MNE chinês inicia visita ao leste de África com olhos postos no Índico

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China inicia, na terça-feira, uma visita de quatro dias ao leste de África, mantendo uma tradição da diplomacia chinesa, numa altura em que Pequim avança com as suas ambições no Oceano Índico.

Wang Yi vai visitar a Eritreia, o Quénia e as Ilhas Comores, países situados na costa leste de África, entre os dias 4 e 7 de janeiro.

Há mais de três décadas que o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês começa sempre o ano com uma viagem ao continente africano. Esta é também a segunda visita de Wang a África, no espaço de pouco mais de um mês, depois de ter participado no Fórum de Cooperação China – África (FOCAC), no Senegal, no final de novembro.

Observadores consideram que os três países incluídos no périplo este ano refletem o foco da China no Oceano Índico.

A deslocação de Wang à parte oriental do continente africano é seguida por uma visita às Maldivas e Sri Lanka, dois países estratégicos naquele espaço marítimo.

O desenvolvimento de uma rede de portos no Oceano Índico por Pequim, incluindo no Sri Lanka, Paquistão e Djibuti, constitui um desafio para a Índia, devido ao potencial uso militar daquelas infraestruturas.

A expansão dos interesses económicos e geopolíticos chineses no Índico serviu para aproximar Nova Deli e Washington, que assinaram, em 2020, um importante tratado militar, que permite o acesso das Forças Armadas de ambos os países à informação cartográfica recolhida pelos seus respetivos satélites.

Os dois países passaram também a realizar exercícios militares conjuntos, nos quais participam também Austrália e Japão.

A visita à Eritreia deve ainda ajudar a China a consolidar a sua posição no corno de África e no Mar Vermelho.

No corno de África, a China financiou e construiu uma linha ferroviária que vai da capital da Etiópia, Adis Abeba, ao Porto de Djibuti, no Mar Vermelho. A China inaugurou a sua primeira base militar além-fronteiras no Djibuti, em 2017, e também financiou a construção de outros portos no país, no âmbito da iniciativa “uma faixa, uma rota”.

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