China erradica pobreza extrema nas vésperas do centenário do Partido Comunista Hoje Macau - 1 Fev 2021 Por João Pimenta, da agência Lusa No interior da região de Guangxi, sudoeste da China, blocos de apartamentos, auto-estradas, fábricas ou cooperativas agrícolas erguem-se onde outrora o isolamento e êxodo dos mais jovens ditavam a pobreza extrema de milhões de camponeses. “Agora, tenho uma fábrica perto de minha casa”, diz Wang Xiaoyuan, operária fabril, de 32 anos, residente na prefeitura de Fangchenggang, no extremo sul da província. O emprego na fábrica de têxteis, onde o som acompassado das máquinas atesta a monotonia do trabalho de tecelagem, paga o equivalente a 380 euros por mês, mas Wang, que passou a maior parte da juventude a cerca de 2.000 quilómetros de casa, está “satisfeita”. “Depois do trabalho, posso voltar a casa e cuidar dos meus filhos”, descreve à agência Lusa. Longe do espectacular desenvolvimento económico que se formou no litoral da China, com mega metrópoles e uma classe média composta por mais de 500 milhões de pessoas, o interior do país asiático permaneceu sobretudo pobre. Porém, com o aproximar do seu centésimo aniversário, em Julho de 2021, o Partido Comunista Chinês (PCC) acorreu a cumprir com um dos principais desígnios da sua fundação: garantir prosperidade para todos, num país historicamente de grandes desigualdades sociais. Residentes rurais idosos receberam doações em dinheiro e o Governo lançou esquemas para fomentar a criação de emprego para quem dependia da agricultura de subsistência, incluindo através da formação de cooperativas agrícolas ou da abertura de fábricas. “Certamente não falharemos, apenas o sucesso é possível”, assegura Zhang Zhenguo, vice-secretário do PCC em Fangchenggang, à Lusa. “Os funcionários do Partido Comunista têm de concluir a política delineada pelo Comité Central”, aponta. Na vila de Xingren, no norte de Guangxi, bancos agrícolas detidos pelo Estado concederam às famílias locais empréstimos isentos de juros, até ao equivalente a sete mil euros, para impulsionar a abertura de negócios. “Uma das medidas consiste em disponibilizar empréstimos a famílias pobres, para que desenvolvam as suas indústrias”, explica à Lusa Li Xiang, secretário local do PCC e um de milhares de quadros do Partido enviados para áreas remotas do país. “Algumas [famílias] investem na criação de porcos, gado ou bicho-da-seda, ou no cultivo da amora silvestre”, descreve. Ao fim da tarde, no inverno ameno de Guangxi, as ruas dos bairros, recentemente construídos entre as formações cársticas típicas da região, enchem-se de crianças. Os mais velhos jogam cartas nos espaços comuns. Segundo dados oficiais, Pequim gastou o equivalente a mais de 77 mil milhões de euros, entre 2016 e 2020, para eliminar a pobreza extrema. Críticos dizem que os programas de redução da pobreza na China dependem fortemente de financiamento público, levantando questões sobre a sua sustentabilidade a longo prazo. Mas Liu Yuanju, investigador no Instituto de Direito e Finanças de Xangai, argumenta que a campanha adotou uma “abordagem orientada para o mercado”, recorrendo ao comércio eletrónico para escoar a produção das áreas rurais. “Os empréstimos servem para apoiar a produção, não são apenas uma oferta, mas antes um incentivo ao desenvolvimento das indústrias e empresas locais”, diz à Lusa. “Através das plataformas de comércio eletrónico é possível conectar a produção de áreas remotas com os consumidores das grandes cidades de forma muito eficiente”, sintetiza. O país asiático continua a registar grandes desigualdades sociais, que foram agravadas pela pandemia da covid-19. Em 2020, o consumo na China caiu 5%, mas as compras de produtos de luxo subiram quase 50%, face ao ano anterior. A China tem também mais bilionários do que os Estados Unidos e a Índia juntos. No entanto, cerca de 600 milhões de pessoas ganham o equivalente a 120 euros ou menos, segundo dados do Governo chinês.
Os Amigos de Zhang Yu e a Nostalgia da Errância Paulo Maia e Carmo - 1 Fev 2021 Nizan (1301-1374), o mais livre dos pintores da dinastia Yuan (1279-1368), passou o seu tempo vagabundeando desde que, em 1366, abandonou a sua casa fugindo a um ataque de soldados saqueadores que prenunciavam já o fim da dinastia, alojando-se em casa de amigos, em mosteiros budistas, reflectindo no espaço a liberdade do seu espírito. Esses poucos que encontrou no mundo e que o receberam não o impediam de perceber um outro olhar de outros que o desprezavam, ao contrário a sua sensibilidade permitia-lhe reconhecer a sua vida como uma anomalia, quiçá um caminho para uma outra coisa e essa seria indizível. «Aquilo que designo como pintura não é mais do que a alegria de desenhar despreocupadamente com o pincel. Não busco a semelhança, faço só o que me entretém e alegra. Recentemente vinha caminhando ao acaso e cheguei a uma cidade. As pessoas que lá quiseram saber das minhas pinturas queriam-nas exactamente como desejavam, representando um momento particular. Então, foram-se embora insultando-me, amaldiçoando-me de todas as maneiras possíveis.» A sua via estranha seria prosseguida por outros individualistas como Huang Gongwang ou Wu Zhen entre outros. Mais tarde, quando os historiadores da pintura, escolheriam estes como os pintores que estavam no caminho certo. Porém ao lado deles, pintores como Zhao Mengfu (1254-1322) e outros, persistiriam aparentemente num outro modo de representação que se alguns consideraram mais conservador porque referindo os modelos clássicos, mostravam a mesma dor de um impreciso exílio. Foi o caso de um pintor de Suzhou que, ao contrário de Nizan, terá ficado em casa. Zhang Yu (1333-1385?) foi poeta, calígrafo e pintor numa era em que estas artes, que perseguiam objectivos diferentes, eram praticadas pelos mesmos artistas. Num tempo em que era perigoso viajar, o pintor fez questão de celebrar a amizade em Suzhou, pelo que se pode deduzir do seu memorável grupo dos «Dez amigos da Muralha do Norte» da cidade. No mesmo ano de 1366 em que Nizan abandonava a sua morada, Zhang Yu fez a pintura de uma paisagem intitulada «Nuvens de Primavera sobre o estúdio dos pinheiros» (rolo vertical, tinta e cor sobre papel, 92,1 x 31,8 cm e que está no Metmuseum em Nova Iorque) em que, tal como nas pinturas de Nizan, não aparecem figuras humanas mas em que, pressentindo-se o mesmo nostálgico sentimento de quem se quer um eremita, tudo é enganosamente próximo do real. Os «pontos de Mi» nos cumes das montanhas, referência cultural que alude a Mi Fu (1074-1151) denunciam o seu carácter artificial. Talvez um dos seus amigos, Wu Gui, escreveu na pintura um poema: «Mestre Zhang, inspirado e elegante,/ No seu estúdio dos pinheiros, com o seu pincel delicado, fez maravilhas./ Tantas vezes a poesia evoca a pintura,/ Mas como é semelhante a comparação que a pintura evoca.”
Quarenta ambulâncias em seca Hoje Macau - 1 Fev 2021 As novidades sobre Portugal são catastróficas. Fazemos um esforço enorme em enviar-vos acontecimentos alegres, de grande satisfação, de uma inauguração de um novo complexo social que albergue os idosos não lhe chamando lar, mas um local de convívio com moradias pequenas concedendo autonomia aos utentes; um aumento das reformas que fosse digno de um país europeu; um partido político novo que emergisse com o intuito principal de ocupar um verdadeiro centrão entre o PS e o PSD de modo a combater a corrupção profundamente e anunciando uma política de favorecimento e melhoria da vida dos portugueses. Mas não se encontra nada que nos anime. Ainda recentemente fiquei incrédulo e revoltado quando conversei com um amigo que viveu em Macau e que está em Lisboa desde 2005 como cuidador informal sem nunca ter recebido qualquer apoio estatal. O país está angustiado. Em algumas autarquias toda a vereação e a população estão desorientados e impotentes no combate à covid-19. Os hospitais regionais já passaram do limite e enviam os pacientes infectados para outros hospitais. As novidades que vos posso enviar só vos entristecem e isso deixa-me desolado por não vos proporcionar algo de bom. Mas é a realidade deste Portugal que na semana passada deixou-nos com três acontecimentos particularmente chocantes. Custa a acreditar, muitas vezes, que exista governo, presidente da República, deputados, gestores de hospitais e aquela coisa que inventaram para dar uns tachos a amigos e a que deram o nome de Protecção Civil, a qual nem apoio soube dar às dezenas de bombeiros que têm estado dias à porta das urgências dos hospitais. O país ficou incrédulo quando soube que a vacinação contra a covid-19 tinha sido interrompida porque deixaram estragar milhares de unidades. Como é possível tanta incompetência? E ainda sobre as vacinas assistimos a uma guerra suja e incompreensível de quem é que devia ser vacinado primeiramente, se os profissionais de saúde e os idosos ou os políticos? Chegámos ao ponto de ouvir no parlamento um deputado a dizer: “Mas porque razão é que eu tenho de ser vacinado quando tenho em casa os meus pais com 90 anos e não fazem parte do lote de cidadãos a vacinar?”. Custa a acreditar como é que Portugal passou para o primeiro lugar mundial no número de infectados por cada milhão de habitantes. A segunda faceta a que assistimos, vá lá, foi uma bofetada sem mão à GNR e a outras autoridades que passaram o verão a perseguir e a multar os autocaravanistas. Não os deixavam estacionar em lado nenhum e em locais junto às praias. Pois, os autocaravanistas deram uma lição de humanismo e solidariedade. Decidiram levar as viaturas para os hospitais, a fim de proporcionar aos profissionais de saúde umas horas de sono e não terem de se deslocar a suas casas, muitas vezes a residirem do outro lado do Tejo e esta atitude nobe dos caravanistas veio provar que os hospitais não têm estruturas para o seu pessoal. A terceira vergonha que tenho para lamentar diz respeito a algo nunca visto. O Hospital de Santa Maria tinha fama de eficiente e de uma organização louvável. Inclusivamente tem um piso somente dedicado a doentes de cardiologia e cujos profissionais têm fama em todos os continentes. De um dia para o outro, tudo foi por água abaixo. Ou porque os profissionais de saúde estão exaustos ou não há local para receber os doentes, imaginem as ambulâncias a chegar às urgências e a ficarem em fila horas e horas. Quando falamos em horas, dizer-vos que houve ambulâncias em que os seus doentes esperaram 18 horas no interior da ambulância sem assistência, sem oxigénio e sem qualquer alimento. Uma bombeira heroína mandou vir uma pizza e distribuiu-a por dez colegas que ali estavam sem comer há mais de 12 horas. E o absurdo aconteceu: 40 ambulâncias em fila a aguardar assistência. Escrevi quarenta, é surreal ou inacreditável. Os doentes no interior das 40 ambulâncias desesperaram e pioraram. Só no dia seguinte foram contemplados com uma triagem móvel. Não tinham nada para comer. A dada altura, lá apareceu a solidariedade de muita gente que foi levar alimentos aos doentes e aos bombeiros. O caos instalou-se à porta do hospital de Santa Maria e as 40 ambulâncias em fila já decoraram várias páginas de jornais internacionais. É assim que estamos em Portugal: confinados, doentes, amedrontados, com os miúdos endiabrados em casa, com os bares clandestinamente a servir bebidas até a polícia aparecer e até proibidos de regressar ao local de trabalho em Inglaterra ou no Brasil, após o governo ter decretado a suspensão de voos para esses países a contas com variantes da covid-19.
Suicídio | Macau abaixo da média internacional Andreia Sofia Silva - 1 Fev 2021 Os Serviços de Saúde (SS) garantiram, em resposta a uma interpelação da deputada Agnes Lam, que a taxa de suicídio em Macau está abaixo da média internacional, tendo em conta que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de mortalidade de suicídio é considerada alta quando esta é de 13 mortes por 100 mil habitantes. “Observando a situação do suicídio em Macau, esta tem estado abaixo dos padrões nos últimos anos, pelo que Macau não pertence a uma área onde o suicídio é alto”, lê-se na resposta. “Se considerarmos apenas a situação da morte por suicídio dos residentes de Macau, em 2019 foram registados os dados mais baixos dos últimos dez anos, por isso 2020 registou um aumento em relação a 2019, mas a situação é semelhante a 2018”, acrescenta a resposta. Os SSM citam dados relativos ao ano passado em que foram registados 53 casos de morte por suicídio nos primeiros três trimestres, “o que representa um aumento de cinco casos face ao período homólogo de 2019”. Os motivos para o suicídio estão principalmente relacionados com doenças mentais, crónicas ou físicas, dos quais 12 (22,6 por cento) com registo de consulta psiquiátrica. “Após a análise registaram-se 19 casos de doenças crónicas ou físicas, ou seja, mais seis do os 13 casos registados no ano anterior, 13 casos de doença mental, um número superior em um caso comparado com os 12 do ano passado. Há dez casos relacionados o jogo e problemas financeiros, sendo o número igual ao mesmo período do ano passado”, adiantam ainda os SSM. Relativamente à linha aberta de apoio psicológico no âmbito da covid-19, até Novembro do ano passado foram registados 58 pedidos de informação. Da parte do Instituto de Acção Social, entre Janeiro e Novembro do ano passado registaram-se mais de seis mil telefonemas de pedidos “envolvendo principalmente problemas emocionais e mentais”, no âmbito de uma linha aberta de aconselhamento operada por este organismo.
GP Macau vai (e tem que) caminhar para um futuro sustentável Sérgio Fonseca - 1 Fev 2021 Ainda não é certo quando será realizada a 68ª edição do Grande Prémio de Macau, mas uma coisa é certa, se no fim de semana de 18 a 21 de Novembro a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR realizar a sua prova final no Circuito da Guia, como está escrito no calendário internacional da FIA, então será aberto um novo capítulo no evento – a estreia dos biocombustíveis. A organização da WTCR anunciou na passada sexta feira que os carros da WTCR serão alimentados pela primeira vez por uma gasolina especial com 15% de componentes renováveis. Estes componentes não-fósseis são derivados do bioetanol produzido através da celulose e biomassa lenhosa, assim como de combustível bio-sintético (totalmente renovável). “A nomeação da P1 Racing Fuels como fornecedor oficial de gasolina da WTCR é um importante primeiro passo em direcção ao uso de um combustível 100% sustentável no campeonato, como delineado no roteiro de implementação que temos definido para a introdução dos biocombustíveis na WTCR”, disse Alan Gow, o presidente da Comissão de Carros de Turismo da FIA. Apesar de ser uma novidade numa prova como o Grande Prémio de Macau, o uso de biocombustíveis no desporto não é novidade, como relembrou ao HM o engenheiro macaense Duarte Alves, que em Inglaterra “já em 2006 corríamos com um Aston Martin DBRS9 que usava E85 (85% de etanol). E em 2007, quando estive nos EUA, com um Aston Martin Vantage GT2, este também usava E85. No entanto, obrigava-nos a ter um depósito de combustível muito maior e a utilizar pressões mais altas no sistema de injeção. Julgo que, em termos de balanço ‘ecológico’, era complicado, pois utilizava 30% mais de combustível em termos de volume. Na altura, não pegou muito porque a tecnologia ainda estava nos seus primórdios e os custos que implicava não a justificam”. Com a indústria automóvel em plena transformação, o automobilismo não escapará à tendência e, por ser um alvo fácil, está rapidamente a passar das palavras aos actos. A questão da sustentabilidade energética e da produção de gases que contribuem para o efeito de estufa são uma preocupação para a FIA. Por isso, não é por acaso que assistimos a um crescente de novos campeonatos com carros eléctricos, enquanto que as principais competições apostam em sistemas híbridos – F1, WRC, WEC, etc – e outras tecnologias mais amigas do ambiente. O hidrogénio é a aposta futura para os organizadores do Dakar e de Le Mans. Por seu lado, a F1, que pretende chegar à neutralidade carbónica em 2030, acredita que a gasolina sustentável, sobretudo os “e-fuels” – que recorrem ao carbono presente na atmosfera para sintetizar petróleo – serão o futuro da indústria automóvel e do automobilismo, uma vez que, no limite, haverá um circuito fechado que não acarretará um aumento de dióxido de carbono para a atmosfera. Não há marcha-atrás Para Duarte Alves, o responsável pelo carro vencedor da classe principal das Thailand Super Series no ano passado e do Audi que terminou em segundo na Taça GT, o Grande Prémio de Macau precisa de olhar atentamente para esta questão ambiental se quiser conservar a relevância no panorama internacional. “Sem dúvida que Macau também deveria ter pelo menos uma categoria destas que promovam um futuro sustentável. Isto, se realmente quiser estar à frente e ser uma referência como evento a nível mundial”. Por outro lado, Duarte Alves acredita que “juntar o legado do Grande Prémio a tecnologias ecológicas será um bom argumento para dar uma boa imagem do evento”, referindo, que do outro lado da moeda, “há sempre um problema a ultrapassar que neste caso são os elevados custos que implicam às equipas e obviamente a disponibilidade de equipamento ou carros”. Os sistemas híbridos ou célula de combustível (hidrogénio) são por agora inacessíveis em massa, enquanto que os carros eléctricos de competição pecam pela autonomia ou têm ainda limitações técnicas que impossibilitam a sua utilização num circuito tradicional, como o Circuito da Guia. Já os biocombustíveis têm no seu custo actual o maior entrave, mas permitem manter a base dos sistemas de combustão actual e até o som do roncar dos motores, uma das críticas principais dirigidas às corridas com carros eléctricos pelos adeptos mais conservadores do automobilismo. Uma coisa é certa, a gasolina tal como a conhecemos tem os dias contados. Igual nas motas A aplicação de energias sustentáveis na categoria de duas rodas não será muito diferente daquela que está acontecer nas quatro rodas, basta lembrar que a Ilha de Man TT tem há vários anos uma categoria exclusiva para as motas eléctricas, a “TT Zero”. Em 2018, Michael Rutter disse ao HM que acreditava que uma moto de TT seria capaz de completar as 12 voltas do Grande Prémio de Motos. Sobre a possibilidade de no futuro a corrida combinar na mesma corrida as motos convencionais, com as motos eléctricas, Rutter, um também vencedor na “TT Zero”, afirmou que tal cenário não é de todo inconcebível. “Definitivamente, isso não seria impossível, dependendo da gestão da potência e da velocidade por volta (das motas eléctricas). Mas só experimentando no circuito de Macau é que seria realmente possível perceber a diferença por volta destes dois tipos diferentes de motos”, explicou ao HM o britânico sobre algo que provavelmente um dia poderá ser avaliado. “A maior diferença de uma moto eléctrica para uma moto com motor a combustão é o ‘feeling’ que tens da mota”, esclareceu o veterano natural de Stourbridge. “Principalmente quando aceleras. Não há o atraso habitual, não tens de esperar (que a potência seja entregue à roda). Não consegues pôr a roda traseira a patinar”.
2021 Ano Xin Chou do Búfalo de Metal José Simões Morais - 1 Fev 2021 No dia 3 de Fevereiro de 2021 celebra-se o Lichun, Princípio da Primavera, que para os geomantes do Feng Shui dá início ao ano, enquanto o Ano Lunar Chinês só começará a 12 de Fevereiro e por terminar a 31 de Janeiro de 2022 não contará com nenhum Lichun. Por isso será um ano cego, não sendo auspicioso iniciar projectos, negócios, ou casar. As eras na China começaram a ser contadas no ano de 2697 a. E.C. e desde então já ocorreram setenta e oito ciclos de 60 anos cada e no actual ciclo, 2021 é o 38.º, que corresponde a Xin Chou (辛丑, em cantonense San Tch’ao). O Caule Celeste Xin (辛) associado ao Elemento Metal yin está conjugado com o Ramo Terrestre Chou (丑), representado no Zodíaco chinês por o animal Búfalo, cujo Elemento é Terra yin. Metal yin encontra-se por cima de Terra yin, quando no ciclo criativo, Terra faz nascer Metal e assim o juntar mais Metal à Terra. Será um ano de predominância Metal yin e daí os conflitos passarem despercebidos, a parecer coisa leve, pois para atormentar já basta o problema causado pelo vírus covid. Tal como no ano do Rato (Geng Zi), o do Búfalo (Xin Chou) continuará a ser bastante difícil e teremos de manter uma rigorosa disciplina a exigir as qualidades do animal do ano, obediente, dócil, tenaz e árduo trabalhador. Apenas com disciplina e muita atenção ao que nos rodeia se conseguirá reverter a difícil situação vivida no planeta. Esse esforço será como tentar unir os maxilares ao morder algo difícil; Mordidela correspondente ao hexagrama 21 apresentado no “Tui Bei tu” (Empurrar pelas costas) a acompanhar o desenho 38.º, cujo título é Xin Chou (辛丑). Entre os sessenta desenhos do livro “Tui Bei tu”, cada, com um título, um poema e um hexagrama do Yi Jing, ao olhar para o 37.º, a corresponder ao ano Geng Zi, a imagem é de água de onde emerge uma cabeça humana nos braços do deus da Morte e no desenho 38.º, título Xin Chou, o pátio exterior em frente à porta de entrada tem corpos estendidos pelo chão. Este livro, escrito por Yuan Tiangang e Li Chunfeng, na China da dinastia Tang no século VII, baseia-se no ciclo de sessenta anos que conjuga os dez Caules Celestes (Tian Gan, 天干) com os doze Ramos Terrestres (Di Zhi, 地支) e por cíclica repetição se prediz o que ocorre em cada um dos 60 anos do ciclo (Jia Zi, 六十甲子). No poema para o ano 38.º, a primeira parte do texto refere: fora da porta está um veado [tesouro antigamente reservada para ser caçado apenas por o imperador] e muitos são os que o querem ter, mas nessa luta haverá danos colaterais pois, magoarão pelo fogo as aves, mesmo a voar nas alturas, e os peixes, até os que vivem nas águas profundas. Os perigos do ano Nem com todas as medidas rigorosas o vírus deixará de estar presente e o que anteriormente era simples e fácil de realizar, agora representa um perigo. É no estar social, com abraços e beijos, encontros nos cafés, restaurantes e lugares de diversão, assim como nas viagens e no trabalho, que emerge o perigo e daí o controlo, tanto pela nossa consciência, como por novas regras proibitivas. No mundo, a maioria das pessoas aceitou essa perda de liberdades devido à pandemia, mas no Ocidente, com as liberdades adquiridas como individuais, muitos desafiam as medidas proibitivas e essa é uma das razões para o número de mutações do vírus e de mortos. Fechados em casa, devido ao isolamento físico ser a receita para levar de vencida a epidemia, somos colocados em vivência no seio da família. Se por um lado é positivo, pois permite um conhecimento mais íntimo e profundo entre filhos e pais, existindo maior disponibilidade para se escutarem uns aos outros, esse estar intenso e permanente abrirá espaço a discórdias, sem lugares para escapar. Tensões a provocar discussões para descarregar e devido a interesses divergentes, fruto de cada um se preocupar apenas com o que pensa, mas não como pensa, ou o normal e ancestral conflito de gerações, esses problemas só por amor se podem harmonizar. Abrir espaço à compreensão do outro, escutando-o sem necessidade de colocar a nossa visão na conversa e a comunicação relaxada desanuvia a pressão em que vivemos. A epidemia leva cada um a isolar-se no seu espaço e no virtual se refugiar. Daí a internet, como principal ferramenta para comunicar, a permitir substituir o trabalho no escritório e as aulas presenciais, assim como fazer reuniões, com amigos ou empresas, e mesmo entre países. Com maior protagonismo disponibiliza novos programas, jogos e entretenimentos, levando as pessoas a nela mergulhar todo o estar, individualizando-se e a perder o contacto ao vivo. Assim, o número de divórcios aumenta e prefere-se ter animais de estimação a filhos ou a parceiros. O individualismo ganha contornos de pandemia e outros, fugindo da família, encontram refúgio nas associações cujos interesses crêem representar. As compras ‘on-line’ ganham um valor inimaginável, transfigurando o comércio, desde o local ao mundial. Os centros das grandes urbes perdem população, pois cada vez mais pessoas ficam a trabalhar em casa e escolhem ir viver para fora das cidades, refugiando-se nas aldeias. Assim, os espaços de escritório e lojas de comércio local terão de ser reorganizados e muitos fecharão, fazendo cair os preços das rendas. Negócios desaparecerão, muitas companhias vão à falência e os governos, sobre pressão financeira, cortam nos projectos, havendo um recorde de desempregados. Assaltos e manifestações de rua serão frequentes e em desespero tomam formas violentas, aproveitando alguns para destruir e roubar, a aumentar mais o caos. Sob pressão da pandemia “Como será o nosso mundo?”, pergunta feita por Edward Li ao Livro das Mutações (Yi Jing), respondida com o hexagrama 60, Jié, A medida (o controlo), Água sobre Lago. A família é o centro e passar longo tempo em casa torna-se o novo e natural estar. Se não sair de casa não haverá problemas. Mas Jié tem aqui três significados. O primeiro, não desperdiçar e economizar, nos gastos e recursos naturais, água, electricidade, comida e bens primários. O segundo, corte, nas despesas familiares e governamentais, e as empresas despedem. O terceiro, estar sobre controlo: pelas leis, para evitar a propagação do vírus como, uso da máscara, não sair de casa, fecho das lojas; quanto às atitudes, cada um deve ter consciência do espaço que ocupa e tomar atenção onde está e com os que estão à volta. Daqui se percebe o aparecimento de uma nova realidade, onde o indivíduo é confrontado com o interesse colectivo. A primeira reacção é cada país fechar-se em si mesmo e a globalização, a uniformização do mundo, reorientar-se e sem global retornar a local. Só esta pandemia poderia colocar a venerável liberdade num desastre social e daí a dificuldade de conseguir unir os maxilares da boca. Boa saúde – (身体健康, Sun Tan Kin Hong)
Arte Contemporânea | José Drummond promove “Tête-à-Tête” com Wang Yanxin Andreia Sofia Silva - 1 Fev 20211 Fev 2021 José Drummond, artista português de Macau, promove esta quinta-feira, dia 4, uma conversa online sobre arte com o artista chinês Wang Yanxin, intitulada “Tête-à-Tête”. O evento, com performances que duram cerca de 30 minutos, tem o apoio da associação local BABEL Os interessados em arte chinesa contemporânea ou amantes do trabalho de Wang Yanxin poderão saber mais sobre o trabalho deste artista esta quinta-feira, dia 4 de Fevereiro, graças a um evento via Zoom promovido por José Drummond, artista português de Macau com estúdio em Xangai. O evento, intitulado “Tête-à-Tête: Wang Yanxin – A project by José Drummond” conta com o apoio da associação cultural BABEL, de Macau. Ao HM, José Drummond explicou como surgiu a possibilidade de abordar o trabalho deste artista. “Este é um projecto meu que acompanha a tendência do último ano, ou dos tempos de pandemia que vivemos. Os encontros, conferências, aulas e por aí em diante ganharam voz especialmente através do Zoom. Tendo dito isto não existe oportunidade mas sim intenção de fazer para poder continuar a contribuir para o diálogo da arte contemporânea.” A parceria com a BABEL é para continuar, estando programada a realização de “uma ou duas conversas online todos os meses”, estando já dois artistas chineses pensados para participar nesta iniciativa. O primeiro contacto de José Drummond com Wang Yanxin aconteceu em 2017, quando ambos se conheceram num festival na cidade de Lijiang, província de Yunnan. “De imediato nos interessamos pelo trabalho um do outro até pelas enormes diferenças que existem no produto final. Muitos aspectos, de contexto, são próximos, como a ideia de não permanência e repetição”, descreveu. Este contacto fez com que o trabalho de Wang Yanxin tenha estado representado no VAFA – Video Art for All, um festival de vídeo local dirigido por Drummond. O corpo e o seu ambiente Nascido em Lanzhou, na província de Gansu, Wang Yanxin estudou na Academia de Belas Artes de Sichuan e desde 2012 que tem estado envolvido com o mundo das artes multimédia. Já participou em festivais e eventos artísticos de países tão distintos como China, Hungria, Polónia ou Japão, incluindo mostras em Macau e Hong Kong. O trabalho de Wang Yanxin foca-se muito em experiências emocionais e físicas, numa constante exploração do corpo humano e de como este se relaciona com os ambientes à sua volta. A ideia principal é um teste permanente aos limites do corpo, à medida que este se vai focando nos elementos sensoriais e espirituais. “Muitas das suas performances não duram mais do que 30 minutos, consistindo em acções repetidas e sequenciais”, que ajudam “a compreender a existência humana”. Drummond destaca “uma certa crueza, um risco e honestidade que se sente” nas performances criadas por Wang Yanxin. “Ele conta já com alguns prémios, o que de algum modo o destaca como um valor a seguir. É um artista que vive numa cidade alternativa [Chengdu] aos grandes centros, como Pequim e Xangai.” Isso “ajuda a ter uma noção mais alargada do espectro artístico do país que não está dependente das modas das duas principais cidades”, e onde existe “um crescente número de artistas e uma diversidade de práticas”. A título pessoal, José Drummond promete não parar e já tem algumas ideias para novos projectos. “A maior parte ainda não posso divulgar, mas esta primavera pretendo tratar a sério do meu quintal e torná-lo numa instalação permanente”, concluiu.
Jogo | Académica aponta risco de concessionárias americanas Hoje Macau - 1 Fev 2021 Durante um evento da Câmara do Comércio França-Macau, a académica Priscilla Roberts referiu que as concessionárias de jogo norte-americanas estão “a jeito” para levar uma reprimenda de Pequim, à medida que a data para a renovação das concessões se aproxima (2022). De acordo com o portal Inside Asian Gaming, a professora da Universidade Cidade de Macau considera que a renovação estará longe de ser uma garantia. “Acho que é bem possível que os casinos norte-americanos deixem de ser bem-vindos em Macau. Pode surgir alguma pressão para que o sector tenha operações mais chinesas, o que pode conduzir à abertura de oportunidades na região”, afirmou, citada pelo portal. Apesar da escalada de tensões comerciais durante a administração Trump, Pequim pode usar o trunfo das concessões de jogo para “aplicar uma leve reprimenda, sem provocar demasiado os Estados Unidos, porque a administração Biden não estar muito interessada com o que acontece aos Adelsons e Wynns”.
Direito | AAM apresenta queixa contra responsáveis da “eAskLaw” Hoje Macau - 1 Fev 2021 A Associação dos Advogados de Macau (AAM) apresentou uma denúncia criminal ao Ministério Público contra os responsáveis pela criação da plataforma “eAskLaw”, pelo crime de usurpação de funções previsto no Estatuto do Advogado. A notícia foi avançada na sexta-feira pela TDM Rádio Macau. A plataforma em causa permitia pedir aconselhamento legal por via online, sem identificar os advogados. De acordo com a TDM – Rádio Macau, a plataforma é propriedade da sociedade Aliança Profissional da Grande Baía e detida maioritariamente por Wong Wai Pan. Além disso, referiu que o aconselhamento é prestado por profissionais inscritos na AAM há mais de um ano. A queixa submetida prende-se com a página electrónica da plataforma não ser associada a qualquer advogado ou escritório registado na AAM, explica uma circular da associação. De acordo com o Estatuto do Advogado, quem praticar actos da profissão de advogado, tal se intitular ou usar insígnia sem estar inscrito na associação pública profissional, é punido com prisão até dois anos e multa até 200 dias. Na circular, a AAM alerta que os responsáveis das páginas electrónicas “contactaram vários advogados para angariar ‘consultores’”, apontando que quem realizar consultas jurídicas nas circunstâncias em causa pode estar sujeito a infracção disciplinar.
Menos 31% de sacos de plásticos encontrados em resíduos, diz DSPA Hoje Macau - 1 Fev 2021 Em declaração ao jornal All About Macau, o director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Tam Vai Man, apontou que depois da cobrança pelos sacos de plástico ter entrado em vigor, se verifica que a medida surtiu efeito devido à cooperação da sociedade. De acordo com Tam Vai Man, os dados mostram uma redução de 31 por cento dos sacos de plástico, em comparação a relatórios de 2018 sobre resíduos. Além disso, observou que o maior declínio se deu no sector da venda a retalho, tal como supermercados e lojas de lembranças, em que a redução do uso de sacos de plástico foi entre 60 a 80 por cento. Por outro lado, Tam Vai Man indicou que este ano os trabalhos sobre eficiência energética e redução de emissões, sobretudo da utilização do gás, vai estar em foco. Está previsto o arranque da obra de canais do gás que liga a Taipa a Macau no primeiro trimestre, devendo o projecto ficar concluído dentro de um ano. O director da DSPA frisou que o organismo está a tentar acabar as alterações ao regulamento técnico das instalações de abastecimento de gás canalizado em edifícios, para no futuro os edifícios novos poderem usar o gás. Por outro lado, a DSPA lançou novas actividades para a recolha de envelopes vermelhos durante o ano novo chinês, apontando que ao fim de quatro anos se observa um menor volume de envelopes reciclados porque os residentes já os costumam reutilizar.
Surf Hong ganha processo em tribunal para anular multa de 7,6 milhões João Santos Filipe - 1 Fev 2021 O Tribunal de Segunda Instância anulou a multa de 7,6 milhões de patacas imposta à empresa Surf Hong, relacionada com a incapacidade da companhia de fornecer nadadores salvadores nas piscinas do Instituto do Desporto. A decisão foi anunciada na quinta-feira, no portal dos tribunais, e os fundamentos não foram publicados. A Surf Hong era a empresa responsável pelo contrato de fornecimento de nadadores salvadores para as piscinas no ID no Verão de 2018, quando os trabalhadores entraram em greve e fizeram com que houvesse o encerramento temporário das piscinas de Cheoc Van e Dr.. Sun Yat Sen. Na origem da greve estiveram motivos de ordem laboral, nomeadamente o facto de os nadadores terem sido obrigados a assinar declarações em que abdicavam do pagamento das horas extra. Na sequência do episódio e ao que foi visto como uma falha contratual, o então secretário Alexis Tam aplicou duas multas à Surf Hong. Uma primeira multa no valor de 7,6 milhões e uma segunda no valor de 4,1 milhões de patacas. Quanto à multa de 4,1 milhões de patacas, o Tribunal de Segunda Instância já havia decidido pela anulação da mesma, por considerar que a greve dos 26 trabalhadores sem aviso prévio que resultou na suspensão dos serviços é um motivo de “força maior”. O contrato entre a Surf Hong e o Instituto do Desporto previa que a suspensão do serviço por motivos de força maior não tinha de ser compensada. No entanto, o Governo vê agora a multa mais alta ser igualmente anulada. A secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura pode recorrer para o Tribunal de Última Instância. Esta é uma decisão que terá de ser tomada nos próximos dias por Elsie Ao Ieong U. Pagamento feito Apesar do valor das duas multas ter sido anulado pelo TSI, os pagamentos já tinham sido efectuados, depois dos tribunais terem recusado duas providências cautelares. Depois da multa ter sido anunciada, a Surf Hong, através do proprietário Wong Chon Heng, recorreu à Justiça para não só anular as multas, mas também para que os pagamentos só tivessem de ser feitos quando houvesse uma decisão final da Justiça. Contudo as providências cautelares foram decididas pelo TSI e pelo TUI em Maio e Julho, respectivamente, e obrigaram a que a empresa efetuasse imediatamente o pagamento. Entre os argumentos da Surf Hong era apontado que o pagamento ia levar a empresa à falência e que causaria danos irreparáveis.
IAS | Procura de ajuda por dependência do jogo diminuiu 30% Salomé Fernandes - 1 Fev 2021 Num ano marcado pela pandemia, o número de pessoas que procurou ajuda junto do Instituto de Acção Social devido a dependência do jogo teve uma quebra para 77 casos. Em 2020, o volume de pessoas que jogou com o motivo de desanuviar aumentou Voltou a baixar o número de pessoas que procurou ajuda junto do Instituto de Acção Social (IAS) devido à dependência do jogo. No ano passado foram registados 77 casos, o que representa uma descida de 30 por cento face a 2019. As informações divulgadas pela Casa de Vontade Firme são do sistema de registo central dos indivíduos afectados pelo vício do jogo, que faz a comparação percentual do ano passado com dados desde 2011. Os dados sobre a primeira metade do ano passado já revelavam uma quebra dos casos registados, mas uma menor procura de apoio não foi sinónimo de uma diminuição de situações de vício. “A razão principal é que, as instituições de prevenção e tratamento do distúrbio do jogo, devido ao impacto causado pela epidemia de novo tipo de coronavírus, suspenderam o seu funcionamento ou prestaram serviços limitados, pelo que o número de casos registados diminuiu”, explicou o IAS ao HM, em Novembro. Num ano marcado pelas restrições fronteiriças devido à pandemia por covid-19, uma das mudanças foi o volume de casos referente a residentes da RAEM. Mais de 90 por cento dos jogadores afectados pelo vício do jogo registados no ano passado tinham BIR, e houve um ligeiro aumento dos jovens com menos de 18 anos a jogar. Outro número que sobressai nos dados divulgados relaciona-se com o perfil profissional dos jogadores. No ano passado deu-se uma percentagem recorde de indivíduos afligidos pelo distúrbio que são estudantes, domésticas ou aposentados: 16,88 por cento. De entre quem está empregado, há menos pessoas que trabalham na indústria do jogo ou por turnos. Mais de metade dos jogadores sinalizados pelo IAS sofriam de vício do jogo em grau moderado. Com uma descida em comparação a 2019, os casos graves de distúrbio do jogo foram os mais baixos desde 2015, passando para 23,73 por cento. Jogar para desanuviar A resolução de problemas financeiros foi o motivo que levou mais de 24 por cento das pessoas a recorrer ao jogo. Desde 2016 que o número de pessoas a jogar para desanuviar tinha vindo a descer, mas a tendência foi interrompida no ano passado. Desanuviar foi apontado em 2019 por 15,87 por cento dos indivíduos como o factor de jogo, tendo ultrapasso os 21 por cento no ano passado. Por outro lado, a percentagem de quem o faz por entretenimento diminuiu para 16,97 por cento. O jogo preferido de mais de metade dos jogadores foi o bacará, mantendo-se assim como a escolha mais popular. O volume de jogadores com dívidas manteve-se, apesar de serem visíveis mudanças no montante em causa. Os casos em que o montante da dívida se situa entre 100 a 250 mil patacas duplicaram, para cerca de 30 por cento. Por outro lado, ficaram abaixo dos nove por cento as situações em que se devem entre 250 e 500 mil patacas. Note-se que quase um quinto dos jogadores que pediram ajuda ao IAS apostaram uma média de 10 a 50 mil patacas por mês.
Leong Sun Iok defende corte de luz e água a proprietários egoístas João Santos Filipe - 1 Fev 2021 O deputado Leong Sun Iok pediu ao Executivo que pondere o corte da electricidade e da água aos proprietários que recusam ajudar os vizinhos na resolução do problema de infiltrações. O assunto esteve a ser discutido na Assembleia Legislativa, devido a uma pergunta do deputado Mak Soi Kun. Segundo Leong, deputado dos Operários, o problema das infiltrações não se prende com a identificação da causa, mas antes com o facto de muitos proprietários de apartamentos não estarem disponíveis para ajudar os vizinhos. Assim, o legislador quer que haja uma forma de obrigá-los a abrir as portas, sem ter de recorrer aos tribunais, que têm um processo mais lento. “A questão não está na identificação da fonte da infiltração. O maior problema é a cooperação dos proprietários da fracções envolvidas. Recebi um caso em que a infiltração foi causada pela instalação de esgotos de foram ilegal e mal feita. Só que como o proprietário não colabora com o processo é muito difícil resolver o problema”, relatou. “Se os proprietários não colaboraram e estão a prejudicar os vizinhos, com um problema que até se pode considerar de saúde pública, podemos pensar num regime legal com o corte do abastecimento de água e electricidade para fazer com que os proprietários colaborem”, acrescentou. “Temos de ponderar diferentes meios e não nos limitar a uma solução”, vincou. Por sua vez, Lam Chi Long, chefe do Secretário para a Administração e Justiça, que há mesma hora estava no Conselho Executivo e não compareceu à sessão na AL, afirmou que o Governo está a trabalhar numa lei para resolver o problema e que tem abertura para estudar todas as possibilidades.
Mais de dois polícias por ano acedem ilegalmente a informações João Santos Filipe - 1 Fev 2021 Desde 2014 até à passada sexta-feira tinham sido detidos 17 polícias pelas suspeitas da prática de crimes relacionados com o acesso a informações internas das autoridades. A média superior a dois casos por ano foi avançada por Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, após ter sido confrontado por Sulu Sou com um caso de um polícia que terá acedido aos registos de entrada e saída de dois residentes, por motivos pessoais. Segundo a versão de Wong, foram três os agentes da Polícia Judiciária detidos e 14 do Corpo de Polícia de Segurança Pública. Entre estes, há dois que ainda aguardam que os processos de investigação sejam concluídos, enquanto 15 foram punidos com pena de demissão, além de penas de prisão de 1 a 21 anos. Os agentes foram ainda demitidos. “As autoridades de segurança não querem ver os agentes policiais a violar a lei de forma consciente”, garantiu. Em relação ao caso mencionado pelo deputado, e que tinha sido denunciado pelo Comissariado Contra a Corrupção, Wong reconheceu que na altura houve falhas. “Ficou inegavelmente demonstrado, através do referido caso, que ainda existe espaço para melhoria do mecanismo de fiscalização interna da PJ relacionado com o acesso a informações, pelo que a PJ efectuou, de imediato, uma revisão do respectivo procedimento e implementou trabalhos na melhoria”, relatou.
Metro ligeiro com zero eficácia, diz Raimundo do Rosário João Santos Filipe - 1 Fev 2021 “Qual é a eficácia do metro para a sociedade? É zero.” O reconhecimento partiu do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, que na afirmação teve em conta que o metro transporta uma média diária de 1.600 a 1.700 passageiros. Quando começou a operar, em Dezembro de 2019, o metro transportou cerca de 30 mil pessoas por dia, numa altura em que não eram cobrados bilhetes. Depois, com a cobrança por viagem, o número baixou para 2 mil por dia e a pandemia fez com que se chegassem aos valores actuais. “Não sei porque se baixou de 2.000 para 1.600 passageiros. Mas estou atento. Foi um grande corte, uma grande redução”, apontou. No entanto, o governante sublinhou a importância de se continuar com as restantes obras, como a Linha Leste, que vai fazer a ligação às Portas do Cerco.
Ho Iat Seng promete liberdade de imprensa e destaca instruções de Xi Hoje Macau - 1 Fev 2021 No habitual almoço de Primavera, o Chefe do Executivo prometeu aos media de língua chinesa liberdade de imprensa, mas disse esperar que “continuem a difundir a nobre tradição de ‘amar a pátria e amar Macau’”. Ho Iat Seng elogiou ainda a comunicação social pela informação prestada ao público acerca da pandemia O Governo “continuará, como sempre, a implementar uma governação rigorosa, em conformidade com a Constituição e a Lei Básica, a garantir a liberdade de imprensa e a apoiar o desenvolvimento do sector da comunicação social”, começou por salientar Ho Iat Seng num encontro promovido com os órgãos de comunicação social de língua chinesa. “Espero que os órgãos de comunicação social de língua chinesa continuem a difundir a nobre tradição de ‘amar a pátria e amar Macau’, acrescentou o governante durante um almoço oferecido aos ‘media’. O Chefe do Executivo ainda a comunicação social “a prosseguir no caminho certo, a promover a justiça, a desempenhar de forma certa o seu papel fiscalizador e orientador, a espelhar a realidade com objectividade e imparcialidade, a transmitir energias positivas, e a apoiar os diversos serviços públicos na concretização das suas acções governativas”. O trabalho dos meios de comunicação social durante a pandemia foi outros dos pontos destacados por Ho Iat Seng, que congratulou o sector pela “coragem de assumir e cumprir a sua responsabilidade social ao transmitirem ao público, de forma contínua, oportuna e fidedigna, as informações sobre a pandemia, permitindo que as políticas e medidas de prevenção pandémica do Executivo fossem difundidas e concretizadas com eficácia.” Um dos exemplos dados foi a forma pronta como a informação relativa a entrada e saída nas fronteiras de Macau foi divulgada. Seguir com seriedade “Creio que, sob a firme liderança do Governo Central, com a atenção e o apoio da pátria, e ainda com a união e os esforços conjuntos de todos os sectores sociais e dos residentes, iremos ultrapassar as dificuldades, transformar os perigos em oportunidades e progredir perante as adversidades”, salientou. Ho Iat Seng referiu ainda que a implementação do 14.º Plano Quinquenal e o estabelecimento do novo padrão de desenvolvimento da “dupla circulação” pela China oferecem novas oportunidades de desenvolvimento à RAEM. Para tal, é essencial seguir “com seriedade o espírito e as instruções que o presidente Xi Jinping transmitiu nos seus importantes discursos, quando da visita a Macau”, lê-se num comunicado do Gabinete de Comunicação Social. Após um ano marcado pela pandemia de covid-19, com impacto económico e social no território, Ho Iat Seng lembrou que, “actualmente, a situação pandémica a nível mundial continua a apresentar grandes oscilações”. Por isso, antecipou, “no novo ano, ainda seremos afectados pela instabilidade provocada pela pandemia e pelo ambiente político e económico externo”. Razão pela qual, apesar de 2021 trazer “novas oportunidades e novas esperanças”, no âmbito da prevenção pandémica o Governo (…) continuará empenhado na estratégia ‘prevenir casos importados e evitar o ressurgimento interno’”, afiançou.
5G | Secretário avisa que sem estações em edifícios privados haverá problemas João Santos Filipe - 1 Fev 2021 Raimundo do Rosário admite que a rede de telecomunicações pode enfrentar obstáculos ao nível da qualidade, caso não haja prédios privados onde instalar as estações que emitem o sinal de rede. O governo publica hoje um estudo sobre o impacto da radiação na saúde O secretário para os Transportes e Obras Públicas reconheceu na Assembleia Legislativa que a rede de telecomunicações de 5.ª Geração (5G) poderá ter problemas no caso dos proprietários dos edifícios mais altos não permitirem a instalação de estações emissoras. O aviso foi deixado na sexta-feira no hemiciclo. O Governo vai publicar hoje um estudo sobre o impacto das radiações para a saúde dos residentes e utilizadores. “Temos de contar com o apoio dos privados, não só para a rede de 5G, mas também para a 4G que apresenta problemas. Se as pessoas se recusam que os seus prédios sejam utilizados para instalar as estações base para a rede, então não podemos fazer nada para melhorar o sinal da rede”, afirmou Raimundo do Rosário. O secretário explicou também que a Zona A dos Novos Aterros não vai ser um problema para a instalação da rede de 5G porque vão ser construídos vários edifícios de habitação pública, onde o Governo pode instalar as antenas. No entanto, o mesmo não acontece em outras zonas mais velhas de Macau, onde os edifícios públicos são baixos em comparação com os habitacionais, o que dificulta a qualidade da rede. Em relação às telecomunicações, o Executivo vai publicar um estudo sobre o impacto das radiações do 5G para a saúde dos residentes. Existe a esperança que o estudo possa ajudar a desfazer alguns mitos, mas não é um dado adquirido como reconhece o secretário. “O estudo vai estar disponível a partir de 1 de Fevereiro na Internet. Agora se a população vai acreditar nos resultados do estudo… é outra questão. Mas, se não conseguirmos que haja habitações privadas para instalar as estações, então há um problema”, sustentou. Apesar desta explicação, Raimundo do Rosário não se comprometeu com um prazo para o lançamento do 5G nem comentou eventuais planos para o sistema. “É um assunto importante, mas não tenho respostas”, admitiu. A questão sobre este tema tinha sido levantada pelo deputado Ip Sio Kai, que indicou que a região de Macau está a ser ultrapassada nesta vertente e que deveria haver mais respostas por parte do Governo, por se tratar de um projecto que pode implicar um investimento de 3 mil milhões de patacas. “As concessionárias querem saber se vão ser elas a financiar a rede ou se vai ser o Governo a pagar”, justificou. Por sua vez, a deputada Wong Kit Cheng mostrou-se preocupada com a falta de tecnologia 5G por poder afectar o desenvolvimento de alguns serviços prestados à população, como eventuais aplicações sobre o estado do trânsito, mas Rosário recusou o impacto nessa vertente. “O que estamos a fazer nos transportes não exige a necessidade de 5G. Há muitas questões que resolvemos com o 4G como as aplicações móveis. Claro que nada impede que com o 5G haja mais serviços, mas o 4G permite tratá-los”, indicou. Um dos exemplos avançados pelo governante foi a utilização da aplicação móvel da Direcção de Serviços de Assuntos de Tráfego (DSAT) que permite saber onde estão os autocarros e se estão cheios. Lam Hin San, director da DSAT, revelou que a aplicação conta actualmente com cerca de 100 mil utilizadores diários.
Zhang Ming, embaixador chinês em Bruxelas: “Portugal tem vindo a demonstrar um grande respeito pela China” Hoje Macau - 1 Fev 2021 Numa entrevista a órgãos de comunicação social portugueses em Bruxelas, Zhang Ming, chefe da missão da China para a União Europeia, falou da Presidência portuguesa na UE e disse esperar “um empurrão” para o acordo de investimento que deverá estar finalizado ainda este ano. Zhang Ming destacou também a boa relação da China com Portugal A China espera um “empurrão” de presidência portuguesa da União Europeia (UE) para acelerar o processo de ratificação do acordo de investimento entre Pequim e Bruxelas, considerando que irá permitir também mais investimento chinês em Portugal. “Esperamos que Portugal, enquanto assume a presidência rotativa da UE, possa dar um ‘empurrão’ ao processo e, idealmente, esperamos que na primeira metade deste ano possamos assinar estes documentos” preliminares, disse o embaixador Zhang Ming, chefe da missão da China para a UE, em entrevista à agência Lusa e outros meios de comunicação social portugueses em Bruxelas. Questionado na ocasião sobre o acordo de princípio sobre investimentos alcançado entre Bruxelas e Pequim no final do ano passado, que tem ainda de ser ratificado, o responsável notou que, “depois da assinatura, os documentos serão submetidos aos parlamentos de ambos os blocos para ratificação”. “Num cenário ideal, o acordo estará formalmente finalizado no final deste ano ou início do próximo e aí entrará em vigor”, estimou Zhang Ming. O representante do bloco chinês para o espaço comunitário precisa que, de momento, os dois lados estão a “tratar do escrutínio legal e da tradução”. “Não está em causa recomeçar as negociações, apenas estamos a tratar e finalizar os detalhes”, adiantou. Frisando que “a China e Portugal são parceiros bons e próximos”, Zhang Ming disse que, “Portugal, enquanto Estado-membro, vai de certeza beneficiar com este acordo”. “O acordo vai facilitar o acesso de investidores chineses e europeus a estes mercados”, pelo que “haverá mais investimento europeu na China e também mais investimento chinês na UE, incluindo em Portugal”, conclui o responsável. Uma relação “exemplar” Zhang Ming elogiou ainda a relação entre a China e Portugal, falando numa ligação “exemplar” e feita de “respeito mútuo”. “Penso que podemos considerar a relação de Portugal e China como exemplar e penso que o segredo é o respeito mútuo”, afirmou. O responsável insistiu que “Portugal tem vindo a demonstrar um grande respeito pela China e a China ainda mais respeito por Portugal”. “Nunca interviemos nos assuntos internos um do outro, o que é importante, e espero que continuemos a promover a nossa cooperação em prol do interesse dos dois países e dos seus cidadãos”, vinca Zhang Ming. Notando que “Portugal não foi dos primeiros países a estabelecer ligações diplomáticas com a China [e que] talvez tenha sido até dos últimos”, o embaixador observa que, “desde o final dos anos 1970, aquando do estabelecimento dessas ligações, a relação bilateral entre os dois países tem vindo a desenvolver-se de forma suave, rápida e amigável”. “Agora podemos ver uma cooperação bastante próxima entre os dois países”, frisou. Questionado sobre os constantes avisos da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu para os Estados-membros porem fim a programas de autorização de residência ou de nacionalidade perante investimento, como é o caso dos ‘vistos gold’, Zhang Ming escusou-se a comentar, dizendo que esta é “uma matéria interna da UE”. Ainda assim, vincou: “Há alguns investidores de países terceiros a tentar obter autorizações ou autorizações ou vistos de residência [nalguns países da UE] através do investimento e isto não é algo incentivado pelo governo chinês”. Em outubro passado, o Parlamento Europeu defendeu que os países da UE devem “acabar imediatamente” com os programas de vistos ‘gold’ que dão residência ou cidadania a investidores estrangeiros, criticando que esta é uma “entrada rápida para criminosos”. Depois de severos avisos do executivo comunitários, os eurodeputados tomaram nessa altura posição para exigir o fim dos designados programas de passaportes dourados, existentes em 19 Estados-membros, vincando que “a cidadania da UE não pode ser comercializada como uma mercadoria”, assinala a instituição em comunicado de imprensa. China-EUA-UE: Cooperação contra o unilateralismo Zhang Ming espera uma relação de “cooperação” e não de “confronto” com os Estados Unidos, e apela a que a UE prossiga o caminho para a “autonomia estratégica”. “A China felicita Joe Biden pela sua posse. Esperamos trabalhar em conjunto com a administração americana num espírito que não seja de conflito nem de confronto, mas de respeito mútuo e de cooperação mutuamente benéfica. Que nos foquemos na cooperação em vez do confronto, em gerir as diferenças entre os dois lados e trazer de volta a relação China-EUA a um nível saudável e estável”, referiu. Frisando que, numa altura em que o mundo enfrenta “desafios severos”, o regresso dos EUA ao Acordo de Paris e à Organização Mundial do Comércio (OMC) são “boas notícias”, o embaixador chinês reproduz as palavras do Presidente da China, Xi Jinping, emDavos: “um mundo dividido não pode ajudar a Humanidade a enfrentar desafios”. “O confronto irá levar a Humanidade para um beco sem saída. E, de qualquer forma, é suposto a comunidade internacional trabalhar de maneira junta, solidária, e cooperar estreitamente para um futuro partilhado”, aponta. Algumas “dificuldades” Zhang Ming refere assim que, nos últimos anos, tanto a relação entre os EUA e a China como a relação entre os EUA e a UE “passaram por dificuldades”, e frisa as semelhanças entre a situação chinesa e europeia. “Tanto a China como a UE são vítimas do unilateralismo e do protecionismo e acreditamos ambos no multilateralismo e na abertura do sistema internacional de comércio. (…) Somos ambos poderes para a paz internacional”, destaca. O embaixador sublinha assim que, enquanto “parceiros estratégicos abrangentes”, a relação entre a UE e a China “resistiu ao teste das mudanças, dos desafios do tempo e da situação internacional”, e refere que tem o seu “próprio valor independente”. “Pessoalmente, tenho total confiança no futuro do desenvolvimento das relações entre a UE e a China. (…) Espero que a UE mantenha o espírito [da autonomia estratégica] e a desenvolva, e que guie a sua relação externa com membros diversos da comunidade internacional, incluindo a China e incluindo os Estados Unidos, para o bem da estabilidade e do progresso do mundo.” Índia | O poder emergente Zhang Ming referiu que Pequim “respeita plenamente” o desenvolvimento de relações entre a UE e a Índia e que “fica contente” por ver “progressos” nas relações internacionais. “A União Europeia é um poder importante na comunidade internacional e respeitamos plenamente a sua política externa. Também ficamos contentes de ver mais progresso e desenvolvimentos nas relações da UE e de outros membros da comunidade internacional, incluindo na relação UE-Índia”, sublinhou. O embaixador da China reagiu assim à prioridade identificada pela presidência portuguesa do Conselho da UE de diversificar as relações com os parceiros do Indo-Pacífico, nomeadamente com a Índia, através da organização, a 8 de Maio no Porto, de uma cimeira informal que irá juntar os líderes dos 27 ao Presidente indiano, Narendra Modi. Zhang Ming qualificou a Índia de “poder emergente” e salientou que Pequim também dá “grande importância” à “relação bilateral Índia-China”. “É por isso que advocamos por uma comunidade de futuro partilhado. Todas as pessoas, todos os países, partilham o futuro do mundo”, concluiu. 5G | Tendências “erradas” Zhang Ming falou ainda da questão da Huawei e dos seus equipamentos 5G, que foi acusada, durante a administração Trump, de espionagem através da instalação de ‘back doors’ [portas traseiras de acesso] nos seus dispositivos, tendo a Comissão Europeia, face às acusações americanas, criado medidas para reforçar a cibersegurança no desenvolvimento das redes 5G, rejeitando sempre estar a fazê-lo contra qualquer fabricante ou país. O embaixador chinês nota “duas tendências erradas” na questão da rede 5G, sendo a primeira a “destruição intencional de regras” por parte de “certos países”, que qualificam as empresas de “fornecedores de alto risco” em termos de segurança, sem “apresentarem qualquer prova concreta”. A segunda é “ignorar as leis que regem as operações de mercado e desenvolvimentos tecnológicos”, sublinhando que “qualquer ataque politicamente motivado para distorcer as cadeias de valor das redes 5G” é prejudicial para os “fornecedores, operadores e consumidores”. Frisando assim que a questão do 5G não se prende com a “ascensão e os interesses de um dado país”, mas antes com a “ordem e o princípio dos mercados”, Zhang Ming pede que a UE “oiça atentivamente as vozes dos académicos e dos círculos empresários” – citando um estudo da universidade de Oxford que refere que a Huawei criou 16,4 mil milhões de euros na Europa e 224,300 empregos –, que “respeite as leis do mercado e trate com justiça outros países do mundo”.
Covid-19 | Equipa da OMS prossegue investigação com visita a mercado em Wuhan Hoje Macau - 31 Jan 2021 Os especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que investigam na China a origem do coronavírus visitaram hoje o mercado Huanan, em Wuhan, primeiro local conhecido do surto, constataram jornalistas da agência AFP no local. Este mercado, onde eram vendidos animais selvagens vivos, está fechado desde janeiro de 2020, e apenas foi permitida a entrada a veículos do grupo de investigadores da OMS. Os membros da equipa, que na quinta-feira terminaram uma quarentena de 14 dias, iniciaram a investigação de campo na sexta-feira, com a visita ao hospital onde a China diz que os primeiros pacientes com covid-19 foram tratados. A visita é politicamente sensível para Pequim, que tem sido acusada de ser lenta a reagir aos primeiros casos de covid-19 relatados no final de 2019 nesta metrópole do centro da China. O Governo comunista está praticamente em silêncio sobre o assunto e Pequim minimiza o âmbito da missão dos especialistas estrangeiros. “Isto não é uma investigação”, disse na sexta-feira um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, recusando acusações ao seu país. Hoje os especialistas não responderam a perguntas quando chegaram ao mercado e membros dos serviços de segurança disseram aos jornalistas para saírem do local. Há poucos dias, o diário nacionalista Global Times publicou um artigo que relativizava a importância deste mercado no início da pandemia, alegando que as “investigações” sugeriam que não era o local de origem do novo coronavírus. Manchado por uma gestão controversa da pandemia durante as primeiras semanas, o Governo comunista prefere destacar a sua vitória sobre o coronavírus. De acordo com números oficiais, a China conseguiu limitar o contágio a menos de 90.000 casos e o número de mortes oficial é de 4.636. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.206.873 mortos resultantes de mais de 102 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
China deixa de reconhecer passaportes britânicos especiais emitidos em Hong Kong Hoje Macau - 31 Jan 2021 A China disse na sexta-feira que vai deixar de reconhecer o passaporte nacional britânico para residentes no estrangeiro como documento de viagem válido ou para fins de identificação, visando os cidadãos de Hong Kong. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, fez o anúncio em conferência de imprensa, mas não ficou claro qual é o impacto, se houver algum, sobre a maioria dos titulares daquele documento. “A tentativa do lado britânico de transformar um grande número de pessoas de Hong Kong em cidadãos britânicos de segunda classe mudou completamente a natureza do entendimento original dos dois lados sobre o BNO”, disse Zhao, referindo-se à sigla em inglês para aquele documento. “Este movimento infringe gravemente a soberania da China, interfere grosseiramente nos assuntos de Hong Kong e nos assuntos internos da China e viola gravemente o direito internacional e as normas básicas das relações internacionais”, acusou. “A China não reconhecerá mais o chamado passaporte BNO como documento de viagem e prova de identidade a partir de 31 de janeiro e reserva-se ao direito de adotar outras medidas”, acrescentou. A maioria dos habitantes de Hong Kong normalmente não usam aquele passaporte para viajar para a China continental. A decisão de Pequim surge em retaliação contra as medidas adoptadas pelo Reino Unido para conceder cidadania britânica aos titulares daquele documento em Hong Kong. O Reino Unido começa no domingo a aceitar pedidos de quase três milhões de habitantes de Hong Kong elegíveis para aquele passaporte para um visto de residência e trabalho no Reino Unido por cinco anos. Aqueles que aceitarem a oferta de Londres poderão eventualmente candidatar-se à cidadania britânica no final daquele período. O Reino Unido introduziu esta medida à luz da lei de segurança nacional que Pequim impôs a Hong Kong no ano passado. Anteriormente, os titulares daqueles passaportes só podiam visitar o Reino Unido por um período máximo de até seis meses, mas não tinham direito de trabalhar ou estudar no país. Tem havido uma corrida pelos passaportes nos últimos meses, e o Reino Unido diz que espera que cerca de 320 mil habitantes de Hong Kong se mudem para o país ao abrigo do novo acordo.
Xiaomi abre acção judicial contra Washington por “lista negra” Hoje Macau - 31 Jan 2021 A empresa tecnológica chinesa Xiaomi processou os Departamentos da Defesa e do Tesouro dos Estados Unidos pela inclusão numa “lista negra” de empresas com alegadas ligações às forças armadas chinesas, noticiou no sábado a imprensa oficial local. A Xiaomi junta-se assim a outras empresas tecnológicas chinesas, como a ByteDance, criadora do TikTok, ou a Huawei, que também entraram com processos contra o governo norte-americano, na sequência de sanções impostas pela administração do ex-Presidente Donald Trump. Em meados deste mês, os Estados Unidos incluíram a Xiaomi na lista de empresas consideradas por Washington como controladas pelas forças armadas chinesas. De acordo com uma ordem executiva assinada por Trump, os investidores norte-americanos terão de alienar as participações nestas empresas. A lista inclui também a Huawei, fabricante de equipamento de videovigilância Hikvision, de ‘chips’ SMIC, de aeronaves Comac, e várias empresas estatais em setores-chave como o nuclear, a energia ou as telecomunicações. Numa declaração divulgada no dia 15, Xiaomi afirmou que sempre cumpriu as leis dos países em que opera e que iria considerar medidas para “proteger os interesses da empresa e dos acionistas”. “A empresa reitera que fornece produtos e serviços para usos civis e comerciais, e confirma que não é propriedade, controlada ou afiliada aos militares chineses”, de acordo com o documento. Especialistas, citados pelo jornal oficial chinês Global Times, disseram que a iniciativa da Xiaomi vai encorajar outras empresas a tomar medidas legais contra as sanções impostas por Washington, uma vez que Trump já deixou o poder. Agências de notação, como a S&P, referiram que a inclusão de Xiaomi na “lista negra” deverá ter um “impacto modesto” na empresa tecnológica, que goza de um nível “saudável” de liquidez e de uma “ampla base de investidores”. Recentemente, a Xiaomi angariou mais de 3,9 mil milhões de dólares com a emissão de novas acções e obrigações.
Covid-19 | China soma 92 novos casos, 73 dos quais por contágio local Hoje Macau - 31 Jan 2021 A Comissão de Saúde da China informou hoje ter diagnosticado 92 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, incluindo 73 por contágio local no nordeste do país. As infecções locais foram detectadas nas províncias de Jilin (63), Heilongjiang (nove) e Hebei (um), indicou. Os restantes 19 casos foram identificados em viajantes oriundos do estrangeiro na cidade de Xangai (sete) e nas províncias de Liaoning (três), Guangdong (três), Fujian (dois), Shaanxi (dois), Jiangsu (um) e Sichuan (um). As autoridades chinesas redobraram os esforços para conter os surtos que atingiram diferentes regiões do norte da China: várias áreas foram isoladas e realizaram-se testes em massa da população. A China quer evitar um aumento dos casos durante o período de férias do Ano Novo Lunar, que este ano decorre entre 11 e 17 de fevereiro, quando centenas de milhões de trabalhadores regressam às terras natais. Para evitar uma nova onda de contágios durante aquele período, as autoridades lançaram uma campanha de vacinação, que prevê abranger até 50 milhões de pessoas até ao início do feriado. A Comissão de Saúde chinesa indicou que, até à meia-noite local, o número total de infetados ativos na China continental fixou-se em 1.668, 76 dos quais em estado grave. Desde o início da pandemia, 89.522 pessoas ficaram infetadas na China, das quais 4.636 morreram e 83.218 recuperaram. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.206.873 mortos resultantes de mais de 102 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Girar Carlos Morais José - 29 Jan 2021 Macau pode embandeirar em arco com os elogios de Xi Jinping. Mas a verdade é que há muito trabalho para fazer. E convém não esquecer certas partes do encómio presidencial, nomeadamente as que referem a eterna necessidade de diversificação económica. É que, pés assentes no chão e não a voar nas asas dos elogios, é neste ponto que muito se enraíza a qualidade de vida dos habitantes de Macau. Daí que certas medidas governamentais me surjam algo incompreensíveis. Nomeadamente, a diminuição do investimento público. E não me refiro a grandiosas obras que, em termos financeiros, retiram dinheiro da economia local. Entendo é que haveria uma necessidade óbvia de apoio às pequenas e médias empresas que, além do Jogo, constituem o tecido económico da cidade e são, afinal, a sua economia real e diversificada. É claro que é preciso terminar o Hospital da Taipa. Até porque o São Januário abarrota de gente, em tempos de pandemia, e a população precisa de serviços de saúde pública de irrepreensível qualidade. Esse é um investimento incontornável. Mas existem pequenos negócios, pequenas empresas, que precisam de apoios razoáveis. Repare-se: nas últimas décadas, assistimos a um significativo melhoramento do nível educativo da população. Hoje muito mais gente frequentou o liceu e a universidade, gente que sonha em montar a sua empresa e dela fazer a sua vida. Só que as condições reais para o seu estabelecimento são ainda extremamente difíceis, por causa do elevado preço das rendas e de uma dependência do turismo que, como este ano se viu, nos deixa à mercê da boa ou da má sorte. Não percebo por isso, keynesianamente, porque razão o governo se prepara para reduzir o seu investimento. Nas crises, para isso serve o governo, por mais liberais que sejam as sociedades e os regimes. E esse não seria dinheiro a fugir pelas fronteiras. Pelo contrário, é reinvestido localmente. Faz girar as coisas. E hoje, mais que nunca, as coisas precisam de girar.
Um locutor de trailers Valério Romão - 29 Jan 2021 Um sujeito calha a estar num sítio com televisão à hora em que começa o telejornal da noite. Este abre, como não podia deixar de ser, com o resumo diário do estado da pandemia em Portugal. O que não é normal, porém, é a montagem da peça: enquanto o jornalista de Auschwitz relata o quotidiano dos hospitais e os números da pandemia, sucedem-se planos rápidos do interior de uma unidade de cuidados intensivos. Os doentes, de bruços sobre a cama e entubados, são filmados em registo de puzzle: enquadra-se um braço inchado e imóvel, um olho fechado e – o preferido de quem filma ou de quem edita – o tubo por onde circula o oxigénio entrando na boca do paciente. Quando não incide sobre os doentes, a câmara mostra os médicos – cujo equipamento faz eco dos filmes apocalípticos tão em voga neste início de século – deambulando pelas camas dos pacientes, os dispositivos que monotonamente oxigenam os pulmões, um enfermeiro a desfraldar a agulha de uma seringa, o pormenor de uma viseira. Tudo isto ao som da máquina que faz bip. Para quem, como eu, não costuma ver televisão, o registo da peça é, no mínimo, desconcertante. Que aconteceu à sobriedade enfadonha com que se costumava abordar os assuntos mais sensíveis? Que é feito da circunspecção e da reserva que os doentes nos cuidados intensivos e os seus familiares em casa merecem e quase certamente apreciariam? A filmagem e edição são muito mais condizentes com um trailer de um telefilme apocalíptico de série B do que com uma peça informativa emitida à hora de jantar. Eu lembro-me de dar conta, há meia dúzia de anos, de que o canal National Geographic – antes uma coisa razoavelmente soporífera a que se assistia em família, no domingo à tarde, depois de almoço – passara a ser uma espécie de sucedâneo, em registo vida animal, dos piores filmes de acção de Hollywood. “The solitary lion will be confronted with its worst nightmare in just a couple of hours. Its archenemy, the hyena, is after him and packs a powerful bite, one of the most powerful in the predator world. Let’s compare stats and so we can forecast the outcome of this epic battle!” Nada disto – deste tom entre o comentário de wrestling e o filme de acção – me interessa. Nem percebo que possa interessar a alguém. A vantagem que eu via nos programas sobre a natureza – além da contemplação na segurança do sofá daquilo que é exótico – era a de oferecem um contraponto em termos de formato e de estilo para a restante programação televisiva. Outrora, cada programa tinha um registo muito próprio. Era impossível confundir o 70 x 7 com a Tieta do agreste ou o Telejornal com o Big Show Sic. Era uma das coisas que apreciava na televisão – enquanto apreciei televisão – havia conteúdos para – mais ou menos – todos os gostos. Lembro-me bem de assistir ao Monty Python Flying Circus na RTP2, já muito a desoras, ou ao Northen Exposure, ou ao Hill Street Blues. A televisão de agora – e posso estar a ser tremendamente injusto nesta generalização, tendo em conta o pouco a que assisto – parece mais ou menos toda criada pela mesma cabeça tentando parecer, em cada um dos seus ângulos, uma coisa diferente. É tudo confrangedoramente épico – tudo o que é e tudo o que não é. Faz lembrar o Manuel Alegre a ler uma ementa de um restaurante armado em cama de espargos. Ora este tipo de registo, num telejornal, só contribui para, em vez de suscitar a reflexão por via da notícia – sóbria, objectiva e ponderada –, amedrontar aqueles que já têm medo e afastar os que passaram a desconfiar do jornalismo convencional, não servindo, portanto, a ninguém. A vida, no que tem de bom e de mau, é desigual, múltipla, dinâmica. Como escrevia Wittgenstein no Tratactus: “O mundo é tudo o que é o caso”. Não me parece que o mundo ou a vida possa ser adequadamente reflectidos, em toda a sua complexidade e beleza, por um locutor de trailers de maus filmes.