Heliporto | Governo questionado sobre compensação de 535 milhões

O Executivo vai compensar a empresa Linhas Aéreas Ásia Oriental pela mudança do heliporto da Estrada do Altinho de Ká Hó para a Zona E dos Aterros. No entanto, os representantes do Governo não conseguiram explicar, aos deputados, o pagamento de 535 milhões de patacas, durante a reunião da comissão de ontem

 

[dropcap]O[/dropcap]s representantes de seis departamentos do Governo estiveram reunidos com os deputados para analisar a execução orçamental deste ano, mas não conseguiram explicar o pagamento de uma compensação de 535 milhões de patacas devido à criação de um novo heliporto na Zona E dos novos aterros. A revelação foi feita pelo presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, Mak Soi Kun, que admitiu que o Executivo não esperava questões sobre este tema.

“O Governo não esperava perguntas [sobre este assunto] com tantos pormenores e ficaram de boca aberta. Não estavam à espera que houvesse questões com tantos detalhes”, admitiu Mak Soi Kun, no final da reunião.

Ainda de acordo com o deputado, os representantes do Executivo comprometerem-se a entregar a informação sobre o assunto no futuro.

No entanto, segundo o HM noticiou em Fevereiro deste ano, a compensação está ligada ao novo heliporto que vai entrar em funcionamento após 2020, fica situado note LT7 da Zona E dos novos aterros e tem como entidade responsável a sociedade Linhas Aéreas Ásia Oriental, cujas administradoras são Pansy Ho e Ina Chan, respectivamente, filha e terceira mulher do magnata de jogo Stanley Ho.

A compensação serve para pagar à empresa os custos relacionados com o facto de ter tido de abdicar do heliporto de que dispunha no terreno Estrada do Altinho de Ká Hó, em Coloane. A troca e a compensação foi necessária para que a construção do Hospital das Ilhas pudesse avançar sem ter limites de altura relacionadas com o heliporto.

Quem pagou?

Além do desconhecimento face ao valor da compensação, na análise à execução orçamental do primeiro trimestre deste ano, os deputados ficaram com dúvidas sobre a origem de gastos no valor de 23,9 mil milhões de patacas.

De acordo com as rúbricas apresentadas, um total 23,9 mil milhões patacas foram gastos por despesas conjuntas. No entanto, os dados apresentados aos deputados não especificam os departamentos que pagaram os custos relacionados com projectos conjuntos.

Ainda sobre a execução do orçamento do primeiro trimestre, o presidente da comissão considerou que a informação apresentada é “aceitável”, mas considerou que há espaço para melhorias na comunicação interdepartamental. Neste capítulo, Mak apontou o exemplo da Escola de Bombeiros, que sofreu atrasos uma vez que os departamentos envolvidos não conseguiram chegar a acordo num tempo útil sobre a dimensão dos lavabos. Segundo o deputado, esta questão deveria ter ficado definida ainda antes de terem avançado para a orçamentação do projecto, de forma a não afectar os número da execução orçamental com tempo perdido.

Heliporto | Governo questionado sobre compensação de 535 milhões

O Executivo vai compensar a empresa Linhas Aéreas Ásia Oriental pela mudança do heliporto da Estrada do Altinho de Ká Hó para a Zona E dos Aterros. No entanto, os representantes do Governo não conseguiram explicar, aos deputados, o pagamento de 535 milhões de patacas, durante a reunião da comissão de ontem

 
[dropcap]O[/dropcap]s representantes de seis departamentos do Governo estiveram reunidos com os deputados para analisar a execução orçamental deste ano, mas não conseguiram explicar o pagamento de uma compensação de 535 milhões de patacas devido à criação de um novo heliporto na Zona E dos novos aterros. A revelação foi feita pelo presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, Mak Soi Kun, que admitiu que o Executivo não esperava questões sobre este tema.
“O Governo não esperava perguntas [sobre este assunto] com tantos pormenores e ficaram de boca aberta. Não estavam à espera que houvesse questões com tantos detalhes”, admitiu Mak Soi Kun, no final da reunião.
Ainda de acordo com o deputado, os representantes do Executivo comprometerem-se a entregar a informação sobre o assunto no futuro.
No entanto, segundo o HM noticiou em Fevereiro deste ano, a compensação está ligada ao novo heliporto que vai entrar em funcionamento após 2020, fica situado note LT7 da Zona E dos novos aterros e tem como entidade responsável a sociedade Linhas Aéreas Ásia Oriental, cujas administradoras são Pansy Ho e Ina Chan, respectivamente, filha e terceira mulher do magnata de jogo Stanley Ho.
A compensação serve para pagar à empresa os custos relacionados com o facto de ter tido de abdicar do heliporto de que dispunha no terreno Estrada do Altinho de Ká Hó, em Coloane. A troca e a compensação foi necessária para que a construção do Hospital das Ilhas pudesse avançar sem ter limites de altura relacionadas com o heliporto.

Quem pagou?

Além do desconhecimento face ao valor da compensação, na análise à execução orçamental do primeiro trimestre deste ano, os deputados ficaram com dúvidas sobre a origem de gastos no valor de 23,9 mil milhões de patacas.
De acordo com as rúbricas apresentadas, um total 23,9 mil milhões patacas foram gastos por despesas conjuntas. No entanto, os dados apresentados aos deputados não especificam os departamentos que pagaram os custos relacionados com projectos conjuntos.
Ainda sobre a execução do orçamento do primeiro trimestre, o presidente da comissão considerou que a informação apresentada é “aceitável”, mas considerou que há espaço para melhorias na comunicação interdepartamental. Neste capítulo, Mak apontou o exemplo da Escola de Bombeiros, que sofreu atrasos uma vez que os departamentos envolvidos não conseguiram chegar a acordo num tempo útil sobre a dimensão dos lavabos. Segundo o deputado, esta questão deveria ter ficado definida ainda antes de terem avançado para a orçamentação do projecto, de forma a não afectar os número da execução orçamental com tempo perdido.

Valério Romão, escritor: “Esta é a terra do porque não?”

No fim da residência literária que fez em Macau, Valério Romão segue para Lisboa com matéria-prima para escrever. Ainda não sabe bem o quê, nem em que moldes, mas daqui leva o absurdo, o paradoxo e um banho de cantonês, a poética língua que fala um pouco. Depois de escrever sobre temas como autismo e alzheimer, Valério Romão aponta a mira literária à sátira política, ao gozo do “lodaçal”

[dropcap]O[/dropcap] que o trouxe a Macau desta vez?
Venho numa residência literária, organizada pela Capítulo Oriental, e patrocinada pela Casa de Portugal em Macau e Fundação Oriente. Venho essencialmente porque da primeira vez que estive cá, em 2017, fiquei surpreendido com o meu grau de ignorância em relação à cultura chinesa e maravilhado com o tanto que havia para descobrir. E, de facto, Macau é um sítio seguro, porque tens um pé na China e outro em Portugal e podes mover-te com relativa familiaridade entre mundos e segurança e podes começar a descobrir o que é a China, sem te sentires completamente perdido.

Qual o resultado da residência? Vai publicar alguma coisa pela Capítulo Oriental?
Quero muito escrever qualquer coisa para o Hélder Beja, até porque sinto que, de alguma forma, lhe devo isso por todo o esforço que ele colocou em trazer-me cá e proporcionar esta residência. Não sei ainda se vai sair alguma coisa ou o que vai sair. Primeiro, a ideia é de digestão. Para um ocidental, há aqui muito estímulo para absorver em tão pouco tempo. Mas, de facto, a ideia é produzir qualquer coisa. Não sei bem em que moldes, se ensaio, memórias, conto, não sei se escreva qualquer coisa focada em Macau, ou com um pé em Macau, talvez um pouco mais abrangente.

Tem escrito durante o tempo que cá está?
Não. Só tomo notas.

Acha que a vida nesta cidade é conducente à escrita?
Sim. O problema de Macau é que é tão interessante que não dá vontade nenhuma de estar sentado numa escrivaninha com um computador a perder as coisas que estão a acontecer lá fora. Esse é que é o problema, porque quando queres escrever mandam-te para o Gerês, ficas lá, não há nada para fazer. Macau tem tanta vida que sentes sempre que estás a perder qualquer coisa se ficares a escrever. Portanto, o melhor é andar com um caderno, como eu ando, tirando notas. Aliás, para mim, nem são as notas que me interessam, mas o que fica na memória.

Esta estadia foi de…
Um mês e uma semana.

O que acha da vida nesta cidade. Agrada-lhe a ideia de morar em Macau?
Via-me a morar em Macau, mas Macau tem um problema. Mas antes disso, tem a vantagem de ser muito user friendly, os transportes funcionam bem, é uma cidade super segura, consegue-se viver aqui perfeitamente. O meu problema com Macau é que ao nível de diversidade de oferta cultural não é propriamente a cidade mais rica. Mas isso pode ser colmatado. Estamos a uma hora de Hong Kong, a duas horas de Taiwan, muito perto de Shenzhen, ao lado de Zhuhai. Há muita coisa para ser vista. Macau é, basicamente, um enclave a partir do qual se pode ir para muitos sítios. Mas via-me claramente a viver aqui, tirando o Verão que é insuportável.

DR

O que acha que vai levar de Macau?
Já estou naqueles últimos dias em que sinto, por um lado, a vontade de estar com o meu filho e com toda a gente em Portugal e, ao mesmo tempo, a sensação de que os dias estão a acabar e não queria que fosse assim. Sinto que devia ter feito muito mais coisas, mas acho que isso sente-se sempre que vais a algum sítio. Embora eu tenha a sensação também de que aproveitei bastante a minha estadia para ver muita coisa, mesmo que inútil. A colecção integra e tem espaço para o desperdício. Acho que o desperdício também funciona, porque para mim o ponto arquimédico desta cidade e, provavelmente, da China é o paradoxo. Sendo o desperdício integrável nesse paradoxo acho que funciona. Acho que vou daqui com o kitch e com a beleza sofisticada, com as coisas mais banais da rua e com as coisas mais estranhas. Tudo isso, numa espécie de dialéctica que não se resolve, e que é boa porque não se resolve.

O que destaca entre as coisas estranhas que compõem este puzzle paradoxal?
Acabei de vir de um ensaio de ópera chinesa numa casa de chá. Ontem fui a Zhuhai e encontrei uma cabine para dispensar vinhos. Fazes o scan de um código QR, pagas, abres a porta e levas o vinho. Havia uma daquelas máquinas de agarrar peluches, mas era com Pringles. Porque não? Alguém pensou nisso, porque não? Esta é a terra do porque não?! ‘Ah, a gente não acredita no Natal, mas podíamos fazer um presépio. Porque não?

Acha que estes detalhes o vão enriquecer?
O García Márquez dizia ‘eu não inventei nada. Tudo o que escrevo, ouvi, vivi, ou vi’. O realismo mágico é, de facto, muito mais fácil de fazer na América do Sul, ou em África, do que propriamente na Europa, onde a convenção científica estruturou o teu pensamento para não acreditar em determinadas coisas, ou achá-las, simplesmente, fantasiosas. Aqui não é bem a convenção científica ou o realismo mágico, mas é todo o sistema de absurdos que, de certa forma, funcionam. Uma pessoa leva isso e leva ferramentas, é como se tu viesses buscar matéria-prima para depois trabalhar.

Hoje, na Ilha Verde, um local de grande densidade populacional, apareceu uma vaca no meio trânsito.
Também vais ao Mercado Vermelho vês aqueles peixes todos retalhados com o coração a bater. E perguntas-te porquê? E a resposta é porque não?

Como se tem dado com o banho de cantonês?
Quando voltei para Lisboa depois de ter cá estado a primeira vez, acabei por começar a aprender cantonês. O meu cantonês é fraquíssimo, mas dá para perguntar quanto é que custa, perceber os números, responder, perguntar o que é. Mas isso também é interessante. O cantonês e o mandarim, embora sejam duas línguas diferentes, têm estruturas de formação e de sintaxe muito semelhantes e uma gramática praticamente igual. O que é engraçado nestas línguas, ao contrário das nossas, para além de serem tonais, são contextuais. Qualquer palavra metida num sítio diferente envolve e produz um significado diferente, dependendo da palavra que está atrás, ou que está à frente. A pessoa só percebe a frase no fim, como no alemão. Isto para mim é muito interessante, porque acho que é a língua mais poética que já conheci até agora. Tu não dizes ‘cuidado’, dizes ‘coração pequeno’. Isso é qualquer coisa. Porque quando tu te aproximas de um objecto que te assusta o teu coração encolhe. Podia dar mil exemplos, isto é absolutamente fascinante para uma pessoa que trabalha com palavras, que é como fazer uma tradução do pensamento. Acho que eles conseguiram fazer uma tradução mais imediata, porque não trabalham com palavras, mas sim com imagens. E o pensamento é estruturalmente feito de imagens. Apesar da linguagem estruturar o pensamento. É muito interessante seguir este percurso, este filão da língua chinesa porque isso pode modificar radicalmente a minha forma de escrever. Certamente, alguma da minha forma de pensar. Não há ‘adulto’, há uma ‘pessoa grande’, é como uma criança a falar. Quando pensas que já nos esquecemos do que é ser criança e há uma língua que te permite, de alguma forma, reaproximares-te disso, nem que seja um bocadinho, é fascinante. É uma forma de ligar as coisas de uma forma diferente.

Terminou a trilogia das Paternidades Falhadas, o que se segue?
São três livros relativamente pequenos, mas que me deram um trabalhão. Parece muito blasé de se dizer, mas esgotaram-me. Foram três livros muito intensos. São temas fortes e que me mantiveram naquela espiral de produção durante bastante tempo. Agora quero fazer uma coisa completamente diferente, muito mais cómica, diria que burlesca. Eu não sou de crítica social ortodoxa, do tipo “a direita é uma merda, porque” e “a esquerda é uma merda, porque”. Acho que a direita e a esquerda, enquanto ideias, têm coisas boas e más, uma e outra. Acho é que a esquerda e a direita portuguesa não existem, são ambas uma merda, porque não têm que ver com ideologia, a ideologia é do partido, da conveniência partidária, da compra de votos e dos lugares para os rapazes. Aquela coisa do jobs for the boys sempre existiu, no Cavaco, no Guterres, no Durão e no Sócrates nem se fala porque é um caso de polícia, claramente, seja ou não condenado. Quero escrever qualquer coisa que vá um bocado no sentido, não de desmascarar esta gente, mas de gozar com eles como eles devem ser gozados. Como devem ser pisoteados de uma forma cómica e maltratados. Fazer uma espécie de caricatura literária de toda essa gente que se arvora em político, em líder e em “ser cá da malta” ao mesmo tempo que é tão patente o narcisismo e egoísmo que essas pessoas até se coçam para dentro.

Esse tema não será ainda mais pesado. Mergulhar nesse mundo não será pior que mergulhar no mundo do autismo e alzheimer?
A política é um cancro maior. Não vejo um programa de televisão, não leio uma entrevista desta gente. Leio pouquíssimo dos jornais para não me expor à neurose deste lodaçal a que em Portugal se resolveu chamar política. Preferia tomar banho numa pocilga de estrume. Porque isto de facto é uma coisa que ao nível de um país civilizado, qualquer uma destas pessoas ao fim da terceira frase que proferissem já tinham saído do poder. O grau de tolerância em Portugal é enormíssimo. Parecemos uma vítima de violência doméstica, habituada à violência, e que ocasionalmente quando pensa em fazer qualquer coisa para acabar com ela, sente que é culpada por ela.

Uma espécie de síndrome de Estocolmo político.
É, e nós fomos reféns desta escumalha. O meu sonho é exportar o Parlamento, serem só suecos, dinamarqueses, alemães, franceses. Nem um português. Por mim, não havia um político português em Portugal. Meritocracia em Portugal? Mais facilmente encontrava um unicórnio gay.

O lugar das estacas

[dropcap]V[/dropcap]oltei ao lugar das estacas, expressão popularizada pela apresentadora Cristina Ferreira em 2016 quando declarou, emocionada: “Mesmo que eu um dia tenha de voltar à feira, ainda sei o lugar das estacas”. Considero este um dos grandes momentos da televisão portuguesa, com laivos de Scarlett O’Hara na sua saudosa Tara, declarando a Deus que jamais voltará a passar fome. Ao contrário de Cristina, que muitos consideram a figura deste ano que encerra, eu nunca vendi na feira, mas recordo-me bem de uma entrevista em que ela dizia só ter andado de avião pela primeira vez aos trinta.

Há anos que não visitava a Feira do Relógio, a qual tenho descoberto ser ainda um mistério para alguns residentes lisboetas. Também eu me tenho esquivado, por preguiça e por ter vivido três anos na rua contígua à Ladra, a voltar à mãe de todas as feiras. Tolice. Nada faz passar a melancolia dominical como uma ida ao Relógio.

Cresci em Alverca do Ribatejo, uma das muitas cidades onde há uma feira, no mínimo, todos os sábados. O ritual de sair para passear, normalmente em família, reencontrar toda a gente, ver coelhos e pintainhos à venda, voltar para casa com saias a dois euros e farturas no bucho em qualquer altura do ano, é parte da qualidade de vida que perdi quando me mudei. Que me perdoem os farmer’s markets, mas esta é uma liga superior: dos lugares mais mágicos, surreais e divertidos, em estímulo exagerado e contínuo de todos os nossos sentidos. Nada se faz pela metade a não ser, talvez, o preço. Há alguns domingos, depois de uma primeira desistência por causa da chuva na semana anterior, lá me dispus a percorrer novamente a Avenida de Santo Condestável.

Abre o olho! Vá lá, vá lá, vá lá! Muito artigo bom e barato. Dois a um euro! Três a um euro. E há a quatro euros, também! Uma mulher usa um megafone e sobe a um pequeno escadote e há quem suba à própria banca onde tem os artigos. Desde que não chovam pedras!, repete alguém. Há quem cante Ciiiiinco euros, em falsete de fazer corar o Prince. Cinco, cinco, cinco é o mantra repetido em tom gutural. “Because I love you”, canta um homem que por mim passa, reclamando entredentes que o saco vai muito pesado para o seu gosto. É tão fácil existir aqui. Por todo o lado, sacos de plástico com desenhos de Pai Natal envolvem cuecas e tomadas eléctricas. Uma banca está protegida por uma toalha que reconheço: um padrão de ursinhos, que me remete de imediato para um primeiro date, há quase um ano. Já acreditávamos, mas isto confirma o seu lugar como a melhor toalha do mundo. Reparo ainda num belo avental, ostentado por uma feirante, com a inscrição “Deus te abençoe e te guie” pintada.

Andem mal vestidas, andem. Não gastem o dinheiro, não. Ó jeitosas! Ó jovem! Ó menina, pode mexer à vontade. Um euro cada, se comprar cinco leva seis. Leva um oferecido. Já não é quinze, é a dez! A dez a dez a dez, é para a criança andar bem vestida na rua, na escola, para ir à missa! Cheguem-se para cá! É três por dez! Artigos de loja, artigos de marca! Para homem, para mulher: coisa linda! Leve tudo, leve tudo! É coisa boa, não é Primark, não é lixo. É da Loja das Meias! Pode abrir e ver. Aproveitem, Carolina, Francisca! Venham ver! Vá lá, princesa! Três collants! Olha a mala! Pode levar maiores e mais pequeninas, está bem, querida?

Olhem que eu tenho luxo! Ó Teresa, esta menina diz para eu não a provocar. Vocês hoje estão uns chatos do caraças! É de roer! Andem bonitas, mulheres!

Parar não é permitido. A feira pulsa, ribomba em sons e línguas diversos, e quem está nela deve acompanhar os seus movimentos. Cães a passeio e carrinhos de bebé são levados com cautela pelo mar de gente em constante desvio, uns dos outros e das estacas de metal que seguram as tendas com fios grossos e coloridos. Por aqui, há quem ande de patins em linha, quem branda pijamas-escalpe do Pikachu, quem fale com abacates, quem declare que é o próprio homem, o próprio ser humano quem está a dar cabo disto tudo.

Delicio-me com um pastel de vento, clássico brasileiro de massa tenra com recheio de carne e queijo, que mal cabe no prato. Bifanas, garrafões de vinho, ervas aromáticas frescas e secas. Águas de colónia, bolas de futebol, a genialidade da expressão “jogo de cama”. Buzinas, serras, flores falsas e verdadeiras. Encanto-me com giló, malagueta em forma de rosa, pitaya de polpa roxa. Há pássaros, plantas, ovos em caixas intermináveis e bem organizadas. Com sorte até cassetes e disquetes. Soldados de brincar, porquinhos-mealheiro, mantas multiusos, um pinguim verde de louça que me acena, facas, bálsamo chinês, cola e escovas de dentes convivem num caos irónico que me tranquiliza. Posso comprar um sofá, um pente fluorescente, uma toalha de praia com golfinhos, um relógio do SLB, um baralho de UNO, pensos rápidos, brincos, uma Nossa Senhora que brilha no escuro ou pães chamados bebés. Não há limites. São ou não são os melhores, estes domingos de manhã na cápsula do tempo, no museu vivo de todas as coisas tuga?

Ladrar à maresia

Cabo Ruivo, Lisboa, 25 Novembro

[dropcap]C[/dropcap]hovia, de maneira que derrapagens eram permitidas. Antes, e na companhia do Afonso de Melo e do tu-Barão da Brandoa, experimentámos no Calcutá, entre outros condimentos, alguns acabados de chegar do Índico, sublimes fígados de frango, e, arrisco dizê-lo, o melhor kebab de borrego que me foi dado provar. Regado, já agora, na justa medida por um Vinhas Velhas assinado Paulo Laureano.

Aquele recanto do meu coração será sempre ruivo, por milhentas razões, e lá nos postámos no estúdio treze da Antena três, aguardando hora. Estávamos abrigados em território Indiegente, sob comando do Nuno Calado, que disparava em boas direcções. Às segundas também se arranja alvo, nas barbas de Anjos-o-José, para a palavra por cantar, a sobrar ao canto do lábio. Vai de dizer inéditos dos buques que se avizinham cá em casa, o da Inês [Fonseca Santos], de par com o do Henrique [dodecassílabo Fialho], mai-lo Paulo [José Miranda] e o Miguel [Martins], que puxei para o meu regaço para o dirigir à noite escura a ver se acertava em alguém. Disse no mais alto sussurro que alcancei: «A vida é impossível, não importa/ o Vicks VapoRub, o que nos fazem/ ou o que nós fazemos, se ou quando./ Desde que o primeiro homem se lembrou/ de que não era cão, ficámos condenados/ a saltérios e musas e juros com fermento,/ à sina de gravatas e aprestos./ Que mal tinha ser cão, além do bem/ de comer carne crua e cheirar cus/ e vaguear pelas estações do mundo?/ Mas não: havia que salgar a focinheira/ do porco, pôr rosmaninho nas virilhas/ e inventar a cadeira rotativa,/ moribundelirar amores obtusos/ e de tudo intentar a mais-valia,/ composta e previdente e pequenina./ Ora, acontece que, seja dia ou noite,/ só me apetece ladrar à maresia.»

Horta Seca, Lisboa, 26 Novembro

Devia a prosa, segundo ditames do bem cronicar, coser-se pelos fios do óbvio dos dias que tombam mal o sol ascende. Ou seja, nenhuma razão para falar agora de sardinhas. Excepto para mim, que não as gramo da maneira pópulare a debitar a gordurinha na brasa faiscante, agudizando os graus das festas ou de um inferno qualquer, apesar de regado a carrascão ou cerveja, valha-nos Santa Greta! Mão amiga oferece-me o deleite de 500 + 500 sardinhas/sardines (ed. EGEAC|Imprensa Nacional). Por várias vezes estive para tomar o pulso aos volumes evocativos das décadas que se dobraram sobre o fenómeno. Logo na primeira, o mastermind [Jorge] Silva previa-o: «o Galo de Barcelos que se cuide, que a sardinha ganha-lhe aos pontos.» E comeu-o mesmo, e assim para a alface ou o corvo, o Pessoa-poeta o ou António-santo. Assoprem as brasas académicas, que alguma explicação se devia colocar no assador para este assombro: bicho de somenos, alimento do pobre, a ganhar corpo enfezado de gourmet, mas gordalhão do marquetingue, forma maior para cidade, que digo?, país. Não salgo a redacção com números, mas crede, irmãos, que sobem ao absurdo. O que me diverte e celebro está na forma longilínea que acolhe a cidade, não apenas Lisboa, mas a ideia cosmopolita de centro, virtual e intangível, o ícone que nos faz ser mais nós aqui e agora, brincando. Brilha intensidade de sinal que parece farol, maneira de vir à tona, o arrepio de que fala o saudoso [José] Sarmento [de Matos]. «Este ritual cria à superfície das águas uma vibração detectável a olho nu, espesso em ebulição, saudando em comunhão colectiva o bafo quente e luminoso que lhe regula o ritmo de vida.» Promete ser ritual, esta ida à lota destes livrinhos para cheirar a experimentação vivíssima, ó freguês!, de um cabide linha aos braços dados de cores distintas celebrando a junteza das festas. Simples e detalhado, poético e narrativo, delirante e obscuro, nada escapa a este mínimo corpo: notas de vinte e o zorro, episódio de História e a pen, vegetais e sorvetes, o reino animal e ídolos rock, fado e a Luza, azulejos e os muitos mundos do mundo. Cheirei o nascimento da primeira, espalmada no escanner, amarela depois e um detalhe verde, indivíduo perdido em cartaz (algures na página). Assisti depois à explosão do cardume. Continuo por perceber, maravilhado, o milagre da multiplicação das espécies em uma só.

Fundação Saramago, Lisboa, 27 Novembro

Queria que mais gente tivesse ouvido o Pedro Mexia dissertar sobre a trilogia dita da criação, do Paulo [José Miranda], na atinente apresentação. O essencial de cada volume e figura foi apresentado com reflectida lucidez, com atenção ao detalhe, mas mormente colhendo ideias, gesto apropriado a romances que são árvores. Ficou-me a ética da alegria e a estética da tristeza aplicada que nem autocolante, dos transparentes. Nos pontos cruzados que andamos fazendo em tricot simbólico era ali, nos Bicos e perto da oliveira, que fazia sentido celebrar os vinte anos do primeiro Prémio José Saramago, mas as mastigadas agendas regurgitaram aquele dia e hora, com interesse mínimo de quem de direitos e consequências modestas. Ainda assim não por perdido o tempo.

Fundação Saramago, Lisboa, 29 Novembro

Escorre do monte próximo das leituras, após noite basta afectiva, o voluminho «Uma só volta do sol», da Mónia Camacho (ed. Nova Mymosa). O conto distópico parece conter ingredientes suficientes para insuflar fôlego romanesco, mas não deixa de nos levar, de mão dada, por entre cacos de vidro e personagens, a um «momento anti-mundo sem notas de rodapé.» Esta melancolia, que resulta de uma universal e doentia ausência de sentimentos, possui as matizes, lá está, de pedaço de cristal. Não nos apazigua, não nos desespera, tomba apenas sobre a leitura como tecido, aqui denso, além vaporoso. Que me sobra? «Uma saudade elementar dos dias em que nada acontecia. Em que ficávamos a desperdiçá-los. A usá-los em nada.

Porque podíamos. Juventude, essa ilusão de que há tempo. Agora, a minha vida é apenas uma cicatriz ao espelho. O medo de já não sentir vem fazendo sombra no meu olhar. Parte de mim nega essa possibilidade. Afasta-a para um canto morto.

Há um lado fêmea nas dores que sentimos. É daí que vem a resiliência.»

Santa Bárbara, Lisboa, 30 Novembro

Trouxe espólio da surtida a Pisa. «Walt, o il freddo e il caldo», de [Fernando] Assis Pacheco (ed. Urogallo), por exemplo e o mais. Tomem nota que o romanzetto – gémeo divertido de noveleta – foi acontecendo, pela mão da Valeria [Tocco], em laboratório de tradução. Que melhor exemplo de escola de traditori?

Aceito a mercê de Santa Coincidência, de quem sou devoto menor, e corro a reler essa notável peça de teatro do absurdo que leva nome do narraferes, «Walt», misto de pistola e autor de imaginários animados. Não era essa intenção, mas de vez em quanto fui espreitar o modo de desfazer nós que me pareciam cegos. E alegrei-me. Chafurdei, isso sim, em bela coboiada, de toada mais melancólica que as de quiosque, embora.

Havia enfrentado o bicho por primeira vez na adolescência, momento dado a moralidades de treta, de sabor a sardinha. Terá nascido aqui o pós-modernismo de ponta e mola, com o narrador metido no fio da meada, a intrigar-se, a despir-se, a lixar-se? A nossa guerra está pra ali sem estar, o exército inteiro apresentando-se no cais, entalado entre o bater de palas e botas, para comer e beber e foder e o mais, marinheiros de não saber nadar que nunca partiram bem e em mil pedaços retornarão. Raio de prosa faiscante e malabarista que cruza tempos e lugares, concretos e imaginários, erudições escritas e falas vivas! E nisto constrói um chão que se pode tocar, mas a grande altura. O narrador-alferes armado em polícia sinaleiro de todos os múltiplos sentidos, mesmo o da crítica, que se apresentava vindo debaixo. Cada homem atirado em direcção ao Apocalyse, navio merdoso atracado na gare bêbedomarítima, foi mundo implodido. Percebem, ó caras pálidas?!

De que vale o tempo

[dropcap]D[/dropcap]e que vale o tempo, de que nos valerá essa entidade criadora e criatura inventada por nós, mesmo que a tentativa de a domesticar tenha falhado? “Time must have a stop”, diz um personagem de Shakespeare no seu desespero lúcido. Mas não há paragens, só passos irreversíveis. E por vezes, quando temos sorte, há tempos que se cruzam e que fazem com que compreendamos o que antes não seria possível porque pura e simplesmente ainda não tínhamos tempo suficiente dentro de nós.

Para bem do leitor tentarei explicar o parágrafo anterior, entre o místico e o críptico, com o que sempre norteia estas crónicas: o quotidiano, princípio e fim de tudo. Melhor ainda, recorrendo à música popular, arte próxima, palpável e que medra dentro dos dias. Pela audição de dois discos três tempos encontraram-se: o meu e o dos dois autores e compositores. O primeiro disco chama-se Thank You For The Dance, legado póstumo mas desejado de Leonard Cohen. Prossegue o caminho de You Wanted It Darker, o derradeiro disco que o canadiano editou em vida (viria a morrer dezanove dias depois do disco ver a luz). É mais um acerto de contas com a vida e sobretudo com a morte mas ainda mais frágil. As canções de Thank You For The Dance foram compostas por vários músicos a partir das gravações da voz de Cohen, já muito debilitado e em reclusão domiciliária. São pequenas pérolas negras, algumas de alegria, outras de raiva, outras ainda de resignação irónica de alguém que vê o seu tempo terminar e está preparado para isso. No extraordinário um minuto e doze segundos que demora a canção The Goal, ele resume o seu estado e o que fica: “No one to follow /And nothing to teach/ Except that the goal /Falls short of the reach”. A visão do finito – que de resto sempre passeou pela obra de Cohen – ganha aqui o último acabamento de uma catedral de beleza.

Mas para o tempo de Cohen já estava preparado. O espanto veio com a descoberta de Bookends, disco de Paul Simon e Art Garfunkel, editado em 1968. Sendo o que vos escreve admirador de Paul Simon, nunca tinha ouvido este disco como deve ser. Por misteriosas razões ( provavelmente porque agora era o tempo certo, quando o posso compreender na plenitude, “no meio do caminho da nossa vida”, para citar o padroeiro desta coluna) peguei nele. E perdoai a recensão tardia mas tenho que a fazer: é um disco extraordinário, conceptual. Os temas são a velhice, a mortalidade, o tempo. Mais extraordinário ainda quando se sabe que foi escrito por um jovem de vinte e tal anos – num tempo de inícios. O tempo está por toda a parte: Overs, por exemplo, é uma canção de separação que me fez lembrar do célebre sermão de António Vieira sobre o tempo e o amor: “O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.” A colagem de vozes de velhos (Voices Of Old People, feita por Art Garfunkel) é ainda mais explícita sobre o que se pode ver no final desta nossa corrida. Old Friends e Bookends são elegias melancólicas ao que passou e ao que está inexoravelmente por passar.

A parte conceptual do disco dura apenas um lado. Depois seguem-se canções de temas mais ou menos sortidos. Ou não: Hazy Shade Of Winter, que conta com um dos melhores riffs que conheço, abre com as palavras “Time time time, see what’s become of me/ While I looked around for my possibilities” – e não é reconfortante que pelo meio o narrador afirme “Hang on to your hopes, my friend/ That’s an easy thing to say/But if your hopes should pass away/Simply pretend/ that you can build them again”.

Não é por acaso que o nosso olhar não está preparado para assimilar o muito que nos é dado quando nos é dado pela primeira vez. É preciso que a vida nos atravesse e atravesse as coisas. Que haja tempo, e que esse tempo que não irá parar possa por momentos demorar-se em nós. Do tempo vem o espanto, o entendimento e a desilusão. Todos são preciosos. Até porque como escreveu um ainda mais jovem Paul Simon (a lembrar Beckett) “Hello, hello, hello, hello/ Goodbye, goodbye, goodbye, goodbye/That’s all there is /And the leaves that are green turn to brown.”

Justiça | Ex-concessionários perdem terrenos para Governo 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) considerou improcedentes cinco recursos apresentados por ex-concessionários de terrenos que passaram para a hasta pública, pelo facto de não terem sido aproveitados no prazo de 25 anos. De acordo com uma nota oficial ontem divulgada, as decisões do TSI foram proferidas a 31 de Outubro e nos dias 7 e 14 de Novembro deste ano. Em quatro casos, os recursos dizem respeito à declaração de caducidade da concessão por parte do Chefe do Executivo, Chui Sai On, enquanto que um dos casos diz respeito a um despacho assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, onde se decreta a desocupação do terreno.

O primeiro caso diz respeito a um terreno situado na Taipa, no cruzamento da Estrada do Pac On com a Rua da Felicidade, concessionado à Fábrica de Isqueiros Chong Loi (Macau), Limitada. O segundo caso diz respeito a um outro terreno, também localizado na Taipa, no aterro do Pac On, concessionado à Metalminer (Pacific) – Indústria de Materiais de Precisão S.A.

Também na Taipa, na Rua de Viseu, encontra-se o terreno relativo ao terceiro caso, concessionado a Pedro Yep Wai Chau. Já o quarto caso diz respeito a um terreno localizado em Coloane, na Zona Industrial de Seac Pai Van, concessionado a Lau Lu Yuen.

O quinto processo diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, sendo a concessionária a Companhia de Géneros Alimentícios Congelados Macau, Limitada. A 21 de Março de 2016 o Chefe do Executivo proferiu despacho, no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno pelo seu não aproveitamento até ao termo do prazo do arrendamento.

Justiça | Ex-concessionários perdem terrenos para Governo 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) considerou improcedentes cinco recursos apresentados por ex-concessionários de terrenos que passaram para a hasta pública, pelo facto de não terem sido aproveitados no prazo de 25 anos. De acordo com uma nota oficial ontem divulgada, as decisões do TSI foram proferidas a 31 de Outubro e nos dias 7 e 14 de Novembro deste ano. Em quatro casos, os recursos dizem respeito à declaração de caducidade da concessão por parte do Chefe do Executivo, Chui Sai On, enquanto que um dos casos diz respeito a um despacho assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, onde se decreta a desocupação do terreno.
O primeiro caso diz respeito a um terreno situado na Taipa, no cruzamento da Estrada do Pac On com a Rua da Felicidade, concessionado à Fábrica de Isqueiros Chong Loi (Macau), Limitada. O segundo caso diz respeito a um outro terreno, também localizado na Taipa, no aterro do Pac On, concessionado à Metalminer (Pacific) – Indústria de Materiais de Precisão S.A.
Também na Taipa, na Rua de Viseu, encontra-se o terreno relativo ao terceiro caso, concessionado a Pedro Yep Wai Chau. Já o quarto caso diz respeito a um terreno localizado em Coloane, na Zona Industrial de Seac Pai Van, concessionado a Lau Lu Yuen.
O quinto processo diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, sendo a concessionária a Companhia de Géneros Alimentícios Congelados Macau, Limitada. A 21 de Março de 2016 o Chefe do Executivo proferiu despacho, no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno pelo seu não aproveitamento até ao termo do prazo do arrendamento.

Cooperação | Caritas reactiva colaboração com Macau e projectos em África e Portugal

[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa reactivou a colaboração com a congénere de Macau, com a qual vai desenvolver projectos conjuntos em São Tomé e Príncipe e na Guiné-Bissau, disse à Lusa o presidente da instituição em Portugal, Eugénio Fonseca.

Nos últimos 20 anos, a cooperação esteve praticamente interrompida, mas desde Maio que voltou a ser estabelecida uma colaboração mais estreita, com a celebração de um acordo que está agora a “dar os primeiros frutos”, afirmou o responsável. A iniciativa surgiu na sequência de um encontro mundial de Caritas em Roma, onde os responsáveis aproveitaram para restabelecer a relação bilateral.

“Vamos contar com o apoio da Caritas de Macau para projectos internos, nomeadamente no apoio a desempregados”, indicou Eugénio Fonseca, referindo-se a iniciativas previstas para Portugal.

A Caritas de Macau está também disposta a financiar projectos para ensino do mandarim, seja para chegar a novos alunos ou para ajudar os que têm dificuldades, acrescentou.

Eugénio Fonseca sublinhou que em Macau não há, neste momento, necessidade de intervenção por parte da Caritas Portuguesa. A Caritas de Macau tem mais fundos, de acordo com o dirigente, e está disponível para ajudar igualmente as congéneres de São Tomé e da Guiné, que “são paupérrimas”.

O objectivo é ajudar na capacitação das estruturas para candidatarem projectos e obterem fundos.
Eugénio Fonseca atribuiu à distância geográfica e à escassez de meios da Caritas de Portugal a interrupção da cooperação com Macau nos últimos 20 anos. Porém, no início de Janeiro fará uma deslocação ao território chinês, de onde tenciona trazer desenhados “projectos mais concretos”.

Cooperação | Caritas reactiva colaboração com Macau e projectos em África e Portugal

[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa reactivou a colaboração com a congénere de Macau, com a qual vai desenvolver projectos conjuntos em São Tomé e Príncipe e na Guiné-Bissau, disse à Lusa o presidente da instituição em Portugal, Eugénio Fonseca.
Nos últimos 20 anos, a cooperação esteve praticamente interrompida, mas desde Maio que voltou a ser estabelecida uma colaboração mais estreita, com a celebração de um acordo que está agora a “dar os primeiros frutos”, afirmou o responsável. A iniciativa surgiu na sequência de um encontro mundial de Caritas em Roma, onde os responsáveis aproveitaram para restabelecer a relação bilateral.
“Vamos contar com o apoio da Caritas de Macau para projectos internos, nomeadamente no apoio a desempregados”, indicou Eugénio Fonseca, referindo-se a iniciativas previstas para Portugal.
A Caritas de Macau está também disposta a financiar projectos para ensino do mandarim, seja para chegar a novos alunos ou para ajudar os que têm dificuldades, acrescentou.
Eugénio Fonseca sublinhou que em Macau não há, neste momento, necessidade de intervenção por parte da Caritas Portuguesa. A Caritas de Macau tem mais fundos, de acordo com o dirigente, e está disponível para ajudar igualmente as congéneres de São Tomé e da Guiné, que “são paupérrimas”.
O objectivo é ajudar na capacitação das estruturas para candidatarem projectos e obterem fundos.
Eugénio Fonseca atribuiu à distância geográfica e à escassez de meios da Caritas de Portugal a interrupção da cooperação com Macau nos últimos 20 anos. Porém, no início de Janeiro fará uma deslocação ao território chinês, de onde tenciona trazer desenhados “projectos mais concretos”.

Lei sindical | Projecto de lei retirado a pedido da FAOM

[dropcap]O[/dropcap]s deputados à Assembleia Legislativa (AL) Lam Lon Wai e Lei Chan U, ligados à Federação das Associações dos Operários e Macau (FAOM), decidiram congelar o projecto de lei sindical que já tinha dado entrada no hemiciclo e que aguardava agendamento para votação na generalidade. De acordo com a TDM Rádio Macau, Lam Lon Wai explicou que o pedido de suspensão foi feito para terem mais tempo para preparar a discussão relativa ao diploma, além de que preferem esperar pelo estudo elaborado pela associação presidida por Kevin Ho, relativo à necessidade de uma lei sindical.

Esse estudo foi entregue em Outubro ao Conselho Permanente de Concertação Social e, para Lam Lon Wai, o resultado dessa análise poderá levar a uma aprovação do referido projecto de lei. Também à TDM Rádio Macau, a presidência da AL, liderada por Kou Hoi In, disse concordar com a suspensão temporária do projecto de lei e o agendamento assim que os autores do diploma estiverem preparados.

Esta segunda-feira, o deputado José Pereira Coutinho enviou uma carta a Kou Hoi In onde exigia o agendamento de um plenário para debate e votação do projecto de lei na generalidade até ao final deste ano, questionando os motivos do atraso.

Lei sindical | Projecto de lei retirado a pedido da FAOM

[dropcap]O[/dropcap]s deputados à Assembleia Legislativa (AL) Lam Lon Wai e Lei Chan U, ligados à Federação das Associações dos Operários e Macau (FAOM), decidiram congelar o projecto de lei sindical que já tinha dado entrada no hemiciclo e que aguardava agendamento para votação na generalidade. De acordo com a TDM Rádio Macau, Lam Lon Wai explicou que o pedido de suspensão foi feito para terem mais tempo para preparar a discussão relativa ao diploma, além de que preferem esperar pelo estudo elaborado pela associação presidida por Kevin Ho, relativo à necessidade de uma lei sindical.
Esse estudo foi entregue em Outubro ao Conselho Permanente de Concertação Social e, para Lam Lon Wai, o resultado dessa análise poderá levar a uma aprovação do referido projecto de lei. Também à TDM Rádio Macau, a presidência da AL, liderada por Kou Hoi In, disse concordar com a suspensão temporária do projecto de lei e o agendamento assim que os autores do diploma estiverem preparados.
Esta segunda-feira, o deputado José Pereira Coutinho enviou uma carta a Kou Hoi In onde exigia o agendamento de um plenário para debate e votação do projecto de lei na generalidade até ao final deste ano, questionando os motivos do atraso.

Guarda Costeira | Demonstração de força antes da visita de Xi Jinping

[dropcap]A[/dropcap] Guarda Costeira chinesa publicou um vídeo na plataforma Weibo onde faz uma demostração de força e capacidade de resposta em acções entre Hong Kong e a zona costeira de Guangdong, assim como ao longo da Ponte HKZM. O vídeo procura demonstrar a prontidão das autoridades para intervir, antes da vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações do 20º aniversário da transferência da Administração de Macau para a China.

Nas imagens pode ver-se as autoridades a desmantelar operações de traficantes, sem que se perceba exactamente o local ou a origem dos envolvidos e uma frota entre cinco e sete embarcações de patrulha em redor da Ponte HKZM, assim como em terra num posto fronteiriço. O vídeo da Guarda Costeira foi publicado depois de no fim-de-semana ter sido divulgado um vídeo de um exercício de larga escala anti-terrorismo, com mais de 1000 polícias. O exercício decorreu no limite da cidade vizinha, junto à Ponte HKZM.

Guarda Costeira | Demonstração de força antes da visita de Xi Jinping

[dropcap]A[/dropcap] Guarda Costeira chinesa publicou um vídeo na plataforma Weibo onde faz uma demostração de força e capacidade de resposta em acções entre Hong Kong e a zona costeira de Guangdong, assim como ao longo da Ponte HKZM. O vídeo procura demonstrar a prontidão das autoridades para intervir, antes da vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para as celebrações do 20º aniversário da transferência da Administração de Macau para a China.
Nas imagens pode ver-se as autoridades a desmantelar operações de traficantes, sem que se perceba exactamente o local ou a origem dos envolvidos e uma frota entre cinco e sete embarcações de patrulha em redor da Ponte HKZM, assim como em terra num posto fronteiriço. O vídeo da Guarda Costeira foi publicado depois de no fim-de-semana ter sido divulgado um vídeo de um exercício de larga escala anti-terrorismo, com mais de 1000 polícias. O exercício decorreu no limite da cidade vizinha, junto à Ponte HKZM.

20 anos | Zhang Xiaoming diz que Macau respeita soberania de Pequim

[dropcap]O[/dropcap] Director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho do Estado, Zhang Xiaoming, referiu ontem que no caminho para a concretização do princípio “Um País, Dois Sistemas”, Macau poderá enfrentar novos problemas, mas com as experiências acumuladas nestes 20 anos, o Governo da RAEM e os sectores da sociedade podem ter mais confiança ao lidar com esses próximos desafios. Zhang teceu rasgados elogios à forma como a Macau defende a segurança nacional e articula a Lei Básica com s Constituição chinesa. O discurso foi proferido no «Seminário comemorativo do vigésimo aniversário da implementação da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China», em Pequim.

Li Zhanshu, presidente do Comité Permanente do Assembleia Popular Nacional, disse na mesma ocasião que está fora de questão que numa região administrativa especial possa existir “responsabilidade constitucional” e “Estado de Direito” fora da Constituição.

O mesmo dirigente disse ainda que a RAEM no exercício de alto grau de autonomia, deve persistir da autoridade do Governo Central e da liderança centralizada e unificada, não podendo prejudicar a soberania, a segurança, os interesses de desenvolvimento do País, e a soberania integral.

20 anos | Zhang Xiaoming diz que Macau respeita soberania de Pequim

[dropcap]O[/dropcap] Director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho do Estado, Zhang Xiaoming, referiu ontem que no caminho para a concretização do princípio “Um País, Dois Sistemas”, Macau poderá enfrentar novos problemas, mas com as experiências acumuladas nestes 20 anos, o Governo da RAEM e os sectores da sociedade podem ter mais confiança ao lidar com esses próximos desafios. Zhang teceu rasgados elogios à forma como a Macau defende a segurança nacional e articula a Lei Básica com s Constituição chinesa. O discurso foi proferido no «Seminário comemorativo do vigésimo aniversário da implementação da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China», em Pequim.
Li Zhanshu, presidente do Comité Permanente do Assembleia Popular Nacional, disse na mesma ocasião que está fora de questão que numa região administrativa especial possa existir “responsabilidade constitucional” e “Estado de Direito” fora da Constituição.
O mesmo dirigente disse ainda que a RAEM no exercício de alto grau de autonomia, deve persistir da autoridade do Governo Central e da liderança centralizada e unificada, não podendo prejudicar a soberania, a segurança, os interesses de desenvolvimento do País, e a soberania integral.

Pois nada

[dropcap]“Ã[/dropcap]o, Ão!”, faz o cão um pouco por toda a parte: trela solta, barriga cheia e meios de condução. Não sabe se tem patrão, porque hoje ninguém sabe a quantas manda, se manda e porque o faz.

Finalmente, o castelo vazio. Máquina quase perfeita. Praga. A primavera da tua cara na minha mão. Os tanques outra vez. Braga e variações de cordame lesto, a soltar uma estrela. E por todo o lado o cão. A fazer “ão, ão!”, ressabiado. Um súbito tornado, a cabeleira loira, o silicone. Um trombone recita o hino, mas fino. O cão faz “ão, ão”. Chama terno pelo patrão. Ele hoje não vem. Está em reunião, está sempre em reunião.

A máquina e a bonança: a marionete não se importa, ela dança e redança pelas ruas. Pas de deux. Beaucoup de quatre. “Ão, ão”, agita o cão. Propriamente. Basta um madeiro, dizia eu, para navegar até ao fim do mundo – se a gente quiser – que é ali atrás daquela esquina, sobretudo depois da cheia neste porto interior. Mas não chegava, porra!… Não alcançava, belzebu!… Só partia, só partia… só velava, na surdez frígida da capela, e no altar, de meu barco, ardia a vela. Ardia também a urze, lentamente, na peneira. Haurido o fumo ficar. Perdido o rumo nadar. “Ão, ão”, vasculha o cão. “Olha, não achei nada”, rosna baixo o desgraçado. Pois nada, meu filho, nada…

Ausências

[dropcap]N[/dropcap]em todos precisam de sexo. Há quem seja sexual e há quem seja assexual. Cada um vive a sua sexualidade ausente ou presente. Num futuro utópico isto não precisará de ser explicado, mas no presente distópico em que vivemos ainda é preciso relembrarmo-nos que a auto-determinação sexual é o privilégio de quem pode pensar sobre o sexo e agir sobre ele.

Para os que estão habituados (e sedentos) da presença do sexo, a sua ausência pode ser problemática. A ausência da troca de corpos e vivências pode ser dolorosa, não porque enlouqueça ou torne testículos azuis, mas porque nos é entendida como essencialmente humana. A dor de não ter com quem partilhar um orgasmo é o reflexo de um entendimento sexual animal, na nossa sofisticação racional. Mas a recusa de adoptar visões simplistas do mundo, ou visões congruentes do mundo, é grande. O nosso ambiente sexual não é, nem nunca será assim. O sexo vive da polémica, do conflito e da tensão. A ausência e presença do (e no) sexo é só uma forma complicada de olhar para a coisa. O sexo, os genitais, os fluídos que se trocam, os gemidos e os prazeres da fisionomia e dos desejos. Como é que se vive sem sexo? Para os que já resolveram esta ausência e para os que acreditam que o sexo é um simples impulso. A conexão connosco próprios e com quem partilhamos os medos e as alegrias de existir, faz parte desta compreensão. E ela revela-se na relação longa e trabalhada, ou no miscrocosmos de partilha fugaz. Uma noite, uns dias ou uma vida. A ausência desses momentos traz-nos para o sofrimento e para além dele. Transporta-nos para descobertas inexistentes, incompreensíveis a olho nu.

Pior do que a total ausência de sexo é quando o sexo é vazio, sem sentido, direcção ou consciência. Às vezes acontece, mas quando se torna rotina, a sua total ausência começa a fazer mais sentido. O que nos impede de seguirmos sugestões pré-definidas do que é certo ou errado é a curiosidade que temos do mundo. É com sentido crítico ou apropriação do que achamos melhor para nós, para os nossos corpos indefinidos, estranhos e tantas vezes monstruosos que percebemos as múltiplas possibilidades de ser, fora da moralidade barata que nos incumbem. A ausência oferece um espaço para esse encontro que não é mediado pelo desejo com o outro, pelo seu conforto. O desconforto que a ausência nos causa torna-nos alienígenas ao que é suposto. A ausência pode ser assustadora quando tudo o que esperámos era a ligação sexual divina, simples e incontestável.

Muitas vezes carregamos esses desejos e raivas às normas – ao que é expectável – interligadas na nossa própria confusão. A confusão que reflecte a consciência da complexidade. Navegamos na flexibilidade e na inflexibilidade com o carinho de quem tem paciência de errar, as vezes que precisarmos. Vamos aprendendo com a vida que não é linear, mas uma montanha russa de uma feira popular, que deixou de existir e que passou a ser nostálgica. Vamos aprendendo nesta complexidade, como nos permitimos. Iludimo-nos se pensarmos que podemos abraçar a diferença e a dificuldade assim, facilmente. Mas o sexo ensina-nos como fazê-lo, se estivermos disponíveis. Nesta incerteza das emoções e dos desejos que nunca mais acabam.

Somos um poço sem fim de quereres incompreensíveis. Com ou sem sexo.

O sexo e o prazer são direitos que não estão escarrapachados na carta dos direitos humanos. Talvez precisassem de estar: o prazer que carrega estas tensões, dilemas e dificuldades. O sexo é um factor complicador à vida. Estas formas de ser ausentes e presentes de outros, de nós próprios, e de prazeres que pensámos não merecer sentir, são as cartas do nosso baralho. Já temos tanta coisa, e já nos falta tanta coisa também. Falta-nos tesão de bondade.

Ambiente | Greta Thunberg grata por recepção em Lisboa 

[dropcap]A[/dropcap] activista sueca Greta Thunberg manifestou ontem gratidão pela forma como foi recebida em Lisboa, após 21 dias a viajar no mar, e apelou a todos para manterem pressão sobre os políticos com vista ao combate à crise climática.

“Sinto-me tão grata por ter feito esta viagem, por ter tido esta experiência, e tão honrada por ter chegado aqui a Lisboa”, afirmou a adolescente sueca, que desembarcou ao fim da manhã na capital portuguesa, antes de viajar nos próximos dias para Madrid, onde decorre a cimeira das Nações Unidas sobre o clima (COP25).

Em conferência de imprensa, deixou a garantia de que não vai parar a luta para que os protestos dos jovens sejam ouvidos:

“Não iremos parar, iremos continuar e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance: a viajar, a pressionar as pessoas que têm o poder para que coloquem as prioridades no devido lugar”, afirmou a activista de 16 anos, deixando um apelo às dezenas de activistas que a receberam: “Continuem a ajudar-nos para tornar tudo isto possível”.

Instada a comentar a forma como alguns adultos a vêem como uma criança zangada, respondeu que “as pessoas subestimam a força das crianças zangadas”, acrescentando: “Estamos zangados, frustrados, por uma boa razão. Se querem que deixemos de estar zangados, parem de nos tornar zangados.

Depois de participar numa cimeira em Nova Iorque, a jovem activista deveria ter viajado para o Chile, para a COP25, mas à última hora o Governo chileno renunciou à organização do encontro devido à instabilidade social no país, tendo Madrid assumido a sua organização.

Por esse motivo a jovem sueca embarcou em 13 de Novembro, de regresso à Europa, no catamarã “La Vagabonde”, como forma de evitar os aviões e a sua forte carga poluente.

No entanto, ontem na conferência de imprensa, admitiu que é impossível que o seu exemplo seja seguido por todos. “Não estou a viajar assim para que todos o façam. Estou a viajar assim como símbolo”, declarou.

Antes da conferência de imprensa, Greta Thunberg foi recebida pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e pelo presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, José Maria Cardoso, além de activistas portuguesas da greve climática estudantil.

Ambiente | Greta Thunberg grata por recepção em Lisboa 

[dropcap]A[/dropcap] activista sueca Greta Thunberg manifestou ontem gratidão pela forma como foi recebida em Lisboa, após 21 dias a viajar no mar, e apelou a todos para manterem pressão sobre os políticos com vista ao combate à crise climática.
“Sinto-me tão grata por ter feito esta viagem, por ter tido esta experiência, e tão honrada por ter chegado aqui a Lisboa”, afirmou a adolescente sueca, que desembarcou ao fim da manhã na capital portuguesa, antes de viajar nos próximos dias para Madrid, onde decorre a cimeira das Nações Unidas sobre o clima (COP25).
Em conferência de imprensa, deixou a garantia de que não vai parar a luta para que os protestos dos jovens sejam ouvidos:
“Não iremos parar, iremos continuar e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance: a viajar, a pressionar as pessoas que têm o poder para que coloquem as prioridades no devido lugar”, afirmou a activista de 16 anos, deixando um apelo às dezenas de activistas que a receberam: “Continuem a ajudar-nos para tornar tudo isto possível”.
Instada a comentar a forma como alguns adultos a vêem como uma criança zangada, respondeu que “as pessoas subestimam a força das crianças zangadas”, acrescentando: “Estamos zangados, frustrados, por uma boa razão. Se querem que deixemos de estar zangados, parem de nos tornar zangados.
Depois de participar numa cimeira em Nova Iorque, a jovem activista deveria ter viajado para o Chile, para a COP25, mas à última hora o Governo chileno renunciou à organização do encontro devido à instabilidade social no país, tendo Madrid assumido a sua organização.
Por esse motivo a jovem sueca embarcou em 13 de Novembro, de regresso à Europa, no catamarã “La Vagabonde”, como forma de evitar os aviões e a sua forte carga poluente.
No entanto, ontem na conferência de imprensa, admitiu que é impossível que o seu exemplo seja seguido por todos. “Não estou a viajar assim para que todos o façam. Estou a viajar assim como símbolo”, declarou.
Antes da conferência de imprensa, Greta Thunberg foi recebida pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e pelo presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, José Maria Cardoso, além de activistas portuguesas da greve climática estudantil.

Fotografia | Museu do Oriente apresenta “O Caminho Chinês”, de Paolo Longo 

A exposição de fotografia “O Caminho Chinês”, com imagens de Paolo Longo, fica patente no Museu do Oriente, em Lisboa, até Fevereiro do próximo ano. Esta mostra revela um percurso feito pelo fotógrafo e jornalista italiano na China, a partir do ano de 2004, na qualidade de correspondente do canal televisivo Rai

 

[dropcap]S[/dropcap]ão 56 imagens que revelam o quotidiano de homens e mulheres chineses tal como ele é, captadas pela lente de Paolo Longo, jornalista e fotógrafo italiano. A viagem na China começou em 2004, devido a uma proposta de trabalho, para ser correspondente do canal italiano Rai, e resultou em múltiplas descobertas de uma cultura diferente.

“O Caminho Chinês” é o nome desta mostra que estará patente no Museu do Oriente, em Lisboa, até Fevereiro do próximo ano. A 17 de Janeiro, Paolo Longo dará uma palestra, com entrada gratuita. Esta iniciativa conta com a colaboração do Instituto Italiano da Cultura em Lisboa.

De acordo com uma nota oficial escrita pelo próprio Paolo Longo, esta exposição “é uma ‘viagem do coração’ na vida quotidiana do povo chinês na época do boom económico e da grande transformação económica, social e cultural”.

“Quando cheguei à China, num gélido dia de Janeiro de 2004, para começar a trabalhar como correspondente da Rai, tinha uma imagem da transformação da China baseada nos grandes sinais económicos e políticos. Um sexto da população do planeta passava pela maior experiência política e económico-social da História. Comecei então a olhar mais profundamente para o quadro completo e a descobrir não “o povo chinês”, mas “os chineses”, e comecei a compreender o que havia lido nas páginas de Lu Xun, um grande escritor chinês do século XX”, descreve o fotógrafo.

Um país diferente

Para Paolo Longo, “cada fotografia torna-se, portanto, numa história que faz referência a outras histórias ou que vive por si mesma”. O público poderá, assim, ter contacto, através da imagem, com “histórias de pessoas, histórias verídicas, imagens do quotidiano na China do boom económico”. “A vida do dia a dia que à primeira vista pode parecer enfadonha, mas que encerra a política, a história, a cultura, as emoções, os desejos e os segredos de uma sociedade”, acrescenta o autor.

Na hora de escolher as fotografias que iriam fazer parte de “O Caminho Chinês”, o fotógrafo disse ter eliminado “tudo o que estava relacionado com a ‘crónica’ e do que tinha o sabor do exótico, do ‘Extremo e Misterioso Oriente’”.

Paolo Longo diz ter visto “uma China diferente” em relação ao passado, “onde a história da comunidade se dissolve numa infinidade de histórias individuais, de vitórias e de derrotas, de riqueza e de pobreza, de descobertas, de batalhas, de desperdício, de protestos, mas sempre histórias de indivíduos debatendo-se com um novo caminho que se abria”.

Para o repórter, “muitos caminhos têm sido abertos na China nos últimos anos”. “Os jornalistas que trabalharam na China na década de 1960 falavam de como os chineses eram todos iguais. Durante 30 anos, desde a vitória da revolução até à morte de Mao, o país habituou-se a pensar em termos do colectivo, grupos de trabalho, movimentos de massas”, frisou.

Sendo assim, “O Caminho Chinês” revela uma sequência de imagens que começa “com aquilo que resta da China comunista (Nanjiecun, a última aldeia comunista) e o mito de Mao, transformado num ícone sem cabeça ou numa personagem passível de ser imitada, como Elvis”. Segue-se um percurso feito através das “ruínas das cidades imperiais, pelas vielas de Pequim, pela mítica cidade de Lijiang com os seus telhados de lousa; olha para a metrópole futurista projectada no século XXI e para os seus habitantes, que recordam muito pouco do passado e olham para o Ocidente para encontrar um caminho chinês para a modernidade”.

É também captada uma “mistura do passado e o presente nos jovens da nova classe média que se disfarçam para serem fotografados como protagonistas da antiga ópera chinesa, tal como fazem os camponeses de uma aldeia não muito longe de Pequim, que seguem dos campos para a caracterização, e daí para o palco”.

Fotografia | Museu do Oriente apresenta “O Caminho Chinês”, de Paolo Longo 

A exposição de fotografia “O Caminho Chinês”, com imagens de Paolo Longo, fica patente no Museu do Oriente, em Lisboa, até Fevereiro do próximo ano. Esta mostra revela um percurso feito pelo fotógrafo e jornalista italiano na China, a partir do ano de 2004, na qualidade de correspondente do canal televisivo Rai

 
[dropcap]S[/dropcap]ão 56 imagens que revelam o quotidiano de homens e mulheres chineses tal como ele é, captadas pela lente de Paolo Longo, jornalista e fotógrafo italiano. A viagem na China começou em 2004, devido a uma proposta de trabalho, para ser correspondente do canal italiano Rai, e resultou em múltiplas descobertas de uma cultura diferente.
“O Caminho Chinês” é o nome desta mostra que estará patente no Museu do Oriente, em Lisboa, até Fevereiro do próximo ano. A 17 de Janeiro, Paolo Longo dará uma palestra, com entrada gratuita. Esta iniciativa conta com a colaboração do Instituto Italiano da Cultura em Lisboa.
De acordo com uma nota oficial escrita pelo próprio Paolo Longo, esta exposição “é uma ‘viagem do coração’ na vida quotidiana do povo chinês na época do boom económico e da grande transformação económica, social e cultural”.
“Quando cheguei à China, num gélido dia de Janeiro de 2004, para começar a trabalhar como correspondente da Rai, tinha uma imagem da transformação da China baseada nos grandes sinais económicos e políticos. Um sexto da população do planeta passava pela maior experiência política e económico-social da História. Comecei então a olhar mais profundamente para o quadro completo e a descobrir não “o povo chinês”, mas “os chineses”, e comecei a compreender o que havia lido nas páginas de Lu Xun, um grande escritor chinês do século XX”, descreve o fotógrafo.

Um país diferente

Para Paolo Longo, “cada fotografia torna-se, portanto, numa história que faz referência a outras histórias ou que vive por si mesma”. O público poderá, assim, ter contacto, através da imagem, com “histórias de pessoas, histórias verídicas, imagens do quotidiano na China do boom económico”. “A vida do dia a dia que à primeira vista pode parecer enfadonha, mas que encerra a política, a história, a cultura, as emoções, os desejos e os segredos de uma sociedade”, acrescenta o autor.
Na hora de escolher as fotografias que iriam fazer parte de “O Caminho Chinês”, o fotógrafo disse ter eliminado “tudo o que estava relacionado com a ‘crónica’ e do que tinha o sabor do exótico, do ‘Extremo e Misterioso Oriente’”.
Paolo Longo diz ter visto “uma China diferente” em relação ao passado, “onde a história da comunidade se dissolve numa infinidade de histórias individuais, de vitórias e de derrotas, de riqueza e de pobreza, de descobertas, de batalhas, de desperdício, de protestos, mas sempre histórias de indivíduos debatendo-se com um novo caminho que se abria”.
Para o repórter, “muitos caminhos têm sido abertos na China nos últimos anos”. “Os jornalistas que trabalharam na China na década de 1960 falavam de como os chineses eram todos iguais. Durante 30 anos, desde a vitória da revolução até à morte de Mao, o país habituou-se a pensar em termos do colectivo, grupos de trabalho, movimentos de massas”, frisou.
Sendo assim, “O Caminho Chinês” revela uma sequência de imagens que começa “com aquilo que resta da China comunista (Nanjiecun, a última aldeia comunista) e o mito de Mao, transformado num ícone sem cabeça ou numa personagem passível de ser imitada, como Elvis”. Segue-se um percurso feito através das “ruínas das cidades imperiais, pelas vielas de Pequim, pela mítica cidade de Lijiang com os seus telhados de lousa; olha para a metrópole futurista projectada no século XXI e para os seus habitantes, que recordam muito pouco do passado e olham para o Ocidente para encontrar um caminho chinês para a modernidade”.
É também captada uma “mistura do passado e o presente nos jovens da nova classe média que se disfarçam para serem fotografados como protagonistas da antiga ópera chinesa, tal como fazem os camponeses de uma aldeia não muito longe de Pequim, que seguem dos campos para a caracterização, e daí para o palco”.

Paternidade | Número de crianças registadas sem progenitor quase duplica

Entre Janeiro e Outubro 94 mães recusaram identificar os pais dos recém-nascidos. Segundo a lei, os casos em que um do progenitores está em falta têm de ser relatados aos tribunais, que este ano já resolveram 34 casos

 

[dropcap]O[/dropcap] número de recém-nascidos que foram registados sem pai está quase a duplicar face ao ano passado. Segundo os dados fornecidos pela Direcção de Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) ao HM, só nos primeiros dez meses deste ano foram registados 60 bebés sem pai, quando no ano anterior o número tinha sido de 34 recém-nascidos.

Se a tendência de seis registos sem pai por mês for mantida em Novembro e Dezembro o valor vai chegar às 72 ocorrências, o que representa um aumento de 38 registos com pai desconhecido.

O valor dos primeiros dez meses deste ano também já ultrapassou o total de 2017, quando foram feitos 50 registos de crianças sem pai. Por este prisma, percebe-se que depois de haver uma quebra de 16 registos entre 2017 e 2018, este ano voltou a haver um aumento na tendência dos registos de crianças com pai incógnito. Os números mencionados dizem respeito aos casos em que não foi possível apurar a paternidade, apesar da intervenção das autoridades pelos meios legais disponíveis.

O código civil de Macau estabelece que sempre que haja um registo de nascimento tem de constar o nome do pai e da mãe. Por isso, os funcionários do registo ficam obrigados a remeter as situações em que tal não acontece para os tribunais que depois tentam averiguar oficiosamente a identidade do pai.

Das investigações

Nos primeiros dez meses deste ano houve 94 mães que recusaram identificar o pai na altura do registo. Por isso, segundo o decreto-lei 65/99/M, os casos são remetidos para os tribunais onde é feita uma investigação oficiosa e confidencial, conduzida pelo MP.

Após o relatório da investigação do MP, o tribunal tem de decidir se arquiva o caso ou se arranca um processo, desta forma oficial, para apurar a identidade do progenitor em falta.

Em relação aos 94 casos relatados este ano, os progenitores foram identificados por 15 vezes devido às investigações dos tribunais, que tiverem de fazer valer a prova da investigação. Em outras 19 ocorrências, os pais acabaram fornecer os seus dados e assumir a paternidade “voluntariamente”, numa segunda fase, quando questionados pelas autoridades.

Também as situações em que os pais assumem a paternidade num segundo momento foram menos frequentes este ano. Por exemplo, em 2017 houve 44 pais a dar os dados e a declararem-se progenitores. O número destas situações aumentou para 57, no ano passado, mas está novamente em quebra.

Em relação aos casos em que os tribunais completaram o registo, houve 24 situações em 2017 e 18 no ano passado.

Ainda de acordo com os dados fornecidos pela DSAJ, entre 2017 e Outubro deste ano não houve nenhuma criança registada com mãe desconhecida.

Paternidade | Número de crianças registadas sem progenitor quase duplica

Entre Janeiro e Outubro 94 mães recusaram identificar os pais dos recém-nascidos. Segundo a lei, os casos em que um do progenitores está em falta têm de ser relatados aos tribunais, que este ano já resolveram 34 casos

 
[dropcap]O[/dropcap] número de recém-nascidos que foram registados sem pai está quase a duplicar face ao ano passado. Segundo os dados fornecidos pela Direcção de Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) ao HM, só nos primeiros dez meses deste ano foram registados 60 bebés sem pai, quando no ano anterior o número tinha sido de 34 recém-nascidos.
Se a tendência de seis registos sem pai por mês for mantida em Novembro e Dezembro o valor vai chegar às 72 ocorrências, o que representa um aumento de 38 registos com pai desconhecido.
O valor dos primeiros dez meses deste ano também já ultrapassou o total de 2017, quando foram feitos 50 registos de crianças sem pai. Por este prisma, percebe-se que depois de haver uma quebra de 16 registos entre 2017 e 2018, este ano voltou a haver um aumento na tendência dos registos de crianças com pai incógnito. Os números mencionados dizem respeito aos casos em que não foi possível apurar a paternidade, apesar da intervenção das autoridades pelos meios legais disponíveis.
O código civil de Macau estabelece que sempre que haja um registo de nascimento tem de constar o nome do pai e da mãe. Por isso, os funcionários do registo ficam obrigados a remeter as situações em que tal não acontece para os tribunais que depois tentam averiguar oficiosamente a identidade do pai.

Das investigações

Nos primeiros dez meses deste ano houve 94 mães que recusaram identificar o pai na altura do registo. Por isso, segundo o decreto-lei 65/99/M, os casos são remetidos para os tribunais onde é feita uma investigação oficiosa e confidencial, conduzida pelo MP.
Após o relatório da investigação do MP, o tribunal tem de decidir se arquiva o caso ou se arranca um processo, desta forma oficial, para apurar a identidade do progenitor em falta.
Em relação aos 94 casos relatados este ano, os progenitores foram identificados por 15 vezes devido às investigações dos tribunais, que tiverem de fazer valer a prova da investigação. Em outras 19 ocorrências, os pais acabaram fornecer os seus dados e assumir a paternidade “voluntariamente”, numa segunda fase, quando questionados pelas autoridades.
Também as situações em que os pais assumem a paternidade num segundo momento foram menos frequentes este ano. Por exemplo, em 2017 houve 44 pais a dar os dados e a declararem-se progenitores. O número destas situações aumentou para 57, no ano passado, mas está novamente em quebra.
Em relação aos casos em que os tribunais completaram o registo, houve 24 situações em 2017 e 18 no ano passado.
Ainda de acordo com os dados fornecidos pela DSAJ, entre 2017 e Outubro deste ano não houve nenhuma criança registada com mãe desconhecida.