Euro 2020 | Grupo D fechado com vitória inglesa e croata

De calculadora na mão, Inglaterra e Croácia entraram em campo com mentalidades diferentes. Os pupilos de Gareth Southgate já tinham bilhete para os oitavos, os quatro pontos conquistados antes do embate contra a República Checa eram suficientes. Os axadrezados, porém, ainda tinham de vencer a Escócia para continuarem na prova. Apesar de contextos diferentes, ambas cumpriram a sua missão

Por Martim Silva

 

Foi em solo britânico que ficou decidido o Grupo D do Euro 2020. A selecção da Escócia jogou com a Croácia em Glasgow, e os ingleses defrontaram os checos em Londres. Com vantagem caseira para duas equipas, apenas uma saiu ilesa e com passagem para a fase seguinte do torneio.

No jogo que opôs croatas e escoceses ficou claro quem pertencia na fase seguinte, mesmo sem se saber o resultado do outro encontro do grupo. Na selecção de Zlatko Dalic não há como falhar. Uma equipa repleta de talentos como Ivan Perišić, Mateo Kovačić, Nikola Vlašić, Marcelo Brozović e Luka Modrić aproxima qualquer equipa da vitória.

Com quantidade na qualidade, a Croácia não teve uma noite fácil frente à Escócia. A equipa de Steve Clarke, ex-adjunto de José Mourinho, nesta fase de grupos, não foi capaz de vencer um único jogo muito devido à sua inconsistência no momento da organização ofensiva. O recurso aos cruzamentos foi constante e não existiam unidades criativas com capacidade de progressão e finalização.

Consoante a posse de bola que tinham, a grande unidade criativa e disruptiva do ataque escocês era o lateral esquerdo, Andy Robertson. No jogo de ontem, e apesar da vertente rudimentar do ataque do Exército de Tartan, o defesa do Liverpool concluiu a sua campanha no Euro como o jogador com mais cruzamentos (15) e mais cruzamentos para a grande área (5). Conseguiu alcançar também a liderança de passes para finalização (9). E é numa situação como esta, a de eliminação, que Clarke se arrependerá de não ter convocado um dos melhores jogadores da Liga NOS deste ano e que detém nacionalidade escocesa, Ryan Gauld.

Mas a Escócia até causou diversos problemas à vice-campeã mundial de 2018 com o seu bloco baixo e aposta na transição ofensiva. Porém, os escoceses tiveram de lidar com Modrić sempre perto da bola. Num jogo até ineficaz em oportunidades de golo, aos 17 minutos de jogo surge o primeiro tento do encontro marcado por Nikola Vlašić num remate dentro da grande área. A resposta veio perto do intervalo, com a Escócia a empatar com golo de Callum McGregor aos 42 minutos.

Na segunda parte e aos 62 minutos, o ex-Bola de Ouro, Luka Modrić marca um golaço de trivela perto da entrada da grande área. Durante a partida, o médio croata esteve longe da zona de remate e a sua equipa sofreu com isso. Mas quando teve a oportunidade, marcou um dos melhores golos desta edição do Euro. A exibição do médio croata não terminou com o golo de trivela, juntando a assistência para Ivan Perišić marcar de cabeça aos 77 minutos.

Em jogo de grande intensidade, a qualidade de Modrić fez a diferença. A Croácia alcançou o segundo lugar do Grupo D e irá defrontar o segundo classificado do Grupo E. Já a Escócia vai para casa, curiosamente o mesmo sítio onde deixaram Ryan Gauld.

Vitória confortável

Com o apuramento já, praticamente, assegurado e com necessidade de mexer na equipa, devido também à proximidade que jogadores como Ben Chilwell e Mason Mount tiveram com o infectado pela covid-19, Billy Gilmour da Escócia, Gareth Southgate colocou, finalmente, em campo como titular Jack Grealish.

O jogador do Aston Villa teve logo impacto na partida com a assistência do único golo da partida, marcado por Raheem Sterling. O cruzamento de Grealish deu golo logo aos 12 minutos com os checos a não darem grande resposta durante o resto da partida.

Dos melhores em campo foi o guardião da República Checa, Tomáš Vaclík, que já frente à Escócia tinha feito uma enorme exibição. Apesar das limitações ofensivas de ambas as equipas, o jogo deu para estrear caras novas na parte inglesa. Bukayo Saka, Harry Maguire, Jordan Henderson e Jadon Sancho estrearam-se no jogo de ontem pela selecção dos Três Leões. Com apenas 68 minutos jogados, Grealish foi dos melhores em campo. Tal como Gauld, não se percebe como é que o médio do Aston Villa não consegue ter lugar no onze inicial da equipa de Southgate.

Mesmo sendo um jogador que vem de lesão, Grealish foi o jogador que mais faltas sofreu na Premier League este ano (109), foi o 3.º jogador da competição com mais passes para finalização (83) e o 4.º jogador com mais assistências (10).

A vitória pela vantagem mínima faz com que Inglaterra fique à espera para saber quem irá defrontar nos oitavos de final. Será o 2.º classificado do grupo de Portugal que é decidido de quarta para quinta-feira às 3h. Um confronto entre ingleses e portugueses seria interessante e histórico.

 

Oitavos começam em terra de Cruyff

Dinamarca e País de Gales formam um par inesperado no primeiro jogo da fase a eliminar do Euro 2020. O palco do embate entre os dois conjuntos é a Arena Johan Cruyff em Amesterdão, casa de um dos clubes mais emblemáticos da Europa, o Ajax.

Num palco tão importante, e com o nome de uma das grandes lendas do futebol mundial, cada equipa terá sobre si níveis de pressão diferentes. O histórico de ambas na competição assim o diz.

Para o País de Gales o palco ainda é novo. A equipa de Robert Page está a participar no seu segundo Euro sendo que o primeiro, em 2016, ficou marcado pela eliminação nas meias-finais por Portugal.

Na primeira presença fica a uma vitória da final e na segunda, ainda a decorrer, passa a fase de grupos.
Quanto à Dinamarca, o historial é mais longo. A conquista surpreendente do Euro em 1992 colocou a selecção nórdica no leque de 15 países que venceram a prova. Porém, a equipa de Kasper Hjulmand tem mais jogadores a actuar nas melhores equipas do mundo do que em 1992. Contudo, o talento não se esgota todo no conjunto dinamarquês, tendo o País de Gales jogadores experientes e habituados aos grandes palcos do futebol como Gareth Bale, Aaron Ramsey e Joe Allen.

Desta maneira, galeses e dinamarqueses têm intervenientes capazes de tornar o jogo de sábado para domingo, às 00h, numa partida interessante, aberta e com emoções à mistura.

O primeiro encontro dos oitavos de final promete colocar frente a frente o velho confronto entre experiência e inexperiência. Para a Dinamarca, validar o seu passado glorioso é motivação suficiente. Para o País de Gales derrotar um histórico europeu é um belo início de caminhada na sua segunda presença na competição de selecções do velho continente.

 

Áustria e Itália não se defrontam desde 1998

No segundo duelo dos oitavos de final do Euro 2020, austríacos e transalpinos entram em campo às 3h, de sábado para domingo, no estádio de Wembley em Londres. No jogo em terra de Sua Majestade, a Itália terá o peso de não se ter qualificado para o Mundial de 2018 em cima dos seus ombros.

Os azzurri atravessaram uma humilhação há três anos e têm pelo caminho uma oportunidade única para se redimirem e mostrarem a sua verdadeira qualidade. Mas para o conjunto de Roberto Mancini, o passado tem de ser colocado de lado e a concentração terá de residir no presente.

A equipa italiana tem sido demolidora em todos os momentos do jogo. Durante a fase de grupos não sofreu golos e o seu guardião, Gianluigi Donnarumma, defendeu apenas dois remates em três jogos. Manuel Locatelli lidera a categoria da melhor percentagem de remates à baliza com 100%, sendo juntamente com Ciro Immobile um dos melhores marcadores do Euro com 2 golos.

Com tantas lideranças de Itália no departamento estatístico da competição, será prudente constatar que a Áustria não está muito atrás. David Alaba lidera o Euro em toques na bola (278), número de cantos (15), passes para finalização (9), tem duas assistências e é dos jogadores com mais minutos na competição. Mas esta equipa não é só Alaba. Marcel Sabitzer é quem fez mais passes para a grande área (8), Stefan Lainer lidera em bloqueios (14) e Aleksandar Dragović tem uma percentagem perfeita de duelos aéreos ganhos (100%).

Com qualidade dos dois lados, e sem se enfrentarem em competições oficiais desde o Mundial de 1998, Franco Foda admite um jogo dividido. “Não há adversários fáceis e sabemos disso. A Itália não perde há uma eternidade, mas talvez chegue o momento. Será importante para nós prepararmo-nos com foco e recuperarmos.” concluiu o seleccionador austríaco.

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