Macacadas portistas

Entre 2013 e 2018, quando o Sport Lisboa e Benfica conquistou vários campeonatos nacionais de futebol, lembro-me perfeitamente do que li por parte dos detractores do Benfica. Essencialmente, que o Benfica “comprava” os árbitros e essa era a razão de tantos títulos. Esqueciam-se os críticos que o Benfica teve durante essas vitórias, dos melhores jogadores que passaram por Portugal. Mas, esqueceram-se do fundamental: que o presidente do FC Porto foi levado a tribunal como suspeito do famoso caso ‘Apito Dourado’ e da “fruta” para os árbitros. Recordo-me perfeitamente que nessa altura, Pinto da Costa entrou no tribunal ladeado e protegido por um grupo enorme pertencente à claque oficial do FC Porto, os chamados ‘Super Dragões’, onde já figurava Fernando Madureira, mais conhecido pelo ´macaco’, como chefe da claque. Constatou-se em 2018 que os portistas tinham memória curta quando criticaram as vitórias do Benfica com a “ajuda” dos árbitros.

Na semana passada, este facto mereceu a recordação de tudo o que se passou nas hostes portistas quando a PSP entrou pela casa de Madureira, fez buscas, encontrou grande quantidade de dinheiro, de drogas, de material pirotécnico e uma arma, para além de os telemóveis seu e da sua mulher, os quais devem ter dado aos investigadores imenso conteúdo comprometedor entre Madureira e a Direcção da SAD do FC Porto. A verdade é que foram 12 pessoas detidas ligadas a Madureira e ao FC Porto. Inclusivamente Madureira e sua mulher declaravam às Finanças um rendimento mensal de dois mil euros e, no entanto, estão a construir uma casa no valor de milhões de euros junto à praia de Gaia.

Naturalmente que este caso não é virgem. Madureira já esteve incluído há mais de 15 anos em vários processos judiciais e ao livrar-se da prisão convenceu-se em absoluto que seria intocável porque tinha a protecção do presidente do FC Porto. E esta acção policial teve a ver precisamente com a última Assembleia-Geral dos portistas onde o grupo de Madureira – às ordens de funcionários do FC Porto que foram agora detidos – agrediu e ameaçou quantos se encontravam no pavilhão e que fossem adeptos da candidatura de André Villas-Boas à presidência do FC Porto. O grupo de Madureira, o célebre ´Super Dragões´, por diversas vezes já tinha ameaçado um grande número de adeptos de outros clubes, jogadores do FC Porto que desejavam deixar o clube, um treinador estrangeiro e árbitros que se negavam a deixar-se corromper. O volume de acções alegadamente criminosas teve agora o seu epílogo nesta “Operação Pretoriano”, um nome que eu apenas entendo dirigir-se directamente ao patrão Pinto da Costa, já que a esquadra pretoriana de Madureira teve sempre as costas quentes do presidente portista.

Em face deste escândalo, contactámos uma fonte amiga policial do Porto que nos disse: “Ó meu caro, as acusações ao macaco e ao seu grupo são mais que muitas, existem provas de venda de drogas, de controlo de prostituição de brasileiras, de branqueamento de capitais, de milhares de euros escondidos em casa incluindo atrás do televisor e no interior do sofá, de vendas de bilhetes para jogos a um preço excessivo, fuga ao fisco, ameaças a colegas meus que realizavam patrulhamento junto dos estádios, compra de carros de topo de gama sem justificação coincidente com os rendimentos declarados à Autoridade Fiscal e não tenho dúvidas que haverá mais pessoas a serem nomeadas como arguidas e para se fazer justiça o macaco terá de ficar em prisão preventiva”.

Esta opinião demonstra bem que não se trata de uma simples claque que ia para os estádios de futebol gritar em apoio ao seu clube. O caso poderá ser muito mais grave quando a investigação do Ministério Público apresentar provas ao tribunal que na estrutura do FC Porto é que as ordens eram dadas ao grupo de Madureira.

Obviamente que há um portista que respira de alívio e estará a pensar que os seus apoiantes não irão ter receio de votar em si. Falamos de André Villas-Boas a quem os seus apoiantes, por mais que uma vez, lhe transmitiram ter receio em ir votar nas próximas eleições para a presidência do FC Porto devido às ameaças que andavam a receber dos cabecilhas do grupo de Madureira agora detidos.

À hora que escrevemos esta crónica, os detidos continuavam a ser ouvidos pelo juiz de instrução criminal e as nossas fontes informaram-nos que alguns dos detidos não queriam falar à justiça, mas que o advogado de Madureira tinha-o convencido a prestar declarações. Tudo está em aberto no que deu muito que falar durante a última semana e os interrogatórios poderão ir até entre hoje e quarta-feira, contudo, o que se pode extrair deste facto é que as claques “oficiais” não têm razão de existir e que o futebol deve ser um espectáculo desportivo pacífico e ao qual os pais possam levar os seus filhotes sem medo de violência nas bancadas.

5 Fev 2024

Empate com Myanmar na corrida ao Mundial 2026 deixa treinador de Macau orgulhoso

O selecionador de futebol de Macau, o luso-angolano Lázaro Oliveira, disse ontem estar “orgulhoso dos jogadores”, após um empate a zero em casa com Myanmar (antiga Birmânia), na qualificação asiática para o Mundial 2026. Na conferência de imprensa após a partida, o treinador defendeu que os jogadores da região administrativa especial chinesa, número 185 do ranking mundial, “estiveram muito bem defensivamente” e que o ataque melhorou na segunda parte.

“Tentámos ganhar. Não foi possível vencer, mas era muito importante mudar a imagem da primeira mão”, disse Lázaro Oliveira, referindo-se à derrota por 5-1 na capital birmanesa, Rangum, a 12 de outubro. “Demos o nosso melhor, tentamos sempre lutar por Macau. Hoje acho que merecíamos [a vitória], mas o empate dá uma boa imagem”, disse o central de origem portuguesa Vítor Almeida, também na conferência de imprensa.

O selecionador disse que “o primeiro jogo não foi assim tão mau” e lembrou que Myanmar marcou três golos nos últimos dez minutos. “[Até ali] eles tiveram muitas dificuldades em quebrar a nossa organização defensiva”, acrescentou.

Lázaro Oliveira admitiu que também no encontro de ontem vários jogadores tiveram “problemas musculares”, porque a eliminatória calhou na pré-época, em que apenas o atual campeão, o Chao Pak Kei, está a treinar, para competir na Taça AFC, o equivalente asiático à Liga Europa.

O antigo treinador do Estrela da Amadora recordou que todos os jogadores de Macau são amadores: “Não é fácil, uma equipa que trabalha o dia interior, às vezes não podem treinar devido ao trabalho ou às aulas”. A partida de hoje marcou ainda a despedida do defesa central Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal. “É uma grande perda para a seleção de Macau”, disse Lázaro Oliveira.

Com a vitória na eliminatória preliminar, Myanmar qualificou-se para a fase de grupos do apuramento da Ásia para o Mundial2026, onde irá defrontar o Japão, a Síria e a Coreia do Norte, no Grupo B. O selecionador Michael Feichtenbeiner admitiu na conferência de imprensa que Myanmar, número 161 do ranking da FIFA, será à partida a equipa mais fraca do grupo.

“Temos muitos jogadores jovens que poderão aprender, por exemplo com o Japão, atualmente uma das melhores equipas do mundo”, acrescentou o alemão. Apesar de admitir que Myanmar, que conta com nove jogadores a atuar no estrangeiro, tem de “ser realista”, o treinador não afastou a possibilidade de “talvez nas partidas em casa criar uma ou duas surpresas”.

Feichtenbeiner disse ainda estar surpreendido pelo apoio de mais de uma centena de birmaneses no estádio: “Nunca esperava um tão grande número de adeptos. Foi uma alegria para os jogadores”. De acordo com dados oficiais do Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau, no final de agosto trabalhavam no território quase 3.100 cidadãos de Myanmar sem estatuto de residente.

18 Out 2023

Fábio Abreu confiante que Beijing Guoan vai conseguir melhorar classificação

O avançado luso-angolano Fábio Abreu disse hoje, na chegada à China, estar confiante que o Beijing Guoan, equipa pela qual assinou contrato de ano e meio, vai conseguir ascender na classificação na superliga chinesa.

“Ainda há muito campeonato pela frente”, disse o avançado, de 30 anos, à agência Lusa, expressando confiança nas capacidades do treinador português Ricardo Soares, com quem trabalhou no Moreirense, na época 2019/2020, e que volta agora a encontrar em Pequim.

“No Moreirense, começamos mal e após o mister Ricardo Soares pegar na equipa conseguimos recuperar e quase fomos à Liga Europa”, recordou. “Quando tens um treinador que sabe o que está a fazer, tens uma equipa que gosta de aprender e quer fazer mais, isso ajuda muito”, vincou.

O Beijing Guoan, a principal equipa de Pequim, ocupa atualmente o sexto lugar da prova máxima do futebol na China, a 15 pontos do primeiro e a nove do segundo.

Abreu chega ao país asiático após duas épocas na Arábia Saudita e uma época nos Emirados Árabes Unidos. “Eu gosto de experimentar coisas novas: Não tenho medo, gosto de arriscar”, frisou.

Sobre as expectativas de viver na China, um país à partida culturalmente distante das suas raízes, o jogador garantiu vir com a “mente aberta”.

“Quando vamos para fora não podemos pensar: este país tem que ser igual ao nosso”, sublinhou. “Vou fazer certamente o esforço para aprender chinês. Não quero ficar na minha bolha”, garantiu.

Nascido em Lisboa, Fábio Abreu foi viver com seis anos para a cidade de Manchester, em Inglaterra. Aos 18 anos, voltou a Portugal, para jogar no Marítimo.

Na sua última época no Moreirense, o jogador marcou 15 golos em 36 jogos. Em duas épocas no Al-Batin, na Arábia Saudita, o avançado somou 28 golos, num total de 60 jogos. O ano passado fez seis golos, em 16 jogos disputados pelo Khorfakkan, dos Emirados Árabes Unidos. Com 30 anos, o avançado assegurou: “Não estou mais velho, estou mais experiente”.

Fábio Abreu disse estar à espera da mulher e dos filhos para ir visitar os pontos turísticos de Pequim.

“Quero muito ir à Grande Muralha: já ouço falar desde que sou pequeno”, apontou. “Mas vou esperar pela família primeiro”, ressalvou. “Já sei, se for primeiro, depois vai ser guerra em casa”.

18 Jul 2023

Emirados Árabes Unidos | Paulo Bento assume comando da selecção

O treinador português volta a treinar uma selecção depois dos cinco anos à frente da equipa da Coreia do Sul

 

O português Paulo Bento vai treinar a selecção dos Emirados Árabes Unidos, ao assinar um contrato de três anos, até 2026, após ter deixado a Coreia do Sul em Dezembro último, anunciou ontem a Associação de Futebol dos EAU.

“A Associação de Futebol dos Emirados Árabes Unidos contratou o seleccionador português Paulo Bento para assumir as funções da nossa primeira selecção nacional durante os próximos três anos”, assinalou o organismo, no site oficial na Internet.

O treinador luso, de 54 anos, que esteve mais de cinco anos como seleccionador da Coreia do Sul, cargo que assumiu em Agosto de 2018, conquistando um troféu, a Taça do Este Asiático, em 2019, salientou que vai em busca das vitórias, sem olhar para o passado.

“Conquistar as vitórias é a forma de deixar os adeptos dos Emirados felizes, com foco no presente, olhando para o futuro, mas não olhando para o passado”, expressou Paulo Bento, durante a conferência de imprensa realizada na sede do organismo no Dubai.

Dar a conhecer

O antigo seleccionador de Portugal, entre 2010 e 2014, revelou que vai “procurar conhecer os jogadores com mais rigor”, realçando que quer uma equipa “ambiciosa de forma a atingir os objectivos”.

“Vamos procurar conhecer os jogadores com mais rigor no próximo período, visitando os seus campos no estrangeiro, para a preparação da nova época. Os critérios de selecção nesta fase assentam nos elementos de desempenho e comportamento, independentemente da idade”, concluiu.

Paulo Bento estava fora dos holofotes desde a eliminação da Coreia do Sul nos oitavos de final do Mundial do Catar, em jogo diante do Brasil (4-1), e prepara-se agora para orientar a terceira selecção na carreira.

O antigo futebolista internacional português iniciou a carreira de treinador a nível sénior no Sporting, transitando dos juniores, assumindo mais tarde a selecção de Portugal, o Cruzeiro do Brasil, o Olympiacos da Grécia e os chineses do Chongqing Dandai.

11 Jul 2023

Benfica | Rui Costa e Roger Schmidt agradecem o apoio continuado dos adeptos

O Presidente do Benfica, Rui Costa, e o treinador Roger Schmidt agradeceram ontem o apoio que receberam ao longo da temporada e que conduziu a equipa à conquista do 38.º título de campeão português de futebol.

Com o ambiente ao rubro, a equipa do Benfica chegou ao Marquês de Pombal já perto da uma e meia da manhã, com a multidão a abrir alas ao autocarro panorâmico que desceu pela avenida Fontes Pereira de Melo e foi recebido em uníssono com o cântico: “o campeão voltou”.

Os jogadores do Benfica, em euforia, aos saltos no autocarro desceram até ao palco montado mesmo em frente ao Parque Eduardo VII e de frente para a estátua do Marquês de Pombal.

Gonçalo Guedes, João Mário, Morato, Chiquinho e João Neves foram dos primeiros a subir para o palco, sendo que a taça de campeão foi passando de mão em mão.

Todos eles envergavam a camisola do Benfica com o número 38 nas costas, que confirmava o número de títulos nacionais dos ‘encarnados’ e com forte animação sintonizaram-se nos festejos.

O capitão Otamendi, que está em final de contrato, foi o primeiro a usar da palavra, mas não disse aquilo que os adeptos queriam ouvir, que iria permanecer no Benfica, apesar dos pedidos que se fizeram ouvir.

“Era o título que mais desejava desde que cheguei ao Benfica. Conseguimos dar o 38.º título nacional ao Benfica, que todos vocês mereceram. Quero agradecer-vos pelo apoio”, disse.

Na mesma linha, João Mário prometeu desfrutar da conquista do título e prometeu lutar pela renovação na próxima temporada.

Por sua vez o treinador Roger Schmidt relembrou o que disse há cerca de um ano quando foi apresentado como treinador dos ‘encarnados’: “quem gosta de futebol tem de gostar do Benfica”.

“Um ano depois isso verificou-se. Agradeço-vos todo o apoio. Estou muito orgulhoso da minha equipa. Este ambiente é inacreditável. O Benfica é campeão! Merecemos ser campeões, jogámos o melhor futebol e sempre com a filosofia do Benfica. Muito obrigado benfiquistas”, afirmou.

O presidente, Rui Costa, encerrou a roda dos discursos e salientou que a conquista deste campeonato representa a união de todos os adeptos do Benfica.

“Somos campeões nacionais, chega de pedir o 38. Já cá está. Agradeço a todos este excelente grupo de trabalho e a todos vocês, que acreditaram desde o primeiro dia que chegaríamos a campeões nacionais. Um título que é da nossa união e que é do Benfica”, concluiu.

Noite de festa

O emblemático recinto lisboeta, que recebe sempre a equipa do Benfica nos festejos dos títulos nacionais, tornou-se demasiado pequena para acolher dos milhares de adeptos que para ali rumaram.

Aos poucos foi enchendo até as pessoas ficarem como se estivessem numa lata de sardinhas. Era uma autêntica discoteca ao ar livre. Os adeptos espalhavam-se como podiam, alguns sentaram-se em cima dos semáforos e da sinalização vertical.

O vermelho era a cor que predominava, embora se vissem várias camisolas pretas e amarelas, dos equipamentos alternativos. Os cachecóis era parte da indumentária dos adeptos e viam-se balões com o número 38, fazendo referência ao título conquistado este sábado, e também um adepto, mesmo em frente ao palco com uma taça de campeão nacional em papelão.

A noite foi arrefecendo, mas o ambiente esteve longe de o estar. Sempre a saltarem e a cantarem as canções que habitualmente passam no reduto ‘encarnado’, tanto no Estádio da Luz como nos dois pavilhões, os adeptos foram mantendo o ânimo pela noite dentro e… o calor humano.

Pouco antes da meia-noite o speaker do Benfica, com Deejay Kamala, subiu ao palco no Marquês de Pombal para animar ainda mais o ambiente. Os irmãos Nelson e Sérgio Rosado, do duo Anjos, e António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, também aqueceram o ambiente numa altura em que a equipa do Benfica já tinha saído do estádio da Luz.

Tendo os festejos culminado com fogo de artifício depois dos discursos de Otamendi, João Mário, Roger Schmidt e Rui Costa.

28 Mai 2023

Hong Kong | Treinador e 11 futebolistas detidos por corrupção

O treinador e 11 futebolistas de uma equipa da primeira divisão de futebol de Hong Kong estão entre os 23 detidos num caso de corrupção por manipulação de resultados, disse na terça-feira o órgão anticorrupção do território.

“Esta operação é a mais importante realizada nos últimos anos pela Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC) no combate à manipulação de resultados. É também a que resultou no maior número de detenções”, especificou a chefe de investigação do ICAC, Kate Cheuk.

Cerca de 100 agentes da polícia estiveram implicados na operação em que os suspeitos são acusados de corrupção, manipulação de resultados e de participar também em apostas ilegais.

O nome do clube em causa não foi divulgado, contudo a imprensa local sugere que o visado seja o histórico Happy Valley, com vários títulos de campeão em mais de 70 anos de existência.

Os corruptores pagariam a cada atleta cerca de 1.200 euros por jogo.

“A questão não era se eles jogavam bem, mas se eram bons a fingir [o seu desempenho] ou se podiam ajudar a manipular os resultados”, disse Cheuk.

A responsável recordou que os resultados improváveis são mais bem recompensados nas apostas, que alguns visados também faziam, através de testas-de-ferro.

Os valores envolvidos na manipulação não foram revelados, até porque a investigação continua em curso.

18 Mai 2023

Futebol | Rússia vai participar no campeonato da Ásia Central

A Rússia vai participar no campeonato inaugural da Associação de Futebol da Ásia Central em Junho, juntamente com outras sete selecções nacionais masculinas, anunciou na segunda-feira a Associação de Futebol do Tajiquistão.

As equipas russas têm sido impedidas de participar em competições europeias e da FIFA desde a invasão da Ucrânia, em Fevereiro do ano passado.

A selecção russa vai participar no novo torneio regional juntamente com as antigas repúblicas soviéticas Tajiquistão, Uzbequistão, Turquemenistão e Quirguistão. Afeganistão, Irão e outro país, ainda por confirmar, completam o alinhamento para os jogos agendados para Bishkek, Quirguistão, e Tashkent, Uzbequistão.

A Associação de Futebol da Ásia Central foi formada em 2014 como uma das cinco regiões da confederação de futebol asiática e tem a sede no Tajiquistão. De acordo com a Associação de Futebol do Tajiquistão, a Rússia já aceitou o convite para o evento em Junho.

A iniciativa pode reacender o debate sobre uma possível entrada russa na Confederação Asiática de Futebol (CAF, na sigla em inglês), com o país a procurar regressar às competições internacionais de futebol.

A selecção nacional masculina da Rússia jogou apenas três amigáveis internacionais em 2022, contra o Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão. A selecção tem jogos agendados com Irão e Iraque no final do mês.

15 Mar 2023

Presidente da CFA investigado por órgão anticorrupção

O presidente da Associação Chinesa de Futebol (CFA) está a ser investigado por suspeitas de “graves violações da lei”, anunciaram ontem as autoridades chinesas, numa altura em que tentam eliminar as fraudes que atormentam a modalidade no país.

Em comunicado, a Comissão de Inspecção e Supervisão da Disciplina, órgão máximo anticorrupção do Partido Comunista Chinês, indicou que Chen Xuyuan está sob investigação. O órgão anticorrupção não detalhou a natureza das alegadas violações cometidas por Chen, que foi eleito presidente da CFA em Agosto de 2019.

A abertura da investigação contra Chen ocorre apenas quatro meses depois de o ex-técnico da selecção masculina de futebol da China Li Tie, uma das maiores lendas da modalidade no país, devido ao seu sucesso como jogador, ter sido detido.

Li Tie, antigo jogador do clube inglês Everton, foi detido em Novembro passado. No mês seguinte, Zhang Lu, guarda-redes do clube Shenzhen, que disputa a Superliga Chinesa, e antigo colega de equipa de Li no clube chinês Liaoning, foi também detido.

Chen Yongliang e Liu Yi, o vice-secretário-geral executivo e o ex-secretário-geral da CFA, respectivamente, estão também sob investigação por suspeitas de violação da lei, anunciaram as autoridades, no mês passado.

Aquém das expectativas

A CFA é o órgão dirigente do futebol na China que organiza a selecção chinesa de futebol e as competições domésticas. Nos últimos meses, a CFA prometeu firmeza contra a manipulação de resultados, a fraude e o uso de doping, descritos pelo vice-director da Administração do Desporto na China, Du Zhaocai, como os “três cancros” que colocam em risco o desenvolvimento do futebol no país asiático.

“Ainda há um longo caminho a percorrer na erradicação de práticas pouco saudáveis no mundo do futebol”, alertou recentemente a Comissão de Inspeção e Supervisão da Disciplina. O “declínio do futebol na China” mostra que “simplesmente monitorar a opinião pública não chega”, escreveu o conhecido comentador chinês Hu Xijin na rede social Weibo, questionando se “o futebol na China está podre até à medula”.

A selecção masculina de futebol da China é há muito criticada pelos adeptos pelos maus resultados, altos salários dos jogadores e sucessivos escândalos. Nos últimos anos, Pequim assumiu o desejo de converter o país numa potência futebolística, à altura do seu poder económico e militar. O líder chinês, Xi Jinping, assumiu que quer ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo.

16 Fev 2023

China | Português é o treinador de futebol mais jovem na Superliga

O português David Patrício tornou-se aos 38 anos o treinador mais jovem da Superliga da China e quer manter o recém-promovido Nantong Zhiyun no escalão principal, com “espírito de missão” para desenvolver o futebol chinês.

“Apesar da idade, já tenho 20 anos de experiência como treinador”, disse sábado à Lusa. “Estou confiante que [o Nantong] poderá ser uma lufada de ar fresco”, nomeadamente graças aos “adeptos mais fervorosos” do futebol chinês, acrescentou.

Patrício foi nomeado na terça-feira treinador da equipa principal do Nantong, clube do leste da China, ao qual chegou em 2019, tendo desde então desempenhado funções de adjunto, treinador das reservas e director técnico.

Depois de conseguir em Dezembro o terceiro lugar na Liga I chinesa, o segundo escalão, o Nantong foi promovido à Superliga da China, tendo como melhor marcador o luso-guineense Zé Turbo, com 20 golos.

O avançado formado no Sporting e no Inter de Milão “terminou contrato e vai seguir um outro caminho, mas em breve teremos novidades sobre novos estrangeiros e poderá haver jogadores lusófonos na equipa”, disse Patrício.

“Queremos fazer uma época tranquila, sem grandes sobressaltos, apesar do orçamento mais reduzido”, sublinhou o português.

“A nossa realidade é diferente do normal na China: os clubes são liderados por grandes empresas que fazem grandes investimentos e que por isso conseguem sempre ser muito competitivos”, lembrou.

Longe vão os tempos de 2016, quando as 16 equipas que disputaram a Superliga chinesa investiram cerca de 460 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros, abalando o mercado de transferências.

“As três equipas que desceram de divisão apresentaram muitas dificuldades financeiras e um deles, um histórico, está para acabar”, confirmou David Patrício, referindo-se ao Hebei, por onde chegaram a passar os argentinos Javier Mascherano e Ezequiel Lavezzi.

Golpes e sonhos

A pandemia da covid-19, que obrigou o treinador a ficar quase dois anos em Portugal, desferiu um rude golpe no futebol chinês, cujos jogos em 2019 atraíam em média mais de 24 mil adeptos aos estádios, o valor mais elevado na Ásia.

Os clubes passaram três anos a jogar em estádios vazios e a treinar em ‘bolhas’ anti-covid-19, praticamente sem receitas de bilheteira ou de transmissão televisiva. Patrício espera que, este ano, com o alívio das medidas da política ‘zero covid’, os adeptos voltem: “acredito que será a liga mais competitiva dos últimos três anos”.

Nos últimos anos, Pequim assumiu o desejo de converter o país numa potência futebolística. O líder chinês, Xi Jinping, disse que quer ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencer.

“Há muito trabalho para fazer, mas a China tem um potencial enormíssimo e uma das coisas que me fez vir foi o sonho que o país tem de desenvolver o futebol”, disse o treinador. A China ocupa o 80.º na classificação da FIFA e a única vez que participou na fase final de um Mundial, em 2002, perdeu os três jogos que disputou e não marcou um único golo.

“Não acredito que nestes 1,3 mil milhões de pessoas não haja talento. O que falta é criar infraestruturas”, disse o português. “Só na zona de Lisboa há dezenas de clubes. Aqui a cidade de Nantong, que tem sete milhões de pessoas, tem dois clubes. É manifestamente pouco”, sublinhou.

A China precisa também de mais treinadores “com espírito de missão”, acrescentou o português. “Muitos estrangeiros com quem me cruzei admitiram que vieram para a China só para receber o dinheiro”, disse.

5 Fev 2023

Futebol | Torneio do Coelho com equipas de Cantão e Hong Kong

A partir do dia 28 de Janeiro, o Instituto do Desporto (ID) vai começar a distribuir gratuitamente bilhetes para os jogos de futebol Torneio de Comemoração do Ano do Coelho – Taça de Cantão, Hong Kong e Macau 2023. Os amigáveis vão decorrer no dia 5 de Fevereiro, no Estádio Olímpico da Taipa, e contam com a participação de equipas de Macau, Hong Kong e do Interior.

Da liga de futebol da província de Cantão vêm à RAEM as formações do RTFC de Guangdong e a Zhuhai 2030. Estas equipas não participam na principal liga chinesa.

Hong Kong é representada pelo Eastern Football Club, enquanto o Chao Pak Kei, campeão da Macau no ano passado, vai representar Macau. Segundo o ID, o torneio de cariz distrital tem como objectivo permitir aos cidadãos “sentirem o entusiasmo e vitalidade” do desporto. Chao Pak Kei e Zhuhai 2030 são as primeiras equipas a entrar em campo, às 14h. RTFC de Guangdong e Eastern Football Club defrontam-se ás 16h15.

Todos os bilhetes são gratuitos e cada residente ou turista pode levar um máximo de quatro ingressos.
Segundo o presidente do ID, o torneio faz parte das actividades Recreativas e Desportivas da Festividade do Ano Novo Lunar de 2023, que contam com um orçamento de 900 mil patacas.

Além de um torneio de futebol, as actividades organizadas pelo ID apresentam igualmente um desfile de motos, que acontece a 29 de Janeiro, uma actividade de cicloturismo, agendada para 24 de Janeiro ás 9h no Cotai, e ainda um festival de desporto, marcado para a Praça de Iao Hon, também a 24 de Janeiro, entre as 14h e as 17h.

19 Jan 2023

Catar2022 | Associação Sheng Kung Hui alerta para vício de apostas

A Associação Sheng Kung Hui apelou aos residentes para que tenham cuidado durante o Campeonato do Mundo, principalmente os mais jovens, e evitem o vício das apostas.

Segundo o jornal Ou Mun, o chefe do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau, Ip Kam Po, defendeu que como desta vez os horários são mais acessíveis, há um risco maior de que as pessoas se deixem levar pela vontade de apostar nos resultados dos jogos.

Além disso, o responsável destacou “o efeito das redes sociais”, que disponibilizam várias plataformas para análise, publicidade e previsões dos diferentes encontros. Na perspectiva de Ip, estas novas tecnologias são muito viradas para os mais jovens e podem fazer com que estes não consigam controlar os montantes que apostam.

No mesmo sentido, o chefe do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais da Associação Sheng Kung Hui Macau vincou que a associação está disponível para ajudar todos os necessitem de fazer face ao vício e que pode ser contactada a qualquer altura. Ainda assim, durante o Campeonato do Mundo de 2018, Ip Kam Po reconheceu que não houve um aumento dos pedidos de ajuda.

Sobre os pedidos relacionados com o vício do jogo, ao longo deste ano, até Setembro, Ip Kam Po revelou que houve uma quebra de 20 por cento em termos anuais.

23 Nov 2022

Qatar vai organizar Taça das Nações Asiáticas de futebol de 2023

O Qatar, anfitrião do Mundial2022 de futebol, vai organizar a Taça das Nações Asiáticas de 2023, depois da China ter renunciado em maio devido à pandemia de covid-19, avançou hoje a Confederação Asiática de Futebol.

“O Comité Executivo da Confederação Asiática de Futebol (AFC) confirmou hoje a Federação de Futebol do Catar como a federação anfitriã da Taça das Nações Asiáticas 2023”, disse o órgão sediado na Malásia, em comunicado.

A organização da edição de 2023 tinha sido atribuída à China em junho de 2019, sendo que a competição deveria disputar-se em 10 cidades chinesas, entre 16 de junho e 16 de julho do próximo ano. Mas em maio deste ano, a China renunciou à organização do evento, devido ao aumento de casos de covid-19 no país.

Uma nova vaga de casos de infeção com o coronavírus na China levou ao confinamento dos 25 milhões de habitantes em Xangai durante vários meses, originando igualmente o cancelamento de vários eventos desportivos no país, como foram os casos das duas etapas chineses da Liga Diamante de atletismo, o Grande Prémio de Xangai de Fórmula 1 ou os torneios de ténis do circuito ATP.

A Taça das Nações Asiáticas reúne 24 seleções e acontece a cada quatro anos. O Qatar venceu a última edição do torneio, em 2019, que decorreu nos Emirados Árabes Unidos.

Coreia do Sul e Indonésia foram os outros dois países que entraram na disputa para receber a fase final do torneio continental depois da renúncia da China. O Qatar vai organizar primeiro o Mundial2022 de futebol, que se disputa entre 20 de novembro e 18 de dezembro.

17 Out 2022

China renuncia à organização da Taça das Nações Asiáticas de futebol

A China renunciou à organização da Taça das Nações Asiáticas de futebol de 2023, devido ao aumento de casos de covid-19 no país, anunciou este sábado a Confederação Asiática de Futebol (AFC), em comunicado.

“Após conversações exaustivas com a Associação Chinesa de Futebol (CFA), a AFC foi oficialmente informada pela CFA de que não seria capaz de organizar a Taça das Nações Asiáticas de 2023. A AFC compreende as circunstâncias excecionais provocadas pela pandemia de covid-19, que levaram a esta renúncia da China”, refere o organismo.

Na mesma nota, a AFC remete para mais tarde qualquer anúncio sobre o anfitrião da próxima edição da Taça das Nações Asiáticas.

A organização da edição de 2023 tinha sido atribuída à China em junho de 2019, sendo que a competição deveria disputar-se em 10 cidades chinesas, entre 16 de junho e 16 de julho do próximo ano.

Uma nova vaga de casos de infeção com o coronavírus na China levou ao confinamento dos 25 milhões de habitantes em Xangai desde abril, originando igualmente o cancelamento de vários eventos desportivos no país, como foram os casos das duas etapas chineses da Liga Diamante de atletismo, o Grande Prémio de Xangai de Fórmula 1 ou os torneios de ténis do circuito ATP.

15 Mai 2022

China substitui selecionador devido às dificuldades no apuramento para o Mundial 2022

O treinador Li Tie deixou o comando técnico da seleção chinesa de futebol, sendo substituído por Li Xiaopeng, devido às dificuldades na qualificação para o Mundial2022.

A decisão foi anunciada na quarta-feira, após os 14 dias de confinamento a que a seleção chinesa esteve votada, após a permanência nos Emirados Árabes Unidos, onde tem disputado como anfitrião os jogos de qualificação.

Li Xiaopeng, de 46 anos, orientava a formação do Wuhan Zall, depois de ter comandado as equipas do Shandong Luneng, do Qingdao Jonoon e a seleção feminina.

O antigo médio integrou a seleção que participou pela única vez na fase final de um campeonato do mundo, em 2002, quando não teve de enfrentar na qualificação as ‘potências’ Coreia do Sul e Japão, que asseguraram as suas presenças como anfitriãs da competição.

A China ocupa, após seis jornadas, o quinto e penúltimo lugar do Grupo B de qualificação asiática, com cinco pontos, menos 11 do que a líder Arábia Saudita e menos sete do que o Japão.

Qualificam-se diretamente para o Mundial2022, que vai ser disputado no Qatar, os dois primeiros de cada grupo, enquanto os terceiros colocados avançam para um ‘play-off’, que dá acesso à ronda de apuramento intercontinental, com o quinto classificado da CONMEBOL.

Li Tie, de 44 anos, sucedeu em 2020 no comando da seleção chinesa ao italiano Marcello Lippi, um dos vários treinadores estrangeiros contratados no país nos últimos anos.

Apesar dos apelos do Presidente do país, Xi Jinping, para que a China se torne uma superpotência do futebol, a seleção masculina atualmente ocupa a 74.ª posição do ‘ranking’ da FIFA.

3 Dez 2021

Não era só o Benfica

Na semana passada falou-se muito de futebol. Não, não me refiro ao empate do Benfica em Barcelona, à derrota do FC Porto em Liverpool e à vitória surpreendente do Sporting ao Borussia Dortmund conseguindo seguir na Champions onde não punha as chuteiras há 13 anos. Falou-se muito de futebol, mas em termos judiciais. As autoridades não conseguem esconder a ajuda que o hacker Rui Pinto lhes tem estado a dar, certamente bem remunerado. De um mês para o outro, os clubes de futebol entraram na baila e os inspectores da Polícia Judiciária, os procuradores do Ministério Público e o super juiz Carlos Alexandre começaram a invadir as instalações clubistas, como o Sporting, Santa Clara, Vitória de Guimarães, FC Porto, Tondela e Sporting de Braga. E não só. As buscas domiciliárias e não domiciliárias atingiram jogadores, dirigentes de SAD’s de clubes, empresários de futebol e escritórios de advogados. Afinal, não era só o Benfica que vinha sendo acusado de irregularidades e negócios pouco claros na compra e venda de jogadores. No intocável FC Porto parece que desta vez o caso é grave e inclui o próprio filho do presidente Pinto da Costa, que obviamente aprendeu tudo sobre bastidores do futebol com o pai.

A gravidade das buscas pode envolver muitos milhões de euros que foram branqueados na compra e venda de jogadores, nas comissões que jogadores, dirigentes e empresários teriam recebido quando os contratos eram acordados. Imaginem que até o “deus” dos empresários, Jorge Mendes, que por ser o gestor de José Mourinho e de Cristiano Ronaldo logo pensou que tinha o rei na barriga e que poderia fazer o que lhe apetecesse. Com ele, vários advogados que mancharam a classe de uma forma vergonhosa. A polícia investiga, mas já tem os dados todos. Já sabe quantos milhões recebeu fulano ou beltrano. As pesquisas já apareceram nos computadores dos investigadores, que têm o apoio de Rui Pinto, e as lavagens de dinheiro, os depósitos em offshores e as falcatruas de intermediários e advogados já estão nos processos comandados por Carlos Alexandre. E tudo indica que desta vez o caso é muito sério e que alguns irão parar à prisão. O Ministério Público já tem suspeitas de negócios entre os clubes e terceiras entidades que podem ultrapassar os 15 milhões de euros e que tiveram em vista a ocultação de rendimentos do trabalho dependente, sujeitos a declaração e a retenção na fonte, em sede de IRS, envolvendo jogadores de futebol profissional. As investigações já começaram em 2020 e quando foi anunciado que Luís Filipe Vieira e o Benfica estavam em maus lençóis, logo houve risotas lá para as bandas do norte do país. Agora, vamos ver o que acontece quando o FC Porto é um dos clubes com maiores suspeitas de ilegalidades, nomeadamente, a fuga ao fisco. Os factos em investigação são susceptíveis de integrarem crimes de fraude fiscal, fraude à segurança social e branqueamento de capitais.

Quando veio a público que no FC Porto o Ministério Público tinha suspeitas gravíssimas, houve logo quem dissesse que Pinto da Costa é intocável. Vamos ver porque o Ministério Público está a investigar o pagamento de comissões superiores a 20 milhões de euros relacionados com transferências de futebolistas e efetuou 33 buscas, entre as quais na SAD do FC Porto e numa instituição bancária. Em comunicado, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) referiu que na investigação estão “factos ocorridos pelo menos desde 2017 até ao presente, com forte dimensão internacional e que envolvem operações de pagamento de comissões de mais de 20 milhões de euros”. O DCIAP acrescenta que as diligências “visam investigar a suspeita de prática de crimes de fraude fiscal, burla, abuso de confiança e branqueamento, relacionados com transferências de jogadores de futebol e com circuitos financeiros que envolvem os intermediários nesses negócios”.

Nada mais claro que há marosca e da grande no interior dos maiores clubes de futebol. A gravidade maior ao longo dos anos é o roubo que se tem feito ao Estado que somos todos nós. O procedimento criminal movimentou muitos milhares de milhões de euros. Houve jogadores que foram comprados por milhões e que nunca jogaram nos clubes que os adquiriram e que passado uns tempos eram vendidos pelo dobro que tinham custado.

Naturalmente que os sócios e os adeptos que pagam as suas quotas e bilhetes de ingress têm de se sentir envergonhados e tristes com os seus clubes que optaram pela vigarice. Afinal, pode perguntar-se se o futebol é um desporto ou um negócio. Possivelmente a maioria optava por afirmar que se trata de um negócio gigantesco e obscura que tem início na própria FIFA e UEFA onde os casos de corrupção têm levianamente vindo a público e não esquecendo o escândalo do Mundial que se realizará no Qatar, último lugar do globo para a prática de futebol devido à elevada temperatura e prejudicial à saúde dos praticantes.

Vamos aguardar pelo desfecho destas investigações que tendo o juiz Carlos Alexandre ao comando das operações não augura que os potenciais suspeitos se fiquem a rir desta vez…


*Texto escrito com a antiga grafia

29 Nov 2021

Japão abandona organização do Mundial de clubes de 2021

O Japão retirou-se da organização do Mundial de clubes de futebol, agendado para dezembro deste ano, devido à pandemia da covid-19, anunciou ontem a federação nipónica (JFA), depois de transmitir a decisão à FIFA.

“O Campeonato do Mundo de clubes da FIFA não será realizado no Japão. Seria parte do projeto comemorativo do 100.º aniversário da JFA, mas neste momento é difícil prever como estará a situação da pandemia no final do ano. Existem várias restrições, como por exemplo a impossibilidade de ter público nos estádios, por isso foi decidido que não existem condições para a sua realização”, lê-se num comunicado do organismo.

A JFA acrescentou que a FIFA foi informada da decisão, depois de um encontro entre os dois organismos. “Sabemos que a FIFA anunciará brevemente locais alternativos para a organização da competição”, conclui o comunicado. O Mundial de clubes estava agendado para decorrer de 09 a 19 de dezembro.

10 Set 2021

Futebol pós-pandemia

A pandemia que continuamos a atravessar por todo o mundo também redefiniu o rectângulo de jogo para a prática do futebol, pelo menos o profissional, ou o de mais alto nível, o que ocupa a atenção de todo o planeta, mais coisa menos coisa: deixou de ser relvado o tapete verde que concentra a atenção das massas e passou a ser feito de “leds”, eventualmente orgânicos, ou de outras maravilhas da tecnologia, dessas que nos trazem a casa o espectáculo total, com ainda mais brilho que o original, mais opções de personalização, temporizações, repetições e outras opções que nos permitem desfrutar do show de bola no conforto do sofá, role o esférico onde for, que há transmissões para todos os gostos e a assistência se faz cada vez mais em vídeo.

Esta redefinição das quatro linhas que passaram a estar nas salas de cada pessoa em vez das aglomerações em estádios também contribuíram para redefinir poderes, ou pelo menos para reforçar tendências de concentração de poder que já se vinham desenhando, com a hegemonia da liga inglesa a tornar-se ainda maior, mesmo que tenhamos sempre Paris, gloriosa excepção que assinala aliás singular presença histórica entre os mais reputados clubes de futebol do planeta, onde a presença francesa foi tradicionalmente escassa. E continua a ser: na realidade, é a Inglaterra que se vai tornando (ou recuperando) o centro desta redefinição do futebol enquanto espectáculo que se deslocou dos estádios de cada cidade para as televisões de todo o planeta.

Foi relativamente lenta mas implacável esta deslocação: ainda há dez anos era a Liga espanhola que dominava as atenções do planeta, os astros maiores de todo mundo, as conquistas de medalhas e troféus. É território onde tradicionalmente se joga tarde, já de noite o esférico parece rolar melhor, e de dia há sestas para fazer, vermutes para tomar, ou outros afazeres de força maior, consoante a região. Essa escolha tem outras implicações, naturalmente: a essas horas já o público asiático dorme profundamente, esses potenciais milhares de milhões de pessoas que vivem o futebol europeu com proximidade e intensidade mesmo que vivam na Índia, na Indonésia, na Tailândia, na China ou no Japão.

Esse público dedicado, fanático como outros, frequentemente com menor poder de compra mas sempre contado em muitos milhões de pessoas, seria decisivo para transferir da liga espanhola para a inglesa o poder maior do futebol global, que em Inglaterra se joga mais cedo e se adaptam com zelo e dedicação os horários e calendários para facilitar a vida a fregueses distantes, com os seus dispositivos digitais e ecrãs de tamanho diverso espalhados por todo o mundo: jogada à tarde, a liga inglesa pode ser acompanhada em directo nas noites asiáticas e nas manhãs das Américas, o verdadeiro espectáculo global, acompanhado ao vivo e em simultâneo em todo o planeta. Assim se vendem assinaturas e subscrições de canais de televisão, mas também camisolas e outras mercadorias promocionais, fontes diversificadas e massivas de rendimentos.

É assim também que se atraem os grandes investidores, o capital global que se vai acumulando para lá das esferas produtivas e que alimenta negócios diversos, mais ou menos obscuros, incluindo o da bola: chegam a Inglaterra vindos dos Estados Unidos (Manchester United, Liverpool ou Arsenal, só para citar os maiores), dos Emirados Árabes Unidos (Manchester City), da Rússia (Chelsea), da Tailândia (Leicester), do Egipto (Aston Villa) ou da China (Southampton e a tão portuguesa equipa do Wolverhampton). As finanças do planeta mobilizam-se para promover a liga e os clubes ingleses num espectáculo que afinal chega em directo a cada casa ou a cada café do planeta.

O resultado deste jogo das finanças globais também se nota nos lances de bola parada, com os jogadores em férias mas em negócios, quando se trata das transferências, potenciais ou efectivas contratações e rescisões, empréstimos e cedências, que ocupam páginas imensas na imprensa mundial e animam universos digitais variados mesmo quando não se joga. Foi mais uma vez em direcção a Inglaterra que se deslocou a maior parte das estrelas do universo futebolístico, para os clubes onde as receitas vêm sobretudo do negócio televisivo global e que por isso foram menos vulneráveis às quebras drásticas nas vendas de bilhetes para os estádios que a pandemia de covid-19 provocou. Há a excepção parisiense, evidentemente, feita de uma situação financeira excepcional, em que as receitas publicitárias do clube são desproporcionais em relação às dos restantes competidores na liga francesa.

Não deixa de ser sintomático, aliás, que tenham vindo das ligas espanhola e italiana os mais intensos apelos e iniciativas para a criação de uma “super-liga” europeia de futebol. Na realidade, é apenas uma reacção tardia e desesperada à formidável derrota que foram sofrendo nos últimos anos quando não souberam ou não quiseram adaptar as formas e os tempos de jogo a essa nova abordagem ao futebol que, sem o retirar dos estádios (pelo menos antes e depois do covid-19), o colocou sobretudo nas televisões ou outras plataformas de entretenimento digital.

3 Set 2021

Euro 2020 | Itália defronta Espanha na 1.ª meia-final

O futebol era das áreas onde espanhóis e italianos mais diferiam. Uns gostavam mais do jogo de posse e os outros mais do catenaccio, isto, historicamente falando. Hoje, ambos partilham mais semelhanças do que diferenças. Umas delas é a procura de vingança. Quer seja o nariz partido de Luis Enrique em 1994 ou a goleada sofrida pelos azzurri na final do Euro 2012, a proximidade da final de 2020 promete um jogo com mais garra do que nunca

Por Martim Silva

Já se defrontam desde 1924, não podia existir maior equilíbrio. Em 35 jogos, Espanha venceu 10, Itália venceu 10 e registou-se um empate em 15 ocasiões. Duas das melhores selecções, não só da Europa como do mundo, não podiam estar em melhor posição para desempatar esta igualdade histórica. O palco será em Londres, no estádio Wembley, do dia 6 para 7 de Julho às 3h de Macau.

Em 9 jogos disputados entre Itália e Espanha, em Euros ou Mundiais, os espanhóis arrecadaram apenas 2 vitórias, mas uma delas foi na final do Euro 2012 por 4-0. Este foi o resultado mais expressivo de todas as finais da competição europeia de selecções. A humilhação na Ucrânia, palco da final desse ano, não parece ser uma espada de Dâmocles para as tropas de Roberto Mancini, que afirmou estar mais preocupado com o desafio de chegar à final do que com qualquer adversário específico. “Vamos desfrutar da vitória (contra a Bélgica) e depois pensamos na Espanha. São eles quem se segue e, num torneio como este, quanto mais se avança mais complicado fica.”.

Na madrugada de terça para quarta-feira, há um jogo entre duas equipas muito semelhantes. As selecções de Mancini e Luis Enrique são das que mais golos marcaram, têm das maiores percentagens de posse de bola e de acerto de passe. São também as duas equipas que mais remataram nesta edição do Euro. Do lado da Espanha, o avançado Álvaro Morata é quem mais faltas sofreu (15), Aymeric Laporte é quem lidera em toques na bola (569), Jordi Alba e Ferran Torres são os dois jogadores com mais cruzamentos para a grande área (6) e Dani Olmo é o jogador com mais remates (17). Não há falta de munição na equipa espanhola.

Troféu à vista

Espanhóis e italianos, em 2021, partilham ideias semelhantes. Gostam de ter bola e não gostam de a perder. Quando isto acontece, são duas das equipas que conseguem, rapidamente, recuperar o esférico. Têm médios e defesas centrais criativos com a bola nos pés e quando toca a defender, os italianos Giorgio Chiellini e Leonardo Bonucci quase que parecem não ter comparação no mundo do futebol. Os dois veteranos da Juventus (36 e 34 anos, respectivamente) não têm botão de desligar e Bonucci sabe da dificuldade do embate contra La Roja. “Temos mais dois jogos pela frente, o mais difícil é contra Espanha, que são parecidos à Bélgica. Parecia que não iam passar (frente à Suíça) mas conseguiram erguer-se, portanto vamos ter uma batalha até ao fim.”. Apesar da dificuldade da tarefa, o central da Juventus fala num objectivo maior que o confronto das meias. “Eles são uma grande equipa, mas nós começámos o torneio com um sonho nos nossos corações e esperamos continuar assim.”, sentenciou o central italiano.

Do outro lado, e relembrando a fúria de Luis Enrique no Mundial de 1994 após a cotovelada do defesa italiano Mauro Tassotti que partiu o nariz ao actual seleccionador espanhol, o extremo Mikel Oyarzabal mostrou-se descontente com a falta de apoio à sua equipa. “Ninguém nos apoiou. Houve toneladas de críticas quando as coisas não estavam a correr tão bem, mas agora nós sentimos que as pessoas estão do nosso lado.”, referiu o jogador da Real Sociedad.

O jogo de terça para quarta-feira colocará, frente a frente, duas equipas com 5 Mundiais, 4 Euros e dois Jogos Olímpicos entre si, esperando-se um jogo equilibrado e com várias questões em aberto, nomeadamente, a de quem vai assumir o jogo e ficar mais tempo com a bola. A primeira meia-final promete ser um embate histórico não só por ser entre dois gigantes europeus, mas porque está em jogo um bilhete para a final do Euro 2020 em Wembley, e quer Itália quer Espanha não levantam troféus há algum tempo e, certamente, querem sair desta competição com algo mais dentro da bagagem.

 

Petição quer reverter apuramento suíço

Uma petição online no site francês Les Lignes Bougent alega que no penálti falhado por Kylian Mbappé, no jogo frente à Suíça para os oitavos de final do Euro 2020 e que ditou a eliminação de França da prova, o guarda-redes helvético Yann Sommer estava em posição irregular. A petição já tem cerca de 270 mil assinaturas e há confiança na ilegalidade do posicionamento do guarda-redes suíço. “Durante a marcação de penáltis do jogo entre França e Suíça, o guarda-redes Sommer não estava na sua linha durante o remate de Mbappé. Pedimos o cancelamento da qualificação suíça e a repetição do encontro. Desporto tem de ser jogado dentro das regras, mas naquela noite as regras não foram respeitadas.”

Ora, de acordo com as regras do jogo, elaborado pela International Football Association Board (IFAB), a lei 14, referente à marcação de penáltis, é clara. “Quando a bola é chutada, o guarda-redes que defende tem de ter pelo menos parte de um pé a tocar na linha de golo”. O vídeo do penálti em questão mostra que Yann Sommer tem, de facto, parte do seu pé esquerdo na linha de golo quando Mbappé efectua o remate. A polémica em torno do posicionamento de Sommer é agora um não assunto e, desta maneira, os gauleses podem ir para casa descansados.

 

Covid-19 | OMS recomenda melhor acompanhamento de adeptos

Durante quase um mês, o Euro 2020 parecia imune ao vírus silencioso. Mas agora, a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou num tom mais severo e com doses de aconselhamentos. “Precisamos de olhar muito além dos estádios. O que temos que ver é à volta dos estádios e como é que as pessoas chegam lá. Se estão a deslocar-se em comboios, de autocarro ou em meios individuais.” foi assim que Catherine Smallwood, responsável pelo Departamento de Emergência Sanitária da OMS, deixou o alerta sobre o possível aumento de casos do covid-19 devido à competição europeia de selecções.

O aviso vem no seguimento de se detectarem cerca de 2 mil casos relacionados com o jogo entre Inglaterra e Escócia, em Wembley, no dia 19 de Junho. Foram atribuídos cerca de 1.300 casos positivos só a este jogo.

De acordo com a Public Health Scotland, o organismo escocês que gere a saúde pública, houve 1.991 pessoas que testaram positivo e que admitiram ter ido a um ou mais jogos do Euro 2020. O organismo afirmou também estar a tomar todas as medidas de saúde pública na proximidade que estes casos, vindos do Euro, possam ter tido com o resto da população da Escócia.

Na Finlândia foram também reportados 80 casos provenientes da Rússia, após o último jogo dos finlandeses frente à Bélgica, em São Petersburgo, no dia 21 do mês passado. O Instituto Finlandês da Saúde e Bem-Estar advertiu também que podem existir mais casos devido à proximidade com estes adeptos.

6 Jul 2021

Euro 2020 | Inglaterra bate Alemanha e quebra jejum de 1966

Em solo inimigo e a jogar no coração de Londres, a Mannschaft tinha como missão viver ou deixar morrer. Contudo, os alemães ensinaram-nos que conseguem ser eternos como os diamantes, especialmente contra ingleses. Mas ontem não encontraram pela frente uma equipa sem trunfos. Desta vez, as tropas de Southgate tinham em sua posse a arma dourada e licença para matar

Por Martim Silva

 

No penúltimo jogo dos oitavos de final do Euro 2020, o conjunto dos Três Leões deu alegrias a Sua Majestade, a Rainha e a todos os cidadãos ingleses quando derrotaram por 2-0 a Alemanha. Desde 1966, quando os ingleses conquistaram o Mundial desse ano frente aos germânicos, que uma selecção inglesa não derrotava uma selecção alemã em competições oficiais numa fase a eliminar. O enguiço foi quebrado e a equipa de Gareth Southgate tombou o seu Adamastor.

Foi sob o olho atento dos Duques de Cambridge que o embate entre dois gigantes do futebol europeu se desenrolou de maneira equilibrada. A Alemanha com o seu 3-4-3 no ataque e um 5-3-2 a defender era o original.

A Inglaterra, com o mesmo esquema a atacar e a defender era a cópia. Os ingleses adaptaram a esquemática para encaixarem individualmente nos jogadores alemães, especialmente no momento defensivo. Com Mason Mount, Jack Grealish, Phil Foden e Jadon Sancho no banco parecia que a equipa técnica inglesa tinha deitado a toalha ao chão e assumido a derrota caseira. Por vezes, o jogo até tendia a ir nessa direcção.

Os alemães começaram com mais bola e a tentar fazê-la chegar às suas unidades mais adiantadas e para isso tinham não só que ultrapassar a pressão dos três atacantes de Inglaterra, Raheem Sterling, Harry Kane e Bukayo Saka, como criar vários obstáculos ao meio-campo de Declan Rice e Kalvin Phillips. Para a bola chegar ao meio-campo adversário, a Alemanha utilizou Thomas Müller no meio dos médios ingleses, Kai Havertz descaído para um dos lados, Toni Kroos mais recuado e Leon Goretzka à sua frente. Timo Werner atacava a profundidade. Durante alguns períodos de jogo, este posicionamento variava entre os jogadores de Joachim Löw, o que lhes permitiu, por vezes, chegar mais próximo da baliza de Jordan Pickford, guarda-redes inglês, que foi obrigado a duas grandes defesas, primeiro com o remate do isolado Werner aos 32 minutos e depois na segunda parte, aos 48 minutos, com um remate à entrada da área de Havertz.

Para colmatar o ataque do adversário, Southgate colocou os seus jogadores numa autêntica marcação individual no campo inteiro. A atacar, o conjunto dos Três Leões usava as combinações entre Saka e Sterling e os respectivos laterais. O avançado Harry Kane atacava a profundidade. Mas a distância entre os alas e o próprio Kane em zonas de finalização fizeram com que os alemães controlassem a situação.

No entanto, as tropas do seleccionador alemão mostraram-se frágeis na transição defensiva e sofreram desse veneno com o golo de Sterling aos 75 minutos, após assistência de Luke Shaw. O golo do extremo do Manchester City deu nova fé aos ingleses e exacerbou a importância que Grealish tem na equipa de Southgate, mesmo quando começa o jogo no banco. O médio do Aston Villa esteve envolvido no primeiro golo e assistiu Harry Kane no segundo do encontro, aos 85 minutos. 5 minutos antes Müller falhou um golo na cara do guarda-redes, que podia ter empatado a partida.

Triunfo histórico

Após uma tremenda exibição, Raheem Sterling deixou claro que sabia da qualidade da sua equipa. “Sabíamos que precisávamos de um grande desempenho contra uma equipa difícil, como fizemos hoje. Fazê-lo pelo meu país é sempre especial. Sabemos a intensidade com que podemos jogar e muitas equipas não conseguem lidar com isso.

Mas vamos jogo a jogo, vamos recuperar e focarmo-nos no próximo adversário.”, sublinhou o jogador inglês.
No Euro de 1996, Inglaterra e Alemanha encontraram-se na meia-final do torneio, tendo empatado a uma bola e ido a grandes penalidades. Southgate, na altura jogador, não converteu o castigo máximo e deu oportunidade aos alemães de marcarem e seguir em frente. Em 2021, o treinador inglês vê agora de fora o forte desempenho da sua equipa. “Eu acho que os jogadores foram imensos, hoje. Saber que tantos milhões de pessoas, depois de um ano difícil em casa, conseguem ter esta alegria é muito especial. Foi um grande resultado. Não tínhamos umas meias (Mundial de 2018) seguidas de uns quartos de final desde 1966. Estes jogadores continuam a escrever história.”, sublinhou o treinador dos Três Leões.

Do outro lado da alegria e em tom de despedida estava Joachim Löw, que apesar da derrota decidiu recordar a sua caminhada de 15 anos à frente da Mannschaft. “Nestes 15 anos houve muita coisa positiva. Ganhámos o Mundial em 2014 e as Confederações em 2017, mas desde 2018 que temos problemas. No fundo, não conseguimos impor o nosso jogo às outras equipas.”, sentenciou o agora ex-seleccionador alemão.

 

Ucrânia vence Suécia em jogo eléctrico

Após a eliminação surpreendente de França e dos Países Baixos, o último jogo dos oitavos de final do Euro 2020 entre ucranianos e suecos prometia ser um óptimo espetáculo. Ambas as equipas já tinham mostrado competência na fase de grupos.

A Suécia ficou em primeiro num grupo onde estava a Espanha e a Ucrânia é o único conjunto do Grupo C ainda em prova. No meio de um jogo equilibrado, a equipa orientada por Andriy Shevchenko saiu de Glasgow com um triunfo suado por 2-1, com necessidade de prolongamento.

Os ucranianos mudaram o esquema ao colocarem 3 centrais dentro de campo. A construção de jogo a partir de trás teve alguns soluços no início da partida, devido ao enorme trabalho defensivo do 4-4-2 do treinador Janne Andersson, que tinha a primazia de defender o meio do terreno. Com a bola, a selecção de Shevchenko tentava criar desequilíbrios nas costas dos médios suecos tentando desbloquear a organização defensiva adversária através do médio Mykola Shaparenko. Com um bloco muito compacto, os ucranianos necessitavam de rápidas mudanças de flanco para apanhar as costas da linha média da Suécia em recuperação de posição.

E foi isso que aconteceu no primeiro golo com um passe magistral de Shaparenko a isolar o capitão Andriy Yarmolenko que assistiu o lateral esquerdo, Oleksandr Zinchenko para um grande golo aos 27 minutos. A Suécia reduziu por Emil Forsberg aos 43 após um ressalto da defesa adversária.

Na segunda parte, o jogo teve três remates aos ferros das balizas. Um da Ucrânia e dois da Suécia. E ambos os guarda-redes a fazerem várias defesas ao longo da partida. No prolongamento e após expulsão do sueco Danielsson, e com claras baixas físicas, Shevchenko lançou Artem Dovbyk que aos 120+1 minutos marcou o golo decisivo de cabeça após cruzamento de Zinchenko.

No final do jogo, o treinador da Ucrânia mostrou-se satisfeito com o comprometimento dos seus jogadores. “Estou muito orgulhoso dos meus rapazes, que deram tudo. Eles aplicaram-se muito, sinto-me muito feliz e dedico o triunfo ao povo ucraniano.”, sentenciou Shevchenko cuja equipa vai agora defrontar a Inglaterra nos quartos de final.

Quartos de final | Ucrânia não vence Inglaterra desde 2009

O confronto entre ingleses e ucranianos não era o esperado para os quartos de final do Euro 2020. A equipa de Gareth Southgate não teve um desempenho alegre na fase de grupos e a Ucrânia por pouco não entrava nos melhores terceiros classificados da competição. Mas aquilo que ambas mostraram nos oitavos de final, promete um jogo aberto e capaz de surpreender.

Para os ucranianos, a tarefa é complicada. Em Inglaterra há jogadores que valem milhões de euros e são capazes de ter um salário superior ao orçamento de um qualquer clube ucraniano. Mas as diferenças mais importantes são dentro de campo e aí a equipa de Andriy Shevchenko tem mais do que argumentos para dificultar a vida da Inglaterra. Esta é a mentalidade do ex-jogador e agora seleccionador da Ucrânia.

“Eu vi todos os três jogos de Inglaterra na fase de grupos, o de hoje frente à Alemanha não vi porque estava a preparar o nosso jogo contra a Suécia. É incrivelmente difícil eles sofrerem golos, mas as suas forças não nos assustam.”.

Sem vencer os ingleses desde a qualificação para o Mundial de 2010, a Ucrânia prepara-se para um embate em Itália, no estádio Olimpico de Roma, às 3h de Macau do dia 3 para 4 de Julho, frente a uma equipa motivada depois de uma vitória emocionante frente a um antigo rival, a Alemanha. Com a euforia ainda fresca na cabeça dos seus jogadores, Southgate alerta para novos e desafiantes obstáculos durante o resto da prova. “É um momento perigoso para nós. Vamos ter o calor do sucesso e o sentimento à volta do país de que temos de aparecer na melhor forma para ganharmos isto e sabemos que será um desafio imenso daqui para a frente.”, alertou o treinador inglês.

Quem vencer o duelo irá defrontar o vencedor do jogo entre República Checa e Dinamarca, nas meias-finais do Euro em Wembley. A final é no mesmo estádio, dando fogo extra à motivação inglesa.

1 Jul 2021

Euro 2020 | Grupo D fechado com vitória inglesa e croata

De calculadora na mão, Inglaterra e Croácia entraram em campo com mentalidades diferentes. Os pupilos de Gareth Southgate já tinham bilhete para os oitavos, os quatro pontos conquistados antes do embate contra a República Checa eram suficientes. Os axadrezados, porém, ainda tinham de vencer a Escócia para continuarem na prova. Apesar de contextos diferentes, ambas cumpriram a sua missão

Por Martim Silva

 

Foi em solo britânico que ficou decidido o Grupo D do Euro 2020. A selecção da Escócia jogou com a Croácia em Glasgow, e os ingleses defrontaram os checos em Londres. Com vantagem caseira para duas equipas, apenas uma saiu ilesa e com passagem para a fase seguinte do torneio.

No jogo que opôs croatas e escoceses ficou claro quem pertencia na fase seguinte, mesmo sem se saber o resultado do outro encontro do grupo. Na selecção de Zlatko Dalic não há como falhar. Uma equipa repleta de talentos como Ivan Perišić, Mateo Kovačić, Nikola Vlašić, Marcelo Brozović e Luka Modrić aproxima qualquer equipa da vitória.

Com quantidade na qualidade, a Croácia não teve uma noite fácil frente à Escócia. A equipa de Steve Clarke, ex-adjunto de José Mourinho, nesta fase de grupos, não foi capaz de vencer um único jogo muito devido à sua inconsistência no momento da organização ofensiva. O recurso aos cruzamentos foi constante e não existiam unidades criativas com capacidade de progressão e finalização.

Consoante a posse de bola que tinham, a grande unidade criativa e disruptiva do ataque escocês era o lateral esquerdo, Andy Robertson. No jogo de ontem, e apesar da vertente rudimentar do ataque do Exército de Tartan, o defesa do Liverpool concluiu a sua campanha no Euro como o jogador com mais cruzamentos (15) e mais cruzamentos para a grande área (5). Conseguiu alcançar também a liderança de passes para finalização (9). E é numa situação como esta, a de eliminação, que Clarke se arrependerá de não ter convocado um dos melhores jogadores da Liga NOS deste ano e que detém nacionalidade escocesa, Ryan Gauld.

Mas a Escócia até causou diversos problemas à vice-campeã mundial de 2018 com o seu bloco baixo e aposta na transição ofensiva. Porém, os escoceses tiveram de lidar com Modrić sempre perto da bola. Num jogo até ineficaz em oportunidades de golo, aos 17 minutos de jogo surge o primeiro tento do encontro marcado por Nikola Vlašić num remate dentro da grande área. A resposta veio perto do intervalo, com a Escócia a empatar com golo de Callum McGregor aos 42 minutos.

Na segunda parte e aos 62 minutos, o ex-Bola de Ouro, Luka Modrić marca um golaço de trivela perto da entrada da grande área. Durante a partida, o médio croata esteve longe da zona de remate e a sua equipa sofreu com isso. Mas quando teve a oportunidade, marcou um dos melhores golos desta edição do Euro. A exibição do médio croata não terminou com o golo de trivela, juntando a assistência para Ivan Perišić marcar de cabeça aos 77 minutos.

Em jogo de grande intensidade, a qualidade de Modrić fez a diferença. A Croácia alcançou o segundo lugar do Grupo D e irá defrontar o segundo classificado do Grupo E. Já a Escócia vai para casa, curiosamente o mesmo sítio onde deixaram Ryan Gauld.

Vitória confortável

Com o apuramento já, praticamente, assegurado e com necessidade de mexer na equipa, devido também à proximidade que jogadores como Ben Chilwell e Mason Mount tiveram com o infectado pela covid-19, Billy Gilmour da Escócia, Gareth Southgate colocou, finalmente, em campo como titular Jack Grealish.

O jogador do Aston Villa teve logo impacto na partida com a assistência do único golo da partida, marcado por Raheem Sterling. O cruzamento de Grealish deu golo logo aos 12 minutos com os checos a não darem grande resposta durante o resto da partida.

Dos melhores em campo foi o guardião da República Checa, Tomáš Vaclík, que já frente à Escócia tinha feito uma enorme exibição. Apesar das limitações ofensivas de ambas as equipas, o jogo deu para estrear caras novas na parte inglesa. Bukayo Saka, Harry Maguire, Jordan Henderson e Jadon Sancho estrearam-se no jogo de ontem pela selecção dos Três Leões. Com apenas 68 minutos jogados, Grealish foi dos melhores em campo. Tal como Gauld, não se percebe como é que o médio do Aston Villa não consegue ter lugar no onze inicial da equipa de Southgate.

Mesmo sendo um jogador que vem de lesão, Grealish foi o jogador que mais faltas sofreu na Premier League este ano (109), foi o 3.º jogador da competição com mais passes para finalização (83) e o 4.º jogador com mais assistências (10).

A vitória pela vantagem mínima faz com que Inglaterra fique à espera para saber quem irá defrontar nos oitavos de final. Será o 2.º classificado do grupo de Portugal que é decidido de quarta para quinta-feira às 3h. Um confronto entre ingleses e portugueses seria interessante e histórico.

 

Oitavos começam em terra de Cruyff

Dinamarca e País de Gales formam um par inesperado no primeiro jogo da fase a eliminar do Euro 2020. O palco do embate entre os dois conjuntos é a Arena Johan Cruyff em Amesterdão, casa de um dos clubes mais emblemáticos da Europa, o Ajax.

Num palco tão importante, e com o nome de uma das grandes lendas do futebol mundial, cada equipa terá sobre si níveis de pressão diferentes. O histórico de ambas na competição assim o diz.

Para o País de Gales o palco ainda é novo. A equipa de Robert Page está a participar no seu segundo Euro sendo que o primeiro, em 2016, ficou marcado pela eliminação nas meias-finais por Portugal.

Na primeira presença fica a uma vitória da final e na segunda, ainda a decorrer, passa a fase de grupos.
Quanto à Dinamarca, o historial é mais longo. A conquista surpreendente do Euro em 1992 colocou a selecção nórdica no leque de 15 países que venceram a prova. Porém, a equipa de Kasper Hjulmand tem mais jogadores a actuar nas melhores equipas do mundo do que em 1992. Contudo, o talento não se esgota todo no conjunto dinamarquês, tendo o País de Gales jogadores experientes e habituados aos grandes palcos do futebol como Gareth Bale, Aaron Ramsey e Joe Allen.

Desta maneira, galeses e dinamarqueses têm intervenientes capazes de tornar o jogo de sábado para domingo, às 00h, numa partida interessante, aberta e com emoções à mistura.

O primeiro encontro dos oitavos de final promete colocar frente a frente o velho confronto entre experiência e inexperiência. Para a Dinamarca, validar o seu passado glorioso é motivação suficiente. Para o País de Gales derrotar um histórico europeu é um belo início de caminhada na sua segunda presença na competição de selecções do velho continente.

 

Áustria e Itália não se defrontam desde 1998

No segundo duelo dos oitavos de final do Euro 2020, austríacos e transalpinos entram em campo às 3h, de sábado para domingo, no estádio de Wembley em Londres. No jogo em terra de Sua Majestade, a Itália terá o peso de não se ter qualificado para o Mundial de 2018 em cima dos seus ombros.

Os azzurri atravessaram uma humilhação há três anos e têm pelo caminho uma oportunidade única para se redimirem e mostrarem a sua verdadeira qualidade. Mas para o conjunto de Roberto Mancini, o passado tem de ser colocado de lado e a concentração terá de residir no presente.

A equipa italiana tem sido demolidora em todos os momentos do jogo. Durante a fase de grupos não sofreu golos e o seu guardião, Gianluigi Donnarumma, defendeu apenas dois remates em três jogos. Manuel Locatelli lidera a categoria da melhor percentagem de remates à baliza com 100%, sendo juntamente com Ciro Immobile um dos melhores marcadores do Euro com 2 golos.

Com tantas lideranças de Itália no departamento estatístico da competição, será prudente constatar que a Áustria não está muito atrás. David Alaba lidera o Euro em toques na bola (278), número de cantos (15), passes para finalização (9), tem duas assistências e é dos jogadores com mais minutos na competição. Mas esta equipa não é só Alaba. Marcel Sabitzer é quem fez mais passes para a grande área (8), Stefan Lainer lidera em bloqueios (14) e Aleksandar Dragović tem uma percentagem perfeita de duelos aéreos ganhos (100%).

Com qualidade dos dois lados, e sem se enfrentarem em competições oficiais desde o Mundial de 1998, Franco Foda admite um jogo dividido. “Não há adversários fáceis e sabemos disso. A Itália não perde há uma eternidade, mas talvez chegue o momento. Será importante para nós prepararmo-nos com foco e recuperarmos.” concluiu o seleccionador austríaco.

24 Jun 2021

Euro 2020 | Grupo B fecha hoje

Após a conclusão do Grupo A, é a vez do Grupo B. Num Euro que parece correr como o vento, é hora de colocar os pontos nos is e perceber quem vai passar à fase seguinte. No segundo grupo da competição está a Bélgica, a nova “favorita” a precisar de juntar o seu talentoso grupo de jogadores a troféus de primeira instância. Mas pelo caminho há uma Dinamarca motivada, uma Finlândia com garra e uma Rússia capaz de dificultar a vida a qualquer equipa

 

Por Martim Silva

Não há elogios suficientes para a selecção da Bélgica, dotada de um talento de outro mundo. Os diabos vermelhos têm a melhor geração de jogadores de que há memória. Apenas 5 dos 26 jogadores convocados por Roberto Martínez jogam fora dos 5 principais campeonatos da Europa.

Em todas as facetas do desporto-rei, jogar contra a Bélgica parece injusto e complexo. A capacidade de jogo é tremenda, havendo poucas nações capazes de a derrotar. Com a ascensão de um conjunto de jogadores que está capacitado para ombrear com Alemanha, França, Itália, Espanha e outros, os seus adversários de grupo podem, e devem, tomar todos os cuidados necessários.

Mas o Grupo B do Euro 2020 é talvez o mais resiliente. Começando com a Dinamarca. A equipa nórdica parece adversa à desistência. Mesmo depois do colapso repentino de Christian Eriksen, os dinamarqueses deram uma resposta com cabeça, mãos e pés. Apesar da derrota por 2-1 contra os belgas, a Dinamarca foi competente e competitiva até ao apito final. De hoje para amanhã (00:00) os dinamarqueses vão defrontar a Rússia, outra selecção convicta da sua competência. Os pupilos do seleccionador da Dinamarca, Kasper Hjulmand, completarão os três jogos em Copenhaga, trazendo desta maneira uma ligeira vantagem para o confronto frente à equipa treinada por Stanislav Cherchesov. A Rússia demonstrou muito mais na vitória frente à Finlândia (1-0) do que tinha mostrado quando foi goleada frente à Bélgica (3-0), estando a chave desse triunfo nos pés de Aleksey Miranchuk, médio da Atalanta, que além de marcar o golo da vitória fez uma exibição de encher o olho.

Do lado dinamarquês desponta Yussuf Poulsen. Frente à Bélgica, o avançado do RB Leipzig foi uma dor de cabeça para a defesa liderada por Jan Vertonghen, tendo marcado o primeiro e único golo da Dinamarca neste Euro. Pierre-Emile Højbjerg, médio do Tottenham, coroou um bom desempenho com a assistência para o golo nórdico. Há ainda Simon Kjær e Martin Braithwaite na equipa de Hjulmand, jogadores com habilidade suficiente para vencer uma partida.

Do lado russo, os desempenhos de Miranchuk, Aleksandr Golovin e Igor Diveev frente aos finlandeses pintam um ataque robusto e solidez defensiva. Os treinadores de ambas as equipas, acreditam que a chave da vitória está na capacidade de trabalho. Para Cherchesov, o factor casa dos dinamarqueses não incomoda. “Este vai ser o nosso primeiro jogo fora em dois torneios seguidos e sem os nossos adeptos. No entanto, isso não é um problema. Não usámos a palavra ‘problema’ nos últimos cinco anos. É apenas uma contingência e sabemos como lidar com ela.”. Já o seleccionador da Dinamarca acredita na dificuldade da tarefa pela frente. “Aconteça o que acontecer, vamos tentar ganhar o jogo. Vai ser um duelo incrivelmente difícil frente à Rússia. Eles têm uma boa equipa. Não temos de forçar nada.” rematou o seleccionador da Dinamarca.

Produto do talento

A Finlândia tem pela frente jogadores como Romelu Lukaku, Eden Hazard e o regressado Kevin De Bruyne, que no jogo frente à Dinamarca marcou e fez uma assistência, trunfos que vai tentar contrariar com a vontade de disfrutar o último jogo da fase de grupos. “Criámos mais contra a Rússia, mas o último passe ainda não foi o ideal. Precisamos de melhorar este aspecto. Os jogadores estão bem-dispostos e faremos tudo para tirar proveito do último jogo da fase de grupos. Todos conhecemos a qualidade da selecção belga e estamos bem cientes de que vamos ter uma tarefa difícil.” sublinhou o seleccionador da Finlândia, Markku Kanerva.

Do lado da equipa orientada por Roberto Martínez a conquista do Grupo B é um objectivo mínimo, com as ambições dos belgas a estar na conquista do troféu de campeão europeu devido à aglomeração de tantos jogadores acima da média. Com o favoritismo em mente, a Bélgica não deverá olhar para o jogo com a Finlândia como um mero amigável. O objectivo belga passa por assegurar a conquista do grupo o mais depressa possível para o foco se alargar para a final, onde uma equipa como a Bélgica pertence.

 

As contas que vão definir o Grupo D

É no Grupo D do Euro 2020 que reside a maior esperança futebolística. A selecção de Inglaterra, com todo o aparelho mediático desportivo implícito, tem a distinta tarefa de validar todos os elogios direccionados à equipa de Gareth Southgate. Luka Modrić, médio croata, já tinha deixado claro estes sentimentos quando referiu que a arrogância dos ingleses provinha dos seus jornalistas e comentadores, inflacionando as capacidades colectivas e individuais das tropas de Sua Majestade.

A equipa de Southgate não tem estado ao melhor nível e jogadores como Jack Grealish têm ficado de fora do onze inicial. O jogador do Aston Villa em apenas 20 minutos de jogo contra a Escócia sofreu quatro faltas – o recorde de maior número de faltas sofridas por um suplente num Euro pertence a Éder, que frente a França em 2016 sofreu cinco. O nível exibicional tem sido fraco e não há jogadores a destacar-se. O empate contra a Escócia (0-0) com poucas oportunidades de golo deu azo à urgência inglesa de acabar com esta fase menos positiva.

Pela frente está a República Checa que tem no seu plantel um dos melhores marcadores do torneio, Patrik Schick. Os checos têm uma selecção que gira à volta do atacante do Bayer Leverkusen, muito devido à sua qualidade e características físicas notáveis. Além de Schick há jogadores como Tomáš Souček e Vladimir Coufal, ambos representam o West Ham e trazem para a equipa uma dinâmica mais combativa e defensiva. O jogo será apitado pelo português Artur Soares Dias.

Na outra partida do Grupo D, defrontam-se Escócia e Croácia. Modrić tem carregado a selecção de Zlatko Dalić nas suas costas, não se esperando nada de diferente frente a uma selecção escocesa que com bola não é perigosa e sem ela tem algumas limitações.

Itália sai invicta da fase de grupos

Entre as características mais vezes apontadas a Itália, a organização defensiva está no topo. Esta tradição faz parte da presente equipa, orientada por Roberto Mancini. Com o triunfo frente ao País de Gales (1-0), os azzurri igualaram o recorde da selecção italiana de Vittorio Pozzo entre 1935 e 1939 quando estiveram 30 jogos sem qualquer derrota. Para Mancini e os seus pupilos, a chave tem sido o incansável meio-campo e a capacidade atacante de Domenico Berardi, Lorenzo Insigne e Leonardo Spinazzola mas é na defesa que está a resposta para tanto triunfo.

Além da marca histórica de jogos sem perder, a Itália segue para os oitavos de final do Euro 2020. A vitória sobre o País de Gales foi clara e evidente, apesar de alguns sustos pelo caminho, nomeadamente, o falhanço de Gareth Bale em frente à baliza de Gianluigi Donnarumma, por volta do minuto 75. Mas a chave esteve sempre na defesa com Leonardo Bonucci a ser um maestro de passes progressivos. O central da Juventus iniciou várias ligações ofensivas desde trás, ajudando Marco Verratti, que se estreou oficialmente no Euro, Jorginho e Matteo Pessina.

O médio da Atalanta, que fez o único golo do encontro aos 39 minutos após passe de Verratti, fez um pouco de todo dentro de campo. Atacou a profundidade, movimentou-se como um avançado e funcionou como um ala. Depois da humilhação de não se qualificar para o Mundial de 2018, a Itália assume cada vez mais o papel de candidato a vencer o Euro 2020.

No outro jogo do Grupo A, a Suíça derrotou a Turquia por 3-1. Os golos helvéticos foram marcados por Xherdan Shaqiri (2) e Haris Seferović. O único tento turco da competição foi marcado por Irfan Kahveci. A Suíça fica com 4 pontos, tendo a possibilidade de passar à próxima fase, se estiver entre os quatro melhores terceiros classificados.

22 Jun 2021

Médio brasileiro Paulinho deixa o Guangzhou FC por não poder entrar na China

O futebolista brasileiro José Paulo Bezerra, conhecido como Paulinho, anunciou hoje a sua saída do clube chinês Guangzhou FC, face à impossibilidade de voltar à China, que encerrou as fronteiras, como medida de prevenção contra a covid-19.

Na sua conta oficial no Instagram, o médio, que jogou também no Barcelona e Tottenham, afirmou que se trata de uma “despedida precoce”, mas que, “infelizmente, a pandemia alterou profundamente a dinâmica mundial”.

“Devido à pandemia, eu e o clube pensamos ser melhor chegar a um acordo. Então, o meu ciclo como jogador do Guangzhou termina aqui”, explicou Paulinho, numa mensagem filmada.

O futebolista relembrou a passagem pelo Guangzhou FC – anteriormente conhecido como Guangzhou Evergrande -, com o qual disputou 172 jogos, marcou 74 golos e conquistou oito títulos.

A imprensa chinesa referiu a tristeza dos adeptos do clube, mas apontou que também é um “grande alívio financeiro” para o Guangzhou FC, após as últimas regras aprovadas pela Associação Chinesa de Futebol, que estipulam em 600 milhões de yuan o orçamento máximo do clube.

Paulinho, de 33 anos, junta-se assim ao seu compatriota Talisca, que deixou o Guangzhou FC no mês passado e foi contratado pelo Saudi Al-Nassr. O jogador está por enquanto sem clube.

Os primeiros casos do novo coronavírus foram detetados pela primeira vez na cidade de Wuhan, no centro da China, em dezembro passado, mas, com exceção de surtos esporádicos e localizados, a vida regressou ao normal no país asiático.

Perante a propagação da doença por todo o mundo, a China praticamente fechou as fronteiras, em 26 de março de 2020, permitindo a entrada de estrangeiros no país só em casos considerados essenciais.

21 Jun 2021

Capitão da vida

Um dia, mais um 12 de Junho na vida de Simon Skjaer. Nessa manhã de sábado o dinamarquês acordou com um sorriso nos lábios. Estava calmo apesar de excitado; concentrado apesar de ansioso. Eram sensações contraditórias que lhe eram familiares mas, mais importante, desejadas. É provável – nunca o saberemos – que Skjaer tenha reservado uns segundos para agradecer a vida que lhe era oferecida: aos 32 anos o seu trabalho foi um sonho realizado: futebolista profissional e como se isso não bastasse, um defesa-central considerado e que jogava num dos clubes de topo europeu, o A.C. Milan. Melhor ainda: era capitão da sua selecção nacional, uma honra e responsabilidade atribuída a muito poucos.

Terá feito alguns exercícios ligeiros com os colegas, trocado piadas, ouvido a última palestra do treinador antes do jogo que se avizinhava: a estreia da Dinamarca frente à Finlândia para um campeonato europeu que por circunstâncias do universo se iria realizar em diferido, um atraso de um ano em relação à data marcada. Pouco importava: a ansiedade, a vontade, os silêncios eram os mesmos das grandes competições, dos jogos em que tudo tem de ser entregue.

No túnel de entrada do estádio, o nervosismo de Skjaer era o mesmo dos colegas: uma emoção presente mas discreta, quase anónima. Um capitão é um líder e o seu rosto tem de o mostrar em permanência. Assim foi na tradicional moeda ao ar, no sorriso amável que trocou com o árbitro e com o capitão adversário, “bom jogo” talvez tenha dito.

Um 12 de Junho, capitão. Mais um 12 de Junho e o som de um apito e uma bola a rolar e milhões a ver, e corpos, e olhares e velocidade, não os deixar passar e retomar a posse de bola, liderar, dar ordens para os colegas se posicionarem melhor, gritar, não falhar, não falhar, não falhar, este jogo é a nossa vida.

Aos 42 minutos de jogo o capitão da selecção dinamarquesa de futebol profissional percebeu o que era a vida. E não era o jogo, nunca é o jogo. Ao longe, do lado esquerdo, o número 10 da sua equipa cai desamparado, sem razão nem remédio. Não há tempo para pensar, para nada. Isto é a vida, isto é a morte, poderá ter lembrado Skjaer enquanto corria como um louco da sua posição habitual até ao companheiro entregue aos caprichos dos deuses perante um estádio de Copenhaga em choque, perante os colegas e adversários petrificados, perante todos os que viam e estavam arrasados pela violência da fragilidade de flor que é a vida humana.

Simon Skjaer aproximou-se do companheiro Christian Eriksen, reconheceu a situação e agiu, a única forma de existir naquele momento. Protegeu o pescoço do jogador caído, colocando-o de lado e abrindo a sua boca de forma a libertar as vias respiratórias caso viesse a sofrer de convulsões. Passaram 23 segundos até que a equipa médica da selecção adversária, mais próxima do acidente, pudesse chegar e tomar conta da situação. Vinte. E. Três. Segundos.

«Que tempo é este que não é o meu, que não é o de Christian, que não é o da sua namorada Sabrina que vejo daqui em lágrimas? Que segundos eternos me oferecem a mim, a nós, ao meu amigo a um segundo de distância de todos os segundos finais ? De que nos vale?», não terá pensado Simon Skjaer.

Com os médicos já a prestarem a assistência necessária, o capitão teve tempo para fazer o ainda mais belo: ordenar uma cortina humana de pudor. Porque a vida não pode ser escancarada mesmo quando existe a possibilidade iminente de chegar ao fim. Em lágrimas, os companheiros obedeceram.

O resto sabemos. O resto ganhámos. O capitão mostrou-nos como podemos enfrentar a brisa que é a nossa vida. Nenhum 12 de Junho será igual a um 12 de Junho. Assim nos preparemos.

16 Jun 2021

Euro 2020 | Espanha empata com Suécia em jogo marcado pelas oportunidades falhadas

Em jogo de estreia frente à Suécia, os espanhóis deixaram a pontaria em casa, desperdiçando uma mão cheia de oportunidades de golo. Espanha é um dos candidatos a conquistar o Euro 2020, tendo pela frente uma fase de grupos teoricamente fácil. Mas o futebol não é uma ciência exacta e apresenta muitas surpresas e variáveis. A Suécia não apresentou muitos argumentos ofensivos, mas foi capaz de segurar o nulo frente a uma selecção espanhola cheia de talento

 

Por Martim Silva

 

O favoritismo não ganha jogos. Espanha provou deste lema ao empatar com a Suécia a zero, na passada meia-noite, em Sevilha, a contar para o Grupo E do Euro 2020. O palco era o Olimpico de La Cartuja, estádio onde José Mourinho sagrou-se pela primeira vez campeão europeu com o FC Porto em 2003, mas as condições do relvado não faziam jus ao nome Olimpico. A Espanha é das poucas selecções que mantém a mesma identidade ao longo de décadas. Muita posse de bola e boa reacção à perda da mesma. Mas esta equipa de Luis Enrique, seleccionador de La Roja, é mais previsível que os conjuntos espanhóis vencedores do Euro em 2008 e 2012.

Já esta Suécia, sem Zlatan Ibrahimović, não tem também muitos argumentos para fazer mais do que se viu. A Espanha tinha bola, rodando-a de um lado para o outro, procurando espaço do lado contrário, mas a Suécia, sempre fechada no seu 4-4-2 em bloco baixo, não deixava grandes espaços por cobrir. E ainda assim a selecção espanhola criou chances de golo com o guarda-redes sueco, Robin Olsen, em grande plano.

Apesar das oportunidades criadas na primeira parte, os espanhóis tinham movimentos ofensivos pouco adaptados à realidade do encontro. Desta maneira, a Suécia não sofria golos, mas também mal conseguia passar do seu meio-campo. Alexander Isak, um jovem sueco de 21 anos, foi o único ponto de luz na escuridão nórdica. O avançado da Real Sociedad mostrava-se ao jogo como ninguém e foi o único protagonista ofensivo da selecção orientada por Janne Andersson. Isak foi quem mais trabalho deu a Aymeric Laporte, defesa central que se estreou em competições oficiais ao serviço de Espanha. Outra estreia marcante para os espanhóis foi a de Pedri González, jogador do Barcelona de apenas 18 anos, que frente à Suécia formou uma parceria letal com Jordi Alba, lateral esquerdo. Mas a primeira parte viu ainda Álvaro Morata, avançado espanhol da Juventus, falhar, novamente, um golo onde só tinha pela frente o guarda-redes. A inépcia de Morata em frente à baliza é chocante, e este tema é recorrente desde que se transferiu do Real Madrid para o Chelsea em 2017. Dani Olmo e Koke foram também responsáveis por não concretizarem as respectivas oportunidades de golo.

Mais do mesmo

A segunda parte foi o espelho da primeira. A pressão espanhola era constante sempre que perdia a posse de bola, com os suecos a não serem capazes de se organizar ofensivamente. Porém, à medida que o tempo passava, o bloco baixo da Suécia começava a quebrar. A concentração mental e física dos suecos estava nos limites. As tabelas entre Jordi Alba, um lateral que é um autêntico extremo, e Pedri começavam a criar espaços na última linha dos nórdicos e as oportunidades começavam a aparecer. Com Gerard Moreno em campo e Morata no banco, a equipa rematava mais à baliza e com mais perigo. Robin Olsen foi posto à prova por Moreno, Alba e Pedri, tendo sido responsável por 5 defesas no total da partida. A Suécia depositou toda a sua esperança em Olsen nos últimos minutos da partida, visto não conseguir ter posse de bola alguma: Espanha teve 85% da posse de bola.

Estando bem patente a incapacidade ofensiva sueca, notou-se a falta de Dejan Kulusevski, avançado sueco da Juventus, que estava indisponível para o jogo de ontem devido à covid-19. O jovem de 21 anos é o novo talento sueco, tendo sido aposta recorrente para jogar ao lado de Cristiano Ronaldo na Vecchia Signora. Os talentos suecos estão todos no ataque. Emil Forsberg, Isak e Kulusevski são as peças fundamentais de uma selecção minada com falta de talento. Apesar de tanta adversidade, a Suécia foi capaz de não sofrer golos contra um dos favoritos a vencer este Euro. Espanha tem um seleccionador melhor, jogadores melhores e uma cultura vencedora superior e não foi além do nulo. Isto não é nada de novo em competições internacionais. O Euro, e o Mundial, são palcos representativos de oportunidades únicas para treinadores e jogadores mostrarem o seu valor. Não há equipas a jogar a meio gás, sendo cada vez mais difícil dominar por completo mesmo os adversários, teoricamente, mais fracos. Com isto em mente, o novo líder do Grupo E, onde Espanha perfila, é agora a selecção da Eslováquia, provando a velha afirmação de João Pinto de que prognósticos só no fim do jogo.

 

Eslováquia vence Polónia por 2-1 em jogo disputado

Em jogo de estreia do Grupo E do Euro 2020, Polónia e Eslováquia deram um espectáculo que poucos esperavam. A Polónia, orientada pelo português Paulo Sousa, começou a primeira parte a dominar e a tentar criar ligações exteriores para depois efectuar movimentos de ataque à profundidade, mas a Eslováquia manteve-se concentrada. Quando recuperava a posse de bola, contra-atacava usando Ondrej Duda e Marek Hamsik como elos de ligação para libertar os alas Robert Mak e Lukas Haraslin.

E ao minuto 18, o próprio Mak através de uma jogada individual, onde ultrapassa dois adversários, remata ao poste da baliza de Wojciech Szczesny mas a bola bate nas costas do guarda-redes da Juventus, entrando. Szczesny tornou-se no primeiro guarda-redes a marcar um golo na própria baliza na história do Euro. O autogolo premiou o plano estratégico irrepreensível de Stefan Tarkovic, seleccionador eslovaco, na primeira parte.

Golpe fatal

Se nos primeiros 45 minutos o plano de Paulo Sousa não resultou, foram apenas necessários os 15 minutos de intervalo para o ataque polaco começar a ter mais fluidez. As ligações eram mais recorrentes e funcionavam com outra regularidade, levando a Polónia a marcar logo ao minuto 46 por Karol Linetty. Contudo, a mostragem do segundo cartão amarelo, e subsequente expulsão, ao minuto 62 a Grzegorz Krychowiak ditou o fim de uma segunda parte promissora. Imediatamente após a expulsão do médio polaco, a Eslováquia, através do central Milan Skriniar adianta-se no marcador. O defesa fez aquilo que Robert Lewandowski não conseguiu fazer durante a partida inteira: golo.

A Eslováquia não é uma selecção muito competente em organização ofensiva, mas consegue ser compacta em bloco baixo, tendo jogadores mais do que capazes para criar perigo na área adversária. Hamsik tem 33 anos e Duda 26 anos e ambos foram dos melhores em campo. Por vezes, a idade não é um mau trunfo.

 

Patrick Schik bate recorde de 41 anos com golo do meio-campo

A primeira parte do jogo entre Escócia e República Checa, correspondente ao Grupo D do Euro 2020, foi um típico jogo inglês. Muita bola longa, muitos duelos aéreos e pouca bola rente ao chão. A organização ofensiva de Escócia e República Checa roçou o rudimentar. A principal fonte de ataque escocesa residia nos pés de Andy Robertson, jogador do Liverpool, que se limitava a bombardear bolas para a área sem grande estratégia. A República Checa pouco fez também, mas saiu para o intervalo por cima, com um golo de cabeça de Patrik Schik aos 42 minutos. A Schik já voltamos mais adiante.

Contudo, e após uma primeira parte murcha, o segundo tempo mudou de feição, trazendo mais oportunidades de golos, especialmente para a Escócia. Houve um remate à trave e duas oportunidades de golo que levaram o guardião checo, Tomas Vaclík, a defesas impressionantes. Mas a Escócia sempre com uma organização ofensiva incapaz de solucionar os diversos problemas que a defesa checa lhe colocava. Ryan Gauld, jogador escocês do Farense, foi dos jogadores que mais oportunidades flagrantes criou na Liga NOS na época 2020/2021, e teria sido uma ajuda bem-vinda a esta selecção.

A juntar ao desperdício da Escócia, veio o momento alto da partida e talvez do Euro. Ao minuto 52, Patrik Schik volta a marcar. Um golo do meio-campo com uma curva notável que bateu o recorde de distância de um golo na história do Euro. O recorde perdurava desde 1980 e o remate do ponta de lança checo percorreu 45.4 metros até chegar à baliza do guarda-redes, David Marshall. É talvez o golo da competição e com este estrondo, Schik junta-se a Lukaku na lista dos melhores marcadores do Euro e a República Checa sobe ao 1.º lugar do Grupo D.

16 Jun 2021