Espera para tratamento de vítimas de AVC é de 54 minutos

No ano passado, as vítimas graves de acidentes vasculares cerebrais (AVC) esperaram uma média de 54 minutos antes de receberem o tratamento de trombólise endovenosa. O dado foi revelado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultural, Elsie Ao Ieong U, perante os deputados na sessão de ontem de respostas a interpelações.

De acordo com as declarações da governante, o registo de Macau supera os padrões da Organização Mundial de Saúde, que destaca a importância do tratamento ser iniciado antes de decorrerem 60 minutos. “Em 2023, o tempo médio desde a chegada ao hospital do paciente até o tratamento de trombólise endovenosa foi de 54 minutos, o que corresponde ao padrão internacional em relação ao tempo limitado para o diagnóstico e tratamento do AVC, ou seja, um prazo de menos de 60 minutos”, afirmou a secretária.

A trombólise endovenosa é um dos tratamentos mais eficazes para os casos de AVC do tipo isquémico e consiste na injecção de um medicamento que dissolve o coágulo que produz a obstrução. Quanto mais rápido for feito o tratamento, maior a eficácia e as hipóteses de evitar sequelas graves.

Via verde

Segundo Elsie Ao Ieong U, desde 2016, altura em que foi criado uma via verde especializada para vítimas de AVC, foram tratados cerca de 1.000 casos agudos da doença no território, uma média de 125 casos por ano.

No que diz respeito aos casos de cirurgias urgentes para fracturas, a secretária destacou a evolução dos últimos anos, que levou a que o tempo de espera fosse reduzido para 5,6 dias. “Os Serviços de Saúde conseguiram reduzir o tempo de espera por uma intervenção cirúrgica urgente, diminuindo de 14,2 dias, o tempo de espera mais longo, para 5,6 dias”, foi indicado. Porém, a governante mostrou-se confiante na possibilidade de o tempo de espera ser ainda mais encurtado. “Futuramente, os SS irão continuar a optimizar os processos relacionados, com o objectivo de fornecer serviços cirúrgicos de emergência mais apropriados para os pacientes”, garantiu.

26 Mar 2024

Quando o dinheiro vale mais do que a vida

A Semana passada, foi divulgada uma notícia que faz pensar. Durante a manhã do dia 8 de Dezembro, um turista de Taiwan sofreu um acidente em Banguecoque, na Tailândia, e o condutor fugiu. Quando a ambulância chegou foi logo assistido e transportado para um hospital privado que ficava a 500 metros do local do acidente.

No entanto, este hospital recusou prestar-lhe assistência alegando que era estrangeiro e que seria difícil cobrar
as despesas do tratamento, ainda mais por não estarem presentes familiares. Os paramédicos não tiveram outra alternativa senão transportá-lo para um hospital público situado a 10 quilómetros de distância e o acidentado acabou por falecer no caminho.

Este incidente expõe um problema grave, ou seja, a vida humana tem menos valor do que o dinheiro. Porque é que o hospital agiu desta forma? Cada um de nós tem apenas uma vida. Ao recusar-se a cuidar de um paciente receando não poder cobrar-lhe o tratamento, o hospital não estará a mostrar que o valor da vida não é igual para todos? Este hospital está apenas ao serviço dos ricos? Assim, aos doentes que não podem pagar só lhes resta esperar a morte. Esta situação é assustadora.

A grande maioria das pessoas compreende esta realidade. Por conseguinte, o incidente causou revolta na sociedade tailandesa. O Ministro da Saúde da Tailândia pediu uma investigação do caso. A Tailândia implementou a “Lei para a Instalações Hospitalares” que estipula que todos os hospitais têm de prestar assistência aos doentes urgentes até eles estarem fora de perigo. Quem violar a lei fica sujeito a uma pena que pode ir até dois anos de prisão ou a uma multa que pode chegar aos 40.000 Baht, aproximadamente 9.000 patacas.

A lei também estipula que, se um médico quebrar a ética profissional, pode ser multado até 100.000 Baht, aproximadamente 23.000 patacas. A China tem leis semelhantes à “Lei de Instalações Hospitalares” da Tailândia. No 15.º encontro do Comité Permanente do 13.º Congresso Nacional do Povo, realizado a 28 de Dezembro de 2019, foi aprovada a “Lei de Bases da Medicina e da Promoção da Saúde”, que entrou em vigor a 1 de Junho de 2020.

Este conjunto de leis estipula claramente que os hospitais não podem recusar ou adiar a prestação de cuidados médicos a doentes por estes não poderem pagar os tratamentos e pôs fim a situações em que as pessoas não eram socorridas por falta de recursos financeiros. A 20 de Dezembro de 2008, em Hong Kong, um homem desmaiou à porta do Hospital C. A equipa administrativa deste hospital alegando que o incidente tinha ocorrido fora das suas instalações sugeriu aos familiares
que chamassem uma ambulância e, como tal, não pediram ajuda aos médicos. Dois minutos mais tarde, um médico que trabalhava no serviço de cirurgia do Hospital C passou por acaso e viu o doente e constatou que já não tinha pulsação.

Devido ao congestionamento do trânsito, a ambulância levou 20 minutos a chegar e o paciente faleceu. Este caso foi muito criticado pelos habitantes de Hong Kong. Acredita-se que os funcionários apenas seguiram as instruções do Hospital C, e
por isso não levaram o doente para as Urgências e disseram à família para chamar uma ambulância. Tratou-se de um acto de recusa de prestação de assistência. No entanto, o médico que tentou ajudar o doente não foi criticado.

Ao recusar-se a cuidar de um paciente receando não poder cobrar-lhe o tratamento, o hospital não estará a mostrar que o valor da vida não é igual para todos? O exemplo do Hospital C demonstra ainda que, ao investigar incidentes em hospitais privados que se recusam a prestar primeiros socorros aos pacientes, duas situações diferentes devem ser distinguidas: a recusa por parte da administração hospitalar e a recusa por parte dos médicos.

Para além das diferentes responsabilidades e das diferentes punições que se aplicam, a recusa dos médicos de prestação de socorro a doentes graves viola o código de ética profissional – salvar vidas e cuidar dos enfermos. É pouco provável que
um médico que se comporte desta forma seja adequado para continuar a exercer.

Após analisar as questões dos hospitais privados e dos médicos na Tailândia, quem viaja deve em primeiro lugar prestar atenção à sua segurança pessoal. Durante as férias de Natal e de Ano Novo o fluxo de turistas aumenta. Este incidente deve lembrar às pessoas que quando viajam devem pensar com antecedência nas questões que se relacionam com segurança e despesas de saúde. Embora a pandemia tenha vindo gradualmente a dissipar-se, ainda existem algumas consequências. Estamos no Inverno e os germes estão mais activos.

Antes de viajar, é necessário ficar a saber as condições da prestação de cuidados de saúde no nosso destino e também devemos tomar as vacinas recomendadas para fortalecer o sistema imunitário e evitar doenças infecciosas. Em segundo lugar, se tivermos um acidente, como é que vamos pagar as despesas hospitalares? A forma mais simples é fazer um seguro de viagens e levar a apólice connosco. Em caso de acidente, podemos mostrar a apólice no hospital e garantir que recebemos assistência.

É também importante escrever nos documentos do seguro o nome e o contacto das pessoas a que se deve ligar em caso de emergência, para que possam ser avisados e para que os médicos possam tomar decisões de forma rápida e ainda para que não subsistam quaisquer dúvidas sobre o pagamento das despesas. Em terceiro lugar, viajar acompanhado é sempre melhor do que viajar sozinho. Em caso de acidente, os companheiros ajudam-se uns aos outros. Se o companheiro de viagem conhecer os familiares do paciente, pode contactá-los e tomar providências para que o doente regresse a casa, onde pode continuar a receber tratamento.

Quem viaja deve também informar os familiares do seu destino e itinerário. Estas medidas devem ser tomadas antes de qualquer viagem. Viajar deixa as pessoas felizes, mas os acidentes podem estragar essa felicidade. Apenas cautelando as medidas de segurança se pode garantir uma viagem bem-sucedida. Esperamos também que o Governo tailandês anuncie os resultados da investigação o mais depressa possível para que os familiares possam ser indemnizados, à luz das leis da Tailândia.

23 Dez 2023

Saúde | Recrutamento de oito médicos portugueses em curso

O director dos Serviços de Saúde indicou que estão a ser ultimados os processos de recrutamento de oito médicos portugueses para trabalhar em Macau. Foi inaugurado o Edifício de Especialidade de Saúde Pública, que acrescenta 160 camas de isolamento e 80 enfermarias

 

O sistema de saúde de Macau será reforçado com oito médicos portugueses, indicou na sexta-feira o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo. “Quando visitámos Portugal reunimos com a Associação dos Médicos de Portugal e procurámos saber se havia médicos qualificados aptos a prestarem serviços em Macau. Durante o processo recebemos 12 candidaturas e oito cumpriram os requisitos. Estamos na fase de completar os processos de documentação de identidade”, revelou o responsável, citado pelo Canal Macau da TDM.

As declarações foram prestadas à margem da cerimónia de inauguração do Edifício de Especialidade de Saúde Pública dos Serviços de Saúde, infra-estrutura adjacente ao Centro Hospitalar Conde de São Januário e que tem como objectivo reforçar o sistema de resposta a doenças transmissíveis.

O Edifício de Especialidade de Saúde Pública está localizado no lote de terreno entre a Estrada Nova e a Estrada do Visconde de S. Januário, e tem uma área bruta de construção de cerca de 30.900 metros quadrados.

O edifício de oito andares “dispõe de 80 enfermarias de isolamento de alta qualidade, 160 camas de isolamento, das quais 10 são camas para cuidados intensivos, onde os utentes podem receber tratamentos de oxigenação por membrana extracorpórea (artificial pulmonar), ventilador e hemodiálise”.

A nova estrutura está equipada com uma “sala de reanimação, bloco operatório de pressão negativa, sala de exame imagiológico com tomografia axial computorizada (TAC) e laboratório clínico capaz de tratar amostras infecciosas”.

Ligação umbilical

Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde, o edifício “foi concebido de acordo com as normas de prevenção e controlo de doenças transmissíveis da Organização Mundial de Saúde”. Para tal, está apetrechado com “sistema de filtragem de ar de alta eficiência, sistema de desinfecção por raios ultravioletas, controlo de pressão negativa e de fluxo de ar nas enfermarias, instalação de dois canais nas três zonas, bem como sistema inteligente de vigilância central e de rastreamento de doentes”.

Além disso, a nova unidade é composta por duas passagens superiores que ligam ao átrio do Centro Hospitalar Conde de São Januário e ao Alojamento dos Trabalhadores de Emergência de Saúde Pública, “proporcionando aos doentes um melhor apoio médico e uma boa gestão do pessoal em circuito fechado durante a epidemia”.

Alvis Lo ainda salientou que “apesar do fim da epidemia, a ameaça de doenças transmissíveis a nível mundial continua a existir”, razão pela qual é necessária “máxima vigilância e elevar constantemente a capacidade de resposta a diversas doenças transmissíveis”. A cerimónia de inauguração foi conduzida por Ho Iat Seng e pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U.

30 Out 2023

Deputados acreditam que novo hospital das Ilhas vai ter preços mais caros

Alguns deputados da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) acreditam que o Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital vai praticar preços mais elevados do que as outras instituições de saúde locais. A informação consta do parecer da comissão que terminou ontem a discussão do diploma.

Apesar de ter sido construído com fundos públicos, o hospital vai ter a liberdade para praticar os preços que entender, quando seja considerado que está a prestar “cuidados de saúde privados”.

Segundo as explicações do Governo à comissão, consideram-se “cuidados privados” todas as situações em que os residentes se apresentem no novo hospital, sem terem sido encaminhados pelos Serviços de Saúde. Nessas situações, até as pessoas que normalmente têm serviços gratuitos vão ter de pagar.

No entanto, quando o hospital é utilizado por utentes enviados pelos Serviços de Saúde, aplicam-se as taxas normais, que podem ser gratuitas ou a preços mais reduzidos.

Face a este modelo, o parecer aponta que alguns deputados, não identificados, argumentaram que os preços vão ser mais caros do que os actualmente praticados. Os representantes do Governo, de acordo com o parecer, não negaram o cenário, e insistiram que o Centro Médico vai ter a liberdade para definir os preços. Os mesmos terão ainda reconhecido que não haverá preços abaixo daqueles que se encontram no mercado, e que os cidadãos podem adquirir um seguro de saúde para fazer face às despesas médicas.

Votação na segunda-feira

A proposta de lei será votada na especialidade na próxima segunda-feira em sessão plenária na AL. Na agenda constam ainda votações sobre o regime jurídico do sistema financeiro, legislação relativa às técnicas de procriação medicamente assistida e a alteração à lei de base dos Serviços de Polícia Unitários. Será ainda analisado pelos deputados o projecto de simples deliberação do plenário sobre a segunda alteração orçamental da AL para este ano.

26 Jul 2023

Hospital das Ilhas | Primeira fase de funcionamento em Dezembro

O Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas deverá começar a funcionar numa primeira fase em Dezembro, com o funcionamento pleno estimado num prazo entre cinco a 10 anos. O Governo já recrutou cerca de meio milhar de profissionais para o novo hospital. Em curso, está a contratação de 10 médicos portugueses

 

O Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas poderá abrir ao público numa primeira fase já no próximo mês de Dezembro. A data foi avançada pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, no final de uma reunião da Comissão Permanente da Assembleia Legislativa que está a analisar na especialidade a proposta de lei de gestão do Hospital das Ilhas.

A governante acrescentou que “os trabalhos de recrutamento decorrem de forma ordenada”, e que, além dos além dos 50 funcionários designados pelo Peking Union Medical College Hospital, cujas funções serão de gestão, o Governo da RAEM procedeu também ao recrutamento de pessoal médico, mais de 400 pessoas”. Neste aspecto, Elsie Ao Ieong sublinhou a prioridade das autoridades em recrutar profissionais locais e que só “em caso de escassez de recursos humanos” serão contratados quadros no Interior da China e no exterior.

A secretária com o pelouro da saúde mencionou ainda que o recrutamento de médicos portugueses é um processo que está em curso, seguindo as entrevistas feitas em Portugal, aquando da visita à Europa. “Segundo entendi, foram entrevistados cerca de 10 médicos portugueses e os procedimentos sequentes estão em andamento”, afirmou Elsie Ao Ieong, citada pela TDM – Rádio Macau. A secretária adiantou que estão a ser consultados currículos de jovens recém-graduados em Portugal, alguns especializados em medicina de família.

 

Preços e prazos

Quanto à questão do preço e acesso a cuidados de saúde, Elsie Ao Ieong sublinhou que “a tarifa adoptada para a prestação dos serviços médicos pelo Complexo será em diferentes classificações, mas que os residentes de Macau que usufruem actualmente de cuidados médicos gratuitos, poderão continuar a usufruir de serviços gratuitos, quando transferidos pelos Serviços de Saúde”.

Além dos cuidados grátis, existem outros dois níveis. Um que se destina a residentes transferidos pelo Serviços de Saúde, que não usufruem de cuidados médicos gratuitos, mas que o Governo garante terem “tarifas cobradas de forma razoável”. Finalmente, será aplicado o nível destinado à “prestação de serviços médicos privados de alta qualidade, em que a tarifa terá como referência o preço do mercado”.

No final da reunião da comissão legislativa que está a ultimar os detalhes da lei de gestão do Hospital das Ilhas, Vong Hin Vai, o deputado que preside à comissão, citou os representantes do Governo afirmando que o funcionamento plano do complexo de saúde só acontecerá num prazo entre cinco e 10 anos.

Além disso, na primeira fase de funcionamento, os serviços de urgência do hospital da MUST serão transferidos para o novo complexo.

10 Jul 2023

RAEM negoceia gestão do complexo da Ilhas com Hospital de Pequim

Poucos dias depois de Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), ter declarado que existia a possibilidade de o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas ser gerido por uma empresa privada do Interior da China, a TDM – Rádio Macau noticiou ontem que essa entidade pode ser o Peking Union Medical College Hospital.

Fonte próxima de emissora pública afirmou que o hospital da capital chinesa “é um dos mais conhecidos e importantes hospitais de Pequim, com uma forte componente de formação”.

O Peking Union Medical College Hospital tem liderado, nos últimos dez anos, o Ranking de Hospitais Chineses da responsabilidade do Instituto de Gestão Hospitalar da Universidade de Fudan.

De acordo com o site oficial, o Peking Union Medical College Hospital é uma instituição de topo, “empenhada na prestação de cuidados clínicos de última geração, investigação científica inovadora e educação médica rigorosa”, que “goza de elevada reputação pela sua gama completa de disciplinas, tecnologias de ponta e especialidades de excelência”.

Além disso, importa referir que o hospital está ligado à Peking Union Medical College, que se fundia com a Academia Chinesa de Ciências Médicas, à Universidade Tsinghua e tem uma longa história, fundado em 1921 pela Fundação Rockefeller.

Experiência na matéria

Antes de ter sido noticiado o nome da potencial entidade gestora do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, Alvis Lo apontava que o objectivo da entrada de um privado na administração seria encontrar um bom modelo de funcionamento e gestão e melhorar o planeamento do sistema de saúde de Macau.

Quanto à data de abertura do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, o director dos SSM reiterou a dificuldade de indicar um calendário preciso devido à complexidade e dimensão do mega-projecto.

13 Jul 2021

Saúde | Cerca de vinte mil operações no ano passado

Mais serviços operatórios, uso de camas de internamento e atendimentos nas urgências, são algumas das tendências de 2019 reveladas pelas estatísticas da saúde, divulgadas ontem. Os acidentes de viação levaram 2.765 pessoas às urgências

 

[dropcap]N[/dropcap]o ano passado os serviços operatórios aumentaram 6,3 por cento para 20 mil. Destes, as operações de oftalmologia registaram pelo segundo ano consecutivo um crescimento superior a 40 por cento. Os atendimentos nas urgências aumentaram 5,2 por cento em 2019, por comparação ao ano anterior.

As informações foram reveladas pelo relatório das estatísticas da saúde referentes a 2019, publicado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Apesar de a maioria das pessoas recorrer às urgências por adoecer, 2.765 casos foram devido a acidentes de viação.

No ano passado existiam mais médicos e enfermeiros, com subidas de 3,1 por cento e 1,1 por cento, respectivamente. Por outro lado, os cinco hospitais do território disponibilizavam 1.628 camas de internamento, cuja taxa de utilização foi de 78,3 por cento, uma subida de 3,9 pontos percentuais em termos anuais. Uma variação explicada pelo aumento de 3,9 por cento dos doentes internados, por um período médio que aumentou ligeiramente para 7,4 dias. A maioria dos internamentos foi nas áreas de pediatria e neonatologia, cirurgia geral, e ginecologia e obstetrícia.

De acordo com o documento, “foram atendidos 1.892.000 indivíduos nas consultas externas dos hospitais, mais 5,8 por cento, em relação a 2018”. As especialidades com maior procura foram a medicina interna, seguida pela medicina física e de reabilitação. Já nos cuidados de saúde primários, foram atendidos “mais de 4.112.000 indivíduos”.

Mais de 400 mil vacinas

Foram administradas 416 mil doses de vacinas nos hospitais e estabelecimentos de cuidados primários (mais 9,5 por cento, em termos anuais), e mais de um terço foram contra a gripe. Vale a pena notar que o volume de comunicações de doenças de declaração obrigatória aumentou 73,5 por cento para 22.392. Destas, a gripe (influenza) foi a que afectou mais pacientes, depois de uma subida de 146 por cento, seguindo-se a infecção por enterovírus. Mas também houve algumas a descer, como foi o caso da varicela e da escarlatina.

O número de dádivas de sangue superou as 15 mil, das quais 3.369 foram realizadas pela primeira vez. Registaram-se 11.150 dadores efectivos de sangue, um aumento face a 2018.

Até ao final de 2019, 274 residentes de Macau foram infectados com SIDA. A maior percentagem deste número é referente a infecções adquiridas por contacto heterossexual, seguindo-se o contacto homossexual e a partilha de seringas.

5 Jun 2020

A lata do costume

[dropcap]P[/dropcap]or cá não é difícil pensar que já nada nos surpreende. Estamos habituados ao poder dos lóbis, à indiferença perante os conflitos de interesse e à lata de governantes e deputados perante os problemas prementes do território. Ainda assim, esta semana consegui ficar sem saber como reagir às declarações de um “iluminado” ex-deputado.

Não é que Ung Choi Kun está atormentado com as “boas” condições dadas pelo serviço público de saúde que, desta forma, “dificultam” a vidinha das clínicas privadas? Ora, portanto, a solução, segundo entendo, será piorar ainda mais os serviços públicos de saúde para que os residentes não tenham outra opção se não recorrer à medicina privada. Na prática, a saúde para quem tem dinheiro e os coitados que vivem com mais dificuldades que se lixem. Porque isto de manter a clientela de um nicho de profissionais, que se calhar nunca deveriam ter enveredado pela carreira médica, ou o rendimento aos empresários que detêm as ditas clínicas, não pode sofrer mazela.

Não esquecer que estamos a falar de um ex-legislador que detém um negócio no sector, assim como tantos outros que têm em mãos actualmente a análise de leis que dizem directamente respeito aos lobbies que defendem. Será por estas e por outras que os tão falados problemas da sociedade se perpetuam e que não apresentam solução à vista. Pudera!

25 Jul 2019

Saúde | Centro médico fecha devido a suspeita de irregularidades

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde suspenderam a actividade de um centro médico situado no NAPE por um período de 30 dias. Em causa está a suspeita de prática ilegal de actos médicos, administração de medicamentos não autorizada e ampliação de estruturas não licenciadas, apontam em os serviços em comunicado.

A medida foi tomada após inspecção, realizada na passada quinta-feira, em que foi detectado um “stock de medicamentos suspeitos de importação ilegal, incluindo injecção de timosina, injecção de placenta, injecção de hormonas de crescimento, injecção de andrógeno e 93 doses de injecção de glutationa “somente para uso hospitalar”, assim como dois tipos de vacinas (dez vacinas contra o pneumococo e cinco vacinas contra o cancro do colo do útero)”, apontam os SS.

Os trabalhadores do centro também alegaram que médicos não registados em Macau têm prestado serviços de diagnóstico e prescrição de medicamentos a pacientes que ali vão diariamente.

Por outro lado, os compartimentos do centro médico também não estavam em conformidade com o projecto aprovado, nomeadamente no que diz respeito a “uma expansão significativa do local para outra fracção autónoma”.

1 Jul 2019

SSM pagam 1,57 milhões por cirurgia que resultou em morte

Em 2011, um homem de 71 anos foi internado no Hospital Conde São Januário onde foi operado com recurso a uma abordagem inovadora, que na altura foi utilizada pela primeira vez em Macau. Horas depois teve complicações e após mais duas intervenções, acabou mesmo por morrer

 

 

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SSM) foram condenados a pagar 1,57 milhões de patacas à viúva e aos quatro filhos de um homem de 71 anos, que morreu no Hospital Conde São Januário, após ter sido operado duas vezes, na sequência de uma primeira cirurgia para tratar de um cancro nas vias biliares. A decisão foi tomada este mês, pelo Tribunal Administrativo, mas o caso remonta a Dezembro de 2011, quando o homem foi internado e operado devido a complicações relacionadas com três intervenções cirúrgicas a que foi submetido.

Depois de lhe ter sido diagnosticado cancro nas vias biliares, o paciente foi internado. Na altura a equipa médica do Hospital São Januário optou por realizar uma intervenção cirúrgica chamada duodenopancreatectomia, também conhecida como Whipple, ou seja, uma operação que permite remover parte das vias biliares, e que é igualmente utilizada para as situações em que é necessário remover a cabeça do pâncreas, o duodeno ou a vesícula biliar.

A cirurgia poderia ter sido ser feita com duas abordagens diferentes. A tradicional e mais utilizada na altura a: laparotomia. Esta abordagem obriga à abertura da barriga, com um corte grande, para manipulação manual dos órgãos. A outra abordagem é a laparoscopia, em que se são utilizadas sondas equipadas com uma câmara e uma pinça nas pontas, e que deixam apenas uns furos no abdómen. Esta abordagem é frequentemente utilizada para exames e acabou por ser a escolhida, apesar de nunca antes ter sido feita em Macau.

Assim, a primeira cirurgia com recurso a laparoscopia em Macau foi realizada entre as 13h e as 23h20 do dia 21 de Dezembro de 2011. Como no dia seguinte se verificou uma grande hemorragia, o mesmo procedimento foi repetido entre as 15h50 e as 19h10. Nesta operação, o tribunal deu como provado que foram encontrados 2,3 litros de sangue no abdómen do paciente, que tinham resultado de um corte feito na primeira operação. O paciente recebeu ainda uma transfusão de sangue.

Poucas horas depois da segunda operação o paciente teve nova hemorragia com perda de fluxo do sangue. A solução voltou a passar por mais uma operação, com recurso à técnica de laparoscopia, a última que foi feita antes do homem de 71 anos morrer.

 

Repetição do erro

Segundo o Tribunal Administrativo, as segunda e terceira operações deviam ter sido feitas com recurso à técnica mais popular em vez da técnica inovadora, como recomendam as práticas internacionais, ou seja, através da laparotomia.

“Na escolha do meio de laparoscopia para a segunda e terceiras cirurgias, infringiram o legis artis [ndr. práticas habituais], que segundo os conhecimentos da medicina ao tempo em que os actos foram praticados, o procedimento a adoptar deveria ter sido a técnica de laparotomia […] e não a laparoscopia”, pode ler-se na decisão.

“Os dois médicos têm culpa ou mera negligência, na medida em que estes, perante as graves hemorragias que a situação clínica da vítima apresentava na altura, acompanhadas de choque hemorrágico e da queda violenta da pressão arterial na sequência da primeira cirurgia e da segunda, não actuaram com o dever de cuidado na ponderação do meio adequado para suster a hemorragia com uma maior eficácia possível”, foi acrescentado.

De acordo com a lei em vigor, que define a responsabilidade civil das entidades públicas, compete aos Serviços de Saúde assumirem a responsabilidade civil dos seus agentes. Por este motivo, o tribunal decidiu que a viúva tem a receber 449 mil patacas e cada um dos quatros filhos 280 mil patacas. No total, os SSM pagam cerca de 1,57 milhões aos familiares, devido aos procedimentos que resultaram na morte do homem.

A decisão do Tribunal Administrativo poderá ainda ser alvo de recurso, tanto pela família como pelos Serviços de Saúde. Além disso, decorre em tribunal um processo crime sobre o caso.

 

 

Decisão emblemática

Depois de conhecida a decisão, o advogado da família da vítima, Paulo Ramalho Gonçalves, elogiou a conduta dos juízes pela forma como lidaram com o processo. “Estou satisfeito com a decisão do ponto de vista da sua correcção técnica, como estive ao longo das várias sessões do julgamento, porque raramente vi, para dizer que nunca vi, um colectivo de juízes tão profissionalmente atento e focado em chegar ao fundo da questão. Notou-se o esforço de procurar perceber com a máxima exactidão possível o intrincado contexto médico deste infeliz evento”, disse Paulo Ramalho Gonçalves, ao HM. “Mesmo que a decisão não tivesse sido favorável aos meus clientes, eu teria ficado com uma excelente impressão do tribunal. Felizmente a decisão corresponde muito de perto ao que estava a antecipar em função do que resultou do julgamento”, acrescentou.

O causídico definiu ainda a decisão como emblemática: “É uma decisão emblemática, e não é comum a Administração ser condenada. É uma decisão muito importante do ponto de vista jurídico-social; e paradigmática, servindo de referência para o futuro”, considerou.

27 Jun 2019

Saúde | Casos de rubéola em alta

[dropcap]O[/dropcap] número de casos de rubéola subiu para 17, desde o início do ano até sábado, de acordo com os dados dos Serviços de Saúde de Macau (SSM). O caso mais recente de rubéola conhecido até ao fecho da edição do HM tinha afectado um homem filipino, de 29 anos, que trabalhava no hotel City of Dreams.

Este é o quarto caso com trabalhadores do hotel operador pela Melco Crown, que tem Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, como principal accionista. Segundo os mesmos dados disponibilizados pelos SSM, o mais recente caso de rubéola tinha inicialmente sido diagnosticado como sarampo o que colocava o número de casos em 33.

Com este novo diagnostico, há uma alteração no número de casos de sarampo, que baixou para 32.

15 Abr 2019

Apenas 15 trabalhadoras não residentes que deram à luz no CHCSJ beneficiaram de “desconto”

Desde a entrada em vigor, a 1 de Junho, do aumento das taxas de parto para as grávidas não-residentes, só 15 de 102 mulheres que deram à luz no hospital público beneficiaram de um “desconto” por carência económica

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]penas uma ínfima parte das trabalhadoras não residentes que deram à luz no hospital público beneficiaram de um desconto por carência económica nas taxas cobradas pelos partos que aumentaram nove vezes a 1 de Junho de 2018. Dados facultados pelo Instituto de Acção Social e pelos Serviços de Saúde ao HM indicam que das 102 portadoras de ‘blue card’ que deram à luz no Centro Hospitalar Conde de S. Januário (CHCSJ), entre 1 de Junho e 31 de Dezembro, 18 solicitaram o atestado comprovativo da situação económica, que lhes permite pedir o corte das taxas, das quais três viram os pedidos indeferidos.

A 1 de Junho do ano passado, entraram em vigor novas taxas de serviços de partos no hospital público, com as trabalhadoras não residentes a terem de pagar nove vezes mais. A título de exemplo, o preço de um parto normal subiu de 975 para as 8.775 patacas, enquanto, no caso de cesariana, aumentou de 1.950 para 17.550 patacas. A controvérsia em torno da actualização das taxas, que estavam em vigor há quase 20 anos, levou o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, a abrir uma excepção para as trabalhadores não residentes que auferem baixos rendimentos, particularmente as empregadas domésticas, definindo que pagariam o triplo, em vez de nove vezes mais face aos preços em vigor. Ao “desconto”, que corresponde a uma redução do valor dos encargos em dois terços, são elegíveis as portadoras de ‘blue card’ que apresentem um “atestado comprovativo”, a emitir pelo IAS, de que se encontram carência económica. Na prática, tal significa que o valor do seu rendimento mensal não pode ultrapassar o do risco social que, até 31 de Dezembro, correspondia a 4.050 patacas. A 1 de Janeiro, o montante mínimo de sobrevivência aumentou 180 patacas para 4.230 no caso de uma pessoa que viva sozinha.

Assim, as trabalhadoras não residentes que comprovem carência económica pagam 2.925 patacas por um parto normal (em vez de 8.775) e 5.850 patacas por uma cesariana (em vez de 17.550) no hospital público. Durante os primeiros seis meses de vigência das novas taxas de partos, foram 18 as mulheres que pediram o atestado comprovativo ao IAS, que lhes permite depois solicitar aos Serviços de Saúde o corte na factura, das quais três receberam um “não” como resposta por falharem em reunir os requisitos. Segundo o IAS, houve dois casos “em que os serviços de cuidados de saúde utilizados não se incluíam na área dos serviços especiais de obstetrícia e de serviços de gravidez e parto” e um outro em que “se confirmou que o valor do rendimento da requerente era superior” ao definido.

Embora o “desconto” tenha sido pensado para apoiar as trabalhadoras não residentes que auferem baixos rendimentos, aquando do anúncio, o próprio IAS reconheceu que ao fixar-se o valor do risco social como bitola estar-se-ia a excluir aproximadamente metade das empregadas domésticas. Isto porque, apesar de integrarem a categoria mais mal paga entre os portadores de ‘blue card’, ganham acima do tecto definido. Dados dos Serviços para os Assuntos Laborais indicam que Macau contava, em 31 de Dezembro, com 28.692 empregadas domésticas, as quais representam sensivelmente 15 por cento do universo de mão-de-obra importada. A maioria (15.945) vem das Filipinas, do Vietname (7.458) e da Indonésia (3.721).

Segundo os dados fornecidos pelos Serviços de Saúde, na segunda metade do ano passado, ou seja, durante o meio ano de vigência das novas taxas, houve uma diminuição, em termos anuais homólogos, do número de trabalhadoras não residentes que deram à luz no CHCSJ: foram menos 64. A proporção das trabalhadoras não residentes no total de parturientes não chegou aos 6 por cento (102 em 1.701 mulheres).

 

Das excepções

De ressalvar, porém, que o número de trabalhadoras não residentes que deram à luz no hospital público (102) inclui as parturientes com cônjuge residente da RAEM, para as quais foi consagrada uma excepção que as excluiu do aumento. No entanto, têm de estar efectivamente casadas, com o despacho, publicado então em Boletim Oficial, a determinar que o matrimónio tem de ser “comprovado mediante apresentação da certidão de registo emitida há menos de seis meses pelas autoridades competentes”, deixando assim de fora os casais que vivem como tal ou em união de facto. Uma “decisão política”, com admitiu então a subdirectora dos Serviços de Saúde, Ho Ioc San, quando confrontada com o facto de a certidão de casamento não atestar paternidade. Apesar de os dados facultados pelos Serviços de Saúde não discriminarem o número de portadoras de ‘blue card’ casadas com residentes da RAEM, estima-se que seja reduzido.

 

Menos turistas

Em queda esteve também o número de turistas que tiveram os seus bebés no hospital público entre 1 de Junho e 31 de Dezembro: foram oito, contra 21 no período homólogo de 2017. De recordar que as turistas também viram as taxas cobradas pelos partos no hospital público aumentar nove vezes, passando a ter de desembolsar 17.550 patacas por um parto normal e 35.100 por uma cesariana.

Dados oficiais divulgados anteriormente indicam que, em média, recorrem ao hospital público 220 trabalhadoras não residentes por ano, ou seja, menos de oito por cento do total de parturientes. Já as turistas que deram à luz no CHCSJ representavam aproximadamente um quinto.

6 Mar 2019

SSM sugerem à vítima que se adapte a nova vida após caso de violência doméstica

A solução apontada pelos Serviços de Saúde para a falta de visão que resultou das agressões sofridas por Lao Mong Ieng é a adaptação a uma nova forma de vida. A recolha de donativos para financiar a cirurgia necessária para recuperar a visão apurou 1,3 milhões de patacas

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SSM) admitem que não existe nenhuma alternativa de tratamento para recuperar a visão da vítima de violência doméstica, Lao Mong Ieng, além da osteo-odonto-queratoprótese. Ainda assim, os SS mantêm o parecer desfavorável quanto à intervenção cirúrgica, uma hipótese que deixa em aberto o restabelecimento parcial da visão. “Não podemos ser perfeccionistas. Se fizermos uma cirurgia de alto risco, isso pode fazer com que a paciente perca a sensibilidade à luz”, começou por comentar o director do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), Kuok Cheong U, ontem em conferência de imprensa.

No entender dos SSM, a solução passa pela mudança de estilo de vida da paciente, que se deve conformar com o facto de não conseguir ver. “Recomendamos que a paciente se adapte a uma nova forma de vida. Também pode ajudar outras vítimas de violência doméstica e dar o seu contributo à sociedade”, acrescentou o responsável.

Recorde-se que Lao Mong Ieng, de 31 anos, foi atacada pelo marido com óleo a ferver e líquido de limpeza de canos, a 12 de Julho do ano passado. Actualmente, Lao apresenta queimaduras em 40 por cento do corpo, incluindo na cara, desloca-se numa cadeira de rodas e não vê dos dois olhos, apenas distingue a luz da escuridão.

Na sequência do ataque, a vítima foi encaminhada pelo CHCSJ para tratamento no Hospital Prince of Wales, em Hong Kong. Foi também neste hospital que a equipa médica aconselhou a deslocação ao Reino Unido para que Lao fosse submetida à osteo-odonto-queratoprótese, uma cirurgia que pode restabelecer parcialmente a visão. De acordo com o centro hospitalar de Hong Kong, este tipo de intervenção cirúrgica tem uma taxa de sucesso de 80 por cento. Singapura e Índia foram outros territórios sugeridos à paciente e onde é possível fazer esta operação. A vítima está decidida em avançar com o procedimento cirúrgico e pondera agora a opção Singapura.

 

Caminhos abertos

A recolha de fundos para apoiar a cirurgia de Lao resultou na angariação de 1,3 milhões de patacas. Com este montante, Lao pode optar por ser operada no Reino Unido, onde a operação tem um custo de 1,2 milhões de dólares de HK. Apesar de faltar dinheiro para as despesas de estadia e transporte, “há já pessoas locais que se disponibilizaram a pagá-las”, apontou ontem Agnes Lam numa conferência de imprensa, citada pela TDM, que assinalou o final da angariação de apoios.

A vítima ainda não decidiu onde pretende submeter-se à cirurgia e os SSM aguardam a decisão para dar início ao apoio logístico, estabelecendo o contacto com os profissionais da instituição que a vier a operar. “Se precisarem do nosso apoio ou auxílio nos contactos, não iremos recusar”, afirmou o director do HCSJ. “Como temos uma instituição de caridade para financiar, podemos tratar da parte técnica”, acrescentou.

Entretanto Lao, vai reunir em Hong Kong no início de Março com um médico do Reino Unido. A vítima vive agora num apartamento arrendado e continua a receber tratamento na região vizinha. As despesas mensais são de 17 mil patacas e o Governo está a contribuir com 5200

27 Fev 2019

China oferece equipamentos hospitalares e medicamentos a São Tomé e Príncipe

[dropcap]A[/dropcap] China doou ao principal hospital de São Tomé e Príncipe equipamentos, medicamentos e consumíveis, avaliados em mais de 130 mil euros (cerca de 1,2 milhões de patacas), disse o embaixador deste país na capital são-tomense, Wang Wei.

“O Governo da China fez uma doação de equipamentos e medicamentos para os hospitais deste país irmão”, disse o diplomata, sublinhando que o apoio surge após as autoridades chinesas terem notado que “nos últimos tempos tem havido uma falta de medicamentos e equipamentos”.

“Gostaríamos, com a nossa doação modesta, contribuir um pouco para ajudar este país amigo a superar essa dificuldade”, acrescentou Wang Wei, recordando que esta é a terceira entrega de medicamentos que o seu país faz a São Tomé e Príncipe nos últimos dois anos.

O ministro da Saúde são-tomense, Edgar Neves, manifestou “os maiores agradecimentos” ao Governo da República Popular da China “cuja história de apoio e de cooperação com São Tomé e Príncipe data de muitos anos”.

Edgar Neves classificou esta oferta em medicamentos como a “manifestação clara da longa amizade do povo chinês para com o povo de São Tomé e Príncipe ao nível dos diferentes governos”, sublinhando que o donativo “vai ajudar” o Serviço Nacional de Saúde são-tomense, “cujas carências são grandes”.

16 Jan 2019

Estudo | Mais de metade dos profissionais do sector sofrem ataques físicos ou verbais

Estudo publicado no mês passado relata ataques verbais e físicos a enfermeiros e médicos. No que diz respeito aos enfermeiros, é mesmo mais normal serem vítima de insultos e ameaça do que passarem incólumes face a estas situações

 

[dropcap]M[/dropcap]ais de metade dos médicos e enfermeiros revelaram ter sido vítimas de violência no trabalho em Macau. Os dados referentes a 2014 foram publicados na revista “Plos One”, em Novembro, num artigo com o nome “A associação entre a violência no trabalho e a satisfação de médicos e enfermeiros em Macau”.

Entre um total de 706 médicos e enfermeiros questionados, 57,2 por cento relatou que no ano anterior tinha sido alvo de violência física ou verbal durante o tempo de trabalho. Segundo os resultados apurados pelos académicos Teris Cheung, Paul Lee, da Escola de Enfermagem da Universidade Politécnica de Hong Kong, e de Paul Yip, dop Centro de Pesquisa e Prevenção do Suicídio, da Universidade de Hong Kong, o número de inquiridos representa um sétimo do número total dos profissionais de saúde destas duas classes em Macau.

No que diz respeito aos médicos, foram ouvidos 104 profissionais e entre estes quatro (3,9 por cento) tinha sido alvos de ataques físicos. Todos os ataques relatados partiram dos pacientes ou de familiares. No que diz respeito a insultos ou ameaças, o número de vítimas sobe para 40, ou seja 38,5 por cento dos médicos ouvidos. Mais uma vez, os pacientes e os familiares forma os principais perpetradores dos ataques, com 35 dos casos, seguidos por outros colegas de trabalho ou gestores, com cinco situações. Há ainda um caso praticado pelo público em geral, o que significa que um dos médicos foi vítima de dois ataques no mesmo ano.

No capítulo dos médicos alvo de bullying profissional, o que neste artigo é tido como excesso de trabalho ou turnos definidos de forma pouco razoável, houve 12 vítimas. Em oito dos casos relatados, o bullying ficou-se a dever a exigências dos pacientes, enquanto três se ficaram ao dever ao staff do hospital. Um dos médicos não especificou de quem partiu o abuso.

Ja na questão dos abusos sexuais, foram relatados quatro casos entre os médicos causados. Todos os casos foram perpetuados por pacientes ou familiares destes. A situação é muito semelhante ao número de vítimas de discriminação racial, em que quatro pessoas foram atacados cinco vezes. Três das situações foram motivadas por pacientes ou familiares e duas por outros trabalhadores dos hospitais ou clínicas.

Enfermeiros mais afectados

Mas são os enfermeiros as principais vítimas de ataques, principalmente no que diz respeito às situações te agressões físicas. Cerca de 18,4 por cento dos 602 inquiridos, ou seja praticamente um quinto dos ouvidos, relatou ter sido vítima de violência física. Entre estes 110 casos, 105 foram perpetuados por pacientes ou familiares, enquanto cinco partiram de outros profissionais dos hospitais ou clínicas. Uma pessoa foi alvo desta situação por duas vezes no mesmo ano.

Em relação aos abusos verbais, é mais comum os enfermeiros serem alvos de ataques do que não serem. Segundo os resultados, 340 enfermeiros relataram ter sido atacados no ano anterior, ou seja 56,6 por cento. Os pacientes e familiares foram responsáveis por 295 dos ataques, os outros profissionais do sector ou clínicas e hospitais por 63 ataques e o público em geral praticou três ataques.

Já sobre o Bullying, a situação foi relatada por 89 pessoas, com 94 casos identificados. Os pacientes ou familiares foram responsáveis por este tipo de situações em 62 vezes, os outros profissionais do mesmo espaço de trabalho causaram esta situação 32 vezes e o público em geral foi responsabilizado em dois casos.

Por sua vez, ainda 29 enfermeiros lidaram com abusos sexuais, num total de 30 casos. Entre estes 19 partiram de pacientes e familiares e 11 de outros colegas de trabalho. Já em relação a abusos raciais, houve 15 profissionais afectados, oito dos casos por pacientes, equipa médica em sete e um pelo público em geral.

21 Dez 2018

José Pereira Coutinho pede hospital para crianças com necessidades especiais

Considerando serem “muito limitados” os tratamentos médicos e as medidas de apoio destinadas às crianças com necessidades especiais, o deputado Pereira Coutinho defende estar na hora de o Governo pensar em avançar com hospitais especializados

 

[dropcap]A[/dropcap]s políticas de apoio têm “deficiências graves”, “há falta de terapeutas qualificados” e o nível dos tratamentos médicos e as demais medidas de apoio às crianças com necessidades especiais “são muito limitados”. O diagnóstico é feito por Pereira Coutinho que, numa interpelação escrita, propõe ao Governo que avance com hospitais especializados.

“Actualmente, ainda não há em Macau um hospital especializado para as crianças com necessidades educativas especiais. Não deverão, então, as autoridades avançar, quanto antes, com o planeamento e a construção de hospitais especializados destinados a estas crianças, com vista a que recebam tratamento atempado?”, questiona o deputado, criticando a ausência de critérios para a avaliação da qualidade dos tratamentos para as crianças em causa. “O Governo deve conceber e definir critérios de avaliação razoáveis, permitindo que os pais das crianças possam aperceber-se intuitivamente do nível dos tratamentos e serviços dos hospitais, possibilitando a respectiva fiscalização”, aponta Pereira Coutinho, indagando de que forma tal vai ser feito.

Longa espera

A interpelação escrita, datada de 21 de Novembro e enviada ontem às redacções, parte dos pedidos de ajuda por parte de encarregados de educação que o deputado diz terem chegado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). “As crianças com necessidades especiais esperam muito tempo por tratamento”, observa Pereira Coutinho, sinalizando a falta de terapeutas qualificados em Macau como uma das causas.

Se no âmbito da avaliação da qualidade dos tratamentos o deputado denuncia a falta de critérios, já na vertente da formação aponta o dedo ao “excessivo rigor”. “Os pais também constatam um rigor excessivo do Governo na apreciação e autorização de cursos que podem ajudar as crianças com necessidades especiais, tais como de pensamento lógico, e, em consequência disso, essas crianças não conseguem obter, atempadamente, as respectivas orientações”, aponta Pereira Coutinho, criticando as “imensas insuficiências” por parte do Governo.

“O tratamento das crianças com necessidades especiais não pode ser separado da colaboração e da educação da família”, sustenta o deputado, para quem à dificuldade dos encarregados de educação de coordenarem o tempo (entre trabalho, família e aulas) se junta a oferta “muito limitada” disponibilizada pelo Governo a este nível. “Os cursos de formação que Macau oferece a estes pais são muito limitados, quer em número quer em duração, ficando assim muito aquém das necessidades”, aponta Pereira Coutinho.

O deputado reproduz ainda queixas de pais de crianças com necessidades especiais relativamente aos serviços prestados nos hospitais, apontando que “as amostras em relação a algumas doenças, como a síndrome de Angelman, não são atempadamente actualizadas”, bem como críticas no plano das medidas de apoio. “Veja-se o exemplo da vizinha Hong Kong, onde são organizadas exposições específicas sobre crianças com necessidades especiais que permitem aos pais aceder a mais informações, participar em intercâmbios e receber e dar ajuda”, diz o deputado, lamentando que o Governo da RAEM nunca tenha delineado planos com vista a organizar actividades semelhantes.

18 Dez 2018

China prevê apoiar construção de um novo hospital central em Maputo

[dropcap]O[/dropcap] Governo da China prevê apoiar Moçambique na construção de um novo hospital central em Maputo, em substituição do actual com mais de 100 anos, anunciou a unidade de saúde no seu último boletim informativo.

O investimento foi discutido durante uma visita do embaixador da China em Moçambique, Su Jian, àquela unidade de saúde, no mês de Novembro. “Estamos interessados em apoiar na construção de um novo hospital”, referiu na altura o diplomata, citado pelo boletim, consultado hoje pela Lusa.

Segundo o diplomata, a China já tem prestado apoio ao sector da saúde em Moçambique, através da construção e melhoria de infra-estruturas sanitárias no país. Há um ano, um novo bloco pediátrico, construído e equipado com apoio da China, entrou em funcionamento no Hospital Central da Beira, Moçambique.

Saúde, educação e agricultura são “as áreas prioritárias de cooperação internacional da China com o continente africano para os próximos anos”, realçou. A situação do atendimento na principal unidade de saúde da capital moçambicana “não é boa e gostaríamos de ter um hospital moderno aqui em Moçambique que também tivesse a componente da medicina chinesa”, referiu, na ocasião, Hussen Ice, director nacional de Assistência Médica do Ministério da Saúde.

As partes acordaram em “iniciar imediatamente a preparação das condições necessárias” para que “nos próximos tempos” sejam assinados memorandos de entendimento com vista a materialização do projecto, concluiu.

A China tem sido parceira de Moçambique na construção e financiamento de alguns dos principais empreendimentos públicos mais recentes no país, tais como a ponte sobre a baía de Maputo e respectiva rede de estradas ou o aeroporto internacional de Xai-Xai, em construção. Entidades de Moçambique e da China assinaram em Setembro, em Pequim, oito memorandos de entendimento, nas áreas das infra-estruturas, indústria, telecomunicações, agricultura e serviços financeiros, durante um fórum de negócios que decorreu em paralelo com o terceiro edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC).

11 Dez 2018

Academia Médica com regulamento administrativo na calha

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Conselho Executivo concluiu a discussão sobre o projecto do Regulamento Administrativo “Alteração à organização e funcionamento dos Serviços de Saúde” que define a criação da Academia Médica.

O novo organismo, que vai substituir a Direcção dos Internatos Médicos, tem como missão unificar e uniformizar a formação de especialistas dos serviços públicos e privados de saúde, apontou o porta-voz do CE, Leong Heng Teng na passada sexta-feira. “A actual Direcção dos Internatos Médicos tutelada pelos Serviços de Saúde regulamenta, somente, a formação de internato médico do regime da função pública, enquanto os hospitais privados definem, eles próprios, os regimes de formação”, apontou o representante.

A Academia Médica não é um centro de formação de médicos, acrescentou Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde. “Uma faculdade de medicina, forma médicos e a Academia Médica destina-se aos que já concluíram a licenciatura e que se querem tornar especialistas”, explicou.

Vai caber ainda a esta instituição, além da formação profissional médica, a organização, coordenação e supervisão dos internatos médicos.

A acompanhar os médicos em formação vão estar os especialistas que já integram os quadros dos SS, sendo que em caso de necessidade, os serviços pretendem contratar profissionais estrangeiros de modo a garantir a qualidade da formação, acrescentou. Neste aspecto, Lei Chin Ion recordou ainda que a Academia já conta com a colaboração com dois especialistas de Hong Kong. “Os médicos vão continuar a fazer os cursos nos hospitais e os médicos especialistas vão ser os orientadores dos formandos”, disse.

As especializações vão compreender um período de seis anos, dois dos quais de formação básica e quatro de formação avançada.

A Academia que vai funcionar no Centro Hotline, no NAPE, será constituída por dois órgãos: o Conselho de Especialidades e o coordenador, ambos designados por despacho do Chefe do Executivo.

 

Faculdade à vista

Lei Chin Iong reafirmou ainda que vê com bons olhos a criação de uma faculdade de medicina em Macau, na sequência das declarações do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que referiu que o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) está  “a analisar e estudar”, o requerimento para o estabelecimento da Faculdade de Medicina, apresentado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

Entretanto, a MUST pode vir a ter um papel na especialização de médicos, reiterou o director dos SS. “A MUST ainda não tem nenhuma formação para médicos especialistas e vamos atender à situação da MUST e ver quais os ramos de especialidade em que pode contribuir para a formação de médicos especialistas. Eles podem e devem continuar a formar, porque têm capacidade e competências para a formação de médicos especialistas”, acrescentou.

25 Set 2018

Hospital do Cotai obriga a troca de terrenos com STDM

A construção do novo hospital no Cotai vai obrigar à troca de terrenos entre o Governo e a Sociedade Linhas Aéreas Ásia Oriental, ligada à STDM. Esta tem de entregar o terreno que possui na Estrada do Altinho de Ka-Hó. Em troca, o Governo concede-lhe, na zona E dos Novos Aterros, um pedaço de terra por arrendamento

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo viu-se obrigado a negociar com a Sociedade Linhas Aéreas Ásia Oriental quando percebeu que o terreno que esta empresa tinha na Estrada do Altinho de Ka-Hó, em Coloane, e que servia de base à manutenção de helicópteros, iria atrapalhar as obras do novo hospital.

A empresa em causa está ligada à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) e tem como administradores a empresária Pansy Ho e o empresário Un Chan, ligado à Shun Tak.

Segundo um despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, a empresa deve ceder o terreno que possui junto à Estrada do Altinho de Ka-Hó, em Coloane. Em troca ganha a concessão, por arrendamento, de um terreno localizado na zona E dos Novos Aterros. Esta terá a duração de 25 anos, sendo que o aproveitamento do espaço deve ser feito em 36 meses.

O terreno concedido pelo Executivo tem um valor de 40 milhões de patacas, sendo que aquele que a concessionária irá devolver vale quase 24 milhões de patacas. A diferença de valores levou a empresa a pagar 17 milhões de patacas como prémio.

A renda a pagar pela Sociedade Linhas Aéreas Ásia Oriental, durante o período de aproveitamento do terreno, será de 171 mil patacas, ou seja, 17 patacas por cada metro quadrado.

O contrato, também disponibilizado em BO, revela que o terreno na zona de Ka-Hó “encontrava-se aproveitado com a construção de uma base-serviço de manutenção de helicópteros”, com um edifício de três pisos.

Estudos realizados

Os governantes procederam a vários estudos quando perceberam que “a rota aérea desta base impede o desenvolvimento de empreendimentos com uma altura superior a 60 metros” no Cotai.

“Após diversos estudos sobre a sua recolocação, foi iniciado um procedimento de troca dos direitos resultantes da concessão do terreno da aludida base pelo direito de concessão de um terreno com a área de 10 162 m2, situado na ilha da Taipa, na zona E2 do novo aterro, designado por lote LT7”, lê-se no BO.

Este processo obrigou à realização de “negociações entre a [empresa] concessionária e a Administração através da Autoridade de Aviação Civil e da Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), a fim de acordar as condições de troca de direitos”.

A DSSOPT elaborou posteriormente a minuta do contrato que foi enviada à concessionária. “Em face das alterações propostas, realizou-se uma reunião entre as partes, após o que foi elaborada a nova minuta de contrato.”

Todo o processo foi alvo de análise por parte da Comissão de Terras, que deu o seu parecer favorável no dia 10 de Agosto do ano passado.

11 Jan 2018

Saúde | Kou Hoi In e Chui Sai Peng propõe unidade na Grande Baía

Macau não tem técnicas suficientes, mas tem queixas e dinheiro de sobra. Para resolver os problemas da saúde, dois deputados propuseram a criação de um hospital na futura área metropolitana de que a RAEM vai fazer parte. Até imaginam onde poderá ficar: é só ir a Zhongshan

É uma ideia para o Chefe do Executivo estudar, com a assinatura de Kou Hoi In e Chui Sai Peng, que entendem que há que aproveitar a oportunidade gerada pelo projecto da Grande Baía Guangong-Hong Kong-Macau para ajudar o “desenvolvimento sustentável urbanístico” e as gentes do território. “Como diz o ditado, ‘quem tem saúde, tem tudo’. Por isso, começamos por abordar a saúde”, explicaram ontem os deputados na Assembleia Legislativa, numa intervenção feita no período de antes da ordem do dia.

Kou Hoi In e Chui Sai Peng admitem que o Governo tem feito um investimento grande nos serviços de saúde públicos, mas alertam que os recursos financeiros aplicados não têm bastado para sossegar quem aqui vive. “Os residentes continuam a exigir o melhoramento da qualidade dos serviços médicos especializados”, observam.

A justificação para esta insatisfação popular tem que ver com a dimensão do território. “O ponto fulcral é que Macau tem uma população pequena. O pessoal médico até pode resolver facilmente as doenças vulgares, mas é mais difícil obter experiência para as doenças menos vulgares”, prosseguem os deputados. “O Governo está sempre constantemente a investir em equipamentos médicos, mas isso não resolve o problema de Macau ‘ter equipamentos sofisticados, mas sermos atrasados na técnica’, e por isso é difícil transmitir confiança aos doentes que precisam de consultas de especialidade.”

Já Hong Kong e Shenzhen são realidades completamente diferentes, que devem servir de referência para Macau, sugerem os tribunos. A Universidade de Hong Kong tem um hospital na vizinha Shenzhen, um caso que deve ser estudado pela RAEM. Através do investimento em instalações médicas, vincam, pode ser promovida a cooperação regional, criando-se ainda uma “plataforma para formar a equipa médica de Macau”.

“Com o nível salarial de Macau, podem introduzir-se médicos de alta qualidade do Interior da China para ensinar os nossos médicos”, exemplificam. Kou Hoi In e Chui Sai Peng assinalam também que, com 60 milhões de pessoas na Grande Baía, “acredita-se que o conhecimento sobre doenças é muito maior do que em Macau, com apenas 600 mil habitantes, o que contribui para dar mais conhecimentos à equipa médica” do território.

Ir ali e voltar

A criação de um hospital da Grande Baía é também, para os dois deputados – um deles empresário, o outro engenheiro –, uma oportunidade para Macau se afirmar no contexto da futura zona metropolitana. A ser feito um investimento numa unidade hospitalar de alta tecnologia além-fronteiras, “a RAEM deve ter um papel dominante”.

Sugerindo a realização de “estudos inovadores” sobre a matéria, numa altura em que o Governo de Chui Sai On está a planear a sua participação na Grande Baía, Kou Hoi In e Chui Sai Peng propõe, desde já, a localização do investimento: Zhongshan.

Há várias razões para a escolha desta cidade chinesa, argumentam: está posicionada como um centro modal regional, tem uma localização adequada e beneficia das vantagens do corredor de ligação Zhongshan-Shenzhen. Além disso, “está a orientar o seu desenvolvimento para a indústria dos cuidados gerais de saúde”.

Além da formação de quadros médicos, Kou Hoi In e Chui Sai Peng imaginam um hospital que possa oferecer serviços de qualidade aos residentes de Macau, a preços idênticos aos praticados na RAEM. “Por outro lado, pode também prestar esses serviços médicos aos doentes de outras cidades da Grande Baía, como forma de acelerar, melhorar e fortalecer o processo de integração regional”, rematam.

Porto Interior | Leong Veng Chai lamenta degradação de edifício

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número dois de José Pereira Coutinho fez ontem uma curta intervenção na Assembleia Legislativa para condenar o facto de um edifício antigo de arquitectura portuguesa, localizado no Porto Interior, estar desocupado há muitos anos, sem que a Administração se tenha preocupado com a sua recuperação.

Segundo explicou Leong Veng Chai, o prédio em causa, situado entre a Ponte 16 e a bomba de gasolina, foi a sede do Departamento de Fiscalização Aduaneira da Polícia Marítima e Fiscal, tendo ficado “desocupado face ao desenvolvimento social e aos aterros”. O deputado apontou que “as portas e janelas do edifício têm estado fechadas e ninguém sabe que planos tem o Governo”. A fachada “apresenta-se em estado de ruína, com musgo e plantas”.

Atendendo ao facto de ter sido construído há muitos anos, Leong Veng Chai acredita que a estrutura se reveste de valor e significado históricos. “Os serviços competentes, por exemplo, o Instituto Cultural, devem proceder a estudos sobre a sua eventual conservação, recuperação, replaneamento ou até ao seu reaproveitamento como local de trabalho do Governo”, defende.

Para o deputado, o caso deste edifício do Porto Interior tem um significado mais lato acerca do modo como actua o Executivo. “Os terrenos ocupados ilegalmente, desaproveitados ou cuja concessão foi declarada caducada foram retomados, sucessivamente, pelo Governo que, entretanto, não prestou atenção, nem acompanhou o desaproveitamento dos lotes e das construções de domínio público.”

8 Ago 2017

China | Hospital condenado por impor reorientação sexual

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m hospital chinês foi condenado pela justiça por impor um tratamento de reorientação sexual a um paciente, segundo a sentença de um tribunal anunciada ontem. De acordo com a cópia do veredicto, o hospital psiquiátrico de Zhumadian, na província de Henan foi condenado por um tribunal da mesma cidade e terá de fazer um pedido público de desculpas e pagar ao queixoso 647 euros pelos danos causados.

M. Yu foi admitido na instituição em Outubro de 2015, pouco depois de ter revelado a sua homossexualidade à esposa e pedido o divórcio. O paciente foi então diagnosticado com “problemas de orientação sexual” pelo hospital, que se recusou a deixá-lo sair, e impôs um tratamento médico para garantir “cura” de Yu. A “terapia de reorientação sexual” aplicada é considerada uma prática não científica e ineficaz pelos peritos, embora continue a ser utilizada em várias clínicas do país.

Yu foi amarrado durante cerca de 20 dias à sua cama de hospital e forçado a tomar comprimidos e receber injecções concebidos “para corrigir” a sua orientação sexual, sob pena de espancamentos, explicou o próprio, numa entrevista à agência France-Presse.

Uma testemunha confirmou em tribunal que Yu foi “tratado contra a sua vontade durante 19 dias”, através de medicação que incluía antidepressivos e injecções, lê-se no documento do tribunal.

“Este veredicto é importante para a comunidade homossexual porque nenhuma lei oferece protecção” contra o tratamento forçado, disse Peng Yanhui, director de uma organização não-governamental que defende os direitos LGBT na China.

Num caso semelhante, em Dezembro de 2014, um tribunal de Pequim condenou uma clínica em Chongqing, no sudoeste da China pela prática de tratamentos com o objectivo de “curar” a homossexualidade.

A China removeu a homossexualidade da sua lista de doenças mentais em 2001, mas muitas pessoas da comunidade continuam a ser vítimas de discriminação e sofrem de pressão familiar.

5 Jul 2017

Saúde | Número de camas de internamento aumentou

Entre 2015 e 2016, as unidades hospitalares de Macau ganharam quase uma centena de camas. O número de médicos e enfermeiros nas unidades de saúde do território também cresceu

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cinco hospitais de Macau disponibilizavam, no ano passado, 1591 camas de internamento. O número é da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), que ontem deu a conhecer os mais recentes dados sobre o sector da saúde. Em relação a 2015, foram acrescentadas 97 camas de internamento.

Estiveram internados 58 mil doentes, o que representa um aumento de 6,1 por cento em termos anuais, mas registou-se uma ligeira diminuição no número médio de dias de internamento, que se fixou em 7,1.

O acréscimo das camas de internamento e a descida do número médio de dias de internamento dos doentes fizeram com que a taxa de utilização das camas de internamento descesse pela primeira vez desde que estas contas são feitas. Ainda assim, a taxa está em 72 por cento. Desde 2013 que se verificavam aumentos consecutivos.

Quanto às consultas externas, nos hospitais foram atendidos 1,633 milhões de indivíduos, uma subida de 0,4 por cento em termos anuais. O serviço de medicina interna é o mais procurado, com um registo de 280 mil utentes. Seguem-se a medicina física e de reabilitação, com 216 mil pessoas, e a medicina tradicional chinesa, requisitada por 180 mil pacientes.

Nos serviços de urgência, foram recebidos 477 mil utentes, correspondendo a uma subida ligeira de 0,5 por cento em termos anuais. Os serviços da península de Macau atenderam 369 mil pessoas, sendo que houve uma quebra de 4,3 por cento nos utentes das urgências da Taipa, por onde passaram 109 mil indivíduos. Desde 2014 que cada vez menos pessoas vão às unidades das ilhas em situações de emergência.

A DSEC aponta ainda que, em 2016, o número de tratamentos de diálise continuou a crescer, atingindo 91 mil, ou seja, mais 9,9 por cento face ao ano anterior.

Mais dadores de sangue

As estatísticas dizem ainda que, no ano passado, Macau tinha 719 estabelecimentos de cuidados de saúde primários (incluindo os centros de saúde e consultórios particulares), ou seja, mais 11 estabelecimentos em termos anuais. Realizaram-se 3,975 milhões de consultas, o que mostra uma descida ligeira homóloga de 0,2 por cento.

Nas consultas de clínica geral registaram-se 1,186 milhões de atendimentos (mais 6,6 por cento), nas consultas de medicina tradicional chinesa efectuaram-se 1,129 milhões, (menos 0,6 por cento) e as consultas de serviços de rotina – que abrangem a saúde para adultos e a saúde infantil – tiveram 847 mil utentes (mais 0,5 por cento).

No que diz respeito à vacinação, administraram-se 308 mil vacinas nos hospitais e estabelecimentos de cuidados de saúde primários, o que equivale a uma descida de 0,8 por cento. Do total, 99 mil doses eram de vacinas contra a gripe.

O número de dadores de sangue cresceu significativamente – eram 10.748, mais 5,8 por cento do que em 2015. Doaram sangue pela primeira vez 3238 indivíduos.

Em 2016, existiam em Macau 1726 médicos e 2342 enfermeiros, tendo-se observado crescimentos anuais de 3,1 por cento e 2,8 por cento, respectivamente. Havia 2,7 médicos e 3,6 enfermeiros por mil habitantes, registando ambos aumentos de 0,1 em relação a 2015.

25 Mai 2017

Saúde | Morte no Kiang Wu levanta suspeitas de negligência médica

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência de complicações durante o período de pós-operatório, uma doente oriunda do Interior da China faleceu no Hospital Kiang Wu. O filho da falecida pediu a intervenção da Comissão de Perícia do Erro Médico de forma a esclarecer se houve, ou não, negligência médica.

Tudo começou no Hospital Tian Tan em Pequim, onde a mãe de Chen Jia Xiong, residente do interior da China, era acompanhada por sofrer de um tumor na cabeça. Porém, devido à falta de material necessário à operação o médico que acompanhava o caso sugeriu que a cirurgia se realizasse no Hospital Kiang Wu, que tem um regime de colaboração com a unidade hospitalar de Pequim.

Segundo Chen Jia Xiong, a operação realizada no sábado de manhã correu normalmente. Apesar disso, a partir das 13 horas a paciente começou a queixar-se de dores de cabeça. De acordo com o filho da falecida, em resposta à preocupação demonstrada, o pessoal de enfermagem do hospital disse que a situação era normal. Até que por volta às 18h20 um médico do Kiang Wu, contactou o filho da paciente para lhe comunicar que esta necessitava de voltar ao bloco operatório com urgência.

A doente veio a falecer devido à grande quantidade de sangue perdido.

Chen Jia Xiong pediu ainda ao deputado Si Ka Lon para intervir no caso em que culpa tanto o Hospital Kiang Wu, como o médico do Interior da China.

8 Mai 2017

Edifício de Doenças | Pressão pela transferência para Coloane

Moradores e deputados continuam a exigir a construção do edifício de doenças infecto-contagiosas em Coloane e dizem aos membros do Governo que passem eles a residir junto do futuro edifício

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m grupo de moradores dos edifícios Ka On Kuok e Kam Lai realizou ontem uma visita ao futuro edifício de doenças infecto-contagiosas que será construído ao lado do hospital público. A visita contou com a presença dos deputados Ng Kuok Cheong, Au Kam San e José Pereira Coutinho. Todos exigiram que o edifício seja construído em Coloane, devido à actual proximidade com escolas e habitações, e ainda pelo facto da construção exigir a destruição de edifícios históricos.
“Segundo informações dadas pelo Governo, o futuro edifício de doenças infecto-contagiosas vai ter uma altura de 60 metros e mais de cinco mil metros quadrados de área. Achamos que a altura é muito exagerada. O plano do Governo não só vai afectar o meio ambiente como também as habitações, escolas e creches, que estão a uma distância inferior a 30 metros. Preocupamo-nos imenso com as crianças que possam ser infectadas com alguma doença quando passarem na zona”, apontou Cheong, porta-voz dos moradores do local.
O deputado José Pereira Coutinho garantiu que o princípio fundamental é a construção deste edifício fora das zonas populosas. “Está a ser levado a cabo um abaixo assinado que já tem mais de três mil assinaturas e não só de pessoas que vivem cá. Temos de respeitar o princípio de isolamento das zonas populosas e isso não está a ser respeitado”, apontou. “O Governo sempre deu garantias que em Macau não havia corrupção e o procurador foi preso. Esta é mais uma coisa para acrescentar à lista de coisas que o Governo promete e depois não consegue cumprir. O que não podemos aceitar é que brinquem com a vida das pessoas. São mais de 20 famílias que vão estar perto todos os dias do edifício”, disse ainda Pereira Coutinho.
Au Kam San considera que é urgente construir o edifício, mas que a localização não é a ideal. “Se este projecto fosse feito há dez anos seria bom construí-lo ao lado do São Januário, porque na altura só tínhamos um hospital público. Mas agora que estamos a construir o hospital no Cotai, porque é que os doentes têm de ser isolados ao lado do São Januário? É duvidoso”, referiu. O deputado considera que no Cotai vão existir critérios mais exigentes para garantir a segurança dos doentes.
Também Ng Kuok Cheong defende que as novas instalações não devem estar junto ao velho hospital público, localizado numa zona antiga da cidade.
“A expansão e o desenvolvimento do São Januário deve ser feita apenas para manter a sustentabilidade do hospital, para aperfeiçoar as instalações e garantir a segurança. O edifício de doenças infecto-contagiosas vai ter novas funções e não deve ser construído num bairro antigo”, disse.

Uma casa para Alexis

Chan Sut Lan, que mora com a família naquele lugar há mais de 20 anos, mostrou-se preocupada com um eventual contágio. “Nenhum morador do prédio concorda com esta construção. Se o Governo diz que o edifício é tão seguro, então o Secretário Alexis Tam poderia trocar de casa comigo e vir viver para cá”, disse mesmo.
Pereira Coutinho falou de “pressões psicológicas” que vão ser sentidas por moradores aquando da abertura do edifício. “Há fracções neste prédio que podiam ser ocupadas por membros do Governo, para terem a experiência de viver aqui ao lado e sentir na pele as preocupações psicológicas de viver ao lado de um edifício destinado à separação de pessoas com doenças infecciosas”, disse o deputado.
Pereira Coutinho alertou ainda para o facto de o Governo ter concedido o projecto de concepção ao arquitecto Eddie Wong, autor de vários projectos do Executivo. Edmund Ho, antigo Chefe do Executivo, chegou a assinar o despacho sobre um contrato orçado em 54 milhões de patacas com Eddie Wong, no ano de 2005. Mas segundo o jornal Cheng Pou, Chui Sai On assinou, em 2014, um novo contrato, com um orçamento reduzido para 31 milhões de patacas.
Depois da visita realizada pelos moradores e deputados foi feita uma visita por membros do Governo ao mesmo local, liderada por Chou Kuok Hei, coordenador de infra-estruturas dos Serviços de Saúde (SS). O HM acompanhou a visita, onde foi explicado que vão existir 44 camas e 22 quartos na unidade de isolamento. Na visita, destinada aos cidadãos, foi garantido que o novo hospital público nas ilhas também terá unidades de isolamento.

16 Mar 2016