Covid-19 | Modi resiste à pressão para confinar Índia enquanto mortes aumentam

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pediu aos Estados que considerem o confinamento como “última opção”, enquanto o número de mortes por covid-19 aumenta e os seus aliados políticos apontam o confinamento como solução para conter o surto.

Depois de, no ano passado, Modi ter decretado um confinamento nacional sem aviso prévio, que espoletou uma crise humanitária com os trabalhadores migrantes a fugirem a pé para as áreas rurais, agora o primeiro-ministro indiano resiste à pressão dos seus aliados políticos e principais líderes empresariais para um novo confinamento, face ao aumento de mortes por covid-19 no país.

Apesar da resistência de Modi, até mesmo Estados governados pelo seu partido, o Bharatiya Janata, estão a ignorar os seus conselhos.

“Um dos problemas é essa falsa narrativa de que ou é um bloqueio total, o que equivale a um desastre económico, ou nenhum bloqueio, que é um desastre de saúde pública”, disse à Bloomberg Catherine Blish, especialista em doenças infecciosas e saúde pública.

“O que está a acontecer agora é um desastre económico e de saúde. Se há grandes faixas de população a adoecer, isso não é bom nem para a população, nem para a economia”, acrescentou Blish.

Na semana passada, os canais de televisão e as redes sociais na Índia foram inundados com imagens de crematórios superlotados e hospitais desesperados com a falta de oxigénio.

As mortes diárias na Índia diminuíram ligeiramente depois de atingirem um recorde de 3.689 no domingo, enquanto o número de casos diários ultrapassou os 350.000 nos últimos dias.

O Serum Institute of India, o maior fabricante mundial de vacinas, anunciou que vai entregar 220 milhões de doses aos governos federal e estaduais indianos nos próximos meses, o que poderá abranger 8% da população do país.

O Governo central liderado por Narendra Modi vai receber 110 milhões de doses de Covishield, enquanto os governos estaduais e os hospitais vão receber o restante, disse hoje o fabricante com sede em Puneem, numa publicação na rede social Twitter, sem especificar, no entanto, a data de entrega.

“O fabrico de vacinas é um processo especializado, portanto não é possível aumentar a produção de um dia para o outro”, disse o presidente executivo (CEO) da Serum, Adar Poonawalla, em comunicado.

De acordo com o responsável, produzir doses suficientes para todos os adultos na Índia “não é uma tarefa fácil”.

O país de 1,3 mil milhões de habitantes iniciou, no fim de semana, uma nova fase da campanha de vacinação para abranger todos os maiores de 18 anos, embora algumas regiões indianas tenham indicado ter falta de doses. O ritmo de vacinação tem sido lento desde o início da campanha, em janeiro, com 157 milhões de doses administradas até agora.

A Índia registou 3.417 mortos devido à covid-19 e 368.147 casos nas últimas 24 horas, anunciou o Ministério da Saúde indiano na segunda-feira. O país acumulou 218.959 óbitos e 19,9 milhões de casos desde o início da pandemia, indicou a mesma fonte.

Estes dados mostraram uma ligeira descida, pelo segundo dia consecutivo, das infeções, depois de o país ter ultrapassado, no sábado e pela primeira vez, os 400 mil casos diários. A Índia atravessa uma segunda vaga da doença, que sobrecarregou o sistema de saúde, com escassez de oxigénio e de camas em grandes cidades como Nova Deli.

É agora o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos Estados Unidos, e o quarto com mais óbitos, depois dos EUA, do Brasil e do México.

Cidade chinesa em alerta devido a caso positivo de covid-19 após quarentena

A cidade de Putian, no sudeste da China, está em alerta após um chinês regressado do Brasil ter resultado positivo no teste para o novo coronavírus, já depois do período obrigatório de quarentena.

Num comunicado, as autoridades de Putian, na província de Fujian, revelaram que o homem aterrou em Xangai a 5 de abril, tendo sido colocado em isolamento para um período obrigatório de quarentena.

Após 15 dias em quarentena e tendo resultado negativo nos vários testes para o novo coronavírus responsável pela covid-19, o chinês viajou de comboio para Putian, onde deveria ficar uma semana em “autogestão de saúde”.

Mas a 30 de abril o homem teve resultado positivo num teste para o SARS-Cov-2, apesar de não ter quaisquer sintomas da covid-19.

Todos os contactos próximos do paciente foram isolados e submetidos a testes para o novo coronavírus, tendo todos os resultados sido negativos. Ainda assim, 24 contactos permanecem sob observação médica. As autoridades ordenaram também a desinfeção de todos os locais onde o homem esteve.

Na semana passada, a cidade de Xangai, no leste da China, tinha registado um caso importado de covid-19, um outro cidadão chinês vindo do Brasil.

Poucos dias antes, a companhia aérea chinesa China Southern Airlines tinha deixado de transportar passageiros vindos do Brasil com destino à China, “de acordo com as necessidades de prevenção e controlo da pandemia” da covid-19.

O Brasil contabilizou 983 mortos e 24.619 infetados pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, números que elevam o total para 408.622 óbitos e 14.779.529 casos no país.

A China detectou 11 casos da covid-19 no domingo, todos oriundos do estrangeiro, anunciaram hoje as autoridades de saúde chinesas. A Comissão de Saúde da China adiantou que o número total de casos ativos é de 323, incluindo cinco em estado grave.

Covid-19 | Presidente das Filipinas recebe primeira dose da vacina chinesa Sinopharm

O Presidente das Filipinas recebeu a primeira dose da vacina chinesa contra a covid-19, apesar de ter dito que pretendia deixar a vacina para quem mais dela precisa, quando o país enfrenta um surto da doença.

Responsáveis disseram que Rodrigo Duterte, de 76 anos, foi vacinado na segunda-feira com a Sinopharm, que no ano passado foi administrada secretamente aos membros da equipa presidencial de segurança no ano passado, ainda antes da aprovação pelas autoridades competentes das Filipinas.

Depois de ter manifestado confiança nas vacinas russas e chinesas, Duterte disse que ia renunciar, no futuro imediato, a tomar a vacina contra a covid-19 por considerar que pessoas idosas, como ele, não deviam ser prioridade.

“Sinto-me bem, tenho estado a preparar-me para esta vacinação há muito tempo”, disse, na segunda-feira, Duterte, ao receber a primeira dose.

A Sinopharm é administrada ocasionalmente nas Filipinas, onde os programas de vacinação dependem da outra vacina chinesa, a Sinovac, da russa Sputnik V e da britânica AstraZeneca.

Até 01 de maio, 1,6 milhões de filipinos tinham recebido a primeira dose, e apenas 300 mil receberam a segunda dose, de acordo com dados oficiais.

O arquipélago, com 110 milhões de habitantes, está atualmente a combater um surto que elevou o número total de casos para mais de um milhão. Mais de 17.500 pessoas morreram devido à covid-19 no país.

A desconfiança em relação às vacinas é generalizada nas Filipinas. De acordo com um estudo recente, 60% da população não quer ser vacinada contra a covid-19.

Presidente do grupo chinês Trip.com espera “directrizes claras” sobre viagens com Presidência portuguesa da UE

Entrevista de Alexandra Luís, da agência Lusa

A presidente executiva do grupo chinês Trip.com considerou, em entrevista à Lusa, que o contributo de Portugal para o turismo, durante a presidência portuguesa da UE, passa por obter consenso “sobre diretrizes claras” para viagens entre e para Europa.

“Portugal assume a presidência da União Europeia [UE] num momento crucial para a Europa, o mundo e a indústria do turismo”, começou por dizer Jane Sun, em resposta por escrito à questão sobre o que é que Lisboa pode fazer para ajudar à recuperação do turismo entre a China e a Europa.

Atualmente, “o maior obstáculo para viajar continua a ser a pandemia”, prosseguiu a presidente executiva agência de viagens ‘online’ chinesa, fundada em 1999, cotada em Nasdaq e na bolsa de valores de Hong Kong.

“Acho que o maior apoio que Portugal”, no âmbito da presidência, “poderia dar à indústria de turismo seria expandir ainda mais a implementação da vacinação e procurar obter consenso sobre diretrizes claras para viagens internas na Europa e viagens para a Europa”, acrescentou a responsável.

Sobre quando é que espera a retoma do turismo, nomeadamente na Europa, Jane Sun salientou que, “enquanto as fronteiras internacionais permanecem praticamente fechadas a viagens, em todo o mundo os viajantes e fornecedores estão limitados aos mercados domésticos”.

No entanto, manifestou-se otimista face à progressão do plano de vacinação a nível mundial e novas medidas para tornar as viagens mais seguras.

“Com a contínua implementação das vacinas em todo o mundo e promissoras iniciativas globais para desenvolver protocolos e tecnologias de viagens seguras, estou otimista sobre o renascimento das viagens globais”, disse.

Em países maiores e regiões, “como a Europa, estamos a ver os mercados de viagens domésticos a recuperar”, acrescentou.

“Espero que a Europa e os EUA vejam uma recuperação no segundo semestre deste ano devido às suas fortes iniciativas de vacinação”, considerou a presidente executiva da Trip.com.

“Com Portugal atualmente na presidência da UE esperamos ver um impulso para implementar medidas que aumentem os esforços para facilitar ainda mais uma recuperação rápida na Europa”, apontou, salientado que países mais pequenos podem demorar “um pouco mais”.

A gestora referiu que “há uma enorme procura de viagens reprimida”, ou seja, “as pessoas estão ansiosas para voltar a explorar o mundo, conectar-se com novas culturas e expandir os seus horizontes”, acrescentando que, “embora a maneira como viajamos, sem dúvida, tenha mudado, o [… desejo de explorar e procurar conexão humana permanece forte”.

“Sei que falo por todos os viajantes e trabalhadores do turismo de todo o mundo quando digo que mal podemos esperar para viajar novamente, especialmente para destinos de renome mundial como Portugal”, rematou.

Antes de pandemia, Portugal recebia turistas da China e muitos portugueses viajavam para a China, nomeadamente para Macau.

Questionada sobre o papel que a Trip.com poderia ter para restabelecer esta tendência, a presidente executiva do grupo salientou que “existem fortes laços culturais e históricos entre Portugal e Macau e Portugal e a China”.

Nesse sentido, “esperamos expandir ainda mais e construir sobre esses laços à medida que as viagens globais se tornem possíveis outra vez”, disse Jane Sun.

“Construímos uma forte relação com Portugal e com VisitPortugal ao longo dos últimos cinco anos, realizando campanhas de sucesso a promover as maravilhas de Portugal aos viajantes chineses”, prosseguiu a gestora, apontando que um “sinal da continuidade da força e confiança” desta parceria é que haverá uma campanha que “vai decorrer ainda este ano para revigorar o interesse dos chineses por Portugal como destino da sua próxima viagem”.

Os turistas chineses “ainda agora começaram a conhecer a incrível beleza e experiências que os esperam em Portugal e pensamos o mesmo para os portugueses que visitam a China”, acrescentou.

De acordo com dados da Trip.com, as pesquisas e reservas de produtos de viagem com destino Macau pelos utilizadores da China continental “aumentaram significativamente no período que antecedeu o Dia de Maio, na sequência da forte recuperação das viagens domésticas”.

A região administrativa especial de Macau “sempre foi um destino bastante popular na China com a sua combinação única de uma cidade chinesa moderna com rico ambiente multicultural fortemente influenciado pelos portugueses”, sublinhou.

Com os feriados nacionais chineses, como o 1.º de Maio e o seguinte, o Festival Barco-Dragão, “os viajantes chineses estão ansiosos para visitar as principais cidades de destino com experiências culturais ricas em ofertas e cadeias de hotéis de alto nível”, disse Jane Sun.

“Podemos esperar que, à medida que mais destinos mantêm controlos de pandemia com nenhum ou poucos números de casos [de covid-19]”, permitindo a abertura a viagens, assistir-se-á a “um aumento no turismo”, com os viajantes a procurar “recuperar o tempo perdido”.

Questionada sobre a procura de viagens para a Europa por parte dos turistas chineses, a presidente executiva da agência de viagens digital sublinhou que existe vontade em viajar, depois de um longo período de restrições devido à pandemia.

“Na sequência da recuperação robusta das viagens domésticas na China, temos a expectativa de que haja uma forte procura por viagens internacionais de viajantes chineses”, considerou. A Europa, “e Portugal, sem dúvida, estão no topo das listas de muitos viajantes”, apontou a gestora.

“Vimos um grande aumento no número de viajantes chineses para a Europa e Portugal até ao início de 2020. Nos cinco anos de 2015 a 2019, o número de utilizadores que compraram produtos e serviços relacionados com viagens para a Europa através da Ctrip [grupo Trip.com] aumentou em mais de 30%” em termos anuais, referiu a responsável.

De acordo com os dados do grupo, em 2019 as reservas de bilhetes de avião para Portugal aumentaram 148% em termos anuais e as reservas de hotéis no mercado português durante o feriado do Ano Novo Lunar naquele ano cresceram 155%. “Espero que esta tendência continue assim que as viagens entre as duas nações sejam outra vez possíveis”, concluiu.

DSSOPT | Barragem no Porto Interior é prioritária

A construção das comportas no Porto Interior para prevenir as cheias continua a ser uma prioridade para o Governo. O compromisso foi assumido por Chan Pou Ha, directora dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, na resposta a uma interpelação do deputado Lei Chan U.

Na réplica, a directora da DSSOPT confirmou que há estudos a decorrer sobre a eficácia da barragem, através de “simulação digital em tempo real”, e que a eventuais alternativas terão em conta os resultados obtidos. A resposta reafirma ainda o compromisso com a construção da barragem no local, com os ajustes necessários que decorrerem do estudo.

Chan Pou Ha revelou também que o Governo está a trabalhar para atenuar o problema da poluição da água no Porto Interior. Após ser questionada sobre o assunto pelo deputado, Chan respondeu que as obras para melhorar a drenagem naquele ponto da cidade vão ser acompanhadas da identificação de um local instalar equipamentos para o tratamento das águas residuais.

A directora da DSSOPT apresentou um calendário para o andamento dos trabalhos sobres os equipamentos de tratamento das águas e aponta que até ao final do ano o projecto de concepção deve ficar concluído.

Covid-19 | Mak Soi Kun pede explicações sobre baixa taxa de vacinação

Através de uma interpelação escrita, Mak Soi Kun quer que o Governo introduza mudanças na estratégia de vacinação de Macau, tendo em conta a baixa taxa de inoculação contra a covid-19 no território.

Comparando com os dados divulgados pelas cidades vizinhas, o deputado salienta ser incompreensível que, no espaço de um mês, a taxa de população vacinada em Zhuhai seja já de cerca de 80 por cento, ao mesmo tempo que em Macau, onde a vacinação contra a covid-19 decorre desde o dia 22 de Fevereiro, seja apenas de 9,0 por cento.

Isto, com a agravante de a população de Macau ser composta por cerca de 680 mil habitantes, ao passo que Zhuhai alberga cerca de dois milhões de habitantes.

Pedindo explicações sobre as razões para a baixa taxa de vacinação em Macau, o deputado considera ainda ser urgente que o Governo intervenha, até porque, de uma perspectiva prática, os turistas do Interior da China “vão sentir-se mais seguros em Zhuhai do que em Macau”.

“Especialistas e cidadãos sugeriram que o Governo intensifique o plano de vacinação, especialmente ao nível de esclarecimentos prestados à população sobre as sequelas que podem vir a contrair, mesmo após recuperarem de uma eventual infecção por covid-19. Isto serviria para encorajar os residentes a optar pela vacinação. Qual é a resposta do Governo?”, questiona Mak Soi Kun.

João Ribeiro de Almeida, presidente do Instituto Camões: Português visto como língua de cumplicidade e solidariedade

O presidente do Instituto Camões, João Ribeiro de Almeida, disse à agência Lusa que a língua portuguesa, que já foi de colonização e de resistência, é hoje um idioma de “cumplicidade” e de “solidariedade” entre os países lusófonos.

“A nossa língua foi e é uma língua de pontes. Historicamente foi o que foi, como outras línguas de países que colonizaram, mas hoje é sobretudo uma língua de cumplicidade, de amizade e solidariedade”, disse João Ribeiro de Almeida.

O presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (IC) falava, em entrevista à agência Lusa, em antecipação ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala amanhã, dia 5 Maio, por decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Para João Ribeiro de Almeida, que há cinco meses assumiu a liderança da agência pública para a língua e cooperação, esta segunda celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa “será mais uma oportunidade” de todos os países que falam português estarem “ligados em rede”.

O presidente do Camões classificou a distinção da UNESCO à língua portuguesa, a primeira não oficial das Nações Unidas (ONU) a ter um dia mundial, como “altamente inspiradora e motivadora”.

“Temos este ‘bombom’, motivador e altamente inspirador, que é o facto de a UNESCO, que não deixa de ser uma agência da ONU, ter declarado um dia mundial de uma língua que não é a língua oficial das Nações Unidas”, disse, sublinhando “o prestígio” que esta decisão dá ao português.

“Não somos uma língua qualquer, somos uma língua à qual é dado um especial tratamento, se bem que ainda não tenha aquele tratamento que nós gostaríamos”, disse, aludindo ao objectivo de ter o português como idioma oficial das Nações Unidas.

O responsável do Camões considerou ainda que essa “é uma corrida de longo curso”, assegurou que Portugal está a trabalhar “quotidianamente” para esse objectivo e defendeu, por agora, uma aposta concentrada na diplomacia.

“A nossa intenção é continuar este processo. Além de ser língua de cumplicidades, de solidariedade e de paz, também é língua de resistência. Temos de ter alguma resistência no nosso percurso”, disse.

Aposta de futuro

O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, estimando-se que, em 2050, esse número cresça para quase 400 milhões e, em 2100, para mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas.

As projecções para o final do século apontam que será no continente africano que se registará o maior aumento do número de falantes, nomeadamente em Angola, que deverá ter uma população superior a 170 milhões de pessoas e Moçambique com mais de 130 milhões de pessoas. Globalmente, 3,7 por cento da população mundial fala português, que é língua oficial dos nove países membros da Comunidade dos Países (CPLP) e de Macau.

Sócrates anda a rir à gargalhada

O antigo ministro socialista João Cravinho concedeu uma entrevista à SIC que deu muito que falar durante toda a semana passada. Cravinho denunciou que o seu projecto contra a corrupção foi liminar e acintosamente rejeitado pelo então primeiro-ministro José Sócrates. Cravinho, um homem sério, deixou no ar que nada do que propunha convinha ao chefe do Executivo. E, realmente, viu-se que a corrupção tem reinado no seio dos socialistas, e não só.

No entanto, podemos concluir que Sócrates ao fazer as suas caminhadas pela manhã na Ericeira vai a rir-se às gargalhadas. Porquê? Porque o ex-governante tinha umas ideias megalómanas para umas obras públicas a nível nacional, mas como levou o país à bancarrota, nunca as chegaria a levar a efeito. Pensou numa linha TGV que ligasse Lisboa a Elvas para que os passageiros chegassem a Madrid e outra linha de alta velocidade entre o Porto e Vigo.

Pensou que o país devia ter uma rede ferroviária que cobrisse todo o interior, apesar de em contra-senso autorizar a construção de uma barragem que destruiu a bela linha do Tua. Pensou que era importantíssimo construir uma terceira ponte sobre o rio Tejo, em Lisboa, inclusive ainda se começaram as obras em Marvila. Pensou que Sines deveria ser o grande porto de Portugal a fim de escoar as mercadorias a partir de ali, via ferroviária, para toda a Europa. Sócrates pensou essencialmente nas linhas ferroviárias tão necessárias ao país, depois de lhe terem provado que as exageradas auto-estradas andavam vazias com portagens caríssimas. Mas, Sócrates ocupou os seus tempos pela Venezuela, Angola e Líbia e assim perdeu a oportunidade de executar algo de positivo. O dinheiro falava mais alto.

Mas, por que razão ri às gargalhadas? Pela simples razão de que agora apareceu um “Messias” que se desloca de Maserati e é ministro das Infra-estruturas. E o que é que esse mais bloquista que socialista, de nome Pedro Nuno Santos pretende? Anunciou em voz bem alta que o país irá ter uma cobertura total ferroviária. Bem, as linhas férreas e as estações, algumas autênticas obras de arte de azulejos, estão completamente destruídas e em ruínas. Se o pretendente Pedro Nuno Santos a secretário-geral do PS quer comboios por todo o Portugal, que pelo menos, não compre a porcaria de carruagens velhas que adquiriu recentemente a Espanha e que no próximo Verão já vai devolver oito. O homem é um sonhador. Também anunciou uma terceira ponte no Tejo, em Lisboa. Deve ser resultado da velocidade do Maserati. Pedro Santos é um arrogante, no Ministério são poucos os funcionários que o levam a sério. Mas tem poder. O primeiro-ministro tem alguma simpatia por ele. O problema é a última decisão entre Pedro Nuno Santos e Fernando Medina para o cargo de líder do Partido Socialista. Medina tem feito obra em Lisboa. E do Pedro Nuno Santos nada se viu a não ser a bancarrota na TAP e com a situação futura da empresa quase a cair em saco roto.

Os comboios são efectivamente necessários com urgência no interior do país. A maioria da população rural não tem meios financeiros para táxis e as carreiras de autocarros deslocam-se de terra em terra quando o rei faz anos. A rede ferroviária é, sem dúvida, uma necessidade atroz, mas quantos anos irá levar à efectivação do projecto que o ministro anunciou? Não acreditamos que seja uma realidade em menos de dez anos. E o ministro será governante este tempo todo? Não o creio, até porque uma grande parte dos socialistas não nutre qualquer simpatia pelo socialista que se desloca de Maserati ou outras “bombas”.

Sócrates vai continuar a enganar todo o pagode com aquela história de nunca ter sido corrupto, mas vive à grande e à francesa na Ericeira e às gargalhadas com o que Pedro Nuno Santos vai aldrabando o país. Ou então, é da mesma escola de Sócrates, com uma excepção é que Sócrates sempre preferiu um motorista e um Mercedes. Tudo “oferecido” pelo seu amigo Carlos Santos Silva.

Uma fonte dos Comboios de Portugal (CP) transmitiu-nos que o ministro Pedro Nuno Santos não faz a mínima ideia de quantos milhares de milhões são necessários para que Portugal tenha uma cobertura ferroviária digna desse nome. Que não faz a mínima ideia das centenas de empresários que estarão envolvidos num projecto dessa natureza e que, obviamente, sabem que as coisas só se conseguem com os tais depósitos em offshores. A mesma fonte da CP transmitiu-nos que basta olharmos para a “pobreza” das linhas importantíssimas de Lisboa-Cascais e Lisboa-Sintra, para se concluir por onde é que os governantes já há muito deviam ter começado. Na verdade, um político para ser sério tem de o demonstrar e não pode praticar a política á base da demagogia e do sonho fácil. Se nos dias de hoje fosse feito um inquérito à população sobre quantos anos pensa que Portugal terá uma cobertura total ferroviária, a maioria responderia “mais de vinte anos”…

*Texto escrito com a antiga grafia

Distribuição de excedentes

O grande destaque da semana foi dado à intervenção do Chefe do Executivo no hemiciclo. Ho Iat Seng manifestou a intenção de implementar em 2022 um sistema de distribuição de excedentes fiscais.

O projecto demonstra que o Governo está confiante no futuro de Macau. É a prova de que as finanças estão de boa saúde, as receitas são boas e por isso existe excedente. Na situação actual, estas declarações são o equivalente a uma injecção de ânimo na sociedade.

Toda a gestão financeira tem de ter em consideração as receitas e as despesas. A principal fonte de receita do Governo de Macau é, desde há muito, a indústria do jogo, ocupando os outros rendimentos uma pequena parcela do bolo total. A epidemia afectou profundamente esta indústria e as receitas do Governo caíram drasticamente. É preocupante o Governo depender financeiramente da taxação sobre um único sector. Se a situação não se modificar, podem ocorrer problemas graves.

A única solução é a aposta na diversificação. Para aumentar o rendimento é necessário trabalhar e investir. Como Macau possui um pequeno território e uma vasta população, ainda não reune as condições para investir no sector secundário. Nos anos anteriores, as taxas provenientes da indústria do jogo trouxeram enormes excedentes ao Governo da RAEM. Aplicar as verbas excedentárias em investimentos será a forma ideal de obter rendimentos adicionais.

E qual será o melhor investimento? Esta é uma pergunta complicada, com múltiplas respostas. Alguns países investem na construção fora de portas, o que é uma ideia a considerar. Desde que o risco não seja muito elevado, a gestão seja bem feita, o rendimento estável, existem condições para um investimento lucrativo.

Se existirem diversas fontes de rendimento, as receitas do Governo de Macau serão estáveis. Esta é a pré-condição para vir a equacionar as despesas. A regulação das despesas do Governo é feita a partir do Artigo 105 da Lei Básica. O Governo deve gerir as contas consoante as suas possibilidades, esforçando-se por equilibrar a balança financeira e evitar os déficits.

Perante a hipótese da criação de um sistema de distribuição de excendentes, presume-se que as receitas do Governo sejam superiores às despesas. A distribuição de excedentes representa uma contribuição secundária ao nível da segurança social, permitindo que os residentes partilhem os frutos do desenvolvimento económico. Para além disso, reforça entre os residentes o sentimento de pertença a Macau.

É possível que o Governo esteja a considerar transferir todas as verbas excedentárias para um Fundo único, para facilitar a sua gestão. A Segurança Social estaria alocada a este Fundo. Desta forma garantia-se que as verbas necessárias para alimentar este sector estariam garantidas e deixava de criar pressão financeira no orçamento do Executivo. Ou seja, se as verbas no Fundo baixarem, os benefícios sociais diminuem; se aumentarem, os benefícios acompanharão a tendência.

Qual a melhor forma de distribuir excedentes? Esta questão prende-se com o futuro do desenvolvimento de Macau. Desde a reunificação que o Governo da cidade tem feito vários planos nesta área, mas o foco deve ser dado à resolução dos problemas da habitação e da segurança na reforma. Os chineses têm um mote “viver e trabalhar em paz com alegria”. Resolver os problemas da habitação significa garantir casa a todos os residentes. Isto é “viver e trabalhar em paz com alegria”. Resolver os problemas da reforma é outro exemplo de “viver e trabalhar em paz com alegria “. Desta forma, o Fundo criado a partir dos excedentes orçamentais poderia ser alocado a empréstimos para aquisição de habitação. Esta medida facilitaria a compra de casa, mas também permitiria que o Governo tivesse um certo controlo sobre o mercado imobiliário. Quando os preços disparassem, suspendia o acesso ao crédito e quando baixassem alargava-o.

Hoje em dia, em Macau, a pensão de reforma é de 3.740 patacas mensais. Esta quantia não garante minimamente as necessidades dos pensionistas. É importante que a pensão de reforma seja aumentada. Além disso, como o Governo não tem tido excedentes financeiros nos últimos dois anos, não tem alocado verbas ao Fundo Previdência Central não obrigatório, o que tem afectado as pessoas a partir dos 65 anos. Neste contexto, o Governo deveria considerar o reforço das “verbas da velhice” para beneficiar os idosos. No entanto, a condição para receber a pensão de reforma é viver em Macau. Se este requisito não for preenchido, as pessoas não recebem a pensão. Se futuramente o Governo decidir alterar esta lei, vai naturalmente beneficiar quem tiver residência na China continental.

Desde que os residentes de Macau possam “viver e trabalhar em paz com alegria”, a sociedade será naturalmente estável, condição para que haja mais possibilidades de garantir o desenvolvimento de Macau.

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau
Blog:http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

Da desinquietação. Pág. 3

Erro de cálculo é calcular. De que se faz a vida se tudo se imaginar calculável, é uma pergunta a que não gosto de tentar responder. Nem num sussurro por medo de errar, também aí, o cálculo. Antes desdizer todas as previsões e assestar os olhos num pequeno momento de cada vez, de esperar que se somem momentos aos momentos e lançar todas as teias delicadas e sinceras de objectividade, de todas as fibras que constituem – sei lá – o sistema nervoso, o aparelho óptico, os volumes musculares que nos apetecem movimento, as tonalidades de voz, para além do olhar ou das cores. No fundo, bem no fundo nuclear e tectónico, de onde explodem rios de lava e de lágrimas – conforme – centrar. Aí, de onde tudo se retira e escolhe. Não que o tempo se fragmente em tempos precisos de agora antes e depois. Pelo contrário, no seu contínuo, plástico e permanente ser e devir, contém em cada ínfima parte, o de todo inalcançável infinito. É estranho. Num mergulho abrupto em profundidade de possibilidades. A passagem em velocidade da luz por um todo, pelo caminho mais longo. Ou, também como um intangível sulco que podemos saltar quase sem pensar ou deter o olhar. Uma simples ruga na pele do tempo. E atingir permanentemente de chofre o minuto seguinte, sempre em perda por essa é a inconsciência que escolhemos. Ou não. Parar sobre o abismo e nele mergulhar como se um pequeno desvio na naturalidade da perda, é talvez viver a lúcida e inundada possibilidade de, sem cálculos prévios, nos deixarmos surpreender entregando tudo.

Estará escrito no lugar que sempre erra. Que é da natureza e do erro errar o ver e ver o erro à distância do tempo. Estará escrito no passado. Estará escrito no tempo que foi verbo e ficou. Estará. Escrito que o amor é insolvente. Inóspito na forma. A nu. Em que estará onde pode estar. Quem escreveu a salvação diluiu em mágoa. Estará escrito. Mesmo assim. Onde estará escrito que o que quer que seja existe ou morre. E o tempo, o tempo dirá. Do verbo.

Se me sinto, como flor, como apetência de estação, de cerejeira, para quê roubar-me o resto dos dias da semana. Antes do vento. Flores e a efemeridade de tudo. Aprender a dar valor aos momentos de passagem. Porque tudo o é.
Mar e mar.

Mentindo, estar ali em espuma, frescor e sentir. Ou não. Estar mesmo em espuma e ondulante espraiar. Estar ali e não estar. Crescer em ínfimo estarrecer de não ser, ou de entender não estar. Ou de crescer sentir. E explodir. Ficar.

Quantos pedaços fazem sentir e ver e percorrer. Mas não colam ao que de flor florescer. Quantos e como definir, contar, apanhar e envolver. Quanto, esquecer. Quando amanhecer, anoitecer e fenecer. Quando acontecer. Quando. Quanto falta concluir desfrutar, acabar. Esquecer. E, todos os dias, voltar. A estar a concluir a enfrentar a estar. A ir, a voltar. A amar. Marés de mar.

Estrondo invernoso na maré viva. A vida é um desafio formidável. O apelo a um sentido lúdico ou lírico, dramático, sobretudo em tempos de guerra, quando, pequenos, em risco de apagamento. E só por dentro encontro paisagens aprazíveis. E aí estaciono em perspectiva. O plano que se estende do olhar é vasto e a calma que daí se evola, invade como uma sensação cálida em dias frios.

Ou outros dias. Aquela imagem desenhada à pressa no terraço de um bar de Marraquexe em fim de tarde. Por acaso não é Casablanca mas “play it again Sam”.

Primeira-ministra da Nova Zelândia fala de diferenças com a China “difíceis de reconciliar”

A primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern apelou à China para agir de uma forma consistente com as suas responsabilidades como potência em crescimento. Num discurso na Cimeira Empresarial da China em Auckland, na segunda-feira, Ardern sublinhou as tensões nas relações entre a China e a Nova Zelândia, dizendo que as diferenças entre os dois países estavam “a tornar-se mais difíceis de reconciliar” e que não havia “garantias” dentro da relação.

O discurso surge depois da a Nova Zelândia ter sofrido pressões de outros países devido à sua relutância em utilizar o grupo Five Eyes para criticar directamente a China em bloco. A China é o maior parceiro comercial da Nova Zelândia, sendo responsável por 29 por cento das exportações no ano passado.

A relação tem sido complicada por países com os quais a Nova Zelândia tende a alinhar, como a Austrália, que adoptou uma linha mais dura nas suas relações com a China. Como resultado, a China tem colocado tarifas e restrições às importações australianas de cevada, vinho, carne, algodão, madeira, carvão e lagostas, prejudicando essas indústrias.

“Não terá escapado à atenção de ninguém aqui que, à medida que o papel da China no mundo cresce e muda, as diferenças entre os nossos sistemas – e os interesses e valores que moldam esses sistemas – estão a tornar-se mais difíceis de reconciliar”, disse Arden.

“Esperamos que a China também aja no mundo de forma consistente com as suas responsabilidades como potência crescente, incluindo como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”.
Ardern disse também que a relação da Nova Zelândia com a China continuava a ser “forte”. No entanto, “dadas as diferentes histórias, visões do mundo e sistemas políticos e jurídicos dos países, a Nova Zelândia e a China iriam assumir perspectivas diferentes sobre algumas questões importantes. A Nova Zelândia é uma democracia aberta, pluralista, com foco na transparência e no estado de direito”, afirmou.

“Há algumas coisas em que a China e a Nova Zelândia não concordam, não podem e não vão concordar”, disse. Contudo, “isto não precisa de fazer descarrilar a nossa relação, é simplesmente uma realidade”.
“Como potência importante, a forma como a China trata os seus parceiros é importante para nós”, disse Arden. “Continuaremos a promover as coisas em que acreditamos, e a apoiar o sistema baseado em regras que sustenta o nosso bem-estar colectivo”.

Embaixadora pede objectividade e justiça

Em resposta, a embaixadora chinesa Wu Xi apelou para que a Nova Zelândia mantenha uma posição “objectiva e justa” e não interfira nos assuntos internos da China. A embaixadora apelou aos princípios de igualdade, respeito mútuo, e confiança mútua nas relações entre estados. “Esperamos que o lado neozelandês possa manter uma posição objectiva e justa, respeitar o direito internacional, e não interferir nos assuntos internos da China, de modo a manter o bom desenvolvimento das nossas relações bilaterais”, afirmou.

“Tentativas de impor ideologia aos outros e envolver-se em políticas de grupo apenas envenenariam a cooperação internacional e empurrariam o mundo para a divisão ou mesmo para o confronto”, disse Wu. “Não podemos enfrentar desafios comuns num mundo dividido e o confronto não nos levará a lado nenhum”, concluiu.

“As questões relacionadas com Xinjiang e Hong Kong são assuntos internos da China, envolvendo a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China”, disse a embaixadora. Para ela, alegações de trabalhos forçados ou genocídio em Xinjiang são “mentiras totais e rumores fabricados por algumas forças anti-China sem quaisquer provas”.

“Ao defendermos os princípios de respeito mútuo, igualdade e cooperação vantajosa para ambas as partes, desfrutaremos de realizações mais sustentáveis em benefício dos nossos dois povos”, disse Wu. “A China está pronta a trabalhar com a Nova Zelândia para pressionar no sentido de um maior desenvolvimento das nossas relações”.

Insularidade

Margarida N. Silveira nasceu na Ilha Terceira em 1968 e aí viveu até aos 17 anos, quando se mudou para a Califórnia com os pais. Já nos Estados Unidos, licenciou-se em Estudos hispânicos e portugueses. Em 2001 defendeu uma tese de doutoramento acerca de Jorge de Sena, com o título «Exílio». Em 2005 publica o primeiro romance «Férias de Nós», em 2009 o segundo romance «Ninguém, Tu», em 2014 «Aonde» e em 2019 «Um Dia». Os seus livros têm passado completamente despercebidos em Portugal, com excepção das ilhas dos Açores, onde a Margarida N. Silveira é considerada não apenas uma grande escritora, mas acima de tudo a voz principal do sentimento insular e de exílio que os açorianos vivem, especialmente aqueles que se sentem divididos entre os EUA e a sua terra natal.

O livro que mais me impressionou – embora não tenha lido os quatro romances da autora, apenas «Férias de Nós» e «Ninguém, Tu» – foi o primeiro romance. Leia-se à página 112: «O tempo passado na Praia da Vitória fazia-se sentir em nós [a narradora refere-se a ela e ao seu amante, um alemão que conheceu nas férias] como se não fosse da nossa vida que se tratava. Em mês e meio, Wolfgang regressaria a Munique e pouco depois ela voltaria a Santa Bárbara, Califórnia, para a normalidade da vida. O importante não é este sentimento, comum a todos aqueles que se apaixonam num intervalo das suas vidas, e que acontece desde a adolescência. O importante para mim é que pela primeira vez, desde que deixei a ilha para a América, sentia o lugar aonde nasci e cresci como uma terra de esperança, uma terra de sonho, de possibilidades infinitas, e não o lugar onde parecia ter-me partido em duas para sempre.» Margarida N. Silveira confunde propositadamente a narradora consigo mesmo, fazendo do seu primeiro romance uma espécie de confissão. Seja como for, a autora deixa bem vincado o sentimento de que quando se deixa a ilha nunca mais se é inteiro. E por isso mesmo: «Sair da ilha é ser condenada ao exílio de si mesma. Nunca mais se é quem se é ou quem se poderia ser. E este nosso fantasma irá assombrar-nos para sempre.»

A narradora-autora descreve a sua vida – desde que saiu da ilha – como uma espécie de claustrofobia: «Sinto falta de ar quando retorno à ilha, como se eu me tornasse irrespirável para mim mesma. Aquela que fui, e não consigo recuperar nem pela memória, e aquela que poderia ter sido se não tenho deixado a ilha, cercam-me de tal maneira que não tenho espaço para respirar.» Assim, a sua relação com Wolfgang, naquele período de férias de ambos, a meio do Atlântico, repõe uma normalidade no modo como vive a ilha. «A normalidade de quem está de férias, seja em que lugar for do mundo. Porque as férias são sempre férias de nós. Pois por mais que nos levemos na bagagem, como se costuma dizer, a verdade é que não a arrumamos nem desarrumamos como usualmente. E nem sequer olhamos a manhã com os mesmos olhos. Mas a ilha nunca me permitiu ter férias de mim. Vir à ilha sempre foi trabalho. Só Wolfgang conseguiu o milagre de me ver livre de mim. Sentimento que era amplificado por sentir que também ele não era ele. Estávamos de férias da vida, como sempre acontece numa intensa paixão por outrem.»
Independentemente deste sentimento de férias da vida, aquilo que perpassa ao longo de todo o romance é a ideia de exílio de si mesma que a narradora – nunca é dito o seu nome – passa para o leitor, devido a ter-se partido em duas, aos 16 anos. Propositadamente, Margarida N. Silveira adianta o relógio da realidade um ano, como se fizesse da sua vida uma espécie de «delay» em relação à narradora do livro. Regressando à ideia de exílio, que já vinha da sua tese de doutoramento, aquilo que mais impressiona o leitor é que o exílio não é referente a uma terra, a uma comunidade, a um país ou uma língua, mas a si mesma. É de si mesma que a narradora – suspeita-se que a autora também – se exila ou é condenada a isso, ao deixar a ilha.

Também eu escrevi num romance «mesmo quando se regressa nunca se regressa», embora em «Férias de Nós» o sentimento de impossibilidade de regresso seja muito mais profundo e ontológico do que em «O Mal». Porque não é à terra que nunca mais se regressa, mas a si mesmo. Margarida N. Silveira traça nesse seu romance um estranho e arrepiante paradoxo: se nos movermos partimo-nos em dois (ou três ou quatro); mas se não nos movermos conseguiremos ser nós? De outro modo: haverá nós sem nos partirmos? A existência comporta a unidade de si mesma? Talvez todos nós sejamos partidos e os insulares tenham uma consciência mais aguda da situação. E precisamente por isso, a este sentimento particular de exílio, que segundo a autora é muito comum nos Açores, ela chama insularidade: «A insularidade não é estar cercada de mar por todos os lados, é perder-me de mim mesma por todos os lados. E ainda que isso possa ser universal, é muito mais comum nas ilhas. Em especial nas ilhas dos Açores.» Ainda que Trás-Os-Montes possa ser uma ilha, cercada de terra por todos os lados. Ou, pelo menos, tenha sido décadas atrás, antes das novas estradas e auto-estradas.

Margarida N. Silveira continua por ser descoberta em Portugal continental, assim como tantas outras escritoras e escritores insulares.

Fotografias de João Miguel Barros conquistam prémio do Instituto Cultural

“Brumas de Macau”, um conjunto de quatro imagens já publicadas na revista “Zine Photo 4” venceram a categoria “Prémio de Obras Especiais” do concurso promovido pelo Instituto Cultural (IC), ligado à “Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau”. Além deste grupo de imagens, foi também seleccionado pelo IC um outro conjunto de quatro imagens, intitulado “Akuapen”, mas que acabou por não conquistar qualquer prémio.

João Miguel Barros disse ao HM que participou nesta iniciativa “sem grandes expectativas”, por considerar que “a fotografia ainda não está suficientemente valorizada como uma categoria artística em exposições genericamente designadas de ‘Artes Visuais’”.

Com um “pequeno valor monetário”, o prémio é valorizado pelo advogado e fotógrafo “porque se trata de um reconhecimento de terceiras pessoas do trabalho que vou fazendo como criador”. “Tem sido essa a minha postura em relação a todos os prémios que tenho recebido ao longo destes últimos três ou quatro anos, de maior e assumida produção artística”.

Nesta categoria de “Prémios de Obras Especiais” foram também escolhidos trabalhos como “Fora do Mundo”, de Lam Sio Hong, ou “Paisagens Diminuídas”, de Kun Wang Tou, entre outros.

Os prémios foram entregues na última quinta-feira, tendo sido distinguidos pelo IC um total de 79 dos 300 projectos apresentados a concurso. Estes cobrem “uma ampla variedade de meios de expressão artística, que vão da pintura, fotografia, gravura, cerâmica, escultura, instalação, vídeo ou criações em interdisciplinaridade”. Algo que mostra “a diversidade e a criatividade do meio artístico local”.

Até Junho

A obra “Animus”, de Lo Hio Ieong, arrecadou o Grande Prémio do Júri, enquanto que “Impressões”, de Sit Ka Kit conquistou o “Prémio Jovem Artista”. “Animus” foi também um dos dez vencedores do “Prémio para Obras Excepcionais”, incluindo o trabalho “SEM TÍTULO #03”, de Ricardo Filipe dos Santos Meireles, entre outros.

A “Exposição Colectiva de Artes Visuais de Macau” pode ser vista até ao dia 13 de Junho no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 1 e no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Segundo o IC, o objectivo desta mostra é revelar ao grande público o trabalho desenvolvido por artistas locais tendo vindo, nos últimos anos, a promover “a criação de artes visuais locais e a identificação de talentos”. Para o IC, esta mostra tornou-se “num evento cultural icónico no sector das artes visuais e numa plataforma para os artistas de Macau mostrarem o seu talento e criatividade”.

FAM | Dream Theatre conta histórias de Coloane este fim-de-semana 

Arrancou na passada sexta-feira a 31.ª edição do Festival de Artes de Macau depois de uma pausa forçada devido à covid-19. Para este fim-de-semana estão agendados os espectáculos “O Jogo Coloane”, da companhia Dream Theatre Association, e “Vejo-te Através de Memórias”, um espectáculo que mistura teatro e documentário da autoria da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City

 

Um pedaço da história de Coloane volta a contar-se no próximo sábado e domingo, entre os dias 8 e 9, pela mão da companhia teatral Dream Theatre Association, depois da estreia que acontece no último fim-de-semana. O ponto de encontro far-se-á no Largo Tam Kong Miu, em Coloane, onde o público poderá assistir a “uma visita guiada ao local que apresenta a história humanista de Coloane e procura chamar a atenção para a importância da história local, da cultura e da conservação”, descreve o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

O espectáculo, que acontece apenas em cantonense e sem legendas, “combina viagens no tempo com subidas e descidas à montanha”, levando o público “a seguir os artistas pelas ruelas de Coloane”. “O Jogo Coloane” inclui, além das visitas guiadas, teatro, dança e exposições, o que irá permitir aos participantes “experimentar a prosperidade das épocas passadas na parte oeste de Coloane e perceber a dinâmica da altura”.

Desta forma, as histórias de locais emblemáticos da ilha de Coloane como o Pátio dos Velhos, a Rua dos Negociantes ou a povoação de Lai Chi Vun, lugar que outrora foi um importante centro de construção de juncos de madeira, poderão ser contadas através de diversas formas de expressão artística. Em Lai Chi Vun, o público “poderá experienciar o espírito de entreajuda das pessoas e a prosperidade e declínio da indústria de construção naval”, descreve o IC.

Esta não é a primeira vez que a companhia Dream Theatre Association recorre à antiga indústria de construção naval de Macau para construir um espectáculo, sendo esta uma aposta feita desde 2016. Na 29.ª edição do FAM a Dream Theater Association apresentou “Pôr-do-Sol nos Estaleiros”, por exemplo. Para o espectáculo da edição deste ano, a dramaturgia e encenação estão a cargo de Perry Fok e Jason Mok, enquanto que Tam Kam Chun é o responsável pela consultoria história e de construção naval.

Do Patane

Para este fim-de-semana o cartaz do FAM preenche-se também com “Vejo-te através de memórias”, um espectáculo da autoria da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City que se apresenta até esta quinta-feira e depois novamente no fim-de-semana, de sábado a segunda-feira (8 a 10 de Maio). A ideia por detrás deste espectáculo é revelar “histórias desconhecidas sobre o antigo distrito do Patane”, na península de Macau.

As histórias começam a contar-se na intersecção do Largo do Pagode do Patane e Pátio do Alfinete, terminando no jardim Luís de Camões. Segundo o IC, a ideia é abrir “um álbum de família” e desfolhar as páginas “dos registos locais do Patane – o local onde os portugueses desembarcaram” quando chegaram a Macau pela primeira vez.

“É aqui que se encontra o templo mais antigo de Macau, as indústrias em declínio gradual e as pequenas lojas características”, aponta o IC, em comunicado. Este teatro documentário “traça memórias, relembra a nossa antiga identidade e revela-nos a paisagem original da cidade”. No espectáculo, “os artistas guiarão o público num mergulho no passado e no presente do Patane, que está intimamente ligado ao mar”. A direcção do espectáculo está a cargo de Lei Ioi Chon e Kuok Soi Peng, sendo interpretado por Kuok Soi Peng, Ku Man Ian e Ho Chi Fong.

Taxa de desemprego mantém-se nos 2,9 por cento no 1º trimestre

A taxa de desemprego foi de 2,9 por cento no primeiro trimestre do ano, mantendo-se inalterada em relação ao período entre Dezembro de 2020 e Fevereiro deste ano. Em termos trimestrais, a taxa de desemprego cresceu 0,2 pontos percentuais, indicou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No período em análise a população empregada diminuiu em 3.900 pessoas devido sobretudo a uma descida do número de trabalhadores não residentes. De acordo com os dados da DSEC, o número de residentes empregados baixou 100 pessoas.

Em termos de ramo de actividade económica, o número de empregados dos hotéis, restaurantes e similares (51.500) desceram 3.300, o dos trabalhadores do comércio por grosso e retalho (43.800) baixou 1.700, um número idêntico à diminuição registada na construção (34.200).

Já o número de empregados das lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos (78.000) subiu em 1.700 pessoas. Entre Janeiro e Março a população activa que vivia em Macau totalizou 396.600 pessoas. A população empregada fixou-se em 384.900 pessoas e o número de residentes empregados atingiu 281.400 pessoas, ou seja, menos de 2 mil e 1.200, respectivamente, em comparação com o período precedente. A população desempregada era composta por 11.600 pessoas, mais 100, em relação ao período anterior.

Receitas do jogo crescem para 8,4 mil milhões em Abril

Apesar de tímidas, as receitas brutas dos casinos de Macau voltaram a crescer em Abril, atingindo um novo máximo desde o início da pandemia com 8,4 mil milhões de patacas. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 1.014,4 por cento. O número de visitantes no arranque da semana dourada foi de 44 mil pessoas, também ele um novo máximo diário desde o começo da pandemia

 

Embora pouco auspicioso, é um novo recorde mensal. De acordo com dados divulgados no sábado, pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Abril de 2021, as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma subida para 8,40 mil milhões de patacas em termos mensais, ou seja, mais 95 milhões relativamente a Março, altura em que as receitas se fixaram em 8,30 mil milhões.

As 8,40 mil milhões de patacas alcançadas no mês passado consagram Abril de 2021 como o melhor mês desde o início da pandemia, que é o mesmo que dizer, desde Janeiro de 2020, quando as receitas se fixaram em 22,12 mil milhões de patacas.

Já quanto à taxa de variação relativamente a 2020, a diferença é gritante. Em relação a Abril de 2020, registou-se um aumento de 1.014,4 por cento, altura em que as receitas foram de 754 milhões de patacas, muito por culpa dos efeitos provocados, na altura, pela pandemia. Apesar do resultado animador, importa frisar que o registo continua ainda longe das receitas alcançadas em Abril de 2019, altura em que foram alcançadas 23,58 mil milhões de patacas.

Quanto à receita bruta acumulada dos primeiros quatro meses de 2021, segundo os dados da DICJ, registaram-se ganhos de 2,6 por cento, dado que o montante total gerado entre Janeiro e Abril de 2021 foi de 32,04 mil milhões de patacas, ou seja mais 803 milhões de patacas do total acumulado nos primeiros quatro meses de 2020 (31,24 mil milhões). De referir também que é a primeira vez desde o início da pandemia que a taxa de variação anual das receitas acumuladas dos casinos de Macau regista valores positivos.

Analistas da Sanford C. Bernstein citados pelo portal GGR Asia apontaram que as receitas diárias até ao dia 25 de Abril foram “estáveis” e que a recuperação do sector turístico de Macau tem por base um segmento de “clientes de baixo valor” em termos de jogo.

A subir

A propósito da semana dourada do 1.º de Maio, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) revelou que no passado sábado entraram em Macau 44 mil visitantes, sendo que em todos os postos fronteiriços entraram e saíram, no total, 400 mil pessoas. O número de visitantes que chegaram a Macau no dia 1 de Maio, assume-se como o melhor registo desde o início da pandemia. Até às 17h00 de domingo entraram em Macau 36 mil visitantes, sendo que em todos os postos fronteiriços entraram e saíram 299 mil pessoas.

Ao canal português da TDM – Canal Macau, o presidente da Associação Jogo Responsável, Billy Song Wai Kit mostrou-se pouco optimista em relação ao impacto para o sector do jogo do progressivo aumento do número de visitantes, prevendo que, até ao final do ano, as receitas brutas dos casinos sejam de cerca de 100 mil milhões de patacas, registo abaixo dos 130 mil milhões estimados pelo Governo. Além disso, o especialista sublinhou que as novas leis de combate ao jogo transfronteiriço podem fazer com que se gaste menos.

“Pode ajudar um pouco mas não vai ser muito. Não creio, particularmente agora que vemos uma alteração de políticas e de fundos para o jogo transfronteiriço. Isso pode fazer com que gastem menos no jogo, comparando com o que gastavam. Antecipamos que as receitas brutas deste ano rondem os 100 mil milhões de patacas. Pode haver um ligeiro aumento. Não será como dantes em que havia um enorme crescimento ou uma queda abrupta. A menos que haja novamente repercussões devido à pandemia”, disse Billy Song Wai Kit segundo a TDM – Canal Macau.

Transportes | Matrículas novas aumentam mais de 50% face a 2020 

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que, no primeiro trimestre deste ano, o número de veículos com matrículas novas foi de 3.506, tendo crescido 50,7 por cento face ao igual período de 2020.

Relativamente ao mês de Março, o número de veículos com matrículas foi de 1.312, mais 34,3 por cento face ao mês de Março de 2020. “De entre estes veículos, o número de motociclos (714) e o de automóveis ligeiros (564) ascenderam 36,3 e 54,1 por cento respectivamente”, aponta a DSEC em comunicado.  Em finais de Março deste ano havia em Macau 244.457 veículos matriculados, observando-se um crescimento de 1,3 por cento face ao final de Março de 2020. Salienta-se que destes veículos o número de automóveis ligeiros (111.644) e o de motociclos (103.454) subiram 1,5 e 3,2 por cento, respectivamente.

Os dados da DSEC olham também para o fluxo de trânsito nas fronteiras. Em Março passaram pelos postos fronteiriços um total de 381.792 automóveis, mais 87,7 por cento em termos anuais. Salienta-se que o movimento de automóveis ligeiros (352.263) e o de automóveis pesados de carga (27.896) subiram 98,1 e 23,4 por cento, respectivamente. No primeiro trimestre deste ano o movimento de automóveis nos postos fronteiriços foi de 1.049.388, mais 37,1 por cento face ao mesmo trimestre de 2020.

No Aeroporto Internacional de Macau realizaram-se, em Março deste ano, 1.216 voos comerciais, mais 130,7 por cento face a igual mês do ano passado. No primeiro trimestre deste ano realizaram-se 2.775 voos comerciais, menos 67 por cento relativamente ao mesmo trimestre de 2020.

Empresas de ferries despediram mais de metade dos trabalhadores

Susana Wong, directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e de Água, reconhece que a falta de passageiros forçou as empresas a diminuirem o número de funcionários em mais de metade. Cenário para o futuro está longe de ser optimista

 

As empresas de ferries despediram mais de metade dos trabalhadores durante a pandemia. O número foi revelado por Susana Wong, responsável da Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), que sublinhou o facto de as saídas terem sido efectuadas pelas vias legais.

“Pelo que sei, utilizaram meios que estão em conformidade com a legislação laboral, para reduzir os funcionários que não ocupam cargos essenciais ou técnicos, como os trabalhadores da área do marketing. Penso que já reduziram o pessoal em mais de metade”, afirmou a directora da DSAMA, citada pelo Canal Macau. “Em termos de demissões devem ter sido mais de metade dos trabalhadores”, reconheceu.

Susana Wong traçou ainda um cenário com desafios para uma indústria que tem vindo a perder predominância devido à abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Também por esse motivo, além da crise do turismo provocada pela pandemia da covid-19, as embarcações estão ancoradas e a ser desmanteladas.

“Mesmo que seja retomada a circulação de pessoas entre Hong Kong e Macau, o serviço será retomado de forma gradual, não haverá um aumento repentino. Além disso, de acordo com os hábitos e o nível de comodidade dos residentes, pensamos que o transporte terrestre será a primeira escolha”, justificou Susana Wong.

Por outro lado, os responsáveis pela fiscalização dos serviços de ferries acreditam que vai levar tempo até que o negócio atinja os valores pré-pandemia. Por exemplo, entre Janeiro e Março deste ano, Macau recebeu 1,74 milhões de turistas. Um número bastante inferior aos 10,37 milhões de turistas que visitaram a RAEM em 2019.

Cenário difícil

“As pessoas só vão escolher o transporte marítimo se não puderem apanhar o terrestre. Por isso, também não esperamos que tão depressa se atinja um número muito elevado de passageiros”, afirmou Susana Wong.

A directora da DSAMA afastou igualmente o cenário das ligações marítima atingirem o pico pré-pandemia rapidamente, devido às condicionantes referidas, o que impede a manutenção de empregos. “Nós e as companhias de ferry não podemos retomar o número de viagens à frequência anterior de uma só vez”, alertou.

Macau tem duas empresas que fornecem o serviço de ferries, a Turbo Jet, propriedade do Grupo Shun Tak, ligado à Pansy Ho, e a Cotai Water Jet, que faz parte do universo da concessionária de jogo Venetian.

Comunidades | Pereira Coutinho abdicou de Conselho a pensar na AL

O deputado José Pereira Coutinho abandonou o Conselho das Comunidades Portuguesas para se focar nos trabalhos da Assembleia Legislativa. A confissão foi feita à Rádio Macau: “Eu achei por bem que o Gilberto me substituísse definitivamente para me concentrar definitivamente nos trabalhos da Assembleia Legislativa”, afirmou.

No passado, o deputado conciliou sempre as duas posições, sem que tivesse levantado estes problemas. A mudança de postura foi explicada com uma maior pro-actividade do novo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. “Este novo Chefe do Executivo é mais exigente, decide mais, há mais coisas que temos de pensar com maior profundidade e exige mais dedicação e mais empenho”, sublinhou.

Apesar de não ter anunciado publicamente a decisão, Pereira Coutinho tinha abdicado do cargo em Fevereiro, numa decisão que terá sido afixada no Consulado de Portugal. O deputado foi substituído no cargo por Gilberto Camacho, o primeiro suplente da lista que elegeu Rita Santos, José Pereira Coutinho e ainda Armando de Jesus.

Ainda sobre a decisão que recusou explicar num primeiro momento, Pereira Coutinho disse que foi tomada tendo em conta “as eleições para a Assembleia Legislativa de Setembro”, “o volume de trabalho das reuniões do Conselho das Comunidades Portuguesas” e a opinião de Rita Santos, e dos outros membros da lista. “Entenderam todos eles que seria importante haver uma continuidade e uma estabilidade nos trabalhos dos conselheiros em Macau”, frisou.

Covid-19 | Ligações com Hong Kong dependem de 14 dias sem casos, diz Ho Iat Seng

O Chefe do Executivo confirmou as conversas com a congénere de Hong Kong para o estabelecimento de uma bolha de viagem, mas o processo depende do combate à pandemia na região vizinha

 

O estabelecimento de uma bolha de viagem com Hong Kong está dependente da região vizinha alcançar a marca de 14 dias sem casos de infecção de covid-19. A condição foi traçada por Ho Iat Seng, chefe do Executivo, à margem das comemorações do Dia do Trabalhador promovidas pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

De acordo com o comunicado do Executivo, Ho Iat Seng “destacou um intercâmbio que teve recentemente na província de Hainão” com Carrie Lam, líder do Governo de Hong Kong, em que o tema da bolha de viagens foi abordado. Ho Iat Seng confirmou a informação que tinha sido revelada anteriormente pelas autoridades da RAEHK.

Contudo, o Chefe do Executivo de Macau sublinhou que antes da criação da bolha “Hong Kong deve registar 14 dias consecutivos sem casos locais de Covid-19”. Mesmo que a meta seja atingida, o processo não vai ser automático, e é apenas um ponto de partida para “haver condições para negociar o próximo passo”.

Ho Iat Seng comentou igualmente os casos das regiões perto de Macau onde a pandemia está descontrolada e que são encaradas como um risco: “Macau não só precisa de avaliar, de forma mais cautelosa, a viabilidade de importar trabalhadores não residentes domésticos vacinados com as duas doses, como também, ponderar os canais de deslocação para Macau, face às medidas das autoridades de Hong Kong que accionaram o mecanismo de suspensão de voos regionais, por causa das novas situações epidémicas registadas no exterior”, afirmou.

Cartão de Consumo em discussão

Na ocasião, Ho Iat Seng revelou também que o “programa de benefícios de consumo por meios electrónicos” vai ser discutido no Conselho Executivo esta semana. Após a reunião, haverá uma conferência de imprensa do órgão que tem André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, como porta-voz. “Após a discussão e a aprovação do mesmo, será convocada de imediato uma conferência de imprensa para anunciar à sociedade o referido conteúdo”, prometeu.

Sobre a economia local, Ho Iat Seng mostrou-se agradado com os números do turismo no 1.º de Maio, e destacou que os hotéis registaram “uma taxa de ocupação bastante positiva” com as previsões a apontarem para “um aumento de 20 por cento” dos visitantes face ao “recorde recente”.

Em relação ao turismo, Ho assumiu o compromisso de se empenhar para que as pessoas vacinadas contra a covid-19 possam circular entre o Interior e Macau sem a necessidade de fazerem testes de ácido nucleico a cada sete dias.

CAEAL diz que polícias e magistrados não têm direito de “propositura”

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) considera que polícias e magistrados não gozam do direito de propositura, ou seja, de assinarem a comissão de candidatura das listas participantes nas eleições legislativas. O esclarecimento sobre o dever de imparcialidade foi divulgado, através de comunicado, pela comissão, depois da questão ter sido colocada anteriormente pelo deputado José Pereira Coutinho.

“A CAEAL sublinha […] que a subscrição da constituição de uma comissão de candidatura pelos eleitores é uma tomada de posição política aberta, representativa da sua vontade de se integrar na respectiva comissão de candidatura como seu membro, representativa do seu apoio à lista de candidatura apresentada pela mesma, bem como da sua vontade de participar e apoiar as respectivas actividades de campanha eleitoral”, é apontado.

Ainda de acordo com a CAEAL a obrigação advêm do estatuto dos magistrados e das forças militarizadas, e não da lei eleitoral. “A CAEAL reitera, mais uma vez, que o dever de manter a neutralidade política dos magistrados e do pessoal militarizado das Forças de Segurança, não é devido às normas previstas na Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, mas sim por estar o dever regulamentado, respectivamente, no Estatuto dos Magistrados e no Estatuto dos Militarizados das Forças de Segurança de Macau, estatutos implementados e vigentes, pelo que, o respectivo pessoal deve ter tido conhecimento sobre as respectivas normas”, foi sustentado.

Veja as diferenças

A tomada de posição da comissão liderada pelo juiz Tong Hio Fong é ainda complementada com uma clarificação entre a diferença do direito de voto e direito de propositura. “Sendo diferente do direito de propositura, o direito de voto é um direito cívico de todas as pessoas. Todos os eleitores, inclusivamente, os magistrados e os militarizados das Forças de Segurança de Macau, podem votar no dia das eleições, sendo o seu voto mantido em absoluto segredo”, foi clarificado.

1 de Maio | Layoff e emprego local no topo das preocupações das associações

Apesar de todos os pedidos de manifestação terem sido rejeitados, várias associações assinalaram o dia do trabalhador com entregas de petições e comunicados dirigidos ao Governo. Regulamentação das licenças sem vencimento e prioridade ao emprego local fazem parte da lista de preocupações da FAOM, Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo e Associação Novo Macau

 

Por ocasião do dia do trabalhador, duas associações entregaram no passado sábado, petições onde pedem que o Governo reforce a supervisão das licenças sem vencimento e dê prioridade ao emprego local através de cortes no número de trabalhadores não residentes (TNR).

Na petição entregue ao Executivo, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) defendeu que, de forma a dar prioridade ao emprego local, o regime de substituição de TNR deve ser “executado rigorosamente”, sobretudo numa altura em que “os residentes locais enfrentam maior pressão ao nível do emprego”.

A nível legislativo, a associação considera que o Governo tem a responsabilidade de rever a lei laboral para colmatar as lacunas existentes para os trabalhadores que se encontram em regime de licença sem vencimento. Isto porque, para além de o número de pessoas nesta situação ter aumentado significativamente desde o início da pandemia, a partir do momento em que a lei do salário mínimo entrou em vigor, foi revogada uma cláusula que previa que os empregados tinham de trabalhar pelo menos 16 dias.

No mesmo dia, a Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo entregou uma petição a defender também a tomada de medidas para apoiar o emprego local, com Cloee Chao, presidente da associação, a especificar que, no caso do sector do jogo, a corte deve ser de 20 por cento e que a substituição deverá acontecer sobretudo ao nível da tesouraria, segurança, restauração e relações públicas. Segundo Cloee Chao, isso iria libertar 10.000 empregos para os residentes.

“Não é razoável que Macau, como uma das cidades mais famosas do mundo em termos de jogo, não possua quadros qualificados locais no sector e que tenha de ir buscar TNR a regiões onde não há casinos”, pode ler-se na carta.

Num comunicado divulgado pela Novo Macau, a associação vincou que o número de pessoas que fazem parte do “desemprego escondido” por estarem em regime de licença sem vencimento é de, pelo menos, 18.000 e que, seguindo a legislação actual, “os empregadores não estão obrigados a informar as autoridades para efeitos de supervisão”, nem existe qualquer limite máximo para a sua duração.

Sobre o facto de a lei sindical continuar ausente ao fim de 21 anos, a Novo Macau vincou que “sem a devida protecção legal, os empregados serão sempre a parte fraca quando é chegado o momento de negociar com a entidade patronal”.

Ruas silenciosas

Depois de terem sido rejeitados os pedidos de Cloee Chao e de Wu Shaohong, vice-presidente da Associação Poder do Povo, para que fossem realizadas manifestações no dia do trabalhador, a polícia rejeitou ainda uma manifestação organizada por três associações de trabalhadores migrantes.

De acordo com o canal português da TDM-Canal Macau, após três avisos de manifestação apresentados pelas associações para uma marcha até à Sede do Governo e, mais tarde, no Jardim da Flora, as autoridades permitiram apenas uma pequena concentração sem cartazes nem microfones. As associações acabaram por se encontrar em Coloane para distribuir folhetos.

“Nós temos direito de manifestação porque estamos a trabalhar em Macau e, se esta é a única forma de ouvirem os nossos problemas, porque é que não nos deixam manifestar?”, apontou Jasmine Santos, da Associação Laboral Progressista dos Trabalhadores Domésticos.

Consulta pública: Maioria a favor da Linha Leste do Metro Ligeiro

O relatório completo só está disponível em chinês, mas de acordo com um comunicado da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, quem participou na consulta pública sobre o Projecto da Linha Leste mostrou-se a favor do plano. No total, foram recolhidas 216 opiniões sobre a Linha Leste do Metro Ligeiro.

“Após feita a organização e conclusão, a população concordou, em geral, com a construção da Linha Leste do Metro Ligeiro, os dois temas que mereceram mais atenção foram ‘concepção de estações’ e ‘solução do traçado’”, refere a nota. Em relação à concepção das estações, a maioria das opiniões focou-se na interligação com as instalações de transportes públicos circundantes, existindo ainda vozes a pedir espaços comerciais nas estações.

Além disso, registaram-se preocupações com a extensão da rede, o âmbito dos serviços e a forma de construção do Metro Ligeiro. Não ficaram de fora temas como o “orçamento e prazo de execução de obras da Linha Leste”, “o sistema de metro ligeiro e a protecção ambiental”. De acordo com a Sociedade do Metro Ligeiro, a equipa de estudo vai propor que na próxima fase haja um ajustamento da instalação dos equipamentos em algumas estações e do seu acesso. Os dados estatísticos da Sociedade do Metro Ligeiro mostram que Abril foi o mês com maior número de passageiros em 2021. Registaram-se em média 2.000 passageiros por dia.

Plano Director | Consulta pública registou oposição a habitação no Alto de Coloane

Depois da consulta pública sobre o Plano Director registar quase duas centenas de opiniões contra a criação de uma zona habitacional no Alto de Coloane, o Chefe do Executivo disse que se vai manter o espaço verde. A construção de instalações governamentais nas zonas C e D junto ao Lago Nam Van foi também rejeitada, mas o Governo defendeu a necessidade de aproveitar os terrenos para instalações colectivas

 

 

O Governo recolheu um total de 1.265 opiniões na consulta pública sobre o projecto do Plano Director, subdivididas em 4.939 opiniões sobre os diversos tópicos. Mais de metade das opiniões foram sobre as finalidades dos solos, entre as quais 533 sobre as zonas habitacionais. A classificação do Alto de Coloane como zona habitacional esteve entre os tópicos mais discutidos, registando 193 opiniões discordantes. “Não concordam com a classificação do Alto de Coloane como zona habitacional, uma vez que o mesmo é considerado como pulmão e jardim de Macau, o Governo da RAEM deve proteger as colinas de Coloane”, refere o relatório.

Além disso, registam-se opiniões como a construção de habitação não ajuda os cidadãos, tratando-se antes de “um tipo de transferência de benefícios aos grupos financeiros”, além de preocupações com a destruição das colinas.

Em resposta às opiniões apresentadas, o Governo defende que o projecto do Plano Director prevê a construção de um edifício de baixa densidade que “não irá afectar as colinas existentes e terá uma distância e zona de protecção adequada” entre a área e a zona de protecção ecológica. O Executivo explicou ainda que o objectivo inicial era desenvolver uma zona habitacional no Alto de Coloane para que as pessoas que trabalham no Cotai pudessem ter casa na zona.

No entanto, face às preocupações apresentadas o Governo compromete-se a reavaliar a proposta. “A Comissão Interdepartamental analisará o ambiente circundante do respectivo terreno, em conjugação com a relação global entre o vizinho Parque de Seac Pai Van Lai Chi Vun e reexaminará as vantagens e desvantagens do Projecto do Plano Director, de modo a procurar mais espaço que poderá ser aperfeiçoado para satisfazer as necessidades da sociedade de reservar mais espaços verdes”, pode ler-se no relatório.

De acordo com o Gabinete de Comunicação Social, Ho Iat Seng já reagiu ao relatório da consulta pública e indicou que vai seguir a vontade das pessoas. “Quanto ao planeamento no Alto de Coloane, o Chefe do Executivo afirmou que o Governo aceitou as opiniões públicas emitidas sobre esta matéria, ou seja, irá manter a zona na qualidade de espaços verdes e não para fim habitacional”, diz a nota.

Sem cedência

A sociedade reagiu também com oposição à construção de instalações governamentais nas zonas C e D junto ao Lago Nam Van. “De um modo geral, a sociedade não concorda com a construção de instalações governamentais nesta zona e considera que esta deve ser considerada zona verde ou destinada a espaços públicos abertos e instalações culturais e recreativas”, indica o documento. As opiniões discordantes apresentadas focavam-se principalmente no “desperdício” que a construção representa numa zona em que a localização e paisagem “são excelentes”.

O Governo defendeu que “é necessário aproveitar ao máximo os terrenos e construir as instalações indispensáveis para o desenvolvimento urbano”, alegando escassez de solos e insuficientes instalações colectivas. No entanto, explicou que a proporção dos terrenos destinados a construções e a zonas verdes será clarificada nos planos de pormenor.

Foram ainda apresentadas 160 opiniões contra a altura máxima de 62,7 metros para os edifícios a construir nas zonas C e D, por entenderem que “é necessário proteger a sua paisagem”. No entanto, o Governo entende que o projecto do Plano Director propõe directrizes que têm em conta a preservação das paisagens do Centro Histórico de Macau. Também o Chefe do Executivo manteve que se vão construir instalações de utilização colectiva nas zonas C e D, que terão “baixa densidade e altura, de acordo com os critérios da Lei do planeamento urbanístico”.

Ponto de equilíbrio

Outra questão a gerar atenção foi a Zona Industrial de Ká-Hó, com opiniões a defenderem a troca de finalidade de terrenos industriais para fins habitacionais. Por outro lado, há quem seja a favor do desenvolvimento industrial e da criação de uma indústria complementar ao turismo.

Com instalações como o terminal de combustíveis localizadas nessa zona, o Governo propõe que as zonas industriais se mantenham, elevando-se antes a actividade económica e a modernização industrial. No entanto, as sugestões e o parecer do Conselho do Planeamento Urbanístico serão analisados para “optimizar a instalação de zonas industriais e equilibrar as necessidades do desenvolvimento económico e da conservação”.

Já o controlo de poluição foi um ponto que reuniu dezenas de opiniões favoráveis, muitas delas semelhantes e a considerarem necessário que a poluição da zona industrial de Ká-Hó seja supervisionada e a zona tampão fiscalizada, dado que “afecta as zonas habitacionais no seu redor”.

Duas dezenas de opiniões focaram-se ainda nas necessidades de habitação dos jovens, propondo, por exemplo, que sejam criadas medidas de concessão para a aquisição ou arrendamento de casa. As ideias apresentadas abrangeram ainda explorar a viabilidade de “comunidades partilhadas” que ofereçam aos jovens “um novo modo de vida e de habitação. Reconhecendo que os residentes sempre mostraram preocupação com a procura de habitação, o Governo declara que vai atribuir zonas habitacionais “adequadas para grupos etários, incluindo jovens e idosos, de acordo com a situação demográfica e as suas mudanças dinâmicas”.

Com o envelhecimento populacional em mente, houve quem pedisse a instalação de mais equipamentos colectivos, como lares e espaços verdes. O documento indica que as sugestões vão ser analisadas em conjunto com as opiniões do Conselho de Planeamento Urbanístico, para serem tidas em conta na elaboração do Plano de Pormenor de cada zona.

Areia a mais

Relativamente a novos aterros, 41 pessoas concordaram em pedir ao Governo Central a construção de um aterro para aumentar os espaços verdes na zona norte e na zona A. Em sentido oposto, houve mais vozes contra do que a favor da realização de aterros na Zona D, por preocupações com a protecção do meio ambiente e marinho.

Note-se que o Chefe do Executivo já disse que o Governo aceita as opiniões sobre o aterro da Zona D e que o plano do aterro no lado oeste da Zona A implica a autorização do Governo Central. Ho Iat Seng referiu que as obras do aterro da Zona C “encontram-se muito atrasadas” devido à falta do fornecimento de areia, enquanto “o andamento das obras do aterro da Zona D também depende da evolução da situação”.

Quanto às zonas de conservação ecológica, 88 por cento das 444 opiniões recolhidas mostraram-se favoráveis à sua existência. Já no âmbito dos espaços verdes e de lazer, 189 pessoas concordaram que é necessário aumentá-los, proporcionando mais espaços para actividades do público. “Nos últimos anos, os residentes têm dado mais importância à qualidade de vida em família e a espaços de actividades ao ar livre para as crianças, especialmente durante este ano, devido à epidemia”, pode ler-se.

Numa vertente distinta, o desenvolvimento de uma nova zona comercial marginal no lote que estava destinado ao Parque Oceanis gerou 53 opiniões discordantes. Estas vozes consideram mais adequada a transformação do terreno em zonas verdes ou espaços abertos, como forma de preservar a paisagem visual e responder à procura de espaços públicos. Neste ponto, o Governo disse que a área será desenvolvida em conjunto com o espaço de lazer marginal, um corredor verde à beira-mar e uma ciclovia. Além disso, observou que a zona comercial deverá “encorajar concepções arquitectónicas que possam elevar a classe da cidade”.