Euro 2020 | Espanha empata com Suécia em jogo marcado pelas oportunidades falhadas

Em jogo de estreia frente à Suécia, os espanhóis deixaram a pontaria em casa, desperdiçando uma mão cheia de oportunidades de golo. Espanha é um dos candidatos a conquistar o Euro 2020, tendo pela frente uma fase de grupos teoricamente fácil. Mas o futebol não é uma ciência exacta e apresenta muitas surpresas e variáveis. A Suécia não apresentou muitos argumentos ofensivos, mas foi capaz de segurar o nulo frente a uma selecção espanhola cheia de talento

 

Por Martim Silva

 

O favoritismo não ganha jogos. Espanha provou deste lema ao empatar com a Suécia a zero, na passada meia-noite, em Sevilha, a contar para o Grupo E do Euro 2020. O palco era o Olimpico de La Cartuja, estádio onde José Mourinho sagrou-se pela primeira vez campeão europeu com o FC Porto em 2003, mas as condições do relvado não faziam jus ao nome Olimpico. A Espanha é das poucas selecções que mantém a mesma identidade ao longo de décadas. Muita posse de bola e boa reacção à perda da mesma. Mas esta equipa de Luis Enrique, seleccionador de La Roja, é mais previsível que os conjuntos espanhóis vencedores do Euro em 2008 e 2012.

Já esta Suécia, sem Zlatan Ibrahimović, não tem também muitos argumentos para fazer mais do que se viu. A Espanha tinha bola, rodando-a de um lado para o outro, procurando espaço do lado contrário, mas a Suécia, sempre fechada no seu 4-4-2 em bloco baixo, não deixava grandes espaços por cobrir. E ainda assim a selecção espanhola criou chances de golo com o guarda-redes sueco, Robin Olsen, em grande plano.

Apesar das oportunidades criadas na primeira parte, os espanhóis tinham movimentos ofensivos pouco adaptados à realidade do encontro. Desta maneira, a Suécia não sofria golos, mas também mal conseguia passar do seu meio-campo. Alexander Isak, um jovem sueco de 21 anos, foi o único ponto de luz na escuridão nórdica. O avançado da Real Sociedad mostrava-se ao jogo como ninguém e foi o único protagonista ofensivo da selecção orientada por Janne Andersson. Isak foi quem mais trabalho deu a Aymeric Laporte, defesa central que se estreou em competições oficiais ao serviço de Espanha. Outra estreia marcante para os espanhóis foi a de Pedri González, jogador do Barcelona de apenas 18 anos, que frente à Suécia formou uma parceria letal com Jordi Alba, lateral esquerdo. Mas a primeira parte viu ainda Álvaro Morata, avançado espanhol da Juventus, falhar, novamente, um golo onde só tinha pela frente o guarda-redes. A inépcia de Morata em frente à baliza é chocante, e este tema é recorrente desde que se transferiu do Real Madrid para o Chelsea em 2017. Dani Olmo e Koke foram também responsáveis por não concretizarem as respectivas oportunidades de golo.

Mais do mesmo

A segunda parte foi o espelho da primeira. A pressão espanhola era constante sempre que perdia a posse de bola, com os suecos a não serem capazes de se organizar ofensivamente. Porém, à medida que o tempo passava, o bloco baixo da Suécia começava a quebrar. A concentração mental e física dos suecos estava nos limites. As tabelas entre Jordi Alba, um lateral que é um autêntico extremo, e Pedri começavam a criar espaços na última linha dos nórdicos e as oportunidades começavam a aparecer. Com Gerard Moreno em campo e Morata no banco, a equipa rematava mais à baliza e com mais perigo. Robin Olsen foi posto à prova por Moreno, Alba e Pedri, tendo sido responsável por 5 defesas no total da partida. A Suécia depositou toda a sua esperança em Olsen nos últimos minutos da partida, visto não conseguir ter posse de bola alguma: Espanha teve 85% da posse de bola.

Estando bem patente a incapacidade ofensiva sueca, notou-se a falta de Dejan Kulusevski, avançado sueco da Juventus, que estava indisponível para o jogo de ontem devido à covid-19. O jovem de 21 anos é o novo talento sueco, tendo sido aposta recorrente para jogar ao lado de Cristiano Ronaldo na Vecchia Signora. Os talentos suecos estão todos no ataque. Emil Forsberg, Isak e Kulusevski são as peças fundamentais de uma selecção minada com falta de talento. Apesar de tanta adversidade, a Suécia foi capaz de não sofrer golos contra um dos favoritos a vencer este Euro. Espanha tem um seleccionador melhor, jogadores melhores e uma cultura vencedora superior e não foi além do nulo. Isto não é nada de novo em competições internacionais. O Euro, e o Mundial, são palcos representativos de oportunidades únicas para treinadores e jogadores mostrarem o seu valor. Não há equipas a jogar a meio gás, sendo cada vez mais difícil dominar por completo mesmo os adversários, teoricamente, mais fracos. Com isto em mente, o novo líder do Grupo E, onde Espanha perfila, é agora a selecção da Eslováquia, provando a velha afirmação de João Pinto de que prognósticos só no fim do jogo.

 

Eslováquia vence Polónia por 2-1 em jogo disputado

Em jogo de estreia do Grupo E do Euro 2020, Polónia e Eslováquia deram um espectáculo que poucos esperavam. A Polónia, orientada pelo português Paulo Sousa, começou a primeira parte a dominar e a tentar criar ligações exteriores para depois efectuar movimentos de ataque à profundidade, mas a Eslováquia manteve-se concentrada. Quando recuperava a posse de bola, contra-atacava usando Ondrej Duda e Marek Hamsik como elos de ligação para libertar os alas Robert Mak e Lukas Haraslin.

E ao minuto 18, o próprio Mak através de uma jogada individual, onde ultrapassa dois adversários, remata ao poste da baliza de Wojciech Szczesny mas a bola bate nas costas do guarda-redes da Juventus, entrando. Szczesny tornou-se no primeiro guarda-redes a marcar um golo na própria baliza na história do Euro. O autogolo premiou o plano estratégico irrepreensível de Stefan Tarkovic, seleccionador eslovaco, na primeira parte.

Golpe fatal

Se nos primeiros 45 minutos o plano de Paulo Sousa não resultou, foram apenas necessários os 15 minutos de intervalo para o ataque polaco começar a ter mais fluidez. As ligações eram mais recorrentes e funcionavam com outra regularidade, levando a Polónia a marcar logo ao minuto 46 por Karol Linetty. Contudo, a mostragem do segundo cartão amarelo, e subsequente expulsão, ao minuto 62 a Grzegorz Krychowiak ditou o fim de uma segunda parte promissora. Imediatamente após a expulsão do médio polaco, a Eslováquia, através do central Milan Skriniar adianta-se no marcador. O defesa fez aquilo que Robert Lewandowski não conseguiu fazer durante a partida inteira: golo.

A Eslováquia não é uma selecção muito competente em organização ofensiva, mas consegue ser compacta em bloco baixo, tendo jogadores mais do que capazes para criar perigo na área adversária. Hamsik tem 33 anos e Duda 26 anos e ambos foram dos melhores em campo. Por vezes, a idade não é um mau trunfo.

 

Patrick Schik bate recorde de 41 anos com golo do meio-campo

A primeira parte do jogo entre Escócia e República Checa, correspondente ao Grupo D do Euro 2020, foi um típico jogo inglês. Muita bola longa, muitos duelos aéreos e pouca bola rente ao chão. A organização ofensiva de Escócia e República Checa roçou o rudimentar. A principal fonte de ataque escocesa residia nos pés de Andy Robertson, jogador do Liverpool, que se limitava a bombardear bolas para a área sem grande estratégia. A República Checa pouco fez também, mas saiu para o intervalo por cima, com um golo de cabeça de Patrik Schik aos 42 minutos. A Schik já voltamos mais adiante.

Contudo, e após uma primeira parte murcha, o segundo tempo mudou de feição, trazendo mais oportunidades de golos, especialmente para a Escócia. Houve um remate à trave e duas oportunidades de golo que levaram o guardião checo, Tomas Vaclík, a defesas impressionantes. Mas a Escócia sempre com uma organização ofensiva incapaz de solucionar os diversos problemas que a defesa checa lhe colocava. Ryan Gauld, jogador escocês do Farense, foi dos jogadores que mais oportunidades flagrantes criou na Liga NOS na época 2020/2021, e teria sido uma ajuda bem-vinda a esta selecção.

A juntar ao desperdício da Escócia, veio o momento alto da partida e talvez do Euro. Ao minuto 52, Patrik Schik volta a marcar. Um golo do meio-campo com uma curva notável que bateu o recorde de distância de um golo na história do Euro. O recorde perdurava desde 1980 e o remate do ponta de lança checo percorreu 45.4 metros até chegar à baliza do guarda-redes, David Marshall. É talvez o golo da competição e com este estrondo, Schik junta-se a Lukaku na lista dos melhores marcadores do Euro e a República Checa sobe ao 1.º lugar do Grupo D.

16 Jun 2021

Um Euro diferente

Antes da pandemia, o Euro 2020 já tinha tudo para ser diferente. Ao contrário do habitual, não vai ser realizado num único país, ou em dois. Vão ser 11 cidades de 11 países, entre os quais alguns a estrearem-se como anfitriões de fases finais como a Rússia, Azerbaijão ou Hungria. Esta é ainda a primeira vez que o Árbitro Assistente de Vídeo (VAR) vai ser utilizado no torneio. No entanto, nada serão tão atípico como um torneio denominado Euro2020 realizar-se no ano de 2021… No meio de tanta novidade e restrição, espera-se que as equipas proporcionem um bom espectáculo, pratiquem bom futebol… E que Portugal revalide o título de Campeão Europeu!

 

 

Os 26 convocados de Portugal

Guarda-redes

Anthony Lopes 30 anos O. Lyon

Rui Patrício 33 anos Wolverhampton

Rui Silva 27 anos Granada

Defesa

João Cancelo 27 anos Manchester City

Nélson Semedo 27 anos Wolverhampton

José Fonte 37 anos Lille OSC

Pepe 38 anos FC Porto

Rúben Dias 24 anos Manchester City

Nuno Mendes 18 anos Sporting

Raphael Guerreiro 27 anos Borussia Dortmund

Médios

Danilo 29 anos PSG

Palhinha 25 anos Sporting

Rúben Neves 24 anos Wolverhampton

Bruno Fernandes 26 anos Manchester United

João Moutinho 34 anos Wolverhampton

Renato Sanches 23 anos Lille OSC

Sérgio Oliveira 29 anos FC Porto

William Carvalho 29 anos Bétis

Avançados

Pote 22 anos Sporting

André Silva 25 anos Eintracht Frankfurt

Bernardo Silva 26 anos Manchester City

Cristiano Ronaldo 36 anos Juventus

Diogo Jota 24 anos Liverpool

Gonçalo Guedes 24 anos Valência

João Félix 21 anos Atlético de Madrid

Rafa Silva 28 anos Benfica

Treinador: Fernando Santos

Ponto Forte

O ataque. Nada exemplifica melhor o poderio ofensivo da equipa de Portugal como a situação de André Silva. O avançado fez a melhor época da carreira, com 29 golos em 34 jogos, bateu o registo de Erling Haaland, apenas ficando na lista de melhores marcadores da Bundeslinga atrás de Lewandowski. O registo não chega para ser titular na equipa orientada por Fernando Santos.

Ponto Fraco

O centro da defesa. Rúben Dias encantou na Premier League e assumiu-se como central de categoria mundial. Contudo, Portugal tem um problema nesta área, que fica claro com a convocatória de apenas três jogadores para a posição. Os outros convocados são os experientes Pepe e José Fonte, mas com um calendário intenso pode faltar a velocidade nos momentos-chave.

A figura: Cristiano Ronaldo

O capitão da selecção da “Quinas” vive de desafios e recordes. Neste Europeu vai precisar de marcar seis golos para se tornar o melhor marcador de sempre ao serviço de uma selecção. Ronaldo tem actualmente 104 golos por Portugal, contra os 109 golos de Ali Daei, pelo Irão. O estabelecimento de um novo recorde com um golo decisivo da final seria o cenário perfeito para o artilheiro e a “redenção” da final de 2016, quando teve de abandonar o relvado lesionado.

Os Jogos

Sábado 12 de Junho

03h00 Turquia – Itália (Jogo 1)

21h00 País de Gales – Suíça (Jogo 2)

Domingo 13 de Junho

00h00 Dinamarca – Finlândia (Jogo 3)

03h00 Bélgica – Rússia (Jogo 4)

21h00 Croácia – Inglaterra (Jogo 5)

Segunda-feira 14 de Junho

00h00 Áustria – Macedónia do Norte (Jogo 6)

03h00 Holanda – Ucrânia (Jogo 7)

21h00 Escócia – República Checa (Jogo 8)

Terça-feira 15 de Junho

00h00 Polónia – Eslováquia (Jogo 9)

03h00 Espanha – Suécia (Jogo 10)

Quarta-feira 16 de Junho

00h00 Hungria – Portugal (Jogo 11)

03h00 França – Alemanha (Jogo 12)

21h00 Finlândia – Rússia (Jogo 13)

Quinta-feira 17 de Junho

00h00 Turquia – País de Gales (Jogo 14)

03h00 Itália – Suíça (Jogo 15)

21h00 Ucrânia – Macedónia do Norte (Jogo 16)

Sexta-feira 18 de Junho

00h00 Dinamarca – Bélgica (Jogo 17)

03h00 Holanda – Áustria (Jogo 18)

21h00 Suécia – Eslováquia (Jogo 19)

Sábado 19 de Junho

00h00 Croácia – República Checa (Jogo 20)

03h00 Inglaterra – Escócia (Jogo 21)

21h00 Hungria – França (Jogo 22)

Domingo 20 de Junho

00h00 Portugal – Alemanha (Jogo 23)

03h00 Espanha – Polónia (Jogo 24)

Segunda-feira 21 de Junho

00h00 Itália – País de Gales (Jogo 25)

00h00 Suíça – Turquia (Jogo 26)

Terça-feira 22 de Junho

00h00 Ucrânia – Áustria (Jogo 27)

00h00 Macedónia do Norte – Holanda (Jogo 28)

03h00 Rússia – Dinamarca (Jogo 29)

03h00 Finlândia – Bélgica (Jogo 30)

Quarta-feira 23 de Junho

03h00 Croácia – Escócia (Jogo 31)

03h00 República Checa – Inglaterra (Jogo 32)

Quinta-feira 24 de Junho

00h00 Suécia – Polónia (Jogo 33)

00h00 Eslováquia – Espanha (Jogo 34)

03h00 Portugal – França (Jogo 35)

03h00 Alemanha – Hungria (Jogo 36)

Oitavos-de-Final

Domingo 27 de Junho

00h00 2.º do Grupo A – 2.º do Grupo B (Jogo 43)

03h00 1.º do Grupo A – 2.º do Grupo C (Jogo 38)

Segunda-feira 28 de Junho

00h00 1.º do Grupo B – 3.º do Grupo A/D/E/F (Jogo 42)

03h00 1.º do Grupo C – 3.º do Grupo D/E/F (Jogo 41)

Terça-feira 29 de Junho

00h00 2.º do Grupo D – 2.º do Grupo E (Jogo 39)

03h00 1.º do Grupo F – 3.º do Grupo A/B/C (Jogo 37)

Quarta-feira 30 de Junho

00h00 1.º do Grupo E – 3.º do Grupo A/B/C/D (Jogo 40)

03h00 1.º do Grupo D – 2.º do Grupo F (Jogo 44)

Quartos-de-Final

Sábado 3 de Julho

00h00 Vencedor do Jogo 37 – Vencedor do Jogo 49 (Jogo 45)

03h00 Vencedor do Jogo 42 – Vencedor do Jogo 38 (Jogo 46)

Domingo 4 de Julho

00h00 Vencedor do Jogo 40 – Vencedor do Jogo 44 (Jogo 48)

03h00 Vencedor do Jogo 41 – Vencedor do Jogo 43 (Jogo 47)

Meias-Finais

Quarta-feira 7 de Julho

03h00 Vencedor do Jogo 46 – Vencedor do Jogo 45 (Jogo 49)

Quinta-feira 8 de Julho

03h00 Vencedor do Jogo 48 – Vencedor do Jogo 47 (Jogo 50

Final

Segunda-feira 12 de Julho

03h00 Vencedor do Jogo 49 – Vencedor do Jogo 50 (Jogo 51)

Nota: Após a fase de grupos, além dos dois melhores classificados de cada grupo, apuram-se para os oitavos-de-final- os quatro terceiros melhores classificados. A posição em que são emparelhados depende dos factores de desempate.

11 Jun 2021

Sporting campeão: Hora tardia ‘rouba’ força à festa em Macau, sem tirar drama e lágrimas

A hora tardia do jogo ‘roubou’ força às celebrações em Macau do título nacional de futebol do Sporting, mas a diferença de sete horas não despojou os adeptos do drama nem das lágrimas contidas durante 19 anos.

A mais de 10.000 quilómetros de Portugal, os sportinguistas vibraram com a vitória sobre o Boavista (1-0) já na madrugada de quarta-feira, mas a distância só ‘emprestou’ intensidade aos festejos num bar na ilha da Taipa que adiou especialmente a hora de fecho para projetar o jogo que ‘carimbou’ o 19.º título, à 32.ª jornada.

Num grupo composto por muitos jogadores do Sporting de Macau, seniores e veteranos, já próximo do final do jogo, alguém do grupo procurou sossegar o nervosismo e tensão geral, face às perdidas do Sporting e à vantagem ‘maga’ do marcador: “Somos do Sporting, qual é a novidade? Temos de sofrer”.

“É claro que não era preciso sofrer tanto, mas sendo sportinguista, e, sabendo como tem sido a história do Sporting, (…) é claro que tínhamos de sofrer [neste jogo]”, desabafou no final do encontro Pedro Paulo Santos, ainda a recuperar das emoções.

Entre abraços, Carlos Oliveira, reforçou o sentimento: “Foi um grande alívio emocional, (…) mas correu bem”.

Afinal, salientou, “isso é o sportinguista, se formos ver os campeonatos para trás da história recente (…) é sempre sofrimento até à última”, para reconsiderar logo de seguida: “Bom, foi a três jornadas do fim”, portanto, “correu bem”.

Pedro Paulo Santos até preferia que o título fosse garantido na jornada seguinte, pelo simbolismo e pela rivalidade, mas não conseguiu disfarçar satisfação imediata.

“Até esperava que fosse no jogo com o Benfica, tinha tido um sentimento especial, obviamente, apesar de ser muito triste ver os estádios vazios, era bom festejar o título na Luz, mas estou contente do Sporting ter conseguido já a três jornadas do fim, que se mantém invicto há 32 jornadas”, assinalou.

Os festejos, tinham arrebatado o fôlego e a fluência a Ismael Gulamo, mas não a memória. O sportinguista sublinhou que a conquista do campeonato foi um feito de todos, lembrou a frase motivacional ‘leonina’ de “Onde vai um vão todos” e recordou o último campeonato que o Sporting venceu, o de “Jardel, do João Pinto, lembro-me de tudo”, reiterou.

Embalados pelo entusiasmo, já pela manhã que se levantava na capital mundial do jogo, e à falta de melhor cenário, mais de uma dezena de adeptos fez questão de se deslocar para o casino da MGM para tirar uma fotografia junto do leão, um símbolo que é partilhado pela operadora de casinos e, claro, pelo Sporting.

12 Mai 2021

Os ricos querem roubar a bola

Há séculos que se discute a luta de classes. É a luta entre os ricos e os pobres. Parece algo de natural, mas não o é e tem havido ao longo dos anos muitas mulheres e homens que têm lutado e perdido a vida pela causa do combate à discriminação entre os seres humanos. Então, não é que na semana passada não se falou em outra coisa do que em futebol? O pontapé na bola entrou na discussão internacional precisamente por causa dos mais ricos quererem atirar para o caixote do lixo os pobres do futebol. Os ricos, como esse mafioso espanhol Florentino Pérez, que tem enriquecido mais à custa da presidência do Real Madrid, está a apadrinhar uma Superliga com apenas dez clubes ricos. Os dirigentes da UEFA já ameaçaram com a expulsão desses clubes que querem fazer parte da Superliga, da actual Taça dos Campeões. E aqui o FC Porto, Benfica e Sporting poderiam ter a oportunidade de regressar a disputar a Taça dos Campeões. Os mesmos dirigentes ameaçaram que os jogadores que tomem parte na Superliga não poderão integrar as selecções nacionais dos seus países. A discussão tem sido feia e a maioria dos clubes rejeita frontalmente que os donos disto tudo no futebol europeu levem para a frente a criação da referida Superliga. A verdade, é que os ricos do futebol querem ainda ficar mais ricos. O balde de água fria que caiu sobre as hostes do futebol, de governos europeus e de federações provocou logo a maior rejeição. O seleccionador português Fernando Santos e o treinador do Sporting, Ruben Amorim, criticaram severamente a ideia, e com eles de imediato os responsáveis dos clubes ingleses e italianos, excepto os da Juventus. O presidente da La Liga de Espanha, Javier Tebas, colocou logo o dedo na ferida acusando Florentino Pérez de ”andar equivocado há algum tempo, agora vejo-o perdido. Creio que é um grande empresário da construção civil, mas um desastre como presidente do Real Madrid”, disse Javier Tebas.

Igualmente os presidentes da FIFA e da UEFA tomaram posição contra a ideia da Superliga sublinhando que os clubes que participarem nessa competição sofrerão consequências. Os comentadores televisivos são unânimes em adiantar que se trata de um acto de ganância por dinheiro e como nas sociedades dos humanos, no futebol os ricos querem é ser sempre ainda mais ricos.

A ideia da superliga está suspensa porque só o Real Madrid e o Barcelona é que abraçaram o projecto de Florentino Pérez. Os promotores da ideia dizem que vão repensar o projecto. Apesar do abandono dos clubes ingleses, forçados a tal decisão devido á pressão exercida pelos adeptos, tudo indica que a “bomba” será um fiasco sem pernas para andar. Os promotores da ideia já vieram dizer que “dadas as circunstâncias, vamos reconsiderar os passos a dar para remodelar o projecto”. Desconfio que ficará para as calendas. Ninguém nos dias de hoje do mundo de futebol, onde são os pequenos e pobres clubes que dinamizam a modalidade irão permitir que os Ricardos Salgados do futebol consigam levar avante um projecto ignóbil.

O Manchester City, que está em primeiro lugar na liga inglesa, a caminho de ser campeão, foi o primeiro dos clubes ingleses a oficializar a saída da Superliga, seguindo-se os graúdos Arsenal, Liverpool, Manchester United, Chelsea e Tottenham. Na Itália verificou-se a saída do AC Milan e do Inter de Milão. A Juventus está a pensar. Resumindo, o fiasco está patente e só o Real Madrid e o Barcelona é que estão ao lado do empreiteiro Florentino Pérez. O absurdo deverá ir por água abaixo, até porque muitos clubes já manifestaram a sua rejeição a qualquer transmissão televisiva dessa possível Superliga. Os muito ricos do futebol pensavam que eram favas contadas e que o baú dos milhões estava atrás da porta. Enganaram-se porque, felizmente, as maiorias ainda têm uma palavra a dizer. Fernando Santos é um homem do futebol há muitos anos e quando ele referiu que não pode ser a ganância pelo dinheiro a reinar no futebol, sabia o que estava a dizer e para bem do futebol esta ideia absurda de uma Superliga deve ir por água abaixo numa das muitas catastróficas inundações que assolam presentemente o nosso globo.

26 Abr 2021

Bola ao centro

Anunciada com pompa e inevitável soberba, a superliga do futebol europeu parece ter morrido antes de nascer: um torneio onde o pedigree iria definir o acesso, com alegados precedentes históricos a determinar direitos futuros e participação garantida para os membros fundadores, auto-consagrados como os mais prestigiados do planeta futebolístico, já detentores das maiores riquezas mas à procura de uma apropriação ainda maior dos benefícios globais que o espetáculo da bola vai gerando, entre bilhetes para os estádios, direitos televisivos, mercadorias promocionais, subscrição de canais digitais ou outras formas de rentabilizar marcas de notório sucesso e visibilidade.

Não é nova, evidentemente, esta tentativa de transformar em rendas garantidas benefícios que teriam que ser disputados em arenas – ou mercados – com alguma concorrência, ainda que altamente desequilibrada: esta é, na realidade, uma característica marcante do capitalismo tardio que nos tocou viver, já com escassos recursos e mercados por explorar e oportunidades de lucro insuficientes para a avidez dos mais agiotas do planeta. Escasseiam também progressos tecnológicos susceptíveis de transformar empresas em figuras singulares e inimitáveis, criadoras dos seus próprios monopólios, e por isso dos seus rendimentos rentistas, apesar de tudo conseguidos à custa de inteligência e criatividade. Podemos olhar para o primeiro caso – o do esgotamento das oportunidades de exploração intensiva de recursos, como Marx antecipou: a inevitável tendência para a descida da taxa de lucro que havia de matar o capitalismo. Ou podemos olhar para a segunda hipótese, a do esgotamento das possibilidades de inovação, tal como Shumpeter definiu: a burocratização de uma economia que apenas se reproduz, incapaz de gerar novas rupturas e desequilíbrios criativos.

Olhemos por um ou por outro prisma, as consequências são semelhantes: é notória nas últimas duas décadas a concentração do capital em enormes empresas transnacionais, com sucessivas fusões e aquisições, mais ou menos hostis, nos mais diversos sectores de actividade, concentrando o poder económico e político em cada vez menos entidades ou pessoas e naturalmente diminuindo a tal concorrência que devia ser apanágio dos mercados livres das economias contemporâneas. Outro exemplo é o da privatização sucessiva de serviços públicos ou de sectores estratégicos das economias, incluindo transportes, energia, educação, saúde, habitação, enfim a mercantilização de tudo o que é essencial à vida humana. Transformando a prestação de serviços públicos em monopólios privados parasitários criam-se novos rendimentos rentistas que dispensam a concorrência e consolidam a concentração da riqueza de quem já a tem à custa da vulnerabilidade e das necessidades básicas da maioria da população.

Um exemplo flagrante desta violência económica, social e política é o das vacinas que supostamente irão neutralizar a maior pandemia que jamais afectou a humanidade: com patentes que privaram os benefícios da sua comercialização, resolvem um problema de saúde enriquecendo ainda mais um reduzido número de empresas com ampla hegemonia no mercado global de saúde, neste caso a operar em quase-monopólio, com uma procura global francamente superior à capacidade de oferta e um poder quase absoluto para decidir preços e margens de lucros: cá estamos para pagar o que for preciso, por interpostos governos, para que nos livrem do terrível vírus. Tem sido assim com o resto da saúde, naturalmente: já é pequeno o papel do estado na apropriação do conhecimento e no controle dos processos de produção, ainda que continue a ser um agente essencial à educação, formação, investigação e desenvolvimento científico, neste como noutros sectores essenciais à vida humana.

A criação da tal superliga de futebol europeu inscreve-se com facilidade nesta lógica predatória de aceleração e intensificação dos processos de dominação e controle de mercados: um torneio que dispensa boa parte da competição, como outros monopólios dispensam a concorrência económica: até poderia haver umas vagas para quem tivesse méritos devidamente comprovados, mas estariam reservados para a eternidade os lugares ocupados pelos clubes fundadores, essa auto-denominada aristocracia do futebol europeu, com direitos históricos adquiridos por inerência que ultrapassam quaisquer outras veleidades da meritocracia – e da tal competição, que supostamente seria o essencial destes torneios alegadamente desportivos. De resto, na agenda dos agiotas estava também a limitação dos salários e do valor das transferências dos jogadores, aproveitando os super-poderes patronais que a ausência de concorrência consagra na sua plenitude.

Não correu bem, no entanto: levantaram-se muitas vozes com determinação suficiente para neutralizar o processo, pelo menos por enquanto: grandes clubes da Alemanha e da França não acederam ao convite, clubes médios com legítimas aspirações à elite protestaram desde o primeiro momento, praticamente todas as instituições reguladoras do futebol europeu, e mesmo os adeptos de alguns clubes supostamente beneficiados vieram rapidamente para a rua gritar. O recuo dos clubes ingleses parece ter neutralizado esta intentona monopolística, a que se seguiram também clubes ingleses e espanhóis. Se a concentração do poder futebolístico continuar, será por outras vias, que não a da imposição administrativa de torneios exclusivos e fechados à competição.

De resto, não é a primeira vez que no futebol se nota uma rejeição das tendências contemporâneas do capitalismo tardio que infelizmente não se observa noutros domínios das nossas economias e sociedades: já há alguns anos, também foram grandes os entraves à liberdade de transferência de jogadores, quando já a globalização dos mercados e a liberdade de circulação de pessoas e capitais se expandiam pelo planeta em sucessivos acordos comerciais, económicos e políticos. Na altura, um jogador chamado Bosman havia de se tornar ponta de lança de progressos legislativos que haviam de trazer ao futebol os processos de liberalização condizentes com os do resto da economia. Veremos num futuro próximo em que resultam estas intenções de criação de uma superliga de privilegiados. Não se nota grande coisa noutros domínios da economia, da sociedade ou da política, mas quando toca ao futebol, ainda se levantam as vozes contra o liberalismo vigente. Antes isso. Bola ao centro!

23 Abr 2021

Futebolista japonês Kazuyoshi Miura renova com o Yokohama aos 53 anos

O futebolista japonês Kazuyoshi Miura renovou por uma época o contrato com o Yokohama FC, preparando-se, aos 53 anos, para disputar a 36.ª temporada como profissional, anunciou o clube nipónico.

Em comunicado divulgado pelo Yokohama FC, o avançado, que completa 54 anos em fevereiro, garantiu que a sua paixão e vontade de jogar futebol “não param de crescer”.

‘King Kazu’ tornou-se o futebolista mais velho a jogar na liga japonesa em setembro de 2020, quando alinhou no encontro com o Kawasaki Fontale (3-2), com 53 anos, seis meses e 28 dias.

O avançado, que começou a carreira aos 15 anos, no Brasil, e se prepara para disputar a 36.ª época como profissional, foi o primeiro japonês a alinhar na liga italiana, e soma 91 internacionalizações e 55 golos marcados ao serviço da seleção do seu país.

11 Jan 2021

Óbito | O mundo despede-se de Maradona, o maior futebolista de todos os tempos

Diego Armando Maradona morreu na quarta-feira. A estrela da selecção argentina faleceu em casa no seguimento de um ataque cardíaco, depois de ter sido hospitalizado no início do mês. O mundo inteiro reagiu com pesar e o Governo argentino decretou três dias de luto oficial. Aos 60 anos, desaparece uma lenda que ficará para sempre na história do futebol mundial

 

[dropcap]O[/dropcap] dia de ontem começou com a notícia da morte de Maradona, o mago do futebol que atingiu a eternidade ainda em vida, multiplicando pelo mundo inteiro mensagens de profundo pesar.
Diego Armando Maradona morreu esta quarta-feira, na sua casa, avança o jornal argentino Clarín. A confirmação da morte foi também dada pelo seu agente e amigo Marias Morla à agência espanhola EFE.

Ao longo do dia de ontem, milhares de adeptos emocionados acorreram ao palácio presidencial, a Casa Rosada, para se despedirem de el pibe de oro, o menino de ouro, numa cerimónia transmitida para todo o mundo.

Quem andou por Buenos Aires ontem à tarde pensou que a Argentina tivesse voltado à primeira fase do confinamento como forma de combater o coronavírus. De repente, o país ficou num silêncio espesso como se o tempo tivesse parado. Uma dor como se todos os argentinos tivessem perdido um parente próximo em comum. Nas portas dos clubes por onde Maradona passou como jogador ou como técnico, o silêncio era recortado por alguma oração e pelo pranto contido que se transformava em lágrimas quando se tentava explicar o que se sentia.

“Primeiro pensei que fosse uma mentira quando recebi uma mensagem com a notícia. Depois, pensei que, se fosse verdade, ele poderia sair como numa finta, como sempre fez com os adversários. Desta vez, ele não conseguiu fintar. Estou destruída”, diz à Lusa, entre lágrimas, Patricia Ortiz (46) na porta do Boca Jrs, clube do qual Maradona era adepto e que foi o trampolim para a sua carreira internacional. Patricia leva um ramo de flores e um rosário. “Vamos sentir saudades. Será a nossa lenda”, afirma.

À porta do Boca Jrs, os fãs foram chegando aos poucos. Os carros passavam como numa procissão improvisada. De quando em quando, o silêncio era interrompido por um aplauso.

“Ele foi lendário por onde passou aqui na Argentina e no mundo, mas, com o Boca, teve uma relação especial, de amor. Aqui ele era o Diego do povo”, acrescenta Diego Moreno (30) cujo nome foi uma homenagem do pai ao jogador.

“É verdade. Ele não jogava pelo dinheiro. Era por amor ao futebol. Foi o maior e o mais humilde de todos. Um dos poucos que jogava pelo que sentia”, destaca Delia (62), que enaltece as conquistas de Maradona, apesar da carreira reduzida pelas drogas.

O antigo capitão da selecção argentina, que actualmente era treinador do Gimnasia de la Plata, foi hospitalizado no dia 2 de Novembro devido a anemia e desidratação, apresentando igualmente estado depressivo. Os exames a que foi submetido revelaram a presença de um hematoma subdural.

Depois de sair do hospital, foi noticiado que Maradona terá dado entrada numa clínica de reabilitação para tratamento à dependência ao álcool.

A par do brasileiro Pelé, que completou 80 anos em Outubro, Maradona é considerado um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos com uma carreira marcante com passagens pela selecção argentina, com a qual conquistou o Campeonato do Mundo, e no Nápoles onde levou a equipa italiana aos melhores resultados da sua história, incluindo a conquista de duas ligas italianas, as únicas do palmarés do clube, e uma Taça UEFA.

Enquanto treinador, o argentino teve o ponto alto da carreira quando orientou a selecção do país durante dois anos, tendo alcançado os quartos de final do Mundial2010, na África do Sul, competição em que foi derrotado pela Alemanha (4-0).

Foi pelo seu papel em levar ao Nápoles à glória em Itália que o astro argentino foi homenageado na cidade italiana em 2017, recebendo o título de cidadania honorária.

Mais alta é a queda

A vida de Diego Maradona foi marcada por muitos problemas de saúde decorrentes da sua vida de excessos.
Em 2000, teve um ataque cardíaco, após uma overdose de drogas, durante umas férias em Punta del Este, no Uruguai, a que se seguiu um longo processo de cura em Cuba. Em 2004, numa altura em que pesava mais de 100 quilos, sofreu outro enfarte em Buenos Aires, e chegou a ser submetido a uma cirurgia de estômago para perder peso.

A vida desportiva daquele a quem “os argentinos tudo perdoam”, nascido a 30 de Outubro de 1960 num bairro pobre dos subúrbios de Buenos Aires chamado Villa Fiorito, iniciou-se aos nove anos, no Cebollitas, e prosseguiu aos 15 no Argentino Juniores.

Quatro anos passados, e já como campeão mundial sub-21, Maradona juntou-se ao Boca Juniores, clube com o qual conquistou o seu primeiro título de campeão, em 1981.

Um ano depois, e após participação na primeira de quatro fases finais de um Mundial (Espanha82), o jogador transferiu-se para o FC Barcelona, clube onde apenas venceu uma Taça do Rei, frente ao eterno rival, o Real Madrid. Espanha marcou também a lesão mais grave na carreira do argentino. Fractura do tornozelo esquerdo, provocada pelo defesa Andoni Goikoetxea, do Atlético de Bilbau. Corria o ano de 1983. A lesão afastou-o dos relvados durante mais de três meses.

Esta primeira etapa espanhola ficou também assinalada por uma hepatite, logo no ano da chegada à Catalunha, doença que o impediu de jogar por três meses. Se a isso se juntar a expulsão no Brasil-Argentina no Mundial82, a passagem pelos estádios espanhóis ficou aquém daquilo que se esperava da estrela argentina.

Vida napolitana

A “maldição espanhola” levou o Nápoles a contratar Maradona em 1984. A opção italiana veio a revelar-se um misto de “céu e inferno” para o jogador.

Em Itália, levou o Nápoles, pela única vez na sua história, a sagrar-se por duas vezes campeão: 1987 e 1990. Ganhou ainda uma Taça UEFA (1989), uma Taça de Itália (1987) e uma Supertaça italiana (1991).
Inspirado pelos ares de Itália, Maradona carregou a selecção argentina até ao segundo título mundial (depois do Argentina78), ao vencer a Alemanha na final do México86, por 3-2. Nesse torneio ficou célebre o episódio da “mão de Deus”, lance assim definido pelo próprio, para justificar o golo marcado com a mão frente à Inglaterra nos quartos de final, jogo ganho pelos sul-americanos, por 2-1.

Numa entrevista ao jornal Daily Mail, o antigo guarda-redes inglês, Peter Shilton, afirmou que o astro argentino foi “o maior jogador contra o qual alguma vez jogou”, mas reforçou: “O que não gosto é que ele nunca tenha pedido desculpa”. “Em nenhum momento admitiu ter feito batota, ou que gostaria de pedir desculpa (…) Em vez disso, usou a sua expressão ‘mão de Deus’. Não foi justo”, afirmou. “Parece que tinha grandeza, mas infelizmente não tinha desportivismo”, observou. Shilton, de 71 anos, admitiu que a sua vida “está há muito ligada à de Diego Maradona”, mas não da maneira de que teria gostado. O antigo guarda-redes inglês lamentou a morte de Maradona e enviou as condolências à família.

Do relvado às clínicas

Quatro anos depois do México96, de novo liderada por Maradona, a Argentina repetiu a final do Mundial (Itália90), afastando os anfitriões nas meias-finais (1-1, 4-3 nas grandes penalidades). Mas os alemães desforraram-se e venceram o torneio (1-0 na final).

Apesar da fase italiana ser a mais vitoriosa na sua carreira, foi também, para muitos, o período em se deixou enredar pelo consumo de droga (cocaína). Foi expulso do Nápoles, em 1991.

A saída de Itália levou-o de novo a Espanha, para uma época sem história no Sevilha (1992/93). Daí rumou à Argentina para jogar pelo Newell’s Old Boys (1993/94), regressando ao Boca Juniores (1995/97), onde terminou a carreira, com 37 anos.

Pelo meio, ficou uma passagem efémera pelo Mundial EUA94, onde Maradona teve um controlo antidoping positivo (efedrina). Isso valeu-lhe a expulsão da prova e posterior castigo de um ano, aplicado pela FIFA.

Ao longo da vida submeteu-se a vários tratamentos de desintoxicação de droga, o mais famoso dos quais, em 2000, quando passou uma temporada em Cuba, onde surgiu publicamente ao lado de Fidel Castro.
Maradona regressou aos palcos mediáticos ao assumir o comando técnico da selecção argentina (manteve uma permanente tensão com a imprensa), levando a equipa até aos quartos de final no Mundial2010, na África do Sul, eliminada pela Alemanha (4-0).

Após este desaire, e apesar do apoio dos adeptos argentinos, Dieguito, El Pibe de Oro, El Diez ou Pelusa – nomes pelos quais é carinhosamente tratado na Argentina – abandonou a selecção das Pampas.
A federação argentina chegou a propor a retirada da camisola 10 do equipamento oficial, em homenagem a Diego Armando Maradona.

País em lágrimas

“Por ocasião da morte de Diego Armando Maradona, o Presidente decreta três dias de luto nacional a partir desta data”, disse a Presidência da Argentina, num breve comunicado.

Alguns minutos depois, o chefe de Estado argentino usou a sua conta na rede social Twitter para expressar gratidão pelos momentos de “felicidade” que o jogador deu ao povo do seu país. “Levaste-nos ao ponto mais alto do mundo. Fizeste-nos imensamente felizes. Foste o maior de todos. Obrigado por teres existido, Diego. Vamos sentir a tua falta, por toda a vida”, escreveu Alberto Fernández, que também divulgou uma foto na qual aparece a abraçar Maradona.

Em declarações à rádio, o chefe de Estado recordou mais tarde que em Fevereiro passado se encontrou com Maradona, com quem falou, “durante muito tempo”, sobre futebol. “Sempre resgatei o melhor dele, o genuíno, o original. O que ele não gostava, dizia; e o que gostava, também dizia”, recordou Fernández.

O Presidente disse que guarda memórias “indeléveis” do antigo jogador de futebol, à época em que representava a equipa de Argentinos Juniors, clube do qual o Presidente argentino é adepto.
“Sentimos que éramos os mais fortes do mundo com Diego. É uma perda horrível”, acrescentou Fernández.

Por sua vez, a ex-Presidente e actual vice-Presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, expressou a sua tristeza pelo falecimento do ex-jogador argentino. “Muita tristeza … Muita. Um grande deixou-nos. Adeus, Diego. Amamos-te muito. Um grande abraço aos seus familiares e entes queridos”, escreveu a ex-Presidente na sua conta de Twitter.

26 Nov 2020

Governo quis obrigar a testes de covid-19 antes de jogos, mas voltou atrás

[dropcap]A[/dropcap] informação foi dada, na sexta-feira à tarde, pelos responsáveis da Associação de Futebol de Macau aos clubes: a partir daquele dia as competições estavam suspensas porque era necessário tratar das formalidades para que os jogadores começassem a fazer os testes de covid-19, com um resultado negativo, nos sete dias antecedentes aos jogos.

Os custos tinham de ser assumidos pelos clubes e a imposição não se limitava às competições seniores, também os escalões de formação tinham de realizar os testes, e pagá-los, para poder haver competições.

Às equipas foi explicado que as novas medidas entravam em vigor devido às orientações dos Serviços de Saúde, que estão a coordenar a resposta à pandemia, e que os jogos ficavam suspensos, com efeito imediato e por tempo indeterminado para haver uma adaptação às exigências.

Com jogos e treinos de várias associações e modalidades em risco, o Governo acabaria por recuar ainda no mesmo dia, através de comunicado. “O Instituto do Desporto informa que, após coordenação com os Serviços de Saúde, reiniciará todas as actividades locais de treinamento e competição a partir de amanhã [sábado]”, podia ler-se no comunicado emitido ao final da noite de sexta.

Segurança e bem-estar

No dia seguinte, Pun Weng Kun, presidente do Instituto do Desporto (ID), reagiu à polémica, à margem da inauguração da exposição Carros do Grande Prémio de Macau, no Tap Seac.

Em declarações aos jornalistas, Pun Weng Kun admitiu que a decisão tinha sido inconveniente para as associações e atletas envolvidos no desporto local, e assumiu que a decisão tinha sido tomada após um consenso entre os SSM e o ID para aplicar as orientações mais recentes de como lidar com a pandemia.

Ainda em relação à decisão que foi revertida no mesmo dia, Pun explicou que o objectivo passou sempre por garantir a “maior segurança e bem-estar” de todos os envolvidos.

Por outro lado, o presidente do ID olhou para o futuro e para as medidas que vão ser adoptadas, deixando antever uma maior flexibilidade das autoridades.

15 Nov 2020

Taça de Macau | Formato de liga marca regresso da competição

Os jogadores e as equipas técnicas vão ter de fazer os testes de ácido nucleico e apresentar os resultados antes de poderem entrar em campo. O início da competição está marcado para 18 de Setembro

 

[dropcap]O[/dropcap] futebol oficial vai regressar a 18 de Setembro com a Taça de Macau da Primeira Divisão, que este ano se realiza num formato de liga. Os planos para o futebol foram apresentados ontem, numa conferência de imprensa agendada pela Associação de Futebol de Macau.

Segundo o vice-presidente, Kwok Po Chuen, todas as dez equipas da primeira divisão mostraram interesse em participar na competição e os jogadores e equipas técnicas vão ter de fazer os testes de ácido nucleico e apresentar resultados negativos.

“Uma vez que a competição vai começar brevemente temos de seguir as instruções dos Serviços de Saúde para garantir que o desporto é praticado em condições de segurança”, afirmou Kwong. “Vai ser exigido a todos os jogadores, equipa técnica e aos responsáveis das equipas que façam o teste de ácido nucleico e que apresentem os resultados negativos antes dos jogos”, acrescentou.

Esta foi uma exigência que mereceu elogios da associação: “São instruções que consideramos muito importantes porque vão criar um ambiente seguro para todos os participantes”, considerou.

Em caso de haver um agravamento da pandemia, a AFM admite que a competição possa ser cancelada, não havendo suspensão. Porém, se tudo correr dentro do previsto, sem imprevistos como tufões, a competição deverá terminar por volta do mês de Novembro.

Os jogos da Taça de Macau para a primeira divisão vão ser realizados no Estádio de Macau. Em relação aos jogos da Taça para a Segunda Divisão, o recinto escolhido é o Estádio Lin Fong. As partidas são abertas ao público, que antes de entrar tem de apresentar a declaração de saúde e a quem é ainda medida a temperatura.

Novos formatos

A Taça de Macau para a Primeira Divisão vai ser disputada a uma volta entre as dez equipas participantes. As inscrições só começam a partir de sexta-feira, mas a AFM garante que todas as formações mostraram interesse em alinhar na competição.

Os resultados não têm impacto a nível interno para a época de 2021, mas a AFM admite que possam ser utilizados para escolher as equipas de Macau que podem participar nas competições continentais, ou seja a Taça AFC.

Segundo a AFM, a confederação asiática vai ter duas opções para escolher os participantes de Macau na Taça AFC: com base na classificação do campeonato do ano passado ou com base nesta taça.

Quanto às taças para a segunda e terceira divisões, as competições arrancam a 19 de Setembro e as equipas vão ser divididas em grupos, que realizam duas voltas. “Sabemos que as taças não são campeonatos, mas mesmo que este ano não haja liga queríamos dar a oportunidade aos jogadores de praticarem este desporto”, explicou o vice-presidente da AFM.

3 Set 2020

Covid-19 | Liga sul-coreana arranca sexta-feira à porta fechada e em formato reduzido

[dropcap]A[/dropcap] Liga sul-coreana de futebol começa na sexta-feira com jogos à porta fechada e um calendário reduzido, após o adiamento do seu início por mais de dois meses, devido à pandemia de covid-19.

A época de 2020, que recebeu ‘luz verde’ para começar depois de estabilizada a crise de saúde no país, tem início pelas 19:00 locais, com o jogo inaugural entre o campeão Jeonbuk Motors, do treinador português José Morais, e o Suwon Samsung Bluewings, em Jeonju.

“Graças ao trabalho duro dos médicos sul-coreanos e à participação ativa da população no distanciamento social, a Liga pode começar”, afirmou o presidente da Liga K sul-coreana, Kwon Oh-gap, em declarações à agência Associated Press.

Embora o confinamento não tenha sido aplicado na Coreia do Sul e as fronteiras não tenham sido fechadas, as autoridades decidiram, em 24 de fevereiro, adiar o início da primeira e segunda divisões, que estava agendada para cinco dias depois.

O sucesso em conter a infeção, que regista uma média diária de cerca de 20 novos casos, de um total de mais de 10.800, levou no final de abril o governo, clubes e Liga a decidiram iniciar a competição, à porta fechada, em 08 de maio.

Devido ao atraso no início da temporada, foi acordado reduzir o calendário de 38 para 27 jogos e, para permitir o regresso da modalidade, todos os jogadores e equipas técnicas dos 24 clubes das duas divisões tiveram que testar negativo à covid-19.

O campeão Jeonbuk Motors, orientado por José Morais, parte para a presente edição com o objetivo de quebrar dois recordes, ao tentar ser o primeiro clube a vencer quatro títulos sul-coreanos seguidos e a somar oito campeonatos.

Nesta temporada, o Jeonbuk contratou Cho Gue-sung, de 22 anos, que marcou 14 golos na época passada, para jogar ao lado do veterano Lee Dong-gook, que, aos 41 anos, e após 22 épocas na Liga K, é o seu máximo goleador, com 158 golos.

Muitos acreditam que o grande rival de Jeonbuk será novamente o Ulsan, a outra equipa ligada ao conglomerado Hyundai, que deixou escapar o título de 2019 de forma dramática com uma inesperada derrota na derradeira jornada da prova.

O duelo entre ambos terá um fator extra que tem a ver com o facto de o Jeonbuk ter contratado o jogador mais valioso (MVP) de 2019 e estrela do Ulsan, Kim Bo-kyung, para compensar a perda de Moon Seon-min, que terá que jogar este ano no Sangju Sangmu, a equipa das Forças Armadas, por se encontrar a cumprir serviço militar.

Para substituir Kim, o Ulsan contratou o médio veterano Lee Chung-yong, que retorna ao campeonato sul-coreano depois de mais de uma década a jogar na Europa (Bolton Wanderers e Crystal Palace, Inglaterra, e Bochum, Alemanha).

A primeira divisão da Liga K também abriga uma boa quantidade de jogadores de futebol brasileiro, além do espanhol Osmar (FC Seul), do colombiano Manuel Palacios (Pohang Steelers) e do costa-riquenho Marco Ureña (Gwangju FC).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 260 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

7 Mai 2020

Covid-19 | “Não me arrependo de ter assinado pelo Wuhan”, diz Daniel Carriço

[dropcap]O[/dropcap] futebolista internacional português Daniel Carriço afirmou hoje não estar arrependido de ter assinado pelos chineses do Wuhan Zall, apesar de a equipa estar retida em Espanha, devido à epidemia de Covid-19, provocada por um novo coronavírus.

“Não me arrependo. Estou entusiasmado, porque quero participar na Liga chinesa e desfrutar de uma nova experiência. Além do mais, asseguraram a minha segurança e que vamos trabalhar em Espanha até que a situação se mantenha na China”, disse o central luso à imprensa espanhola.

Daniel Carriço assinou pelo Wuhan Zall, do principal escalão chinês, no último mercado de ‘inverno’, após seis temporadas e meia ao serviço do Sevilha. O jogador, de 31 anos, está integrado na equipa do Wuhan Zall que se encontra a estagiar em Espanha desde o final de janeiro e impossibilitada de regressar à China, devido ao surto de Covid-19 no país.

“Tive algumas dúvidas no início, quando começámos a negociar a transferência. Não se sabia nada. Apenas que havia um novo vírus na China. No entanto, a equipa técnica assegurou-me que não regressariam à China enquanto a situação se mantivesse na China, sobretudo em Wuhan”, revelou.

Carriço deseja que a Liga chinesa, que se encontra suspensa, recomece “o mais rapidamente possível” e admitiu que os colegas de equipa estão a passar um momento complicado, uma vez que “muitos têm familiares fechados em casa”.

Os jogadores do Wuhan foram recebidos na sede da Liga espanhola de futebol e vão assistir ao vivo ao clássico Real Madrid-FC Barcelona, que se disputa hoje, no Santiago Bernabéu.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.916 mortos e infectou mais de 84 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 57 países e territórios. Das pessoas infectadas, mais de 36 mil recuperaram.

2 Mar 2020

Covid-19 | "Não me arrependo de ter assinado pelo Wuhan", diz Daniel Carriço

[dropcap]O[/dropcap] futebolista internacional português Daniel Carriço afirmou hoje não estar arrependido de ter assinado pelos chineses do Wuhan Zall, apesar de a equipa estar retida em Espanha, devido à epidemia de Covid-19, provocada por um novo coronavírus.
“Não me arrependo. Estou entusiasmado, porque quero participar na Liga chinesa e desfrutar de uma nova experiência. Além do mais, asseguraram a minha segurança e que vamos trabalhar em Espanha até que a situação se mantenha na China”, disse o central luso à imprensa espanhola.
Daniel Carriço assinou pelo Wuhan Zall, do principal escalão chinês, no último mercado de ‘inverno’, após seis temporadas e meia ao serviço do Sevilha. O jogador, de 31 anos, está integrado na equipa do Wuhan Zall que se encontra a estagiar em Espanha desde o final de janeiro e impossibilitada de regressar à China, devido ao surto de Covid-19 no país.
“Tive algumas dúvidas no início, quando começámos a negociar a transferência. Não se sabia nada. Apenas que havia um novo vírus na China. No entanto, a equipa técnica assegurou-me que não regressariam à China enquanto a situação se mantivesse na China, sobretudo em Wuhan”, revelou.
Carriço deseja que a Liga chinesa, que se encontra suspensa, recomece “o mais rapidamente possível” e admitiu que os colegas de equipa estão a passar um momento complicado, uma vez que “muitos têm familiares fechados em casa”.
Os jogadores do Wuhan foram recebidos na sede da Liga espanhola de futebol e vão assistir ao vivo ao clássico Real Madrid-FC Barcelona, que se disputa hoje, no Santiago Bernabéu.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.916 mortos e infectou mais de 84 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 57 países e territórios. Das pessoas infectadas, mais de 36 mil recuperaram.

2 Mar 2020

Filhos de um grande apito

[dropcap]O[/dropcap] guarda-redes foi o primeiro a ceder, não fez por mal, talvez estivesse um pouco distraído, e quando se esticou para impedir que a bola entrasse dentro da sua baliza, não conseguiu. Estava assomado com dores de cabeça, o dia não tinha começado bem, momentos antes viu-se a pensar noutro assunto que o levou para longe da sua pequena área. Eram coisas que que se arrastavam e que não andava a conseguir resolver. Questões de heranças que lhe tiravam o sono à noite e impediam que descansasse como convém. Remoía, distante, sem reparar que o capitão da equipa contrária galgava na sua direcção trazendo a bola à frente, já desprovido de opositores que lhe amainassem o galope. Só acordou quando o remate foi desferido, meditando que todo aquele esforço o tinha a si como destinatário e era dirigido aos seus reflexos. A potência do remate, o ângulo, a destreza do rival ao ter conquistado tal posição na ponta do terreno. Chegara a vez de mostrar a sua elasticidade, razão primária por estar no interior daquelas quatro linhas, exactamente à hora marcada, numa das equipas principais e icónicas do país.

Mas sendo atleta de alta competição não podia compadecer-se com tais recolhimentos, completamente fora das suas funções. Na centelha do desportista não há tempo para que o pensamento chegue ao raciocínio, quanto mais conseguir que volte para trás dando ordens aos órgãos do corpo que habita. No campo só funciona o instinto, a intuição e, claro, o esplendor físico. Nada mais. Raras excepções, têm a inteligência na ponta dos pés. Não era o caso. Ainda saltou, percebendo exactamente onde a bola, que surgia a velocidade estonteante, se iria cruzar consigo. Mas fê-lo com desapego, como se naquele momento estivesse a ligar a televisão preparando-se para ver a partida sentado no conforto da sua sala. “Olha o guarda-redes a saltar. Não a vai apanhar.”

Quando tomou consciência do acto, já o árbitro apontara para o centro do campo e vários jogadores saltavam para as costas do felizardo goleador, construindo um castelo de carne humana por cima dele. Das bancadas, alguns assobios e exclamações menos próprias da claque desiludida, abonecada até ao nariz com as cores da sua equipa. Tinham recebido uma facada nas costas. E doía. O coração pingava. Colocou o dedo polegar de uma das luvas para cima, pretendendo afirmar que estava tudo bem, que a partir dali ia redobrar a atenção e valer-se dos seus atributos. Quis suster o furor dos adeptos, para que amparassem os seus ídolos e não estivessem já de lâmina afiada nos dentes. Pelo rumo dos acontecimentos, iriam precisar deles com máxima energia, era injusto cortarem o cordão umbilical logo ali ao primeiro desaire. “Ok!”, quis transmitir, sabendo de relance que nem o bramido de um estádio cheio a puxar por si iria elevar a sua moral. Continuava de braços caídos. Olhou para o céu. Um avião lá em cima a passar. Não conseguiu distinguir a companhia aérea. Ia para Norte.

Tinham decorrido apenas vinte minutos de jogo quando isto aconteceu. Havia ainda um período largo para recuperar, mas o rolar do relógio tanto podia funcionar a seu favor como contra. Depois, foi um defesa que falhou um passe. Tinha-se organizado de maneira a enviar a bola lá para a frente, para os avançados, para se ver livre da responsabilidade de ter o esférico a queimar-lhe as botas. Era assim que fazia, não retinha a bola mais do que dois ou três segundos em seu poder, pressentia o movimento da equipa e batia lá para a frente, de modo certeiro. Era essa a sua maior qualidade, pela qual era muitas vezes referenciado nos jornais desportivos, os passes de longa profundidade. Mas qualquer propósito o fez mudar de rumo, talvez falta de confiança momentânea ao não sentir a deslocação propícia dos seus companheiros como era hábito, a soprarem com vento adverso, e como recurso fez um atraso; muito mal articulado, diga-se. Um adversário que o perseguia à laia de predador faminto, esticou a perna e o rechaçar da bola fez com que saltasse um pouco mais para a frente, onde estava outro jogador isolado com a mesma cor de camisola. A partir daí, foi só dar um toque por cima do homem da baliza, que mais uma vez saiu atarantado da sua área para a defender, e esperar pela alegria das bancadas e o estribilho dos homens da rádio a esticar a goela até ao prancha das unhas dos pés. Dada a movimentação das peças naquele hectare, a física ditava que não havia muito que pudesse ter sido feito de outra forma. Nem o monstro do lago Ness, nas terras altas da Escócia, conseguiria defender aquele remate, saído directamente da linha sábia de um ângulo de bowling. Uma coisa assim deixaria qualquer um de olhos tortos.

Os tempos eram outros, a época áurea dos futebolistas de maior renome começara naquela altura a preencher anúncios de óbitos dos jornais. Só assim eram recordados. E feitos, depois de mortos, grandes homens, às costas do pretérito de inusitadas homenagens. “Ah, morreu!” Aí, as pessoas lembravam-se e vinham para a rua chorar, escrevendo grandes emolumentos.

Lá saltaram e festejaram o golo. O marcador triturado pelos camaradas de partido que lhe abafaram o corpanzil numa moche de heavy metal. Não havia muito mais a realizar, a desmoralização colara-se às chuteiras de toda a equipa. Eram soldados prostrados, indiferentes ao canhangulo do inimigo. O guarda-redes não deixava de pensar na santa terrinha e na família desavinda que se fraturou pela ambivalência do dinheiro, ao recortar o legado paterno via interpretação desconcordante. Ajuizados na cobiça de um futuro que nunca tiveram, agarraram-se esfaimados ao que não lhes pertencia. Ele, que não precisava de nada e tinha a vida feita, assistia incrédulo àquilo tudo, no lugar mais baixo do camarote, sem nada poder fazer. No entanto, pelo arrasto dos detritos, o sentimento trespassava as redes da sua baliza e vinha agachar-se na sua conduta. Assim como a família, a linha de simpatizantes que o acarinhavam como jogador de futebol estava pronta a descambar. Vinha duvidando se algum dia iria voltar aos grandes palcos internacionais e às grandes vitórias, que vivera com grande alegria. Pressagiou que a partir dali, soava naquela altura o apito do árbitro a finalizar a primeira parte, o rumo da sua carreira seria apenas descendente e que num par de épocas estaria a jogar na divisão inferior ou em clubes asiáticos, só para continuar a ter algum proveito financeiro.

Ainda tentaram ir lá para a frente – “Às armas! Às armas!”, ralhava o mister desesperado – acreditando que era possível virar o resultado. Mas não. Um remate para as nuvens, um canto mal marcado, um passe longo demais; foi esse o resumo dos acontecimentos. Se na primeira parte o jogo já estava perdido, na segunda foi a catástrofe de uma ponta à outra. Nem arma secreta no banco existia, tal era o desfalque efectuado ao longo dos anos pelos órgãos administrativos que por ali passaram. Tirando o guarda-redes e mais dois ou três, que tinham um historial considerável, a estrutura definida para defender aquele emblema centenário era formada por um bando de ilustres desconhecidos ou por apostas vagas de treinadores e cabecilhas diletantes, executando negócios que só interessavam aos bolsos dos empresários. Eram tão maus que nem o penteado lhes souberam instruir. Os tempos eram outros, a época áurea dos futebolistas de maior renome começara naquela altura a preencher anúncios de óbitos dos jornais. Só assim eram recordados. E feitos, depois de mortos, grandes homens, às costas do pretérito de inusitadas homenagens. “Ah, morreu!” Aí, as pessoas lembravam-se e vinham para a rua chorar, escrevendo grandes emolumentos.

E o pior de tudo, era que a realidade não indicava bom augúrio para o resto do campeonato, que se iniciara precisamente com aquele jogo. De um ano para o outro, o treinador ficara à condição e arrastava-se, era mais um que nem a sombra das comemorações da república iria ver ali sentado. Ao sair do estádio já levava o rabo a tremer. O presidente de olhos postos no relvado, a conjecturar forma de pagar as dívidas, nem deu pela sua presença. Todos tinham observado o que aí vinha, só um louco ou um pescador do lago Ness poderiam ditar o contrário. Não havia como evitá-lo. Seria mais um ano perdido na cauda da tabela e longe do brilho dos foguetes. Era óbvio, a herança ficaria por resolver. Ad eternum.

28 Out 2019

Bolinha | Expulsões acabam com jogo mais cedo

[dropcap]O[/dropcap] encontro entre Lun Lok e Ka Ia, a contar para o campeonato de futebol sete, terminou 17 minutos mais cedo, depois do árbitro ter expulsado três atletas do Lun Lok, nomeadamente Chu Kai Wang, Ho Man Hou e Fabrício Lima.

Estas expulsões fizeram com que de acordo com os regulamentos a equipa ficasse sem o número mínimo de atletas em campo para disputar o encontro. Do lado do Ka I também houve uma expulsão. Porém, o encontro não terminou sem polémica, com os ânimos a exaltarem-se e no final os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública tiveram mesmo de intervir para proteger o árbitro da confusão.

20 Set 2019

Bolinha | Expulsões acabam com jogo mais cedo

[dropcap]O[/dropcap] encontro entre Lun Lok e Ka Ia, a contar para o campeonato de futebol sete, terminou 17 minutos mais cedo, depois do árbitro ter expulsado três atletas do Lun Lok, nomeadamente Chu Kai Wang, Ho Man Hou e Fabrício Lima.
Estas expulsões fizeram com que de acordo com os regulamentos a equipa ficasse sem o número mínimo de atletas em campo para disputar o encontro. Do lado do Ka I também houve uma expulsão. Porém, o encontro não terminou sem polémica, com os ânimos a exaltarem-se e no final os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública tiveram mesmo de intervir para proteger o árbitro da confusão.

20 Set 2019

Vítor Pereira empata na China e vê Guangzhou Evergrande reforçar liderança

[dropcap]O[/dropcap] campeão Shanghai SIPG, treinado por Vítor Pereira, empatou ontem na visita ao Wuhan Zall, por 1-1, em jogo da 20.ª jornada da Liga chinesa de futebol, após a qual viu o Guangzhou Evergrande reforçar a liderança.

A equipa de Xangai esteve a perder por 1-0, graças a um golo de Liu Yun logo aos quatro minutos, mas ainda empatou, por intermédio do austríaco Marco Arnautovic, assistido por Hulk, aos 23.

O Guangzhou Evergrande venceu o Beijing Renhe (3-0) e aumentou para quatro pontos a vantagem para o Shanghai SIPG e para o Beijing Guoan, que desceu ao terceiro lugar, com os mesmos pontos da equipa de Xangai, depois de perder no sábado.

29 Jul 2019

Futebol | Governo impediu entrada de faixa no Estádio de Macau

A partida de celebração do 20.º Aniversário da RAEM entre o Southampton e o Guangzhou R&F terminou com o resultado de 4-0. O jogo ficou marcado pelo facto de o Instituto do Desporto ter impedido a entrada no estádio de uma faixa de Sulu Sou que dizia: “O nosso objectivo é o Mundial”

 

[dropcap]O[/dropcap] encontro entre Southampton e o Guangzhou R&F, organizado pelo Governo para celebrar o 20.º Aniversário do Estabelecimento da RAEM, terminou com o resultado de 4-0. Che Adams, Shane Long, Yan Valery e Christoph Klarer marcaram os golos da formação inglesa, que valeram a vitória no torneio. Quanto à partida, houve um claro domínio do Southampton diante de um Guangzhou com segundas linhas e que nunca pareceu estar em condições de lutar pelo resultado.

Contudo, o amigável ficou marcado pelo facto de o deputado Sulu Sou ter sido impedido de entrar com uma faixa que dizia em inglês e chinês: “O nosso objectivo é o Mundial”.

Antes do encontro, o pró-democrata já havia apelado aos adeptos para vestirem de preto e para se sentarem na zona da bancada ligada à porta 23. O objectivo era protestar a falta de desenvolvimento do futebol de Macau e o facto da Associação de Futebol de Macau não ter permitido que a selecção local disputasse o encontro de qualificação para o Mundial de 2022, no Sri Lanka.

A acção estava prometida para a Porta 23 do Estádio de Macau e às 18h, quando o recinto abriu portas, o deputado estava pronto para entrar, vestido de preto e com a faixa. No entanto, Sulu Sou e os outros participantes da iniciativa, na maioria ligados à Associação Novo Macau, tiveram de entrar sem a faixa.

O representante do ID, que cordialmente impediu a entrada da faixa, é igualmente colaborador da Associação de Futebol de Macau. O colaborador em questão lida com várias formalidades em eventos da Associação de Futebol de Macau e até com a comunicação com jornalistas nas conferências de imprensa da selecção.

Ao HM, um porta-voz do ID confirmou que não foi autorizada a entrada, mas não avançou qualquer motivo. “Em relação à entrada com bandeiras, faixas e outros materiais de apoio, a organização exige uma autorização prévia para este tipo de itens”, foi apontado. “Os organizadores reservam o direito para recusar a entrada no estádio dos materiais mencionados que não estejam relacionados com este jogo em particular”, foi acrescentado.

Já sobre o facto de ter sido o funcionário da AFM a barrar o acesso da faixa, o ID apontou para a “organização conjunta” do evento: “Este jogo de futebol foi co-organizado pelo Instituto do Desporto e pela Associação de Futebol de Macau. Todas as operações relacionadas com a partida foram realizadas em conjunto pelo ID e pela AFM”, foi sustentado.

Mistura de membros?

Quando a AFM impediu a selecção de Macau de disputar no Sri Lanka a segunda mão da fase de pré-apuramento para o Mundial de 2022, devido a questões de segurança, o presidente do Instituto do Desporto (ID) sublinhou que o Governo não intervinha nos assuntos da AFM. Pun Weng Kun explicou esta postura com exigência da FIFA que “impedem” o Governo de intervir nos assuntos das federações.

Contudo, ontem, o ID impediu mesmo a entrada de uma faixa que era dirigida à Associação de Futebol de Macau, apesar da mensagem não mencionar directamente a entidade.

Ainda em relação à partida de ontem, o “torneio” teve um custo de 10 milhões de patacas e contou com uma equipa da Premier League. Porém, os “Saints” apenas trouxeram da equipa principal o guarda-redes Fraser Forster, o defesa Maya Yoshida, os médios Josh Sims, Tyreke Johnson e os avançados Shane Long, Yan Valery, Che Adams e Marcus Barnes. Os restantes jogadores da equipa principal ficaram na Irlanda, onde a formação está a estagiar. O resto do plantel que marcou presença em Macau pertence ao escalão sub-23.

Dúvidas no GP

O presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kung e o presidente da Associação de Futebol de Macau, Chong Coc Veng, não são estranhos a episódios em que se alega censura. Ambos são elementos fundamentais da Organização do Grande Prémio de Macau que enfrentou críticas e acusações por não transmitir as imagens de vários acidentes durante a prova, como o infortúnio da piloto Sophia Florsch. O caso acabou por ser negado por Pun Weng Kun, que recusou qualquer intenção de esconder as imagens e explicou que o objectivo foi sempre proteger a imagem dos pilotos acidentados.

24 Jul 2019

Futebol | Sulu Sou pede a adeptos protestem contra a associação

O deputado apela aos adeptos que se deslocarem ao encontro entre o R&F Guangzhou e o Southampton que levem camisolas pretas, como forma de protesto contra a Associação de Futebol de Macau, que impediu os jogadores de defrontarem o Sri Lanka

 

[dropcap]O[/dropcap] Torneio Internacional de Macau de Comemoração do 20.º Aniversário do Estabelecimento da RAEM, que opõem o R&F Guangzhou ao Southampton, foi a forma encontrada pelo deputado Sulu Sou para mostrar o descontentamento face à Associação de Futebol de Macau (AFM). O jogo está agendado para amanhã às 20h00,no Estádio de Macau e o pró-democrata pede aos adeptos que não desistam, vão logo às 18h00 e se vistam de preto.

“Os cidadãos que se preocupam com o desenvolvimento do futebol de Macau nunca vão esquecer a desgraça que foi perder por falta de comparência um jogo de qualificação para o Mundial da FIFA”, consta no texto do evento, na rede social facebook. “Apelamos a todos que aproveitem esta oportunidade para apoiarem os jogadores da selecção e mostrarem o descontentamento do com a AFM por irem ao jogo, logo às 18h00, vestidos de preto”, é acrescentado.

O jogo está a ser organizado pelo Instituto do Desporto, que distribuiu 10 mil bilhetes gratuitos para a partida. Os ingressos esgotaram e não têm lugares marcados. Foi por este motivo que o deputado ligada à Associação Novo Macau pediu aos interessados em mostrar a sua insatisfação que entrem pela porta número 23 e se concentrem nessa zona da bancada.

O grande catalisador para este protesto, segundo Sulu Sou, foi a decisão da AFM de desistir da primeira fase de pré-apuramento para o Mundial de 2022, depois de ter impedido a selecção de jogar a segunda mão da eliminatória no Sri Lanka. A escolha foi justificada com motivos de segurança, face aos ataques terroristas da Páscoa.

Equipas chegam hoje

Em relação ao encontro, as duas equipas chegam hoje a Macau, de acordo com o programa revelado pelo Instituto do Desporto. O Guangzhou arranca às 09h00 de Cantão e entra no território pelo Posto Fronteiriço de Cotai.

Já a comitiva do Southampton tem chegada marcada para Hong Kong em dois grupos, às 11h55 e 13h15 de hoje, e entra em Macau através do Posto Fronteiriço da Ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai.

Mais tarde às 19h15, a equipa do Southampton tem um treino conjunto com os jogadores da selecção local. A sessão de trabalho é a porta fechada, pelo que o público não poderá assistir.

Já no dia da partida, alguns jogadores mais conhecidas da equipa britânica e da equipa chinesa têm agendada uma sessão de intercâmbio com juvenis da selecção de Macau, que tem a duração de uma hora. Esta actividade está agendada para as 09h00, no Campo de Hóquei do Centro Desportivo de Olímpico.

22 Jul 2019

Castigo leve da FIFA não esconde divisão no futebol de Macau

A punição do organismo que tutela o futebol é vista como leve pelo sector. Porém, o processo e a decisão da Associação de Futebol de Macau de não participar no encontro com o Sri Lanka deixou feridas profundas. Entre os clubes contactados pelo HM, não houve um único que defendesse a forma de actuar da AFM

 

 

[dropcap]O[/dropcap] facto de Macau ter recusado jogar diante do Sri Lanka, em partida de Qualificação para o Mundial de 2022, no Qatar, levou a FIFA, entidade que tutela a modalidade, a impor uma multa de 10 mil francos suíços, equivalente a 82,5 mil patacas. A falta de comparência foi justificada com motivos de segurança e a FIFA não terá ignorado por completo essas razões, uma vez que a Associação de Futebol de Macau (AFM) foi punida com a pena mínima.

No entanto, os argumentos da AFM também não convenceram a FIFA quanto a uma possível repetição do jogo. A selecção de Macau foi punida à luz do artigo 56 do Código de Conduta, que define a multa mínima de 10 mil francos suíços. Este artigo prevê, em conjunto com o artigo 38B, que um jogo, que não se realize por falta de comparência, se devidamente justificada, pode ser repetido. A punição foi ainda tomada tendo em conta o artigo 5 dos regulamentos para o Mundial. Porém, a FIFA não ficou convencida com a argumentação da associação liderada por Chong Coc Veng e impôs uma derrota por 3-0 a Macau.

Com esta decisão, o Sri Lanka segue para a fase de grupos de apuramento da AFC para o Mundial. Já a selecção de Macau fica de fora da eliminatória, mas também não sofre outras punições, nem fica impedida de participar em competições futuras, assim como os clubes.

 

Segurança em primeiro

Para o presidente da Associação de Futebol de Veteranos, Francisco Manhão, o veredicto da AFC foi correcto, mas a FIFA teria decidido de outra forma, caso estivesse em causa uma selecção com mais importância do que Macau. “Penso que qualquer vida humana é mais importante do que um jogo de futebol. Se o Governo apresenta como justificação a existência de riscos para a segurança, que tem por base a decisão do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo [GGCT], que emitiu um alerta, eu aceito”, afirmou Manhão. “Gostava de saber quais são as garantias de segurança que a FIFA dá para que o jogo se realize no Sri Lanka. Não sei. Acha que a protecção dos militares é suficiente para garantir que não há ataques?”, questionou, em declarações ao HM. “Se o pedido para levar o jogo para campo neutro fosse de outra selecção mais forte, como Brasil, Inglaterra ou Alemanha, a decisão tinha sido outra”, acrescentou.

Também o treinador Rui Cardoso admite que a AFM tomou a decisão certa, quando coloca o cenário de ser o seu filho, David Fong, que é elegível para a selecção de Macau, a fazer a deslocação. “Estou do lado da AFM pelas questões de segurança. Se eu fosse o treinador do grupo e houvesse riscos, era o primeiro a defender que não se devia ir”, deixa claro. “Se o meu filho estivesse na comitiva, eu pensaria duas vezes. Como familiar, iria ser uma deslocação muito complicada”, reconheceu.

 

Futebol em cacos

Segundo o capitão da selecção, a decisão da FIFA acabou por ser mais leve do que o esperado e positiva, no sentido em que permite a selecção e aos clubes continuarem a participar nas competições internacionais. “Sabíamos que a decisão ia sempre passar por uma derrota. Há regras e as consequências que existem são estas”, disse Nicholas Torrão ao HM. “Mas dentro do mal que poderia acontecer, a penalização foi ligeira. Felizmente, foi assim para o futebol de Macau, porque não afecta as selecções nem os clubes. Os erros pagam-se caro, mas tivemos sorte desta vez”, frisou.

Contudo, o jogador alerta que o ambiente entre a associação, clubes e jogadores está longe de ser o indicado e que quem fica a perder é a modalidade. Por outro lado, Nicholas Torrão acredita que poderá regressar à selecção, assim como outros atletas, desde que haja um pedido de desculpas da AFM. “Vamos ter de falar muito [sobre o regresso]. Acho que a associação tem um pedido de desculpas a fazer aos jogadores. E também há muitos jogadores que têm de pedir desculpa ao futebol de Macau, porque as acções de protesto [jogo Ka I-Hang Sai] não foram dignas do que queremos mostrar”, opinou. “Há muita discussão por fazer para poder encontrar um rumo certo para todos”, considerou.

Ainda sobre a carta assinada por vários atletas que se mostraram indisponíveis para representar a selecção da Flor do Lótus, Nicholas Torrão disse que foi um instrumento de pressão à AFM e que alguns atletas vão regressar e outros vão optar por cumprir o assinado.

 

 

Imagem prejudicada

Ainda no que diz respeito ao desenvolvimento do futebol, mesmo para a selecção, que em Março de 2020 deverá participar na Taça da Solidariedade, Nicholas Torrão diz que a AFM tem de começar a ouvir e a articular-se com os clubes. Na última edição da prova, a equipa de Macau foi finalista derrotada.

Mas se o capitão da selecção acha fundamental haver maior entendimento entre associação e clubes, o caminho não parece fácil. Do lado dos clubes são muitas as críticas, não só à forma como o organismo liderado por Chong Coc Veng tomou esta decisão, mas também como ignora os próprios clubes associados.

Para o presidente do Monte Carlo, Firmino Mendonça, o castigo, mesmo que seja considerado leve, não deixa de ser o sinal de que o trabalho não foi bem feito. “Acho que a Associação de Futebol de Macau tem de ponderar fazer um trabalho melhor, não pode deixar tudo para a última hora”, começou por dizer Firmino Mendonça, ao HM. “Se a associação se tivesse preparado bem, logo quando houve o incidente, poderia ter resolvido o problema que agora temos. A associação deve ter a noção de que está a prejudicar Macau.”, defendeu.

O líder dos canarinhos acusa ainda a AFM de não saber dialogar com os clubes e jogadores. “O diálogo é muito importante entre a associação, os jogadores e os clubes e poderia ter resolvido estas questões. Primeiro, faltou transparência. Segundo, houve falta de diálogo para lidar com os handicaps”, apontou.

 

Falta de explicações

Já o director técnico do Benfica de Macau, Duarte Alves, espera que a AFM mostre as comunicações com a FIFA, AFC e Sri Lanka e os documentos relacionados com as seguradoras. O responsável sublinha também que a decisão, mesmo que leve face ao que poderia ser, não deixa de ser uma sanção. “A decisão é um castigo da FIFA. […] Estamos à espera da transparência prometida pela AFM, durante a conferência de imprensa. Até lá, só podemos assumir que não foi feito o máximo possível para que o jogo fosse feito noutro lugar”, afirmou Duarte Alves.

O responsável espera ainda que seja divulgada a documentação sobre as comunicações com as seguradoras, porque as informações recolhidas pelo clube indicam que seria possível segurar a viagem. “A informação que temos, e que procurámos sozinhos em seguradoras, era que havia seguradoras que poderiam arranjar seguro para este tipo de viagens. Por isso, queremos ver o que a AFM tem para mostrar”, indicou.

O Benfica de Macau tem experiência em deslocações internacionais, uma vez que participou na temporada de 2018 na Taça da AFC e realizou duas deslocações à Coreia do Norte e Taiwan.

Por outro lado, Duarte Alves questionou o critério da segurança, quando o mesmo é desvalorizado internamente. “Há dinheiro para pagar a multa e diz-se que é pela segurança dos jogadores. Mas depois não se coloca uma ambulância no estádio”, opinou. “Nesse caso, se acontecer alguma coisa a nível de segurança não há problema, porque dizem que não há fundos. É uma dualidade de critérios”, atirou.

 

Decisão esperada

Por sua vez, o Sporting Clube de Macau, através de José Reis, um dos dirigentes, mostrou-se feliz com a decisão, por permitir que clubes e jogadores possam continuar a competir.

“A decisão foi a esperada. Por muitos apelos que tenha havido, a FIFA fez aquilo que tinha de fazer. Violaram os regulamentos e a violação implica uma punição”, começou por dizer José Reis ao HM. “Também fico feliz pelo castigo pequeno, porque não acho que um castigo pesado fosse mudar o que quer que fosse para o futebol de Macau. Não acho que uma multa pesada, uma exclusão durante 10 anos, fosse forçar os órgãos dirigentes da associação a perceberem que era altura de mudarem de atitude ou saírem”, sustentou.

Para o dirigente, o caso mostra que os órgãos dirigentes da AFM estão agarrados ao poder, independentemente de fazerem um bom ou mau trabalho. “Estão agarrados e não querem sair de lá. Este foi um exemplo. Isto foi muito mau, mas pelos vistos teria de haver uma hecatombe gigantesca. Nem consigo imaginar algo muito pior, para eles perceberem que têm de sair”, opinou.

Por outro lado, José Reis apontou ainda que este tipo de situações afectam tremendamente o trabalho dos clubes, em aspectos como os patrocínios. “Quando vamos falar com as pessoas para termos apoio e investir no futebol, estas situações fazem com que não tenhamos o mínimo de credibilidade. As pessoas lêem os jornais e as notícias e sabem em que estado está o futebol”, explicou. “As pessoas que ligam ao futebol estão revoltadas, basta ver o que se passa nas redes sociais, entre as comunidades portuguesa e chinesa”, justificou.

Confrontado com a penalização, ontem, Pun Weng Kun, presidente do ID recusou a ideia de o dinheiro para pagar a multa vir dos cofres públicos. Pun afirmou ainda acreditar que a AFM tem capacidade para lidar com os problemas existentes na modalidade. Por outro lado, o presidente do ID referiu a necessidade da AFM melhorar a comunicação com os outros agentes do futebol, devido ao encontro entre Ka I e Hang Sai, que terminou com 39 golos, como forma de protesto.

No dia seguinte à divulgação do castigo, o HM entrou em contacto com a AFM, através dos canais disponíveis para a comunicação, mas não foi possível estabelecer a comunicação.

 

 

Liga alternativa?

Face à forma como a AFM tem lidado com os clubes, o cenário de haver uma liga independente formada por algumas equipas não é de todo afastado. Para Benfica de Macau e Sporting de Macau, o cenário não deve ser rejeitado, e até poderá ser visto como a melhor alternativa para o futebol de Macau. Já o Monte Carlo afasta o cenário, porque não acredita que se concretize sem a AFM. Porém, Firmino Mendonça concorda que a AFM está a falhar face ao esforço dos clubes para promover o futebol.

1 Jul 2019

Taça de Macau | Jogo entre Ka I e Hang Sai termina com 39 golos

[dropcap]K[/dropcap]a I e Hang Sai disputaram ontem um jogo a contar para a Taça de Macau e a partida terminou com um total de 39 golos.

As duas equipas optaram por não levar a partida a sério como forma de protesto contra o estado do futebol local, mais concretamente face ao facto da selecção de Macau ter abdicado de participar num jogo de qualificação para o Mundial 2022, no Sri Lanka.

Além disso, o encontro foi realizado num Canídromo, com o campo a apresentar mais areia do que relva. No final, o Ka I venceu o Hang Sai por 21-18.

17 Jun 2019

Selecção | Capitão escreve carta à FIFA a pedir oportunidade para jogadores

A oportunidade de uma vida. É desta forma que Nicholas Torrão apela à FIFA para voltar a agendar o jogo da segunda mão com o Sri Lanka com vista ao apuramento para o Mundial 2022. Já o presidente da associação, Chong Coc Veng, disse aos jogadores que os seus amigos no Sri Lanka anteviram a possibilidade da equipa de Macau ser alvo à chegada de um atentado terrorista

 

[dropcap]N[/dropcap]icholas Torrão, capitão da selecção de Macau, escreveu uma carta aberta à FIFA, entidade internacional responsável pelo futebol, a apelar a um novo agendamento da segunda mão frente ao Sri Lanka. A carta está assinada em nome individual e refere que os jogadores “ficaram totalmente devastados” com o cancelamento da segunda mão da eliminatória.

“Nós, os jogadores, ficamos totalmente devastados com o cancelamento do jogo da segunda mão frente ao Sri Lanka, que seria jogado no terreno deles, devido à Associação de Futebol de Macau se ter recusado a viajar”, pode ler-se no documento.

“O futebol é feito de regras e regulamentos, que compreendemos, mas acima de tudo o futebol é feito pelos jogadores. E os jogadores da selecção de Macau querem mais do que qualquer outra coisa viajar e jogar a segunda mão frente ao Sri Lanka e ter a oportunidade de disputar esta ronda de qualificação”, é acrescentado.

O atacante sublinha ainda que os jogos de apuramento são uma oportunidade única. “Sendo de uma região que está num dos lugares mais baixos do Ranking FIFA, estes jogos são uma oportunidade de uma vida de deixar a nossa marca no futebol do nosso País, e acima de tudo dos nossos cidadãos e fãs”, é sublinhado.

A Associação de Futebol de Macau (AFM) recusou a viajar para o Sri Lanka, onde tinha jogo agendado para terça-feira, na sequência dos ataques terroristas de Abril.

Chong com “espiões” no Sri Lanka

Apesar da questão dos seguros ter sido apontada como um dos entraves à viagem, a verdade é que Chong disse ao jogadores, segundo Leong Ka Hang, que havia a possibilidade de haver ataques terroristas. A informação teve por base os relatos de amigos de Chong no Sri Lanka e foi partilhada na reunião de segunda-feira à tarde, e divulgada por Leong Ka Hang, ao portal 01 de Hong Kong.

Leong terá também dito que não tenciona representar Macau brevemente e que sente que o facto de ter ligações à AFM é prejudicial para a sua imagem enquanto profissional de futebol.

Também na terça-feira, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura comentou o tema e saiu em defesa da AFM. Segundo Alexis Tam, que citou o Instituto do Desporto, ninguém quis assegurar os jogadores e como tal disse compreender a decisão. Tam disse ainda perceber a desilusão dos atletas, mas defendeu a AFM na questão da segurança.

Quando assumiu a pasta actual, Alexis Tam prometeu cinco anos “brilhantes” para as áreas sociais e da cultura. Agora corre o risco de ser o responsável pela tutela do desporto quando a selecção contrariou as decisões da FIFA e AFC e corre o risco de ser proibida de competir em provas internacionais.

Além desta proibição, que poderá envolver os clubes, a AFM fica sujeita ao pagamento de uma multa monetária que pode chegar aos 40 mil francos (325 mil patacas). Ao HM, a AFC confirmou que já tinha enviado a decisão de falta de comparência para a FIFA, para ser aberto um inquérito, assim como para as suas comissões.

13 Jun 2019

Portugal vence Holanda e conquista Liga das Nações

[dropcap]U[/dropcap]m golo de Gonçalo Guedes permitiu hoje à selecção portuguesa de futebol conquistar a primeira edição da Liga das Nações, com um triunfo por 1-0 na final com a Holanda, no Estádio do Dragão, no Porto.

O jogador do Valência, que substituiu no ‘onze’ João Félix em relação às meias-finais, resolveu o encontro aos 60 minutos, com um remate à entrada da área, após um passe de Bernardo Silva.

O conjunto das ‘quinas’ arrebatou o segundo título internacional da sua história, depois do campeonato da Europa de 2016, então numa final com a anfitriã França (1-0, após prolongamento), graças a um golo de Éder.

10 Jun 2019

China | Futebol assume importante papel geoestratégico

Dois investigadores da Universidade de Aveiro analisam o plano chinês para o desenvolvimento do futebol e falam da possibilidade de, no futuro, o investimento de grandes empresas chinesas em clubes, tanto na China como na Europa, poder diminuir. Sem ter o mesmo posicionamento dos Jogos Olímpicos e sem os mesmos recursos das equipas de topo, o futebol na China assume cada vez mais uma importância geoestratégica na Europa, defendem Emanuel Leite Júnior e Carlos Rodrigues

 

[dropcap]É[/dropcap] certo que na China os chineses não jogam futebol nem tem por hábito ir aos estádios, mas a verdade é que esta prática desportiva é cada vez mais popular no país. Xi Jinping tem um plano para o desenvolvimento do futebol na China, no entanto, este projecto enfrenta diversos desafios, como notam os investigadores da Universidade de Aveiro (UA), Emanuel Leite Júnior e Carlos Rodrigues, num trabalho de investigação intitulado “The Chinese plan for football development: a perspective from innovation theory”, recentemente publicado.

Os autores notam que o futebol conseguiu ter um verdadeiro impacto na sociedade nos últimos anos, apesar de, em termos de resultados, nunca ter conseguido atingir a mesma dimensão que os Jogos Olímpicos de 2008, quando a China ganhou inúmeras medalhas de ouro.

Mesmo sem resultados, o futebol tornou-se uma arma geoestratégica. “A China não tem as condições gerais para estar na competição de elite do futebol, que é o desporto mais popular do planeta e, nesse sentido, a única coisa que pode esperar é aproximar-se do elevado potencial (do futebol) enquanto meio de soft power”, escrevem os autores.

Acrescentam que “o futebol na China tem ainda falta de recursos para que possa ser minimamente competitivo a nível internacional”.

Apesar de as equipas de futebol chinesas não estarem no mesmo patamar que as equipas europeias, por exemplo, a verdade é que a China se faz notar através dos elevados investimentos que têm sido feitos por parte de empresas em equipas de futebol de toda a Europa, incluindo de Portugal.

Segundo os autores, assim que o plano de desenvolvimento do futebol, pensado para um período entre 2016 e 2050, foi lançado, empresas de grande dimensão da China como os grupos Alibaba, Dalian Wanda, Jiangsu e Fosun “começaram a fazer investimentos significativos nos mercados interno e externo de futebol”, sendo que “o desenvolvimento do mercado interno de futebol ganhou especial atenção, devido à contratação de jogadores estrangeiros, que envolveu elevados valores de transacção e salários”.

“A Liga Chinesa de Futebol começou a estar debaixo dos holofotes”, apontam os investigadores. Contudo, “está longe de ser claro que estes desenvolvimentos correspondem ao sonho de Xi Jinping de participar no campeonato mundial de futebol”.

Citando outros autores, Leite Júnior e Carlos Rodrigues salientam que a participação de grupos privados no investimento do futebol faz parte de uma estratégia governamental. “O Governo deixou de intervir directamente no mercado desportivo, limitando a sua acção a linhas orientadores e ao apoio ao desenvolvimento do sector, enquanto promove uma estrutura que permite estabelecer uma estrutura competitiva no mercado.”

Ao autorizar que o futebol se desenvolva com o apoio de privados, dentro da ordem do sistema capitalista, o Governo não deixa de assumir “um papel educacional” para que possa alterar “comportamentos e hábitos, a fim de garantir o poder de transformação necessário para destruir barreiras que estão profundamente enraizadas na cultura chinesa”.

Os autores acreditam também que “mais do que recursos e capacidade financeira, a capacidade para materializar esta mudança em termos de comportamentos e hábitos, ao nível da prática e do consumo do futebol, é o maior desafio e o único em termos da inovação social”.

Investimento pode diminuir

Depois de anos a investir em clubes europeus de topo, cujos investimentos atingiram os 168 milhões de dólares americanos em 2015, mais do que os custos totais suportados pela Confederação Asiática de Futebol, o cenário pode alterar-se nos próximos anos.

“É previsível que esta onda frenética de investimento chinês deverá diminuir, apesar de ter existido uma especulação sobre a possibilidade de jogadores de topo como Rooney ou Diego Costa irem para a China”, escreveram os académicos.

Mesmo que este investimento venha a diminuir, os autores garantem que o cenário geopolítico do futebol já se alterou por completo.

“Estas operações, tal como esperado, tiveram uma enorme repercussão na Europa. O investimento chinês no futebol trouxe um aumento a uma significativa deslocação da centralidade de poder, além de ter alterado a geopolítica do desporto.”

Maior ambição

Apesar do plano para o desenvolvimento do futebol na China ter sido implementado em 2016, a verdade é que, de acordo com o Diário do Povo, o mesmo plano passou a ser mais ambicioso a partir de 2017, quando se definiram objectivos concretos a atingir nos anos de 2020, 2030 e 2050.

Neste sentido, daqui a dois anos as autoridades chinesas prevêem que o país tenha cerca de 20 mil escolas de futebol e 70 mil campos para a prática da actividade, além de que as escolas primárias e secundárias devem incluir no seu plano de estudos 30 a 50 minutos de treino de futebol.

Em 2030 o número de escolas deverá passar para as 50 mil, além de que “a equipa masculina chinesa deverá ser uma das melhores da Ásia e a selecção feminina deve atingir o nível mundial”.

Até 2050 a China pretende que a selecção masculina participe não só em campeonatos mundiais como passe a figurar no ranking 20 da FIFA. O país deve, ainda, organizar o campeonato do mundo de futebol e, inclusivamente, ser vencedor de uma edição.

“A fim de atingir objectivos tão ambiciosos, além de outras medidas, o plano de desenvolvimento do futebol estabelece que a Associação Chinesa de Futebol deve organizar e gerir o desenvolvimento do futebol em todo o país, de uma forma viável e sustentável, garantindo ainda um ambiente competitivo e justo”, apontam os autores.

Além disso, é exigido aos clubes que adoptem formas modernas de gestão, estando prevista a participação do sector privado nesse processo.

Esta mudança de planos está relacionada com os sonhos de Xi Jinping de elevar o futebol chinês a outro patamar. “A China pôs em prática o seu ousado projecto de futebol não apenas porque o Presidente pretende ver a equipa nacional entrar na elite mundial do futebol, como pretende tirar vantagem deste popular desporto como um instrumento que promova o crescimento do desporto em toda a nação e contribuir para o desenvolvimento da economia, sociedade e cultura”, lê-se.

Sobre o futuro, e apesar de considerarem “difícil” prever o que vai acontecer, os autores deste trabalho de investigação acreditam que as autoridades chinesas “vão continuar a lutar pela implementação do plano a fim de atingir o objectivo de um crescimento ‘saudável e estável’ não apenas do futebol, mas de todo o mercado desportivo”.

“Isso, incluindo novos recursos financeiros, como é o caso dos que são obtidos com os novos impostos sobre o valor das transferências de jogadores. Ficou estabelecido que esses montantes servirão para apoiar o desenvolvimento de escolas de formação para novos jogadores, tal como a promoção da comunidade futebolística e o fomento de iniciativas de caridade ligadas a este desporto”, concluem os autores.

30 Mai 2019

Marcello Lippi reassume cargo de seleccionador de futebol da China

[dropcap]O[/dropcap] treinador italiano Marcello Lippi vai reassumir a selecção chinesa, quatro meses após ter deixado o cargo, com o objectivo de qualificar o país para o Mundial 2022, anunciou hoje a Federação Chinesa de Futebol (CFA).

“Quando Lippi esteve anteriormente à frente da equipa nacional, os jogadores demonstraram uma atitude positiva e um espírito combativo”, indica o comunicado emitido pela CFA.

Marcelo Lippi, de 71 anos, tinha deixado o cargo de seleccionador da China em Janeiro, após a eliminação por 3-0 diante do Irão, então treinado pelo português Carlos Queiroz, nos quartos de final da Taça Asiática.

“Com Lippi, acreditamos que a equipa masculina chinesa não deixará pedra sobre pedra para alcançar o sonho de uma qualificação para o Mundial 2022”, que se realiza no Qatar, acrescentou a federação.

O treinador, que conduziu em 1996 a Juventus ao título europeu, tinha sido substituído interinamente na selecção chinesa pelo compatriota Fabio Cannavaro, que orientou dois jogos em Março, acumulando o cargo com o de técnico do Guanghzou Evergrande.

24 Mai 2019