Tóquio 2020 | Ginasta Daiki Hashimoto ‘retém’ no Japão ouro no concurso completo Hoje Macau - 29 Jul 2021 O japonês Daiki Hashimoto conquistou esta quarta-feira a medalha de ouro no concurso completo de ginástica artística de Tóquio2020, prolongando a hegemonia do país organizador dos Jogos Olímpicos na prova ‘all-around’ individual. Hashimoto concluiu o concurso com um total de 88,465 pontos, ultrapassando no último aparelho o chinês Xiao Ruonteng (88.065 pontos) e o russo Nikita Nagornyy (88.031), graças a um exercício próximo da perfeição na barra fixa. Aos 19 anos, Hashimoto tornou-se o mais jovem campeão olímpico, sucedendo ao compatriota Kohei Uchimura, vencedor da medalha de ouro no concurso completo em Londres2012 e Rio2016 e considerado um dos maiores ginastas de sempre, que optou por não defender o título em Tóquio. O jovem atleta nipónico abordou o sexto e último aparelho no terceiro lugar, atrás de Xiao e Nagornyy, mas não acusou a inexperiência, nem a pressão, efetuando um exercício exemplar, que lhe valeu a pontuação de 14,933, mantida mesmo depois de um protesto da delegação chinesa. O Japão também tinha protestado a pontuação de Hashimoto na prova de argolas, com idêntico desfecho, mas o novo campeão olímpico, que até esse momento tinha liderado a competição, manteve-se nas ‘proximidades do ouro’ e conseguiu mesmo arrebatá-lo na última oportunidade. ‘Pendurado’, imóvel, na barra fixa, o ginasta nipónico sabia exatamente o que precisava para subir ao lugar mais alto do pódio: uma pontuação de 14,533. Cinco movimentos vertiginosos sobre o aparelho e uma saída segura depois, Hashimoto nem precisou do veredicto dos juízes para celebrar. Hashimoto permitiu ao Japão desforrar-se da derrota imposta pela Rússia – e por Nagornyy – na final por equipas e fazer esquecer a ausência de Uchimura, que se lesionou no ombro durante as qualificações e decidiu disputar o acesso à barra fixa.
Jogo | Melco Resorts com perdas líquidas de 185,7 milhões de dólares no 2.º trimestre Andreia Sofia Silva - 29 Jul 2021 A operadora de jogo Melco Resorts & Entertainment, com quatro casinos em Macau, teve perdas líquidas de 185,7 milhões de dólares no segundo trimestre do ano, anunciou a empresa. Ainda assim, a perda líquida foi menor do que a registada no mesmo período homólogo de 2020, período em que a pandemia e as restrições fronteiriças atingiam de forma mais acentuada a capital mundial dos casinos. O presidente da empresa, Lawrence Ho, um dos filhos do falecido magnata do jogo Stanley Ho, mostrou-se satisfeito “por ver uma recuperação progressiva dos níveis de negócios durante o segundo trimestre de 2021, apesar dos desafios da pandemia de covid-19 e das restrições fronteiriças, que apesar de relaxadas para a China continental, ainda estão em vigor. No comunicado divulgado hoje, o grupo apresentou receitas operacionais no segundo trimestre de 2021 de 566,4 milhões de dólares, um aumento de aproximadamente 222%. No segundo trimestre de 2021, o grupo apresentou um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado positivo de 79,1 milhões de dólares.
Julgamento do caso conexo ao de Ho Chio Meng vai ser repetido João Santos Filipe - 29 Jul 2021 O Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao recurso do Ministério Público (MP) e ordenou a repetição do julgamento do caso conexo ao do ex-Procurador Ho Chio Meng. O Tribunal Judicial de Base (TJB) vai assim voltar a debruçar-se sobre a maior parte dos factos que constam na acusação, segundo apurou o HM. A primeira decisão do caso tinha sido tomada em Agosto de 2017, e, na semana passada, o TSI apresentou o veredicto sobre os diferentes recursos, que implica que a instância inferior volte a decidir sobre os factos imputados aos arguidos que terão ajudado o ex-Procurador a cometer 1.091 crimes. A condenação valeu a Ho uma pena de prisão de 21 anos, que ainda está a cumprir no Estabelecimento Prisional de Coloane. Para o Ministério Público, a decisão é uma primeira vitória e as absolvições de António Lai Kin Ian, ex-chefe do gabinete de Ho Chio Meng, Chan Ka Fai, ex-acessor do MP, e Alex Lam Hou Un, funcionário das empresas que o TUI disse serem lideradas por Ho Chio Meng, são assim anuladas. Os três arguidos arriscam-se agora a serem condenados. Por outro lado, o facto de o TSI ter aceite o recurso do MP levou a que o recurso dos empresários Wong Kuok Wai e Mak Im Tai – donos das empresas que Ho Chio Meng foi acusado de favorecer – nem fosse apreciado. Wong Kuok Wai tinha sido condenado a uma pena de 14 anos de prisão pela prática de 1.147 crimes, entre os quais participação em associação criminosa, participação económica em negócio e branqueamento de capitais agravado. Por sua vez, Mak Im Tai tinha sido condenado com uma pena de prisão de 12 anos de prisão por 1.147 crimes, semelhantes aos de Wong Kuok Wai. Ambos estão a cumprir pena na Prisão de Coloane, mas as condenações podem ser agravadas. Outros afectados Também os arguidos Ho Chio Shun, irmão de Ho Chio Meng, que tinha sido condenado a 13 anos de prisão, e Lei Kuan Pun, condenado a 12 anos de prisão, voltam a ver os seus casos analisados. A decisão do TSI recusou igualmente o recurso de Lei. Segundo o HM apurou, as únicas condenadas que não vão ter os seus casos “reabertos” são Chao Sio Fun, esposa de Ho, e Wang Xiandi, amante do ex-Procurador. Chao tinha sido condenada a 2 anos de prisão, com pena suspensa, por dois crimes de inexactidão dos elementos de declaração de rendimentos e um crime de riqueza injustificada, e vai ter de devolver a riqueza injustificada. Wang não apresentou qualquer recurso, e fica com a pena de prisão de seis anos em vigor, pelos crimes de burla de valor considerado elevado. Porém, a amante encontra-se em parte incerta pelo que não deverá cumprir a pena.
Trevo Luís Carmelo - 29 Jul 2021 Toda a vila se deixou cercar por arranha-céus, hematomas que rasgam as paisagens húmidas atravessadas pelo grande aqueduto. Na montra da praça, há um Cristo deitado de barriga para o ar que se mostra particularmente atento às prateleiras de cima onde as bonecas surgem alinhadas com folhos brancos, chapéus de chita e os lábios muito marcados em tons de vermelho vivo. A homeostase perfeita para uma vila com o nome de Belas. O taxista continua no seu posto sentado ao volante. Olha vagamente para as portadas azuis da casa de saúde ou para o avarandado do café. Por vezes, vira a cabeça na direcção do parque infantil que continua deserto. O locutor da rádio garante que a mudança de dígito irá dar origem, dentro de dias, a um crash global. Este Millenium Bug, tal como o designa, já foi tratado por uma revista americana com o título “banho de sangue”. O medo não tem paisagem, é um buraco onde o teatro de sombras encena as peças mais improváveis com algum selo de verdade. O taxista viu crescer o seu próprio teatro ao rubro, a ponto de se imaginar a arder numa vala comum. O dia não promete bonança, pensou. Foi quando o telefone da praça tocou e o carro partiu para mais uma breve viagem. O tempo dos clientes é um tempo proscrito. Voa como quem esvazia um balão que não pára de crescer. Até que o automóvel acaba por chamar a si as atenções e a estação de serviço interrompe todas as caminhadas. O taxista propõe-se encher o depósito como sempre, mas, desta vez, vê andar na sua direcção uma mulher de abas largas. Por trás das lentes grossas dos óculos que ostentam aros de chifre, os olhos desmaiam tons marinhos, à medida que a voz cresce naquele afã dos foguetes de arraial que falham na subida. A mulher parece ter ressuscitado no momento em que encarou de frente o taxista que mantém ainda na mão o tubo negro por onde escorre o gasóleo. Jura que o conhece há muito tempo e repete-o com um ar ao mesmo tempo vitorioso e furioso. O taxista não tem sequer tempo para insistir que se deverá tratar de um engano. Indiferente, ela continua a jorrar palavras e lembra o clima tropical, as azáfamas debaixo do calor, aquilo era outro mundo, não era? Lembro-me de o ver todas as manhãs com camisa branca a distribuir envelopes porta a porta. Por vezes parava e olhava para cima como se uma nuvem apenas feita para si lhe tivesse sido prometida. Nunca me passou pela cabeça investigar qual seria o seu emprego, mas cruzava-me sempre consigo na mesma estrada de terra batida, aquela terra barrenta cheia de sapos, lembra-se? O taxista enche o depósito e continua com a longa mangueira na mão, incomodado por ter que interromper os seus habituais gestos mecânicos. À sua frente, a mulher devora as palavras e o relato torna-se de repente tão bizarro como a própria situação em que decorre. Poucas vezes o encontrava durante a tarde, mas havia aquele café entre os coqueiros do vale, isso mesmo, o Majestoso, onde o via por vezes com uma cerveja morna pela frente e o bloco-notas que ia enchendo entre um ou outro olhar na direcção da esplanada. Sempre o achei um solitário. Mas, minha senhora, eu nunca saí daqui da minha terra, está enganada com a pessoa, não sou eu certamente. É o senhor, sim, eu não me costumo confundir. Nunca. Houve uma altura em que comecei a ter sonhos estranhos consigo, tenho que lho dizer. Via-o a bater à porta da minha casa com as palmas das mãos cheias de cavalos marinhos. Via-o a atravessar-se-me em frente como se levitasse diante da sacada do meu quarto. Via-o a contar-me que já vivera várias vidas, cada uma delas em seu continente e sempre, sempre com um fim trágico, terrível. E numa dessas vidas tinha sido taxista. Não me diga que não! Abruptamente, a mulher como que crepita em estado de pânico. O silvo da voz acende-lhe o rosto. Sua de ponta a ponta com os braços arqueados no ar, cabelos desordenados, o olhar em vaga a bulir com a pontaria de um lança-chamas. O taxista, inquieto, tenta dar a cena por terminada, dirigindo-se com passo acelerado na direcção da caixa de pagamento. Gestos rápidos de ciclope. À volta, um pequeno grupo de pessoas junta-se em semi-círculo para bisbilhotar o inesperado turbilhão. A mulher grita, irada. A tarde sai das suas raízes como um relâmpago a alçar o piso molhado e escorregadio, por causa das nuvens rápidas e das manchas de óleo. O táxi parte com os pneus de trás a derraparem, enquanto a mulher, impassível, continua a vociferar, a bradar, deambulando entre as bombas de gasolina com o coração, distante do corpo e de tudo, a ribombar. Cada paisagem é uma fuga na direcção do animal que por dentro atiça a sua própria tempestade. Noite caída. O taxista entra em casa, um modesto cruzamento de duas assoalhadas. Olha obstinadamente para o relógio, abre a televisão e o pequeno móvel do bar, levanta a cortina do aquário e contempla o movimento dos cavalos marinhos. No telejornal fala-se do Millenium Bug, mas o taxista não é capaz de pôr de lado a imagem de Cristo deitado de costas a espiar as bonecas que o lojista carregou de batom vermelho. Com o indicador, levanta a manga da camisa e torna a fitar o relógio, impaciente. Desdobra um dos jornais da semana passada, ao mesmo tempo que assobia a tónica dos acossados que desconhecem o que é descansar ao fim do dia. Olha mais uma e outra vez para o relógio até que batem finalmente à porta. É ela. A mulher entra em silêncio. É o taxista quem reabre a sorvedouro. Ela acede de imediato, sentando-se na mesa de apoio com as pernas muito brancas a espantar os relances da casa: Ah sim, se me lembro de o ver, manhã atrás de manhã, com a camisa branca toda aberta a entregar os envelopes nas caixas de correio do pobre bairro. Desculpe, minha senhora, está mesmo enganada eu não sou essa pessoa. Ai é, é! Tantas vezes que o segui até ao Majestoso com um desejo enorme de tentar perceber o que escrevinhava nesse bloco-notas de capa azulada. Mas eu nunca… e não foi só isso, a partir de certa altura, via-o em sonhos a ameaçar-me com os seus cavalos marinhos, via-o diante da minha janela deitado sobre um tapete aos quadrados, enfim, via-o a contar-me as suas várias vidas e em todas elas eu e o senhor éramos levados a arder para mesma vala comum. Ah! Belas anoitece cercada por arranha-céus, hematomas que rasgam os medos em fuga como se cada novo aqueduto fosse um animal gigante a atiçar a sua própria intempérie.
Pal Lok e Johnny Tam, curadores do Festival BOK: “O teatro liga as pessoas” Andreia Sofia Silva - 29 Jul 2021 Sobe aos palcos desde 2013 e assume-se como um projecto independente. Em ano de pandemia, o festival BOK foca-se nos artistas locais e do continente asiático e traz o teatro às ruas, para abrir horizontes. Pal Lok e Johnny Tam assumem que o mais importante é divertirem-se e querem partilhar essa felicidade com o público Realizam esta edição do festival BOK em plena pandemia, com restrições de convites a artistas de fora. Quais os nomes que gostariam de ter convidado e que ficaram de fora? Pal Lok (PL) – De facto este ano tivemos de nos focar na Ásia, com artistas locais e também oriundos de Pequim e Xangai. Johnny Tam (JT) – Temos interesse em diferentes culturas. Já tivemos artistas da Áustria, por exemplo. Normalmente os artistas gostam de viajar pelo mundo, coleccionar diferentes experiências e reunir com outras pessoas. É este tipo de artistas que gostamos de convidar para virem até Macau. Este ano vamos transmitir espectáculos online e o nosso objectivo é partilhar esses espectáculos com outros produtores para que nos possam dar o seu feedback. PL – Queremos desenvolver, com este festival, bons contactos na área do teatro e das artes performativas. Daí termos planeados estas transmissões de espectáculos em directo, online. Existe uma característica comum a todos os espectáculos que compõem o cartaz deste ano? PL – “BOK” remete para o caracter chinês que significa conexão, experiência. Esse é o espírito do nosso festival, e pegamos nisso, num certo sentido de aventura, para explorar novas coisas. O cartaz deste ano tem como slogan “Demo for Mary”, e todos os seis grandes espectáculos estão ligados pela música, é esse o ponto chave desta edição. Se tivessem de destacar um espectáculo, qual seria? JT – Recomendo o “Mirror-24 relationships” [de Cindy Ng, Yaya Lam e Hon Chong Chan]. Ela é uma pintora contemporânea e vive em Pequim. O ano passado, quando a convidei para fazer um espectáculo, ela já queria fazer algo que estabelecesse uma conexão com as pessoas, queria retirar lições do público. Recomendei-lhe que fizesse um encontro com o público primeiro. Por isso[nesta iniciativa] falamos sobre 24 diferentes tipos de relações e contactamos primeiro o público antes do espectáculo, perto do mar, por exemplo, ou junto a uma igreja. Depois de todos estes encontros será feita uma performance de pintura em palco para esse mesmo público. Dar mais espaço e um novo ambiente a projectos de teatro locais é também um dos objectivos principais do BOK? Sem este festival seria mais difícil às associações apresentarem os seus projectos? PL – Há diferentes festivais de arte em Macau e a maior parte deles são apoiados ou organizados pelo Governo. O mais importante para nós na organização de um festival que não está ligado ao Governo é que os artistas possam explorar mais plataformas. Esse é o espírito do festival BOK, tentar coisas diferentes e não recear as falhas. Damos esse espaço para que eles possam experimentar. Essa é a grande diferença em relação aos festivais ditos oficiais. A independência é algo bastante importante para o projecto. PL – Sim, sem dúvida. Mas isso implica não ter apoio financeiro. Como é organizar este festival sem esse apoio? PL – Para nós a independência não tem apenas esse significado financeiro. Claro que ajuda, porque este festival tem alguma dimensão e precisamos de ter diferentes apoios, seja de entidades independentes seja do Governo, mesmo que seja só através concessão de espaços para a apresentação de espectáculos. O mais importante são os contactos e as apresentações, uma vez que não estamos limitados a grandes espectáculos, podemos ter mais facilidades nesse aspecto. A primeira edição deste festival aconteceu em 2013. Desde então têm contribuído para a criação de uma maior relação do teatro com a população local? PL – Há muitas pessoas aqui a esforçarem-se por fazerem bons espectáculos. Não posso dizer que é apenas por causa do festival BOK que as pessoas têm maior ligação ao teatro. Mas certamente que o nosso festival deu um contributo. JT – Nos últimos anos temos tentado fazer uma combinação entre um festival de artes e um festival também ligado ao entretenimento. Porque acredito que nem todas as pessoas de Macau podem entrar num teatro e ficar lá duas horas, é difícil para algumas. Mas quando dizemos a alguns amigos para virem porque vão ser apresentados espectáculos num mercado, por exemplo, tentamos transmitir a ideia de que podem usufruir da arte no dia-a-dia. É esta a ideia que queremos passar a todos. PL – Na verdade, o nosso programa tem duas partes. A primeira, inclui seis espectáculos mais focados na performance teatral propriamente dita. Mas o foco especial é que trabalhamos com artistas e fazemos algumas actuações em espaços que não são teatros, como galerias ou mesmo na rua. A segunda parte do festival, é a nossa tentativa de fazermos uma ligação com o dia-a-dia das pessoas, e aí não nos focamos apenas em quem já tem interesse no teatro, mas sim em pessoas que à partida não estão muito interessadas em arte. Criámos a iniciativa “M Mode 24”, em São Lázaro, com vários acontecimentos ao fim-de-semana. O mais importante é que trabalhamos com proprietários de lojas e artistas dessa zona que ficaram interessados no projecto e tomaram várias iniciativas. “M24” tem a ver com o facto de Macau ser uma cidade de jogo onde as pessoas nunca dormem. Mas o “M”, pode também significar Macau e ainda “Minimal”, no sentido em que as pessoas podem definir os seus próprios projectos e personagens. É desafiante fazer teatro em Macau nos dias de hoje? Há muitas associações a desenvolverem projectos, mas continua a ser difícil fazer teatro? JT – É muito desafiante. O teatro é algo que tem muito significado para mim. Nem todos conhecem o teatro, que é um espelho, através dele as pessoas podem conhecer-se a si mesmas e também a sociedade em que estão inseridas. Diria que, neste momento, não tenho um sentido certo para onde devo ir, mas sei que fazer teatro tem um significado para mim. É difícil descrever. Penso que em qualquer lugar é difícil [fazer espectáculos]. As escolas deveriam ter mais programas dedicados ao teatro e às artes no geral? JT – O teatro está muito relacionado com o pensamento criativo, que faz com que as pessoas tenham uma mente aberta para poderem olhar para todo o mundo e nunca parar de pensar. A arte é uma parte desse pensamento criativo, mas há muitas coisas que podem levar a isso, como a educação, que é muito importante. O teatro também é uma das coisas que pode ajudar a desenvolver pensamento crítico. PL – Não estamos limitados ao teatro mas a muitos estilos artísticos e outro tipo de programas. Vejo que as pessoas em Macau estão cada vez mais ocupadas se compararmos com há 10 ou 20 anos atrás. Devido ao desenvolvimento da cidade, e com a indústria do jogo, as pessoas estão sempre ocupadas. Quando trabalhava num hotel, não tinha muito tempo para dar atenção aos programas artísticos que aconteciam na cidade. Devíamos viver de outra forma para abrir os nossos corações a coisas interessantes. Como começou a vossa relação com o teatro? JT – Todos os anos me pergunto porque é que continuo a fazer isto. Tenho 36 anos mas não me considero um jovem. Os jovens apostam muito na experimentação e eu não sou muito desse género, mas durante este processo posso conhecer as pessoas em Macau. O teatro liga as pessoas, leva-as a partilharem o que pensam e o que querem, os seus desejos. Costumava ser muito reservado, mas quando comecei a fazer teatro, e a dirigir espectáculos, precisava de falar com os actores e produtores, e esse processo fez-me perceber que não estou sozinho. Poderia discutir com eles, expressar as minhas ideias. Percebi que discutir com as pessoas podia ser bom. Isso teve bastante significado para mim. PL – Não sou apenas curadora de projectos teatrais, às vezes também trabalho na área das artes visuais. Também não me considero jovem, mas ainda sinto o poder das artes e esse toque. Quando faço o planeamento dos espectáculos gosto de dar apoio a cada projecto e de criar coisas com significado. Macau é uma cidade muito pequena e criar projectos com significado é muito importante para a vida das pessoas. Se pararmos de fazer isso as pessoas vão simplesmente continuar a trabalhar e a ter uma vida mais aborrecida. Esta é a minha motivação. Que expectativas têm para a edição deste ano do festival? PL – Queremos continuar a criar conteúdos interessantes e espero poder levar estes projectos a outros lugares. Talvez possamos actuar em Portugal, por exemplo. Também esperamos que esta seja uma boa plataforma de partilha, onde os artistas podem expressar as suas ideias, para que as pessoas possam ter um pensamento criativo mais activo. Apenas nos queremos divertir e partilhar esta felicidade. Cartaz plural É entre o dia 31 de Julho e 8 de Agosto que acontece a nova edição do festival BOK organizado pelas associações Own Theatre, Macau Experimental Theatre e MyLand Culture. As iniciativas decorrem no bairro de São Lázaro e no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2. Uma das duas partes do programa intitula-se “BOK Movement” e inclui seis espectáculos onde a multidisciplinariedade assume um papel principal. Um deles intitula-se “There is no day as usual”, de Iat U Hong, Akitsugu Fukushima e Ivan Wing, e acontece no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais n.º 2 nos dias 4 e 5 de Agosto, às 19h30. No mesmo local, mas às 21h30, acontece “There is no day as usual” seguindo-se uma “After Party”, uma mistura de Djset e espectáculo de multimédia. Por sua vez, o bairro de São Lázaro, nomeadamente em locais como a Calçada da Igreja de São Lázaro, o Albergue SCM e o Armazém do Boi recebem as 100 actividades programadas, numa tentativa de juntar o teatro às pessoas que, por norma, não têm com ele qualquer ligação. O Albergue SCM recebe, entre sábado e 3 de Agosto, das 11h às 22h, a instalação multimédia “Or Bit”, estando também agendada a iniciativa “M Mode 24”.
Finanças | Hasta Pública rendeu à RAEM 2,89 milhões João Santos Filipe - 29 Jul 2021 Relógio da marca Girard Perregaux foi a venda mais cara e fez entrar nos cofres da RAEM 421 mil patacas, depois de ter sido colocado no leilão com um preço de licitação de 191,67 mil patacas. A hasta contou ainda com a venda de carros de bombeiros, gruas e um Porsche Cayenne Os Serviços de Finanças realizaram ontem uma hasta pública para vender carros, sucata e jóias tendo arrecadado 2,89 milhões de patacas, em menos de três horas. Entre os bens vendidos, constava um camião dos bombeiros, um Porsche Cayenne de 2010, uma grua e vários relógios e jóias. O leilão contou com cerca de 50 participantes e o produto que mais rendeu aos cofres da RAEM foi um relógio da marca suíça Girard Perregaux. O produto de luxou começou a ser licitado por 191,67 mil patacas, e depois de um leilão com muitos participantes acabou por ser vendido por 421 mil patacas. A segunda venda mais proveitosa foi um lote de ferro velho com 613 motociclos, vendidos, depois de serem amontoados, por 314 mil patacas. Entre os veículos que faziam parte do lote constam motos da marca Yamaha, Honda, Suzuki ou Kymco, e nenhuma pode voltar a circular nas estradas da RAEM. Tauqeer, residente local, foi um dos participantes no leilão e também levou um dos lotes de sucata para casa. Ao HM, explicou que vai utilizar os materiais adquiridos como passatempo. “Durante a pandemia não há muito para fazer. Como trabalho numa sucata acho que vou conseguir reciclar o lote que comprei, também como uma forma de passar tempo”, afirmou. “Sei que comprei lixo, mas vou ter algo para fazer. Quando receber o lote vou perceber melhor o que comprei e ver se há possibilidade de vender parte dos materiais”, acrescentou. Sobre a possibilidade de obter lucro com a compra, Tauqeer mostrou-se reticente: “Diria que há uma hipótese de 50/50 de obter lucro. Depende muito do que estiver no lote. O objectivo é mesmo passar tempo, se conseguir obter lucro, melhor”, concluiu. O investidor anónimo O lote em que constavam duas viaturas dos bombeiros foi vendido por 180 mil patacas. Os carros não vão poder voltar à estrada. O mesmo acontece com o Porsche Cayenne de 2010, que fez parte de um lote com outras 20 viaturas, vendido por 111.600 patacas. No entanto, foram as joias que atraíram a maior atenção e o maior número de participantes nos leilões. Foi o caso de Kong, residente com 38 anos que tentou obter um dos relógios. Ao HM, Kong confessou não ter conseguido o objectivo, uma vez que os preços subiram depressa de mais e ele apenas pretendia guardar um dos relógios de luxo, que afirmou admirar particularmente. A participação no leilão foi feita com um grupo de amigos. Também uma outra residente, uma mulher com cerca de 30 anos, saiu do leilão frustrada. Apesar de não querer ser identificada, a residente explicou ao HM que o objectivo da participação passava por comprar os bens a um preço acessível e depois vendê-los para obter lucro. Apesar de não trabalhar para nenhuma loja de penhores ou no negócio de jóias, a interessada tinha feito o trabalho online e entrou no leilão para licitar por vários relógios e joias com o objectivo de poder ganhar algum dinheiro. A participação foi feita com o parceiro, que também entrou na licitação, mas os esforços dos dois não foi suficiente para saírem satisfeitos. No final, a residente encarou a “derrota” com naturalidade: “Faz parte, se há pessoas dispostas a pagar mais, não há muito que possa fazer”, concluiu. Entre os lotes colocados à venda apenas um carro eléctrico, da marca Smart, ficou por vender.
Associações sindicais | Governo admite falta de rigor nos critérios do estatuto das FSM Andreia Sofia Silva - 29 Jul 2021 Macau continua sem ter uma lei sindical, mas há agentes das FSM que pertencem a associações com natureza laboral, pelo que podem estar a violar o actual estatuto das FSM. Esta questão foi levantada por alguns deputados da comissão, mas o Governo admitiu que os critérios quanto a este aspecto não têm sido rigorosos. “De acordo com representantes do Governo, se o respeito pelas disposições do EMFSM [estatuto], que está em vigor, fosse controlado com um critério de máximo rigor, alguns agentes das FSM teriam violado essa disposição. Mas como ainda não existe uma lei sindical, o controlo do respeito por essa disposição tem sido feito com outros critérios. Apenas se exige uma declaração do agente a informar da sua participação nas associações.” Sempre que houver casos que passem para a justiça, cabe aos juízes recorrerem a disposições no Código Civil, ao direito internacional ou comparado, é dito no parecer. “O Governo acrescentou que a interpretação que vem sendo feita do artigo do estatuto tem como base a noção geral de associação sindical a nível internacional, pelo que nada tem de censurável. O facto de a RAEM não dispor de uma lei sindical ou de uma definição legal de associação sindical não significa que o Governo fique dispensado de aplicar o estatuto”, acrescenta-se. Discussão travada Segundo o Governo, se uma associação “lutar por benefícios laborais, por exemplo, é um assunto com natureza sindical”, considerando “o grupo como associação de natureza sindical”. Nas reuniões da comissão foi ainda referido um exemplo de um diálogo travado pelo facto de não existir uma lei sindical em Macau. “No passado houve um caso em que um grupo discutiu sobre o bem-estar do pessoal das FSM com alguns agentes, a fim de lutar pelos seus direitos. O Governo pôs fim a essa discussão porque a lei não permite.” Desta forma, “se um agente quer lutar por melhores condições laborais pode apresentar aos seus superiores as suas propostas e opiniões sempre a título individual”. Portanto, “tal não pode ser feito de forma colectiva ou através de uma associação”. O novo estatuto determina que um agente das FSM “deve abster-se” de pertencer a associações de “natureza política ou sindical”.
Forças de Segurança | Armas usadas em último recurso, assegura Governo Andreia Sofia Silva - 29 Jul 2021 O Governo garante que os agentes das forças de segurança usam armas de fogo apenas em último recurso e que existem vários níveis para o uso da força. No parecer da Assembleia Legislativa que analisou o novo estatuto das forças de segurança na especialidade, o Executivo esclarece ainda que o valor da vida está sempre presente As forças de segurança têm critérios para o uso de meios coercivos e armamento e os seus agentes só podem recorrer a armas de fogo em último recurso. Estas são garantias do Governo constantes no parecer da comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL) que analisou o novo estatuto das forças de segurança de Macau (FSM) na especialidade. “Os representantes do Governo esclareceram que cada unidade das forças e serviços de segurança têm as suas instruções. Os meios coercivos são o uso da força física, do spray de gás pimenta, do bastão e da arma de fogo. Isto é: só em último recurso é que se usa a arma de fogo”, pode ler-se. No que diz respeito ao recurso à força, há também “uma ordem de prioridade”, em primeiro lugar “utiliza-se a força mínima, tendo em conta a auto-protecção e a protecção da segurança de terceiros”. Segundo os esclarecimentos do Governo, “o uso da força tem como função principal a defesa, a manutenção da ordem pública e a segurança dos bens mais importantes, assim como controlar o opositor, mas sem nunca lhe tirar a vida”. “Há instruções para tudo isto”, garantiu o Executivo. Sobre os “vários níveis do uso da força física”, o primeiro diz respeito “ao controlo por meio verbal”, sendo que “dentro deste nível ainda está dividido em recomendação, advertência, aviso e ordem”, representando um aumento gradual. Além disso, o “uso da força física divide-se em força moderada e forte”. Sempre que “o uso da força não conseguir resolver a situação então utiliza-se, de forma gradual, o spray de gás pimenta, o bastão e por último a arma de fogo”, adiantou o Governo aos deputados da comissão. Alguns deputados questionaram se estes critérios são do conhecimento da sociedade, mas o Executivo frisou que “os princípios gerais das instruções sobre o uso dos meios coercivos e de armamento são do conhecimento geral”, tendo em conta o respeito pela vida humana, a dignidade humana. Subsídio é possibilidade No mesmo parecer, assinado pelos deputados da 3ª comissão, é feita referência à sugestão, apresentada por um deputado, quanto à criação de um subsídio de disponibilidade para os agentes da FSM que corresponda a cerca de 30 por cento do vencimento base. No entanto, o Governo preferiu adiar esta possibilidade. “Os representantes do Governo referiram que, à partida, existe sempre a disponibilidade para analisar a situação de mais subsídios aos agentes, mas é preciso considerar os princípios gerais, a situação económica e a realidade das remunerações. Se for necessário, por exemplo, 70 ou 80 horas de trabalho por semana, além do subsídio de 100 pontos, poder-se-á criar um regime de compensação com um determinado número de horas de trabalho.” O Governo admitiu que “esta solução pode ser explorada no futuro, mas, no presente momento, a duração média de trabalho é de cerca de 44 a 48 horas semanais, ou seja, menos de 50 horas”.
Cozinheiro detido por traficar ice no valor de 135 mil patacas Pedro Arede - 29 Jul 2021 Um cozinheiro de 21 anos foi detido na Rua do Campo na posse de mais de 11 gramas de ice. Apesar de pouco cooperante com as autoridades, o suspeito admitiu ter começado a vender estupefacientes há cerca de um mês a conterrâneos oriundos da Indonésia. No total, a droga apreendida foi avaliada em 135 mil patacas Na passada terça-feira, a Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de 21 anos que trabalhava como cozinheiro, por suspeitas da prática do crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. De acordo com as informações avançadas ontem em conferência de imprensa pela PJ, o homem de nacionalidade indonésia foi interceptado na Rua do Campo na posse de 10 pacotes de ice, alegadamente para serem vendidos. A operação foi iniciada no seguimento de a PJ ter recebido informações a atestar que um “homem asiático” tinha por hábito passear-se frequentemente naquela zona da cidade, aproveitando a oportunidade, não só para consumir, mas também para vender estupefacientes. Seguindo essa pista, na passada terça-feira a PJ destacou, pelas 19h00, um contingente para patrulhar a zona da Rua do Campo e as redondezas, acabando por localizar o homem quatro horas mais tarde. Na revista efectuada no local da detenção, a PJ encontrou 10 doses de ice com 11,15 gramas, escondidos no interior de uma caixa de máscaras cirúrgicas. Dirigindo-se a casa do cozinheiro, localizada no bairro de San Kio, a polícia iniciou uma busca que resultou na apreensão de mais um pacote de ice com 0,3 gramas, balanças electrónicas e algumas centenas de patacas em dinheiro. Durante o interrogatório, o homem demonstrou ser pouco cooperante, já que se recusou a revelar o local de proveniência da droga ou que lucros obteve pelo tráfico. O cozinheiro admitiu, porém, que começou a traficar ice há cerca de um mês a pedido de terceiros. Contas feitas, a PJ apreendeu 11 pacotes de ice com o peso total de 11,45 gramas, avaliados em 135 mil patacas. Só um aperitivo O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o cozinheiro irá responder pelo crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, pelo qual pode vir a ser punido com uma pena de prisão entre 5 e 15 anos. No entanto, na sequência de os testes à urina terem acusado positivo para a presença de estupefacientes, o suspeito pode vir ainda a responder pelo crime de consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, pelo qual pode ser punido com uma pena com uma pena adicional de 3 meses a 1 ano de prisão ou com pena de multa de 60 a 240 dias.
Subsídios | Escola Portuguesa recebeu mais de 13 milhões no 2.º trimestre Pedro Arede - 29 Jul 2021 Entre Abril e Junho de 2021, a Escola Portuguesa de Macau (EPM) recebeu, juntamente com a Fundação EPM, 13,64 milhões de patacas em subsídios concedidos pelos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e pela Fundação Macau. Detalhando, a descrição referente aos apoios financeiros concedidos a particulares e a instituições particulares pela DSEDJ publicada ontem no Boletim Oficial, revela que a EPM recebeu 10,44 milhões de patacas distribuídos por subsídios às propinas do ano lectivo 2020/2021 (7,52 milhões de patacas), subsídios para o ensino integrado (1,51 milhões), subsídio para as propinas do curso intensivo de língua portuguesa (756 mil patacas), e ainda subsídios para a prestação de serviços de aconselhamento aos alunos (344 mil patacas). As restantes verbas são destinadas a apoiar campeonatos escolares de badminton, judo, futebol, voleibol e bolinha. Já a Fundação da EPM, recebeu da Fundação Macau 3,2 milhões de patacas destinadas a custear as despesas do plano anual do estabelecimento de ensino. Por seu turno, o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes recebeu cerca de 832 mil patacas em subsídios concedidos pela DSEDJ distribuídos por apoios à prestação de serviços de aconselhamento aos alunos (344 mil patacas) e subsídios para o ensino integrado (283 mil e 182 mil patacas). O estabelecimento de ensino que mais apoio recebeu foi a escola Pui Ching, a quem foram concedidos subsídios no valor total de 38,44 milhões de patacas. Da lista de escolas mais apoiadas fazem ainda parte a Escola Internacional de Macau (13,30 milhões) e a Escola das Nações (8,19 milhões). De apontar ainda que, no segundo trimestre de 2021, foram concedidos apoios a sete escolas no valor de 972.051 patacas destinados a subsidiar viagens de finalistas.
Apoios da Fundação Macau relativos ao 2.º trimestre duplicam face a 2020 João Luz - 29 Jul 2021 Depois da quebra vertiginosa dos apoios prestados pela Fundação Macau no 2.º trimestre de 2020, no mesmo período deste ano o valor das prestações mais que duplicou para um total de 464,5 milhões de patacas. A Universidade de Macau, MUST e associações tradicionais ficaram com as maiores fatias do bolo Fim de Julho é sinónimo de anúncio dos apoios da Fundação Macau (FM) do segundo trimestre do ano. Foi ontem publicada a lista, que estabelece um montante de subsídios de 464,5 milhões de patacas, o que representa uma subida de 112 por cento, em relação aos 218,8 milhões atribuídos no mesmo período do ano passado. Como é habitual, a Universidade de Macau (UM) e a Fundação da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) receberam a maior parcela das contribuições, com 103,9 milhões e 90,3 milhões, respectivamente. O apoio recebido pela UM destina-se a cobrir as despesas da segunda prestação do projecto de reconstrução do Edifício-auditório da Escola Anexa à universidade. A Universidade de São José recebeu no total 22,8 milhões de patacas, através da Fundação Católica de Ensino Superior Universitário. Quanto aos apoios à MUST, para o segundo trimestre, os subsídios para o hospital universitário e para o laboratório para a ciência espacial, totalizam 90,3 milhões de patacas. Contas feitas, estas duas instituições captam 41,8 por cento dos apoios da Fundação Macau, no período em apreço. De seguida, as associações tradicionais representam a segunda maior fatia do bolo de subsídios, com Moradores e Operários em destaque. A Federação das Associações dos Operários de Macau foi subsidiada em 24,4 milhões de patacas, enquanto a União Geral das Associações dos Moradores de Macau recebeu 18,5 milhões de patacas. Logo depois, surgem as associações ligadas a Fujian, com a Aliança de Povo de Instituição de Macau a ser subsidiada em 12,4 milhões de patacas e a Associação de Conterrâneos de Fukien a receber 4,9 milhões, e a Associação Geral das Mulheres de Macau com 13 milhões de patacas. As entidades ligadas a Jiangmen foram financiadas num total de 5,15 milhões de patacas. Contas macaenses A Fundação Macau atribuiu também apoios a algumas entidades de matriz portuguesa. Neste capítulo, destaque para a Casa de Portugal de Macau que recebe 3,6 milhões de patacas, enquanto o Instituto Português do Oriente garante 53 mil patacas. A Associação dos Macaenses foi contemplada com 882 mil patacas, enquanto a Conselho das Comunidades Macaenses recebe 518 mil patacas. No plano laboral, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) foi subsidiada em 1,154 milhões de patacas, enquanto a Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) recebe quase 2 milhões de patacas e a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses 15 mil patacas. Já no campo das instituições de cariz solidário, destaque para a atribuição à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau de 4,6 milhões de patacas, em parte para custear o plano de actividades de 2020 do Albergue. A Caritas de Macau foi subsidiada com 6,65 milhões de patacas, a ANIMA com 2 milhões de patacas, a Obra das Mães será contemplada com 5,9 milhões de patacas, o Instituto Ricci de Macau foi subsidiado em 458 mil patacas, enquanto a Diocese de Macau recebe 453 mil patacas no segundo trimestre deste ano.
Tóquio 2020 | Países Baixos e China com recordes mundiais no remo Hoje Macau - 28 Jul 2021 As embarcações de ‘quadri scull’ dos Países Baixos (masculinos) e da China (femininos) estabeleceram hoje dois novos recordes mundiais de remo na final da prova dos 2.000 metros de Tóquio2020. A embarcação holandesa assumiu a liderança a meio da prova e foi a primeira a cortar a linha de chegada, com 5.32,03 minutos, batendo o anterior máximo da Ucrânia (5.32,26), e conquistando o ouro, à frente da Grã-Bretanha (prata) e Austrália (bronze). O ‘quadri scull’ feminino da China chegou à vitória na final e ao ouro com o tempo de 6.05,13 minutos, quebrando o recorde mundial que se encontrava há sete anos na posse da Alemanha (6.06,84), impondo-se à Polónia (prata) e à Austrália (bronze).
O vizinho Nuno Miguel Guedes - 28 Jul 2021 Fazemos os nossos amigos, fazemos os nossos inimigos, mas Deus faz o nosso vizinho. G. K. Chesterton Por vezes, para apaziguar o pessimismo que sob temperaturas estivais passa a um nível efervescente detenho-me a considerar o tanto que o ser humano conseguiu para elevar-se na lama. A arte. A literatura. A arquitectura. A música. O cinema. As formas de organização social, geridas por um Estado de Direito e que permitem liberdade individual e possibilidade de escrutínio aos que detêm o poder. Os grandes filósofos, que nos ensinam a pensar. E mais haverá que seria ocioso aqui enumerar. Tudo conquistas dignas, extraordinárias, contra todas as possibilidades e que tendem a engrandecer a natureza humana. Mas depois lembro-me dos vizinhos. O leitor sabe, que eu sei que sabe. Vamos lá ver: um vizinho em si não é coisa má. É necessária e é uma forma orgânica de comunidade que muitas vezes nos ajuda e até salva. Naturalmente esse tipo de altruísmo aparece ao mais alto nível e sem surpresa nas grandes tragédias: lembrai-vos do início da pandemia e do confinamento, quando saltitavam os vídeos de vizinhos confinados cantando e acenando para outros vizinhos. Que comovente maravilha. E agora que já vamos no segundo ano desta situação, a coisa continua solidária, alegre, com manifestações espontâneas de amizade entre vizinhança e…ah, espera. Não se julgue que o vizinho é uma tipologia moderna, no entanto. Não, amigos: há milhares de páginas da nossa literatura que tentam caracterizar ou defender o sujeito ali do lado ou do andar de baixo. Por mim bastaria uma reunião de condóminos, mas isso sou eu. Chesterton, que ali está em epígrafe, concordaria comigo, como aliás George Bernard Shaw que deixou esta lapidar verdade: «Se ofenderes o teu vizinho é melhor não o fazeres pela metade». O romântico Schiller lembra a categoria de “mau vizinho” para lembrar que nem o homem mais bondoso consegue a paz se isso não agradar ao dito cujo. O Código Civil está cheio de artigos que visam justamente regular e confirmar a existência desta espécie. Por outro lado também existem as apologias mas normalmente são feitas por homens de enorme estatura moral e bondade, como Martin Luther King,Jr que confundem o amor ao vizinho com o amor ao próximo. Percebo mas a prática muitas vezes torna-se difícil. Por mim, prefiro o anonimato discreto, o cumprimento cortês mas lacónico e o silêncio angustiante do elevador partilhado. Mais a mais agora, em que registo uma guerra surda com um desses cavalheiros acima descritos que me atormentam a paz e o sossego com queixas injustificadas. Como uma que ficará nos anais: na última passagem do ano, com duas pessoas a jantarem na sala, confinados que estávamos, ouviu-se gritos do andar de baixo e a tradicional vassourada no tecto, reclamando contra o barulho. Estava a televisão ligada, imagine-se. E eram 21 horas numa passagem de ano. Enfim. Percebeis agora o motor desta crónica. Só devemos escrever sobre o que sabemos, ensinaram-me os mestres. E sobre este tema tinha muito mis para dizer, só que quero que esta coluna continue acessível a todas as idades. Mas sempre vos direi, parafraseando um célebre slogan: poderíamos viver sem vizinhos? Poderíamos, mas não seria a mesma coisa. Seria melhor.
Colher e ser colhido João Paulo Cotrim - 28 Jul 2021 Horta Seca, Lisboa, sexta, 16 Julho Que esconde uma montra? Percorro a página de abertura do sítio (www.abysmo.pt) e vejo como vem sendo parca a colheita, que nunca foi dada a abundâncias. Logo os restos de sangue camponês encontram razão nas vicissitudes do tempo, cargas de água e sol abrasador ou aquele nevoeiro que se abateu sobre o mundo e as vontades. O bom agricultor sabe ler a meteorologia, até a atmosfera da desgraça, pelo que não será apenas por isso. Onde se conservam as sementes adiadas, em que compostagem os apodrecidos? E as sombras, que celeiro bojudo as mantém na boa temperatura? Tanto por enfrentar e as ferramentas ferrugentas, rombas, quebradas… O conforto de uma côdea surge de volumes como este «Eva – Ilustradoras Portuguesas do Século XX», aliás no seguimento do «Tom», com grafismo que se vai tornando assinatura (algures na página uma capa) e que celebra a letra em entrada para exposições portáteis que andam por aí nas mãos e olhos de quem as agarrar. O Jorge [Silva] continua, aqui e ali a convite de instituições, a fazer do seu hobby uma vocação, de um interesse pessoal autêntico serviço público. Ao contrário de tantos respigadores, ele pensa o que vai recolhendo quando o oferece em livro. (Em mercado drogado em novidades, desaconselham-se indícios que datem a obra. Caiu em desuso a classificação de catálogo, para que o livro não fique preso a uma circunstância.) Neste caso, que esteve patente na Casa da Cerca, em Almada, o ar dos tempos soprou-lhe por tema o feminino. São nove os nomes primeiros (Alice, Mily, Raquel, Guida, Laura, Ofélia, Sarah, Maria e Fernanda), quase todos bastante conhecidos, mas manda o habitual que se conheça mais o nome (vagamente) que a obra (minimamente). Esta sistemática recolha do esquecimento traz consigo invariável motivo de espanto. Para além dos costumes citadinos, os da alta burguesia e os da mítica ruralidade, de uma infância não menos mítica, encontramos representações da mulher que escapam ao lugar-comum e intenso trabalho plástico. Um bálsamo, as expressivas interpretações de Maria Keil para «Folhas Caídas», do Garrett. Estonteantes, as composições e as poses e os rostos de Guida Ottolini para a capas da revista «Eva». Melancólicas, as formas de Mily Possoz, que vão do minimal ao colorido solar, passando pelo quase cubismo em ponta seca. Postas as lentes de aumentar da actualidade, o Jorge não hesita em sublinhar na contra-capa: «apesar das contingências da sua educação escolar e familiar, e do expectável papel que a sociedade patriarcal lhes reservava, muitas mulheres conseguiram afirmar um percurso ou uma carreira como ilustradoras editoriais, realizar uma obra inspiradora e inspirada nas vanguardas dos movimentos estéticos e pugnar por um papel igualitário na sociedade do seu tempo.» Tendo a achar, a partir de testemunhos, que muitas vezes se tratou apenas de viver as possibilidades ao máximo. Com o que tal significa sempre ignorar com sobranceria o impossível anunciado, imposto, palpável. Surge até como metáfora esta brincadeira à la Silva com o código de barras. A imposição logística de um pequeno indicador de (quase) identidade, sobretudo, preço e arrumação, transforma-se em pretexto para modular formas. Ao limite. São Cristovão, Lisboa, terça, 27 Julho Tem andado um rio entre nós, pelo que há muito me não encontrava com o Paulo [José Miranda], para acerto de agulhas e apanha da notícia madura. Acompanho nestas páginas e às terças o seu excêntrico contributo para a letradura, não apenas com títulos – entre o doce e o estridente –, mas também com – e tal não será para todos – autores que suscitam a busca dos sequiosos leitores. Vale volume, pelo que comecem os trabalhos de apuro e enxertia! Em 2022, arredondam-se datas e soam já projectos pelo que temos de pensar em arredores para o centro que será, para nós e todo sempre, o livro. E a poesia. Passámos pelo futebol e, pour cause, um verde branco, antes de nos atirarmos ao tinto e às mudanças, que serão apenas de geografia. Apenas? Sim, quando os passos são no caminho da conversão, ao encontro de si mesmo, o exacto lugar não interessa por aí além. Mal lhe falei de novidades traduzidas, tomei nota da sua surpresa por publicarmos traduções. Se nem os casa conhecem os cantos às lombadas… Quedámo-nos em princípio muito inicial e prometedor de romance. O Paulo gosta de ler excertos em voz alta e eu de o ouvir. Não que me concentre, antes me faz andar por lugares. Lá foi o olhar subindo e descendo a estreita e geométrica escadaria que se estende entre azuis à nossa frente, Tejo em cima e céu em baixo. Calcutá, Lisboa, terça, 28 Julho Estão elencadas, e não apenas pelos profissionais do contratudismo, as fraquezas dos festivais literários: a vacuidade das ideias distribuídas, a claustrofobia dos temas e editoras dominantes, o espectáculo das vaidades, a promoção da leitura reduzida ao culto do autor, a dislexia entre performance pública e qualidade de escrita, a insistência em um só modelo de conversa pequena perante plateias enormes, etecetera. Ah, e o excesso de festa! Cultura não condiz com alegria, coisa de entretenimento. (O que para aí vai, aliás, de confusão entre uma e outro.) Por princípio, não nos negamos aos ditos. Para o melhor e o pior, são encontros. Quando solicitados, participamos muito para além das nossas possibilidades (e da nossa capela). Nem sempre com bons resultados, nem sempre recebendo o devido tratamento. Anuncia-se o regresso do Folio, sendo caso particular. Antes mesmo dos dias concretos e definidos de Óbidos, tratamos de pôr mesas de tal modo cubistas que não sei como os copos e os pratos e as vozes e o resto de estar à mesa se aguentam. Com a Raquel [Santos] e o José [Pinho], além de ocasionais convidados, pintamos assim festival dadaísta e muito particular de leituras ao ouvido e absurdas encenações imersivas, projecções holográficas de autores queridos e outros, jogos de sociedade a partir das sinopses, combate entre badanas, intervenções relâmpago de poetas patafísicos, disparates épicos de par com ambiciosos centros de experimentação, enfim, ideias, planos, propostas, esboços e delírios. Não podia ser de outro modo, da gigantesca lista riscada nas toalhas de papel apenas se cumprirá à risca uma sensata e mínima parte, mas a discussão, o gargalhado, a criação bruta, o dito e o pensado, faz com que se cumpra logo ali algo de essencial. Para mim, o resto será sobremesa.
Cinemateca Paixão | Cartaz inclui filmes de Wong Kar-wai, Sergio Leone e Tarantino Hoje Macau - 28 Jul 202128 Jul 2021 Películas como “O Bom, o Mau e o Vilão”, de Sergio Leone, ou “Django Unchained”, de Quentin Tarantino, compõem o programa de 25 filmes de artes marciais, samurais e westerns que vão estar em exibição em Agosto e Setembro na Cinemateca Paixão. Haverá ainda espaço para filmes de Wong Kar-wai, Kobayashi Masaki e dos irmãos Cohen O imaginário dos comboys e do faroeste estará em destaque em Agosto e Setembro na Cinemateca Paixão com “A Sombra da Katana, Armas, Espadas – Festival das Artes Marciais, Samurai e Filme Ocidental”. O ciclo propõe-se apresentar “25 excelentes filmes sobre artes marciais, samurais e filmes do faroeste para espectadores de Macau”. O filme de abertura, que será exibido dia 13 de Agosto, é uma versão restaurada de “A Touch of Zen”, de King Hu, filme chinês de 1970. A história gira em torno de Gu, um jovem estudioso que vive perto de um forte degradado que todos dizem estar assombrado. Um dia, Gu trava amizade com Yang, uma jovem bela e misteriosa que se esconde dentro do forte. Depois de uma noite de paixão, Yang revela a Gu que o seu pai, um oficial, foi executado pelo Eunuch Wei, que a partir daí a começa a perseguir. O filme venceu o Grande Prémio Técnico no festival de cinema de Cannes, em 1975, além de ter ganho, em 1972, o prémio “Melhor Design de Arte” no festival de filmes Golden Horse. Em 2015 “A Touch of Zen” foi novamente recordado no festival de cinema de Cannes, na secção Cannes Classics. O cartaz inclui ainda outros grandes nomes do cinema ocidental, como Quentin Tarantino. O filme “Django Unchained” será exibido dia 5 de Setembro e insere-se na secção do festival “A Estética da Violência”. Realizado em 2013, “Django Unchained” passa-se no sul dos Estados Unidos, antes da Guerra Civil. Django é um escravo que acaba por ser resgatado pelo caçador de prémios Dr. King Schultz. A dupla improvável lança-se numa epopeia vingativa com um objectivo central: resgatar Broomhilda, a esposa desaparecida de Django. Este filme de Tarantino venceu dois óscares em 2013, incluindo o de Melhor Argumento Origina e Melhor Actor Secundário, além de três nomeações. Em 2014 foi nomeado para Melhor Filme Estrangeiro nos prémios César. Ainda na secção “A Estética da Violência” destaque para o clássico “O Bom, o Mau e o Vilão”, de Sergio Leone, de 1966, será exibido a 28 de Agosto e 10 de Setembro. Sergio Leone volta a estar em destaque no festival, uma vez que o filme de encerramento deste programa especial será “Era uma vez no Oeste”, de 1968, exibido nos dias 3 e 18 de Setembro. A exibição do clássico filme de Leone, protagonizado por Claudia Cardinale, Henry Fonda, Jason Robards e Charles Bronson, terá como aperitivo uma actuação musical do grupo The Swing Band. Wong e companhia Na secção “Sabores Literários em Filmes de Acção” a Cinemateca Paixão incluiu “Ashes of Time Redux”, de Wong Kar-wai, e que será exibido nos dias 9 e 14 de Setembro. O programa da Cinemateca Paixão inclui também as secções “Armas ocidentais e espadas orientais”, onde se incluem obras de realizadores como Johnnie To, Bastian Meiresonne e Xu Haofeng, entre outros; e ainda “Heroínas”, com realizadores como Chao-Bin Su e Hsiao-hsien Hou, além de King Hu. Em “Projecções Especiais” há ainda a destacar a exibição, a 11 de Setembro, do filme “No Country for Old Men” [Este país não é para velhos], de Joel e Ethan Coen, de 2007. Este filme varreu a edição 2008 dos Óscares ao vencer nas categorias de melhor filme, melhor realização, melhor argumento adaptado, melhor actor secundário, entre outras. Nesse ano, mas nos Globos de Ouro, a obra dos irmãos Cohen venceu nas categorias de melhor actor secundário e melhor argumento, além de ter recebido duas nomeações. “No Country for Old Men” conta a história de Llewelyn Moss, interpretado por Josh Brolin, que enquanto caça faz uma descoberta macabra: vários corpos, um homem ferido, droga e dois milhões de dólares em dinheiro num camião abandonado. A forma como vai lidar com a violenta descoberta, dita o desenrolar da acção.
Surto em Nanjing | 144 pessoas registadas para quarentena Hoje Macau - 28 Jul 2021 O centro de coordenação e contingência do novo tipo de coronavírus recebeu, até às 12h de ontem, o registo de 144 pessoas que estiveram no aeroporto de Lukou, em Nanjing, e que necessitam de realizar quarentena de 14 dias. Recorde-se que o surgimento de um caso de infecção em Zhuhai, com origem neste aeroporto de Nanjing, obrigou as autoridades locais a exigir uma observação médica a 150 pessoas que viajaram da capital de Jiangsu no dia 14 de Julho, incluindo os dias seguintes. Entretanto, até às 10h de ontem, 1430 pessoas registaram nos seus códigos de saúde terem estado nas mesmas zonas frequentadas por um indivíduo de 29 anos infectado com covid-19, entre os dias 19 e 21 deste mês. Estas pessoas terão agora de ser sujeitas a testes de ácido nucleico. Nas 24 horas de ontem, Nanjing identificou mais 31 casos de covid-19, elevando para 90 casos nos últimos dias. Nanjing lançou uma campanha de testes e colocou sob confinamento dezenas de milhares de pessoas.
TUI | Governo perde recurso no caso Surf Hong Hoje Macau - 28 Jul 2021 O Tribunal de Última Instância (TUI) decidiu contra a secretária para os Assuntos Sociais e Cultural, Elsie Ao Ieong U, no âmbito do processo da aplicação de uma multa de 7,6 milhões de patacas à empresa Surf Hong. Em causa está a greve dos trabalhadores da empresa que impediu o fornecimento dos serviços de nadadores salvadores, durante o Verão de 2018. Os fundamentos da decisão não são conhecidos, e o acórdão não está disponível, mas no portal dos tribunais é indicado que foi “negado provimento ao recurso da entidade administrativa”. Na decisão também é indicado que o recurso da Surf Hong sobre o acórdão do TSI teve aceitação parcial. Em Fevereiro deste ano, o TSI já havia decidido anular a multa de 7,6 milhões de pataca à empresa, o que levou o Governo a decidir recorrer para o TUI. Este não é o único caso em tribunal que opõe as duas partes. Houve uma segunda multa imposta à empresa de 4,1 milhões de patacas. Na primeira instância, o Tribunal de Segunda Instância (TSI) anulou a multa de 4,1 milhões de patacas por considerar que a greve era um motivo de força maior. Porém, posteriormente, o Governo recorreu para o TUI, que reenviou o caso novamente para o TSI, que teria de tomar uma nova decisão. Este último diferendo ainda se encontra a decorrer nos tribunais.
Residente de 23 anos detida por consumo de Ice Pedro Arede - 28 Jul 2021 Uma residente de Macau foi detida no Iao Hon na posse de três pacotes de ice que tinha acabado de comprar por 1.300 patacas. Outras duas pessoas foram também detidas na zona norte da cidade por suspeitas de tráfico de estupefacientes. No total, a Polícia Judiciária apreendeu 43,96 gramas de ice no valor de 145 mil patacas A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada segunda-feira no bairro do Iao Hon, uma residente de Macau de 23 anos suspeita do crime de consumo ilícito de estupefacientes. A mulher estava na posse de 0,83 gramas de ice que tinha acabado de adquirir naquela zona. De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, a PJ começou a investigar o caso, após ter tomado conhecimento de que, recentemente, uma residente de Macau que costumava consumir estupefacientes tinha por hábito circular com frequência no bairro do Iao Hon. Munida dessa informação, por volta das 20h da passada segunda-feira, a PJ iniciou uma operação na zona norte da cidade, tendo observado que a suspeita se dirigiu à entrada de um edifício. À saída, a mulher foi interceptada pelas autoridades na posse de 0,83 gramas de ice, distribuídos por três doses, que confessou ter adquirido para consumo próprio a uma mulher de nacionalidade vietnamita por 1.300 patacas. No local onde a residente de Macau tinha estado momentos antes, os agentes destacados para a operação localizaram a segunda mulher, que tinha dois pacotes de ice com o peso total de 0,87 gramas. Durante as buscas na residência da suspeita, a PJ encontrou um homem, também de nacionalidade vietnamita. No quarto do indivíduo, que vivia com a segunda suspeita, foram encontrados 36 pacotes de ice com o peso total de 42,27 gramas, utensílios para preparar e consumir droga e ainda 3.500 patacas em dinheiro, que terá resultado da venda de estupefacientes. Durante o interrogatório, os dois suspeitos informaram as autoridades que eram apenas amigos, apesar de viverem na mesma casa, da qual a mulher é proprietária. Os dois são trabalhadores não residentes com documentação expirada. Na sequência das investigações, a PJ concluiu que os dois vietnamitas começaram a vender droga há seis meses, sobretudo, a frequentadores de espaços de diversão nocturna. Além disso, os dois suspeitos recusaram-se a revelar a origem da droga. Quando submetidos a exames médicos para comprovar o consumo de estupefacientes, o resultado dos testes foi positivo. Contas feitas, a PJ apreendeu 43,96 gramas de ice, no valor de 145 mil patacas. Três em um O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), sendo que a residente de Macau irá responder pelos crimes de consumo ilícito de estupefacientes e detenção indevida de utensílios. A confirmar-se a acusação, poderá ser punida, por cada um deles, com pena de prisão de 3 meses a 1 ano ou com pena de multa de 60 a 240 dias. Quanto aos dois suspeitos de nacionalidade vietnamita podem ser punidos também com uma pena de prisão entre 5 e 15 anos pela prática dos crimes de produção e tráfico de estupefacientes. Adicionalmente, por albergar um homem que se encontrava em situação de imigração ilegal, a mulher vietnamita é também acusada do crime de acolhimento, pelo qual pode incorrer na pena de prisão até 2 anos.
Código de saúde | Registo do percurso ainda “em desenvolvimento” Andreia Sofia Silva - 28 Jul 2021 Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), garantiu, em resposta a uma interpelação escrita de Agnes Lam, que está ainda a ser desenvolvido o sistema de registo dos percursos dos residentes nos códigos de saúde, a fim de prevenir surtos comunitários de covid-19. “No que concerne à função do registo do percurso registado no código de saúde de Macau, e que se encontra em desenvolvimento, e em cumprimento das condições estipuladas na lei de protecção de dados pessoais, todos os dados serão guardados nos dispositivos móveis dos residentes depois de terem sido criptografados, o que permite garantir a segurança dos dados pessoais.” O director dos SSM assegura ainda que “as técnicas utilizadas nos cartões inteligentes já existentes, como o Macau Pass, não são capazes de registar todos os itinerários, por isso não são passíveis de registar a função pretendida”. “De facto, a função do registo do percurso ainda não está concluída e será divulgada atempadamente quando houver medidas concretas”, acrescentou. Alvis Lo disse ainda que os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) estão a desenvolver “um sistema simplificado de pedido do código de saúde, o que permite ao pessoal dos serviços públicos ajudar as pessoas com necessidades a solicitar o código de saúde através do bilhete de identidade ou do título de identificação de trabalhador não residente”.
Eleições | Agnes Lam quer mais apoio a portadores de deficiência Pedro Arede - 28 Jul 2021 Agnes Lam considera que, até hoje, CAEAL e Governo não foram capazes de proporcionar condições necessárias para promover a participação igualitária de portadores de deficiência nas eleições. A deputada refere que é necessário melhorar as acessibilidades, serviços em língua gestual e de transcrição de áudio para assegurar um “direito fundamental” de todos os cidadãos Com o dia das eleições a aproximar-se a passos largos, a deputada Agnes Lam mostra-se preocupada com a falta de atenção prestada tanto pelo Governo, como pela Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) sobre a promoção de medidas que permitam aos portadores de deficiências auditivas, visuais e outras, de participar plenamente no processo eleitoral. Apontando que os portadores de deficiência devem ter as mesmas oportunidades de participação nos assuntos políticos que a restante população, dado que o “direito de sufrágio é um direito fundamental de todos os cidadãos”, a deputada quer saber se o Governo irá disponibilizar serviços de interpretação em língua gestual e de transcrição de áudio para texto, para que surdos e portadores de deficiência auditiva consigam compreender os conteúdos eleitorais a tempo do início da campanha, apontada para o final de Agosto. Agnes Lam lembra em interpelação escrita que o Planeamento dos Serviços de Reabilitação para o Próximo Decénio (2016-2025), criado para concretizar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Estratégia Incheon, já vai “a meio” e que, por isso, o Governo deve “empregar esforços na melhoria das instalações sem barreiras em prol da acessibilidade às eleições da Assembleia Legislativa”, tendo em conta que se trata de um “evento social relevante”. Por escrito, a deputada atira ainda que, até ao momento, a CAEAL “nada disse” sobre a realização da habitual reunião com os representantes de vários grupos de deficientes com o intuito de ouvir as suas opiniões sobre o apoio que lhes deve ser prestado durante a votação. “Nas eleições para a Assembleia Legislativa deste ano, o Governo vai ouvir as opiniões desses representantes? Como? Durante a campanha eleitoral, que medidas suplementares vão ser adoptadas para responder às necessidades dos portadores de diferentes tipos de deficiência?”, perguntou Agnes Lam. A não repetir Agnes Lam lembra ainda uma actividade organizada pela CAEAL onde vários portadores de deficiência auditiva sentiram-se “deixados de fora do eleitorado”. O caso aconteceu a 2 de Setembro de 2017, dia que marcou o início da campanha eleitoral desse ano. Conta Agnes Lam que, só depois de chegarem ao local, é que os portadores de deficiência descobriram que não havia interpretação em língua gestual nem transcrição de áudio para texto, não conseguindo assim “compreender o que se dizia no palco”. “As necessidades dos surdos e portadores de deficiência auditiva não são tidas em conta nas eleições, nos inquéritos, na apresentação de queixas e denúncias, e até na divulgação de mensagens televisivas no dia das eleições”, referiu a deputada.
Habitação Económica | Leong Sun Iok pede preços mais baratos João Santos Filipe - 28 Jul 2021 O deputado Leong Sun Iok quer saber se o Governo está disponível para baixar ao máximo o preço das habitações económicas. Numa interpelação enviada ao Executivo, o legislador questiona se há vontade para “reduzir o montante do prémio de concessão e os custos administrativos” de forma a evitar que estes custos sejam transferidos para “o adquirente”. Em relação a este aspecto, o deputado pede também que “os custos de construção que não abrangem as habitações, tais como os silos e as lojas” sejam deixado fora do preço final. Por outro lado, Leong Sun Iok questionou o Executivo se tencionam elevar as exigências às construtoras: “Quanto à qualidade das habitações económicas, o Governo vai ponderar aumentar o prazo de garantia dos edifícios, para reforçar a garantia dos edifícios de habitação económica por parte dos empreiteiros?”, perguntou. No documento divulgado ontem, Leong Sun Iok recorda a importância da habitação. “Se não temos uma habitação estável, como é que nos podemos sentir bem?”, pergunta, antes de sublinhar a necessidade urgente da implementação de políticas para a habitação: “O novo Governo propôs a criação de cinco escalões de habitação, para dar resposta às necessidades de habitação das famílias com diferentes rendimentos. A sociedade deseja que a nova política de habitação seja implementada quanto antes”, vincou.
Comunidades Portuguesas | Coutinho ouvido pelo cônsul “sempre que necessário” João Santos Filipe - 28 Jul 2021 José Pereira Coutinho deixou de ser conselheiro das Comunidades Portuguesas, mas continuou a participar nas reuniões entre o organismo e a representação consular. O cônsul diz que reúne com “entidades locais” sempre que considera necessário, sem esclarecer o estatuto de deputados nestes encontros Apesar de ter deixado de ser um dos conselheiros das Comunidades Portuguesas, José Pereira Coutinho continuou a participar nas reuniões dos conselheiros com o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. Quanto questionado sobre o estatuto que permite a José Pereira Coutinho participar nos encontros, o representante diplomático limitou-se a responder que se reúne com as diferentes entidades sempre que considera necessário, sem esclarecer o estatuto de deputados nas reuniões. “No âmbito das minhas funções reúno-me, sempre que necessário, com os conselheiros das comunidades portugueses, com o deputado Pereira Coutinho, ou com quaisquer outras entidades locais”, explicou ao HM Cunha Alves. No início de Fevereiro deste ano José Pereira Coutinho deixou de ser conselheiro das Comunidades Portuguesas. A notícia foi tornada pública, sem que o ex-conselheiro tivesse alguma vez revelado o abandono do cargo, em Abril, através da emissora Rádio Macau. Posteriormente, o também presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) foi substituído no lugar por Gilberto Camacho, que fazia parte, como membro suplente, da lista única que elegeu Coutinho, Rita Santos e Armando de Jesus. Apesar de ter abdicado do estatuto, em pelo menos numa ocasião, no mês de Abril, Coutinho participou num encontro entre Paulo Cunha Alves e o Conselho das Comunidades Portuguesas, que contou já com a presença de Gilberto Camacho. “Muita conversa” O próprio deputado confirmou a participação nas reuniões do conselho depois de ter deixado o cargo, quando entregou a lista “Nova Esperança”, candidata às eleições para a Assembleia Legislativa, de Setembro. Na altura, Coutinho afirmou ter abdicado da posição de conselheiro por considerar que as reuniões, principalmente através de plataformas online devido à pandemia, tinham “muita conversa” e que o seu tempo seria melhor empregue a trabalhar para as comunidades. O Conselho das Comunidades Portuguesas é o órgão consultivo do Governo de Portugal para as políticas relativas à emigração e às comunidades portuguesas no estrangeiro. As eleições para a escolha dos novos conselheiros deviam ter decorrido em Junho do ano passado, mas acabaram por ser adiadas devido à pandemia da covid-19. No entanto, em Abril deste ano, a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, indicou que o novo acto eleitoral deve ocorrer na primeira quinzena de Novembro deste ano, quando se acredita que já haverá condições para mobilizar o eleitorado.
II Raid Macau-Lisboa | Participantes preparam livro de memórias da viagem Andreia Sofia Silva - 28 Jul 2021 Volvidos dois anos da primeira aventura terrestre, em 1988, com a longa jornada de jipe entre Macau e Lisboa, outro grupo de residentes do território repetiu a proeza desta vez atravessando toda a URSS. Joaquim Correia, um dos viajantes, recorda as peripécias e revela que um novo livro será publicado por uma editora de Hong Kong O II Raid Macau-Lisboa, realizado em 1990, vai resultar num livro que recorda esta viagem cheia de aventuras. Joaquim Correia, um dos residentes que se lançou à aventura, à data, bibliotecário e professor da Universidade de Macau (UM), conta ao HM as ideias sobre o projecto editorial lançado em três línguas, incluindo alguns capítulos em russo. O lançamento do livro está a ser pensado para Novembro, possivelmente no Museu do Grande Prémio. No entanto, a data de lançamento não está ainda confirmada, uma vez que os autores gostariam de estar no território para o evento. “Tudo depende da evolução da pandemia”, adiantou. “No ano passado, para celebrar os 30 anos da realização do raid, foi criada uma página no Facebook que recriou o dia-a-dia de toda a viagem, com textos retirados do diário de bordo e fotografias. A ideia foi bem-recebida, fomos acompanhados por mais de 600 membros, e decidimos avançar então com a ideia do livro.” A história da viagem será contada em texto e em banda desenhada, incluindo uma colaboração de Joaquim Magalhães de Castro, escritor de viagens, que “em 1990 não andava muito longe da nossa rota”, conta o ex-professor da UM. O livro será editado pela Jetsetter Ltd, de Hong Kong, tendo apoios, para já, da Fundação Oriente (FO). Além disso, está também a ser pensado “um filme em formato actualizado” bem como uma edição das músicas que constituíram a banda sonora desta viagem, com o apoio da TDM. Além de Joaquim Correia, a viagem foi feita por Mário Sin, ex-presidente do Automóvel Clube de Macau; António Calado, então técnico do Instituto de Desportos de Macau e posteriormente dos Serviços de Educação; Fernando Silva, médico; e António Teixeira, mecânico do Grande Prémio de Macau. À data, lançarem-se numa jornada desta dimensão impunha-se como forma simbólica de “aprofundar a componente cultural, de paz e de amizade entre Macau e Portugal”. O território regressava à administração chinesa daí a nove anos, mas os viajantes queriam também celebrar a ligação entre a China e a então URSS. “Durante a viagem oferecemos livros em bibliotecas e distribuímos informações e lembranças sobre Macau à população, com quem estabelecemos constantes contactos”, recorda Joaquim Correia. Toda esta documentação foi fornecida por entidades como o Instituto Cultural, FO, Fundação Macau e Grande Prémio de Macau. Uma viagem inesquecível Outro dos objectivos do II Raid era também “seguir uma rota que, desde 1907, com o Raid Pequim-Paris, nunca mais tinha sido repetida, atravessando a Rússia dos czares e, depois da revolução de 1917, a URSS em viatura própria”. Joaquim Correia destaca o momento oportuno para a jornada porque “quer a China, quer a URSS, desejavam demonstrar a abertura ao mundo”. “Nunca tinha acontecido o facto de estrangeiros realizarem essa rota em viatura própria. E, diga-se de passagem, que continua a não ser repetida, e que agora atravessa país como o Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, Turquemenistão, Azerbaijão, Geórgia, Rússia e Ucrânia. Não será fácil, devido a vistos”, exemplificou. O II Raid levou 50 dias a completar e muitas histórias se foram acumulando, à medida que a caravana ia atravessando diversas geografias com ambientes sociopolíticos tão distintos. “Naturalmente que surgiram problemas pontuais com as viaturas e pequenas tensões entre os membros da equipa”, que envolveram “decisões importantes a tomar por parte dos raidistas cansados”. No entanto, estes problemas “eram contrabalançados com o prazer da solidariedade e da beleza que espreitava em cada estrada”. A partida foi várias vezes alterada devido a dificuldades logísticas de diversa ordem. Mas Joaquim Correia destaca o episódio da queda dos camelos na altura em que “alguns raidistas atravessavam as célebres dunas cantantes de Dunhuang, na China”. Essa queda teve, “felizmente, poucas consequências físicas”. Mas houve também o “espectacular desastre, próximo de Moscovo, quando um dos nossos Mitsubishi Pajero embateu num pequeno Moskvitch soviético. Foi com muita dificuldade que a viatura chegou até à Torre de Belém”. Mário Sin percebeu que, chegado à embaixada portuguesa em Pequim, tinha uma festa de aniversário surpresa à sua espera, enquanto que, na travessia do Mar Cáspio, “um dos raidistas teve aventuras ‘maliciosas’ no camarote do comandante”, ironiza Joaquim Correia. A jornada motivou inclusive um documentário, que contou com a colaboração de três técnicos da TDM na equipa. O filme realizado por James Jacinto passou em televisões e cineclubes de Portugal, Macau, China, URSS e Japão, entre outros países. Terminado o II Raid, outras viagens se seguiram, inspiradas por estes aventureiros. “Várias outras ligações terrestres entre Macau e Portugal aconteceram, ou foram tentadas, algumas, por diversas razões, mas não conseguiram os seus objectivos”, com rotas alternativas que passariam pelo Paquistão ou Irão. Um dos capítulos do livro faz, aliás, o levantamento das grandes viagens terrestres, seja de comboio, carro ou mesmo bicicleta que passaram por várias zonas da Ásia. “A primeira vez em que estas ligações tiveram carácter essencialmente desportivo ou pelo prazer do desafio foi em 1907, quando o jornal Le Matin organizou o Raide Pequim-Paris em automóvel, passando por pontos intermédios como Zhangjiakou, Ulaanbaatar, Ulan-Ude, Irkutsk, Krasnoyarsk, Omsk, Chelyabinsk, Petropavlovsk, Perm, Kazan, Nizhny Novgorod, Moscovo, São Petersburgo, Vilnius, Varsóvia e Berlim”, poder ler-se. Este percurso, que teve início a 10 de Junho de 1907, tinha uma extensão total de 14.994 quilómetros, mas cada concorrente tinha liberdade para escolher o seu próprio itinerário. “Reza a lenda que um incógnito português, partindo de Lisboa, terá acompanhado a corrida, prolongando-a até Macau. Toda a expedição está narrada ao pormenor no livro da autoria de um dos concorrentes, Georges Cormier.” Uma viagem mais contemporânea foi a do artista Amílcar Carvalho, também conhecido como Mica Costa Grande, que entre 1984 e 1986, consultor do I Raid que ligou Macau a Lisboa, fez o mesmo percurso, mas no sentido contrário. O livro descreve que este “abandonou a viatura no Paquistão, uma vez que não obteve autorização para atravessar a China”. Durante 27 meses Amílcar Carvalho fez aquela que terá sido “a primeira viagem completa, por terra, de Portugal a Macau pela Rota da Seda, tendo atravessado do Paquistão para a China dois meses depois de abrir o Kunjerab”. Um ano antes do I Raid, com jipes UMM, o antropólogo Zica Capristano e a sua esposa Judite Capristano lançaram-se numa viagem entre Lisboa e Macau através de países como a Turquia, Irão, Paquistão, Índia, Nepal. Deste país voaram depois para Hong Kong, regressando de comboio até Bombaim, na Índia, e depois por barco até Lisboa. O percurso foi feito em 70 dias. Celebrou-se ontem o 31º aniversário do início do II Raid, que teve como ponto de partida o Jardim de Camões, em Macau. A viagem terminou a 13 de Setembro na Torre de Belém, em Lisboa, depois de terem sido percorridos mais de 21 mil quilómetros de estrada, com uma velocidade média na ordem dos 55 quilómetros por hora.
Covid-19 | Milhares de estrangeiros abandonam Indonésia Hoje Macau - 28 Jul 2021 Milhares de estrangeiros abandonaram a Indonésia nas últimas semanas, indicam os registos do aeroporto hoje divulgados, aparentemente impulsionados por uma violenta vaga da pandemia de covid-19 e uma escassez generalizada de vacinas, que foram primeiro administradas aos grupos prioritários. A Indonésia tem agora o maior número de casos diários na Ásia, depois de as infeções e as mortes terem aumentado drasticamente no mês passado e o surto gigantesco na Índia ter abrandado. As infeções atingiram o ponto mais alto em meados de julho, com a média diária mais elevada registada de mais de 50.000 novos casos num dia. Até meados de junho, o número diário de casos era cerca de 8.000. Desde o início deste mês, quase 19.000 cidadãos estrangeiros deixaram o país pelo Aeroporto Internacional Sokarno-Hatta, situado na capital, Jacarta. O êxodo aumentou significativamente só nos últimos três dias, que correspondem a quase metade de todas as partidas individuais este mês, indicou o responsável da autoridade da imigração no aeroporto, Sam Fernando. O embaixador do Japão na Indonésia, Kenji Kanasugi, declarou que a dificuldade de arranjar vacinas para os cidadãos estrangeiros levou alguns cidadãos japoneses a dirigirem-se ao seu país natal para serem vacinados. Os cidadãos japoneses e chineses somaram o maior número de partidas, com 2.962 e 2.219 pessoas respectivamente, seguidos de 1.6161 cidadãos sul-coreanos. Os números do aeroporto mostram ainda a partida de 1.425 norte-americanos, bem como de 842 franceses, 705 russos, 700 britânicos, 615 alemães e 546 sauditas. Inicialmente, só representantes de países estrangeiros e de organizações internacionais sem fins lucrativos podiam ter acesso ao programa de vacinação gratuita do Governo indonésio, até que, no mês passado, este foi alargado às pessoas a partir dos 60 anos, aos professores e funcionários educativos. Mesmo assim, reportagens televisivas mostraram cidadãos estrangeiros a queixar-se das dificuldades que estavam a enfrentar para serem vacinados. Um porta-voz da ‘Task Force’ Nacional COVID-19, Wiku Adisasmito, disse hoje que o fornecimento limitado de vacinas permanece um desafio e expressou a esperança de que mais 45 milhões de doses com chegada prevista para agosto melhorem a situação Com 270 milhões de habitantes, a Indonésia garantiu pelo menos 151,8 milhões de doses de vacinas até ao final de julho. A grande maioria das doses – 126,5 milhões – é da farmacêutica chinesa Sinovac. O número diário de mortes no país continuou a ultrapassar as mil nas últimas duas semanas. O sistema de saúde está com dificuldades em lidar com a situação, e mesmo os doentes que têm a sorte de conseguir uma cama num hospital não têm oxigénio garantido. Vários países anunciaram novas proibições ou restrições para viajantes procedentes da Indonésia, incluindo as vizinhas Singapura e Filipinas. A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Omã, Taiwan e Hong Kong estão entre os países e territórios que colocaram a Indonésia na sua lista de proibição de viagens. No total, a Indonésia registou até agora mais de 3,1 milhões de casos e 84.766 mortos – números que se pensa serem muito inferiores aos reais, devido a testagem reduzida e medidas de diagnóstico insuficientes.