UE aconselha retomada de voos com Macau e Hong Kong mas só com reciprocidade Hoje Macau - 29 Jan 2021 O Conselho da União Europeia (UE) recomendou esta quinta-feira aos Estados-membros que levantem gradualmente restrições de viagens para sete países terceiros, aconselhando nomeadamente o retomar de ligações às regiões administrativas de Macau e Hong Kong, mas apenas mediante reciprocidade. Em comunicado, o Conselho indica ter atualizado a “lista de países [terceiros] para os quais as restrições de viagem devem ser levantadas”, como acordado pelos Estados-membros em junho, aquando da adoção de uma recomendação sobre o levantamento gradual das restrições temporárias às viagens não essenciais para a UE em altura de pandemia de covid-19. Nesse âmbito, e “com base nos critérios e condições” estabelecidos nessa recomendação, a estrutura onde estão representados os países defende que “os Estados-membros devem levantar gradualmente as restrições de viagem nas fronteiras externas” para sete países, nomeadamente para “as regiões administrativas especiais chinesas – Hong Kong e Macau -, sujeitas a confirmação de reciprocidade”. É também nessa condição de reciprocidade que se mantém a China, ou seja, até o país asiático reabrir as suas fronteiras à UE, como já tem vindo a acontecer. Incluindo a China, são sete os países terceiros abrangidos, desde logo Austrália, Nova Zelândia, Ruanda, Singapura, Coreia do Sul e Tailândia. Face à anterior lista, de meados de dezembro passado, o Japão deixa de estar presente, país onde foi detetada uma nova variante do SARS-CoV-2 em viajantes vindos do Brasil. De fora continuam também países como Estados Unidos da América, Rússia, Índia e Brasil, assim como todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste, que aliás nunca fizeram parte desta ‘lista verde’ desde a sua primeira elaboração, dada a situação epidemiológica. Para a elaboração desta lista de países terceiros aos quais é permitido que sejam retomadas gradualmente as ligações para a Europa foram determinados critérios tais como o número de casos de contágio nos últimos 14 dias – e por 100 mil habitantes – ser idêntico ou abaixo da média da UE, e haver estabilização ou redução de tendência de novos casos neste período em comparação com os 14 dias anteriores. Outro critério passa também pela resposta em termos globais à pandemia, tendo em conta aspetos como os testes realizados, medidas de contenção, vigilância e tratamentos. Isentos destas restrições às viagens de países terceiros para a UE estão cidadãos europeus e familiares, residentes de longa data na União e respetivas famílias e viajantes com funções ou necessidades especiais. Ainda assim, por esta altura, a UE está a tentar evitar viagens não essenciais dentro e fora do espaço comunitário, dado o agravamento da pandemia. No que toca às viagens internacionais para a Europa, a Comissão Europeia propôs esta semana a obrigação de cada passageiro apresentar testes PCR negativos realizados até 72 horas antes da partida para um país da UE, medida combinada com quarentena e rastreamento.
Covid-19 | Pequim critica aviso dos EUA sobre missão da OMS em Wuhan Hoje Macau - 29 Jan 2021 A China rejeitou esta quinta-feira o aviso dos Estados Unidos sobre a missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) no país asiático e acusou Washington de tentar politizar a investigação sobre a origem do novo coronavírus. Especialistas da OMS terminaram hoje o período de quarentena obrigatório após terem entrado na China, devendo iniciar de seguida a sua investigação no terreno sobre a origem da covid-19. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que Washington vai avaliar a “credibilidade do relatório sobre a investigação uma vez concluído”. “É imperativo chegar ao fundo desta questão”, avisou. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, rejeitou “pressupostos negativos” e “interferência política” na missão da OMS. Questionado em conferência de imprensa, Zhao considerou que os comentários de Psaki constituem uma “interferência desnecessária” no trabalho dos especialistas, “o que não é propício a resultados científicos sérios”. O anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a OMS de estar sob as ordens de Pequim e retirou o seu país da organização internacional. A investigação no terreno, que a China levou mais de um ano a autorizar, é extremamente sensível para o regime comunista, cujos órgãos oficiais têm promovido teorias que apontam para que o vírus tenha tido origem em outros países. A visita dos especialistas acontece depois de longas negociações com Pequim, que incluíram uma rara reprimenda por parte da OMS, que afirmou que a China estava a demorar muito para fazer os arranjos finais. Não se sabe com quem é que os especialistas estão autorizados a falar e quais os locais que poderão visitar. “Cada vez mais estudos, inclusive da OMS, mostram que rastrear a origem da covid-19 é um processo que continuará a ser feito por várias regiões [do mundo] e focos epidémicos”, disse Zhao.
Zhuhai | Ho Iat Seng participa em reunião sobre epidemia, Hengqin e sector imobiliário Hoje Macau - 29 Jan 202129 Jan 2021 O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, teve ontem uma reunião de trabalho com o secretário do Comité Municipal de Zhuhai do Partido Comunista Chinês, Guo Yonghang, com o secretário do Comité do Partido Comunista da cidade e presidente do Município de Zhuhai, Yao Yisheng, e respectiva delegação. As partes trocaram ideias sobre o aperfeiçoamento do mecanismo conjunto de prevenção e controlo estabelecido entre Zhuhai e Macau e aprofundaram o tema da promoção de Hengqin. Ho Iat Seng fez uma retrospectiva sobre o processo de implementação do mecanismo conjunto de prevenção e controlo estabelecido entre Zhuhai e Macau e dos resultados alcançados até agora. E lembrou as palavras do presidente Xi Jinping que afirmou que o governo da RAEM, ao deparar-se com a pneumonia causada pelo covid 19, reagiu com rapidez, adoptando medidas eficazes e num curto espaço de tempo, que permitiram o controlo da epidemia. O Chefe do Executivo agradeceu o apoio de Zhuhai ao funcionamento do referido mecanismo e frisou que as partes devem consolidá-lo e continuar a proceder aos trabalhos de prevenção e controlo da epidemia, bem como a garantir a troca de informações atempada e a abertura e transparência na divulgação de informações. Ho referiu ainda que os dois territórios irão continuar, conjuntamente, a impulsionar os trabalhos relacionados com Hengqin e que, simultaneamente, o Governo planeia iniciar estudos sobre políticas para quadros qualificados, no sentido de responder às necessidades de desenvolvimento de três indústrias: saúde, financeira, e ciência e tecnologia, que estão a ser planeadas pelo Governo. Na reunião, o Chefe do Executivo também não deixou de mencionar os direitos e interesses dos residentes de Macau na aquisição de imóveis situados no interior da China e a questão em torno dos anúncios publicitários para a sua venda. Nesse sentido, expressou os seus agradecimentos aZhuhai pela adopção de medidas para garantir os interesses dos residentes de Macau, que diminuem o risco que enfrentam na aquisição de imóveis. As partes abordaram igualmente a viabilidade de cooperação entre os aeroportos dos dois territórios, e a actual situação da indústria aeronáutica do Delta do Rio das Pérolas. Por seu lado, Guo Yonghang destacou a “grande utilidade” do processo de troca de informações sobre a epidemia e fez ainda votos para que, no futuro, as partes possam consolidar e aperfeiçoar o mecanismo de análise científica já existente. Quanto à promoção de Hengqin, Guo Yonghang emitiu opiniões sobre a elaboração de um regime jurídico, o apoio à optimização do sistema de gestão industrial, a promoção do desenvolvimento da medicina tradicional chinesa e o apoio aos jovens no domínio da inovação e empreendedorismo.
Guerra ao vírus Paul Chan Wai Chi - 29 Jan 2021 Devido ao aquecimento global, as anormalidades climáticas tornaram-se um fenómeno normal, no entanto não geram condições que não consigamos suportar. Mas as alterações dos fenómenos sociais vão trazer consigo consequências muito graves. Os peritos da Organização Mundial de Saúde só começaram a investigar a origem do vírus que provoca a SARS-CoV-2, quase um ano após o primeiro surto em Wuhan. Este tipo de abordagem arqueológica na procura da origem do vírus é sem dúvida um processo científico anormal. Nos Estados Unidos manifestantes irromperam pelo Capitólio, causando danos materiais e inclusivamente mortes. Vi a polícia e retirar os manifestantes do edifício, através da TV, e constatei que as salas do Congresso não ficaram seriamente danificadas. Se compararmos com a invasão que ocorreu a 1 de Julho de 2019, no Complexo onde funciona o Conselho Legislativo de Hong Kong, esta parece bastante anormal. Existem neste mundo muitas questões sem resposta, tal como o problema do vírus da SARS-CoV-2 que tem vindo a evoluir persistentemente ao longo dos últimos meses. Mas tenhamos ou não respostas a estas questões, as pessoas têm de continuar a viver porque é a única forma de perpetuar a raça humana. No início de 2021, as variantes da SARS-CoV-2 lançaram um ataque à humanidade. Ao constatarmos que certas zonas da China voltaram a declarar “Estado de Sítio” para combater a COVID-19, torna-se evidente que os novos surtos provocados pelas “inteligentes” variantes da SARS-CoV-2 são muito potentes. Se a pandemia não for controlada e as vacinas não forem suficientemente eficazes contras as novas variantes, resultantes das constantes mutações, os seres humanos podem vir a ser varridos da face da Terra, e serão derrotados na guerra biotecnológica que estão a travar contra a SARS-CoV-2. Mesmo que a humanidade tenha a sorte de vir a derrotar a SARS-CoV-2, permanece outro problema. Como diagnosticar e tratar os vírus políticos? Recentemente, Lai Xiaomin, o antigo director da China Huarong Asset Management, na China continental, foi condenado à morte por ter aceitado subornos. Foi anunciado que Lai possuia mais de 100 propriedades, que existiam mais de 100 pessoas envovidas nos subornos, e que o acusado tinha mais de 100 amantes. A Televisão Central da China (CCTV) reportou que foram encontradas em casa de Lai enormes quantidades de dinheiro e de outros valores. Com o contínuo crescimento de casos de corrupção em larga escala na China, estamos sem dúvida perante um atentado à segurança nacional. Para erradicar os vírus políticos, não podemos apenas depender das reformas e da política de abertura. A implementação da democracia e do estado de direito é a melhor cura para as doenças causadas por vírus políticos. No entanto, será que o Governo vai conseguir optar por esta via? Andrew Cheung Kui-nung, Meretíssimo Chefe de Justiça do Tribunal de Recurso Final de Hong Kong, foi entrevistado por jornalistas no dia em que tomou posse. Na altura foi interrogado sobre o caso do juiz do Tribunal de Distrito que declarou que um advogado e dois observadores teriam de abandonar a sala a menos que trocassem as máscaras amarelas que estavam a usar por outras pretas, e se portanto, era obrigatório usar preto no Tribunal. Em resposta, Andrew Cheung Kui-nung sublinhou que o que é importante é a independência jurídica e a preservação do estado de direito, e que as cores da indumentária não são relevantes. O estado de direito tornou-se o derradeiro pilar de Hong Kong. Se puder ser preservado, ainda continua a haver esperança para a cidade; caso contrário, envereda pelo caminho da destruição. A propaganda política tem de ter uma base substantiva para ser convincente. Depois da promulgação da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, iremos avaliar o seu grau de eficácia, considerando o aumento de pessoas que estão a sair de Hong Kong, ou que planeiam vir a sair da cidade. Não existe nenhum problema de segurança nacional em Macau. E isto não acontece por Macau ter promulgado legislação de acordo com a Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado em 2009, mas sim porque Macau é uma região dependente, que não tem capacidade de desafiar a China continental, nem capacidade de ajudar ao seu desenvolvimento. Desde o regresso de Macau à soberania chinesa, todos confiaram nas receitas do jogo para sobreviver. O Governo de Macau apoia as Associações locais e estas Associações dependem do Governo para garantir a sua sobrevivência. Os habitantes de Macau estão acostumados a beneficiar do Plano Anual de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico, enquanto a prática do clientelismo se tornou uma regra silenciosa e a política apenas um meio para alguns ganharem a vida. A sociedade de Macau não enfrenta nenhuma crise imediata, mas, a longo prazo, o sentido de auto-complacência dos habitantes de Macau vai fazer com que percam a capacidade de sentir, que também é considerado uma espécie de vírus. O flagelo do vírus político está a tornar-se cada vez mais evidente no desenvolvimento das relações entre a China e os Estados Unidos, nas relações China-Taiwan e nas relações do Governo central da China com o Governo de Hong Kong e com o Governo de Macau. Espero que depois de a pandemia ter terminado em 2021, todos possamos aprender com o sofrimento que vivemos e encontrar uma saída para o futuro em conjunto.
Só respirar é importante Carlos Morais José - 29 Jan 2021 Não sei se algo vos posso dizer que não tenha já sido dito e redito. Ou escrito, ou talvez vomitado em rua escura, por um desses génios das lâmpadas LED que acentuam o negrume de almas chãs. Vagamundamos, as ditas redes, motores de busca, onde tudo e nada persistem, além deste sabor a cal na boca fria dos meus dedos. A importância das coisas finou-se. Era, afinal, orvalho de madrugadas que o sol não devia ter rompido e exposto as coisas vãs, as farmácias sucessivas. Teríamos ficado em noite eterna, ainda com uma possibilidade (a última?) de alinhavar o pesadelo. Aquele que imagináramos eliminar. Hoje o mundo arde. Deixa arder. Visto de relance, não vale nada: não vale o rouxinol que agora se cala para dar lugar ao sol. Faltam-me as nuvens, o céu cobertor, a lua indecisa; sobra o temor de não ser e meramente estar, enquanto algo aqui grita de espanto. Deve ser um disparate, equívoco de formiga, uma idiota briga que transporto até por fim desfalecer, na estação terminal, como se o sono ainda alguma coisa afastasse. Vou dormir, resmungo. E duvido desta verdade de me ver deitado algures. Queria esquecer, é certo, vaguear por um deserto belo e limpo. “It’s clean”, dizia Lawrence no filme. Mas esse deserto não vive em mim: os crepúsculos trazem a noite, como as auroras trarão as madrugadas. E nada, nada, nos salva da notação. Permanecemos, comemos; eventualmente, faríamos amor, se o amor fosse algo para ser feito e não encontrado num acaso. Pois. Não é este o caso. E andamos, porque não há outra saída, não há porta sem ser ferida. Sou cego, surdo e tacteio. E só não sou mudo porque as vozes de permeio não acalmam e se a boca não gritasse com certeza explodia. Volta o dia. Outro dia e outro dia, que sem remissão nos perseguem. Para quê, pergunta a voz malparida, essa infinita voz – doente, obcecada – só lembranças de um passado que teima em não repousar. Já chega, grito p’ra dentro. Mas isso de pouco adianta. Ela persiste, por vezes velha, doutras criança. Ainda um som compulsivo. É a canção que não quero mais ouvir. Rádio Carlos. Desliga-te. Deixa dormir, deixa-me lá existir mas, por uma vez, sossegado. Para quê tanta fanfarra e tanta loiça partida? É a vida, é o fado, dizes tu e deverás ter razão. Mas se é assim, vale a pena, quando a alma não existe e a rua é tão pequena? Cheira a verbena, a banana, a açucena. Mas ainda que o cheiro nos encante e por vezes alucine e atrás de uma cortina algo afinal se exponha, para quê meter travões, se na verdade os dedos se apresentam vazios? Não vejo rios ou sufoco de outra margem. Parece vã qualquer coisa que se assemelhe à coragem. Passa um ribeiro, à porta da minha casa. Em princípio, deslizará até ao mar. É belo o seu deslizar. Os peixes escondem-se, sedentos de água, nas rochas. Chegam as tropas. Roda a girândola no céu, máquina aflita de um universo estrelado. Um joelho no pescoço. Refila o povo que é feito de refilar. Desfila tudo neste entrudo de hoje sem hortelã. Ergue-se crua a manhã, a tarde sépia, a noite, sempre de ti assombrada. Esta semana morreu um poeta. Ele não vai para lado nenhum. Os poetas morrem todos os dias no meu país. Camilo, Fernando, Herberto. Permanecem insepultos. É esse o destino dos poetas: a vala comum dos dias, a triste morgue das noites. Nem na morte ter alguma utilidade. Eles não se queixam: sabiam que só respirar é importante.
O Ventura e nós António Cabrita - 29 Jan 2021 Há uma histeria colectiva em relação ao André Ventura que só lhe aumenta as metástases e o legitima como um novo David em luta contra os Golias do “sistema”. Não é apenas na comunicação social, esta ecoa o que ocorre nas redes sociais. É preciso desmantelar a pretensão do Ventura em ser “anti-sistema”, não reforçá-la. Não entender isto pode ser mortal. O calafrio nasce do medo de que o calor não volte. Ora é impossível que o calor não volte pelo motivo mais simples: o sol não se deslocou. Evidencia-se um desejo não formulado nesta obsessão em dar forma ao medo, quando (lembrou muito bem Daniel Oliveira) ele é apenas o senhor doze por cento numa extensão de cem; e metade da fatia que lhe coube não lhe pertence, foi-lhe emprestada por quem votou não exactamente nele mas contra qualquer coisa, e cujo protesto volante, na próxima, recairá noutro oportunista. O Alentejo terá virado o seu sentido de voto? O horror disso prende-se com a ideia arreigada de que “antigamente é que era bom”. Será agora mais útil analisar as causas: que erros se cometeram para que o cansaço face aos vícios com que a “idealidade” se foi inquinando se transformasse em ressentimento e canalizasse as suas parcas energias votando no inimigo? Quem deu os votos ao Ventura? As más políticas da esquerda. O Ventura existe enquanto conseguir manter-se na esfera daquilo que à partida é «desqualificado». A sua força vem-lhe daí. Só se fala do Ventura para o desqualificar à priori: é fascista, o coiso, a besta, o grunho, etc. Talvez, mas é tão caricatural e redutor que o transforma numa vítima. E essa desproporção atrai os que ao intelecto preferem a “acção” e não entendem não se lhe dar uma chance “para mostrar o que é capaz!”. As massas são lerdas, quer se deixem manipular pela esquerda, quer se deixem manipular pela extrema- direita. Só muito raramente brilha a inteligência colectiva. Existe, sim, o irracional das emoções, como uma massa de bolo em que os demagogos metem a mão para a conformar. É mais difícil de contrariar aquilo que, na verdade, é “fabricado” pelos seus detractores, porque se está a combater uma projecção – que tende a tornar-se monstruosa – e não a substância, afinal frágil. O Ventura vive dos medos alheios, o seu centro é oco. Foi o que Marcelo denunciou no debate com ele, ao apontar-lhe a sonsice de oportunista. Ele não existe para além dessa manha. O Ventura desmancha-se com paciência, pedagogia e humor, contrapondo serenamente argumentos, como quem, caridosamente, explica algo a um mau aluno, ou com o riso. Tomando tudo o que diz como bravatas. Se ele for tomado a sério mas como palhaço, ele próprio se exasperará e aí cai-lhe a máscara. Desqualificando-o à cabeça, sem lhe dar sequer o crédito de poder ser um bom palhaço, é o único método que lhe dá forças. E deixemo-nos de ilusões: não haverá sempre, potencialmente, cinco, dez por cento de aprendizes de fascistas em qualquer sociedade democrática? Para que eles não cresçam só há dois caminhos: a educação (e também a política) e a uma regulação quanto à qualidade do fluxo televisivo. Porque é falso que o gosto não se discuta, o gosto tem regras e tradições, aprende-se. Entretanto, leia-se o que Marcio Sotelo Felippe (um antigo procurador geral do estado de S. Paulo), escreveu a favor do impeachment do Bolsonaro: «O fascista busca se legitimar por meio do apelo a certa massa suscetível ao ressentimento social e por meio do apelo à pequena-burguesia, ou classe média, perdida entre o pavor da proletarização (que se torna pavor dos proletários, de seus partidos e de seus movimentos) e a sua própria representação no imaginário da grande burguesia. O ressentimento transforma-se em ódio. Essa massa cresce com desqualificados, escroques, oportunistas, lúmpens, também amealhados entre os trabalhadores. O discurso de um líder fascista expressa a ideologia que cimenta o irracional dessa massa. Por isso ele precisa dizê-la. Ele nada fará sem essa torpe legitimidade. Após dizê-la, tem que cumpri-la para que essa legitimidade se transforme em poderosa força social. A liderança e a massa se nutrem reciprocamente da anomia moral que daí surge. É por isso que o fascismo, em regra, prescinde de golpes dados na calada da noite por tanques que irrompem pelas ruas e tropas que tomam os centros estratégicos do poder. Eles simplesmente chegam ao poder pelo voto, como Hitler e Mussolini, Trump e Bolsonaro. No poder, a sua base de massa paralisa, imobiliza a parcela sadia da sociedade. Uma combinação fatal entre coerção e consenso. O fascismo é sempre possível porque em toda sociedade há uma massa que pode ser galvanizada pelo apelo à irracionalidade, que pode se mover fascinada pela anomia moral que lhe permite dar vazão a impulsos primários,(…) em uma sociedade que não lhe reserva lugar algum e que não consegue construir a racionalidade que lhe aponte caminhos.» Uma «combinação fatal entre coerção e consenso» é o que encontramos hoje nas redes sociais, supostamente contra o Ventura. Fica socialmente tão mal não manifestarmos a nossa indignação imediata contra o Ventura que escolhemos os epítetos mais toscos para o desqualificarmos, competimos com ele na irracionalidade, sem perder tempo a desmanchar-lhe os argumentos. Juramos: o próprio senso comum se encarregará disso. Ora, o senso comum é uma batata, eis-nos na cilada: ele adora que renunciemos a raciocinar. Gostamos tanto de agir em manada que fomos “coactivamente cativados” – passe o óximoro. Dependemos dele para existir, ou, como se diz na economia: estamos a capitalizá-lo. Ele não tem a importância que parece. Em vez do medo, melhoremos a educação, no lugar da ira, o riso. E só às quintas-feiras, entre as 9h45 da manhã e as 10h15. No resto do tempo há coisas extraordinárias a acontecer e que reclamam a nossa atenção.
Relatório | Xi Jinping elogiou Carrie Lam por ter “cumprido as suas obrigações” Hoje Macau - 29 Jan 2021 Pequim pretende Hong Kong governado por patriotas. Por isso, os funcionários públicos têm de jurar lealdade à Lei Básica e o sistema eleitoral vai ser profundamente reformado. Xi expressou ainda a sua simpatia pelos que foram alvo de sanções americanas. O presidente Xi Jinping escutou nesta quarta-feira um relatório de trabalho entregue por vídeo link pela chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), Carrie Lam, sobre o trabalho do governo da RAEHK em 2020, a resposta à COVID-19 e outras situações. “Em questões importantes como a segurança nacional, adoptou uma posição firme e assumiu responsabilidades, demonstrando seu amor e profundo senso de responsabilidade para com a pátria e Hong Kong”, disse Xi a Lam. “As autoridades centrais reconhecem plenamente seu desempenho e o desempenho do governo da RAEHK no cumprimento de suas obrigações”, comentou Xi. Também o primeiro-ministro chinês Li Keqiang ouviu o relatório de Carrie Lam, sobre o trabalho do seu governo em 2020. Li referiu que 2020 foi um ano desafiador para Hong Kong, mas que Lam liderou o governo da RAEHK na luta contra a COVID-19, recuperando a economia, abordando as dificuldades da população, estabilizando a sociedade e procurando activamente o apoio de políticas das autoridades centrais para ajudar Hong Kong a integrar melhor o seu desenvolvimento com o desenvolvimento geral do país. “As autoridades centrais reconhecem plenamente o seu desempenho e o desempenho do governo da RAEHK no cumprimento dos deveres”, disse Li. O primeiro-ministro expressou a sua esperança de que o governo da RAEHK continue seu trabalho de prevenção e controlo da epidemia, abordando as preocupações mais urgentes da população, entre outros. Por seu lado, Carrie Lam disse que o governo da RAEHK fará esforços contínuos para combater o vírus, restaurar a economia e melhorar o bem-estar da população. Lam também prometeu vincular o desenvolvimento de Hong Kong à estratégia de desenvolvimento nacional, consolidar o estatuto da região como um centro internacional de finanças, comércio e transporte marítimo e desenvolver a RAEHK como um centro internacional de inovação em ciência e tecnologia. Especialistas chineses em assuntos de Hong Kong viram esta reunião virtual como um sinal claro de que o governo de Hong Kong “amadureceu politicamente no ano passado, especialmente perante “a atitude dos EUA em relação à lei de segurança nacional de Hong Kong”. Segundo eles, o encontro virtual também indicou “o caminho futuro das reformas políticas, que ajudarão a continuar o princípio ‘um país, dois sistemas’, de modo mais eficaz e preciso, estabelecendo o objectivo de ver a cidade governada por patriotas”. Xi Jinping, de facto, referiu que Hong Kong “deve ser governado por patriotas, um princípio básico que está relacionado com a soberania do país, a segurança e os interesses de desenvolvimento, bem como a prosperidade e a estabilidade a longo prazo da cidade”. Simpatia com os sancionados O presidente também pediu a Lam que transmitisse a sua simpatia aos funcionários da RAEHK “injustificadamente sancionados pelos EUA”, o que mostra que o governo central reconhece a posição política firme e o desempenho dos funcionários de Hong Kong. “Estas observações enviam um forte sinal de que o governo central apoiará firmemente aqueles que estão com o país na protecção da soberania nacional, segurança e interesse de desenvolvimento para lidar com as sanções dos EUA”, disse Tian Feilong, professor associado da Universidade Beihang em Pequim e membro da a Associação Chinesa de Estudos de Hong Kong e Macau, com sede em Pequim. Pelo menos 11 autoridades locais de Hong Kong foram incluídas na lista de sanções da administração Trump em 2020 como a resposta de Washington à lei de segurança nacional de Hong Kong. A lista de sanções inclui Lam, o Comissário da Polícia de Hong Kong Chris Tang, John Lee, Secretário para a Segurança e Teresa Cheng, Secretária para a Justiça. O governo dos EUA também sancionou mais seis indivíduos em Janeiro, incluindo Tam Yiu-chung, delegado de Hong Kong ao Comité Permanente do Congresso Nacional Popular, e dois funcionários da divisão de segurança nacional da Polícia. Acelerar reformas Reconhecendo o trabalho de Lam e de outros funcionários da RAEHK mostra que “o governo central considera o governo de HK muito mais maduro politicamente no meio da turbulência antigovernamental e das sanções lideradas pelos EUA”, disse Tian disse, acrescentando que mais esforços devem ser feitos para acelerar as reformas na governação local. “As observações de Xi estabeleceram o tom fundamental para os assuntos de Hong Kong, e o elogio ao trabalho de Lam poderá dissipar várias dúvidas desnecessárias e discórdias sobre o governo de Hong Kong, permitindo que o governo ganhe confiança e mantenha a moral para continuar o trabalho futuro”, disse Lawrence Tang Fei, membro da Associação Chinesa de Estudos de Hong Kong e Macau. Durante o encontro, Xi destacou que Hong Kong deve ser governado por patriotas, o que também reflecte o futuro caminho da reforma política na cidade, sob “um país, dois sistemas”, segundo especialistas chineses. Como Xi enfatizou que somente quando a cidade for governada por patriotas a capacidade total do governo central sobre Hong Kong pode ser realizada e implementada de forma eficaz, Tian concordou com esse resultado, sugerindo que “melhorias adicionais em termos de reforma do sistema devem ser baseadas nesta linha, e futuras reformas devem ser feitas em vários aspectos, incluindo legislação e reforma educacional com melhor compreensão da Constituição e da Lei Básica, além de maior reconhecimento da política e legislação chinesas “, disse. Sistema eleitoral na mira Além disso, a aceleração da reforma no sistema eleitoral de Hong Kong e a correcção de algumas brechas na governação local também é algo altamente esperado, acrescentou o especialista. Os 180.000 funcionários públicos de Hong Kong foram informados recentemente de que tinham quatro semanas para assinar um documento em que prometiam a sua lealdade à Lei Básica e ao princípio “um país, dois sistemas”. O governo da RAEHK deve apresentar um projecto ao Conselho Legislativo após o festival da Primavera para melhorar os regulamentos e prometer lealdade. Consultores políticos e especialistas em assuntos de Hong Kong disseram que a reforma eleitoral de Hong Kong é inevitável, com alguns sugerindo a criação de um mecanismo de escrutínio político para garantir que “aqueles que governam Hong Kong sejam patrióticos”. Lau Siu-kai, vice-presidente da Associação Chinesa de Estudos de Hong Kong e Macau, foi citado como tendo dito numa recente reportagem que o sistema eleitoral em Hong Kong verá “grandes mudanças” para dar continuidade ao princípio de ” patriotas governam a cidade, separatistas e rebeldes excluídos da eleição.” Espera-se que as reformas incluam vários aspectos diferentes, incluindo a qualificação dos candidatos que concorrem às eleições, qualificação dos eleitores, procedimentos eleitorais, actividades de votação, financiamento eleitoral e outros requisitos.
Studio City | Fase dois nomeada para prémios de sustentabilidade Hoje Macau - 29 Jan 2021 O projecto de construção relativo à segunda fase do empreendimento Studio City, da Melco Crown, foi escolhido para a edição deste ano dos prémios BREEAM, dedicados a reconhecer projectos sustentáveis e amigos do ambiente. A nomeação foi feita na categoria “Regional Award Asia” e pretende destacar “a concepção e a implementação de um projecto de expansão de um resort integrado com uma estratégia de sustentabilidade”. O projecto vai de encontro aos objectivos da Melco de atingir “a redução das emissões de carbono e zero desperdício”. A segunda fase do Studio City irá disponibilizar 900 quartos de hotel e suite tal como atracções não jogo, onde se incluem parques interiores e exteriores, um espaço de cinema e restaurantes. O projecto prevê a construção de duas torres com uma distância suficiente que permita a passagem de aves migratórias. “A concepção teve em consideração o facto de o empreendimento estar próximo da Zona Ecológica do Cotai, que possui 15 hectares de zonas húmidas que servem de lugar para muitas espécies de aves migratórias”, aponta um comunicado.
Exposição | Associação promove mostra itinerante pela vila da Taipa Andreia Sofia Silva - 29 Jan 2021 “Walking Culture – Outdoor and Indoor Collective Exhibition” é o nome da nova mostra itinerante promovida pelo espaço Taipa Village Art Space e que pode ser visitada a partir da próxima quarta-feira, dia 3 de Fevereiro. O público poderá ver cartazes nas ruas da vila da Taipa com obras de arte de artistas como Ana Aragão e Maxim Bessmertny, entre outros Levar uma exposição para fora de portas de uma galeria de arte era um objectivo que João Ó queria atingir há muito. Mas só agora foi possível ao espaço Taipa Village Art Space cumprir esta ideia, que se materializa com a exposição itinerante “Walking Culture – Outdoor and Indoor Collective Exhibition”, inaugurada na próxima quarta-feira, dia 3 de Fevereiro, às 17h30, e que se mantém até ao dia 31 de Março. Naquela que é a primeira exposição colectiva promovida pela galeria, a ideia é também mostrar a génese da vila da Taipa, do ponto de vista cultural e também do património. Desta forma, serão exibidos cartazes em locais como a rua dos mercadores, largo Camões ou rua dos clérigos. “O próprio cartaz terá uma imagem da obra de arte e será maior do que a obra de arte em si”, descreveu João Ó, curador da mostra, ao HM. “A parte interessante desta exposição é a ampliação da obra e a sua exposição pública, o contacto inesperado com o visitante. Há esta ideia de uma vila que é única, a sua dimensão fora da cidade. As pessoas sentem-se à vontade”, apontou. O visitante terá acesso a um mapa itinerante que explica a localização dos cartazes pelas ruas, e que ao mesmo tempo revela os edifícios emblemáticos da vila da Taipa. “Há uma mistura de toda a parte cultural que existe na vila. Estamos muito habituados a ir a uma exposição dentro de um espaço, e eu queria que as pessoas fossem a uma mostra fora, que tivesse uma natureza diferente”, frisou João Ó, que é também arquitecto. Mas esta exposição não se fará apenas fora de portas, uma vez que na galeria Taipa Art Village serão exibidos as obras de arte originais, que passam por expressões artísticas tão diferentes como a impressão, pintura a aguarela, fotografia ou graffiti. Trabalhos de fora Nesta exposição colaboram artistas como P.I.B.G, Hugo Teixeira, Fan Sai Hong, Tong Chong, Allen Wong, Ana Aragão, Maxim Bessmertny, Lio Man Cheong, Chan Hin Io, Zinecoop (Hong Kong), Un Chi Wai, Bonnie Leong & Kitty Leung. Muitos deles já expuseram em Macau. “Dos três artistas que já expuseram e vão estar na colectiva, alguns não estão cá e consegui pedir algumas obras. A Ana Aragão, que está no Porto, enviou um trabalho inédito para esta exposição, o Hugo Teixeira que foi estudar fotografia para os EUA também enviou um trabalho fotográfico e temos um ilustrador de Macau que foi viver para Taiwan e que enviou uma colagem. Todos eles têm a experiência deste território, mas há alguns artistas que estão a morar fora”, disse o curador. As expectativas de sucesso desta mostra são muitas num território praticamente fechado ao exterior e onde há uma grande vontade de iniciativas culturais. “Estamos todos um pouco confinados e fartos de estar no mesmo sítio, e penso que vai haver bastante aceitação e as visitas vão ser muitas, porque há falta de actividades. Quando tivemos a última exposição em tempos de covid-19 atraímos muita gente”, concluiu João Ó.
Estudo | Mais de 40% das crianças pobres são de famílias monoparentais Hoje Macau - 29 Jan 2021 Um estudo indica que 43 por cento das crianças de Macau que vivem em condições de pobreza fazem parte de famílias monoparentais, avança o canal chinês da Rádio Macau. A investigação, conduzida pela Caritas Macau em parceria com a Universidade Normal de Pequim e a Hong Kong Baptist University, concluiu ainda que 35 por cento das crianças em situação de pobreza estão inseridas em agregados familiares que chegaram há pouco tempo a Macau, ou que permaneçam com salvo-conduto para deslocação a Hong Kong e Macau, o que os obriga a regressar à origem periodicamente. Além disso, crianças que vivam numa família com membros portadores de deficiência têm 17 por cento de probabilidade de enfrentar situações de pobreza. O inquérito, realizado em Julho do ano passado, contou com a participação de 146 menores e 41 crianças acompanhadas pelos pais. Os inquiridos recebem assistência do Instituto de Acção Social ou apoio do centro de serviço de fornecimento temporário de alimentos da Caritas. Outro aspecto revelado pelo estudo é o efeito das relações entre pais e crianças na exclusão social. Mais de 60 por cento dos pais ralham os filhos frequentemente, enquanto que mais de 40 por cento confessa aplicar castigos corporais ou castigos severos, o que acaba por se reflectir na exclusão social dos filhos, aumentando a probabilidade de sofrerem de bullying na escola.
Covid-19 | Lei Chin Ion antecipa que predisposição inicial para a vacina não será alta Salomé Fernandes - 29 Jan 2021 Lei Chin Ion espera que a vontade dos residentes em serem vacinados, numa fase inicial, seja afectada por notícias negativas. Os Serviços de Saúde alertam que é “determinante” a criação de uma barreira imunológica em Macau O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, não está optimista com a adesão da população na fase inicial da vacinação. Em reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos, revelou que espera que a disposição dos residentes para a vacinação “possa ser afectada por algumas notícias negativas”, nomeadamente efeitos secundários ou alergias. Assim, antecipa que a predisposição para que lhes seja administrada a vacina “não será elevada”. A informação foi avançada em comunicado dos SS. “Se a taxa geral de vacinação em Macau não for ideal, não será possível criar uma barreira imunológica o que é determinante para o território”, alerta a nota, acrescentando que até ao momento não se registaram alergias ou efeitos negativos graves na vacinação. Lei Chin Ion observou que a pandemia ainda é “muito grave” pelo mundo e que os serviços médicos “estão a enfrentar testes e desafios sem precedentes”. Além disso, apelou aos membros do Conselho façam uso do seu conhecimento para promoverem a vacinação contra novo tipo de coronavírus. Antes da pandemia, a Organização Mundial de Saúde incluiu a relutância em receber vacinas, independentemente destas estarem disponíveis, como uma das ameaças à saúde global em 2019. Por outro lado, com o aparecimento do novo tipo de coronavírus surgiram também preocupações com a propagação de informação falsa. Redes sociais e notícias falsas Em Dezembro do ano passado, o Facebook anunciou que ia passar a remover alegações falsas sobre as vacinas contra a covid-19 que sejam identificadas por especialista em saúde pública. A rede social esclareceu que a medida podia abranger declarações sobre segurança, eficácia, segurança ou efeitos secundários. Como exemplo, indicou que iria remover declarações falsas sobre as vacinas conterem microchips. No mesmo mês, o Twitter anunciou que ia passar a remover informação falsa sobre vacinação. Em causa estava informação falsa a sugerir que as vacinas são usadas para causar danos ou controlar a população, que tenham sido amplamente desmentidas em relação aos efeitos secundários, ou que apontem que as vacinas sejam desnecessárias por alegarem que o covid-19 não é sério ou real. Telemedicina em lares Na reunião do Conselho para os Assuntos Médicos foram abordados outros problemas que se revelaram durante a pandemia. “Por razões geográficas, o desenvolvimento da telemedicina em Macau encontra-se ainda em fase exploratória”, diz a nota, acrescentando que se prevê a realização de reuniões para analisar como desenvolver este ramo. Alguns membros do organismo sugeriram que a telemedicina deve ser testada primeiro nos lares de idosos. Por outro lado, vários membros apresentaram opiniões sobre as regras de implementação do desenvolvimento profissional contínuo obrigatório (DPC), incluindo sugestões para a fixação de limites para os tipos de créditos das actividades, o reconhecimento de cursos online e financiamento na organização de formações e participação em conferências no exterior.
Casinos | Pequim alarga ‘lista negra’ de destinos de jogo no estrangeiro Hoje Macau - 29 Jan 2021 A China vai adicionar novos destinos a uma ‘lista negra’ criada para dissuadir os chineses de jogarem em casinos no exterior, actividade que custa ao país o equivalente a quase 130 mil milhões de euros anualmente. As novas restrições visam “regular melhor o mercado do turismo” e “salvaguardar a vida e a propriedade dos cidadãos chineses”, indicou, em comunicado, o Ministério da Cultura e do Turismo da China. Em Agosto passado, o país tinha anunciado a criação de uma ‘lista negra’ de destinos turísticos de jogo por perturbarem a “ordem comercial do mercado de turismo no estrangeiro da China”, impondo restrições a viagens a lugares onde os chineses frequentemente vão jogar. Embora a lista não tenha sido tornada pública, Filipinas, Myanmar, Malásia, Vietname e Camboja são todos destinos frequentes para os jogadores chineses. “Casas de jogo nas Filipinas, Myanmar e outros países vizinhos têm atraído cidadãos chineses de forma imprudente nos últimos anos”, disse o chefe do gabinete de cooperação internacional do Ministério de Segurança Pública chinês, Liao Jinrong, em Setembro passado, durante um fórum, em Pequim. “O jogo transfronteiriço está frequentemente relacionado com o crime organizado, fraude, sequestro e tráfico e imigração ilegal”, apontou. O Ministério de Segurança Pública chinês indicou que mais de 600 suspeitos chineses envolvidos em jogos de azar transfronteiriços foram presos, no ano passado, em operações conjuntas com a polícia de vários países do sudeste asiático.
Hotelaria | Ocupação de 28,6% em 2020, com melhoria em Dezembro Hoje Macau - 29 Jan 2021 A taxa de ocupação média hoteleira em 2020 em Macau foi de 28,6 por cento, menos 62 pontos percentuais em termos anuais, mas os dados de Dezembro mostraram melhorias em relação a Novembro, anunciaram ontem as autoridades. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) que no disse ano passado a taxa de ocupação média de quartos de hóspedes dos hotéis e pensões foi de 28,6 por cento. No mesmo período foram contabilizados 3.874.000 hóspedes, menos 72,5 por cento, em comparação a 2019. Em Dezembro, a taxa de ocupação média foi de 53,1 por cento, mais 9,1 pontos percentuais do que em Novembro, mas menos 38,9 pontos percentuais em relação ao período homólogo de 2019, indicou a DSEC. Após o reinício, em 23 de Setembro, da emissão dos vistos individuais e de grupo da China continental para o território, suspensos desde o início da pandemia de covid-19, o número de visitantes tem subido gradualmente, ainda que de forma lenta e muito abaixo de uma média de cerca de três milhões de visitantes registada por mês em 2019. Em 2019, quase 40 milhões de pessoas visitaram Macau.
Sands China | Prejuízos de 1,52 mil milhões não afastam investimentos futuros Andreia Sofia Silva - 29 Jan 2021 A Sands China registou prejuízos de 1,52 mil milhões de dólares em 2020, mas tal não inviabiliza que o novo CEO da Las Vegas Sands, Robert Goldstein, tenha confiança no futuro. Na calha está um investimento entre cinco a dez mil milhões de dólares para Macau. A pensar na renovação das licenças O ano fechou em baixa para a concessionária de jogo Sands China, que registou prejuízos de 1,52 mil milhões de dólares em 2020, apesar de ter existido uma ligeira recuperação nos últimos meses em relação aos anteriores. As receitas caíram 80,8 por cento para 1,69 mil milhões de dólares em relação aos resultados de 2019. No que diz respeito ao último trimestre do ano, as receitas foram de 672 milhões de dólares mas, contas feitas, houve um prejuízo de 246 milhões de dólares. Um valor muito distante do que se verificou no período homólogo de 2019, quando contabilizou um lucro de 513 milhões de dólares. Apesar dos números, consequência da crise pandémica que levou a uma grande quebra no número de turistas e ao controlo das fronteiras, a operadora está confiante no futuro. O novo CEO da Las Vegas Sands, que detém a subsidiária Sands China, anunciou novos investimentos para o território, segundo o portal Inside Asian Gaming. “Acredito que quando Macau tomar a sua decisão (sobre a renovação das licenças) que haverá o requisito de investir mais em Macau. Foi isso que Sheldon [Adelson] sentiu, que deveríamos investir mais cinco a dez mil milhões de dólares”, adiantou Robert Goldstein. “Quando o Governo macaense tomar a sua decisão penso que vamos continuar com um sólido investimento de base para apanharmos esta oportunidade com as duas mãos, e eu sei que era isto que Sheldon sentia. Não há sítio como Macau e ainda não terminámos o nosso trabalho em Macau. Vamos continuar por aqui durante muitos mais anos”, disse. Robert Goldstein falou também de outros investimentos que a operadora está a fazer na Ásia, nomeadamente na expansão do empreendimento Marina Bay Sands, em Singapura, que vai custar 3,3 mil milhões de dólares americanos. “Haverá outros investimentos que não são pequenos, são na ordem dos mil milhões de dólares, então temos de nos preparar para investir nos nossos melhores mercados, que são Macau e Singapura, em prol de um grande crescimento.” Crença na recuperação No comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong, o CEO da Las Vegas Sands confessou estar “confiante e optimista” em relação ao futuro. “Atingimos um positivo EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] em Macau e Singapura durante o quarto trimestre. Não temos dúvidas de que o nosso negócio vai recuperar para níveis pré-covid no futuro.” Falando dos empreendimentos que a Sands China tem no território, Robert Goldstein destacou a abertura da quarta fase do The Londoner no próximo mês, no Cotai. “Estamos muito entusiasmados com o progresso que o The Londoner Macao terá ao longo do ano de 2021.” A morte de Sheldon Adelson, vítima de cancro, foi lembrada pelo seu sucessor. “A visão e liderança que Sheldon Adelson criou para a Las Vegas Sands e o modelo de resorts integrados e de convenções tornaram-se nos alicerces do sucesso da nossa empresa. O seu impacto mantém-se vivo em todos os 50 mil funcionários da empresa e nas propriedades icónicas que desenvolveu em todo o mundo”, concluiu.
Videovigilância instalada pelo IAM não chegou a captar imagens Salomé Fernandes - 29 Jan 2021 As câmaras que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) instalou antes da aprovação da proposta de lei do regime de gestão dos mercados públicos não chegaram a entrar em funcionamento. “De acordo com os nossos conhecimentos foram feitos apenas os trabalhos preliminares e creio que ainda não houve captação de imagens. Instalaram-se algumas câmaras mas ainda não estavam em funcionamento”, esclareceu Ho Ion Sang, presidente da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. De acordo com Ho Ion Sang, não chegou a ser discutido se a instalação de câmaras passou previamente pelo Gabinete de Protecção de Dados Pessoais. “Mas claro que a instalação de câmaras de videovigilância tem de cumprir todas as leis, caso contrário o IAM terá as respectivas responsabilidades”, frisou. Também só será discutido no futuro o que levou o IAM a iniciar os trabalhos “de forma tão rápida”. Para além da suspensão já anunciada do plano de videovigilância, o deputado avançou ontem que muitas das câmaras instaladas foram retiradas, frisando que não se vão estragar por poderem ser armazenadas. Pequenos ajustes De acordo com dados apresentados pelo Governo à Comissão, há mais de mil bancas em mercados, para além de licenças de vendilhões em diferentes zonas da cidade, como por exemplo na Rua da Emenda ou na Rotunda Carlos da Maia. Os vendilhões com presença na rua deverão continuar a ser geridos pelo actual regime. A proposta de lei prevê que os contratos de arrendamento das bancas tenham uma duração de três anos, renovável por um período igual ou inferior. Ho Ion Sang explicou que no caso de alguns comerciantes terem de entrar para o edifício dos vendilhões, o valor das rendas a pagar será um pouco mais alto por causa dos mercados terem melhores condições, como ar condicionado. Mas deixou uma garantia. “O Governo reforçou a ideia de que a renda não vai ser ajustada de forma muito elevada, porque as bancas também servem para os arrendatários ganharem o seu pão de cada dia. [Serão] só pequenos ajustamentos”, explicou.
Xi Jinping | Deputados e associações reagem com agrado ao apoio do presidente Hoje Macau - 29 Jan 2021 Várias figuras locais reagiram aos elogios do presidente Xi Jinping aos trabalhos desenvolvidos pelo Governo, destacando o apoio prestado pelo país a Macau e comprometendo-se com a defesa da segurança nacional O reconhecimento do presidente Xi Jinping ao trabalho desenvolvido pelo Chefe do Executivo e o Governo da RAEM gerou reações positivas junto das associações locais. Em declarações à margem do Plenário na Assembleia Legislativa, Chui Sai Cheong comentou ontem que Xi Jinping apoia Macau. No entanto, acrescentou que o presidente e o Governo Central “querem que Macau faça melhor” em termos económicos, prevenção da pandemia, integração no desenvolvimento do país e a elaboração de leis associadas à segurança nacional. O deputado acredita que haverá mais detalhes no futuro, nomeadamente com o 14º Plano Quinquenal da China e a apresentação do balanço do primeiro-ministro na Assembleia Popular Nacional, em Março. “Os empresários devem assumir a liderança para fazerem melhor os trabalhos no âmbito económico”, disse Chui Sai Cheong, comentando que a captação de investidores estrangeiros pode apoiar as exportações e que as formas de integração no desenvolvimento nacional são abrangentes. “O país apoia-nos na prevenção da pandemia e estamos a ter um sucesso gradual”, notou. De acordo com um comunicado do Gabinete de Comunicação Social, o presidente chinês descreveu que as medidas adoptadas em Macau perante o novo tipo de coronavírus foram eficazes e promoveram “harmonia social”. Por outro lado, Xi Jinping mostrou apoio a que Macau “aperfeiçoe o regime jurídico e o mecanismo de execução da lei relativa à defesa da segurança do Estado”. O presidente da Associação Comercial de Macau, Ma Iao Lai, revelou-se “contente” e “inspirado”, por entender que o reconhecimento do presidente reflecte que o país cuida da população, do bem-estar e desenvolvimento a prazo longo de Macau, noticiou o Jornal Ou Mun. Ma Iao Lai disse que a associação vai defender a segurança e soberania nacional e seguir as orientações políticas do país e da RAEM, contribuindo para o impulsionamento da economia de Macau e integração no desenvolvimento nacional. Impulso à recuperação Em reacção às palavras de Xi Jinping, a presidente da direcção da Associação Geral das Mulheres, Wong Kit Cheng, agradeceu a valorização de Macau por parte do Governo Central, considerando o seu apoio “um impulso forte” para a população e um “escudo firme” para o território fazer os trabalhos de prevenção da pandemia e ter uma recuperação económica estável. A presidente da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), Ng Sio Lai, defendeu que Macau deve ser elogiado pelo combate à pandemia, mas reconheceu que a pandemia motivou uma queda do turismo, levando a comunidade a sofrer de forma inédita. Assim, reflectiu que são necessários mais avanços na diversificação económica. Segundo o Jornal Ou Mun, observou ainda que o presidente Xi Jinping também elogiou a execução da Lei de segurança nacional. Para Ng Sio Lai, a defesa da segurança nacional é uma “responsabilidade” e “obrigação” que a população deve cumprir, bem como o fundamento do bem-estar da RAEM. Por sua vez, o presidente da direcção da Federação das Associações dos Operários apontou a prevenção da pandemia como essencial para a estabilidade da sociedade e a manutenção da imagem de Macau como uma cidade segura. Lee Chong Cheng espera que no futuro as vantagens da RAEM – como ser uma zona franca e assumir o papel de plataforma entre China e os países da língua portuguesa – possam ser aproveitadas de forma a que as empresas da China continental exportem para outros mercados.
Promotores de Jogo entregues ao mercado João Santos Filipe - 29 Jan 202130 Jan 2021 Na sessão de ontem, Zheng Anting e Song Pek Kei mostraram-se preocupados com o futuro das empresas promotoras do jogo, também conhecidas como junkets, que trazem grandes apostadores aos casinos de Macau. A deputada ligada à comunidade de Fujian, Song Pek Kei, pediu mesmo ao secretário Lei Wai Nong que indicasse o futuro destas empresas, numa altura em que o continente adopta medidas cada vez mais apertadas para quem joga no exterior. Por sua vez, Zheng Anting, representante da comunidade de Jiangmen, também sublinhou a importância dos promotores de Jogo, e disse ao secretário que estes profissionais foram responsáveis por trazer para Macau jogadores que em muito contribuíram para encher através de impostos os cofres da RAEM. No entanto, o secretário para a Economia afirmou que o Governo não tem qualquer intenção de intervir neste sector. “O mercado é o mercado e como sabemos depende da procura e da oferta. O Governo não pode reforçar a procura”, respondeu. “Há coisas que podemos fazer, mas também há alturas em que não podemos intervir. O essencial é criar oportunidades para que os trabalhadores possam mudar de emprego e encontrarem outras oportunidades profissionais”, acrescentou. Ainda de acordo com os número de Lei Wai Nong, neste momento há 85 empresas de promoção de jogo registadas, que são responsáveis por mais de 1000 mesas de jogo nos casinos locais.
Assembleia Legislativa | Governo anuncia descida do desemprego e é criticado João Santos Filipe e Salomé Fernandes - 29 Jan 202129 Jan 2021 Operários e democratas criticaram a política governativa que aproveitou a aprovação do salário mínimo universal, em Abril do ano passado, para extinguir um mecanismo de compensação por lay-off As licenças sem vencimento e a redução dos ordenados dos trabalhadores marcaram o debate de ontem na Assembleia Legislativa. O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, foi ao hemiciclo anunciar que a taxa de desemprego tinha sido reduzida para 3,8 por cento, mas acabou acusado de ter deixado os trabalhadores desprotegidos. Em causa esteve a eliminação da lei que obrigava os empregadores a compensarem os empregados nas situações de licenças sem vencimento. Foi na segunda intervenção do dia, quando apontou que a recuperação vai demorar mas que há sinais positivos, que o secretário adiantou os números do desemprego, que mostram uma “melhoria”. “Amanhã [hoje] vai ser divulgada a taxa de desemprego. Antes era de 4 por cento, mas baixou para 3,8 por cento, segundo o valor mais actualizado. São menos 0,2 por cento. Claro que o número não é ideal, mas houve uma melhoria e podemos que se estende à situação económica e do emprego”, defendeu Lei Wai Nong. No entanto, houve deputados que se mostraram mais preocupados com os números do subemprego, ou seja dos trabalhadores que estão a gozar de licenças sem vencimento forçadas ou que trabalham com horário reduzido, medidas que resultam em reduções salariais indirectas. Operários mostram as garras Um dos grupos mais activos nestas críticas foi da Federação das Associações dos Operários de Macau, através de intervenções de Ella Lei e de Lei Cheng U.“A DSAL [Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais] apresentou alguns dados que mostram que muitos trabalhadores não estão desempregados. Porém, estão numa situação de subemprego e os seus salários tiveram cortes. É do nosso conhecimento que há muitas situações em que os trabalhadores só podem trabalhar alguns dias por mês e há mesmo quem nem sequer esteja a trabalhar, devido a licenças sem vencimento forçadas”, começou por criticar Ella Lei. Momentos depois, Lei Chan U abriu a caixa de Pandora com críticas ao Executivo por ter revogado a lei de 1995 que exigia que as licenças sem vencimento fossem pagas. Esta protecção foi eliminada em Abril do ano passado, com aval da maioria da Assembleia Legislativa, na ocasião em que o Executivo criou o ordenado mínimo universal. “A licença sem vencimento não está prevista na lei. Os trabalhadores muitas vezes não tiram as licenças sem vencimento por sua vontade, tiram porque, se recusarem, podem ficar desempregados”, criticou Lei Chan U. Palavras leva-as o vento Quando foi questionado sobre os dados das licenças sem vencimento, o secretário remeteu a resposta para o director da DSAL, Wong Chi Hong. Presente no hemiciclo, o responsável admitiu que o Governo apenas recebeu notificações que envolvem 160 trabalhadores. Por outro lado, a DSAL apenas recebeu uma queixa por suspensão forçada do contrato, que acabou arquivada. Ao mesmo tempo, Wong reconheceu que as empresas não estão obrigadas a comunicar quando o regime é aplicado e que, caso os trabalhadores recusem licenças sem vencimento, podem ser despedidos, desde que sejam compensados por despedimento sem justa causa. Foram estes dados que despoletaram novas críticas devido à eliminação do mecanismo de protecção dos trabalhadores contra licenças sem vencimento forçados. O mote veio de Ella Lei: “Dissemos [em Abril do ano passado] que a situação das licenças sem vencimento ia acontecer e aconteceu. E sabe porque é que a DSAL recebe pouca queixas? Porque os trabalhadores querem ultrapassar o problema com os patrões”, destacou. “Só que passa um mês, dois e três e está quase a fazer um ano que as coisas se arrastam. Os trabalhadores não sabem o que fazer. Será que não está na hora de reverem a lei das relações laborais e tomar a iniciativa de colmatar o mecanismo que foi revogado?”, questionou. Democratas no mesmo barco Os democratas Au Kam San e Sulu Sou juntaram-se às críticas e também defenderam a revisão da lei. Au lembrou a discussão na AL da criação de um salário mínimo universal e acusou o Executivo de ter criado um mito, quando defendeu que a revogação do mecanismo de protecção não ia enfraquecer a protecção do sector laboral. “O Governo disse que, em caso de suspensão do contrato, os trabalhadores estariam protegidos. Agora vê-se que era apenas um mito. As licenças sem vencimento vieram mostrar que é evidente que os trabalhadores ficaram menos protegidos”, considerou. “Agora há trabalhadores que querem trabalhar, mas são forçados a tirar 20 dias de lay-off por mês. É uma situação muito triste”, atirou. Por sua vez Sulu Sou recordou que houve oito votos contra o fim do mecanismo de protecção e criticou os números da DSAL. “Em Abril houve oito votos contra a revogação. Só que o Governo insistiu em revogar o decreto-lei e agora vai ter de tomar medidas para remediar a situação”, afirmou. “A DSAL disse que só houve uma queixa por lay-off forçado… É ridículo. É uma brincadeira”, sublinhou. Em defesa do Governo interveio o deputado Mak Soi Kun, ligado à comunidade de Jiangmen. “Se ainda houvesse a lei que exigia o pagamento por suspensão do trabalho, muitas pequenas e médias empresas tinham fechado as portas […] A economia de Macau é constituída em 80 por cento por PMEs que não seriam capazes de sobreviver caso tivessem de pagar aos trabalhadores pela suspensão do contrato”. Apesar das críticas, o debate terminou sem um compromisso do Executivo com a revisão da lei e ainda com Wong Chi Hong a considerar que os trabalhadores estão protegidos, uma vez que há um ordenado mínimo em vigor. Jack Ma foi exemplo para alterar lei de contratação O deputado José Chui Sai Peng defendeu a necessidade de alterar o regime para a contratação de quadros qualificados e exemplificou que a necessidade de residir 180 dias por ano em Macau afasta potenciais interessados. “É complicado atrair quadros de grandes empresas quando se exige às pessoas que fiquem 180 dias em Macau para terem residência. Por exemplo, se formos a ver o empresário Jack Ma, eu tenho dúvidas que ele inclusive permaneça 180 dias por ano no Interior da China”, afirmou o deputado, quando abordou a questão. Na resposta a esse assunto, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, admitiu a possibilidade desse requisito ser alterada. “Espero que possamos criar novas medidas para ajustar a nossa política para quadros qualificados. Temos de pensar sobre essa exigência de 180 dias e se vamos ou não alterar esse aspecto. Creio que a Comissão de Desenvolvimento de Talentos vai estudar a questão”, indicou. Em termos da política fiscal para os quadros qualificados, Lei considerou que a actual é bastante competitiva. “O imposto profissional que os quadros qualificados pagam é relativamente baixo (…). Creio que, se calhar, a política fiscal de Macau é a melhor da Ásia, ou a mais favorável da Ásia”, sustentou.
Wong Kit Cheng, deputada, sobre educação sexual: “Valores éticos são elementos do amor completo” Andreia Sofia Silva, João Luz e Nunu Wu - 29 Jan 2021 No dia 17 de Janeiro, a Associação Geral das Mulheres de Macau divulgou um comunicado a dar conta de uma palestra ministrada por Wong Kit Cheng a alunos da Escola Keang Peng educação sexual. A deputada terá alertado para os riscos de iniciar a vida sexual antes do casamento, citando as penas para os crimes de aborto e violação. Como o comunicado em questão deixou muitas dúvidas, o HM falou com Wong Kit Cheng No seu entender, quais são as consequências do sexo antes do casamento? Durante aquela palestra quisemos transmitir aos alunos as mensagens correctas. Não, propriamente, especificando se podem ou não fazer sexo antes do casamento. A ideia foi explicar que duas pessoas de sexos diferentes, que tenham curiosidade para iniciar a vida sexual, devem ter vários aspectos em consideração. Por exemplo, de acordo com a lei, ter relações sexuais com menores de 14 anos é crime. Tentei explicar as leis e a responsabilidade penal de quem a violar o respeito numa relação entre pessoas de sexos diferentes. Além disso, procurei passar a mensagem de que um jovem deve respeitar o seu próprio corpo e o corpo de outra pessoa. Por outro lado, também tentei passar o conhecimento sobre formas de fazer sexo seguro, alertando para as consequências de doenças sexualmente transmissíveis e para a importância da contracepção. Mas consenso científico indica que o ensino da abstinência é contraproducente na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez adolescente. A educação sexual deve ensinar o que é o sexo, sobre o acto em si, mas também sobre as consequências sociais, judiciais e a responsabilidade que implica, como expliquei na palestra. Quero esclarecer que não quero incentivar nem opor-me ao sexo, que é uma necessidade básica do ser humano. Não incentivamos, nem proibimos. Não faço comentários a estudos sobre abstinência. A ideia que quis passar é que as doenças sexualmente transmissíveis, como a SIDA, devem ser prevenidas através da prática do sexo seguro Na palestra referiu termos como “correcção nos relacionamentos” e respeito por valores éticos. O que querem dizer, neste contexto? Referimo-nos a materiais didácticos sobre educação sexual, que defende a ideia de amor completo, ou seja, da relação física que é desenvolvida através do carinho, da responsabilidade, respeito e conhecimento. Este amor inclui paixão, intimidade e compromisso que constroem um equilíbrio, só assim podemos expressar o amor real. Os valores éticos são elementos de construção do amor completo ou responsável. Acha apropriado falar de crimes sexuais numa palestra sobre educação sexual? Não vejo conflito em passar conhecimento sobre leis no contexto de educação sexual, de explicar as penas para quem comete crimes. Claro que as explicações legais devem ser dadas num capítulo específico, mas na educação sexual é importante para os jovens terem consciência de que se devem proteger, que devem recusar algumas acções e denunciar com coragem actos criminais. Por exemplo, se um menor for tocado nas partes íntimas ou no órgão sexual, o agressor cometeu importunação sexual. Se os alunos não souberem que isto constitui crime, é difícil alertar as autoridades. Além disso, a relação sexual pode resultar em gravidez, por isso é importante explicar que o aborto em Macau é ilegal, apesar de existirem locais onde se pode interromper a gravidez. Acho importante que os jovens tenham conhecimento das leis e das penalizações e da ilegalidade em que operam estas unidades médicas. Acha que a lei que proíbe o aborto devia ser alterada, ou incluir excepções à ilegalidade? Não sei porque me pergunta isto. Apenas partilhei com os alunos as leis actuais, que estabelecem a ilegalidade do aborto. Educação sexual | Psicólogo critica abordagem seguida nas escolas Com casos de abuso sexual de menores a disparar, as escolas de Macau apostam na educação sexual. Resta saber se os métodos e os conceitos utilizados estão adequados ao problema, na era do Youtube “A educação sexual nas escolas em Macau falha por completo. A abordagem da educação sexual em Macau é feita com um intuito mais punitivo do que pedagógico e é o primeiro passo para as coisas não correrem tão bem”, comenta ao HM o psicólogo com experiência na área da educação Pedro de Senna Fernandes. O especialista adianta mesmo que não sabe se Macau estará preparado para um tipo de programa pedagógico caracterizado pela abertura que estes temas exigem. “Se começamos por impor um processo punitivo naturalmente que todas estas questões, quando são dadas, são absorvidas de uma forma mais amedrontada. A Organização Mundial de Saúde define a sexualidade como uma energia que nos motiva. Quando falamos da passagem para a adolescência desenvolve-se de um centro de prazer mais exponencial do que o centro do controlo da razão”, aponta Pedro de Senna Fernandes. O psicólogo refere que o abuso sexual na China é muito elevado e que o país não tem uma cultura virada para a sexualidade, mas “tem antes uma cultura de muita repressão para aquilo que é a sexualidade”. O especialista considera que Macau pode seguir este modelo por arrasto. Em relação à influência de deputados e outros actores sociais, Pedro de Senna Fernandes alerta para a inevitabilidade de existirem comportamentos sexuais que vão “contra a moral social dos legisladores de Macau”. “Mantém-se de forma escondida e a resposta da sociedade em vez de ser pedagógica vai ser fortemente punitiva”. O psicólogo entende que pode ser perigoso equivaler aquilo que deriva da lei, que pode ser muito conservadora e assentar mais em repressão, a algo “que representa uma evolução do ser humano, que é uma boa sexualidade, uma boa aceitação do nosso corpo e do nosso eu”. Casos de pedofilia em alta O número de crimes de abuso sexual de crianças disparou no ano passado. De acordo com os dados mais recentes do gabinete do secretário para a Segurança, recentes aos primeiros nove meses de 2020, registou-se uma subida de 63,6 por cento, a maioria dos casos ocorreram nas escolas ou em ambiente familiar. As autoridades do território registaram também um aumento nos casos referentes a “pornografia de menor”, tendo resolvido cerca de 60 casos através dos mecanismos de cooperação com vários países e regiões. Não é, portanto, que o assunto seja amplamente discutido nas esferas políticas e executiva. Além dos pedidos de vários deputados, incluindo Lei Chan U, para incluir nas aulas de educação sexual informação sobre abusos sexuais, o próprio Governo considera essa uma via para contornar o problema. Na sequência de um caso suspeito de abuso sexual na Escola para Filhos e Irmãos dos Operários, no Fai Chi Kei, o Governo afirmou ser necessário prevenir e educar encarregados de educação, alunos e professores através da promoção da educação sexual a vários níveis. Em resposta ao HM, aquando deste caso em Junho do ano passado, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) referiu pretender criar um “ambiente de difusão da educação sexual, de forma a promover o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens, dos seus conhecimentos e da sua capacidade de autoprotecção neste âmbito.”
China | Equipa da OMS em Wuhan termina quarentena e inicia investigação Hoje Macau - 28 Jan 2021 Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) terminaram hoje o período de quarentena obrigatório após terem entrado na China, devendo iniciar de seguida a sua investigação no terreno sobre a origem da covid-19. Os investigadores foram vistos a sair do hotel onde cumpriram os 14 dias de quarentena e a entrarem num veículo. Não se sabe qual será o seu primeiro destino. A covid-19 foi inicialmente detectada no final de 2019, na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, centro da China. A equipa de especialistas da OMS viajou para a China, procedente de Singapura, em 14 de janeiro passado, mas desde então observaram duas semanas de quarentena. A missão prolongar-se-á por mais algumas semanas. A investigação no terreno, que a China levou mais de um ano a autorizar, é extremamente sensível para o regime comunista, cujos órgãos oficiais têm promovido teorias que apontam para que o vírus tenha tido origem em outros países. A visita dos especialistas acontece depois de longas negociações com Pequim, que incluíram uma rara reprimenda por parte da OMS, que afirmou que a China estava a demorar muito para fazer os arranjos finais. Não se sabe com quem é que os especialistas estão autorizados a falar e quais os locais que poderão visitar. Os próprios especialistas do Governo chinês explicaram inicialmente que a doença teve origem num mercado em Wuhan, onde animais selvagens eram vendidos vivos. Mas a imprensa estatal chinesa gradualmente descartou essa teoria por outra, não comprovada, segundo a qual o vírus poderia ter sido importado através de bens alimentares congelados. A OMS absteve-se de emitir um juízo, até à data. “Todas as suposições estão sobre a mesa. É claramente muito cedo para chegar a uma conclusão sobre a origem do vírus, seja na China ou fora da China”, disse na semana passada Michael Ryan, diretor para as emergências de saúde na OMS, Michael Ryan. A organização foi acusada pelo anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de estar sob as ordens de Pequim. A nova administração dos EUA pediu na quarta-feira que a investigação internacional fosse “clara e completa”. “É imperativo chegar ao fundo desta questão”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. Washington vai avaliar a “credibilidade do relatório sobre a investigação uma vez concluído”, notou.
Macau perde dois restaurantes com estrelas Michelin em 2021 Hoje Macau - 28 Jan 2021 Macau perdeu dois restaurantes com estrelas Michelin, totalizando agora 18 estabelecimentos, de acordo com a edição de 2021 do Guia para Macau e Hong Kong. Três dos estabelecimentos mantêm a classificação máxima, escreveu a organização do guia gastronómico no ‘site’, na quarta-feira: Robuchon au Dôme e The 8 Restaurant, ambos no hotel-casino Grand Lisboa, e o Jade Dragon, no City of Dreams, mantiveram as classificações de 2020, com três estrelas cada um. Macau conta ainda com seis restaurantes com duas estrelas e nove estabelecimentos distinguidos com uma estrela Michelin. Além da entrada do Wing Lei Palace para a elite de estabelecimentos com uma estrela Michelin, o destaque vai também para o prémio conquistado pelo Restaurante Educacional do Instituto de Formação Turística, a estrela Verde, uma distinção recentemente lançada que destaca os esforços dos restaurantes que operam na vanguarda do seu campo com práticas sustentáveis. Na distinção “Bib Gourmand”, conferida aos restaurantes que oferecem menus de três pratos por menos de 400 patacas, mantêm-se sete estabelecimentos em Macau, entre eles, o português “O Castiço”. “A edição de 2021 é uma celebração da coragem e criatividade da indústria da restauração, e do empenho em servir as comunidades locais, bem como o pessoal médico. 2020 foi um ano cheio de desafios, mas também de oportunidades para a inovação. Apesar dos tempos difíceis, as maravilhosas viagens culinárias e o talento (…) por detrás de cada prato proposto (…) em Hong Kong e Macau têm surpreendido os nossos inspetores”, salientou o diretor Internacional dos Guias Michelin, Gwendal Poullennec.
Covid-19 | China soma 41 novos casos por contágio local Hoje Macau - 28 Jan 2021 A Comissão de Saúde da China informou hoje que foram diagnosticados 54 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, incluindo 41 por contágio local. As infeções locais foram detetadas nas províncias de Heilongjiang (28), Jilin (nove), Hebei (três), no nordeste da China, e Shaanxi (um), no centro do país. As autoridades chinesas redobraram os esforços para conter os surtos que atingiram diferentes regiões do norte da China: várias áreas foram isoladas e realizaram-se testes em massa da população, na tentativa de desacelerar a curva de casos. As autoridades chinesas estão a tentar evitar um aumento dos casos durante o período de férias do Ano Novo Lunar, que este ano decorre entre 11 e 17 de fevereiro, quando centenas de milhões de trabalhadores regressam às suas terras natais. Para evitar nova onda de contágios durante aquele período, a China lançou uma campanha de vacinação, que prevê abranger até 50 milhões de pessoas até ao início do feriado. Os restantes 13 casos registados pelas autoridades foram diagnosticados em viajantes oriundos do exterior, nas cidades de Xangai (sete) e Tianjin (dois) e nas províncias de Guangdong (um), Shanxi (um), Jiangsu (um) e Sichuan (um). A Comissão de Saúde chinesa indicou que, até à última meia-noite local, o número total de infectados activos na China continental fixou-se em 1.820, entre os quais 105 em estado grave. Desde o início da pandemia, 89.326 pessoas ficaram infetadas na China, entre as quais 4.636 morreram.
EUA reiteram ao Japão compromisso na defesa de território disputado com a China Hoje Macau - 28 Jan 2021 O Presidente dos Estados Unidos reiterou hoje, por telefone, ao primeiro-ministro do Japão o “compromisso inabalável” de Washington na defesa do arquipélago nipónico, incluindo umas pequenas ilhas administradas por Tóquio e reclamadas por Pequim. Joe Biden e Yoshihide Suga concordaram em fortalecer a aliança militar e estratégica bilateral e cooperar para manter a região do Indo-Pacífico “livre e aberta”, de acordo com comunicados divulgados por Washington e Tóquio, numa altura marcada pela crescente presença marítima da China na região. “Os líderes também discutiram o compromisso inabalável na defesa do Japão ao abrigo do artigo 5.º do tratado de segurança conjunto, que inclui as ilhas Senkaku”, acrescentou a declaração conjunta. As Senkaku (chamadas Diaoyu na China) são um grupo de oito ilhas desabitadas (num total de sete quilómetros quadrados) localizadas no mar do Sul da China, a cerca de 150 quilómetros a nordeste de Taiwan, que também reivindica a soberania sobre as Diaoyutai. A conversa telefónica entre Suga e Biden vem depois de Pequim ter autorizado navios da guarda costeira a utilizar armas contra navios estrangeiros que possam estar a cometer ilegalidades nas águas territoriais chinesas. A China envia frequentemente navios para áreas próximas das Senkaku e de outros territórios no mar do Sul da China cuja soberania o gigante asiático também disputa com outros países. Neste contexto, Suga e Biden concordaram também em reforçar a cooperação com a Índia e a Austrália, os dois outros membros do chamado grupo de segurança regional Quad. Os dois líderes reafirmaram também a necessidade de alcançar a desnuclearização completa da península coreana em relação ao programa de armas de destruição maciça de Pyongyang e ao impasse desde 2019 nas conversações para tentar alcançar o desarmamento do regime de Kim Jong-un. Suga também saudou as decisões de Biden de regressar ao acordo de Paris e de não retirar os Estados Unidos da Organização Mundial de Saúde (OMS), ao mesmo tempo que se comprometeram a reforçar a cooperação na luta contra a pandemia e as alterações climáticas. Na véspera, o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Toshimitsu Motegi, e o novo secretário de Estado norte-americano, Antony Bliken, tinham concordado reforçar a aliança de segurança dos dois países, também durante uma conversa telefónica.
Embaixador português em Pequim defende vantagens do Conselho Europeu com a relação Portugal-China Hoje Macau - 28 Jan 2021 O embaixador português em Pequim, José Augusto Duarte, defendeu ontem que o conselho da União Europeia (UE) poderá beneficiar da “experiência singular de relacionamento político e diplomático” que Portugal tem com a China, durante a presidência portuguesa. “O nosso país nunca abdicou dos seus valores e dos seus modelos no seu território para ter de conseguir construir uma relação inevitavelmente pragmática que sempre trouxe grandes benefícios a ambos os lados, mas especialmente a Portugal”, defendeu José Augusto Duarte, em Pequim. Referindo-se aos mais de 500 anos de contactos entre os dois países, o embaixador reconheceu, porém, que “alguns dos desafios” atuais na relação com a China são “novos e exigem reflexão de alcance estratégico”. “Não temos alternativa realista a abordar estes novos desafios sem ser seguindo o modelo de diálogo que Portugal sempre usou na relação com a China: diálogo, paciência, determinação, visão estratégica de longo alcance e realismo de até que ponto podemos influenciar e unir e a partir de onde temos de aceitar conviver com a diferença”, apontou o embaixador. Numa altura de crescente rivalidade entre China e Estados Unidos, José Augusto Duarte reconheceu que “será certamente desafiante” para a UE conciliar a relação transatlântica e a relação com a China. “A Europa, sendo uma firme e orgulhosa aliada dos EUA, com o qual partilha valores e modelos, não deixa, no entanto, de ter interesses próprios da União Europeia no seu conjunto e de cada Estado Membro”, descreveu. “Uma relação sólida com os nossos aliados americanos não é antagónica com o conceito de autonomia estratégica nem sequer com uma relação construtiva com a China”, acrescentou. Sobre as negociações para o Acordo de Investimentos entre China e UE, concluídas no final do ano passado, apesar dos apelos da nova administração norte-americana por uma abordagem conjunta para a China, o diplomata português disse que a “desejável revitalização dos nossos lados transatlânticos em nada diverge da conclusão do acordo”. “O acordo, que traz benefícios para a Europa e para a China, com a vantagem acrescida de levar pela primeira vez a China a aderir a algumas convenções internacionais, como no domínio laboral, só pode ser aplaudido pelo mundo inteiro”, defendeu.