Ponte HKZM | Cobrança de 500 patacas para sorteio gera polémica

Vong Vai Tin, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas, considera que a cobrança é inútil, dado que não afasta as pessoas de concorrerem a quotas que não utilizam

 

O membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas, Vong Vai Tin, criticou a opção do Governo de cobrar 500 patacas aos participantes do sorteio de atribuição de novas quotas para circular na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A crítica foi feita na terça-feira, através de uma intervenção antes da ordem do dia na reunião do conselho, e citada pelo Jornal Ou Mun.

Na perspectiva de Vong Vai Tin, o montante não é significativo para impedir que as pessoas se candidatem às novas 2.500 quotas disponíveis, pelo que não funciona como um mecanismo de triagem. O conselheiro considera igualmente que nestas condições a utilidade de impor mais um pagamento aos candidatos, mesmo para quem não consegue obter uma quota, é praticamente nula.

Por outro lado, o conselheiro indica existir uma dualidade de critérios, dado que as pessoas que estão inscritas no programa para circular de carro na província de Cantão não têm de fazer qualquer pagamento: “Porque é que temos uma cobrança de 500 patacas nesta fase?”, questiona Vong. “No caso do programa para circular na província de Cantão, não há qualquer pagamento. Por isso, como é que as autoridades explicam esta cobrança? Qual é a intenção?”, interrogou.

 

Pouca utilização

Na intervenção, Vong Vai Tin abordou igualmente a situação da maioria dos condutores com quotas para circular para Hong Kong. Segundo as declarações do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, entre as 7.000 quotas disponibilizadas, apenas cerca de 350 são utilizadas com frequência.

O conselheiro reconhece que é um problema ter pessoas a pedir quotas que não utilizam. Mas pede mais medidas, além do pagamento de uma taxa de 500 patacas no sorteio. “Como detectaram que existem muitas pessoas que pediram quotas mas raramente as utilizam, será que vão tomar medidas para evitar este desperdício?”, perguntou Vong.

Também para promover uma maior utilização do serviço, em vez de exigir o pagamento de uma taxa de 500 patacas para participar no sorteio, o conselheiro considera que deveria ser adoptado um sistema de pontos. Assim, cada passagem da ponte iria gerar um determinado número de pontos. Se os condutores não alcançassem uma pontuação mínima ao longo de um certo período de tempo perderiam a quota ou teriam de pagar uma penalização.

Recentemente, o Chefe do Executivo aprovou a emissão de mais 2.500 quotas para viajar entre Macau e Hong Kong, através da ponte. Entre estas quotas, 2.000 vão ser destinadas a veículos privados, enquanto 500 têm fins comerciais.

7 Mar 2024

Exportações lusófonas para a China atingem novo recorde em 2023

As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para a China atingiram 147,5 mil milhões de dólares no ano passado, num novo recorde histórico, de acordo com dados oficiais. Este é o valor mais elevado desde que o Fórum Permanente para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) começou a apresentar este tipo de dados dos Serviços de Alfândega da China, em 2013.

As exportações aumentaram 6,2 por cento em comparação com 2022, sobretudo devido ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas subiram 11,9 por cento, para 122,4 mil milhões de dólares, um novo máximo histórico.

Pelo contrário, as exportações de Angola caíram 18,7 por cento para 18,9 mil milhões de dólares, e as vendas de mercadorias de Portugal para a China decresceram 4,1 por cento para 2,91 mil milhões de dólares. A maioria dos países de língua portuguesa exportou menos para o mercado chinês, incluindo a Guiné Equatorial (menos 9,4 por cento), Timor-Leste (menos 48,7 por cento), São Tomé e Príncipe (menos 53,8 por cento) e Guiné-Bissau (menos 40,2 por cento).

Cenários distintos

Além do Brasil, só Moçambique e Cabo Verde conseguiram vender mais à China. As exportações moçambicanas aumentaram 33,9 por cento para 1,79 mil milhões de dólares, também um novo recorde máximo, enquanto as vendas cabo-verdianas mais que triplicaram, embora apenas para um valor de 72 mil dólares.

Na direcção oposta, os países lusófonos importaram mercadorias no valor de 73,4 mil milhões de dólares da China, menos 3,5 por cento do que em 2022. O Brasil foi o maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, com importações a atingirem 59,1 mil milhões de dólares, seguido de Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 5,79 mil milhões de dólares.

Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 220,9 mil milhões de dólares em 2023, mais 2,8 por cento do que no ano anterior. A China registou um défice comercial de 74,1 mil milhões de dólares com o bloco lusófono no ano passado, também um novo recorde histórico.

29 Jan 2024

Comércio | Exportações lusófonas para Macau sobem 37,2%

As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau subiram 37,2 por cento nos primeiros 11 meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022, indicaram dados oficiais ontem divulgados. O valor exportado pelos países lusófonos para o território fixou-se em 1,32 mil milhões de patacas entre Janeiro e Novembro, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau.

A maioria foi proveniente do Brasil, no valor de 1,03 mil milhões de patacas, sendo composta sobretudo por carne, peixe e marisco. Macau comprou ainda a Portugal mercadoria no valor de 277,6 milhões de patacas, nomeadamente vestuário e acessórios, carne, peixe e marisco, bebidas alcoólicas e produtos farmacêuticos.

De acordo com os dados oficiais, nos primeiros 11 meses do ano, o bloco de países de língua portuguesa comprou a Macau mercadorias no valor de 664 mil patacas, menos 57,8 por cento do que em igual período de 2022. As exportações de mercadorias por Macau entre janeiro e novembro foram de 12,25 mil milhões de patacas, menos 3,5 por cento, comparativamente ao mesmo período do ano passado, enquanto o valor importado de mercadorias foi de 129,7 mil milhões de patacas, ou seja, mais 1,4 por cento, em termos anuais, indicou a DSEC. O défice da balança comercial de Macau nos primeiros 11 meses deste ano fixou-se em 117,5 mil milhões de patacas, mais 1,9 por cento relativamente a igual período de 2022.

29 Dez 2023

Exportadores com perspectivas muito negativas sobre o futuro

O sector industrial exportador de Macau está pessimista para os próximos seis meses e espera “uma forte diminuição” no que diz respeito às exportações. Os dados, relativos a Outubro, fazem parte dos resultados do Inquérito de Conjuntura ao Sector Industrial Exportador, publicado pela Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), que tem a particularidade de não indicar os dados da amostra, ao contrário das práticas recomendadas.

De acordo com os resultados do inquérito, 51,6 por cento dos inquiridos indicaram esperar uma forte diminuição das exportações nos próximos seis meses, enquanto 45,2 espera um ligeiro aumento. A estes, juntam-se 2,0 por cento que espera um “forte aumento” e 1,2 por cento que acredita que a situação actual se vai manter.

Quando a análise da confiança é feita por sector, no que diz respeito ao vestuário e confecções, todos os inquiridos admitiram esperar uma forte diminuição das exportações. O cenário é semelhante nos exportadores de equipamentos eléctricos/electrónicos, com 95,7 por cento dos inquiridos a confessarem prever que nos próximos seis meses haja uma forte diminuição das exportações. No entanto, os restantes 4,3 por cento indicaram acreditar que a situação se vai manter.

O sector classificado como “outros produtos não têxteis” é onde reside a maior confiança dos inquiridos. Entre os interpelados, 93,1 por cento afirmou que espera um aumento ligeiro, enquanto 6,2 por cento espera um forte aumento das exportações. Há ainda 0,7 por cento que espera que a situação actual se mantenha.

Na exportação de produtos farmacêuticos 97,9 por cento indicou acreditar que as exportações vão subir ligeiramente nos próximos seis meses, enquanto 2,1 acredita que vai haver um forte aumento.

Encomendas preocupam

Quando questionados sobre os principais problemas das actividades exportadoras em Macau, o “insuficiente volume de encomendas” é apontado como o grande desafio por 75,7 por cento das “empresas exportadoras”. Entre as inquiridas, 58 por cento apontaram dificuldades em competir com os preços do estrangeiro e 29 por cento referiram que têm dificuldades para contratar trabalhadores.

No que diz respeito à carteira de encomendas, o sector do vestuário e confecções é o que está em melhor situação, com trabalho para 5,3 meses, um aumento de 3,3 meses face à situação de Julho. Os restantes sectores declaram ter encomendas para 2,5 meses.

Em relação aos destinos das exportações, foi no Interior que se registou um maior aumento, com um crescimento de 22,1 por cento, seguido pelos Estados Unidos, onde houve um crescimento de 4,1 por cento. No pólo oposto, os outros países da região Ásia Pacífico, que excluem o Japão, tiveram uma redução das exportações de Macau de 21,6 por cento, com o mesmo a acontecer na União Europeia, em que a redução foi de 2,7 por cento.

29 Dez 2023

Lusofonia | Exportações para Macau sobem 43,5% até Outubro

As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau subiram 43,5 por cento entre Janeiro e Outubro, em comparação com o mesmo período de 2022, segundo dados oficiais divulgados ontem. Os países lusófonos exportaram mercadorias no valor de 1,2 mil milhões de patacas, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Já o valor exportado por Macau para os países de língua portuguesa nos primeiros dez meses do ano foi de 662 mil patacas, registando um decréscimo de 57,7 por cento. O montante total do comércio externo de mercadorias entre Janeiro e Outubro de 2023 em Macau correspondeu a 128,24 mil milhões de patacas e cresceu 1,6 por cento, face aos 126,22 mil milhões de patacas registados em idêntico período de 2022. A DSEC adiantou ainda que o défice da balança comercial em Outubro foi de 10,4 mil milhões de patacas.

30 Nov 2023

Corredor Central pode ser alternativa no comércio entre Pequim e Europa

O Corredor Central que atravessa a Ásia Central e Cáucaso pode ser uma alternativa comercial entre a China e a Europa, evitando a Rússia e triplicando o volume das mercadorias até 2030, segundo um estudo do Banco Mundial. Esta rota, acrescenta a instituição no relatório ontem divulgado, pode “proteger os países e as cadeias de abastecimento dos choques geopolíticos”, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções económicas a Moscovo adoptadas no âmbito da guerra.

O Banco Mundial destaca ainda que, “com os investimentos e as políticas correctas, o Corredor Central poderá triplicar os volumes de comércio e reduzir para metade o tempo de viagem ao longo do percurso até 2030”. Isto beneficiaria as economias locais e regionais e as comunidades em geral, criando oportunidades de emprego, estimulando a procura de indústrias de apoio e atraindo empresas.

O relatório do Banco Mundial refere também, com as opções políticas correctas, “o Corredor Central – que liga os mercados chinês e europeu através da Ásia Central e do Cáucaso – pode revigorar o comércio regional e aumentar a conectividade dos países ao longo da rota”.

Com o uso desta rota, “o comércio total do Azerbaijão, da Geórgia e do Cazaquistão aumenta 37 por cento, principalmente devido às exportações do Cazaquistão, enquanto o comércio entre estes três países e a UE aumenta 28 por cento”.

Guerra contornada

O conflito com a Ucrânia, iniciado pela invasão russa em 22 de Fevereiro de 2022, levantou o interesse pelo Corredor Central, com os países envolvidos a desenvolverem esforços para agilizar o tráfego comercial, tendo, segundo o relatório, de resolver questões como a falta de gestão e coordenação das várias vias, aumentar a eficiência operacional nos portos envolvidos, melhorar as ligações das linhas ferroviárias aos portos e agilizar os procedimentos nas fronteiras.

O Corredor Central liga a China e o Cazaquistão por via ferroviária (menos poluente que a rodoviária), atravessando este país, também por comboio, até o porto de Aktau, de onde segue, por transporte marítimo para o outro lado do Mar Cáspio para o Azerbaijão, voltando a travessia a ser feita por via ferroviária até à Geórgia, de onde segue para a Europa via Turquia (comboio) ou Mar Negro (navio).

Devido aos atravessamentos de fronteiras e transferências entre comboios e navios, esta rota tem sido preterida face à do Norte (via Rússia). O tráfego de contentores no Corredor Central aumentou 33 por cento em 2022, face a 2021, mas as limitações da rota ficaram evidentes, tendo o tráfego recuado 37 por cento entre Janeiro e Agosto de 2023, face aos primeiros oito meses de 2022.

28 Nov 2023

Comércio | Encontro sino-lusófono de empresários regressa em 2024

O Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa vai regressar em 2024, após quatro anos de interregno devido à pandemia, foi ontem revelado. Dirigentes de Macau irão “aos países de língua portuguesa para participação nos eventos relacionados” com o encontro empresarial sino-lusófono, de acordo com as Linhas de Acção Governativa (LAG) da região chinesa para 2024.

O documento, revelado ontem, acrescentou que o objectivo da participação no encontro é “promover o novo modelo de desenvolvimento sinérgico entre as indústrias de Macau e de Hengqin” (Ilha da Montanha).

Ontem, durante a apresentação das LAG aos deputados da Assembleia Legislativa (AL), o chefe do Governo de Macau, Ho Iat Seng, prometeu “atrair mais empresas dos países de língua portuguesa para se estabelecerem na Zona de Cooperação Aprofundada”, não foi revelado, no entanto, o local e datas para a realização daquele que será o 15.º Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Ho Iat Seng garantiu ainda que se irá realizar, também em 2024, a sexta conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), adiada desde 2019.

O secretariado permanente do Fórum, com sede em Macau, integra nove delegados dos países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O chefe do executivo da região chinesa prometeu ainda organizar a sétima reunião da Comissão Mista Macau-Portugal e “reforçar a cooperação pragmática” com os países lusófonos em áreas como “energia, infraestruturas financeiras e economia digital”.

Ho referiu que o território vai reforçar a cooperação com as regiões vizinhas na China continental para organizar delegações empresariais aos países de língua portuguesa, “para a atracção de investimento e intercâmbio especializado”.

15 Nov 2023

O gelo certo

A semana passada foi publicada uma notícia na China continental sobre o uso excessivo de gelo nos refrescos de café, de que resulta a perda de concentração e de sabor da bebida.

Este caso não tem muito que saber. Em alguns estabelecimentos da China continental, dois terços dos copos que contêm os refrescos estão cheios de gelo e o outro terço é preenchido pela bebida propriamente dita. Independentemente da porção, concentração, ou sabor dos refrescos, os clientes sentem-se enganados. A avaliação sobre estas bebidas é a seguinte: “têm mais cubos de gelo do que café, e não mais café do que gelo.”

Quando um cliente compra um refresco de café na loja, pode pedir que sejam colocados o número de cubos de gelo do seu agrado. No entanto, se encomendar a bebida através da plataforma online, não é possível especificar o pedido. Isto acontece porque as plataformas não têm opção para indicar o número de cubos de gelo pretendidos.

Esta questão dos cubos de gelo não é nova. Em 2016, um consumidor dos Estados Unidos processou a famosa cadeia de cafés Starbucks e pediu uma indemnização. A Starbucks anuncia que os seus refrescos têm cerca de 7dl da bebida, no entanto, o gelo ocupa parte do conteúdo, pelo que a quantidade da bebida em si é menor. Estamos perante um caso de “misrepresentation” (“deturpação”). “Misrepresentation” é um termo jurídico do direito americano, que significa, neste caso, que a publicidade à bebida não está de acordo com os factos. No anúncio é dito que a bebida tem 7 dl e na verdade não tem. Existe deturpação na venda de produtos, se houver discrepância entre o que é anunciado e o que na realidade é vendido. A criação do termo legal “misrepresentation” tem como objectivo proteger os interesses dos consumidores.

Do ponto de vista do consumidor, a reclamação parece razoável. Mas do ponto de vista dos lojistas, o caso muda de figura. Como é que se pode servir uma bebida gelada se não tiver gelo? Em segundo lugar, temos de nos perguntar qual é o padrão que estabelece a quantidade de cubos de gelo que um refresco deve ter? Suponhamos que estabelecemos um padrão segundo o qual 3 dl de gelo é demasiado e 1,5 dl é pouco. Então, devem os consumidores pedir aos lojistas que meçam a quantidade de gelo que vão juntar às bebidas? Esta exigência iria criar um aumento da carga laboral da loja, uma diminuição da eficiência e um aumento do tempo de espera para ser atendido. Além disso, assumindo que a loja aceitava esta imposição, deveremos reflectir sobre o processo de vendas online. Uma bebida que vai ser entregue, pode levar 15 minutos a chegar ao seu destino, se, antes de sair da loja, lhe for adicionado apenas 1,5 dl de gelo, o mais certo é estar todo derretido quando chega ao cliente. A bebida gelada transforma-se numa bebida tépida. Se os consumidores reclamarem por este motivo, como é que as lojas podem lidar com a situação? Nos negócios, tem de se lidar com muitas questões.

A lei que define a “misrepresentation” e a exigência que os comerciantes anunciem os seus produtos de forma a reflectir a realidade, pretendem defender os direitos dos consumidores. Mas podemos pensar sobre o assunto, um copo de refresco de café custa menos de 50 patacas. Se um consumidor processar uma loja porque a bebida tem gelo a mais ou gelo a menos, que indemnização deve receber? Apenas 50 patacas? Os processos implicam muito tempo e dinheiro. Que sentido é que faz processar alguém para se receber 50 patacas de indemnização?

Evitar conflitos é a melhor forma de lidar com este tipo de problemas. Se o software da plataforma de encomendas online não tem a opção para escolher o número de cubos de gelo pretendido, deve passar a ter. As lojas também devem indicar nos menus que o cliente pode pedir a sua bebida com mais ou menos gelo. Desde que o cliente tenha escolha, o problema está resolvido à partida. Se os clientes continuarem insatisfeitos com a questão da quantidade de gelo, pedem à loja que lhes substitua a bebida por outra mais a seu gosto. Se a loja recusar a substituição do produto, o cliente pode considerar não voltar a comprar naquela loja produtos semelhantes. Estas medidas são mais eficazes e práticas do que pedir uma indemnização e levantar um processo.

No tempo quente, um refresco pode trazer alegria e prazer aos consumidores, não insatisfação e processos jurídicos. Esperamos que todos esqueçam os sentimentos negativos e desfrutem em conjunto dos refrescos de café.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

6 Set 2023

Exportações e importações com quebras em 2022

No ano passado, as exportações de mercadorias diminuíram 17,6 por cento em termos anuais e as importações caíram 9,1 por cento, de acordo com a informação da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Os dados com a estimativa preliminar da Balança de Pagamentos em relação a 2022 foram publicados ontem.

Face à redução das exportações e importações de mercadorias, o défice registado na conta de mercadorias diminuiu de 86,8 mil milhões de patacas em 2021 para 84,3 mil milhões em 2022, o que a AMCM explicou com o facto de o valor base das “importações ter sido superior ao das exportações”.

No que diz respeito ao valor das exportações da conta de serviços, registou-se uma redução de 31,7 por cento em 2022 “devido às exportações de serviços turísticos terem descido em consequência da pandemia”, indicou a AMCM. A registar uma tendência oposta, as importações de serviços subiram 6,4 por cento. “Reduziu-se entre 2021 e 2022 o superavit registado na conta de serviços, de 115,6 mil milhões de patacas para 66,7 mil milhões”, é frisado pelas autoridades.

Mais entradas

Na conta de rendimento primário, que reflecte os fluxos transfronteiriços dos rendimentos dos factores, o valor da entrada aumentou entre 2021 e 2022, de 46,6 mil milhões de patacas para 68,6 mil milhões. Ao mesmo tempo, o valor da saída diminuiu de 48,5 mil milhões para 30,8 mil milhões, registando-se, uma entrada líquida de 37,8 mil milhões em 2022.

Por outro lado, a conta de rendimento secundário, que inclui as transferências correntes entre residentes de Macau e não residentes, registou uma saída líquida de 9,4 mil milhões de patacas em 2022, o que representa um decréscimo de 3,4 mil milhões face à saída líquida de 2021.

Ainda em 2022, o superavit da conta corrente situou-se em 10,8 mil milhões de patacas, tendo caído 3,3 mil milhões, face a 14,1 mil milhões registados em 2021. O superavit a nível do comércio de serviços e a entrada líquida de rendimento primário compensaram o défice do comércio de mercadorias e a saída líquida de rendimento secundário.

31 Ago 2023

EUA | Secretária do Comércio enaltece abertura de comunicação “regular” com China

No final da sua visita à China, em Xangai, Gina Raimondo congratulou-se com a criação de novos canais de comunicação entre as duas nações

 

A secretária do Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, afirmou ontem que o maior sucesso da sua viagem à China foi ter conseguido estabelecer “comunicação regular” com as autoridades do país asiático.

“A maior conquista, após três dias de reuniões produtivas, foi o estabelecimento de comunicação regular”, disse Raimondo, em Xangai, onde concluiu a sua primeira visita à China, desde que assumiu o cargo, em 2021.

Na segunda-feira, a representante máxima da Casa Branca para o comércio anunciou uma série de novos canais formais de comunicação com Pequim, que vão abranger controlos de exportação e questões comerciais.

“Agora, temos de lançar estes mecanismos e ver quais as questões que podemos resolver”, antecipou. “No geral, é um excelente começo e, embora esteja muito claro que existe desafios a longo prazo, nos próximos meses veremos se há algum progresso”, acrescentou.

Pequim interrompeu o diálogo com Washington sobre questões militares, comerciais ou climáticas, em Agosto de 2022, em retaliação contra a visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi.

Conversa aberta

A secretária do Comércio dos EUA defendeu que as linhas de comunicação servem para abrir caminho para a criação de um “ambiente regulatório previsível e condições de concorrência equitativas”.

“Não espero resolver tudo da noite para o dia, mas tenho esperança de que uma comunicação mais directa permitirá mais transparência e menor risco de avaliações erradas”, apontou.

A responsável norte-americana explicou que, durante a sua estadia no país asiático, manteve reuniões “sinceras e construtivas”.

“Eu não estive com rodeios: consegui explicar claramente que vamos proteger as áreas em que achamos que devemos fazê-lo e que vamos promover as áreas que pudermos”, vincou. “Isto significa que a nossa segurança nacional não é negociável”, defendeu Raimondo.

Entre as principais divergências estão as restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de determinados produtos norte-americanos, em especial de alta tecnologia, para a China.

Uma das principais queixas de Pequim envolve os limites no acesso a ‘chips’ semicondutores e outras tecnologias norte-americanas, que ameaçam dificultar o desenvolvimento de telemóveis, sistemas de inteligência artificial e outras indústrias cruciais nos planos de modernização industrial do Partido Comunista.

Em Pequim, Raimondo defendeu a estratégia da administração de Joe Biden de tentar “reduzir riscos”, através do aumento da produção doméstica de semicondutores e outros bens de alta tecnologia nos EUA, e criar fontes adicionais de abastecimento, para reduzir as chances de interrupção nas cadeias de produção. Pequim considerou que aquela política visa isolar a China e dificultar o seu desenvolvimento.

“Não se destina a impedir o progresso económico da China”, disse Raimondo, durante uma reunião com o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, na segunda-feira. “Buscamos uma concorrência saudável com a China. Uma economia chinesa em crescimento que cumpra as regras é do interesse de ambos”.

Outros diálogos

Já na terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reuniu-se com Gina Raimondo, pedindo que os dois lados aumentem a cooperação mutuamente benéfica.

Li disse que as relações económicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos são mutuamente benéficas e de natureza de benefício recíproco. A politização dos assuntos económicos e comerciais e o exagero do conceito de segurança não só afectarão seriamente as relações bilaterais e a confiança mútua, mas também prejudicarão os interesses das empresas e dos cidadãos dos dois países, e terão um impacto desastroso na economia global, afirmou, citado pelo Diário do Povo.

Observando que a China é o maior país em desenvolvimento e os Estados Unidos são o maior país desenvolvido, Li disse que os dois lados devem fortalecer a cooperação mutuamente benéfica, reduzir o atrito e o confronto e promover conjuntamente a recuperação económica mundial e enfrentar os desafios globais.

“O respeito mútuo, a coexistência pacífica e a cooperação de benefício mútuo são os caminhos certos para a China e os Estados Unidos se darem bem. Esperamos que o lado norte-americano trabalhe com a China para adoptar ações mais práticas e benéficas para manter e desenvolver as relações bilaterais”, acrescentou.

Durante uma visita a Pequim, no mês passado, a Secretária de Estado do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, tentou tranquilizar as autoridades chinesas sobre as múltiplas restrições impostas pela Casa Branca.

O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, visitou também a China em Julho. O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, visitou Pequim no mês anterior, na visita de mais alto nível por um responsável norte-americano desde 2018.

30 Ago 2023

EUA | Secretária do Comércio defende em Pequim relação estável

A secretária do Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, considerou em Pequim “extremamente importante” que Estados Unidos e China tenham relações comerciais estáveis, numa altura em que as duas maiores economias do mundo tentam reduzir tensões

 

A responsável norte-americana, Gina Raimondo é a quarta funcionária do governo de Joe Biden a visitar a China este ano, num sinal de retoma do diálogo de alto nível entre os dois países.

As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.

“Bem-vinda. É um grande prazer iniciar este diálogo convosco, visando coordenar questões económicas e comerciais”, disse o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, no início do encontro com Gina Raimondo.

Os dois funcionários sentaram-se cara a cara, numa mesa preenchida pelas respectivas delegações, segundo imagens difundidas pela televisão estatal CCTV.

“As nossas trocas comerciais ascendem a 700 mil milhões de dólares. É extremamente importante que tenhamos relações económicas estáveis”, indicou Gina Raimondo ao seu interlocutor. “É um relacionamento complicado, um relacionamento difícil”, admitiu.

“É claro que discordaremos em algumas questões, mas penso que podemos avançar se formos directos, abertos e pragmáticos”, assegurou Raimondo.

O ministério do Comércio chinês disse na semana passada esperar que a reunião produza “discussões aprofundadas” sobre a “resolução de disputas económicas e comerciais”.

Entre as principais divergências estão as restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de determinados produtos norte-americanos, em especial de alta tecnologia, para a China.

Washington considera esta medida crucial para preservar a sua segurança nacional. Mas Pequim acredita que o objectivo principal é limitar o seu crescimento económico e desenvolvimento.

“Consideramos que uma economia chinesa forte é bom”, disse Gina Raimondo, que também viajará esta semana para Xangai, a “capital” económica da China.

Outras vistas

Durante uma visita a Pequim, no mês passado, a Secretária de Estado do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, tentou tranquilizar as autoridades chinesas sobre as múltiplas restrições impostas pela Casa Branca. O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, visitou a China em Julho.

Também o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, visitou Pequim no mês anterior, na visita de mais alto nível por um responsável norte-americano desde 2018.

Apesar de funcionários de ambos os lados expressarem optimismo, não houve nenhum anúncio sobre progressos nos diferendos que puxaram as relações para o nível mais baixo em décadas.

O Governo chinês deseja reavivar o interesse dos investidores estrangeiros na China, à medida que tenta reverter o abrandamento da economia do país.

A China está pronta para trabalhar em conjunto para “promover um ambiente político mais favorável” e “reforçar o comércio e o investimento bilateral”, disse Wang Wentao, sem dar detalhes sobre possíveis iniciativas.

Raimondo disse que os dois lados estão a trabalhar no estabelecimento de “novas trocas de informações”, visando um “compromisso mais consistente”.

“Acredito que podemos progredir se formos directos, abertos e práticos”, disse.

Pequim interrompeu o diálogo com Washington sobre questões militares, climáticas e em outros âmbitos, em Agosto de 2022, em retaliação contra a visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi.

Passos em volta

Antes de deixar Washington, Raimondo disse que estava à procura de “medidas concretas e viáveis” para avançar nas relações comerciais, mas não deu mais detalhes, reconhecendo apenas que os desafios são significativos.

Uma das principais queixas de Pequim envolve os limites no acesso a ‘chips’ semicondutores e outras tecnologias dos EUA, que ameaçam dificultar o desenvolvimento de telemóveis, sistemas de inteligência artificial e outras indústrias cruciais nos planos de modernização industrial do Partido Comunista.

“Em questões de segurança nacional, não há espaço para compromissos”, mas a maior parte do comércio entre EUA e China “não envolve preocupações sobre segurança nacional”, disse Raimondo a Wang. “Estou empenhada em promover o comércio e o investimento nas áreas que são do nosso interesse mútuo”, assegurou.

Raimondo defendeu a estratégia da administração Biden de tentar “reduzir riscos”, através do aumento da produção doméstica de semicondutores e outros bens de alta tecnologia nos EUA, e criar fontes adicionais de abastecimento, para reduzir as chances de interrupção nas cadeias de produção. Pequim considerou que aquela política visa isolar a China e dificultar o seu desenvolvimento.

“Não se destina a impedir o progresso económico da China”, disse Raimondo a Wang. “Buscamos uma concorrência saudável com a China. Uma economia chinesa em crescimento que cumpra as regras é do interesse de ambos”.

28 Ago 2023

Comércio | Retalhistas pessimistas face a terceiro trimestre

Comerciantes do sector do retalho não estão confiantes num bom volume de negócios para o terceiro trimestre deste ano. Dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) mostram que 48,2 por cento dos retalhistas prevêem a diminuição do volume de vendas em termos anuais, enquanto 38,4 por cento antecipam uma estabilização.

Por sua vez, 13,4 por cento projectam um aumento do volume de negócios. Ainda para os últimos três meses do ano a previsão de cerca de 47,4 por cento dos retalhistas é de que a situação de exploração dos estabelecimentos seja insatisfatória.

A DSEC revela ainda que 42 por cento dos retalhistas acreditam “numa situação estável de exploração”, enquanto 10,6 por cento “prevêem uma situação de exploração satisfatória”. Por sua vez, 78,7 por cento dos retalhistas prevêem a estabilização dos preços de vendas em termos anuais, 12,1 por cento antevêem uma diminuição e 9,2 por cento projectam o aumento.

No segundo trimestre do ano o volume de negócios foi de 21,58 mil milhões de patacas, um aumento anual de 59,3 por cento com a eliminação de factores que influenciam os preços.

Contudo, no segundo trimestre o volume de negócios caiu 10,2 por cento em relação ao primeiro trimestre do ano. De destacar que o índice do volume de vendas diminuiu 14,3 por cento em termos trimestrais.

25 Ago 2023

China-África | Comércio cresce 7,4% nos primeiros sete meses do ano

O comércio entre China e África aumentou 7,4 por cento, em termos homólogos, para 158 mil milhões de dólares, nos primeiros sete meses do ano, segundo dados difundidos ontem pelas alfândegas da China.

O país asiático continuou a ser o maior parceiro comercial de África, ao longo dos últimos dez anos. Em 2022, o comércio bilateral ascendeu a 257 mil milhões de dólares, um aumento de 14,8 por cento, face ao ano anterior.

Nos primeiros sete meses, as exportações da China para os países africanos cresceram 20 por cento, em termos homólogos, para 98 mil milhões de dólares, enquanto as importações atingiram 60 mil milhões de dólares, segundo os dados alfandegários.

Os dados apontam para um excedente comercial a favor da China de cerca de 43 mil milhões de dólares.

As exportações de barcos e automóveis aumentaram 81,3 por cento e 26,1 por cento, respectivamente, em termos homólogos. As vendas de produtos mecânicos e eléctricos aumentaram 32,5 por cento, compondo agora metade do volume do comércio bilateral.

A China permaneceu como o maior destino das exportações africanas. O petróleo bruto, minério de metal e produtos agrícolas compõem a maioria das vendas dos países africanos para o país asiático.

Entre as economias africanas, a África do Sul foi o maior parceiro comercial da China, nos primeiros sete meses do ano. Angola surge em terceiro lugar, atrás da Nigéria.

24 Ago 2023

Comércio livre | UE e Filipinas vão retomar negociações para acordo

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., e a líder da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, anunciaram ontem, em Manila, a retoma das negociações para um acordo de comércio livre, após oito anos sem progresso. “Especialistas do governo filipino irão trabalhar com a Comissão Europeia para alcançar um acordo bilateral de livre comércio”, anunciou Marcos, numa declaração lida após a reunião com Von der Leyen, sem direito a perguntas por parte da imprensa.

Esta é a primeira vez que um líder da CE visita as Filipinas e Von der Leyen sublinhou que a UE é o quarto maior parceiro comercial das Filipinas e o principal investidor estrangeiro, pelo que manifestou a necessidade de reforçar as relações comerciais, já que “muito mais” pode ser feito. O comércio bilateral entre as Filipinas e a UE atingiu 18,4 mil milhões de euros em 2022.

“As equipas vão trabalhar desde já para criar as condições para a retoma das negociações. Um acordo [de comércio livre] tem um enorme potencial para ambos, tanto em termos de crescimento como de emprego”, sublinhou a dirigente.

As Filipinas e a UE realizaram negociações para um acordo de comércio livre pela última vez em 2015, um ano antes do início do mandato presidencial de Rodrigo Duterte, que deu prioridade às relações económicas com a China. Von der Leyen lembrou “o custo da dependência económica”, numa referência indirecta à China, e indicou que um acordo pode ajudar a “diversificar as cadeias de abastecimento” e contribuir para modernizar ambas as economias graças à cooperação tecnológica.

1 Ago 2023

Comércio externo da China contrai em Maio

As exportações da China registaram em Maio uma queda homóloga de 7,5 por cento, enquanto as importações caíram 4,5 por cento, ilustrando a débil recuperação da segunda maior economia do mundo após o fim da estratégia ‘zero covid’.

As exportações caíram para 283,5 mil milhões de dólares, revertendo o crescimento de 8,5 por cento registado em Abril, face à queda na procura global por bens de consumo, depois de os bancos centrais dos Estados Unidos, Europa e países asiáticos terem subido as taxas de juro, visando travar a inflação galopante.

As importações voltaram a cair para 217,7 mil milhões de dólares, após registarem uma contração de 7,9 por cento no mês anterior.

A contração no comércio externo indica um desaceleramento na recuperação da economia da China, após Pequim ter abolido, em Dezembro, as medidas de prevenção contra a covid-19, que no ano passado empurraram o país para um ciclo de bloqueios que paralisaram a actividade económica.

A recuperação do consumo ficou também aquém do esperado, sinalizando falta de confiança dos consumidores, perante as fracas perspectivas económicas e possíveis perdas de empregos.

Da estagnação

Segundo dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) da China, a taxa oficial de desemprego jovem ascendeu a 20,4 por cento em Abril, um novo máximo histórico e muito acima do valor de 13 por cento registado em 2019, antes da pandemia.

Também a actividade da indústria transformadora da China voltou a contrair em Maio, de acordo com dados oficiais divulgados na semana passada.

O crescimento económico nos primeiros três meses do ano acelerou para 4,5 por cento, em comparação com igual período de 2022, mas os analistas dizem que o pico da recuperação provavelmente já passou.

O ritmo de crescimento ficou também aquém da meta estabelecida pelo Partido Comunista para este ano: “cerca de 5 por cento”.

O excedente comercial global da China em Maio diminuiu 16,1 por cento, em relação ao ano anterior, para 65,8 mil milhões de dólares, de acordo com a Administração Geral das Alfândegas.

No acumulado do ano, as importações caíram 6,7 por cento, em relação ao mesmo período de 2022, para pouco mais de 1 bilião de dólares. O crescimento das exportações, entre Janeiro e Maio, fixou-se em 0,3 por cento, ascendendo a 1,4 biliões de dólares.

7 Jun 2023

Comércio | Exportações lusófonas sobem 78,6% até Abril

As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau subiram 78,6 por cento nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022, indicaram dados oficiais divulgados ontem.

O valor exportado pelos países lusófonos para o território fixou-se em 508,9 milhões de patacas entre Janeiro e Abril, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau. A maioria veio do Brasil, no valor de 418,7 milhões de patacas, sendo composta sobretudo por carne, peixe e marisco. Macau comprou ainda a Portugal mercadoria no valor de 87,5 milhões de patacas, nomeadamente vestuário e acessórios, bebidas alcoólicas e aparelhos eléctricos.

Nos primeiros quatro meses do ano, o bloco de países de língua portuguesa comprou a Macau mercadorias no valor de 107 mil patacas, menos 86,7 por cento do que em igual período de 2022.

As exportações de mercadorias por Macau entre Janeiro e Abril foram de 4 mil milhões de patacas, menos 20,9 por cento, comparativamente ao mesmo período do ano passado, enquanto o valor importado de mercadorias foi de 47,3 mil milhões de patacas, ou seja, menos 7,8 por cento, em termos anuais, indicou a DSEC.

O défice da balança comercial de Macau nos primeiros quatro meses deste ano fixou-se em 43,3 mil milhões de patacas, menos 6,4 por cento relativamente a igual período de 2022.

31 Mai 2023

Comércio | Saldo com Macau favorável a Lisboa em quase 20,5 milhões

No ano passado, a balança comercial entre a RAEM e Portugal apresentou um saldo vantajoso para Lisboa, com as exportações para Macau a valerem 21 milhões de euros. Ainda assim, apesar da afinidade institucional entre os dois territórios, Macau é apenas o 85.º cliente da exportação de produtos portugueses

 

As exportações de Portugal para Macau representaram 21 milhões de euros no ano passado, com as compras a Macau a valerem 529 mil euros, tornando a balança comercial largamente favorável a Portugal.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), disponíveis no site da Agência para o Investimento, o saldo das trocas comerciais entre Portugal e Macau é favorável ao país europeu em quase 20,5 milhões de euros.

Macau foi o 85.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2022, com uma quota de 0,03 por cento no total, ocupando a 140.ª posição ao nível das importações, que valeram apenas 0,001 por cento. Apesar do valor residual das vendas de Macau a Portugal, as exportações daquela região para Portugal têm aumentado de forma consistente, tendo mais do que duplicado nos últimos anos.

“Ao longo do período 2017-2021 verificou-se uma diminuição média anual das exportações de 5,4 por cento e um crescimento de 164,6 por cento nas importações”, lê-se no site da AICEP, no qual se acrescenta que “a balança comercial de bens apresentou um excedente de 19 milhões de euros em 2021”, tendo melhorado para quase 20,5 milhões no ano passado.

Cabaz luso

Entre os principais produtos exportados para este mercado asiático destacam-se os Produtos Alimentares (46,2 por cento), os Produtos Agrícolas (20,5 por cento), os Produtos Químicos (19,4 por cento), os Instrumentos de Ótica e Precisão (2,7 por cento) e as Máquinas e Aparelhos (2,4 por cento), ao passo que os principais grupos de produtos importados foram os Produtos Químicos (59,4 por cento), as Máquinas e Aparelhos (15,7 por cento), as Pastas Celulósicas e Papel (4,5 por cento), o Vestuário (4,3 por cento) e o Calçado (3,8 por cento), segundo a AICEP.

No que diz respeito às remessas dos emigrantes portugueses em Macau, o Banco de Portugal apresenta um valor zero para os últimos anos, registando apenas um envio de 20 mil euros dos portugueses a trabalhar em Macau em 2020.

14 Abr 2023

DSEC | Comércio por grosso e retalho com mais trabalhadores

A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou que no quarto trimestre de 2022 o número de trabalhadores na área do comercio por grosso e retalho aumentou 4,5 por cento, face ao mesmo período de 2021. Só no sector do retalho o número de trabalhadores totalizou 41.017 trabalhadores, mais 4,1 por cento face ao período homólogo de 2021.

Pelo contrário, os salários destes trabalhadores foram, em média, 13.740 patacas, uma quebra de 1,7 por cento em termos anuais. Na área da segurança registaram-se 12.974 trabalhadores, que representa uma quebra de 0,4 por cento, com a remuneração média a ser de 12.880 patacas, menos 5,2 por cento. Nesta área, o número de vagas disponíveis foi de 1.111, menos 59 em termos anuais.

Em contraste, o número de vagas na área do comércio por grosso e retalho foi 2.632, ou seja, mais 796 em termos anuais. Para 86,9 por cento das vagas para seguranças foi exigido o equivalente ao ensino secundário geral ou inferior, bem como para 65,3 por cento das vagas na área do comércio por grosso.

14 Mar 2023

Exportações dos países de língua portuguesa para Macau sobem 46,9% em 2022

As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau subiram 46,9 por cento no ano passado, em comparação com 2021, indicaram dados oficiais ontem divulgados. No ano passado, o valor exportado pelos países de língua portuguesa para a região foi de 1,06 mil milhões de patacas, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Já o montante importado de mercadorias de Macau pelo bloco lusófono caiu 73,4 por cento, em termos anuais, ficando-se pelos dois milhões de patacas. Em 2022, o valor exportado de mercadorias subiu 4,3 por cento, comparativamente ao ano anterior, num total de 13,52 mil milhões de patacas, enquanto o valor importado foi de 139,8 mil milhões de patacas, ou seja, menos 9,1 por cento, em termos anuais.

O défice da balança comercial de Macau no ano passado fixou-se em 126,29 mil milhões de patacas, menos 14,62 mil milhões de patacas, face a 2021 (140,9 mil milhões de patacas). O valor total do comércio externo de mercadorias em 2022 correspondeu a 153,3 mil milhões de patacas e desceu 8,1 por cento relativamente aos 166,8 milhões de patacas registados em 2021, acrescentou a DSEC.

1 Fev 2023

Alfândegas | Comércio chinês com Rússia aumentou mais de 34% em 2022

O comércio entre a China e a Rússia aumentou 34,3 por cento, em 2022, segundo dados publicados sexta-feira pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático, convertendo Moscovo no parceiro comercial cujas trocas com Pequim mais aumentaram.

As trocas entre a China e a Rússia totalizaram 1,28 bilião de yuans, no ano passado, compondo 3,03 por cento do total do comércio exterior chinês, durante o exercício financeiro recentemente encerrado. As vendas de produtos chineses para a Rússia aumentaram 17,5 por cento, em relação ao ano anterior, enquanto o comércio na direcção oposta cresceu 48,6 por cento.

Os Presidentes da China e da Rússia, Xi Jinping e Vladimir Putin, respectivamente proclamaram, em Fevereiro passado, uma “nova era” nas relações bilaterais e assinaram um acordo que contemplava, entre outros aspectos, um aumento do comércio bilateral para cerca de 250 mil milhões de dólares anuais.

O conflito na Ucrânia e as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia impulsionou também as compras de Pequim a Moscovo.

A China pode comprar energia à Rússia sem entrar em conflito com as sanções impostas pelos Estados Unidos, Europa e Japão. Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Isto causa fricções com Washington e países aliados, ao aumentar o fluxo de caixa de Moscovo e limitar o impacto das sanções.

As importações chinesas oriundas da Rússia, sobretudo petróleo e gás, mais do que duplicaram, aumentando 110,5 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 10,2 mil milhões de dólares, segundo dados oficiais divulgados esta semana pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

No mesmo período, o comércio entre a China e União Europeia cresceu 5,6 por cento, face a 2021. Entre China e Estados Unidos, as trocas comerciais subiram 3,7 por cento.

No total, o comércio entre a China e o resto do mundo registou um aumento homólogo de 7,7 por cento, para 42,07 biliões de yuans. As exportações subiram 10,5 por cento e as importações 4,3 por cento.

16 Jan 2023

Comércio | China pede esforços aos EUA para melhorar laços

A China pediu sexta-feira esforços aos Estados Unidos para que as relações comerciais entre os dois países “voltem ao bom caminho” e garantiu que está “disposta a ouvir as opiniões das empresas norte-americanas”.

O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, afirmou, em comunicado, durante um encontro virtual com o presidente do Conselho Empresarial dos Estados Unidos e China, Craig Allen, que a “cooperação é benéfica para o bem-estar dos dois povos e desempenha um papel fundamental numa economia mundial em crescimento”.

“Os Estados Unidos impuseram restrições ao comércio e investimento chinês, adoptando práticas proteccionistas contra a China. Isto só prejudicou os interesses das empresas e povos em ambos os países”, acusou Wang.

O ministro chinês disse esperar que o lado norte-americano “veja correctamente” as oportunidades que o desenvolvimento da China “traz para os Estados Unidos e para o mundo”. “A modernização da China, com uma população de mais de 1,4 mil milhões de pessoas, traz grandes oportunidades para as empresas globais, inclusive norte-americanas”, frisou.

“A China está disposta a ouvir as opiniões de empresas estrangeiras, incluindo as dos Estados Unidos, e vai continuar a melhorar o seu ambiente de negócios, sempre com base na lei e orientado para o mercado”, acrescentou. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se, nos últimos anos, principalmente durante a presidência do líder norte-americano, Donald Trump.

Em Novembro, Xi Jinping e Joe Biden realizaram uma reunião na ilha indonésia de Bali, antes da cimeira do G20, que serviu para reduzir as tensões entre as principais potências mundiais e encenou uma reaproximação, com o objectivo de evitar que a rivalidade resulte num conflito aberto, embora ambos tenham permanecido firmes nas suas linhas vermelhas.

16 Jan 2023

Lusofonia | Exportações para Macau sobem 49%

As exportações de mercadorias dos países lusófonos para Macau, nos primeiros onze meses do ano, subiram 49 por cento, em comparação com igual período de 2021, indicam dados oficiais.

O valor exportado pelos países de língua portuguesa para a RAEM entre Janeiro e Novembro deste ano foi de 958 milhões de patacas, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Já o montante importado de mercadorias de Macau pelo bloco lusófono desceu 74,2 por cento em termos anuais, no valor de dois milhões de patacas.

A balança comercial de Novembro registou um défice de 11,57 mil milhões de patacas, referiu a DSEC.
Entre Janeiro e Novembro deste ano, os valores da exportação atingiram 12,7 mil milhões de patacas, ou seja, mais 6,4 por cento do que no mesmo período do ano passado, e o valor da importação de mercadorias alcançou 127,9 mil milhões de patacas, numa queda de 8,1 em termos anuais.

O défice da balança comercial nos onze primeiros meses de 2022 cifrou-se em 115,2 mil milhões de patacas, menos 12 mil milhões de patacas face ao período homólogo do ano transato, acrescentou a DSEC.

2 Jan 2023

Brasil | Investimento chinês triplicou em 2021 para nível pré-pandémico

O investimento directo chinês no Brasil totalizou 5,9 mil milhões de euros em 2021, três vezes mais do que em 2020 (1,9 mil milhões de euros) e regressou a níveis ‘pré-pandémicos’

 

No ano passado, o investimento chinês no Brasil chegou aos 5,9 mil milhões de euros, triplicando os montantes investidos em 2020 e retomando o volume registado antes da pandemia da covid-19 assolar o mundo.

Segundo um estudo divulgado ontem pelo Conselho Empresarial Brasil-China, o investimento do gigante asiático em projectos no Brasil em 2021 foi o maior nos últimos quatro anos, ultrapassando os cerca de 5,6 mil milhões de euros em 2019. O valor, contudo, ainda está muito abaixo do recorde de 2010 (cerca de 13 mil milhões de euros) e distante dos cerca de 8,8 mil milhões de euros de 2017, quando o investimento do país asiático no Brasil atingiu o seu segundo nível mais alto.

De acordo com o estudo, apesar de uma situação de instabilidade global devido à pandemia, as empresas chinesas investiram em 28 grandes projectos empresariais no Brasil no ano passado, principalmente nos sectores da electricidade e do petróleo.

Dos 28 projectos beneficiados, treze estão no sector da energia e dez nas tecnologias da informação. O sector do petróleo e gás recebeu 85 por cento do investimento no ano passado, principalmente devido à parceria da companhia petrolífera brasileira Petrobras com os gigantes chineses CNODC e CNOOC para a exploração de campos de águas muito profundas no Atlântico, ao largo da costa brasileira.

Investir nos Estados Unidos

Segundo o estudo do Conselho Empresarial Brasil-China, os investimentos chineses no Brasil entre 2007 e 2021 totalizaram cerca de 70,3 mil milhões de euros em 202 projectos diferentes, principalmente nos sectores da electricidade (45,5 por cento) e do petróleo e gás (30,9 por cento).

Enquanto o investimento chinês no Brasil saltou 208 por cento entre 2020 e 2021, o investimento para outros países sul-americanos cresceu apenas 30 por cento e para o mundo em 3,6 por cento.

Considerando o investimento acumulado da China no exterior entre 2005 e 2021, o principal destino é os Estados Unidos, com uma quota de 14,3 por cento, seguidos da Austrália (7,8 por cento), Reino Unido (7,4 por cento) e Brasil (4,8 por cento).

2 Set 2022

Greve ou fim do comércio em Macau

“De uma parte está a ordem superior de governo da metrópole e o compromisso do governo provincial com o arrematante do exclusivo [do liu-pun, o comerciante Chan Iü San de Hong Kong,] já concluído, tendo sido celebrado com todas as formalidades. De outra parte estão os lojistas chineses ligados pelo interesse comum, e unidos por meio de seus respectivos grémios, convencidos da necessidade de abolir este exclusivo para poder continuar o comércio a funcionar desafogadamente.”

Assim se discorre n’ O Macaense de 7 de Abril de 1892 e continuando: “Estudando bem a questão, não nos parece que esta reacção dos chineses seja uma oposição acintosa à acção do governo, mas é mais um acto de desesperação, causado pela decadência do comércio, que hoje sofre do mal-estar geral e não dá lucro algum.

Esta situação angustiosa, agravada pelo novo imposto, produziu um ressentimento contra o governo, que longe de auxiliar os negociantes, aliviando-os dos ónus que sobre eles pesam, veio ainda sobrecarregá-los tão inoportunamente, com um novo exclusivo que ameaça afugentar daqui para a frente.” Impressão deixada “após uma discussão desapaixonada com vários lojistas sob o assunto, e aqui a consignamos franca e lealmente.” E prosseguindo: “Para os chineses a greve funda-se no espírito de associação de que vem a força, e tanto pode significar uma pressão suave e indirecta aos poderes públicos, como uma manifestação colectiva de vontades, mui eficaz nos resultados práticos e imediatos, o que – diga-se a verdade – nunca pode ser condenado em vista do regime da liberdade d’ indústria e livre concorrência, sobretudo quando não seja acompanhado de ameaças ou violência. A intervenção das autoridades é só justificável quando haja ameaça contra a segurança dos direitos individuais, ou receio da perturbação da ordem. Folgamos de ver que estes princípios são respeitados e até afirmados no edital de S. Exa. o Governador, (…) Nem outra cousa era de esperar do ilustrado e enérgico governador.”

O Edital do Governador, publicado a 6 de Abril por causa da suposta greve dos negociantes de vinho, foi lido pela cidade. Em cortejo, “o procurador dos negócios sínicos acompanhado de um intérprete e de todo o pessoal administrativo, precedido de uma escolta de polícia com dois tambores à frente, percorreu todas as ruas da cidade.

A leitura do edital foi feita por um amanuense chinês da repartição do expediente sínico, que se punha em pé sobre o jenricksha [riquexó] para daí o ler. Um grande grupo de garotos acompanhava esse séquito fazendo uma vozearia infernal de mistura com os rufos do tambor.” Do edital [transcrito já em anteriores artigos] faltava-nos apenas publicar a apresentação do Governador feita por o próprio: <Custódio Miguel de Borja, capitão-de-fragata da marinha real portuguesa, ajudante de campo honorário de Sua Majestade El-Rei, comendador da ordem militar de S. Bento d’ Aviz, da de Leopoldo da Bélgica e do mérito naval de Hespanha, cavaleiro da ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, da de Aviz e da Legião de Honra de França; condecorado com as medalhas militares de prata das classes de bons serviços e comportamento exemplar; antigo deputado da Nação, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário de Sua Majestade Fidelíssima nas cortes da China, Japão e Siam, Governador da província de Macau e Timor e suas dependências, …”

Refere o articulista, “Não podemos prever por enquanto qual a solução. Confiamos, porém, na alta inteligência e reconhecida prudência do chefe de colónia, que decerto não trepidará perante qualquer medida quando ela seja necessária para conservação do prestígio da autoridade, mas ao mesmo tempo não deixará sua Exa. de estudar a questão sob todos os seus aspectos.”

Opinião chinesa

Na rubrica Comunicado, ainda n’ O Macaense de 7 de Abril, um negociante chinês publicou a opinião: Os chineses consideram o vinho liu-pun como um dos géneros de primeira necessidade. Não há chinês, desde o mais rico até o mais pobre, que não faça uso do liu-pun nas suas refeições. Os da classe de operários e de carregadores preferem ficar sem comer a ficar sem beber o liu-pun. Acontece muitas vezes, quando o seu trabalho diário não dá o suficiente para o jantar, em que o arroz é indispensável para os chineses, compram um bocado de carne ou de peixe e comem-no acompanhado sempre do liu-pun, empregando no vinho a verba com que deviam comprar arroz.

Na generalidade os chineses, principalmente os da classe dos operários e carregadores, destinam 10 a 12 sapecas para vinho por cada refeição, o que corresponde por mês a 70 avos pouco mais ou menos. Para o arroz que é indispensável para os chineses e que constitui o principal género alimentício, os operários em geral não gastam mais do que 30 a 40 sapecas por dia, isto é, pouco menos do que o dobro do que se gasta com o vinho.

O liu-pun é tão necessário como o arroz para os trabalhadores; portanto se esses homens tiverem de despender mais 3 ou 4 sapecas por cada refeição ou 20 avos por mês, deixarão de beber ou diminuirão a porção usual. Em qualquer desses dois casos o resultado será decerto prejudicial ao comércio de vinho.

Asseguram os negociantes de vinho que, se tiverem de pagar a taxa de 4 sapecas por cada cate, pouco ou nenhum lucro auferirão; e o vendedor precisando de baratear o vinho, ver-se-á na necessidade de adulterá-lo para poder conseguir algum lucro.

As lojas chinesas de Macau não dão bons salários aos seus empregados, mas dão-lhes cama e mesa livre e nas suas refeições é indispensável o vinho, portanto o exclusivo de liu-pun virá não só lesar os indigentes como os donos das lojas que terão de despender mais com o salário do pessoal.

De mais o negócio do liu-pun está ligado ao do arroz. Rara é a loja de arroz que não tenha um ou mais alambiques para destilar o vinho, por tanto qualquer prejuízo que sofrerem os negociantes de vinho, terão nela parte os negociantes de arroz.

Finalmente é natural que as lojas de vinho mudem para Lapa ou Chin-san, onde quase nenhum imposto terão de pagar, levando consigo muitas outras lojas de diferentes géneros, o que contribuirá para enriquecer a ilha da Lapa com grande prejuízo desta cidade, como ainda há poucos anos aconteceu com o negócio de peixe salgado, que custou muito ao governo trazê-lo de novo para Macau.

Os chineses não se sublevarão por causa deste imposto; mas ver-se-ão obrigados a abandonar paulatinamente esta cidade por não poderem suportar tantos impostos com que já estão sobrecarregados. É esta a opinião de um chinês. Os negociantes enviaram no dia 5 uma petição ao Leal Senado.

16 Ago 2022