar a fazer pleno uso dos mecanismos restaurados ou estabelecidos nos campos da diplomacia, economia, finanças, comércio e agricultura para promover uma cooperação mutuamente benéfica.

David Meale, encarregado de negócios da Embaixada dos EUA na China, discursou na recepção. O responsável felicitou, em nome do lado americano, o 45.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e os EUA, dizendo que o lado americano está disposto a implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado e promover o desenvolvimento estável das relações EUA-China.

8 Jan 2024

Israel | Wang Yi defende que cessar-fogo é prioridade máxima em conversa com Blinken

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, disse ontem, em conversa por telefone com o homólogo norte-americano, Antony Blinken, que a prioridade “máxima” no conflito Israel – Hamas deve ser o cessar-fogo. “A prioridade máxima é o cessar-fogo para acabar com os combates o mais rapidamente possível”, afirmou Wang Yi, segundo um comunicado emitido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Os principais países (…) devem manter a objectividade e a imparcialidade e demonstrar calma e racionalidade”, acrescentou o chefe da diplomacia chinesa, que apelou a “todos os esforços” para que “evitem uma catástrofe humanitária em grande escala”.

No mês passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ao fim imediato das hostilidades, numa cimeira virtual extraordinária do bloco de economias emergentes BRICS. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reiterou a Wang Yi o “imperativo de todas as partes trabalharem para evitar que o conflito se alastre”, segundo o serviço diplomático de Washington.

A China tem boas relações com Israel, mas apoia a causa palestiniana há várias décadas e considera que a Palestina é um Estado soberano. Pequim tem defendido tradicionalmente a solução de “dois Estados”. Wang Yi deslocou-se a Nova Iorque no final de Novembro para uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o Hamas.

7 Dez 2023

China/Europa | MNE apela ao “diálogo” em cimeira com embaixadores europeus

Em contagem decrescente para o primeiro encontro presencial de alto nível após a pandemia, entre responsáveis chineses e europeus, os intervenientes apelam a um diálogo construtivo e pragmático

 

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou ontem aos embaixadores dos países da União Europeia para darem prioridade ao “diálogo”, em vez da “confrontação”, durante uma reunião em Pequim, nas vésperas da Cimeira China – UE.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês sublinhou a importância da cooperação entre a China e UE e apelou às duas partes para que “escolham o diálogo e a cooperação para evitar o confronto entre blocos, uma nova Guerra Fria e obstáculos para o desenvolvimento e prosperidade globais”.

“Se a China e a Europa escolherem o diálogo e a cooperação não surgirá a confrontação entre blocos; se escolherem a paz e a estabilidade, não acontecerá uma nova Guerra Fria; se escolherem a abertura e a cooperação vantajosa para ambas as partes, haverá esperança para o desenvolvimento e a prosperidade globais”, afirmou Wang, citado pelo jornal oficial Global Times.

Wang Yi sublinhou a importância de as duas partes se respeitarem mutuamente, manterem a calma e o pragmatismo e pensarem de forma estratégica.

O mesmo responsável reafirmou ainda a posição da China de que a Europa é um actor-chave para a construção de um mundo multipolar e que apoia a integração estratégica e a autonomia da Europa.

A 24.ª Cimeira China – UE, que se realiza a 7 de Dezembro, é a primeira presencial, após a pandemia da covid-19. O Presidente chinês, Xi Jinping, vai reunir com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A cimeira visa aumentar a confiança mútua, enfrentar desafios globais como a guerra na Ucrânia, as alterações climáticas e a segurança alimentar, e reforçar a cooperação mutuamente benéfica em áreas como a economia, comércio, ambiente e saúde, disse na segunda-feira a delegação da UE na China. A reunião coincide com o 20.º aniversário da parceria estratégica global entre os dois blocos e o 25.º aniversário do mecanismo da cimeira China – UE.

Destino de eleição

Desde que a China abriu as fronteiras no início do ano seguiu-se uma série de visitas europeias de alto nível ao país, incluindo de Ursula von der Leyen, do Presidente francês, Emmanuel Macron, do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, do vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo Comércio, Valdis Dombrovskis, ou da Comissária Europeia da Energia, Kadri Simson.

As autoridades chinesas, que se opõem à decisão de Bruxelas de classificar a China como “concorrente e rival sistémico”, devem abordar o tratamento “discriminatório” em relação às suas empresas na Europa, especialmente após o lançamento de uma investigação sobre os subsídios atribuídos aos fabricantes de veículos eléctricos pelo país asiático.

As sanções contra a Rússia e uma solução para a guerra sob os termos da Ucrânia devem ser os principais temas abordados pelas autoridades europeias.

6 Dez 2023

ONU | Wang Yi vai a Nova Iorque para reunião sobre Gaza

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, vai deslocar-se esta semana a Nova Iorque para participar numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito entre Israel e o Hamas, anunciou ontem fonte do Governo chinês.

“Ao assumir a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU este mês, a China vai realizar uma reunião de alto nível sobre a questão israelo-palestiniana no dia 29 de Novembro”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin.

Wang Yi vai presidir pessoalmente à reunião. Na semana passada, a China saudou o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que entrou ontem no seu último dia. A pausa, que começou na sexta-feira, levou à libertação de dezenas de reféns pelo Hamas e, em simultâneo, à libertação por Israel de mais de 100 prisioneiros palestinianos.

A China sempre foi a favor de uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à realização de uma “conferência internacional para a paz” para pôr termo aos combates.

A 7 de Outubro, combatentes do Hamas atravessaram a fronteira a partir de Gaza num ataque sem precedentes em território israelita, matando 1.200 pessoas, na sua maioria civis, segundo as autoridades israelitas. Cerca de 240 pessoas foram feitas reféns. Em resposta, Israel lançou uma campanha militar para destruir o Hamas, matando cerca de 15.000 pessoas, na sua maioria civis, incluindo milhares de crianças, segundo o governo do Hamas em Gaza.

28 Nov 2023

Israel | Pequim pede que se garanta segurança de civis e hospitais em Gaza

A China apelou ontem a que se “garanta a segurança dos civis e dos hospitais” em Gaza e afirmou que vai instar o Conselho de Segurança da ONU a “tomar medidas responsáveis e significativas” para “aliviar a crise”.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, condenou em conferência de imprensa “os actos que prejudicam os civis, destroem infra-estruturas civis e violam o direito humanitário internacional” e as “violações das regras básicas das relações internacionais”, numa referência aos bombardeamentos israelitas em Gaza na guerra contra o movimento islamita Hamas.

Wang apelou à “máxima calma e contenção”, a um “cessar-fogo imediato e à cessação das hostilidades” e a que se “garanta a segurança dos civis, hospitais e de outras instalações civis” cuja protecção está prevista na Convenção de Genebra, visando “evitar mais catástrofes humanitárias”.

O porta-voz recordou que a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou recentemente uma resolução por larga maioria que apela a uma trégua humanitária imediata e reiterou o apoio de Pequim a uma solução de dois Estados para Israel e a Palestina.

A China vai “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para promover a paz na Palestina”, a partir da sua presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, que assumiu a 1 de Novembro, e vai instar o órgão a “tomar medidas responsáveis e significativas” para “aliviar a crise e proteger os civis”, disse Wang.

Na semana passada, durante uma conferência de imprensa para apresentar o programa de trabalho da presidência rotativa da China, o chefe da missão do país na ONU, o embaixador Zhang Jun, alertou contra qualquer ideia de conceber um futuro para Gaza após o fim da guerra que “não tenha em conta” o consentimento dos próprios palestinianos.

7 Nov 2023

Wang Yi na América | Biden no prato

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, reuniu-se com o Presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca, na sexta-feira. O objectivo desta visita foi “comunicar com os EUA e implementar eficazmente o importante consenso alcançado na reunião entre os dois chefes de Estado em Bali, no ano passado, e aguardar com expectativa São Francisco, a fim de promover a estabilização e a recuperação das relações China-EUA para que estas regressem rapidamente a uma via de desenvolvimento saudável e estável”, disse Wang a Biden.

Durante a sua reunião com Biden, Wang declarou que “o princípio de uma só China e os três comunicados conjuntos entre a China e os EUA constituem a base política mais importante para as relações bilaterais e devem ser mantidos sem interferência”.

“A China atribui importância ao desejo dos EUA de estabilizar e melhorar as relações bilaterais”, disse Wang, por isso “todas as partes devem actuar de forma responsável em relação ao mundo, à história e às pessoas, e promover o desenvolvimento estável e positivo das relações China-EUA com base nos três princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação vantajosa para todos, propostos pelo Presidente Xi Jinping. Isto não só serve os interesses fundamentais de ambos os países e dos seus povos, mas também satisfaz as expectativas comuns da comunidade internacional”.

Do lado americano, Joe Biden expressou que a parte americana está disposta a manter a comunicação com a China e a trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios globais. Após a reunião de Biden com Wang, a Casa Branca disse que o presidente enfatizou a “necessidade de gerir a concorrência no relacionamento de forma responsável e manter linhas abertas de comunicação”. “Ele sublinhou que os Estados Unidos e a China devem trabalhar juntos para enfrentar os desafios globais”.

Problemas detectados

Durante a sua visita aos EUA, Wang também se encontrou com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e com o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan.

“O secessionismo de Taiwan é a maior ameaça à paz e à estabilidade no Estreito de Taiwan e o maior desafio às relações entre a China e os EUA, devendo ser firmemente combatido através de políticas e acções específicas”, disse Wang a Sullivan. Os dois concordaram num esforço conjunto para uma potencial reunião entre os dois chefes de Estado em São Francisco. Os EUA vão acolher a APEC em 2023, sob o tema “Criar um futuro resiliente e sustentável para todos”, em São Francisco.

No seu encontro com Blinken, na quinta-feira, Wang afirmou que se ouvem frequentemente vozes dissonantes nas relações entre a China e os EUA, mas que a China está calma em relação a elas, porque considera que “o critério do certo e do errado não é determinado por quem tem mais bravata ou uma voz mais alta, mas sim pelo facto de se comportar de acordo com as disposições dos três comunicados conjuntos China-EUA, com o direito internacional e as normas básicas das relações internacionais e com a tendência dos tempos”.

Biden e Xi | Encontro em Novembro

Os Estados Unidos e a China concordaram em trabalhar na organização de um encontro no próximo mês entre os dois presidentes, depois de uma reunião na sexta-feira entre Joe Biden e o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi.

Apesar das tensões bilaterais, o Presidente dos Estados Unidos espera reencontrar-se com o homólogo chinês, Xi Jinping, na cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), que se realiza em São Francisco, na Califórnia, em meados de novembro.

Xi Jinping ainda não confirmou a presença na cimeira. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, não deu qualquer indicação se Pequim tinha respondido positivamente ao convite para que Xi Jinping visitasse os Estados Unidos. “Estamos a trabalhar em conjunto” tendo em vista essa visita por ocasião da cimeira da Apec, assegurou um funcionário americano que pediu anonimato.

30 Out 2023

Clima | Governador da Califórnia reúne com Wang Yi em Pequim

Gavin Newsom está na China, numa visita de uma semana, para promover a colaboração do Estado californiano com a s autoridades chinesas no combate às alterações climáticas

 

O governador do Estado norte-americano da Califórnia, Gavin Newsom, reuniu-se ontem com o chefe da diplomacia da China, Wang Yi, num breve momento de simpatia que contrasta com a tensão na relação bilateral.

Gavin Newsom está a fazer uma visita de uma semana à China, visando promover a cooperação no âmbito da luta contra as alterações climáticas. A viagem de Newsom como governador, outrora considerada rotineira, ganhou maior relevo no âmbito das tensões crescentes entre os EUA e a China.

“Estou aqui na expectativa de virar a página, de renovar a nossa amizade e de voltar a envolver-nos em questões fundamentais que determinarão a nossa fé colectiva no futuro”, disse Newsom num breve discurso de abertura antes do seu encontro com Wang.

Newsom está a visitar Hong Kong, Pequim, Xangai e as províncias de Guangdong e Jiangsu. Num discurso proferido na Universidade de Hong Kong, na segunda-feira, prometeu continuar a cooperar no domínio das alterações climáticas, independentemente do resultado das próximas eleições presidenciais nos EUA.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, também utilizou um tom optimista: “O Presidente [chinês], Xi [Jinping] afirmou que a base das relações entre a China e os EUA está no contacto entre as pessoas. Penso que a sua visita à China estabelece uma base sólida, dá esperanças e abre possibilidades para o futuro”.

Wang disse também saber que a viagem de Newsom atraiu muitas críticas, mas que a encara de forma positiva. “Penso que o tempo e os factos vão certamente provar que a sua visita à China está de acordo com os desejos do povo da Califórnia e com os interesses do povo norte-americano e as expectativas da sociedade global”, frisou.

Outros tempos, mesmas vontades

Newsom reuniu ainda com o chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, órgão máximo de planeamento económico do Governo chinês.

Os governadores da Califórnia, que têm uma economia maior do que a da maioria dos países, têm uma longa história de colaboração climática com a China. O democrata Jerry Brown e o republicano Arnold Schwarzenegger também viajaram para a China para trocar conhecimentos sobre a redução da poluição atmosférica e das emissões e, desde que deixou o cargo, Brown lançou o Instituto Climático Califórnia-China na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

26 Out 2023

Diplomacia | Wang Yi nos EUA para manter diálogo de alto nível

O conflito Israel – Hamas e a guerra na Ucrânia deverão ser alguns dos temas abordados pelos responsáveis da diplomacia chinesa e norte-americana no encontro que irá decorrer em Washington esta semana

 

O chefe da diplomacia da China vai-se deslocar aos Estados Unidos esta semana para uma visita de três dias, ilustrando os esforços dos dois países para retomar o diálogo de alto nível, apesar das tensas relações bilaterais. O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, deve reunir com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.

Segundo fontes da Administração norte-americana citadas pela agência Associated Press, os responsáveis vão abordar o conflito Israel – Hamas, a guerra na Ucrânia e os recentes embates entre um navio chinês e uma embarcação filipina no mar do Sul da China.

A viagem de Wang decorre cerca de três semanas antes da cimeira da Cooperação Económica Ásia – Pacífico em São Francisco, onde existe a possibilidade de o Presidente norte-americano, Joe Biden, reunir com o homólogo chinês, Xi Jinping.

Os funcionários não confirmaram a reunião entre os líderes. A viagem de Wang foi descrita como sendo recíproca à visita de Blinken a Pequim em Junho passado. Pequim também não confirmou se Xi se vai deslocar a São Francisco para a cimeira anual da APEC.

Wang vai frisar a “posição e os princípios da China sobre as relações com os EUA e as legítimas preocupações” de Pequim, afirmou ontem a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa. A China espera “impulsionar em conjunto as relações bilaterais de volta ao caminho do desenvolvimento sólido e estável”, acrescentou.

Impasse eterno

Durante a visita de Wang, as autoridades norte-americanas vão pressionar a China a ser mais construtiva no Médio Oriente, disseram os altos funcionários da Casa Branca citados pela AP. No início do mês, Blinken abordou por telefone com Wang a importância de manter a estabilidade na região e de desencorajar a entrada de outras partes no conflito.

Os embates ocorridos no fim de semana entre embarcações filipinas e chinesas em águas disputadas no Mar do Sul da China também vão ser abordados durante as reuniões com Wang, disseram os funcionários norte-americanos. Washington respondeu afirmando o seu apoio a Manila e criticando Pequim pelas suas “acções perigosas e ilegais”.

A China, no entanto, reivindicou as águas como parte do seu território e acusou as Filipinas de “violar gravemente a soberania territorial da China” ao abandonar um navio da marinha no local. Pequim prometeu tomar “as medidas necessárias” para defender a soberania e os interesses marítimos da China.

À medida que os Estados Unidos enfrentam a ascensão da China como potência global, Biden apelou à criação de “linhas de protecção” para gerir as relações bilaterais, mas a China rejeitou-as. Em vez disso, exigiu um “tipo diferente de relação entre grandes potências”, segundo o qual os EUA devem respeitar os interesses fundamentais do país asiático.

24 Out 2023

Wang Yi | “Modernizar o mundo em conjunto”

“O terceiro Fórum Faixa e Rota para Cooperação Internacional regista outro marco importante no processo de construção conjunta da Iniciativa Faixa e Rota, afirmou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, na quarta-feira, destacando o “sucesso total” do fórum. “O consenso mais importante alcançado neste fórum é abrir uma nova etapa de cooperação de alta qualidade”, disse Wang.” A nova etapa de cooperação criará ainda mais oportunidades para a economia global e tornar-se-á uma vantagem para a situação global.

“A maior visão deste fórum é modernizar o mundo em conjunto”, disse Wang. “A Iniciativa Faixa e Rota (IFR) criou uma plataforma de cooperação para o desenvolvimento comum e ajudou muitos países em desenvolvimento a acelerar a sua marcha em direção à modernização”. Durante o fórum, foram alcançados um total de 458 resultados, muito mais do que o segundo, revelou Wang. “Nos últimos 10 anos a cooperação Faixa e Rota alcançou conquistas históricas, abrindo um caminho de cooperação, oportunidade e prosperidade que leva ao desenvolvimento comum”, apontou ele.

Wang observou que “a IFR tornou-se o bem público internacional mais popular e a maior plataforma de cooperação internacional do mundo. A Faixa e Rota é uma plataforma aberta e todos os países são bem-vindos a participar dela a qualquer momento”.

O ministro expressou a esperança de que as iniciativas de conectividade de outros países também permaneçam abertas e evitem a criação de cliques exclusivos. “A China está pronta para se alinhar com todas as outras iniciativas de conectividade”, afirmou.

Wang também rejeitou a alegação de que a Parceria para Infraestruturas e Investimentos Globais, lançada pelos EUA, tem como alvo a Iniciativa Faixa e Rota, chamando a narrativa de mais um caso de politização de questões económicas.

20 Out 2023

Pequim apela a Washington para “gerir disputas de forma mais racional”

Uma delegação de senadores dos EUA está de visita à China. Trazem um baú de críticas que os chineses refutam na maior parte dos casos, argumentando que os EUA pouco fazem para que alguns consensos sejam encontrados. Wang Yi, MNE chinês, pede “racionalidade”.

Uma delegação norte-americana de senadores, liderada pelo líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, prosseguiu a sua visita a Xangai no domingo, tendo os analistas afirmado que se tratava de “testar as águas” relativamente à posição da China em questões como o fentanil e o “tratamento justo” das empresas norte-americanas.

Mas o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou ontem aos Estados Unidos para “gerirem as diferenças [com a China] de forma mais racional”, durante um encontro com senadores norte-americanos, no âmbito da reaproximação diplomática entre as duas potências. “Esperamos que esta visita ajude os Estados Unidos a compreenderem melhor a China, a ver as relações China-EUA de forma mais objectiva e a lidar de forma mais racional com as diferenças existentes”, disse Wang Yi, durante uma reunião com a delegação liderada pelo democrata Chuck Schumer.

Schumer e a competição

China e Estados Unidos renovaram o diálogo nos últimos meses com uma sucessão de visitas de altos funcionários norte-americanos a Pequim. “Devemos gerir as nossas relações de forma responsável”, disse Chuck Schumer, insistindo que os Estados Unidos “não procuram entrar em conflito” com o país asiático.

No entanto, o senador disse ser “natural que duas grandes potências compitam em áreas como o comércio, tecnologia e diplomacia, entre outras”. Schumer citou como “objectivo número um” alcançar “condições equitativas para as empresas e trabalhadores norte-americanos”.

No que diz respeito ao tratamento justo das empresas americanas, como a capacidade da Micron Technology de realizar negócios na China, Li disse que a China tratou as questões relacionadas com a Micron em conformidade com a legislação chinesa. “Ao falar sobre os problemas com a Micron, Schumer não mencionou que os EUA acrescentaram 42 empresas chinesas à sua lista de controlo das exportações”, salientou Li.

A guerra do fentanil

O líder democrata no senado apontou ainda como objectivos “responsabilizar as empresas sediadas na China que fornecem produtos químicos mortais que alimentam a crise do fentanil na América” e “garantir que a China não apoia o comportamento imoral da Rússia” na invasão da Ucrânia. “Promover o [respeito pelos] Direitos Humanos é outra prioridade”, acrescentou.

Refutando as observações de Schumer sobre o fentanil, Li Yong, investigador sénior da Associação Chinesa de Comércio Internacional, afirmou que a China já tomou várias medidas relativamente à questão do fentanil e que os EUA não podem simplesmente fechar os olhos aos grandes esforços que a China tem feito.

O consumo de fentanil tornou-se uma questão social importante nos EUA, que, no entanto, não pode ser associada à China. Embora os dois governos tenham efectuado várias comunicações, os EUA consideram a questão “numa perspectiva de difamação da China”, disse Li.

A viagem à China dos senadores norte-americanos ocorre numa altura em que está prevista uma reunião entre os líderes dos dois países, Joe Biden e Xi Jinping. Biden mencionou na sexta-feira a “possibilidade” de se encontrar com Xi Jinping durante a cimeira da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), marcada para meados de novembro, em São Francisco.

Críticas e mais críticas

Chuck Schumer também criticou ontem a posição da China, que apelou à “contenção”, após os confrontos entre o movimento islâmico palestiniano Hamas e Israel. “Para ser honesto, fiquei muito decepcionado com a declaração (…) que não demonstrou nenhuma compaixão ou apoio a Israel nestes tempos difíceis e conturbados”, disse.

A China disse no domingo que estava “profundamente preocupada” com os confrontos, que já deixaram mais de mil mortos entre israelitas e palestinianos. Na segunda-feira, Wang Yi sublinhou que o “mundo atravessa atualmente um período de turbulência e mudanças […] . A crise na Ucrânia ainda não foi resolvida e a guerra está de volta ao Médio Oriente”. Citou também o terramoto no Afeganistão, que deixou mais de 2.000 mortos, segundo as informações mais recentes. “Todos estes desafios devem ser enfrentados pela comunidade internacional e a China e os Estados Unidos devem desempenhar os seus papéis de forma apropriada”, disse Wang.

A diplomacia chinesa, que no início deste ano mediou a aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita, afirma regularmente que quer dar o seu contributo para o processo de paz israelo-palestiniano, que está paralisado desde 2014. Até recentemente pouco envolvida na questão israelo-palestiniana, em comparação com os Estados Unidos, a China, que mantém boas relações com Israel, está agora a realçar mais a sua posição sobre o assunto.

10 Out 2023

APEC | Cooperação sim, confrontos não

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, afirmou que o Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), que se realiza em Novembro, nos Estados Unidos, deve ser um palco para promover a cooperação e não incitar confrontos. Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Wang afirmou que a China, como o maior país em desenvolvimento e membro relevante da APEC, está disposta a desempenhar um “papel construtivo” no sucesso da cimeira deste ano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês não revelou se o Presidente do país, Xi Jinping, vai participar no encontro, que se realiza em São Francisco, entre os dias 14 e 17 de novembro. Xi esteve já ausente das cimeiras do G20 e da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

O ministro chinês disse acreditar que os EUA “estão plenamente conscientes” das suas obrigações como anfitrião e que vão demonstrar “abertura, inclusão, equanimidade e responsabilidade” para criar “condições favoráveis” para que a cimeira decorra de forma pacífica. As declarações de Wang Yi foram feitas durante a apresentação de um documento preparado pelo governo chinês e intitulado “Uma comunidade global para um futuro partilhado: as propostas e acções da China”.

“Cada país deve valorizar as preocupações legítimas de segurança dos outros”, disse Wang, que se opôs à expansão “arbitrária” das alianças militares e às pressões sobre o ambiente de segurança de outros países. O diplomata chinês sublinhou a importância de resolver disputas internacionais através do diálogo e de consultas, ao mesmo tempo que apelou à criação de um “ambiente propício à segurança universal”.

27 Set 2023

MNE | Defendido bom relacionamento com Itália face a “desafios geopolíticos”

Wang Yi e Antonio Tajani reforçaram em Pequim os laços de união e cooperação entre as duas nações, apesar dos desafios globais apresentados pelo cenário internacional. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano reafirmou o compromisso do país para com o princípio ‘Uma só China’

 

O chefe da diplomacia chinesa disse ontem ao homólogo italiano que as duas nações devem “conviver”, apesar dos “desafios geopolíticos”, numa altura em que Itália se prepara para sair da iniciativa chinesa ‘Uma Faixa, Uma Rota’.

“Perante os desafios e perturbações geopolíticas, China e Itália devem aderir à forma correcta de conviver entre si, caracterizada pelo respeito e confiança mútuos, abertura, cooperação e diálogo entre iguais”, disse Wang Yi, citado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês enfatizou a relevância da cooperação entre os dois países e manifestou a vontade de Pequim de “trabalhar em conjunto” com Roma para implementar os consensos alcançados pelos líderes de ambas as nações.

Wang defendeu o reforço dos intercâmbios de alto nível, a consolidação da base política das relações bilaterais, a expansão da cooperação prática a alto nível, o enriquecimento dos intercâmbios entre os dois povos e a promoção do desenvolvimento sustentado e estável das relações.

Citado pela Xinhua, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, vincou que Itália atribui grande importância à construção de relações estáveis e de longo prazo com o país asiático, ao mesmo tempo que sublinhou o seu compromisso com o princípio ‘Uma só China’.

Ambos os ministros sublinharam que, apesar da volatilidade no cenário internacional, as relações entre Itália e China não vão ser afectadas.

Tudo ou nada

A visita de Antonio Tajani a Pequim ocorre numa altura em que a Itália se prepara para abandonar a iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, o principal programa da política externa de Pequim.

A participação do país europeu, que foi aprovada em Março de 2019 pelo governo do então primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte (2018-2021), foi uma decisão “correcta” e com base no “vínculo histórico e cultural” e na “necessidade prática de desenvolvimento de ambos os países”, defendeu o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, no mês passado.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, ainda não anunciou se vai renovar o acordo com a China por mais cinco anos. No entanto, um rompimento pode levar a retaliações comerciais por parte de Pequim.

Itália tem sido pressionada a sair do acordo pelos Estados Unidos, que vêem a China como o seu maior rival estratégico, e pela União Europeia, que está a tentar reduzir a sua dependência face ao país asiático em vários sectores estratégicos, incluindo no sector tecnológico.

5 Set 2023

MNE | Pequim e Moscovo sublinham “cooperação prática e estratégica”

Wang Yi e Serguei Lavrov falaram ao telefone sobre a cooperação entre as duas nações e a guerra na Ucrânia com o lado chinês a manifestar a sua vontade de “manter uma posição independente e justa”, encorajando as duas partes e a iniciarem conversações de paz

Os ministros dos Negócios Estrangeiros chinês e russo congratularam-se na segunda-feira pela “cooperação prática” entre os dois países, no decurso de uma conversa telefónica em que foi abordado o conflito na Ucrânia, indicou Pequim.

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, declarou ao seu homólogo Serguei Lavrov que Pequim e Moscovo “deverão manter uma estreita cooperação estratégica, promover a multipolarização do mundo e a democratização das relações internacionais”, precisa um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O novo ministro dos Negócios Estrangeiros elogiou os recentes progressos da “cooperação prática” entre os dois países no decurso do contacto, que segundo Pequim também abordou os combates em curso na Ucrânia.

Ao referir-se a este conflito, Wang declarou que o seu país continuará a “manter uma posição independente e justa”, encorajando as duas partes e a iniciarem conversações de paz.

Pequim e Moscovo protagonizam desde os últimos anos relações bilaterais cada vez mais estreitas e quando as relações dos dois países com o ocidente registaram um progressivo afastamento.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo também assegurou que os dois ministros rejeitaram “a política de confrontação do bloco ocidental face à Rússia e à China”.

“O contacto (…) confirmou uma vez mais que a unidade ou a harmonia geral das abordagens de Moscovo e Pequim em termos de assuntos mundiais”, acrescenta o texto.

Sem sucesso

Enviados de 30 países, entre eles a China, reuniram-se no fim de semana na cidade saudita de Jidá para tentar encontrar uma forma de terminar a guerra na Ucrânia, mas sem resultados.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse na passada segunda-feira que o encontro se destinou a promover o plano de paz do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Para Moscovo, Kiev e o Ocidente “estão a tentar desvalorizar o elevado valor das propostas de paz de outros países e a monopolizar o próprio direito de as propor”, afirmou em comunicado.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que Moscovo pretende receber informações dos seus parceiros sobre o encontro.

Referiu, em particular, os BRICS, grupo de que a Rússia faz parte juntamente com África do Sul, Brasil, China e Índia. Entre os participantes, estiveram representantes da China, do Brasil e da Índia, considerados próximos de Moscovo no âmbito da guerra na Ucrânia.

9 Ago 2023

Washington convida Wang Yi para promover diálogo entre governos

Os Estados Unidos convidaram o ministro dos Negócios Estrangeiros da China para encontros de alto nível, com o objectivo de restaurar o diálogo entre Pequim e Washington, apesar das muitas diferenças, divulgou o Departamento de Estado norte-americano na terça-feira.

O convite surgiu durante uma reunião em Washington, na segunda-feira, entre altos funcionários dos EUA e da China, revelou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

As autoridades dos dois países tiveram uma “discussão franca, substancial e produtiva”, frisou o Departamento de Estado dos EUA, em comunicado.

A administração norte-americana não adiantou qualquer data para a visita de Wang Yi, que é o principal diplomata do Partido Comunista Chinês e substituiu o ministro dos Negócios Estrangeiros Qin Gang, que foi misteriosamente demitido após apenas sete meses no cargo.

Uma das oportunidades para a visita de Wang Yi será à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, em meados de Setembro.

O porta-voz da diplomacia norte-americana recusou-se a dizer se o convite foi aceite pelos chineses, mas realçou que “espera que seja”.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, já se encontrou com Wang Yi em meados de Julho em Jacarta, à margem de uma reunião dos países do Sudeste Asiático (ASEAN), assim como durante a sua visita a Pequim em Junho.

Desde então, autoridades dos EUA deslocaram-se a Pequim, incluindo a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o enviado especial para o clima, John Kerry.

Também a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, confirmou no final de Julho que pretende visitar a China “até ao final deste Verão”.

Complicações passadas

As duas potências tentam novamente aliviar as tensões reavivadas pela presença, em Fevereiro, sobre solo norte-americano, daquilo que os Estados Unidos consideraram ser um ‘balão espião’ chinês, que acabou derrubado por Washington.

De forma geral, as tensões são altas entre as duas superpotências que se envolvem numa competição acirrada, seja diplomática, militar, tecnológica ou económica, e estão em desacordo em vários campos diplomáticos, como Taiwan e Rússia.

Estas tensões já tinham escalado no ano passado após a visita da então presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, a Taiwan governada democraticamente, levando a China, que reivindica a ilha como seu território, a lançar exercícios militares em seu redor.

Washington evitou recentemente nomear formalmente a China, acusada de ser responsável por um recente ciberataque contra agências e administrações norte-americanas, incluindo o Departamento de Estado.

3 Ago 2023

Pedido à UE clarificação de posição sobre relação com Pequim

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, instou a União Europeia a esclarecer a sua posição sobre as relações com a China, numa reunião com o responsável da política externa da UE.

“A UE deve (…) esclarecer a sua posição na parceria estratégica entre ambos os lados e incentivar as relações China-UE para que avancem”, disse Wang a Josep Borrell num encontro à margem da reunião dos países do Sudeste Asiático, realizada em Jacarta, na sexta-feira, segundo um comunicado da diplomacia chinesa divulgado no sábado.

E prosseguiu: “Não se deve hesitar e muito menos encorajar palavras e acções para voltar atrás”.

“Não há conflito de interesses fundamentais entre a China e a UE”, acrescentou Wang, a principal autoridade de relações externas do Partido Comunista Chinês, um cargo que é mais importante do que o de ministro dos Negócios Estrangeiros.

Estas declarações por parte da China surgem depois de Berlim ter revelado na quinta-feira a sua nova estratégia de emancipação em relação à China, com o objectivo de “atenuar os riscos, sem cortar os laços” com Pequim.

A China advertiu imediatamente a Alemanha contra qualquer atitude susceptível de “prejudicar a cooperação e a confiança mútua”.

Em busca do equilíbrio

Esta nova estratégia alemã surge num contexto de preocupações crescentes na Europa e nos Estados Unidos sobre as ambições da China.

Mas, enquanto alguns Estados-membros da UE temem hostilizar Pequim e desencadear uma guerra comercial, outros defendem uma maior protecção.

Bruxelas quer definir a sua própria abordagem em relação a Pequim, para encontrar um equilíbrio entre o receio de uma dependência excessiva e o desejo de manter laços fortes com a segunda maior economia do mundo.

A 4 de Julho, a China cancelou uma visita do chefe da diplomacia europeia a Pequim, prevista para a semana seguinte.

Um dos assuntos que causa maior tensão com Pequim tem a ver com a ambiguidade da posição da China em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Para reduzir a dependência económica da União Europeia em relação a Pequim, a Comissão Europeia apresentou no final de Junho uma estratégia para responder com mais firmeza aos riscos para a segurança económica europeia.

16 Jul 2023

Brasil | Wang Yi frisa importância das relações com o país

Na preparação da visita de Lula da Silva à China, que deverá acontecer no final deste mês, o principal diplomata chinês, Wang Yi, encontrou-se com o com o secretário para os Negócios Estrangeiros do PT, Romênio Pereira

 

O chefe dos Negócios Estrangeiros do Partido Comunista Chinês (PCC) frisou a importância estratégica da relação entre Pequim e Brasília, num encontro com o secretário para os Negócios Estrangeiros do Partido dos Trabalhadores do Brasil.

Os dois países mantêm uma “cooperação frutífera” em várias áreas e uma “coordenação próxima” na governação das questões internacionais, considerou Wang Yi, na quarta-feira, num encontro com Romênio Pereira, de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua.

Os laços bilaterais estão dotados de uma “perspectiva estratégica e de longo prazo”, afirmou o director do Gabinete para os Negócios Estrangeiros do PCC, durante o encontro realizado em Pequim.

O responsável lembrou ainda que as relações estão vinculadas ao desenvolvimento dos respectivos países e à paz e estabilidade mundiais.

“O Partido Comunista Chinês quer manter intercâmbios aprofundados de experiência em governação do Estado com o Partido dos Trabalhadores e abrir novas perspectivas para a parceria estratégica abrangente entre China e Brasil”, apontou.

De acordo com a Xinhua, Romênio Pereira disse que o Partido dos Trabalhadores atribui grande importância ao intercâmbio de experiências com o PCC sobre a governação do Partido e do Estado, e que espera “impulsionar a cooperação bilateral em vários campos para os benefícios dos dois povos”.

A deslocação de Romênio Pereira antecede a visita de Estado do líder brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, que se deve realizar no final de Março, segundo fontes do governo brasileiro.

Colegas de trabalho

Durante os primeiros dois mandatos de Lula da Silva, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares, em 2004, para 135 mil milhões, em 2021. Nos últimos anos, a participação da China nas exportações do Brasil superou os 30 por cento, à boleia do apetite do país asiático por matérias-primas, sobretudo soja e minério de ferro. Entre 2007 e 2020, a China investiu, no total, 66 mil milhões de dólares no Brasil.

A relação entre Pequim e Brasília arrefeceu, no entanto, durante o mandato de Bolsonaro, que assumiu o poder com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente.

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil Ernesto Araújo, que foi, entretanto, substituído, adoptou mesmo uma retórica hostil face à China.

3 Mar 2023

Ucrânia | Rússia e China querem aprofundar relações apesar da “forte turbulência”

A Rússia e a China mostraram hoje a vontade de aprofundar as suas relações, enquanto Pequim procura mediar o conflito ucraniano com um plano de paz a ser revelado esta semana. “As nossas relações estão a desenvolver-se de uma forma segura e dinâmica”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, durante uma reunião em Moscovo com o principal diplomata chinês, Wang Yi.

Lavrov disse que, “apesar da forte turbulência na cena internacional”, os dois países estão a mostrar unidade e “vontade de defender os interesses uns dos outros de acordo com o direito internacional e o papel central das Nações Unidas”.

Wang prometeu continuar os esforços para “reforçar e aprofundar as relações russo-chinesas”, de acordo com observações traduzidas para russo na reunião citadas pela agência francesa AFP. O diplomata chinês deverá ser recebido ainda hoje pelo Presidente Vladimir Putin no Kremlin, sede da presidência russa, em Moscovo, segundo o porta-voz presidencial Dmitri Peskov.

A visita ocorre depois de Wang ter anunciado na conferência de segurança de Munique, na semana passada, que a China vai apresentar um plano de paz para encontrar uma solução política para a guerra contra a Ucrânia, desencadeada pela Rússia há um ano.

Wang chegou a Moscovo na terça-feira, após um encontro com o chefe da diplomacia ucraniano, Dmytro Kuleba, à margem conferência na cidade alemã, durante o qual apresentou “elementos-chave do plano de paz chinês” para a Ucrânia, segundo Kiev.

A China prometeu publicar esta semana a sua proposta para uma “solução política”, a tempo do primeiro aniversário do início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022. Aliado próximo da Rússia, a China nunca apoiou ou criticou publicamente a campanha militar russa na Ucrânia, ao mesmo tempo que expressou repetidamente o seu apoio a Moscovo face às sanções ocidentais.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, realizou uma visita surpresa a Kiev na segunda-feira, para demonstrar o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra contra a Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.

22 Fev 2023

Ucrânia | Wang Yi diz ao MNE ucraniano que Pequim “está do lado da paz”

Em reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, o diplomata chinês, Wang Yi, reiterou a posição da China de busca por soluções que visem alcançar a paz

 

O principal responsável pela política externa chinesa assegurou este fim de semana que a China “sempre esteve do lado da paz e do diálogo”, num encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

Segundo um comunicado emitido pela diplomacia chinesa, Wang Yi, o chefe da política externa do Partido Comunista Chinês e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, disse a Kuleba que o país “está disposto a trabalhar com a comunidade internacional, para evitar uma maior deterioração da situação”.

Wang afirmou também que a China e a Ucrânia são “parceiros estratégicos” e agradeceu a Kiev pela “adesão ao princípio ‘Uma Só China’”. O reconhecimento daquele princípio, visto por Pequim como uma garantia da sua soberania sobre Taiwan, é tido como condição base para o estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e outros países.

O responsável chinês disse ter esperança de que as relações entre a China e a Ucrânia vão continuar a “desenvolver-se de forma constante”.

Kuleba declarou que “nenhum país quer tanto alcançar a paz como a Ucrânia” e que o Governo “atribui grande importância ao status internacional e à influência significativa da China”, segundo o comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “Espero que a China continue a desempenhar um papel construtivo”, disse o ministro ucraniano.

Busca complexa

Durante a conferência, Wang Yi alertou que não há “soluções simples” para o conflito. “É preciso pensar numa estrutura e a Europa tem que pensar sobre o papel autónomo e estratégico que pode desempenhar. Não importa o quão difícil seja a situação, não podemos deixar de procurar a paz”, afirmou.

Segundo o alto funcionário chinês, desde que a “crise” na Ucrânia começou, há quase um ano, a China sugeriu que a Rússia e a Ucrânia “se sentassem juntas à mesma mesa”, para chegar a uma “solução política” para o conflito.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Pequim manteve uma posição ambígua na qual apelou ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e atenção às “preocupações legítimas de todos os países” em questões de segurança, numa referência à Rússia.

A comunidade internacional, por sua vez, pediu repetidamente ao país asiático que use o seu bom relacionamento com Moscovo para mediar o conflito.

21 Fev 2023