7ª jornada da Liga de Elite | Liderança novamente em jogo

João Maria Pegado

A sétima jornada da liga elite terá o seu normal alinhamento de jogos alterado. Os dois jogos que normalmente se realizam ao sábado à tarde irão ser disputados quinta-feira à noite. De referir ainda que os jogos voltaram ao Estádio de Macau localizado na Taipa.

O grande embate

O jogo grande, CPK Vs Benfica De Macau, terá lugar às 18:30 de domingo. Os encarnados chegam a este jogo moralizados após a vitória categórica sobre o Monte Carlo, o que lhes permitiu ascender à liderança da prova com 16 pontos. Agora com novo adversário complicado querem a vitória para praticamente garantir o topo da classificação no final da primeira volta. Para tal os pupilos de Henrique Nunes terão que manter a mesma intensidade que mostraram no jogo anterior, para poderem ultrapassar a segunda melhor defesa da prova com 4 golos sofridos. Algo que estará de certeza na palestra do treinador encarnado será a atenção dada às bolas paradas do CPK, a equipa capitaneada por Diego Patriota, que é especialista neste momento do jogo ,seja de livres,muito bem excecutados por Diego e Bruno Figueiredo, como na marcação de cantos, onde Ronald é um finalizador nato dentro da área. Atenção de Batista e dos centrais Filipe Duarte e Bernardo a este momento do jogo.

O onze deverá ser o mesmo que alinhou no último jogo. Torrão,melhor marcador do campeonato, talvez seja a maior dúvida para este encontro, ele que abandonou o jogo anterior mais cedo algo queixoso. Se assim for Alison Brito será promovido à equipa titular.

O Benfica sabe que este jogo é crucial para ficar com vitórias sobre os adversários directos, por isso terá que ter uma entrada forte, tal como fez contra o Monte Carlo, para aproveitar algum receio que equipa do CPK possa ter de início. Por cada minuto que passar estará a dar motivação extra ao adversário.

O CPK vê este jogo como uma oportunidade de se isolar na frente do campeonato ou continuar a depender de si próprio para lá chegar. A seu favor tem, no meu entender, um sector defensivo muito forte, que é único em teoria, e com condições para parar o ataque do Benfica. Para passarem da teoria à prática, o guarda redes Domingos e os defesas, Vitor Almeida, Ronald Cabrera, Kan Chi Hou e  Choi Chan In vão ter que fazer um jogo a roçar a perfeição. Será preciso controlar muito bem a profundidade nas suas costas e serem fortes nos duelos individuais, algo em que o Benfica é intenso devido à grande qualidade do seu ataque. Mas sobretudo esta linha de quatro defesas que referi, tem que não ter medo de ter a bola em seu poder e assim sair com ela em segurança da sua fase de construção, passando a primeira fase de pressão dos encarnados. Se assim for, a bola poderá chegar com qualidade aos seus criativos Diego e Bruno que tentarão os ataques rápidos explorando a velocidade dos seus alas, Akio e Lam Ka Seng, aproveitando as costas dos laterais benfiquistas que apoiam muito o ataque, para conseguir chegar rápido à baliza defendida por Batista, conseguindo a finalização ou ganhar lances de bola parada. Mais um encontro com a liderança em jogo e mais uma boa partida para assistir.

Restantes jogos

Hoje às 19:00 KA I Vs Cheng Fung.  Depois de uma vitória saborosa sobre a Polícia, o Ka I pretende somar mais três pontos para fugir aos lugares da despromoção e até mesmo alcançar a equipa de João Rosa.

Às 21:00, jogam Sporting Vs Kei Lun,. A equipa de Jose Cler quer voltar às vitórias e tentar aproveitar um deslize de CPK ou Benfica que se defrontam entre si. Já o Sporting depois um empate que deixou algumas marcas na equipa, visto era um jogo para vitoria, terá aqui uma equipa difícil de defrontar. Curiosidade para ver se Junior Soares voltará a jogar de início.

Sexta-feira um único jogo, Development Vs Lai Chi às 21:00, partida entre os últimos da tabela com pontos bastante importantes em disputa.

Domingo após o jogo entre Benfica vs CPK temos às 20:30 o Monte vs Policia, após a derrota estrondosa frente aos encarnados a equipa de Claudio Roberto quer voltar às vitórias mas pela frente terá uma bem organizada e agressiva equipa da Policia      

9 Mar 2017

5ª Jornada Liga de Elite | O líder manteve o estatuto

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]em grandes surpresas, foi assim que se realizou mais uma jornada da Liga de Elite. Destaque para os primeiros pontos dos Development Team e do Lai Chi. A equipa da associação(Development 0 vs 0 Polícia)conseguiu este ponto saboroso e teve talvez o seu melhor jogo até ao momento, a equipa da Polícia com este empate consegue o terceiro jogo sem derrotas e sem sofrer golos um registo sem dúvida bastante bom para a equipa de Ka Li Man que assim segue no  5º lugar da tabela.

O Lai Chi foi a outra equipa a conseguir o primeiro ponto da prova,(Lai Chi 2 vs 2 Chen  Fung)contra a equipa de João Rosa que volta a desiludir depois do empate na segunda jornada com Benfica o que poderia antever uma boa prestação, principalmente com equipas que lutam pela permanência, mas a verdade é que já desperdiçaram 5 pontos contra essas mesmas equipas estando neste momento em 6º lugar a um ponto da Polícia. Já o Lai Chi e os Development  Team garantiram um ponto importante na luta pela sobrevivência na 1ªDivisão encurtando para dois pontos a distância para Sporting de Macau e KA I que se encontram com 3 pontos. KA I que perdeu com o Benfica de Macau(KA I 0 vs 5 Benfica) e assim confirma o seu decréscimo de rendimento averbando a quarta derrota seguida depois da vitória na ronda inaugural contra o Sporting. O Benfica de Macau por seu turno continua seguro na perseguição do líder com nova goleada e novamente com destaque para Nicholas Torrão que conseguiu mais um hat-trick reforçando a liderança nos melhores marcadores.

Os leões do território averbaram mais uma derrota mas novamente mostraram uma boa imagem contra um candidato ao título(Sporting 0 vs 2 CPK). O CPK conseguiu os três pontos com uma noite inspirada de Diego Patriota marcando os dois golos do jogo com o golo da tranquilidade a vir novamente de bola parada.

Sexta-feira gorda

Na sexta-feira realizou-se o jogo de maior cartaz,(Monte Carlo 2 vs 0 Kei Lun) com a liderança em jogo, já que com uma vitória o Kei Lun poderia chegar ao primeiro lugar. O Monte Carlo começou por mostrar que queria resolver essa questão rápido tentando chegar à vantagem cedo. Apresentando-se na sua variação de sistema conforme o momento do jogo, que tanto pode estar no 5-2-3 quando tentava pressionar a primeira fase de construção do Kei Lun, como depois de o Kei Lun passar essa fase de construção recuava as linhas e colocava-se num 5-4-1 e foi num desses momentos de pressão à primeira fase de construção do adversário que provocou o erro do central do Kei Lun, que num mau atraso ao guarda redes, deixa Hougaro Da Silva no um para um com Jorge Tavares que facilmente o contorna e faz o primeiro golo da partida logo aos 23 minutos. Estava alcançado o primeiro objectivo de marcar cedo.

O jogo decorria num ritmo algo lento talvez pelo frio que se fazia sentir à hora do jogo com algumas boas oportunidades para os dois lados do campo, quando numa bola nas costas da defesa do Kei Lun,  Diego Souza derruba o jogador do Monte Carlo que se isolava e o árbitro assinala falta e mostra vermelho ao jogador do Kei Lun mesmo no final da primeira parte. Pior não poderia ser para equipa de Josecler  que chegava ao intervalo a perder por um golo e com menos um elemento.

Nos segundos 45 minutos da partida poderíamos pensar que o Monte Carlo iria facilmente resolver a questão mas não foi bem assim. O Kei Lun demonstrou um coração imenso e mesmo com menos um, lancou-se para a discussão do jogo onde dois jogadores sobressaíram : Taylor Gomes a fazer a ligação com o ataque da sua equipa e na baliza Jorge Tavares que ia mantendo o resultado na margem mínima. Mesmo antes do golo da tranquilidade do Monte Carlo, auto golo do defesa do Kei Lun ao tentar cortar um remate de Miguel Noronha, o Kei Lun teve duas excelentes oportunidades para empatar que se o conseguisse teria com certeza complicado o jogo para os pupilos de Cláudio Roberto.

Destaque ainda para uma grande penalidade falhada por Neto que poderia ter feito o 3-0 que seria um resultado demasiado desnivelado para o que se passou dentro das quatro linhas.

Em suma, excelente atitude do Kei Lun mas tem que melhorar a sua organização defensiva. O Monte Carlo conseguiu o mais importante que era manter a liderança do campeonato, mas terá que melhorar também alguns aspectos na sua forma de defender porque na próxima jornada será o Benfica de Macau, que com Nicholas Torrão na forma soberba em que se encontra, não desperdiçará as oportunidades que o a equipa canarina ofereceu ao Kei Lun. Algo para o técnico trabalhar esta semana antes do grande jogo na próxima jornada.   

Melhor jogador da jornada

Nicholas Torrão – Pela segunda vez consecutiva é o nomeado e não há como o não ser. Está atravessar um excelente momento de forma e a maneira que finaliza é de uma subtileza só alcance dos avançados de categoria. Sem dúvida o melhor jogador desta primeiras cinco jornadas.

28 Fev 2017

Liga de Elite, 4ª Jornada | Monte Carlo é líder isolado

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o regresso do futebol ao estádio da taipa, a quarta jornada fica marcada pela falta qualidade dos jogos realizados, talvez devido às horas desmotivantes que se realizam, a luz do dia dava algum brilho e colorido ao espectáculo trazendo mais espectadores ao estádio que com este factor motivava mais os intervenientes, mas infelizmente não é só isso.

A nível do jogo, a qualidade que o futebol de Macau vinha a elevar parece que este ano decresceu, com jogos mais disputados no coração e na força em vez da razão e do técnico/táctico. As evidentes culpas vão para quem organiza , a associação de futebol de Macau da forma leviana , quase a roçar a negligência ,com que trata de proteger o seu produto, o futebol. Salve-se os outros agentes desportivos , presidentes, equipas técnicas e sobretudo os jogadores que em situações muito difíceis vão tentando fazer o melhor que podem e sabem.

No único jogo que escapou à mediocridade dos restantes , esteve o jogo que punha a liderança isolada em disputa , CPK 0 Vs 2 Monte Carlo .

O jogo começou sem grandes riscos de parte a parte , com o CPK com alterações relativamente ao último jogo na forma de jogar e nos jogadores  que subiram ao relvado de início. Ronald que tinha sido um dos melhores no jogo anterior não esteve no onze  inicial. A equipa de Inácio Hui alterou o vértice do seu meio campo , baixando Bruno Figueiredo para o lado de Pedro Clementes de forma a construir jogo a partir daí.

O Monte Carlo por seu turno ao perceber essa nova forma de jogar por parte do CPK  desceu as sua linhas para impedir os lançamentos longos para as costas dos seus laterais , transformando a linha de 3 centrais em 5 homens o que impedia a largura por parte do ataque do CPK, apostando num meio campo muito forte com Anderson De Oliveira na cobertura de Keverson Cardoso e de Lenandro Tanaka  que nunca permitiram a equipa adversária jogar dentro do seu bloco do meio campo , transitando para o ataque rápido explorando a profundidade que era oferecida pelo CPK . Foi exactamente num desses lances com a bola nas costas da linha defensiva que o Monte Carlo chegou ao golo da autoria de Hougaro Da Silva. Chegávamos ao intervalo com a vantagem da equipa canarinha.

Atrás do prejuízo

A segunda parte começava com a necessidade da equipa de Inácio Hui  ter que correr à procura do golo e foi o que fez com bastante determinação dispondo de várias oportunidades para chegar ao empate, nesta fase do jogo. Ora com os passes longos do camisola 8 do CPK ou jogando dentro do bloco do meio campo do Monte Carlo por Diego Patriota , iam aproveitando as costas dos laterais do Monte Carlo que apresentavam alguma fadiga. Aí apareceram os extremos do CPK em grande nível, na esquerda Akio Orlandini e na direita  Lam Ka Seng , transportavam a bola em velocidades para zonas de finalização onde aparecia o grande problema de momento deste CPK , a falta de um ponta de lança que dê seguimento à boa organização ofensiva que vem apresentado.

Como se diz no futebol “quem não marca sofre “ e num erro do guarda-redes Domingos Chan a equipa de Cláudio Roberto chega ao segundo golo “matando” o jogo apesar dos esforços da equipa negra. Com este resultado o Monte Carlo é o novo líder isolado do campeonato contando com vitórias em todos os jogos ao passo que o CPK cai para 4º lugar .

Outros destaques

Nos restantes jogos destaque para o Kei Lun 3 Vs 1 KA I que sobe ao 2º lugar com os mesmos pontos , 10 , que o Benfica de Macau 9 Vs 1 Development , que vem dar enfâse ao que foi dito no início do artigo. Como é que não se protege uma equipa de jovens que serão o futuro de Macau a nível de futebol, que crescem no ambiente de sucessivas derrotas, que motivação terão para continuarem a evoluir num espaço competitivo que não é o deles. No meio da tabela o Cheng Fung voltou às vitórias , Cheng Fung 2 Vs 1 Sporting Macau, no entanto a equipa verde e branca vendeu cara a derrota , sofrendo no último minuto o golo do empate, quanto à Policia teve a sua segunda vitória seguida , Policia 2 Vs 0 Lai Chi, empurrando os Velozes para o último lugar com zero pontos.

21 Fev 2017

Antevisão da 4ª jornada da Liga de Elite

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 4ª jornada da liga Elite está de regresso ao salão de cerimónias da Associação Futebol de Macau, facto que agrada e de que maneira  a jogadores e técnicos, como  referiu Cláudio Roberto, técnico do Monte Carlo, no final da partida frente ao Sporting de Macau. Com esta mudança de casa, também teremos a mudança de horários com os jogos do fim de semana a realizarem-se mais tarde, (18:30 e 20:30) aqui se calhar já não tanto do agrado das equipas mas especialmente dos que dão cor ao espectáculo , os adeptos.

A abrir

A ronda começa na sexta feira , com o Kei Lun Vs KA I. O principal destaque desta partida vai para o Treinador Josecler, que defronta a sua antiga equipa onde passou os últimos anos da sua carreira , tendo inclusive ganho um campeonato e uma Taça.  Frente ao KA I , o técnico vai procurar a terceira vitória consecutiva  da sua equipa e desta maneira manter-se invicto na competição . Para que isso aconteça terá que melhorar a sua organização defensiva visto ter sofrido seis golos em três jornadas, muito para quem quer andar na frente da tabela, se bem que nesses mesmo jogos tenha marcado 13 golos. Para tal, a equipa azul celeste já deve contar com o mais recente reforço, Jorge Tavares, antigo jogador do Sporting de Macau que irá representar o Kei Lun como guarda-redes, posição que o médio centro formado no Sporting de Portugal já experimentou em vários torneios de futebol, não sendo portanto uma novidade para ele.

Já o KA I quer dar seguimento ao seu crescimento como equipa e conseguir aliar o bom futebol que está a praticar aos pontos que bem precisa. Desde da vitória na primeira jornada frente ao Sporting , surgiram duas derrotas, Monte Carlo e CPK respectivamente , duas equipas que lutam por objectivos diferente do KAI. Para tal acontecer a equipa vermelha terá que ser muito disciplinada defensivamente como fez frente ao CPK toda a primeira parte, para depois aproveitar as possíveis debilidades defensivas do Kei Lun com o seu homem golo  William Carlos Gomes. Um jogo que vale a pena assistir em que os golos irão aparecer em bom número.

Dose dupla

No sábado vão-se realizar mais dois jogos , Polícia Vs Lai Chi e Sporting De Macau Vs Cheng Fung.  No primeiro jogo a equipa da Polícia que surpreendentemente conseguiu a sua primeira vitória na jornada passada frente ao Cheng fung, tem neste jogo frente aos Velozes a oportunidade de somar mais três pontos muito importantes para a permanência na liga, visto os jovens do Lai Chi estarem muito diferentes de anos anteriores após a saída dos seus melhores jogadores , Ka Him Lei e Chi Hang. No jogo das 20:30 vamos ter uma partida bastante interessante , de um lado os jovens de Nuno Capela , que tem estado jogo a jogo a mostrarem-se mais conhecedores do jogo e neste momento já não são a equipa que se dizia de início que estava condenada a descer. A verdade é que o trabalho do técnico e toda a estrutura tem pernas para andar e que estão ali algumas pérolas para lapidar, contra o Cheng Fung tem a oportunidade de poder surpreender e darem seguimento a esse crescimento.

A equipa de João Rosa por seu turno terá que mostrar que a derrota com a Polícia foi um acidente e que quer ser uma equipa para andar na frente da tabela. Para isso terão que fazer um grande jogo para passarem este Sporting competente.

Prato forte

No domingo temos o jogo grande da jornada , CPK vs Monte Carlo , com as equipas a procurarem a liderança isolada na competição . O CPK para o conseguir terá que melhorar a sua organização ofensiva principalmente no ultimo terço do terreno , onde está a faltar alguém que dê seguimento às boas combinações do seu meio campo, se assim o fizer estará mais perto do sucesso porque defensivamente tem estado muito bem, tendo sofrido um golo até ao momento.

A equipa do Monte Carlo, ao contrário do CPK, vai ter que melhorar a sua organização defensiva para conseguir potencializar a sua grande forca que se encontra no ataque. Em três jogos os canarinhos já sofreram quatro golos, situação que de certeza não agrada ao técnico Cláudio Roberto que já terá comunicado aos seus jogadores a forma de impedir que isso aconteça e se assim for o Monte Carlo estará mais perto da vitória.

Se nenhuma das equipas for superior em termos de resultado quem irá aproveitar no jogo seguinte será o Benfica que não deverá ter grandes dificuldades para bater os jovens da associação de Macau.

17 Fev 2017

Liga de Elite | Análise da terceira jornada

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] jogo de maior cartaz da 3 jornada realizou-se no sábado com o KA I 0 Vs 3 CPK. A equipa liderada este ano por Lao Pak Kin apresentou-se em campo com 4-1-4-1 , enquanto a equipa de Inácio Hui dispôs em campo um clássico 4-3-3  . Durante a primeira parte a equipa do KA I, com as linhas recuadas no seu meio campo defensivo, tapou muito bem o corredor central limitando a acção dos dois jogadores criativos do CPK , Bruno Figueiredo e Diego Patriota, deixando a iniciativa da organização ofensiva do seu jogo para o homem mais recuado nesse vértice do meio campo, Pedro Clementes.

Ofensivamente O KA I tentava fazer transições defesa ataque através da velocidade de William Carlos Gomes, que aproveitava a profundidade dada pelo o CPK. Neste aspecto é de salientar o excelente trabalho do central do CPK  Kam Chi Hou que ia anulando essas investidas por parte do avançado do KA I.

O CPK ofensivamente , visto que foi negada a entrada no bloco central da organização defensiva do KA I , tentou através dos laterais chegar à baliza contrária , colocando os extremos por dentro a libertar os corredores laterais , onde Ronald foi o mais eficaz. O intervalo chegava com as oportunidades repartidas com mais posse para o CPK.

Frutos das mudanças

Ao intervalo o KA I alterou a sua forma de jogar tentando colocar Nwaorou a impedir as subidas do lateral esquerdo do CPK e colocando o numero 14 Janio Alves mais perto do ponta lança . Com esta alteração o CPK começou a ter mais espaço no meio campo e num passe para as costas da defesa do KA I o guarda redes  não é determinante na saída entre os postes  e Ronald Cabrera chega primeiro à bola e é derrubado, penálti bem convertido por Diego Patriota. Estava desbloqueada a partida , o KA I sentiu e muito este golo e a sua organização defensiva começou a desmoronar-se. As ocasiões para o CPK sucediam-se e foram concretizadas , também de bola parada, por Bruno Figueiredo e Vítor Almeida.

Em suma o CPK resolveu um jogo que se estava a tornar complicado através das bolas paradas , ficando à vista que precisa de um homem golo. Quanto ao KA I surpreendeu relativamente ao últimos dois jogos apresentando bastantes melhorias na estrutura do seu onze estando neste momento mais competitivo.

Golos para todos os gostos

A surpresa da jornada vai para o Policia 1 Vs  0 Cheng Fung , depois da surpresa na jornada anterior com empate com o campeão em titulo a equipa de João Rosa foi derrotada pela Polícia que ainda não tinha qualquer ponto no campeonato.

Na sexta feira, o Monte Carlo 4 Vs 1 Sporting de Macau,  seguindo invicto na prova. A maior goleada para já do campeonato vai para o Benfica 8 vs 0 Laichi, onde os encarnados responderam da melhor maneira ao empate na ronda anterior. Por último, outro jogo com 8 golos: Development 3 Vs 5 Kei Lun confirmando que os jogos da equipa de Josi Cler  têm sempre muitos golos para ver.

Jogador da jornada – #17  Kong Cheng Hou ( KA I ) – Enquanto teve disponibilidade física , foi mantendo o KA I na disputa do jogo , fazendo bem a cobertura defensiva dos seus homens do meio campo .

14 Fev 2017

Línguas | Tradutor de André Villas-Boas estudou um ano em Macau

Foi aluno do Politécnico de Leiria e esteve um ano em Macau. Luís Lino é o tradutor e intérprete da equipa de André Villas-Boas, o antigo treinador do FC Porto que agora comanda o Shanghai SIPG. Estudar mandarim abriu-lhe as portas para o mundo do futebol

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ó acreditou no dia em que chegou a Xangai. “É um sonho. Quando o André Villas-Boas me fez a proposta nem sequer queria acreditar.” Luís Lino acabou o curso há pouco mais de dois anos. O antigo aluno do Instituto Politécnico de Leiria viveu um ano no território, ao abrigo de um acordo com o Politécnico de Macau. Foi jogador do Sporting local e é um amante de futebol, pelo que entrar em campo para traduzir é a conjugação de duas paixões que, diz, jamais imaginaria que fosse possível.

A equipa de André Villas-Boas – antigo treinador do Porto, do Chelsea e do Tottenham, entre outros clubes – chegou a Xangai em Dezembro. A experiência, conta Luís Lino, está a ser francamente positiva. “Mas estive dois anos em Portugal [desde que acabou o curso] a falar mandarim muito raramente. Não tinha contacto diário com a língua. Quando cheguei, senti que estava bastante enferrujado, isto já para não dizer que nunca falei chinês no contexto do futebol”, explica. “Há muitos termos que me estavam a faltar. É um trabalho do dia-a-dia que não posso negligenciar. Estou a trabalhar constantemente.”

O tradutor tem como principais funções ajudar o treinador e os jogadores de língua portuguesa “na organização e em trabalho de back office”. Dá apoio em questões burocráticas, na preparação de documentos e em “tudo aquilo que os jogadores precisarem”. Em campo, ajuda na comunicação entre jogadores chineses e técnico principal da equipa.

“André Villas-Boas tem um adjunto, o Xie Hui, que é o David Beckham da China. Fala um inglês espectacular, já está no mundo do futebol há muitos anos, pelo que se apoia mais nele para dar instruções em campo. Mas estou lá, estou sempre atento e, quando é preciso complementar alguma coisa ou quando esse adjunto está ocupado a falar com outra pessoa, entro eu. Estou sempre pronto a ajudar”, descreve Luís Lino.

Fora das quatro linhas, o tradutor desempenha um papel importante nas conferências de imprensa. O Shanghai SIPG, equipa da Super Liga Chinesa, tem quatro jogadores de língua portuguesa: os brasileiros Elkeson, Hulk e Oscar, e Ricardo Carvalho, defesa central português com 89 internacionalizações ao serviço da selecção nacional.

Melhor aqui do que lá

Natural do Porto, Luís Lino viu na aprendizagem do mandarim um desafio. “A minha família também me dizia que seria a língua mais rentável na indústria da tradução, da interpretação. Foi sobretudo pelo desafio e pelo facto de ser muito exótico”, explica.

Escolhido o curso, a opção foi o Instituto Politécnico de Leiria, que oferece um programa de quatro anos, sendo que dois são passados fora, o que “faz uma diferença abismal”. No segundo ano do curso, Luís Lino foi estudar para a Universidade de Língua e Cultura de Pequim, e de lá veio para Macau, onde esteve entre 2012 e 2013. “Voltei para Portugal, fiz o primeiro semestre do quarto ano em Leiria e, depois, o estágio em Xangai.”

No final do curso, decidiu “pensar no que queria mesmo fazer”. Em casa, foi intérprete freelancer, “ia fazendo traduções, interpretações, incluindo para a Federação Portuguesa de Artes Marciais”, e trabalhou no Museu do Futebol Clube do Porto. “Estava a leccionar mandarim no Porto quando recebi esta proposta”, diz.

Em relação a Macau, onde esteve agora durante alguns dias de férias, diz olhar “com muito carinho, também por causa do Sporting”. O clube “ajudou a entrosar-me bem na cidade e conhecer muita gente de cá”, recorda Luís Lino, que veio viver para o território integrado numa turma de 16 estudantes.

Sobre o ano a estudar no Politécnico, numa cidade onde o mandarim não é a língua que se ouve na rua, Luís Lino entende que, “de acordo com o processo, tem de se passar por aqui”. “Mas, na altura, os nossos conhecimentos de mandarim ainda não eram consolidados o suficiente para conseguirmos entender o que se diz em cantonense, enquanto agora já é possível associar algumas expressões, depois de seis, sete anos de estudo”, refere.

De qualquer modo, “perder, não se perde”, ressalva. “Continua a ser melhor estar aqui do que em Portugal, onde não há referência diária absolutamente nenhuma. Depois, o nosso horário era muito intenso, com quatro a seis horas diárias só de chinês compreensivo, excluindo as aulas de leitura, de audição e de História da China.”

A oportunidade

O novo desafio obriga o jovem tradutor a regressar ao estudo. “Durante os treinos tenho sempre o meu caderno comigo. Sempre que ouço uma expressão que não conheço, aponto-a. Tenho várias ferramentas que me ajudam a memorizar e a estudar”, relata, enquanto pega no telemóvel e mostra as melhores aplicações para consolidar a língua chinesa. “O importante é compilar o maior número de léxico possível e ter a certeza de que nunca se pára”.

Apesar de ter vivido quatro meses em Xangai na recta final do curso, a experiência no Shanghai SIPG faz com que a capital económica da China seja olhada de outra forma. “Quando estou livre, há mais tempo para explorar. Somos um grupo, costumamos fazer muita coisa juntos, vamos passear e, geralmente, contam comigo para lhes dizer quais são os sítios a ir. Adoro Xangai, é mesmo o meu estilo. Não falta nada, tem muita coisa para ver, muitos lugares escondidos no meio da cidade.”

De malas feitas e prestes a embarcar de regresso à equipa de André Villas-Boas, o jovem tradutor confessa que, quando terminou o curso, pensou que iria trabalhar “para um escritório de advogados ou ser freelancer o resto dos meus dias”. “Mas a vida tem destas voltas. Trabalhei, empenhei-me, dediquei-me, mas também tive sorte. Agora é aproveitar a oportunidade”, remata.

2 Fev 2017

Equipa do Consulado estreia-se na segunda divisão

 

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem apresentada à comunicação social a equipa de futebol de onze do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A apresentação não podia ter sido feita em melhor atmosfera, tendo sido realizada depois de uma expressiva vitória por 3-0 na jornada inaugural do campeonato da II divisão de Macau.

“Mais do que um projecto competitivo, este é um projecto diplomático pioneiro a nível mundial”, declarou o Cônsul-geral, Vítor Sereno, também capitão de equipa. Que se saiba, não existe outra equipa diplomática que participe numa competição desportiva federada. Para o diplomata, o desporto é uma via de aproximação de comunidades, e esta iniciativa visa “fomentar a participação activa dos portugueses na vida da RAEM”, e estreitar os laços que unem Portugal, Hong Kong e a China.

A equipa do consulado, que se constituiu em 2013, tem sido convidada para participar em jogos tanto nas duas regiões administrativas especiais, como na China Continental. O futebol tem sido um veículo que proporcionou, de acordo com Vítor Sereno, o desenvolvimento de relações privilegiadas com países como as Filipinas, Vietname, Camboja, Indonésia e Tailândia.

Além de estreitar laços com o exterior, a constituição da equipa criou uma atmosfera de team building entre os próprios funcionários do consulado. Entre os 23 jogadores que constituem o plantel, seis fazem, ou fizeram, parte do staff diplomático. O próprio cônsul-geral diz, com humor, que “aos 46 anos tenta fazer pela vida, e marcar uns golos”, apontando como meta, pelo menos, repetir os 11 golos que marcou na época passada.

A equipa do consulado tem vindo a subir de escalão de ano para ano, numa ascensão meteórica. Ficou em terceiro lugar da 3.ª divisão na última época, campeões da 4.ª divisão em 2015, sendo que em 2017 Vítor Sereno promete fazer o melhor possível e “dignificar as camisolas” que vestem.

Durante a apresentação da equipa para a nova temporada, o cônsul-geral aproveitou para fazer uma saudação especial à equipa da Casa de Portugal, que também compete na 2.ª divisão de Macau, assim como aos patrocinadores. Vítor Sereno fechou a sua intervenção agradecendo à comunidade portuguesa nascida, ou radicada, em Macau e em Hong Kong, pelo apoio incondicional à equipa. A formação terá oportunidade para retribuir o apoio prestado nas quatro linhas.

19 Jan 2017

Qi Chen, o pioneiro do investimento chinês no futebol em Portugal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] empresário Qi Chen é o rosto dominante do investimento da China no futebol em Portugal, com ligações a vários clubes nacionais em nome do objectivo de promover o desenvolvimento dos jovens futebolistas chineses. Pinhalnovense e Torreense são desde 2015 pontos de passagem obrigatórios no projecto deste investidor, nos quais figuram vários jogadores oriundos do seu país, entre os 18 e os 21 anos.

Porém, a ligação a Portugal começou a ser trilhada em 2006, quando intermediou a transferência para o Benfica de Yu Dabao, hoje com 28 anos, a jogar no Beijing Guoan. Pelo caminho registou-se ainda a criação, em 2011, do Oriental Dragon FC, um clube só com jovens jogadores chineses entre os 15 e os 18 anos, bem como a Future Stars Football League, uma prova que acolhia este emblema e equipas dos escalões de formação de Vitória de Setúbal e Belenenses, entre outros. Tudo sob o patrocínio da WSports Seven, a empresa de Qi Chen.

Em entrevista à Lusa, Qi Chen explicou que o clube da Margem Sul “foi uma oportunidade que surgiu” para reforçar a sua aposta em Portugal, num investimento que quer juntar a componente desportiva à vertente de “formação dos jogadores chineses”.

“O objectivo para o clube é obter bons resultados. O objectivo para os jogadores chineses é eles poderem dar valor a esta plataforma e às condições que lhes estão a ser proporcionadas, aprendendo mais acerca do futebol em Portugal, da atitude profissional nos jogos e nos treinos, e que possam depois levar melhores ensinamentos para a China”, referiu.

Sem querer quantificar os montantes já investidos desde que iniciou este projecto em Portugal, o empresário asiático assumiu que já gastou “algum dinheiro”, mas que contribuiu também para ajudar “clubes em dificuldades e receptivos a investimento estrangeiro”.

“Aproveitei a oportunidade para poder dar continuidade ao projecto de formação dos nossos jovens. Não tem sido fácil. Tivemos vários obstáculos, como os problemas de comunicação e as diferenças culturais. Tudo isso foi causando contratempos ao longo dos anos. Neste caso, acho que mesmo assim tem valido a pena, porque já conseguimos que alguns jogadores do nosso projecto seguissem para grandes clubes na China”, acrescentou.

A ambição da China de se tornar uma potência do futebol nas próximas décadas está ainda a dar os primeiros passos. Mas, se o recrutamento de grandes jogadores já se verifica, a colocação de futebolistas chineses em clubes europeus de relevo está por materializar. Porém, isso não é ainda uma prioridade, como revelou Qi Chen, quando questionado sobre a carreira destes jovens.

“Tudo depende do jogador e do nível a que consegue chegar aqui em Portugal. Se conseguirem chegar a um patamar superior, a situação ideal seria uma transição para uma equipa da I ou II Liga aqui em Portugal ou para um outro clube europeu. Se chegarem ao limite da idade e não tiverem o nível que é esperado neles, terão de regressar à China e jogar na primeira ou segunda divisão chinesas”, sublinha.

Depois da investida deste empresário no futebol português, já outros compatriotas lhe seguiram as pisadas, sendo disso exemplo o patrocínio da II Liga de futebol pela empresa Ledman. Todavia, Qi Chen acredita que ainda há espaço e oportunidades no futebol em Portugal para mais investimento chineses.

“Desde que comecei a investir aqui em Portugal já atraí muitas atenções de clubes e investidores do futebol chinês e isso é sempre um cartão de boas vindas para outros investidores começarem a apostar no futebol português”, concluiu.

Um jogador e um sonho

A comunicação entre chineses e portugueses é apontada por todos como a maior barreira, mas um dos jovens já deu esse ‘grande salto em frente’. Lingfeng, de 19 anos, passou na época passada pelos escalões de formação do Sporting e, além do talento nos relvados, consegue já expressar-se em língua portuguesa.

“O português é muito diferente do chinês”, começa por dizer o jovem médio, explicando também as profundas diferenças que encontrou dentro das quatro linhas: “É mais difícil jogar aqui em Portugal. Os jogos têm mais intensidade e também temos mais encontros do que na China.

Aqui é tudo muito mais táctico do que aquilo que tínhamos no nosso país”.

Cumprir uma carreira no futebol europeu é o “sonho” de Lingfeng, mas, para que tal se concretize, o jogador espera seguir as instruções de Qi Chen.

“Pediu-nos para ajudar a equipa, para darmos o nosso melhor e que tínhamos de trabalhar muito para jogar. A adaptação não foi muito fácil, mas gosto muito desta equipa. Este clube é grande e tem muita história”, admitiu o médio.


Shiao Wei, o chinês que não quer regressar

O avançado do Leixões Shiao Wei é o futebolista chinês mais utilizado pelos clubes das Ligas profissionais portuguesas e assume o objectivo de prosseguir a carreira na Europa, em detrimento do regresso ao seu país. Shiao Wei, de 21 anos, cresceu a sonhar com as Liga inglesa e espanhola, mas agora quer afirmar-se no Leixões e chegar à I Liga, preferindo a “qualidade do futebol europeu” ao “muito dinheiro” na Liga chinesa.

Wei tem sido um raro caso de sucesso entre os seis jogadores chineses a alinhar nas competições profissionais em Portugal, somando 65% de utilização pelo Leixões na II Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal. O avançado chegou ao futebol português em 2013/14, para representar os juniores do Boavista, período que em entrevista à agência Lusa, Wei recordou como tendo sido “muito difícil”. “No primeiro ano, nos juniores, apenas joguei meia época. O futebol português não é diferente do chinês mas foi mais difícil para mim porque era o único jogador chinês e não falava português”, explicou o internacional nos escalões de formação.

Oriundo de um país onde não há campeonatos de formação, Wei encarou a vinda para Portugal como uma ponte “para jogar na Europa” e os esforços de adaptação são visíveis, exprimindo-se com algum desembaraço na língua portuguesa. “Queria jogar aqui, ser melhor jogador. A China tem muito dinheiro, mas eu gosto mais deste futebol”, confessou o avançado que soma 17 jogos pelo Leixões esta época, 12 deles na II Liga.

Wei explicou depois a ambição dos jovens chineses que sonham um dia afirmar-se pela via do futebol, confirmando que também os chineses são bem pagos no seu país. “A nós também pagam muito dinheiro, todos os clubes. Há aqui muitos jogadores jovens que vem para cá aprender e depois voltam para lá, onde é fácil ganhar dinheiro”, disse.

Wei jogou oito anos no Shandong Luneng e reafirma que agora quer é jogar no futebol europeu. “Eu não quero voltar para a China. Fui internacional sub-15, sub-16, sub-21 e sub-23 mas eu quero é jogar na I Liga. Antes de vir para cá queria jogar em Inglaterra ou em Espanha, mas agora tenho 21 anos, já não sou muito novo, e quero jogar no Leixões e depois na I Liga”, garantiu Wei, autor do golo da última vitória do clube de Matosinhos na II Liga, diante do Penafiel (2-1), no minuto 90+3.

Afirmando sentir no futebol nacional “muito melhor do que se estivesse na China”, Wei não escondeu a preferência quando instado a dizer em que posição gosta de jogar. “Sinto-me bem a jogar a ponta de lança, foi assim quando cheguei ao Boavista. Nos seniores também joguei nessa posição ou a extremo, mas gosto é de jogar a ponta de lança”, assegurou.

Com mais um ano e meio de contrato com o Leixões, Wei não hesitou quando convidado a desvendar qual é o seu ídolo, respondendo Cristiano Ronaldo.

16 Jan 2017

Portugal 3 – Hungria 3 | O jogo que não quisemos vencer

As decisões de Fernando Santos impediram Portugal de vencer, quando estava por cima. Mas o sonho continua

Cristiano Ronaldo faz o 3-3 para Portugal | FOTO: EPA/CJ GUNTHER
Cristiano Ronaldo faz o 3-3 para Portugal | FOTO: EPA / CJ GUNTHER
[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Hungria-Portugal foi o jogo mais espectacular do Euro 2016 até ao momento e terminou com uma igualdade a três golos e o consequente apuramento português (e dos húngaros, em primeiro, a que se juntaram os islandeses, em segundos) para os oitavos-de-final da competição.

Na partida que, por enquanto, rendeu mais golos na prova, Portugal esteve sempre em desvantagem. Primeiro, num remate à entrada da área portuguesa, Gera inaugurou o marcador (19’) para os húngaros, mas Nani, bem junto ao intervalo, repôs a igualdade.

No início do segundo tempo, a Hungria recolocou-se em vantagem, aproveitando um livre que sofreu um desvio na barreira nacional, mas Cristiano Ronaldo surgiu no jogo ao marcar um golaço, de calcanhar (50’), que recolocava o marcador numa igualdade – o internacional português passou a ser o primeiro futebolista a marcar em quatro fases finais consecutivas de Europeus.

Só que aquele resultado durou cinco minutos, já que em mais um remate que sofreu um desvio, Dzsudzsák voltaria a colocar a Hungria na frente do marcador.

Novamente desqualificado, face à conjugação de resultados, Portugal foi capaz de repor a igualdade (62’), num cabeceamento de Cristiano Ronaldo, que assim “bisou” na partida e recolocou a selecção no lote das qualificadas para a fase seguinte do Euro 2016, apesar de ter terminado a fase de grupos com três empates.

Islândia em primeiro

Entretanto, a Islândia venceu a Aústria por 2-1 na última jornada do Grupo F e assegurou assim o 1º lugar com cinco pontos. Esta vitória dos nórdicos permitiu a Portugal ser terceiro e assim evitar o lote dos ‘tubarões’ do Euro 2016. Com vontade de ser primeira no grupo, a Islândia começou a todo o gás. E logo aos dois minutos atirou uma bola ao ferro por Gudmundsson num pontapé do meio da rua. Com tanto domínio inicial, foi sem surpresa que a equipa nórdica chegou ao golo por intermédio de Bodvarsson. Depois de um lançamento longo, a bola sobrou para o 15 que não falhou na hora h.

Com vontade de inverter o rumo dos acontecimentos e com esperança ainda na qualificação para a próxima fase do Euro, a Áustria tentou responder ao golo. Arnautovic em excelente posição cabeceou por cima. Aos 36 minutos, a Áustria teve uma soberana ocasião para marcar. Skulason travou Alaba na área, e o árbitro não teve dúvidas para assinalar o castigo máximo. Na transformação Dragovic atirou ao poste.

No segundo tempo, à passagem dos 60 minutos, o pendor ofensivo austríaco deu os seus frutos. Schöpf tirou um adversário da frente e rematou para o fundo da baliza. A Áustria foi à procura da vantagem e quase o conseguiu, mas permitiu a intervenção do guardião nórdico. Quando nada o fazia prever, a Islândia marcou ao cair do pano. Arnor Ingvi Traustason fez o tento da vitória e permitiu à sua seleção acabar em primeiro lugar do grupo.

Com este triunfo, Portugal qualificou-se em terceiro lugar. Já a Islândia ao ficar em primeiro lugar do grupo vai medir forças com o segundo classificado do Grupo E.

Ronaldo fica a um golo de Platini

Cristiano Ronaldo isolou-se ontem no segundo lugar dos melhores marcadores da história do Europeu de futebol, a um tento de Michel Platini, ao ‘bisar’ face à Hungria, em encontro da terceira jornada do Grupo F, em Lyon. O ‘capitão’ da seleção lusa, que é agora o melhor marcador luso em Europeus, Mundiais e, naturalmente, no somatório das duas competições, passou a contar oito golos em campeonatos da Europa, com os tentos aos 50 e 62 minutos. Ronaldo, que havia marcado dois golos no Euro2004, um no Euro2008 e três no Euro2012, superou os sete tentos do inglês Alan Shearer e ficou a um dos nove do francês Michel Platini, todos marcados na edição de 1984. O ‘7’ luso, que também reforçou o estatuto de melhor marcador do Europeu, juntando qualificação e fase final (28 golos), tornou-se também o primeiro jogador da história a marcar em quatro Europeus, sendo que, juntando os Mundiais, também é o único com golos em sete fases finais.

Na história dos Europeus, Ronaldo, que ontem se isolou com o jogador com mais encontros disputados (17, contra 16 de Edwin van der Sar e Lilian Thuram), estreou-se a marcar no primeiro jogo do Euro2004, quando fez o tento de honra da seleção portuguesa frente à Grécia (2-1), no Estádio do Dragão.

Reacções

Fernando Santos | “Fundamental foi passar. Queríamos tê-lo feito como primeiros do grupo, mas foi impossível, depois das incidências nos dois primeiros jogos, em que Portugal foi melhor e não conseguiu vencer, e deste, apanhados três vezes a perder, num jogo contranatura, com Portugal a jogar razoavelmente bem. O adversário três vezes criou perigo e fez golo. A equipa teve uma grande atitude, capacidade de resposta e conseguiu igualar três vezes e tentou o quarto golo, também. No período final, o adversário não quis jogar, tentou que Portugal se adiantasse para atacar. Não adiantava insistir quando estávamos apurados, a três minutos do fim, e correr o risco de sofrer um golo. Nos últimos minutos, a equipa soube pensar no que tinha que fazer. Fizemos tudo para ganhar, queria ganhar, mas é normal que nos últimos seis ou sete minutos os jogadores saberem que o importante é estarmos cá. A Croácia é uma excelente equipa. Viemos para o Euro com uma ambição. Quem vem para o Europeu tem que jogar com todos. Vai ser um grande jogo.”

Danilo Pereira | “[O seleccionador] pediu-me para entrar e segurar o meio-campo. Estamos todos felizes pelo apuramento, não da forma como queríamos, mas é sempre um apuramento. No final, vimos que Hungria não estava a atacar, e também decidimos não fazer. O resultado convinha e não podíamos sofrer golos. Preparados para tudo e as críticas fazem parte do dia a dia.

João Mário | “A Hungria, por estar já apurada, apareceu a encarar o jogo de forma muito aberta e competitiva, mas estávamos preparados e não foi surpresa nenhuma. [Croácia, próximo adversário] É uma selecção muito forte, com excelentes jogadores e muito bem organizada. Há que encarar esse jogo cara-a-cara, com muita tranquilidade. Agora, no ‘mata-mata’, o objetivo é passar. Há que encará-lo com optimismo e corrigir os aspectos menos positivos”.

Nani | “Cumprimos o objectivo, pelo menos um deles, que era passar. Não conseguimos da maneira como queríamos, que era ganhar os jogos, mas o mais importante foi passar. Agora é a fase a eliminar.

Hoje fomos infelizes em dois lances, em que a bola ressaltou nos nossos jogadores. Soubemos responder, mostrámos excelente atitude, bom futebol e que somos uma equipa forte. E marcámos três golos, embora não tenhamos conseguido vencer. Os portugueses podem estar orgulhosos e continuar a acreditar. A Croácia jogou muito bem contra a Espanha. Mas com equipas fortes costumamos responder muito bem. Temos que ser muito competentes, mas temos ainda muito para demonstrar”.

Renato Sanches | “O que interessa é que estamos apurados. Foi um bom jogo, apesar do desfecho. Não está a faltar nada à Selecção. Estamos a jogar bem, apenas falhámos alguns golos. Há que continuar a trabalhar, que as coisas vão aparecer. Contra a Croácia, será um jogo difícil, mas estamos preparados”.

23 Jun 2016

Banido!

15616P17T1[dropcap style=´circle´]M[/dropcap]acau tem várias particularidades na sua forma de estar, ser e até de parecer. Já todos sabemos isso. Todavia, algumas delas, quando se nos esbarram nas ventas, não deixam de nos mostrar quão álacres são e, nesse seu garrido, o sinal que representam do que vai mal na terra.

Um desses pormenores é, claramente, a incapacidade quase geral de acolher críticas.

Em Macau, a regra para criticar é não o fazer, ou não o fazer em público, ou não o fazer de todo. As personalidades são frágeis, as capacidades, vulgarmente, ainda mais quebradiças e, portanto, alertar sobre a nudez do monarca é crime de lesa majestade.

Foi o que me aconteceu.

Desde há mais de uma dezena de anos que, regularmente, à excepção de um hiato ou outro, colaboro com a TDM nos relatos de futebol, especialmente em ocasiões como Euro ou o Mundial, ou mesmo noutras modalidades.

Recentemente, até me foi proposto informalmente tornar essas colaborações um pouco mais assíduas. Todavia, este ano não vou fazer qualquer relato do Euro e, pelo andar da carroça, e se a tracção não mudar, nunca mais irei fazer nada na TDM.

Questões pessoais não são chamadas para as páginas de um jornal. Nem numa coluna de opinião, dirá alguém e eu concordo. Mas isto não é pessoal. Para mim, é de interesse público.

O banimento, posso dizê-lo, pois que o poderia ter negado não o fez apesar de a isso instado, ficou a dever-se a um texto publicado nesta mesma página no passado dia 17 de Fevereiro deste ano, intitulado “Para que serve a TDM?”.

Caiu mal

Todavia, não deveria conter matéria suficiente para processo, caso contrário já teria sido notificado pelo tribunal. No texto, recordo, inquiria-me, de uma forma geral, sobre os propósitos da TDM, demonstrando a minha incompreensão pela total ausência da estação de Macau em apoiar de forma decisiva a produção local e por não ser sequer capaz de cumprir o desígnio de Macau de plataforma de contacto com os países de língua portuguesa exportando conteúdos para estes nem sequer de abrir portas à colaboração com estações do continente dada a exiguidade do mercado local para investidores. A crítica era mais dirigida à tutela do que propriamente à direcção executiva da estação.

Não foram feitas críticas pessoais mas sim institucionais. Todavia, foi o suficiente para ser considerado persona non grata na estação pública do território.

É absolutamente irrelevante para qualquer pessoa, comigo incluído, se colaboro ou não com a TDM, se faço ou não comentários, se produzo, ou não conteúdos para aquela estação. Mas não é irrelevante nem para mim, nem, julgo, para ninguém que se preocupe com uma sociedade livre, que se penitenciem pessoas por exercerem o seu direito à liberdade de expressão. Hoje sou eu, amanhã será outro.

A questão torna-se ainda mais caricata quando o responsável pela sanção assume cargos na Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau que, diz nos seus estatutos, tem por fim, entre outros, “defender e promover o livre exercício da profissão, a liberdade de imprensa e o acesso às fontes”.

Se calhar é excesso de zelo, se calhar ninguém lhe encomendou o serviço. Seja o que for, é tenebroso e não deixa de preocupar numa época em que cada vez mais se vêem atropelos à liberdade de expressão, aqui e noutras paragens, quando a sanção vem sub-reptícia e sem explicação formal, como quando se empurra o lixo para debaixo do tapete à espera que ninguém o levante.

Música da Semana

“Big Brother” (David Bowie – 1974)
I know you think you’re awful square
But you made everyone, and you’ve been anywhere
Lord, I’d take an overdose, if I knew what’s going down
(…)
Someone to lead us, someone to follow
Someone to fool us – some brave Apollo!
Someone to save us, someone like you

We want you Big Brother

15 Jun 2016

Futebol | Superliga chinesa dá o pontapé de saída

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Superliga chinesa de futebol arrancou ontem, animada pela contratação de grandes estrelas internacionais, mas o único jogador português na competição, Rúben Micael, considera que o título será disputado apenas por “duas ou três equipas”.
“Até podes ter o Messi, o Ronaldo e o Iniesta, mas se não tiveres mais oito bons jogadores é impossível ganhar o campeonato”, comenta à agência Lusa o médio internacional português.
Apesar dos gastos recorde na contratação de nomes sonantes, Rúben Micael lembra que “quem faz a diferença são os jogadores chineses”.
Segundo os regulamentos vigentes no campeonato chinês, no onze em campo podem alinhar, no máximo, três jogadores estrangeiros não asiáticos.
“Há mais grandes craques de nível mundial que querem vir” para a China, revela Rúben Micael. “O problema são as vagas”.
Por isso, o futebolista, que também já alinhou, entre outros, pelo União Madeira, Nacional, FC Porto e os espanhóis do Atlético de Madrid, acha “que eles deviam apostar mais na formação do jogador chinês”.
O médio de 29 anos foi contratado no ano passado ao Sporting Braga pelo Shijiazhuang Everbright, clube sedeado na capital de Hebei, província que confina com Pequim.
“Os primeiros quinze dias não foram fáceis”, recorda.
O choque de viver entre uma “cultura diferente” foi, entretanto, atenuado por “um tradutor disponível 24 horas” e a “cozinha europeia que o clube faz questão de disponibilizar”.
No Everbright jogam ainda um brasileiro, um venezuelano e um coreano.

Milhões do oriente

A China figura em 93.º lugar no ranking da FIFA. Qualificou-se uma única vez para um Mundial, em 2002, na Coreia do Sul, mas perdeu os três jogos que disputou e não marcou um único golo.
No entanto, as 16 equipas que disputam a prova máxima do futebol chinês investiram este ano cerca de 331 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros, mais 92% do que gastaram na temporada anterior.
Naquele campo, a China bateu todas as potências desportivas do planeta.
O brasileiro Alex Teixeira, contratado pelo Jiangsu Suning, por 50 milhões de euros, tornou-se o jogador mais caro de sempre no futebol chinês.
O ex-avançado do FC Porto Jackson Martínez, contratado ao Atlético de Madrid pelo Guangzhou Evergrande, por 42 milhões de euros, foi o segundo mais caro.
O clube treinado pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, antigo seleccionador de Portugal, tem vindo a dominar o futebol chinês nos últimos cinco anos.
No ano passado, sagrou-se campeão após uma luta renhida com o Shanghai SIPG, conjunto orientado pelo sueco Sven Goran-Eriksson, que esteve no Benfica cinco épocas (1982/1984 e 1989/1992).4316P24T1
Já o Jiangsu Suning, que terminou em nono lugar na época passada, promete ser também um forte candidato.
Além de Alex Teixeira, aquele clube contratou o internacional brasileiro Ramires, que já passou pelo Benfica, por mais de 30 milhões de euros.
O colombiano Fredy Guarín, que representou o FC Porto, rumou ao Shanghai Shenhua, enquanto o compatriota Freddy Montero, avançado do Sporting, assinou pelo Tianjin Teda, por cinco milhões de euros.
O argentino Ezequiel Lavezzi, o costa-marfinense Gervinho ou o camaronês Stephane Mbia são outros jogadores pagos a ‘peso de ouro’ que se estreiam por emblemas chineses.
A Superliga chinesa decorre até ao final de Outubro.
Apesar do rol de estrelas a rumar a oriente não ter um impacto directo na selecção da China, já eliminada na fase de qualificação para o Mundial de 2018, Rúben Micael concorda que só se aprende com os melhores.
“O jogador chinês vai-se esforçar ao máximo para aprender com os estrangeiros”, prevê.

4 Mar 2016

Liga Elite de Macau – Sporting, 8 – C.Portugal, 0

O Sporting de Macau venceu sem dificuldades a casa de Portugal, numa jornada de muitas goleadas. A liderança da Liga continua repartida pelo mesmo trio da semana passada. Num jogo de sentido único em que a Casa de Portugal não fez um único remate à baliza, o Sporting despachou facilmente o assunto com um resultado volumoso que apenas pecou por escasso dada a taxa de desperdício da equipa leonina

[dropcapstyle=’circle’]E[/dropcap]sperava-se que o Sporting dominasse este jogo já que a Casa de Portugal, além de ser uma equipa totalmente amadora, vinha desfalcada de uma série de titulares o que obrigou o treinador da equipa a montar uma equipa praticamente só com defesas pois pouco mais havia no plantel. Conscientes que era um jogo para atacar, o Sporting surgiu num 4-2-4 contra o “todos-lá-atrás-menos-um” da Casa de Portugal (CDP) e logo aos 30 segundos de jogo já surgia o primeiro remate à baliza de Tai Chou Tek. O jogo seguia com o Sporting a insistir e a CDP a resistir e aos 9 minutos, depois de um remate de Pio Júnior que obrigou o guarda redes da CDP a ceder canto, o mesmo Pio atirava a contar – canto da direita apontado por Walter uma primeira cabeça na área de um jogador do Sporting, bola a sobrar para Pio Júnior de cabeça a fazer o primeiro para os verdes. Um minuto depois Walter obrigava Tai Chou Tek a uma defesa apertada para canto e, na sequência, Pio ao primeiro poste, cabeceava por cima da barra marcando o tom para uma série de falhanços da equipa listada que se viriam a repetir partida fora. Aos 13 minutos, uma entrada na área pelo lado esquerdo de Wilson Lay, um dos mais irrequietos em campo, e um desarme na área da CDP que deixou dúvidas pois pareceu uma grande penalidade. O canto que se seguiu não fez história. Um minuto depois, centro com conta peso e medida do lado direito por Lei Seng Wen e bola colocada no miolo da área mas Vitor Emanuel, em posição central para a baliza e com espaço, conseguiu falhar o que parecia o segundo cabeceando por cima. E o jogo continuava com o Sporting a teimar, a falhar ou a ser repelido pela floresta vermelha da CDP que não conseguia, sequer, cruzar a linha de meio campo. Aos 20 minutos, Walter por pouco que não conseguia um canto directo colocando Tai Chou Tek em apuros mas conseguindo dar uma tapinha na bola por cima da barra. O canto que se seguiu foi fatal para as suas cores: Walter marca da direita e Pio, bem posicionado junto ao segundo poste, não falhou e atirou a contar. Aos 25 minutos numa jogada insistência, Pio entrou na área pelo lado direito centrou ao segundo poste para Wilson Lay, apesar da sua baixa estatura, cabecear ao ângulo da baliza da CDP. Estava feito o terceiro. Ainda antes do intervalo o Sporting conseguiu mais um golo com uma entrada de Wilson pelo lado esquerdo que rematou cruzado e rasteiro, o guarda-redes da CDP falhou incrivelmente a intersecção e André Moreira apenas teve de encostar ao segundo poste. A CDP ainda tentou umas tímidas reacções mas sempre que o fez utilizava apenas dois jogadores que eram sempre presa fácil da defesa do Sporting.

Vira o disco e toca o mesmo

Para a segunda parte a CDP tentou adiantar mais alguns jogadores e mudar um pouco as coisas com duas substituições logo aos 52 minutos, entrando José Carneiro e António Pinheiro para os lugares de Scott Tennant e Pedro Lemos mas era o Sporting que continuava a controlar as operações e, aos 56 minutos, Pio recebe um passe para a entrada da área acabando por rematar às malhas lateiras da baliza da CDP que pouco depois esgotava as substituições com a troca de Lee Jung Bum por Mak Gene Yu. Do outro lado, o Sporting tirava Lei Ka Man e fazia entrar Francisco César. Ao minuto 67 uma falta feia sobre Pio Júnior à entrada da área do lado esquerdo. O livre, superiormente marcado por Walter, leva a bola lá para lado direito à entrada da pequena área onde surgiu Vítor Emanuel a marcar o golo da tarde num remate cruzado à meia volta sem hipóteses para Tai Chou Tek. Pouco depois, o Sporting esgotava as substituições com as entradas de Taylor e Lee Keng Pan para os lugares de Manuel Moreira e Jorge Tavares e, aos 76 minutos fazia a meia dúzia de penálti. Um bom passe do turbulento Wilson para a entrada de Walter que viria a ser travado em falta. O mesmo Walter encarregar-se-ia do castigo: guarda redes para um lado, bola para o outro e estava feito o sexto. Já com o jogo quase a terminar, corria o minuto 82 e o recém entrado Taylor Gomes tirou um defesa da frente e rematou forte e colocado para o sétimo do Sporting. Três minutos depois Walter fechava a contagem depois de uma grande confusão na área da CDP e um falhanço incrível do guarda-redes que não conseguiu interceptar o cruzamento praticamente oferecendo o oitavo ao Sporting que Walter agradeceu. Depois deste autêntico passeio, o Sporting enfrenta no próximo dia 3 a equipa do Monte Carlo num jogo que, esse sim, será um verdadeiro teste aos comandados de João Pegado.

João Pegado – treinador do Sporting
“Temos de trabalhar a finalização”

“Já sabíamos quer éramos favoritos e que temos uma equipa superior pois somos profissionais e eles não. Mas o objectivo era ganhar e não sofrer golos e conseguimos ambos. E depois aproveitámos para treinar algumas rotinas de jogo”. Em relação aos falhanços, João Pegado concorda e diz que, “De facto falhámos muito e temos de rectificar para os próximos jogos pois contra as equipas grandes não podemos falhar tantos golos. Vamos ter de trabalhar a finalização para não comprometer os nossos objectivos.
Relativamente a perspectivas para o resto do campeonato, Pegado mantém uma postura prudente: “ Para já entrámos bem com três jogos e três vitórias mas eram equipas fáceis. O próximo jogo (n.d.r. Monte Carlo), esse sim, já é contra uma equipa do nosso campeonato e espero que estejamos à altura. Também temos jogadores a regressarem de lesão e que hoje fizeram alguns minutos, o que é bom para nós.

Pio Júnior – jogador do Sporting
“Objectivos cumpridos”

“Foi um bom jogo e cumprimos o objectivo que era vencer os jogos antes do Monte Carlo. Teoricamente eram jogos fácies mas não podíamos facilitar e foi o que fizemos. Relativamente às oportunidades perdidas neste jogo, Pio considera que “temos de melhorar na finalização porque nos próximos jogos não vamos ter tantas facilidades. Quarta feira temos um jogo difícil, talvez o mesmo o nosso primeiro teste, mas acho que temos tempo para o preparar bem e apresentarmo-nos em condições.”

Pelé – treinador da Casa de Portugal
“É difícil fazer um 11 só com médios e defesas”
Era um Pelé resignado mas ainda assim frustrado que encontrámos no final do jogo: “Já sabíamos que não dava mas também não contava que déssemos tantas facilidades como demos. Sofremos 5 golos de bola parada e eu já os tinha avisado porque o Sporting tem muitos bons jogadores em bolas altas. Também tínhamos de evitar faltas perigosas e cantos, mas não foi assim. Mas pronto, os meus jogadores também não são profissionais e depois a cabeça vai abaixo.” Em relação à postura ultra-defensiva apesar do resultado desde muito cedo desfavorável, Pelé explica assim: “O problema é que temos muitos defesas; uns não estão cá e outros só chegam a partir do Ano Novo Chinês e é difícil fazer um 11 só com médios e defesas. Temos 18 jogadores mas a maioria é pessoal defensivo. Em relação ao futuro, Pelé aguarda que “com a chegada dos outros daqui a um mês a equipa melhore um pouco mas as outras equipas também estão a reforçar-se e têm verbas que nós não temos porque, se tivéssemos, ia buscar dois ou três jogadores para dar uma força à malta. Mas pronto são amadores, têm empregos e só treinam à noite, temos de compreender.”

1 Fev 2016

Pedro Proença em Macau com muita parra mas pouca uva

[dropcap=’circle’]D[/dropcap]epois do seu périplo pela China de sete dias à China, que incluiu a negociação para o eventual patrocínio da II Liga pela empresa chinesa Ledman que fará com que a competição se passe a designar por Ledman LigPro, o Presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) passou por Macau onde falou com a imprensa na residência consular. Uma conferência de evasivas e perfumada de desejos onde as principais revelações terão sido que os clubes não vão ser obrigados a incluir os jogadores chineses como inicialmente foi adiantado pela imprensa portuguesa e o seu desejo em trazer a final da Taça da Liga para Macau. Relativamente à ida de jogadores técnicos chineses para Portugal, Pedro Proença disse que “qualquer posicionamento que se possa ter relativamente a estes novos actores é um posicionamento formativo. São os clubes que têm a última palavra relativamente a este sistema”.
Quanto a verbas Pedro Proença disse que o acordo “não representa uma receita directa para os clubes mas sim “a possibilidade de criar condições para que a II Liga possa ter uma sustentabilidade e ter sustentabilidade significa pagar todo um custo de estrutura, que tem de ser pago pela Liga. Aquilo que se pretende é ter uma II Liga que seja atractiva, e ela já é competitiva, e que os clubes possam desenvolver a sua actividade”, salientou.
Em resumo, para Proença o balanço da visita à China positivo: “Com esta viagem, o que conseguimos, e tivemos a percepção clara, é a de que o futebol português tem realmente condições únicas para, se reposicionado, poder alcançar feitos nunca antes alcançados, e enquanto presidente [da LPFP] estou extremamente satisfeito”. Questionado sobre um eventual maior controlo sobre as críticas feitas aos árbitros portugueses, à semelhança do que acontece noutros campeonatos europeus, Pedro Proença defendeu a revisão dos actuais regulamentos.
“Há uma convicção clara de que não poderemos dizer mal do produto que queremos vender. Da minha parte, serei o primeiro a defender esta tese e tudo farei para que os nossos regulamentos penalizem quem não trata bem aquilo que é hoje uma actividade e uma indústria que temos de defender”, afirmou.

Final em Macau? ID tem dúvidas

Em relação à final da Taça da Liga a realizar-se em Macau Pedro Proença manifestou essa intenção no âmbito da estratégia de internacionalização e de sustentabilidade da actual direcção. Todavia, confrontado com esta possibilidade, José Tavares, presidente do Instituto do Desporto (ID) tem dúvidas sobre o potencial de sucesso do projecto adiantando exemplos: “dos jogos internacionais realizados em Macau apenas o China-Portugal teve sucesso mas era a primeira vez que a China ia ao mundial, era a selecção portuguesa, foi uma campanha massiva e gratuita da TVB… já o Manchester se não fosse o Venetian a comprar os bilhetes tinha sido um fracasso e o Chelsea e o Barcelona também não funcionaram”, garante José Tavares.
A grande preocupação deste responsável governativo é, portanto, como se vão preencher os 15.000 lugares do estádio e até que ponto a Liga Portuguesa de futebol tem, ou não, a capacidade de fazer a promoção e garantir os apoios necessários. Da parte do ID existe disponibilidade para apoiar, nomeadamente com a cedência de instalações, mas apenas “se a Associação de Futebol der o aval pois são eles que gerem o futebol em Macau”, salientou José Tavares.

1 Fev 2016

Paulo Bento, treinador de futebol: “A organização dos campeonatos terá de ser mais selectiva”

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]ogou futebol desde os oito até aos 35 anos em campeonatos nacionais. Depois seguiu a carreira de treinador. Treinou com Fernando Peres e Vítor Damas. Teve uma passagem de nove anos pelo Sporting Clube de Portugal e pelo futebol juvenil, onde colaborou directamente com Aurélio Pereira. Paulo Bento tem o curso de treinador de futebol com a Licença Profissional UEFA ADVANCED. Treinou em Portugal muitos clubes dos mais variadíssimos campeonatos como treinador principal e como treinador adjunto esteve na 1ª Liga, no Vitória de Setúbal, e na 2ª Liga no Portimonense, onde recentemente trabalhou. Um dia aceitou o desafio do Monte Carlo e chegou a Macau, já lá vão alguns anos. Depois de duas épocas no Monte Carlo regressou a Portugal. Mais tarde, volta a cruzar-se com Macau e aceitou convite, desta feita do Benfica de Macau, mas saiu ainda antes do campeonato começar. Regressou a Portugal. Foi depois treinar para a China. Xangai e o projecto de Luís Figo eram suficientemente credíveis para ele aceitar. Por Macau mantém afectos, boas recordações e outras nem tanto, mas tem uma paixão muito grande por esta região e por poder contribuir para o desenvolvimento do futebol em Macau de uma forma geral, continuando aberto a propostas de projectos credíveis seja a nível de clubes ou das selecções.

Como vê a situação actual do futebol em Macau em termos de organização, formação e infra-estruturas físicas (estádios e campos de treino)?
O desporto tem que ser visto como uma forma de organização social. Como tal existirá sempre aquele que visa o lucro e escolhe os melhores, os mais competentes, aqueles que melhor rendimento dão no momento para atingir determinados objectivos desportivos, tal como ser campeão de uma competição qualquer. Depois existe o desporto assente no lúdico, onde todos têm o seu espaço, onde praticam aquela modalidade de que mais gostam que lhes dá mais prazer, onde entendem ser melhores. Olhando para tudo aquilo que disse anteriormente e pela experiência que passei ao longo do tempo que permaneci em Macau em dois clubes da liga Elite, Macau sofre deste mesmo problema: uma confusão de ideias quanto à sua organização, não sabe ainda dividir o “desporto para todos” do “desporto de alto rendimento”. Vidé a organização do campeonato de futebol da Liga Elite onde podemos observar equipas de muito pouca qualidade, com atletas que interpretam o futebol não de uma maneira profissional mas assente em ideias do futebol amador, porque na realidade o futebol em Macau é ainda considerado como uma competição amadora, apesar de alguns clubes investirem em treinadores e atletas profissionais vindos de outros países. Considero que a organização dos campeonatos terá de ser bem pensada de forma a não acontecerem situações de falta de estratégia e de planificação.

Como valia a questão dos campeonatos?
A organização dos campeonatos terá de ser mais selectiva no que diz respeito à inscrição de equipas. As equipas que entrarem no campeonato da Liga Elite terão de cumprir determinados parâmetros que a identifiquem como uma verdadeira equipa de futebol de 11, onde os seus activos, por exemplo, são só jogadores de futebol de 11 e não acumulem também espaço em equipas de futsal ou ainda na Bolinha. Terão que dividir essas competições, pois apesar de estarmos a falar de futebol, é muito diferente o futebol de 11 do futsal e da Bolinha…existem muitos exemplos de excelentes jogadores de futsal que têm um nível médio/baixo como jogadores de futebol de 11, o mesmo se coloca ao inverso. paulo bento

E como vê as infra-estruturas físicas actuais?
Terão de ser adequados à prática da modalidade. As equipas treinam em espaços que não são adequados para a prática da modalidade de futebol de 11, no que diz respeito ao espaço disponibilizado para desenvolver o seu trabalho – trabalha-se muito em meio campo e em campos de futebol de cinco e de sete – e ao piso, como por exemplo o Estádio de Hóquei em Campo, que tem (não sei como está actualmente) um piso muito antigo e extremamente duro que leva os atletas a sofrerem lesões graves ao nível das articulações e outras. Este equipamento desportivo deveria ser reformulado com colocação de novo piso e pensar na mudança do Hóquei em campo para um outro espaço unicamente destinado à modalidade. A mudança constante de piso é também prejudicial para o atleta levando-o por vezes a criar lesões. Nos atletas profissionais além destes serem os principais lesados, também a sua entidade patronal, ou seja os clubes, sofrem com a situação, pois ficam impedidos de os seus jogadores poderem rentabilizar o investimento feito neles e desta forma inviabilizar os objectivos preconizados em determinado momento, quando pensaram em investir em atletas profissionais, perde também o futebol e o campeonato. O mesmo se passa em terrenos relvados que não estão devidamente tratados para a prática do futebol de 11, neste caso tomo como exemplo o estádio da Universidade que no meu tempo, na maioria das vezes, não estava devidamente tratado e com alguma perigosidade para os atletas contraírem lesões. Desta forma, talvez este Estádio pudesse ser transformado num excelente campo sintético de última geração, proporcionando assim muitas horas de utilização. Pode-se rentabilizar alguns espaços que poderão trazer mais disponibilidade para os clubes treinarem, como por exemplo o espaço relvado por detrás do Hóquei em Campo, este, caso não haja inconveniente, poderá ser um bom espaço para um campo sintético de última geração, já que é utilizado por equipas para desenvolverem o seu trabalho.

O futebol em Macau tem uma história que se pode localizar nos anos 1920, com picos nas décadas seguintes, nomeadamente nos interports com Hong Kong nas décadas de 1930, 1940 e 1950, em que as selecções locais ganhavam a Hong Kong. Nessa altura havia uma divisão de futebol de 11, enquanto vamos encontrar agora três divisões a ocupar todos os campos disponíveis. Simultaneamente a mesma Associação de Futebol de Macau acumula a organização do futebol de onze com o futebol de sete. Que lhe parece isto tudo?
Num futuro próximo, deverá diminuir-se o número de divisões para duas e fazer uma Liga Elite mais forte. No entanto terá que se trabalhar no sentido de cada vez mais atrair praticantes de qualidade para a modalidade e mais tarde, quando houver uma maior competitividade, poderá voltar-se a mais uma divisão. Com mais equipas na Liga Elite poderá igualmente trazer maior competitividade, jogadores e treinadores de valia a este campeonato, até porque se poderá prolongar por mais tempo, oferecendo assim a possibilidade da população poder ter mais tempo o futebol de 11 bem presente. A segunda divisão irá com certeza ficar também mais forte. De igual modo, poderá também pensar-se num campeonato amador, onde com certeza estará mais adequado à maioria dos atletas que jogam pelo gosto do futebol, mas que não estão disponíveis ou não querem estar disponíveis para abraçar um projecto profissional ou mesmo semi-profissional, já que possivelmente desenvolvem outras actividades profissionais e assim querem continuar. Também o futebol de sete aqui poderá ter a sua importância, já que com diminuição para duas divisões poderá abrir-se a possibilidade de um campeonato de futebol de sete mais longo e competitivo. Quem está por dentro do futebol juvenil sabe da importância de uma boa transição do futebol juvenil para o futebol sénior, daí que não será despropositado pensar em campeonato intermédio (Campeonato de esperanças) para uma boa integração dos jovens jogadores em campeonatos mais exigentes. Decididamente, o futebol de 11 terá de estar num plano completamente diferente para melhor até porque na realidade é a modalidade com maior visibilidade mundial. A indústria do futebol de 11 é muito forte e como tal poderá também alavancar algumas actividades que podem tirar dividendos com uma Liga forte e organizada de forma profissional. Tudo depende da vontade dos órgãos competentes analisarem a situação do futebol em Macau e terem ou não vontade de mudar para outra direcção.

Considerando que há uma limitação de terrenos, e por consequência de campos, como é que se podem gerir os espaços para treinos? Algumas coisas deveriam ser alteradas? Quais?
Como referi na resposta à primeira pergunta, é urgente que se possa definir que as equipas que jogam na Liga Elite devem ter maior número de vezes os campos disponíveis para treinar em espaços de acordo com a modalidade que praticam. Impõe-se ultrapassar a ideia de que um grupo de amigos pode ter o campo alugado por vezes com poucos jogadores para fazerem uma brincadeira e uma equipa que está em competição oficial vê-se privada de treinar por falta de campo. Pensar também na construção de campos sintéticos de última geração, pois conseguem aguentar maior número de horas de utilização e transformar alguns espaços até agora utilizados de forma deficiente em campos com qualidade para a prática do futebol. Enquanto não existirem campos suficientes para o futebol de onze, poderá tentar-se chegar a acordo com alguns colégios e escolas que disponham de espaços, para o futebol de cinco e de sete para assim poderem dispor de mais opções e continuar a dar a possibilidade a quem pratica o futebol apenas por lazer continuar a ter a possibilidade de jogar com amigos sempre que quiser, fomentando assim o desporto lúdico. Desta forma, pode-se arranjar maior disponibilidade de campos de futebol de onze.

Nisto tudo há dois vectores que sofrem: a organização do futebol e os campeonatos e, por outro lado, a formação. Que é que lhe sugerem estes dois temas?
Macau ainda vê o futebol de uma forma lúdica, onde todos pensam que podem jogar ao mais alto nível. Há que distinguir uma actividade lúdica como os jogos entre amigos e uma prova profissional ou mesmo semi-profissional. Os factores que influenciam o rendimento desportivo, técnico-táctico, físico e psicológico, bem como outros que fogem aos treinadores e suas organizações apresentam diferenças muito grandes entre competições profissionais e amadoras. Deste modo, entendo que falar de Macau e do seu futebol será uma longa discussão. A organização de uma Liga Profissional terá que ser levada em linha de conta pela AFM, mas também terão de se efectuar muitas alterações na sua organização, não só de logística, mas também fundamentalmente dos seus colaboradores, principalmente mudança de mentalidade e não ter receio de trazer para dentro da sua casa, técnicos, dirigentes e colaboradores com maior qualificação no sentido de poderem acrescentar algo. Os árbitros terão também de demonstrar mais competência, mas autónomos da AFM. Para que isto seja realidade, a AFM tem que apostar num plano estratégico de formação de todos os seus colaboradores, não deve continuar a permitir que treinadores estejam a treinar sem a devida licença profissional de treinador passada por organização mundial como a UEFA ou outra certificada e que ateste a validade da Licença Profissional do treinador. Deverá ter a certeza de que o Clube cumprirá na íntegra com todas as suas responsabilidade que tem para com os seus funcionários, para assim poder inscrever-se numa prova oficial. Isto é o que penso que pode contribuir para um desenvolvimento sadio e com qualidade. Gostava de ver um diálogo claro e objectivo sobre esta temática por parte de outras pessoas, principalmente daquelas que estão envolvidas neste fenómeno desportivo em Macau e que são influentes nas decisões a tomar no futuro para que o futebol possa desenvolver-se cada vez mais. Tenho paixão por Macau, estou e estarei sempre disponível dentro das minhas competências para colaborar e contribuir na melhoria do futebol da RAEM. E muito mais haveria para dizer deste prelúdio para uma conversa.

29 Out 2015

Chung Moon-Joon diz que FIFA continua a “sabotar” a sua candidatura

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] sul-coreano Chung Mong-Joon, candidato à presidência da FIFA, acusou ontem o organismo de não ter uma “decisão fundamentada” na sua suspensão por seis anos, depois de um tribunal suíço ter rejeitado o levantamento da sanção.
O empresário, accionista da Hyundai, foi suspenso por seis anos pelo Comité de Ética da FIFA, que suspendeu também o presidente da FIFA, Joseph Blatter, o presidente da UEFA, Michel Platini, e o secretário-geral, Jerôme Valcke, por 90 dias.
Chung tinha recorrido para um tribunal suíço, para que pudesse manter a sua candidatura à presidência da FIFA enquanto decorre o recurso para o Comité de Apelo da FIFA e para o Tribunal Arbitral do Desporto.
Ontem, o empresário sul-coreano voltou a dizer que “a FIFA continua a sabotar” a sua candidatura e que, duas semanas depois, não sabe quais as alegações que conduziram à sua suspensão.
“Estou duplamente bloqueado: não posso manter a minha candidatura devido a sanções injustificadas e não posso recorrer dessas sanções ou conseguir uma injunção do tribunal suíço porque não tenho uma decisão fundamentada”, disse Chung Mong-Joon.

Sem vícios

Na terça-feira, o tribunal de Zurique considerou que não houve na sua punição qualquer vício de forma no procedimento da Comissão de Ética.
Da mesma forma, o tribunal também descartou os argumentos de que teriam sido violados os seus direitos privados, nos quais se baseava a petição do ex-dirigente.
Em comunicado, a FIFA referiu que recebeu “com satisfação” a decisão do Tribunal do Distrito de Zurique, sendo que o sul-coreano pode ainda recorrer ao Tribunal Superior.
A 8 de Outubro, o Comité de Ética anunciou a sanção de seis anos e multa de 100.000 francos suíços (cerca de 92.000 euros), depois de uma investigação aberta em Janeiro quanto aos processos de candidatura dos Mundiais de 2018 e 2022, atribuídos à Rússia e Catar, respectivamente.
A FIFA considerou que Chung Mong-Jong foi culpado de infringir vários artigos do Código Ético sobre normas gerais de conduta (artigo 13), confidencialidade (16), dever de cooperação e informação (18) e obrigação de colaborar (41 e 42).
 

22 Out 2015

Sporting de Macau festeja 89 anos. Presidente defende vinda de profissionais portugueses

O presidente do Sporting Clube de Macau, António Conceição Júnior, defende que a contratação de profissionais de Portugal pode ajudar na formação e na melhoria do estado do futebol em Macau. Amador será sempre, mas há sempre margem, diz, para elevar o grau de profissionalismo

Que balanço faz desde a mais recente reactivação do Sporting Clube de Macau?
Desde a última reactivação, em 2009, parece que os principais objectivos, que era chegar à primeira divisão e ganhar o título de vice-campeão – a primeira vez que subimos à primeira divisão – foram atingidos. Claro que procuramos sempre ser campeões, mas tudo depende de muitos factores que são hoje diferentes daqueles que existiam antes da chamada “onda de profissionalização do futebol” de Macau.

Que factores, por exemplo?
Exactamente com o poder económico de cada clube. É normal e acontece em todo o lado, seja Portugal, Alemanha ou Inglaterra, embora em Inglaterra as coisas estejam mais equilibradas. Aqui em Macau, essa diferença ainda se sente muito, porque é tudo uma questão de orçamento.

Como seria possível dar a volta a essa questão?
Neste momento, ainda mais difícil se torna, uma vez que, como é sabido, o clima económico de Macau não é o mais famoso, o que implica uma reflexão sobre os gastos. Por exemplo, cada jogador sente-se – e é compreensível – o centro do mundo, mas para o Sporting, enquanto clube, não é. O clube tem determinado número de jogadores e tem que tratar de todos.

Que mudanças acredita terem sido determinantes para uma melhoria do estado do futebol em Macau?
Acho que ainda não houve as mudanças que gostaríamos que tivessem acontecido. Começaria por dizer que o desporto, no geral, seja ele motorizado, náutico ou de outro tipo, deveria ter padrões. Muito em breve vão começar os trabalhos do Grande Prémio e como toda a gente em Macau sabe, o piso da pista é verificado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Isto é de extrema importância no sentido de evitar acidentes. Macau e o Grande Prémio têm sido o padrão pelo qual se deveriam reger todos os outros desportos. Isto é, reger pela qualidade e não pela mediocridade. É nesta perspectiva que o Sporting tem vindo a lutar, não para seu benefício, mas para benefício do futebol de Macau.

Que futuras mudanças são precisas?
Considero, como representante do Sporting, que existem demasiadas divisões. Não faz sentido em Macau haver tantas divisões de futebol de 11. Há três campos e julgo que um ou dois deles podiam ter relvado sintético porque permitem uma utilização intensiva, que é o que faz falta em Macau. É curioso porque o campo dos Operários tem um relvado sintético que, ainda que de má qualidade, existe. Isto só mostra que existem precedentes, que existe quem reconheça que o tipo de piso é importantíssimo. Neste momento, não há em Macau um campo onde as equipas possam treinar regularmente.

A responsabilidade de criar e gerir esta matéria caberá ao Instituto do Desporto?
Penso que sim. Compete ao Governo, por meio deste Instituto que o representa, proporcionar condições e tomar decisões. O que é importante, em todas as áreas de governação, é a existência de uma ideologia. Este conjunto de pensamentos, com uma orientação credível e consistente, deve funcionar em benefício da cultura, do desporto, entre outras áreas.

Como por exemplo…
Tive oportunidade de assistir às comemorações do aniversário do Instituto Cultural de Macau, no Tap Seac, e que contou com espectáculos de orquestras. No fim houve um vídeo que mostrou o percurso da cultura nos últimos anos. O que se viu é que houve uma evolução positiva da cultura na região. Estou mais ligado à área cultural do que à desportiva, mas acho que essa distância também me confere uma visão menos contaminada, por assim dizer. Nos anos 90 só havia o campo do Canídromo onde jogavam duas divisões. A qualidade era boa, mas hoje em dia, são três campos não há espaço para treinar.

Não será esta escassez de recursos reflexo da falta de popularidade do futebol enquanto desporto em Macau?
Pode-se implementar a popularidade no que quer que seja. Não o Sporting em si, mas sim as instituições com responsabilidades. Em todo o lado o futebol é dos desportos mais populares. Porque é que nos anos 90 o campo do Canídromo estava sempre cheio e, actualmente, o da Taipa está quase sempre vazio? O Sporting ainda ajuda a encher com cerca de 20 adeptos.

Mas terão os clubes um papel activo nisso mesmo?
Penso que não compete aos clubes promover a modalidade; os clubes praticam-na, mas alguém tem que a promover.

Em termos da escassez de recursos físicos… À parte da necessidade de relvado sintético, faltam campos?
O importante no futebol, em Macau, não é o prestígio de ter campos de relvado, mas sim da qualidade das equipas e sobretudo da selecção de Macau. Esta não se pode medir pelo relvado. Trata-se de uma questão de gestão.

No que respeita à gestão. Num artigo de Março passado, refere que a gestão e organização desta modalidade desportiva estão “num autêntico lamaçal”. O que quis dizer com isto?
A ideia está relacionada, antes de mais, com a chuva. Depois, com o facto de que basta um mês para o campo estar completamente careca. Sabemos que entre a relva e a terra que ficou calva há dois centímetros de diferença, que podem causar lesões num jogador que pisar metade de cada tipo de terreno. Isto é, em si, um perigo. Depois, porque às tantas, com a chuva, já não é futebol, é um jogo na lama. Os jogos e os campeonatos acabam com o campo praticamente careca.

Relativamente à já discutida possibilidade da criação de uma Comissão Coordenadora para o Futebol. Qual é a sua opinião sobre isto?
Não concordo com comissões e explico por quê: quando não se quer resolver um assunto, cria-se uma comissão. Prefiro considerar a opção de escolher técnicos conhecedores e com capacidades organizativas. Devo mesmo dizer que Portugal é um local de onde não se recrutam apenas médicos, mas também é um das grandes potenciais mundiais ao nível do futebol. Tem imensa gente – se calhar muita desempregada, até – que seria capaz de organizar o futebol em Macau e quem diz este, diz qualquer outro desporto. Não venho da área desportiva, mas acredito que sempre tentei rodear-me de pessoas com qualidade, muitas das quais sabiam mais do que eu e isso deixava-me feliz, porque só assim se aprende e se desenvolvem projectos, fosse no Museu (de Macau), ou noutro local.

A opção passaria por criar um grupo de trabalho para gerir todo o sistema?
Não sei, mas seria interessante aprofundar-se a questão de tempos. Isto tem que ver com o facto inaudito de haver bolinha e depois o bolão, que é futebol de 11.

De que forma podia isto ser diferente?
Não sei porque é que não é dado à Associação de Futebol Miniatura de Macau a gestão do campeonato bolinha (futebol de sete) e o futebol de 11 deveria começar, como acontece em todo o lado, em Agosto/Setembro, prolongando-se até acabar. Isto faria com que se contraíssem as actualmente existentes três divisões em duas. Acho que se há três divisões com 30 equipas, as primeiras 15 qualificadas passariam para a primeira divisão e as restantes 15, para a segunda. Tal permitiria um campeonato mais longo e mais competitivo, que deixaria um campo livre para treinos. Não faz sentido que só possam jogar no bolão, as equipas que participarem no bolinha, porque é um bocado como se só se pudesse jogar ténis se primeiro se jogasse badmington. São coisas distintas.

Sobre o quê ou quem recai a responsabilidade de chamar mais gente para ver os jogos?
Parte das instituições estabelecer isso, mas também depende de uma outra coisa: da rever vários elementos. Os árbitros dependem, directamente, da Associação de Futebol de Macau. Em lado nenhum o sistema judiciário depende do Governo, é completamente independente e em Macau isso não existe, são contratados árbitros que trabalham para a Associação e não devia nem podia ser assim.

Isso torna a mecânica da arbitragem um pouco parcial…
Exactamente. Sempre me preocupou – e sempre fui muito exigente – que as coisas não funcionem correctamente. Outra questão é o acesso aos campos. Defendo que todas as equipas devem ter o mesmo acesso e não apenas aquelas que são patrocinadas pela própria Associação. Acho que não faz qualquer sentido que uma Associação patrocine equipas que participam nos campeonatos em que ela mesma participa.

Que previsões tem para esta próxima temporada da bolinha?
Da minha parte, temos sempre o objectivo de ganhar o mais possível, mas a bolinha nunca foi uma prioridade para o Sporting. Jogamos sempre para ganhar, mas procuramos, sobretudo, seguir o conceito do Desporto de “mente sã, corpo são”. Principalmente aqui, onde existe um assomo de profissionalismo. Se o houvesse, não aconteciam aquelas situações com os árbitros, as jornadas teriam que ser do conhecimento dos clubes do início ao fim e isso não acontece… Sabem-se de mês a mês.

Tem então que haver mais profissionalismo…
Mais profissionalismo, mas também uma renovação radical da forma como o futebol em Macau é conduzido. Ao contrário do que disse que aconteceu com a cultura, o futebol sofreu uma regressão. Nos anos 50, o futebol teve a possibilidade de mandar dois jogadores para Portugal e eles tinham qualidade suficiente, num único campo, para jogar no Sporting e ambos foram internacionais. Depois disso, de facto, houve alguns jogadores que jogaram em Portugal, mas não vingaram.

Há, então, memória de tempos em que o futebol tinha uma lógica mais profissional?
Era futebol amador, mas era muito bem organizado, comparando com a actualidade.

Faz agora um ano que o Sporting fez uma parceria com o Osaka Futebol Clube. Em que pé está essa ligação?
Tentámos trazer três jogadores japoneses para a bolinha, mas infelizmente não foi possível. Ainda estamos no início desta parceria e é preciso ter atenção aos timings, que não são iguais. Os campeonatos começam em alturas diferentes nas duas cidades, o que às vezes cria problemas. Isto também prejudica os jogadores locais que eventualmente queiramos promover, enviando-os para o Japão. O facto de não haver ajustamento e não obedecemos a um calendário internacional pode ser prejudicial.

E relativamente à ligação com o Sporting de Portugal. Qual é a sua posição quanto à contratação do ex-treinador do Benfica para o clube?
Acho muito bem e pelos vistos está a dar frutos. Penso que o futebol português deveria espalhar-se para esta área do mundo porque há em Portugal técnicos e jogadores muito competentes. Seria interessante trazê-los a Macau para organizar o próprio campeonato.

No que toca à direcção do Clube… A ideia é continuar na presidência por mais anos?
Não estou preso ao lugar. Fomos reeleitos à falta de outra lista, mas seria bom que houvesse continuidade. Desde sempre que quisemos cativar o maior número de sócios e faço, por isso, um apelo para que os sportinguistas de Macau se façam sócios. Somos não só os representantes do Sporting em Macau, como representamos Portugal via desporto.

Deviam existir mais listas?
Penso que sim. Não penso eternizar o lugar, nem esta é a minha área de especialidade, faço-o por prazer.

Aniversário com jantar de convívio no Miramar

O Sporting Clube de Macau faz 89 anos no próximo dia 25 e terá, para celebrar o aniversário, um jantar no restaurante Miramar, no dia 30, aberto a todos os sportinguistas. Os interessados deverão contactar a direcção para inscrição no evento.

16 Set 2015

Jorge Jesus | «Fomos nitidamente prejudicados nos dois jogos»

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]orge Jesus considera que o Sporting foi superior ao CSKA nos dois jogos do `play-off` de acesso à Liga dos Campeões, não hesitando em atribuir a eliminação da equipa leonina a erros de arbitragem. «Não quis falar desse lance [primeiro golo do CSKA], que foi irregular. Foram tantos nestes dois jogos, que se formos a falar neles parece que estamos a fugir à responsabilidade e não quero que isso aconteça», afirmou em conferência de Imprensa, prosseguindo, em tom acusatório: – Fomos nitidamente prejudicados, tanto pela arbitragem em Lisboa como aqui. São factos visíveis.

28 Ago 2015

Carta de um fã

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]xistem dois tipos de pessoas no mundo: as que não gostam de mim, e depois o resto da humanidade, que desconheço e vice-versa. Isto não é necessariamente mau, pois não fazendo o mínimo esforço para agradar a ninguém, já me considero satisfeito por não ter a cabeça a prémio – um desempenho “positivo”, pode-se dizer. Mas nem tudo é tão simples, pois neste grupo de pessoas que ficaram por cativar há aquelas que não me interessam (muitas) e as que nem sempre tenho paciência para aturar (as restantes).

Como produto final ficam as que me detestam, e desses até só posso dizer maravilhas, pois mantêm-se à distância ou evitam cruzar-se comigo; as que já me conhecem, o que no fim acaba por ser uma coisa…não diria nem agradável, nem pelo contrário, mas antes “útil”; e finalmente os badamecos, aqueles mais rústicos a quem a minha presença incomoda, pois sabem que não conseguem conter a sua boçalidade a toda a prova, e eu vou lá estar para apitar para falta, ou algo do género. Se pelo menos para alguma coisa sirvo, é para que finalmente alguém se deixe de considerar uma dádiva de Deus ao mundo. Dependendo do grau, posso até nem dizer nada, mas de uma coisa tenho a certeza: se for um pantomimeiro especialmente esforçado, mas na mesma medida incompetente, e às vezes sem vergonha na cara, aconselho-o a que mude de carreira, antes que se enxergue tarde de mais, e acabe no chão a pedir esmola.
Por culpa da minha actividade de desanimador de festas e interruptor de orgasmos (tenho no próximo mês uma promoção em “bêbado de casamento” e “adulto chato em festa de aniversário infantil”), e cujo menu pode ser consultado no blogue Bairro do Oriente, ganho uma legião de fãs enorme! Os fãs de que eu parta uma mão e fique uma boa temporada sem escrever, e os fãs de uma boa peixeirada, onde participam tipos que passam a vida dizer que “detestam peixeirada”.

Quanto a essa matéria, recebi a carta de um fã, que demorei a entender por duas razões: a pobre ortografia, a falta de pontuação e o uso impróprio dos artigos, por um lado, e por outro lado a intenção daquela missiva, ou da própria mensagem em si. Ao fim de três leituras e muita decifração, cheguei à conclusão que o autor da carta será uma criança em fase de pré-escolarização, ou um adulto sofredor de retardação mental profunda – se não for como eu digo, peço desculpa, mas os conceitos ali expressos apontam para uma idade mental de não mais de seis ou sete anos de idade. O teor da carta é que me apanhou de surpresa. Parece que a intenção é dar-me a provar do meu próprio veneno, e “atacar-me”. É possível que queira alguns conselhos da minha parte, de como melhorar essa mixórdia de letras que acabou de fazer, mas isso seria uma perda de tempo. Posso no entanto apontar-lhe onde errou tragicamente: quase tudo. Para começar o texto tem três frases, quando as ideias lá contidas (mesmo as incompletas) fariam umas cinco seis. Vamos ver a primeira:

“Os Loucos como o Leocardo querem sempre estar à frente de todo o mundo, ganhar de todos o que lhe não pertence e ser primeiro que o outro, é definitivamente um louco infeliz.”

Isto aqui mais parecia um relato de futebol: “louco para mundo, que lateraliza para todos, dá de volta para muuuundo, remata e …golo!”. Os “loucos” são normalmente denunciados por um comportamento errático, mas quando se organizam para “ganhar de todos o que não lhes pertence”, isto cai mais no âmbito da invasão do planeta por uma frota intergaláctica. Se “louco” é suposto servir de insulto, não, é uma condição médica, e não faz lá muito sentido que o louco em questão se sinta “infeliz” após ter conquistado o mundo naquela renhida situação que descreve. Mas adiante.

“E(É) anti-social e não convive em sociedade vivendo e acreditando a sua própria loucura.

Esta é a frase mais curta das três, mas pode ser eventualmente umas das maiores do universo; depende de quanto tempo demora o autor a decidir-se entre anti-social e aquela outra alternativa, completamente antígona. Uma vez que se decida, o que se segue não é mau de todo – quem não gostaria de viver a própria loucura? A dos outros parece-me menos convidativo. Isto da loucura é um pouco como a roupa interior.

“Um sábio encara a competitividade sempre de uma forma positiva e dialoga sempre com palavras saudáveis, tem a haver com o superar a cada dia é faz de um homem um ser sábio!! Leocardo o egocêntrico a miséria do mundo!!”

Finalmente a conclusão daquilo que nunca chegou a ter início, e é mais do mesmo, mas com um toque de zen macrobiótico: o Sábio, que se percebe logo ser um monge budista devido às inúmeras referências ao “tofu”, “yoga”, “meditação” e outras palavras “saudáveis”, chega a CEO de uma multinacional alemã, devido à forma como “encara a competitividade de forma positiva” – e mais uma facadinha ou outra nas costas de alguém, claro. Só que mais à frente esbarra com o analfabetismo lusitano: ter e haver são dois verbos, e o que se segue não faz mais sentido, acabando o tal homem por não ficar mais sábio. A última parte são palavras completamente distintas, sem pontuação, e por isso ao mesmo nível do resto do texto que me mandou, mas que agradeço na mesma, pois terá lugar de honra na ala dos “burlões incompetentes”. Bom dia.

23 Jul 2015

Marco Meireles, centro-campista do Benfica de Macau

Nascido na Amadora, Marco Meireles foi uma das boas surpresas da Liga de Elite deste ano. Evoluiu e ajudou o Benfica a sagrar-se bi-campeão. Aos 25 anos, o jogador formado no FC Porto, não fecha as portas a uma segunda época em Macau mas está com alguns convites em carteira. Desde o tempo em que começou como jogador de futsal até que, aos 14 anos, decidiu que o ringue era pequeno de mais para o seu futebol e decidiu envergar as cores do CAC da Pontinha, Marco Meireles traça um perfil da sua carreira

[dropcap]Q[/dropcap]uem é o Marco Meireles?
Sou uma pessoa simples, divertida também e amigo do seu amigo. Sou, ao fim ao cabo, uma pessoa diferente. Não tenho medo da opinião dos outros. Por norma, faço o que quero e assumo. Contudo, se a opinião dos outros for para ajudar, considero.

As andanças do futebol começaram quando?
Quando tinha seis anos comecei a jogar futsal. Joguei no ABCD na Amadora. Depois, aos 14 anos, tentei ingressar no futebol de 11 e bati à porta do Real Massamá e eles gostaram de mim. Só que fizemos um jogo treino contra o CAC da Pontinha e, como era iniciado e o CAC jogava o Campeonato nacional, optei por ir para a Pontinha. Fiquei lá dois anos e fui para o FC Porto. Numa daquelas observações que acontecem, os dirigentes portistas gostaram de mim e mudei-me para o norte onde fiquei também dois anos. Aos 18 anos, a concorrência era muito forte e tanto eu como o clube optámos que um empréstimo seria bom e acabei por ir para o Nacional da Madeira, onde fiz época de júnior de primeiro ano. Gostei muito da Madeira e adaptei-me bem. Aliás, até foi lá que conheci a minha esposa e onde nasceu o meu filho. Depois, voltei ao FC Porto e ainda fiz um torneio na Malásia. Mas, por essa altura, o Nacional volta a contactar-me e oferece um contrato profissional com opção para os seniores. Voltei à Madeira. Nos juniores de último ano, parti o pé e fiquei de fora cinco meses. Com essa contrariedade, o treinador dos seniores, Jokanovic, decidiu emprestar-me ao Machico, do Campeonato Nacional de Seniores onde acabei por ficar três épocas.
Ainda passei pelo Aljustrelense e voltei à Madeira para representar o Ribeira Brava.

Portanto, um percurso baseado na Madeira?
Sim, gosto muito da ilha, das pessoas e tenho lá a família. A seguir ao Ribeira Brava, onde fiz uma boa época, optei por emigrar para a Finlândia, para jogar na II Liga. O clube que representei foi o Sporting Kristina e a aventura correu bem, apesar do frio. As condições lá são muito boas e o futebol, apesar de físico, e muito rápido. Estávamos em 2013 e fiz o campeonato todo, que dura cerca de seis meses. Depois disso, recebi um contacto do Brasil para ir jogar para o Grémio Barueri, treinado pelo português Paulo Fernando, uma equipa com bastantes pergaminhos mas que naquela altura estava na Série D.

Grémio Barueri, que já esteve na Série A do Brasileirão, inclusive.
Exactamente. Contudo, essa experiência apesar de interessante não foi fácil. O Brasil tem muitos jogadores [risos]. A equipa, no primeiro treino, tinha mais de 35 jogadores. Então médios eram muitos e, tanto eu como o meu colega [Filipe Aguiar] que foi comigo, estávamos apreensivos. Como havia muitos jogadores na minha posição, acabei por jogar a lateral-direito. Não fiz muitos jogos e, por isso, fiquei cinco meses.

Foi nessa altura que surgiu Macau?
Quando estava no Brasil já tinha conversado com o mister Bruno [Álvares], através do meu empresário, que me disse que o Benfica de Macau estava a precisar de jogadores para a época que iria começar. O mister foi uma pessoa muito importante em todo este processo, desde a negociação até à minha adaptação. Estou eternamente agradecido a ele. É que, para quem não sabe, é complicado gerir uma equipa com diversos estrangeiros e, jogando uns, jogando outros, penso que ele geriu com mestria os jogadores estrangeiros. Bem ou mal, eles fez as suas escolhas e penso que fez bem.

Quer dizer então que há uma porta aberta para continuar em Macau ou existem outras possibilidades?
Penso que cumpri com o que me foi pedido nesta minha primeira época em Macau. As pessoas, julgo que, gostam de mim e do meu trabalho. Penso que a porta está e fica aberta. Claro que, como profissionais de futebol, queremos sempre mais. Houve algumas abordagens de Portugal nos últimos tempos mas para regressar só mesmo para uma equipa profissional e a II Liga é o mínimo dos mínimos. Mas para já, não há nada formal. Quando houver um convite directo, poderei falar disso. Contudo, ainda estou a competir aqui por causa da Taça de Macau e, a seguir, vem a Liga Asiática, algo também muito interessante. É como lhe digo, temos de ver bem o futuro e as oportunidades que surgirem, mas claro, não fecho as portas ao Benfica e a Macau. O meu empresário [Luís Lousa] está a tratar da minha vida.

A época está a correr bem. Como disse, ainda faltam alguns objectivos mas a Liga de Elite já está conquistada, apesar de alguns sobressaltos pelo caminho.
Verdade. Ainda queremos conquistar a Taça de Macau, fazendo a dobradinha. Mas, claro, até ao momento o balanço é muito positivo. A equipa sempre trabalhou para alcançar o título. Tivemos uma fase, não digo má, mas menos boa em que perdemos com o Ka I e empatámos com o Lai Chi, mas voltamos a encontrarmo-nos e, naturalmente, com alguma sorte também, a chegar ao cimo da classificação. O plantel do Benfica é muito forte. Existem diversas boas opções para as mesmas zonas do terreno. Todos nós trabalhámos, sem desistir, com o intuito de sermos campeões e tudo correu bem.

marco meireles

Já conhecia alguns dos seus colegas de equipa?
Não conhecia. Naturalmente, que o capitão Filipe Duarte, até pelo seu currículo, já tinha ouvido falar e o Luisinho das lides do Campeonato Nacional de Seniores, e tem o mesmo empresário que eu. Quem conhecia bem era o Pio Júnior, que jogou no Benfica em 2013, e com quem conversei algumas vezes antes de aceitar vir para Macau.

O que é que achou das condições do futebol de Macau?
Fiz algum trabalho de casa e já vinha um pouco preparado. Naturalmente, que vendo as coisas ‘in loco’ fiquei apreensivo. Existem poucos campos e os relvados não estão com a relva toda igual. Os jogadores que vêm de fora e estão habituados a outro tipo de condições têm de saber fazer um sacrifício para que tudo corra bem. Depois, é preciso que as autoridades apostem mais no futebol. Macau tem todas as condições para, por exemplo, ter um campeonato muito mais conceituado do que o de Hong Kong. A Associação de Futebol de Macau tem de fazer um pouco mais. Que se sentem à mesa com o Governo e com o clubes e encontrem soluções para melhorar o futebol.

E Macau?
O que posso dizer é que este é um território único no mundo. Aqui vi coisas que nunca vi. Vi carros de alta gama a andar por estas ruas. E a noite de Macau pode, de facto, estoirar com a carreira de um jogador de futebol que for fraco mentalmente. Quem não souber fazer as coisas com conta, peso e medida pode estragar a sua carreira. Fora isso, é uma cidade tranquila, segura. O clima é complicado, mas é secundário. Gostei muito desta experiência.

Quem é o seu ídolo?
O meu ídolo é o Ricardo Quaresma. Quando cheguei ao FC Porto vi-o jogar muitas vezes. Era um regalo ver jogar e treinar um jogador tão talentoso. À minha maneira, quando jogo na posição dele, tento fazer coisas parecidas. Também gosto muito do Cristiano Ronaldo, que é o melhor do mundo, mas o Quaresma não teve, na minha opinião, a ajuda necessária que o Ronaldo teve.

Na eterna questão do melhor do mundo, o Marco adiantou-se e disse logo que o CR7 estava na dianteira...
Sem dúvidas. Ambos são fantásticos mas o Ronaldo é mais completo que o Messi. Apesar do argentino ser um jogador que resolve jogos sempre que quer, o Cristiano cabeceia bem, é bom de esquerdo e de direito, finaliza, finta, é mais veloz, defende melhor. Com o estatuto e a qualidade destes dois grandes jogadores, será difícil aparecerem melhores no futuro. Vamos ver.

Futebol em Portugal. Que achou desta época que agora terminou?
Apesar de ser portista, acho que o Benfica foi um justo vencedor porque foi a equipa mais regular, coerente. O FC Porto, com o melhor plantel da I Liga, teve um trajecto de altos e baixos.

E as novidades do defeso?
Normais. Só mesmo em Portugal é que se dá tanta importância a isso. Se o Jorge Jesus treinasse o Manchester United e fosse para o Chelsea, ok até se podia falar comentar mas nunca com tanta polémica como sucedeu em Portugal. Em relação a casos concretos, penso que o Jorge Jesus vai melhorar e muito o futebol do Sporting. Não sei se para serem campeões, mas o Jesus têm uma cultura táctica muito boa e consegue transformar jogadores. Vai ser engraçado ver o que irá acontecer na próxima época, até porque não vejo o Sporting como os coitadinhos. Não. O Sporting tem bons jogadores, muito novos é certo, mas com muito valor.

29 Jun 2015

Entrevista | Rodrigo Quaresma, guarda-redes da Casa de Portugal

Aos 23 anos, e a grande referência do plantel da Casa de Portugal. Com as suas seguras exibições, a equipa de matriz portuguesa conseguiu, pelo menos, o feito de chegar á última jornada da Liga de Elite e poder continuar a sonhar com a permanência. Rodrigo Quaresma acredita que a sorte está com os lusos. O guarda-redes português, nascido nos Açores, dá prioridade à vida académica mas não descarta o sonho da sua vida: chegar à I Liga portuguesa. Ao HM, revelou ser fã de Michel Preud’homme e acusa os dirigentes de acabarem com o futebol português

[dropcap type=”circle”]Q[/dropcap]uem é o Rodrigo Quaresma?
Sou um açoriano apaixonado pelo futebol. Considero-me uma pessoa humilde, mesmo almejando dar um passo gigante neste desporto. Seja como for, a prioridade está nos estudos e pretendo terminar o curso universitário. Sou tímido, um pouco introvertido mas, quando ganho confiança, torno-me mais amigo.

Com que idade começou a jogar futebol federado?
Com seis anos, no Santa Clara [dos Açores]. A minha família esteve sempre ligada ao clube. Aliás, um dos meus avôs chegou mesmo a ser presidente do clube. Ao longo da minha vida, foi com grande prazer que joguei pelo Santa Clara. Lá fiz toda a minha formação, desde os seis até aos 18 anos, ou seja, desde as escolinhas até aos juniores.

E depois?
No meu primeiro ano de faculdade, que correspondeu ao meu último ano de júnior no futebol, fui para Coimbra estudar. Parei dos 18 aos 19 anos, mas o bichinho estava sempre presente. Depois desse ano, fui jogar para o Tabuense, depois joguei no Arganil, onde tive um ano muito bom, até que cheguei ao Febres onde fiquei duas épocas até vir para Macau.

Todo esse percurso que fez nesses clubes do distrito de Coimbra foi nos Distritais?
Sim, certo. Basicamente, na Divisão de Honra de Coimbra que é a ‘pole’ de acesso ao Campeonato Nacional de Seniores, coisa que quase aconteceu quando estava no Febres, o ano passado. Acabámos o campeonato na segunda posição e vencemos a Taça de Coimbra. Ao termos vencido esse troféu, carimbámos a nossa presença na Taça de Portugal. Foi, até hoje, o momento mais alto da minha carreira como futebolista sénior.

Falou em terminar o curso universitário. Como consegue conciliar os estudos com o futebol?
Para ser honesto, sempre sonhei ser jogador de futebol. Contudo, tive a sorte de ter uns pais que sempre me encaminharam para os estudos. O futebol, sempre paralelo, é um hobbie. Repare, por mais que queira singrar no mundo do futebol, sei que esse mundo é muito instável, ingrato e injusto. Nem todos serão jogadores de topo e, mesmo que o sejam, têm apenas 14/15 anos para ganhar dinheiro. Depois há ainda as lesões. Enfim, tendo estudos, as coisas podem tornar-se mais fáceis. É sempre mais uma muleta que possuo. Este é o meu plano B.

Tentando perceber melhor o seu percurso. Quando chega aos juniores do Santa Clara, era titular? Porque não ficou e apostou ficar no clube, já que se trata de um emblema de II Liga?
Na altura, tanto eu como o meu companheiro éramos os melhores guarda-redes da ilha de São Miguel. Ora jogava ele, ora jogava eu. Pessoalmente, as coisas começaram a correr melhor para ele, mas depois correram melhor a mim e acabei por ter directa influência na conquista da Taça de São Miguel, onde defendi três penáltis. Contudo, ele não tinha estudos e estava mais vocacionado para seguir o futebol. Os dirigentes sabiam que a minha prioridade era a escola. Naturalmente, que tenho desgosto de nunca ter representado a equipa sénior do Santa Clara mas julgo ter a porta aberta para um dia, quem sabe, regressar.

Que curso é que está a frequentar?
Ciências do Desporto. Parei agora, este semestre, para poder abraçar esta oportunidade que a Casa de Portugal me deu, mas tenho estado a estudar e vou fazer os exames de recurso assim que regressar a Portugal, no final do campeonato.

FOTO: Gonçalo Lobo Pinheiro

Sendo que os seus pais sempre o fizeram ver que os estudos estavam primeiro, como é que reagiram a esta decisão de vir para Macau?
A minha mãe, ao início, ficou em choque [risos]. Não estava à espera deste cenário. Contudo, depois de ter falado com ela a sério, deu-me todo o apoio. Já o meu pai, mostrou-se sempre mais à vontade desde o primeiro instante. Ele entendeu que tinha uma oportunidade que não deveria ser deitada fora. Posto isso, não pensei duas vezes e vim para Macau, muito por culpa do Leonel [Carlos Leonel, jogador do Benfica de Macau, que jogou com Rodrigo no Febres na época 2013/2014].

Chegou a Macau com a época em andamento, numa altura em que a Casa de Portugal estava muito mal na classificação e as coisas têm corrido bem
A grande maioria do plantel é composta por jogadores amadores, que têm outras profissões e outras preocupações. Por isso, nem sempre levam a sério esta coisa de ser jogador de futebol. O mister Pelé pediu-me o máximo de trabalho e concentração na luta pela manutenção na Liga de Elite. Pessoalmente, penso que tenho correspondido.

O Rodrigo tem sido uma das boas surpresas do campeonato. Lá atrás sente o desequilíbrio que é notório no plantel da Casa de Portugal? É fácil ser guarda-redes nesta equipa?
Vim para ajudar a equipa mas não é fácil, confesso. Há jogos em que me sinto incapaz e desamparado. Os meus companheiros da frente de ataque também falham muitas ocasiões de golo o que torna ainda mais difícil a luta contra os adversários. Mas o pior mesmo são as condições de trabalho. Em Portugal, mesmo que um clube seja minúsculo, tem sempre o seu terreno de jogo próprio. No Febres, treinava várias vezes por semana. Aqui, as coisas são bem diferentes. Para piorar esse cenário, é quase impossível fazer um treino em que esteja o plantel todo reunido. Enfim, são situações que fazem parte deste futebol de Macau, às quais não estava habituado, mas que temos de saber encarar com a naturalidade possível. Macau é o que se pode chamar do reverso da moeda no futebol.

Mas sente-se bem aqui.
Muito bem. Quero, desde já, agradecer à Casa de Portugal por tudo o que tem feito por mim. Ao mister Pelé, ao Vilar, a todos os meus companheiros. Nada tenho a apontar, sempre me acolheram muito bem.

Quando chegou, qual foi a primeira impressão do território?
Em Portugal toda a gente sabe o que é Macau. Aliás, mesmo nos Açores, esta parte do mundo não é desconhecida. Sabia, mais ou menos, ao que vinha. Apesar disso, é sempre um choque quando se chega muito por culpa do clima. Penso que isso é o maior ponto negativo de Macau. Quando ao património, à comida, às pessoas só tenho a dizer bem. Apesar de ter chegado há pouco tempo, penso que me adaptei facilmente. Tem sido uma experiência muito boa.

E é uma experiência para repetir?
Não descarto. Vejo-me, perfeitamente, para o ano a vir jogar novamente a Liga de Elite. A Bolinha não me atrai. Sou jogador de futebol de 11, mas regressarei com todo o gosto para o ano, se surgirem convites. Penso que o campeonato de Macau tem potencial para ser muito melhor mas é preciso que a Associação de Futebol de Macau crie, urgentemente, condições para isso.

Esse regresso a acontecer será para a Casa de Portugal ou almeja algo melhor?
Tudo depende. Voltar a Macau só se me convidarem, naturalmente. Se os clubes daqui acreditarem em mim e no meu trabalho, oferecerem boas condições, terei todo o gosto em regressar. E nesse particular, tanto a Casa de Portugal como o Benfica ou o Ka I estão em igualdade. O futuro é uma incógnita. Tudo é possível.

Mas agora que o guarda-redes do Benfica, Rui Nibra, assumiu que pretende regressar ao futebol português, o lugar dele não é tentador?
[Risos]. Sou uma pessoa humilde. Não quero estar aqui a entrar por esse caminho e dizer que sou a pessoa ideal para substituir quem quer que seja. Vou esperar que as pessoas venham ter comigo e apresentem as suas condições. Mas, é óbvio, que Benfica, Ka I, Sporting, Monte Carlo ou Chao Pak Kei são equipas que despertam outro tipo de ilusão aos jogadores. Quem é que não gosta de jogar para ficar entre os primeiros?

Neste momento, quais são os seus horizontes no mundo do futebol?
Gostava de chegar à I Liga portuguesa mas sei que não é fácil. Em Portugal, há muitos jogadores de qualidade mas existe um grande problema. Os dirigentes têm medo de apostar em jogadores portugueses e isso, a meu ver, é incompreensível. Assim, não vejo que seja fácil chegar alto no futebol. No entanto, sou novo, tenho 23 anos, e penso que, com trabalho e paciência, posso chegar mais alto. Veja isto que lhe vou dizer. O Rui Nibra é, claramente, o melhor guarda-redes a actuar em Macau e não é preciso perceber muito de futebol para ver que ele tem valor para jogar em melhores campeonatos, quem sabe chegar à I Liga portuguesa. Macau é pequeno demais para ele.

Este ano, o futebol de Macau revelou bons guarda-redes. Destaque para o segundo bom ano de Rui Nibra mas também para as boas exibições de Batista, do Ka I, e as suas. Estes são os melhores de Macau na baliza?
Pergunta difícil e ingrata [risos]. É muito complicado para mim falar sobre o meu trabalho. Penso que não o devo fazer. Deixo isso para outros, como por exemplo, para vocês jornalistas que gostam de fazer esse tipo de apreciações. Contudo, sei que tenho valor e os outros dois nomes que falou são excelentes profissionais.  Vejo no Nibra e no Batista grandes guarda-redes, contudo o Rui é o melhor de todos.

Falta uma jornada para o fim do campeonato. A Casa de Portugal está em posição de descida mas o calendário apresenta-se muito interessante para vocês. Sentem-se motivados?
Temos tudo para ficar na Liga de Elite. Teoricamente, não dependemos apenas de nós, mas, se olharmos para o calendário, penso que dependemos exclusivamente de nós. Repare, o Benfica para ser campeão tem de vencer. Não há outra possibilidade, uma vez que o Ka I está apenas a um ponto. O Chuac Lun, ao perder com o Benfica – como esperamos -, fica à nossa mercê. O nosso jogo será último a ser realizado, no domingo. Vamos jogar contra o Lai Chi, equipa do nosso campeonato e a quem já vencemos na primeira volta. Eles estão descansados e penso que vão jogar tranquilamente. Nós só pensamos na vitória. E, como se costuma, dizer meio-a-zero chega. Estamos muito motivados e convictos de que vamos deixar a Casa de Portugal entre os maiores de Macau. Vai ser um jogo de matar ou morrer.

Quem é o seu ídolo?
Gosto de vários jogadores. Admiro o Iker Casillas, o Oliver Kahn e o Gianluigi Buffon. Contudo, e muito por culpa do meu pai que sempre me chamou esse nome, o guarda-redes mais importante da minha vida foi o Michel Preud’homme.

A eterna discussão dos últimos anos. Quem é melhor: Ronaldo ou Messi?
Penso que é o Cristiano Ronaldo. É o jogador mais completo. E, acima de tudo, temos de acreditar no que é nosso. Ronaldo é um trabalhador incansável. E está em alto nível em diversas situações, até mesmo nas suas acções da vida privada. É um jogador completo e, por isso, é o melhor do mundo.

O Rodrigo é açoriano. O Pauleta é a maior referência do futebol do arquipélago?
Com toda a certeza. O Pauleta é uma referência nacional e não regional. Aliás, até mesmo em França, é uma grande referência e um ídolo. Trata-se de uma pessoa muito humilde que chegou longe no futebol mundial. Até bem há pouco tempo, era o melhor marcador da Selecção de Portugal, já ultrapassado pelo Cristiano Ronaldo. É com muito orgulho que vejo um açoriano tornar-se num dos grandes nomes da história do futebol português.

22 Jun 2015