Pequim apela a Washington para “gerir disputas de forma mais racional”

Uma delegação de senadores dos EUA está de visita à China. Trazem um baú de críticas que os chineses refutam na maior parte dos casos, argumentando que os EUA pouco fazem para que alguns consensos sejam encontrados. Wang Yi, MNE chinês, pede “racionalidade”.

Uma delegação norte-americana de senadores, liderada pelo líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, prosseguiu a sua visita a Xangai no domingo, tendo os analistas afirmado que se tratava de “testar as águas” relativamente à posição da China em questões como o fentanil e o “tratamento justo” das empresas norte-americanas.

Mas o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou ontem aos Estados Unidos para “gerirem as diferenças [com a China] de forma mais racional”, durante um encontro com senadores norte-americanos, no âmbito da reaproximação diplomática entre as duas potências. “Esperamos que esta visita ajude os Estados Unidos a compreenderem melhor a China, a ver as relações China-EUA de forma mais objectiva e a lidar de forma mais racional com as diferenças existentes”, disse Wang Yi, durante uma reunião com a delegação liderada pelo democrata Chuck Schumer.

Schumer e a competição

China e Estados Unidos renovaram o diálogo nos últimos meses com uma sucessão de visitas de altos funcionários norte-americanos a Pequim. “Devemos gerir as nossas relações de forma responsável”, disse Chuck Schumer, insistindo que os Estados Unidos “não procuram entrar em conflito” com o país asiático.

No entanto, o senador disse ser “natural que duas grandes potências compitam em áreas como o comércio, tecnologia e diplomacia, entre outras”. Schumer citou como “objectivo número um” alcançar “condições equitativas para as empresas e trabalhadores norte-americanos”.

No que diz respeito ao tratamento justo das empresas americanas, como a capacidade da Micron Technology de realizar negócios na China, Li disse que a China tratou as questões relacionadas com a Micron em conformidade com a legislação chinesa. “Ao falar sobre os problemas com a Micron, Schumer não mencionou que os EUA acrescentaram 42 empresas chinesas à sua lista de controlo das exportações”, salientou Li.

A guerra do fentanil

O líder democrata no senado apontou ainda como objectivos “responsabilizar as empresas sediadas na China que fornecem produtos químicos mortais que alimentam a crise do fentanil na América” e “garantir que a China não apoia o comportamento imoral da Rússia” na invasão da Ucrânia. “Promover o [respeito pelos] Direitos Humanos é outra prioridade”, acrescentou.

Refutando as observações de Schumer sobre o fentanil, Li Yong, investigador sénior da Associação Chinesa de Comércio Internacional, afirmou que a China já tomou várias medidas relativamente à questão do fentanil e que os EUA não podem simplesmente fechar os olhos aos grandes esforços que a China tem feito.

O consumo de fentanil tornou-se uma questão social importante nos EUA, que, no entanto, não pode ser associada à China. Embora os dois governos tenham efectuado várias comunicações, os EUA consideram a questão “numa perspectiva de difamação da China”, disse Li.

A viagem à China dos senadores norte-americanos ocorre numa altura em que está prevista uma reunião entre os líderes dos dois países, Joe Biden e Xi Jinping. Biden mencionou na sexta-feira a “possibilidade” de se encontrar com Xi Jinping durante a cimeira da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), marcada para meados de novembro, em São Francisco.

Críticas e mais críticas

Chuck Schumer também criticou ontem a posição da China, que apelou à “contenção”, após os confrontos entre o movimento islâmico palestiniano Hamas e Israel. “Para ser honesto, fiquei muito decepcionado com a declaração (…) que não demonstrou nenhuma compaixão ou apoio a Israel nestes tempos difíceis e conturbados”, disse.

A China disse no domingo que estava “profundamente preocupada” com os confrontos, que já deixaram mais de mil mortos entre israelitas e palestinianos. Na segunda-feira, Wang Yi sublinhou que o “mundo atravessa atualmente um período de turbulência e mudanças […] . A crise na Ucrânia ainda não foi resolvida e a guerra está de volta ao Médio Oriente”. Citou também o terramoto no Afeganistão, que deixou mais de 2.000 mortos, segundo as informações mais recentes. “Todos estes desafios devem ser enfrentados pela comunidade internacional e a China e os Estados Unidos devem desempenhar os seus papéis de forma apropriada”, disse Wang.

A diplomacia chinesa, que no início deste ano mediou a aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita, afirma regularmente que quer dar o seu contributo para o processo de paz israelo-palestiniano, que está paralisado desde 2014. Até recentemente pouco envolvida na questão israelo-palestiniana, em comparação com os Estados Unidos, a China, que mantém boas relações com Israel, está agora a realçar mais a sua posição sobre o assunto.

10 Out 2023

APEC | Cooperação sim, confrontos não

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, afirmou que o Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), que se realiza em Novembro, nos Estados Unidos, deve ser um palco para promover a cooperação e não incitar confrontos. Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Wang afirmou que a China, como o maior país em desenvolvimento e membro relevante da APEC, está disposta a desempenhar um “papel construtivo” no sucesso da cimeira deste ano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês não revelou se o Presidente do país, Xi Jinping, vai participar no encontro, que se realiza em São Francisco, entre os dias 14 e 17 de novembro. Xi esteve já ausente das cimeiras do G20 e da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

O ministro chinês disse acreditar que os EUA “estão plenamente conscientes” das suas obrigações como anfitrião e que vão demonstrar “abertura, inclusão, equanimidade e responsabilidade” para criar “condições favoráveis” para que a cimeira decorra de forma pacífica. As declarações de Wang Yi foram feitas durante a apresentação de um documento preparado pelo governo chinês e intitulado “Uma comunidade global para um futuro partilhado: as propostas e acções da China”.

“Cada país deve valorizar as preocupações legítimas de segurança dos outros”, disse Wang, que se opôs à expansão “arbitrária” das alianças militares e às pressões sobre o ambiente de segurança de outros países. O diplomata chinês sublinhou a importância de resolver disputas internacionais através do diálogo e de consultas, ao mesmo tempo que apelou à criação de um “ambiente propício à segurança universal”.

27 Set 2023

MNE | Defendido bom relacionamento com Itália face a “desafios geopolíticos”

Wang Yi e Antonio Tajani reforçaram em Pequim os laços de união e cooperação entre as duas nações, apesar dos desafios globais apresentados pelo cenário internacional. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano reafirmou o compromisso do país para com o princípio ‘Uma só China’

 

O chefe da diplomacia chinesa disse ontem ao homólogo italiano que as duas nações devem “conviver”, apesar dos “desafios geopolíticos”, numa altura em que Itália se prepara para sair da iniciativa chinesa ‘Uma Faixa, Uma Rota’.

“Perante os desafios e perturbações geopolíticas, China e Itália devem aderir à forma correcta de conviver entre si, caracterizada pelo respeito e confiança mútuos, abertura, cooperação e diálogo entre iguais”, disse Wang Yi, citado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês enfatizou a relevância da cooperação entre os dois países e manifestou a vontade de Pequim de “trabalhar em conjunto” com Roma para implementar os consensos alcançados pelos líderes de ambas as nações.

Wang defendeu o reforço dos intercâmbios de alto nível, a consolidação da base política das relações bilaterais, a expansão da cooperação prática a alto nível, o enriquecimento dos intercâmbios entre os dois povos e a promoção do desenvolvimento sustentado e estável das relações.

Citado pela Xinhua, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, vincou que Itália atribui grande importância à construção de relações estáveis e de longo prazo com o país asiático, ao mesmo tempo que sublinhou o seu compromisso com o princípio ‘Uma só China’.

Ambos os ministros sublinharam que, apesar da volatilidade no cenário internacional, as relações entre Itália e China não vão ser afectadas.

Tudo ou nada

A visita de Antonio Tajani a Pequim ocorre numa altura em que a Itália se prepara para abandonar a iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, o principal programa da política externa de Pequim.

A participação do país europeu, que foi aprovada em Março de 2019 pelo governo do então primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte (2018-2021), foi uma decisão “correcta” e com base no “vínculo histórico e cultural” e na “necessidade prática de desenvolvimento de ambos os países”, defendeu o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, no mês passado.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, ainda não anunciou se vai renovar o acordo com a China por mais cinco anos. No entanto, um rompimento pode levar a retaliações comerciais por parte de Pequim.

Itália tem sido pressionada a sair do acordo pelos Estados Unidos, que vêem a China como o seu maior rival estratégico, e pela União Europeia, que está a tentar reduzir a sua dependência face ao país asiático em vários sectores estratégicos, incluindo no sector tecnológico.

5 Set 2023

MNE | Pequim e Moscovo sublinham “cooperação prática e estratégica”

Wang Yi e Serguei Lavrov falaram ao telefone sobre a cooperação entre as duas nações e a guerra na Ucrânia com o lado chinês a manifestar a sua vontade de “manter uma posição independente e justa”, encorajando as duas partes e a iniciarem conversações de paz

Os ministros dos Negócios Estrangeiros chinês e russo congratularam-se na segunda-feira pela “cooperação prática” entre os dois países, no decurso de uma conversa telefónica em que foi abordado o conflito na Ucrânia, indicou Pequim.

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, declarou ao seu homólogo Serguei Lavrov que Pequim e Moscovo “deverão manter uma estreita cooperação estratégica, promover a multipolarização do mundo e a democratização das relações internacionais”, precisa um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O novo ministro dos Negócios Estrangeiros elogiou os recentes progressos da “cooperação prática” entre os dois países no decurso do contacto, que segundo Pequim também abordou os combates em curso na Ucrânia.

Ao referir-se a este conflito, Wang declarou que o seu país continuará a “manter uma posição independente e justa”, encorajando as duas partes e a iniciarem conversações de paz.

Pequim e Moscovo protagonizam desde os últimos anos relações bilaterais cada vez mais estreitas e quando as relações dos dois países com o ocidente registaram um progressivo afastamento.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo também assegurou que os dois ministros rejeitaram “a política de confrontação do bloco ocidental face à Rússia e à China”.

“O contacto (…) confirmou uma vez mais que a unidade ou a harmonia geral das abordagens de Moscovo e Pequim em termos de assuntos mundiais”, acrescenta o texto.

Sem sucesso

Enviados de 30 países, entre eles a China, reuniram-se no fim de semana na cidade saudita de Jidá para tentar encontrar uma forma de terminar a guerra na Ucrânia, mas sem resultados.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse na passada segunda-feira que o encontro se destinou a promover o plano de paz do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Para Moscovo, Kiev e o Ocidente “estão a tentar desvalorizar o elevado valor das propostas de paz de outros países e a monopolizar o próprio direito de as propor”, afirmou em comunicado.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que Moscovo pretende receber informações dos seus parceiros sobre o encontro.

Referiu, em particular, os BRICS, grupo de que a Rússia faz parte juntamente com África do Sul, Brasil, China e Índia. Entre os participantes, estiveram representantes da China, do Brasil e da Índia, considerados próximos de Moscovo no âmbito da guerra na Ucrânia.

9 Ago 2023

Washington convida Wang Yi para promover diálogo entre governos

Os Estados Unidos convidaram o ministro dos Negócios Estrangeiros da China para encontros de alto nível, com o objectivo de restaurar o diálogo entre Pequim e Washington, apesar das muitas diferenças, divulgou o Departamento de Estado norte-americano na terça-feira.

O convite surgiu durante uma reunião em Washington, na segunda-feira, entre altos funcionários dos EUA e da China, revelou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

As autoridades dos dois países tiveram uma “discussão franca, substancial e produtiva”, frisou o Departamento de Estado dos EUA, em comunicado.

A administração norte-americana não adiantou qualquer data para a visita de Wang Yi, que é o principal diplomata do Partido Comunista Chinês e substituiu o ministro dos Negócios Estrangeiros Qin Gang, que foi misteriosamente demitido após apenas sete meses no cargo.

Uma das oportunidades para a visita de Wang Yi será à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, em meados de Setembro.

O porta-voz da diplomacia norte-americana recusou-se a dizer se o convite foi aceite pelos chineses, mas realçou que “espera que seja”.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, já se encontrou com Wang Yi em meados de Julho em Jacarta, à margem de uma reunião dos países do Sudeste Asiático (ASEAN), assim como durante a sua visita a Pequim em Junho.

Desde então, autoridades dos EUA deslocaram-se a Pequim, incluindo a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o enviado especial para o clima, John Kerry.

Também a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, confirmou no final de Julho que pretende visitar a China “até ao final deste Verão”.

Complicações passadas

As duas potências tentam novamente aliviar as tensões reavivadas pela presença, em Fevereiro, sobre solo norte-americano, daquilo que os Estados Unidos consideraram ser um ‘balão espião’ chinês, que acabou derrubado por Washington.

De forma geral, as tensões são altas entre as duas superpotências que se envolvem numa competição acirrada, seja diplomática, militar, tecnológica ou económica, e estão em desacordo em vários campos diplomáticos, como Taiwan e Rússia.

Estas tensões já tinham escalado no ano passado após a visita da então presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, a Taiwan governada democraticamente, levando a China, que reivindica a ilha como seu território, a lançar exercícios militares em seu redor.

Washington evitou recentemente nomear formalmente a China, acusada de ser responsável por um recente ciberataque contra agências e administrações norte-americanas, incluindo o Departamento de Estado.

3 Ago 2023

Pedido à UE clarificação de posição sobre relação com Pequim

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, instou a União Europeia a esclarecer a sua posição sobre as relações com a China, numa reunião com o responsável da política externa da UE.

“A UE deve (…) esclarecer a sua posição na parceria estratégica entre ambos os lados e incentivar as relações China-UE para que avancem”, disse Wang a Josep Borrell num encontro à margem da reunião dos países do Sudeste Asiático, realizada em Jacarta, na sexta-feira, segundo um comunicado da diplomacia chinesa divulgado no sábado.

E prosseguiu: “Não se deve hesitar e muito menos encorajar palavras e acções para voltar atrás”.

“Não há conflito de interesses fundamentais entre a China e a UE”, acrescentou Wang, a principal autoridade de relações externas do Partido Comunista Chinês, um cargo que é mais importante do que o de ministro dos Negócios Estrangeiros.

Estas declarações por parte da China surgem depois de Berlim ter revelado na quinta-feira a sua nova estratégia de emancipação em relação à China, com o objectivo de “atenuar os riscos, sem cortar os laços” com Pequim.

A China advertiu imediatamente a Alemanha contra qualquer atitude susceptível de “prejudicar a cooperação e a confiança mútua”.

Em busca do equilíbrio

Esta nova estratégia alemã surge num contexto de preocupações crescentes na Europa e nos Estados Unidos sobre as ambições da China.

Mas, enquanto alguns Estados-membros da UE temem hostilizar Pequim e desencadear uma guerra comercial, outros defendem uma maior protecção.

Bruxelas quer definir a sua própria abordagem em relação a Pequim, para encontrar um equilíbrio entre o receio de uma dependência excessiva e o desejo de manter laços fortes com a segunda maior economia do mundo.

A 4 de Julho, a China cancelou uma visita do chefe da diplomacia europeia a Pequim, prevista para a semana seguinte.

Um dos assuntos que causa maior tensão com Pequim tem a ver com a ambiguidade da posição da China em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Para reduzir a dependência económica da União Europeia em relação a Pequim, a Comissão Europeia apresentou no final de Junho uma estratégia para responder com mais firmeza aos riscos para a segurança económica europeia.

16 Jul 2023

Brasil | Wang Yi frisa importância das relações com o país

Na preparação da visita de Lula da Silva à China, que deverá acontecer no final deste mês, o principal diplomata chinês, Wang Yi, encontrou-se com o com o secretário para os Negócios Estrangeiros do PT, Romênio Pereira

 

O chefe dos Negócios Estrangeiros do Partido Comunista Chinês (PCC) frisou a importância estratégica da relação entre Pequim e Brasília, num encontro com o secretário para os Negócios Estrangeiros do Partido dos Trabalhadores do Brasil.

Os dois países mantêm uma “cooperação frutífera” em várias áreas e uma “coordenação próxima” na governação das questões internacionais, considerou Wang Yi, na quarta-feira, num encontro com Romênio Pereira, de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua.

Os laços bilaterais estão dotados de uma “perspectiva estratégica e de longo prazo”, afirmou o director do Gabinete para os Negócios Estrangeiros do PCC, durante o encontro realizado em Pequim.

O responsável lembrou ainda que as relações estão vinculadas ao desenvolvimento dos respectivos países e à paz e estabilidade mundiais.

“O Partido Comunista Chinês quer manter intercâmbios aprofundados de experiência em governação do Estado com o Partido dos Trabalhadores e abrir novas perspectivas para a parceria estratégica abrangente entre China e Brasil”, apontou.

De acordo com a Xinhua, Romênio Pereira disse que o Partido dos Trabalhadores atribui grande importância ao intercâmbio de experiências com o PCC sobre a governação do Partido e do Estado, e que espera “impulsionar a cooperação bilateral em vários campos para os benefícios dos dois povos”.

A deslocação de Romênio Pereira antecede a visita de Estado do líder brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, que se deve realizar no final de Março, segundo fontes do governo brasileiro.

Colegas de trabalho

Durante os primeiros dois mandatos de Lula da Silva, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.

Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares, em 2004, para 135 mil milhões, em 2021. Nos últimos anos, a participação da China nas exportações do Brasil superou os 30 por cento, à boleia do apetite do país asiático por matérias-primas, sobretudo soja e minério de ferro. Entre 2007 e 2020, a China investiu, no total, 66 mil milhões de dólares no Brasil.

A relação entre Pequim e Brasília arrefeceu, no entanto, durante o mandato de Bolsonaro, que assumiu o poder com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente.

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil Ernesto Araújo, que foi, entretanto, substituído, adoptou mesmo uma retórica hostil face à China.

3 Mar 2023

Ucrânia | Rússia e China querem aprofundar relações apesar da “forte turbulência”

A Rússia e a China mostraram hoje a vontade de aprofundar as suas relações, enquanto Pequim procura mediar o conflito ucraniano com um plano de paz a ser revelado esta semana. “As nossas relações estão a desenvolver-se de uma forma segura e dinâmica”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, durante uma reunião em Moscovo com o principal diplomata chinês, Wang Yi.

Lavrov disse que, “apesar da forte turbulência na cena internacional”, os dois países estão a mostrar unidade e “vontade de defender os interesses uns dos outros de acordo com o direito internacional e o papel central das Nações Unidas”.

Wang prometeu continuar os esforços para “reforçar e aprofundar as relações russo-chinesas”, de acordo com observações traduzidas para russo na reunião citadas pela agência francesa AFP. O diplomata chinês deverá ser recebido ainda hoje pelo Presidente Vladimir Putin no Kremlin, sede da presidência russa, em Moscovo, segundo o porta-voz presidencial Dmitri Peskov.

A visita ocorre depois de Wang ter anunciado na conferência de segurança de Munique, na semana passada, que a China vai apresentar um plano de paz para encontrar uma solução política para a guerra contra a Ucrânia, desencadeada pela Rússia há um ano.

Wang chegou a Moscovo na terça-feira, após um encontro com o chefe da diplomacia ucraniano, Dmytro Kuleba, à margem conferência na cidade alemã, durante o qual apresentou “elementos-chave do plano de paz chinês” para a Ucrânia, segundo Kiev.

A China prometeu publicar esta semana a sua proposta para uma “solução política”, a tempo do primeiro aniversário do início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022. Aliado próximo da Rússia, a China nunca apoiou ou criticou publicamente a campanha militar russa na Ucrânia, ao mesmo tempo que expressou repetidamente o seu apoio a Moscovo face às sanções ocidentais.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, realizou uma visita surpresa a Kiev na segunda-feira, para demonstrar o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra contra a Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.

22 Fev 2023

Ucrânia | Wang Yi diz ao MNE ucraniano que Pequim “está do lado da paz”

Em reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, o diplomata chinês, Wang Yi, reiterou a posição da China de busca por soluções que visem alcançar a paz

 

O principal responsável pela política externa chinesa assegurou este fim de semana que a China “sempre esteve do lado da paz e do diálogo”, num encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

Segundo um comunicado emitido pela diplomacia chinesa, Wang Yi, o chefe da política externa do Partido Comunista Chinês e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, disse a Kuleba que o país “está disposto a trabalhar com a comunidade internacional, para evitar uma maior deterioração da situação”.

Wang afirmou também que a China e a Ucrânia são “parceiros estratégicos” e agradeceu a Kiev pela “adesão ao princípio ‘Uma Só China’”. O reconhecimento daquele princípio, visto por Pequim como uma garantia da sua soberania sobre Taiwan, é tido como condição base para o estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e outros países.

O responsável chinês disse ter esperança de que as relações entre a China e a Ucrânia vão continuar a “desenvolver-se de forma constante”.

Kuleba declarou que “nenhum país quer tanto alcançar a paz como a Ucrânia” e que o Governo “atribui grande importância ao status internacional e à influência significativa da China”, segundo o comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “Espero que a China continue a desempenhar um papel construtivo”, disse o ministro ucraniano.

Busca complexa

Durante a conferência, Wang Yi alertou que não há “soluções simples” para o conflito. “É preciso pensar numa estrutura e a Europa tem que pensar sobre o papel autónomo e estratégico que pode desempenhar. Não importa o quão difícil seja a situação, não podemos deixar de procurar a paz”, afirmou.

Segundo o alto funcionário chinês, desde que a “crise” na Ucrânia começou, há quase um ano, a China sugeriu que a Rússia e a Ucrânia “se sentassem juntas à mesma mesa”, para chegar a uma “solução política” para o conflito.

Desde o início da guerra na Ucrânia, Pequim manteve uma posição ambígua na qual apelou ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e atenção às “preocupações legítimas de todos os países” em questões de segurança, numa referência à Rússia.

A comunidade internacional, por sua vez, pediu repetidamente ao país asiático que use o seu bom relacionamento com Moscovo para mediar o conflito.

21 Fev 2023

Ucrânia | Pequim apresenta plano de paz a líderes mundiais

Passado um ano de conflito, a China tem um plano de paz para terminar com o confronto entre Moscovo e Kiev. Já os líderes ocidentais ficaram de queixo caído quando perceberam a posição do Sul Global e que estão a ser vistos como belicistas. Wang Yi sublinhou que no plano de paz chinês se defendem os princípios de soberania, integridade territorial, a Carta das Nações Unidas e que os legítimos interesses de segurança da Rússia tinham de ser respeitados.

 

Os líderes ocidentais reagiram nervosamente a um plano de paz chinês para a Ucrânia que deverá ser revelado esta semana, mas saudaram cautelosamente a iniciativa como um primeiro sinal de que a China reconhece que a guerra não pode ser considerada apenas como um assunto europeu.

Falando na Conferência de Segurança de Munique, o diplomata chinês Wang Yi anunciou que a China iria lançar a sua iniciativa de paz no aniversário da guerra, e já tem consultou a Alemanha, Itália e França sobre as suas propostas. Wang disse que o plano de paz sublinharia a necessidade de defender os princípios de soberania, integridade territorial e a Carta das Nações Unidas. Mas, ao mesmo tempo, disse que os legítimos interesses de segurança da Rússia tinham de ser respeitados. O plano de paz deverá ser apresentado na próxima sexta-feira pelo próprio presidente Xi Jinping.

Os diplomatas que foram informados pela China não têm a certeza de quão específico Pequim pretende ser. A vontade chinesa de retratar o Ocidente como belicista pode encontrar ecos no Sul Global. Mas a grande investida chinesa é na Europa, onde tenta fazer perceber aos europeus que estão a ser manobrados pelos EUA, para seu próprio prejuízo.

“Precisamos de pensar calmamente, especialmente nos nossos amigos na Europa, sobre que esforços devem ser feitos para parar a guerra; que quadro deve haver para trazer uma paz duradoura à Europa; que papel deve a Europa desempenhar para manifestar a sua autonomia estratégica”, disse Wang Yi. “Vamos apresentar a posição da China sobre a resolução política da crise da Ucrânia, e manter-nos firmes do lado da paz e do diálogo. Não acrescentamos combustível ao fogo e somos contra colher benefícios desta crise”, concluiu.

Americanos cépticos

Já Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, disse que o Ocidente está céptico em relação a uma iniciativa de paz chinesa que apelava a um cessar-fogo imediato. “Quem não quer que as armas parem de disparar?

Só que temos de ser incrivelmente cautelosos com o tipo de armadilhas que podem ser montadas”, disse em Munique. Segundo Bliken, o presidente russo Vladimir Putin pode decidir que “porque as coisas estão a correr mal” para ele, a sua “melhor aposta é pedir um cessar-fogo imediato” e criar um “conflito congelado”, disse Blinken. “Ele nunca negociará o território que confiscou e, entretanto, usará o tempo para descansar, reequipar, rearmar e voltar a atacar”, advertiu, claramente demonstrando que não acredita numa solução pacífica e prefere a eternização deste conflito co o qual os EUA estão a lucrar, nomeadamente com a venda de gás à Europa a preços quatro vezes mais elevados do que os praticados pela Rússia.

Wang Yi com líderes europeus

Wang Yi, entretanto, tem participado num turbilhão de reuniões bilaterais com líderes e diplomatas estrangeiros à margem da Conferência de Segurança de Munique (CSM) em curso, que estava agendada de sexta-feira a domingo.

Analistas chineses observaram que a visão da China para a segurança global e o desenvolvimento não só é concretizada através do discurso planeado de Wang no CSM, uma parte fundamental da agenda da viagem global de Wang, mas também transmitida em interacções bilaterais e tecida em discussão sobre uma maior cooperação numa vasta gama de tópicos.

Depois de ter visitado França e Itália, Wang chegou à Alemanha na sexta-feira. Encontrou-se com líderes e diplomatas, incluindo o chanceler alemão Olaf Scholz, a Ministra dos Negócios Estrangeiros Gernman Annalena Baerbock, o Ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês Bilawal Bhutto Zardari e o Ministro dos Negócios Estrangeiros mongol Batmunkh Battsetseg. Wang continuará a sua ronda visitando a Hungria e a Rússia, depois de participar no CSM.

Annalena Baerbock, a Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, saudou a iniciativa da China, dizendo: “Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China tem a obrigação de usar a sua influência para garantir a paz mundial”.

Baerbock disse que tinha falado intensivamente com Wang na sexta-feira sobre “o que significa uma paz justa – não que se recompense o agressor, mas que se defenda o direito internacional e aqueles que foram atacados”. A mesma mensagem foi transmitida à China por diplomatas franceses e italianos.

Baerbock disse que uma paz justa pressupõe “que aquele que violou a integridade territorial, nomeadamente a Rússia, retire as suas tropas do país ocupado”. A paz mundial baseia-se no facto de todos reconhecermos a integridade territorial e a soberania de cada país”. Ao mesmo tempo, porém, é também claro que “todas as oportunidades” para a paz devem ser utilizadas.

Sem uma retirada completa de todas as tropas russas da Ucrânia, não há qualquer hipótese de pôr fim à guerra, disse Baerbock. “Mesmo que seja difícil”, todas as exigências para acabar com a guerra através da cedência de território à Rússia são inaceitáveis”.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano Dmitro Kuleba, que teve um encontro com Wang em Munique, disse que teve uma conversa “franca” com o enviado de Pequim. “Acreditamos que o cumprimento do princípio da integridade territorial é o interesse fundamental da China na arena internacional”, disse Kuleba a jornalistas em Munique. “E esse empenho na observância e protecção deste princípio é uma força motriz para a China, maior do que outros argumentos oferecidos pela Ucrânia, os Estados Unidos, ou qualquer outro país”.

Sul Global atento e pela paz

Além dos EUA e dos seus aliados europeus, a China sabe que há uma audiência pronta em todo o Sul global se fizer um apelo ao diálogo e à paz. O Ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro Mauro Vieira insistiu que o seu país tinha condenado a agressão da Rússia, inclusive na ONU, mas acrescentou: “Temos de tentar tornar uma solução possível. Não nos podemos limitar a falar sobre a guerra. Não me refiro a negociações imediatas – teríamos de ir passo a passo, talvez primeiro criar um ambiente que torne possível uma negociação”.

O primeiro-ministro da Namíbia, Saara Kuugongelwa, afirmou: “Queremos resolver o problema, não queremos encontrar o culpado”. De nada serve que a Rússia gaste dinheiro em armas e o Ocidente financie a Ucrânia para comprar armas”.

Algumas potências ocidentais estão a considerar a possibilidade de exercer pressão para uma nova resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que apoie a Ucrânia, na esperança de que um voto esmagador a favor realçaria a falta de apoio internacional da Rússia. Mas enquanto uma votação no ano passado viu 141 nações apoiarem a Ucrânia, não é claro quantos novos convertidos existem no Sul global.

Uma fonte disse que a Ucrânia quer, compreensivelmente, uma redacção específica e dura nestas resoluções, mas quanto mais específica for a resolução, mais provável é que as nações se retirem para a neutralidade.

Na conferência de Munique, uma sucessão de líderes europeus, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, admitiu que o Ocidente deveria ter feito mais para convencer o Sul de que o seu forte apoio à Ucrânia não nasceu de dois pesos e duas medidas. “Estou impressionado com a forma como perdemos a confiança do Sul Global”, disse Macron. Ele argumentou que a resposta do mundo à guerra mostrou a necessidade de reequilibrar a ordem global e tornar as suas instituições mais inclusivas.

Macron chamou à invasão russa da Ucrânia um ataque “neocolonialista e imperialista” que “quebrou todos os tabus” e advertiu que os espectadores eram cúmplices da agressão russa.

Rishi Sunak, primeiro-ministro inglês, admitiu também que o Ocidente deveria ter feito mais para persuadir o Sul Global de que os preços dos alimentos tinham disparado devido aos bombardeamentos dos campos de trigo ucranianos por parte da Rússia, e não às sanções ocidentais, como se isso fosse verdade e não uma invenção sem pés nem cabeça.

Kamala Harris, a vice-presidente dos EUA, disse que a solução para as dúvidas do Sul global era tratá-los como parceiros. Olaf Scholz, o chanceler alemão, que viajou recentemente para o Brasil e África do Sul numa tentativa infrutífera de extrair condenações mais claras da Rússia, disse à audiência de Munique: “Para ser credível e alcançar algo como europeu ou norte-americano em Jacarta, Nova Deli, Pretória, Santiago do Chile, Brasília ou Singapura, não é suficiente invocar valores comuns”.

As preocupações sobre o Sul não distraíram os líderes europeus de discutir como aumentar rapidamente a produção de munições através de maiores aquisições conjuntas e incentivos financeiros para a indústria de armamento europeia.

20 Fev 2023

MNE | Wang Yi encontrou-se com Henry Kissinger

Washington está “errada” na sua percepção da China e não deveria vê-la como rival, disse Wang Yi, quer considera Kissinger como um “bom amigo do povo chinês”

 

Uma Guerra Fria entre a China e os EUA seria um “desastre” para ambos os países e para o mundo inteiro, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi, após encontro com o antigo Secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger. Durante o seu encontro em Nova Iorque, Wang Yi descreveu Kissinger, que desempenhou um papel vital na normalização das relações entre Washington e Pequim nos anos 70, como um “bom amigo do povo chinês”.

Contudo, o diplomata mais graduado de Pequim advertiu que “um surto de uma nova Guerra Fria será um desastre para a China e os EUA, bem como para outras partes do mundo”, exortando Washington a adoptar uma política racional e pragmática em relação à China.

Segundo o ministro, Washington poderia fazê-lo honrando o seu anterior reconhecimento da posição da China de que Taiwan faz parte do seu território ao abrigo da política “Uma só China”. Wang Yi disse que a recente visita da Presidente da Câmara dos EUA Nancy Pelosi à ilha foi prejudicial para as relações Sino-EUA, tal como o US Congress Taiwan Policy Act 2022. Este último documento, que foi apoiado pela Comissão de Relações Externas do Senado dos EUA, tem como objectivo fornecer a Taipé milhares de milhões de dólares em ajuda à segurança.

Wang prosseguiu dizendo que os EUA têm “uma percepção errada da China”, encarando-a como “o seu rival mais proeminente e um desafiante a longo prazo”. “Algumas pessoas descreveram mesmo histórias de sucesso de intercâmbios China-EUA como sendo histórias fracassadas”. Ao fazê-lo, não respeitam nem a história nem a si próprios”, lê-se na declaração.

A reunificação pacífica com Taiwan é o “melhor desejo da China”, disse Wang, acrescentando que Pequim fará o seu melhor para alcançar este fim. Ele disse, no entanto, que quanto mais “desenfreadas” forem as actividades para a independência de Taiwan, “menos provável” será que a questão possa ser resolvida pacificamente.

Os seus comentários surgiram depois do Presidente dos EUA Joe Biden ter dito no domingo que as tropas americanas defenderiam Taiwan se a ilha fosse atacada pela China. Esta declaração provocou o repúdio de Pequim, que disse que “deplora e se opõe firmemente” a tal posição.

Kissinger adverte Biden

O Presidente dos EUA Joe Biden deveria demonstrar alguma “flexibilidade nixoniana” e tratar a China com paciência, disse o antigo Secretário de Estado Henry Kissinger à Bloomberg. O estadista disse que embora Washington devesse trabalhar para conter a influência de Pequim, isto “não pode ser alcançado através de um confronto permanente”.

Falando à Bloomberg numa entrevista publicada na quarta-feira, Kissinger argumentou que “Biden e as administrações anteriores foram demasiado influenciadas pelos aspectos internos da visão da China” e, na sua pressa em opor-se ao crescente poder, riqueza e influência de Pequim, não conseguiram apreender “a permanência da China”.

Como Secretário de Estado do Presidente Richard Nixon, Kissinger defendeu um compromisso diplomático com a China para impedir o seu alinhamento com a União Soviética durante a Guerra Fria. Anos de proximidade culminaram numa visita de Nixon a Pequim em 1972, após a qual a China abriu a sua economia ao Ocidente, abrindo o caminho para a ascensão do país ao estatuto de superpotência.

Trump e Biden na mesma pauta

Enquanto Kissinger pode ter facilitado a ascensão da China ao poder, as administrações Trump e Biden procuraram contrariar esta ascensão. Trump acusou Pequim de práticas comerciais desleais e impôs tarifas rígidas às importações chinesas, enquanto os militares listaram “o desafio [da China] no Indo-Pacífico” como a sua prioridade número um, uma classificação que permanece inalterada sob Biden.

Biden também manteve em vigor muitas das tarifas do seu antecessor, e formou o pacto de segurança AUKUS com o Reino Unido e a Austrália e os Parceiros no Acordo do Pacífico Azul (PBP) com o Japão, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. Ambas as alianças – AUKUS, um pacto de segurança formal, e o PBP, um acordo mais informal – têm como objectivo combater a influência chinesa na região Indo-Pacífico.

Biden disse no domingo que os EUA interviriam militarmente se a China invadisse Taiwan. Seja deliberada ou acidental, a sua declaração rompeu com a política “Uma só China” da Casa Branca, um comunicado de 1972 redigido pelo Departamento de Estado de Kissinger que reconhece, mas não subscreve, a soberania da China sobre a ilha.

Embora os comentários de Biden tenham sido minimizados por funcionários da Casa Branca e do Departamento de Estado, mereceram-lhe uma reprimenda de Kissinger, que numa entrevista na reunião anual do Fórum Económico Mundial na estância suíça de Davos afirmou que “Taiwan não pode ser o centro das negociações entre a China e os Estados Unidos”.

“A questão de Taiwan não vai desaparecer”, continuou Kissinger. “Como tema directo de confronto, é obrigado a conduzir a uma situação que pode sofrer uma mutação no campo militar, o que é contra o interesse mundial e contra o interesse a longo prazo da China e dos Estados Unidos”.

“É claro que é importante impedir a hegemonia chinesa ou de qualquer outro país”, acrescentou Kissinger nos seus comentários à Bloomberg. Contudo, ele advertiu “isso não é algo que possa ser alcançado através de confrontos intermináveis”.

22 Set 2022

China aconselha países asiáticos a recusarem ser peças de jogo de xadrez

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, defendeu ontem que o Sudeste Asiático deve recusar o papel de “peça num jogo de xadrez”, após ter proposto aos Estados Unidos regras para “interações pacíficas” na região.

Wang e o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, reuniram-se na ilha indonésia de Bali durante cinco horas no sábado, no seu primeiro encontro desde outubro, depois de terem participado numa reunião ministerial do G20 (as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia).

“Disse muito solenemente aos norte-americanos que os nossos dois lados devem considerar discutir o estabelecimento de regras para interações positivas na Ásia-Pacífico”, afirmou Wang ao discursar hoje na sede da ASEAN, em Jacarta, citado pela agência francesa AFP. O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês não especificou, contudo, quais seriam essas regras.

Wang disse que muitos países asiáticos, incluindo os 10 que integram a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), “estão sob pressão para tomar partido”. “Devemos manter a região afastada dos cálculos geopolíticos, da armadilha da lei da selva e de ser usada como peça de xadrez numa grande competição de poder”, afirmou.

Apelou também aos países da ASEAN para se oporem à “falsa cooperação regional que exclui alguns países”, referindo-se a organizações de segurança e comércio lideradas pelos Estados Unidos que não incluem a China.

Além da Indonésia, integram a ASEAN Brunei, Camboja, Filipinas, Laos, Malásia, Myanmar (ex-Birmânia), Singapura, Tailândia e Vietname. Timor-Leste e Papua-Nova Guiné são membros observadores da ASEAN. A China mantém há anos litígios com Vietname, Brunei, Malásia e Filipinas por várias ilhas localizadas na região.

Em setembro de 2021, os Estados Unidos firmaram um pacto de defesa com a Austrália e o Reino Unido – conhecido por AUKUS, que junta as iniciais em inglês dos três países – para manter a região do Indo-Pacífico “livre e aberta”.

Wang Yi criticou anteriormente o AUKUS, considerando que vai “contra o espírito de paz dos países da região”, e acusou os Estados Unidos de pretenderem criar uma “NATO no Pacífico”.

“Esta é uma região que quer desenvolvimento e cooperação, não é um tabuleiro de xadrez. A China rejeita qualquer tentativa de criar círculos de influência”, disse, em março deste ano.

Os Estados Unidos também mantêm com o Japão, a Austrália e a Índia uma aliança informal designada por Diálogo Quadrilateral sobre Segurança (Quad).

Em maio, numa cimeira em Tóquio, os líderes dos quatro países alertaram contra qualquer mudança na ordem vigente pela força, preocupados com a crescente atividade militar e influência da China na Ásia-Pacífico.

Na relação com os Estados Unidos, Pequim tem alertado que não irá tolerar qualquer interferência na questão de Taiwan, onde o anterior governo nacionalista chinês se refugiou em 1949, após a derrota na guerra civil com os comunistas.

Apesar de viveram autonomamente desde então, a China considera Taiwan como parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força se a ilha declarar a independência. Washington reconhece diplomaticamente Pequim e não Taipé, mas o Congresso dos Estados Unidos comprometeu-se a vender armamento a Taiwan para a defesa do território.

12 Jul 2022

Chefes das diplomacias dos Estados Unidos e da China reúnem-se esta semana

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, vai reunir-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, esta semana, à margem de uma conferência em Bali, informou hoje o Departamento de Estado.

Os dois chefes de diplomacia, que se encontraram pela última vez em outubro, irão conversar à margem de uma reunião ministerial do G20, em pleno clima de tensão sobre várias questões, incluindo Taiwan.

As conversações também ocorrerão numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se prepara para uma reunião com seu homólogo chinês, Xi Jinping, que não viaja para o estrangeiro desde o início da pandemia da covid-19, em 2020.

Blinken também deverá reunir-se com dirigentes indonésios, antes de viajar para a Tailândia, no sábado.

As reuniões entre os Estados Unidos e a China, que eram frequentes, quase pararam durante a pandemia e à medida que aumentavam as tensões entre as duas maiores economias do mundo.

Blinken e o conselheiro de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, reuniram-se, em março de 2021, no Alasca, com os seus homólogos chineses, encontro que provou a existência de profundas divergências em várias matérias, desde as relações comerciais ao destino de Taiwan.

Washington e Pequim também estão em polos divergentes na resposta à guerra na Ucrânia: se os norte-americanos assumiram a liderança na resposta ocidental contra a Rússia, os chineses insistem na proximidade com o regime do Presidente Vladimir Putin, e aumentaram a compra de petróleo russo.

A rivalidade com o gigante asiático é a prioridade estratégica declarada de Joe Biden, que tenta contrariar as ambições de Pequim na Ásia e no Pacífico e mais amplamente no mundo.

5 Jul 2022

Timor-Leste | Diplomacia chinesa defende reforço da cooperação

O chefe da diplomacia chinesa esteve em Timor-Leste na sequência do périplo pelos pequenos países do Pacífico Sul. Durante a visita, Wang Yi destacou a contribuição chinesa para o desenvolvimento do país e o aumento substancial das exportações de Timor-Leste para a China

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês comprometeu-se sábado a reforçar e a expandir a cooperação da China com Timor-Leste e saudou o relacionamento de duas décadas entre os dois países. “Já estabelecemos esta parceria e gostaríamos de elevar a parceira entre a China e Timor-Leste a um novo patamar, criando um bom exemplo de respeito mútuo, benefícios mútuos e para o desenvolvimento comum entre países”, disse Wang Yi, aos jornalistas em Díli.

“Já realizámos projectos exemplares na área da rede eléctrica, estradas e porto e isso ajuda muito o desenvolvimento das infraestruturas do país. As exportações de Timor-Leste para a China aumentaram 90 por cento e o café de Timor-Leste é cada vez mais procurado na China”, disse.

Wang Yi falava aos jornalistas numa curta conferência de imprensa, com apenas três perguntas no total, no final de um encontro com o Presidente timorense, José Ramos-Horta.

“A China é a segunda maior economia do mundo e membro do conselho permanente da ONU e é um país em desenvolvimento e está sempre ao lado dos outros países em desenvolvimento. Visitei Timor-Leste para ouvir as necessidades de Timor-Leste e promover colaboração bilateral e ajudar Timor-Leste a acelerar o desenvolvimento e elevar a vida do povo”, afirmou.

O encontro com os jornalistas não estava previsto na agenda da visita e realizou-se depois de várias críticas, incluindo do Conselho de Imprensa timorense, pela recusa do governante chinês de prestar declarações aos meios de comunicação social.

Questionado sobre as preocupações em alguns países, incluindo Austrália e Estados Unidos, sobre os interesses da China na região, Wang Yi disse tratarem-se de relações normais que Pequim tem vindo a promover.

“A China quer desenvolver relações amigáveis com todos os países, não apenas no Pacífico. Fomos a África, à América Latina e ao Médio Oriente também”, afirmou.

“Se a nossa viagem à região ajuda a motivar outros países a darem mais atenção a estas regiões e encorajar outros países a ajudar o desenvolvimento destas regiões, então porque não? Isto é normal e creio que é positivo para todo o mundo. Se não, é injusto deixar estas regiões abandonadas e esquecidas pelo mundo”, sublinhou.

Relações saudáveis

Durante a visita foi possível chegar a “vários consensos”, incluindo a “defesa do multilateralismo e do papel central da ONU para enfrentar os desafios” do planeta, disse Wang Yi, salientando que a China “continua a apoiar a adesão de Timor-Leste à ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]”.

Em concreto, no caso de Timor-Leste, o ministro destacou a colaboração no sector da saúde, comprometendo-se a enviar mais material de apoio e vacinas para combater a pandemia da covid-19 e equipas médicas.

“Nos últimos 20 anos, as nossas equipas médicas já trataram 300 mil doentes em Timor-Leste. Vamos enviar mais equipas médicas de acordo com as necessidades de Timor-Leste”, disse.

Sobre as duas décadas de relações bilaterais, Wang Yi lembrou que foi o próprio Ramos-Horta, então ministro dos Negócios Estrangeiros, que “assinou o comunicado conjunto”.

Por seu lado, José Ramos-Horta afirmou que o encontro serviu para analisar as relações bilaterais, tendo agradecido à China pelos “20 anos de relações bilaterais, de apoio que tem dado em infraestruturas, educação e saúde”, com centenas de jovens a estudar na China.

O chefe de Estado disse ter pedido a Wang Yi para que, no quadro da reunião do G-20, se discuta o perdão ou a reestruturação da dívida dos países em desenvolvimento.

“Pedi a atenção do MNE [ministro dos Negócios Estrangeiros] e da China, no quadro da reunião do G20, e como consequência da pandemia e da guerra na Ucrânia que agravou a situação económica mundial, para seriamente a comunidade internacional ver a questão do perdão ou reestruturação de dívidas dos países do terceiro mundo, a única possibilidade para esses países poderem recuperar economicamente”, disse.

Questionado sobre os receios, no ocidente, relativamente à acção da China no Pacífico, Ramos-Horta disse que “não há razões para alarme” e lembrou que Pequim sempre teve interesses na zona, por exemplo, na pesca.
“Estes países do Pacífico tem feito muito lóbi com a China para ter mais apoios e a China está a responder a isso.

Esses acordos pontuais com um ou outro país, não afectam os interesses de longa data de países como a Austrália e os Estados Unidos”, afirmou.

“A China está a levar isto com muita naturalidade e sem qualquer emoção. Estão a querer apoiar o Pacífico, como apoiam países em África ou na América Latina, algo que têm feito ao longo de décadas”, disse.

“Eu gostaria de ver uma relação expandida com a China, mas advogo apenas os programas e pedidos do nosso Governo que é quem define as áreas prioritárias em que precisa de apoio da China e isso será sujeito a acordos”, acrescentou.

Ramos-Horta disse que durante a reunião não se falou “sobre segurança marítima ou segurança no Pacífico” e afirmou que a delegação chinesa até considerou “divertido as reacções de outros países à visita do ministro ao Pacífico”.

6 Jun 2022

MNE | Relações China-EUA não são um jogo de soma zero

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, que se encontra num périplo pelos países do sul do Pacífico, respondeu a Antony Blinken, que descreveu a China como “o desafio de longo prazo mais sério à ordem internacional”. Wang Yi sublinhou que o mundo não é como os EUA o vêem e apelou a um diálogo mais justo e construtivo por parte dos norte-americanos

 

O conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse este sábado que as relações entre China e EUA não são um jogo de soma zero e que os norte-americanos devem abordar os laços bilaterais com base nos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício recíproco.

Em resposta a um recente discurso político do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que descreveu a China como “o desafio de longo prazo mais sério à ordem internacional”, Wang disse que há grandes equívocos nas visões dos EUA sobre o mundo, a China e as relações entre ambos, informa a agência estatal Xinhua.

O mundo não é o que os Estados Unidos descrevem e a tarefa mais urgente da comunidade internacional é proteger conjuntamente a vida e a saúde humana, promover a recuperação económica mundial e salvaguardar a paz e a tranquilidade mundiais, o que exige o estabelecimento de uma comunidade com um futuro comum e a implementação de propósitos e princípios consagrados na Carta da ONU, assinalou Wang.

O responsável destacou que a Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota,” a “Iniciativa de Desenvolvimento Global” e a “Iniciativa de Segurança Global”, propostas pela China, ganharam amplo reconhecimento e apoio da comunidade internacional. A obsessão dos EUA com o “centrismo ocidental”, “excepcionalismo” e a mentalidade da Guerra Fria, assim como sua pressão pela lógica da hegemonia e da política do bloco, vão contra a tendência da história e só levarão ao confronto e à divisão da comunidade mundial.

Na realidade, os Estados Unidos tornaram-se uma fonte de turbulência que prejudica a actual ordem mundial e um obstáculo que impede a democratização das relações internacionais, observou Wang.

Enfatizando que a China não é o que os EUA imaginam, Wang salientou que há uma lógica histórica clara para o desenvolvimento e revitalização do país que tem um forte poder endógeno.

A busca comum da modernização por 1,4 mil milhões de chineses representa um grande progresso para a humanidade, em vez de uma ameaça ou desafio para o mundo, ressaltou Wang, acrescentando que tal conquista é feita sob a forte liderança do Partido Comunista da China e é fruto da solidariedade, diligência e trabalho árduo do povo chinês que encontra o caminho do socialismo com características chinesas.

Competição justa

“O nosso objectivo é aberto, justo e honesto. É tornar a vida melhor para nosso povo e dar uma contribuição maior ao mundo, não substituir ou desafiar outros”, declarou Wang.

“Estamos a levar a reforma, a abertura e a cooperação de benefício mútuo a um nível mais alto. Vamo-nos tornar uma versão melhor de nós mesmos e tornar o mundo um lugar melhor”, disse, citado pela Xinhua.

“O que queremos dizer aos EUA é que as relações sino-americanos não são um jogo de soma zero projectado pelo lado norte-americano”, assinalou Wang.

Os líderes chineses apontaram que se a China e os Estados Unidos puderem lidar adequadamente com seu relacionamento, isso seria importante para o futuro do mundo, uma questão do século que precisa ser bem respondida pelos dois países, acrescentou.

Antes de responder à pergunta, o lado norte-americano deve primeiro estar ciente de que uma hegemonia unipolar não encontrará apoio, o confronto grupal não tem futuro, construir pequenos quintais com cercas altas significa auto-isolamento e atraso e dissociar e cortar suprimentos só prejudica os outros e a si mesmo, continuou.

Os países podem encenar uma competição justa entre si e é natural que a China e os Estados Unidos tenham algumas disputas, mas não devem ser destrutivas, observou Wang. O povo chinês tem confiança e está pronto para realizar uma competição justa para ver quem pode governar melhor seu próprio país e quem pode fazer mais contribuições para o mundo.

“Nunca cederemos à chantagem ou coerção e defenderemos firmemente a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China”, disse o chanceler, sublinhando que o povo chinês tem a espinha dorsal e a determinação para fazê-lo e qualquer supressão e contenção só os tornará mais unidos.

O lado norte-americano deve concentrar os seus esforços na aplicação dos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefício mútuo, de modo a encontrar o caminho para que os dois principais países, China e Estados Unidos, lidem adequadamente um com o outro na nova era, disse Wang. Wang esteve de visita às Fiji, a quarta paragem da sua viagem aos países insulares do Pacífico.

30 Mai 2022

MNE chinês inicia périplo no Pacífico que inclui Timor-Leste e visa alargar influência

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês chegou hoje às Ilhas Salomão, no início de um périplo por oito países do Pacífico Sul, que inclui Timor-Leste, um iniciativa que originou preocupações sobre as ambições de Pequim.

Segundo a agência Associated Press, Wang Yi vai tentar obter o apoio de dez pequenas nações do Pacífico para um acordo abrangente, que cobre aspetos desde política de segurança a direitos de pesca, no que pode constituir uma mudança no jogo de influências na região.

Um esboço daquele acordo, obtido pela agência AP, revela que a China quer expandir a cooperação na área da justiça e no âmbito da segurança “tradicional e não tradicional”.

A China também quer desenvolver um plano conjunto para a pesca – que incluiria a lucrativa captura de atum do Pacífico –, aumentar a cooperação na administração do ciberespaço da região e criar delegações do Instituto Confúcio, organismo estatal que promove o ensino da língua chinesa.

A China também refere a possibilidade de estabelecer uma área de livre comércio com as nações do Pacífico. A Austrália respondeu através do envio da nova ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, para as Fiji.

“Temos que responder à tentativa da China de alargar a sua influência numa região do mundo onde a Austrália tem sido o parceiro de segurança preferido desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o novo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, citado pela imprensa australiana.

A Associação de Imprensa das Ilhas Salomão apelou aos seus membros para que boicotem uma conferência de imprensa na capital do país, Honiara, com Wang Yi e o homólogo das Salomão, Jeremiah Manele.

Isto porque apenas imprensa selecionada foi convidada e porque só a televisão estatal chinesa CCTV terá direito a questionar Wang.

A China assinou um pacto de segurança com as Ilhas Salomão, no mês passado, que suscitou receios de que Pequim possa enviar tropas para a nação insular ou até estabelecer ali uma base militar, a cerca de 2.000 quilómetros da Austrália.

As Ilhas Salomão e a China dizem que não há planos para uma base. Durante o périplo de 10 dias, Wang também planeia visitar Kiribati, Samoa, Fiji, Tonga, Vanuatu e Papua Nova Guiné.

26 Mai 2022

Kiev pede à China que desempenhe papel importante nas negociações para a paz

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu ao homólogo chinês, Wang Yi, que Pequim continue a desempenhar um papel importante na obtenção de um cessar-fogo com a Rússia, noticiou hoje a imprensa estatal chinesa.

O diálogo entre os dois diplomatas, realizado por telefone, ocorreu três dias depois de a China e a União Europeia (UE) terem realizado uma cimeira, por videoconferência.

Bruxelas pediu a Pequim que abandonasse a sua “equidistância” perante a guerra na Ucrânia e que usasse a sua influência sobre a Rússia para impedir a agressão.

“A única coisa que a China quer é paz na Ucrânia”, assegurou Wang Yi a Kuleba, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Wang disse que a China espera que as negociações continuem até que um acordo de cessar-fogo seja alcançado.

Segundo a Xinhua, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano atualizou Wang sobre a situação no país e disse que Kiev deseja manter a comunicação com Pequim.

Kuleba espera que a China continue a desempenhar um papel importante na obtenção de um cessar-fogo.

A China é um “grande país, que desempenha um papel fundamental e ativo em salvaguardar a paz”, disse Kuleba, citado pela Xinhua.

O ministro afirmou que Kiev quer encontrar uma solução duradoura através do diálogo com a Rússia.

Wang insistiu na posição chinesa de promover o diálogo e as negociações para a paz. “A China não tem interesse geopolítico na crise ucraniana nem observará à distância, sem fazer nada, mas também não vai atirar gasolina para o fogo. O que queremos é paz”, afirmou.

Segundo o ministro chinês, o conflito acabará por terminar e o importante vai ser preservar a segurança duradoura na Europa, o que exigirá “uma estrutura de segurança europeia equilibrada, eficaz e sustentável”, construída através de um “diálogo equitativo”.

Wang também agradeceu os esforços das autoridades ucranianas na retirada de cidadãos chineses do país e disse esperar que medidas eficazes continuem a ser tomadas para garantir a segurança dos chineses que permaneceram na Ucrânia.

Pequim tem mantido uma posição ambígua em relação à invasão russa da Ucrânia.

Por um lado, defendeu que a soberania e a integridade territorial de todas as nações devem ser respeitadas – um princípio de longa data da política externa chinesa e que pressupõe uma postura contra qualquer invasão -, mas ao mesmo tempo opôs-se às sanções impostas contra a Rússia e apontou a expansão da NATO para o leste da Europa como a raiz do problema.

Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, esteve na China para uma reunião especial sobre o Afeganistão.

Lavrov reuniu-se com Wang Yi e ambos afirmaram que nem a guerra nem as sanções mudarão a “parceria estratégica” entre os dois países.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,1 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

5 Abr 2022

China critica Estados Unidos por reforço de laços militares no Indo-Pacífico

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, acusou ontem Washington de tentar criar uma versão asiática da NATO e disse que cabe ao Governo norte-americano melhorar as relações com a Coreia do Norte.

A política dos Estados Unidos em relação ao leste da Ásia e ao Oceano Índico, e os esforços para reforçar os laços militares com Japão, Austrália e Índia são um “desastre, que interrompe a paz e a estabilidade regionais”, apontou Wang Yi, em conferência de imprensa.

“Os Estados Unidos estão a jogar os seus jogos geopolíticos, sob o pretexto de promoção da cooperação regional”, disse Wang.

O ministro acrescentou que a postura da Casa Branca “contraria” os desejos regionais de cooperação e “está condenada a não ter futuro”. Wang acusou Washington de estar a organizar uma aliança para “suprimir a China”.

Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia reforçaram, nos últimos anos, os seus laços militares. Em 2021, Washington acordou fornecer tecnologia à Austrália para a construção dos seus primeiros submarinos movidos a energia nuclear.

“O verdadeiro propósito da ‘estratégia Indo-Pacífico’ é criar uma versão da NATO para” a região, disse Wang Yi.
A expansão da aliança ocidental foi citada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, como um dos motivos para invadir a Ucrânia.

Do exterior

Wang pediu ao Governo de Joe Biden que revivesse o espírito dos acordos dos anos 1970, que abriram as relações dos EUA com o executivo comunista de Pequim. “Os Estados Unidos não poupam esforços para concretizar uma intensa competição com a China, constantemente atacando e provocando problemas em questões relacionadas com os interesses centrais chineses”, disse Wang.

Washington deve “voltar ao caminho certo da racionalidade e do pragmatismo”, apelou. Wang pediu aos Estados Unidos que tomem a iniciativa de melhorar as relações com a Coreia do Norte e acusou o Governo de Biden de não responder a “medidas positivas” de Pyongyang.

“Depende em grande parte do que o lado americano fizer, se realmente vai adoptar acções concretas, para resolver o problema, ou vai continuar a usar a questão da península [coreana] como moeda de troca estratégica” disse Wang.

Sobre o Mar do Sul da China, o ministro reclamou que actores externos estejam a interferir nos esforços para desenvolver um “código de conduta” e disse que Pequim e os governos dos países do Sudeste Asiático deveriam negociar entre si.

Os Estados Unidos e outros governos enviaram navios de guerra para zonas daquele mar reivindicadas por Pequim, reclamando assim o direito de navios de todos os países usarem aquelas águas. As forças externas “não querem que o Mar do Sul da China permaneça calmo, porque isso faz com que percam o pretexto de intervir, para ganho pessoal”, disse Wang. “A interferência externa não pode parar o ritmo da cooperação regional”, apontou.

8 Mar 2022

MNE chinês diz que Rússia é o “parceiro estratégico mais importante” da China

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse hoje que a Rússia é o “parceiro estratégico mais importante” de Pequim, numa altura em que o seu país recusa condenar a invasão da Ucrânia.

Wang disse que os laços entre Pequim e Moscovo constituem uma das relações bilaterais “mais cruciais do mundo”.

“Não importa quão perigoso é o cenário internacional, vamos manter o nosso foco estratégico e promover o desenvolvimento de uma parceria abrangente China – Rússia na nova era”, disse o governante chinês, numa conferência de imprensa paralela à sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o órgão legislativo máximo da China. “A amizade entre os dois povos é firme como uma rocha”, acrescentou.

Além disso, Wang Yi acrescentou que Pequim “já está a mediar” o conflito na Ucrânia e que vai fazer esforços para oferecer assistência humanitária, o que “não deve ser politizado”.

“A paz e o diálogo devem ser promovidos e a China já fez alguns esforços nesse sentido”, afirmou Wang Yi, numa conferência de imprensa paralela à sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o órgão legislativo máximo da China.

“Houve duas rondas de negociações e esperamos que haja uma terceira. Quanto mais divergências há, maior a necessidade de se sentarem para negociar”, disse.

Pequim tem mantido uma posição ambígua em relação à invasão russa da Ucrânia. Por um lado, defendeu que a soberania e a integridade territorial de todas as nações devem ser respeitadas – um princípio de longa data da política externa chinesa e que pressupõe uma postura contra qualquer invasão -, mas ao mesmo tempo opôs-se às sanções impostas contra a Rússia e apontou a expansão da NATO para o leste da Europa como a raiz do problema.

No início de fevereiro, o Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se, em Pequim, com o homólogo russo, Vladimir Putin. Os dois afirmaram, numa declaração conjunta, o seu “forte apoio mútuo à proteção dos interesses centrais” dos dois países.

A Rússia apoiou a visão da China sobre Taiwan como “parte inalienável” do território chinês, enquanto a China apoiou a Rússia na oposição ao alargamento da NATO.

O Governo chinês recusou-se a condenar a invasão da Ucrânia, mas tentou distanciar-se da guerra de Putin, apelando ao diálogo e ao respeito pela soberania dos outros países.

7 Mar 2022

Ucrânia | China pede aos EUA que não “lancem mais achas para a fogueira”

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, disse ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que a China se opõe a quaisquer ações que “lancem mais achas para a fogueira” na Ucrânia.

Wang pediu negociações para resolver a crise na Ucrânia, bem como conversas sobre a criação de um mecanismo de segurança europeu “equilibrado”, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Num telefonema realizado no sábado, o diplomata chinês disse ainda que os EUA e a Europa devem prestar atenção ao impacto negativo que a expansão da NATO para o leste tem para a segurança da Rússia.

Durante a conversa, Blinken mais uma vez pressionou a China a ser mais crítica com a Rússia, indicou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Ned Price, em comunicado.

A China, por enquanto, tem evitado condenar a invasão russa da Ucrânia, tendo expressado oposição às sanções unilaterais impostas a Moscovo pelos Estados Unidos, UE e outros países ocidentais.

O telefonema entre os dois chefes de diplomacia concentrou-se no conflito “premeditado e injustificado” provocado pela Rússia, disse o Departamento de Estado dos EUA.

Blinken aproveitou a oportunidade para lembrar a Wang que “o mundo está atento para saber quais as nações que defendem os princípios básicos de liberdade, autodeterminação e soberania”.

O secretário de Estado norte-americano também sublinhou que o mundo está a agir “em uníssono” para responder à agressão russa, procurando fazer com que Moscovo pague “um preço alto” pelas suas ações.

Pequim tem defendido a soberania territorial das nações, mas manteve uma posição ambígua em relação ao conflito na Ucrânia e absteve-se em duas votações de condenação à Rússia na ONU, uma no Conselho de Segurança e outra na Assembleia-Geral.

Numa entrevista publicada no sábado, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu que a China deve tentar mediar uma possível resolução do conflito na Ucrânia, considerando que “não há alternativa”.

“Não podemos, nós [europeus] ser os mediadores, isso é óbvio”, disse Borrell, numa entrevista ao jornal espanhol El Mundo, lembrando as discussões diplomáticas quadripartidas que desde 2014 reuniam Rússia, Ucrânia, França e Alemanha sobre o processo de paz no leste da Ucrânia. O diplomata sublinhou, no entanto, que uma possível mediação chinesa não foi ainda proposta nem pela UE nem pela China.

A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.

6 Mar 2022

Ucrânia | Governo pede à China para mediar conflito para se alcançar cessar-fogo

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, assegurou hoje ao seu homólogo chinês, Wang Yi, que está disposto a “continuar as negociações” com a Rússia e que espera a “mediação da China” para alcançar “um cessar-fogo”.

“Acabar com a guerra é a prioridade do lado ucraniano e estamos calmos, abertos para negociar uma solução”, disse Dmytro Kuleba, citado em comunicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Este comunicado surge após o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, ter conversado hoje com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kouleba, a pedido deste último.

“Embora as negociações não avancem sem problemas, estamos prontos para prosseguir [com elas] e a fortalecer os contactos com a China”, disse ainda o governante ucraniano, realçando que aguarda pela “mediação da China para chegarem a um cessar-fogo”.

Wang Yi expressou ainda a sua “preocupação” com os danos causados à população civil e pediu à Ucrânia para “continuar a negociar”.

“A China lamenta a eclosão do conflito e está extremamente preocupada com os danos causados à população civil. A nossa prioridade é aliviar ao máximo a situação no terreno para evitar que o conflito se agrave ou saia fora do controlo”, salientou o governante no comunicado.

Além disso, realçou que a China “apela a ambos os lados para que procurem uma solução pela via das negociações”.

Trata-se da primeira ligação entre diplomatas chineses e ucranianos desde o início do conflito armado, sendo que a China até agora tem mantido uma posição ambígua.

É também a primeira vez que diplomatas chineses se referem aos “danos” infligidos à população civil.

Wang Yi disse ainda que “a situação na Ucrânia mudou rapidamente” e que além de lamentar a “eclosão do conflito” e estar “extremamente preocupada” com os danos causados aos civis, defende o “respeito pela soberania e integridade de todos os países”.

Apelamos, pois, à “Ucrânia e à Rússia” para que encontrem soluções através de “contactos”, disse Wang, embora tenha realçado que “a segurança de um país não pode ser alcançada à custa da [segurança] de outros” ou também que “não pode ser alcançada através da expansão dos blocos militares”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse que o Governo procura garantir a segurança de seus concidadãos na Ucrânia e que o processo de retirada destes está a “progredir graças ao apoio e cooperação” ucraniana.

A China tem mantido uma posição ambígua em relação ao conflito na Ucrânia, insistindo por um lado no “respeito pela integridade territorial de todos os países” e na atenção que deve ser dada às “legítimas exigências de segurança” da Rússia.

Segundo a televisão estatal chinesa a CCTV, cerca de 600 estudantes chineses foram transferidos da capital Kiev e Odessa (sul) para a Moldávia, sendo que um cidadão chinês que tentava viajar para Lviv foi ferido, mas está a ser tratado num hospital.

Até agora, a China, atendendo às boas relações diplomáticas com a Rússia, absteve-se de condenar a intervenção russa na Ucrânia, recusando-se mesmo em falar de “invasão”.

Na terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês tinha dito que estava a ajudar os cidadãos chineses na Ucrânia (cerca de 6.000) a deixarem o país, embora sem avançar mais detalhes.

2 Mar 2022

Ucrânia | MNE chinês diz “entender preocupações” da Rússia com a sua segurança

A China “entende as preocupações de segurança da Rússia”, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, ao homólogo russo, Sergei Lavrov, horas após o início da invasão russa da Ucrânia.

“A China sempre respeitou a soberania e a integridade territorial de todos os países”, disse Wang, de acordo com uma transcrição divulgada pelo ministério chinês.

“Mas também vimos que a questão ucraniana tem uma história especial e complexa. Entendemos as preocupações de segurança razoáveis da Rússia”, apontou.

A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.

Moscovo exigiu, nas últimas semanas, garantias ao Ocidente para a segurança da Rússia, em particular a promessa de que a Ucrânia não se juntaria à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Os laços China – Rússia foram reforçados, sob o comando do líder chinês, Xi Jinping, que recebeu Putin, em Pequim, no início deste mês.

Pequim afirmou por várias vezes compreender as preocupações russas com a segurança. Xi e Putin emitiram uma declaração conjunta contra o alargamento da NATO na Europa de leste.

Mas Pequim também se inibiu de apoiar a invasão da Ucrânia.

“A China está a acompanhar de perto os últimos desenvolvimentos”, disse hoje Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, recusando-se a descrever o ataque como uma “invasão”.

“Pedimos a todas as partes que exerçam moderação para evitar que a situação fuja do controlo”, disse.

Na quarta-feira, Hua acusou o Ocidente de criar “medo e pânico” com a crise e disse que os Estados Unidos estão a alimentar as tensões ao fornecer armas a Kiev.

Hua não comentou a acusação infundada de “genocídio” das populações de língua russa, feita por Moscovo, para justificar a sua intervenção na Ucrânia.

A embaixada chinesa na Ucrânia pediu hoje que os seus cidadãos aumentem a sua vigilância perante os “graves distúrbios” no país.

O Presidente russo disse que o ataque responde a um “pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk”, no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a “desmilitarização e desnazificação” do país vizinho.

O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, da NATO, União Europeia e Conselho de Segurança da ONU.

25 Fev 2022

MNE chinês mantém conversa telefónica com Secretário de Estado dos EUA

Wang Yi chamou a atenção a Blinken para o facto dos EUA dizerem uma coisa e fazerem outra, o que poderá levar a um “confronto total”

 

O Conselheiro de Estado chinês e Ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi teve ontem, terça-feira, uma conversa telefónica com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que felicitou a China pelo sucesso dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim e os atletas chineses pelas suas grandes realizações.

Enquanto estendia as suas felicitações aos atletas americanos pelos seus bons desempenhos nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, Wang disse que os atletas chineses e americanos demonstraram plenamente o espírito olímpico através da interacção amigável, encorajamento mútuo e melhoria comum.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse que o mais importante para compreender e fazer progredir as relações China-EUA é implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado. Wang sublinhou que a China está disposta a gerir eficazmente as diferenças e a estabilizar as relações China-EUA, de acordo com os três princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação vantajosa para ambas as partes apresentados pelo presidente Xi Jinping.

De acordo com Wang, os Estados Unidos lançaram recentemente a chamada nova versão da “Estratégia Indo-Pacífico”, listando publicamente a China como o principal desafio regional, e tentou incluir a estratégia de “utilizar Taiwan para conter a China” na estratégia regional dos EUA, o que está obviamente a enviar um sinal errado de confronto e de contenção da China.

“Uma vez que há competição e cooperação entre a China e os Estados Unidos, as relações bilaterais não podem ser definidas simplesmente pela competição”, disse Wang, acrescentando que “alguns funcionários norte-americanos tropeçaram numa competição feroz a longo prazo com a China, que é susceptível de evoluir para um confronto total entre a China e os Estados Unidos”.

“A China insta o lado americano a tomar medidas concretas para honrar os compromissos assumidos pelo Presidente Biden”, observou Wang, acrescentando que “Washington não pode dizer uma coisa, fazer o contrário, comer as suas palavras ou não mostrar credibilidade”.

O diplomata chinês disse também que o 50º aniversário do Comunicado de Xangai chegará dentro de poucos dias, cujo espírito ainda hoje tem um grande significado realista para as relações China-EUA, manifestando a esperança de que os Estados Unidos se mantenham fiéis à aspiração original de quebrar o gelo entre os dois países, regressem a uma percepção racional e pragmática da China e empurrem conjuntamente as relações bilaterais de volta ao caminho certo para um desenvolvimento saudável e estável.

Pela sua parte, Blinken disse que, como o Presidente Biden disse muitas vezes, “os Estados Unidos não procuram uma nova Guerra Fria ou mudar o sistema da China, acrescentando que se opõe à ‘independência de Taiwan’ e não tem qualquer intenção de conflito ou confronto com a China”.

Ucrânia na mesa

A pedido de Antony Blinken a questão da Ucrânia e a questão nuclear da Península Coreana, também foram debatidas. Blinken informou Wang sobre as opiniões e posição dos EUA sobre a situação actual na Ucrânia. Wang disse que a China está “preocupada com o desenvolvimento da questão e que a sua posição tem sido consistente”.

“As legítimas preocupações de segurança de qualquer país devem ser respeitadas e os objectivos e princípios da Carta das Nações Unidas devem ser mantidos”, acrescentou, atribuindo a questão da Ucrânia ao atraso na implementação efectiva do novo acordo de Minsk. Wang afirmou que o lado chinês continuará a manter contactos com todas as partes.

Notando que a situação na Ucrânia está a piorar, Wang disse que “a China mais uma vez exortou todas as partes a exercer contenção, reconhecer a importância da implementação do princípio da segurança indivisível, e a desanuviar a situação e a restaurar as diferenças através do diálogo e da negociação”.

Coreia, nuclear Coreia

Blinken também actualizou Wang sobre as últimas relações entre os Estados Unidos e a República Popular Democrática da Coreia (RPDC). Wang disse que o problema entre os Estados Unidos e a RPDC está no centro da questão nuclear da Península Coreana, observando que o lado americano deveria atribuir importância às preocupações legítimas e razoáveis da RPDC e tomar medidas substanciais.

A China representa conversações directas entre os Estados Unidos e a RPDC e, como sempre, desempenhará um papel construtivo na promoção da resolução da questão nuclear da Península Coreana.

23 Fev 2022

Cazaquistão | MNE chinês expressa “forte apoio” ao Governo cazaque

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, expressou hoje o seu “forte apoio” ao homólogo cazaque, Mukhtar Tleuberdi, para que mantenha a “estabilidade” no país da Ásia Central, informou a agência noticiosa Xinhua.

Wang Yi, que descreveu a ex-república soviética como um “parceiro estratégico abrangente” da China, prometeu o apoio chinês para “deter a violência”, num “período crítico para o futuro do Cazaquistão”.

Quase 8.000 pessoas foram presas após os protestos e motins que eclodiram no Cazaquistão em 02 de janeiro.

Várias dezenas de pessoas – incluindo 16 polícias e dois soldados, e um número desconhecido de manifestantes – morreram nos maiores protestos ocorridos no país desde que conquistou a independência, há três décadas, de acordo com as autoridades.

A crise foi provocada pelo aumento do preço do gás liquefeito, que provocou manifestações pacíficas em várias cidades do país e que posteriormente degeneraram em violência. Neste domingo, o Governo cazaque considerou que a situação estabilizou em todas as regiões do país.

China e Cazaquistão, que partilham uma fronteira com mais de 1.500 quilómetros de extensão, mantêm importantes acordos de cooperação económica e comercial, no âmbito da iniciativa chinesa ‘uma faixa, uma rota’.

O projeto de infra-estruturas lançado por Pequim inclui a construção de linhas ferroviárias, aeroportos, centrais elétricas e zonas de comércio livre, visando abrir novas vias comerciais entre Ásia, Europa e África.

O Cazaquistão é um elo crucial nesta iniciativa e foi precisamente no país vizinho que o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou o projeto de infra-estruturas, em 2013.

10 Jan 2022