Luso-angolano Lázaro Oliveira pede mais ambição para continuar na seleção de Macau

O treinador luso-angolano Lázaro Oliveira, cujo contrato com a Associação de Futebol de Macau termina este mês, pediu mais ambição, após a seleção ser eliminada da qualificação para a Taça Asiática de 2027.

“Temos que aceitar que, depois da pandemia, Macau caiu para o fundo do futebol asiático”, disse Oliveira, na conferência de imprensa após a derrota por 0–1 com o Brunei, em casa, na segunda mão do play-off.

Macau foi das últimas seleções de futebol a regressar aos jogos, em março de 2023, depois de uma pausa de quase quatro anos imposta pela política de ‘zero covid’, que incluía a restrição das entradas e quarentenas que chegaram a ser de 28 dias.

A equipa “tem de jogar mais vezes”, defendeu Oliveira, sublinhando que, nos últimos 12 meses, Macau apenas disputou duas partidas oficiais, em outubro de 2023.

No final de agosto, a FIFA confirmou a exclusão de cinco jogadores portugueses por não possuírem passaporte. Apenas os cidadãos chineses com estatuto de residente permanente em Macau podem obter um passaporte do território.

A decisão impediu o capitão, o luso-sul-africano Nicholas Torrão, Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal, o central Vítor Almeida e o avançado Iuri Kaewchang Capelo de jogarem contra Brunei.

Lázaro Oliveira voltou a lamentar a exclusão dos portugueses, mas sublinhou que isso deu oportunidade a vários jovens da equipa de sub–21 de se estrearem pela seleção. “Eles são o futuro de Macau, mas para elevar o nível competitivo, eles precisam de competir, de ganhar experiência”, disse o treinador.

Oliveira assinou contrato como selecionador em outubro de 2019, mas regressou a Portugal em março de 2020. Depois só conseguiu voltar a Macau após a região ter abandonado, em meados de dezembro de 2022, a política de ‘zero covid’.

“O meu contrato termina este mês e tenho de falar com a minha família e com a Associação. Temos de ter melhores condições. Se o objetivo é continuar a fazer uns jogos de vez em quando, terei de pensar no futuro”, explicou o luso-angolano.

Após uma vitória por 3-0 na primeira mão, o Brunei segue para a terceira ronda, em busca de uma qualificação inédita para a Taça Asiática de 2027, a disputar na Arábia Saudita.

O selecionador interino, Jamie McAllister, que sucedeu ao português Rui Capela, disse na conferência de imprensa estar “muito orgulhoso” pelo Brunei ter conseguido cinco vitórias consecutivas, pela primeira vez na sua história.

O escocês sublinhou que a vitória no play-off já é “uma enorme conquista”, mas garantiu que a seleção do sudeste asiático vai “dar tudo” na próxima ronda, uma fase de grupos, cujos jogos arrancam em março.

12 Set 2024

FIFA exclui jogadores portugueses da selecção de Macau

A FIFA confirmou a exclusão de cinco jogadores portugueses da equipa masculina de Macau por não possuírem o passaporte da RAEM, disse sexta-feira à Lusa o seleccionador Lázaro Oliveira.

O luso-angolano disse que a Federação Internacional de Futebol (FIFA, na sigla em francês) já informou a Associação de Futebol de Macau da decisão de ratificar uma exclusão imposta pela Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês).

A decisão irá, no imediato, afectar o capitão, o luso-sul-africano Nicholas Torrão, Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal, o central Vítor Almeida e o avançado Iuri Kaewchang Capelo, lamentou Lázaro Oliveira.

O seleccionador disse que contava com os quatro jogadores para as duas mãos do ‘play-off’ de qualificação para a Taça Asiática 2027, contra o Brunei, que estão marcadas para 05 e 10 de Setembro.

Apesar de admitir que a situação fica “mais difícil”, Oliveira garantiu que Macau não desiste de sonhar: “Agora é pôr o foco nos jogadores que estão presentes e tentar rentabilizá-los ao máximo para que possam fazer dois bons jogos e tentar passar”.

A médio prazo, acrescentou o seleccionador, a exclusão afecta também David Kong Cardoso, jogador do Fabril do Barreiro, que disputa o Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol português, mas que actualmente está lesionado.

Vítor Almeida, de 33 anos e radicado em Macau há quase nove anos, disse à Lusa que a decisão “não faz sentido”. “Há sensivelmente oito meses, jogámos o apuramento para o Mundial, em que não houve problema nenhum”, recordou o defesa.

Em Outubro, Macau foi eliminada por Myanmar (antiga Birmânia) da corrida ao Mundial2026 após uma derrota por 5-1 fora e um empate a zero em casa, partidas em que participaram Vítor Almeida, Nicholas Torrão, Filipe Duarte e o médio Nuno Pereira, que então jogava no Imortal, do Campeonato de Portugal.

Vítor Almeida descreveu esta exclusão como injusta para jogadores nascidos no exterior como Nicholas Torrão, que “já representa a selecção há mais de 20 anos e representou nas camadas jovens”, mas sobretudo para Iuri Capelo.

Capelo, que nasceu em Macau há 31 anos, disse à Lusa estar “desiludido e um bocado frustrado”. “Nós todos trabalhamos, não vivemos do futebol. Então requer algum esforço da nossa parte ir aos treinos e é sempre um orgulho para todas as pessoas poderem representar o local onde nasceram”, sublinhou.

Sem excepções

Apenas os cidadãos chineses com estatuto de residente permanente em Macau podem obter um passaporte do território.

Filho de mãe tailandesa e pai português, Capelo disse que, de acordo com as autoridades de Macau, teria de renunciar ao passaporte português. “Como é uma decisão pessoal minha, não quero renunciar à minha nacionalidade”, explicou.

O jogador do Benfica de Macau, actual campeão, disse que a decisão da FIFA “pode desmotivar os mais jovens”, mas alertou que actualmente já há poucos não chineses “a jogar pelas camadas mais jovens da seleção de Macau”.

Vítor Almeida, que também lidera uma escola de futebol, sublinhou a importância de não “ficar resignado e desistir”, para que os jovens da região “tenham essa possibilidade de poder representar a selecção de Macau mesmo não sendo chineses”.

Uma porta-voz da Associação de Futebol de Macau confirmou à Lusa a exclusão, de acordo com regulamentos da AFC aprovados já em 2021, e lamentou que não haja qualquer excepção para “jogadores que já representam Macau há muitos, muitos anos”.

26 Ago 2024

Agente guineense em Macau quer apoiar futebolistas locais

O advogado guineense Taylor Gomes, primeiro agente em Macau certificado ao abrigo de novas regras da Federação Internacional de Futebol (FIFA), quer apoiar jogadores locais na “transição difícil” do futebol de formação para o profissional.

O novo Regulamento de Agentes de Futebol da FIFA (FFAR, na sigla inglesa), aprovado no final de 2022, foi para Taylor Gomes, advogado em Macau, uma oportunidade de regressar ao futebol.

Ligado à modalidade desde pequeno, o guineense, que vestiu a camisola de vários clubes de Macau, chegou mesmo a sonhar tornar-se profissional, mas o Direito acabou por levar a melhor.

Tornou-se recentemente no primeiro agente de futebol em Macau ao abrigo das novas regras da FIFA, que vieram regulamentar a actividade “de forma mais estrita e centralizar o licenciamento”, conta o advogado em entrevista à Lusa.

No passado, explica Taylor Gomes, os agentes registavam-se junto de associações ou federações e, de acordo com os requisitos dos países onde quisessem atuar, exercendo a profissão livremente. Agora, a FIFA é quem tem essa responsabilidade, sendo a certificação atribuída através de um exame ‘online’, que o advogado realizou em Maio.

“Anteriormente, eu teria de estar num mercado em que o futebol fosse mais desenvolvido, que não é a realidade de Macau (..). Não estando na Europa, não estando em nenhum desses países onde se faz mais transações, teria dificuldade de estar aí registado”, conta.

Mas se a ideia deste advogado era apoiar numa primeira fase os jovens de Macau a fazerem a transição para o universo profissional, a notícia sobre o licenciamento de Taylor, avançada esta semana pelo jornal de Macau Ponto Final e partilhada nas redes sociais, veio abrir outras portas.

O guineense diz que recebeu “contactos quase do mundo inteiro por força daquela notícia” e salienta solicitações de “jogadores a actuar em Portugal e Turquia, de origem africana”.

A Guiné-Bissau é um mercado a “explorar, com certeza”. Além dos contactos “mais avançados” terem partido de profissionais guineenses, Taylor Gomes já foi abordado por um projecto com academias daquele país africano “que quer ajudar jovens a dar o salto, normalmente para Portugal, a porta de entrada da maior parte dos guineenses na Europa”.

No que diz respeito a Macau, o agente nota que há formação “de alguma qualidade” no território, mas que o processo de transição é difícil. Ao contrário da Europa ou da América Latina, onde jogadores “de 14, 15 ou 16 anos já têm uma maturidade física e competitiva muito grande”, em Macau a evolução dos jovens “fica atrofiada” devido ao défice de nível competitivo.

“Quando vão estudar para fora com 18 anos, que já é tarde para o futebol na Europa, têm dificuldade em acompanhar o ritmo dos jogadores ou de colegas que já estão a competir há muito tempo e com um nível bastante elevado”, considera.

Mais-valias

Tendo como um dos objectivos locais apoiar jogadores “a darem o salto para a Europa”, a detenção do passaporte português pode ser “muito importante”. É que, por exemplo, a transição de um jogador de Macau para Portugal tem “limitações e entraves”.

“Um jogador que tenha passaporte chinês e que seja menor de idade pode ter dificuldades em ser inscrito em Portugal para campeonatos de camadas jovens. Isso é um aspecto primordial, porque os jogadores que saem de Macau nunca vão ser produtos acabados, são jogadores que vão para Portugal, que se quer que possam ir ainda em idade para integrarem as camadas de formação e aí evoluírem. E há limitações no que diz respeito à inscrição de estrangeiros, principalmente quando não acompanhados pelos pais”, indica.

Neste sentido, os detentores de passaporte português em Macau são um dos grupos prioritários do novo agente.

No entanto, para agenciar menores de idade, Taylor Gomes tem de completar uma formação adicional, estando ainda a aguardar que esta esteja disponível ‘online’.

17 Jun 2024

Futebol | Estrelas portuguesas em Macau 22 anos depois

Antigas estrelas do futebol português jogaram ontem em Macau, 22 anos depois de a selecção, uma das favoritas para o Mundial2002, ter chegado para um estágio que mudou a imagem de Portugal na região chinesa.

Vítor Baía, Pauleta, Nuno Gomes e Luís Figo – acabado de conquistar a Liga dos Campeões pelo Real Madrid e um ano depois de ser o segundo português a vencer a Bola de Ouro, 35 anos depois de Eusébio – faziam parte dos convocados liderados por António Oliveira que participaram no Mundial realizado na Coreia do Sul e no Japão.

Joseph Tam Lao San era na altura um jovem jornalista da televisão pública de Macau, a TDM, e não perdeu a oportunidade de tirar uma foto com Figo. “Aquela era vista como a ‘geração de ouro’ de Portugal”, disse Tam. Dois anos e meio depois da administração de Macau ter passado para a China, em 20 de Dezembro de 1999, o sentimento da população em relação a Portugal ainda era misto. Mas a passagem da selecção ajudou a mudar mentalidades.

Joseph Tam não perdeu a oportunidade de mostrar a Figo a foto tirada há 22 anos. O antigo internacional português, de 51 anos, riu-se e não se fez rogado a autografar a imagem já meio amarelada.

“Trouxe-me mesmo boas memórias”, disse Tam, que actualmente continua a trabalhar na TDM, mas que nas duas décadas que passaram teve uma segunda vida, ligada precisamente ao futebol.

Tam foi o treinador que levou a equipa de futebol masculina de Macau – cuja estrela era o luso-sul-africano Nicholas Torrão – ao maior feito da sua história, a final da Taça da Solidariedade 2016, então a segunda principal competição para selecções da Ásia.

Jornalistas de Hong Kong, da China continental e até do Japão vieram a Macau para acompanhar ontem o jogo contra uma equipa do sul da China e, no sábado, um treino com jovens futebolistas de Macau.

Chui Man Hou, o pai de um deles, não perdeu um segundo do que se passava no treino, com uma camisola da seleção portuguesa ao ombro. “Ele só tem oito anos, é demasiado novo para saber quem são estes jogadores”, admitiu.

Mas Chui recorda-se bem de 2002, da vitória por 2-0 num amigável em Macau contra a China – que desde então não voltou a qualificar-se para um Mundial – e de acompanhar os jogos de Portugal nesse Mundial, em que acabou por não passar da fase de grupos, face às derrotas com Estados Unidos (3-2) e Coreia do Sul (1-0). Pelo meio, a equipa das ‘quinas’ ainda venceu a Polónia (4-0). “O meu preferido era o Figo”, disse.

Figo maduro

O antigo Bola de Ouro foi a grande estrela durante o jogo de ontem, marcando dois dos golos com que a equipa portuguesa venceu, por 11-4, para satisfação dos milhares de pessoas presentes no Macau Dome, muitas com camisolas e cachecóis de Portugal.

“Para nós, é uma alegria poder estar aqui, de volta a Macau, depois de tantos anos e podermos festejar com tanta gente local e também portuguesa”, disse Figo, referindo-se às comemorações dos 25 anos da transferência de soberania do território. Chui Sai On, o anterior líder do Governo, foi o convidado de honra do jogo de ontem.

20 Mai 2024

China | Criadas regras para jogos de futebol internacionais para evitar “publicidade enganosa”

A Associação de Futebol da China (CFA) publicou ontem regulamentos mais rigorosos para a organização de jogos internacionais no país, na sequência do descontentamento entre os adeptos chineses suscitados pelos casos de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.

Os novos regulamentos, que visam acabar com a “desorganização e a publicidade enganosa”, obrigam os organizadores a divulgarem publicamente as condições de participação dos jogadores utilizados como chamariz, antes da venda dos bilhetes.

As regras proíbem também os organizadores de prepararem e participarem em jogos internacionais sem autorização da CFA e punem os infractores com a proibição de registar eventos semelhantes durante, pelo menos, dois anos. Os regulamentos estabelecem igualmente requisitos mais rigorosos no que se refere à apresentação da documentação pré – evento.

Os organizadores devem agora apresentar com 80 e 60 dias de antecedência os planos dos eventos, as confirmações da FIFA, os acordos com equipas estrangeiras e as listas do pessoal estrangeiro envolvido. A CFA também baniu a publicidade que confirme o jogo antes da aprovação do organismo internacional e exigiu que os organizadores melhorem as condições de venda de bilhetes.

Lesões e desilusões

Em Novembro, a digressão do clube norte-americano Inter Miami na China, que contava com a presença do argentino Messi e dos espanhóis Sergio Busquets e Jordi Alba, entre outros jogadores de renome internacional, foi cancelada apenas quatro dias antes do primeiro jogo no país.

Mais recentemente, em Fevereiro, a presença de Messi e do uruguaio Luis Suárez foi anunciada para outro amigável do Inter Miami em Hong Kong, mas nenhum dos jogadores entrou em campo devido a lesão, provocando a ira dos adeptos.

Em Janeiro, o jogo que o Al-Nassr, da Arábia Saudita, iria disputar na cidade de Shenzhen, no sul da China, com a presença de Cristiano Ronaldo, também foi cancelado devido à lesão do craque português nos dias que antecederam o encontro.

Após a publicação dos novos regulamentos, os utilizadores da rede social Weibo rapidamente apelidaram as regras de “Cláusula Messi”, em referência à ausência do vencedor do Campeonato do Mundo no amigável na antiga colónia britânica.

25 Abr 2024

Futebol | Figo, Nuno Gomes e companhia em Macau em Maio

Uma equipa de antigos futebolistas internacionais portugueses, como Luís Figo, Bola de Ouro em 2000, ou Ricardo Quaresma, campeão europeu em 2016, vai disputar um jogo amigável, a 19 de Maio, em Macau, foi ontem anunciado. Além de Figo e de Quaresma, vão jogar em Macau Pauleta, Nuno Gomes, Dimas, Maniche, Bosingwa, Tiago, Hélder Postiga, entre outros, disse a organização do evento, em comunicado.

O encontro de futebol de 5×5 com a equipa chinesa GBA Flying Dragon decorre no âmbito das comemorações do 25.º aniversário da transferência de administração do território de Portugal para a China, a assinalar a 20 de Dezembro deste ano, e também dos 45 anos do restabelecimento das relações diplomáticas sino-portuguesas.

A GBA Flying Dragon é uma equipa constituída por jogadores de futebol da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e da Hong Kong All Stars Sports Association, incluindo Natalis Chan, Eddie Ng, Frankie Lam, Eddie Cheung, Danny Chan, Chan Chi Hong, Leslie George Santos, Wong Chin Hung, Chan Tat Sun, Geofredo Cheung, Wu Qunli, Hu Zhijun e Lu Lin, acrescentou.

O Amigável de Futebol de Cinco SJM: Ícones de Portugal vs. GBA Flying Dragon é organizado pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e Instituto do Desporto, contando com o apoio técnico da Associação de Futebol de Macau.

24 Abr 2024

China | Antigo responsável pelo futebol condenado a 17 anos de prisão

O antigo vice-presidente da Associação Chinesa de Futebol, Wang Dengfeng, foi ontem condenado a 17 anos de prisão por desvio de fundos e suborno, num novo golpe da campanha anticorrupção contra as autoridades do futebol do país.

Segundo a imprensa local, Wang foi ainda multado em cinco milhões de yuan, depois de se ter aproveitado dos seus cargos na Associação Chinesa de Futebol e no Ministério da Educação – onde era director do Departamento de Educação Física, Saúde e Artes – para obter favores.

Segundo o tribunal, Wang utilizou o cargo no ministério para desviar mais de 44,9 milhões de yuan em fundos públicos, e a vice-presidência do organismo encarregue do futebol na China para ajudar associados a obter contratos para projectos e eventos.

Em troca, recebeu cerca de 9,66 milhões de yuan em património. Wang, contra quem a investigação foi iniciada em Agosto de 2022 e que foi detido em Fevereiro de 2023, confessou os crimes e devolveu os fundos e os bens que tinha desviado, pelo que recebeu uma pena mais branda, segundo o jornal oficial China Daily.

Nos últimos anos, as autoridades chinesas detiveram ou lançaram investigações contra o presidente da Superliga de futebol, o director-adjunto da Administração Geral do Desporto e até Li Tie, antigo treinador da selecção nacional e antiga estrela do país que chegou a jogar no clube inglês Everton. Li foi acusado de crimes de corrupção, incluindo suborno.

Em Outubro passado, a Associação Chinesa de Futebol escolheu como novo presidente Song Kai, que, perante os casos de corrupção que salpicaram a instituição – incluindo o seu presidente entre 2019 e 2023, Chen Xuyuan, que enfrenta um julgamento por aceitar mais de 11 milhões de dólares em subornos, entre outras acusações – prometeu torná-la “mais aberta e transparente”.

20 Mar 2024

Macacadas portistas

Entre 2013 e 2018, quando o Sport Lisboa e Benfica conquistou vários campeonatos nacionais de futebol, lembro-me perfeitamente do que li por parte dos detractores do Benfica. Essencialmente, que o Benfica “comprava” os árbitros e essa era a razão de tantos títulos. Esqueciam-se os críticos que o Benfica teve durante essas vitórias, dos melhores jogadores que passaram por Portugal. Mas, esqueceram-se do fundamental: que o presidente do FC Porto foi levado a tribunal como suspeito do famoso caso ‘Apito Dourado’ e da “fruta” para os árbitros. Recordo-me perfeitamente que nessa altura, Pinto da Costa entrou no tribunal ladeado e protegido por um grupo enorme pertencente à claque oficial do FC Porto, os chamados ‘Super Dragões’, onde já figurava Fernando Madureira, mais conhecido pelo ´macaco’, como chefe da claque. Constatou-se em 2018 que os portistas tinham memória curta quando criticaram as vitórias do Benfica com a “ajuda” dos árbitros.

Na semana passada, este facto mereceu a recordação de tudo o que se passou nas hostes portistas quando a PSP entrou pela casa de Madureira, fez buscas, encontrou grande quantidade de dinheiro, de drogas, de material pirotécnico e uma arma, para além de os telemóveis seu e da sua mulher, os quais devem ter dado aos investigadores imenso conteúdo comprometedor entre Madureira e a Direcção da SAD do FC Porto. A verdade é que foram 12 pessoas detidas ligadas a Madureira e ao FC Porto. Inclusivamente Madureira e sua mulher declaravam às Finanças um rendimento mensal de dois mil euros e, no entanto, estão a construir uma casa no valor de milhões de euros junto à praia de Gaia.

Naturalmente que este caso não é virgem. Madureira já esteve incluído há mais de 15 anos em vários processos judiciais e ao livrar-se da prisão convenceu-se em absoluto que seria intocável porque tinha a protecção do presidente do FC Porto. E esta acção policial teve a ver precisamente com a última Assembleia-Geral dos portistas onde o grupo de Madureira – às ordens de funcionários do FC Porto que foram agora detidos – agrediu e ameaçou quantos se encontravam no pavilhão e que fossem adeptos da candidatura de André Villas-Boas à presidência do FC Porto. O grupo de Madureira, o célebre ´Super Dragões´, por diversas vezes já tinha ameaçado um grande número de adeptos de outros clubes, jogadores do FC Porto que desejavam deixar o clube, um treinador estrangeiro e árbitros que se negavam a deixar-se corromper. O volume de acções alegadamente criminosas teve agora o seu epílogo nesta “Operação Pretoriano”, um nome que eu apenas entendo dirigir-se directamente ao patrão Pinto da Costa, já que a esquadra pretoriana de Madureira teve sempre as costas quentes do presidente portista.

Em face deste escândalo, contactámos uma fonte amiga policial do Porto que nos disse: “Ó meu caro, as acusações ao macaco e ao seu grupo são mais que muitas, existem provas de venda de drogas, de controlo de prostituição de brasileiras, de branqueamento de capitais, de milhares de euros escondidos em casa incluindo atrás do televisor e no interior do sofá, de vendas de bilhetes para jogos a um preço excessivo, fuga ao fisco, ameaças a colegas meus que realizavam patrulhamento junto dos estádios, compra de carros de topo de gama sem justificação coincidente com os rendimentos declarados à Autoridade Fiscal e não tenho dúvidas que haverá mais pessoas a serem nomeadas como arguidas e para se fazer justiça o macaco terá de ficar em prisão preventiva”.

Esta opinião demonstra bem que não se trata de uma simples claque que ia para os estádios de futebol gritar em apoio ao seu clube. O caso poderá ser muito mais grave quando a investigação do Ministério Público apresentar provas ao tribunal que na estrutura do FC Porto é que as ordens eram dadas ao grupo de Madureira.

Obviamente que há um portista que respira de alívio e estará a pensar que os seus apoiantes não irão ter receio de votar em si. Falamos de André Villas-Boas a quem os seus apoiantes, por mais que uma vez, lhe transmitiram ter receio em ir votar nas próximas eleições para a presidência do FC Porto devido às ameaças que andavam a receber dos cabecilhas do grupo de Madureira agora detidos.

À hora que escrevemos esta crónica, os detidos continuavam a ser ouvidos pelo juiz de instrução criminal e as nossas fontes informaram-nos que alguns dos detidos não queriam falar à justiça, mas que o advogado de Madureira tinha-o convencido a prestar declarações. Tudo está em aberto no que deu muito que falar durante a última semana e os interrogatórios poderão ir até entre hoje e quarta-feira, contudo, o que se pode extrair deste facto é que as claques “oficiais” não têm razão de existir e que o futebol deve ser um espectáculo desportivo pacífico e ao qual os pais possam levar os seus filhotes sem medo de violência nas bancadas.

5 Fev 2024

Empate com Myanmar na corrida ao Mundial 2026 deixa treinador de Macau orgulhoso

O selecionador de futebol de Macau, o luso-angolano Lázaro Oliveira, disse ontem estar “orgulhoso dos jogadores”, após um empate a zero em casa com Myanmar (antiga Birmânia), na qualificação asiática para o Mundial 2026. Na conferência de imprensa após a partida, o treinador defendeu que os jogadores da região administrativa especial chinesa, número 185 do ranking mundial, “estiveram muito bem defensivamente” e que o ataque melhorou na segunda parte.

“Tentámos ganhar. Não foi possível vencer, mas era muito importante mudar a imagem da primeira mão”, disse Lázaro Oliveira, referindo-se à derrota por 5-1 na capital birmanesa, Rangum, a 12 de outubro. “Demos o nosso melhor, tentamos sempre lutar por Macau. Hoje acho que merecíamos [a vitória], mas o empate dá uma boa imagem”, disse o central de origem portuguesa Vítor Almeida, também na conferência de imprensa.

O selecionador disse que “o primeiro jogo não foi assim tão mau” e lembrou que Myanmar marcou três golos nos últimos dez minutos. “[Até ali] eles tiveram muitas dificuldades em quebrar a nossa organização defensiva”, acrescentou.

Lázaro Oliveira admitiu que também no encontro de ontem vários jogadores tiveram “problemas musculares”, porque a eliminatória calhou na pré-época, em que apenas o atual campeão, o Chao Pak Kei, está a treinar, para competir na Taça AFC, o equivalente asiático à Liga Europa.

O antigo treinador do Estrela da Amadora recordou que todos os jogadores de Macau são amadores: “Não é fácil, uma equipa que trabalha o dia interior, às vezes não podem treinar devido ao trabalho ou às aulas”. A partida de hoje marcou ainda a despedida do defesa central Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal. “É uma grande perda para a seleção de Macau”, disse Lázaro Oliveira.

Com a vitória na eliminatória preliminar, Myanmar qualificou-se para a fase de grupos do apuramento da Ásia para o Mundial2026, onde irá defrontar o Japão, a Síria e a Coreia do Norte, no Grupo B. O selecionador Michael Feichtenbeiner admitiu na conferência de imprensa que Myanmar, número 161 do ranking da FIFA, será à partida a equipa mais fraca do grupo.

“Temos muitos jogadores jovens que poderão aprender, por exemplo com o Japão, atualmente uma das melhores equipas do mundo”, acrescentou o alemão. Apesar de admitir que Myanmar, que conta com nove jogadores a atuar no estrangeiro, tem de “ser realista”, o treinador não afastou a possibilidade de “talvez nas partidas em casa criar uma ou duas surpresas”.

Feichtenbeiner disse ainda estar surpreendido pelo apoio de mais de uma centena de birmaneses no estádio: “Nunca esperava um tão grande número de adeptos. Foi uma alegria para os jogadores”. De acordo com dados oficiais do Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau, no final de agosto trabalhavam no território quase 3.100 cidadãos de Myanmar sem estatuto de residente.

18 Out 2023

Fábio Abreu confiante que Beijing Guoan vai conseguir melhorar classificação

O avançado luso-angolano Fábio Abreu disse hoje, na chegada à China, estar confiante que o Beijing Guoan, equipa pela qual assinou contrato de ano e meio, vai conseguir ascender na classificação na superliga chinesa.

“Ainda há muito campeonato pela frente”, disse o avançado, de 30 anos, à agência Lusa, expressando confiança nas capacidades do treinador português Ricardo Soares, com quem trabalhou no Moreirense, na época 2019/2020, e que volta agora a encontrar em Pequim.

“No Moreirense, começamos mal e após o mister Ricardo Soares pegar na equipa conseguimos recuperar e quase fomos à Liga Europa”, recordou. “Quando tens um treinador que sabe o que está a fazer, tens uma equipa que gosta de aprender e quer fazer mais, isso ajuda muito”, vincou.

O Beijing Guoan, a principal equipa de Pequim, ocupa atualmente o sexto lugar da prova máxima do futebol na China, a 15 pontos do primeiro e a nove do segundo.

Abreu chega ao país asiático após duas épocas na Arábia Saudita e uma época nos Emirados Árabes Unidos. “Eu gosto de experimentar coisas novas: Não tenho medo, gosto de arriscar”, frisou.

Sobre as expectativas de viver na China, um país à partida culturalmente distante das suas raízes, o jogador garantiu vir com a “mente aberta”.

“Quando vamos para fora não podemos pensar: este país tem que ser igual ao nosso”, sublinhou. “Vou fazer certamente o esforço para aprender chinês. Não quero ficar na minha bolha”, garantiu.

Nascido em Lisboa, Fábio Abreu foi viver com seis anos para a cidade de Manchester, em Inglaterra. Aos 18 anos, voltou a Portugal, para jogar no Marítimo.

Na sua última época no Moreirense, o jogador marcou 15 golos em 36 jogos. Em duas épocas no Al-Batin, na Arábia Saudita, o avançado somou 28 golos, num total de 60 jogos. O ano passado fez seis golos, em 16 jogos disputados pelo Khorfakkan, dos Emirados Árabes Unidos. Com 30 anos, o avançado assegurou: “Não estou mais velho, estou mais experiente”.

Fábio Abreu disse estar à espera da mulher e dos filhos para ir visitar os pontos turísticos de Pequim.

“Quero muito ir à Grande Muralha: já ouço falar desde que sou pequeno”, apontou. “Mas vou esperar pela família primeiro”, ressalvou. “Já sei, se for primeiro, depois vai ser guerra em casa”.

18 Jul 2023

Emirados Árabes Unidos | Paulo Bento assume comando da selecção

O treinador português volta a treinar uma selecção depois dos cinco anos à frente da equipa da Coreia do Sul

 

O português Paulo Bento vai treinar a selecção dos Emirados Árabes Unidos, ao assinar um contrato de três anos, até 2026, após ter deixado a Coreia do Sul em Dezembro último, anunciou ontem a Associação de Futebol dos EAU.

“A Associação de Futebol dos Emirados Árabes Unidos contratou o seleccionador português Paulo Bento para assumir as funções da nossa primeira selecção nacional durante os próximos três anos”, assinalou o organismo, no site oficial na Internet.

O treinador luso, de 54 anos, que esteve mais de cinco anos como seleccionador da Coreia do Sul, cargo que assumiu em Agosto de 2018, conquistando um troféu, a Taça do Este Asiático, em 2019, salientou que vai em busca das vitórias, sem olhar para o passado.

“Conquistar as vitórias é a forma de deixar os adeptos dos Emirados felizes, com foco no presente, olhando para o futuro, mas não olhando para o passado”, expressou Paulo Bento, durante a conferência de imprensa realizada na sede do organismo no Dubai.

Dar a conhecer

O antigo seleccionador de Portugal, entre 2010 e 2014, revelou que vai “procurar conhecer os jogadores com mais rigor”, realçando que quer uma equipa “ambiciosa de forma a atingir os objectivos”.

“Vamos procurar conhecer os jogadores com mais rigor no próximo período, visitando os seus campos no estrangeiro, para a preparação da nova época. Os critérios de selecção nesta fase assentam nos elementos de desempenho e comportamento, independentemente da idade”, concluiu.

Paulo Bento estava fora dos holofotes desde a eliminação da Coreia do Sul nos oitavos de final do Mundial do Catar, em jogo diante do Brasil (4-1), e prepara-se agora para orientar a terceira selecção na carreira.

O antigo futebolista internacional português iniciou a carreira de treinador a nível sénior no Sporting, transitando dos juniores, assumindo mais tarde a selecção de Portugal, o Cruzeiro do Brasil, o Olympiacos da Grécia e os chineses do Chongqing Dandai.

11 Jul 2023

Benfica | Rui Costa e Roger Schmidt agradecem o apoio continuado dos adeptos

O Presidente do Benfica, Rui Costa, e o treinador Roger Schmidt agradeceram ontem o apoio que receberam ao longo da temporada e que conduziu a equipa à conquista do 38.º título de campeão português de futebol.

Com o ambiente ao rubro, a equipa do Benfica chegou ao Marquês de Pombal já perto da uma e meia da manhã, com a multidão a abrir alas ao autocarro panorâmico que desceu pela avenida Fontes Pereira de Melo e foi recebido em uníssono com o cântico: “o campeão voltou”.

Os jogadores do Benfica, em euforia, aos saltos no autocarro desceram até ao palco montado mesmo em frente ao Parque Eduardo VII e de frente para a estátua do Marquês de Pombal.

Gonçalo Guedes, João Mário, Morato, Chiquinho e João Neves foram dos primeiros a subir para o palco, sendo que a taça de campeão foi passando de mão em mão.

Todos eles envergavam a camisola do Benfica com o número 38 nas costas, que confirmava o número de títulos nacionais dos ‘encarnados’ e com forte animação sintonizaram-se nos festejos.

O capitão Otamendi, que está em final de contrato, foi o primeiro a usar da palavra, mas não disse aquilo que os adeptos queriam ouvir, que iria permanecer no Benfica, apesar dos pedidos que se fizeram ouvir.

“Era o título que mais desejava desde que cheguei ao Benfica. Conseguimos dar o 38.º título nacional ao Benfica, que todos vocês mereceram. Quero agradecer-vos pelo apoio”, disse.

Na mesma linha, João Mário prometeu desfrutar da conquista do título e prometeu lutar pela renovação na próxima temporada.

Por sua vez o treinador Roger Schmidt relembrou o que disse há cerca de um ano quando foi apresentado como treinador dos ‘encarnados’: “quem gosta de futebol tem de gostar do Benfica”.

“Um ano depois isso verificou-se. Agradeço-vos todo o apoio. Estou muito orgulhoso da minha equipa. Este ambiente é inacreditável. O Benfica é campeão! Merecemos ser campeões, jogámos o melhor futebol e sempre com a filosofia do Benfica. Muito obrigado benfiquistas”, afirmou.

O presidente, Rui Costa, encerrou a roda dos discursos e salientou que a conquista deste campeonato representa a união de todos os adeptos do Benfica.

“Somos campeões nacionais, chega de pedir o 38. Já cá está. Agradeço a todos este excelente grupo de trabalho e a todos vocês, que acreditaram desde o primeiro dia que chegaríamos a campeões nacionais. Um título que é da nossa união e que é do Benfica”, concluiu.

Noite de festa

O emblemático recinto lisboeta, que recebe sempre a equipa do Benfica nos festejos dos títulos nacionais, tornou-se demasiado pequena para acolher dos milhares de adeptos que para ali rumaram.

Aos poucos foi enchendo até as pessoas ficarem como se estivessem numa lata de sardinhas. Era uma autêntica discoteca ao ar livre. Os adeptos espalhavam-se como podiam, alguns sentaram-se em cima dos semáforos e da sinalização vertical.

O vermelho era a cor que predominava, embora se vissem várias camisolas pretas e amarelas, dos equipamentos alternativos. Os cachecóis era parte da indumentária dos adeptos e viam-se balões com o número 38, fazendo referência ao título conquistado este sábado, e também um adepto, mesmo em frente ao palco com uma taça de campeão nacional em papelão.

A noite foi arrefecendo, mas o ambiente esteve longe de o estar. Sempre a saltarem e a cantarem as canções que habitualmente passam no reduto ‘encarnado’, tanto no Estádio da Luz como nos dois pavilhões, os adeptos foram mantendo o ânimo pela noite dentro e… o calor humano.

Pouco antes da meia-noite o speaker do Benfica, com Deejay Kamala, subiu ao palco no Marquês de Pombal para animar ainda mais o ambiente. Os irmãos Nelson e Sérgio Rosado, do duo Anjos, e António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, também aqueceram o ambiente numa altura em que a equipa do Benfica já tinha saído do estádio da Luz.

Tendo os festejos culminado com fogo de artifício depois dos discursos de Otamendi, João Mário, Roger Schmidt e Rui Costa.

28 Mai 2023

Hong Kong | Treinador e 11 futebolistas detidos por corrupção

O treinador e 11 futebolistas de uma equipa da primeira divisão de futebol de Hong Kong estão entre os 23 detidos num caso de corrupção por manipulação de resultados, disse na terça-feira o órgão anticorrupção do território.

“Esta operação é a mais importante realizada nos últimos anos pela Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC) no combate à manipulação de resultados. É também a que resultou no maior número de detenções”, especificou a chefe de investigação do ICAC, Kate Cheuk.

Cerca de 100 agentes da polícia estiveram implicados na operação em que os suspeitos são acusados de corrupção, manipulação de resultados e de participar também em apostas ilegais.

O nome do clube em causa não foi divulgado, contudo a imprensa local sugere que o visado seja o histórico Happy Valley, com vários títulos de campeão em mais de 70 anos de existência.

Os corruptores pagariam a cada atleta cerca de 1.200 euros por jogo.

“A questão não era se eles jogavam bem, mas se eram bons a fingir [o seu desempenho] ou se podiam ajudar a manipular os resultados”, disse Cheuk.

A responsável recordou que os resultados improváveis são mais bem recompensados nas apostas, que alguns visados também faziam, através de testas-de-ferro.

Os valores envolvidos na manipulação não foram revelados, até porque a investigação continua em curso.

18 Mai 2023

Futebol | Rússia vai participar no campeonato da Ásia Central

A Rússia vai participar no campeonato inaugural da Associação de Futebol da Ásia Central em Junho, juntamente com outras sete selecções nacionais masculinas, anunciou na segunda-feira a Associação de Futebol do Tajiquistão.

As equipas russas têm sido impedidas de participar em competições europeias e da FIFA desde a invasão da Ucrânia, em Fevereiro do ano passado.

A selecção russa vai participar no novo torneio regional juntamente com as antigas repúblicas soviéticas Tajiquistão, Uzbequistão, Turquemenistão e Quirguistão. Afeganistão, Irão e outro país, ainda por confirmar, completam o alinhamento para os jogos agendados para Bishkek, Quirguistão, e Tashkent, Uzbequistão.

A Associação de Futebol da Ásia Central foi formada em 2014 como uma das cinco regiões da confederação de futebol asiática e tem a sede no Tajiquistão. De acordo com a Associação de Futebol do Tajiquistão, a Rússia já aceitou o convite para o evento em Junho.

A iniciativa pode reacender o debate sobre uma possível entrada russa na Confederação Asiática de Futebol (CAF, na sigla em inglês), com o país a procurar regressar às competições internacionais de futebol.

A selecção nacional masculina da Rússia jogou apenas três amigáveis internacionais em 2022, contra o Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão. A selecção tem jogos agendados com Irão e Iraque no final do mês.

15 Mar 2023

Presidente da CFA investigado por órgão anticorrupção

O presidente da Associação Chinesa de Futebol (CFA) está a ser investigado por suspeitas de “graves violações da lei”, anunciaram ontem as autoridades chinesas, numa altura em que tentam eliminar as fraudes que atormentam a modalidade no país.

Em comunicado, a Comissão de Inspecção e Supervisão da Disciplina, órgão máximo anticorrupção do Partido Comunista Chinês, indicou que Chen Xuyuan está sob investigação. O órgão anticorrupção não detalhou a natureza das alegadas violações cometidas por Chen, que foi eleito presidente da CFA em Agosto de 2019.

A abertura da investigação contra Chen ocorre apenas quatro meses depois de o ex-técnico da selecção masculina de futebol da China Li Tie, uma das maiores lendas da modalidade no país, devido ao seu sucesso como jogador, ter sido detido.

Li Tie, antigo jogador do clube inglês Everton, foi detido em Novembro passado. No mês seguinte, Zhang Lu, guarda-redes do clube Shenzhen, que disputa a Superliga Chinesa, e antigo colega de equipa de Li no clube chinês Liaoning, foi também detido.

Chen Yongliang e Liu Yi, o vice-secretário-geral executivo e o ex-secretário-geral da CFA, respectivamente, estão também sob investigação por suspeitas de violação da lei, anunciaram as autoridades, no mês passado.

Aquém das expectativas

A CFA é o órgão dirigente do futebol na China que organiza a selecção chinesa de futebol e as competições domésticas. Nos últimos meses, a CFA prometeu firmeza contra a manipulação de resultados, a fraude e o uso de doping, descritos pelo vice-director da Administração do Desporto na China, Du Zhaocai, como os “três cancros” que colocam em risco o desenvolvimento do futebol no país asiático.

“Ainda há um longo caminho a percorrer na erradicação de práticas pouco saudáveis no mundo do futebol”, alertou recentemente a Comissão de Inspeção e Supervisão da Disciplina. O “declínio do futebol na China” mostra que “simplesmente monitorar a opinião pública não chega”, escreveu o conhecido comentador chinês Hu Xijin na rede social Weibo, questionando se “o futebol na China está podre até à medula”.

A selecção masculina de futebol da China é há muito criticada pelos adeptos pelos maus resultados, altos salários dos jogadores e sucessivos escândalos. Nos últimos anos, Pequim assumiu o desejo de converter o país numa potência futebolística, à altura do seu poder económico e militar. O líder chinês, Xi Jinping, assumiu que quer ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo.

16 Fev 2023

China | Português é o treinador de futebol mais jovem na Superliga

O português David Patrício tornou-se aos 38 anos o treinador mais jovem da Superliga da China e quer manter o recém-promovido Nantong Zhiyun no escalão principal, com “espírito de missão” para desenvolver o futebol chinês.

“Apesar da idade, já tenho 20 anos de experiência como treinador”, disse sábado à Lusa. “Estou confiante que [o Nantong] poderá ser uma lufada de ar fresco”, nomeadamente graças aos “adeptos mais fervorosos” do futebol chinês, acrescentou.

Patrício foi nomeado na terça-feira treinador da equipa principal do Nantong, clube do leste da China, ao qual chegou em 2019, tendo desde então desempenhado funções de adjunto, treinador das reservas e director técnico.

Depois de conseguir em Dezembro o terceiro lugar na Liga I chinesa, o segundo escalão, o Nantong foi promovido à Superliga da China, tendo como melhor marcador o luso-guineense Zé Turbo, com 20 golos.

O avançado formado no Sporting e no Inter de Milão “terminou contrato e vai seguir um outro caminho, mas em breve teremos novidades sobre novos estrangeiros e poderá haver jogadores lusófonos na equipa”, disse Patrício.

“Queremos fazer uma época tranquila, sem grandes sobressaltos, apesar do orçamento mais reduzido”, sublinhou o português.

“A nossa realidade é diferente do normal na China: os clubes são liderados por grandes empresas que fazem grandes investimentos e que por isso conseguem sempre ser muito competitivos”, lembrou.

Longe vão os tempos de 2016, quando as 16 equipas que disputaram a Superliga chinesa investiram cerca de 460 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros, abalando o mercado de transferências.

“As três equipas que desceram de divisão apresentaram muitas dificuldades financeiras e um deles, um histórico, está para acabar”, confirmou David Patrício, referindo-se ao Hebei, por onde chegaram a passar os argentinos Javier Mascherano e Ezequiel Lavezzi.

Golpes e sonhos

A pandemia da covid-19, que obrigou o treinador a ficar quase dois anos em Portugal, desferiu um rude golpe no futebol chinês, cujos jogos em 2019 atraíam em média mais de 24 mil adeptos aos estádios, o valor mais elevado na Ásia.

Os clubes passaram três anos a jogar em estádios vazios e a treinar em ‘bolhas’ anti-covid-19, praticamente sem receitas de bilheteira ou de transmissão televisiva. Patrício espera que, este ano, com o alívio das medidas da política ‘zero covid’, os adeptos voltem: “acredito que será a liga mais competitiva dos últimos três anos”.

Nos últimos anos, Pequim assumiu o desejo de converter o país numa potência futebolística. O líder chinês, Xi Jinping, disse que quer ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencer.

“Há muito trabalho para fazer, mas a China tem um potencial enormíssimo e uma das coisas que me fez vir foi o sonho que o país tem de desenvolver o futebol”, disse o treinador. A China ocupa o 80.º na classificação da FIFA e a única vez que participou na fase final de um Mundial, em 2002, perdeu os três jogos que disputou e não marcou um único golo.

“Não acredito que nestes 1,3 mil milhões de pessoas não haja talento. O que falta é criar infraestruturas”, disse o português. “Só na zona de Lisboa há dezenas de clubes. Aqui a cidade de Nantong, que tem sete milhões de pessoas, tem dois clubes. É manifestamente pouco”, sublinhou.

A China precisa também de mais treinadores “com espírito de missão”, acrescentou o português. “Muitos estrangeiros com quem me cruzei admitiram que vieram para a China só para receber o dinheiro”, disse.

5 Fev 2023

Futebol | Torneio do Coelho com equipas de Cantão e Hong Kong

A partir do dia 28 de Janeiro, o Instituto do Desporto (ID) vai começar a distribuir gratuitamente bilhetes para os jogos de futebol Torneio de Comemoração do Ano do Coelho – Taça de Cantão, Hong Kong e Macau 2023. Os amigáveis vão decorrer no dia 5 de Fevereiro, no Estádio Olímpico da Taipa, e contam com a participação de equipas de Macau, Hong Kong e do Interior.

Da liga de futebol da província de Cantão vêm à RAEM as formações do RTFC de Guangdong e a Zhuhai 2030. Estas equipas não participam na principal liga chinesa.

Hong Kong é representada pelo Eastern Football Club, enquanto o Chao Pak Kei, campeão da Macau no ano passado, vai representar Macau. Segundo o ID, o torneio de cariz distrital tem como objectivo permitir aos cidadãos “sentirem o entusiasmo e vitalidade” do desporto. Chao Pak Kei e Zhuhai 2030 são as primeiras equipas a entrar em campo, às 14h. RTFC de Guangdong e Eastern Football Club defrontam-se ás 16h15.

Todos os bilhetes são gratuitos e cada residente ou turista pode levar um máximo de quatro ingressos.
Segundo o presidente do ID, o torneio faz parte das actividades Recreativas e Desportivas da Festividade do Ano Novo Lunar de 2023, que contam com um orçamento de 900 mil patacas.

Além de um torneio de futebol, as actividades organizadas pelo ID apresentam igualmente um desfile de motos, que acontece a 29 de Janeiro, uma actividade de cicloturismo, agendada para 24 de Janeiro ás 9h no Cotai, e ainda um festival de desporto, marcado para a Praça de Iao Hon, também a 24 de Janeiro, entre as 14h e as 17h.

19 Jan 2023

Catar2022 | Associação Sheng Kung Hui alerta para vício de apostas

A Associação Sheng Kung Hui apelou aos residentes para que tenham cuidado durante o Campeonato do Mundo, principalmente os mais jovens, e evitem o vício das apostas.

Segundo o jornal Ou Mun, o chefe do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau, Ip Kam Po, defendeu que como desta vez os horários são mais acessíveis, há um risco maior de que as pessoas se deixem levar pela vontade de apostar nos resultados dos jogos.

Além disso, o responsável destacou “o efeito das redes sociais”, que disponibilizam várias plataformas para análise, publicidade e previsões dos diferentes encontros. Na perspectiva de Ip, estas novas tecnologias são muito viradas para os mais jovens e podem fazer com que estes não consigam controlar os montantes que apostam.

No mesmo sentido, o chefe do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais da Associação Sheng Kung Hui Macau vincou que a associação está disponível para ajudar todos os necessitem de fazer face ao vício e que pode ser contactada a qualquer altura. Ainda assim, durante o Campeonato do Mundo de 2018, Ip Kam Po reconheceu que não houve um aumento dos pedidos de ajuda.

Sobre os pedidos relacionados com o vício do jogo, ao longo deste ano, até Setembro, Ip Kam Po revelou que houve uma quebra de 20 por cento em termos anuais.

23 Nov 2022

Qatar vai organizar Taça das Nações Asiáticas de futebol de 2023

O Qatar, anfitrião do Mundial2022 de futebol, vai organizar a Taça das Nações Asiáticas de 2023, depois da China ter renunciado em maio devido à pandemia de covid-19, avançou hoje a Confederação Asiática de Futebol.

“O Comité Executivo da Confederação Asiática de Futebol (AFC) confirmou hoje a Federação de Futebol do Catar como a federação anfitriã da Taça das Nações Asiáticas 2023”, disse o órgão sediado na Malásia, em comunicado.

A organização da edição de 2023 tinha sido atribuída à China em junho de 2019, sendo que a competição deveria disputar-se em 10 cidades chinesas, entre 16 de junho e 16 de julho do próximo ano. Mas em maio deste ano, a China renunciou à organização do evento, devido ao aumento de casos de covid-19 no país.

Uma nova vaga de casos de infeção com o coronavírus na China levou ao confinamento dos 25 milhões de habitantes em Xangai durante vários meses, originando igualmente o cancelamento de vários eventos desportivos no país, como foram os casos das duas etapas chineses da Liga Diamante de atletismo, o Grande Prémio de Xangai de Fórmula 1 ou os torneios de ténis do circuito ATP.

A Taça das Nações Asiáticas reúne 24 seleções e acontece a cada quatro anos. O Qatar venceu a última edição do torneio, em 2019, que decorreu nos Emirados Árabes Unidos.

Coreia do Sul e Indonésia foram os outros dois países que entraram na disputa para receber a fase final do torneio continental depois da renúncia da China. O Qatar vai organizar primeiro o Mundial2022 de futebol, que se disputa entre 20 de novembro e 18 de dezembro.

17 Out 2022

China renuncia à organização da Taça das Nações Asiáticas de futebol

A China renunciou à organização da Taça das Nações Asiáticas de futebol de 2023, devido ao aumento de casos de covid-19 no país, anunciou este sábado a Confederação Asiática de Futebol (AFC), em comunicado.

“Após conversações exaustivas com a Associação Chinesa de Futebol (CFA), a AFC foi oficialmente informada pela CFA de que não seria capaz de organizar a Taça das Nações Asiáticas de 2023. A AFC compreende as circunstâncias excecionais provocadas pela pandemia de covid-19, que levaram a esta renúncia da China”, refere o organismo.

Na mesma nota, a AFC remete para mais tarde qualquer anúncio sobre o anfitrião da próxima edição da Taça das Nações Asiáticas.

A organização da edição de 2023 tinha sido atribuída à China em junho de 2019, sendo que a competição deveria disputar-se em 10 cidades chinesas, entre 16 de junho e 16 de julho do próximo ano.

Uma nova vaga de casos de infeção com o coronavírus na China levou ao confinamento dos 25 milhões de habitantes em Xangai desde abril, originando igualmente o cancelamento de vários eventos desportivos no país, como foram os casos das duas etapas chineses da Liga Diamante de atletismo, o Grande Prémio de Xangai de Fórmula 1 ou os torneios de ténis do circuito ATP.

15 Mai 2022

China substitui selecionador devido às dificuldades no apuramento para o Mundial 2022

O treinador Li Tie deixou o comando técnico da seleção chinesa de futebol, sendo substituído por Li Xiaopeng, devido às dificuldades na qualificação para o Mundial2022.

A decisão foi anunciada na quarta-feira, após os 14 dias de confinamento a que a seleção chinesa esteve votada, após a permanência nos Emirados Árabes Unidos, onde tem disputado como anfitrião os jogos de qualificação.

Li Xiaopeng, de 46 anos, orientava a formação do Wuhan Zall, depois de ter comandado as equipas do Shandong Luneng, do Qingdao Jonoon e a seleção feminina.

O antigo médio integrou a seleção que participou pela única vez na fase final de um campeonato do mundo, em 2002, quando não teve de enfrentar na qualificação as ‘potências’ Coreia do Sul e Japão, que asseguraram as suas presenças como anfitriãs da competição.

A China ocupa, após seis jornadas, o quinto e penúltimo lugar do Grupo B de qualificação asiática, com cinco pontos, menos 11 do que a líder Arábia Saudita e menos sete do que o Japão.

Qualificam-se diretamente para o Mundial2022, que vai ser disputado no Qatar, os dois primeiros de cada grupo, enquanto os terceiros colocados avançam para um ‘play-off’, que dá acesso à ronda de apuramento intercontinental, com o quinto classificado da CONMEBOL.

Li Tie, de 44 anos, sucedeu em 2020 no comando da seleção chinesa ao italiano Marcello Lippi, um dos vários treinadores estrangeiros contratados no país nos últimos anos.

Apesar dos apelos do Presidente do país, Xi Jinping, para que a China se torne uma superpotência do futebol, a seleção masculina atualmente ocupa a 74.ª posição do ‘ranking’ da FIFA.

3 Dez 2021

Não era só o Benfica

Na semana passada falou-se muito de futebol. Não, não me refiro ao empate do Benfica em Barcelona, à derrota do FC Porto em Liverpool e à vitória surpreendente do Sporting ao Borussia Dortmund conseguindo seguir na Champions onde não punha as chuteiras há 13 anos. Falou-se muito de futebol, mas em termos judiciais. As autoridades não conseguem esconder a ajuda que o hacker Rui Pinto lhes tem estado a dar, certamente bem remunerado. De um mês para o outro, os clubes de futebol entraram na baila e os inspectores da Polícia Judiciária, os procuradores do Ministério Público e o super juiz Carlos Alexandre começaram a invadir as instalações clubistas, como o Sporting, Santa Clara, Vitória de Guimarães, FC Porto, Tondela e Sporting de Braga. E não só. As buscas domiciliárias e não domiciliárias atingiram jogadores, dirigentes de SAD’s de clubes, empresários de futebol e escritórios de advogados. Afinal, não era só o Benfica que vinha sendo acusado de irregularidades e negócios pouco claros na compra e venda de jogadores. No intocável FC Porto parece que desta vez o caso é grave e inclui o próprio filho do presidente Pinto da Costa, que obviamente aprendeu tudo sobre bastidores do futebol com o pai.

A gravidade das buscas pode envolver muitos milhões de euros que foram branqueados na compra e venda de jogadores, nas comissões que jogadores, dirigentes e empresários teriam recebido quando os contratos eram acordados. Imaginem que até o “deus” dos empresários, Jorge Mendes, que por ser o gestor de José Mourinho e de Cristiano Ronaldo logo pensou que tinha o rei na barriga e que poderia fazer o que lhe apetecesse. Com ele, vários advogados que mancharam a classe de uma forma vergonhosa. A polícia investiga, mas já tem os dados todos. Já sabe quantos milhões recebeu fulano ou beltrano. As pesquisas já apareceram nos computadores dos investigadores, que têm o apoio de Rui Pinto, e as lavagens de dinheiro, os depósitos em offshores e as falcatruas de intermediários e advogados já estão nos processos comandados por Carlos Alexandre. E tudo indica que desta vez o caso é muito sério e que alguns irão parar à prisão. O Ministério Público já tem suspeitas de negócios entre os clubes e terceiras entidades que podem ultrapassar os 15 milhões de euros e que tiveram em vista a ocultação de rendimentos do trabalho dependente, sujeitos a declaração e a retenção na fonte, em sede de IRS, envolvendo jogadores de futebol profissional. As investigações já começaram em 2020 e quando foi anunciado que Luís Filipe Vieira e o Benfica estavam em maus lençóis, logo houve risotas lá para as bandas do norte do país. Agora, vamos ver o que acontece quando o FC Porto é um dos clubes com maiores suspeitas de ilegalidades, nomeadamente, a fuga ao fisco. Os factos em investigação são susceptíveis de integrarem crimes de fraude fiscal, fraude à segurança social e branqueamento de capitais.

Quando veio a público que no FC Porto o Ministério Público tinha suspeitas gravíssimas, houve logo quem dissesse que Pinto da Costa é intocável. Vamos ver porque o Ministério Público está a investigar o pagamento de comissões superiores a 20 milhões de euros relacionados com transferências de futebolistas e efetuou 33 buscas, entre as quais na SAD do FC Porto e numa instituição bancária. Em comunicado, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) referiu que na investigação estão “factos ocorridos pelo menos desde 2017 até ao presente, com forte dimensão internacional e que envolvem operações de pagamento de comissões de mais de 20 milhões de euros”. O DCIAP acrescenta que as diligências “visam investigar a suspeita de prática de crimes de fraude fiscal, burla, abuso de confiança e branqueamento, relacionados com transferências de jogadores de futebol e com circuitos financeiros que envolvem os intermediários nesses negócios”.

Nada mais claro que há marosca e da grande no interior dos maiores clubes de futebol. A gravidade maior ao longo dos anos é o roubo que se tem feito ao Estado que somos todos nós. O procedimento criminal movimentou muitos milhares de milhões de euros. Houve jogadores que foram comprados por milhões e que nunca jogaram nos clubes que os adquiriram e que passado uns tempos eram vendidos pelo dobro que tinham custado.

Naturalmente que os sócios e os adeptos que pagam as suas quotas e bilhetes de ingress têm de se sentir envergonhados e tristes com os seus clubes que optaram pela vigarice. Afinal, pode perguntar-se se o futebol é um desporto ou um negócio. Possivelmente a maioria optava por afirmar que se trata de um negócio gigantesco e obscura que tem início na própria FIFA e UEFA onde os casos de corrupção têm levianamente vindo a público e não esquecendo o escândalo do Mundial que se realizará no Qatar, último lugar do globo para a prática de futebol devido à elevada temperatura e prejudicial à saúde dos praticantes.

Vamos aguardar pelo desfecho destas investigações que tendo o juiz Carlos Alexandre ao comando das operações não augura que os potenciais suspeitos se fiquem a rir desta vez…


*Texto escrito com a antiga grafia

29 Nov 2021

Japão abandona organização do Mundial de clubes de 2021

O Japão retirou-se da organização do Mundial de clubes de futebol, agendado para dezembro deste ano, devido à pandemia da covid-19, anunciou ontem a federação nipónica (JFA), depois de transmitir a decisão à FIFA.

“O Campeonato do Mundo de clubes da FIFA não será realizado no Japão. Seria parte do projeto comemorativo do 100.º aniversário da JFA, mas neste momento é difícil prever como estará a situação da pandemia no final do ano. Existem várias restrições, como por exemplo a impossibilidade de ter público nos estádios, por isso foi decidido que não existem condições para a sua realização”, lê-se num comunicado do organismo.

A JFA acrescentou que a FIFA foi informada da decisão, depois de um encontro entre os dois organismos. “Sabemos que a FIFA anunciará brevemente locais alternativos para a organização da competição”, conclui o comunicado. O Mundial de clubes estava agendado para decorrer de 09 a 19 de dezembro.

10 Set 2021

Futebol pós-pandemia

A pandemia que continuamos a atravessar por todo o mundo também redefiniu o rectângulo de jogo para a prática do futebol, pelo menos o profissional, ou o de mais alto nível, o que ocupa a atenção de todo o planeta, mais coisa menos coisa: deixou de ser relvado o tapete verde que concentra a atenção das massas e passou a ser feito de “leds”, eventualmente orgânicos, ou de outras maravilhas da tecnologia, dessas que nos trazem a casa o espectáculo total, com ainda mais brilho que o original, mais opções de personalização, temporizações, repetições e outras opções que nos permitem desfrutar do show de bola no conforto do sofá, role o esférico onde for, que há transmissões para todos os gostos e a assistência se faz cada vez mais em vídeo.

Esta redefinição das quatro linhas que passaram a estar nas salas de cada pessoa em vez das aglomerações em estádios também contribuíram para redefinir poderes, ou pelo menos para reforçar tendências de concentração de poder que já se vinham desenhando, com a hegemonia da liga inglesa a tornar-se ainda maior, mesmo que tenhamos sempre Paris, gloriosa excepção que assinala aliás singular presença histórica entre os mais reputados clubes de futebol do planeta, onde a presença francesa foi tradicionalmente escassa. E continua a ser: na realidade, é a Inglaterra que se vai tornando (ou recuperando) o centro desta redefinição do futebol enquanto espectáculo que se deslocou dos estádios de cada cidade para as televisões de todo o planeta.

Foi relativamente lenta mas implacável esta deslocação: ainda há dez anos era a Liga espanhola que dominava as atenções do planeta, os astros maiores de todo mundo, as conquistas de medalhas e troféus. É território onde tradicionalmente se joga tarde, já de noite o esférico parece rolar melhor, e de dia há sestas para fazer, vermutes para tomar, ou outros afazeres de força maior, consoante a região. Essa escolha tem outras implicações, naturalmente: a essas horas já o público asiático dorme profundamente, esses potenciais milhares de milhões de pessoas que vivem o futebol europeu com proximidade e intensidade mesmo que vivam na Índia, na Indonésia, na Tailândia, na China ou no Japão.

Esse público dedicado, fanático como outros, frequentemente com menor poder de compra mas sempre contado em muitos milhões de pessoas, seria decisivo para transferir da liga espanhola para a inglesa o poder maior do futebol global, que em Inglaterra se joga mais cedo e se adaptam com zelo e dedicação os horários e calendários para facilitar a vida a fregueses distantes, com os seus dispositivos digitais e ecrãs de tamanho diverso espalhados por todo o mundo: jogada à tarde, a liga inglesa pode ser acompanhada em directo nas noites asiáticas e nas manhãs das Américas, o verdadeiro espectáculo global, acompanhado ao vivo e em simultâneo em todo o planeta. Assim se vendem assinaturas e subscrições de canais de televisão, mas também camisolas e outras mercadorias promocionais, fontes diversificadas e massivas de rendimentos.

É assim também que se atraem os grandes investidores, o capital global que se vai acumulando para lá das esferas produtivas e que alimenta negócios diversos, mais ou menos obscuros, incluindo o da bola: chegam a Inglaterra vindos dos Estados Unidos (Manchester United, Liverpool ou Arsenal, só para citar os maiores), dos Emirados Árabes Unidos (Manchester City), da Rússia (Chelsea), da Tailândia (Leicester), do Egipto (Aston Villa) ou da China (Southampton e a tão portuguesa equipa do Wolverhampton). As finanças do planeta mobilizam-se para promover a liga e os clubes ingleses num espectáculo que afinal chega em directo a cada casa ou a cada café do planeta.

O resultado deste jogo das finanças globais também se nota nos lances de bola parada, com os jogadores em férias mas em negócios, quando se trata das transferências, potenciais ou efectivas contratações e rescisões, empréstimos e cedências, que ocupam páginas imensas na imprensa mundial e animam universos digitais variados mesmo quando não se joga. Foi mais uma vez em direcção a Inglaterra que se deslocou a maior parte das estrelas do universo futebolístico, para os clubes onde as receitas vêm sobretudo do negócio televisivo global e que por isso foram menos vulneráveis às quebras drásticas nas vendas de bilhetes para os estádios que a pandemia de covid-19 provocou. Há a excepção parisiense, evidentemente, feita de uma situação financeira excepcional, em que as receitas publicitárias do clube são desproporcionais em relação às dos restantes competidores na liga francesa.

Não deixa de ser sintomático, aliás, que tenham vindo das ligas espanhola e italiana os mais intensos apelos e iniciativas para a criação de uma “super-liga” europeia de futebol. Na realidade, é apenas uma reacção tardia e desesperada à formidável derrota que foram sofrendo nos últimos anos quando não souberam ou não quiseram adaptar as formas e os tempos de jogo a essa nova abordagem ao futebol que, sem o retirar dos estádios (pelo menos antes e depois do covid-19), o colocou sobretudo nas televisões ou outras plataformas de entretenimento digital.

3 Set 2021