Sem futuro para 2021

É possível estar-se genuinamente só quando se tem um passado? A infância, como laboratório da existência e o resto, aquele momento em que nos abjugamos porque socialmente estávamos alinhavados para a excursão. Moldados para as várias provações e apetrechados de conhecimento teórico. Seguir etapas, projetar ideias, praticar a constância na promessa de uma subsequente jubilação. Tenho novidades: nunca ninguém está preparado. “Estar preparado” não existe, não é estável. O que caracteriza o futuro, senão a quimera? O momento é unicamente tão sólido como as energias electromagnéticas – todo o corpo com temperatura maior que 276 graus negativos. O momento isolado do resto do tempo. Pode ser o passado ou pode ser o futuro, o momento pode ser o único que conseguimos percecionar porque ainda não encontramos as menores partículas fundamentais do Universo.

Nenhuma memória é igual ao presente daquele momento do passado. O passado não é o que recordamos mas sim o que recreamos. Há vários mecanismos de defesa do ego que nos ajudam a recriar o passado como forma de continuar. Confiemos neles. Aqueles momentos em que não queríamos o momento mas que no futuro se torna desejável porque o recordamos com lentes positivas. Aquilo que deixou mais marcas ou a forma como preferimos manter determinada reminiscência: intocável, limpa. Limpamos a recordação para a tornarmos mais estética.

Fantasiamos com o passado e isso é o futuro. O futuro é sempre uma fantasia. É uma aspiração impossível de concretizar, é aquela dose necessária de esperança que nos faz pensar que o agora não é só o agora, é também o que será. Esse sentido de futuro é quase nobre. Mas não é real. Todas as expectativas se elevam acima de nós só para não termos de enfrentar o que é já efetivo.

Como quem escapa. É errado escapar? Nenhum sentimento de transgressão nos vais libertar nem de nós nem do presente. Contudo, é possível estar-se mais consciente do momento, prestar-se mais atenção. É nesta simples ideia que podemos encontrar conforto.

Em 2020, todos nos sentimos sós. Em 2020, todos nos sentimos isolados a determinada altura. Por vezes, levou-nos perto da loucura. Não estamos sós enquanto existirmos, por muito que o vazio interior se possa parecer a um abismo. Uma ausência que parece tão concreta e sólida como a terra ou a gravidade. Devemos reconhecê-la, prestar-lhe homenagem, perceber que vazio é este que nos ocupa desta forma e nos leva à loucura. Quando chegarmos a alguma conclusão, teremos percepcionado que esse vazio está repleto de nós. Ele não se apodera de nós porque nós somos o universo. Repleto de projeções e expectativas, repleto de desejos em constante mutação que no momento em que surgem se parecem tanto com tarefas por concretizar. Não possuímos propósito porque já o somos. O único material corpóreo, palpável, tocável, físico e visível. Quando esse lugar desabitado passar por nós, falemos para ele.

Porque isso será o nosso próprio recheio atulhado, satisfeito e pleno. Quando nos ocorrer pensar que não temos futuro, respiremos. O sangue corre-nos nas veias, alheio a todas as nossas dúvidas. A respiração continua, a gravidade mantém-nos de pé. Este medo de cair é só porque alguém nos disse que um dia íamos voar. Não temos de o fazer. Pés na terra, olhos no mar. Somos tão expansivos como o oceano, mais onda, menos onda.

Covid-19 | Província chinesa adopta medidas de bloqueio e confinamento face a novo surto

As autoridades chinesas estão a impor bloqueios e medidas de confinamento numa província do norte da China onde os casos do novo coronavírus mais que duplicaram nos últimos dois dias.

As ligações ferroviárias, aéreas e rodoviárias para Shijiazhuang, uma cidade com cerca de 11 milhões de habitantes que serve como capital da província de Hebei, foram suspensas e as medidas de prevenção e controlo reforçadas nas comunidades urbanas e vilas próximas. As aulas foram suspensas e os dormitórios das escolas isolados.

A Comissão Nacional de Saúde anunciou que 51 novos casos foram confirmados na província de Hebei, nas últimas 24 horas, elevando o total para 90 desde domingo. Hebei é a província adjacente a Pequim. A maioria dos casos foram detectados na cidade de Shijiazhuang.

As autoridades também impuseram medidas igualmente rígidas nas cidades de Shenyang e Dalian, na província de Liaoning, no nordeste da China.

Face ao receio de uma nova vaga de surtos no país, a China está também a desencorajar viagens durante o feriado do Ano Novo Lunar, que se realiza no próximo mês. A principal festa das famílias chinesas é também a maior migração interna do planeta, com dezenas de milhões de trabalhadores a regressarem às respetivas terras natais.

O aumento de casos ocorre também numa altura em que a China e a Organização Mundial da Saúde negociam os termos de uma visita dos investigadores da OMS, para tentar apurar as origens do novo coronavírus, que foi detetado pela primeira vez na cidade central de Wuhan, no final de 2019. A China relatou um total de 87.278 casos de covid-19 e 4.634 mortes.

Covid-19 | Japão declara estado de emergência sanitária em Tóquio durante um mês

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, declarou hoje um novo estado de emergência em Tóquio e nos seus subúrbios por um mês face ao aumento de novas infeções diárias devido ao novo coronavírus.

Yoshihide Suga anunciou hoje a activação desta disposição legislativa “devido ao sério sentimento de perigo perante a rápida expansão nacional (do vírus)”, durante uma reunião com um painel de especialistas.

A declaração de emergência implicará novas restrições ao horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais considerados não essenciais, bem como o pedido de permanência dos cidadãos em casa, embora sem incluir o internamento obrigatório, entre outras medidas.

O Japão ultrapassou na quarta-feira pela primeira vez as 5.000 infeções diárias devido ao novo coronavírus, a maioria em Tóquio.

Em todo o país foram registados 5.307 novos casos, o primeiro número acima dos cinco mil desde o início da pandemia, havendo níveis de recordes diários em várias cidades, segundo estatísticas divulgadas pela televisão estatal NHK.

Em Tóquio foram registados na quarta-feira 1.591 novos casos, o que é também um novo recorde de contágios diários. A capital do país tem cerca de um quarto das quase 260.000 infeções acumuladas em todo o país.

Estes dados foram conhecidos antes de o Governo central declarar um novo estado de emergência na capital e em outras três cidades vizinhas, as mais afetadas pela terceira onda de infeções observada no Japão desde meados de novembro.

O novo estado de emergência, como o que vigorou entre os meses de abril e maio, não inclui o confinamento obrigatório da população, uma vez que a legislação do Japão não prevê essa medida.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.869.674 mortos resultantes de mais de 86,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

EUA | Congresso confirma vitória de Joe Biden como Presidente dos EUA

Já é considerado como um ataque sem precedentes à democracia por parte de Donald Trump, o ainda Presidente dos EUA. Sem aceitar a vitória de Joe Biden nas eleições, Trump apelou aos seus apoiantes para invadirem o Capitólio esta quarta-feira, quando era feita a certificação dos resultados eleitorais. Quatro pessoas morreram. A vitória de Biden foi confirmada pelo Congresso horas depois dos incidentes, na manhã de ontem

 

Um ataque à democracia, uma tentativa de golpe de Estado. Estas têm sido algumas das expressões mais utilizadas por analistas e políticos sobre o que aconteceu esta quarta-feira nos EUA, quando se realizava, no Congresso, em Washington, a certificação dos resultados das últimas eleições presidenciais no país, que deram a vitória a Joe Biden. A vitória acabaria por ser confirmada na manhã de ontem.

Donald Trump, Presidente ainda em funções até ao dia 20 de Janeiro, admitiu que nunca vai aceitar a derrota e apelou aos seus apoiantes para invadirem o Capitólio. Num comício em frente à Casa Branca, Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o edifício e fazer ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”.

Horas mais tarde, Trump pediu aos manifestantes, no Twitter, para se manterem “pacíficos” e respeitarem as forças de segurança. No entanto, a violência acabou mesmo por acontecer, uma vez que os manifestantes forçaram a reacção da polícia. Agentes policiais tiveram de usar armas de fogo para proteger os congressistas, bem como gás lacrimogéneo para dispersar dezenas de manifestantes que entraram no edifício do Capitólio. Quatro pessoas morreram em resultado deste episódio, tendo sido ainda registados inúmeros estragos no interior do edifício. Vários polícias foram feridos durante a invasão, sem serem conhecidos números exactos ou a gravidade dos ferimentos. Pelo menos 52 pessoas foram detidas.

A invasão obrigou à suspensão, por várias horas, do trabalho de discussão da contagem dos votos eleitorais, tendo sido decretado o recolher obrigatório na cidade de Washington a partir das 18h (hora local) até às 6h do dia de ontem.

Alguns dos manifestantes colocaram nas redes sociais imagens da sua presença nas câmaras do Congresso, sentados nas cadeiras de representantes e de senadores, obrigando as forças policiais a usar armas de fogo para garantirem a segurança dos congressistas. Alguns congressistas foram aconselhados a permanecerem debaixo das secretárias e a usar máscaras de gás, para se protegerem, e alguns agentes tiveram mesmo de disparar para refrear as ameaças mais severas.

Segundo a CNN, o Gabinete da Casa Branca está a ponderar invocar a 25.ª Emenda da Constituição norte-americana, que pode ser usada em situações em que o Presidente do país está “incapaz de pôr em prática os poderes e os deveres” do cargo. Se fosse invocada, o vice-Presidente, Mike Pence, passaria a ser Presidente interino.

Biden condenou ataque

Joe Biden, Presidente eleito, falou publicamente sobre a invasão do Congresso quando esta ainda estava no auge. Biden disse estar “chocado e triste” com o ocorrido, que levou o Mayor de Washington a decretar o recolher obrigatório na cidade.

“A nossa democracia está sob um assalto sem precedentes, nunca vimos nada como isto em tempos modernos”, reagiu o presidente-eleito numa sessão com jornalistas que não teve direito a perguntas. “É um assalto contra a cidadela da liberdade, o Capitólio em si. É um assalto contra os representantes do povo, contra a polícia do Capitólio que jurou protegê-los, contra os funcionários públicos que trabalham no coração da nossa república. É um assalto contra o Estado de direito como vimos poucas vezes”, adiantou.

O vencedor das últimas presidenciais frisou também que “as cenas de caos no Capitólio não reflectem a verdadeira América, não representam o que nós somos. O que nós vemos é um pequeno grupo de extremistas, dedicados à falta de lei. Isto não é dissidência. Isto é desordem, é o caos”.
Joe Biden dirigiu-se directamente a Donald Trump. “As palavras de um Presidente importam, independentemente do quão bom ou mau esse Presidente seja. No melhor dos casos, as palavras de um Presidente podem inspirar. No pior dos casos, podem incitar”, continuou.

“Como tal, exijo que o Presidente Donald Trump vá já à televisão nacional para cumprir o seu juramento, defender a Constituição e exigir um fim a este assalto”, acrescentou Biden.

Trump acabou por nunca ir à televisão nacional e tem, neste momento, a sua conta no Twitter, bem como em outras redes sociais, bloqueada por incitamento à violência.

Mike Pence demarcou-se de Trump neste episódio e disse, na retoma dos trabalhos do Congresso, que “a violência nunca vence, a liberdade vence”. “Esta ainda é a casa do povo”, frisou. Pence lamentou “um dia sombrio”. “Mesmo após uma violência e um vandalismo sem precedentes neste Capitólio, os representantes eleitos do povo dos Estados Unidos são de novo reunidos, neste mesmo dia, para defender a Constituição”, sublinhou.

Vitórias confirmadas

Terminado o período de recolher obrigatório em Washington, o Congresso retomou os trabalhos e confirmou, na manhã de ontem, a vitória de Joe Biden como o 46.º Presidente dos EUA. A contagem dos três votos eleitorais de Vermont colocou Biden e a vice-presidente eleita Kamala Harris acima do limite de 270 necessários para ganhar a presidência, noticiou a CNN. O candidato democrata obteve 306 votos do colégio eleitoral, contra os 232 de Donald Trump.

No Senado, os democratas ficam também em maioria, numa contagem que ficou concluída ainda esta quarta-feira. O candidato democrata Jon Ossoff ganhou a segunda volta das eleições no estado norte-americano da Geórgia, tornando-se o mais jovem senador dos EUA e garantindo a maioria democrata do Senado, noticiou a Associated Press.

Com 33 anos, Ossoff derrotou o republicano David Perdue, de 71, que ocupou o assento nos últimos seis anos e tinha o forte apoio do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump. “Geórgia, obrigado pela confiança que me concederam”, disse o candidato, numa breve declaração em que reivindicara a vitória.

Ontem, o Senado recusou uma tentativa dos Republicanos de contestar os resultados na Pensilvânia, confirmando a vitória de Biden neste estado e contrariando as ambições dos apoiantes de Trump. Com 92 votos contra 7, o Senado rejeitou esta tentativa por volta das 1h00 (hora local). Os senadores que contestaram os resultados na Pensilvânia foram os senadores Josh Hawley do Missouri, Ted Cruz do Texas, Tommy Tuberville do Alabama, Cindy Hyde-Smith do Mississippi, Roger Marshall do Kansas, Cynthia Lummis de Wyoming e Rick Scott da Florida.
Antes, a Câmara dos Representares e o Senado já tinham rejeitado uma tentativa de contestar o resultado eleitoral no Arizona.

Donald Trump emitiu um comunicado onde informa que “haverá uma transição ordeira a 20 de Janeiro”, mas mantém a posição de não aceitar a derrota. “Sempre disse que continuaríamos a nossa luta para garantir que apenas os votos legais fossem contados. Embora isto represente o fim do maior primeiro mandato da história presidencial, é apenas o começo da nossa luta para tornar a América grande novamente!”, continuou Donald Trump.

 

As reacções

Obama| “Momento de grande desonra e vergonha”

Barack Obama, ex-Presidente dos EUA, publicou um comunicado na sua conta na rede social Twitter onde defende que aquilo que aconteceu esta quarta-feira foi um “momento de grande desonra e vergonha”. “A História vai lembrar a violência de hoje no Capitólio, incitada por um Presidente em funções que continuou a mentir sem fundamento sobre umas eleições legais, naquele que é um momento de grande desonra e vergonha para a nossa nação. Mas teríamos de estar a brincar connosco próprios se considerámos isto uma surpresa”, escreveu. “Estou tocado por ver tantos membros do partido do Presidente falarem com toda a sua força hoje. As suas vozes juntam-se aos exemplos do partido Republicano e funcionários das eleições em Estados como a Geórgia que recusaram a intimidação e desempenharam as suas funções de forma honesta”, acrescentou.

George Bush | Digno de “República das Bananas”

George Bush, ex-Presidente dos EUA entre os anos de 2001 e 2009, reagiu ao incidente desta quarta-feira como sendo digno de uma “República das Bananas”. “Os resultados das eleições são contestados apenas em repúblicas das bananas e não na nossa república democrática”, afirmou o antigo chefe de Estado, num comunicado citado pela agência AFP. Bush, que pertence ao partido Republicano, tal como Trump, diz estar “chocado com o comportamento irresponsável” de alguns líderes políticos republicanos desde as eleições e pela “falta de respeito” mostrada esta quarta-feira no Capitólio.

MNE | Santos Silva “preocupado”

Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros português, revelou que acompanha com preocupação o “ataque sem precedentes” que foi feito ao Capitólio esta quarta-feira. “Muita preocupação e também com alguma estupefação. Isto não são os EUA, não são as instituições democráticas norte-americanas. É a primeira vez que uma transição entre dois presidentes não se faz de uma forma ordeira e coordenada como a Constituição e as leis americanas prevêem”, disse à Lusa. O ministro português considerou que o “ataque sem precedentes” ao Capitólio é “condenável a todos os títulos”, e criticou as palavras de Donald Trump antes da invasão pelos manifestantes. “Este ataque sem precedentes ao Capitólio americano é também condenável a todos os títulos, e que tenha havido por trás desse ataque, ou imediatamente antes, palavras desajustadas do ainda Presidente, ainda é mais perturbador”.

ONU | António Guterres “entristecido”

O secretário-geral da Nações Unidas, António Guterres, “está entristecido” pelos acontecimentos vividos esta quarta-feira no Capitólio, em Washington, segundo um comunicado publicado pela sua porta-voz, Stephane Dujarric. “Nestas circunstâncias é importante que os líderes políticos reforcem junto dos seus seguidores a necessidade de se absterem de usar violência, assim como a obrigação de respeitarem os processos democráticos e o estado de direito”, lê-se na nota.

PE | David Sassoli “profundamente perturbado”

David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu, revelou estar “profundamente perturbado” e garantiu apoio e solidariedade a Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA. “Os meus pensamentos vão para a sua segurança e a dos seus colegas e espero que a ordem possa ser rapidamente restaurada e que uma transferência de poder pacífica possa ocorrer, em linha com os desejos do povo americano.” A mensagem para a democrata Nancy Pelosi termina com uma oferta de apoio: “Tem o meu total apoio e solidariedade nestes momentos muito desafiantes”.

CE | Von der Leyen acredita “na força da democracia”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse na rede social Twitter que acredita na “força da democracia” nos EUA. “Acredito na força das instituições dos Estados Unidos e na democracia. A transição pacífica deve ser a base.” A presidente da Comissão Europeia disse ainda estar “ansiosa por trabalhar com ele enquanto o próximo Presidente dos EUA”.

UE | Josep Borrell condena “cerco à democracia”

Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, condenou “o cerco à democracia norte-americana”, vincando que os resultados das eleições presidenciais “devem ser plenamente respeitados”. “Aos olhos do mundo, a democracia norte-americana aparece hoje à noite sob cerco. Este é um ataque invisível à democracia norte-americana, às suas instituições e ao Estado de direito”, reagiu Josep Borrell na sua conta oficial do Twitter. Josep Borrell disse, ainda, “louvar as palavras de Joe Biden”, que pediu contenção. “A força da democracia dos Estados Unidos prevalecerá sobre os indivíduos extremistas”, concluiu o chefe da diplomacia europeia.

Kim Jong Un quer reforçar capacidade de defesa do país que já é potência nuclear

O dirigente norte-coreano Kim Jong Un comprometeu-se esta quarta-feira a reforçar as capacidades de defesa do país, uma potência nuclear, durante o congresso do partido no poder, a duas semanas de investidura de Joe Biden como presidente dos EUA.

Em relatório apresentado ao congresso do Partido dos Trabalhadores, Kim comprometeu-se a “colocar as capacidades de defesa do Estado a um nível bem superior e a fixar objetivos a alcançar para o conseguir”, segundo informou a agência noticiosa oficial norte-coreana (KCNA, na sigla em Inglês), recebida em Seul.

O 8.º Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia abriu na terça-feira, em Pyongyang, segundo a KCNA. A agência noticiosa do regime de Pyongyang não fez qualquer referência à arma nuclear nem especificou a natureza dos objetivos a atingir, em matéria de defesa.

Mas, durante uma parada militar em outubro, o regime exibiu um míssil que, segundo vários analistas, era o maior míssil intercontinental que alguma vez tinha sido visto. Desde então, imagens obtidas por satélite mostram “a intensificação dos preparativos para uma parada”. Durante o anterior congresso do partido, em 2016, que durou quatro dias, foi organizado um desfile militar.

Covid-19 | China soma 63 casos, 52 por contágio local e 11 oriundos do exterior

A Comissão de Saúde da China anunciou hoje ter identificado 63 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, entre os quais 52 por contágio local e 11 oriundos do exterior. A província de Hebei, que circunda Pequim, somou 51 casos locais, nas últimas 24 horas, depois de ter registado 100 casos positivos nos três dias anteriores.

A cidade de Shijiazhuang, capital de Hebei, iniciou na quarta-feira uma campanha maciça de testes de deteção da covid-19, que abrange os 11 milhões de habitantes. O outro caso local foi detectado na província de Liaoning, no nordeste da China.

Os 11 casos importados foram diagnosticados em Xangai (leste), Guangdong (sul), Shaanxi (centro) e Hebei (norte). As autoridades chinesas disseram que, nas últimas 24 horas, 21 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infetadas activas no país se fixou em 485, incluindo 13 doentes em estado grave.

A Comissão de Saúde da China não anunciou novas mortes devido à covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, o mesmo desde maio passado. O país somou, no total, 87.278 infectados desde o início da pandemia.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.869.674 mortos resultantes de mais de 86,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Hong Kong | Activista Joshua Wong enfrenta nova acusação por subversão

O activista de Hong Kong Joshua Wong, actualmente a cumprir pena de prisão pelo papel nas manifestações de 2019, foi hoje também acusado de subversão, disseram fontes policiais, citadas pela agência France-Presse (AFP).

O líder estudantil pró-democracia, de 24 anos, já tinha sido condenado a 13 meses e meio de prisão em 02 de dezembro, pelo envolvimento nas manifestações na região administrativa especial no sul da República Popular da China.

Wong, que iniciou o activismo político aos 13 anos e é considerado como uma das principais figuras do movimento pró-democracia em Hong Kong, já passou algum tempo atrás das grades.

Na quarta-feira, mais de 50 figuras da oposição foram presas em Hong Kong, incluindo um advogado dos Estados Unidos, entretanto libertado sob fiança, na maior repressão feita até agora sob a recente lei de segurança nacional imposta pela China. As detenções já foram condenadas pelos Estados Unidos e pela UE, que exigiu a libertação imediata dos activistas.

“Enquanto UE, exigimos a libertação imediata destas pessoas”, disse na quarta-feira o porta-voz da Comissão Europeia para a política externa, Peter Stano, apontando que o assunto será abordado na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, no final deste mês, ocasião na qual serão equacionadas medidas de actuação por parte do bloco comunitário.

Em 2 de Dezembro, três figuras importantes do movimento pró-democracia, Joshua Wong, Agnes Chow e Ivan Lam, foram condenadas a penas de prisão pelo envolvimento nos protestos de 2019.

EUA | Joe Biden diz-se “chocado e triste” com invasão do Capitólio por apoiantes de Trump

O Presidente norte-americano eleito, Joe Biden, condenou a invasão do Capitólio perpetrada por Donald Trump, Presidente em funções até ao dia 20 deste mês. Biden disse estar “chocado e triste” com o ocorrido, que levou o Mayor de Washington a decretar o recolher obrigatório na cidade.

“A nossa democracia está sob um assalto sem precedentes, nunca vimos nada como isto em tempos modernos”, reagiu o presidente-eleito numa sessão com jornalistas que não teve direito a perguntas. “É um assalto contra a cidadela da liberdade, o Capitólio em si. É um assalto contra os representantes do povo, contra a polícia do Capitólio que jurou protegê-los, contra os funcionários públicos que trabalham no coração da nossa república. É um assalto contra o Estado de direito como vimos poucas vezes”, adiantou.

O vencedor das últimas presidenciais frisou também que “as cenas de caos no Capitólio não reflectem a verdadeira América, não representam o que nós somos. O que nós vemos é um pequeno grupo de extremistas, dedicados à falta de lei. Isto não é dissidência. Isto é desordem, é o caos”.
Joe Biden dirigiu-se directamente a Donald Trump. “As palavras de um Presidente importam, independentemente do quão bom ou mau esse Presidente seja. No melhor dos casos, as palavras de um Presidente podem inspirar. No pior dos casos, podem incitar”, continuou.

“Como tal, exijo que o Presidente Donald Trump vá já à televisão nacional para cumprir o seu juramento, defender a Constituição e exigir um fim a este assalto”, acrescentou Biden.

Disparos dentro do Capitólio

Agentes policiais tiveram de usar armas de fogo para proteger congressistas, depois de manifestantes pró-Trump terem invadido o Capitólio dos EUA, enquanto eram contados votos do Colégio Eleitoral.

Os agentes de segurança usaram ainda gás lacrimogéneo para dispersar dezenas de manifestantes que acabaram por entrar no edifício, invadindo a Câmara de Representantes e o Senado, que tiveram de interromper os trabalhos de contagem dos votos do Colégio Eleitoral, para validar a eleição do democrata Joe Biden.

Agentes das forças de segurança interna e membros da polícia de choque foram destacados para o Capitólio, para auxiliar a polícia destacada para a segurança do Congresso, que se mostrava impotente para travar os milhares de manifestantes que se juntaram quando os congressistas estavam reunidos.

Alguns dos manifestantes colocaram nas redes sociais imagens da sua presença nas câmaras do Congresso, sentados nas cadeiras de representantes e de senadores, obrigando as forças policiais a usar armas de fogo para garantirem a segurança dos congressistas.

Alguns congressistas foram aconselhados a ficar debaixo das secretárias e a usar máscaras de gás, para se protegerem, e alguns agentes tiveram mesmo de disparar as suas armas, para refrear as ameaças mais severas.

O presidente da Câmara de Washington ordenou o recolher obrigatório a partir das 18:00 (hora local), para ajudar no esforço das forças de segurança para conter os milhares de manifestantes que se concentraram no Capitólio.

Vitória não aceite

Milhares de manifestantes tinham-se reuniram-se ontem em Washington, protestando e contestando a vitória do democrata Joe Biden. Num comício em frente à Casa Branca, Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o Capitólio e fazer ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”, tendo mesmo dito que “nunca” aceitaria a sua derrota nas eleições de 03 de novembro.

Os manifestantes obedeceram ao comando do Presidente cessante e dirigiram-se para o Capitólio, tendo mesmo forçado a oposição da polícia, que tentou impedir a sua entrada no edifício.

Vários legisladores, incluindo republicanos, usam as suas contas na rede social Twitter para criticar a ação dos manifestantes, dizendo que não se vão deixar intimidar pela sua presença ou pelos seus apelos para que a contagem de votos do Colégio Eleitoral seja rejeitada.

Na sua conta pessoal da rede social Twitter, Donald Trump limitou-se a pedir aos manifestantes para serem “pacíficos” e respeitarem as forças de segurança.

EUA | Apoiantes de Donald Trump invadem Congresso. Mayor de Washington decreta recolher obrigatório

O presidente da Câmara de Washington D.C. ordenou recolher obrigatório e o Capitólio fechou as portas, depois de manifestantes pró-Trump terem invadido o Congresso dos EUA.

A polícia do Capitólio pediu ajuda a outras forças policiais, para lidar com os milhares de manifestantes pró-Trump que se juntaram em frente ao Capitólio, forçando a entrada no Congresso e obrigando à interrupção dos trabalhos de contagem de votos do Colégio Eleitoral, para validar a eleição do democrata Joe Biden.

O presidente da Câmara de Washington ordenou o recolher obrigatório a partir das 18:00 (hora local), para ajudar no esforço das forças de segurança para conter os milhares de manifestantes que se concentraram no Capitólio.

As forças de segurança deram máscaras anti-gás aos legisladores que estavam em trabalho e começaram a evacuar a Câmara de Representantes e o Senado, tentando também retirar das instalações o vice-Presidente, Mike Pence, que liderava a sessão de contagem de votos. Um embrulho suspeito foi também retirado da área do capitólio, segundo as autoridades.

Os confrontos entre manifestantes e a polícia do Capitólio obrigou à chamada de várias forças de segurança, incluindo o serviço secreto, por causa da presença de Mike Pence.

Milhares de manifestantes tinham-se reunido ontem em Washington, protestando e contestando a vitória do democrata Joe Biden.

Num comício em frente à Casa Branca, Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o Capitólio e fazer ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”, tendo mesmo dito que “nunca” aceitaria a sua derrota nas eleições de 3 de Novembro.

Os manifestantes obedeceram ao comando do Presidente cessante e dirigiram-se para o Capitólio, tendo mesmo forçado a oposição da polícia, que tentou impedir a sua entrada no edifício.

Os trabalhos de discussão da contagem de votos eleitorais ficaram assim, para já suspensos, enquanto canais televisivos transmitem imagens de distúrbios nas escadas do Capitólio.

Vários legisladores, incluindo republicanos, usam as suas contas na rede social Twitter para criticar a ação dos manifestantes, dizendo que não se vão deixar intimidar pela sua presença ou pelos seus apelos para que a contagem de votos do Colégio Eleitoral seja rejeitada.

Covid-19 | China nega ter impedido especialistas da OMS de entrarem no país

A China negou ontem ter impedido a entrada no país de uma equipa de especialistas que vai examinar as origens da covid-19 e garantiu que as discussões com a Organização Mundial da Saúde (OMS) prosseguem.

“A China está em contacto com a OMS para que especialistas possam visitar o país. A China está a trabalhar muito nas ambiciosas tarefas de prevenção, mas ainda enfrenta dificuldades para acelerar os preparativos, algo que a OMS sabe perfeitamente bem”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.

Hua afirmou que “primeiro é preciso concluir os procedimentos necessários e tomar as medidas pertinentes”. “Ainda estamos a negociar com a OMS sobre isso”, apontou. “Nunca houve qualquer problema de cooperação entre a China e a OMS. (…) As duas partes estão em contacto para marcar uma data e preparar a visita”, acrescentou.

O director da Organização Mundial da Saúde disse “estar desiludido” com as autoridades chinesas, por não terem ainda permitido a entrada na China de uma equipa de especialistas que vai examinar as origens da covid-19.

Numa rara crítica a Pequim, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que os membros de uma equipa internacional de cientistas encarregada de rastrear a origem do novo coronavírus deixaram os respectivos países nas últimas 24 horas, como parte de um acordo com o Governo chinês.

“Hoje soubemos que as autoridades chinesas ainda não finalizaram as permissões necessárias para a chegada da equipa à China”, disse Tedros, durante uma conferência de imprensa, em Genebra.

A missão é formada por dez cientistas (Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Austrália, Rússia, Vietname, Alemanha, Estados Unidos, Qatar e Japão) reconhecidos em diversas áreas de actuação. Alguns estão vinculados à OMS e outros à Organização Mundial de Saúde Animal. Espera-se que os especialistas visitem a cidade de Wuhan, onde foram detectados os primeiros casos de covid-19 em dezembro de 2019.

Covid-19 | Japão ultrapassa pela primeira vez as 5.000 infeções diárias

O Japão ultrapassou ontem pela primeira vez as 5.000 infeções diárias devido ao novo coronavírus, a maioria em Tóquio, no momento em que o Governo finaliza o anúncio de um novo estado de emergência.

Em todo o país foram registados ontem 5.307 novos casos, o primeiro número acima dos cinco mil desde o início da pandemia, havendo níveis de recordes diários em várias cidades, segundo estatísticas divulgadas pela televisão estatal NHK.

Em Tóquio foram registados hoje 1.591 novos casos, o que é também um novo recorde de contágios diários. A capital do país tem cerca de um quarto das quase 260.000 infeções acumuladas em todo o país.

Esses dados são conhecidos antes de o Governo central declarar um novo estado de emergência na capital e em outras três cidades vizinhas, as mais afetadas pela terceira onda de infeções observada no Japão desde meados de novembro.

O Executivo central planeia declarar a emergência nas quatro cidades a partir de quinta-feira e com duração de um mês, uma vez que conclua o processo de consulta com uma comissão de especialistas em saúde e explique a medida perante a Dieta (Parlamento) do Japão.

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, anunciou na última segunda-feira que o seu objetivo é aplicar essa medida de forma mais “limitada” do que a que vigorou em todo o país na primavera passada para enfrentar a primeira onda de infeções.

Isto significa que as novas restrições consistirão principalmente em limitar o horário dos bares e restaurantes, considerados pelas autoridades como as principais fontes da terceira vaga de infeções, para além de promover o teletrabalho e reduzir as deslocações não essenciais dos cidadãos.

O novo estado de emergência, como o que vigorou entre os meses de abril e maio, não inclui o confinamento obrigatório da população, uma vez que o a legislação do Japão não prevê essa medida.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.854.305 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 7.286 pessoas dos 436.579 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

China critica ordem executiva de Trump que bane aplicações chinesas

O Governo chinês acusou ontem os Estados Unidos de usarem indevidamente a segurança nacional como pretexto para prejudicarem empresas chinesas, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter banido várias aplicações chinesas.

Trump assinou na terça-feira uma ordem executiva que proíbe transações com as carteiras digitais chinesas Alipay e WeChat Pay e seis outras aplicações.

A ordem surge no âmbito de uma prolongada guerra comercial e tecnológica entre as duas maiores economias do mundo e acusações de espionagem, que resultaram na rápida deterioração das relações entre os EUA e a China.

A decisão de Trump surge também depois de a Bolsa de Valores de Nova Iorque ter anunciado, na semana passada, que iria remover três companhias de telecomunicações chinesas, para logo de seguida recuar naquela decisão.
“Este é outro exemplo do comportamento intimidatório, arbitrário e hegemónico dos EUA”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

“É um exemplo de como os Estados Unidos generalizam excessivamente o conceito de segurança nacional e abusam do seu poder nacional para suprimirem injustificadamente empresas estrangeiras”, acusou.

Pequim tomará “medidas necessárias” não especificadas para proteger as empresas chinesas, disse Hua, repetindo declarações do Governo chinês, feitas após anúncios anteriores de sanções por parte dos EUA, mas que raramente resultaram em acções concretas.

A ordem de Trump cita preocupações não especificadas sobre aplicações que recolhem dados pessoais e financeiros dos cidadão norte-americanos e os partilham com o regime chinês.

Hua ridicularizou este argumento, apontando para os serviços de inteligência do Governo dos EUA. “Isso é como um ladrão que rouba desenfreadamente, mas depois clama querer proteger-se de um assalto”, disse Hua.
“É hipócrita e ridículo”, apontou.

Outros obstáculos

As aplicações chinesas enfrentam oposição semelhante na Índia, que bloqueou dezenas desses programas por motivos de segurança, face a um impasse militar sobre uma secção da fronteira disputada entre os dois países.
Em Agosto, Trump proibiu as negociações com a popular aplicação de vídeo de propriedade chinesa TikTok e a aplicação de mensagens WeChat.

Outras aplicações afectadas pela ordem de Trump são CamScanner, QQ Wallet, SHAREit, Tencent QQ, VMate e WPS Office.

Trump também impôs restrições no acesso à tecnologia dos EUA pelo grupo chinês de telecomunicações Huawei e outras empresas.

Uma ordem de Novembro proíbe os investidores norte-americanos de comprarem títulos emitidos por empresas alegadamente ligadas ao exército chinês.

As empresas de tecnologia dos Estados Unidos temem que Pequim possa retaliar tornando mais difícil fazer negócios na segunda maior economia do mundo.

Analistas políticos esperam que o presidente eleito Joe Biden tente retomar a cooperação com Pequim em questões como as alterações climáticas e a pandemia do novo coronavírus.

Assuntos Municipais | Azedo eleito presidente do Conselho Consultivo

António José Dias Azedo foi eleito presidente do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, de acordo com um comunicado, que não especifica a data da eleição. Por sua vez, Chong Coc Veng foi eleito vice-presidente, e segundo o comunicado de imprensa, ambos se mostraram muitos satisfeitos com a renomeação de todos os 25 membros, que vão cumprir um segundo mandato.

A decisão do Governo de voltar a apostar em todos os anteriores membros dos órgãos municipais sem abrir um processo de candidaturas foi criticada pelo campo democrata. Segundo o entendimento da Associação Novo Macau, o Governo falhou à promessa feita em 2018, quando a actual lei foi aprovada na Assembleia Legislativa. O Executivo sustenta que já tinha aberto candidaturas quando fez a escolha para o primeiro mandato.

O acordo de Paris na era pós-Trump

Passados cinco anos após a entrada em vigor do Acordo de Paris, o presidente Donald Trump deu instruções para que os EUA se retirassem, o que veio a concretizar-se em 4 de novembro de 2020, data em que formalmente se deu a quebra do compromisso.

Recorde-se que o Acordo de Paris é um tratado internacional no âmbito das atividades da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (United Nations Framework Convention on Climate Change-UNFCCC), que tem como objetivo a tomada de medidas, pelos Estados aderentes, no sentido de que o aumento da temperatura média do ar seja inferior a 2 graus centígrados no final do século XXI e, tanto quanto possível, inferior a 1,5 graus, tendo como referência os níveis pré-industriais. Este tratado internacional foi aprovado por 195 países em 12 de dezembro de 2015 e entrou oficialmente em vigor em 4 de novembro de 2016, altura em que 55 países que produzem 55% das emissões globais dos gases de efeito de estufa (GEE) o ratificaram.

De acordo com projeções do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC), estima-se que, se a temperatura média do ar aumentar 2 ou mais graus celsius até ao fim do século, dar-se-á a fusão de grande parte do gelo da Gronelândia, Antártida, Oceano Ártico, assim como dos glaciares que ainda persistem, nomeadamente nos Alpes, Himalaias, Andes e Islândia.

Este degelo implicaria um fluxo de água líquida que provocaria a subida do nível médio do mar de forma significativa, o que faria com que vastas zonas litorais do nosso planeta se tornassem inabitáveis, não só devido às marés astronómicas mais pronunciadas, mas também às marés de tempestade frequentemente associadas a depressões muito cavadas, como por exemplo os ciclones tropicais (tufões e furacões).

O degelo no Oceano Ártico não contribuiria diretamente para a subida do nível médio do mar, na medida em que a água líquida proveniente da fusão do gelo, menos denso, iria ocupar o mesmo espaço do gelo submerso. No entanto, sendo o poder refletor do gelo muito maior do que o da superfície líquida, o degelo de vasta áreas implicaria menor reflexão da radiação solar e uma maior absorção pela superfície líquida do mar e, consequentemente, um aumento da sua temperatura. O ar, em contacto com o mar, também teria tendência para aumentar a sua temperatura, potenciando o aquecimento global. Os modelos de previsão do clima entram em consideração com esta realidade, além de outros parâmetros (nebulosidade, fluxo energético associado a correntes marítimas, etc.), de maneira que os resultados que nos dão são uma aproximação do que poderá ser a realidade futura.

Numa das suas primeiras declarações, Joe Biden realçou a intenção de regressar ao Acordo de Paris, o que não implica a sua ratificação automática, na medida em que esta depende do senado. Este órgão tem constituído frequentemente uma barreira às intenções dos Presidentes dos EUA. Por exemplo, durante a administração de Bill Clinton, o senado impediu a ratificação do Protocolo de Quioto, com a argumentação de que seria potencialmente prejudicial para a economia americana, apesar de ter sido assinado pelos EUA em novembro de 1998. Isto apesar de o Vice-Presidente Al Gore ter sido um dos principais paladinos da importância desse Protocolo.

Os EUA também não têm sido um bom exemplo de cooperação internacional noutras áreas. Foi o que aconteceu com o Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que entrou em vigor a 1 de julho de 2002, após a ratificação do Tratado que lhe deu origem, por 76 países, entre os quais a Rússia e 19 membros da NATO. Os EUA, que sempre tiveram uma atitude ambígua em relação a este tribunal, acabaram por assinar o Tratado em 31 de dezembro de 2000, no final do mandato da administração Clinton. Acontece, porém, que a Administração Bush, que lhe sucedeu, anulou a adesão em maio de 2002, alguns meses antes do Tratado ter entrado em vigor.

A saída de Trump da presidência dos Estados Unidos da América constitui uma esperança para os que acreditam que o Acordo de Paris possa vir a ser bem-sucedido. Isto não só por os EUA serem a segunda maior potência responsável pela emissão de GEE a nível global, mas também pelo facto de os seguidores de Trump se sentirem desmoralizados pela sua derrota eleitoral. Talvez seja o caso do seu duplo sul-americano, Bolsonaro, que provavelmente se sentirá agora mais isolado após a queda do seu ídolo.

Curiosamente, ambas as personalidades, Trump e Bolsonaro, têm sido apoiadas por equipas constituídas por negacionistas das alterações climáticas, por vezes com aspetos que, se não fossem trágicos, seriam anedóticos. Steve Bannon, o antigo conselheiro e diretor da campanha eleitoral de 2016, de Trump, teve recentemente um comportamento de tal forma abjeto, que algumas redes sociais removeram o vídeo de sua autoria onde sugeria a decapitação de Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, e de Christopher Wray, diretor do FBI, e a exibição das suas cabeças à entrada da Casa Branca, como “um aviso a burocratas federais”. Essa figura sinistra, Steve Bannon, esteve também em contacto, em 2018, com Eduardo Bolsonaro, filho do então candidato Jair Bolsonaro, tendo-se prontificado para prestar consultoria informal na área da análise de dados na Internet, o que terá ajudado a manipular a opinião pública através notícias falsas nas redes sociais. Também movimentos europeus de extrema-direita têm vindo a usufruir do apoio de Steve Bannon.

Coerentemente com as suas ideias negacionistas, o então candidato a presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, manifestou durante a sua campanha eleitoral a intenção de o Brasil se retirar do Acordo de Paris, apesar de o Congresso o ter ratificado em agosto de 2016. No entanto, mediante pressão política, acabou por desistir da ideia.

Durante a vigência da administração Trump, os EUA tomaram outras atitudes inamistosas para com a comunidade internacional. Assim, além da saída do Acordo de Paris, também se retiraram de outros pactos e fóruns multilaterais, nomeadamente da UNESCO e do acordo nuclear com o Irão. A decisão de retirada da UNESCO, que está em sintonia com a aversão de Trump ao multilateralismo, tomada em outubro de 2017, foi justificada pela necessidade de a organização necessitar de uma reforma profunda e de deixar de manifestar preconceitos anti-israelitas.

A administração Trump iniciou também o processo de saída da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization – WHO), da qual os EUA são membro desde 1948, ano da entrada em vigor da sua constituição. Acontece, no entanto, que a retirada não se poderá concretizar antes de julho de 2021, altura em que a administração Biden já contará com meio ano de exercício. Se a nova administração conseguir impor a sua vontade, a intenção de Trump será frustrada.

Tenhamos esperança que a nova administração dos EUA consiga impor a vontade de regressar ao Acordo de Paris e que a COP26, a realizar em Glasgow em novembro de 2021, venha a constituir um marco histórico na concretização dos esforços da comunidade científica, no sentido de que se caminhe para um futuro mais promissor no que se refere à sustentabilidade do nosso planeta.

*Meteorologista

Trump, o ganso

É o homem mais admirado da América. Não tem segredos o sucesso do Donald. Basta reparar que ele usa a boca como se lhe faltasse o bico de ganso.

É uma criatura em falta, que queria ser acima de tudo um bípede com penas, e sente-se.
Nos comícios republicanos, o apoiante vai ver um político e sai-lhe um bípede fruste, que se desunha em caretas e esculpe com os lábios palavras que apanha no ar, porque lhe roubaram o bico com que podia grasnar.
Não há quem não queira voar, ter boas penas para a almofada, encontrar um igual num filho de famílias milionários que prima em ser reles como nós, e isso reconforta. Para além disso, finalmente, compreendi: além de desejar voltar à condição de ganso, Trump é o rei do karaoke.

E o sê-lo — rei do karake — justifica que a adrenalina lhe arme os esgares que quiser, à velocidade que quiser, inúmeras, infinitas caretas moldadas na plasticina do seu fácies, mais virtual que real. Contudo, o mistério é este: como pode um rosto vomitar tantas máscaras, sem extenuar-se e sem parar?
Trump tem tantas máscaras como a serpente do Paraíso escamas — é assustador.

Que mulher aguentará amar um “homem” que em nenhum momento desmancha a máscara? É preciso ter um coração de amianto. Amar um homem, digamos, que nunca está nu? Só pode ser possível a quem seja a ressurreição da Virgem.

Nos comícios, não demora mais, à segunda careta cai a ficha de Trump e mostra que os conteúdos não lhe interessam, e que voltou à adolescência e ao castelo escocês onde, em férias, assestava os binóculos sobre o monstro de Loch Ness e lia os diários da cruel Lady Macbeth, a mesma que sempre confundiu menstruação e os harpejos do poder.

Aliás, quem lhe confidenciou que a vitória na Georgia foi sua foi o Monstro de Loch Ness, um agente do MI7, a troco de uma malga de caldo verde, visto estar farto de salmão.

Também o cabelo de Lady Macbeth era daquele laranja confinado que dissimula sob palha queimada o gosto do sangue e que fazia as delícias das selfies de Trump, antes deste branquear a poupa para parecer ter menos energia e aproximar-se do rival Biden, disfarçando a ira com o semblante dos que mandam executar porque não tem sequer a grandeza de perpetrar os seus crimes.

Se lhe fixamos o rosto dez minutos seguidos, só vemos tiques, a esperteza saloia que lhe perpassa no olhar, aquele sorriso de quem está em cena e dela não sai. O Trump usa as palavras como um engraxador maneja os sapatos, pelo lado de fora, sendo de antemão postiça… ou pose, a menor aparência de seriedade, dado aos cinco minutos de qualquer discurso conspirarem os seus próprios músculos, à sucapa, contra si, querendo denunciar, pelo exagero, a mentira de tudo quanto diz.

Claro que as pessoas acreditam nele, porque precisam de acreditar, na caganita de uma cabra se for preciso. E quando esse é o único critério.

Hoje sabemos que metade dos Americanos acreditam na caganita de cabra que telefonou ao governador da Georgia e implorou por batota.

Desde que vi a foto que ilustra esta crónica que me divirto a imaginá-lo como um Moisés tão soberbo e gabarolas que Deus lhe dá uma tábua das leis em chumbo, que ele imediatamente deixa cair sobre os seus próprios pés, esmagando-lhe os cascos de bode…

Obama, todos os todos os dias estudava o Tucídedes e fazia exercícios de gargarejos, ele não, chapinha nos charcos e lastima o bico de ganso que lhe roubaram.

Mais ninguém viu porque ninguém quer acreditar e quando não se quer acreditar não se vê. Nem o próprio Ted Cruz acreditou, aliás, também já lhe crescem asas nas axilas… E desde há uma semana que toda a gente me toma por doido quando falo disto. Fui afastado compulsivamente de vários convívios, ameaçam-me com um psiquiatra, querem internar-me. Ora, eu vi, não há há nenhum palavra que ele diga que seja dele e lhe saia da cabeça: o Presidente americano só faz karaoke. De quê? Do discurso do presidente da câmara em City Light, de Chaplin. Por isso parece não pensar.

Mais, sofre por interiormente já se sentir transformado num ganso e ninguém mostrar que notou. Não há outra explicação para a agonia que ressalta desta foto. O lampejo no olhar desorbitado é o do ganso que viu partir os seus irmãos do gansaral para paragens mais quentes e teme ser agora transformado em foie gras. Todas as tripas se lhe revoltam. Até a gravata vermelha se mudou em azul: é o desesperado apelo a que o céu não lhe falte.

Que não lhe falte. Eu tenho no quintal uma gaiola com dois gansos africanos. Se hoje se confirmar a derrota e os seus piores pesadelos, deixem-no que cruze na oblíqua o Oceano Atlântico a caminho do cálido Índico.

Não o impeçam, peço-vos. Eu acolho-o no exílio. Entre os meus dois gansos, no melhor e no canto mais refrescante da minha gaiola. Juro que não “afogarei o ganso” e que o pouparei no próximo Natal – que todas as minhas filhas morram de saúde…

A real vertigem

Nunca se está preparado. Seja para uma época com acontecimentos absolutamente imprevistos, seja para o abandono daquilo que mais estimamos e amamos. Seja ainda para prevermos o que aí vem, sempre que os números nos surgem a baptizar um ano que se diz novo.

Há duas décadas, a então editora Difel publicou um volume intitulado ‘Predições’, organizado por Sian Griffiths, no qual trinta autores, entre os quais Stephen Gould, Umberto Eco, Arthur Clarcke e Francis Fukuyama, foram convidados a antever o que iria acontecer no século em que já nos habituámos a viver.

Nenhum deles focou, naturalmente, o 09/11, a invasão do Iraque, a crise Lehman Brothers e das dívidas públicas ou a pandemia Covid de 2019-2021. Os textos centraram-se sobretudo em três direcções: visões (apocalípticas ou utópicas), amplificações inteligentes e (já bastante menos) relativações.

No primeiro caso, cabem tanto Arthur Clarcke como Stephen Gould. O primeiro ao ter acentuado que, “depois de 2020, quando a inteligência artificial atingir os níveis da inteligência humana, haverá no planeta Terra duas espécies inteligentes, uma das quais evoluirá muito mais rapidamente do que a biologia humana poderá alguma vez evoluir”. E o segundo ao ter referido que a “discordância entre o avanço tecnológico e o avanço moral actua como um factor desestabilizador. Nunca saberemos como, e de que modo, estes episódios de destruição irão ter lugar” (…) “exigindo um verdadeiro renascer de cinzas de velhos sistemas, como aliás tantas vezes a vida fez – de um modo maravilhosamente imprevisível – após episódios de destruição em massa”.

O segundo caso é o de Fukuyama, cuja previsão parte da observação do mundo imediato para depois passar a valorizar o factor demográfico em articulação com a questão do género: “Daqui a uns cinquenta anos, os países desenvolvidos do mundo terão populações com idades medianas na ordem dos cinquenta. A combinação do maior impacto das mulheres no sistema político com a alteração na idade mediana, a deslocar-se para cima, irá conduzir a um tipo de política muito diferente. Admitamos, a maior parte da confusão no mundo é provocada por homens jovens, ou então por gente tipo Saddam Hussein que pretende conduzir os jovens (homens) a entrarem em vários tipos de aventura”.

Por fim, o terceiro caso enquadra-se na interessante relativação que Eco levou a cabo: “Quando os primeiros dirigíveis apareceram, as pessoas pensaram que se seguiria uma progressão linear” (…) Mas tal não aconteceu. Em vez disso, a certa altura, deu-se um desenvolvimento lateral. Depois de o Hindenberg se ter desfeito em chamas em 1937 (matando 35 pessoas), as coisas começaram a ir numa direcção diferente. Em certo momento, parecia mais lógico que se teria de ser mais leve do que o ar para poder cruzar os céus – mas depois descobriu-se que se teria de ser mais pesado do que o ar para se voar mais eficientemente”.

Tal como acontece desde os alvores do humano, as previsões oscilam quase sempre entre o plano da visão (disfórica ou eufórica), a consciência de uma possível derrapagem (talvez o sinal de alerta mais lúcido) e o aspecto mais simples e elementar de todos: a ampliação do já observável.

Os diálogos de ‘A República’ de Platão e da ‘Utopia’ de Thomas More a par das distopias (sobretudo as do séc. XX, casos de Aldous Huxley, Adolfo Casares ou de Fritz Lang, entre muitos outros) encaixam-se no plano das visões. A amplificação – onde cabe também o “vaticinium ex‐eventum” praticado no A.T. por ‘Daniel’ ou em textos como ‘Similitudes de Enoch’ ou ‘Apocalipse de Baruch’ – é um conhecido processo de textos de cariz utópico e contíguos como os de Louis-Sébastien Mercier (‘L’An 2240’) ou mesmo de Maquiavel. Já a antevisão não linear, ponderando falhas e súbitas mudanças, é menos frequente, mas não deixa de ser o modo mais intenso por convocar a evidência do factor surpresa e do imponderável (é na grande literatura e na poesia que encontramos vias fulgurantes que permitem sinalizar o indeterminado).

No final do “círculo nono” do longo “inferno” (últimos versos do canto XXXIV), Dante, o protagonista, e o seu guia, Virgílio, depois de terem descido ao centro da terra saem abruptamente pelo outro lado. Um e outro apercebem-se, a certa altura, do lugar onde se senta o demónio: “Há um lugar a Belzebu remoto/ tanto quanto esta gruta já se estende,/ que, não por vista, mas por som é noto de um regato que por ali descende/ na boca de um rebordo pedregoso”. Nesta linha de súbitas inversões, Dante acaba por encarar o diabo de pernas para o ar: “alçando os olhos cri que ia avistar/Lúcifer como eu o tinha imaginado/ e então o vi de gâmbias para o ar”.

Não haverá melhor metáfora para indiciar o modo como o conhecido é amiúde um efeito metafórico do desconhecido (moldado e devidamente retrabalhado). Nas antevisões, nunca estamos preparados para o que é legível e tangível, porque somos invadidos pela inquietação daquilo que não conhecemos. Esse lapso – que valoriza mais o ‘não dito’ do que aquilo que o pensamento e a linguagem autorizam a dizer – é muito convidativo às visões e às projecções (a partir daquilo que nos rodeia). Ter em conta o ‘senão narrativo’ da história já é bem mais difícil. De facto, as ideologias e as escatologias nunca ou raramente tiveram em conta as falhas, as incertezas, a sorte ou os acasos. Havia sempre lugar nesses receituários a um espírito santo ou a um leninezinho para ‘nos’ salvar. E muito facilmente varriam esses arrojos “cépticos”, por vezes com singular violência nas arenas da inquisição ou dos gulags.

Não estar preparado e, ao mesmo tempo, ser capaz de antecipar são dons próprios do humano. Este paradoxo das nossas aptidões faz com que estejamos sempre a descer as escadas do futuro em direcção ao presente para medir a pulsação dos “estados de coisas” e dos “corpos”, como diriam os estóicos no seu tempo. Com a vertigem de tanta descida, mal temos disponibilidade para perceber quais são as muitas viagens que, em cada momento, nos chegam do passado. Essa (ainda que relativa) cegueira talvez possa receber o – não menos paradoxal – nome de realidade.

Observação de aves | Inscrições abertas para três actividades ecológicas

Nos dias 9 e 23 de Janeiro, a DSPA vai promover diversas actividades ecológicas, que incluem workshops, visitas guiadas e a observação de colhereiros-de-cara-preta, uma ave migratória em vias de extinção que passa o Inverno em Macau. Até ao final de 2020, foram registados 54 exemplares da espécie nas Zonas Ecológicas do Cotai

 

Com as restrições fronteiriças, as asas dos colhereiros são aquelas que, muito provavelmente, nos farão voar mais longe. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) vão realizar nos próximos dias 9 e 23 de Janeiro, várias actividades ecológicas destinadas a conhecer as Zonas Ecológicas do Cotai. As inscrições para as iniciativas, que incluem a observação de colhereiros-de-cara-preta podem ser feitas junto da DSPA, via telefónica ou online.

No total, estão previstas três actividades. O “Dia Aberto ao Público”, com actividades previstas no próximo sábado e no dia 23 de Janeiro, o workshop “Actividade educativa sobre a natureza”, a acontecer no próximo sábado e a “observação de pássaros nas zonas húmidas”, que terá lugar no dia 23 de Janeiro.

De acordo com uma nota da DSPA, o “Dia Aberto ao Público” tem previstas duas sessões, em cada um dos dias, às 10h00 e às 15h00, onde, segundo as orientações dos guias, os participantes poderão entrar na Zona Ecológica I, condicionalmente aberta ao público, e na Zona Ecológica II, “para apreciar as plantas e observar a beleza das aves”. Cada passeio terá a duração de duas horas e a participação de 25 inscritos.

Já o workshop “Actividade educativa sobre a natureza” é uma iniciativa destinada a crianças e pais que terá lugar em duas sessões agendadas para as 10h00 e 15h00 deste sábado. Guiados por um instrutor, a visita decorre na Zona Ecológica I, cenário que servirá de pano de fundo para transmitir “conhecimentos ecológicos à medida que vão passando pelo trilho de estudo da natureza até aos observatórios das aves”.

Segundo a DSPA, a iniciativa que prevê a participação máxima de 10 grupos (sendo cada grupo um adulto e uma criança), aumentar o conhecimento das crianças sobre a natureza, ensinando-as a fazer os herbários com as folhas recolhidas no local, que servirão depois para fazer desenhos. Cada sessão terá a duração de 2h30.

Aves raras

Aproveitando a época das aves migratórias, que dura até Abril de 2021, a “observação de pássaros nas zonas húmidas” assume-se como a primeira de várias iniciativas que terão lugar mensalmente.

Em Janeiro, o passeio que tem como objectivo primordial a observação de colhereiros-de-cara-preta, ave migratória em vias de extinção que vem passar o Inverno a Macau, realiza-se no dia 23, em duas sessões (9h30 e 14h30).

Durante a visita de duas horas e meia, os participantes serão orientados por um instrutor para passear na rota prevista e entrarem nos postos de observação dedicados a contemplar a espécie, através de telescópios fornecidos pela DSPA. Em cada sessão poderão participar 20 pessoas.

De acordo com dados divulgados pela DSPA, até ao momento, foram registados, no máximo, 54 colhereiros-de-cara-preta nas Zonas Ecológicas do Cotai, desde a chegada do primeiro grupo em Outubro.

Na verdade, tendo em conta os dados revelados em Julho de 2020 no relatório da “Hong Kong Bird Watching Society”, citados pelo jornal Tribuna de Macau, o número deste ano é animador, dado que no Inverno do ano passado registaram-se em Macau 40 colhereiros-de-cara-preta no território.

Todos os inscritos nas actividades, serão contactados pela DSPA no dia anterior à realização da mesma, para confirmar a sua concretização ou não, caso se prevejam condições meteorológicas adversas ou o número de participantes seja insuficiente.

Associação Novo Macau considera que decisão sobre construções em Nan Vam é “teste” para o Governo

Ainda antes do início da reunião de ontem do Conselho do Planeamento Urbanístico, a Associação Novo Macau entregou uma petição no local, a pedir a retirada dos dois projectos de construção previstos para os lotes de terreno da Zona C do Lago Nam Van.

Para Rocky Chan, vice-presidente da Novo Macau, é imperativo o Governo respeitar a opinião do público que, durante o período de consulta, mostrou ser maioritariamente contra os projectos de construção dos edifícios judiciais previstos para o local. Segundo o responsável, a decisão final que vier a ser tomada pelo Executivo constitui-se mesmo como um teste.

“Esperamos que o Governo possa ouvir a opinião pública e respeite a nossa própria opinião, que passa por defender a retirada dos projectos. Achamos que é um teste para o Governo, especialmente para os membros do Comité do Planeamento Urbanístico designados pelo Chefe do Executivo. Além disso, dado que a própria DSSOPT é parte integrante do Governo, a decisão que vier a ser tomada deverá reflectir a generalidade das opiniões da população ou, caso contrário, constitui uma agressão à paisagem histórica, cultural e preciosa da nossa cidade”, apontou Rocky Chan.

O vice-presidente da Novo Macau recorda ainda que, das mais de 100 opiniões que o público endereçou formalmente às autoridades durante o período de consulta pública, apenas uma mostrou ser favorável.

“A opinião é generalizada. Todo o planeamento urbanístico tem de estar de acordo com o princípio de perseguir o interesse público, o desenvolvimento sustentável, a transparência e promover a participação pública”, acrescentou.

Culpa própria

Caso no final de todo o processo, os dois projectos venham a avançar nos moldes originais, mantendo uma altura máxima que bloqueie os corredores visuais entre a Colina da Penha e a zona marítima da Ponte Nobre de Carvalho, Rocky Chan sublinha que o Governo só se pode culpar a si mesmo.

“Desde que o Governo apresentou os dois projectos (…) tentámos tudo o que estava ao nosso alcance para que o Executivo ouvisse a vontade da população. Enviámos também uma petição ao Chefe do Executivo a alertar para (…) os danos irreparáveis que a aprovação dos dois projectos vão provocar na paisagem de Macau. Nos últimos dias submetemos ainda uma carta à UNESCO a explicar as nossas preocupações. Acho que a opinião pública é muito clara por isso se, ainda assim, os dois planos forem aprovados, considero que a culpa é do Governo”, apontou.

Nam Van | CPU não toma posição contra projectos de edifícios judiciais

O termo “aprovado” não vai entrar na acta, mas a discussão em sede do Conselho de Planeamento Urbanístico terminou e vários membros vocalizaram o seu apoio aos dois projectos para edifícios na zona de Nam Van. Vão ser feitos alguns ajustes, mas Sulu Sou, não está optimista e diz que é “mentira” que não haja danos à paisagem por causa da altura dos edifícios

 

A maioria dos membros do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) mostrou-se a favor dos dois projectos para edifícios de tribunais e do Ministério Público na zona do lago Nam Van. Os projectos geraram preocupação face à possibilidade de a altura dos edifícios ter impacto na paisagem. A altura máxima prevista varia entre os 34,1 e os 50,8 metros. No entanto, ninguém do CPU se pronunciou contra a construção.

“Claro que vamos fazer pequenos ajustamentos acrescentando algumas cláusulas e se necessário vamos publicar. Em relação à discussão desses projectos ficamos por aqui e não temos a palavra ‘aprovado’ em acta”, disse Chan Pou Ha, directora dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT).

Em declarações aos jornalistas no final da discussão, Sulu Sou disse que não houve nenhum “resultado prático”, pelo que as responsabilidades voltam para as mãos das autoridades. Apesar de se preverem melhorias aos projectos das plantas de condições urbanísticas, o deputado não se mostrou optimista.

“Irão [fazer melhorias] segundo a opinião do público e dos membros do Conselho do Planeamento Urbanístico, mas não estamos optimistas porque a maior parte mostrou apoio aos projectos sem qualquer referência por parte de profissionais na matéria, danificando a sua legitimidade e a confiança do público. Infligiram danos a eles próprios”, disse.

Dimensão do impacto

Leong Wai Man, representante do Instituto Cultural (IC), afirmou na reunião que foi feita uma avaliação em relação à paisagem e esclareceu que a ponte Nobre de Carvalho não integra a protecção de património cultural da UNESCO.

“Quando vimos estas alturas, após uma análise, conseguimos ainda manter o panorama da colina da Penha olhando para o outro lado, ou seja, do Ocean Garden. Conseguimos continuar a manter essa paisagem por isso não está a criar um grande impacto quanto ao mar, montanha ou cidade, esses três elementos. Isto não significa que precisamos de um panorama total, mas sim que pelo menos conseguimos manter a paisagem”, disse.

Antes de os membros apresentarem as suas opiniões, um representante do Departamento de Planeamento garantiu que a Lei de salvaguarda do património cultural foi seguida. Além disso, observou que anteriormente existiu uma portaria a autorizar a construção de edifícios altos na zona em causa, mas que se o plano original permitia a construção de 90 metros, já se fez uma diminuição de “grande escala”. Assim, aponta como “muito baixa” a possibilidade de baixar ainda mais ou fazer uma construção ideal.

O tema vai continuar a ser objecto de atenção da Novo Macau, com Sulu Sou a indicar aos jornalistas que a situação será acompanhada. “Vamos considerar obter mais informação sobre a reunião de hoje para enviar novamente à UNESCO, especialmente sobre a posição do Instituto Cultural que disse que não haveria qualquer dano para a paisagem, o que é mentira”, reprovou Sulu Sou. Além disso, criticou o Governo por não ter dados que provem que os projectos em causa não vão danificar a “paisagem única” da Colina da Penha.

Em prol do desenvolvimento

Entre os factores defendidos pelos membros do Conselho para avançar com a construção inclui-se a escassez de terrenos e a necessidade de desenvolvimento da cidade, a poupança de erário público com o arrendamento de instalações de tribunais, ou mesmo a oportunidade de apoio ao sector da construção.

O advogado Álvaro Rodrigues concordou com a necessidade de desenvolvimento de Macau e considera que os tribunais precisam de estar concentrados, indicando que a sua dispersão actual em diferentes edifícios causa “transtorno” à população. O membro do CPU argumentou ainda que a altura máxima já foi reduzida em dois terços e que se for reduzida ainda mais “acabamos por não ter nada”.

“O plano deve prosseguir nos termos propostos, no sentido de Macau ser dotado de óptimas instalações de tribunais, do Ministério Público”, disse. Álvaro Rodrigues acrescentou ainda motivos económicos à defesa dos projectos, apontando o dinheiro gasto no arrendamento de instalações para o funcionamento de tribunais e que o Chefe do Executivo “prega todos os dias” a necessidade de reduzir custos com instalações e o funcionamento da máquina administrativa.

Já Tam Chi Wai apontou limitações às instalações actuais dos tribunais. “Podemos ver falta de dignidade nos órgãos judiciais”, disse. Por outro lado, recorreu ao contexto de pandemia para apontar que o ramo da construção “está com falta de trabalho” e estes projectos podem contribuir para o sector. No entender de Tam Chi Wai, há que aceitar opiniões diferentes, mas não se deve opinar “de forma radical”.

Postais de sensibilização

À entrada da reunião de ontem os membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) foram recebidos por Sulu Sou e vários outros elementos da Associação Novo Macau. Das suas mãos, saíram postais da actual vista da Colina da Penha para a zona do Lago Nam Van, onde está projectada a construção de dois edifícios controversos. Além da vista, que inclui a torre de Macau e as três pontes de acesso à Taipa, no postal constava ainda a seguinte mensagem: “A população de Macau não quer que esta paisagem fique apenas no papel. Juntamente com eles apelamos à defesa da paisagem histórica e cultural única ‘Colina-Mar-Cidade’. Apesar de surpreendidos com a recepção, todos os membros do CPU aceitaram o postal, antes de se dirigirem à sala de reuniões onde daí a uns minutos decorreria o encontro.

TUI decide a favor de funcionário despedido por tirar fotografias a homens nus 

O Tribunal de Última Instância (TUI) decidiu a favor de um funcionário dos Serviços de Alfândega (SA) que foi demitido por tirar fotografias a homens nus nos balneários do Instituto Politécnico de Macau (IPM). O homem era técnico administrativo de segunda classe dos SA e, a 7 de Setembro de 2017, quando ainda se encontrava em funções, saiu do serviço e tirou as fotografias nos balneários. Segundo o acórdão, “a sua conduta foi descoberta pelas partes, que decidiram exigir responsabilidades a A [funcionário]”.

Posteriormente a polícia acabaria por descobrir as imagens dos homens no telemóvel do funcionário. A 18 de Setembro de 2017, o funcionário “foi interrogado pelo instrutor do processo disciplinar, o qual admitiu ter tirado fotografias secretamente naquele dia no local da ocorrência”. A 18 de Outubro do mesmo ano, o funcionário pediu a cessação das suas funções, tendo sido demitido, por ordem do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a 6 de Abril de 2018. O funcionário recorreu desta decisão para o Tribunal de Segunda Instância, que anulou a decisão do Governo. A secretaria para a Segurança recorreu depois para o TUI, que entende agora que o funcionário deve regressar ao posto de trabalho.

Os juízes entenderam que este caso, que constitui um crime semi-público, tem “uma percepção negativa na comunidade”, que pode afectar “o prestígio e a dignidade dos trabalhadores da Função Pública e da própria Administração, pondo em causa também a confiança neles depositada”. No entanto, o tribunal recorda que foi o próprio funcionário a pedir para cessar os serviços, “o que demonstra que reconheceu o mal causado pelo seu comportamento”. Além disso, “os ilícitos praticados por A não têm nada a ver com as funções públicas que ele desempenhava, os quais foram praticados fora do local de trabalho”. O TUI entende, portanto, que “neste contexto a aplicação da pena de demissão, tal como fez a entidade recorrida, é excessiva e desproporcionada”.

Fronteiras | Embaixador português diz que é preciso “adaptar o nível de ambição”

José Augusto Duarte, Embaixador de Portugal em Pequim, defende que a circulação de portugueses residentes de Macau entre a RAEM e a China Continental não iria colocar em risco os resultados de prevenção da pandemia. Mas face ao contexto internacional diz que a ambição de alterações deve ser adaptada

 

O Embaixador de Portugal em Pequim, José Augusto Duarte, defende que a possibilidade de os portugueses residentes em Macau poderem circular entre a RAEM e a China Continental não iria comprometer os esforços de prevenção da pandemia. O assunto já foi colocado pela Embaixada junto das autoridades locais da RAEM e das autoridades nacionais em Pequim. José Augusto Duarte explicou ao HM que “cada parte tem por enquanto justificado os seus motivos e as suas razões, uns para as medidas em vigor e os outros para solicitar uma re-análise das mesmas”.

De acordo com o Embaixador, tanto as autoridades da RAEM como de Pequim têm mostrado “toda a abertura” para ouvir os argumentos apresentados. Mas há entraves a alterações das restrições. “A evolução da situação pandémica internacional não facilita uma mudança repentina das regras aqui em vigor. Teremos por isso de ir tentando desenvolver os nossos esforços e adaptar o nível de ambição de alterações em função das realidades no terreno”, disse.

Recorde-se que em Março a China fechou as fronteiras a estrangeiros, apenas permitindo a entrada no país em casos considerados essenciais. Mais tarde, em Setembro, voltou a permitir a entrada no país de estrangeiros com autorização de residência válida, sem a necessidade de pedir novo visto. Quem entra no país tem de cumprir quarentena.

José Augusto Duarte frisou que os esforços e resultados que a China e a RAEM “tão brilhantemente” têm tido no combate à propagação da pandemia são respeitados e apreciados, indicando que isso beneficia tanto chineses como estrangeiros. Mas defende que há cenários que não contrariam esses esforços.

“Sem colocar em causa estes objectivos seria desejável que a comunidade portuguesa registada como residente em Macau pudesse por exemplo circular entre a RAEM e a China continental da mesma forma que qualquer macaense o faz neste momento. Estou convicto que este seria um primeiro passo importante para a nossa comunidade e que não poria em causa os esforços e resultados que a RAEM e a China continental têm neste âmbito”, apontou.

Análise individual

Por outro lado, rejeitou dar recomendações generalizadas aos portugueses que queiram viajar neste momento, indicando que cada pessoa deve avaliar a sua situação particular.

“Haverá compatriotas nossos que terão situações pessoais muito complicadas que necessitarão mesmo de viajar e haverá outros cujas situações pessoais são menos dramáticas e que poderão aguardar pela evolução do controlo da pandemia a nível internacional e com este o levantamento das restrições de circulação em vigor que conhecemos”, analisou.

Secretário André Cheong louva Wong Chan Tong

O secretário para Administração e Justiça, André Cheong, louvou publicamente o assessor Wong Chan Tong, que se vai aposentar. O louvor foi publicado ontem no Boletim Oficial (B.O.). Além de passagens pela secretaria da Administração e Justiça, Wong teve ainda papéis de assessor na área dos Transportes e Obras Públicas e na secretaria da Economia e Finanças.

“Participou em diversos projectos inovadores, nomeadamente na produção do regime jurídico do planeamento urbanístico e no melhoramento do regime jurídico da contratação pública para aquisição de bens e serviços, dando contribuição para o aperfeiçoamento do sistema jurídico e o desenvolvimento sustentável da RAEM”, afirma André Cheong, que define a decisão como de “elementar justiça”.

Fronteira | Agnes Lam quer saber de planos para Qingmao

A deputada Agnes Lam quer saber como está a decorrer o planeamento para a construção da fronteira de Qingmao, na Ilha Verde, e que planos há para a construção de espaços comerciais.

O tema é abordado numa interpelação em que consta que o posto deverá começar a funcionar a tempo inteiro na segunda metade do próximo ano. Em relação a este assunto, a legisladora questiona também se haverá uma ligação com o comboio de alta velocidade de Cantão, de forma a promover uma maior integração.

Por outro lado, a deputada aponta para o impacto que o maior fluxo de pessoas na fronteira vai causar naquela zona da cidade e pergunta ao Governo quais são os planos para criar zonas recreativas e de lazer a pensar nos residentes naquela área da RAEM.

AL | José Pereira Coutinho defende reuniões à porta aberta

O deputado José Pereira Coutinho propôs à Assembleia Legislativa (AL) uma alteração ao Regimento para fazer com que as reuniões das comissões do hemiciclo passem a ser realizadas à porta aberta. A proposta enviada em Novembro do ano passado é uma pretensão antiga do legislador e “tem como objectivo melhorar os níveis de informação, transparência e prestação de contas”, por parte da AL.

Anteriormente, a presidência da AL tem sempre remetido o assunto para ser votado nas comissões existentes, o que faz com que não seja aprovado, uma vez que todas as comissões são dominadas por forças tradicionais. Contudo, Coutinho argumenta que a abertura das comissões ia permitir construir “um sistema jurídico mais harmonioso e coerente”. Por este motivo, José Pereira Coutinho defende que, ao contrário do que acontece actualmente, todas as reuniões deviam ser feitas à porta aberta, e a porta fechada só seria aplicada no caso de haver uma deliberação dos deputados em sentido contrário.