Justiça | Bombeiros com demissão anulada vão ter novas punições Sofia Margarida Mota - 17 Abr 201917 Abr 2019 Os dois funcionários dos bombeiros que viram a sua demissão anulada pelo Tribunal de Última Instância – depois de terem sido acusados da prática de crimes de gravações ilícitas e uso ilegítimo de dados informáticos – vão ter uma nova punição, apontou ontem o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak [dropcap]J[/dropcap]á existe uma nova punição para os dois funcionários do Corpo de Bombeiros (CO) despedidos depois do Tribunal de Última Instância (TUI) ter decidido que a demissão era uma “uma pena excessiva”. A informação foi avançada ontem pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, à margem da cerimónia de inauguração da exposição “Educação sobre a Segurança Nacional” no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. “Com a decisão do TUI recorremos a outro procedimento disciplinar para estes dois agentes. Como o TUI não concordou tomámos outra decisão”, disse. Apesar da nova punição já estar definida, para já o secretário afirma não poder adiantar mais pormenores porque “o processo está em curso” e “os envolvidos ainda poderão recorrer”. No entanto, Wong Sio Chak reitera que os procedimentos adoptados pela comissão das forças de segurança que ditaram a demissão destes funcionários foram todos “dentro da lei”. “Esses casos ocorreram quando eu não era ainda secretário e na altura as autoridades procederem de acordo com a legislação”, apontou. “As diferentes forças de segurança que participaram na comissão disciplinar tiverem o mesmo parecer que era a demissão. Por isso achámos que se devia conceder a demissão e tudo foi feito dentro da legislação”, acrescentou o secretário. Mau exemplo “Com a decisão do TUI recorremos a outro procedimento disciplinar para estes dois agentes.” Wong Sio Chak, secretário para a Segurança O facto dos funcionários implicados serem “agentes de segurança” confere-lhes uma maior responsabilidade devendo “ser os primeiros a cumprir a legislação”, pelo que “tendo cometido estas infracções, e considerados culpados, na nossa óptica achamos que se deve considerar a decisão da comissão”, acrescentou Recorde-se que um dos funcionários despedidos era sub-chefe do CB e foi condenado pela prática de três crimes de gravações ilícitas. O segundo funcionário era chefe assistente e foi condenado pela prática de um crime de obtenção, utilização ou disponibilização ilegítima de dados informáticos e também pelo crime de devassa da vida privada. O TUI considerou as penas de demissão excessivas e apontou que as forças de segurança devem encontrar outras penas a aplicar, mais adequadas ao interesse público.
Televisão | Nam Kwong lança série sobre Macau Hoje Macau - 17 Abr 201917 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] grupo económico Nam Kwong está a trabalhar numa série televisiva para enaltecer o 20.º aniversário da transferência da administração de Macau e o 70.º aniversário da criação da República Popular da China. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a produção vai estrear no canal estatal CCTV no dia da transição e vai ter como objectivo mostrar os feitos alcançados após o regresso de Macau à Pátria, assim como promover a Grande Baía. Além disso, está prevista uma versão disponível no idioma de Camões para ser distribuída entre os Países de Língua Portuguesa. Actualmente, na RAEM, a Nam Kwong tem o monopólio para a importação de determinados alimentos vindos do Interior da China, controla a operadora de autocarros TCM, entre outros investimentos. Durante vários anos, após a criação da República Popular da China, a Nam Kwong foi uma empresa do regime, tendo sido utilizada para estabelecer trocas comerciais e ligações políticas com outras regiões, como Macau, com que não havia relações formais.
Expulsos de Macau, regressam para novos assaltos João Santos Filipe - 17 Abr 201917 Abr 2019 Dupla foi expulsa de Macau, voltou ilegalmente e cometeu mais de 20 crimes [dropcap]F[/dropcap]oram expulsos para o Interior da China, voltaram de forma ilegal e de Janeiro até Abril estiveram Macau, onde cometeram mais de 20 crimes de furto em autocarros. A situação foi revelada, ontem, pelo Ministério Público (MP), que informou que os dois suspeitos ficaram em prisão preventiva. “Os dois arguidos, que tinham sido investigados e repatriados para o seu local de residência [Interior da China] alegadamente pela prática de vários crimes de furto em Macau, voltaram a entrar em Macau ilegalmente e a praticar crimes, sendo suspeitos da prática de, pelo menos, 20 crimes de furto em autocarro”, pode ler-se no comunicado do MP. Os crimes ocorreram entre Janeiro e Abril. Segundo o Código Penal, o furto em autocarro ou outro meio de transporte colectivo é punido como furto qualificado, com pena de prisão vai até 5 anos, ou até 10 anos se os objectos furtados forem de valor consideravelmente elevado, ou seja, se excederem 150 000 patacas. A situação foi detectada pela PJ, que subsequentemente enviou o caso para o MP. Ouvidos os dois indivíduos, o Juiz de Instrução Criminal aplicou como medida de coacção a prisão preventiva. Esta medida foi explicada com a prevenção dos “perigos de fuga, de continuação da actividade criminal e de perturbação da ordem ou tranquilidade públicas”. Imagem turística No mesmo comunicado, o MP condena o crime “contra a propriedade” e apela aos cidadãos que quando se depararem com este tipo de situações que alertem e cooperem com as autoridades. “Sendo um crime contra a propriedade, o furto em autocarro prejudica gravemente a segurança das pessoas nas suas deslocações”, é apontado. “Assim, caso se verifique a ocorrência de crimes, os cidadãos ou os passageiros devem denunciá-los por iniciativa própria e colaborar com a polícia e o Ministério Público”, é acrescentado. Segundo a mesma nota de imprensa, o MP apela à defesa da principal actividade económica de Macau. Isto porque, diz o organismo liderado por Ip Son Sang, o combate aos crimes permite defender “em conjunto a tranquilidade social e salvaguardando a imagem de cidade turística de Macau”.
Crime | Homem viola ex-mulher quando esta foi recuperar pertences João Santos Filipe - 16 Abr 201916 Abr 2019 Quarto do inimigo A alegada violação aconteceu quando a mulher estava no quarto em que o casal dormia para ir buscar pertences. Após o ataque, a vítima apresentou queixa imediatamente. O homem, natural do Interior da China, tinha estatuto de residente não-permanente desde 2017 [dropcap]U[/dropcap]m homem de 45 anos violou a ex-mulher, de cerca 50 anos, quando esta se deslocou à anterior residência do casal para levar os seus pertences para a nova casa. A situação aconteceu no passado dia 12, na Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, e foi revelada ontem pela Polícia Judiciária (PJ), que reencaminhou o caso para o Ministério Público (MP). De acordo com a informação divulgada pelas autoridades, a mulher local e o homem natural do Interior da China casaram em 2012, mas apenas em 2017 vieram para a RAEM para viver juntos. O casal tem uma filha. Quando a mulher estava no quarto a arrumar as suas coisas, o homem avançou e violou-a, sem que tenha utilizado qualquer tipo de protecção. A mudança para Macau deu-se depois de o homem, que trabalha como segurança num casino local, ter obtido o estatuto de residente não-permanente. No entanto, os problemas, matrimoniais multiplicaram-se, com frequentes discussões sobre dinheiro que se adensaram até à separação do casal. “A relação entre os dois não funcionou e a vítima saiu da casa que tinham arrendado, em Novembro do ano passado”, explicou a PJ, durante a conferência de imprensa de ontem. Com a separação a ser assumida aos poucos, no início de Abril, a mulher, que também trabalha num casino, entrou em contacto com o ex-parceiro porque queria ir buscar as suas coisas à residência que anteriormente partilharam. Foi nessa altura que o crime terá alegadamente acontecido. Quando a mulher estava no quarto a arrumar as suas coisas, o homem avançou e violou-a, sem que tenha utilizado qualquer tipo de protecção. Queixa imediata Após a ocorrência, a mulher foi imediatamente à esquadra da Polícia de Segurança Pública (PSP), que transferiu o caso para a PJ. “A mulher fez queixa imediatamente. Foi na casa dele. A violação aconteceu quando ela estava a arrumar as suas coisas no quarto”, relatou o porta-voz das forças de segurança. Segundo a mesma informação, durante a alegada violação a mulher terá sofrido lesões num dos braços, ferimentos que foram igualmente denunciados às autoridades. Após receber a queixa, a PJ deteve o homem, já no dia 13 de Abril, no local de trabalho, onde este se encontrava a desempenhar a sua profissão. O crime de violação é punido com pena de prisão de 3 a 12 anos. Dependendo de certas condicionantes, a pena pode ser agravada em um terço, o que no caso da pena máximo pode fazer com que aumente para quase 16 anos.
Eleições | Candidatura obriga Ho Iat Seng a abdicar de lugar no Colégio Eleitoral João Santos Filipe - 16 Abr 201916 Abr 2019 Até ontem, apenas 22 por cento das pessoas colectivas tinha feito o registo para proporem membros para a Comissão Eleitoral. Como tal, a CAECE apela às associações que apressem o registo [dropcap]C[/dropcap]omo deputado de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), Ho Iat Seng tem por inerência lugar entre os 400 membros do Colégio Eleitoral que vão eleger o futuro Chefe do Executivo. No entanto, caso decida avançar para a corrida ao cargo de líder do Governo, como antes admitiu estar a equacionar, Ho Iat Seng não só terá de suspender das funções como deputado, mas também tem de abdicar da posição membro do Colégio Eleitoral. A confirmação da incompatibilidade entre a candidatura ao cargo de Chefe do Executivo e a presença entre os 400 membros da Comissão Eleitoral foi dada ontem pela Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE). “Só posso comentar esta situação de uma forma geral sem mencionar nomes ou falar de casos particulares”, começou por ressalvar a presidente da CAECE, a juíza Song Man Lei. “Conforme está estipulado na lei, se uma pessoa for membro da Comissão Eleitoral não pode ser candidato a Chefe do Executivo”, acrescentou. Em relação a uma eventual candidatura de Ho Iat Seng, a comissão não quis antever nenhum cenário sobre os procedimentos necessários. “Não queremos estar a prever cenários porque ainda não recebemos qualquer candidatura de eventuais interessados. O mais importante é que se actue dentro do estipulado da lei, que se resigne [ou suspensa] eventuais cargos e se apresente a candidatura. Nesses casos, não há problemas”, sublinhou. Nas últimas eleições de Macau para a APN, no final de 2017, Ho Iat Seng foi o mais votado. Além dos 12 eleitos, houve ainda três candidatos que ficaram de fora nomeadamente Kevin Ho (228), Wong Ian Man (157) e Fong Ka Fai (203). Não é de excluir que um dos três seja chamado para preencher uma eventual vaga de Ho. Porém, Song Man Lei não confirmou essa situação, apenas garantiu que o colégio terá de respeitar o número 400 membros. “Sobre a substituição de um membro, temos de ver a regulação desse sector. Por exemplo, se houver alguém que não possa participar devido a doença temos de ver como funciona esse sector específico”, apontou. Os lugares dos deputados da APN têm de ficar definidos 10 dias antes de 16 de Junho – quando os restantes membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo são escolhidos –, ou seja, por volta de 6 Junho. Apelo às associações “Conforme está estipulado na lei, se uma pessoa for membro da Comissão Eleitoral não pode ser candidato a Chefe do Executivo.” Song Man Lei, presidente da CAECE Até ontem, apenas 22 por cento das associações com capacidade para propor membros para o colégio de 400 membros tinha entregado o boletim de registo do representante. O limite é na terça-feira dia 23 de Abril pelo que a presidente da CAECE deixou um apelo: “Sabemos que o registo vai acabar no dia 23 de Abril e que na próxima sexta-feira e segunda-feira vão ser dias de feriados. Apelamos aos interessados em exercer o direito de voto que apresentam o boletim quanto antes”, afirmou Song Man Lei. Contando com o dia de hoje, sobram quatro dias até ao limite. Por isso, a CAECE teme que o volume de trabalho se acumule em demasia no último dia do prazo. Também ontem a CAECE confirmou que já tinha recebido a lista com os 22 deputados da Assembleia Legislativa de Macau, que vão integrar o colégio eleitoral. No entanto, em relação aos reservados para os deputados da APN, para representantes dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e para os representantes do Instituto para os Assuntos Municipais não houve qualquer novidade saída da reunião de ontem da CAECE. CAEAL | Nomes de listas para legislativas limitados Tong Hio Fong, ex-presidente da Comissão Eleitoral para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), explicou ontem o relatório deste organismo que defende mais restrições no nome das listas candidatas à AL. “Algumas listas aproveitaram o nome para emitirem mensagens de propaganda […] Mas se for propaganda antecipada, ou seja depois da divulgação das listas finais, é uma ilegalidade e é contrária ao espírito da lei”, esclareceu Tong. Assim, o também juiz voltou a defender que se for possível que este aspecto da lei deve ser mudado. Neste sentido, sustenta, qualquer acção de propaganda após a entrega das listas provisórias deveria ser proibida. Outro aspecto mencionado pelo ex-presidente da CAEAL foi a necessidade de alargar o período de campanha. “Vimos nas últimas eleições que há muitos candidatos e se calhar têm pouco tempo para a campanha. Achamos que, se houver condições, podemos prolongar o prazo”, explicou. Actualmente, a campanha tem um período de duas semanas.
Segurança | Chui sublinha reforço legal para defender autoridade de Pequim Sofia Margarida Mota - 16 Abr 201916 Abr 2019 A defesa da autoridade do Governo Central e os interesses dos residentes justificam o reforço da legislação no âmbito da segurança nacional. A ideia foi deixada ontem por Chui Sai On na cerimónia de abertura da exposição “Educação sobre a segurança nacional” [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, salientou ontem o reforço das medidas legais e de segurança que visam a defesa da autoridade de Pequim e os interesses dos residentes. A informação foi dada durante o discurso da cerimónia de inauguração da exposição “Educação sobre a segurança nacional”, organizada em conjunto com o Gabinete de Ligação. A mostra está patente no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. “O Governo da RAEM tem vindo a reforçar os regimes e mecanismos e desenvolvido o seu sistema legal, tendo como finalidades últimas a defesa da autoridade do Governo Central e os interesses fundamentais dos residentes”, apontou o Chefe do Executivo. Chui Sai On admitiu mesmo a criação de “um novo contexto para o trabalho de defesa da segurança nacional”, sem, no entanto, ter adiantado quaisquer pormenores acerca desta matéria. O representante máximo do Executivo salientou que a exposição inaugurada ontem é “orientada pelo pensamento do Presidente Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas da nova era” acrescentando que “a defesa da segurança nacional é uma responsabilidade constitucional” de Macau. “Assim, para a RAEM existe somente o dever para com ‘um país’ sem distinção dos ‘dois sistemas’”, apontou. A bem da sociedade “Para a RAEM existe somente o dever para com ‘um país’ sem distinção dos ‘dois sistemas.’” Chui Sai On, Chefe do Executivo Assegurar a defesa nacional é uma garantia de bem-estar social, de acordo com o Chui Sai On, traduzindo-se na prática de “um conceito de desenvolvimento em que a garantia da qualidade de vida é central” e “resolvendo as questões sobre os interesses vitais dos residentes”. Por outro lado, “a promoção da construção de uma cidade segura em Macau é condição indispensável do desenvolvimento socioeconómico e é um contributo relevante para a grande obra ‘um país, dois sistemas’”, especialmente no momento actual em que “a conjuntura mundial é complexa e o país, este ano, continua a enfrentar desafios, em termos de segurança”. Chui Sai On recordou ainda a criação, há cerca de um ano, da Comissão de Defesa da Segurança do Estado da RAEM e dos “mecanismos de coordenação desta área”, com o intuito de “melhor defender a segurança nacional”. A este respeito, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, também salientou as iniciativas legislativas que Macau tem levado a cabo para o reforço da segurança nacional. À margem do mesmo evento, o secretário recordou os trabalhos legislativos avançados no ano passado e apontou a produção de novos diplomas, dando como exemplo o regime do segredo de Estado. O filho pródigo Macau é um exemplo na aplicação de medidas para a segurança nacional. A ideia foi deixada ontem pelo director do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, Fu Ziying. O responsável sublinhou que “Macau foi a primeira região fora da China interior a realizar uma exposição evocativa da segurança nacional”. A criação da Comissão de Defesa da Segurança do Estado da RAEM no ano passado foi também evocada como “um grande sucesso na regulamentação destas matérias (…) tornando-se num modelo de referência na concretização do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”. Na mesma ocasião, o subdirector do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau, Song Zhe, defendeu que “o Executivo e os diversos sectores da sociedade têm defendido com firmeza a soberania, segurança e os interesses do país”. Estudantes preocupados com a segurança nacional, mas sem noção de ameaças “Os jovens como nós precisam de saber mais sobre o nosso país, especialmente na área da segurança e do desenvolvimento nacional” estas são as palavras de Carrie, aluna de 17 anos da Escola Choi Nong Chi Tai, que participou ontem, com outras colegas, numa visita à exposição “Educação sobre a Segurança Nacional” no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. A iniciativa, a segunda realizada no território, tem como intuito dar mais informação aos estudantes locais além da que é dada nas escolas no âmbito do patriotismo, acrescentou. “Sabemos pouco acerca destas áreas do que aprendemos na escola e se tivermos exposições como esta podemos saber cada vez mais sobre o nosso país”, disse. A opinião é partilhada pela colega Shirley, de 16 anos, que admite que “as pessoas ignoram este tipo de coisas relacionadas com a segurança”. Para a estudante trata-se de um evento “muito importante” para trazer um acréscimo de experiências, resultando numa maior “conecção” com o país. Questão tranquila Shirley considera ainda que “as pessoas estão preocupadas com a segurança”, principalmente ao nível do país. Para a estudante, a questão nacional é de relevo. “Não podemos conceber a sociedade com os seus indivíduos ou só sobre nós próprios, mas tendo em conta todo o país. Penso que precisamos de saber mais acerca disso. Temos a responsabilidade de proteger estes assuntos”, disse. No entanto, quando questionadas acerca de possíveis ameaças actuais à China, não houve respostas. “Tenho que pensar nisso com mais calma”, respondeu. A acompanhar a turma destas alunas estava o professor de música, Ng Si Un. Para o responsável este tipo de exposições permite que “alunos possam aprender e perceber melhor que são chineses, que amam o país e que têm responsabilidade sobre a segurança nacional”. Ng salientou ainda o facto de a segurança nacional ser dizer respeito a todos, e ser essencial para “o desenvolvimento do país.”
Grande Baía | Agnes Lam pede facilitação de comunicações Hoje Macau - 16 Abr 201916 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] redução de tarifas telefónicas nos serviços de roaming e de internet entre as regiões que integram o programa de cooperação regional da Grande Baía é o apelo feito por Agnes Lam ao Executivo. Em interpelação escrita, a deputada alerta para os desafios que o projecto implica para Macau, nomeadamente no que respeita à facilitação das comunicações inter-regionais. Agnes Lam aponta os preços dos serviços como um dos obstáculos a ser superado. “Na actual situação de Macau, as telecomunicações são dispendiosas e o serviço não é satisfatório”, aponta. “Embora as autoridades tenham solicitado repetidamente às operadoras que rectificassem e reduzissem o preço, os resultados não foram eficazes”, acrescenta. Agnes Lam na Assembleia Legislativa À precariedade das telecomunicações acresce o problema de comunicações inter-regionais suscitado pelas dificuldades geográficas e pela utilização de diferentes sistemas operativos. “Devido às barreiras geográficas entre Hong Kong, Macau e o Continente, e aos diferentes sistemas operativos, as tarifas de longa distância e de roaming para telemóveis continuam altas”. Dentro de um projecto comum, esta situação não é viável e não vai promover o êxito das comunicações entre as áreas envolvidas, considera. Para resolver esta situação Agnes Lam propõe a realização de um estudo que contemple a viabilidade em acabar com qualquer tarifa que envolva as comunicações móveis entre as três regiões envolvidas. Para a deputada está em causa a concretização do desígnio de Macau como cidade inteligente e de um plano fundamental para participação com sucesso do território no projecto inter-regional. Na óptica de Agnes Lam é fundamental que o Governo esclareça estas questões e que actue de imediato. S.M.M. Habitação | Pedidas explicações sobre edifícios vazios O facto de o Governo gastar muitos recursos em rendas, ao mesmo tempo que mantem alguns dos edifícios que detém desocupados foi objecto da última interpelação escrita de Ng Kuok Cheong. De acordo com o pró-democrata, existem edifícios na zona da Areia Preta e Iao Hon que se encontram desocupados, apesar de estarem em áreas que podem ser altamente lucrativas. Por outro lado, segundo o legislador, têm-se multiplicado as questões relativamente ao número de edifícios desocupados que pertencem ao Governo, mas que têm ficado consecutivamente sem resposta. Ng Kuok Cheong pede agora explicações do Governo sobre o assunto e pergunta também o que vai ser feito com terceiro andar do edifício anexo ao Mercado do Iao Hon, que se encontra desocupado há anos.
Cooperação | Chui Sai On irá reunir com Costa e Marcelo João Luz - 16 Abr 201916 Abr 2019 O Chefe do Executivo estará em Portugal a partir de 11 de Maio para uma visita de uma semana. Além dos compromissos com António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, Chui Sai On vai participar numa reunião da Comissão Mista Macau-Portugal e receber as Chaves da Cidade do Porto [dropcap]C[/dropcap]hui Sai On realiza de 11 a 19 de Maio uma visita oficial a Portugal que prevê reuniões com o Presidente da República e o primeiro-ministro, numa viagem com passagens por Lisboa e pelo Porto, de acordo com um comunicado emitido pelo gabinete do porta-voz do Governo. “Em Lisboa, o Chefe do Executivo será recebido, em audiência, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e, mais tarde, pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, com os quais trocará ideias a respeito da consolidação das relações de amizade entre Macau e Portugal e do reforço da cooperação bilateral”, conforme o referido comunicado. Além dos compromissos com Costa e Marcelo, Chui Sai On vai ainda presidente à 6.ª reunião da Comissão Mista Macau-Portugal com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Na agenda de trabalhos, de acordo com informação veiculada, estão os poucos precisos objectivos de ampliar a “colaboração em diversos campos”. Outro dos pontos da agenda do Executivo é a organização em Lisboa de uma exposição fotográfica que tem como objetivo comemorar o 20º aniversário do estabelecimento da RAEM. No comunicado explica-se que, “neste âmbito, está também prevista uma recepção comemorativa, para a qual serão convidados amigos de longa data e recentes que terão oportunidade de discutir (…) o desenvolvimento e mudanças de Macau”. Chave do Porto “O Chefe do Executivo será recebido pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, com os quais trocará ideias a respeito da consolidação das relações de amizade entre Macau e Portugal.” Ainda na capital, o Chefe do Executivo vai participar num debate com estudantes de Macau que frequentam o ensino superior em Portugal. Chui Sai On vai assinar ainda com a Câmara Municipal do Porto “um memorando de entendimento para o quadro de cooperação na promoção de amizade”, como se pode ler no comunicado. Após a assinatura, o Chefe do Executivo “será agraciado com as Chaves da Cidade, um alto galardão municipal”. Importa referir que a Comissão Mista Macau-Portugal foi estabelecida pelo Acordo Quadro de Cooperação entre a RAEM e Portugal, com o objectivo de aprofundar a colaboração entre os dois territórios. A reunião anterior realizou-se em Macau, em 20 de Outubro de 2018, aquando da visita oficial do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. O quarto encontro tinha sido organizado em 2016, por ocasião da visita do Chefe do Executivo a Portugal.
Estudo | Análise à representação de Macau no cinema e televisão americanos Andreia Sofia Silva - 16 Abr 201916 Abr 2019 A Macau dos anos 50 não foi retratada da mesma maneira no cinema e nas séries televisivas norte-americanos, em nome dos interesses financeiros e conjuntura política da época. Rui Lopes, investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, apresenta um estudo sobre a forma como o território foi representado no audiovisual americano “[Os filmes] misturavam os preconceitos de Hollywood, que apresentava os espaços asiáticos como sendo cheios de vícios e imoralidades, e representavam também uma visão negativa de Hollywood em relação ao colonialismo português”. Rui Lopes, investigador do Instituto de História Contemporânea [dropcap]O[/dropcap] período da Guerra Fria e a visão americana do colonialismo europeu marcaram a forma como a Macau dos anos 50 foi retratada no cinema e nas séries televisivas. Ambas as indústrias o fizeram de maneira diferente, de acordo com os interesses políticos e financeiros da época. A conclusão é de Rui Lopes, investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (IHC-UNL), que apresenta a palestra “Macau no cinema e na televisão americana dos anos 50” a 23 de Abril. Entre a década de 50 e 1975, Macau serviu de cenário a 15 filmes norte-americanos, que apresentam quase sempre uma estreita ligação a Hong Kong. Na visão de Hollywood, Macau surge como uma cidade imoral, desorganizada e corrupta. “Por um lado, estes filmes apresentavam Macau como um espaço turístico e romântico, mas quase todos os filmes apresentavam também Macau como um poço de crime e de fuga à lei”, contou o investigador ao HM. Estas películas “misturavam os preconceitos de Hollywood, que apresentava os espaços asiáticos como sendo cheios de vícios e imoralidades, e com problemas de criminalidade, e representavam também uma visão negativa de Hollywood em relação ao colonialismo português, que era apresentado como corrupto e pouco eficiente, sobretudo se compararmos com as representações dos ingleses em Hong Kong”. Se os filmes “apresentavam uma imagem bastante violenta de Macau”, as séries televisivas faziam o aposto. “Mostravam também Macau como um sítio de crime, mas já não era um sítio que fugia à lei, mas sim onde os americanos colaboravam com os portugueses, os espiões e a polícia.” Na óptica do académico, esta divergência de interpretação da cidade prende-se com o facto de “a televisão seguir a lógica da Guerra Fria, segundo a qual os EUA adoptavam uma atitude pragmática de apoio às potencias coloniais, para combaterem o comunismo”. No fundo, o cinema e as séries televisivas da época que usavam Macau como cenário revelam “dois modos americanos de olhar Macau e o colonialismo”. Para Rui Lopes, o cineasta Josef von Sternberg, que filmou “Macao” em 1952, acabou por ser um dos realizadores mais marcantes a colocar Macau no mapa do cinema norte-americano. “Não só é o mais conhecido filme americano que se passa quase todo em Macau, mas foi também o filme que definiu a imagem do território no cinema americano que depois foi copiada em todos os filmes seguintes.” Política e cinema Rui Lopes aponta questões financeiras para explicar as diferentes abordagens entre o meio televisivo e cinematográfico. “A televisão estava muito dependente do apoio oficial do Governo norte-americano, isto porque era uma indústria que ainda estava nos seus primórdios, uma vez que a indústria do cinema tinha começado na viragem do século XX.” O académico considera que esta é a razão pela qual a produção televisiva adoptava um discurso muito mais próximo do Governo norte-americano, que olhava para Portugal como um aliado importante num conjunto de causas comuns, como o combate ao comunismo e o tráfico de droga. No sentido contrário, Hollywood contava já com uma indústria estabelecida, robusta e mais independente a este nível, pelo que a “prioridade era fazer dinheiro com histórias bombásticas que reproduzissem o que as pessoas gostavam de ver, que eram os seus próprios preconceitos sobre o Oriente e esta ideia de grandes histórias e melodramas em sítios sem lei”, comenta o investigador. Na época, os olhares de ambas as indústrias repousavam em Macau, pelo facto do território “ter uma longa tradição de representação literária, como um sítio lânguido, de alguma decadência e de vício, mas um sítio melancólico. E já havia vários escritos sobre isso”. Outro dos aspectos aliciantes do território, em termos audiovisuais, alia a posição geográfica à época, “aconteceram várias coisas ao mesmo tempo”, como a Guerra Fria e a implantação da República Popular da China, que acontece em 1949. “Macau torna-se naquilo que a imprensa americana chamava a imprensa de bambu, ou seja, por oposição à cortina de ferro. Estava na fronteira entre o mundo comunista e ocidental. Estando naquela fronteira, significava que Macau era o sítio ideal para histórias de espionagem, contrabando e aventuras.” https://www.youtube.com/watch?v=W7ivUqV_MPM Coreia e Hong Kong Mais tarde, quando começa a Guerra da Coreia (de 1950 a 1953), surge “um grande interesse do público americano por assuntos relacionados com a Ásia”, conflito em que as forças armadas norte-americanas participaram. Aparece então “uma vaga de filmes relacionados com a Ásia e nos quais se inclui Macau por causa desta componente”. O facto de Macau ter casinos era também um fator de atracção para argumentistas e realizadores, mas não só. “Como Portugal não tinha ainda, na altura, aderido ao Tratado de Bretton-Woods, e não havia, portanto, um valor fixo atribuído ao ouro no espaço português, significa que também em Macau havia um grande mercado de ouro associado a um grande sistema de contrabando, pirataria e de crime organizado”, contextualiza o investigador. Rui Lopes assegura que Hong Kong era retratado como um lugar onde imperava a lei e a organização. “Há um contraste muito claro, porque Hong Kong aparecia como um sítio ordeiro, moderno, seguro. Era também um sítio de liberdade, porque era para onde fugiam os refugiados chineses que vinham da China após a revolução comunista.” Também aqui há uma influência política na disparidade interpretativa, no entendimento do académico. “Estes filmes mostravam um discurso de Hollywood mais crítico pelo facto de ser colonialismo português e não apenas colonialismo. No caso do colonialismo inglês, aparecia com um discurso mais simpático.” Um lugar secundário O passar do tempo e dos acontecimentos históricos alteraram a visão da sétima arte e da televisão norte-americanos sobre Macau. De lugar desordeiro passou a ser um território com mais glamour, sempre com forte presença do jogo. “Surgiram outros interesses. Macau deixou de ser o único sítio com casinos e Portugal aderiu à Interpol e ao Acordo de Bretton-Woods, o que significa que parte do que era visto como um sítio sem lei esmorece um bocado no imaginário do público.” Contudo, ainda se encontram resquícios de excentricidade e mistério nas obras audiovisuais que retratam a cidade. “Hoje há uma mistura das duas coisas. Algumas das ideias feitas e ícones ainda estão vivos, pois são raros os filmes em que os casinos não aparecem. O filme ‘A Última Vez que Vi Macau’ (de Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata), tem muitas referências de ‘Macao’, de Josef Von Sternberg. Existe a memória, mas Macau aparece hoje como um sítio mais moderno e distante da ideia de decadência”, concluiu Rui Lopes. https://www.youtube.com/watch?v=DRcEqLJQryQ Cinema europeu dos anos 60 Rui Lopes pretende agora investigar a representação de Macau no cinema europeu, algo que teve o seu apogeu na década de 60. “É tudo especulação. Mas, muito provavelmente, serão perpetuados os estereótipos do cinema norte-americano sobre o crime, contrabando e a corrupção. Mas o facto de serem filmes dos anos 60 trazem um conjunto de novidades.” Isto porque, na visão do investigador do IHC-UNL, “os países europeus tinham uma relação mais próxima com Portugal, mas tudo se passa numa altura em que na Europa a tensão da Guerra Fria começa a reduzir, enquanto que o Maoísmo e a China como inimigo eram questões que estavam em ascensão. Talvez isso se reflicta nos filmes”. Certo é que, nessa década, “o cinema francês, alemão e italiano dá origem a uma série de filmes de aventura e espionagem que se passam em Macau, algo que culmina com o James Bond a deslocar-se a Macau nos anos 70 (no filme “O Homem da Pistola Dourada”, de 1974)”. https://www.youtube.com/watch?v=AwBc16MWySs
Rapsódia sobre um Tema de Paganini em Lá menor, Op. 43 Michel Reis - 16 Abr 20196 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] compositor, pianista e maestro russo Sergei Rachmaninoff foi um dos últimos grandes expoentes do período Romântico na música clássica europeia e é tido como um dos pianistas mais influentes do Século XX. Sergei Vasilievich Rachmaninoff nasceu em Semyonovo, perto de Novgorod, no noroeste da Rússia, no dia 1 de Abril de 1873, no seio de família nobre descendente de tártaros, que esteve a serviço dos czares russos desde o Século XVI. Os seus pais eram ambos pianistas amadores, e o jovem Rachmaninoff teve as suas primeiras lições de piano com a sua mãe, mas os seus pais não notaram nenhum talento extraordinário no jovem. Devido a problemas financeiros, a família mudou-se para São Petersburgo, onde Rachmaninoff estudou no Conservatório da cidade antes de ir para Moscovo, para estudar piano com Nikolai Zverev e Alexander Siloti (que era seu primo e ex-aluno de Liszt). Também estudou harmonia com Anton Arensky, e contraponto com Sergei Taneyev. Deve-se observar que, no início, Rachmaninov era considerado preguiçoso, faltando muito às aulas para ir patinar. Foi o rigoroso regime da casa de Zverev (que hospedou vários músicos jovens, como Scriabin) que o disciplinou. Ainda jovem, Rachmaninoff começou a mostrar grande habilidade nas suas composições. Enquanto estudante, escreveu uma ópera em um acto, Aleko (que lhe rendeu uma medalha de ouro em composição), o seu primeiro concerto para piano, um conjunto de peças para piano, Morceaux de Fantaisie (Op. 3, 1892), compostas aos 19 anos de idade, que inclui o popular e famoso Prelúdio em Dó Sustenido menor. A sua reputação como compositor, por outro lado, tem gerado controvérsia desde a sua morte. A edição de 1954 do Grove Dictionary of Music and Musicians desprezou notoriamente a sua música como “monótona em textura… consistindo principalmente de melodias artificiais e feias” e previu o seu sucesso como “não duradouro”. No entanto, os trabalhos de Rachmaninoff não apenas se tornaram parte do repertório standard, mas também a sua popularidade, tanto entre músicos quanto entre ouvintes, tem vindo a crescer desde a segunda metade do Século XX, com algumas de suas sinfonias e trabalhos orquestrais, canções e música coral sendo reconhecidas como obras-primas ao lado dos trabalhos para piano, mais populares. As suas composições incluem, entre várias outras: quatro concertos para piano; a famosa Rapsódia sobre um tema de Paganini; três sinfonias; duas sonatas para piano; três óperas; uma sinfonia coral (The Bells, baseada no poema de Edgar Allan Poe); vinte e quatro prelúdios; dezassete études; muitas canções, sendo as mais famosas a V molchanyi nochi taynoi (No Silêncio da Noite), Lilacs e Vocalise; e o último dos seus trabalhos, as Danças Sinfónicas. A maioria das suas peças é carregada de melancolia, num estilo romântico tardio lembrando Tchaikovsky, embora com fortes influências de Chopin e Liszt. Inspirações posteriores incluem a música de Balakirev, Mussorgsky, Medtner (que considerou o maior compositor contemporâneo) e Henselt. Em “conversas” com o maestro e escritor americano Robert Craft, depois transformadas em livro, o compositor também russo Igor Stravinsky dá um depoimento um tanto anedótico e no mínimo curioso sobre Rachmaninoff: “Lembro-me das primeiras composições de Rachmaninoff. Eram ‘aguarelas’, canções e peças para piano influenciadas por Tchaikovsky. Depois, aos vinte e quatro anos, voltou-se para a ‘pintura a óleo’, e tornou-se, na verdade, um compositor velho. Não se pense, porém, que eu vá desprezá-lo por isso. Ele era, como já disse, um homem apavorante e, além do mais, há muitos outros para serem desprezados antes dele. […] E ele era o único pianista que jamais encontrei que não fazia caretas. Isto já é muito”. Este depoimento, dado por um compositor envolvido nas mudanças revolucionárias por que passa a música no século XX, traduz bem a figura de Rachmaninov no contexto musical contemporâneo: aos artistas criadores e aos musicólogos, na sua grande maioria, a sua obra não causa nem entusiasmo nem desprezo. Por outro lado, aos intérpretes e ao público em geral, ela soa atraente e desafiadora… Por vezes, mesmo comovente. É certo que a linguagem de Rachmaninoff parece ignorar os caminhos abertos por Debussy desde o final do século XIX e permanece ligada às formas tradicionais e às técnicas de composição herdadas do Romantismo. No entanto, ele foi, antes de tudo, um pianista. A parcela mais importante de sua obra, dedicada ao piano, atesta-o. Essa ligação visceral com o seu instrumento faz com que adopte uma estética ultrarromântica, que leva a graus exponenciais o tratamento pianístico, transcendendo (e às vezes superando, à sua maneira), inclusive, as grandes investidas de Liszt. À parte as pequenas peças para piano, nota-se esse “pianismo ultrarromântico” sobretudo em seus concertos para piano e na célebre Rapsódia Sobre um Tema de Paganini, Op. 43 A Rapsódia Sobre um Tema de Paganini em Lá menor, Op. 43, é umas das últimas composições de Rachmaninoff. Considerada de dificílima execução, a obra foi escrita para piano e orquestra, lembrando um concerto para piano, na Villa Senar, a casa de Rachmaninoff na Suíça, de 3 de Julho a 18 de Agosto de 1934, de acordo com uma anotação na partitura. O próprio Rachmaninoff, um intérprete notável dos próprios trabalhos, tocou a obra na sua estreia na Lyric Opera House em Baltimore, no estado de Maryland, nos EUA, no dia 7 de Novembro de 1934 com a Orquestra de Filadélfia, regida pelo maestro Leopold Stokowski. A Rapsódia é um conjunto de 24 variações sobre o vigésimo quarto capricho para violino solo de Niccolò Paganini, que também serviu de inspiração para outros compositores. Embora se intitule rapsódia, a obra é na verdade construída segundo o princípio de tema e variações. Rachmaninoff encadeia vinte e quatro variações sobre o Capricho para Violino solo No 24 de Niccolò Paganini. Antes de Rachmaninoff, Johannes Brahms nas suas Variações sobre um tema de Paganini, e Franz Liszt nos seus Grandes Estudos segundo Paganini haviam já explorado esse tema. Embora a obra seja executada duma só vez, podemos dividi-la em três secções que correspondem vagamente aos três andamentos de um concerto. O que podemos considerar o primeiro andamento termina com a variação 11 e as variações 12 e 18 abrem e fecham o segundo (andamento lento), e as últimas variações compõem um finale. Ao contrário das convenções, Rachmaninoff teve a ideia de apresentar a primeira variação antes do tema. A Rapsódia é uma das sete peças de Rachmaninoff que cita a melodia do hino litúrgico Dies iræ, que alguns sugerem ser uma referência à lenda segundo a qual Paganini teria vendido a sua alma ao diabo em troca do seu virtuosismo prodigioso e o amor de uma mulher. Sugestão de audição da obra: • Sequeira Costa, piano •Royal Philharmonic Orchestra, Christopher Seaman – RPO Records, 1991
Tenista Gonçalo Oliveira apura-se para a segunda ronda do ‘challenger’ de Anning Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] tenista português Gonçalo Oliveira apurou-se hoje para a segunda ronda do torneio ‘challenger’ de Anning, na China, ao bater o chinês Zihao Xia em dois rápidos ‘sets’. O número quatro nacional, 295.º classificado da hierarquia da ATP, impôs-se pelos parciais de 6-2 e 6-0 frente a Xia, 357.º do mundo, num embate disputado em terra batida, que durou 58 minutos. Depois de três derrotas em rondas inaugurais nos torneios de Saint Brieuc (França), Alicante (Espanha) e Taipé (Taiwan), Gonçalo Oliveira, de 24 anos, reencontrou-se com os triunfos e vai defrontar na segunda eliminatória outro tenista chinês, Ze Zhang, 16.º cabeça de série e 215.º do ‘ranking’ mundial.
Coreia do Norte celebra principal feriado no país sem retórica belicista Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Norte comemorou hoje o 107.º aniversário do nascimento do fundador Kim Il-sung, longe da habitual retórica belicista, dias depois do líder norte-coreano ter admitido uma terceira cimeira com os Estados Unidos. Como em anos anteriores, muitos dos 24 milhões de norte-coreanos prestaram esta manhã homenagem ao fundador do país, avô do actual líder, colocando flores e curvando-se diante da sua imagem, de acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo. No entanto, para comemorar este aniversário, o principal feriado da Coreia do Norte, conhecido como o “Dia do Sol”, foram dispensadas as imagens e ‘slogans’ relacionados com o programa balístico de Pyongyang, comuns nos últimos anos. Esta mudança de tom vai ao encontro do que foi dito pelo líder norte-coreano na reunião plenária do comité central do Partido dos Trabalhadores, no poder, e na abertura da nova Assembleia Popular Suprema, na semana passada. Kim Jong-un disse então que estava disposto a reunir-se novamente com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a chegar a um acordo sobre a desnuclearização, embora tenha pedido uma mudança na atitude de Washington até ao final do ano. Kim atribuiu o fracasso da cimeira com Trump, em Fevereiro, em Hanoi, àquilo que descreveu como exigências unilaterais dos Estados Unidos, embora acrescentando que a sua relação pessoal com o Presidente norte-americano continua boa.
Jorge Rangel diz que população entendeu desafio político depois da Declaração Conjunta Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] presidente do Instituto Internacional de Macau e ex-governante no território disse à Lusa que a população local entendeu o desafio político da transição após a declaração conjunta luso-chinesa, que foi assinada há 32 anos. “Não obstante as apreensões e as dúvidas, que são inevitáveis em qualquer período de mudança histórica, creio que a população de Macau soube compreender o desafio político que foi obrigado a enfrentar e fê-lo com louvável serenidade e dignidade”, disse Jorge Rangel, que foi deputado e secretário para a Administração Pública, Educação e Juventude no antigo território administrado por Portugal. A Declaração Conjunta Sino-Portuguesa sobre a Questão de Macau, assinada em 1987, marcou o início do processo de transição de Macau para a China, pondo-se termo, 25 anos depois do 25 de Abril, ao “ciclo do Império”, segundo a expressão de numerosos historiadores, cujo princípio do fim teve início em Goa, em 1961. Uma vez “definido o futuro de Hong Kong, todos sabiam que era chegada a nossa vez e o desejo de muitos era que os interesses da população, bem como a sua maneira de viver, fossem devidamente salvaguardados”, sublinhou o ex-governante, que tutelou ainda em Macau os aspectos relacionados com a transição. “Felizmente o diálogo, muito intenso e interessado entre as partes envolvidas, permitiu ultrapassar dificuldades e divergências, até se conseguir um acordo que foi considerado positivo, definindo todo o enquadramento político do processo de transição, que mais tarde, como membro do governo do General Vasco Rocha Vieira, de 1991 a 1999, pude acompanhar todos os dias até por ser matéria da minha tutela”, recordou. No dia em que se assinala o aniversário da declaração conjunta luso-chinesa, o presidente do instituto defendeu que, “quarenta anos volvidos, é justo reconhecer que a transição se processou em conformidade com os preceitos definidos” pelos dois Estados e pelo território, “respeitando e mantendo a singularidade” de Macau. Para comemorar o aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China, o Instituto Internacional de Macau acaba de publicar o livro “Macau – um Diálogo de Sucesso”, da autoria de Fernando Lima, que acompanhou o processo negocial entre Portugal e a República Popular da China. O prefácio é do embaixador António Martins da Cruz, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros. A sessão de lançamento será feita em meados de Maio em Macau, com a presença do autor e do prefaciador, seguindo-se depois a sua apresentação em Lisboa e em Pequim.
Crime | PJ prende homem suspeito de violação Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) prendeu um residente de Macau devido a suspeitas do crime de violação. A informação foi divulgada ontem, em comunicado, e as forças de autoridade prometeram mais pormenores para a manhã de hoje. Segundo o código penal, a violação é punida com pena de prisão que vai dos 3 aos 12 anos. No entanto, há agravantes que podem fazer com que a pena seja elevada num terço, no caso de envolverem menores ou causarem gravidez ou doença sexualmente transmissível.
Saúde | Casos de rubéola em alta Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] número de casos de rubéola subiu para 17, desde o início do ano até sábado, de acordo com os dados dos Serviços de Saúde de Macau (SSM). O caso mais recente de rubéola conhecido até ao fecho da edição do HM tinha afectado um homem filipino, de 29 anos, que trabalhava no hotel City of Dreams. Este é o quarto caso com trabalhadores do hotel operador pela Melco Crown, que tem Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, como principal accionista. Segundo os mesmos dados disponibilizados pelos SSM, o mais recente caso de rubéola tinha inicialmente sido diagnosticado como sarampo o que colocava o número de casos em 33. Com este novo diagnostico, há uma alteração no número de casos de sarampo, que baixou para 32.
Concessão do Grupo Estoril Sol em Portugal termina no final de 2020 João Santos Filipe - 15 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] 31 de Dezembro de 2020 a concessão para a exploração de jogo do grupo Estoril Sol, em Portugal, vai chegar ao fim. No entanto, em declarações ao jornal DN, a empresa controlada por Stanley Ho mostrou-se apreensiva com o facto dos critérios do concurso público para atribuição da nova concessão ainda não serem conhecidos. “Ainda não conhecemos as regras do jogo, talvez só no final do ano é que estarão disponíveis e teremos menos de 12 meses para preparar o dossiê”, afirmou Vieira Coelho, administrador do grupo. Segundo o responsável, este “fantasma” faz com que o investimento do grupo em Portugal seja condicionado, devido à possibilidade de não haver retorno no futuro. “Andamos cautelosos, não podemos fazer investimentos que não possam ser recuperados no próximo ano e meio”, frisou. “Estamos mais eficientes na operação, mantemos o foco na imagem, mas não estamos a remodelar o parque de máquinas como era habitual”, elaborou. No final da concessão, escreve o DN, será organizado um concurso público a nível europeu. Mesmo assim, o grupo Estoril Sol acredita que está numa boa posição para assegurar uma nova concessão, pelo seu historial. Vieira Coelho explicou a situação do grupo: “tem um histórico de 60 anos no país, é idóneo, sempre fez muito mais do que era exigido, criou unidades de prestígio e qualidade, mas pode sempre aparecer alguém que esteja disposto a pôr mais dinheiro, no intuito do puro negócio”. Líder de mercado O grupo Estoril Sol explora os casinos do Estoril, de Lisboa e da Póvoa de Varzim. O casino de Lisboa, que este ano comemora 13 anos, é o maior da Europa. No entanto, de acordo com Vieira Coelho, as receitas estão longe do que era gerado em 2008, antes da crise. Nessa altura as receitas brutas eram de 380 milhões de euros, no ano passado foram de 318,8 milhões. No entanto, 2019 está a ser um ano de quebra, o que o administrador do Grupo Estoril Sol acredita dever-se às medidas contra a lavagem de dinheiro, que obrigam a identificar todos os jogadores antes de entrar na área de jogo. Outra das razões da quebra é um arrefecimento da economia. Ao nível do sector dos casinos em Portugal, o Estoril Sol tem uma quota de 63 por cento com o Casino Lisboa a ser a jóia da coroa.
Homo Speculo João Luz - 15 Abr 201918 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] evolução natural do Narciso a definhar perante a violência da sua beleza reflectida nas águas do Eco, deixando a vida escoar, é um instagrammer. A selfie é a unidade de medida do Homo Speculo. A diferença para o mito narcísico é a incessante necessidade de aprovação da nova espécie. A exposição constante implora likes, seguidores, corações e outras formas de interacção superficial que afaguem o ego, que confiram aquela satisfaçãozinha constitutiva, validação surda-muda. Nos tempos do Homo Speculo já ninguém visita locais, ninguém vive experiências, ninguém testemunha acontecimentos, ninguém aprende com a história e a natureza. Isso são coisas do passado. Hoje em dia, o instagrammer retrata-se em contextos, a realidade é um enquadramento, o pano de fundo para a estudada pose facial, os locais ou acontecimentos são tags, pequenas notas-de-rodapé. Paisagens idílicas, obras de arte que revolucionaram a alma e a estética, concertos geniais, momentos que marcam mudanças de capítulos históricos, acidentes trágicos, são cenários para o ego que fica em primeiro plano. Nada mais interessa. De onde surgiu esta geração de auto-idólatras? Nos países que deram um salto económico faz algum sentido o mimo dos filhos que, naturalmente, cresceram com um sentimento de privilégio. Se inserirmos este factor na nova cultura digital de endeusamento do ego, o resultado são pessoas fechadas para dentro, que vivem no seu umbigo. Mas em países onde, pela primeira vez em séculos, uma geração tem menos oportunidades de ascensão social que a anterior, o mistério do auto-amor torna-se mais denso. Parece que o mundo exterior é de tal forma aterrador, que o Homo Speculo prefere o seu reflexo a olhar para fora das fronteiras do espelho. Como num eterno labirinto de espelhos, o Narciso digital vive dentro da sua projecção, condicionado por filtros e poses estudadas para corresponder a padrões de beleza definidos por algoritmos. Não é raro avistar filas de seres desta nova espécie à espera do seu momento para tirar o auto-retrato padrão, com a cara virada para o ângulo mais favorável, câmara inclinada para esconder excesso de queixo e filtros para a exfoliação digital. Como quem planta uma flor, um narciso, claro está, uma vez postado o auto-retrato esse post precisa ser regado e nutrido com carinho. Partilhas e comentários não podem ficar sem resposta e gentilezas devem ser retribuídas nesta vida onde o telefone é uma extensão do umbigo. Ao mesmo tempo que se multiplica pelas redes sociais, o instagrammer enfrenta os perigos da sua presença física no mundo real. Votado a viver com a cabeça dentro do palmo de ecrã e destinado a apanhar o melhor ângulo para a derradeira selfie, por vezes a nova espécie sucumbe a terrenos acidentados. Quedas de locais altos, de buracos ou para a água, atropelamentos por total desconexão com realidades do século passado como o trânsito, marradas contra obstáculos materiais são efeitos das falhas dessa desordenada app que dá pelo nome de vida. Ainda não é possível fazer unfollow às consequências físicas de se viver dentro de si mesmo. Ironicamente, estes acidentes representam experiências vivas da selecção natural a actuar perante os nossos olhos. De certa forma, a nova espécie é dotada de uma qualidade dramática profundamente humana e trágica. Aquilo que a caracteriza acaba por representar um perigo para a sua sobrevivência, uma incongruência de genes que fogem para o abismo, de selfie stick em riste, a metralhar auto-retratos.
O rebelde Li Zicheng José Simões Morais - 15 Abr 2019 [dropcap]N[/dropcap]os artigos anteriores, a personagem de Li Zicheng foi superficialmente tratada, tal como os acontecimentos em que participou até chegar à capital da Dinastia Ming. Pesquisando inúmeras Histórias da China, encontramos pouca informação e sem profundidade. Por um acaso apareceu-nos a História de Macau de Gonçalo Mesquitela, a permitir-nos encadear os factos e ter um entendimento razoável desse período. No entanto, alguns episódios expostos não têm comprovação, pertencendo ao que se dizia ter ocorrido. Procuramos, quanto possível, retirar essa parte lendária e juntar com fontes chinesas, sobretudo Bai Shouyi, para tentar descrever apenas o que parece razoável ter acontecido. No primeiro dia da primeira Lua de 1644, Li Zicheng, antes de avançar com um poderoso exército de centenas de milhares de homens para Beijing, criou o Reino de Dashun em Xijing, onde se vestiu com trajes imperiais, escolheu a imperatriz, nomeou ministros e instituiu a sua corte à maneira da Ming. Quando a notícia dessa proclamação chegou a Beijing, nesse dia ocorreu um terramoto arrasador em Fengyang, terra natal do fundador da dinastia Ming, presságio a anunciar o fim da dinastia. Destino traçado desde 1641, quando numa refrega Li perdera um olho, dando-lhe a convicção de ser ele o escolhido como dizia a previsão de astrólogos de Shaanxi: “a dinastia Ming cairia e o Império seria conquistado por um homem com um olho só”, segundo Gonçalo Mesquitela. Li Zicheng nascera a 22 de Setembro de 1606 em Mizhi, Shaanxi, tendo desde muito cedo ficado órfão e por isso, começou por trabalhar num templo e aos 21 anos estava empregado nos serviços de correio como ferreiro num entreposto de muda de cavalos. Devido à reorganização desses serviços foi em 1628 despedido, voltando à terra natal. Aí encontrou a mulher amancebada com outro homem e sem dinheiro para pagar a dívida que contraíra, matou o seu credor e a esposa. Pela lei seria condenado à morte e por isso fugiu para a província de Gansu, onde se alistou no exército ming em Fevereiro de 1629. Como os manchus pressionavam a fronteira do Nordeste, as tropas ming foram chamadas para irem proteger os arredores da capital. Por falta de abastecimento e de pagamento a revolta contra o governo surgiu no seu regimento e nos finais desse ano mataram o oficial militar WangGuo (王国). A partir daí juntou-se a um dos muitos grupos rebeldes de camponeses que desde 1627 se revoltavam contra as altas rendas e taxas que o governo ming lhes obrigava a pagar, apesar da terra, numa severa seca, já nada produzir. Eram milhares de camponeses em fúria, desesperados pela sua sobrevivência, a lutar de uma forma desorganizada, sem unidade alguma. Foi então que Li Zicheng se revelou como um chefe nato, onde nas áreas por si controladas roubava aos ricos para dar aos pobres, abria os celeiros e distribuía alimentos a quem precisava e incentivava os camponeses a recuperarem as terras ocupadas ilegalmente. Em 1631, o governo ming despachou tropas para em Shaanxi combater esses rebeldes e estes foram para Shanxi, juntando-se Li Zicheng em 1633 ao grupo do seu tio Gao Yingxiang, onde também se encontrava Zhang Xianzhong. Para aí o governo ming enviou o capitão Cao a fim de terminar com a insurreição. Derrotados, parte do grupo onde se encontravam os chefes fugiu para Henan. Quando em 1634 o capitão Cao foi mandado para defender Datong, pois os manchu da Dinastia DaJin atacavam pela segunda vez o território ming, os rebeldes puderam agrupar-se. Em Junho, os ming enviaram um outro militar, o capitão Chen para comandar as cinco províncias do Oeste e exterminar os rebeldes. Fazendo um ataque simultâneo em todas as frentes, conseguiu em Shaanxi cercar o já muito enfraquecido grupo e este, encurralado sem possibilidade de escapar, pretendeu aceitar a derrota e render-se. Os chefes para se libertarem fizeram um acordo, prometendo retirar-se para o Norte, mas o capitão executou 36 prisioneiros. Como vingança, mataram alguns funcionários locais e fugiram depois para as montanhas. Profanação dos túmulos Em 1635, na cidade de Xingyang, província de Henan, os chefes dos trinta grupos armados rebeldes que restavam, reuniram-se e planearam uma estratégia para coordenar a defesa. Dividiam-se em quatro direcções e a cada um foi distribuída uma região de intervenção, cabendo o Leste ao grupo de Li, Gao e Zhang. Após a reunião, estes conseguiram ocupar Fengyang (actual distrito de Huai’an em Jiangsu, fronteira com Anhui) onde no Lago Hongzhe se encontravam as sepulturas dos ancestrais da família Zhu. Aí saquearam o túmulo do bisavô do primeiro imperador da Dinastia Ming. Consternado com a profanação, a reacção do Imperador Chongzhen (1628-44), neto do Imperador Wanli, foi mandar “celebrar cerimónias fúnebres para o perdão dos seus ancestrais” e ordenar a prisão dos “oficiais com comandos e executar o eunuco responsável pelos túmulos imperiais.” Zhang Xianzhong seguiu depois para Leste e em Anhui capturou algumas cidades, enquanto Gao Yingxiang e Li Zhicheng foram para o Sul de Shaanxi onde derrotaram por várias vezes as forças ming, enviadas para os combater. Em 1636, Gao foi capturado numa emboscada e executado, passando as suas forças a ficar submissas a Li, que lhe tomou o título de Rei Dashing. Lutava em Shaanxi e Sichuan, quando em Zitong foi derrotado no ano de 1638, conseguindo escapar com 18 dos seus fiéis seguidores, ficando o resto do grupo disperso. Também Zhang fora derrotado e rendera-se ao governador de Hubei. No Verão de 1639, Li e Zhang juntos voltaram à acção, promovendo uma nova revolta, até que em 1640 decidiram delimitar as áreas de influência para cada um. Zhang Xianzhong fixou-se em Chengdu, onde em 1641 as forças ming se concentraram para o atacar, aproveitando Li Zicheng tal circunstância para atacar Luoyang, onde matou o Príncipe de Fu, Zhu Changxun e do palácio levou todo o cereal, ouro e prata, que distribuiu à esfomeada população, ganhando assim um entusiástico suporte para o seu bando, que aumentava em número e agressividade. Ainda nesse ano, em Kaifeng Li perdeu o olho esquerdo, levando-o a acreditar no destino de vir a ocupar o trono da China. Em 1642 capturou Xiangyang onde se declarou Rei de Xinshun e nomeou oficiais civis e militares. No ano seguinte seguiu para Xian e conquistada, mudou-lhe o nome para Xijing. Devido à fraca oposição das tropas provinciais, dominava já os lugares situados a caminho de Pequim, onde nessa área de Shaanxi, Hubei, Shanxi e Henan, criou Da Shun, Região da Grande Obediência. A 8 de Fevereiro de 1644, dia do Ano Novo, Li Zicheng foi à sua terra natal e vestindo-se com o traje de imperador prometeu que, quando ocupasse o trono da China, honraria os seus ancestrais com títulos imperiais até à sétima geração. Nesse dia em Beijing ocorreu uma terrível tempestade de areia. Um mês depois estava às portas da capital da Dinastia Ming.
Kim Jong-un diz estar aberto a nova cimeira com Trump Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jong-un, declarou sábado estar aberto a realizar uma terceira cimeira com o Presidente norte-americano, Donald Trump, caso os Estados Unidos proponham condições mutuamente aceitáveis para um acordo até ao fim deste ano. Segundo a Agência Central de Notícias Coreana (KCNA, na sigla em inglês), sediada em Pyongyang, Kim fez esta afirmação num discurso proferido durante uma sessão do parlamento norte-coreano, no qual atribuiu o fracasso da sua cimeira de Fevereiro com Trump àquilo que descreveu como exigências unilaterais dos Estados Unidos, embora acrescentando que a sua relação pessoal com o Presidente norte-americano continua boa. Kim Jong-un repetiu afirmações anteriores de que a fragilizada economia da Coreia do Norte crescerá mesmo com as pesadas sanções internacionais impostas devido ao seu programa de armas nucleares e que não ficará “obcecado com cimeiras com os Estados Unidos por necessidade de alívio de sanções”. Washington indicou que a cimeira não foi bem-sucedida devido às excessivas exigências de alívio de sanções por parte de Pyongyang em troca de medidas de desarmamento limitadas. “É claro que nós damos importância à resolução de problemas através do diálogo e de negociações. Mas o estilo de diálogo dos Estados Unidos, de impor unilateralmente as suas exigências não se ajusta a nós, e não temos interesse nele”, declarou Kim no discurso. “Esperaremos com paciência até ao fim do ano que os Estados Unidos apresentem uma decisão corajosa. Mas será claramente difícil que surja uma boa oportunidade como da última vez”, acrescentou. Liderança reforçada Na sexta-feira, a KCNA noticiou que Kim foi reeleito como presidente da Comissão de Assuntos de Estado, o mais importante órgão de decisão do país, durante uma sessão da Assembleia Popular Suprema que saudou a sua “excepcional sabedoria ideológica e teórica e liderança experiente”. O parlamento norte-coreano também fez uma série de mudanças de dirigentes na quinta-feira que reforçaram a liderança diplomática de Kim. Especialistas comentaram que as novas nomeações podem ser um sinal do desejo de Kim de prosseguir os altos e baixos da diplomacia nuclear dos últimos meses, em vez de regressar às ameaças e aos testes de armamento que caracterizaram 2017, ano em que se chegou a temer uma guerra na Península Coreana.
Huawei | Empresas europeias rejeitam pressões dos EUA Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] Associação Europeia das Câmaras de Comércio e Indústria (Eurochambres), que representa 20 milhões de negócios na Europa, recusou ontem aceitar “pressões” dos Estados Unidos no desenvolvimento da rede móvel de quinta geração (5G), defendendo a presença da Huawei. “Se a Europa está forte e unida, não devemos aceitar pressões de qualquer lado em qualquer momento” no que toca ao 5G, afirmou em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, o presidente da Eurochambres, Christoph Leitl. Segundo o responsável, “os americanos estão a queixar-se dos chineses e os chineses dizem que os americanos estão a fazer o mesmo”, pelo que a União Europeia (UE) deve “ter regras claras, mas também um acesso livre marcado pelo respeito dessas mesmas regras”. “Não devemos dizer que a Huawei tem de sair para a Cisco entrar, é esse o objectivo dos americanos”, notou Christoph Leitl. A fabricante chinesa Huawei é acusada de espionagem industrial e outros 12 crimes pelos Estados Unidos, país que chegou a proibir a compra de produtos da marca em agências governamentais e que tem tentado pressionar outros, como Portugal, a excluírem a empresa no desenvolvimento das redes 5G. Portugal já disse que não o fará e desvalorizou a polémica. Por seu lado, a Huawei tem rejeitado as suspeitas, insistindo que não tem ‘portas traseiras’ para aceder e controlar qualquer dispositivo sem o conhecimento do utilizador. Nesta ‘corrida’ tecnológica do 5G, participam vários países do mundo, mas também várias ‘gigantes’ tecnológicas. Além da Huawei, a norte-americana Cisco também concorre no desenvolvimento da rede, além de outras companhias, como as europeias Nokia (sediada na Finlândia) e a Ericsson (da Suécia). “Devemos ter uma postura neutra em concordância com o comércio livre e justo e espero que empresas europeias como a Nokia também desempenhem lugares de topo nesse sector, ainda que com algum atraso”, argumentou Christoph Leitl. Em avaliação No final de Março, a Comissão Europeia fez várias recomendações aos Estados-membros sobre as redes 5G e deu-lhes permissão de excluírem dos seus mercados empresas “por razões de segurança nacional”. Nessa recomendação, o executivo comunitário pediu também que os países da UE façam, até Junho, uma avaliação nacional das infraestruturas da rede 5G, analisando, desde logo, “os riscos técnicos e os riscos associados ao comportamento de fornecedores ou operadores, incluindo os provenientes de países terceiros”, isto é, de fora da União. Depois, deverá ser feita uma avaliação geral dos riscos na UE, até Outubro, de forma a encontrar uma “abordagem comum” às ameaças. Até ao final do ano, os Estados-membros devem chegar a acordo sobre medidas de mitigação, que podem passar por questões como requisitos de certificação, testes, monitorização, assim como a identificação de produtos ou fornecedores considerados potencialmente não seguros. Para o presidente da Eurochambres, “a UE não deve tomar qualquer partido, deve definir quais são os limites”. Criada em 1958, esta associação representa cerca de 20 milhões de negócios na Europa. Ao todo, é composta por 45 câmaras de comércio e de indústria, incluindo a portuguesa.
Creative Macau mostra Crónicas Imaginárias Hoje Macau - 15 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] Centro de Indústrias Criativas – Creative Macau – inaugurou ontem a exposição “Crónicas Imaginárias”, com novos trabalhos de Tong Chong e Noah Ng Fong Chao que podem ser vistos até ao dia 18 de Abril. Os dois artistas assinam uma mostra conjunta de obras, que compõem as Blossom Series e The Pleasure, respectivamente, patente ao público entre as 14h e as 19h. A primeira explora a definição de beleza através das nuances da vida diária da população, uma proposta de Tong Chong que questiona o impacto da informação e da tecnologia nos hábitos e nas tradições das pessoas, influenciando novas formas de entendimento do conceito de beleza, pode ler-se no comunicado de imprensa da organização. A arte de Noah Ng Fong Chao explora as diferenças culturais e o potencial de conflito cognitivo, entre perspectivas orientais e ocidentais, como base da criação artística. Esta proposta tem como ponto de partida a “Peregrinação a Lingnan” de Ye Quan, autor de referência da Escola de Pintura de Lingnan, na província de Guangdong, que se especializou na pintura de elementos da natureza – sobretudo flores e pássaros – incorporando técnicas de pintura ocidental, acrescenta o comunicado. Tong Chong estudou Artes Modernas no Instituto de Artes Visuais de Macau, fez o bacharelato de Artes Visuais no Instituto Politécnico de Macau e obteve um mestrado em Artes na Academia de Belas Artes de Guangzhou, contando com mais de 190 exposições colectivas e 10 individuais no currículo. Noah Ng Fong Chao, natural da província de Zhejiang, vive em Macau desde 1984, onde estudou gravura, pintura moderna, fotografia e outros meios no Instituto de Artes Visuais de Macau. Licenciou-se em Artes Visuais (pintura a óleo), tirou o mestrado de Artes em Investigação e Criação Artística Moderna e Contemporânea na Academia de Belas Artes de Guangzhou e é hoje programador de exposições no Museu de Artes de Macau. Participou, desde 1990, em mais de 100 exposições colectivas na China e no estrangeiro.
Editora “Mandarina Books” aposta na literatura e conteúdos infantis Andreia Sofia Silva - 15 Abr 201915 Abr 2019 Catarina Mesquita, jornalista portuguesa radicada em Macau, decidiu lançar a “Mandarina Books”, uma editora de livros para a infância e pretende também produzir conteúdos para um público mais jovem. Na agenda para este ano está uma exposição de ilustração a acontecer no território [dropcap]N[/dropcap]um mercado editorial de pequena dimensão como é o de Macau, a jornalista Catarina Mesquita decidiu explorar o nicho da literatura para a infância e abrir uma nova editora. Chama-se “Mandarina Books”, tem alguns meses de existência e pretende trabalhar com os dois idiomas oficiais do território e o inglês, conforme contou a fundadora ao HM. “Somos uma editora e produtora de conteúdos para a infância, mas somos, na nossa essência, apaixonados pela cultura para os mais novos. Temos alguns planos que não passam só pela edição de livros, mas também por trazer a Macau projectos tanto para as crianças, como para os pais. Momentos que os levem a pensar, a estar juntos e a transformar sonhos em realidade.” Catarina Mesquita pretende, com a “Mandarina Books”, publicar “não só conteúdos originais como obras que já existam e não estejam disponíveis no mercado em outras línguas”. Apesar de ser um projecto muito recente, já existem eventos em carteira. “Estivemos recentemente na Feira Internacional do Livro Infantil a fechar alguns contratos com outras editoras nossas parceiras para que possamos editar ainda este ano algumas colecções de livros de histórias já editadas no estrangeiro. O primeiro livro original sairá para as bancas a 1 de Junho, Dia Internacional da Criança, e será “mais interactivo” do que as obras comuns para os mais pequenos. “Estamos a olear a máquina para que assim que ela comece a trabalhar a todo o gás possamos pôr conteúdos de qualidade cá fora”, adiantou Catarina Mesquita. Como a aposta da “Mandarina Books” passa também pela ilustração, Macau poderá esperar uma iniciativa nesta área. “Uma exposição de ilustração está também na agenda deste ano ainda com data a definir, para que seja um momento em família e de forma a que as crianças possam também cada vez mais ir a exposições e se liguem ao mundo ‘offline’”. Isto porque quem faz a “Mandarina Books” assume que a ilustração é “uma paixão”. “Queremos também dar especial importância a quem dá cor ao mundo infantil reunindo assim um portfólio de ilustradores de Macau ou residentes em Macau que possam ver os seus trabalhos publicados em outros lugares”, frisou. A sorte das mandarinas O nome da editora vem do famoso fruto que se diz dar boa sorte, e que na época do Ano Novo Chinês se encontra à porta de vários estabelecimentos. “O nome surge da necessidade de criar uma pequena mascote. Foi inspirado nas mandarinas da China, um fruto tradicional desta região e cujo significado de prosperidade e sorte se quer ver associado a este projecto.” Catarina Mesquita ansiava pela criação da editora há cinco anos, data em que se mudou de Portugal para Macau. “A Mandarina tem sido um trabalho de paciência quase como que plantar uma árvore (lá está, de mandarinas). Lancei as sementes e com o tempo elas foram crescendo, furaram a terra e estão agora a começar a dar os primeiros frutos. Queremos que esta árvore seja resistente ao ponto de muitos quererem construir uma casa nesta árvore – colaborando connosco seja com os seus textos há muito guardados na gaveta, seja com ilustrações.” A jornalista já tinha trabalhado na área da literatura para a infância, uma experiência que nunca esqueceu. “Percebi que não era apenas uma área em que eu gostava de trabalhar mas também uma área que tem muito para dar a Macau.” Catarina Mesquita percepcionou “a necessidade do mercado de conteúdos nas três línguas”, além do facto de que “existem muitas crianças em Macau e muitos pais que querem que as crianças aprendam línguas através do contacto com os livros”. A “Mandarina Books” entra no mercado editorial numa altura em que os mais pequenos não passam sem o recurso às novas tecnologias. “É um desafio interessante vingar numa fase em que os estímulos para as crianças são brutais como os tablets, os telefones e as televisões. Sou duma geração em que recebíamos sempre um livro desde que éramos bebés até terem surgido os telefones.” “Sinto que há muitos pais a quererem combater isto com a força de um livro e é aí que a Mandarina quer estar: ao lado dos pais que ainda querem que os seus filhos alimentem a imaginação com histórias e das crianças que podem perceber que um livro pode mesmo ser um amigo”, concluiu. Pela qualidade Para os próximos meses, Catarina Mesquita assume querer investir mais na qualidade do que na quantidade. “Já há algumas ofertas no mercado e não queremos encher prateleiras de livros. Há quem caia no erro de achar que um livro infantil, por si só é um projecto fácil: juntamos ilustração a um texto e já está. Costumo dizer que o mercado para a infância é o mais exigente: o olhar das crianças é crítico, inteligente e não tem filtros”, apontou. Apesar da editora pretender trabalhar com as três línguas, Catarina Mesquita pretende chegar ao público falante de chinês. “Temos a ambição de chegar aos leitores chineses essencialmente para também nós aprendermos com ele. A nossa equipa é essencialmente estrangeira e conhecemos a realidade dos nossos países que estão habituados a lidar com o livro infantil desde pequenos”, rematou.
Habitação e combustíveis pesam cada vez mais às famílias João Santos Filipe - 15 Abr 2019 O fosso entre o orçamento das famílias mais ricas e das mais pobres está cada vez mais fundo. No entanto, em média, os agregados familiares chegam com mais dinheiro ao final do mês, depois de recebido o ordenado e pagas todas as despesas [dropcap]A[/dropcap]s famílias de Macau chegaram ao final dos meses de 2017/2018 com mais dinheiro do que em 2012/2013. As contas são da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), constam do inquérito aos orçamentos familiares, publicado na sexta-feira, e reflectem um crescimento das receitas mensais dos agregados familiares acima das respectivas despesas. De acordo com os cálculos apresentados, em 2017/2018 as famílias chegaram ao final do mês com mais dinheiro do que em 2012/2013. Ou seja, em 2017/2018 as famílias gastaram, em média, 63,9 por cento das suas receitas com as despesas do dia-a-dia. O número representa uma redução em relação a 2012/2013, quando gastavam com as suas despesas 70,4 por cento das receitas mensais. Em termos da receita média, a DSEC diz que em 2017/2018 os agregados familiares levavam para casa 55.497 patacas, o que representa uma subida de 14,1 por cento. Quando se tem em conta apenas a receita disponível média, ou seja, o rendimento deduzidas contribuições e impostos, o valor desce para 52.314 patacas, um aumento de 12,7 por cento face a 2012/2013, quando tinha sido feito o último inquérito. No que diz respeito aos rendimentos, a principal fonte foram as receitas geradas pelo trabalho, que representaram 72,4 por cento dos montantes recebidos. Seguiram-se os rendimentos e transferências monetárias, que enquadram apoios do Governo, vales de saúde, entre outros, que atingiram 14,1 por cento. Finalmente, os rendimentos com propriedades, como recebimento de rendas ou juros, representaram 13,5 por cento. No que diz respeito às despesas, a maior parte do orçamento, em média, foi gasto com “habitação e combustíveis”, seguindo-se os “produtos alimentares e bebidas não-alcoólicas”. Segundo as contas apresentadas, é cada vez menor a parte do orçamento familiar gasta com estes dois conjuntos de necessidades, com a proporção das receitas a cair de 51,4 por cento para 48,8 por cento do total das receitas das famílias. No entanto, uma análise individual mostra que a habitação e os combustíveis têm um peso cada vez maior no orçamento familiar, com a proporção a subir de 25,7 por cento das receitas para 26,9 por cento. A despesa com a comida e bebidas não-alcoólicas, teve uma quebra de 25,7 por cento para 22 por cento, que “compensa” a subida dos gastos com habitação e combustíveis. Mais desiguais Se, por um lado, as receitas médias das famílias aumentaram, por outro, Macau está mais desigual do que estava há cinco anos. Quando considerado o Índice de Gini, que mede a desigualdade, houve um aumento do fosso entre mais ricos e mais pobres. De acordo com este índice 0,00 representa a igualdade perfeita e 1,00 o máximo grau de desigualdade. Macau está actualmente com um valor de 0,36, quando há cinco anos tinha 0,35. Segundo a DSEC, a maior desigualdade deve-se ao “envelhecimento populacional e à redução da dimensão média dos agregados familiares”. Justifica a DSEC, que há um maior número de agregados “com rendimento relativamente baixo” e que isso afectou o grau de igualdade. Apesar da tendência negativa, a DSEC fala de um Governo mais eficaz no combate às desigualdades. Segundo o Governo, se fosse excluída a assistência e os subsídios o resultado do índice Gini seria de 0,40, quando há cinco anos era de 0,38. “O índice de Gini diminuiu 0,04 devido à assistência social e subsídios concedidos pelo Governo em 2017/2018, este valor foi mais elevado do que em 2012/2013 (0,03), o que indicia uma maior eficácia da intervenção do Governo no melhoramento da distribuição da receita dos agregados familiares”, pode ler-se no comunicado da DSEC.
DSAL com menos reclamações nos últimos dois anos João Santos Filipe - 15 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] número de queixas recebidas pela Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) está em quebra há dois anos, de acordo com dados revelados na passada sexta-feira. No ano passado, o número de trabalhadores que apresentou queixas à DSAL foi de 2.914, quando em 2017 tinha sido de 3.280 e, em 2016 atingiu a fasquia dos 5.866 trabalhadores. Assim, entre 2016 e 2017, houve uma quebra de 44 por cento dos trabalhadores queixosos de 5.866 queixosos para 3.280. Já entre 2017 e 2018 a queda foi de 11 por cento de 3.280 para 2914 queixosos. Porém, ao longo destes três anos houve uma mudança de paradigma, nomeadamente entre 2016 e 2017. Se em 2016 era mais comum haver queixas por parte dos TNR, em 2017 e 2018 foram os trabalhadores residentes que se queixaram mais. Em relação aos residentes, entre 2016 e 2017 houve uma quebra de 30 por cento no número de queixosos, de 2.661 para 1.850. Já entre 2017 e 2018, a redução foi de 12 por cento de 1.850 para 1.630 queixosos. No que diz respeito aos trabalhadores não-residentes em 2016, o número de queixas foi de 3.205. Contudo, no ano seguinte houve uma quebra no número de TNR queixosos para 1.430, o que representa uma quebra de 55 por cento. Já entre 2017 e 2018 as queixas caíram de 1.430 para 1.284, ou seja, o número de queixosos foi reduzido para 10 por cento. Menos processos Em relação ao número de processos efectivamente instaurados, também se registaram quebras sucessivas nos últimos dois anos. Em 2016, houve um total de 2.731 processos iniciados, o que representa o maior número nos últimos 3 anos em análise. No ano seguinte, a quebra foi de 31 por cento para 1.860 processos instaurados. Entre 2017 e 2018 voltou a haver uma nova quebra, desta feita de 1.860 para 1.673 processos instaurados, o que significa 10 por cento. O ano passado ficou marcado por um caso laboral que fez com que algumas piscinas públicas fechassem e outras tivessem o seu funcionamento fortemente afectado. A falta de condições laborais oferecidas pelas empresas responsáveis pelo fornecimento dos nadadores-salvadores, a Surf Hong, motivou queixas de 28 trabalhadores.