Polícia dispersa manifestação pró-democracia na Tailândia

Uma manifestação pró-democracia em frente do Grande Palácio de Banguecoque foi dispersa este sábado pela polícia, que recorreu a balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água, reportou a agência noticiosa France-Presse (AFP).

“Vocês estão a infringir a lei”, disse, através de um altifalante, a polícia, enquanto os manifestantes usavam cordas para mover uma parede de contentores erigida em frente ao palácio para se protegerem.

Os manifestantes conseguiram abrir caminho antes de começarem a atirar cocktails ‘Molotov’ às dezenas de agentes da polícia que se encontravam a cerca de uma centena de metros, apoiados por canhões de água para impedir a aproximação ao palácio. “Libertem os nossos amigos”, gritaram os manifestantes, numa referência aos líderes do movimento pró-democracia presos no início deste ano.

A polícia respondeu abrindo fogo com balas de borracha e gás lacrimogéneo. Cerca das 20:30 locais, apenas um pequeno grupo de manifestantes permanecia em frente à polícia.

Antes dos confrontos, a polícia efetuou uma rusga a uma editora livreira para apreender cerca de uma centena de exemplares do livro do ativista e advogado de direitos humanos Anon Numpa, intitulado “A Monarquia, Uma Instituição Dentro da Sociedade Tailandesa”.

“O próximo passo é chamar especialistas para ver se o livro infringe a lei”, disse o major da polícia Trirong Prasopmongkol à AFP. “A rusga estava ligada à manifestação, já que os manifestantes anunciaram nas redes sociais que iriam distribuir esses livros”, acrescentou.

Os manifestantes responderam colocando o livro ‘online’ e apelaram aos ativistas para o imprimirem e o lerem durante os protestos. Cerca de 3.000 agentes da polícia foram chamados para Banguecoque para conter aos protestos, segundo relatos da imprensa local.

Desde o verão passado que o reino tailandês está a ser fustigado com manifestações que reuniram dezenas de milhares de pessoas na capital no auge dos protestos, entre Julho e Dezembro de 2020.

Os protestos recomeçaram em Fevereiro, após quatro líderes do movimento pró-democracia terem sido acusados de “crime de lesa-majestade”, estando detidos desde então. Na Tailândia, as acusações de lesa-majestade não são, por norma, passíveis de pagamento de qualquer caução, pelo que não é possível a saída em liberdade.

As duas principais figuras do movimento pró-democracia, Parit Chiwarak, também conhecido como ‘Penguin’, e Anon Numpa, estão entre os quatro activistas. Pelo menos 57 outros ativistas, entre eles três menores, também se encontram detidos sob a acusação de “crimes de lesa-majestade”.

Fragmentação ou crescimento?

Hong Kong adiou as eleições para o Conselho Legislativo e ainda não é certo que se realizem em Setembro próximo. Entretanto, o Governo da RAEM anunciou que as eleições para a 7.ª Assembleia Legislativa estão marcadas para 12 de Setembro, sem quaisquer alterações ao Regime Eleitoral da Assembleia Legislativa e enfatizando a implementação plena do princípio “Macau governado por patriotas”. Se compararmos com as mudanças de fundo que estão para ser feitas no regulamento eleitoral para o Conselho Legislativo de Hong Kong, compreenderemos que Macau é realmente muito diferente.

A partir do momento em que o Chefe do Executivo anunciou a data das eleições, todos os procedimentos subsequentes seguirão o regulamento eleitoral. A garantia de que as eleições para a 7.ª Assembleia Legislativa serão justas e transparentes, e que toda a corrupção eleitoral será eliminada, terá de ser dada pela determinação do Governo da RAEM e pelo empenho de todos os eleitores.

A Assembleia Legislativa tem 12 deputados eleitos por sufrágio indirecto e 7 nomeados pelo Chefe do Executivo. Segundo os dados estatísticos, estão recenseados mais 20.000 eleitores para a 7.ª Assembleia Legislativa do que nas eleições para a 6.ª Assembleia Legislativa. Dado que existe um número limitado de deputados eleitos por sufrágio directo, acredito que a luta por estes lugares vai ser mais renhida nestas eleições do que nas anteriores.

De entre os deputados eleitos por sufrágio directo na actual Assembleia Legislativa, apenas Au Kam San já veio anunciou que não se irá recandidatar, e Ng Kuok Cheong declarou que será o segundo da lista de candidaturas, e não o primeiro. Os restantes deputados eleitos por sufrágio directo não anunciaram qualquer alteração, por isso haverá pelo menos 11 nomes na Lista de Candidaturas à eleição para a 7.ª Assembleia Legislativa. Além disso, se os deputados que não foram reeleitos para a 6.ª Assembleia Legislativa concorrerem agora para a 7ª Assembleia, e ainda considerarmos outros nomes que se candidatam pela primeira vez, a Lista de Candidatura pode incluir até 25 aspirantes a deputados. A disputa deverá ser intensa nas eleições para a 7.ª Assembleia Legislativa.

Macau é de facto uma cidade dominada por Associações. As maiores têm recursos abundantes, com uma variedade de serviços e actividades regulares, já estabeleceram enormes redes de apoio a determinados candidatos. Os que partem com estas vantagens, desde que não violem os regulamentos eleitorais, serão certamente eleitos. Quanto aos candidatos propostos pelo campo não governamental, a sua posição será mais complicada.

Desde 2013, o chamado “campo aberto e liberal” conheceu cisões por motivos vários, e aquando das eleições para a 6.ª Assembleia Legislativa, estava mais do que fragmentado, estava destroçado. Felizmente, as fundações do “campo aberto e liberal” são bastante sólidas, especialmente devido ao apoio dos eleitores mais jovens. O seu desempenho em termos gerais é bastante progressivo, mas não obteve muitos votos. Para as eleições da 7.ª Assembleia Legislativa, dois membros do “campo aberto e liberal”, que estiveram na Assembleia Legislativa durante muitos anos trataram de não vir a ser reeleitos. Uma das maiores preocupações das pessoas que se interessam pelo que se passa na Assembleia Legislativa é precisamente se o campo não governamental vai passar do estado de fragmentação ao estado de crescimento. Acredito que esta é uma oportunidade para o campo não governamental se erguer das cinzas. Quando os destroços almejam o renascimento e o crescimento, desde que o crescimento não seja explosivo, o efeito combinado destes dois estados pode ser o ideal.

Como antigo membro e ex-presidente da Associação de Novo Macau, presenciei o desenvolvimento desta Associação com os meus próprios olhos. A saída de um membro tem certamente impacto na Associação mas não é decisiva. A chave do sucesso da Associação está na aspiração dos seus membros para servir o povo, na sua determinação de mover montanhas e na vontade de passar o facho à geração seguinte.

É muito pouco provável que as eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong venham a ter lugar em Setembro. Macau tem tudo para ser o novo modelo do princípio “um país, dois sistemas”. Ninguém quer abalar a estabilidade, que é o equivalente a não querer que uma linda bola de sabão rebente. No entanto, existem muitas variáveis e qualquer coisa é possível. Desde que as eleições para a Assembleia Legislativa venham a ser justas e transparentes, e venham a ter a participação activa e séria dos eleitores, pode ser que os milagres aconteçam.

Diplomacia | Serguei Lavrov visita Pequim em tempo de crise entre Rússia e EUA

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, visitará a China na próxima semana, informou ontem a diplomacia chinesa.

No momento em que a Rússia e os Estados Unidos atravessam uma grave crise diplomática – depois de os serviços de informações norte-americanos terem acusado o Presidente russo, Vladimir Putin, de ter dado instruções para acções de interferência nas eleições presidenciais nos Estados Unidos – Lavrov desloca-se a Pequim, na próxima segunda e terça-feira, para uma visita oficial.

Durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, falou ainda sobre o encontro do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, e do responsável pelas relações externas do Partido Comunista Chinês, Yang Jiechi, com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jaque Sullivan, que decorre desde ontem (ver Grande Plano).

Zhao Lijian disse que a reunião servirá para discutir assuntos de interesse comum no Alasca, admitindo que outros encontros bilaterais ao mais alto nível entre a China e os EUA possam acontecer em breve.

Hac Sá | Governo não vai aumentar número de estacionamentos

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) considera que “actualmente, existe um número adequado de lugares de estacionamento nas zonas de Coloane e Hac Sá” e que a construção de um parque não está nos planos do Governo. Este é um dos pontos principais da resposta da entidade liderada por Lam Hin San a interpelação escrita por Ella Lei.

A deputada ligada aos Operários argumentou que uma larga fatia da população tem afluído a Coloane, que caracteriza como “o jardim das traseiras de Macau, um espaço raro de lazer”, em particular desde a pandemia. Em resultado da elevada afluência, Ella Lei pediu a intervenção do Governo porque “durante os feriados, os transportes públicos e os lugares de estacionamento públicos estão sempre sobrelotados”. A deputada recordou que o Governo recuperou um terreno em Hac Sá, com área de quase sete hectares, que poderia ser aproveitado.

Por sua vez, a DSAT diz que tem aumentado os serviços e capacidade dos transportes públicos para a zona e que, actualmente, “existem 16 carreiras de autocarros para facilitar a deslocação dos residentes de Macau e Taipa às diversas zonas de Coloane”.

Ella Lei perguntou também se o Governo tenciona aumentar a capacidade de estacionamento em Ká Hó, em particular desde que a Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau abriu um café e uma galeria de arte na antiga leprosaria. Além disso, foram também construídos um lar de idosos e um hospital de reabilitação geriátrica, levando à afluência ao local de muitas visitas de familiares.

Também quanto a esta zona, a DSAT rejeitou a sugestão de Ella Lei, afirmando que aumentou os lugares de estacionamento no troço adjacente à Estrada de Nossa Senhora de Ká Hó e que a carreira 21 A, que serve a aldeia, teve um aumento de frequências de 9 por cento a partir de Janeiro.

Daqui para ali

Mudei recentemente de casa. O registo relativamente inusual da pandemia e a queda a pique do turismo de curta duração fez com que um ror de casas very cozy and typical in downtown Lisbon ficassem vazias, tendo os seus donos sentido a necessidade – tudo menos altruísta – de as devolverem ao mercado de arrendamento de longa duração. Neste contexto de incerteza, e com o meu contrato a terminar em Setembro do ano passado, pensei que o meu senhorio – cuja filosofia não passa pelo alojamento local a suecos – ia ver com bons olhos uma renovação de contrato, pelo menos por um ano, até as águas clarearem e se perceber melhor a margem de extorsão passível de ser aplicada aos arrendatários à luz do olhar imparcial do mercado. Para minha surpresa, o senhor tinha planos inadiáveis para a modesta habitação que eu partilhei durante largos anos com o Rim e o Croquete, os meus dois gatos: queria fazer obras de fundo e colocá-la num segmento superior do mercado de arrendamento. E não ia ser uma pandemia a demovê-lo.

A ideia de mudar de casa, em Lisboa, sempre se me afigurou como um pesadelo. Além das complicações normais decorrentes de uma mudança – o transporte, o reequacionar de mobiliário e pertences, os livros que NUNCA cabem em lugar nenhum – há a questão não despicienda da inflação galopante no mercado de arrendamento. Uma pessoa faz um contrato e passados três meses apenas já se sente afortunada por estar a pagar um valor que no momento da assinatura contratual lhe parecia abusivo. A pandemia, se alguma coisa de bom teve, foi a devolver alguma sensatez – ainda que parcelar e naturalmente transitória – a um mercado cujo fervilhar hormonal prometia enviar todos os remediados para a orla mais distante da subúrbia.

Como se costuma dizer, há males que vêm para bem. Consegui encontrar uma casa – que uma amiga minha arrendava até no final do ano passado comprar uma casa bem longe de Lisboa, visto que não lhe apetecia continuar a pagar para estar num parque de diversões de usufruto alheio – muito perto daquela onde estava, a preços razoavelmente humanos e, para meu grande contentamento inesperado, com um pequeno mas glorioso terraço por onde o sol vagueia à tarde e de onde se vê Lisboa a namorar com o tejo. Uma casa em Lisboa a preços comportáveis é um achado; uma casa com terraço e vista devia ser passível de entrar no registo testamentário de bens legáveis a família ou amigos em registo de direito preferencial de opção.

Claro que nem tudo é maravilhoso. A casa é último andar, os tectos são baixos e há zonas esconsas onde já deixei algum escalpe. Termicamente, é muito mais agreste do que o meu primeiro andar antigo generosamente ensanduichado entre dois pisos. O problema maior, no entanto, é o facto de as divisórias entre andares serem tão finas que consigo ouvir tudo quanto a minha vizinha de baixo faz em casa. É uma espécie de janela indiscreta sobre a vida alheia na modalidade auditiva.

A minha vizinha é uma senhora idosa e bastante surda. Há decerto muito tempo que o controlo do volume de voz encravou nos nove. Não deve – como muitos idosos – ter dinheiro para comprar um aparelho auditivo (que são estupidamente caros), pelo que fala alto, atende o telefone como se tivesse a anunciar um incêndio e quando liga a televisão é como se vivesse comigo. Há muito tempo que optei por não ter antena ou serviço de subscrição televisão. A maior parte das coisas que estes oferecem não me interessam; as poucas que me interessam vejo-as alhures. Infelizmente, neste momento estou exposto das dez da manhã às dez da noite à procissão de conteúdos inenarráveis que os nossos três canais generalistas oferecem à população idosa. Qualquer dia ainda mando vir uma caixa de calcitrim.

A verdade é que o aspecto mais dramático desta situação é pensar que dezenas de milhares de velhotes cuja idade acaba por incapacitar para as actividades que os afastavam do ecrã em tempos acabam por ter como única companhia a televisão e o seu chorrilho de disparates. São pessoas que cresceram em condições difíceis, sem acesso à educação e sem hábitos de leitura. A minha vizinha, acaso tivesse adquirido o gosto pelos livros, em vez de partilhar acriticamente uma realidade absolutamente desinteressante com todos aqueles que assistem aos mesmos programas ao mesmo tempo, podia escapulir-se através da janela sempre receptiva das páginas de um livro e alimentar paisagens interiores capazes de se bastarem a si mesmas e de frutificarem nas conversas com os outros. E isso tudo, muito convenientemente para mim, em silêncio.

Quando eu queria ser um senhor

Quando tinha 15 anos queria intimamente ser um homem de setenta anos. Todas as pessoas que me eram apresentadas como sábias tinham essa característica. Eram sempre homens e, geralmente, idosos. A esta distância consigo ainda recordar o que era acordar todos os dias com vontade de ser um homem idoso. Não estava minimamente conectada à minha feminidade. Ser uma jovem mulher era o oposto daquilo que eu queria alcançar. Eu queria ser mais ou menos, o meu professor de sociologia, homem sábio com as suas grandes barbas como um Lao Zi ou um Aristóteles. Eu queria contribuir para o campo da psicologia como Freud, escrever como Eça, ter ideias como Sócrates. Era também uma altura em que não queria pertencer à minha linha cronológica. Nada que fosse contemporâneo me parecia inspirador. Tinha de voltar ao tempo de Salieri e ser um Mozart, voltar ao tempo de Verlaine e ser um rapaz homossexual que despertou algo de inexistente na poesia. Lembro-me de receber como elogio um comentário de um amigo poeta “tu escreves como um homem”. Eu, enquanto mulher, enquanto jovem, não tinha representatividade na ideia que me era passada de pessoa sábia e intelectual. Tive uma professora de português exímia que nos falava de Natália Correia mas foi só num programa de doutoramento que estudei Hanna Arendt. Antes disso, tinha amigos poetas que me chamavam Sylvia Plath ou na versão nacional Florbela Espanca. Ainda assim, todos os jovens aspirantes a poetas eram Rimbauds, podia ser um Rimbaud feminino ou masculino mas eram Rimbauds. Hoje em dia, dou por mim rodeada de um grande número de mulheres intelectuais. Há mais professoras no ensino superior do que professores e há um número impressionante de poetas portuguesas que atraem diversidade. Recentemente fui publicada numa revista grega acompanhada por poetas como Miguel Manso, Nuno Brito, Tiago Patricio, Luis Felicio. Mas também estou acompanhada por Beatriz Hierro Lopez, Andreia Faria, Tatiana Faia, Raquel Nobre Guerra e Filipa Leal. Para aumentar a diversidade e pluralidade poderíamos integrar autoras como Gisela Casimiro, Raquel Lima, Golgona Anghel, Luiza Nilo Nunes ou Lígia Reyes. A lista seria enorme de jovens poetas provenientes de diferentes contextos e o que importa realçar é a inspiração que essas mulheres são, não só para outras mulheres jovens ou menos jovens – porque não nos interessa o panegírico da juventude, tão embutido nesta realidade mercantilista – mas para a sociedade em geral. Um amigo em Pequim perguntava-me, no seu podcast, que conselhos poderia dar como escritora a um jovem homem neste momento. Segundo ele, muitos homens também se sentem desvalorizados em relação à sua representação entre meios essencialmente mais feministas. Falava-me de problemas como o sentimento de “invisibilidade” numa sociedade que prefere uma figura feminino como adorno. “Um homem nunca é motivo de atenção.” ou o facto do homem ser representado frequentemente como “perigoso” neste discurso. “Quando caminho na rua à noite, vejo mulheres que atravessam a rua, só pelo facto de eu ser homem”. Obviamente, não posso deixar de concordar com aquilo que ele reportava. Também nós já nos sentimos invisíveis quando queríamos ser algo que era, geralmente, um homem. Também nós éramos perigosas e por isso não podíamos votar. Nunca é demais exercitarmos a alteridade. Sem dúvida que uma educação para o humanismo e contra o medo deve sempre estar a par de lutas perfeitamente legitimas. Enquanto as mulheres oprimidas têm uma causa que lhes dá propósito, o homem contemporâneo sente um vazio existencial, tão sintomático do privilégio. Como sempre, disse-lhe, “o mais difícil é ser-se moderado(a)”.

Hong Kong | Subida para 4.º lugar entre os maiores centros financeiros do mundo

Hong Kong subiu uma posição, passando para o quarto lugar na 29.ª edição do Índice de Centros Financeiros Globais (GFCI 29) publicado pelo British Think Tank Z/Yen Group e China Development Institute em Shenzhen na quarta-feira. Um porta-voz da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) disse:” Hong Kong é um dos quatro principais centros financeiros líderes do mundo, subindo uma posição desde a edição do índice de Setembro do ano passado.

Com a situação em evolução da pandemia da Covid-19, juntamente com outras incertezas no ambiente global, os mercados financeiros tornaram-se mais voláteis a partir do ano passado. No entanto, o sistema financeiro de Hong Kong tem operado sem problemas”, disse o porta-voz. “Hong Kong é o principal local de listagem para empresas em todo o mundo. Temos sido o segundo maior local de listagem de empresas de biotecnologia, o maior centro comercial de renminbi do mundo e o segundo maior centro de capital privado da Ásia”, acrescentou.

“Capitalizando as vantagens únicas de Hong Kong sob o princípio ‘um país, dois sistemas’, continuaremos a melhorar o nosso papel como a porta entre os mercados continentais e internacionais, aproveitar as vastas oportunidades apresentadas pela área da baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e pela iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, e contribuir para a “circulação dupla” do nosso país”, rematou o porta-voz.

O relatório GFCI é lançado em Março e Setembro todos os anos desde 2007. Na 29.ª edição do GFCI, 114 centros financeiros foram avaliados. Hong Kong ficou em quarto lugar com uma pontuação geral de 741.

MNE | Pequim pede aos EUA medidas para conter violência contra asiáticos

A China pediu aos Estados Unidos que tomem medidas para conter a violência contra pessoas de origem asiática, depois de oito pessoas terem sido mortas em casas de massagem na cidade de Atlanta, no Estado da Geórgia.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, disse ontem que esta violência contra os asiáticos nos Estados Unidos é “ultrajante e angustiante”, deixando a China “profundamente preocupada”.

As autoridades norte-americanas deveriam “tomar medidas práticas para resolver questões de racismo e discriminação racial no país e salvaguardar e proteger seriamente a segurança e os direitos e interesses legítimos dos cidadãos chineses nos Estados Unidos”, disse Zhao aos jornalistas numa conferência de imprensa diária.

O suspeito [Robert Aaron Long] dos tiroteios, que ocorreram na terça-feira, disse à polícia que o ataque não teve motivação racial.

O homem, de 21 anos, alegou que tinha como alvo as casas de massagem por causa de um “vício em sexo”.
Entre os oito mortos, seis foram identificados como de origem asiática e sete eram mulheres.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul disse que quatro das vítimas mortas eram mulheres de ascendência coreana, enquanto duas das outras vítimas pareciam ter nomes chineses.

Ataques recentes contra asiáticos nos EUA são parcialmente atribuídos ao sentimento anti-chinês decorrente da pandemia do novo coronavírus, que foi detectado pela primeira vez na cidade de Wuhan, no centro da China, no final de 2019.

Apesar de não fornecer nomes, Zhao disse que alguns políticos norte-americanos “instigaram o racismo e o ódio, e toleraram a discriminação contra estudantes chineses nos Estados Unidos”.

Preocupações presidenciais

O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou na quarta-feira estar preocupado com a “brutalidade” de ataques contra asiático-americanos no país, na sequência de vários incidentes recentes que vitimaram membros desta comunidade.

“Seja qual for a motivação neste caso, eu conheço os asiático-americanos, sei que eles estão muito preocupados, e, como sabem, tenho falado sobre a brutalidade contra essas pessoas, que é preocupante”, disse o Presidente norte-americano.

Biden adiantou ter falado com o procurador-geral e com o director do FBI, que lhe afirmaram que ainda está a ser determinado o motivo do crime.

No seu discurso da semana passada que marcou o aniversário do confinamento devido à covid-19, Biden já havia criticado os crimes contra asiático-americanos, que disse serem “atacados, perseguidos, culpados e bodes expiatórios” da pandemia.

Segundo a associação Stop AAPI Hate, entre Março e Dezembro do ano passado, foram denunciados ‘online’ mais de 2.800 actos racistas e discriminatórios contra a comunidade asiática nos Estados Unidos.

FRC | Eventos transmitidos em streaming são tema de debate

A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe hoje, às 18h30, uma conferência para discutir as numerosas oportunidades trazidas pela tecnologia, no que diz respeito à transmissão em directo de eventos através de plataformas de streaming.

Em comunicado, a FRC descreve estas ferramentas como chances de modernização das empresas e de fomentar o crescimento económico. O evento será apresentado por Alan Yung, perito em conteúdo digital e desenvolvimento de negócios e conta com a participação de Florence Lei da Universidade de São José, Ken Ao da Macao Live TV, Ryo Lou da Big TV Magazine e Sophie Lei da SD Media Macao Celebrity.

Cinema | IC justifica curso apenas em mandarim com restrições da pandemia 

O Instituto Cultural (IC) vai promover, no âmbito da iniciativa “Argumentos em Foco 2021 – Programa Avançado de Argumentos Cinematográficos”, um curso destinado aos participantes que será administrado apenas em mandarim, quando em Macau a língua mais falada é o cantonense. Numa resposta enviada ao HM, o IC explica que devido às restrições impostas pela pandemia não foi possível trazer instrutores que dominem outras línguas além do mandarim. 

“Devido ao impacto da pandemia nas áreas circundantes e às medidas do controlo das entradas e saídas, o IC está sujeito a certas restrições no que se refere ao convite aos instrutores para o programa. Além dos instrutores do Interior da China, os instrutores das outras regiões não têm condições para entrar em Macau.”

Nesse sentido, o IC “entendeu convidar para este programa a vencedora do Prémio Cinematográfico de Hong Kong para Melhor Guião, You Xiao-Ying e a vencedora do Tigre de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Roterdão da Holanda, Ji Huang, como instrutoras dos projectos de Macau, as quais irão ministrar o curso nas suas línguas nativas”. 

Apesar de não haver tradução para cantonense, português ou inglês, o IC explica que “os candidatos dos projectos seleccionados podem providenciar um intérprete familiarizado com ideias criativas próprias para acompanhar e participar no curso, de acordo com o regulamento de candidatura do programa”. 

O curso em questão vai adoptar um modelo de turmas reduzidas, para que haja uma maior comunicação e interacção entre as instrutoras e os participantes, lê-se na resposta enviada ao HM. “As instrutoras irão orientar os candidatos dos projectos seleccionados em grupos e dar conselhos e sugestões relativas à história, enredo, estrutura e integridade dos mesmos, envolvendo o curso um intercâmbio profundo entre os alunos e as instrutoras sobre o conceito do trabalho, o tema e a criatividade da história”, adiantou o IC.

Exposição | Galeria At Light acolhe “Human Observation”, de Os Wei 

“Human Observation” [Observação Humana] é o nome da nova exposição promovida pela associação Arts Empowering Lab e que estará patente na galeria At Light a partir deste sábado, dia 20. O trabalho multimédia de Os Wei tem a curadoria de Cora Si e inclui um total de 100 imagens que se complementam com vídeo e música, espelhando a diversidade de Macau

 

Os Wei está de regresso às exposições com “Human Observation” [Observação Humana], uma mostra promovida pela associação Arts Empowering Lab na galeria At Light. A mostra será inaugurada amanhã, dia 20, e revela um total de 100 fotos, complementadas com video e música, exibidas sem uma ordem específica. A curadoria da exposição está a cargo de Cora Si que descreve as imagens como “fragmentos” captados por Os Wei “como um sonho, mas também de uma forma realista”.

“Human Observation” não é mais do que “um projecto experimental de imagem” onde Os Wei “vagueia por diferentes cantos da cidade, observando e registando o ambiente com o seu smartphone” e fotografando “de forma intuitiva”. Desta forma, o artista destaca-se “num grupo onde ‘qualquer pessoa pode ser um fotógrafo’”.

Acima de tudo, este trabalho de Os Wei visa mostrar a diversidade de Macau enquanto lugar de diversas culturas e vivências. “Macau, uma cidade de diversidade onde vários estilos de vida co-existem depois de séculos de interacção, e com pessoas de diferentes culturas, onde acaba por se criar uma relação próxima mas estranha entre indivíduos”, explica a curadora.

Nesta exposição, os visitantes são confrontados com um espelho logo à entrada. “De uma forma directa, as actividades do visitante da exposição são monitorizadas e mostradas através de uma forma de comunicação visual. Este tipo de vigilância invisível tem vindo a tornar-se cada vez mais popular. Por um lado, o homem necessita de uma sensação de segurança, mas, por outro lado, de uma sensação de insegurança. É uma oposição que está enraizada nos humanos e que surge de diferentes formas e em diferentes períodos”, explica Cora Si.

Artista multimédia

Formado em design de comunicação visual em Taiwan, Os Wei sempre deixou de lado as convenções mais tradicionais da fotografia, apostando muito no telemóvel para capturar imagens e vídeos de edifícios, da natureza e das pessoas.

“Os seus trabalhos, apesar de não terem temas relacionados entre si, revelam os seus sentimentos mais íntimos através desta expressão visual. Ele olha para o mundo, para a consciência subjectiva das pessoas de Macau, com um foco na sua vida diária e no seu trabalho”, descreve a curadora.

Este exercício de observação serve para Os Wei concluir que o ser humano é “um animal estranho, que envia sempre mensagens com as suas roupas, expressões faciais, comportamentos e movimentos”.

Depois de se formar em Taiwan, Os Wei voltou a Macau em 2016, tendo estado também envolvido na produção de vários filmes e explorando sempre novas possibilidades com a imagem. Os Wei foi um dos nomes presentes na última edição do festival This is My City, o ano passado. Esta exposição conta com o apoio da Fundação Macau e poderá ser vista na galeria At Light, no Pátio do Padre Narciso, entre as 14h e as 18h, de segunda a sexta-feira. Aos sábados a galeria tem as portas abertas até às 21h.

Metro Ligeiro | Obra da linha de Hengqin arrancou ontem

A construção da linha do Metro Ligeiro entre o território e Hengqin, que vai custar 3,5 mil milhões de patacas, teve início ontem. A linha deverá estar concluída em quatro anos, de acordo com um comunicado do Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) sobre a cerimónia de lançamento da primeira pedra.

Com a obra pretende-se “melhorar a ligação de transporte urbano e ferroviário entre Macau e as cidades da China, bem como acelerar a interligação de infra-estruturas de transporte”, pode ler-se na mesma nota. A linha de 2,2 quilómetros vai incluir um túnel de 900 metros, um viaduto, um túnel subaquático e duas estações, uma na ponte Flor de Lótus, no Cotai, e outra na nova fronteira de Hengqin.

Autismo | Ho Ion Sang quer apoio alargado a cuidadores

O deputado Ho Ion Sang quer que o Governo estude o alargamento do subsídio de cuidadores, para abranger também quem toma conta de portadores de autismo e doenças especiais. O valor do subsídio do projecto-piloto, fixado em 2.175 patacas mensais, destina-se actualmente a indivíduos com deficiência intelectual grave ou profunda, e a quem se encontre permanentemente acamado.

O objectivo de Ho Ion Sang é que “mais cuidadores de famílias com diferentes graus de necessidade possam ser beneficiados”. Numa interpelação escrita, o deputado observou que as famílias que precisam de cuidados permanentes “ainda sofrem grande pressão, pois é muito fácil, no processo de prestação de cuidados, sofrer de cansaço físico e mental e enfrentar dificuldades no equilíbrio com o trabalho”. Além disso, apontou a epidemia como um factor que agravou a pressão diária sentida pelas pessoas e a sua capacidade económica.

“O Governo deve ponderar sobre a criação de um centro de apoio aos cuidadores, com vista a proporcionar-lhes formação, e a disponibilizar-lhes serviços de acompanhamento e apoio diversificado e profissional, com vista a atenuar a pressão dos cuidadores”, apelou também o deputado.

Recorde-se que em 2019 o Instituto de Acção Social (IAS) garantiu em resposta a uma interpelação de Ho Ion Sang que no espaço de dois anos iria criar dois centros de cuidados domiciliários a pensar nos cuidadores, nas zonas Sul e Norte de Macau. Na altura, o IAS disse também que seriam dadas acções de formação, apoio emocional, grupos de interajuda, consulta para informações e encaminhamento de casos aos cuidadores de famílias sem serviços de cuidados ao domicílio, enfermagem e reabilitação.

Ng Lap Seng | Libertação antecipada por risco de infecção com Covid-19

O empresário de Macau vai ser libertado após ter cumprido dois anos e dez meses da pena de prisão a que tinha sido condenado por corromper dirigentes das Nações Unidas

 

Ng Lap Seng vai sair mais cedo da prisão, após um juiz norte-americano ter considerado que o milionário está mais seguro em Macau do que numa prisão, a correr o risco de ser infectado por covid-19. A notícia foi avançada pela agência noticiosa Reuters, depois de Ng ter cumprido dois anos e dez meses da pena de quatro anos a que tinha sido condenado por corromper dirigentes das Nações Unidas.

Segundo a ordem do juiz Vernon Broderick, as autoridades devem proceder à “libertação por compaixão” de Ng, porque há sinais de que a saúde do milionário de 72 anos está cada vez pior e que o risco de estar numa prisão com centenas de infectados é muito elevado. “Há um certo nível de humanismo que decidi exercer”, justificou Broderick, segundo a Reuters, quando anunciou a libertação do empresário de Macau.

O juiz afirmou ainda que Ng tem de regressar o mais depressa possível a Macau, uma região tida como mais segura a nível de saúde do que a prisão de Pennsylvania, e que deve ser entregue aos serviços de imigração americanos, para tratarem deste processo.

Ao libertar Ng Lap Seng, Vernon Broderick negou as pretensões do procurador Daniel Richenthal, que pretendia que se respeitasse o período para cumprir a pena.

E a vacina?

Richenthal argumentou que Ng já tinha sido vacinado com a primeira dose da Moderna e que seria inoculado com a segunda dose a 26 de Março. “O senhor Ng não corre risco nem é um risco para os outros porque está vacinado”, argumentou o procurador. “E isso tem de ser considerado e muda toda a situação”, acrescentou, antes de Broderick ter tomado a decisão final. O procurador argumentava ainda que com a vacinação as razões para uma libertação precoce eram “diminuídas de forma substancial”.

No pólo oposto, o advogado de Ng, Benjamin Brafman, elogiou a decisão da Justiça americana. De acordo com o causídico, Broderick “compreendeu o custo humano de mudar de ideias, depois de Ng ter sido informado que já cumpria as condições para regressar mais cedo a casa”, apontou. “O juiz decidiu que não ia permitir que houvesse este trauma”, acrescentou.

Apesar dos argumentos, o empresário de Macau ganhou a batalha jurídica e vai agora ser vacinado. Depois, será entregue aos serviços de imigração para voar para Macau. De acordo com a leis dos Estados Unidos, Ng já cumpria as condições para ser libertado desde 23 de Dezembro do ano passado.

Ng Lap Seng tinha sido condenado a quatro anos de prisão em 2017 por ter sido dado como provado que tinha subornado dois dirigentes da Organização das Nações Unidas, incluindo o presidente da Assembleia Geral, John Ashe, para garantir apoios na construção de um centro de convenções do organismo em Macau.

Operação policial leva ao repatriamento de mais de 300 pessoas

No espaço de apenas um mês, uma operação policial levou ao repatriamento de 359 pessoas, tendo outras 274 sido encaminhadas para o Ministério Público. As autoridades consideraram que a acção correspondeu às expectativas

 

As autoridades policiais repatriaram 359 pessoas no seguimento da “Operação Preventiva do Inverno 2021”, que durou apenas um mês. A iniciativa envolveu acções de combate ao crime nas vias públicas, centros comerciais, karaokes, casinos e periferias, comunicaram os Serviços de Polícia Unitários (SPU).

Estiveram envolvidos mais de sete mil agentes policiais, que identificaram 21.581 indivíduos, dos quais 1.132 foram conduzidos à polícia para efeitos de averiguações e 359 repatriados. A operação decorreu entre 22 de Janeiro e 21 de Fevereiro, com a intervenção da Polícia Judiciária, o Corpo de Polícia de Segurança Pública e os Serviços de Alfândega, e sob a lideranças dos SPU.

De entre os indivíduos levados às autoridades, 274 foram encaminhados para o Ministério Público por suspeita de terem cometido crimes. Em causa, estão, por exemplo, 15 pessoas suspeitas do crime de usura, 23 indivíduos por actos ligados a estupefacientes, 26 por furto e 29 por burla.

“Além disso, 18 indivíduos foram interceptados em cumprimento de mandados de detenção emitidos pelas autoridades judiciárias e ordens de intercepção, entre os quais 7 foram enviados para o estabelecimento prisional para cumprimento de penas”, diz a nota. Por outro lado, foram também detectadas actividades que não correspondiam a turismo, com 120 pessoas detidas por troca ilegal de dinheiro e 39 por prostituição.

Expectativas cumpridas

A operação foi levada a cabo tendo em conta o “aumento gradual do número de turistas” e a “tendência dos residentes ficarem em Macau passar a festividade do Ano Novo Lunar”, com o objectivo de reprimir actos ilícitos. As autoridades consideram quea operação “conseguiu atingir os resultados esperados” e que contribuiu “para a manutenção da segurança e a estabilidade da ordem social” do território.

No caso dos Serviços de Alfândega, as acções de combate foram reforçadas durante o Ano Novo Chinês. No âmbito da Lei do Comércio Externo, foram acusadas mais de 200 pessoas e apreendidos produtos como cigarros, cosmética, vestuário de marca, medicamentos e produtos electrónicos.

TUI mantém decisão do Governo que anula troca de terreno da Fábrica de Panchões 

O Tribunal de Última Instância (TUI) manteve a decisão do Governo que anula um acordo para a troca do terreno onde está situada a antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na vila da Taipa, por um outro terreno, com uma dimensão muito superior, na avenida da Praia, também na Taipa.

O caso remonta a 2001, quando foi assinado um “termo de compromisso” entre o Executivo e a Sociedade de Desenvolvimento Predial Baía da Nossa Senhora da Esperança SA, e que visava “a troca de todas as parcelas de terreno” onde está situada a antiga fábrica por um terreno na Baía da Nossa Senhora da Esperança. Esse acordo visava ainda “a cedência de parte dos direitos a uma outra sociedade”, pela qual a Sociedade acima referida terá recebido 500 milhões de dólares de Hong Kong. O objectivo desta troca de terrenos seria “a construção de um complexo turístico e habitacional, a definir no plano de aproveitamento a elaborar pela recorrente”.

No entanto, em 2017, um despacho assinado pelo então Chefe do Executivo, Chui Sai On, anulou este procedimento, por “existir uma impossibilidade legal”, o que levou a um recurso apresentado pela Sociedade junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que o considerou improcedente.

Diferença “entra pelos olhos”

Agora o TUI veio dar razão ao Governo, considerando que a decisão do Chefe do Executivo “limitou-se a dar boa execução prático-jurídica ao legalmente consagrado princípio da proporção de valores dos terrenos em objectiva prossecução e defesa do interesse público”.

Desta forma, entende o TUI que “não se vislumbra, com tal decisão, nenhum resquício sequer de ofensa ou colisão com qualquer princípio de direito administrativo ou de abuso de direito, como pela recorrente vem alegado”. O tribunal lembrou que o terreno onde está a antiga Fábrica de Panchões tem uma área de apenas 3.002 metros quadrados, bastante inferior aos 53.000 metros quadrados do terreno na avenida da Praia. “O mesmo é dizer que a diferença é tanta que entra pelos olhos, pelo que é manifesto não se poder acolher a pretensão da ora recorrente”, esclarece o acórdão.

Notícias falsas | Docente da UM diz que legislação é suficiente, mas pede debate

Rostam Neuwirth, professor da faculdade de Direito da Universidade de Macau, defende que a legislação local dá resposta à questão das notícias falsas, mas alerta para a falta de debate sobre o tema e para a mudança como é pensada a informação num território “local, mas, ao mesmo tempo, membro de organizações internacionais”

 

A legislação em vigor na RAEM dá resposta suficiente às notícias falsas, mas a questão ultrapassa a dimensão legal. A ideia é deixada por Rostam Neuwirth, professor da faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM) e director do departamento de Estudos Jurídicos Globais, que organizou na passada quarta-feira uma palestra intitulada “Legal Synaesthesia and the Regulation of ‘Fake News’”.

“Não há uma lei específica sobre notícias falsas, apenas temos o novo regime jurídico da protecção civil que menciona a disseminação de notícias falsas numa situação de desastre natural e espalhar rumores”, começou por dizer ao HM.

“Vários países têm abordado o problema de diferentes ângulos. O problema não está na lei, porque penso que a lei em Macau é suficiente para enfrentar o problema das notícias falsas. O que falta é um debate de como deve ser ajustada a percepção da informação”, acrescentou.

Para Rostam Neuwirth, “Macau tem sorte porque é um território local mas, ao mesmo tempo, é membro das organizações internacionais, da UNESCO. Isso mostra que aqui também existem responsabilidades internacionais e isso serve para todas as entidades”.

Questão além-fronteiras

Para o professor da UM, a questão das notícias falsas é, sobretudo, um problema mundial. “Não há uma lei [que regule as notícias falsas] e, neste momento, o debate está fragmentado. Vários países estão a discutir quadros regulatórios sobre notícias falsas, mas isso não vai resolver o problema. Como académico e professor digo que temos de pensar em como educamos os estudantes de Direito e os preparamos para o futuro.”

O conceito abordado na palestra, “legal synaesthesia” [sinestesia jurídica], está relacionado “com a ideia de que quando enviamos informação com um sentido e ela acaba por ter um sentido oposto”. “É como se ao ouvir música víssemos cores. Acredito que qualquer aproximação a um sistema regulatório deve ter uma abordagem global, porque hoje em dia a informação transpõe fronteiras e há questões controversas sobre as notícias falsas, tal como a interferência em eleições estrangeiras”, frisou o docente.

Nesse sentido, o debate deve versar sobre “aquilo que é verdadeiro e o que é mentira, o que é bom e mau, o que é legal e ilegal”. “Estamos numa altura interessante em que as coisas mudam muito rapidamente e temos de ajustar os limites, repensar a nossa lógica. Mesmo a distinção entre factos e ficção, é às vezes difícil”, rematou Rostam Neuwirth.

Economia | Agnes Lam debateu programa de cupões de desconto

A deputada Agnes Lam voltou ontem a criticar o programa de cupões de pagamento electrónico do Governo, durante um debate que organizou com Chan Kuai Son, representante de associação de Pequenas e Médias empresas, e o académico Fung Kwan, especialista em economia.

Durante a conversa, Agnes Lam considerou que a forma como os 5 mil milhões de patacas vão ser distribuídos faz com que o programa se transforme em “água que está ao longe e não pode ser utilizada para apagar o fogo próximo”.

Segundo a proposta do Executivo, os cidadãos podem obter um cupão de 10 patacas de consumo, caso gastem 30 patacas. Agnes Lam indicou em relação a este aspecto que não serve para ajudar os desfavorecidos, com menor poder de conta, que vão ter menos cupões para gastar.

Por sua vez, o economista Fung Kwan, da Universidade de Macau, apontou que os desempregados vão ser ajudados porque o Governo vai antecipar a distribuição do programa de comparticipação pecuniária, ou seja o cheque de 10 mil patacas para residentes permanentes e 6 mil patacas para residentes não permanentes.

Segundo o académico, o cheque pode ser utilizado para que os cidadãos desfavorecidos possam utilizar o programa de cupões electrónicos.

Por sua vez, Chan Kuai Son defendeu que o Executivo precisa explicar melhor aos cidadãos as intenções e a forma como vai funcionar a distribuição de 5 mil milhões de patacas. Chan mostrou-se ainda preocupado que a complexidade do programa faça com que as pessoas não queiram gastar o suficiente para ajudar a economia.

Apoios | Mak Soi Kun quer cupões de descontos e preços mais baixos

O deputado Mak Soi Kun sugeriu ao Governo que interceda junto das câmaras de comércio e associações empresariais para que sejam introduzidos descontos durante a implementação do plano de cupões de desconto através de plataformas electrónicas.

O objectivo é promover o consumo, seguindo a lógica de quem compra mais, terá mais descontos. Mak Soi Kun chegou à conclusão, depois de consultar a opinião de académicos, que para estimular o consumo, proteger o emprego, estabilizar a economia e defender o nível de vida dos residentes são necessárias várias medidas que suportem o plano de apoios anunciado pelo Governo.

Além de beneficiar os consumidores, o deputado entende que uma campanha de descontos poderá promover a reputação dos lojistas e exponenciar as oportunidades de negócio das empresas. A ideia é sacrificar um pouco os lucros, mas estimular o volume de negócios, uma solução win-win para as duas faces da moeda, na óptica de Mak Soi Kun.

Eleições | CAEAL nega que ocultar artigos fora da campanha seja censura

A comissão eleitoral defendeu que exigir aos meios de comunicação social que ocultem artigos online sobre as eleições, fora do período de campanha, não restringe a liberdade de expressão. Candidaturas que apoiem os protestos de Hong Kong serão analisadas legalmente “caso a caso”

 

Os meios de comunicação vão ter de retirar ou ocultar artigos online que incidam sobre candidatos à Assembleia Legislativa, na véspera e no dia das eleições. O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), o juiz Tong Hio Fong, justificou ontem a medida com a possibilidade de haver mais propaganda online do que no passado, pretendendo assim evitar que as intenções de voto sejam influenciadas.

Tong Hio Fong disse que a medida não se aplica a todos os artigos, mas apenas aos “relacionados com os actos de propaganda eleitoral”. Note-se que a Lei Eleitoral define como propaganda eleitoral a actividade realizada “por qualquer meio” que dirija “a atenção do público para um ou mais candidatos” e que “sugere, de forma expressa ou implícita, que os eleitores votem ou deixem de votar nesse candidato ou candidatos”.

O presidente da CAEAL rejeitou tratar-se de censura. “Não estamos a limitar ou restringir a liberdade de expressão dos amigos da comunicação social, estamos simplesmente a seguir a lei. Conforme a lei, no dia de reflexão e fora da campanha eleitoral não se deve fazer campanha”.

A CAEAL alertou também que cada eleitor só pode assinar um boletim para a comissão de constituição de candidatura, frisando que “a assinatura é uma manifestação da posição política”. Os boletins vão agora ser acompanhados de uma página separada a explicar a sua finalidade. “Conforme as experiências anteriores conseguimos ver que os eleitores não sabem muito bem o que assinaram”, comentou o presidente da comissão, acrescentando que talvez tenham sido por causa de amigos, dizendo que ao fazer mais assinaturas pode “receber mais regalias”.

Piar fininho

Infracções à lei podem impossibilitar a participação nas eleições. “Conforme a lei eleitoral, todos os candidatos têm de declarar defender a Lei Básica e ser fiel à RAEM, bem como à República Popular da China. Daí, todos os candidatos que fizerem algo que está a contrariar a lei têm a possibilidade de ser desqualificados”, disse Tong Hio Fong.

Questionado se apoiar os protestos de Hong Kong é considerado ilegal, o juiz indicou que as situações serão avaliadas individualmente. “Vamos analisar caso a caso, analisando o conteúdo. Vou dar um exemplo: se está a apoiar os protestos [pela independência] de Hong Kong, então está já a violar as disposições da Lei Básica, ou seja, a ordem constitucional”, respondeu. O juiz esclareceu também que oferecer dinheiro em troca de apoio, constitui uma violação da lei.

Por outro lado, a CAEAL reconheceu que a pandemia pode afectar o uso de alguns locais de votação. “Estamos a contactar frequentemente os Serviços de Saúde. Se houver indícios de surto de epidemia vamos ter procedimentos especiais e ajustamentos”.

Cimeira EUA-China | Expectativas realistas vs. esperanças irrealistas

Uma reunião de alto nível, inicialmente proposta por Washington, está a decorrer desde ontem e será concluída hoje, sexta-feira em Anchorage, no Alasca. O evento reunirá Yang Jiechi, diretor do Gabinete da Comissão de Negócios Estrangeiros, Wang Yi, conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, e Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA.

A reunião será o primeiro contacto pessoal de alto nível entre os dois governos desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assumiu o cargo em 20 de janeiro.

A Organização das Nações Unidas disse na terça-feira que espera um “resultado positivo” da reunião. “Esperamos que a China e os EUA possam encontrar formas de colaborar em questões críticas, designadamente nas mudanças climáticas e na reconstrução do mundo pós-Covid”, disse Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Todos esperamos e encorajamos as duas grandes potências a pensar com cautela antes de decidir que a outra é um adversário”, disse por sua vez o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, numa entrevista à BBC. “Não é possível escolhermos um ou outro porque temos laços muito intensos e extensos tanto com os Estados Unidos quanto com a China”.

Expectativas chinesas

Yuan Zheng, vice-director do Instituto de Estudos Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que os ataques de alto nível de Washington contra a China antes do seu diálogo com Pequim “visam aumentar a tensão e as suas tentativas de pressionar a China não terão sucesso”. “Os repetidos ataques, por sua vez, traem a falta de confiança de Washington, e tais comentários servem como uma ferramenta de guerra psicológica”, disse Yuan.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, disse na quarta-feira que a aceitação da China do convite dos EUA para participar da reunião do Alasca “manifesta nossa boa vontade e sinceridade” em retomar o diálogo e intercâmbio bilateral e melhorar e desenvolver os laços entre os dois países. “O confronto China-EUA não serve aos interesses da comunidade internacional”, acrescentou Zhao.

Reagindo aos resultados de uma pesquisa recente divulgada pela Gallup, relatando um aumento na hostilidade contra a China entre o público dos EUA, Zhao disse que os danos causados pela campanha de difamação massiva da administração anterior dos EUA contra a China “não foram ainda mitigados”.
Chen Dongxiao, presidente dos Institutos de Estudos Internacionais de Xangai, disse que a abordagem aos laços China-EUA exige “expectativas realistas” em vez de “esperanças irrealistas”, e que ambos os lados deveriam agarrar a chance de diálogo “com um forte senso de urgência”.

“Ficar parado por um muito tempo significa perder oportunidades… A próxima reunião é uma boa oportunidade para ambos os lados compararem notas e traçarem limites”, disse Chen. Chen sublinhou a importância de garantir o resultado final dos laços China-EUA: evitar que erros de cálculo ou de julgamento levem a conflitos militares.

Cimeira EUA-China | EUA partem de “posição de força”, diz Anthony Blinken

“A relação com a China é muito complexa: tem aspectos adversativos; tem aspectos competitivos; tem aspectos cooperativos”, disse Anthony Blinken, secretário de Estado dos EUA. “Mas o denominador comum ao lidar com cada um deles é garantir que estamos a abordar a China de uma posição de força, e essa força começa com nossa aliança, com a nossa solidariedade, porque é realmente um activo único que temos e a China não tem.”

“O encontro é para abrir as linhas de comunicação e para que nossos responsáveis sejam muito, muito francos com seus responsáveis sobre a longa lista de preocupações”, disse um alto funcionário a repórteres. “Isto envia uma mensagem: os EUA, apesar dos pedidos chineses, não vão parar de comentar sobre o comportamento da China dentro do seu próprio país, na sua periferia e internacionalmente “, disse Robert Daly, director do Instituto Kissinger para a China.

Joshua Eisenman, professor associado da Escola de Assuntos Globais Keough da Universidade de Notre Dame, disse que a viagem de Blinken a Tóquio e Seul antes da reunião, bem como a cimeira virtual do presidente Biden com os líderes do Japão, Índia e Austrália na semana passada, sublinha a força renovada das alianças regionais. “Nós falamos de uma posição de força, que eu acho que faltou na última administração”, disse Eisenman.

“A China é um adversário autoritário formidável, que fortalece metodicamente as suas capacidades de roubar propriedade intelectual, reprimir o seu próprio povo, intimidar os seus vizinhos, expandir o seu alcance global e construir influência na sociedade americana”, disse William Burns, indicado por Biden para chefiar a CIA.

Blinken disse que as tarifas e as políticas comerciais ainda estavam a ser revistas, mas sublinhou que há preocupações comerciais fundamentais que a China ainda não abordou, incluindo subsídios, transferência de tecnologia e roubo de propriedade intelectual.

Autoridades dos EUA deram também um alarme nos últimos dias sobre a influência de Pequim na América Central e do Sul. O comandante das forças dos EUA na região, almirante Craig Faller, disse a um comité do Senado na terça-feira que a China está empenhada “no hemisfério sul, incluindo o uso de vacinas contra o coronavírus como alavanca para forçar os países a reduzir os laços com Taiwan ou aceitar a tecnologia 5G chinesa. Sinto uma sensação de urgência “, advertiu.” A nossa influência está a desgastar-se”. “Biden deixou claro, tanto para o público americano quanto para Pequim, que não será fácil para a China”, concluiu Daly.

Encontro China-EUA | Cui Tiankai, Embaixador chinês nos EUA, esclarece posições e levanta dúvidas

O Embaixador da China nos EUA, Cui Tiankai, reuniu com a imprensa no Alasca antes do encontro bilateral China-EUA. Esta será a primeira reunião presencial de alto nível, desde que o actual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assumiu o cargo. “A China não espera um diálogo que resolva todas as questões entre a China e os EUA”, disse Cui Tiankai. Segundo o embaixador a China não tem expectativas excessivamente altas embora espere que a reunião possa dar início a um processo franco, construtivo e racional de diálogo e comunicação entre as duas partes. “Se conseguirmos isso, poderemos considerar este diálogo um sucesso”, disse Cui

 

O Diálogo Estratégico de Alto Nível China-EUA vai começar. Nos últimos anos, as relações sino-americanas caíram no ponto mais baixo desde o estabelecimento das relações diplomáticas. Esta é a primeira reunião presencial de alto nível desde que o presidente dos Estados Unidos, Biden, assumiu o cargo. Qual é a expectativa da China para este encontro?

Este diálogo de alto nível entre os dois países em Anchorage é o primeiro diálogo frente a frente desde que a administração Biden assumiu funções. Acho que ambas as partes atribuem grande importância a isso. Fizemos muitos preparativos nos últimos dias. É claro, não esperamos resolver todos os problemas num diálogo, então não temos expectativas irrealistas. Esperamos que isto seja um começo e que os dois lados iniciem um processo de comunicação honesto, construtivo e racional. Se isso puder ser alcançado, o diálogo já terá sido bem-sucedido. Em suma, espero que ambas as partes venham com sinceridade e saiam com um melhor entendimento um do outro.

Antes deste diálogo, um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA decidiu visitar primeiro o Japão e a Coreia do Sul após assumir o cargo. Uma cimeira por vídeo foi também realizada entre os Estados Unidos, Japão, Índia e Austrália. Alguns analistas afirmam que a acção dos EUA visa conquistar aliados para firmar uma “posição dominante” neste diálogo estratégico com a China. Como analisa estes desenvolvimentos?

Sempre há alguns assuntos que precisam ser discutidos e comunicados entre os países. Na minha opinião, eles podem falar sobre as questões que lhes dizem respeito. Como é óbvio, apenas diz respeito aos Estados Unidos e a outros países que desejem desenvolver as suas relações bilaterais. Apenas esperamos que tais actividades não tenham como alvo um terceiro país ou prejudiquem os interesses de um terceiro país. Algumas pessoas podem pensar que estes encontros estão relacionados com o diálogo com as autoridades chinesas.

Na verdade, essa abordagem não é necessária nem útil. Assim como quem anda sozinho à noite e canta para ajudar a ganhar coragem, mas não adianta muito. Se tiverem alguma dúvida, devem falar directamente com o lado chinês.

Acho que a maioria dos países do mundo, incluindo alguns aliados dos Estados Unidos no mundo e na Ásia, se deparam com incógnitas. Uma é se os Estados Unidos podem realmente desempenhar um papel de responsabilidade nos assuntos internacionais. A segunda questão é se os Estados Unidos estão realmente dispostos a retomar a cooperação multilateral e a dar sua devida contribuição à cooperação multilateral.

Há outra questão. Estarão os Estados Unidos realmente preparados para demonstrar o devido respeito pelos interesses de outros países e ouvir as suas vozes? Acho que essas preocupações existem no coração da maioria dos países do mundo, incluindo aliados dos Estados Unidos, mas alguns países não se manifestam. Espero que os Estados Unidos possam entender as preocupações de todos.

Vimos ontem que o Departamento de Estado dos EUA anunciou que impôs sanções a 24 funcionários chineses devido a questões relacionadas com Hong Kong. Durante a visita anterior ao Japão, altos funcionários dos EUA fizeram repetidamente alguns comentários negativos e até mesmo críticas à China. Essas acções dos EUA afectarão a atmosfera do diálogo? A China vai diminuir as suas expectativas por causa disso?

Na verdade, não é a primeira vez que os EUA prejudicam a soberania da China e as relações bilaterais. A nossa posição é muito clara. Nós opomo-nos firmemente e tomaremos as contramedidas necessárias, e esta não é uma excepção. Também expressaremos nossa posição claramente nesta reunião, e não faremos compromissos e concessões sobre essas questões a fim de criar uma suposta “atmosfera”. Nunca faremos isso!

De acordo com as informações divulgadas pelos EUA, serão discutidas questões relacionadas a Hong Kong, Xinjiang e Taiwan neste diálogo, e somente quando forem atingidas as expectativas dos EUA, poderá haver continuidade. Como responde a China a isso? A China vai ceder em algumas questões?

Para ser honesto, os meus colegas em Pequim fizeram muitos preparativos para este diálogo, incluindo os preparativos sobre os tópicos de discussão e prevenção de epidemias. Eles adoptaram as medidas de segurança e precaução mais abrangentes e rígidas, incluindo a vacinação e os testes de Covid-19. Devo dizer que muitos esforços foram feitos. Se alguém pensa que desta vez a China veio ao Alasca para fazer concessões, então eu sugeriria que os meus colegas em Pequim cancelassem esta viagem o mais rápido possível. Para quê perder tempo em vir aqui? Espero que as pessoas com essa ideia desistam dessa ilusão.

Foi mencionado que a China tomará medidas defensivas. Há alguma acção específica que a China esteja considerando?

Já tomamos algumas contramedidas. Com a evolução da situação, continuaremos a fazê-lo, se necessário.

Hong Kong | Representantes do governo central realizaram vários eventos sobre o sistema eleitoral

A estabilidade política e a segurança parece ser a grande preocupação dos residentes de Hong Kong que falaram com os representantes do Governo Central

 

Representantes do governo central realizaram mais de 60 simpósios, além de realizarem visitas e debates em Hong Kong, entre segunda e quarta-feira, para solicitar a opinião de uma ampla gama de sectores sobre a implementação da decisão da Assembleia Popular Nacional (APN) sobre a melhoria do sistema eleitoral de Hong Kong.

Zhang Xiaoming, vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Luo Huining, director do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEHK, e Zhang Yong, vice-chefe da Comissão para os Assuntos Legislativos da APN participaram nas reuniões e outras actividades.

Devido aos requisitos de controlo epidémico, a colecta de opiniões foi organizada em várias sessões de pequena escala. Mais de 1000 representantes dos sectores político, comercial, financeiro, profissional e do trabalho, bem como do governo e organizações sociais, fizeram ouvir as suas sugestões.

Os participantes concordaram que é “imperativo e urgente melhorar o sistema eleitoral da RAEHK e remover deficiências e riscos relacionados a nível estadual para a implementação abrangente do princípio ‘Hong Kong administrado por patriotas'”.

A palavra-chave foi sempre “estabilidade”. Estabilidade política e segurança, estabilidade para a implementação constante e sustentada de “um país, dois sistemas” e estabilidade de longo prazo para Hong Kong.

Os participantes disseram que o estabelecimento de um sistema eleitoral que reflita a situação real tem ampla representatividade e garante uma participação política equilibrada por meio da reforma e maior poder do Comité Eleitoral, o que ajudará a salvaguardar a ordem constitucional e os interesses gerais e fundamentais da RAEHK, melhorar a eficiência da administração e manter a prosperidade e estabilidade de longo prazo de Hong Kong.

Os representantes de diversos sectores de Hong Kong também deram sugestões específicas sobre a melhoria do sistema eleitoral e pediram esforços para agilizar o processo legislativo para que o novo sistema eleitoral para a selecção do chefe do Executivo e a formação do Conselho Legislativo saia em uma data anterior.
Face a estes conselhos, os representantes do governo central disseram que permanecem “inabaláveis na determinação de implementar de forma abrangente e precisa as políticas de ‘um país, dois sistemas’, gente de Hong Kong administrando Hong Kong’ e alto grau de autonomia”. “É responsabilidade comum dos departamentos do governo central, do governo e da legislatura da RAEHK, e de vários sectores em Hong Kong, implementar a decisão da ANP que tem a autoridade máxima”, disseram.
“Melhorar o sistema eleitoral fornece uma garantia institucional e também requer maior capacidade e competência da administração da RAEHK”, disseram.
“Os representantes do governo central relatarão de forma abrangente e objetiva as sugestões de Hong Kong ao Comité Permanente da ANP”, concluíram os representantes.