Hong Kong prepara-se para a exposição Fine Art Asia 2018 João Luz - 20 Set 201810 Out 2018 A Fine Art Asia 2018 está de regresso a Hong Kong, mais uma vez com uma segunda exposição intitulada Ink Asia 2018. As duas mostras decorrem entre 28 de Setembro e 2 de Outubro e, além da exibição de peças dos mais variados meios e épocas, o público pode apreciar obras de artistas ocidentais como Francis Bacon [dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]ma das maiores feiras internacionais de artes regressa ao Hong Kong Convention and Exhibition Centre. Face à dimensão do certame, é altamente aconselhável aos apreciadores e colecionadores de arte que reservem na agenda o final deste mês. Entre os dias 28 de Setembro e 2 de Outubro, a Fine Art Asia 2018, que decorre ao mesmo tempo que a Ink Asia 2018, promete marcar a época de exposições e o mercado artístico da região. Ambas as mostras serão inauguradas para um público selecto no próximo dia 28, com direito a visita VIP antecipada, abrindo ao público geral no dia seguinte. Agendadas para a época alta artística de Hong Kong, que coincide com alguns dos mais prestigiados leilões marcados para o mesmo local das exposições, a Fine Art Asia e a Ink Asia promete atrair uma vasta gama de especialistas, conhecedores e colecionadores de arte, assim como potenciar a sensibilidade de compradores asiáticos para uma abordagem mais ocidental. A mistura harmoniosa de oriente a ocidente pode ser aferida pelas obras que serão expostas, com um leque temporal de 5 mil anos de história cultural que passa pelas antiguidades, joalharia, trabalhos em prata, impressionismo, modernismo, arte contemporânea, fotografia, etc. A Ink Asia, lançada em 2015, é a primeira feira de artes no mundo a dedicar-se a trabalhos contemporâneos de “ink art” e é hoje considerada uma plataforma internacional de referência na divulgação de novos artistas e visões contemporâneas desta forma artística. Casas de renome Quanto às galerias que se vão fazer representar na feira de artes, destaque para a Rossi & Rossi (Londres/Hong Kong), que oferece ao público a possibilidade de viajar por raras pinturas budistas e hindus, assim como esculturas e objectos ritualísticos chineses, indianos e da região dos Himalaias. A representar aquilo a que poderia chamar de plataforma artística temos a Jorge Welsh Works of Art, sediada em Lisboa e Londres, que traz a Hong Kong peças de porcelana chinesa. A galeria de Jorge Welsh também participou na edição do ano passado da Fine Art Asia. À altura, o galerista referiu que o evento “tinha uma forte representação de merchants de arte de todo o mundo, com peças de elevada qualidade, leilões, palestras e exposições que marcam o calendário artístico asiático como um dos mais importantes eventos”. A Rasti Chinese Art expõe antiguidades e quadros em tinta da China, enquanto a Yewn apresenta inovadoras peças de joalharia contemporânea inspiradas nas dinastias imperiais chinesas. Ambas as galerias terão a logística facilitada uma vez que estão sediadas em Hong Kong. Os galeristas de Londres vão marcar uma presença forte na Fine Art Asia 2018. A casa Gladwell & Patterson, traz trabalhos das correntes em que se especializou: o impressionismo e a pintura moderna de mestres europeus e britânicos. Enquanto a casa Tanya Baxter Contemporary apresenta uma mostra baseada no arte contemporânea britânica do pós-guerra, onde se inclui o quadro “Seated Figure” do mestre Francis Bacon. Fotogramas afinados Com um vasto leque de nacionalidades de artistas, galerias e meios artísticos, as feiras de artes que se avizinham visam não só facilitar negócios mas também o encontro entre civilizações. “Criámos uma plataforma profissional para o mercado de artes em Hong Kong, que procura promover a troca cultural entre o oriente e o ocidente”, refere em comunicado o director da Fine Art Asia, Andy Hei. Também conhecido como um dos principais vendedores de mobiliário antigo chinês de Hong Kong, Andy Hei adianta ainda que “a Fine Art Asia 2018 e a Ink Asia 2018 oferece o ambiente ideal para as galerias internacionais se darem a mostrar aos coleccionadores asiáticos”. Este ano, a mostra apresenta ainda, pelo terceiro ano consecutivo, uma secção dedicada à fotografia. A Boogie Woogie Photography Agency é a responsável pela curadoria e selecção de trabalhos fotográficos, que variam entre o antigo e o contemporâneo, de galerias de todo o mundo.
Inundações | Associações pedem ao Executivo que resolva o problema Victor Ng - 20 Set 20189 Out 2018 O presidente da Associação da Sinergia de Macau, Lam U Tou, depois de felicitar o desempenho do Governo na preparação e resposta à passagem do tufão Mangkhut, exigiu soluções para as inundações. Mak Soi Kun entende que o problema deve ser tratado na origem [dropcap style≠‘circle’]L[/dropcap]am U Tou, líder da Associação da Sinergia de Macau, afirmou ao Jornal do Cidadão que notou maior consciência por parte do Governo e da sociedade civil para enfrentar catástrofes naturais. O dirigente associativo enalteceu os trabalhos feitos pelas autoridades durante a passagem do tufão Mangkhut, nomeadamente no que toca à divulgação de informação e à coordenação interdepartamental. Mas nem só de elogios se fez a intervenção de Lam U Tou, que salientou que apesar da actuação positiva do Executivo ao lidar com este último tufão, que as zonas que tradicionalmente sofrem com inundações continuam sem a instalação de infra-estruturas contra storm surge e inundações. Como tal, o dirigente associativo sugere que as autoridades tenham em conta o interesse público e se empenhem nas medidas preventivas. Ainda assim, Lam U Tou acha que as melhorias nos trabalhos de coordenação interdepartamental, assim como a maior consciencialização da sociedade, foram lições aprendidas depois da passagem do tufão Hato. Como tal, entende que não é necessário a criação de tantos organismo ligados à protecção civil por entender que os processos pode complicar-se. Método científico Para Mak Soi Kun, o Governo além dos trabalhos de contingência deve arrancar com obras de estruturas que previnam as inundações na origem. Numa interpelação escrita, o deputado refere que mesmo face à preocupação dos residentes com os impactos do Mangkhut, o território não registou danos graves devido aos trabalhos preparatórios das autoridades. Apesar da nota positiva a lidar com o super tufão do passado fim-de-semana, o legislador exige que o Executivo elabore mecanismos melhores para responder às futuras catástrofes naturais. Por sua vez, Nelson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, apesar de ver com bons olhos as medidas preventivas para lidar com o tufão, salienta o facto das inundações ainda serem uma realidade em várias zonas do território. O líder associativo entende que o Governo deve erradicar o problema através de melhorias nas infra-estruturas e da construção de uma barragem apra reduzir as inundações nas zonas baixas da cidade. Entretanto, Nelson Kot critica a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) pela ausência de planos pormenorizados e medidas para prevenir cortes no abastecimento.
Entrevista | Gaspar Zhang, coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM Sofia Margarida Mota - 20 Set 201813 Mai 2019 Nasceu numa pequena cidade nos arredores de Xangai. Aprender português não foi uma escolha pessoal, mas um “acidente” do seu percurso académico. No entanto, a língua de Camões acabou por mudar a vida de Gaspar Zhang, o actual Coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM [dropcap style≠‘circle’]Q[/dropcap]uais as razões que o levaram a estudar português? Nasci em Nantong, uma cidade pequena perto de Xangai. Comecei a estudar português no início deste século e, na realidade, não foi uma escolha pessoal, mas da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, que selecionou um grupos de alunos com uma boa proficiência em língua chinesa e inglesa para aprender uma terceira língua. No meu caso, a indicação que recebi foi que teria de estudar português. Penso que esta selecção também esteve relacionada com a necessidade do país de ter pessoas com conhecimento nesta língua, principalmente naquela altura. Uma necessidade que continua a existir, mas que penso que nos anos 2000 era maior. Não me arrependi. Acabei por gostar muito da língua e da cultura portuguesa. E esta opção mudou o rumo da minha vida. Assim que terminei a licenciatura fui convidado para leccionar português na mesma universidade, o que também era um hábito da instituição: convidar os melhores alunos para ensinar. Comecei a ensinar em 2007, o ano em que iniciei o mestrado em tradução chinês/português, o primeiro curso de mestrado nessa área na China continental. Terminado o mestrado, uns anos depois, fui fazer o doutoramento em linguística portuguesa, em Coimbra. Terminei este ano. Também ensinei português na Universidade de Pequim, a melhor de toda a China. Referiu que o português lhe mudou a vida. Porquê? Penso que me abriu para um mundo completamente diferente, que nunca teria oportunidade de conhecer se não fosse a língua. Apesar de estar mais ligado à linguística, gosta de literatura portuguesa? Sim. A minha área é a linguística, não sou especialista em literatura. Quando me fez essa questão, o primeiro nome que me passou pela cabeça foi o de Maria Ondina Braga, que viveu muitos anos em Pequim. Gostei muito de “A China fica ao lado”. A autora foi leitora da universidade onde estudei e também viveu alguns anos em Macau. Para mim, trata-se de uma autora muito observadora e que escreve o que se passa à sua volta. O seu currículo implica um domínio muito grande da língua portuguesa, em pouco tempo. Como é que o conseguiu? Passei o terceiro ano da licenciatura aqui em Macau, o que me ajudou a ter um contacto mais próximo com a cultura. Depois, no mestrado, frequentei um ano em Lisboa um curso de língua na Faculdade de Letras. Durante o doutoramento, vivi mais um ano em Coimbra. No total, passei dois anos em Portugal. Durante a parte curricular do doutoramento passei tempos difíceis, porque era o único aluno chinês a fazer Linguística Portuguesa. Por outro lado, escolhi um tema complexo para abordar no doutoramento, mas que também me fez ter que ter um domínio muito forte. Além disso, contei com um grande apoio da minha orientadora. O que mais gosta em Portugal? Fiquei impressionado com a hospitalidade do povo português. Os portugueses que conheço, não só em Portugal mas também aqui em Macau, são muito simpáticos. Quando fui a Portugal pela primeira vez, em 2008, fui muito bem recebido, quer por funcionários da escola, quer pela senhoria e os colegas. Recordo um encontro com um presidente de uma junta de freguesia que me disse uma coisa com a qual concordo em pleno: “o povo português é um povo tolerante”. Também não posso deixar de referir a gastronomia portuguesa, uma grande parte da cultura. Sou uma pessoa que não passa sem arroz. Portugal, felizmente, tem muitos pratos com arroz. Aliás, a este respeito até me disseram que os portugueses são os chineses da Europa por comerem muito arroz de várias formas. Mas, o meu prato preferido é bacalhau assado no forno com azeite. Tem em exercido funções de professor de português. Quais as maiores dificuldades no ensino desta língua a estrangeiros, nomeadamente a alunos chineses? O chinês e o português são duas línguas tipologicamente muito diferentes, tanto a nível da sintaxe como da fonética/fonologia. De acordo com a minha experiência, penso que a maioria dos alunos chineses têm dificuldades em distinguir, por exemplo, o imperfeito e o pretérito perfeito simples. Uma outra dificuldade é o conjuntivo. Isto porque em chinês não há tempos nem modos verbais. Nós, em chinês, utilizamos alguns elementos ou partículas para indicar se é uma acção concluída ou se é no futuro e também não conjugamos os verbos. Um outro problema que observei na China foi a falta de contacto directo com a língua e cultura portuguesa. O contacto é muito importante. Macau, por exemplo, tem muitas vantagens a este nível. Como são línguas muito diferentes e não há este contacto directo, a aprendizagem do português torna-se mais difícil. Na sua opinião, qual o papel da língua portuguesa, e mesmo da lusofonia, na China contemporânea? Podemos falar nessa importância segundo diferentes pontos de vista. Do ponto de vista económico e comercial, a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP) são parceiros estratégicos muito importantes a nível global. Do ponto de vista político, a China está a apostar no desenvolvimento das relações com os PLP. Os meus colegas de faculdade estão espalhados por todo o mundo a trabalhar nesta área. É de frisar que, de um ponto de vista político, a China está a apostar na relação com os PLP e, por essa razão, existe uma grande procura de falantes bilingues, não apenas em Macau, mas também no Interior da China e nos próprios PLP. E como vê a importância do português em Macau? Macau está a desempenhar um papel especialmente importante na medida em que serve de plataforma e ponte de ligação entre a China e os PLP. Penso que, actualmente, estamos numa nova era, em que a língua portuguesa desempenha um papel fundamental na iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”. O próprio embaixador chinês em Portugal salientou que Portugal é um parceiro muito importante nesta iniciativa. Também não nos podemos esquecer de que estamos num contexto geográfico muito particular: a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Como sabe, a província de Guandong é a província chinesa com maior cooperação económica e comercial com os PLP. É o sucessor do professor Carlos Ascenso André no CPCLP. Que desafios tem pela frente? Iniciei as minhas funções há cerca de duas semanas no CPCLP. A adaptação ao cargo não foi difícil e consegui numa semana perceber o seu funcionamento, isto porque já estava muito bem organizado quer pelo próprio professor Carlos André, quer pelos colegas que o integram. Aliás, gostava de agradecer publicamente ao professor Carlos André pela sua dedicação na divulgação da língua portuguesa em Macau, no Interior da China e mesmo na região Ásia-Pacífico. Por outro lado, expresso o meu agradecimento a todos os colegas do CPCLP pela forma calorosa com que me receberam e pelo apoio que me têm prestado desde a minha tomada de posse. É uma equipa dinâmica e altamente qualificada, quer a nível académico quer científico, na qual reina o bom ambiente de trabalho. Que planos tem para este centro? Para melhor responder a essa questão gostava de dividir os trabalhos que temos planeados pelas regiões diferentes a que se destinam. Em primeiro lugar, começava por referir o que temos planeado ainda dentro do Instituto Politécnico de Macau, onde pretendemos continuar o apoio dado aos trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Tradução Automática do IPM. Trata-se de uma área em que este estabelecimento de ensino está a investir muito. Vamos ainda tentar contribuir para a criação e a leccionação de certas disciplinas do Curso de Mestrado em Tradução/Interpretação Chinês-Português/Português-Chinês e do Curso de Doutoramento em Português. Este não é um trabalho directo do CPCLP, mas sim uma cooperação com a Escola Superior de Línguas e Tradução. Vamos também continuar envolvidos na leccionação de disciplinas nas três licenciaturas relacionadas com a língua portuguesa do IPM. Já em Macau, o CPCLP está, neste momento, a colaborar com a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) na formação de professores de língua portuguesa no ensino não superior, projecto que será alargado, a partir do próximo ano, a todos os professores desta língua do ensino não superior de Macau. Daremos continuidade à promoção de eventos académicos e em Novembro vamos ter o colóquio “Produção de Materiais Didácticos para o Ensino de Português como Língua Estrangeira no Contexto da China e Ásia-Pacífico”, para o qual foram convidados professores de renome internacional. Um dos nomes que se pode já revelar é Rod Ellis. A nossa missão também passa pela publicação científica, de manuais e de materiais de português língua estrangeira. Uma novidade muito importante é que estes manuais serão disponibilizados online, em versão PDF, permitindo o acesso mais alargado, mais fácil, a mais pessoas. Pretendemos que este projecto esteja disponível no final do ano ou no início do próximo. O centro também vai continuar a organizar concursos relacionados com língua portuguesa, nomeadamente o Concurso de Debate, que se costuma realizar em Novembro e que este ano está marcado para os dias 27 e 28, e o Concurso de Declamação em Poesia, que ocorre normalmente em Março ou Abril. E além-fronteiras? Na China continental temos uma missão muito importante e damos apoio ao ensino de português. Colaboramos com universidades chinesas na organização de eventos académico. Exemplo disso, é o que vai acontecer no próximo Verão, em que o IPM-CPCLP e a Universidade de Estudos Estrangeiros de Cantão vão co-organizar o 5º Fórum Internacional do Ensino de Língua Portuguesa na China. É uma iniciativa que se realiza de dois em dois anos. No ano passado, foi em Pequim e para o ano é em Cantão. A nossa actividade também inclui o Curso de Formação Contínua de Professores de PLE na China/Ásia-Pacífico, uma formação destinada aos professores de língua portuguesa no ensino superior da China. Trata-se de um curso que já é certificado pelo Instituto Camões desde Abril deste ano. Nos últimos cinco anos, o CPCLP conseguiu estabelecer contactos com todas as universidades que oferecem língua portuguesa na China. O contacto com esta rede de ensino de português foi uma herança muito importante do professor Carlos André para este centro. Avançamos também com contactos importantes com várias universidades portuguesas em Coimbra, Lisboa e Porto.
Até já, Amor Tânia dos Santos - 19 Set 201812 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap] obre as discussões amorosas e os desencontros emocionais sabe-se demasiado e sabe-se pouco ao mesmo tempo. Como se fosse um mistério que, por mais que seja escrutinado publicamente, só mesmo o escrutínio íntimo e pessoal poderá contribuir para qualquer coisa à confusão da relação que tentamos manter. Isto porque desenvolver um projecto comum entre duas ou mais pessoas não é tarefa fácil. Os momentos de verdadeiro encontro são muito especiais. Mas como todos nós sabemos, a magia é um instante e não um estado perpétuo de ilusão. Quando descobrimos o amor descobrimo-nos a nós também, por mais estranho que pareça. Como se os nossos apetites em conjunto com os do(s) outro(s) aflorasse os nossos medos e anseios – e tudo isto é normal, tudo isto é perfeitamente normal. Não fosse o amor e a paixão os temas mais discutidos pela humanidade, nas artes ou, simplesmente, no dia-a-dia, se quisermos ser mais mundanos. Contudo, felizmente ou infelizmente, há alturas em que o amor simplesmente não está lá. Perde-se no meio de uma discussão, vai dar uma volta e vemo-nos sem perceber exactamente o que é que isso faz da nossa relação, ou de nós próprios. Vemos o amor a ir a algum lado e não sabemos se é um ‘até já’ ou um ‘adeus’ definitivo. É uma dúvida legítima, especialmente para os mais inexperientes nas curvas e altitudes do amor. Porque como alguns de vós saberão, o amor é uma maratona sem fim, sem meta de chegada, uma corrida de prazer e de resistência – de persistência. Iludimo-nos a julgar o amor, constantemente. Não é incomum encontrar amigas e amigos à espera do amor perfeito, aquele que acontece por pura magia. Sem esforço, sem nada. Mas digamos que esta é uma maratona com obstáculos, com as nossas dificuldades emocionais, intelectuais, sexuais ou culturais, com momentos de desencontro que exigem capacidades de comunicação e compreensão extraordinárias. Quais serão as habilidades incríveis que fazem com que um relacionamento perdure no tempo. Há quem recorra a terapia de casal como um recurso importante – e é. Mas em que condições? Dizem os especialistas – e isto já circulou na imprensa portuguesa pela terapeuta de casal Rute Agulhas – que quando se procura um terapeuta de casal talvez já seja tarde demais. Vou-me dar a liberdade de coagitar possíveis razões: por exemplo, a possível total incompreensão do que a terapia de casal possa ser ou o estigma que pode acartar ir a um terapeuta. Isto tudo combinado com a falsa expectativa que os casais (ou outras constelações familiares) estão em perfeita homeostasia e protegidos por qualquer alteração na sua dinâmica, faz com que possa não haver um meio termo saudável em que haja espaço para mudança e aprendizagem ao longo do tempo. É como se os problemas e as suas resoluções, fossem necessariamente vistos como patologizantes ou, ainda pior, a derradeira prova de que o amor eterno não existe. Os casais recorrem à terapia de casal quando já é tarde demais porque apesar de isto lhes oferecer ferramentas que podem melhorar as formas de comunicação, o amor pode já lá não estar. O amor é resiliente mas delicado ao mesmo tempo, nas palavras de uma amiga, ‘não se está simplesmente num relacionamento, escolhe-se estar num relacionamento’. Pode soar a pouco romântico, mas o amor é assim mesmo, um estado ao qual se trabalha delicadamente. Não é como se a terapeuta fosse capaz de injectar doses de amor para um salvamento urgente. O amor é uma escolha mais ou menos deliberada. Quando o sentimos a perder-se o que fazemos? Corremos atrás dele ou deixamos a nossa inactividade afectar a nossa possibilidade de amar, e do outro, amar-nos de volta?
Costa diz que visitas de alto nível entre os dois governos têm de intensificar-se Hoje Macau - 19 Set 201810 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro afirmou ontem que as visitas de alto nível político entre os governos de Portugal e Angola têm de ser menos espaçadas no tempo a partir de agora, evitando a acumulação de assuntos bilaterais por tratar. António Costa deixou este apelo na conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República de Angola, João Lourenço, no Palácio Presidencial, que se seguiu à assinatura de acordos bilaterais entre os dois países. Esses acordos assinados pelos executivos de Luanda e de Lisboa abrangeram matérias diversas como um memorando para a regularização de dívidas a empresas nacionais, o fim da dupla tributação nas transacções comerciais, o aumento do número de voos entre os dois países, ou o Acordo Estratégico de Cooperação (2018/2022). O primeiro-ministro começou por referir que ontem mesmo entregou ao chefe de Estado angolano, João Lourenço, o convite formulado pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, para que visite Portugal em Novembro próximo. Mas, a este propósito, o líder do executivo português deixou um recado: “É essencial que as visitas entre os dois países não sejam tão espaçadas no tempo, porque depois há muitas matérias que se acumulam por tratar”, disse. Relações intensas O último primeiro-ministro de Portugal a visitar Angola foi Pedro Passos Coelho em 2011. Já quanto a Presidentes da República de Angola de visita a Portugal, o último foi José Eduardo dos Santos, em 2010. “Felizmente”, segundo o primeiro-ministro português, “dentro de dois meses, “já haverá a oportunidade de receber o Presidente de Angola em Portugal”. Na conferência de imprensa, António Costa defendeu que a assinatura de “11 instrumentos” por parte dos governos de Portugal e de Angola “culmina uma parte importante” dessa sua visita de trabalho de dois dias a Angola. “O número de instrumentos assinados demonstra a intensidade das nossas relações. Creio que nesta visita ficou bem clara a vontade comum dos dois governos, das respectivas lideranças e dos dois países de prosseguirem em bases sólidas uma cooperação estratégica. Essa cooperação estratégica encontra correspondência clara na nossa sociedade civil, nos nossos agentes económicos”, acentuou o primeiro-ministro português, tendo ao seu lado o Presidente da República de Angola.
Poemas de Li Bai Paulo José Miranda - 19 Set 201814 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] primeira vez que tive contacto com Li Bai remonta ao ano de 1992, com a tradução de António de Graça Abreu dos poemas deste poeta da Dinastia Tang. Seguiram-se outras traduções ou versões que fui encontrando, aqui e ali. Mais tarde, em 2001, nos três meses que passei por Macau, o contacto com o poeta Yao Jing Ming – que tinha conhecido no ano anterior em Lisboa – motivou-me para aprofundar o conhecimento do poeta. Estive sempre ciente do enorme muro da língua chinesa e limitei-me às traduções de outros e alguns textos teóricos acerca do poeta. Assim, os poemas que aqui vou apresentar, são poemas que cruzam inúmeras traduções e, sempre que possível, esclarecimentos com pessoas chinesas. Não pretendo que os poemas sejam lidos como traduções, que não são, evidentemente, nem tão pouco assumo qualquer tipo de autoridade que não seja o do amor à poesia em geral e aos poemas de Li Bai – ou o que julgo serem os seus poemas – em particular. De resto, respeito o número de versos de cada poema e tento sempre que posso apresentá-los com a concisão que me é possível, exigência dos próprios originais. TANTA ANGÚSTIA Tanta angústia que sinto Por não conseguir chegar à capital, a Chang’an. Os insectos tecem o Outono, cantando na margem dourada do lago, A geada transforma o frio em cor na minha esteira de bambu, A candeia ameaça apagar-se e acende ainda mais o que sinto. Afasto a cortina da lua, suspiro longamente em vão. A beleza floresce longe de mim, para além das nuvens. Por cima um céu infinito de noite escura E em baixo as águas verdes, inquietas. Um céu maior que o mundo, um caminho sem fim, a amargura espanca-me. Uma montanha intransponível impede-me de alcançar o sonho. Tanta angústia, ou essa coisa que sinto, Arruína qualquer coração. SOZINHO OLHANDO A MONTANHA Os pássaros levam as suas asas para longe E deixam no céu apenas uma nuvem, que também se afasta. Ficamos sós, a montanha e eu, Olhando-nos frente a frente neste sem fim.
Santo Antero Amélia Vieira - 19 Set 201814 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]ça de Queiroz apelidava assim o seu amigo logo que o via chegar: – lá vem o santo Antero!- É talvez a mais bonita expressão encontrada para este homem tão singular, tão fraterno e atormentado, um louvor que os amigos reconheciam justo, e um distintivo para o poeta que era. Unidos se encontravam nas causas académicas e nas correntes ideológicas esta «Geração de 70» e a grande vanguarda das suas posições iria colidir com os ultra românticos, o denominado grupo «Do bom senso e do bom gosto» uma disputa conhecida por questão coimbrã. Mais tarde, também o Governo viria a proibir estas sessões de esclarecimento por parte destes intervenientes. Oliveira Martins fala de Antero com a mais comovente admiração, chegando ao ponto de descrever as lágrimas quentes que lhe vinham aos claros olhos em instantes de tormenta e aflição: descreve-nos um Antero impedido de mentir, de uma transparência e de um desassombro que ficamos por ele apaixonados. Ninguém se lembraria neste tempo descrever as lágrimas revoltosas de um amigo nem a sua incapacidade para a obscuridade, ninguém era capaz de semelhante amor. Que o amor entre os homens existe, sim, e não é por isso uma transsexualidade misógina, nem uma moda de casamentos, existe, e é realidade de homens excepcionais. Setembro traz Antero à nossa memória e com ele a peregrinação pela sua utopia, o emblema de um Socialismo Futuro, traz-nos a escada estreita, as lôbregas jornadas, o sonho oriental, traz-nos este budista cristão, um Budismo coroado de Helenismo, e uma bela interpretação do Nirvana na voz de um Ocidental se faz notar, por outro lado, raiava sempre aquele fogo redentor de um Cristianismo inaugural que viria a ser a dama da sua alma enlevada pelo aperfeiçoamento emocional. Traz-nos a sua morte. Antero suicida-se a 11 de Setembro de 1891, e o dia nefasto não será esquecido. Num assombro de lucidez e grave derrocada, um homem assim, de uma extrema Liberdade moral foi bem capaz de não suportar o desastre que é a imagem das almas estarrecidas perante tantos dolos, subserviências e misérias. O poeta venceu o homem, e uma vez mais, se fez matéria do seu próprio canto. A cisma dos suicidas não foi estranha aos dias que antecederam a sua morte, aquele cismar que denota grave instante, mas, aqui, nesta fronteira, sabem-no bem estes cismadores que não há nada que os defenda. Mais nada a ripostar. «As Causas da Decadência dos Povos Peninsulares» ilumina sempre de fresco a nossa memória, e fora escrita numa espécie de lampejo visionário às portas do século XX onde começaria a descida mais funda pela grave ofensa que foram as ditaduras ibéricas. O homem político, o artista, o pensador, o filósofo e o poeta, habitavam todos neste ser numa única condição. Transcendidas. Estava envolvido com a sua época por aquele lado que as épocas nunca entendem, e, quando o fazem, é sempre tarde demais. Que as eras e as épocas serão sempre motivo de grande estranheza para homens assim, os seus legados, sempre tão únicos, inesquecíveis, poderão no entanto servir de conforto para as suas comuns inibições. Dizia: «soframos, pois, com paciência as injustiças deste mundo, que, afinal, é mais ignorante do que mau, e, em suma, bastante infeliz por seus erros e ilusões, para que tenhamos por ele mais piedade do que ódio. Não é a ele que propriamente detestamos, mas a iniquidade que esta nele» Cartas. O seu inquestionável apostolado chamava a atenção para o problema derrapante do ódio. Não consentir jamais uma teia que conspire nas nossas veias tais venenos. Um grande humanista está sempre implicado em causas sociais, demora-se no seu longo amor Humano, cresce até não poder mais, e sente a impotência da marcha. Boémio, não lhe faltou a farra e os encontros com seres do seu estatuto moral, transformador, arrebatou muitos, e sozinho, ele não se lembra de mais nada. Está em transe! O dia não lhe surge redentor. Vestiu-se de preto, comprou uma arma, sentou-se num banco, colocou a pistola na boca, dispara, não morre, a dor trespassa-o, desfere o segundo, e Antero está morto. – Na mão de Deus, na sua mão direita repousou afinal seu coração.- Lembrar este momento é como unir os dedos em orações que não recordávamos e num relâmpago todas lembrar, tentar entender como a natureza reage e conspira ao redor, será vestirmo-nos de preto e pôr na boca laranjas amargas, depois, ficarmos nus e sem frutos diante do abismo. É aproximarmo-nos de alguém que de si não teve medo. Sangrar, Sagrar, ficar num chão, limpo, lavado. Mas, e ainda: Ergue-te, pois, soldado do Futuro E dos raios de luz do sonho puro, Sonhador, faze a espada de combate.
Filipinas | Sobe para 74 o número de mortos devido à passagem do Mangkhut Hoje Macau - 19 Set 201810 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s autoridades filipinas elevaram ontem para 74 o número de mortos no país devido à passagem do tufão Mangkhut, o mais forte do ano, e acreditam que o número vai aumentar à medida que decorrem as operações de resgate. Pelo menos 40 pessoas encontram-se ainda desaparecidas, na sequência de um deslizamento de terra em Itogon, na ilha de Luzon, no norte do país. O fenómeno atingiu um abrigo de emergência para trabalhadores do sector mineiro e respectivas famílias, disse à agência France-Presse (AFP) o prefeito Victorio Palangdan. Depois da devastadora passagem pelas Filipinas, o tufão seguiu para a China, afectando sobretudo a província de Guangdong, no sul, onde pelo menos quatro pessoas morreram e 2,5 milhões tiveram de ser realojadas, de acordo com a comunicação social estatal.
Coreias | Arrancou terceira cimeira para fazer avançar desnuclearização Hoje Macau - 19 Set 201810 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]K[/dropcap]im Jong-un e Moon Jae-in encontram-se pela terceira vez desde Abril num clima excepcionalmente amistoso que pode trazer progressos no processo de desnuclearização do Norte. Os líderes das duas Coreias voltaram ontem a reunir-se, até quinta-feira, no Norte, numa tentativa de desbloquear o diálogo entre o regime de Kim Jong-un e os Estados Unidos para a desnuclearização da península. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, tem pedido progressos na assinatura de um tratado de paz que ponha fim ao estado de guerra que tecnicamente se mantém na península para, em troca, executar passos concretos para desmantelar o seu arsenal nuclear e de mísseis tal como exigem os Estados Unidos. A Guerra da Coreia (1950-53) terminou com a assinatura de um armistício, que Kim pretende ver agora substituído por um tratado de paz. Washington, por seu lado, deu já a entender que precisa de mais garantias, como a autorização de Pyonyang para a entrada de inspectores ou a divulgação dos inventários de armas, antes de começar a elaborar um acordo de paz e de fim das sanções que pesam sobre o regime. Para o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, a Coreia do Norte “tem vontade de efectuar a desnuclearização” e os Estados Unidos estão prontos a voltar a página das relações hostis. Boas energias O encontro de Kim e Moon, que viajará de avião para o Norte, será o terceiro desde o final de Abril, o que confirma um excepcional clima de distensão na península. O objectivo é dar um novo impulso às negociações entre Washington e Pyongyang sobre o processo de desnuclearização, há várias semanas num impasse. Moon admitiu, na quinta-feira passada, a existência de bloqueios e afirmou que os dois lados precisam de definir compromissos para avançar na questão chave dos programas nuclear e de mísseis do Norte. “A Coreia do Norte tem vontade de efectuar a desnuclearização e portanto desfazer-se das suas armas nucleares (…) e os Estados Unidos têm vontade de pôr fim às relações hostis com o Norte e de dar garantias de segurança”, declarou o Presidente sul-coreano, no final de uma reunião com os seus conselheiros. “Mas há bloqueios pois cada lado exige ao outro que actue primeiro. Penso que vão estar em condições de encontrar um ponto de compromisso”, declarou. O clima de reconciliação na península começou em Junho, em Singapura, com a cimeira histórica entre Kim e o Presidente norte-americano, Donald Trump, durante a qual o líder norte-coreano se comprometeu a trabalhar em prol da desnuclearização da península. Para Washington, a desnuclearização tem de ser “definitiva e inteiramente verificada” e o processo está bloqueado há várias semanas. Pressão britânica O chefe da diplomacia britânica disse ontem que está na hora da Coreia do Norte tomar medidas concretas para eliminar as suas armas nucleares, no dia em que começou a cimeira entre os líderes das duas Coreias. “Precisamos ver as acções agora”, afirmou em Tóquio, no Japão, o responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Jeremy Hunt, ao mesmo tempo que sublinhou que o diálogo ajudou a melhorar o clima político. O governante, que está no Japão no âmbito de conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Taro Kono, disse à agência de notícias Associated Press que o Reino Unido está pronto para levantar algumas das sanções económicas impostas à Coreia do Norte, desde que existam provas concretas de uma mudança do lado norte-coreano.
Economia | Pequim e Moscovo aumentam cooperação em energia Hoje Macau - 19 Set 201810 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China e a Rússia concordaram reforçar a cooperação de energia pelo mecanismo do Comitê de Cooperação de Energia China-Rússia. O acordo surgiu quando os vice-primeiros-ministros chinês Han Zheng e o russo Dmitry Kozak presidiram em conjunto a 15ª reunião do Comité, realizada na capital russa. As políticas energéticas conjuntas são “uma importante parte da parceria estratégica abrangente de coordenação China-Rússia”, referiu Han à Xinhua. A mesma publicação oficial refere que o Comité de Cooperação de Energia China-Rússia vem melhorando o planeamento e a coordenação gerais com destaque para a cooperação de energia. Desde a 14ª reunião do Comité, realizada no ano passado em Pequim, os principais projectos estratégicos têm alcançado progressos estáveis, de acordo com declarações prestadas pelo responsável chinês. Han propôs três medidas para impulsionar a cooperação bilateral na próxima etapa. Em primeiro lugar, ambos os lados devem implementar efectivamente o actual projeto e também os assinados para tornar o consenso realidade. Em segundo lugar, necessitam expandir novas áreas e métodos de cooperação de acordo com um princípio orientado pelo Governo, impulsionado pelo mercado e liderado pelas empresas, a fim de criar uma parceria energética de ganho mútuo. Em terceiro lugar, os dois lados precisam impulsionar intercâmbios sobre tecnologia, padrões, recursos humanos e informações de energia e aprender um com o outro para elevar o poderio económico das duas potências na área de energia. Durante a reunião, ambos os lados revisaram os importantes projetos entre os dois países nas áreas de petróleo, gás natural, carvão e electricidade, realizaram trocas de opiniões profundas sobre o futuro desenvolvimento e alcançaram consenso amplo.
Comissão Europeia | Guerra comercial ameaça abrandar economia mundial Hoje Macau - 19 Set 201810 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s taxas alfandegárias anunciadas ontem por Washington, sobre um total de 171 mil milhões de euros de importações oriundas da China, podem levar ao abrandamento da economia mundial, considerou o vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Valdis Dombrovskis “Este tipo de conflitos comerciais são um risco para a economia global. Vemos que a disputa se está a desenvolver de forma preocupante, e julgamos que vai ter um impacto negativo”, afirmou Dombrovskis, responsável pela estabilidade financeira da CE. O responsável falava durante uma conferência no Fórum Económico Mundial, considerado o ‘Davos do Verão’, que se realiza na cidade portuária de Tianjin, norte da China. Dombrovskis defendeu que as disputas comerciais devem ser resolvidas através de mecanismos multilaterais. “É preciso que nos sentemos na mesa de negociações, precisamos preservar o sistema de regras multilaterais e, no caso de disputas, estas devem ser resolvidas nos trâmites da Organização Mundial do Comércio”, afirmou. “Não se deve adoptar uma postura unilateral”, disse. Dombrovskis enalteceu a abertura do sistema financeiro da China ao capital externo, mas defendeu que Pequim deve implementar as medidas anunciadas para atrair mais investidores estrangeiros e diversificar o seu mercado de capitais. “As autoridades chinesas anunciaram reformas que visam a abertura dos seus mercados, incluindo do sector financeiro, mas é importante ver a implementação prática destes anúncios”, notou o responsável. Dombrovskis reuniu na segunda-feira com o ministro chinês das Finanças, Liu Kun, e com o presidente da Comissão Reguladora de Valores, Liu Shiyu. Gigantes tecnológicos As novas taxas alfandegárias anunciadas na segunda-feira pelos Estados Unidos sobre bens oriundos da China deverão poupar empresas norte-americanas como Apple, Amazon e Google, cujos produtos contêm partes de fornecedores chineses, noticiou a Associated Press. A Apple enviou a 5 de Setembro uma carta a pedir protecção ao seu ‘smartwatch’ e a outros dispositivos sem fios, tentando persuadir o Presidente norte-americano, Donald Trump. As tarifas vão começar em 10 por cento e subir para 25 por cento, a partir de 1 de Janeiro. Esta decisão significa uma escalada na guerra comercial entre os Estados Unidos da América e a China e um aumento de preços nos preços de consumo nos EUA, que vão desde as malas de mão aos pneus de bicicleta. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou ontem taxas alfandegárias sobre um total de 200 mil milhões de dólares de importações oriundas da China, agravando uma guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. Em Junho passado, Trump impôs taxas de 25 por cento sobre 50 mil milhões de dólares, e Pequim retaliou com impostos sobre o mesmo montante de bens importados dos EUA. Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Os Estados Unidos consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
Mangkhut | Património sofre apenas danos ligeiros Hoje Macau - 19 Set 201810 Out 2018 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] s edifícios e instalações culturais do património de Macau ficaram praticamente intactos após a passagem do tufão Mangkhut. A garantia foi dada ontem pelo Instituto Cultural (IC) que, após uma análise preliminar a 22 edifícios, 45 templos e 15 igrejas no Centro Histórico, concluiu que não houve danos graves, apesar de, em alguns casos, terem sido registados incidentes como janelas partidas ou infiltrações ligeiras de água. O poste do sinal de tufão da Fortaleza da Guia ficou aparentemente inclinado, uma situação que o IC espera resolver em breve. Já nas zonas baixas da cidade, houve cinco templos que sofreram inundações, tendo sido registados danos ligeiros em nove espaços religiosos. De acordo com o IC, à excepção das afectadas por inundações nas zonas baixas da cidade, as instalações culturais, bem como as árvores antigas no seu interior, encontram-se em bom estado. As instalações culturais que foram afectadas por inundações incluem a Biblioteca do Patane, a Biblioteca do Mercado Vermelho, a Biblioteca de Coloane, o Espaço Patrimonial uma Casa de Penhores Tradicional e as Oficinas Navais – Centro de Arte Contemporânea. No entanto, dado que as obras expostas e os materiais de relevo foram retirados previamente, os seus bens não foram danificados. A maioria das instalações culturais sob a alçada do IC reabre hoje ao público.
Regresso emotivo | Paulo Sousa recorda passagem pelo território João Santos Filipe - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi em 2002 que Paulo Sousa tinha estado pela última vez em Macau, na altura no estágio da selecção portuguesa, antes do Mundial desse ano. Passados 16 anos, o agora técnico regressou ao território e sublinhou a parte emotiva do regresso ao local onde fez o último jogo da carreira. “Há uma parte muito emotiva neste regresso a Macau. Fiz o meu último jogo aqui contra a selecção chinesa (vitória de Portugal por 2-0). Foi aqui que me lesionei no último minuto da primeira parte e que me impediu poder ajudar a selecção no Mundial. Depois como todo esse tempo [durante o Mundial], acabei por decidir acabar a minha carreira no futebol”, recordou Paulo Sousa, ontem no final do encontro. “Tomei essa decisão porque já estava há vários anos sem poder fazer aquilo que eu mais gostava com uma certa performance e uma certa continuidade”, acrescentou. “Mas este tipo de memórias não é uma coisa que viva sempre comigo. Olhei para o futuro e encarei este desafio de treinador de uma forma muito positiva, como encaro a minha vida. Sinto-me grato ao universo e a Deus por me darem a oportunidade de fazer o que gosto e ser pago”, frisou. “Sou um privilegiado porque há muita gente que trabalha para sobreviver e eu posso fazer o que gosto e sou pago”, realçou. Em relação ao resultado, Paulo Sousa elogiou a equipa face à superioridade da formação japonesa e recordou que o Kashima Antlers há dois anos estava a medir forças com o Real Madrid, no Mundial de Clubes. Projecto que desilude Por outro lado, reconheceu as limitações da sua formação que em Agosto viu sair o meio-campista Axel Witsel e que tem o avançado Anthony Modeste suspenso, depois do francês ter tentado forçar a saída no mercado do Verão. “Não esperávamos sair nesta fase, mas temos de avaliar o que fizemos, com uma Liga dos Campeões muito acima das expectativas de todos, mas com dois jogadores muito importantes, o Witsel e o Modeste, que já não estão disponíveis”, disse sobre a derrota por 2-0. “Mesmo assim no início estivemos muito bem, tivemos quatro oportunidades de golo, duas por Alexandre Pato, e se tivéssemos marcado poderíamos ter trazido uma dinâmica diferente à equipa”, considerou. O treinador português revelou ainda alguma frustração face ao projecto, devido ao facto de Witsel e Modeste não terem sido substituídos por atletas com igual qualidade: “As minhas ambições e expectativas, e segundo o que inicialmente foi falado e prometido [com o clube], eram completamente diferentes. Era para haver um investimento elevado para competir quer na Liga dos Campeões Asiáticos quer no campeonato”, confessou. “Mas perdemos dois jogadores fundamentais e não houve investimento. Estou desiludido e triste porque aquilo que me foi oferecido era completamente diferente disto”, explicou.
Futebol | Tianjin perde por 3-0 e está fora da Liga dos Campeões João Santos Filipe - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]assaram dezasseis anos desde que Paulo Sousa tinha estado em Macau. Em 2002, foi com as cores de Portugal e diante da selecção da China, que teve a lesão que o levou a decidir terminar a carreira. Ontem, novamente no Estádio de Macau, terminou o sonho de se apurar para as meias finais da Liga dos Campeões Asiáticos. Um sonho que começou a ruir ao minuto 13 Treze minutos. Foi este o tempo que duraram as esperanças da equipa de Paulo Sousa, no Estádio de Macau, na derrota de ontem diante do Kashima por 3-0. No encontro da segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões Asiáticos, a formação chinesa esperava alcançar a reviravolta que lhe permitisse um apuramento histórico para as ‘meias’, mas acabou derrotada com um resultado acumulado de 5-0, após a derrota na primeira mão por 2-0, no Japão. Ao contrário do que é habitual, houve ambiente de festa do futebol no Estádio de Macau. Os adeptos chineses estavam em maior número, vestidos de branco, mas foi do Japão que veio o maior apoio. No total marcaram presença no estádio 8.718 espectadores. A necessitar de uma vitória, o treinador português Paulo Sousa apostou numa equipa com um cariz mais ofensivo, adoptando o esquema táctico de 3-5-2. Na frente, e recuperado de uma intoxicação alimentar, o criativo Alexandre Pato era estrela da formação. No lado do Kashima Antlers, o técnico Oiwa Go fez a equipa actuar num 4-4-2, com os médios brasileiros Serginho e Leo Silva como os jogadores mais perigosos, não tendo problemas em pedir aos jogadores que queimassem tempo para proteger a vantagem de 2-0. Com a reviravolta em mente, o Tianjin Quanjian entrou totalmente balanceado para o ataque à procura do golo. Por sua vez, o Antlers entregava o jogo ao adversário, apostando no erro contrário. Ainda as equipas se estavam a estudar e surgiu o primeiro lance de perigo. Aos três minutos, ataque conduzido na direita pelo Tianjin com a bola a ser bombeada para o lado contrário, onde surge outro cruzamento para a área. Pato tenta fazer o remate acrobático, mas a bola segue em direcção ao guardião Kwoun Suntae. Com o esférico a sair à figura, o guarda-redes limitou-se a defender. Foi aos 13 minutos, que surgiu o primeiro golo, numa jogada de contra-ataque. Após um passe longo, Zhang Xiuwei tenta dominar a bola na linha. Contudo, mais não fez do que dominar para o adversário, que na jogada de contra-ataque conseguiu ganhar o canto. Na marcação, Serginho surge ao primeiro poste e cabeceia para o 1-0. A partir desse momento, a formação chinesa pareceu perder a esperança. Apesar de continuar a ser a equipa com mais posse de bola, o futebol praticado deixava muito a desejar. Em vários ocasiões por incapacidade ofensiva, a estratégia parecia limitar-se a bombear a bola para onde estivesse Alexandre Pato, e o brasileiro que resolvesse. Uchida decisivo Foi numa destas bolas bombeadas que o TIanjin ia chegando ao golo. Aos 24 minutos, após a cobrança de um livre à entrada da área por Pato, que optou por cruzar, a bola acaba enrolada na defesa e volta a pingar para o brasileiro. Com Suntae fora da baliza, o atacante rematou em direcção à baliza, mas Atsuto Uchida cortou em cima da linha de golo. Se o Tianjin tinha dificuldades ofensivas, o mesmo não se passou com o Kashima. Bem organizados defensivamente, os japoneses saíam sempre em lances perigosos no contra-ataque. Foi aos 27 minutos chegou o 2-0. Após um contra-ataque na esquerda de Uchida, que momentos antes tinha sido o salvador japonês, cruza para o bico da pequena da área, onde surgiu Hiroki Abe. O avançado rematou e ainda contou com um desvio num defesa contrário, que não deu qualquer hipótese a Zhang Lu. Após o segundo tempo o encontro não teve grandes alterações e aos 66 minutos, Shima Doi ainda fez o 3-0. Aos 89, o Tianjin ainda poderia ter feito o tento de honra, mas o remate na área de Zheng Dalun acabou por bateu na barra. Número: 8718 espectadores
Exposição | Book – Hop vai mostrar livros de artista na Casa Garden Sofia Margarida Mota - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]B[/dropcap]ook – Hop é o nome da primeira exposição de livros de artista em Macau. Com curadoria de Paulo Côrte-Real e Jorge Simões, a iniciativa pretende dar a conhecer o livro de artista enquanto obra de arte independente. A mostra é inaugurada a 25 de Setembro na Casa Garden. A primeira exposição de livros de artista em Macau vai ter lugar a partir do próximo dia 25 na Casa Garden. O evento conta com a curadoria do fotógrafo português Jorge Simões e o designer local Paulo Côrte-Real. O projecto pretende divulgar “acima de tudo, o livro de artista enquanto obra de arte, isoladamente” começa por contar o co-curador Paulo Côrte-Real ao HM. Na Book – Hop vão estar livros com um máximo de 300 edições. Côrte-Real explica: “Consideramos que este número de exemplares de um livro ainda se pode integrar dentro do livro de artista”. São obras produzidas pelos próprios autores que “não são comerciais”. A ideia é que, “esse livro, mesmo que tenha 300 exemplares, possa ser considerado uma obra de arte assim como acontece com as serigrafias ou com a fotografia que são produzidas em séries limitadas”, acrescenta. No entanto, aqui, em vez de a obra ir para a parede, como uma pintura, vai para uma mesa e é um livro. Além de pretender dar a conhecer o objecto, a Book – Hop pretende ainda que esta obra abra portas para outros trabalhos dos artistas incluídos, ou seja “por via dessa obra de arte conhecemos os artistas que estão por detrás deste livro e o que estão a fazer”, completa o curador. Toque delicado Mas, explorar um livro implica uma relação com o mesmo, uma interactividade que, tratando-se de uma obra de arte, requer certos preceitos. Na Casa Garden vão estar livros protegidos e outros que podem ser devidamente manuseados e prontos a serem explorados. “Há artistas que não querem que os livros sejam manuseados e então temos de os colocar dentro campânulas”, refere o curador. No entanto, a maior parte dos livros expostos vão ter os seus conteúdos acessíveis. “Vamos ter umas luvas, o público vai interagir com a obra e as pessoas folheiam”, explica. Entre os exploráveis e os intocáveis a exposição vai contar com cerca de 50 obras. De Coimbra para Macau Paulo Côrte-Real assume a curadoria com Jorge Simões, este último o mentor de uma primeira edição do Book – Hop em Coimbra no Centro de Artes Visuais. Depois da edição em Portugal, os curadores escolheram uma série de livros que queriam trazer a Macau. Por cá, o também designer, escolheu artistas locais para o evento. “O meu critério aqui teve como base o conhecimento que tinha do trabalho dos artistas locais”, conta Paulo Côrte-Real. Talvez por isso seja natural que a representação de artistas chineses não tenha correspondido às expectativas do curador. “Conheço um bocadinho menos o percurso dos artistas chineses de cá, daí não estarem tão presentes. Portanto, convidei aqueles que sei que têm trabalhos nesta área”, diz. Entre os artistas locais vão estar expostos livros de Rui Rasquinho, Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Francisco Ricarte e João Miguel Barros. “Acho que consegui ir buscar uma boa amostra e que junta o trabalho de ilustradores, artistas plásticos, arquitectos e fotógrafos”, comentou satisfeito. De auxiliar a estrela O livro de artista não é uma novidade e tem sido um meio adoptado pelos próprios, normalmente para acompanhar as exposições. Mas, cada vez mais, este objecto se assume como independente, como obra por si só, ao ponto de integrar actualmente um lugar de destaque dentro do universo da arte contemporânea, considera Paulo Côrte-Real. “Por exemplo, agora no Porto há um galerista, o Mário Centeno, que está a abrir uma galeria onde vai dedicar um espaço só a livros de artista”, conta. Na Europa, o livro de artista é uma forma de expressão a que muitos criadores se dedicam e que motiva a atenção das galerias. Em Macau, o Book – Hop é o primeiro evento deste género. “Os artistas até têm os seus livros porque acabam por os ir construindo à medida que vão fazendo o seu trabalho mas não imaginam muitas vezes que isso também possa ser exposto”, aponta. Além do público, esta exposição pretende ainda chamar a atenção para os próprios criadores, sendo que “as pessoas vão começar a ter mais cuidado e, quando fazem os seus esboços, vão pensar que também podem fazer daquilo uma obra de arte”, refere o co-curador. Mas há excepções por cá: “O Rui Rasquinho já sabe perfeitamente o que está a fazer e já faz isso há algum tempo como se pode ver nos trabalhos que tem apresentado nas últimas exposições que fez”. Outros artistas fazem o livro como suporte para as exposições mas ainda não o consideram, muitas vezes, uma obra. “O objectivo da exposição também é esse, mostrar aos artistas o que pode ser e incentivá-los a fazer”, sublinha. Esta é a primeira iniciativa do género mas a ideia é que não seja a única. “Vamos agora mostrar e dar a conhecer e se tudo correr bem, vamos continuar a promover o livro de artista com outros eventos “, rematou Paulo Côrte-Real.
Mangkhut | BNU e ICBC lançam empréstimos especiais Hoje Macau - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Banco Nacional Ultramarino (BNU) e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) lançaram programas de empréstimos com o objectivo de ajudar as pessoas e as empresas afectadas pela passagem do tufão Mangkhut. No caso da instituição de matriz portuguesa, estão disponíveis vários tipos de empréstimos para fins como “fluxos de caixa, compra de equipamentos e despesas em decoração”, com um prazo de carência de 30 meses. Segundo o comunicado do BNU, este tipo de empréstimos tem como objectivo “reduzir a pressão operacional das empresa afectadas e ajudá-las a retomar uma gestão sustentável”. Em relação a privados, os empréstimos visam a reconstrução das causas ou substituição de carros danificados. No que diz respeito ao ICBC Macau, o montante disponível para empréstimos chega aos 6 mil milhões de patacas, de acordo com a informação do Jornal do Cidadão. Também no caso da instituição chinesa, o objectivo passa por auxiliar as empresas e os cidadãos, quer com as despesas operacionais das PMEs, quer na reconstrução de casas e compra de novos automóveis. Ainda no que diz respeito ao ICBC, o objectivo passa por contribuir para que a vida da população regresse à normalidade tão depressa quanto possível, podendo os empréstimos ser realizados através do cartão de crédito.
Saúde | Detectado tifo epidémico em adolescente Hoje Macau - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]ma estudante local de 15 anos foi diagnosticada com Tsutsugamushi, vulgarmente conhecido como tifo epidémico, informaram ontem os Serviços de Saúde. Em comunicado, o organismo indica que os primeiros sintomas, como dor cervical, dor de cabeça severa e febre, foram reportados no passado dia 2. Pouco mais de uma semana depois, a adolescente apresentou uma erupção cutânea em todo o corpo e uma escara no extremo da vértebra esquerda, motivo que a levou a recorrer ao Hospital Kiang Wu, com o resultado da análise laboratorial a testar positivo a Tsutsugamushi. Actualmente, a jovem encontra-se a recuperar.
Ambiente | Lixo invade as praias de Coloane Sofia Margarida Mota - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s praias de Hac Sa e de Cheok Van foram invadidas por uma onda de lixo, essencialmente plásticos, depois da passagem do tufão Mangkhut. “Este é um problema global que em situações de tempestade se torna mais visível. O facto de Macau estar no delta de um dos dez rios do mundo que mais lixo transporta faz com que o território seja mais sensível a este tipo de situações”, afirma David Gonçalves. Com a passagem do tufão Mangkhut, a zona costeira de Coloane foi assolada por lixo trazido pelas águas do mar. O facto não é novo nem se cinge geograficamente a esta zona, no entanto Macau situa-se no delta de um dos dez rios que arrasta mais poluição, principalmente plástico, para os oceanos, afirmou o director do Instituto de Ciências e Ambiente, da Universidade de São José, David Gonçalves, ao HM. “Há dez grandes rios no mundo que são responsáveis por cerca de 95 por cento do transporte do plástico por via fluvial, que é uma das principais vias do transporte dos plásticos para os oceanos, e o Rio das pérolas é um deles”, começou por dizer. Ora Macau situa-se precisamente numa zona sensível a este respeito. “Estamos aqui localizados e daí que não seja de estranhar que quando há uma tempestade ou um tufão, este problema que é mais ou menos invisível, se torne bem palpável”, apontou. Da análise feita dos lixos que deram à costa no passado domingo, a maioria são itens de esferovite e de plástico, referiu o responsável. O problema, apontou, não é de fácil resolução até porque as pessoas estão muito dependentes dos derivados de plástico. Soluções urgentes A solução passa pela alteração dos hábitos de consumo deste tipo de materiais e pelo evoluir para uma economia circular, ou seja, em que os produtos descartados no final do seu uso, são reciclados e acabam por voltar a integrar a corrente de produção e de circulação. “Apenas desta forma é possível que o desperdício seja praticamente zero e que não seja necessário continuar nesta cadeia linear de produtos descartáveis”, referiu. Em Macau o problema agrava-se. A produção e lixo per capita, ao invés de diminuir, “tem vindo a aumentar nos últimos anos o que quer dizer que o problema não está na questão de haver mais pessoas, mas de cada uma das pessoas estar a produzir mais lixo todos os anos”, disse. Esta situação mostra que não está a ser feito o que devia ser feito para tentarmos reduzir, quer o consumo, quer a entrada dos produtos de novo na linha de produção”, lamentou. De acordo com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), num relatório referente a 2016, a quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados ‘per capita’ neste ano superou, “quase no dobro, a de diversas cidades nas regiões vizinhas”. A quantidade de lixo produzido por pessoa em Macau correspondeu a 2,11 quilogramas por dia, “um nível muito alto”, ultrapassando Pequim (um quilograma/dia), Xangai (0,70 quilogramas/dia), Cantão (0,93 quilogramas/dia), Hong Kong (1,39 quilogramas/dia) ou Singapura (1,49 quilograma/dia), indicava um relatório. Deste lixo, 21 por cento era referente a plásticos. O HM tentou contactar a DSPA e a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) para averiguar se há medidas específicas para inverter o consumo de plástico e da poluição marítima e fluvial, respectivamente, mas não teve qualquer resposta até ao final desta edição. Fim da linha Para David Gonçalves, “estes números são o fim de linha e reflectem o que vai parar à incineradora no que respeita a materiais que foram utilizados e descartados”. Recorde-se que no final de Agosto, foi entregue uma petição ao Governo que reunia com 4.700 assinaturas a exigir medidas para banir o uso de plástico descartável. Os promotores da iniciativa solicitavam também uma resposta pública até ao dia 13 deste mês, o que não aconteceu. O problema não é novo mas agrava-se , considera David Gonçalves, e as estimativas para o futuro não são animadoras. “Estima-se que a produção de plástico vai triplicar até 2050 e aumentou já de uma forma muito exponencial desde os anos 70 até agora”, referiu.
Saúde | Kiang Wu planeia mestrado de enfermagem até ao final do ano Hoje Macau - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]directora do Instituto de Enfermagem Kiang Wu de Macau, Van Iat Kio, afirmou ontem que estão concluídos os trabalhos relativos ao curso de mestrado em enfermagem. Como tal, a responsável espera que o curso comece a funcionar até ao final deste ano. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Van Iat Kio admite a necessidade deste grau de ensino para aumentar a capacidade profissional dos estudantes. Questionada sobre o número inscritos no grau de licenciatura este ano, Van Iat Kio considera-o surpreendente: “entre cerca de 100 novos alunos, 90 por cento são locais”, afirmou.
Hotelaria | Landmark Macau passa a ser designado por New Orient Landmark Hotel Hoje Macau - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]hotel The Landmark Macau passou a ter a nova designação de New Orient Landmark Hotel após se ter juntado ao Grupo The Orient. Segundo o comunicado publicado no Jornal Ou Mun, o Grupo The Orient considera que a aquisição deste hotel pode contribuir para uma nova dinâmica. De acordo com a mesma fonte, o Banco da China em Macau estabeleceu uma cooperação estratégica com o grupo, auxiliando a integração do The Landmark Macau.
Educação | Actualizados subsídios do ensino recorrente Hoje Macau - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s apoios para o ensino recorrente vão ser revistos em alta. Segundo um despacho do Chefe do Executivo, publicado ontem em Boletim Oficial, que entra hoje em vigor, o montante do subsídio a conceder será de 817.500 para cada turma do ensino primário recorrente. Já cada turma do ensino secundário geral recorrente vai receber 989.000 patacas, enquanto o montante destinado a cada turma do ensino secundário complementar recorrente ascende a 1,11 milhões de patacas. Dados oficiais facultados recentemente indicam que o universo de estudantes que frequenta o ensino recorrente tem vindo a encolher. No último ano lectivo, não chegaram a 1.500, distribuídos por um total de seis escolas. A frequentar o ensino primário eram apenas nove; no ensino secundário geral eram 257, enquanto no ensino secundário complementar totalizavam 1.090. Nas escolas públicas contavam-se menos de 100 no cômputo dos três níveis de escolaridade.
Cultura | Residentes vão menos a museus e a monumentos João Santos Filipe - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]lém dos museus e dos monumentos, também o cinema registou quebras de afluência de público no segundo trimestre do ano. As salas locais perderam quase oito mil espectadores. O número de residentes que visitaram museus ou locais considerados património mundial ou local registou uma quebra de 12,8 por cento, durante o segundo trimestre deste ano. Entre Abril e Junho deste ano, cerca de 100,6 mil residentes visitaram este tipo de locais culturais, enquanto há um ano o número tinha sido de 115,4 mil, de acordo com dados publicados, ontem, pela Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Segundo os dados revelados, cada residente terá feito, em média, 3,1 visitas a museus ou monumentos. Assim, 69,7 mil residentes visitaram museus e 66,6 mil foram aos locais de património mundial, o que corresponde a uma quebra de 10,2 por cento e 24,2 por cento face ao período homólogo. A tendência de quebra foi igualmente registada ao nível do cinema. A sétima arte continua a ser a actividade cultural mais popular do território. No entanto, no espaço de uma ano, as salas de cinema perderam 7,9 mil espectadores. No segundo trimestre tinham ido ao cinema 173,4 mil residentes, o número caiu para 165,5 mil este ano. Uma das principais causas para esta quebra é o cinema local. Este ano foram 30 mil os residentes que assistiram a filmes produzidos em Macau. Uma quebra de 17,2 por cento face a 2017, altura em que 36,2 mil residentes tinham assistido a cinema local. Esta tendência também pode estar relacionada com o filme Sisterhood, da realizadora Tracy Choi, que foi estreou no ano passado e atraiu muitas pessoas às salas. Biblioteca com tendência positiva No que diz respeito às bibliotecas, houve um aumento da participação dos residentes em cerca de 1,6 por cento. Entre Abril e Junho deste ano , 131,6 mil pessoas frequentaram os espaços de leitura, enquanto no ano passado o número fixou-se nas 129,5 mil. Mais uma vez, tal como nos anos anteriores, destaque para uma maior participação da população estudante, que representou a proporção de 76,8 por cento dos residentes que foram à biblioteca. Já os não-estudantes constituíram 25,1 por cento. Este número poderá voltar a sofrer um novo aumento na próxima contagem, uma vez que a Biblioteca Central, a mais popular do território, alargou o horário de funcionamento até à meia noite. Finalmente, as exposições também tiveram um crescimento, de 3,2 por cento face ao período homólogo, com um total de 36 mil residentes. Cada participante assistiu em média a duas exposições.
Associativismo| Song Pek Kei preside a nova associação Hoje Macau - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]deputada Song Pek Kei foi eleita presidente da assembleia-geral de uma nova associação intitulada Man Chong Un Keng Hip Ui subordinada à Aliança de Povo de Instituição de Macau. Num comunicado, Song Pek Kei refere que a entidade tem como objectivo unir as pessoas que querem servir a sociedade para “fazer de Macau uma sociedade mais justa, democrática, inclusiva e harmoniosa”. Song Pek Kei adiantou ainda que os trabalhos da associação abrangem a prestação de serviços sociais, a realização de estudos profissionais e a sugestão de medidas em prol do bem-estar dos cidadãos e do desenvolvimento local. A cerimónia da tomada de posse está agendada para o dia 28 de Setembro.
Diplomacia | Chui Sai On reúne com nova comissária do Negócios Estrangeiros Hoje Macau - 19 Set 2018 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo encontrou-se ontem na sede do Governo, com a nova Comissária dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na RAEM, Shen Beili. De acordo com o gabinete do Chefe do Executivo, a reunião serviu trocar opiniões sobre assuntos inerentes às relações externas de Macau e ao reforço da consciência patriótica dos residentes. Segundo o mesmo comunicado, Chui Sain On começou por dar boas-vindas, afirmando que tem contado com o apoio do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ao longo destes 19 anos. O mais alto dirigente político do território, mostrou-se agradecido pelo constante desenvolvimento do território nas áreas de assuntos externos e apoio nos intercâmbios com organizações e instituições internacionais. Por sua vez, Shen Beili apresentou os cumprimentos endereçados ao Chefe do Executivo pelo Conselheiro de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e sublinhou as boas e amistosas relações do diálogo entre o Comissariado e o Governo da RAEM. Shen Beili reconheceu os resultados dos esforços do Governo da RAEM na forma como reagiu em resposta ao tufão Mangkhut, nomeadamente em termos de medidas efectivas de prevenção, reacção operacional imediata e recuperação do funcionamento normal da sociedade.