Diplomacia | MNE francês apela ao diálogo com Pequim

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, apelou ontem a uma “poderosa parceria franco-chinesa”, face às crises mundiais, mas advertiu que a Europa defenderá os seus interesses e valores.

“Mais do que nunca, o contexto actual exige uma parceria franco-chinesa poderosa ao serviço da estabilidade geopolítica, da prosperidade e do futuro do nosso planeta”, defendeu Barrot, de visita a Pequim, antes de se encontrar com o seu homólogo chinês, Wang Yi.

Os dois ministros apertaram as mãos na sumptuosa residência estatal de Diaoyutai, diante das bandeiras dos dois países, antes de manterem conversações à porta fechada. Paris disse que as conversações se centrariam na resolução dos conflitos Rússia – Ucrânia e no Médio Oriente, e nas tensões comerciais entre a China e a União Europeia.

“O ritmo das crises está a acelerar”, afirmou o ministro francês, ao lado de Wang Yi. “Os nossos dois países devem, por conseguinte, promover em conjunto um diálogo de estabilidade que conduza à procura de soluções”, afirmou.

“Perante os desafios políticos, económicos e de segurança, uma nova Europa está a emergir rapidamente. A sua única bússola é a autonomia estratégica”, declarou Jacques Barrot. “A Europa será particularmente vigilante na defesa dos seus interesses e dos seus valores”, acrescentou. O ministro sublinhou ainda que Paris e Pequim “devem coordenar-se para promover uma paz justa e duradoura na Ucrânia”.

“A China também tem um papel a desempenhar para convencer a Rússia a sentar-se à mesa das negociações com propostas sérias e de boa-fé”, disse o ministro francês ao homólogo chinês. O chefe da diplomacia chinesa advertiu que “a situação internacional mudou novamente e tornar-se-á ainda mais caótica”.

França e China devem “aderir ao multilateralismo” e “trabalhar em conjunto para a paz e o desenvolvimento do mundo”, insistiu Wang Yi, que considera a China um dos principais alvos da ofensiva comercial do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“A França opõe-se a qualquer forma de guerra comercial e defende o diálogo sobre as questões comerciais, nomeadamente entre a União Europeia e a China”, respondeu Jean-Noël Barrot, em Pequim.

Barrot falou ainda das sanções aplicadas pela China ao conhaque francês, em resposta às taxas adicionais impostas pela União Europeia aos automóveis eléctricos chineses. Afirmou estar à procura de uma “solução rápida” para este diferendo comercial, que permita aos dois países concentrarem-se “na construção de parcerias e investimentos para o futuro”.

Sob pressão

Jean-Noël Barrot deverá manter conversações ao fim da tarde com um alto funcionário chinês não identificado. O ministro francês deslocar-se-á depois a Xangai, onde deve inaugurar na sexta-feira uma fábrica de produção de hidrogénio construída pelo grupo francês Air Liquide e participar num fórum empresarial franco-chinês.

A visita de Jacques Barrot à China faz parte de um vasto périplo pela Ásia, durante o qual visitou a Indonésia e Singapura.

A ameaça de uma agressão russa na Europa “não é teórica”, afirmou Barrot na passada terça-feira, a partir de Singapura, depois de o enviado especial dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, ter afirmado na Fox News, no domingo, que não acreditava nessa eventualidade.

A “agressividade” da Rússia “ao longo dos últimos três anos estendeu-se muito para além da própria Ucrânia”, disse Barrot aos jornalistas.

28 Mar 2025

Diplomacia | Pequim diz querer trabalhar com França para “evitar que mundo regresse à lei da selva”

A conversa telefónica entre o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e o conselheiro diplomático da presidência francesa, Emmanuel Bonne, serviu para reforçar a cooperação estratégica entre os dois países face à crescente instabilidade global

 

O chefe da diplomacia chinesa disse ontem esperar que China e França “trabalhem em conjunto para evitar que o mundo regresse à lei da selva”, numa conversa com o conselheiro diplomático da presidência francesa, Emmanuel Bonne.

Citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Wang Yi sublinhou que a situação global encontra-se num estado de “crescente incerteza e instabilidade” e apelou à França e à China para que “reforcem a sua parceria estratégica, protejam conjuntamente o multilateralismo genuíno e se oponham à hegemonia unipolar”.

Durante a conversa, realizada por telefone, Emmanuel Bonne disse esperar que a China desempenhe “um papel importante na obtenção de um acordo de paz justo, sólido e sustentável” na Ucrânia, um conflito em relação ao qual Pequim tem mantido uma posição ambígua ao longo dos anos.

Poder da palavra

Wang Yi disse que a China “sempre defendeu a resolução da ‘crise’ através do diálogo” e saudou “todos os esforços que conduzem a um cessar-fogo, um passo necessário para a paz”, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, no mesmo dia em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, concordaram em iniciar o processo de paz com a Ucrânia, com um cessar-fogo parcial, centrado nas infra-estruturas e na energia.

O diplomata chinês também instou a China e a União Europeia a resolverem os atritos comerciais e económicos através do diálogo, após meses de disputas entre as duas partes sobre questões como os veículos eléctricos chineses.

“A França opõe-se às guerras comerciais e tarifárias e está disposta a trabalhar com a China para resolver adequadamente as fricções económicas e comerciais através do diálogo”, afirmou Bonne.

20 Mar 2025

Diplomacia | Wang Yi vai ao Reino Unido e Alemanha antes de reunião na ONU

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, deslocar-se-á ao Reino Unido, Irlanda, Alemanha e África do Sul, entre os dias 12 e 21 de Fevereiro, anunciou ontem o seu ministério. Wang vai também participar numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Nova Iorque, a 18 de Fevereiro, informou a mesma fonte, em comunicado.

Durante a sua estadia no Reino Unido, o chefe da diplomacia chinesa vai participar na décima ronda do Diálogo Estratégico China – Reino Unido, com o seu homólogo britânico, David Lammy. Em seguida, deslocar-se-á à Irlanda, onde se encontrará com o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio, Simon Harris.

Na Alemanha, Wang Yi vai participar na 61.ª Conferência de Segurança de Munique, onde intervirá num fórum dedicado à China, para apresentar a posição de Pequim sobre questões internacionais. A China assume a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Fevereiro. Neste contexto, no dia 18, Wang vai a Nova Iorque para participar num debate aberto do órgão.

O país asiático, na qualidade de presidente rotativo do Conselho, também convidou o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, para o evento, com quem Wang deve manter um encontro, num contexto de fricções comerciais entre as duas potências.

O ministro vai ainda participar na reunião entre os chefes da diplomacia dos países do G20, que se realizará a 20 e 21 de Fevereiro em Joanesburgo, a convite do seu homólogo sul-africano, Naledi Pandor.

11 Fev 2025

MNE | Não haverá modernização do mundo sem a modernização de África

O périplo do ministro dos Negócios Estrangeiros visou reforçar os laços entre a China e o continente africano e fortalecer as parcerias entre a China e países como a Namíbia, a República do Congo, o Chade e a Nigéria

 

A China afirmou ontem que a recente visita a quatro países africanos do Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, foi “um sucesso” e declarou que “não haverá modernização do mundo sem a modernização de África”.

A situação mundial altera-se, mas “China e África tratam-se como iguais e apoiam-se mutuamente”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

Guo disse que a viagem de Wang, durante a qual visitou a Namíbia, a República do Congo, o Chade e a Nigéria, na semana passada, “promoveu a cooperação China-África em vários domínios, forjando um amplo consenso e alcançando resultados tangíveis no reforço dos intercâmbios entre civilizações, promoção do desenvolvimento ecológico e aprofundamento da cooperação agrícola”.

“China e África sonham com a modernização e não pode haver modernização do mundo sem a modernização de África”, acrescentou o porta-voz, afirmando que a visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês “promoveu conjuntamente a reparação das injustiças históricas sofridas por África, a unidade e revitalização do ’Sul Global’ e a construção de um sistema de governação global justo e razoável”.

A visita de Wang “demonstrou a firme determinação da China e de África em trabalhar em conjunto para enfrentar mudanças que não se viam há um século”, segundo Guo. Há mais de três décadas que o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês começa o ano com uma viagem ao continente africano.

Entre os objectivos de Wang esteve “promover a implementação” dos resultados do último Fórum de Cooperação China-África, realizado em Setembro na capital chinesa.

Investimento plantado

O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu 360 mil milhões de yuan para financiar o desenvolvimento de África, ao longo dos próximos três anos. Xi anunciou igualmente investimentos no continente no valor de 70 mil milhões de yuan.

A China foi o maior parceiro comercial de África nos últimos 15 anos, com o volume de comércio a atingir um recorde de 282,1 mil milhões de dólares, em 2023.

O défice comercial de África com a China aumentou em 2023 para 64 mil milhões de dólares, embora a diferença tenha diminuído na primeira metade de 2024 graças ao crescimento das importações chinesas do continente africano.

14 Jan 2025

Pequim diz-se “o parceiro mais fiável” de África em visita de Ano Novo

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros saudou na segunda-feira a “amizade de longa data” entre África e o seu país, que descreveu como o “parceiro mais fiável” do continente, durante uma breve visita à Namíbia.

A China dedica tradicionalmente a sua primeira visita diplomática do ano a África, recordou Wang Yi num encontro com a imprensa em Windhoek, na presença da próxima Presidente da Namíbia, Netumbo Nandi-Ndaitwah, eleita em Dezembro.

“Isto tornou-se uma bela tradição e uma marca da diplomacia chinesa durante 35 anos consecutivos, sem qualquer mudança ou hesitação”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).

“Apreciamos a amizade de longa data entre a China e África, desde a extraordinária era das lutas pela independência até à cooperação mutuamente benéfica que estamos a desenvolver”, acrescentou o chefe da diplomacia chinesa.

Pequim é o principal parceiro comercial de África, com um comércio bilateral de 167,8 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2024, de acordo com os números dos meios de comunicação oficiais chineses, citados pela AFP.

O gigante asiático enviou centenas de milhares de trabalhadores e engenheiros para África e obteve acesso privilegiado aos seus vastos recursos naturais, como o cobre, o ouro e o lítio, essenciais para a transição energética.

Os empréstimos dos bancos estatais chineses financiaram a construção de muitas das infra-estruturas vitais para o crescimento de África, mas contribuíram também para aumentar o peso da dívida de alguns países.

De confiança

Nesta digressão, Wang Yi deverá deslocar-se ao Congo, antes de visitar o Chade e a Nigéria esta semana, para demonstrar, respeitando esta tradição de visitas diplomáticas, que a China é “o parceiro mais fiável dos países africanos na busca do desenvolvimento”, bem como “o mais forte apoiante de África na cena internacional”, sublinhou o ministro.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou Angola no início de Dezembro para demonstrar as ambições de Washington em África, particularmente face à China, que está a investir fortemente na região.

8 Jan 2025

Cooperação | MNE visita Namíbia, República do Congo, Chade e Nigéria

O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, vai visitar a Namíbia, República do Congo, Chade e Nigéria, entre ontem e 11 de janeiro, anunciou na sexta-feira a porta-voz da diplomacia chinesa, em conferência de imprensa.

Há mais de três décadas que o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês começa sempre o ano com uma viagem ao continente africano. “É uma excelente tradição”, que visa “aprofundar a cooperação prática em vários domínios e promover o desenvolvimento sustentado e profundo das relações China – África”, frisou a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning.

A responsável disse que a Namíbia, a República do Congo, o Chade e a Nigéria são “parceiros de cooperação amigável da China” e que Wang tem como objectivo “promover a implementação” dos resultados do último Fórum de Cooperação China – África, realizado em Setembro passado na capital chinesa.

O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu então 360 mil milhões de yuan para financiar o desenvolvimento de África nos próximos três anos. Xi anunciou igualmente investimentos no continente no valor de 70 mil milhões de yuan.

O Presidente anunciou também 30 projectos de infra-estruturas e renovou a sua promessa de aumentar as importações agrícolas do continente, uma intenção que já tinha declarado na edição de 2021 do fórum, em Dakar.

A China é desde há 15 anos o maior parceiro comercial de África, com o volume das trocas comerciais a atingir um recorde de 282,1 mil milhões de dólares (quase 280 mil milhões de euros), em 2023.

6 Jan 2025

Síria | Wang Yi apela a “processo aberto e inclusivo” para solução política

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, apelou ontem às várias fações na Síria que “embarquem, no interesse a longo prazo do país e do seu povo, num processo aberto e inclusivo de resolução política”.

Durante uma reunião em Pequim com um grupo de diplomatas de países árabes, o ministro chinês sublinhou a importância de “evitar que o terrorismo se aproveite do caos para regressar” à Síria, após a recente queda do regime de Bashar al-Assad, de acordo com um comunicado difundido pela diplomacia chinesa.

Wang pediu recentemente que se “evite a fragmentação” e se “restaure a estabilidade” no país árabe. O ministro chinês apelou também a um “cessar-fogo imediato” e à “retirada permanente das tropas” em Gaza, bem como a uma “solução justa e duradoura para o conflito palestiniano com base na fórmula dos dois Estados”, ao mesmo tempo que apelou à “preservação da soberania do Líbano”.

No ano passado, o país asiático manifestou o apoio à solução de “dois Estados” para o conflito israelo-palestiniano e declarou “consternação” face aos ataques israelitas contra civis.

“A China continuará a apoiar os países árabes no reforço da sua autonomia estratégica”, afirmou Wang, acrescentando que o Médio Oriente “não pode continuar a ser um campo de batalha das grandes potências e uma vítima dos conflitos geopolíticos”.

De acordo com o comunicado, os representantes diplomáticos dos países árabes em Pequim “elogiaram a posição imparcial da China e o seu apoio à causa justa do povo palestiniano” e registaram as “contribuições positivas” do país asiático para a “paz e estabilidade” na região.

Os delegados árabes pediram à China que desempenhe “um papel mais importante” face às “mudanças abruptas” no Médio Oriente e ao “sofrimento dos povos da região”.

21 Dez 2024

Ucrânia | MNE chinês diz que Pequim está empenhada em promover conversações de paz

A responsável pela diplomacia alemã esteve de visita a Pequim para participar na sétima ronda do Diálogo Estratégico China – Alemanha sobre Diplomacia e Segurança. Pequim e Berlim manifestaram a intenção de procurar soluções que ajudem a pôr fim ao conflito na Ucrânia e às disputas comerciais

 

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, garantiu ontem à sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, que a China está empenhada em “promover as conversações de paz na Ucrânia”, apelando à cooperação entre Pequim e Berlim.

Na sétima ronda do Diálogo Estratégico China – Alemanha sobre Diplomacia e Segurança, Wang disse a Baerbock que “as divergências e diferenças entre a China e a Alemanha não devem ser um obstáculo” à cooperação entre os dois países.

“A China está a responder a todas as incertezas externas com base nas suas próprias convicções”, apontou o ministro, em Pequim.

“O mundo está a enfrentar múltiplos desafios e os factores de incerteza, instabilidade e imprevisibilidade aumentaram significativamente. Quanto mais turbulento é o mundo, mais as grandes potências devem manter a sua compostura. A relação entre as grandes potências deve permanecer estável”, disse.

O diplomata acrescentou que a China e a Alemanha devem “aderir a um tom de diálogo e cooperação”, pondo de lado as “mentalidades de confronto da Guerra Fria”.

“Temos de responder conjuntamente aos desafios globais, esforçarmo-nos por promover a cooperação prática e defender o desenvolvimento multilateral. A China e a Alemanha devem mostrar a sua responsabilidade enquanto países importantes”, acrescentou.

Transparência total

De acordo com o comunicado das autoridades chinesas, Baerbock manifestou esperança de que a China, enquanto parceiro da Europa, possa “desempenhar um papel mais activo” para pôr fim à guerra na Ucrânia, embora tenha assegurado, numa conferência de imprensa posterior, que “o apoio crescente da China” à agressão militar da Rússia contra a Ucrânia “teve impacto” nas relações entre Berlim e Pequim.

“O apoio crescente da China à guerra da Rússia contra a Ucrânia tem um impacto nas nossas relações, uma vez que os interesses fundamentais de segurança da Alemanha e da Europa foram afectados”, afirmou Baerbock.

O Presidente russo, Vladimir Putin, “não só está a destruir a ordem de paz europeia com a sua guerra, como também está a deslocar-se para a Ásia através da Coreia do Norte”, afirmou.

A diplomata acrescentou que discutiu com o seu homólogo chinês Wang Yi a forma de “iniciar um processo de paz justo”, sublinhando que os membros do Conselho de Segurança da ONU têm “a responsabilidade pela paz no mundo”.

“Estamos aqui para deixar claro, com total transparência, por que razão estamos tão preocupados com a segurança da nossa própria paz na Europa”, afirmou.

Questão comercial

A chefe da diplomacia alemã apelou ainda a Pequim para que trabalhe “de forma construtiva” para “encontrar uma solução” para os atritos comerciais com a União Europeia, que impôs taxas punitivas sobre os automóveis eléctricos chineses.

“A China é o nosso segundo parceiro comercial mais importante. 5.000 empresas alemãs mantêm mais de um milhão de postos de trabalho na China. E o inverso também é verdade: a União Europeia continua a ser o mercado mais importante para a China. Temos interesses complementares”, afirmou Baerbock.

No entanto, a ministra afirmou que “existem regras comuns” que devem ser respeitadas, “especialmente numa altura em que algumas pessoas querem derrubar pontes no comércio internacional”.

“O que nos une é que nem a China nem nós, na Europa, somos a favor de uma guerra comercial”, afirmou. Wang reiterou a posição da China de que as taxas alfandegárias da UE “violam os princípios da concorrência leal e do comércio livre”.

3 Dez 2024

Índia | Pequim pede “sinais mais positivos” sobre a fronteira

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, pediu ontem ao homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, “mais sinais positivos”, na sequência do acordo entre os dois países sobre o patrulhamento da fronteira comum nos Himalaias.

“Xi Jinping e Narendra Modi reuniram-se recentemente, marcando o reatamento das relações, mas agora os dois lados devem implementar o importante consenso a que chegaram e respeitar os interesses fundamentais um do outro”, disse Wang, num encontro à margem da cimeira do G20, no Brasil, segundo um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O diplomata acrescentou que a China e a Índia devem “reforçar a confiança mútua através do diálogo” e “lidar adequadamente com as diferenças com sinceridade e integridade”, para que os laços regressem a um estado “estável e saudável”.

“É necessário enviar mais sinais positivos e fazer mais coisas que favoreçam os intercâmbios”, disse Wang Yi, que apelou também a “progressos práticos” na retoma dos voos directos entre os dois países.

O chefe da diplomacia chinesa lembrou que os dois países comemoram no próximo ano o 75.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas, o que torna necessário “planear actividades comemorativas” e “promover intercâmbios e visitas em todos os domínios e a todos os níveis”.

“A China e a Índia têm interesses comuns que ultrapassam largamente as suas diferenças. Devemos trabalhar em conjunto porque isso também promove a multipolaridade e o multilateralismo”, afirmou.

Sem fricções

Jaishankar considerou positivo que ambas as partes estejam a “tomar medidas para implementar o consenso” alcançado por Xi e Modi, de acordo com a nota do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“A Índia espera reiniciar os mecanismos de diálogo relevantes o mais rapidamente possível e manter a dinâmica de melhoria e desenvolvimento das relações bilaterais. Devemos tratar adequadamente as questões relevantes com uma atitude mais positiva e não deixar que diferenças específicas definam a relação entre os dois países”, disse.

O acordo permitirá à Índia retomar o patrulhamento das zonas fronteiriças entre as duas potências asiáticas no território dos Himalaias de Ladakh, que foi interrompido após confrontos em 2020, que resultaram na morte de soldados de ambos os países.

O que este acordo significará para o patrulhamento da zona, um ponto de fricção entre a Índia e a China, que disputam a hegemonia na região do Indo-Pacífico, não foi detalhado.

O destacamento da China provocou em 2020 uma reacção indiana, que levou a um confronto fronteiriço nos Himalaias ocidentais, o pior confronto entre as duas potências asiáticas em quase meio século, que causou a morte de pelo menos 20 soldados indianos e 76 feridos, enquanto Pequim reconheceu quatro mortos e um ferido grave.

Desde então, com um grande destacamento de tropas, a situação mantém-se tensa, apesar de várias rondas de negociações diplomáticas e militares entre representantes dos dois países para tentar reduzir os atritos e diminuir o número de soldados na região.

20 Nov 2024

Rússia | Sergey Shoigu em Pequim com Wang Yi

O secretário do Conselho de Segurança russo e antigo ministro da Defesa, Sergey Shoigu, deslocou-se ontem à China, onde se reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, anunciou a diplomacia chinesa.

Shoigu, que permanecerá na China até 15 de novembro, participará na 19ª ronda anual de consultas estratégicas em matéria de segurança entre Pequim e Moscovo e na 9.ª reunião do mecanismo sino-russo de cooperação em matéria de segurança para a aplicação da lei, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado.

Shoigu foi demitido em Maio do cargo de chefe da pasta da Defesa da Rússia, na sequência de críticas à sua gestão das forças russas na guerra na Ucrânia.

O actual ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, e o chinês Dong Jun apelaram no mês passado, em Pequim, para o reforço da cooperação militar estratégica entre os dois países. “A cooperação militar russo-chinesa é um elemento importante para aumentar o potencial de defesa e manter a estabilidade regional e global”, afirmou Belousov na altura.

12 Nov 2024

Pequim “vai enriquecer” a sua parceria com Moscovo, defende MNE

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, disse ontem ao homólogo russo, Serguei Lavrov, que Pequim vai “enriquecer” a sua parceria com Moscovo, durante uma reunião à margem da Assembleia Geral da ONU.

No mesmo dia, num encontro com o homólogo ucraniano, Andrii Sybiha, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês assegurou que Pequim vai continuar a “envidar esforços para alcançar a paz o mais brevemente possível”, segundo um comunicado da diplomacia chinesa.

Durante a reunião com Lavrov, Wang disse que a China e a Rússia devem “continuar a erguer bem alto a bandeira do multilateralismo” e promover “um sistema mais justo e racional de governação global”.

O ministro chinês afirmou ainda que a China “apoiará plenamente” a Rússia para garantir o êxito da cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Kazan, a fim de “abrir um novo capítulo de cooperação” no âmbito deste grupo de países emergentes. Lavrov afirmou que a Rússia está “pronta a trabalhar com a China para promover um maior desenvolvimento das relações bilaterais”.

Por outro lado

Wang encontrou-se também com o seu homólogo ucraniano, Andrii Sybiha, a quem transmitiu que Pequim procura “manter o desenvolvimento estável das relações bilaterais”. O diplomata chinês sublinhou que Pequim sempre defendeu “a resolução pacífica dos conflitos”, algo que “continua a ser verdade para a questão ucraniana”.

“Também continuamos a acompanhar de perto a situação humanitária na Ucrânia. A China forneceu quatro lotes de ajuda até à data e está pronta a oferecer assistência adicional, dependendo das necessidades dos ucranianos”, disse.

Wang referiu ainda que a China “está pronta a manter a comunicação com todas as partes, incluindo a Ucrânia, num esforço para alcançar a paz numa data próxima”.

Sybiha, de acordo com a declaração chinesa, manifestou a vontade de construir uma parceria forte com a China, acrescentando que “a Ucrânia valoriza muito a posição da China relativamente à crise e os seus esforços de paz”.

Desde o início do conflito, a China tem mantido uma posição ambígua, durante a qual tem apelado ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção às “preocupações legítimas de todos os países”, referindo-se à Rússia.

Pequim também procurou contrariar as críticas de que apoia a Rússia na sua campanha na Ucrânia e apresentou um documento de posição de 12 pontos sobre o conflito em 2023 que foi recebido com ceticismo pelo Ocidente e por Kiev.

26 Set 2024

BRICS | Wang Yi visita a Rússia esta semana

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, vai à Rússia esta semana para participar numa reunião dos países-membros dos BRICS dedicada à segurança, anunciou ontem a diplomacia chinesa.

“A convite do secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, Sergei Shoigu (…), Wang Yi participará na 14.ª reunião dos altos responsáveis de segurança e conselheiros de segurança nacional dos BRICS em São Petersburgo, na Rússia, de 11 a 12 de Setembro”, declarou Mao Ning, porta-voz do ministério.

A viagem de Wang Yi acontece antes da cimeira dos BRICS marcada para o próximo mês em Kazan, na Rússia, na qual Presidente russo, Vladimir Putin, espera contar com a presença do seu homólogo chinês, Xi Jinping.

Os dois políticos são parceiros próximos e encontraram-se inúmeras vezes nos últimos anos para demonstrar a “amizade sem limites” entre os seus dois países.

Moscovo e Pequim já denunciaram em conjunto o que consideram ser a hegemonia norte-americana nos assuntos internacionais. A cimeira dos BRICS deverá também acolher outro parceiro próximo de Putin e rival regional de Pequim o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que já tinha visitado a Rússia em Julho.

Com quatro membros (Brasil, China, Índia e Rússia) quando foi criado em 2009, ao bloco dos BRICS juntou-se à África do Sul em 2010 e expandiu-se esse ano para vários outros países emergentes, incluindo o Egipto e o Irão.

A Turquia, um Estado-membro da NATO com relações por vezes tensas com os seus aliados ocidentais, anunciou no início de Setembro que tinha apresentado um pedido de adesão ao bloco.

10 Set 2024

FOCAC | Wang Yi propõe princípios para relações internacionais com África

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, propôs três princípios para a comunidade internacional ao cooperar com a África.

Wang apresentou as propostas na quinta-feira, quando se reuniu com a imprensa juntamente com a ministra dos Negócios Estrangeiros do Senegal, Yacine Fall, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da República do Congo, Jean-Claude Gakosso, durante a Cimeira 2024 do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC).

O responsável, citado pelo Diário do Povo, afirmou que a China espera que todos os países envolvidos na cooperação com a África defendam a justiça.

Alcançar a modernização não é um privilégio exclusivo de alguns países, e as nações africanas também têm o direito ao desenvolvimento, afirmou Wang. É imperativo estar atento às vozes da África e respeitar a aspiração do povo africano de explorar os seus próprios caminhos de desenvolvimento, disse.

O responsável acrescentou que a cooperação internacional com a África deve ser pragmática, conclamando todos os países parceiros a cumprirem o que dizem e oferecerem benefícios tangíveis ao povo africano.

8 Set 2024

Viagem | Wang Yi em périplo regional para aprofundar relações

O líder da diplomacia chinesa visita o Mianmar e a Tailândia onde irá manter contactos com ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países do sudeste asiático

Wang Yi, membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e ministro dos Negócios Estrangeiros da China, visitará o Mianmar e viajará para a Tailândia para co-presidir à 9.ª Reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da Cooperação Lancang-Mekong e participar na Discussão Informal entre os Ministros dos Negócios Estrangeiros da China, Laos, Mianmar e Tailândia, entre 14 e 17 de Agosto.
Sobre a visita de Wang ao Mianmar, um porta-voz do Ministério Negócios Estrangeiros da China disse, citado pela Xinhua, que o objectivo é aprofundar a cooperação bilateral mutuamente benéfica em vários campos, consolidar o estreito vínculo de amizade entre os dois povos e promover a construção da comunidade China-Mianmar com um futuro compartilhado.
Como amiga e vizinha do Mianmar, a China segue estritamente o princípio de não interferência nos assuntos internos de outros países, apoia os esforços do Mianmar para manter a estabilidade, fomentar a economia e melhorar a subsistência da população, além de fornecer ajuda construtiva para que as partes no Mianmar resolvam adequadamente as diferenças através de consultas políticas dentro da estrutura da constituição e de outras leis, acrescentou o porta-voz.

Outras colaborações
Sobre a Cooperação Lancang-Mekong (LMC, sigla em inglês), o porta-voz disse que se trata de um tipo inovador de mecanismo de cooperação regional entre a China, o Camboja, Laos, Mianmar, Tailândia e Vietname, caracterizado por colaboração, consulta e benefício compartilhado. Desde o seu lançamento em 2016, o mecanismo tem produzido resultados frutíferos, contribuindo efectivamente para o desenvolvimento económico e social dos seis países do Lancang-Mekong e trazendo benefícios tangíveis para seus povos.
O porta-voz afirmou que, nos últimos anos, sob a orientação estratégica dos líderes da China e dos países do Mekong, Camboja, Laos, Mianmar, Tailândia e Vietname anunciaram em conjunto com a China a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado. Todos os países da região do Mekong estão engajados na construção de uma comunidade com um futuro compartilhado, tanto bilateralmente com a China quanto multilateralmente, sob o mecanismo LMC.
A China espera trabalhar com os países do Mekong na Reunião dos Negócios Estrangeiros da LMC para analisar o progresso da cooperação, fazer um balanço da experiência passada e planear os próximos passos para transformar a região de Lancang-Mekong num exemplo de cooperação de alta qualidade da inciativa Faixa e Rota, um pioneiro na implementação da Iniciativa de Desenvolvimento Global, um pioneiro na implementação da Iniciativa de Segurança Global e um pioneiro na implementação da Iniciativa de Civilização Global, e formar uma comunidade ainda mais próxima com um futuro compartilhado para os países de Lancang-Mekong, acrescentou o porta-voz.
À margem da reunião da LMC, a convite da Tailândia, Wang participará da Discussão Informal dos Ministros das Negócios Estrangeiros da China, Laos, Mianmar e Tailândia para trocar opiniões sobre a situação regional, combate conjunto aos crimes transfronteiriços e outras questões, disse o porta-voz.

14 Ago 2024

Diplomacia | China trabalhará com Hungria para manter laços bilaterais

A China está pronta para trabalhar com a Hungria para implementar o importante consenso alcançado pelos líderes dos dois países e manter as relações China-Hungria na vanguarda das relações China-Europa, disse na terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.

Wang fez as declarações através de um telefonema com o ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros e Comércio, Peter Szijjarto.

Wang disse que, durante a bem-sucedida visita recente do Presidente chinês, Xi Jinping, à Hungria, ele e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, anunciaram conjuntamente a elevação das relações China-Hungria a uma parceria estratégica abrangente para a nova era, injetando forte impulso no desenvolvimento das relações bilaterais, indica a agência Xinhua.

Felicitando a Hungria pela sua próxima presidência rotativa da União Europeia (UE), Wang sublinhou que a China sempre apoiou a integração europeia e a independência estratégica da UE, e considera o lado europeu como um parceiro importante no caminho chinês para a modernização.

Observando que a China mantém um alto grau de estabilidade e continuidade na sua política em relação à Europa, Wang disse que se espera que o lado europeu siga uma política racional e pragmática em relação à China, mantenha uma postura aberta e trabalhe com a China para garantir o desenvolvimento sólido e estável das relações China-Europa.

Acredita-se que a Hungria desempenhará um papel positivo e construtivo na interação sólida entre a China e a Europa, acrescentou, citado pela Xinhua.

Szijjarto disse que a visita de Xi à Hungria foi um sucesso completo com resultados frutíferos. Os resultados positivos nas relações amistosas Hungria-China demonstraram que o aprofundamento da cooperação com a China está alinhado com os interesses fundamentais da Europa.

26 Jun 2024

Wang Yi reúne com Lavrov sobre cooperação dos dois países e do BRICS

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, reuniu-se na segunda-feira em Nizhny Novgorod com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, sobre os laços bilaterais e a cooperação do BRICS.

Observando que a recente visita do Presidente russo Vladimir Putin à China foi um grande sucesso, Wang, disse, citado pela Xinhua, que os dois lados devem implementar plenamente o importante consenso alcançado pelos líderes dos dois países e intensificar a cooperação em vários campos sob a orientação estratégica dos chefes de Estado dos dois países.

O desenvolvimento das relações entre a China e a Rússia é uma escolha estratégica feita pelos dois lados com base nos seus respectivos interesses fundamentais, alinhando-se às tendências globais e à maré dos tempos, disse Wang, acrescentando que não visa a terceiros e não será perturbado por forças externas.

A China está disposta a trabalhar com a Rússia para manter o foco estratégico, explorar o potencial de cooperação, responder às pressões externas e promover o progresso sólido e sustentável das relações bilaterais, disse o responsável chinês.

Intitulando o grupo BRICS como uma plataforma importante para a unidade e a cooperação entre os mercados emergentes e os países em desenvolvimento, Wang assinalou que o mecanismo ampliado do BRICS desempenhará um papel crucial na criação de um sistema de governança global mais justo e razoável.

Wang enfatizou que a China está disposta a apoiar totalmente o trabalho da Rússia com a presidência do BRICS, trabalhar em conjunto para consolidar a parceria estratégica do BRICS, promover a unidade e o autoaperfeiçoamento do Sul Global, fazer uma voz mais poderosa para defender o multilateralismo e promover o desenvolvimento comum, de modo que a “cooperação do BRICS maior” possa ser bem iniciada.

Frutos da cooperação

Lavrov disse que, durante a visita do Presidente Putin à China, os chefes de Estado dos dois países definiram o curso para o desenvolvimento das relações Rússia-China e alcançaram novos frutos de cooperação estratégica.

A Rússia está disposta a trabalhar com a China para implementar o importante consenso alcançado pelos chefes de Estado dos dois países, intensificar os intercâmbios de alto nível, aprimorar a cooperação em vários campos e, em conjunto, tornar os Anos de Cultura Rússia-China um sucesso, disse Lavrov.

Os dois lados também trocaram opiniões sobre as atuais situações internacionais e regionais, incluindo a crise da Ucrânia.

12 Jun 2024

Diplomacia | Cazaquistão e China em sintonia na véspera de reunião de bloco de segurança regional

Os representantes da diplomacia dos dois países acertaram agulhas para o encontro que junta ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da Organização de Cooperação de Xangai na próxima terça-feira em Astana

 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, Murat Nurtleu, e o seu homólogo chinês, Wang Yi, manifestaram ontem o seu entendimento antes da reunião dos chefes da diplomacia dos países da Organização de Cooperação de Xangai, que arranca na terça-feira, em Astana.

“Apesar das dificuldades e desafios da actual situação internacional, os nossos países partilham posições semelhantes em muitas questões da agenda internacional e regional”, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, Murat Nurtleu, após uma reunião com Wang Yi. Nurtleu acrescentou que Astana e Pequim se apoiam mutuamente e interagem no âmbito da ONU, da Organização de Cooperação de Xangai, da Conferência sobre Interação e Medidas de Confiança na Ásia, bem como em outras plataformas internacionais.

“A China é o nosso maior parceiro comercial e económico. No final do ano passado, o volume do comércio bilateral aumentou 30 por cento, atingindo um nível recorde de 41 mil milhões de dólares”, recordou o ministro cazaque. Sublinhou também que Pequim está também entre os cinco maiores investidores na economia do Cazaquistão.

Wang salientou que o comércio entre as duas partes está a crescer mais rapidamente do que o previsto e que os dois países estabeleceram objectivos “mais ambiciosos”. “Entre os 45 projectos de cooperação na esfera industrial, 25 já foram concluídos”, disse, apontando iniciativas nos domínios da metalurgia, energia ou engenharia mecânica.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou que a “confiança política” entre Pequim e Astana está a reforçar-se e que os dois países se ajudam mutuamente quando um deles “enfrenta dificuldades”. Sublinhou ainda que Astana apoia a posição da China sobre Taiwan, “uma parte inalienável da China”, no mesmo dia em que o novo líder da ilha tomou posse.

Ponto estratégico

O Cazaquistão ocupa uma posição-chave na iniciativa chinesa “Faixa e Rota”, que visa abrir novas vias comerciais através da construção de portos, auto-estradas, linhas ferroviárias e outras infra-estruturas, visando ligar o leste da Ásia à Europa, Médio Oriente e África.

A Organização de Cooperação de Xangai foi criada em 2001 e reúne China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Índia, Paquistão e Irão. A Bielorrússia, com estatuto de observador, deve juntar-se, em breve. A Rússia e a China fundaram o bloco em 2001, como contrapeso às alianças dos Estados Unidos no sudeste da Ásia e Índico. Não se tratando de uma aliança formal, o grupo coopera em assuntos de segurança regional.

21 Mai 2024

China / Austrália | Relações cimentadas após anos de tensões

A viagem do ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, a Camberra visou restaurar os laços de cooperação afectados por várias disputas nos últimos anos

 

Os chefes da diplomacia da Austrália e da China reforçaram ontem as relações bilaterais, apesar de anos de tensão e divergências sobre a região do Indo-Pacífico, comércio e direitos humanos.

“Através dos esforços de ambas as partes, a China e a Austrália quebraram o gelo e estão a navegar juntas novamente, e os intercâmbios e a cooperação em muitos domínios foram gradualmente restaurados”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, em comunicado.

Wang, o primeiro responsável da diplomacia chinesa a visitar o território australiano desde 2017, participou no sétimo Diálogo Estratégico Austrália-China, em Camberra, no âmbito das medidas de normalização das relações bilaterais, enquadradas num contexto de competição na região do Indo-Pacífico entre Pequim e Washington, parceiro do país oceânico.

“Cada vez que nos encontramos, a confiança mútua é reforçada e as relações China-Austrália avançam. A comunicação estratégica é positiva e um passo em frente para dissipar dúvidas e construir confiança”, considerou Wang.

No final do encontro, a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana disse que as conversações se centraram nos australianos detidos na China, nos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang, no Tibete e em Hong Kong, na segurança marítima e regional, na invasão da Ucrânia pela Rússia e no Médio Oriente.

Penny Wong sublinhou a importância de respeitar o direito internacional no mar do Sul da China, uma zona rica em recursos e fundamental para o comércio internacional, palco de disputas territoriais entre Pequim e os países da região.

“Manifestei a nossa grande preocupação com a conduta insegura no mar, o nosso desejo de paz e estabilidade no estreito de Taiwan e na nossa região”, disse Wong, numa conferência de imprensa, no final do encontro com Wang.

O responsável chinês sublinhou que a Austrália e a China “não têm disputas ou conflitos históricos” e os “interesses comuns ultrapassam de longe as diferenças”, instando ambas as partes a respeitarem a “soberania nacional e a integridade territorial” uma da outra.

Neste contexto, Wong afirmou que Camberra procura “uma relação estável, produtiva e madura com a China”. Os dois países estão a preparar uma visita à Austrália do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, em data a divulgar.

A responsável australiana destacou ainda os passos dados pela China, o principal parceiro comercial, no levantamento das tarifas sobre vários produtos australianos impostas por Pequim em 2020, na sequência de um pedido feito pelo anterior Governo do conservador Scott Morrison de uma investigação internacional sobre a origem da covid-19.

Ponto de viragem

Pequim tem vindo a levantar as restrições comerciais a uma série de produtos e as relações bilaterais têm progredido desde que o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, no poder desde Maio de 2022, visitou a China em Novembro.

“A previsibilidade nos negócios e no comércio é do interesse de todos”, observou Wong, esperando a resolução de “questões pendentes”, como o levantamento das tarifas sobre o vinho e a lagosta australianos.

Mas uma das questões prementes para a Austrália que ficou sem resposta é a situação do escritor australiano nascido na China, Yang Hengjun, condenado à morte por um tribunal chinês, com pena suspensa, por espionagem, no mês passado. “Não abandonaremos a defesa de Yang Hengjun”, prometeu Wong. A deslocação de Wang começou no domingo na Nova Zelândia e termina na quinta-feira na Austrália.

21 Mar 2024

Viagem | MNE encontra-se com homólogo neozelandês

Wang Yi iniciou ontem uma viagem à Nova Zelândia e Austrália onde vai reunir com as autoridades dos dois países e discutir alguns temas sensíveis como as taxas alfandegárias ou a condenação à morte do australiano detido Yang Hengjun

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, reuniu-se ontem com o homólogo neozelandês, no início de uma visita àquele país e à Austrália.

O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Winston Peters, saudou Wang em Wellington, a capital da Nova Zelândia. “Desde a última vez que nos encontrámos, houve alguns desenvolvimentos significativos, nomeadamente uma pandemia global que afectou os nossos dois países”, disse Peters, nos comentários iniciais da reunião formal no parlamento da Nova Zelândia.

“Hoje é uma oportunidade valiosa para reflectir sobre os desafios e as oportunidades que se nos deparam”, observou. Wang é o político chinês de mais alto nível a visitar o país desde a sua anterior visita em 2017. A Nova Zelândia tem mantido fortes laços económicos com a China nos últimos anos, tendo sido o primeiro país desenvolvido a assinar um acordo bilateral de comércio livre com Pequim em 2008.

Durante a passagem por Wellington, Wang terá também breves reuniões com o primeiro-ministro, Christopher Luxon, e o ministro do Comércio, Todd McClay.

“A China espera trabalhar com os dois países para concretizar os entendimentos comuns entre os líderes, melhorar a comunicação estratégica, aprofundar a confiança mútua, fazer avançar os intercâmbios e a cooperação, promover o crescimento constante e sustentado das parcerias estratégicas abrangentes China – Nova Zelândia e China – Austrália e contribuir para a paz, estabilidade e prosperidade mundiais”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin.

Muito a discutir

Wang chegará a Camberra, na Austrália, na quarta-feira, para se encontrar com a homóloga Penny Wong, esperando-se que o diálogo entre os dois se centre no caso do australiano detido Yang Hengjun.

Será a primeira vez que os dois ministros dos Negócios Estrangeiros se encontrarão cara a cara desde que Yang foi considerado culpado de espionagem, na sequência de um julgamento à porta fechada, e condenado à morte com uma prorrogação de dois anos, em Fevereiro.

Também na ordem do dia estará a remoção das últimas taxas alfandegárias que foram impostas pela China em 2020. Estas são amplamente consideradas como punição contra o anterior governo australiano, que aprovou leis que proíbem a interferência estrangeira encoberta na política interna, para impedir o gigante das telecomunicações chinês Huawei de participar na construção da rede 5G da Austrália, devido a preocupações de segurança e para solicitar uma investigação independente da pandemia da covid-19.

As tarifas comerciais custaram à economia local cerca de 20 mil milhões de dólares australianos, mas desde então foram reduzidas para a maioria dos produtos.

19 Mar 2024

Análistas | Wang Yi em África e América Latina frisa aposta no Sul Global

O périplo do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês pelo continente africano e pela América Latina é visto por vários analistas como um forte sinal de apoio ao desenvolvimento do Sul Global e à construção de uma nova ordem global

 

Analistas chinesas defendem que a recente deslocação do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, a África e à América Latina, incluindo Brasil, sublinha a crescente aposta da China na relação com os países em desenvolvimento. Citados pela imprensa oficial de Pequim, os analistas sustentam que uma coordenação próxima com estas nações do Sul Global (uma referência ao conjunto de países em desenvolvimento) visa criar um cenário global “mais equilibrado e sustentável”, face às “crescentes incertezas e turbulências” que se avizinham.

No Brasil, onde reuniu com o Presidente brasileiro, Lula da Silva, na sexta-feira, Wang Yi co-presidiu, juntamente com o homólogo brasileiro, Mauro Vieira, ao quarto Diálogo Estratégico Abrangente China – Brasil.

Observando que Brasil e China estão de acordo em muitas questões importantes, Lula disse que quer trabalhar com a China para melhorar a governação global e aumentar a força e a voz dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais.

Wang e Vieira prometeram explorar as sinergias entre a Iniciativa ‘Faixa e Rota’, o gigantesco projecto de infraestruturas internacional lançado por Pequim, e o Programa de Reindustrialização do Brasil, segundo a diplomacia do país asiático.

Os dois países assinaram ainda um acordo para facilitação mútua de vistos de turismo e negócios. Durante um encontro com Celso Amorim, conselheiro do Presidente brasileiro, Wang Yi destacou o “aumento da incerteza e da instabilidade” no mundo.

Como potências emergentes independentes, China e Brasil devem, em primeiro lugar, gerir bem os seus próprios assuntos, reforçando simultaneamente a unidade e a cooperação, ancorando objectivos comuns para demonstrarem as suas responsabilidades como países importantes para se tornarem forças estabilizadoras cruciais num sistema multipolar, sublinhou o diplomata chinês.

“O fortalecimento da cooperação com os países em desenvolvimento sempre foi uma prioridade para a diplomacia chinesa e a China procura coordenar melhor a cooperação com esses países para alcançar um cenário diplomático global sustentável, saudável e equilibrado”, afirmou Jiang Shixue, professor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Xangai, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Segundo a diplomacia chinesa, todos os líderes que receberam Wang enfatizaram o respeito pelo princípio ‘Uma só China’, visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território.

“Tomando a questão de Taiwan como exemplo, a maioria dos países em desenvolvimento mantém uma postura clara e firme no princípio ‘Uma só China’, enquanto alguns países, dispostos a servir como vassalos dos EUA, procuram sempre provocar confrontos com a China sobre esta questão”, disse o professor da Universidade de Negócios Estrangeiros da China Li Haidong, citado pela imprensa oficial.

Outras paragens

A Jamaica foi a última paragem do périplo de Wang Yi. Antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês esteve no Egipto, Tunísia, Togo, Costa do Marfim e Brasil. A influência da China nos países em desenvolvimento é vista por analistas como crucial para Pequim projectar poder e interesses além-fronteiras e assegurar acesso a mercados em rápido crescimento, à medida que tenta transfigurar a ordem mundial.

Programas como a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI, na sigla em inglês) ou a ‘Faixa e Rota’ são apresentados por Pequim como iniciativas multilaterais que visam “promover o desenvolvimento” e “aliviar a pobreza” nos países em desenvolvimento.

Estas iniciativas, no entanto, são acompanhadas pela fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas, como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. O maior relacionamento entre Pequim e os países envolvidos abarca também um aumento da cooperação no ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos financeiros, visando elevar o papel internacional da moeda chinesa, o yuan.

23 Jan 2024

China e Brasil prometem fortalecer estratégias de desenvolvimento

Wang Yi, e Mauro Vieira, co-presidiram na sexta-feira ao quarto Diálogo Estratégico Abrangente China-Brasil dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, prometendo fortalecer a sinergia das estratégias de desenvolvimento e expandir a cooperação em campos emergentes

 

As relações China-Brasil resistiram ao teste de um cenário internacional em constante evolução, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, também membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China, indicou o Diário do Povo.

Desde que a China e o Brasil lançaram o diálogo estratégico abrangente, há 10 anos, a confiança mútua tornou-se mais forte, a comunicação entre os dois lados foi mais profunda e a cooperação bilateral em vários campos mostrou perspectivas mais amplas, disse Wang.

Os dois lados entendem-se e apoiam-se em questões que envolvem os seus respectivos interesses centrais e as suas principais preocupações, o que fornece uma garantia para o crescimento sólido e constante das relações China-Brasil, disse o governante.

A China sempre deu prioridade às suas relações com o Brasil na sua diplomacia geral e na sua diplomacia com a América Latina e apoia o Brasil na promoção do desenvolvimento e da revitalização nacionais, disse Wang.

A China está pronta para trabalhar com o Brasil para aproveitar o 50.º aniversário das suas relações diplomáticas como uma oportunidade para fortalecer a sinergia das estratégias de desenvolvimento, abrir novas áreas e explorar novos potenciais de cooperação, de modo a injectar novo impulso e abrir novas perspectivas para a parceria estratégica abrangente China-Brasil, acrescentou.

Em português

Vieira, por sua vez, disse que as relações Brasil-China obtiveram grande progresso, graças à sólida confiança mútua e à orientação estratégica dos dois chefes de Estado.

Descrevendo a cooperação bilateral como mutuamente benéfica, em grande escala, de alta qualidade, de rápido crescimento e abrangente, o responsável brasileiro disse que ela forneceu apoio vital para o desenvolvimento de ambos os países e trouxe benefícios tangíveis para os dois povos, indicou a publicação estatal.

O Brasil preza as suas relações com a China, permanece comprometido com o princípio de Uma Só China e espera aprofundar a cooperação em vários campos, de modo a elevar as relações Brasil-China a novos patamares, disse Vieira. As duas partes tiveram uma comunicação aprofundada e chegaram a um amplo consenso sobre cooperação prática, situação internacional, coordenação multilateral e questões de pontos críticos, entre outros.

Ambas as partes comprometeram-se a fortalecer os intercâmbios de alto nível, a desempenhar plenamente o papel da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, do Diálogo Estratégico Abrangente China-Brasil dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e de outros mecanismos e a retomar os mecanismos de consulta bilateral em vários campos em uma data breve.

Os ministros prometeram ainda apoiar-se mutuamente na tomada de seu próprio caminho de modernização que se adapte às suas respectivas condições nacionais, explorar a sinergia estratégica entre a cooperação do programa Uma Faixa, Uma e Rota e reindustrialização e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento do Brasil, aprofundar a cooperação em áreas tradicionais como agricultura, minerais energéticos, infraestrutura e aeroespaço, e expandir a cooperação em campos emergentes, como interconectividade, saúde, desenvolvimento verde, economia digital, energias limpas e inteligência artificial.

Ambos os lados se comprometeram a tornar um sucesso uma série de celebrações pelo 50.º aniversário das relações diplomáticas, a procurar a restauração total dos intercâmbios entre pessoas e a consolidar o apoio público à amizade China-Brasil.

Pelos vistos

Os governantes assinaram um acordo sobre a facilitação mútua de vistos para expandir ainda mais o intercâmbio de pessoal entre os dois países.

Reconhecendo a crescente influência global da relação China-Brasil, que vai muito além do âmbito bilateral, ambos os lados expressaram sua disposição de fortalecer a coordenação estratégica nos âmbitos das Nações Unidas, do Grupo dos 20 (G20), do BRICS e da Organização Mundial do Comércio, melhorar a voz e a representação dos países em desenvolvimento e salvaguardar os interesses comuns dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento.

A China expressou seu apoio ao Brasil para sediar a Cimeira de Líderes do G20 no Rio de Janeiro e expressou sua disposição de manter a direcção certa da governança global e trabalhar com o Brasil para um mundo multipolar igual e ordenado, bem como uma globalização económica inclusiva que beneficie a todos.

Ambos os lados se comprometeram a procurar soluções políticas para questões de pontos críticos e contribuir para promover o desenvolvimento pacífico.

Concordando que a cooperação China-América Latina serve os interesses comuns da China e da América Latina e abraça a tendência de desenvolvimento dos tempos, as duas partes expressaram a disposição de activar ainda mais a cooperação China-América Latina, de modo a ajudar os países regionais a fortalecerem-se através da unidade e acelerarem o desenvolvimento e a revitalização.

22 Jan 2024

Brasília | Ministros da China e do Brasil reúnem-se

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Mauro Vieira, estão reunidos desde ontem, em Brasília, para tratar da agenda bilateral e questões de governança global. Durante a visita serão tratados temas bilaterais, multilaterais e regionais, além da presidência brasileira do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.

A reunião entre o ministro chinês e o brasileiro também trata de temas ligados à reforma da governança global e a cooperação bilateral em comércio, investimentos e ciência, tecnologia e inovação.

Segundo o jornal China Daily, “espera-se que a visita dê continuidade ao impulso positivo do desenvolvimento da parceria estratégica abrangente China-Brasil que foi efectivamente consolidada pela visita de estado do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China em Abril do ano passado.”

O Governo brasileiro também destacou, no comunicado, que 2024 marca o 50.º aniversário da fundação das relações diplomáticas entre os dois países.

“Os últimos 50 anos não só viram a China e o Brasil tornarem-se os maiores países em desenvolvimento nos hemisférios Oriental e Ocidental, respectivamente, mas também os testemunharam tornarem-se actores importantes na cena mundial”, avaliou o jornal chinês sobre o mesmo tema.

A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. No ano passado, as transações com a China foram responsáveis por cerca de 52 por cento do excedente comercial total brasileiro. O Brasil e a China estabeleceram uma Parceria Estratégica em 1993, elevada a Parceria Estratégica Global em 2012.

19 Jan 2024

MNE | Pequim quer “novo padrão” nas relações internacionais

Em contra corrente com as tendências unilateralistas e de confronto que despontam um pouco por todo o mundo, a China propõe um padrão de cooperação internacional que resulte em ganhos para todos

 

A China quer criar um “novo padrão” de relações internacionais e defender a paz e o multilateralismo face aos desafios globais, afirmou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Num discurso proferido durante um seminário, Wang afirmou que Pequim escolheu um caminho “cooperativo” e “justo” em vez de uma “política de poder” confrontacional.

“No mundo actual, novas e velhas contradições estão entrelaçadas, o unilateralismo está a aumentar, prioridades domésticas são realçadas e os défices de governação e de confiança da comunidade internacional continuam a aumentar”, disse Wang.

“A China vai sempre aderir à cooperação vantajosa para todos, promover activamente a globalização económica inclusiva e opor-se resolutamente a todas as formas de unilateralismo, proteccionismo e inversão da globalização”, disse o chefe da diplomacia chinesa.

No seminário organizado por dois grupos de reflexão, o Instituto de Estudos Internacionais da China e a Fundação de Estudos Internacionais da China, Wang afirmou que a diplomacia do país vai entrar numa nova fase mais resoluta, fazendo eco dos comentários do Presidente, Xi Jinping, no mês passado.

Wang defendeu que o país deve guiar-se pela filosofia de Xi “para abrir um novo domínio da teoria e da prática diplomática chinesa e para moldar um novo padrão de relações [entre Pequim] e o mundo, visando elevar a influência internacional, o carisma e o poder de moldar [os acontecimentos] pela China”.

O discurso de Wang foi proferido num contexto de pressões crescentes suscitadas pelo abrandamento económico do país e pelas tensões com o Ocidente, à medida que os Estados Unidos e os seus aliados tentam travar o que consideram ser uma China mais “assertiva” que está a desafiar a ordem mundial.

A China está a tentar promover uma visão alternativa ao sistema liderado pelos EUA – através de laços mais fortes com os países em desenvolvimento ou plataformas como a Iniciativa “Faixa e Rota” ou o bloco de economias emergentes BRICS. Wang afirmou que a China vai continuar a “explorar a forma correcta de se dar bem” com os EUA e que não vai haver “nenhum confronto entre blocos ou uma nova guerra fria” se “a China e a Europa derem as mãos”.

Potência imparável

Na semana passada, Kristalina Georgieva, directora do Fundo Monetário Internacional, alertou que a divisão da economia mundial em blocos liderados pelos EUA e pela China poderia reduzir a produção económica global em 7 por cento, devido ao aumento dos custos comerciais.

As relações entre China e União Europeia deterioraram-se devido ao reforço dos laços de Pequim com a Rússia, apesar da invasão da Ucrânia. Wang afirmou que a China vai continuar a expandir a sua rede de parcerias globais e a trabalhar com os países em desenvolvimento “de mãos dadas” e a aprofundar a confiança estratégica e a parceria com a Rússia.

O ministro também se comprometeu a defender a “equidade e a justiça” e a fornecer mais “soluções e sabedoria chinesas” para as guerras na Ucrânia e em Gaza. Wang disse no seminário que a determinação da China em “salvaguardar a justiça” também inclui a sua integridade territorial.

“Perante a interferência externa e as provocações, lutámos de forma resoluta e vigorosa. A determinação dos 1,4 mil milhões de chineses em promover a reunificação nacional é sólida como uma rocha”, afirmou. “Ninguém ou qualquer força deve tentar desafiar a vontade férrea do povo chinês ou tentar prejudicar os interesses fundamentais da China”, realçou.

10 Jan 2024

China-EUA | Wang Yi incentiva ao entendimento mútuo

Em dia de celebração do 45.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e os Estados Unidos, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês proferiu palavras de paz sublinhando que o bom entendimento entre as duas nações representa um ganho a nível mundial e não só no relacionamento bilateral

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, discursou na sexta-feira sobre os esclarecimentos trazidos pelo desenvolvimento das relações China-EUA, dizendo que a paz é o alicerce mais fundamental dos laços bilaterais.

Wang, que também é membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China, fez as observações numa recepção comemorativa do 45.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e os Estados Unidos em Pequim, indica a agência estatal Xinhua.

Wang disse que as relações bilaterais passaram por reviravoltas, o que trouxe lições importantes, acrescentando que “não haver conflito ou confronto” entre os dois grandes países é, por si só, o mais importante dividendo de paz para a humanidade.

Observando que a cooperação é a escolha mais correcta para a China e os Estados Unidos se relacionarem bem, Wang afirmou que a cooperação vencedora é a característica mais essencial dos intercâmbios China-EUA.

Haja respeito

O responsável afirmou também que o alto nível do comércio bilateral e do investimento bilateral reflecte profundamente a estrutura económica altamente complementar dos dois países e sua profunda conexão na cadeia industrial e de suprimentos global. O afastamento e o bloqueio artificiais incorrem em mais perdas do que ganhos.

Wang apresentou ainda várias propostas sobre a implementação do consenso alcançado pelos dois chefes de Estado em São Francisco, acrescenta a Xinhua.

Pediu que ambos os lados se respeitem mutuamente e estabeleçam um entendimento correcto o mais rápido possível, enfatizando que a China não tem a intenção de substituir ou sobrepor-se a ninguém, tampouco de procurar a hegemonia. A China está comprometida com a construção de relações estáveis, saudáveis e sustentáveis entre a China e os EUA com base no respeito mútuo.

Ambos os lados devem defender a coexistência pacífica, especialmente no gerenciamento eficaz das diferenças, disse Wang, expressando oposição às práticas de recorrer ao confronto, à sanção ou ao envolvimento em hegemonia de poder e jogo de soma negativo apenas por causa de diferenças.

Wang disse que ambos os lados devem continuar a fazer pleno uso dos mecanismos restaurados ou estabelecidos nos campos da diplomacia, economia, finanças, comércio e agricultura para promover uma cooperação mutuamente benéfica.

David Meale, encarregado de negócios da Embaixada dos EUA na China, discursou na recepção. O responsável felicitou, em nome do lado americano, o 45.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e os EUA, dizendo que o lado americano está disposto a implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado e promover o desenvolvimento estável das relações EUA-China.

8 Jan 2024