Bolas Ben-Wa

[dropcap]A[/dropcap]s bolas ben-wa são bolas vaginais que ajudam a fortalecer o pavilhão pélvico. Há muitos outros nomes para este utensílio à saúde sexual, como bolas chinesas, bolas de gueixas, bolas do amor, duotones, ou simplesmente bolas vaginais. Nas minhas pesquisas não consegui chegar a uma história muito aprofundada de onde estas bolas vieram e para que propósito. A versão mais citada é que foram inventadas no Japão, por volta de 500 DC, para aumentar o prazer dos homens que penetravam vaginas. Só depois é que se começou a conjecturar outras vantagens. Bolas que podem ser de vários tipos, feitios e pesos.

Quando as bolas já eram comuns no oriente, no mundo ocidental começou-se a falar nos exercícios Kegel no final dos anos 40, desenvolvidos para o tratamento de perdas urinárias no pós-parto, provocadas pela pouca tonificação muscular. O músculo é o pubococcígeo, o chão que sustenta todos os órgãos da zona, como o útero e a bexiga. O mesmo músculo que as bolas dizem tonificar. As pessoas que têm úteros passam por várias transformações ao longo do tempo que podem afectar o seu tónus. Mas isso não quer dizer que o fortalecimento do pubococcígeo seja só recomendado para quem já passou por momentos desafiantes, ou para quem teve um prolapso uterino, ou sofre de incontinência urinária. O fortalecimento muscular serve a todos os úteros e bexigas que se querem melhor apoiados e sentir mais prazer – e que tenham vontade de exercitar músculos que não se exercitam no ginásio.

As bolas são só um auxiliador para o programa de tonificação. Primeiro que tudo, é preciso comprar o apetrecho mais adequado a cada um. Nem todos os chamados sex toys são feitos com os materiais mais simpáticos para o corpo, nem mais higiénicos. É importante evitar materiais porosos para que não contribuam para o desenvolvimento de culturas bacterianas. O silicone é um bom material, de limpeza fácil.

Também há bolas de vários tamanhos ou pesos para diferentes níveis de tonificação. A recomendação é que se comece pelos mais leves e se vá progredindo para os mais pesados.

Ao inserir as bolas dentro da vagina (com ajuda de lubrificante) e se proceder com as suas rotinas diárias, o músculo irá naturalmente reagir às vibrações das bolas – que fará com que contraia ligeiramente e que se tonifique. O melhor será caminhar, correr, andar de um lado para outro enquanto as bolas estão inseridas – não mais do que meia-hora por dia. Nas primeiras vezes sugere-se experimentar em casa, caso a vagina ainda não seja capaz de segurar as bolas convenientemente e estas caírem pelas pernas abaixo (é muito normal se isso acontecer, com tempo e persistência isso irá mudar). Vários especialistas sugerem práticas diferentes, com o cuidado para não forçar em demasia. O mais importante é experimentar, analisar o nível de conforto, e fazê-lo com alguma regularidade. Há quem ainda sugira contracções particulares quando as bolas estão inseridas, para intensificar o exercício. Não faltam por aí indicações.

Não há uma clara evidência científica que as bolas são a melhor opção do que os clássicos exercícios Kegel. As bolas são um método mais ‘antigo’ que usa pesos, enquanto que os Kegel são um método sem a inserção de objectos na vagina. Ainda assim, um e outro têm sido recomendados pelas prováveis vantagens à saúde – na prevenção e tratamento. São os testemunhos individuais que ajudam a corroborar as potenciais vantagens – que vão para além do estado de saúde físico, claro. Não é por acaso que as bolas ben-wa são publicitadas como facilitadoras de orgasmos. Pavilhões pélvicos felizes, também provocam sexo feliz.

Tentáculos do polvo

[dropcap]A[/dropcap] notícia publicada na edição de ontem neste jornal revela bem como funciona o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). Uma infografia que apelava a que as empregadas domésticas aprendessem a não mexer no lixo para não propagar a nova estirpe de coronavírus, como se fossem umas atrasadas mentais, estava a ser divulgada junto do Gabinete de Comunicação Social e o presidente do IAM, José Tavares, não só não sabia de nada como não concordava com o teor da mensagem, e bem.

Provou-se então que o IAM é um polvo com tentáculos, uma máquina administrativa bastante pesada que tem alguns dirigentes com pensamentos retrógrados e racistas, sem noção do que é comunicação política e cívica. Recordo-me de uma outra polémica, quando o ainda Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais divulgou uma mensagem de feliz ano novo em espanhol, sem a menor noção do ridículo, tendo em conta o facto que a língua portuguesa está sempre na agenda política em Macau.

A infografia já retirada do IAM é apenas um exemplo da xenofobia que permanece por estas bandas em relação aos trabalhadores não residentes, que são vítimas de discriminação e que têm sido sujeitos a condições de vida e de trabalho desumanas, que o coronavírus só veio piorar. Um dia alguém terá de dar o murro na mesa a favor destas minorias.

O divertissement de Ravel

[dropcap]Q[/dropcap]uando Maurice Ravel começou a planear o Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior em 1928, estava no auge da sua carreira, sendo a sua música o centro das atenções em numerosos festivais e celebrações, incluindo estas um doutoramento honorário pela Universidade de Oxford. Ravel decidiu que queria escrever um concerto para ele próprio interpretar numa digressão mundial de concertos planeada, e em 1929, pôs mãos à obra, tarefa no entanto interrompida pelo encomenda do pianista austríaco Paul Wittgenstein do Concerto para a Mão Esquerda. O compositor trabalhou furiosamente nos dois anos que se seguiram na composição simultânea dos dois concertos enquanto honrava compromissos de direcção e gravação. O Concerto em Sol Maior foi eventualmente concluído em 1931, mas devido à sua já delicada saúde, a estreia foi confiada à pianista a quem a obra foi dedicada, Marguerite Long, sob a direcção de Ravel, que teve lugar na Salle Pleyel, em Paris, no dia 14 de Janeiro de 1932, com a Orquestra Lamoureux, e que constituiu um sucesso imediato. O Concerto para a Mão Esquerda tinha sido estreado em Viena no dia 5 de Janeiro do mesmo ano. Os planos de Ravel de fazer uma digressão mundial com o Concerto em Sol Maior nunca se concretizaram, embora o compositor tivesse dirigido várias apresentações em vinte cidades europeias com Marguerite Long – a última em Novembro de 1933 – antes da sua saúde o ter levado a abandonar os palcos completamente.

Entre as últimas obras completas de Ravel, o concerto sintetiza muitos dos seus traços mais característicos: sonoridades orquestrais sumptuosas, jazz, música espanhola, e a elegância oitocentista. O efeito geral do concerto é de uma obra impressionista com bastante impacto, uma das melhores de Ravel. Concebendo a obra com um divertissement, Ravel enquadrou este concerto de acordo com o plano clássico tradicional rápido-lento-rápido no qual o Allegramente de abertura delineia a forma-sonata, o segundo andamento apresenta um interlúdio pensativo, enquanto o finale explosivo borbulha de virtuosismo exuberante. De acordo com a máxima de Ravel “complexo mas não complicado”, a obra exibe novas texturas de cor tanto para a orquestra como para o pianista, combinado os dois numa pareceria equilibrada.

A obra foi profundamente influenciada por expressões e harmonias de jazz, que na época eram muito populares em Paris e nos Estados Unidos, onde Ravel tinha viajado em digressão de recitais, observando estar surpreso que tão poucos americanos fossem influenciados por este género.

O primeiro andamento, marcado Allegramente, inicia-se subitamente com o som de um chicote. O solista ao piano apresenta imediatamente o enérgico tema de abertura através de uma série de arpejos floridos no registo agudo, interrompido por um tema sonhador de blues, inspirado no jazz, o primeiro solo de piano.

Segue-se uma secção jazzy que recorda as viagens do compositor pelos Estados Unidos, incluindo no entanto algumas breves citações de Rachmaninov e de um dos temas do primeiro quadro do ballet Petrushka de Stravinsky. Estas duas secções lentas representam o âmago expressivo do andamento e são o foco de uma série de efeitos tímbricos inovadores, imbuídos de coloração bitonal, tanto na orquestra como no piano.

Tanto o primeiro como o último andamento (Allegramente e Presto) estão bastante imbuídos de excitantes melodias ao estilo do jazz, embora conservando elementos clássicos. O primeiro andamento é uma peça fluida e vivaz com harmonias que recordam as futuras de Aaron Copland; para logo finalizar numa estrondosa coda em modo frigio, que caracteriza Ravel em muitas obras e que o vinculam de uma maneira especial com a música popular espanhola.

O formoso e contemplativo segundo andamento em Mi Maior (Adagio assai) mostra o Impressionismo típico de Ravel, iniciando-se com uma extensa melodia lírica no piano solo que, de acordo com Ravel, foi inspirada no Larghetto do Quinteto para Clarinete de Mozart. Enganador na sua simplicidade, pois as cadências estão entre as mais difíceis do repertório, este nostálgico tema é apropriado pelas madeiras, com um extenso solo de corne inglês que toca fluidas linhas de fusas, durante o qual o solista ao piano toma um papel secundário de acompanhamento.

O incrivelmente rápido finale, marcado Presto, é um catalogo de virtuosismo para solista e orquestra, que emprega muitas melodias equilibradas e ligeiras combinadas com outras mais poderosas e ritmos percurssivos que a tornam uma experiência arriscada de tocar.

Sugestão de audição:
Ravel: Piano Concerto in G/ Rachmaninov: Piano Concerto No. 4
Arturo Benedetti Michelangeli, piano, Philharmonia Orchestra, Ettore Gracis – EMI, 1958

A quinta essência

[dropcap]D[/dropcap]eixa para trás o filho frágil por que na natureza é preciso caminhar, e essa indiferença contida de mãe em andamento ensombra por instantes todas as ideias das maternais delícias, e só escutamos as leis mais simples, crueldade a que tudo preside sem tréguas e mistério – leis são carrascos de imposições maiores. Resistir. Sentimos que levam a dor como um peso caminhante, e não lhes é possível olhar para trás, nem sucumbir a ela. São algumas regras naturais a cuja vontade a dor não se dobra mas que vai pisando toda a esteira do mundo percorrido. São sinais de alarme para quem se foi desconfigurando da carga dura de tudo isto, que é certamente belo, mas padece de perfeição. E foi por um impulso todo ele antinatural que a Humanidade munida de contradição pôde existir; foi quando revertemos a lei natural e fomos formando as nossas próprias leis.

As primeiras leis humanas fazem-se em defesa dos mais frágeis e desprotegidos – uma verdadeira lei de bases- com esse elemento alongado que não preside à Criação e talvez sem grande esperança, algum amargo cepticismo e uma luta contínua que arrasa a capacidade daquele que se ama sentir humano, pois que é este desvio que celebra o espaço para toda a civilidade. E já nestas alturas carregadas de humanidade parece estar-se sempre a principiar, aperfeiçoando, compondo, lembrando, pois que é severa a evolução para que se apaguem as réstias do sobrevivente da manada… ela anda descalça no fundo da nossa memória e não sabemos como apagar tão duro vestígio, nem concebemos alguém que esteja ligado à vida por frágeis fios… mas temos leis conquistadas capazes de quebrar aquelas outras que não teriam permitido tal evolução.

Depois da infância somos os únicos que brincamos, arrastámos o lúdico com efeitos contrariantes ao natural, e se o fizemos, foi em busca dessa noção de empatia que melhora a qualidade do clã, olhando-nos com um elemento novo chamado emoção. Com este inssurecto instinto descobrimos a transcendência, alinhámos pelo amor incondicional, e talhámos as oferendas ao bem que nos ajudou num tal propósito, e neste momento demo-nos conta de um elemento que se estava fazendo: a ideia de Deus, que começa por ser um assombro e passa a progressivo fazer, quando ele em nós, também ia tomando parte na sua própria criação.

Quem se recusava a participar seria então a presa débil, o abandonado, ou o condenado à morte, mas também nessa amargura há o silêncio que elucida da lei severa com a ferida aberta deste recanto do Universo tão denso onde lhe foi muito menos difícil a representação do Inferno.

Não nos chegam de fora vozes outras, a pluridimensionalidade é que se abre, há muitas realidades no espectro não visível pois que estamos tridimensionais, ainda… mas quando se fazem sentir, sabemos que tudo se recobre de múltiplos significados, significando a luta antinatural a sua escalada mais ampla.

Aferrolhados estivemos na nossa humanidade, mas as bases estavam lançadas para percorrer todos os lances que desvanecessem as sombras. E aqui o Amor fala, na ânsia de iluminar toda a parte de escuridão, porque mesmo transversal ao sentido da vida, é ele que vai elucidar da ruptura com a brava natureza, esse demónio vivo com a beleza das feras. O Eldorado, a parte visível da busca, precisou da regra de Ouro que nos desvincula-se das cicatrizes das chacinas, atravessámos este asfalto ainda com o anátema da morte – lei total- toda a morte é natural na medida em que sempre se morre, e quanto aos anátemas do filho enjeitado ainda descobrimos a força de uma estrela que o recolhe-se na viagem, que as aves morrem no ar, e quando são vistas em terra não nos parecem naturais.

Guindastes como sentinelas e Jacob próximo das pedras onde vê a escada luta com o Anjo, fere o calcanhar, e perfaz a fixação à terra, coxeando, e não tarda que esta marcha irregular suba a pendurar o Amor onde ficará suspenso com os pés longe do chão. As escadas caíram, tudo desce, só o Amor ficou assim, sem atributos naturais que lhe permitisse voltar a tocar a terra fresca. Temo-lo ali, como a evidência mais que conseguida de que não deve baixar.

A solidão doméstica

[dropcap]M[/dropcap]arianne Harrison, canadiana de nascimento, passou a viver nos EUA com os pais desde os 9 anos. Aí cresceu e estudou. Em meados dos anos 70 do século passado, dava a lume o seu belo e claustrofóbico “A Solidão Doméstica”. O livro retratava a vida de Mary desde os dias em que conhecera Roger Coleman no liceu, em finais dos anos 50. Sem ter ido para universidade, Mary Coleman casa com Roger e passa a ser uma mulher dedicada à família. Durante os vinte anos seguintes, a sua vida é literalmente de casa para o mercado, para as escolas dos filhos e de volta para casa. Há momentos em que ela se lembra da rapariga que tinha sido, dos sonhos, do que pensava que poderia ter sido a vida. Pensava até no que nunca poderia saber ou ter pensado, mas que se fazia sentir como um desconhecido fabuloso, “a sensação de que é à frente que vamos ser felizes”. Aos 42 anos, vê-se completamente sozinha em casa, sem nenhum interesse, vagando pelo triângulo cozinha, televisor, leito de dormir. Os filhos já não estão e o marido passa o tempo entre o trabalho, num escritório de advocacia, e os campos de golf. Descrito assim, parece tratar-se de mais um pouco estimulante livro de realismo doméstico ou realismo de subúrbios. Mas o modo como Marianne nos conduz ao interior de Mary muda tudo. Passamos a ver, a sentir e a falar através da protagonista. Tornamo-nos nela. Queria ter sido alguém, queria ter feito algo mais do que ter sido mãe.

Pensa, e nós com ela, “que pena não ter nascido homem”, enquanto coloca a loiça na máquina que o marido tinha comprado e fazia a inveja das mulheres dos amigos do marido, quando iam jantar a casa. Nada lhe faltava. Não se podia queixar. Não tinha sequer a quem se queixar. “Quem me pode entender? Nada me falta, nada me dói… nem eu mesma sei o que é isto em que estou a pensar. Porque me atormentam estas ideias, meu Deus?”

Muitas são as frases que Mary diz e pensa, que nos tocam profundamente. A minha preferida, e que é também o êxtase do romance, surge quase no final, quando aos 62 anos, aceitando a derrota para o cancro cerebral, numa cama de uma clínica, e segurando a mão de Roger, Mary lhe diz “Se ao menos a vida tivesse valido a pena…”. Nesse momento somos nós que sentimos a nossa própria vida perdida. Por instantes, tornamo-nos essa vida perdida. Aquilo não só nos dói, como – assim que nos recuperamos –, nos pomos a rever a nossa própria vida, a ver se vale a pena, perguntamos: se estivéssemos agora a morrer, também diríamos com Mary “Se ao menos a vida tivesse valido a pena…”.

Além da importância literária de “A Solidão Doméstica”, hoje, tem também uma importância histórica. Há não tanto tempo atrás, havia mulheres que entristeciam por não terem nascido homens, porque só sendo homens a sociedade lhes dava a possibilidade de fazerem o que lhes era de direito fazer. Este livro de Marianne, que na época em que saiu foi completamente esquecido, é recuperado em finais dos anos 90, precisamente por este lado histórico, menos literário, embora não menos importante.

De qualquer modo, e sem menosprezar o seu lado histórico, que é necessário nunca esquecer – porque a mulher poder ser o que quiser pode voltar a perder-se – a grandiosidade do livro passa pelo seu carácter existencial, ontológico. “A Solidão Doméstica” mostra-nos, ao detalhe, ao pormenor sempre angustiante, que a cada instante podemos tomar uma decisão que nos irá fazer arrepender de ter vivido. Errar na vida pode não ter conserto, apesar de também não se saber o que seria não errar. O que Marianne nos mostra através das mais de 500 páginas de “A Solidão Doméstica” é que, apesar de todos os cuidados nas decisões, apesar de toda a diversão que possamos usar para esquecer uma vida mal decidida, no final saberemos o que fizemos a nós mesmos. Valeu a pena ter vivido?

Acompanhar aquela mulher ao longo das páginas, perceber que não foi quem poderia ter sido por imposição social, por expectativas familiares, por convenção, por regras que ela não criou, nem votou, vê-la a sofrer horrores aos sessenta anos, e depois ainda ouvi-la dizer ao marido “se ao menos a vida tivesse valido a pena”, talvez nos ensine tanto como a leitura de Beauvoir, Sartre e Heidegger juntos. Marianne, ela mesma, teve uma vida semelhante à de Mary, e só escreveu “A Solidão Doméstica” no fim. Foi o seu único livro, provavelmente autobiográfico, apesar de ter estudado Literatura Inglesa. Morreu de problemas no coração um ano depois da publicação do livro, com 71 anos. É ler, meus amigos, ou, se for caso disso, reler.

Hubei | Afastados líderes da Comissão de Saúde

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas anunciaram ontem a demissão de dois altos quadros da Comissão de Saúde de Hubei, a província de onde surgiu o novo coronavírus que fez já mais de 1.000 mortos e quase 43.000 infectados.

A estação televisiva oficial CCTV informou sobre as demissões do director da Comissão, Liu Yingzi, e do secretário do Partido Comunista da China (PCC) naquele organismo, Zhang Jin.

Ambos os cargos serão assumidos pelo vice-director da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei.

Liu e Zhang são, até à data, os funcionários de mais alto escalão a serem afastados na sequência da crise de saúde pública.

Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei e, sobretudo, para a capital de província, Wuhan.

A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong – que foi substituído pelo actual vice-presidente da China, Wang Qishan – e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.

Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato “infundado e ilegal”, levou a reacções imediatas nas redes sociais chinesas, com o ‘hashtag’ #woyaoyanlunziyou (‘eu quero liberdade de expressão’, em chinês) a tornar-se viral. No entanto, a imprensa oficial culpou directamente as autoridades locais pelo sucedido.

Hubei | Afastados líderes da Comissão de Saúde

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas anunciaram ontem a demissão de dois altos quadros da Comissão de Saúde de Hubei, a província de onde surgiu o novo coronavírus que fez já mais de 1.000 mortos e quase 43.000 infectados.
A estação televisiva oficial CCTV informou sobre as demissões do director da Comissão, Liu Yingzi, e do secretário do Partido Comunista da China (PCC) naquele organismo, Zhang Jin.
Ambos os cargos serão assumidos pelo vice-director da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei.
Liu e Zhang são, até à data, os funcionários de mais alto escalão a serem afastados na sequência da crise de saúde pública.
Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei e, sobretudo, para a capital de província, Wuhan.
A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong – que foi substituído pelo actual vice-presidente da China, Wang Qishan – e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.
Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato “infundado e ilegal”, levou a reacções imediatas nas redes sociais chinesas, com o ‘hashtag’ #woyaoyanlunziyou (‘eu quero liberdade de expressão’, em chinês) a tornar-se viral. No entanto, a imprensa oficial culpou directamente as autoridades locais pelo sucedido.

Vírus | Xi Jinping visitou bairro em Pequim

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, protagonizou na segunda-feira uma aparição rara, desde o início do surto do coronavírus que paralisou a China e levou a liderança chinesa a assumir uma postura colectiva, enquanto referências a Xi escasseiam nos órgãos oficiais.
Xi esteve primeiro num bairro a cerca de oito quilómetros da Cidade Proibida, e visitou depois um hospital de Pequim, onde participou numa videoconferência com funcionários de um hospital em Wuhan, epicentro do surto.

Tratou-se da segunda aparição pública de Xi no espaço de uma semana. A última foi em 5 de Fevereiro, durante uma reunião com o primeiro-ministro do Camboja.

De resto, à medida que os danos provocados pelo surto do coronavírus aumentam, o homem forte do regime de Pequim praticamente desapareceu dos órgãos oficiais.

“Onde antes aparecia o nome de Xi Jinping, passou a estar ‘Comité Central'”, resume à agência Lusa um jornalista de um dos principais órgãos estatais da China.

Desde que ascendeu ao poder, em 2013, Xi tornou-se o núcleo da política chinesa, desmantelando o sistema de “liderança coletiva” cimentado pelos líderes chineses desde finais dos anos 1970. Sob a sua liderança, que após uma emenda constitucional em 2017 passou a ser vitalícia, o Partido Comunista da China declarou Xi líder “central”.

Na estação oficial CCTV, que até ao início do surto infalivelmente abria os noticiários com intervenções e imagens de Xi, ou no Diário do Povo, jornal oficial do partido cuja capa chegou a ser composta por 11 manchetes sobre o líder chinês, as referências ao Presidente desapareceram.

Analistas consideram que a retirada ilustra o esforço de Xi Jinping para se isolar de um surto que está a causar grande descontentamento popular.

“Não há dúvida de que [Xi] mantém firme controlo sobre o poder”, explica o observador de política chinesa Rong Jian. “Mas ele sabe que a forma como o surto se alastrou e as suas consequências danificaram a legitimidade e a reputação” do poder político, aponta.

O outro lado do poder

Victor Shih, investigador sobre política chinesa na Universidade da Califórnia considera que, “politicamente, [Xi Jinping] está a descobrir que o poder ditatorial total tem uma desvantagem”.

“Quando as coisas dão para o torto a responsabilidade recai sobre uma só pessoa”, nota.
Numa altura em que o povo chinês enfrenta um dos maiores desafios das últimas décadas, a ausência do seu líder forte parece estar a ser sentida.

No domingo à noite, um taxista em Pequim aumenta apressadamente o volume do rádio ao ouvir o nome de Xi Jinping. Foi falso alarme.

Tratou-se da repetição de um anúncio feito há vários dias por Xi, a declarar o combate ao vírus como uma guerra do povo.

Vírus | Xi Jinping visitou bairro em Pequim

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, protagonizou na segunda-feira uma aparição rara, desde o início do surto do coronavírus que paralisou a China e levou a liderança chinesa a assumir uma postura colectiva, enquanto referências a Xi escasseiam nos órgãos oficiais.
Xi esteve primeiro num bairro a cerca de oito quilómetros da Cidade Proibida, e visitou depois um hospital de Pequim, onde participou numa videoconferência com funcionários de um hospital em Wuhan, epicentro do surto.
Tratou-se da segunda aparição pública de Xi no espaço de uma semana. A última foi em 5 de Fevereiro, durante uma reunião com o primeiro-ministro do Camboja.
De resto, à medida que os danos provocados pelo surto do coronavírus aumentam, o homem forte do regime de Pequim praticamente desapareceu dos órgãos oficiais.
“Onde antes aparecia o nome de Xi Jinping, passou a estar ‘Comité Central'”, resume à agência Lusa um jornalista de um dos principais órgãos estatais da China.
Desde que ascendeu ao poder, em 2013, Xi tornou-se o núcleo da política chinesa, desmantelando o sistema de “liderança coletiva” cimentado pelos líderes chineses desde finais dos anos 1970. Sob a sua liderança, que após uma emenda constitucional em 2017 passou a ser vitalícia, o Partido Comunista da China declarou Xi líder “central”.
Na estação oficial CCTV, que até ao início do surto infalivelmente abria os noticiários com intervenções e imagens de Xi, ou no Diário do Povo, jornal oficial do partido cuja capa chegou a ser composta por 11 manchetes sobre o líder chinês, as referências ao Presidente desapareceram.
Analistas consideram que a retirada ilustra o esforço de Xi Jinping para se isolar de um surto que está a causar grande descontentamento popular.
“Não há dúvida de que [Xi] mantém firme controlo sobre o poder”, explica o observador de política chinesa Rong Jian. “Mas ele sabe que a forma como o surto se alastrou e as suas consequências danificaram a legitimidade e a reputação” do poder político, aponta.

O outro lado do poder

Victor Shih, investigador sobre política chinesa na Universidade da Califórnia considera que, “politicamente, [Xi Jinping] está a descobrir que o poder ditatorial total tem uma desvantagem”.
“Quando as coisas dão para o torto a responsabilidade recai sobre uma só pessoa”, nota.
Numa altura em que o povo chinês enfrenta um dos maiores desafios das últimas décadas, a ausência do seu líder forte parece estar a ser sentida.
No domingo à noite, um taxista em Pequim aumenta apressadamente o volume do rádio ao ouvir o nome de Xi Jinping. Foi falso alarme.
Tratou-se da repetição de um anúncio feito há vários dias por Xi, a declarar o combate ao vírus como uma guerra do povo.

Serviços de Saúde | Apelo à manutenção dos canais de drenagem

[dropcap]N[/dropcap]o seguimento da confirmação de casos de infecção do novo tipo de coronavírus em Hong Kong em duas fracções autónomas do mesmo prédio situadas uma por cima da outra, os Serviços de Saúde (SS) de Macau aconselham os residentes a manter adequadamente os canais de drenagem das suas habitações.

“Para reduzir o risco de transmissão de novos coronavírus através de fezes, os residentes devem manter adequadamente os canais de drenagem (incluindo canais de gás) e colocar, regularmente, água fresca nos canais de drenagem (canais em forma de U), bem como, prestar atenção à higiene ao usar as instalações sanitárias, ou seja, cobrir a tampa da sanita antes de descarregar o autoclismo, para limpar a sanita e lavar as mãos depois de usar a instalação sanitária”, pode ler-se num comunicado oficial do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

Suspeitando que a transmissão entre habitações se possa dever às deficientes instalações de esgoto, os especialistas de Hong Kong já tomaram medidas preventivas retirando todos os moradores daquele prédio.

Serviços de Saúde | Apelo à manutenção dos canais de drenagem

[dropcap]N[/dropcap]o seguimento da confirmação de casos de infecção do novo tipo de coronavírus em Hong Kong em duas fracções autónomas do mesmo prédio situadas uma por cima da outra, os Serviços de Saúde (SS) de Macau aconselham os residentes a manter adequadamente os canais de drenagem das suas habitações.
“Para reduzir o risco de transmissão de novos coronavírus através de fezes, os residentes devem manter adequadamente os canais de drenagem (incluindo canais de gás) e colocar, regularmente, água fresca nos canais de drenagem (canais em forma de U), bem como, prestar atenção à higiene ao usar as instalações sanitárias, ou seja, cobrir a tampa da sanita antes de descarregar o autoclismo, para limpar a sanita e lavar as mãos depois de usar a instalação sanitária”, pode ler-se num comunicado oficial do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.
Suspeitando que a transmissão entre habitações se possa dever às deficientes instalações de esgoto, os especialistas de Hong Kong já tomaram medidas preventivas retirando todos os moradores daquele prédio.

Vírus | Menos 80% de passageiros e 57% de voos no aeroporto de Macau em 10 dias

[dropcap]O[/dropcap] Aeroporto Internacional de Macau indicou à Lusa que registou de 1 a 9 de Fevereiro uma queda no número de passageiros e de voos na ordem dos 80% e de 57%, respectivamente.

Nesse período marcado pelas restrições devido ao surto do novo coronavírus chinês passaram pelo aeroporto apenas cerca de 50 mil passageiros, num território que recebe mais de três milhões de turistas mensais. Dados fornecidos pela mesma entidade que gere o aeroporto dão conta de centenas de voos cancelados até pelo menos final de Março.

À agência Lusa, a sociedade que gere o aeroporto adiantou que actualmente só é possível fazer a ligação para 20 destinos a partir de Macau, um número que continua a ser sujeito de ajustamentos efetuados pelas companhias aéreas. Macau, que regista neste momento nove casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus chinês, não tem ligações marítimas com Hong Kong, inclusive para o aeroporto internacional do território vizinho. O único acesso para o aeroporto de Hong Kong a partir de Macau só pode ser feito através da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai.

Vírus | Menos 80% de passageiros e 57% de voos no aeroporto de Macau em 10 dias

[dropcap]O[/dropcap] Aeroporto Internacional de Macau indicou à Lusa que registou de 1 a 9 de Fevereiro uma queda no número de passageiros e de voos na ordem dos 80% e de 57%, respectivamente.
Nesse período marcado pelas restrições devido ao surto do novo coronavírus chinês passaram pelo aeroporto apenas cerca de 50 mil passageiros, num território que recebe mais de três milhões de turistas mensais. Dados fornecidos pela mesma entidade que gere o aeroporto dão conta de centenas de voos cancelados até pelo menos final de Março.
À agência Lusa, a sociedade que gere o aeroporto adiantou que actualmente só é possível fazer a ligação para 20 destinos a partir de Macau, um número que continua a ser sujeito de ajustamentos efetuados pelas companhias aéreas. Macau, que regista neste momento nove casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus chinês, não tem ligações marítimas com Hong Kong, inclusive para o aeroporto internacional do território vizinho. O único acesso para o aeroporto de Hong Kong a partir de Macau só pode ser feito através da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai.

Criminalidade Informática | Alterações criam novas possibilidades para a PJ

Parecer ignorado pelo Executivo avisa que mudanças na lei vão permitir buscas sem autorizações prévias nem o consentimento dos visados. Existe ainda a possibilidade de haver “monitorização oculta” de suspeitos, sem autorização prévia

 

[dropcap]A[/dropcap]s alterações à Lei da Criminalidade Informática vão permitir que a Polícia Judiciária proceda a buscas sem autorização prévia de um juiz nem consentimento dos visados. É esta a interpretação da Associação dos Advogados de Macau, num parecer que o Executivo decidiu ignorar, e em que se coloca a possibilidade da PJ realizar a “monitorização oculta” de aparelhos informáticos.

Segundo o documento disponibilizado no portal da AAM, com data de 14 de Novembro, apesar de haver vários aspectos na proposta de lei que se assemelham à legislação portuguesa, uma análise mais profunda mostra que há divergências, que reforçam os poderes da polícia.

Um dos aspectos mencionados pela análise da AAM, foca as pesquisas informáticas em que não há autorização prévia das autoridades judiciárias competentes.

Segundo a leitura da associação, a proposta de lei de Macau permite o acesso da PJ, sem autorização de um juiz, a computadores ou telemóveis com o objectivo de observar, copiar e monitorizar os dados. A condição essencial é que haja “fundadas razões para considerar que os dados informáticos relacionados com o crime são susceptíveis de servirem de prova e cuja obtenção seja urgente”. Após este acesso, a autoridade judicial tem 72 horas para validar a forma como foi obtida a prova.

No entanto, no caso da legislação em vigor em Portugal, e apesar do Executivo de Macau defender as semelhanças, o acesso sem conhecimento do juiz só pode ser feito com o consentimento voluntário e por escrito dos suspeitos. A excepção são os crimes de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada. Mas mesmo que o juiz não tenha conhecimento e haja uma autorização, as autoridades policias precisam sempre de uma validação posterior da autoridade judiciária.

Por este motivo, a AAM alerta que a lei de Macau “não refere o consentimento do visado como requisito para a realização das referidas medidas sem prévia aprovação da autoridade judiciária”. “Isto significa que à partida, em Macau, poderiam ser realizadas diligências sem a prévia aprovação da autoridade judiciária competente e sem a autorização do visado”, é acrescentado.

Operação oculta

Outra das grandes dúvidas levantadas pela AAM, é a possibilidade de o documento permitir a realização de uma “monitorização oculta” de sistemas informáticos, sem autorização prévia de um juiz, que só tem de ser obtida nas 72 horas seguintes, nem conhecimento dos visados. Em relação a este aspecto, a AAM admite a possibilidade, com base em expressões e termos da lei que não são explícitos nem definidos.

Anteriormente, o Governo admitiu ter ignorado o parecer da AAM por considerar que o conteúdo era “demasiado abrangente”, quando as alterações são “pontuais”. Segundo o Executivo explicou aos deputados, o parecer será tido em conta quando houver uma alteração “global”.

Criminalidade Informática | Alterações criam novas possibilidades para a PJ

Parecer ignorado pelo Executivo avisa que mudanças na lei vão permitir buscas sem autorizações prévias nem o consentimento dos visados. Existe ainda a possibilidade de haver “monitorização oculta” de suspeitos, sem autorização prévia

 
[dropcap]A[/dropcap]s alterações à Lei da Criminalidade Informática vão permitir que a Polícia Judiciária proceda a buscas sem autorização prévia de um juiz nem consentimento dos visados. É esta a interpretação da Associação dos Advogados de Macau, num parecer que o Executivo decidiu ignorar, e em que se coloca a possibilidade da PJ realizar a “monitorização oculta” de aparelhos informáticos.
Segundo o documento disponibilizado no portal da AAM, com data de 14 de Novembro, apesar de haver vários aspectos na proposta de lei que se assemelham à legislação portuguesa, uma análise mais profunda mostra que há divergências, que reforçam os poderes da polícia.
Um dos aspectos mencionados pela análise da AAM, foca as pesquisas informáticas em que não há autorização prévia das autoridades judiciárias competentes.
Segundo a leitura da associação, a proposta de lei de Macau permite o acesso da PJ, sem autorização de um juiz, a computadores ou telemóveis com o objectivo de observar, copiar e monitorizar os dados. A condição essencial é que haja “fundadas razões para considerar que os dados informáticos relacionados com o crime são susceptíveis de servirem de prova e cuja obtenção seja urgente”. Após este acesso, a autoridade judicial tem 72 horas para validar a forma como foi obtida a prova.
No entanto, no caso da legislação em vigor em Portugal, e apesar do Executivo de Macau defender as semelhanças, o acesso sem conhecimento do juiz só pode ser feito com o consentimento voluntário e por escrito dos suspeitos. A excepção são os crimes de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada. Mas mesmo que o juiz não tenha conhecimento e haja uma autorização, as autoridades policias precisam sempre de uma validação posterior da autoridade judiciária.
Por este motivo, a AAM alerta que a lei de Macau “não refere o consentimento do visado como requisito para a realização das referidas medidas sem prévia aprovação da autoridade judiciária”. “Isto significa que à partida, em Macau, poderiam ser realizadas diligências sem a prévia aprovação da autoridade judiciária competente e sem a autorização do visado”, é acrescentado.

Operação oculta

Outra das grandes dúvidas levantadas pela AAM, é a possibilidade de o documento permitir a realização de uma “monitorização oculta” de sistemas informáticos, sem autorização prévia de um juiz, que só tem de ser obtida nas 72 horas seguintes, nem conhecimento dos visados. Em relação a este aspecto, a AAM admite a possibilidade, com base em expressões e termos da lei que não são explícitos nem definidos.
Anteriormente, o Governo admitiu ter ignorado o parecer da AAM por considerar que o conteúdo era “demasiado abrangente”, quando as alterações são “pontuais”. Segundo o Executivo explicou aos deputados, o parecer será tido em conta quando houver uma alteração “global”.

Associação pede que Governo subsidie alojamento de TNR

[dropcap]A[/dropcap] Associação Choi In Tong Sam, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), sugere que o Governo da RAEM possa vir a subsidiar o alojamento temporário de trabalhadores não residentes (TNR) que tenham necessidades diárias de deslocação entre Macau e Zhuhai, nos hotéis económicos que se encontrem desocupados ou que tenham suspendido actividade.

Desta forma, defende a associação ligada à FAOM num comunicado enviado às redacções, não só é possível reduzir o risco de contágio do novo tipo de coronavírus através da diminuição do fluxo diário de pessoas que cruzam as fronteiras, fixando-as em Macau, como contribui também para ajudar a indústria hoteleira, gerando receitas e aumentando as taxas de ocupação.

“Sugerimos que o Governo considere subsidiar, no futuro, os hotéis económicos de Macau, à luz da severa situação epidemiológica que vivemos, de forma a que os residentes de Macau e estrangeiros que tenham de viajar diariamente de e para Zhuhai, possam arrendar um quarto por preço especial”, pode ler-se no comunicado.

Lembrando que nos últimos dias têm sido vários os estabelecimento hoteleiros a anunciar a suspensão das suas actividades, “deixando livres um total de 1450 quartos” e que tanto as taxas de ocupação, como as despesas operacionais são tópicos de preocupação, a Choi In Tong Sam refere que a medida pode salvaguardar também os interesses da indústria hoteleira da região.

“Se por um lado pode reduzir os riscos de infecção cruzada nas fronteiras, por outro, pode também apoiar a indústria hoteleira a lidar com o actual dilema das baixas taxas de ocupação e a trabalhar em conjunto para lidar com as dificuldades”.

Ao todo, fecharam temporariamente oito grandes hotéis e 15 pequenas unidades hoteleiras. Entre as unidades que já suspenderam as operações, estão o Four Seasons, o Conrad, o Sofitel e o Rocks.

Contornar a quarentena

Apontando que actualmente ainda são cerca de 35 mil os trabalhadores estrangeiros que todos os dias viajam entre Zhuhai e Macau, a associação lembra que nas regiões vizinhas, como Hong Kong e Taiwan, já foram implementadas medidas mais restritivas à entrada de visitantes provenientes do Interior da China, os quais são obrigados a um período de 14 dias de quarentena.

O Governo de Macau não vai seguir, para já, a medida das regiões vizinhas. Confrontado com o facto na semana passada, Lam Chong, dos Serviços de Saúde, sublinhou apenas que é aconselhável, a quem entra no território vindo da China, que permaneça em casa e que, a seu tempo, o Governo irá anunciar novas medidas, se necessário.

DSEJ | Sulu Sou debateu ensino à distância

[dropcap]A[/dropcap] excessiva carga de trabalho através das aulas online e a excessiva dificuldade dos exercícios e matérias leccionadas foram o assunto debatido ontem entre a Associação Novo Macau e a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).

O encontro com os representantes do Governo foi agendado pela associação que conta com o deputado Sulu Sou, após pais, alunos e até professores terem defendido junto da associação a necessidade de adaptar os conteúdos às aulas online.

Por sua vez, segundo o comunicado da Associação Novo Macau, os representantes do Governo admitiram haver problemas com a implementação dos diferentes sistemas das escolas para o ensino online, que se ficam a dever ao facto de a epidemia ter apanhado as pessoas de surpresa, impedido que os sistemas fossem testados. Porém, a DSEJ mostrou abertura para que as melhorias sejam implementadas aos poucos e elogiou os esforços das escolas e todos os outros envolvidos no processo educativo.

Outra das preocupações abordadas foram os critérios de avaliação dos estudantes, após o regresso à normalidade no ensino, mas os responsáveis da DSEJ garantiram que todas as limitações vão ser tidas em conta nos testes.

Já em relação ao regresso às aulas, a DSEJ garantiu que as escolas vão ser instruídas para seguirem as políticas do Executivo, mas que quando se voltar à normalidade, vai haver máscaras e produtos de limpeza de mãos para os alunos.

DSEJ | Sulu Sou debateu ensino à distância

[dropcap]A[/dropcap] excessiva carga de trabalho através das aulas online e a excessiva dificuldade dos exercícios e matérias leccionadas foram o assunto debatido ontem entre a Associação Novo Macau e a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).
O encontro com os representantes do Governo foi agendado pela associação que conta com o deputado Sulu Sou, após pais, alunos e até professores terem defendido junto da associação a necessidade de adaptar os conteúdos às aulas online.
Por sua vez, segundo o comunicado da Associação Novo Macau, os representantes do Governo admitiram haver problemas com a implementação dos diferentes sistemas das escolas para o ensino online, que se ficam a dever ao facto de a epidemia ter apanhado as pessoas de surpresa, impedido que os sistemas fossem testados. Porém, a DSEJ mostrou abertura para que as melhorias sejam implementadas aos poucos e elogiou os esforços das escolas e todos os outros envolvidos no processo educativo.
Outra das preocupações abordadas foram os critérios de avaliação dos estudantes, após o regresso à normalidade no ensino, mas os responsáveis da DSEJ garantiram que todas as limitações vão ser tidas em conta nos testes.
Já em relação ao regresso às aulas, a DSEJ garantiu que as escolas vão ser instruídas para seguirem as políticas do Executivo, mas que quando se voltar à normalidade, vai haver máscaras e produtos de limpeza de mãos para os alunos.

Coronavírus | Governo financia investigação para combater epidemia

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau vai apoiar financeiramente projectos de investigação científica relacionados com o novo tipo de coronavírus, junto de “instituições de ensino superior, institutos de investigação científica, empresas de ciência e tecnologia e investigadores científicos”.

A informação foi divulgada em comunicado pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), entidade responsável pelo programa de colecta, cujo principal objectivo passa por fortalecer a capacidade de prevenção e de controlo de doenças infecciosas na RAEM, bem como “fornecer um forte apoio científico e tecnológico à prevenção e controlo da epidemia”.

O apoio do FDCT será assim dado às investigações na área da “tecnologia de detecção da pneumonia causada pelo novo coronavírus, prevenção e tratamento da doença, investigação e desenvolvimento de medicamentos, mecanismos de prevenção e controlo de doenças infecciosas súbitas e recuperação social após a epidemia”, pode ler-se na nota enviada.

Os projectos terão prioridade na aprovação e a verba proposta de cada projecto não deverá exceder as 500 mil patacas, com o período de apoio financeiro a não poder ultrapassar um ano. A inscrição pode ser feita pelo preenchimento do plano de candidatura no sistema de apoio financeiro online ou através do envio de uma candidatura via email.

Coronavírus | Governo financia investigação para combater epidemia

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau vai apoiar financeiramente projectos de investigação científica relacionados com o novo tipo de coronavírus, junto de “instituições de ensino superior, institutos de investigação científica, empresas de ciência e tecnologia e investigadores científicos”.
A informação foi divulgada em comunicado pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), entidade responsável pelo programa de colecta, cujo principal objectivo passa por fortalecer a capacidade de prevenção e de controlo de doenças infecciosas na RAEM, bem como “fornecer um forte apoio científico e tecnológico à prevenção e controlo da epidemia”.
O apoio do FDCT será assim dado às investigações na área da “tecnologia de detecção da pneumonia causada pelo novo coronavírus, prevenção e tratamento da doença, investigação e desenvolvimento de medicamentos, mecanismos de prevenção e controlo de doenças infecciosas súbitas e recuperação social após a epidemia”, pode ler-se na nota enviada.
Os projectos terão prioridade na aprovação e a verba proposta de cada projecto não deverá exceder as 500 mil patacas, com o período de apoio financeiro a não poder ultrapassar um ano. A inscrição pode ser feita pelo preenchimento do plano de candidatura no sistema de apoio financeiro online ou através do envio de uma candidatura via email.

Au Kam San | Deputado defende legitimidade para elogiar Ho Iat Seng

O deputado elogiou a medida do Chefe do Executivo de encerramento dos casinos, mas foi atacado pelo historial de críticas. Agora, veio a terreiro defender a legitimidade para tomar posições de acordo com os “interesses da população”

 

[dropcap]A[/dropcap]pós Ho Iat Seng ter anunciado o encerramento do casinos como forma de combate à epidemia, o deputado Au Kam San elogiou a medida e desvalorizou as preocupações de alguns sectores patronais, por considerar que a segurança do território era mais importante e que havia capacidade para aguentar um período com receitas reduzidas. No entanto, as afirmações do fundador da Associação Novo Macau causaram surpresa e algumas críticas, devido ao historial de “ataques” à actuação do Executivo, o que levou Au a vir a público defender-se.

“Qual a razão que fez com que os elogios ao Governo tenham sido tão raros? Será que o Governo da RAEM fez tudo de errado? Claro que não, é impossível dizer que o Executivo da RAEM é totalmente inútil”, começou por justificar Au. “O problema é que o tempo que temos na Assembleia Legislativa é limitado por isso é mais importante que estejamos focados nas críticas para ajudar a população do que nos elogios”, sustentou.

Por outro lado, Au Kam San sublinhou ainda que devido aos recursos financeiros da RAEM tem havido um acumular de problemas que faz com que seja difícil elogiar a actuação do Executivo, principalmente ao longo dos 10 anos de Chui Sai On. “O grande cerne do problema do Governo está relacionado com o facto de haver recursos abundantes na RAEM que permitiriam responder às necessidades da população e tomar medidas que a beneficiasse. E devia ter sido essa a responsabilidade do Governo. Não foi e por isso também não faz muito sentido elogiar em demasia a acção do Executivo”, apontou.

“Mas o facto de haver críticas, não impede que haja elogios. Pelo contrário, até faz com que esses elogios sejam mais honestos”, frisou.

Chui não merece

No comentário de ontem, o deputado democrata fez ainda um balanço da acção do ex-Chefe do Executivo, Chui Sai On, e admitiu que houve política que elogiou, como a promessa de construção de 28 mil habitações públicas na Zona A dos aterros.

“Quando houve medidas que iam beneficiar a população mostrámos o nosso apoio. E não temos problemas em reafirmar o apoio a essas medidas, como aconteceu quando Chui Sai On prometeu construir as 28 mil habitações públicas nos aterros, em 2014”, recordou. “Mas infelizmente o mandato dele chegou ao fim e as 28 mil fracções habitacionais não foram construídas nem sabemos quando vão ser. Será que neste contexto devemos elogiar a conduta do Governo?”, questionou.

Face às críticas de que foi alvo, Au Kam San prometeu ir pautar as suas posições de acordo com “os interesses da população”.

Au Kam San | Deputado defende legitimidade para elogiar Ho Iat Seng

O deputado elogiou a medida do Chefe do Executivo de encerramento dos casinos, mas foi atacado pelo historial de críticas. Agora, veio a terreiro defender a legitimidade para tomar posições de acordo com os “interesses da população”

 
[dropcap]A[/dropcap]pós Ho Iat Seng ter anunciado o encerramento do casinos como forma de combate à epidemia, o deputado Au Kam San elogiou a medida e desvalorizou as preocupações de alguns sectores patronais, por considerar que a segurança do território era mais importante e que havia capacidade para aguentar um período com receitas reduzidas. No entanto, as afirmações do fundador da Associação Novo Macau causaram surpresa e algumas críticas, devido ao historial de “ataques” à actuação do Executivo, o que levou Au a vir a público defender-se.
“Qual a razão que fez com que os elogios ao Governo tenham sido tão raros? Será que o Governo da RAEM fez tudo de errado? Claro que não, é impossível dizer que o Executivo da RAEM é totalmente inútil”, começou por justificar Au. “O problema é que o tempo que temos na Assembleia Legislativa é limitado por isso é mais importante que estejamos focados nas críticas para ajudar a população do que nos elogios”, sustentou.
Por outro lado, Au Kam San sublinhou ainda que devido aos recursos financeiros da RAEM tem havido um acumular de problemas que faz com que seja difícil elogiar a actuação do Executivo, principalmente ao longo dos 10 anos de Chui Sai On. “O grande cerne do problema do Governo está relacionado com o facto de haver recursos abundantes na RAEM que permitiriam responder às necessidades da população e tomar medidas que a beneficiasse. E devia ter sido essa a responsabilidade do Governo. Não foi e por isso também não faz muito sentido elogiar em demasia a acção do Executivo”, apontou.
“Mas o facto de haver críticas, não impede que haja elogios. Pelo contrário, até faz com que esses elogios sejam mais honestos”, frisou.

Chui não merece

No comentário de ontem, o deputado democrata fez ainda um balanço da acção do ex-Chefe do Executivo, Chui Sai On, e admitiu que houve política que elogiou, como a promessa de construção de 28 mil habitações públicas na Zona A dos aterros.
“Quando houve medidas que iam beneficiar a população mostrámos o nosso apoio. E não temos problemas em reafirmar o apoio a essas medidas, como aconteceu quando Chui Sai On prometeu construir as 28 mil habitações públicas nos aterros, em 2014”, recordou. “Mas infelizmente o mandato dele chegou ao fim e as 28 mil fracções habitacionais não foram construídas nem sabemos quando vão ser. Será que neste contexto devemos elogiar a conduta do Governo?”, questionou.
Face às críticas de que foi alvo, Au Kam San prometeu ir pautar as suas posições de acordo com “os interesses da população”.

Epidemia | Metade das máscaras encomendadas já foram vendidas

Arranca hoje a terceira fase de venda de máscaras e inclui, pela primeira vez, unidades dedicadas a crianças. Depois de vendidas 10 milhões de máscaras nas duas primeiras rondas, o Governo garante que está a fazer de tudo para assegurar o fornecimento das próximas rondas. Um dos pacientes deve ter alta nos próximos dois dias

 

Com Lusa 

[dropcap]J[/dropcap]á foram vendidas em Macau 10 milhões de máscaras ao fim de duas primeiras rondas de fornecimento à população, ou seja, metade da encomenda do Governo destinada ao racionamento deste tipo de material de protecção contra o contágio do novo tipo de coronavírus. A informação foi revelada ontem, por ocasião da conferência de imprensa diária de actualização da situação da doença na região. “Na primeira ronda vendemos cinco milhões e na segunda ronda também cinco milhões, ou seja, no total quase 10 milhões de máscaras, revelou o médico adjunto da direção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Lei Wai Seng, assegurando que as autoridades estão a fazer de tudo para garantir que haverá máscaras para todos, em futuras rondas de fornecimento.

“Só podemos verdadeiramente confirmar que amanhã [hoje] é dado início à terceira ronda de venda de máscaras. Já quanto à quarta e quinta rondas nós (…) não sabemos. O Governo está a dar o seu melhor para adquirir mais máscaras em todo o mundo e é assim que vamos garantir o fornecimento de máscaras aos residentes de Macau”, explicou Lei Wai Seng, quando questionado sobre o estado do stock adquirido pelo Governo.

Na véspera da terceira fase de venda das 20 milhões de máscaras encomendadas, Lei Wai Seng apelou ainda à população que evite uma “corrida às farmácias”, que obrigou já a um reforço policial. Para esta terceira ronda, os Serviços de Saúde partilharam também que existem menos dois pontos de venda em relação à fase anterior, sendo agora 87.

Os SS revelaram também que, a partir de hoje, os centros de saúde vão passar a fornecer máscaras infantis destinadas a crianças entre os três e os oito anos, sendo que cada uma terá direito, no máximo a cinco máscaras, apenas disponíveis para aquisição nos centros de saúde, ao contrário das restantes. No, entanto, foi também esclarecido que as crianças têm, na mesma, direito a um total de dez máscaras, ou seja, os pais podem comprar cinco com tamanho de criança e outras cinco do tamanho normal, para adultos. Questionado sobre se cinco máscaras seriam suficientes para as crianças, Lei Wai Seng respondeu positivamente, uma vez que “não é preciso usar máscara em casa”.

Longe da normalidade

Nos próximos dois dias, um dos nove casos confirmados de Macau ainda em isolamento, irá receber alta, confirmaram os SS. “Nos próximos dois dias, um dos casos confirmados irá receber alta. Mas ainda temos que provar que o teste de transmissibilidade e do vírus é negativo, inclusivamente nos testes aos excrementos. Havendo uma certeza de não haver transmissibilidade é que podemos dar alta”, confirmou Lei Wai Seng, depois da possibilidade de dar alta a mais doentes ter sido admitida no passado domingo.

Apesar dos sinais positivos dados pela possibilidade de mais pacientes infectados com o novo coronavírus terem alta e pela inexistência de novos casos nos últimos dias, o director do Centro de Controlo e Prevenção da Doença, Lam Chong, defendeu que a situação ainda está longe da nornalidade, vincando que o cenário é mais grave do que em 2003, altura do SARS (Síndrome Respiratório Agudo Grave).

“Em Hubei, parece que o surto está mais calmo, mas noutras cidades da China, nos últimos dias, foram confirmados mais casos. Em comparação com a SARS, em 2003, o cenário é mais grave porque o surto, desta vez, atingiu vários países, noutras partes do mundo. Por isso, é difícil sabermos quando podemos ter a normalidade restabelecida”, explicou.

O responsável dos SS lembrou ainda que o novo tipo de coronavírus é ainda desconhecido para os especialistas, encontrando-se em mutação. Exemplo disso mesmo foi o facto de, no dia anterior, Lei Chin Ion, director dos SS, ter referido que o período de incubação pode chegar aos 24 meses nos casos mais raros.
Na conferência de imprensa de ontem, o médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Lei Wai Seng adiantou que 103 motoristas de autocarros de casinos e de turismo foram contactados pelo Governo para fazer testes de despistagem ao novo tipo de coronavírus.

No total, nas últimas semanas foram realizados 861 testes em Macau, dos quais já foram descartados 820 casos suspeitos. Trinta e uma pessoas continuam a aguardar o resultado das análises, enquanto 27 já saíram do isolamento imposto pelas autoridades de saúde.

Epidemia | Metade das máscaras encomendadas já foram vendidas

Arranca hoje a terceira fase de venda de máscaras e inclui, pela primeira vez, unidades dedicadas a crianças. Depois de vendidas 10 milhões de máscaras nas duas primeiras rondas, o Governo garante que está a fazer de tudo para assegurar o fornecimento das próximas rondas. Um dos pacientes deve ter alta nos próximos dois dias

 
Com Lusa 
[dropcap]J[/dropcap]á foram vendidas em Macau 10 milhões de máscaras ao fim de duas primeiras rondas de fornecimento à população, ou seja, metade da encomenda do Governo destinada ao racionamento deste tipo de material de protecção contra o contágio do novo tipo de coronavírus. A informação foi revelada ontem, por ocasião da conferência de imprensa diária de actualização da situação da doença na região. “Na primeira ronda vendemos cinco milhões e na segunda ronda também cinco milhões, ou seja, no total quase 10 milhões de máscaras, revelou o médico adjunto da direção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Lei Wai Seng, assegurando que as autoridades estão a fazer de tudo para garantir que haverá máscaras para todos, em futuras rondas de fornecimento.
“Só podemos verdadeiramente confirmar que amanhã [hoje] é dado início à terceira ronda de venda de máscaras. Já quanto à quarta e quinta rondas nós (…) não sabemos. O Governo está a dar o seu melhor para adquirir mais máscaras em todo o mundo e é assim que vamos garantir o fornecimento de máscaras aos residentes de Macau”, explicou Lei Wai Seng, quando questionado sobre o estado do stock adquirido pelo Governo.
Na véspera da terceira fase de venda das 20 milhões de máscaras encomendadas, Lei Wai Seng apelou ainda à população que evite uma “corrida às farmácias”, que obrigou já a um reforço policial. Para esta terceira ronda, os Serviços de Saúde partilharam também que existem menos dois pontos de venda em relação à fase anterior, sendo agora 87.
Os SS revelaram também que, a partir de hoje, os centros de saúde vão passar a fornecer máscaras infantis destinadas a crianças entre os três e os oito anos, sendo que cada uma terá direito, no máximo a cinco máscaras, apenas disponíveis para aquisição nos centros de saúde, ao contrário das restantes. No, entanto, foi também esclarecido que as crianças têm, na mesma, direito a um total de dez máscaras, ou seja, os pais podem comprar cinco com tamanho de criança e outras cinco do tamanho normal, para adultos. Questionado sobre se cinco máscaras seriam suficientes para as crianças, Lei Wai Seng respondeu positivamente, uma vez que “não é preciso usar máscara em casa”.

Longe da normalidade

Nos próximos dois dias, um dos nove casos confirmados de Macau ainda em isolamento, irá receber alta, confirmaram os SS. “Nos próximos dois dias, um dos casos confirmados irá receber alta. Mas ainda temos que provar que o teste de transmissibilidade e do vírus é negativo, inclusivamente nos testes aos excrementos. Havendo uma certeza de não haver transmissibilidade é que podemos dar alta”, confirmou Lei Wai Seng, depois da possibilidade de dar alta a mais doentes ter sido admitida no passado domingo.
Apesar dos sinais positivos dados pela possibilidade de mais pacientes infectados com o novo coronavírus terem alta e pela inexistência de novos casos nos últimos dias, o director do Centro de Controlo e Prevenção da Doença, Lam Chong, defendeu que a situação ainda está longe da nornalidade, vincando que o cenário é mais grave do que em 2003, altura do SARS (Síndrome Respiratório Agudo Grave).
“Em Hubei, parece que o surto está mais calmo, mas noutras cidades da China, nos últimos dias, foram confirmados mais casos. Em comparação com a SARS, em 2003, o cenário é mais grave porque o surto, desta vez, atingiu vários países, noutras partes do mundo. Por isso, é difícil sabermos quando podemos ter a normalidade restabelecida”, explicou.
O responsável dos SS lembrou ainda que o novo tipo de coronavírus é ainda desconhecido para os especialistas, encontrando-se em mutação. Exemplo disso mesmo foi o facto de, no dia anterior, Lei Chin Ion, director dos SS, ter referido que o período de incubação pode chegar aos 24 meses nos casos mais raros.
Na conferência de imprensa de ontem, o médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Lei Wai Seng adiantou que 103 motoristas de autocarros de casinos e de turismo foram contactados pelo Governo para fazer testes de despistagem ao novo tipo de coronavírus.
No total, nas últimas semanas foram realizados 861 testes em Macau, dos quais já foram descartados 820 casos suspeitos. Trinta e uma pessoas continuam a aguardar o resultado das análises, enquanto 27 já saíram do isolamento imposto pelas autoridades de saúde.