HK/Detenções | Sulu Sou admite “grande preocupação” Hoje Macau - 7 Jan 2021 Sulu Sou, membro da direcção da Novo Macau e deputado da Assembleia Legislativa, mostrou-se ontem preocupado com a detenção de 50 activistas e políticos da oposição do Governo de Hong Kong, acusados de violar a nova Lei de Segurança Nacional do território. Para o deputado, que admitiu “não ter comentários a fazer” por se tratar de um assunto de Hong Kong, o caso não deixa de ser um motivo de preocupação. “É uma grande preocupação. Como sabem a Associação Novo Macau tem como objectivo proteger a democracia e os direitos humanos. Por isso, todos os que, como nós, querem proteger esses valores universais em todo o mundo, devem estar preocupados ao ver o que se está a passar em Hong Kong”, sublinhou Sulu Sou à margem da entrega de uma petição dirigida ao Conselho de Planeamento Urbanístico.
Pagamento electrónico | Governo prepara agregador de sistemas João Santos Filipe e Nunu Wu - 7 Jan 2021 A plataforma Simple Pay foi apresentada na terça-feira a um grupo de comerciantes e, segundo os planos apresentados, deve começar a operar até ao final de Março O agregador de pagamentos electrónicos promovido pelo Governo chama-se Simple Pay e foi apresentado esta terça-feira, numa sessão promovida pela Autoridades Monetária de Macau (AMCM) com comerciantes. Segundo as explicações avançadas na sessão, citadas pelo jornal Ou Mun, quando o novo sistema entrar em vigor os comerciantes apenas vão precisar de actualizar o software dos equipamentos já disponíveis. As explicações dadas na terça-feira, apontam mesmo para uma primeira fase em que a implementação do Simple Pay deve decorrer sem grandes sobressaltos para os comerciantes, uma vez que vai haver uma actualização dos programas terminais de pagamentos, para permitir ler os códigos QR de todas as diferentes plataformas e aceitar os respectivos pagamentos. Na sessão de terça-feira, o representante da AMCM afirmou igualmente que as instituições financeiras já começaram a contactar os comerciantes de forma a que as actualizações possam ser feitas. Quando os equipamentos estiverem prontos a receber o Simple Pay, será colocado um autocolante para que os clientes sabiam que todos os tipos de pagamento ali serão aceites. O Simple Pay vai aceitar pagamentos de UePay, LusoPay, MPay, Tai Fung Pay, AliPay, ICBC Epay, o sistema de pagamento electrónico do Banco da China, entre outros, e outras plataformas que venham a ser lançadas no futuro. Mais clientes Na sessão de esclarecimentos a cerca de 100 proprietários de estabelecimentos comerciais, os representantes da AMCM defenderam o Simply Pay com a maior conveniência para todos de um sistema único de pagamentos. Porém, além da conveniência, a AMCM apontou ainda acreditar que a ferramenta vai contribuir para ajudar os estabelecimentos comerciais a alargar os grupos de clientes e a incentivar o consumo, elevando o volume de negócio. Segundo o regulador, o Simple Pay vai ainda permitir que os estabelecimentos apenas tenham um terminal de pagamento, que permite inclusive servir pessoas do Interior, o maior mercado de turismo da RAEM. Neste momento, ainda não há uma data para a entrada em funcionamento do sistema através do código QR, mas o Governo acredita que o lançamento vai acontecer até ao final de Março, ou seja no primeiro trimestre deste ano.
Jack Ma, fundador do grupo Alibaba, não está, afinal, desaparecido Andreia Sofia Silva - 7 Jan 2021 O bilionário chinês Jack Ma não aparece em público há cerca de dois meses desde que criticou o sistema bancário em vigor na China, e de imediato a especulação sobre o seu desaparecimento, devido a pressões políticas, se fez sentir. No entanto, uma fonte familiar confirmou ao canal norte-americano CNBC que o empresário está afastado e não desaparecido Afinal o bilionário chinês Jack Ma, fundador do grupo Alibaba, não está desaparecido, mas apenas escondido, retirado da esfera pública. As especulações sobre o seu desaparecimento começam a surgir na imprensa internacional nos últimos dias, uma vez que Jack Ma não aparece em público há cerca de dois meses. No entanto, uma fonte familiar confirmou esta terça-feira ao jornalista David Faber, do canal norte-americano CNBC, que Jack Ma está apenas retirado. “O que posso dizer é que muito provavelmente ele está em Hangzhou, onde fica a sede do grupo Alibaba, e está menos visível de propósito. Mas isso não significa que esteja desaparecido”, explicou o repórter. Os media internacionais destacaram o facto de o súbito desaparecimento de Jack Ma ter ocorrido depois de este ter feito duras críticas ao sistema bancário chinês num fórum, que decorreu em Outubro do ano passado. O empresário, com 56 anos de idade, apelou à realização de reformas profundas e pediu às autoridades chinesas para “não utilizarem a regulamentação de ontem para gerir o futuro”, tendo dito que o país precisa de “menos burocracia” neste campo. Jack Ma terá referido ainda, na mesma ocasião, que “os bancos chineses operam com uma mentalidade de loja de penhores”. Depois destas opiniões, Jack Ma não fez a esperada aparição no último episódio do programa “Africa’s Business Heroes”, um programa de talentos da fundação com o seu nome através do qual dez empresários africanos emergentes recebem uma bolsa para concretizarem as suas ideias. O facto de o empresário não ter aparecido num programa ligado à sua própria fundação fez soar os alarmes de um possível desaparecimento devido a pressões políticas. Depois destas críticas, feitas em Xangai, o país pediu uma Oferta Pública Inicial (OPA) ao grupo Ant, que é o braço financeiro do grupo Alibaba, no valor de 37 mil milhões de dólares, naquela que era uma tentativa da empresa abrir o seu capital ao público. Mas as mudanças não se ficaram por aqui: o Governo chinês iniciou depois uma investigação às empresas do grupo, acusando-as de assinar acordos exclusivos. Para o regulador, a empresa expandira a sua participação na cadeia de lojas Intime Retail sem autorização, tendo aplicado uma multa à China Literature, uma subsidiária de livros electrónicos que também está sob alçada do grupo Alibaba. O grupo Ant, que detém o sistema Alipay, um dos maiores a nível de pagamentos digitais, foi ainda autorizado pelas autoridades a reduzir as operações, referindo que a governação corporativa da empresa “não era sólida”. Citado pela CNN, o analista de mercado da Oanda, Jeffrey Halley, considerou logo óbvio na altura que “os comentários claramente não ressoaram nos corredores do poder em Pequim”. Mudanças de horário Esta segunda-feira, uma assessora de imprensa do grupo Alibaba disse à Reuters que o não aparecimento de Jack Ma no programa se deveu a alterações da sua agenda pessoal, tendo recusado fazer mais comentários. Também à Reuters, Duncan Clark, autor do livro “A Casa que Jack Ma construiu”, defendeu que o empresário optou apenas por se afastar da vida pública de forma temporária. “Penso que lhe foi dito para se afastar. Esta é uma situação sem precedentes, e está mais ligada ao que aconteceu com o grupo Ant e com as sensibilidades em torno da regulação financeira”, disse. O entrave das autoridades chinesas à OPA fez com que o grupo Ant tenha ficado afastado da entrada em bolsa de valores, de Hong Kong e Xangai, por um período de seis meses, escreveu o jornal Financial Times. O diário britânico adiantou ainda que o valor da operação poderá ser também “drasticamente” menor, citando fontes envolvidas na operação e investidores. A entrada nas bolsas de valores de Xangai e de Hong Kong poderá ser uma realidade depois das alterações exigidas pelo regulador. Este deseja que as plataformas online do grupo Ant providenciem 30 por cento do financiamento dos seus empréstimos, ao contrário dos dois por cento de financiamento. Cultura que mata O nome de Jack Ma está também associado a uma cultura de excesso de trabalho no sector da tecnologia, conhecida por “996”. Esta segunda-feira faleceu um trabalhador da empresa chinesa Pinduoduo, que opera na área do comércio electrónico, com apenas 22 anos. Segundo os media internacionais, a morte aconteceu de madrugada, à 1h30, quando o trabalhador saía do trabalho, no dia 29 de Dezembro. A empresa não apresentou uma causa oficial para o falecimento do funcionário, mas acredita-se que terá ocorrido por excesso de trabalho. Nas redes sociais, nomeadamente no Weibo, tem sido muito falada a morte de Zhang, que está a ser identificada como uma vítima da cultura “996”. De frisar que, em Abril de 2019, Jack Ma chegou a dizer que foi “uma enorme benção” trabalhar muitas horas, com um total de 72 horas semanais, quando era um jovem empregado. Apps chinesas banidas O ainda Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou ontem uma ordem executiva que bane as transacções de oito aplicações chinesas, incluindo as plataformas de pagamentos electrónicos Alipay, QQ Wallet e WeChat Pay. A ordem passa a estar em vigor daqui a 45 dias e deve-se a uma alegada ameaça à segurança nacional dos EUA. Segundo a BBC, a ordem executiva determina que “os EUA devem adoptar acções agressivas contra aqueles que desenvolvem ou controlam aplicações de software chinês a fim de proteger a sua segurança nacional”. A ordem assinada por Trump refere ainda que “ao aceder a aparelhos electrónicos pessoais como smartphones, computadores ou tablete, as aplicações de software chinês podem aceder e capturar informações dos seus utilizadores, incluindo informações sensíveis, pessoais e privadas”. O Governo chinês já reagiu, acusando os Estados Unidos de usarem indevidamente a segurança nacional como pretexto para prejudicarem empresas chinesas.
Covid-19 | OMS “desiludida” com atraso na aprovação de entrada de especialistas na China Hoje Macau - 6 Jan 2021 O director da Organização Mundial da Saúde disse hoje “estar desiludido” com as autoridades chinesas, por não terem ainda permitido a entrada na China de uma equipa de especialistas que vai examinar as origens da covid-19. Numa rara crítica a Pequim, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que os membros de uma equipa internacional de cientistas encarregada de rastrear a origem do novo coronavírus deixaram os respectivos países, nas últimas 24 horas, como parte de um acordo com o Governo chinês. “Hoje soubemos que as autoridades chinesas ainda não finalizaram as permissões necessárias para a chegada da equipa à China”, disse Tedros, durante uma conferência de imprensa, em Genebra. “Estou muito desapontado com esta notícia, visto que dois membros já começaram a viagem e outros não puderam partir no último minuto”, disse. Tedros garantiu que “deixou claro” que a missão é uma prioridade para a agência de saúde da ONU, e que tem a “certeza de que a China está a acelerar os procedimentos internos” para que os trabalhos de investigação arranquem. “Estamos ansiosos para iniciar esta missão o mais rápido possível”, disse. Espera-se que os especialistas visitem a cidade de Wuhan, onde foram detectados os primeiros casos de covid-19 em dezembro de 2019. O chefe de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, disse que a investigação devia ter arrancado na terça-feira, mas que as aprovações necessárias não foram ainda concedidas, incluindo a emissão de vistos. A imprensa estatal e as autoridades chinesas têm difundido informações que apontam para uma origem externa do vírus, possivelmente através da importação de alimentos congelados, o que é rejeitado pela OMS. Itália, Estados Unidos e Índia foram já apontados como locais de origem da doença. “Cada vez mais pesquisas sugerem que a epidemia pode ter aparecido em muitos lugares do mundo”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, no fim de semana. A OMS foi alvo de duras críticas por parte do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou a organização de estar ao serviço da China. Ryan disse que Tedros “tomou medidas imediatas” e contactou altos funcionários chineses para “enfatizar a natureza crítica” desta investigação. “Esperamos que esta seja apenas uma questão logística e burocrática que possa ser resolvida muito rapidamente”, acrescentou Ryan. A missão é formada por dez cientistas (Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Austrália, Rússia, Vietname, Alemanha, Estados Unidos, Qatar e Japão) reconhecidos em diversas áreas de atuação. A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.854.305 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Covid-19 | China soma 32 casos, 23 por contágio local e nove oriundos do exterior Hoje Macau - 6 Jan 2021 A Comissão de Saúde da China anunciou hoje ter identificado 32 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, entre os quais 23 por contágio local e nove oriundos do exterior. A província de Hebei, que circunda Pequim, somou 20 casos locais, nas últimas 24 horas. Pequim somou um caso de contágio local. A capital chinesa registou 29 infetados, desde 18 de dezembro passado, mas as autoridades asseguraram que o surto está “sob controlo”. As províncias de Liaoning e Heilongjiang, ambas no nordeste da China, detetaram um caso de contágio local cada uma. Os nove casos importados foram diagnosticados nos municípios de Xangai (leste) e Tianjin (norte) e nas províncias de Guangdong (sul) e Shaanxi (centro). As autoridades chinesas disseram que, nas últimas 24 horas, 21 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infetadas ativas no país se fixou em 443, incluindo 14 doentes em estado grave. A Comissão de Saúde da China não anunciou novas mortes devido à covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, o mesmo desde maio passado. O país somou, no total, 87.215 infetados desde o início da pandemia. A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.854.305 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Coreia do Norte | Kim Jong Un abre congresso do partido com admissão de erros Hoje Macau - 6 Jan 2021 O líder norte-coreano, Kim Jong Un, abriu o primeiro congresso do seu partido em cinco anos com a admissão de erros e a promessa de novos objetivos de desenvolvimento, informou hoje a agência estatal. A agência noticiosa estatal da Coreia do Norte (KCNA, na sigla em Inglês) informou o início do congresso do Partido dos Trabalhadores, na terça-feira, em Pyongyang, com a presença de milhares de delegados e observadores. O seu discurso de abertura, Kim, segundo a KCNA, disse que os objetivos de desenvolvimento estabelecidos no congresso de 2016 “não foram alcançados em quase todas as áreas”. Insistindo, Kim disse que a Coreia do Norte “não deve repetir as lições dolorosas”. É esperado que a Coreia do Norte seja dotada de um novo plano de desenvolvimento quinquenal no congresso em curso. O atual congresso ocorre quando Kim enfrenta o maior desafio dos seus nove anos de direção do país, devido ao que classificou de “crises múltiplas”, com uma economia constrangida pelo encerramento de fronteiras provocado pela pandemia, uma série de desastres naturais no verão passado e a continuação de sanções internacionais, lideradas pelos EUA. Outra fonte de preocupação para Kim é a pose prevista do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que, ao contrário de Donald Trump, deve evitar a diplomacia de cimeiras ‘top-down’ e manter as sanções punitivas de Pyonyang, se Kim não der passos relevantes no sentido da desnuclearização. Oficialmente, o congresso é o principal órgão de tomada de decisão do partido, se bem que no dia-a-dia as decisões são tomadas por Kim e membros do seu círculo restrito. O congresso vai, contudo, dar a Kim a possibilidade de solidificar a sua autoridade, com o anúncio de novos objetivos do Estado, a nomeação de fiéis para os principais postos e apelos à unidade sob a sua liderança. O encerramento da fronteira com a China, que dura há um ano, o seu principal parceiro comercial, por causa da pandemia, está a ter um forte peso sobre uma economia que já estava com grandes problemas. O comércio bilateral caiu 79% nos primeiros 11 meses de 2020, em relação ao mesmo período de 2019, segundo o analista Song Jaeguk, do Instituto de Investigação Económica IBK, baseado em Seul, que estimou em 9,3% a contração da economia norte-coreana em 2020. No seguimento de acentuada queda do seu comércio bilateral, a Coreia do Norte experimentou uma quadruplicação de importações alimentares, enquanto o funcionamento das suas fábricas caiu para o nível mais baixo desde que Kim ascendeu ao poder, devido à escassez de matérias-primas, segundo as informações transmitidas aos deputados sul-coreanos pela agência de espionagem da Coreia do Sul.
Hong Kong | Polícia detém cerca de 50 activistas e políticos da oposição Hoje Macau - 6 Jan 2021 A polícia de Hong Kong deteve hoje cerca de 50 activistas e políticos da oposição pela alegada violação da controversa Lei de Segurança Nacional, noticiou a imprensa da região administrativa especial chinesa. Muitos dos opositores, incluindo vários ex-deputados, foram detidos pela participação em julho nas ‘primárias’ do campo pró-democracia, antes das eleições legislativas de setembro. As legislativas foram posteriormente adiadas devido à pandemia do novo coronavírus, justificaram então as autoridades locais. O jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP) indicou que o número de detidos é o mais elevado desde que a polémica Lei de Segurança Nacional entrou em vigor, em 30 de junho, prevendo até prisão perpétua em casos de secessão ou conluio com forças estrangeiras. Segundo o SCMP, a maioria dos detidos tinha organizado ou participado nas ‘primárias’ promovidas pelo campo pró-democracia, como parte de uma estratégia para obter “mais de 35” deputados no Conselho Legislativo, de forma a assumir o controlo da legislatura que integra 70 membros. A legislação imposta no território em 30 de junho por Pequim prevê a prisão perpétua (o que não sucede em Macau, a outra região administrativa especial chinesa) e a punição para quatro tipos de crimes: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional. Tal como acontece com Macau desde 1999, para Hong Kong foi acordado a partir de 1997 um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”. O Governo chinês criou o Gabinete de Salvaguarda da Segurança Nacional em Hong Kong, oito dias após a entrada em vigor da nova legislação e a polícia passou também a ter poderes reforçados, para garantir o cumprimento da lei, criticada pela comunidade internacional, advogados, ativistas e jornalistas. O documento surgiu após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalada em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.
Ex-director de grupo financeiro chinês condenado à morte por corrupção e bigamia Hoje Macau - 6 Jan 2021 Um antigo presidente do conglomerado financeiro chinês Huarong foi ontem condenado à pena de morte por “corrupção e bigamia”, informou hoje um tribunal chinês. Lai Xiaomin foi considerado culpado de obter o equivalente a 1,79 mil milhões de yuan em subornos. As quantias eram “extremamente grandes e as circunstâncias particularmente graves, e com intenções extremamente maliciosas”, apontou um tribunal de Tianjin, no norte do país. O réu também foi condenado por bigamia, por ter “vivido muito tempo com outras mulheres”, fora do casamento, e das quais teve filhos ilegítimos. Em Janeiro de 2020, Lai fez uma confissão, que foi transmitida pela cadeia televisiva estatal CCTV. As imagens de um apartamento em Pequim, que se acredita pertencer a Lai, com cofres e armários cheios de maços de dinheiro, foram também amplamente divulgadas pela imprensa. Lai Xiaomin garantiu que não “gastou um único cêntimo”. “Não me atrevi a gastar” o dinheiro, disse. As fotos também mostraram carros de luxo e barras de ouro que Lai supostamente aceitou como suborno. Após ascender ao poder em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou a mais ampla campanha anti-corrupção de que há memória na China. Desde então, mais de um milhão e meio de quadros do Partido Comunista foram punidos.
Covid-19 | Japão decide na quinta-feira novo estado de emergência Hoje Macau - 6 Jan 2021 O Governo do Japão anunciou que vai decidir na quinta-feira a declaração de um novo estado de emergência sanitária, devido ao aumento das infeções de covid-19, sobretudo na capital. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, durante uma reunião do comité executivo do partido no poder, depois de na véspera o governante ter anunciado planos para declarar nova emergência sanitária, para combater a terceira vaga de infeções no país. “A nossa prioridade é dar uma resposta forte ao coronavírus”, disse Suga, durante a reunião, de acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo. O primeiro-ministro japonês acrescentou que vai tomar a decisão sobre o estado de emergência após ouvir o parecer do painel consultivo de peritos de saúde do Governo, que estabelecerá “a direção” das novas medidas extraordinárias. O estado de emergência seria inicialmente declarado em Tóquio, que esta terça-feira atingiu o segundo maior número diário de casos, após um recorde na semana passada, seguindo-se as prefeituras vizinhas de Chiba, Saitama e Kanagawa, podendo durar um mês. O primeiro-ministro japonês disse que a medida, que não inclui confinamento, seria tomada de “forma limitada”, centrando-se na redução dos horários de funcionamento de bares e restaurantes, considerados pelas autoridades como o principal foco da terceira vaga da pandemia. O governo nipónico declarou o estado de emergência entre Abril e Maio do ano passado, durante a primeira vaga de covid-19, uma medida que afectou estabelecimentos comerciais, escolas e instalações públicas, causando um forte impacto económico. Desde Novembro, as autoridades sanitárias estão a registar um aumento dos contágios, que ultrapassaram pela primeira vez na quinta-feira a barreira dos quatro mil novos casos em 24 horas. Desde o início da pandemia, o Japão registou 248.500 casos e 3.680 mortes causadas pela covid-19. Além da declaração de estado de emergência, o executivo japonês planeia reforçar as restrições fronteiriças instauradas desde finais de Dezembro, após a deteção de novas estirpes de covid-19 no Reino Unido e na África do Sul. O Japão proibiu a entrada de todos os visitantes estrangeiros até final de Janeiro e cancelou a concessão de novos vistos para o país, com exceção de vistos de negócios de curta duração para uma dúzia de países asiáticos. Com as novas restrições, estas autorizações de entrada deverão igualmente ser abolidas, de acordo com jornais locais. A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.843.631 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Covid-19 | China aperta requerimentos a passageiros vindos de Portugal Hoje Macau - 6 Jan 2021 Os passageiros que mudem de voo em Portugal terão de apresentar dois testes negativos ao novo coronavírus, realizados em locais diferentes, antes de serem autorizados a embarcar para a China, anunciou a Embaixada chinesa. Num comunicado divulgado na segunda-feira, a Embaixada justifica a decisão com a “grave” situação da pandemia de covid-19 em Portugal, onde “o número de novos casos diagnosticados permanece elevado”. O objectivo é prevenir a propagação da pandemia além-fronteiras e proteger a saúde e segurança dos passageiros a bordos dos voos com destino à China, sublinha o comunicado. Os dois testes terão de ser feitos em dois laboratórios diferentes de entre as instituições referenciadas pelo Ministério português da Saúde. A única excepção são os passageiros que tenham um código de saúde de cor verde emitido pela Embaixada chinesa no país de origem. Até agora, os viajantes que apanhavam o voo directo da Beijing Capital Airlines de Lisboa com destino a Xi’an tinham apenas de apresentar um teste negativo feito nas 48 horas antes da partida. Em Outubro a província de Shaanxi, no centro da China, registou, no espaço de três dias, três casos de covid-19, todos cidadãos chineses regressados ao país através do aeroporto de Lisboa. Um dos homens veio de Angola, um outro de Cabo Verde e o outro partiu da Bolívia e passou ainda por São Paulo, no Brasil. A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.854.305 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal morreram 7.286 pessoas dos 436.579 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Celebrar o extraordinário Tânia dos Santos - 6 Jan 2021 O ano velho foi atípico. Forçou mudanças, restringiu a liberdade, o toque e o contacto foram desaconselhados e até proibidos. Recordar os primeiros momentos do surto é recordar a incerteza de tudo o que estava a acontecer – e agora chegámos aqui. Aqui estamos no ano novo (do calendário gregoriano) e muitos foram os votos pela normalidade que conhecíamos. A esperança de um regresso às viagens, prazeres e liberdades têm invadido os discursos. Não admira. A pandemia trouxe tempos difíceis onde os problemas do mundo só se exaltaram. Muita gente não tinha uma casa onde se abrigar, apesar do confinamento obrigatório. As desigualdades sociais tornaram-se mais óbvias. A “casa” tornou-se o refúgio de muitos e o pesadelo de outros, que não se sentiam seguros e protegidos. O confinamento foi romantizado pelos que podiam, os outros tiveram que se aguentar. As âncoras deixaram de estar visíveis. A bem ou a mal foi o tempo de parar. Na viragem do ano também vieram as resoluções de sempre. Algumas delas focadas na transformação do corpo e na futilidade da imagem (que as redes sociais pioram sempre). Vários estudos mostram que só 10 por cento das pessoas conseguem cumprir as suas resoluções de ano novo. E isso é simples de explicar – para a mudança acontecer é preciso preparação, e essa é escassa. Tanto a nível individual como colectivo. A pandemia que o diga: no momento em que a prioridade foi a saúde e a vida humana, tudo se baralhou. Parecíamos umas baratas tontas. Novas prioridades exigiram novas normas: a custo de quê? Agora volta-se ao normal não-normal, que só afunda o que nos separa. Artificia-se um colectivismo nacional/regional para garantir economias e formas de vida. Prevalecem soluções e perspectivas tecnocráticas do funcionamento social onde só há espaço para o que interessa (a alguns). Em tempos de crise discrimina-se o essencial de um suposto acessório. Os gestores são mais importantes que os artistas, dizem eles. A obrigação é necessária e o prazer é um luxo, dizem eles. Sonha-se com a normalidade antiga sem grande consciência que era ela o problema também. Um 2020 marcado pela pandemia só foi disruptivo porque não o vimos como sintomático do estilo de vida contemporâneo. As coisas estavam más, mas eram finamente toleradas. A normalidade contribuiu para a desflorestação, a crescente invasão de ecossistemas e para a transmissão zoonótica do vírus – de onde outros vírus virão. Foi dos vícios e artifícios do antigamente que se agravaram as dificuldades sociais violentamente sentidas, e que vão continuar. Pelo menos parou-se. Podia ter sido uma oportunidade para re-imaginar um mundo diferente, um espaço para o recomeço. Foi extraordinário assistir ao sentido de comunidade que se desenvolveu a vários níveis – ainda que não tenha durado muito. Ajudavam-se os vizinhos e o “essencial” parecia ser importante. A humanidade estava latente no trato, ainda que cumprindo distanciamento social e protegido de máscaras. Provou-se a resiliência e a criatividade com serenatas e concertos à janela, entre muitas outras coisas. O vislumbre de um mundo radicalmente diferente poderia prometer um ano 2021 radicalmente diferente. O ordinário só é familiar, não é imutável. O extraordinário é o trunfo dos tempos e pode ser que 2021 assim o seja.
Fata_listas João Paulo Cotrim - 6 Jan 2021 Santa Bárbara, Lisboa, sexta, 1 Janeiro Não faço lista de desejos. Tenho estranha relação com o dito, tal qual a metáfora. Se esta me leva a lugares, estabelecendo ligações, abrindo perspectivas, desdobrando possibilidades, mas no fingimento da transparência, de aproximação a um qualquer centro, uma verdade, nesse mesmo movimento me distrai. Há metafísica suficiente em não pensar em nada. No desejo não encontro degrau para chegar ao real, para transfigurar o volátil em palpável. Se mastigado com tempo e sentidos, o desejo desdobra-se fim em si mesmo e exige múltiplos cuidados e leituras. Portanto, faço listas dos afazeres que teimo em descumprir, mas não dos movediços desejos. Estou certo que na contagem dos dias que agora recomeça entrarei nas areias movediças da criação partilhada com o André da Loba. A imagem que aqui se tatua pertence a um projecto de revisitação da tira desenhada, buscando nexos entre o desenho livre e o aforismo selvagem, uma gramática das formas em movimento, posta a palavra na cadeira do espectador a dizer por dizer. Santa Bárbara, Lisboa, sábado, 2 Janeiro As fatais listas dos melhores do ano, aqui e ali, incluem o «Aaron Klein» e «Os grandes animais». Também está frio e até choveu. Não sei se há neve nas terras altas. Amigo [querido] tem a mania de ilustrar as conversas com livros, pelo que durante o fechamento me atirou habitante das listagens, «Chuva Miúda», de Luis Landero (ed. Porto Editora). Não será mau romance, com excelentes observações, frases de bom tom, fino recorte dos protagonistas e uma competente gestão dos tempos da narrativa. É uma história, que se pretende dura, ou melhor, céptica na visão da família que não saberemos nunca como ser nem deixar de ser. Uma história que talvez seja de consolação, como as que o narrador pensa durante os pensamentos da Aurora, personagem que começa por parecer viver apenas nas palavras dos outros: «que haverá na narração que tanto nos consola das culpas e dos erros e das muitas penas que os anos vão deixando à sua passagem?» Cansou-me sobremaneira a omnipresença do narrador, inescapável, por certo, mas que não precisava tornar-se ferramenta voraz, eléctrica chave que abre tudo para pôr explicações e conclusões nas fendas. O mesmo querido [amigo] pôs-me nas «Viagens», de Olga Tokarczuk (ed. Cavalo de Ferro), que me tinha escapado por entre confusões, mediatismos e certa alergia ao corrente. Também por aqui se dá basto consolo e histórias de ver ao espelho, com princípio meio e fim, não sei se por esta ordem. Para bem dos nossos pecados, acende pensamentos que brilham por muito, faz canções, dá início a outros tantos romances, recorta notícias da banalidade, faz dos pontos de interrogação mapa onde coloca corpos e tempo, não se cansa de fazer e refazer bibliotecas. Está também em várias fatalistas, de prémios até. Não me quero armar em canonista, que não tenho carta de pesados, mas interessa-me mais o que entrega labirinto na vez de porta. Por bem desenhada que esteja na parede. Santa Bárbara, Lisboa, domingo, 3 Janeiro A vizinha gruta de Ali Babá recebeu umas velhas novidades e lá colhi, puxado pela capa com título desenhado tão viva e modernamente que parecia impresso ontem: «50 anos de poesia portuguesa: do simbolismo ao surrealismo», de um algo destratado João Gaspar Simões, e inserido na colecção/editora movimento que me desperta curiosidade a cumprir. Sem surpresa, encontro por aqui ideias, prenhes de dados e conhecimento, com que dialogar. No essencial, Gaspar Simões defende que o simbolismo teria marcado de modo indelével a produção poética nacional, atacando-o, mastigando-o, celebrando-o, reinventando-o, no balanço do a favor e do contra. Os poetas do surrealismo «iam direitos ao absoluto, resolviam de uma só vez o enigma da alquimia medieval. O poeta é por assim dizer o demiurgo que refaz dentro de si mesmo os segredos essenciais do universo.» Nesse pólo oposto do simbolismo, depois de sustentada digressão, por nomes, movimentos, publicações, temas (onde o amor figura com destaque), acaba o ensaísta por detectar convergência paradoxal. «Esteticamente, afinal, o século XX viveu, e continua a viver, pelo menos no domínio da poesia, das grandes descobertas dos poetas que no final do século XIX conferiram à criação poética prerrogativas de conhecimento absoluto.» Sobra ainda da leitura uma lista de poetas que passaram entre os pingos da chuva radioactiva dos cânones, seja qualquer for a origem do dito, academia ou mediania. Será talvez triste para quem o não entenda, mas este jogo de escondidas torna-se, com o tempo, motivo de alegria para quem queira atrever-se. (Entrando nos alfarrabistas.) Eis um caso, distinto, por só agora deixar a obscuridade das gavetas. José Rui Teixeira, que já havia trabalhado como poucos a figura do morador da Horta Seca, Guilherme de Faria, tratou agora cuidado extremo o seu companheiro, António Hartwich Nunes, personagem a justificar curiosidades, não apenas pela ilustre filiação. «O Livro de Ónio» (ed. Cosmorama) reúne a poesia de alguém que a praticou toda a vida, como o desenho e a pintura, sem assumir as inerências da condição: «fui poeta sem querer e, sem querer, continuo e continuarei a sê-lo». Um mote essencial, não apenas na sua relação com o suicidado Guilherme, está no mote-enigma: «Sonhei um sonho tão velo,/ E foi pior para mim…/ Agora para esquecê-lo,/ Gasto a vida até ao fim.» Amor, Deus e uma solidão, que talvez só o humor alivie, traçam aqui singela paisagem de almas. «Só comigo fui;/ só eu sei quem sou./ Mas eu senti tudo,/ tudo me falou.// Tudo passa e move;/ tudo é já no fim./ Mas a morte é vida/ a chamar por mim.» Não será a modéstia encantatória do Levi [Condinho] a afastá-lo das atenções merecidas. Valorizamos demais a presença no palco. E para vestir o fato do poeta há que caber nas várias peças do bem parecer, gravata de maldito incluída. Levi está bem na penumbra, praticando os malabarismos de uma arte poética que independe das leituras: «Perscrutar os veios da matéria/ seus nexos sons perfumes/ íntimas substâncias copuladas pela língua/ inventar o Verbo que invente a negação/ da profaneidade da palavra/ que autómatos nos move sobre escarpas.» A Húmus fez «Colheita serôdia» de inéditos e dispersos. (Poucos poetas se ficam hoje por uma casa, quase sempre para responder ao apelo magnético da amizade, nem tanto por razões programáticas. Não vem daí mal ao mundo. Na área da música, mais do que bandas de formação fixa, vemos projectos com irrequietos e permutáveis interpretes.) Até ao começo do século, injustamente acusado de novo, o poeta continuou a cultivar como jardim este ao redor dos acordes, dos nadas, do pequeno e médio Deus, de leituras, das memórias, talvez da morte. E pássaros, corvos e melros. E árvores, sobreiros e choupos. «Ciclo fechado em perpétuo devir/ vertigem medida em tempos certeiros geometria perfumada».
Perder os óculos Nuno Miguel Guedes - 6 Jan 2021 E agora que, de pior ou melhor forma, já contribuímos para o ritual sazonal de optimismo que é sempre a passagem do ano, podemos olhar para o momento de duas maneiras: ou foi mais ou menos semelhante aos anos anteriores (e essa é a minha escola); ou, por outro lado, podemos tentar retirar do que aconteceu nessa noite presságios e sinais sortidos. Esta última opção não é de todo o meu estilo mas para o que aqui me interessa vou fingir que sim. Acontece, amigos, que no início deste ano perdi os óculos. Antes que oiça o coro zombeteiro dos leitores cantar em uníssono “devias estar bonito, devias” cumpre-me dizer em defesa da honra que a ocorrência deu-se antes das festividades. Ou seja, passei a meia-noite míope como uma toupeira. Para os tais detectives de presságios este acontecimento estará cheio de significados esotéricos que redundam mais ou menos no postulado “o ano vai correr mal”. É provável que tenham razão como é provável que não a tenham. Mas posso utilizar a perda dos meus óculos como uma metáfora ou uma espécie de desejo inconsciente, um acto falhado que o velho Freud não desdenharia na sua Psicopatologia da Vida Quotidiana e que que se resume ao facto de não querer ver ou querer ver mal este tempo. Como de costume os dias encarregaram-se de me dar razão. Leio as notícias evitando o tom entre o clima de medo e os faróis de esperança com que agora se fala da pandemia e vou directo às nem por isso pequenas coisas. Como esta: uma professora de liceu em Massachussetts, nos Estados Unidos, afirmou estar orgulhosa por ter retirado a Odisseia de Homero do currículo da sua escola. Repito: está orgulhosa. Transcrevo o tweet de Heather Levine, professora do equivalente ao nosso nono ano de escolaridade:«Hahaha… Very proud to say we got the Odyssey removed from the curriculum this year!» . A indestrutível estupidez de retirar o fundador da literatura de um currículo escolar fala por si. Mas mais perigoso é o facto de que esse acontecimento não é isolado. Já são banais as proibições ou no mínimo a censura de obras que se consideram “racistas” ou “preconceituosas”. O canône literário ocidental há muito que está sob fogo cerrado, como há muito o fez notar Harold Bloom. Neste caso, trata-se de agitadores de redes sociais, critícos literários e ideólogos variados que sob a hashtag #DisruptTexts se denominam de movimento que pretende reconstruir o cânone literário utilizando uma “lente crítica anti-racista e anti-preconceito”. Como facilmente se percebe, quem quer reconstruir quer destruir. E isso significa censurar ou interditar obras que mais do que literárias são matrizes civilizacionais – como é o caso da Odisseia de Homero. Mal refeito de tanta imbecilidade viro a página e eis que descubro que na tradicional oração de abertura do congresso norte-americano, um congressista democrata (e que também é pastor religioso) utilizou , num esforço de linguagem “inclusiva”, as palavras “ámen” e “a-woman”. Isto seria cómico se não fosse tão perigoso. Saltemos alegremente por cima do facto de que a palavra latina não tem género e é uma expressão que significa “assim seja”, como todos os cristãos bem conhecem. O que não se deve ignorar é que se isto acontece é porque existe uma ortodoxia que mesmo movida pelas melhores causas, é como todas as ortodoxias: totalitárias e criadoras de fanáticos. Quando se mistura a ignorância com a estupidez cega, o resultado pode ser terrível para todos. Desisto de ler, até porque os meus olhos começam a ficar cansados. Mas quer-me parecer que assim prefiro nunca mais encontrar os óculos até que os dias mudem.
Escultor português João Cutileiro morreu ontem aos 83 anos Andreia Sofia Silva - 6 Jan 2021 O escultor português João Cutileiro morreu esta terça-feira aos 83 anos, em Lisboa. A confirmação do óbito foi feita à agência Lusa por Ana Paula Amendoeira, directora regional de cultura do Alentejo. Segundo Ana Paula Amendoeira, João Cutileiro estava internado num hospital de Lisboa com graves problemas do foro respiratório. O jornal Público escreveu que o seu falecimento se deveu a complicações provocadas por um enfisema pulmonar. O trabalho de Cutileiro chegou a estar presente em Macau por diversas vezes. Uma delas foi em 1999, no ano da transferência de soberania do território para a China, quando foi instalado, no jardim do Centro Cultural de Macau, um barco de pedra e cavaleiros preparados para a guerra. O grupo escultórico seria inaugurado nesse ano, a 19 de Março, pelo então Presidente da República portuguesa, Jorge Sampaio. Esse trabalho de João Cutileiro foi inspirado nos guerreiros de terracota de Xian – os cavaleiros – e no barco do lago do Palácio de Verão de Pequim, e tem um peso de 79 toneladas. As peças foram esculpidas em ruivina e mármore cinzento de Estremoz durante um período de três anos. À época, as esculturas dos cavaleiros e o barco estavam colocadas frente a frente e “preparadas para a guerra” num lago artificial que será equipado com jogos de água que vão criar uma neblina em volta das peças. Em Macau, João Cutileiro desenvolveu ainda uma peça exposta no átrio do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que custou ao Executivo cerca de três milhões de patacas. “Dragão”, outra peça datada de 1999 e criada a pedido do arquitecto Francisco Caldeira Cabral, foi também desenvolvida por Cutileiro para a zona do Canal dos Patos. Natural do Alentejo João Cutileiro era um dos mais importantes escultores portugueses. Sobre ele, Ana Paula Amendoeira destacou a particularidade do seu trabalho, cujo método “não era vulgar” entre “outros artistas”. “João [Cutileiro] tem o hábito de fazer maquetas reais, em pedra, das suas obras. No fundo, são esculturas, obras originais, a uma escala menor do que aquelas que ficam nos locais públicos”, indicou. Cutileiro trabalhou sobretudo com mármore e ao longo da sua carreira fez várias obras sobre a identidade e história de Portugal. Um dos exemplos é o monumento ao 25 de Abril, instalado no Parque Eduardo VII, em Lisboa. O escultor era irmão do diplomata e escritor José Cutileiro, que morreu em Maio de 2020. Nascido em Pavia, no concelho de Mora, no ano de 1937, João Cutileiro estava radicado na cidade de Évora onde tinha uma oficina desde 1980. Foi graças a uma viagem a Itália, mais particularmente a Florença, no início da década de 50, que o escultor decidiu inscrever-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa onde, no entanto, esteve apenas dois anos.
Arte contemporânea | Intercâmbio entre Macau e Taiwan leva pintura e fotografia ao Museu Sun Iat Sen Pedro Arede - 6 Jan 2021 Até ao final do mês, a Casa-Museu do Dr. Sun Iat Sen irá acolher a exposição “The Other Side”. A mostra inclui cerca de 50 obras de sete artistas de Macau e Taiwan, em áreas como a fotografia, ilustração, aguarela e pintura a óleo. Para a curadora e artista, Gigi Lee, o tema da exposição, resulta da vontade de, perante a pandemia, almejarmos chegar a lugares inacessíveis, mesmo aqui ao lado O outro lado é muitas vezes uma questão de perspectiva, ainda para mais quando parece estar já ali. Fruto de um intercâmbio entre artistas de Macau e Taiwan, “The Other Side” é uma exposição que inclui, no total, 50 criações produzidas por sete artistas dos dois territórios. A mostra, inaugurada no primeiro dia do ano, está patente na Casa-Museu do Dr. Sun Iat Sen até ao final de Janeiro. De acordo com a curadora da exposição, Gigi Lee, natural de Macau e uma das artistas com obras expostas no evento, a realização de “The Other Side” é uma “boa oportunidade” para expor juntamente com outros artistas de Taiwan, já que este ano ficaram impossibilitados de vir a Macau, devido às restrições que têm vindo a ser impostas, em virtude do surto de covid-19. Quanto à escolha do tema que empresta o nome à exposição, Gigi Lee explica que pode ter um duplo significado, dado o contexto que atravessamos marcado pela pandemia, mas também relacionado com a vida depois da morte. “O tema ‘The Other Side’ é uma ideia minha. Como no ano passado não nos conseguimos ver uns aos outros, apesar de estarmos tão perto em territórios como Macau, Taiwan e Hong Kong, tive a ideia de propor este tema. Na verdade, é o mesmo sentimento que temos quando queremos chegar a algum lugar inalcançável. Além disso, em chinês, o termo ‘The Other Side’ tem uma conotação religiosa, pois simboliza o lugar para onde se vai depois de morrer ou o momento da chegada a um local idílico”, partilhou com o HM. A curadora refere ainda que, na prática, o “outro lado” no contexto da exposição poder simplesmente ser “o lugar onde não se pode ir” e que, mesmo estando perto, “está muito longe”. Referindo que “todos os trabalhos expostos são bidimensionais”, Lee partilhou ainda que aqueles que visitarem nos próximos dias a Casa-Museu do Dr. Sun Iat Sen, irão deparar-se com “uma mostra completa e muito variada”, que inclui trabalhos de fotografia, pintura, aguarela, pintura a óleo, ilustrações, colagens e litografias. “Tendo em conta os diferentes tipos de materiais utilizados na exposição, acho que é uma mostra completa, que inclui temas alegres e outros mais sérios. É também possível ver expressões diferentes ao nível da ilustração, com alguns deles a serem baseados num método de impressão tradicional. O estilo que podemos ver é muito variado”, acrescentou Lee. Sete magníficos Para além de Gigi Lee, estão contempladas na exposição as obras de mais três artistas locais Yolanda Kog, Cai Gou Jie e Francisco António Ricarte. Se Francisco António Ricarte participa na exposição com quatro fotografias, Yolanda Kog foi responsável por materializar nove ilustrações patentes em “The Other Side”. De Taiwan, chegaram a Macau obras dos artistas, Leanne Chang, Lin Chun Yung e Lai Hsin-Lung. Do expólio de cerca de 30 peças de Taiwan que pode ser visto até 31 de Janeiro, Gigi Lee destaca as 10 peças de acrílico da autoria de Lai Hsin-Lung, que se debruçam sobre a temática dos “tipos de vegetais que se podem encontrar em Taiwan”. Lai Hsin-Lung é um artista galardoado e com uma vasta experiência, tendo já visto as suas obras expostas em Pequim, Estados Unidos, Reino Unido, Malásia, Japão e Coreia do Sul. Além disso, o artista é considerado um pioneiro sobre as teorias de arte pública, tendo publicado diversos artigos académicos sobre o tema.
Turismo | Média diária de visitantes sobre 13% face a Outubro Andreia Sofia Silva - 6 Jan 2021 Entraram em Macau, entre os dias 31 de Dezembro e 3 de Janeiro, uma média diária de 21 mil pessoas, o que representa um aumento de 13 por cento face a Outubro. Os dados da Direcção dos Serviços de Turismo revelam ainda que houve, neste período, uma ocupação hoteleira superior a 67 por cento São números ainda menores se comparados com o período áureo do turismo em Macau, mas ainda assim revelam ligeiras melhorias. Uma média diária de 21 mil pessoas entrou no território no período posterior às férias de Natal, entre os dias 31 de Dezembro e 3 de Janeiro, o que constitui um aumento de 13 por cento em relação ao mês de Outubro. É o que revelam os dados ontem divulgados pelos Direcção dos Serviços de Turismo (DST), que alertou, contudo, para a manutenção “da situação epidémica bastante instável tanto no interior da China como em Macau”. O organismo lembra, contudo, que estes números se podem explicar devido “à retoma da emissão de documentos de viagem turísticos a residentes do Interior da China para deslocação a Macau e na divulgação de Macau como destino seguro e acessível”. Entre os dias 31 de Dezembro e 3 de Janeiro, entraram 19.629 pessoas do Interior da China, 1.368 de Hong Kong, 242 de Taiwan e apenas três pessoas vindas de outros países ou regiões. Na véspera da passagem de ano, mais de 30 mil pessoas entraram no território, considerado “o maior número de visitantes acolhidos num só dia nos últimos 11 meses”. Dados provisórios do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) revelam também que o segundo dia com mais visitantes ocorreu a 20 de Novembro, quando tiveram lugar os treinos para o Grande Prémio de Macau. Nessa data entraram em Macau 28.247 visitantes, enquanto o terceiro dia com mais visitantes aconteceu no dia 25 de Dezembro, dia de Natal, com 27.755 visitantes. Quartos mais cheios Os últimos dias do ano ficaram também marcados por números mais positivos em termos de ocupação hoteleira, uma vez que a taxa foi de 67,2 por cento entre os dias 31 de Dezembro e 3 de Janeiro. Os hotéis de três a cinco estrelas registaram taxas de ocupação de 73, 69,9 e 67,6 por cento, respectivamente. Relativamente aos preços praticados, a média de valor cobrado por quarto foi de 1.127,6 patacas, sendo que os hotéis de cinco estrelas marcaram uma média de preços de cerca de 1.447,7 patacas. No caso dos hotéis de quatro estrelas, o valor foi de 701,1 patacas, enquanto que os hotéis de três estrelas cobraram 694,2 patacas por quarto. Já os hotéis de duas estrelas cobraram 250,3 patacas, enquanto que nas pensões cada quarto custou 243,9 patacas. Face à semana dourada de Outubro, quando se celebrou o aniversário da República Popular da China, o preço médio por quarto de hotel teve um aumento de 7,6 por cento. A fim de captar mais visitantes para o território, que tem sofrido um enorme impacto com a pandemia da covid-19, a DST reiterou que pretende prosseguir com as actividades de promoção da RAEM como destino turístico. “Durante o ano passado o Governo tem colaborado com a Tencent, Alibaba, Trip. com, UnionPay International e a Air Macau na divulgação de informações e descontos, para atrair visitantes a Macau, encorajar o dispêndio turístico, prolongar o tempo de estadia na cidade, impulsionado economicamente os diferentes sectores”, lê-se no comunicado.
Fronteiras | Voo de Amesterdão é hipótese para regresso a Macau Salomé Fernandes - 6 Jan 2021 No dia 20, há um voo da KLM com saída de Amesterdão e destino a Tóquio, bem como uma ligação a Macau, avançou ontem a TDM Canal Macau. Trata-se de um voo comercial, e os residentes que se encontram retidos na Europa podem fazer uso dele. Dos 36 residentes fora de Macau, 29 encontram-se em Portugal O Canal Macau da TDM avançou ontem que o Governo está a recomendar um voo da KLM com saída de Amesterdão no próximo dia 20, com destino a Tóquio e ligação a Macau, para os residentes que se encontram retidos na Europa. O voo da KLM tem hora prevista de aterragem no Japão às 9h45 da manhã de dia 21, e o Canal Macau avança ainda que nesse dia há um voo da Air Macau que sai de Tóquio às 15h30 e chega a Macau pouco antes das 21h. Recorde-se que a decisão das autoridades de Taiwan em proibir a entrada e trânsito de estrangeiros a partir de 1 de Janeiro dificultou a deslocação de pessoas entre Macau e a Europa. O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo frisou que o voo da KLM não é fretado pela RAEM, mas sim um voo comercial, e que se estima que sejam necessários cerca de 80 passageiros para cumprir as exigências da companhia aérea. De acordo com a TDM Canal Macau, ainda não havia 80 lugares ocupados mas a KLM indicou que o cancelamento de um voo é sobretudo determinado pelas restrições impostas no destino e não pelo número de bilhetes vendidos. Foi ainda noticiado que o avião da Air Macau, para além de ir buscar residentes ao Japão parte do território com passageiros. Até à tarde de ontem tinham sido emitidos quatro bilhetes e feitas 16 reservas. Ao HM, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo apontou que “todos os residentes de Macau que se encontram de momento na Europa poderão fazer uso desta rota para o regresso à RAEM no próximo dia 21 de Janeiro”. De acordo com as informações disponibilizadas ontem, há 36 residentes retidos fora de Macau. Destes, 29 encontram-se em Portugal, dois nos Estados Unidos da América, e os restantes em Espanha, França, Itália, Austrália e Canadá. Divisão de responsabilidade Ontem, ao início da tarde, o Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong disse em resposta ao HM que cerca de três dezenas de pessoas pretendiam regressar a Macau. “Foram aconselhadas a contactar a Delegação de Macau em Lisboa”, disse o Consulado. No sentido inverso, o Consulado Geral de Portugal disse ter conhecimento de “quatro casos de nacionais portugueses que pretendem sair da RAEM”. Na segunda-feira, na habitual conferência de imprensa sobre a saúde, o Governo descartou a criação de medidas especiais para ajudarem residentes que estão no exterior a regressarem à RAEM. As autoridades locais afirmaram não haver arranjos sobre o trânsito ou a criação de uma ligação especial, por haver meios para as pessoas regressarem e não ter sido recebido “um grande número” de pedidos de apoio. A representação diplomática portuguesa indicou que continua a desenvolver contactos com as autoridades da RAEM, em Macau e em Lisboa, “no sentido de colaborar na busca de uma solução para o problema dos nacionais portugueses que se encontram em Portugal e pretendem regressar”, acrescentando que “a responsabilidade primária no regresso a Macau dos seus residentes compete às autoridades da RAEM”. A recomendação do Consulado para os portugueses que queiram viajar neste momento foi a desaconselhar viagens intercontinentais, pelos riscos que acarretam para os passageiros a nível de saúde pública e em termos logísticos, dado que há “voos a serem constantemente cancelados e as fronteiras de vários países a fecharem-se à entrada e ao trânsito de estrangeiros”.
Clínica Malo | BNU tenta obter 4,6 milhões de patacas com venda de bens João Santos Filipe - 6 Jan 2021 Em Setembro de 2019, o Grupo Malo tinha uma dívida de 61 milhões de patacas ao Banco Nacional Ultramarino. A instituição bancária está a tentar recuperar parte do montante com uma venda de bens arrestados O Banco Nacional Ultramarino espera obter pelo menos 4,6 milhões de patacas com a venda de material médico, e não só, que foi arrestado ao grupo Malo e outros credores. O processo da execução vai ser feito através de propostas por carta fechada e está a ser publicitado no portal dos tribunais da RAEM. Em Setembro de 2019, o Grupo Malo tinha uma dívida de cerca de 6,9 milhões de euros ao BNU, o equivalente a 61 milhões de patacas. Foi esta a informação avançada na altura pelo jornal português Público. Os bens que vão ser vendidos através da justiça devido à acção do BNU não estão apenas em nome do Grupo Malo, entre os executados do processo judicial constam ainda as empresas Pacífico – Cuidados de Saúde, S.A., Sui Feng Investimento Sociedade Limitada, JPS – Sociedade Unipessoal, Limitada e José António Ferreira Peres de Sousa. A empresa Pacífico – Cuidados de Saúde, S.A. era a detentora da licença médica que mais tarde seria suspensa. As propostas para aquisição dos materiais podem ser apresentadas até 8 de Fevereiro, no edifício do Macau Square, onde funciona parte do Tribunal Judicial de Base, pelas 17h45 e a venda vai decorrer no dia seguinte, às 11h. A lista de material que está a ser vendida é extensa e nesta encontram-se, entre outros, aparelhos de esterilização hospitalar de Steelco, máquinas de lavagem de material cirúrgico, várias marquesas, desfibrilhadores, frigoríficos, máquinas para medir sinais vitais, entre outras. No entanto, o material não é apenas médico e entre os bens pelos quais é exigido 4,6 milhões de patacas há ainda vários computadores, impressoras e mais de 54 sofás. Suspensa e encerrada Foi em Novembro de 2017 que os Serviços de Saúde anunciaram que a licença da clínica Taivex/Malo, então a operar no casino The Venetian, tinha sido suspensa, por seis meses. A justificação do organismo liderado por Lei Chin Ion apontou para a prática ilegal de procriação médica assistida, tráfico e contrabando de medicamentos de oncologia e falta de condições de higiene e segurança. Além da suspensão, foram ainda aplicadas duas multas: uma no valor de 103.000 patacas a quatro médicos e um enfermeiro, e outra de 76.000 patacas por técnicas ilegais de procriação medicamente assistida e prestação de serviços de oncologia, sem autorização legal. No entanto, numa entrevista à Lusa, depois do caso ter sido tornado público, Paulo Maló demarcou-se da Taivex/Malo e indicou que a sua empresa tinha sido penalizada por partilhar o mesmo espaço. Apesar dos sobressaltos, o nome Malo voltaria a ser utilizado em 2018, através de uma parceria com a Pedder, neste caso com a abertura de um clínica dentária.
Queda de objectos | Coutinho quer sanções para quem não cumprir normas Pedro Arede - 6 Jan 2021 Através de uma interpelação escrita, José Pereira Coutinho questionou o Governo sobre quando será apresentada uma proposta de lei, que inclua o agravamento das sanções para os responsáveis pelo lançamento ou queda de objectos. Segundo o deputado, Macau deveria seguir os exemplos do Interior da China e de Hong Kong na matéria, que prevêem, a responsabilização legal dos infractores, podendo ser punidos com multas e penas de prisão. Para Pereira Coutinho, se nada for feito é a segurança dos residentes que está em jogo. “Com o aumento da densidade populacional e a falta de manutenção de alguns edifícios, as janelas sem manutenção das fracções autónomas transformaram-se numa ‘bomba invisível’ para a segurança dos bairros comunitários”, pode ler-se na interpelação. Lembrando que em Novembro de 2020 ocorreram dois incidentes, envolvendo a queda de um vaso e o desprendimento do reboco da parede exterior de um edifício, o deputado quer saber quando é que o Governo vai apresentar a proposta de lei para “aumentar os efeitos dissuasores” para quem não cumpra as regras de manutenção das construções existentes. Por último, Pereira Coutinho vinca que a educação cívica deve ser reforçada e que devem ser efectuadas mais vistorias diárias, perguntando ao Governo se dispõe de algum plano de formação de fiscais especializados.
IAM explica luzes que ameaçam pirilampos com segurança João Santos Filipe - 6 Jan 2021 O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) considera que os pirilampos no trilho da Taipa Grande são muito importantes, mas tem como prioridade satisfazer os cidadãos que se queixam por a estrada ser muito escura. Foi esta a resposta dada a uma interpelação da deputada Agnes Lam, em que era indicado que a instalação de iluminação no trilho ia causar obstáculos à reprodução dos pirilampos. “O Instituto para os Assuntos Municipais tem recebido constantemente opiniões das pessoas que passeiam nos montes, as quais referem que não conseguem ver o estado do pavimento ao fim da tarde e à noite devido à falta de iluminação, o que constitui um risco para a sua segurança”, explica o IAM, através de uma resposta assinada por O Lam, identificada como presidente substituta do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais. Face às queixas, o IAM propôs “a instalação de sistemas de iluminação nos trilhos”. Após terem sido anunciados os planos, houve várias vozes, inclusive de ambientalistas, que se mostraram preocupadas com o impacto da iluminação, que diminui a actividade reprodutora dos pirilampos. “Tendo em conta o equilíbrio entre as solicitações dos utentes e o impacto dos candeeiros de rua sobre o ambiente, o IAM decidiu instalar nos trilhos postes com 1,1 metros de altura e com lâmpadas LED de cor amarela, as quais geram um menor impacto ecológico nos pirilampos”, é acrescentado. A importância do pirilampo Apesar da escolha, o IAM frisa que considera os pirilampos muito importantes, assim como o meio ambiente. “O IAM atribui grande importância à conservação do meio ambiente dos pirilampos e procura continuamente os equipamentos de iluminação que reduzem decisivamente o impacto dos equipamentos no ambiente circundante”, é indicado. Quanto à instalação de iluminação em outros trilhos, o IAM nega que haja planos semelhantes e diz que vai continuar a insistir no “projecto de reabilitação dos pirilampos, de forma a manter intacto o seu meio ambiente”, assim como eliminar regularmente “espécies invasoras”.
Reciclagem | Lei Chan U sugere sistema de reembolso de valor das garrafas Salomé Fernandes e Nunu Wu - 6 Jan 2021 O deputado Lei Chan U submeteu uma interpelação escrita em que questiona se o Governo vai ter como referência países em que os consumidores pagam um depósito pelas garrafas de bebidas que compram, podendo ser reembolsados se as reciclarem Lei Chan U quer que o Governo adopte um sistema em que o consumidor paga um valor extra pelas garrafas e latas de bebidas, havendo reembolso quando a embalagem vazia for reciclada. Em interpelação escrita, o deputado reconheceu os esforços da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) no âmbito da reciclagem, dando exemplos como a cobrança de sacos de plástico. No entanto, observou que “devido ao rápido desenvolvimento económico e social, apesar de a quantidade de reciclagem de alguns resíduos ter aumentado, não foi possível compensar o aumento dos resíduos gerados”. Para incentivar à redução de resíduos e reciclagem, o deputado sugere a implementação de um sistema de depósito de garrafas, tendo como referência países como a Alemanha, Dinamarca e Noruega. Lei Chan U explica que os consumidores precisam de pagar um depósito por garrafas de cerveja, bebidas e água, que varia com o tamanho da embalagem. Se enviaram as garrafas vazias para reciclagem podem receber este valor de volta, na forma de dinheiro ou vales de consumo. Entre as diferentes formas de reciclar garrafas e latas, o deputado destacou que as máquinas automáticas para devolução em supermercados é a escolha mais popular. “Basta colocar as garrafas vazias uma a uma na máquina. Depois de passarem no teste, o voucher é impresso. Pode ser usado para consumo directamente no supermercado ou trocado por dinheiro. O sistema atingiu resultados notáveis, e a taxa de reciclagem de garrafas e latas nos países em causa excedeu 90 por cento”, descreveu. Alargar a rede As medidas da DSPA que Lei Chan U considera que “têm sido eficazes” incluem não apenas a cobrança por sacos de plástico, mas também o programa de pontos verdes, em que as pessoas podem reciclar garrafas em máquinas automáticas, obtendo pontos em troca. De acordo com dados publicados pela DSPA na sua página electrónica, em Outubro de 2019 foram instaladas pela primeira vez máquinas de recolha de garrafas de plástico, com uma recolha superior a 74 mil garrafas até Dezembro do ano passado. Actualmente, existem 42 destes pontos de recolha. A partir de um certo montante de pontos verdes, os participantes podem trocá-los por cupões de compras de supermercado ou por lembranças da DSPA. Lei Chan U questionou se as autoridades vão expandir a rede de reciclagem e instalar máquinas de recolha de todos os tipos de garrafas e latas que cumprem os requisitos de reciclagem em todos os supermercados de Macau.
Concertação Social | Manutenção de valores de vencimentos e compensações divide deputados João Santos Filipe e Nunu Wu - 6 Jan 2021 Para uns, como Song Pek Kei, a manutenção do valor do salário mínimo é essencial para a sobrevivência das empresas, mas para outros, como Leong Sun Iok, há compensações que deviam subir, depois de muitos anos congeladas durante o “boom” da economia A decisão proposta pelo Governo ao Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) de manter o valor mensal de 6.656 patacas para os trabalhadores de limpeza e de segurança na actividade de administração predial é aceite, mas está longe de gerar consenso entre os deputados da Assembleia Legislativa. Ao HM, houve ainda legisladores que se mostraram desagradados com a opção de manter o valor das compensações por acidentes de trabalho inalteradas, assim como o montante de 21 mil patacas por despedimento sem justa causa. Para José Pereira Coutinho, deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), havia margem de manobra para haver um aumento numa fase tão difícil. “É injusto que num momento destes, a situação continue a perdurar em detrimento dos direitos fundamentais dos trabalhadores. É injusto que os valores não sejam aumentados para todos, em termos de salários”, afirmou, ao HM. O pagamento das indemnizações é outro assunto que não convence o deputado. “É injusto que as compensações se mantenham no valor actual, não obstante os anos de serviço dos trabalhadores”, vincou. Do lado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), o maior grupo parlamentar, também houve descontentamento com a tomada de decisão do Executivo. Leong Sun Iok considera que havia espaço para se actualizarem os valores das compensações por acidente de trabalho e despedimento sem justa causa, mesmo que a pandemia limite as aspirações salariais. “Não podemos ignorar que o Governo é pressionado pela pandemia para não aumentar o salário mínimo. Mas esperamos que a decisão seja justificada com uma base científica. Todos os anos defendemos que estas decisões têm de ser tomadas não com base em ‘sentimentos’ de quem governa, mas com dados científicos”, começou por sustentar Leong. Contudo, para o legislador da FAOM a pandemia não explica que não se possa aumentar o valor das compensações por acidentes profissionais e por despedimentos sem justa causa. “As compensações por acidentes de trabalho e por despedimento sem justa causa são diferentes do salário, porque o salário entrou em vigor recentemente, mas o valor da compensação por acidente de trabalho é mais antigo. Por isso, acho que há condições para ajustar esses valores, como já tínhamos pedido há muitos anos”, sustentou. Leong Sun Iok mostrou ainda alguma frustração com as oportunidades perdidas no passado: “Quando a economia estava boa, os valores não foram ajustados, mas agora que a economia também está má, voltam a recusar. Parece que são decisões sem base científica”, atirou. Apoio de Mulheres e Fujian Um outro ponto de vista tem Song Pek Kei, deputada ligada à comunidade de Fujian e ao empresário Chan Meng Kam. No entender da legisladora, o mais importante é mesmo garantir que as pessoas não são despedidas e mantêm um posto de trabalho. “Considero apropriado manter o salário mínimo porque agora o ambiente económico é mau. Temos de entender que muitas pessoas estão em regime de licença sem vencimento e que para os empregados o mais importante é manter os empregos, bem como o salário para fazer face às despesas”, justificou Song Pek Kei. “No caso dos ordenados dos trabalhadores de limpeza e segurança de condomínios temos de perceber que envolvem muitas famílias, porque os proprietários também podem ter perdido o emprego ou ter problemas para fazer face ao empréstimo para a habitação. Se houvesse aumentos, o condomínio ia ficar mais caro e não era uma boa solução para os proprietários, principalmente para as famílias mais desfavorecidas”, explicou. Song apelou ainda ao realismo da sociedade e deputados para a situação: “Temos de ser pragmáticos e realistas. Nas condições económicas actuais se houvesse um aumento havia o risco de as empresas não conseguirem sobreviver e de haver um aumento do desemprego, que seria ainda mais prejudicial”, alertou. A questão de não haver aumentos salariais é igualmente pacífica para Wong Kit Cheng, deputada apoiada pela Associação Geral das Mulheres de Macau. “A economia de Macau sofreu um grande impacto com a pandemia por isso compreendo a manutenção dos valores do ordenado. Acho que é uma situação que os patrões e os trabalhadores conseguem avaliar de forma correcta”, disse Wong. “Temos de perceber que o montante [do salário] foi revisto há menos de um ano, com a revisão da lei das relações de trabalho”, recordou. Despedimento discriminatório Apesar de compreender a manutenção do valor do salário mínimo, Wong Kit Cheng revela que está mais preocupada com as condições que fazem com que as trabalhadoras grávidas sejam facilmente vistas como preferenciais em caso de licenças sem vencimento ou mesmo despedimento sem justa causa. “Neste momento conhecemos situações de grávidas que foram enviadas para casa em regime de licença sem vencimento ou mesmo despedidas sem justa causa”, revelou. “Nestas situações achamos que deve haver um aumento das compensações por despedimento sem justa causa para que a situação delas seja mais amparada e também para evitar que haja discriminação, de forma a dar-lhes seguranças”, sublinhou. O CPCS funciona com representantes dos sectores laborais e patronais. Na semana passada decorreu a terceira reunião plenária do ano, em que foram discutidas eventuais mudanças nas leis para o futuro. Apesar do sistema aparentar uma certa representatividade, José Pereira Coutinho acusou o órgão de ter falta de legitimidade, com os trabalhadores a serem prejudicados. “É tudo combinado. Não tem legitimidade nem representatividade para representar tanto patrões como trabalhadores, na medida em que a sociedade de Macau tem vindo a evoluir há mais de 20 anos. Portanto, há muitos grupos com representatividade na Assembleia Legislativa que acabam por não estar na Concertação Social”, indicou. “Nós fizemos várias interpelações no sentido de alargar a representatividade nesse conselho, mas chegámos à conclusão de que o Governo pretende manter o monopólio da Associação Comercial de Macau e da Federação das Associações dos Operários de Macau”, rematou. CPCS | Pereira Coutinho acusa órgão de ter vergonha Ao contrário do que normalmente acontece, a reunião de 30 de Dezembro do Conselho Permanente da Concertação Social (CPCS) decorreu sem que os jornalistas tivessem sido informados. Por este motivo, não foi possível aos órgãos de comunicação social questionar os representantes do sector laboral e patronal sobre os argumentos e justificações para as medidas tomadas. No entender do deputado José Pereira Coutinho, o facto de os órgãos de comunicação social não terem sido informados sobre o desenrolar da reunião, nem terem sido convidados para fazer perguntas mostra que os membros têm vergonha das decisões que tomam. “A ideia que eles passam é que estão envergonhados por terem de responder às perguntas dos jornalistas. Por isso, preferem divulgar as informações sem que os jornalistas tenham a oportunidade de fazer perguntas sobre o que se decidiu”, afirmou o deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. “É uma opção que mostra como o conselho é opaco e funciona mal”, acrescentou. O HM contactou também o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, que é o presidente do CPCS para perceber os motivos que levaram a que não houvesse um convite à imprensa. A questões acabaram reencaminhadas para a secretaria do CPCS, que não explicou os motivos da decisão, que contraria a prática, mas apontou estar “atenta às opiniões da sociedade e continua a impulsionar no melhoramento da divulgação das notícias, de modo a que a sociedade conheça a situação de trabalhos do Conselho”.
Covid-19 | Equipa da OMS esperada na China para investigar origem do vírus Hoje Macau - 5 Jan 2021 Uma equipa internacional de cientistas encarregada de rastrear a origem da covid-19 deve chegar esta semana à China, um ano após a doença ter sido detetada, pela primeira vez, em Wuhan, no centro do país. A visita de 10 especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) é considera sensível para o regime chinês, que quer evitar qualquer responsabilidade pela epidemia que já matou mais de 1,8 milhão de pessoas em todo o mundo. A imprensa estatal e as autoridades têm difundido informações que apontam que o vírus teve origem no exterior, possivelmente via importação de alimentos congelados, o que é rejeitado pela OMS. Por vezes apontam para a Itália, outras vezes para Estados Unidos ou até Índia, como locais de origem da doença. “Cada vez mais pesquisas sugerem que a epidemia pode ter aparecido em muitos lugares do mundo”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, no fim de semana. A visita assemelha-se a uma missão secreta. As datas nem sequer foram especificadas e a OMS referiu apenas que estava marcada para a “primeira semana de janeiro”. Embora tenha conseguido controlar a doença no seu território, Pequim não conseguiu evitar que o Presidente dos EUA, Donald Trump, acuse regularmente o país de ter espalhado o “vírus chinês” pelo mundo. As autoridades comunistas condenaram, na semana passada, a quatro anos de prisão a jornalista independente Zhang Zhan, que fez cobertura do surto em Wuhan. “Qualquer informação sobre o vírus é altamente sensível e sujeita a avaliação antes de ser publicada”, contou à Lusa a jornalista de um órgão estatal chinês. A epidemia exige que os especialistas internacionais passem por uma quarentena de duas semanas após chegarem a Pequim e terão depois entre três e quatro semanas para realizarem trabalhos de investigação. Os cientistas devem chegar a Wuhan por volta de 20 de janeiro, um ano após a cidade com 11 milhões de habitantes ter sido colocada sob quarentena. A data coincide também com a saída de Donald Trump da Casa Branca e alguns observadores presumem que Pequim pode ter esperado pela sua saída antes de autorizar a investigação, para não dar a impressão de estar a ceder às exigências do líder norte-americano. Este último pediu repetidamente uma investigação internacional sobre a origem do vírus, um pedido feito também pela Austrália, que foi sujeita nos últimos meses a sanções comerciais chinesas. Mas a demora para o início da investigação significa que os primeiros traços da infeção dificilmente serão encontrados pelos pesquisadores. “Não estou otimista. Eles chegam depois da batalha”, avisou o especialista em doenças infeciosas Gregory Gray, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. “Será extremamente difícil encontrar a origem do vírus”, admitiu Ilona Kickbusch, do Instituto de Graduação em Estudos Internacionais e de Desenvolvimento de Genebra. Os cientistas geralmente apontam que o hospedeiro original do vírus é um morcego, mas o animal intermediário que permitiu a contaminação humana é desconhecido. A OMS, que Trump acusou de estar ao serviço da China, acredita que os seus especialistas poderão investigar livremente, mesmo que Pequim ainda não tenha confirmado que Wuhan está no programa da visita. “A equipa irá para Wuhan, esse é o objetivo da missão”, disse o chefe de emergências de saúde da instituição de Genebra, Michael Ryan, em meados de dezembro. “Vamos trabalhar com os nossos colegas chineses, eles não (…) serão supervisionados por funcionários chineses”, garantiu. A missão é formada por 10 cientistas (Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Austrália, Rússia, Vietname, Alemanha, Estados Unidos, Catar e Japão) reconhecidos em suas diversas áreas de atuação. “Não é uma questão de encontrar um país ou autoridades responsáveis. É uma questão de entender o que aconteceu para reduzir os riscos no futuro”, apontou Fabian Leendertz, do Instituto Robert Koch, na Alemanha. “É preciso entender o que aconteceu para evitar que volte a acontecer”, acrescentou.
Atum vendido por 165 mil euros no primeiro leilão do ano em Tóquio Hoje Macau - 5 Jan 2021 Um atum vermelho atingiu hoje o valor de 20,8 milhões de ienes (cerca de 165 mil euros) no primeiro leilão deste ano, no mercado de Toyosu de Tóquio, onde a pandemia de covid-19 marcou a sessão inaugural do ano. O valor do exemplar de 208 quilogramas, capturado por um pesqueiro do nordeste do Japão, ficou muito abaixo do montante alcançado em 2019, quando um atum foi comprado por 193,2 milhões de ienes. A diferença dos valores reflete a difícil situação económica que atravessa o setor nipónico da restauração, devido à pandemia de covid-19. Em 2019, um exemplar de 278 quilogramas atingiu o preço mais alto, até à data, ao ser comprado por 333,6 milhões de ienes. O leilão inaugural de 2019 foi o primeiro realizado em Toyosu, novas instalações do mercado de peixe de Tóquio, considerado o maior do mundo. Em 2018, o mercado foi transferido de Tsukiji para Toyosu. No primeiro leilão deste ano, os participantes foram obrigados a usar máscara, entre outras medidas para impedir contágios da covid-19. Desde de dezembro passado que não é permitida a presença de visitantes no mercado para assistir aos leilões de peixe, uma das principais atrações turísticas da capital japonesa, devido ao novo coronavírus.