Pequim apela a Washington para “gerir disputas de forma mais racional”

Uma delegação de senadores dos EUA está de visita à China. Trazem um baú de críticas que os chineses refutam na maior parte dos casos, argumentando que os EUA pouco fazem para que alguns consensos sejam encontrados. Wang Yi, MNE chinês, pede “racionalidade”.

Uma delegação norte-americana de senadores, liderada pelo líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, prosseguiu a sua visita a Xangai no domingo, tendo os analistas afirmado que se tratava de “testar as águas” relativamente à posição da China em questões como o fentanil e o “tratamento justo” das empresas norte-americanas.

Mas o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, apelou ontem aos Estados Unidos para “gerirem as diferenças [com a China] de forma mais racional”, durante um encontro com senadores norte-americanos, no âmbito da reaproximação diplomática entre as duas potências. “Esperamos que esta visita ajude os Estados Unidos a compreenderem melhor a China, a ver as relações China-EUA de forma mais objectiva e a lidar de forma mais racional com as diferenças existentes”, disse Wang Yi, durante uma reunião com a delegação liderada pelo democrata Chuck Schumer.

Schumer e a competição

China e Estados Unidos renovaram o diálogo nos últimos meses com uma sucessão de visitas de altos funcionários norte-americanos a Pequim. “Devemos gerir as nossas relações de forma responsável”, disse Chuck Schumer, insistindo que os Estados Unidos “não procuram entrar em conflito” com o país asiático.

No entanto, o senador disse ser “natural que duas grandes potências compitam em áreas como o comércio, tecnologia e diplomacia, entre outras”. Schumer citou como “objectivo número um” alcançar “condições equitativas para as empresas e trabalhadores norte-americanos”.

No que diz respeito ao tratamento justo das empresas americanas, como a capacidade da Micron Technology de realizar negócios na China, Li disse que a China tratou as questões relacionadas com a Micron em conformidade com a legislação chinesa. “Ao falar sobre os problemas com a Micron, Schumer não mencionou que os EUA acrescentaram 42 empresas chinesas à sua lista de controlo das exportações”, salientou Li.

A guerra do fentanil

O líder democrata no senado apontou ainda como objectivos “responsabilizar as empresas sediadas na China que fornecem produtos químicos mortais que alimentam a crise do fentanil na América” e “garantir que a China não apoia o comportamento imoral da Rússia” na invasão da Ucrânia. “Promover o [respeito pelos] Direitos Humanos é outra prioridade”, acrescentou.

Refutando as observações de Schumer sobre o fentanil, Li Yong, investigador sénior da Associação Chinesa de Comércio Internacional, afirmou que a China já tomou várias medidas relativamente à questão do fentanil e que os EUA não podem simplesmente fechar os olhos aos grandes esforços que a China tem feito.

O consumo de fentanil tornou-se uma questão social importante nos EUA, que, no entanto, não pode ser associada à China. Embora os dois governos tenham efectuado várias comunicações, os EUA consideram a questão “numa perspectiva de difamação da China”, disse Li.

A viagem à China dos senadores norte-americanos ocorre numa altura em que está prevista uma reunião entre os líderes dos dois países, Joe Biden e Xi Jinping. Biden mencionou na sexta-feira a “possibilidade” de se encontrar com Xi Jinping durante a cimeira da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), marcada para meados de novembro, em São Francisco.

Críticas e mais críticas

Chuck Schumer também criticou ontem a posição da China, que apelou à “contenção”, após os confrontos entre o movimento islâmico palestiniano Hamas e Israel. “Para ser honesto, fiquei muito decepcionado com a declaração (…) que não demonstrou nenhuma compaixão ou apoio a Israel nestes tempos difíceis e conturbados”, disse.

A China disse no domingo que estava “profundamente preocupada” com os confrontos, que já deixaram mais de mil mortos entre israelitas e palestinianos. Na segunda-feira, Wang Yi sublinhou que o “mundo atravessa atualmente um período de turbulência e mudanças […] . A crise na Ucrânia ainda não foi resolvida e a guerra está de volta ao Médio Oriente”. Citou também o terramoto no Afeganistão, que deixou mais de 2.000 mortos, segundo as informações mais recentes. “Todos estes desafios devem ser enfrentados pela comunidade internacional e a China e os Estados Unidos devem desempenhar os seus papéis de forma apropriada”, disse Wang.

A diplomacia chinesa, que no início deste ano mediou a aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita, afirma regularmente que quer dar o seu contributo para o processo de paz israelo-palestiniano, que está paralisado desde 2014. Até recentemente pouco envolvida na questão israelo-palestiniana, em comparação com os Estados Unidos, a China, que mantém boas relações com Israel, está agora a realçar mais a sua posição sobre o assunto.

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