Japão | Shinzo Abe visita região afectada por sismo que fez 42 mortos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, deslocou-se ontem à ilha de Hokkaido, atingida na quinta-feira por um sismo que fez 42 mortos, de acordo com um novo balanço. Abe visitou a cidade de Sapporo, onde o sismo, com uma magnitude de 6,6, deixou ruas com grandes buracos e casas destruídas, tendo também visitado Atsuma, uma pequena localidade rural gravemente afectada.

Após a deslocação, Abe regressou a Tóquio para um conselho de ministros extraordinário que deve desbloquear 4,2 milhões de euros para ajuda à região afectada.
Segundo os ‘media’ japoneses, incluindo a televisão NHK, foi anunciado um novo balanço que dá conta de 42 mortos. As autoridades locais indicaram, no entanto, que há 39 mortos e um desaparecido. Em Atsuma, as operações para encontrar eventuais sobreviventes continuam.

Logo após o sismo, que provocou estragos numa central térmica, cerca de três milhões de casas ficaram sem electricidade, mas a energia foi restabelecida quase na sua totalidade, embora as autoridades locais tenham pedido aos habitantes para limitarem o consumo, uma vez que o fornecimento continuava instável.

Este sismo foi a última de uma série de catástrofes naturais a atingir o Japão nos últimos meses. Em finais de Julho, a região ocidental do país foi afectada pela passagem do tufão mais forte dos últimos 25 anos, semanas depois de fortes chuvas provocarem inundações e deslizamentos de terras que fizeram cerca de 200 mortos.

Filipinas | Sismo de 6,1 na escala de Richter abala Davao Ocidental

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m sismo de magnitude 6,1 na escala de Richter foi registado no sábado no sul das Filipinas sem que, até ao momento, se tenha conhecimento de vítimas ou danos materiais. O Serviço Geológico dos Estados Unidos, que regista a actividade sísmica em todo o mundo, informou que o movimento ocorrido cerca das 07h16 GMT e o epicentro situou-se a cerca de nove quilómetros da localidade de Manay e a 1.300 a sul da capital filipina. O sismo, localizado na província de Davao Ocidental, registou-se a 10 quilómetros de profundidade. As Filipinas encontram-se localizadas no chamado “Anel de Fogo do Pacífico”, uma zona de grande actividade sísmica e vulcânica que é sacudida por cerca de 7.000 sismos por ano, a maioria dos quais moderados. Terramotos de magnitude superior a 5 registam-se de forma esporádica no sul de Mindanao, Batanes e na região oriental de Bicol.

Coreia do Norte | Desfile militar deixou de lado mísseis de longo alcance

 

A Coreia do Norte realizou ontem um desfile militar para assinalar o 70º aniversário da fundação do país, mas não apresentou mísseis balísticos intercontinentais, que estiveram na origem de várias sanções internacionais

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]oldados, artilharia e tanques integraram o desfile perante o líder norte-coreano Kim Jong-un no centro de Pyongyang, a capital do país, numa cerimónia em que apenas foram expostos mísseis de curto alcance, segundo a agência de notícias France-Presse.
O desfile militar, que durou cerca de uma hora e meia, foi o primeiro desde que Kim Jong-un e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinaram em Junho uma declaração conjunta em Singapura, prometendo trabalhar para a desnuclearização do regime de Pyongyang.

Kim não se dirigiu à multidão, numa cerimónia em que marcaram presença o chefe do parlamento chinês e delegações ao mais alto de países que mantêm relações diplomáticas próximas do regime norte-coreano. O líder do parlamento da Coreia do Norte, Kim Yong-nam, deu o tom a uma retórica relativamente mais suave para o que foi sendo habitual em eventos anteriores, com um discurso de abertura que enfatizou os objectivos económicos do regime, em detrimento do seu poderio nuclear.

Os aliados

Os presidentes da China e da Rússia, Xi Jingping e Vladimir Putin, enviaram mensagens de felicitações ao líder norte-coreano Kim Jong-un, informou agência estatal de notícias KCNA.

Xi destacou a “política inabalável” do seu país para melhorar as relações com a Coreia do Norte, pode ler-se na mensagem publicada pela KCNA.

“O Partido [Comunista] e o Governo chinês dão a máxima prioridade às relações de amizade e cooperação entre a China e a República Popular Democrática da Coreia, e à sua política firme para defender, construir e desenvolver com sucesso relações bilaterais”, referiu o Presidente chinês. Já Vladimir Putin sublinhou na mensagem enviada a Kim a importância de aprofundar os laços e promover a paz na região.

O presidente russo disse estar convencido de que “o diálogo bilateral e a cooperação construtiva em várias áreas serão melhorados graças aos esforços conjuntos”, o que contribuirá para fortalecer a estabilidade e a segurança na península coreana e no nordeste da Ásia.

Os disponíveis

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão há emprego onde um tipo não se depare com esta casta particular de trabalhadores. À primeira vista, parecem estar lá para descomplicar situações: oferecem-se para colmatar a ausência de um colega adoentado, para executar uma tarefa para a qual não têm competências, para entrar mais cedo ou sair mais tarde. A devoção que manifestam ancora-se no medo que têm de ser prescindíveis ou numa auto-estima comatosa que necessita de palmadinhas nas costas para arrebitar. Às vezes, em ambas. Não sabem dizer que não. Acatam ordens como se estas se tratassem de dogmas. Estão lá para o que der e vier. Literalmente.

Por todos os trabalhos que passei, os disponíveis sempre foram aqueles que mais prejudicaram as condições laborais deles e dos seus colegas. Metendo medo ou ego à frente de horários e regras, acabam por criar para o empregador uma zona cinzenta, contígua à definida pelo contrato, onde a exploração legalizada encontra forma de continuar a ordenha dos famélicos sem o prurido decorrente de ter que assumir a sua ilegitimidade e avareza: afinal, se o Silva se ofereceu, nenhum mal advirá ao mundo de pedirmos a outro para fazer o mesmo.

“Sim, é verdade que o horário é até às 19H, mas há que fazer a caixa, limpar e arrumar e fechar a loja, pelo que é natural que saia às 20H. O Silva, ontem, ficou até às 21H para atender uma família de japoneses que entraram em cima da hora e não perder essas vendas.”

“De facto, devíamos ter os turnos escalonados com mais antecipação, mas há muitos imprevistos e o Silva na semana passada até se ofereceu para fazer dois turnos de seguida porque um colega faltou.”

“É claro que tem hora de almoço, mas era preferível comerem na recepção, onde podem continuar a atender clientes, do que num restaurante ou assim. O Silva come sempre cá e em quinze minutos apenas.”

Quando um Silva abdica de respeitar uma regra, sofrem todos os outros apelidos. Uma relação entre patrão e trabalhador é semelhante a uma relação entre adulto e criança: basta falhar uma vez para tornar infrutífera uma insistência coerente de anos. O Silva, por via da sua disponibilidade infinita, mete em causa não somente aqueles que o rodeiam como toda uma história de conquistas laborais que o precedem. Para o Silva, há dias em que vai trabalhar no Séc. XXI na Europa, dias em que vai trabalhar na China, dias em que vai trabalhar nos finais do Séc. XIX. A sua peculiar disposição para disponibilidade indevida acaba por lhe conferir, aos olhos do empregador, uma dupla patine: para além da sua generosidade laboral, é ainda pouco apreciado pelos calões que o rodeiam. Os calões, diga-se, são aqueles que tentam cumprir as regras e os horários.

“Por mim, o Silva pode trabalhar até às seis da manhã, se quiser, e aviar todos os japoneses de Tóquio numa noite. Nem eu sou o Silva nem o Silva é modelo para qualquer empresa”.

“O Silva, se quiser, pode nem ir a casa. Eu tenho uma vida, uma família, outros afazeres e ocupações. Preciso de definição no que diz respeito a horários e turnos.”

“Se a questão se coloca dessa forma, nem há conversa. O Silva podia vir trabalhar de soro na veia para não ter que perder tempo a comer. Eu tenho uma hora de almoço e nessa hora vou fazer o que quiser. O que inclui não querer estar no local onde passo as restantes sete.”

Se de cada vez que um Silva se apressa a militar no esclavagismo houvesse um patrão que o proibisse ou um Ferreira que lhe mostrasse o lado obscuro da disponibilidade gratuita, talvez os restantes apelidos deste mundo não tivessem que emular este empreendedorismo de amochado para justificarem os seus postos de trabalho. Arranjem uma namorada ao Silva, um hobby, um gato bebé que tenha de ser alimentado de hora a hora. Arranjem-lhe uma vida.

Diplomacia | EUA convoca diplomatas de países que se afastaram de Taiwan

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Departamento de Estado dos Estados Unidos convocou na passada sexta-feira os seus representantes na República Dominicana, El Salvador e Panamá após estes países terem decidido cortar ligações diplomáticas com Taiwan, privilegiando as relações com a China. Em comunicado, o Departamento de Estado informou que convocou o embaixador na República Dominicana, Robin Bernstein, o embaixador em El Salvador, Jean Manes, e o encarregado de negócios no Panamá, Roxanne Cabral, “para discutir maneiras pelas quais os Estados Unidos podem apoiar instituições fortes, independentes e democráticas nas economias da América Central e das Caraíbas”. Embora os Estados Unidos apenas reconheçam formalmente a China, mantêm uma embaixada na capital da ilha, Taipé, e assumem-se como um aliado de Taiwan, um território que o regime de Pequim reivindica como seu. Taiwan tem agora apenas 17 aliados diplomáticos, enquanto Pequim pressiona o Governo da ilha a seguir o princípio de “uma só China”.

Hong Kong | Pequim exige que Londres não interfira em assuntos internos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China exigiu que o Reino Unido pare de “interferir nos assuntos de Hong Kong”, depois do Governo britânico ter divulgado um relatório que expressa preocupações sobre a liberdade de expressão naquele território administrado pelo regime de Pequim.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, fez as declarações numa conferência de imprensa na passada sexta-feira, sublinhando que os assuntos de Hong Kong são assuntos internos da China e sobre os quais nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir. “Expressamos forte insatisfação e firme oposição ao chamado relatório semestral do Governo do Reino Unido sobre Hong Kong. Instamos o Reino Unido a enfrentar a realidade e parar de divulgar esses relatórios, assim como de interferir nos assuntos de Hong Kong”, disse Hua Chunying.

O porta-voz afirmou que desde que aquela região administrativa especial passou a ser administrada pela China que tem sido respeitado o seu alto grau de autonomia e que têm sido cumpridos integralmente os princípios de “um país, dois sistemas” e de que é ‘o povo de Hong Kong que governa Hong Kong’.

Hua acrescentou que os residentes de Hong Kong possuem todos os direitos e liberdades a que têm direito de acordo com a lei.

Economia | Excedente comercial com EUA atinge máximo em Agosto

O excedente da balança comercial da China com os Estados Unidos subiu em Agosto para um novo máximo, de 26,7 mil milhões de euros, numa altura em que estes países enfrentam uma guerra alfandegária

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egundo dados divulgados pela Administração-geral das Alfândegas da China, este excedente subiu 18,7 por cento face ao período homólogo, tendo também aumentado comparativamente a Julho deste ano, em resultado das exportações daquele país asiático. As exportações subiram, assim, 5,4 por cento para 1,3 mil milhões de euros entre Janeiro e Agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2017, enquanto as importações subiram 13,7 por cento para 1,15 mil milhões de euros.

Por seu lado, o comércio externo daquela que é a segunda maior potência económica do mundo, a China, subiu 9,1 por cento neste período, alcançando os 2,45 mil milhões de euros.

Os analistas esperam, contudo, que o comércio externo da China seja afectado no segundo semestre deste ano, em resultado da guerra comercial com os Estados Unidos.

Há três semanas, entraram em vigor novas taxas alfandegárias de 25 por cento sobre parte das importações oriundas dos Estados Unidos e da China, penalizando principalmente bens industriais, incluindo tractores, tubos de plástico ou instrumentos de medição. Como medida de retaliação, a China impôs taxas semelhantes aos produtos oriundos dos Estados Unidos, incluindo produtos energéticos, como o carvão, e automóveis.

Onde dói mais

Esta guerra comercial começou em Julho passado, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas adicionais de 25 por cento sobre um conjunto de produtos chineses.

A primeira ronda de taxas afectou sobretudo os sectores da aeronáutica, tecnologias de informação e comunicação ou robótica e máquinas, demonstrando que Washington quer impedir Pequim de competir, no futuro, naqueles sectores de alto valor agregado.

Pequim retaliou com taxas alfandegárias sobre o mesmo valor de bens importados dos Estados Unidos, afectando sobretudo produtos agrícolas, de forma a atingir a América rural, onde estão concentrados muitos dos eleitores de Donald Trump.

Desde o início das disputas comerciais, a moeda chinesa, o ‘yuan’, desvalorizou-se mais de 8 por cento, enquanto a bolsa de Xangai, a principal praça financeira do país, caiu mais de 12 por cento.

Na passada sexta-feira, Donald Trump voltou a ameaçar a China com taxas adicionais, num valor de 230 mil milhões de euros, que se somariam aos 43 mil milhões de euros impostos desde Julho passado e aos 172 mil milhões de euros que a administração norte-americana está a preparar.

No ano passado, os Estados Unidos importaram um total de 435 mil milhões de euros da China. “Estou a ser duro com a China porque tenho de ser. Estão a arrecadar [mais de] 500 mil milhões de dólares daqui. Não posso deixar que isso aconteça”, vincou Donald Trump numa declaração feita na sexta-feira.

Ensino | Pequim prepara legislação para regulamentar pré-escolar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China prepara-se para criar legislação sobre a educação pré-escolar para regulamentar um sector que integra quase 255 mil estabelecimentos de ensino e 46 milhões de crianças, e que tem registado um crescimento acelerado e preocupação pública.

O processo será iniciado nos próximos cinco anos, de acordo com a agenda legislativa da Assembleia Popular Nacional (APN) divulgada esta semana, noticiou ontem a agência de notícias estatal Xinhua. “A necessidade de redigir esta lei tornou-se premente”, disse um representante da APN familiarizado com a legislação, Li Lihua, citado pela Xinhua. A lei “abordará todos os tipos de problemas enfrentados pelo sector de educação pré-escolar no momento”, acrescentou a mesma fonte.

A China tem leis específicas que regem tanto o ensino obrigatório quanto o superior, que cobrem desde escolas primárias até universidades de ensino superior. Os pedidos por uma lei semelhante para a educação pré-escolar aumentaram nos últimos anos, à medida que o sector cresceu.

Em 2017, havia quase 255 mil creches em todo o país, frequentadas por 46 milhões de crianças. Os números devem aumentar, já que as autoridades pretendem elevar a taxa de matrícula no jardim de infância dos actuais 75 por cento para 85 por cento até 2020.
O ministro da Educação, Chen Baosheng, admitiu em Março que a educação pré-escolar está a enfrentar uma série de problemas, desde a escassez de pessoal docente de qualidade e lacunas na área da segurança, métodos de ensino desactualizados e altos custos. “É o sector que mais cresce, mas também aquele que tem o elo mais fraco”, disse Chen.

China/África | Pequim disponibiliza apoio milionário a Cabo Verde

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China vai disponibilizar “a título gratuito” cerca de 20 milhões de dólares norte-americanos a Cabo Verde, no âmbito da ajuda pública ao desenvolvimento, anunciou o primeiro-ministro cabo-verdiano.

O anúncio foi feito por Ulisses Correia e Silva na sua página da rede social Facebook, na qual dá conta do encontro mantido com o Presidente chinês, Xi Jinping, na passada quinta-feira. “Discorremos sobre as questões de índole global, designadamente as mudanças climáticas e a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas” e “passámos em revista a dinâmica das relações sino-africanas, bem assim a cooperação sino-cabo-verdiana, que se quer cada vez mais inovadora e com enfoque em parcerias económicas mutuamente vantajosas”, lê-se na nota do chefe do governo.

Segundo Ulisses Correia e Silva, os dois governantes comprometeram-se a “trabalhar na identificação das melhores vias para incrementar o conhecimento recíproco, bem como potenciar a cooperação económica e comercial, com ênfase ao projecto da Zona Económica Especial da Economia Marítima em S. Vicente, a segunda fase do projecto Cidade Segura e a construção de um Centro Internacional de Conferências na Cidade da Praia”.

Sobre a ajuda pública ao desenvolvimento, o primeiro-ministro de Cabo Verde referiu que “o Presidente chinês anunciou que irá disponibilizar a Cabo Verde, a título gratuito, apoio financeiro de cerca de 20 milhões de dólares americanos, em áreas a acordar por via diplomática”.

Ulisses Correia e Silva escreveu igualmente que “o Presidente Xi Jinping assegurou ainda que as oito medidas e os 60 mil milhões de dólares, anunciados para triénio 2019 a 2022, no âmbito do Fórum de Cooperação China África (FOCAC), constituem importantes janelas de financiamento ao dispor dos países africanos, que possuem projectos cuja viabilidade económica atestam a sua relevância e sustentabilidade”.

Economia | Trump sugere à Apple que produza nos Estados Unidos

O presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu ao grupo tecnológico Apple que produza nos Estados Unidos e não na China, a melhor forma de evitar as consequências da guerra comercial em curso com Pequim. Entretanto, a Exxon-Mobil prepara um investimento multimilionário na China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s preços [de produtos] da Apple podem aumentar por causa das enormes tarifas que podem ser impostas à China”, sublinhou Trump, na rede social Twitter, depois de ter ameaçado na sexta-feira taxar a totalidade das importações provenientes da China, que acusa de práticas comerciais “desleais”. “Mas há uma solução fácil”, acrescentou, sugerindo: “Fabriquem os vossos produtos nos Estados Unidos e não na China. Comecem a construir já novas fábricas”.

A Apple está dependente do gigante asiático para o fabrico de muitos dos seus aparelhos, podendo vir a sofrer o impacto do conflito comercial entre os dois países. O líder do grupo, Tim Cook, considerou recentemente que as tarifas impostas à China pela administração norte-americana parecem “taxas sobre o consumidor”.

Capital móvel

Entretanto, outro colosso empresarial prepara-se para estreitar relações com Pequim. O presidente da petrolífera norte-americana ExxonMobil, Darren Woods, foi recebido na passada sexta-feira pelo primeiro-ministro chinês, com quem analisou um investimento multimilionário no sul da China, de acordo com informação veiculada pela agência Xinhua.

Na reunião, o governante chinês sublinhou que o investimento mútuo entre as duas principais economias mundiais contribuirá para um desenvolvimento global estável. Li Keqiang também afirmou que serão bem-vindos mais investimentos da ExxonMobil na China, numa altura em que a empresa norte-americana está a negociar a construção de um grande projecto petroquímico com um capital de 8,6 mil milhões de euros na província de Cantão.

“A China vai facilitar ainda mais o acesso ao seu mercado, tratar as empresas domésticas e estrangeiras com igualdade”, garantiu o primeiro-ministro no encontro com Darren Woods.

Armazém do Boi | Um novo espaço artístico na rua do Volong

A Associação de Arte Armazém do Boi deixou a avenida Coronel Mesquita, sem adiantar se um dia vai voltar ao espaço que está, actualmente, em obras. Para já, as exposições e futuras residências artísticas acontecem na rua do Volong, num conciso edifício com três andares

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ost-Ox Warehouse Experimental Site” é o nome da exposição que revela a nova fase da Associação de Arte Armazém do Boi. Ao longo de três andares pintados de branco espalham-se várias obras de diferentes estilos, da pintura à instalação de arte e vídeo. São, na sua maioria, da autoria de artistas locais, e muitas delas remetem-nos para a contemporaneidade de Macau.

Por exemplo, Ng Fong Chao, artista que se estabeleceu no território em 1984, oriundo de Zhejiang, apresenta um trabalho que remete não só para a passagem do tufão Hato como recorda, através de fotografias antigas, outras tempestades tropicais do passado. O trabalho tem um título sugestivo: “The Prosperity Alarm”.

Com esta exposição, a Associação de Arte Armazém do Boi rompe um pouco com o passado sem trair a sua génese, no que diz respeito à promoção do trabalho artístico que se vai fazendo em Macau.

Ao HM, Noah Ng, actual presidente da associação, traça o retrato daquilo que o público poderá ver nos próximos tempos na rua do Volong, no bairro de São Lázaro.

“Este espaço é muito mais pequeno do que o anterior, mas, ainda assim, será um lugar dedicado à experimentação. Temos aqui uma grande variedade de artistas, que usam diferentes tipos de materiais e conceitos, tal como a ligação aos media, por exemplo, para seguir os seus próprios processos de experimentação.”

O ponto de partida para a selecção dos artistas foi a relação que estes apresentam com a arte contemporânea, com temáticas como os media e a sociedade actual.

“Os artistas que vemos aqui expostos têm cerca de 30 anos e são artistas emergentes”, adiantou Noah Ng. O que está em exposição “não tem a ver com a cidade mas com a forma como exploram o processo das suas próprias criações e como desenvolvem métodos de experimentação”. “Tem tudo a ver com a forma como vão além dos seus próprios limites e como mostram curiosidade relativamente a cada fase de produção das suas obras”, concluiu o presidente da associação de arte.

No último andar do edifício fica um beliche, uma cozinha em ponto pequeno e uma varanda, lugar que dará casa a artistas de todo o mundo que serão convidados a participar em residências artísticas. Os responsáveis da associação querem ir além das fronteiras com China, Hong Kong e Taiwan e explorar alguma da arte que se faz na Europa, nomeadamente em Portugal.

E a Coronel Mesquita?

O enorme espaço para exposições de que dispunha a Associação de Arte Armazém do Boi está agora em obras custeadas pelo Governo, dado o envelhecimento do espaço da Avenida Coronel Mesquita. Noah Ng garante não saber se a sua associação pode voltar ao antigo edifício onde funcionou durante anos.

“Uma vez que o nosso antigo espaço está em obras, tivemos de mudar e, até agora, ainda não nos foram dadas mais informações sobre o processo. Não sabemos como é que o Governo vai usar o espaço, não sabemos se será usado por outras associações sem fins lucrativos, ou se haverá um concurso para a apresentação de trabalhos. Não sabemos o que vai acontecer nos próximos anos, não é certo o nosso regresso à Coronel Mesquita.”
Apesar de disporem agora de um espaço bem mais reduzido, a ideia é prosseguir o mesmo objectivo e até renovar as actividades culturais que ali acontecem. A organização de residências artísticas é prova disso mesmo.

“Trabalhamos muito com voluntários e, independentemente das dificuldades que enfrentamos, tentamos sempre fazer o melhor, mesmo que a situação seja agora ligeiramente diferente. Queremos ter um espaço onde possamos continuar a promover trabalhos artísticos e que possamos continuar a ser uma plataforma para o panorama das artes em Macau. Procuramos encontrar uma forma de trabalhar com projectos que se possam ajustar a este espaço.”

Além das exposições colectivas e das residências artísticas, o Armazém do Boi quer apostar em exposições individuais. Sobre a Coronel Mesquita e a possível criação de um local ligado às indústrias culturais e criativas, Noah Ng tem dúvidas sobre a implementação, na prática, da ideia de Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

“É sempre uma boa ideia desenvolver um centro criativo naquela zona, mas permanece a grande questão de como é que essas ideias serão postas em prática. Sinto que deveria haver uma comissão com experiência suficiente quanto à utilização de todos os espaços e que nos explique quais as diferenças relativamente entre essa e a actual localização. Mas é difícil porque é preciso que as associações do meio sigam as instruções criadas pelo Governo para que esse plano seja posto em prática”, concluiu.

A exposição “Post-Ox Warehouse Experimental Site” está disponível para visita gratuita até ao dia 7 de Outubro.

IPM | Alexis Tam apoia contratação de Lei Heong Iok

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, afirmou, este sábado, ser viável a intenção do Instituto Politécnico de Macau (IPM) de recontratar o seu ex-presidente, Lei Heong Iok, que se reformou há pouco tempo. Alexis Tam assinalou que tal está previsto nos diplomas legais e nos estatutos do IPM, enfatizando que Lei Heong Iok é um perito dotado de muitos conhecimentos na área de língua portuguesa e que o IPM necessita de professores com experiência.

Cultura | Vivendas na Coronel Mesquita com exposições em 2019

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o início do próximo ano, quatro das 12 vivendas de estilo português situadas ao longo da Avenida do Coronel Mesquita devem abrir as portas para receber trabalhos de artistas locais. A revelação foi feita, na sexta-feira, pela vice-presidente do Instituto Cultural, Leong Wai Man, num telefonema para o programa Fórum Macau, da Ou Mun Tin Toin. De acordo com a responsável, o instituto já recebeu 11 das 12 vivendas, após as obras nos edifícios. Contudo, até ao final do ano, apenas quatro das 11 casas vão ser restauradas, para ficarem disponíveis para receber trabalhos dos artistas locais. Anteriormente, o Governo já havia anunciado a intenção de fazer das vivendas um espaço para as indústriais culturais e criativas. Mas, na sexta-feira, Leong Wai Man voltou a mencionar este objectivo de frisou o facto das vivendas estarem situados numa zona próxima da comunidade, o que fará com que haja mais residentes a terem acesso ao trabalho dos artistas locais e também de artistas vindos de fora.

A vice-presidente do IC revelou também que, até Dezembro, vai ser também restaurada uma vivenda na Rua Francisco Xavier Pereira, que vai acolher em 2019 a casa-museu do compositor Xian Xinghai.

 

Educação | DSEJ segura Leong Vai Kei apesar de declarações polémicas

O director dos Serviços de Educação e Juventude afastou a hipótese da subdirectora Leong Vai Kei abandonar o posto e elogiou o trabalho e experiência da colega

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang, garante que a subdirectora Leong Vai Kei vai continuar no cargo e que foi mal-entendida, quando afirmou que a homossexualidade precisa de ser diagnosticada e tratada. À margem de uma reunião do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior, Lou Pak Sang sublinhou ainda o contributo de Leong Vai Kei para o sector local, assim como a experiência da responsável.

“A subdirectora Leong tem muita experiência e reconhecemos a sua capacidade no cumprimento das suas funções. Na verdade, tanto como chefe de divisão e de departamento, ela contribuiu imenso para os nossos trabalhos, com muitas opiniões válidas e um trabalho reconhecido na relação com as escolas”, afirmou Lou Pak Sang, afastando a hipótese de Leong Vai Kei abandonar o posto.

Ao mesmo tempo, negou que a subdirectora Leong tenha mencionado que o facto de duas pessoas do mesmo género se sentirem atraídas seja uma doença: “Queria esclarecer que ela nunca falou da homossexualidade como uma doença. Ela só disse que se há um aluno que não sabe definir a sua orientação sexual, que pode pedir apoio e ser transferido para ser acompanhado por médico”, sublinhou.
Ainda em relação às declarações da mesma subdirectora de que o sexo só deveria ser praticado depois do casamento, Lou escusou-se a fazer qualquer consideração. “Não vou falar sobre esse tema. Mas há certos princípio legais que devem ser respeitados”, apontou.

A ‘número dois’ da DSEJ também mereceu a confiança do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Em declarações aos jornalistas, no sábado, Alexis Tam afirmou apoiar a continuidade da subdirectora, sublinhando que Leong Vai Kei exerce funções na DSEJ há mais de uma década e que possui vasta experiência na administração pública, destacando-se pelo trabalho e pelas boas habilitações académicas.

Hino em mandarim

Outro assunto abordado pelo director da DSEJ foi a lei do hino nacional, que vai implementar o ensino da Marcha dos Voluntários nas escolas. Lou Pak Sang afastou o cenário das escolas internacionais de Macau ficarem isentas da medida e a hipótese da letra do hino ser ensinado em outra língua que não o mandarim, mesmo para não falantes do idioma.

“É uma medida que abrange todas as escolas do ensino não-superior, incluindo as internacionais. Se for o hino da República Popular da China, obviamente, que tem de ser cantado em mandarim”, disse Lou.

Contudo, a DSEJ garantiu que vai prestar o apoio necessário às instituições de ensino para a aplicação da medida, nomeadamente através da criação de um livro com orientações para o efeito. “Vamos apoiar a escolas para alcançarem esse objectivo. Vamos ter um manual para ajudar as escolas em relação ao hino nacional, à bandeira e ao símbolo. Para que as escolas possam ter mais informações para os alunos”, foi explicado.

Lou comentou ainda o andamento dos trabalhos sobre o diploma que vai regular o ensino profissional em Macau. O director da DSEJ revelou que já foi feita a consulta pública e que no primeiro semestre do próximo ano o diploma deve entrar em processo legislativo.

Kiang Wu | Empregada de limpeza não apresentou queixa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empregada que na terça-feira ameaçou saltar do 14.º andar do Hospital Kiang Wu, devido a um disputa laboral, optou por não apresentar qualquer queixa contra o empregador. A revelação foi feita pela Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), numa resposta enviada ao HM. “Depois de ter sido dado o alerta para o incidente, a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) enviou uma equipa ao local para fornecer a assistência necessária à trabalhadora. Não foi apresentada qualquer queixa”, respondeu o Governo.

Recorde-se que a mulher de 52 anos, uma trabalhadora não-residente do Interior da China, exerce as funções de empregada de limpeza no hospital. Contudo, não é empregada pelo Kiang Wu, pertencendo antes aos quadros de uma companhia de limpeza subcontratada. Na origem do incidente esteve o facto da trabalhadora ter sido informada que o seu contrato não seria renovado, pelo que, ao abrigo da lei em vigor, teria de voltar ao Interior da China. Em relação ao futuro, a DSAL promete “continuar a acompanhar este tipo de incidentes e a proteger os direitos legítimos dos trabalhadores”.

Malária | Detectado primeiro caso importado desde o início do ano

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde anunciaram na sexta-feira a detecção do primeiro caso importado de malária. A paciente, de 35 anos, viajou para Moçambique entre 16 de Agosto e 2 de Setembro, apresentando os primeiros sintomas, como sucessivos episódios de febre e dores, no regresso a Macau. O teste feito no Hospital Kiang Wu confirmou a presença de malária. O historial de viagem, o período do aparecimento dos sintomas e o resultado laboratorial levaram os Serviços de Saúde a concluir tratar-se de um caso importado de malária.

Nadadores-salvadores | Empresa advertida para cumprir responsabilidades

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário para os Assuntos Sociais, Alexis Tam, afirmou ter exigido à empresa à qual foram adjudicados os serviços de nadadores-salvadores que cumpra as suas responsabilidades contratuais sob pena de o Instituto do Desporto (ID) iniciar procedimentos legais. Uma disputa entre as partes patronal e laboral obrigou, no mês passado, ao encerramento de duas piscinas públicas, depois de 24 nadadores-salvadores, dos quais 23 não-residentes, se terem recusado a trabalhar devido à falta de condições laborais, como a ausência de gozo de uma folga semanal desde Março. No sábado, à margem de um evento público, Alexis Tam, afirmou ter dado instruções ao ID para agilizar a resolução da actual situação, nomeadamente através da aquisição temporária de serviços de nadadores-salvadores, para que as piscinas retomem o funcionamento normal com a maior brevidade. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais recebeu, desde 17 de Agosto, três queixas que estão a ser acompanhadas, envolvendo 27 funcionários.

 

Óbito | Márcia Schmaltz, académica

Márcia Schmaltz morreu na passada sexta-feira, vítima de cancro, com 45 anos. A académica é reconhecida por quem a conheceu de perto como alguém que estava ligada à China por “um cordão umbilical” e que, talvez por isso, transmitia a China ao mundo “de forma natural”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]sentimento de perda é unânime entre quem conviveu profissional e pessoalmente com Márcia Schmaltz, a académica que viveu para contar a China em Português. Schmaltz faleceu na passada sexta-feira, com 45 anos, vítima de cancro.

Figura carismática do Departamento de Português da Universidade de Macau, Márcia Schmaltz encontrou o caminho para o Oriente ainda criança. Nasceu em Porto Alegre, no Brasil, em 1973, mas mudou-se para Taiwan ainda criança, onde morou durante seis anos.

Formada em letras, foi professora e tradutora-intérprete de chinês, mestre em Estudos da Linguagem e doutorada em Linguística na Universidade de Macau, onde também leccionou.

“É muito triste”, começou por dizer o director do Departamento de Português da Universidade de Macau, Yao Jingming, ao HM. Em causa está não só a imensa perda humana, mas também o desaparecimento de uma força de trabalho quando se fala em interculturalidade. “Era uma pessoa fantástica e muito trabalhadora que deu um grande contributo ao ensino da língua portuguesa em Macau e à divulgação da cultura chinesa quer no território, quer no mundo lusófono, com as obras que traduziu”, acrescentou o académico.

Sinologia em português

Apesar da sua formação em letras e carreira na área da tradução, Márcia Schmaltz era, acima de tudo uma sinóloga, apontou Yao Jingming. “Ela pode ser considerada como uma sinóloga real, verdadeira”, disse. A justificação é simples: “falava muito bem chinês, falava como nós falamos e conhecia também muito bem a cultura chinesa e a forma de ser deste povo. Ela podia ser chinesa”, sublinhou.

A ligação à China não era puramente académica, era “um elo afectivo”. Esta afectividade terá nascido das circunstâncias em que viveu os seus primeiros anos.

De acordo com Luís Ortet, editor da Revista Macau e responsável por um blog de divulgação de cultura chinesa em português para o qual Márcia Schmaltz também contribuiu, a académica “teve a particularidade de viver parte da infância em Taiwan, na Grande China”. Esta experiência conferiu-lhe atributos únicos. “Foi uma criança na China rodeada por crianças chinesas que falavam chinês. É um contacto que a aprendizagem que se tem da língua ou da cultura em adulto não consegue captar”, explicou.

“Uma grande perda”, reitera Luís Ortet, até porque o trabalho que desenvolvia preenchia uma lacuna no mundo da sinologia. “Quer em Portugal, e de certa maneira também no Brasil, não há uma escola e um empenho por parte das autoridades e dos meios académicos no sentido de criar uma espécie de sinologia lusófona da mesma maneira que há uma francesa, uma alemã e uma de língua inglesa por exemplo”, disse. Como tal, “é mais uma perda neste contexto em que qualquer pessoa que dedique o seu tempo e o seu talento ao estudo, à divulgação e à compreensão da cultura chinesa é uma mais-valia enorme uma vez que os meios institucionais não têm feito grandes apostas no sentido de criar a tal sinologia lusófona”, acrescentou o responsável pela Revista Macau.

Márcia Schmaltz colaborou ainda com a editora Livros do Meio. “A notícia da morte prematura de Márcia Schmaltz deixou-me triste e chocado. Conheci-a enquanto especialista em língua e cultura chinesas, professora na Universidade de Macau e tradutora para chinês de um livro importante da literatura brasileira – “Macário”, de Álvares de Azevedo – editado pela Livros do Meio, entre outras obras”, referiu o editor Carlos Morais José.

A partida aos 45 anos foi demasiado precoce. “A morte surpreende-nos com as suas escolhas. A Márcia tinha ainda muito para nos dar a todos nós, como amiga, como autora e como académica. E ficará, com certeza, na nossa memória e na história das relações culturais entre o Brasil e a China. Isto é tudo muito injusto”, rematou.

Já o amigo pessoal e colega de Márcia Schmaltz , Roberval Teixeira e Silva, director do Centro de Pesquisa para os Estudos Luso-Asiáticos da Universidade de Macau, admitiu que a académica era um caso particular quando se fala de interesse pela cultura chinesa, devido ao “cordão umbilical que manteve sempre com a China”.

Na Universidade de Macau onde leccionou, está a ser preparada uma homenagem a Márcia Schmaltz com a produção de um vídeo em sua memória que reúne os vários momentos da sua vida académica no território.

Mulher de convicções

Para Roberval Teixeira e Silva não é fácil falar dos atributos pessoais da amiga, até porque lhe era “uma pessoa muito próxima”.

Mas, as questões do mundo, nomeadamente as que envolviam desigualdades sociais eram uma área que lhe dizia particularmente respeito e que motivava as suas tomadas de posição em qualquer circunstância. No entanto, e também por isso, considera o amigo, “sempre foi uma pessoa muito clara, e dizia o que achava das coisas, o que lhe trouxe uma série de admiradores mas também opositores que estavam de pé atrás, porque não é fácil lidar com pessoas que gostam e precisam de dizer o que pensam e sentem em relação às várias coisas que lhes dizem respeito. Sempre com fundamento”, rematou.

Na Universidade de Macau onde leccionou, está a ser preparada uma homenagem a Márcia Schmaltz com a produção de um vídeo em sua memória que reúne os vários momentos da sua vida académica no território. “Estamos a reunir fotografias, escritos, livros que traduziu em homenagem e memória a Márcia Shmaltz”, referiu o director do departamento de português daquela instituição, Yao Jingming.

Márcia Schmaltz, ganhou o prémio Xerox/Livro Aberto pela tradução de “Histórias da Mitologia Chinesa” em 2000 e, em 2001, o Prémio Açorianos de Literatura, categoria tradução. Foi editora da colecção Tradução de Clássicos da Literatura Brasileira. Entre as obras que traduziu para português estão “ 50 Fábulas da China Fabulosa” (2007), “Viver”, de Yu Hua (2008), “Contos Sobrenaturais Chineses” (2010), Fábulas Chinesas” (2012), “Me Deixe em Paz”, de Murong Xuechun (2013), e “Contos Completos” de Lu Xun.

Saúde | Governo diz ter feito quase 300 planos de formação

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau (SSM) garantiram, em resposta ao deputado Leong Sun Iok, que já realizaram vários programas de formação, no estrangeiro e em Macau, para médicos, enfermeiros e funcionários da rede de saúde pública do território.

Entre 2013 e 2017, “foram realizados um total de 294 planos de formação, nos quais participaram mais de 13 mil pessoas, tendo o número de dias de formação atingido os cerca de 26 mil, e as despesas ultrapassado as 12 milhões de patacas”. Além disso, “de entre os planos, 103 constituíram o envio de pessoal à China, Hong Kong, Taiwan, Singapura, Japão e Austrália, entre outros países e regiões fora de Macau, para receberem formação. No mesmo período foram realizadas cerca de 70 acções de formação para médicos, que contaram com cerca de 2200 participantes”.

Perante estes números, Lei Chin Ion, director dos SSM, adiantou ao deputado que “salvo o normal funcionamento do serviço e a insuficiência de recursos humanos, os SSM apoiam totalmente e incentivam o pessoal no seu aperfeiçoamento e formação, tendo, desde sempre, procedido à apreciação e aprovação seguindo os princípios da justiça, imparcialidade e abertamente, elevando assim o nível dos serviços de medicina de Macau”.

Ensino | Sulu Sou exige maior participação de pais nas escolas

Sulu Sou entregou uma interpelação escrita ao Governo onde exige a revisão da lei de bases do sistema educativo não superior para garantir a maior participação dos pais nas escolas. O deputado pretende potenciar a qualidade de ensino e a gestão escolar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]mais recente interpelação escrita de Sulu Sou defende que a lei de bases do sistema educativo não superior deve privilegiar uma maior participação dos encarregados de educação na forma como a escola ensina e gere as aulas. O deputado do campo pró-democrata argumenta que o ensino não pode contar apenas com os esforços das direcções das escolas. Na visão de Sulu Sou, devem ser tomadas medidas para os pais marquem mais presença nos trabalhos de gestão escolar. O deputado pede, portanto, uma revisão para que sejam incluídos os representantes dos encarregados de educação.
O legislador recorda que o guia de funcionamento das escolas já prevê a criação de uniões de pais, que têm como objectivo reforçar a comunicação entre a escola e os encarregados de educação.

Contudo, argumenta que tanto esse guia como a lei não estão a ser bem concretizados neste aspecto, pelo que a participação dos pais nos assuntos escolares dos filhos continua a ser insuficiente.

“Apesar de algumas escolas criarem uniões de pais, estas apenas prestam auxílio na realização de palestras ou outro tipo de actividades. Há poucas escolas que permitem aos pais observarem as aulas e estarem presentes nas reuniões regulares das escolas, mas não têm direito a uma intervenção nem a tomar decisões”, justificou.

Direito à informação

Sulu Sou estabelece uma comparação entre Macau e os restantes países e regiões ao nível da comunicação que existe entre escolas e encarregados de educação, defendendo que a proximidade continua a ser insuficiente. O deputado questiona, por isso, quais as medidas que serão tomadas para garantir que os pais participam no processo de tomada de decisões por parte dos conselhos directivos.

Para Sulu Sou, é importante analisar esta questão tendo em conta os casos recentes de assédio sexual e bullying ocorridos nas escolas de macau. O deputado pede que o Governo garanta o direito à informação dos pais, assim como o direito de participação nos trabalhos preventivos e de acompanhamento de casos.

Medicina | GAES estuda pedido da MUST para criar faculdade

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) está “a analisar e estudar, detalhada e cuidadosamente”, o requerimento para o estabelecimento da Faculdade de Medicina, apresentado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês). A informação foi avançada, este sábado, pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que deu conta de que o GAES já ouviu pareceres de académicos e peritos. O processo administrativo encontra-se em curso e o resultado será divulgado pelo GAES após a sua conclusão.

Wong Sio Chak defende novo modelo de cooperação policial

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, defendeu um novo modelo de cooperação policial entre Macau, Hong Kong e Guangdong que responda aos novos desafios de segurança levantados pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
Wong Sio Chak disse que é necessária uma nova cooperação policial que reforce “a capacidade de resposta a emergências, no combate à migração ilegal e na tomada de medidas mais vocacionadas ao combate à criminalidade transfronteiriça”, pode ler-se na nota, que cita a intervenção de Wong Sio Chak realizada na quinta-feira em Foshan, cidade da província de Guandong.

“As novas tendências e oportunidades associadas ao desenvolvimento acelerado e a integração contínua das regiões de Guandong, Hong Kong e Macau, vão trazer inevitavelmente novos problemas e desafios relacionados com a segurança da sociedade”, disse Wong Sio Chak em Foshan, onde marcou presença uma delegação policial de Macau num encontro entre as autoridades daqueles três territórios.

O secretário para a Segurança defendeu ainda em Foshan que para garantir “a segurança regional, as três polícias devem proceder a uma previsão eficaz e a uma avaliação prospectiva do estado de segurança, bem como adoptar medidas proactivas”.

“As novas formas de cooperação e as medidas a implementar no futuro pelas autoridades de segurança das três regiões devem assentar na inovação e ter como base a experiência tradicional, respeitando a diferença dos dois sistemas que compõem um Estado único, tendo sempre em consideração o respeito por sistemas jurídicos distintos entre as três regiões, procurando ir ao encontro de um regime inovador em matéria jurídica e de aplicação da lei”, acrescentou Wong Sio Chak.

O mesmo comunicado refere ainda que durante o encontro em Foshan, o vice-governador da província de Guadgong, Li Chunshen, apresentou uma proposta que prevê “estabelecer um mecanismo de liderança e de cooperação policial (…), bem como a realização de uma reunião anual de cooperação policial entre os altos dirigentes das polícias das três partes, (…) com a finalidade de discutir, promover e implementar os diversos trabalhos policiais no âmbito da construção da Grande Baía”.

Plástico | Governo prepara taxa entre 50 avos a 1 pataca para sacos

Já se vislumbra o dia em que será cobrada uma taxa por cada saco de plástico adquirido nas superfícies comerciais de Macau de forma a desincentivar o seu uso. O valor da taxa, entre 50 avos e uma pataca, foi revelado por Raymond Tam

 
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]taxa a pagar por saco de plástico vai-se fixar entre os 50 avos e uma pataca, de forma reduzir a utilização. O valor, que ainda não está definido, foi avançado, na sexta-feira, pelo director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Raymond Tam, à margem de um evento do Governo sobre o programa para reduzir a utilização de sacos de plástico com a entrega de prémios.

Quando questionado sobre o assunto e a falta de legislação neste sentido, Raymond Tam, segundo o canal chinês da Rádio Macau, explicou que a restrição à utilização dos sacos vai ser feita através de uma lei própria e não de um regulamento. Assim, será uma lei a definir o montante que vai ser cobrado.

O valor de cada saco de plástico vai ser definido posteriormente mas ficará situado no intervalo entre os 50 avos e uma pataca. Um montante que o governante considerou ser aceitável para a população. Segundo a consulta pública feita anteriormente, chegou-se à conclusão que o valor da taxa deveria reverter para os próprios supermercados.

Ainda de acordo com o responsável da DSPA, neste momento, o Governo está a finalizar a proposta de lei, com o documento a ser analisado pelos assuntos jurídicos, antes de ser enviado para a Assembleia Legislativa.

Na gaveta desde 2016

Recorde-se que a consulta pública sobre esta lei foi realizada entre Dezembro de 2015 e Fevereiro de 2016. Na altura, após um estudo encomendado pelo Executivo, concluiu-se que em média cada residente utilizava por dia 2,2 sacos de plástico, o que totalizava um valor de 450 milhões de sacos por ano.

Apesar da demora em implementar a medida, que motivou petições com origem na sociedade civil, Raymond Tam preferiu valorizar o facto do objectivo do Governo e da população ter sido sempre o mesmo.

As declarações do director da DSPA surgem depois de no final de Agosto ter sido entregue uma petição a pedir o fim do uso excessivo do plástico em Macau. Na altura, a petição online recolheu 4.700 assinaturas em cerca de duas semanas.

Já em relação ao balanço do programa “reduzir o uso de sacos de plástico poderá dar prémios”, iniciativa que pretende promover o uso de sacos ecológicos em compras, a DSPA revelou que na edição deste ano participaram mais 80 lojas do que no ano passado. No total, o número de espaços comerciais foi superior a 300. Ainda de acordo com o Governo, após seis edições do concurso para reduzir a utilização de sacos de plástico, foram poupados 26 mil sacos, o equivale a aproximadamente 4.400 sacos por ano. Os dados de 2015 indicavam que Macau utilizava 450 milhões de sacos por ano.

Substâncias perigosas |Manifestação juntou centenas de residentes

Entre 300 a 500 pessoas saíram ontem à rua em protesto contra a instalação de um depósito e armazém provisório de substâncias perigosas junto à área residencial do Cotai

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi a maior acção pública desde que foram revelados os planos do Governo para instalar um depósito e armazém provisório de substâncias perigosas junto à área residencial do Cotai. O protesto de ontem – que juntou 300 pessoas segundo a polícia e aproximadamente 500 de acordo com a organização – foi o primeiro, mas pode não ser o último.

A manifestação, que durou sensivelmente duas horas, arrancou da Praça do Tap Seac e terminou junto à sede do Governo, com a entrega de uma petição. Foi a terceira do tipo desde que o grupo de moradores, de diferentes edifícios da zona, incluindo do complexo de habitação pública de Seac Pai Van, se insurgiu publicamente contra a intenção do Governo de instalar um depósito e armazém provisório de substâncias perigosas junto às suas casas. Depois da entrega de duas petições (uma ao Governo, com mais de 7.000 assinaturas, e outra à Assembleia Legislativa) e realizado uma concentração em Seac Pai Van, o grupo de moradores decidiu avançar com um protesto que contou com os deputados Ng Kuok Cheong, Au Kam San, Pereira Coutinho e Sulu Sou.

Envergando t-shirts pretas, com cartazes com as imagens do secretário para os Transportes e Obras Públicas e do secretário para a Segurança, respectivamente, Raimundo do Rosário e Wong Sio Chak, os manifestantes reiteraram o apelo inicial, pedindo ao Governo que os ouça e recue na decisão.

Acompanhado pela família, Franky, que mora em Coloane, foi um dos que participou no protesto, aliás, o seu primeiro. “Se construírem armazéns com substâncias perigosas ali isso vai afectar as nossas vidas”, observou, sem esconder o receio de que haja um acidente, como uma explosão. Uma situação que, a seu ver, salvo consequências mais graves, teria impacto não apenas no meio ambiente, mas também poderia afectar a economia, dado que existem muitos casinos no Cotai.

Neupani, de 29 anos, natural do Nepal, que reside em Coloane há sensivelmente três anos, partilha da mesma preocupação, tendo sido igualmente os receios relativamente à segurança que o levaram a juntar-se pela primeira vez a uma manifestação.

Para Jenny, de 25 anos, também foi uma estreia. “Vim para mostrar que a comunidade em geral, não apenas as pessoas que lá vivem, não apoia este tipo de instalações”, afirmou a jovem norte-americana que aderiu ao protesto em solidariedade com uma amiga que reside em Coloane.

O Governo seleccionou dois terrenos para a construção de um depósito e armazém de substâncias perigosas – um na Avenida Marginal Flor de Lótus e outro na Estrada do Dique Oeste –, cujas plantas de condições urbanísticas foram aprovadas, em meados de Julho, pelo Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Desde que a polémica estalou, foram realizados encontros entre representantes do Governo e associações, como a Federação das Associações dos Operários de Macau e União Geral das Associações de Moradores de Macau, com vista a dar garantias de que não existe qualquer perigo para a população e, mais recentemente, foi anunciado um estudo de impacto ambiental.

Porém, os argumentos dados pelo Governo continuam sem convencer os moradores. “A única forma de acabar com as preocupações em relação à segurança é retirar o plano de as construir em zonas residenciais”, apontou a porta-voz do grupo de moradores, Edith Mak.

Vozes por ouvir

Dado que, a médio prazo, o Executivo pretende identificar um espaço na zona E1 dos novos aterros, junto ao Terminal Marítimo do Pac On, para colocar definitivamente o depósito e armazém de substâncias perigosas, a mesma responsável não percebe por que razão não se avança antes em força para a concretização desse plano: “O Governo diz que planeia localizar [as instalações definitivas] nos novos aterros. Então que vá em frente [e] rapidamente até porque a construção de instalações temporárias vai demorar pelo menos dois a três anos e, por essa altura, os novos aterros também estarão prontos”. “Por que não acelera antes os trabalhos dos aterros para ter essas instalações permanentes prontas o quanto antes? Isso resolveria tudo”, defendeu Edith Mak.

Além de contestarem o plano propriamente dito, os moradores da área residencial do Cotai também lamentam não terem sido ouvidos: “Ninguém do Governo nos convidou para conversas, seminários ou encontros para nos explicar por que razão escolheram estes locais [na zona do Parque Industrial da Concórdia] nem como foi feita a consulta pública”. “Estamos muito furiosos e insatisfeitos relativamente à forma como o Governo lidou com a resistência popular”, observou Edith Mak, sem descartar a possibilidade de mais protestos, de apelar para o Governo Central ou de levar o caso a cidades vizinhas, como Hong Kong ou Taiwan, para que fiquem a par do que está a acontecer em Macau.

Bom senso e seriedade

Pereira Coutinho também tocou na ausência de diálogo, considerando que “demonstra a falta de seriedade, transparência e de abertura por parte do Governo”. “Não se pode brincar com este tipo de coisas”, salientou o deputado, para quem é “fundamental” que o depósito e armazém de substâncias perigosas fiquem “muito longe das populações”. À luz do plano, a habitação mais próxima ficará a aproximadamente 200 metros das controversas instalações a erigir na zona do Parque Industrial da Concórdia. Um cenário que nem na China tem lugar, onde o raio mínimo ronda um quilómetro, argumentou Pereira Coutinho. “No passado, já ocorreram grandes problemas com depósitos de produtos inflamáveis. É preciso prevenir porque [a perda] de vidas humanas não se consegue remediar”, realçou o deputado, que espera “bom senso” e “flexibilidade” por parte do Governo.

Sulu Sou pronunciou-se na mesma linha. “O Governo deve ser mais honesto na hora de enfrentar as reivindicações dos residentes”, apontou o também deputado, para quem a confiança dos moradores no Governo saiu beliscada pela falta de diálogo. Não obstante, Sulu Sou ainda tem confiança num eventual recuo do Executivo face à forte oposição dos residentes: “Penso que podem mudar de opinião”.