Cinema | 13ª edição de “O Poder da Imagem” acontece no CCM em Junho Hoje Macau - 5 Mai 2021 O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) recebe, entre os dias 10 e 13 de Junho, a 13ª edição de “O Poder da Imagem”, que visa mostrar algumas das produções locais na área do cinema. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC) serão exibidos 13 filmes “que expressam as mais recentes impressões cinematográficas sobre a cidade”, e que serão projectados em seis sessões. “A edição deste ano leva o público para uma série de visões pessoais que transpõem para o grande ecrã uma diversidade de perspectivas, entre aventuras apaixonadas, comentário social e descrições de perseverança humana.” Além das histórias experimentais e dos novos contos visuais nascidos da pandemia, dos documentários às curtas-metragens e animações, cada filme retrata uma ligação particular entre o realizador e a sua própria visão da cidade. No dia 10 de Junho, às 19h30, serão exibidos os filmes “Entre Sombras”, de Jenny Wan, “Uma História de 2020”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin, “Pelo Menos Hoje Não”, de Io Lou Ian, e “Casa Flutuante”, de Chang Seng Pong. No dia 11 de Junho, sexta-feira, serão exibidos os filmes “O Murmúrio dos Icebergues”, de Un Sio San, “Jantar de Família”, de Cheang Ka Hou, “O Sonho do Papá”, de Ray Loi, “Lado a Lado”, de Ng Ka lon e “A Casa do Boxe”, de Chao Kin Kuan. Na lista de filmes seleccionados incluem-se ainda “2020 visto por Man”, de Catherine Ho, “Mui”, de Wong Wen Chon, “Olhos Divinos”, de Lao Keng U, e “Quinhentas Cartas Depois”, de Lei Cheok Mei. “Macau – O Poder da Imagem” realiza-se há mais de dez anos e já promoveu a produção e exibição de mais de 130 filmes. Os bilhetes para a edição deste ano estão disponíveis para venda a partir deste domingo, dia 9, e têm o custo de 60 patacas.
Patriotismo | Mak Soi Kun exige aposta na formação de professores Andreia Sofia Silva - 5 Mai 2021 O deputado Mak Soi Kun interpelou o Governo sobre a necessidade de voltar a apostar no programa “mil talentos”, destinado aos professores das escolas do ensino não superior de Macau. Este programa de formação profissional e também de formação patriótica funciona com o envio de vários docentes para a Universidade East China Normal, onde ficam durante um ano. “Mesmo que a RAEM esteja também a ser afectada pela epidemia, o Governo deve acompanhar a evolução dos tempos e preparar-se para as adversidades, elevando continuamente a qualidade do corpo docente, que ama o país e Macau, o que é prioritário e premente.” O deputado alerta para o facto de já ter passado mais de um ano desde a apresentação do programa “mil talentos”. “A normalização da situação epidémica teve algum impacto no andamento do referido programa? Foi efectuada alguma avaliação dos resultados deste programa?”, questiona ainda na sua interpelação. Mak Soi Kun deu ainda o exemplo dos protestos de Hong Kong, alertando para o facto de muitos docentes terem acompanhado os seus estudantes nas ruas. “Segundo alguns cidadãos, as notícias sobre a polémica provocada pela revisão das leis na região vizinha demonstram que em muitos motins nas ruas houve também alunos liderados por docentes, e até mesmo alunos do ensino primário. Além disso, há ainda bastantes professores que não dão aulas com base em factos históricos, o que prejudica os alunos.” Para o deputado, “os professores dos casos referidos da região vizinha nunca conseguem ensinar correctamente os alunos, nem sequer formar patriotas para governar a RAEHK”, concluiu.
Filipinas | Duterte diz que a China é benfeitor do país apesar de conflito territorial Hoje Macau - 5 Mai 2021 O Presidente das Filipinas apelidou a China de benfeitor do país, depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros ter denunciado “actos beligerantes” de navios militares chineses contra a guarda costeira filipina, no mar do Sul da China. “Só porque temos um conflito com a China, não significa que tenhamos de ser rudes e desrespeitosos. Temos muitas coisas a agradecer à China pela ajuda no passado”, disse Rodrigo Duterte, num discurso pronunciado na segunda-feira à noite. O Governo das Filipinas está a negociar a entrega mensal de quatro milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Sinovac, de fabrico chinês. As declarações de Duterte surgiram depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros filipino ter alegado, na segunda-feira, que navios chineses efectuaram manobras de assédio contra barcos filipinos nas águas em redor do atol de Scarborough, a cerca de 198 quilómetros a oeste da costa filipina, entre 24 e 25 de Abril.
Myanmar| Embaixador chinês adverte que violência pode levar à guerra civil Hoje Macau - 5 Mai 2021 Zhang Jun, que representa a China nas Nações Unidas, voltou a apelar ao diálogo entre as principais forças do país asiático, indo ao encontro da mensagem do Conselho de Segurança da ONU para que se acabe com a violência e se dê início a conversações na antiga Birmânia O embaixador da China na ONU pediu esforços diplomáticos mais fortes para resolver o conflito em Myanmar e avisou que mais violência pode levar “mesmo a uma guerra civil”. Se a tensão aumentar “haverá mais confrontos, e com mais confrontos haverá mais violência, e com mais violência haverá mais baixas, e então poderemos ir mais longe na direcção errada”, frisou Zhang Jun, na segunda-feira. “Pode também significar uma situação caótica em Myanmar [antiga Birmânia] e mesmo uma guerra civil”, advertiu o diplomata. Myanmar é palco de manifestações contra a junta militar, no poder desde o golpe de 1 de Fevereiro, e confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU tinha apoiado os apelos das nações do Sudeste Asiático para uma cessação imediata da violência e conversações como um primeiro passo para uma solução, na sequência do golpe, que depôs a líder civil Aung San Suu Kyi e o seu partido. O conselho voltou a exigir a restauração da democracia e a libertação de todos os detidos, incluindo Suu Kyi, e condenou o uso da violência contra manifestantes pacíficos e a morte de centenas de civis. Zhang, que descreveu Myanmar como “um vizinho amigo”, apoiou fortemente os esforços diplomáticos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e da enviada especial da ONU para Myanmar Christine Schraner Burgener, e manifestou a esperança de que estes produzissem resultados. Apesar de “a China não ser a favor da imposição de sanções”, disse o embaixador. “Devíamos realmente estar a criar um ambiente mais favorável para trazer o país de volta à normalidade e encontrar uma solução política através de diálogos entre os partidos políticos relevantes dentro do quadro constitucional e legal”, salientou. Evitar males maiores As cinco décadas de regime militar em Myanmar levaram ao isolamento e às sanções internacionais. À medida que os generais afrouxaram o controlo e permitiram a realização de eleições que levaram Suu Kyi à liderança em 2015, a comunidade internacional respondeu com o levantamento da maioria das sanções e investimento no país. O golpe de Fevereiro ocorreu depois das eleições de Novembro, ganhas pelo partido de Suu Kyi, mas que a junta militar considerou ilegais. “Os partidos políticos devem ser capazes de encontrar uma solução para esta questão” das eleições, disse Zhang. É por isso que a China defende “mais esforços diplomáticos” e “está a trabalhar muito de perto com os partidos relevantes” para que se abstenham “de ir ao extremo” e tentem “encontrar uma solução com diálogo”. Sem uma solução diplomática e com uma maior deterioração da situação “será inevitável uma catástrofe ou crise humanitária”, que é necessário evitar, afirmou.
Elevadores | Pedido que Governo assuma supervisão Hoje Macau - 5 Mai 2021 Ron Lam, presidente da Associação da Sinergia de Macau, frisou que o Governo deve assumir as suas responsabilidades na supervisão dos elevadores, em vez de delegar todas as competências nas entidades privadas. Foi desta forma, em declarações ao Jornal do Cidadão, que Ron Lam reagiu à consulta pública sobre o Regime Jurídico dos Ascensores, que se encontra a decorrer. O responsável deu o exemplo de Taiwan, em que há uma taxa aleatória de supervisão exercida pelo Governo e defendeu um modelo semelhante. Por outro lado, apesar de reconhecer que haverá um certificado de supervisão, o político o questionou o facto de não serem apresentadas medidas pelo Governo para garantir que as supervisões das entidades independentes cumprem determinados critérios. Ron Lam mostrou-se ainda preocupado com a falta de entidades independentes em Macau e indicou que apenas conhece o Laboratório de Engenharia Civil de Macau e o Instituto para o Desenvolvimento e Qualidade.
As alterações climáticas e a Covid-19 são crises globais Jorge Rodrigues Simão - 5 Mai 2021 “The ongoing COVID-19 pandemic has killed hundreds of thousands of people and infected millions while also devastating the world economy. The consequences of the pandemic, however, go much further: they threaten the fabric of national and international politics around the world.” Hal Brands and Francis J. Gavin COVID-19 and World Order: The Future of Conflict, Competition, and Cooperation A Covid-19 e as alterações climáticas são uma ameaça para as pessoas forçadas a fugir e para os apátridas em todo o mundo. Para combater as alterações climáticas, o mundo deve aprender com a pandemia da Covid-19 e agir com urgência, sob pena de consequências mortais e de longa exposição para as pessoas que têm de escapar das suas casas no que aos refugiados concerne e que são os mais expostos e vulneráveis. O custo mais elevado será não fazer nada. Os países têm de agir em conjunto. Uma resposta unilateral simplesmente não pode ser eficaz. O mundo deve proteger os mais frágeis, mas também envolvê-los na procura de soluções. Se queremos resolver o problema das alterações climáticas, temos de colocar os mais desprotegidos no centro. O Chade e outros países do Sahel são afectados por uma das crises de migração forçada de crescimento mais rápido, e estão desproporcionadamente expostos aos efeitos negativos das alterações climáticas e das catástrofes ambientais, tais como a alteração dos padrões de pluviosidade que contribuem para inundações e secas. Os mais vulneráveis do mundo sofrem alguns dos piores efeitos das alterações climáticas. O aumento da temperatura pode elevar a insegurança alimentar, hídrica e terrestre, ao mesmo tempo que prejudica os serviços necessários para a saúde, subsistência, estabilidade e a sobrevivência. Invariavelmente, os mais afectados incluem os idosos, mulheres, crianças, deficientes e os povos indígenas. A última década tem sido a mais quente de que há registo. Em 2019, quase dois mil cataclismos se deram, a maioria deles relacionadas com o tempo, e que obrigaram vinte e cinco milhões de pessoas a abandonar as suas casas. As alterações climáticas têm continuado a acelerar à medida que o mundo luta contra a pandemia da Covid-19. Não existem vacinas, máscaras e não se podem fechar as fronteiras às alterações climáticas e daí que teremos de agir e considerar todas as soluções oferecidas pela ciência e pelo conhecimento tradicional para salvar as pessoas e o nosso planeta. A “Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR na sigla inglesa) ” nomeou um Conselheiro Especial em Acção Climática para orientar e definir a resposta para melhorar a resistência das pessoas forçadas a fugir dos riscos climáticos e reforçar a preparação e a resiliência em situações de catástrofe. Criado em 2007, o papel do Alto-comissário é permitir a troca de opiniões entre refugiados, governos, sociedade civil, sector privado, académicos e organizações internacionais sobre os desafios emergentes em matéria de protecção humanitária. As cinco sessões digitais de 2021 concentram-se no impacto da Covid-19 sobre as pessoas forçadas a fugir e os apátridas. As medidas tomadas para mitigar a pandemia da Covid-19 têm consequências significativas para a protecção, saúde, bem-estar sócio-económico e resiliência das pessoas deslocadas à força e apátridas e das suas comunidades de acolhimento. Também afectaram as oportunidades de identificar soluções em alguns casos e decisões adiadas em outros. As acções que os Estados e outros actores tomam, poderiam moldar o que será a protecção internacional em futuras pandemias. Os esforços devem incluir uma visão no reforço das bases de protecção e na construção da resiliência, recorrendo ao regime internacional de protecção de refugiados, incluindo a Convenção sobre Refugiados de 1951; os princípios de protecção, partilha de responsabilidades e inclusão no “Pacto Global sobre Refugiados (GCR na sigla inglesa)”; e as promessas relevantes feitas no “Fórum Global de Refugiados (GRF)”, em Dezembro de 2019. A luta global contra a pandemia colocou desafios para a instituição do asilo. Em alguns casos, desencadeou medidas regressivas, e as fronteiras foram encerradas por motivos de saúde pública. Noutros casos, abordagens inovadoras permitiram o funcionamento contínuo dos sistemas de asilo, através, por exemplo, da renovação automática ou remota da documentação para os requerentes de asilo, do registo e entrevistas à distância, do tratamento acelerado dos casos de asilo, e de rastreios e quarentenas sanitárias à chegada. Tais disposições permitem aos Estados continuar a admitir aqueles que necessitam de protecção internacional, ao mesmo tempo que protegem a saúde dos seus nacionais. O “Grupo de Apoio à Capacidade de Asilo” estabelecido no GCR poderia ajudar a identificar e apoiar tais adaptações. O surto da Covid-19 também aumentou as vulnerabilidades de indivíduos com necessidades específicas de protecção, tais como indivíduos em risco acrescido de violência sexual e de género (SGBV na sigla inglesa), mulheres e raparigas, bem como homens e rapazes em situações vulneráveis, e pessoas idosas, com deficiências, ou que se encontram em detenção. No contexto da Covid-19, o Secretário-Geral das Nações Unidas, afirmou que as pessoas e os seus direitos precisam de estar na frente e no centro da resposta, um princípio que é central para o GCR. Isto requer a avaliação das necessidades e o desenvolvimento de respostas através de uma perspectiva de idade, género e diversidade, para garantir que ninguém fique para trás. Em reconhecimento desta situação, alguns actores tomaram medidas como a libertação de indivíduos de detenção como imigrantes e a disponibilização de acesso móvel para apoiar os sobreviventes do SGBV. A pandemia está a testar a resiliência dos refugiados e das suas comunidades de acolhimento e tem consequências de grande alcance. O acesso aos serviços de saúde e educação é limitado. Muitas pessoas estão a perder os seus meios de subsistência, resultando num aumento da pobreza e levando algumas pessoas deslocadas que eram auto-suficientes a tornarem-se dependentes da ajuda. De acordo com o princípio de inclusão do GCR, muitos Estados e outros actores têm tentado tratar o impacto através de abordagens inclusivas à construção de resiliência, tanto na resposta de emergência como a médio e longo prazo. Alguns dos principais países de acolhimento de refugiados estão a incluir pessoas deslocadas à força nas respostas nacionais de emergência para construir a sua resiliência, conter a propagação da infecção, responder a crises sanitárias, e mitigar o impacto sócio-económico na comunidade em geral. Outros países e doadores têm apoiado estes esforços com contribuições financeiras, materiais, e técnicas em demonstração de solidariedade e partilha de encargos. De acordo com a abordagem de governança multipartite e de parceria estabelecida no GCR, actores-chave na linha da frente da resposta, tais como cidades, organizações lideradas por refugiados, actores religiosos, e “organizações não-governamentais (ONG)”, estão a tomar medidas inovadoras para reforçar a capacidade das comunidades para enfrentarem as crises. Por exemplo, muitos estão a envolver refugiados que são profissionais de saúde para apoiar os sistemas nacionais de saúde e para criar redes para ajudar os membros mais vulneráveis da comunidade. Tendo em vista mitigar alguns dos efeitos sócio-económicos a longo prazo sobre a resiliência, os actores do desenvolvimento, o sector privado, os doadores e as organizações internacionais estão a trabalhar com os países de acolhimento para determinar a melhor forma de assegurar que os sistemas nacionais podem abranger e preparar-se para o futuro. Alguns estão a considerar medidas imediatas para enfrentar o impacto nas pessoas deslocadas à força e apátridas e nas suas comunidades de acolhimento, e outros estão a considerar como apoiar a construção de sistemas nacionais inclusivos de saúde, educação, e protecção social em preparação para futuras emergências. A pandemia da Covid-19 não impediu as pessoas de fugirem à guerra e à perseguição. Assegurar a protecção através da salvaguarda do acesso ao asilo e do reforço e adaptação dos sistemas de asilo continua a ser uma responsabilidade internacional crítica e que salva vidas, juntamente com a abordagem das necessidades específicas de protecção e a construção de resiliência face à pandemia. As abordagens novas e inovadoras desenvolvidas face à actual pandemia podem informar o pensamento em termos de como responder, mitigar, e preparar para os desafios de protecção e soluções, tanto agora como no futuro. A origem da Covid-19, tal como outras doenças infecciosas, são interacções entre os seres humanos e os animais selvagens. Interacções que aumentaram nas últimas décadas e que também falam de uma crise ambiental contínua As alterações climáticas e a pandemia da Covid-19 são ambas crises globais que ameaçam a viabilidade da economia e a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a “Organização Mundial de Saúde (OMS) ”, o aquecimento global devido à emissão excessiva dos chamados gases de estufa que alteram o clima, provoca a morte de cerca de cento e cinquenta mil pessoas por ano, um número ao qual, serão acrescentadas mais duzentas e cinquenta mil pessoas por ano a partir de 2030. Algumas destas mortes são devidas a eventos climáticos extremos, tais como inundações, incêndios, ciclones ou ondas de calor semelhantes à de 2003, quando a Europa registou um aumento de 70 por cento na mortalidade. Mas as alterações climáticas também afectam muitos dos factores sociais e económicos dos quais depende a protecção da saúde, tais como a qualidade do ar e da água e a biodiversidade, ou seja, a variedade de animais, plantas, fungos e microrganismos que compõem o nosso planeta. Ao fazê-lo, pode alterar as cadeias de transmissão de doenças infecciosas, incluindo doenças virais, tais como a Covid-19. As alterações climáticas estão a impulsionar a transmissão da Covid-19? A Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard nos Estados Unidos afirma que não existem provas directas de que as alterações climáticas estão a afectar a propagação da Covid-19, mas sabem que as alterações climáticas alteram a forma como nos relacionamos com outras espécies na Terra. O cerne da questão é precisamente este, porque sabemos que a Covid-19 tinha uma origem zoonótica (de animais), precisamente de uma estirpe típica de morcegos, embora ainda não seja claro se existiam animais intermediários na transmissão do vírus, quantos e quais eram exactamente. Assim, na base da Covid-19, bem como de outras pandemias globais incluindo o Ébola, por exemplo, existem interacções com espécies animais selvagens. Interacções que aumentaram nas últimas décadas devido à actividade humana, tanto directamente como através de actividades como a desflorestação, que ocorre principalmente para fins agrícolas, ou mineração como indirectamente, como no caso das migrações de animais devido ao aumento das temperaturas na Terra. Mas como as interacções aumentaram, também se elevou o risco de os humanos entrarem em contacto com novos agentes patogénicos e doenças que anteriormente só envolviam outras espécies animais, tal como no caso da Covid-19. Existe alguma ligação entre a poluição e a Covid-19? Há vários estudos que mostram a existência de uma ligação entre a poluição atmosférica, tanto causa como consequência das alterações climáticas com as taxas de infecção e mortalidade relacionadas com a Covid-19, como é recordado em um estudo de Janeiro de 2021 encomendado pelo Parlamento Europeu, e ainda que se trate de uma doença relativamente recente, os dados disponíveis sejam ainda parciais e também complicados pelas medidas de bloqueio introduzidas a nível mundial, que tiveram repercussões no nível global de poluição. Em termos gerais, a relação entre poluição atmosférica e doenças respiratórias e crónicas (como a diabetes) está bem estabelecida e também sabemos que as pessoas que sofrem destas doenças estão entre as mais vulneráveis à Covid-19. Mais controversa é a questão da propagação do vírus. As regiões mais poluídas são também uma das mais afectadas pela Covid-19, pois as partículas atmosféricas não favorecem a difusão do vírus no ar. Quanto ao descongelamento do “permafrost” e o futuro das doenças infecciosas, é certo que as alterações climáticas criaram condições mais favoráveis para a propagação de algumas doenças infecciosas, tais como as transmitidas por mosquitos (malária e dengue). Os riscos não são fáceis de prever e podem também variar em função das mudanças de temperatura e níveis de precipitação, condições que afectam o aparecimento de agentes patogénicos, bem como as interacções entre humanos e animais. Outra questão é o descongelamento do “permafrost”, a camada de solo permanentemente congelada, devido ao aumento da temperatura global que poderia resultar na libertação de vírus e bactérias antigas que têm estado adormecidos durante milénios, começando com o Círculo Árctico, onde as temperaturas estão a subir cerca de três vezes mais depressa do que no resto do mundo.
O silêncio de Deus Nuno Miguel Guedes - 5 Mai 2021 A infância é, para cada um de nós e à medida que a vamos abandonando, um lugar estranho e distante. Por muitos, um lugar desejado, mitológico, idílico, um paraíso perdido de que fomos expulsos sem remédio nem perdão. A tal “land of lost content” de que escreve o poeta AE Housman. Para outros, em que me incluo, é diferente. Nem paradisíaca nem infernal, apenas uma etapa numa corrida que inevitavelmente irá terminar da pior maneira. Para aqueles que tiveram a sorte de a ter, a infância pode apenas ser – e agora chamo em minha defesa o meu poeta Larkin – um lugar de “forgotten boredom”. As mitificações da infância nunca me interessaram muito porque na verdade a minha utopia foi desde sempre a de ser velho, a de saber mais e poder fazer o que queria à beira da inimputabilidade. Não me levem a mal: adoro crianças e tenho gosto em ouvi-las e vê-las na sua bondade e crueldade em bruto. Mas prefiro ser o que sou agora mesmo. No entanto, e como aconteceu a muita gente, não sou exactamente quem queria ser. Ou o que queria fazer. O leitor conhece a pergunta porque ainda está a ecoar na sua memória: “O que queres ser quando fores grande?”, perguntaram-nos tantas vezes nessa altura em que mal conseguíamos sustentar a nossa personalidade titubeante. E nós respondíamos, encostados aos nossos ídolos do momento ou às profissões que julgávamos mais aventureiras. Pela minha parte, a escolha é sortida e foi evoluindo com a idade: piloto de Spitfire pela Royal Air Force em 1940 (sim, eu sei, não digam nada, obrigado), detective privado como o Philip Marlowe, vocalista de banda rock, realizador de cinema, diplomata, jornalista (esta lá consegui), escritor, dandy diletante (esta também, mais ou menos). Mas reparava que muitos dos meus amigos tinham um fascínio comum: queriam todos ser astronautas. O como e o porquê não interessavam: apenas viajar pelo espaço. Tinha cinco anos quando vi a chegada do homem à Lua e também eu fiquei siderado por aquela extraordinária conquista. Mas não me chegava. Até que há poucos anos descobri que também gostaria de ser astronauta. Corrijo: um astronauta chamado Michael Collins. Este homem, que morreu a passada semana aos 90 anos, foi para mim um exemplo e motivo de inveja. Integrado na missão Apolo XI – aquela que foi pela primeira vez à Lua – na companhia de “Buzz”Aldrin e Neil Armstrong, Collins foi o homem que ficou no Módulo de Comando orbitando a Lua enquanto os seus companheiros davam os pequenos passos para os homens e imensos para a Humanidade. Um trabalho essencial, rigoroso e discreto. Mas o que para mim é o mais sedutor: de cada vez que o Módulo de Comando orbitava a Lua o astronauta perdia o contacto com o controlo de missão em Houston durante mais de 40 minutos. Por causa disto chamaram-lhe “o homem mais solitário de sempre”, embora Collins não concordasse: ouvia música, bebia café, fazia o que queria durante aqueles minutos de “paz e sossego”, para citá-lo. Nem terá sido esquecido. A cultura popular encarregou-se disso, às vezes com uma maldade injustificada como foi ter um tema dos Jethro Tull com o seu nome; outras de forma mais digna, como aconteceu na série The Crown. Mas a questão mais bonita é esta: quantos de nós, quantos de nós experimentaram o silêncio puro, lá onde o som não se pode propagar? Mais: quantos de nós o suportariam, ainda por cima agora, em que o ruído é a divindade que se louva e pratica? O silêncio de Collins é o exemplo maior: um silêncio desejado, aceitado e perfeito para estar em condições de ouvirmos o outro e a nós próprios enquanto pairamos docemente sobre a cacofonia do nosso planeta. Concordem comigo, amigos: poucos ou nenhum de nós serão astronautas. O silêncio, aquele silêncio, é inalcançável. Um lugar onde não existem respostas porque não existem perguntas. O silêncio de Deus.
Estremece o vento. Sobe a manhã. O calor abre. João Paulo Cotrim - 5 Mai 2021 Teatro da Rainha, Caldas, terça, 20 Abril As sessões do Diga 33, animadas pelo Henrique Dodecassílabo Fialho, são um refrigério. Um leitor que faz da inteligência uma casa onde recebe os seus convidados, no caso, a Rita [Taborda Duarte], que lhe respondeu da mesma maneira, quer dizer, expondo-se, explicando-se, dizendo-se. Sem merdas, desculpem que o diga, mas apetece. Gente de um lado e de outro, alguma que vinha já derramada de um encontro próximo e à mesa. Aconteceu por ali vida, o que não será dizer pouco. Estando nós para mais a celebrar regressos ao que não voltará a ser normal. Possa a poesia ser o corrimão destas escadas em vórtice. Possa a palavra ser mundo, que dizes, Rita? «O mundo não é feito de pessoas nem de casas nem de coisas/ menos ainda de afectos e sentidos. / O mundo é feito com palavras perfiladas/ como pedras/ sobre pedra/ em cima de outra pedra, ainda.// São de palavras de pedra as paredes do mundo:/direitas e exactas como um fio de prumo. //Se nos tiram a língua,/ as várias línguas que tem a nossa língua:/ esta língua com que te falo,/ a língua com que te beijo,/ esta mesma língua em que te digo esse nome que tu és,/ roubam-nos mais mundo ao nosso mundo.» Fundição, Oeiras, quinta, 22 Abril Até o mais escuro dos ateliers me aparece tomado pela luz. Assim com o esboço: mais do que revelar a ideia que desponta, o titubear antes do salto, portanto a potência, contém a mais livre e rude das espontaneidades. Se nos passos há caminho, naquela busca encontra-se logo logo horizonte. Daí que a oficina seja bastante mais do que bainha e bastidor, erro e ferramenta, suor e preguiça. É lugar de muitas subtilezas e espectáculos. «Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,/ Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,/ Olho e contenta-me ver». Com a mais infantil das atenções, entro, vindo do Tejo, no belíssimo atelier do Francisco [Vidal]. Correcção: no bairro do pintor. A nave, em cujo canto repousam ainda restos das bombas, portanto destruição, que por ali em tempos se fabricavam, divide-se agora em jardim e cozinha, quadra de basquetebol e palco, carpintaria e estúdio propriamente dito. Imagino que possa ainda surgir, por conveniência, loja e laboratório. Por junto e à mão de semear. A arrumação casual das guitarras e das bolas, das serras e dos pincéis, cada detalhe diz do sagrado, da relação com o espiritual. Sobre a decadência fabril e a fadiga dos materiais instala-se a cor gritante, abrindo vitrais iridescentes, atraindo a visão e pedindo paragem no tempo para que o corpo se permita ir atrás dos olhos. Exposição permanente, ainda mais essa. Encontram-se rostos da revolta e da afirmação, vítimas da violência, forma de os tirar da espuma dos dias para os instalar na memória política. Como ser negro com todas as cores, todas as letras? As grandes telas surgem compostas fragmentos e a pesquisa do Francisco está agora no cruzamento de técnicas mais pobres, a da impressão dos múltiplos, a da fotocópia dos fanzines, com o gesto dito puro da pintura. Talvez a cor não seja bem o tema, mas dividir a experiência assim é fazer logo autópsia do corpus vivo. De que falamos quando as catanas, lâmina e cabo, mão e corte, se alinham de modo fazer superfície que acolhe a imagem? No topo desalinhado, os bicos afiados e dissonantes não deixam de me perturbar, a pintura saindo do enquadramento, como se quotidiano procurasse o seu lugar de origem e nesse movimento nos ferisse. Deve ser por ali que se encontrará a identidade. Com risco e cesura. Podia bem ter ido apenas pelo lugar, melhor, pelo encontro ali que há muito se adiava, mas havia razão prática: a capa para a «Ode Marítimu», versão em cabo-verdiano da brutal engenharia e celebração dos mares e portos em nós segundo Álvaro & Pessoa, ilimitado (algures na página). E no processo desencadeado me reconcilio com o papel do editor. Ignorante do seu lado cabo-verdiano, acabei despertando um entusiasmo que já partiu nas mais diversas direcções, dando nó na rosa dos ventos. Está a acontecer o reencontro do Francisco com uma das suas línguas. Partiu do texto agora reescrito pelo José Luiz [Tavares] para uma narrativa gráfica que mastiga as paisagens daquelas ilhas por junto a de uma cidade mulata. (Pode ainda dizer-te mulata sem despertar os ogres da correcção automática?) Foi-me dado ainda ver partes do processo, o modo como a feitiçaria faz a ligação entre o concreto do mundo com a prática do desenho. A pintura redefine assim os dias, nada se se pôr à parte. Por aqui não nascem museus. Na pressa vertiginosa habitual, estava a receber as últimas correcções do poetradutor, que insistia, a cada uma, em explicar-me as razões e as raízes, quês e porquês. Exemplo seja a importância do «n», onde se esconde o eu daquela língua, ainda para mais em sonoridade escorregadia que pede ginástica da língua-orgão, para que possa acontecer a língua-sentido. O José Luiz, não sei se o disse já a propósito de Camões, vai conduzindo a nova língua para mares infindos e abissais. Contra tudo e alguns, os que insistem pouco inocentemente em chamar-lhe crioulo. «Como quase vítima de glotofagia, usuário e estudioso», diz ele, «sei bem o que está subjacente à designação ainda que se não tenha a consciência: O crioulo de Cabo Verde, língua natural dos cabo-verdianos nascidos em Cabo Verde e língua de herança de parte da grande diáspora designa-se cabo-verdiano ou língua cabo-verdiana. Crioulos todos são, como a língua românica de Portugal é um crioulo do latim. Crioulo de Cabo Verde, designa apenas uma família de língua, assim como a língua românica de Portugal também indica uma família de língua.”
Asa do acidente de Sophia Floersch em Macau desaparecida devolvida em Portugal Sérgio Fonseca - 5 Mai 2021 A história do acidente de Sophia Floersch no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2018 teve um dos seus últimos episódios no passado fim de semana quando a asa dianteira do Dallara F317 “desaparecida” em Macau foi finalmente devolvida à equipa Van Amersfoort Racing (VAR) em Portugal. A edição de 2018 ficará para sempre marcada pelo violentíssimo acidente da piloto alemã, que depois de um toque com Jehan Daruvala e a seguir embater em Sho Tsuboi voou em direcção ao palanque dos fotógrafos na Curva Lisboa. Para além dos ferimentos provocados em alguns fotógrafos e comissários de pista, Floersch fracturou a coluna, tendo, entretanto, todos os intervenientes recuperado das mazelas. Na altura, vários destroços do carro não foram entregues à equipa holandesa. Para além do restritor de ar do motor, a asa da frente, que ficou separada do carro, não foi devolvida à equipa. Dias depois, esta mesma asa feita em fibra de carbono apareceu à venda num portal de leilões online sem autorização e para total espanto da equipa. A VAR conseguiu arranjar forma de apresentar queixa na Polícia em Macau e a asa foi prontamente recuperada pelas autoridades do território. No sábado, a VAR anunciou nas redes sociais que finalmente a asa chegou às mãos da equipa, com uma fotografia da mesma e com a legenda: “reunidos em Portimão, dois anos e meio depois do acidente de Sophia Floersch em Macau”. Mão portuguesa A “desaparecida” asa dianteira foi entregue a Frits van Amersfoort, dono e fundador da equipa sediada em Zeewolde, pelas mãos de Rodrigo Brum, o ex-Secretário-Geral Adjunto do Secretariado Permanente do Fórum de Macau e que também exerceu funções em Macau nos anos 1990. “Foi-nos devolvida enquanto estávamos em Portugal, na pista de Portimão, para a primeira corrida do campeonato Euroformula Open. Obrigado ao Sr Brum por trazer a parte que faltava”, é possível ler na rede social da equipa. Através de um contacto comum, o economista português conseguiu “resgatar” a asa dianteira perdida do monolugar de construção italiana. Visto que a VAR não regressou ao Grande Prémio em 2019 e apesar de esta peça ter valor comercial não foi requisitada com urgência, a asa dianteira acabou por viajar com Rodrigo Brum de Macau até Lisboa. No fim de semana transacto, a caravana da Euroformula Open, uma competição em tudo semelhante à Fórmula 3, esteve no Algarve, fazendo parte do programa de corridas do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1. Aproveitando a ocasião, foi devolvida ao seu dono. O acidentado Dallara F317 Mercedes de Floersch nunca foi recuperado e ainda está nas oficinas da VAR. O que lhe irá acontecer a seguir será com certeza o último capítulo desta saga.
Fundação Rui Cunha | Literatura de ficção científica debatida hoje Andreia Sofia Silva e Pedro Arede - 5 Mai 2021 A Fundação Rui Cunha acolhe hoje, às 18h30, uma palestra sobre a literatura de ficção científica, promovida pela Associação dos Amigos do Livro em Macau. Rui Rocha, presidente da associação, recorda o facto de este ser um género literário “quase invisível” A literatura de ficção científica será o tema do debate de hoje na Fundação Rui Cunha (FRC), inserido na iniciativa “Conversas sobre o Livro” e promovido pela Associação dos Amigos do Livro em Macau, presidida por Rui Rocha. Na sessão de hoje vão estar presentes André Antunes, cientista em Geomicrobiologia e Astrobiologia, Marta Filipa Simões, cientista em Astrobiologia e Engenharia Química e Biológica, e Pedro D’Alte, professor e ensaísta de literatura. Ao HM, Rui Rocha recordou que este género literário “é relevante na Europa e nos EUA ao nível da literatura contemporânea”. No entanto, em Macau e em Portugal, “não há uma grande tradição nesse sentido, ou, pelo menos, diria que este género é quase invisível”. “A associação quis explorar esta área da ficção numa conversa informal, sobretudo para sensibilizar as pessoas do interesse e da importância da ficção científica. Não será propriamente uma palestra sobre ficção científica, mas fundamentalmente uma abordagem ampla e generalista sobre o tema”, explicou ainda. O convite a André Antunes surgiu devido ao seu trabalho na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, além do facto de ter ganho recentemente uma distinção pela revista científica Nature. Pedro D’Alte é professor de língua portuguesa “que tem escrito uns artigos interessantes sobre a relação entre a literatura e a ficção científica”. “Falamos de um género literário que, de certa forma, é desprezado pelas elites culturais”, adiantou Rui Rocha. “A grande editora de livros de ficção científica era a Livros do Brasil, que terminou em 2006. A Editorial Caminho terminou em 2001, a Europa América publicou o último que publicou terá sido em 1998”, exemplificou. Mais do que especulação A palestra de hoje vai ainda versar sobre a escrita de ficção científica que se faz em Portugal e na China. “Vamos apresentar apenas quatro grandes autores da ficção científica chinesa contemporânea e conversar um pouco sobre isto, mas sem aprofundar, porque a literatura de ficção científica é tão imensa, sobretudo nos EUA e Inglaterra, que não dá apenas para uma sessão.” O presidente da associação destaca ainda a intensa relação entre a ficção científica e a ciência. “O engenheiro que inventou o telemóvel diz que se inspirou no telemóvel do capitão Kirk do Star Trek. Por isso a ficção científica contribuiu para a própria ciência. Mas não foi só o caso do telemóvel. Há muitas inovações e imaginação em termos de ficção científica que são, fundo transportadas para a própria ciência.” Além disso, a ficção científica “reflecte o impacto da ciência e tecnologia na vida humana”, daí não ser “apenas uma literatura menor de histórias especulativas”. André Antunes assume-se como um apaixonado por este género literário e não consegue destacar apenas um autor ou livro preferidos. “Sou um leitor ávido de ficção científica. O Rui quis fazer uma actividade diferente para as pessoas que gostam de livros, com uma perspectiva mais literária, com pessoas desse meio e da ciência, para termos os dois lados da mesma moeda.” “Há pessoas que têm a tendência a descartar a ficção científica como algo que não tem grande relevância e as coisas não são bem assim. Do ponto de vista de interacção entre ficção científica e a ciência, há um diálogo regular entre as duas áreas e não funciona só num sentido. Acontece bastante a ficção científica inspirar a ciência”, frisou o cientista da MUST.
Cartões de crédito | Autoridades detiveram 16 pessoas em conjunto com Hong Kong Pedro Arede - 5 Mai 2021 A Polícia Judiciária (PJ) realizou uma operação conjunta com a polícia de Hong Kong para combater o roubo de detalhes de cartões de crédito. Ao HM, a PJ indicou que foram detidas 16 pessoas suspeitas de pertencer a duas associações criminosas, entre Abril e o início de Maio. Foram detidos cinco homens e uma mulher por alegadamente roubarem informações de cartões de crédito que usaram para comprarem pontos de jogos online. Os homens em causa admitiram que trabalhavam para a mesma associação criminosa e que eram recompensados com 30 renminbis por transação. De acordo com as autoridades, foram roubados cinco cartões de crédito locais, envolvendo um montante de 53 mil patacas. Os indivíduos envolvidos foram encaminhados para o Ministério Público por suspeitas de burla informática. Já no final do mês passado, as autoridades de Hong Kong detiveram nove pessoas por suspeitas de possuírem cartões de crédito roubados que utilizaram para fazer compras no valor de 95 mil dólares de Hong Kong. Note-se que entre Fevereiro e Março, a PJ recebeu queixas sobre o roubo de cartões, com 25 deles a envolverem no total uma perda de 150 mil patacas. As autoridades indicam que já identificaram os responsáveis pelo grupo que alegadamente cometia as burlas online. Em Maio, a PJ convocou um homem que será membro do grupo, que foi posteriormente encaminhado para o Ministério Público por suspeitas de burla informática e roubo. Segundo as autoridades, o indivíduo usou cartões de crédito para comprar mais de 400 itens de luxo online, enviando-os para um apartamento arrendado. Os bens seriam posteriormente vendidos na China. Em causa estava um montante de seis milhões de patacas, e estima-se que tenha lucrado em cerca de 450 mil patacas.
PJ | Residente detido por comprar ansiolíticos Pedro Arede - 5 Mai 2021 Um homem de 35 anos foi detido por tráfico e consumo de estupefacientes, após ter sido detido na posse de 100 comprimidos de triazolam, uma substância da família das benzodiazepinas usada para combater ansiedade e insónias. O suspeito garante que os ansiolíticos foram adquiridos para consumo próprio A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada segunda-feira um residente de Macau de 35 anos, por suspeitas de praticar os crimes de tráfico e consumo ilícito de estupefacientes e substâncias psicotrópicas. Na base do caso está a aquisição de comprimidos ansiolíticos de triazolam, uma substância da família das benzodiazepinas cujo uso é proibido em Macau, habitualmente utilizada para combater a ansiedade e insónias. A compra de 100 comprimidos foi efectuada online e chegou a Macau por correio. Segundo revelou ontem o porta-voz da PJ em conferência de imprensa, o mote para o início da investigação que acabaria na detenção do residente de Macau, foi dado pelo Departamento de Segurança Pública do Interior da China, uma vez que havia conhecimento da existência de criminosos que enviavam substâncias psicotrópicas por correio com destino a Macau, a partir do Continente. Em colaboração com os Serviços de Alfândega, a PJ identificou os dados do local de levantamento e do destinatário, de uma encomenda considerada suspeita, montando uma operação na manhã de segunda-feira nas proximidades de um posto de levantamento situado no centro de Macau. Por volta das 12h00, após levantar a encomenda, o suspeito viria a ser interceptado pelos agentes destacados no local. Dentro da encomenda foram encontrados 100 comprimidos de triazolam. Na sequência da detenção, o suspeito terá revelado que os 100 comprimidos foram adquiridos por 6.000 renminbi, garantindo, contudo, não ser viciado em droga e que as substâncias eram para consumo próprio. Confessando ter conhecimento de que o triazolam é uma substância proibida em Macau, o suspeito justificou a compra por sofrer de insónias. Segundo a PJ, esta terá sido a segunda vez que o suspeito encomenda comprimidos de triazolam do Interior da China, através da internet. A primeira compra da substância interdita aconteceu em Abril, altura em que adquiriu 20 comprimidos por 2.100 renminbis. Tudo para mim Nas buscas feitas no interior da residência do suspeito, foram encontrados dois comprimidos da mesma substância, tendo o homem assegurado tratar-se das sobras da primeira encomenda efectuada e da qual afirma ter consumido 18 comprimidos. As análises para confirmar a presença de estupefacientes no organismo do supeito já foram feitas, aguardando-se ainda pelos resultados. De acordo com o porta-voz da PJ, cada comprimido de triazolam pode ser vendido no mercado negro por 100 patacas. O triazolam faz parte da tabela IV da lei relativa à proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícitos de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. A tabela em questão agrega os “barbitúricos de acção lenta que possuam comprovados efeitos antipiréticos e as substâncias de tipo ansiolítico, que, pela sua composição quantitativa e qualitativa e modalidade do respectivo uso, apresentem risco de abuso”. O caso foi entregue ontem ao Ministério Público (MP), onde o suspeito irá responder pelos crimes tráfico e consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. A confirmar-se, o residente de Macau pode ser punido com pena de prisão de 6 a 16 anos, pelo tráfico, e com pena de prisão de 3 meses a 1 ano ou pena de multa de 60 a 240 dias, pelo consumo.
Neway | Falência em Hong Kong das salas de karaoke sem impacto em Macau Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 5 Mai 2021 A Neway Music Limited, empresa ligada ao grupo Neway Group Holdings Limited, está em processo de insolvência devido à crise causada pela pandemia da covid-19. Segundo o jornal StandNews, de Hong Kong, o processo judicial relacionado com a liquidação e encerramento está agendado para o dia 28 de Julho deste ano. Em Macau, a empresa possui duas salas de karaoke, no Centro Comercial Chong Fok e Hotel Beverly Plaza, mas segundo disse ao HM o gestor, de apelido Chan, a falência em Hong Kong não afecta o negócio. “As salas têm funcionado e não temos mais informações a dar. Se houver, penso que a empresa as vai anunciar. As salas em Macau têm gerado lucros e acredito que não haverá problemas.” Chan adiantou que em Macau trabalham para o grupo Neway entre 80 a 100 funcionários. Uma delas também disse ao HM que, para já, não se prevêem mudanças. “Não há impacto em Macau. O nosso gestor disse-nos esta manhã que o negócio em Macau não será influenciado.” A 25 de Março do ano passado oito funcionários da cadeia de retalho Marks&Spencer, em Hong Kong, foram a uma sala de karaoke do grupo Neway, sendo que quatro deles foram diagnosticados com covid-19. A 1 de Abril as autoridades de Hong Kong determinaram o encerramento temporário das salas. Depois de terem aberto e fechado portas por diversas vezes, em virtude da evolução da pandemia no território, as salas da Newway voltaram a funcionar a 29 de Abril deste ano. Vários meios de comunicação social de Hong Kong têm noticiado as dificuldades que a empresa tem tido no pagamento dos salários, sendo que muitos funcionários declararam não ter recebido qualquer justificação por parte dos gestores das salas sobre a falta de pagamento. Um porta-voz da empresa disse aos jornalistas que cerca de 500 funcionários poderão ficar sem emprego.
Covid-19 | Dois terços do pessoal médico do São Januário vacinados João Santos Filipe - 5 Mai 20215 Mai 2021 Segundo os dados do Governo, entre seis e 10 por cento das pessoas que fazem marcações para ser vacinadas não comparecem na altura da inoculação A taxa de vacinação entre os trabalhadores do Hospital Conde São Januário é de dois terços. O número foi revelado ontem por Tai Wa Hou, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário, que considerou esta taxa elevada, quando comparada com a restante população. “A taxa de vacinação é de 66 por cento, dois terços, o que é número relativamente alto comparando com a restante população”, afirmou Tai Wa Hou. “Temos obrigação, melhor dizendo o dever de sermos vacinados, porque é uma profissão com alta exposição. Por isso, apelo a quem ainda não foi vacinado que adira ao plano de vacinação”, acrescentou. O também responsável pelo plano de vacinação defendeu ainda que o pessoal médico entende as suas responsabilidades e que há “uma certa barreira imunológica”. Quanto ao terço do pessoal médico por vacinar, Tai apontou que houve pessoas que não foram vacinadas devido a gravidez, precaução face a reacções alérgicas e outras condições que levaram ao aconselhamento da não vacinação nesta fase. Até ontem, tinham sido administradas 109.255 doses da vacina a 71.719 pessoas. Entre estas, 37.674 tinham sido inoculadas com as duas doses e 34.045 com apenas com a primeira dose. Tai Wa Hou revelou ainda que diariamente entre seis e 10 por cento de quem faz marcação para ser vacinado não comparece nas consultas. Sem 21 dias de quarentena Também ontem, foi anunciado que a partir da meia noite de hoje os estrangeiros que não tenham o estatuto de residente passam a poder entrar na RAEM, desde que se encontrem no Interior e tenham sido autorizados pelos Serviços de Saúde de Macau, devido a motivos familiares. Os não-residentes não ficam dispensados da autorização dos SSM, nem de provar que a entrada se deve a motivos familiares. Foi ainda apresentado um novo formato do portal/aplicação móvel que permite entregar os pedidos de autorização junto das entidades competentes. “É uma medida para facilitar a circulação de pessoas entre Macau e o Interior”, explicou Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença. CCTV nos quartos Na conferência de imprensa das autoridades de saúde, foi confirmado que quem cumpre o isolamento no Centro de Saúde do Alto de Coloane está sujeito a videovigilância 24 horas por dia. O único sítio onde não se é vigiado é dentro das casas-de-banho dos quartos. Segundo o Governo, a videovigilância serve dois propósitos. Para evitar a entrada do pessoal médico dentro dos quartos, que exige procedimentos como vestir um fato especial, e ainda proteger a saúde das pessoas em observação. “Não queremos vigiar as pessoas, mas queremos diminuir a e entrada do pessoal médico, que precisa de vestir um fato especial para a entrada nos quartos. A CCTV permite acompanhar a condição das pessoas, sem ter de se entrar nos quartos”, disse Leong Iek Hou. Por sua vez, Tai Wa Hou destacou que as pessoas no Alto de Coloane estão em condições especificas, como em recuperação de fases terminais de cancro ou de operações, que exigem uma monitorização permanente. Os SSM admitem ainda que as pessoas podem pedir para desligar a CCTV, mas que a última decisão é sempre do Governo.
Deputados Si Ka Lon e Song Pek Kei numa lista única nas eleições legislativas João Santos Filipe - 5 Mai 20215 Mai 2021 Aliança de Povo de Instituição de Macau vai a jogo com uma única lista que deverá ter como principais candidatos Si Ka Lon e Song Pek Kei. A ordem ainda não está definida, mas a estratégia para formar a lista com o nome Associação dos Cidadãos Unidos de Macau foi revelada ao jornal All About Macau Si Ka Lon e Song Pek Kei vão fazer parte de uma lista única nas eleições de Setembro para a Assembleia Legislativa. A informação foi avançada pelo jornal All About Macau, que cita uma conversa telefónica com a deputada. A participação numa lista única representa a adopção de uma estratégia diferente face a 2017, quando os deputados ligados à associação Aliança de Povo de Instituição de Macau partiram para as eleições em duas listas diferentes. A lista encabeçada por Si Ka Lon teve como nome Associação dos Cidadãos Unidos de Macau e a liderada por Song Pek Kei concorreu com a denominação de Associação dos Cidadãos para o Desenvolvimento de Macau. A lista para as eleições de 2021 vai chamar-se Associação dos Cidadãos Unidos de Macau e, segundo Song Pek Kei, a prioridade passa por garantir o apoio dos 300 cidadãos necessários para constituir a comissão de candidatura. “Todos os candidatos vão ser escolhidos pela Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, não haverá outras listas, e a ordem vai ser apresentada com a lista”, afirmou Song. A deputada recusou igualmente falar sobre a ordem da lista, que deverá ter nos dois primeiros lugares Si Ka Lon e Song Pek Kei, deputados desde 2013. “Sem que haja um número de pessoas suficiente para formar a comissão de candidatura não faz sentido falar sobre os lugares na lista, certo?”, respondeu à publicação All About Macau. “Primeiro, vamos tratar da comissão de candidatura, depois vamos determinar a ordem na lista”, acrescentou. “A ordem ainda não está determinada”, vincou. Mais competição Quanto ao acto eleitoral em si, Song Pek Kei acredita que a competição será maior do que em 2017, quando participaram 25 listas pelo sufrágio directo. “Este ano, acredito que a competição vai ser muito apertada. Acredito que haverá mais listas do que na edição anterior”, considerou. “Até um certo ponto, acho que vai haver uma maior divisão dos votos, o que vai fazer com que haja uma pressão maior. A divisão não é apenas na comunidade de Fujian, mas vai haver mais listas de representação de diferentes grupos da sociedade”, complementou. Com uma lista única, Song Pek Kei e Si Ka Lon apostam numa estratégia diferente em comparação com 2017. Nas últimas eleições, as listas apoiadas pelo empresário Chan Meng Kam reuniram 14.879 votos e 10.103 votos. Como consequência foram eleitos dois deputados, Song Pek Kei e Si Ka Lon. Porém, 2017 não deixou de ser uma derrota para as listas da associação Aliança de Povo de Instituição de Macau, que tem por base a comunidade de Fujian. Isto porque em 2013, a lista liderada então por Chan Meng Kam, e que também era integrada pelos dois legisladores, tinha conseguido eleger três deputados, após contabilizar 25.146 votos.
Empregadas domésticas | Wong Kit Cheng quer mais medidas para facilitar entradas Pedro Arede e Nunu Wu - 5 Mai 2021 Através de uma interpelação escrita, Wong Kit Cheng quer que o Governo implemente mais medidas para facilitar a entrada de empregadas domésticas estrangeiras em Macau. Para a deputada, o Executivo deve, o quanto antes, criar medidas para reduzir o “transtorno” causado pela possibilidade de os trabalhadores estrangeiros vacinados terem de vir a cumprir um período de autogestão de sete dias depois de cumprir uma quarentena de 21 dias à entrada do território, período esse que já de si também traz custos. Já sobre a ideia anteriormente avançada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, de permitir que as trabalhadoras domésticas que pretendam entrar em Macau possam fazê-lo mediante a toma de duas doses de vacinas contra a covid-19 e a realização de quatro testes de ácido nucleico no exterior, Wong Kit Cheng quer saber quando é que a medida poderá entrar em vigor. Adicionalmente, é sugerido que o Governo de Macau entre em contacto com as regiões emissoras de trabalhadores domésticos para incentivar que essas mesmas medidas preventivas possam ser realizadas antes de as pessoas rumarem a Macau. Por último, a deputada pede ainda que os serviços de migração implementem restrições destinadas aos trabalhadores estrangeiros inoculados com a vacina da Sinopharm que estão autorizados a sair de Macau para obter uma autorização de trabalho no regresso ao território. Isto para evitar, segundo a deputada, que os trabalhadores procurem trabalhos noutras áreas ou outros empregadores.
Trabalho ilegal | Governo quer responsabilizar apenas quem conhece casos Salomé Fernandes - 5 Mai 20215 Mai 2021 Quando uma empresa contratar um trabalhador ilegal, só quem tiver conhecimento do caso é responsabilizado a nível penal. A pena é agravada se a prestação de trabalho acontecer em condições abusivas ou degradantes O Governo pretende que no caso de uma empresa empregar trabalhadores ilegais, o patrão não seja punido se desconhecer a situação da contratação, ficando a responsabilidade a cargo do subordinado que contratou a pessoa em causa. O esclarecimento foi dado à 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa durante a discussão da proposta de Lei sobre o regime jurídico do controlo de migração e das autorizações de permanência e residência na RAEM. “Tem a ver com quem está a aceitar a prestação de trabalho de um [indivíduo] ilegal. Por exemplo, [se] um empresário, o responsável máximo de uma empresa, não tiver conhecimento do caso e for um subordinado que contratou o ilegal, segundo a explicação que foi dada pelo Governo, esse patrão ou dono da empresa vai ser investigado. Mas se for apurado que não teve conhecimento ou não esteve relacionado com essa contratação de ilegal não vai ter de assumir responsabilidade penal”, explicou Vong Hin Fai, presidente da comissão. A proposta prevê que o emprego irregular seja punido com pena de prisão até dois anos, ou de dois a oito anos em caso de reincidência. Em causa, está quem receber a prestação de trabalho de pessoas ilegais, para interesse próprio ou da empresa que pague algum tipo de remuneração ou contrapartida. A actual Lei da Imigração Ilegal e da Expulsão já determina que quem criar uma relação de trabalho com indivíduos sem os documentos legais exigidos pode ser punido com pena de prisão. A mudança presente na nova proposta prende-se antes com o foco da regra. “Em vez da relação de trabalho, é a remuneração ou contrapartida o enfoque”, disse Vong Hin Fai. Além disso, quando essa situação de trabalho ilegal envolver condições “particularmente abusivas ou degradantes”, a pena é agravada num terço. Contexto alargado A Comissão não afasta a possibilidade de haver associações ou organizações a contratar trabalhadores ilegais. “O Governo também considerou que aqui o âmbito é bastante restrito e aceitou alterar esse termo de empresa, para incluir outras associações, organizações ou outras entidades”, observou Vong Hin Fai. À semelhança da lei actual, a proposta também presume que existe trabalho quando um indivíduo é encontrado em estaleiro ou obras de construção civil a executar “actividades próprias dos mesmos”. “Trata-se de uma situação bastante comum ou recorrente a descoberta de trabalhadores ilegais nos estaleiros de obras”, referiu o deputado. Na reunião de ontem entre a Comissão e o Governo foram também discutidas as responsabilidades dos operadores de transportes, nomeadamente por ficarem encarregues do retorno de pessoas cuja entrada na RAEM seja recusada, para o ponto de partida ou o local onde foi emitido o documento de viagem com que se deslocou. “E porque há esse rigor de responsabilidade de retorno de pessoa? O Governo disse que é uma prática internacional”, declarou o presidente da Comissão. Vong Hin Fai explicou também que o operador de transportes fica responsável pelas despesas de alojamento, alimentação e cuidados de saúde enquanto a pessoa permanecer na RAEM antes do seu retorno.
Língua Portuguesa | Do “investimento notável” aos avisos sobre o futuro Andreia Sofia Silva e Pedro Arede - 5 Mai 2021 Celebra-se hoje o Dia Mundial da Língua Portuguesa e, em Macau, vários especialistas afirmam que o idioma está de pedra e cal no território, tanto ao nível do ensino como dos apoios institucionais. No entanto, deixam avisos e apontam falhas: há uma necessidade de mudança e de reinvenção, pois a China pode tornar-se auto-suficiente no ensino e investigação da língua dentro de poucos anos. Rui Rocha diz que não há uma política linguística efectiva O Dia Mundial da Língua Portuguesa, celebrado hoje, constitui o mote para se traçar um retrato do estado do idioma em Macau, onde o português é língua oficial até 2049. Em declarações à agência Lusa, o director do Instituto Português do Oriente (IPOR) defendeu que as autoridades de Macau estão a fazer um “investimento notável” no seu ensino. “Por parte da Direção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude [DSEDJ] está a ser feito um investimento notável. E se olharmos especificamente para o trabalho do Centro de Difusão de Línguas [CDL] da DSEDJ, acho que esse trabalho está a ser desenvolvido não só em quantidade, mas também em qualidade”, sustentou Joaquim Coelho Ramos. “Não só o ensino da língua portuguesa em escolas oficiais e particulares do ensino não superior tem vindo a crescer, mas também em qualidade, e tem sido colocada à disposição das escolas actividades complementares que ajudam este processo de ensino de aprendizagem”, sublinhou. A justificação pode estar no papel que Pequim atribuiu ao antigo território administrado por Portugal até 1999, para se assumir como plataforma para a cooperação comercial entre a China e os países lusófonos e como base de formação de quadros qualificados bilingues em chinês e português. O director do IPOR salientou que “isso pode estar ligado ao desenvolvimento da visão da língua portuguesa como língua global e do interesse que existe, prático, do trabalho, através da língua portuguesa, de colaboração, cooperação com os países que a têm como língua oficial”. O interesse tem-se traduzido no acréscimo de solicitações junto do IPOR, acrescentou Joaquim Coelho Ramos: “Também notamos algumas instituições que vêm pedindo ao IPOR cursos de formação em língua portuguesa para os seus funcionários, com a intenção de melhor servir a população que fala português, mas também com a intenção de fazerem investimentos exteriores”. Ou seja, concluiu, “quer numa dimensão lúdica, quer numa dimensão pedagógica, quer numa dimensão pragmática ligada à economia, (…) há um desenvolvimento muito sério e muito bem feito, estrategicamente bem orientado para a língua portuguesa aqui [em Macau]”. No último ano lectivo, o curso de português realizado pelas escolas públicas subordinadas à DSEDJ contabilizava um total de 136 turmas, com 2.409 estudantes, e 27 turmas de actividades extracurriculares, com 429 alunos participantes, segundo dados oficiais. Também em 2019/2020, um total de 43 escolas particulares leccionaram o curso de português, que envolveu 5.591 alunos. Desde 2007 que a mesma entidade encarregou a Escola Portuguesa de Macau (EPM) de promover o curso intensivo de língua portuguesa, em horário após as aulas, para estudantes, com a DSEDJ a proporcionar ainda, gratuitamente, às escolas primárias e secundárias, uma plataforma de leitura ‘online’ de português. Isto além da atribuição de bolsas extraordinárias dedicada a formar quadros qualificados em cursos nas áreas de língua portuguesa ou tradução chinês-português, bem como para apoiar licenciaturas em Portugal frequentadas por residentes de Macau. Ainda no último ano, segundo a DSEDJ, 4.598 residentes foram subsidiados para participarem em cursos de português. Instituições como o Instituto Politécnico de Macau têm desenvolvido parcerias com universidades de países lusófonos na formação de docentes, intercâmbio de alunos e cooperação nos cursos de pós-graduação. Em declarações à Lusa, no final de 2020, o novo coordenador do Centro Internacional Português de Formação do IPM, Joaquim Ramos de Carvalho, assumiu a existência de um caderno de encargos para responder a crescentes exigências que vão da integração na China à criação de redes sino-lusófonas e de cooperação internacional. Os avisos No final de 2019, números enviados à Lusa pelo Governo de Macau indicavam que o ensino do português tinha crescido em Macau, nas escolas, em alunos e professores, nos últimos 20 anos sob administração chinesa. Os mesmos números apontavam para um aumento dos estudantes locais em cursos leccionados em português no ensino superior e para um crescimento dos alunos em mobilidade em Portugal. Em declarações ao HM, Carlos André, anterior director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, fala de uma língua que continua “muito pujante” em Macau. “É um veículo de afirmação de um passado de que Macau se orgulha muito, num exemplo universal de diálogo entre culturas, e temos de olhar sempre com esperança para o futuro da língua portuguesa no território.” Sendo um idioma que nunca foi falado na rua, uma vez que a população de Macau sempre foi, na sua maioria, falante de cantonês, Carlos André recorda que essa característica faz com que encare a evolução da língua “com o maior optimismo”. “Há um legado histórico e é uma língua que continua a ter esta força, o que é surpreendente e não muito natural.” No entanto, deixa um aviso: as instituições académicas e institucionais têm de reinventar o papel que Macau desempenha nesta área, sob pena de o território ficar para trás. “Não pode distrair-se porque é muito importante para esse desenvolvimento [do idioma na China], mas se não der importância a isso vai ser descartado, porque com tantos doutorados na China vão podendo dispensar o apoio de Macau. Há o risco de Macau perder a importância que tem para o interior da China quanto ao ensino do português. As universidades chinesas tornam-se auto-suficientes com o seu corpo docente”, frisou. Hoje em dia, na China, há mais de cinco mil estudantes, mais de 200 professores e cerca de 50 universidades a ensinar o idioma. “A China é um case study”, aponta Carlos André. Também Rui Lourido, presidente do Observatório da China e coordenador cultural da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), diz que “há sempre imensas coisas a valorizar”, esperando que os apoios oficiais ao idioma continuem. “Num território onde a percentagem dos falantes de português é diminuta, o grande desafio é que, com o apoio das autoridades, os jornais continuem a ser impressos em português e que se faça a difusão do português.” Para o responsável, “é muito claro o apreço que o Governo de Macau e o Governo Central [em Pequim] fazem da presença da língua portuguesa e do interesse em desenvolver essa presença, apoiando e pagando uma série de jornais em português, e apoiando o idioma como língua oficial e no apoio, através do Instituto Cultural, de actividades em língua portuguesa. Temos o desenvolvimento da EPM, que tem um papel importantíssimo.” Ausência de política Para Rui Rocha, ex-director do IPOR e do departamento de língua portuguesa da Universidade Cidade de Macau, há ainda muito a fazer na área da tradução. “Macau tinha a obrigação de ter melhores intérpretes-tradutores português-chinês e chinês-português, e deixo ao critério das pessoas para avaliar a qualidade da tradução.” “Os bons intérpretes-tradutores vêm da China. A qualidade daquilo que nós vemos, por exemplo, nas placas das ruas e anúncios privados, a forma como o português está escrito… Isto significa que não há uma política linguística a partir da Lei Básica e das leis que determinam qual é o estatuto da língua portuguesa e chinesa.” Para o responsável, a tradução e interpretação é um dos nichos mais importantes do português, a par do Direito e da Administração pública. “Há um discurso oficial sobre o número de pessoas que estão interessadas na aprendizagem da língua portuguesa. Mas uma coisa são os números, que não são tão relevantes assim. Confunde-se um bocadinho o valor do investimento em língua portuguesa com aquilo que é o seu resultado efectivo. Portanto há muita ficção à volta daquilo que é a língua portuguesa. Esta não pode ser, em Macau, uma língua de divulgação massiva.” Rui Rocha diz que nestes três nichos “não se investe muito”, pelo que “não faz grande sentido dizermos que o português está em franca expansão”. E dá exemplos. “Na China, por exemplo, deve haver cerca de cinco ou seis mil alunos a aprender português. Ora o investimento não é grande, tendo em conta que há cerca de 45 mil a aprender espanhol, 50 mil a aprender francês, ou 800 mil a aprender inglês. Na China isto não acontece porque não se quer, pois as escolas de línguas ensinam uma multiplicidade de idiomas, incluindo não só o português, mas também o francês, o inglês, o russo, o coreano, japonês, tailandês. Há quotas para cada língua.” No caso de Macau “é uma língua que não é tratada como oficial”. “Para ser tratada como tal, o sistema educativo tinha que reflectir a função e o estatuto das línguas oficiais num sistema educativo. Como não reflecte, há um défice de aprendizagem da língua portuguesa.” O responsável fala da lei quadro publicada em 1991, sobre o sistema educativo não superior, que referia que as línguas obrigatórias de ensino eram o português e o chinês. “O português nunca foi de facto e em 2006 retira-se completamente a obrigatoriedade do ensino português como segunda língua oficial”, destaca. Para o ex-director do IPOR, “não há efectivamente uma política linguística, porque se houvesse as línguas oficiais estariam vertidas no sistema educativo e as pessoas eram obrigadas a estudar as duas línguas oficiais”. Erros na avaliação Rui Rocha não deixa de apontar o dedo ao sistema de avaliação, desde “os resultados efectivos dos alunos à própria avaliação dos professores”. “Esta é uma questão que me preocupa bastante. Não há uma avaliação daquilo que é produzido em termos de ensino, ou seja, os resultados em termos de aprendizagem.” A DSEDJ “dá muito dinheiro para as escolas”, que não implementam “um ensino estruturado mas sim um bocado aleatório e errático”. “No ensino superior era importante haver uma avaliação dos resultados finais daquilo que é ensinado, quer numa licenciatura, quer numa disciplina que seja curricular. Isso não é feito, porque nós não sabemos qual é a qualidade real daquilo que sai”, rematou. Entrega de Livros O IPOR promove hoje, no Consulado de Portugal, pelas 18h30, a doação de uma colecção de livros em língua portuguesa com vista a enriquecer os acervos das bibliotecas das escolas locais, de todos os níveis de educativos, que ensinam o Português. A cerimónia contará com a presença dos representantes consulares dos países de língua portuguesa em Macau, bem como com os directores das escolas da RAEM que ensinam Português, informa o IPOR em comunicado.
SJM com prejuízos de 647 milhões de dólares de HK no primeiro trimestre Hoje Macau - 5 Mai 2021 A operadora de jogo SJM em Macau anunciou esta terça-feira prejuízos de 647 milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre de 2021, pior do que o resultado registado em igual período de 2020. No primeiro trimestre de 2020, quando Macau foi inicialmente atingido pela pandemia e obrigou as autoridades a encerrarem os casinos durante 15 dias, o prejuízo contabilizado pela empresa fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho tinha sido de 409 milhões de dólares de Hong Kong. Ainda assim, o vice-presidente e diretor executivo da SJM defendeu que estes resultados traduzem já um maior fluxo turístico a Macau. “Esperamos uma melhoria gradual das condições de mercado para o resto de 2021”, salientou Ambrose So, citado num comunicado da empresa. A operadora de jogo teve um prejuízo total de três mil milhões de dólares de Hong Kong em 2020. Os prejuízos resultaram do impacto da pandemia de covid-19 na capital mundial do jogo, em contraste com 2019, quando a empresa registou lucros de 3.207 mil milhões de dólares de Hong Kong, mais 12,5% do que em 2018.
Mostra de xilogravuras japonesas abre no sábado na Casa Garden Hoje Macau - 5 Mai 2021 Cerca de 60 obras japonesas, incluindo as “Trinta e seis vistas do monte Fuji”, as mais famosas xilogravuras de paisagens de Hokusai Katsushika, vão estar patentes ao público, a partir de sábado, em Macau, na Casa Garden. Com o título “As impressões românticas de uma era encantadora”, a exposição apresenta a arte Ukiyo-e, xilogravuras japonesas do período Edo (1603-1867), com origem na cultura popular em Edo, a atual Tóquio, e que retratavam personagens do mundo do entretenimento, como gueixas, lutadores de sumo e atores de teatro Kabuki, indicou em comunicado a delegação em Macau da Fundação Oriente. O Ukiyo-e tornou-se numa forma de arte muito popular no Japão e, além de retratos, começou a incluir paisagens e cenas de natureza em trabalhos que foram especialmente influentes no desenvolvimento do movimento impressionista na Europa. Entre as obras na exposição, destaque para as “Trinta e seis vistas do monte Fuji” de Hokusai Katsushika, que inclui a gravura icónica “A Grande Onda de Kanagawa”, criada durante a década de 1820. A mostra, patente até 12 de junho, inclui ainda obras de Kitagawa Utamaro, Utagawa Hiroshige, Toshusai Sharaku e Toyohara Kunichika.
Faculdade de Letras de Lisboa recebe 14.000 volumes de Biblioteca Ultramarina Hoje Macau - 5 Mai 2021 A biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) vai receber mais de 14.000 volumes da Biblioteca Ultramarina, do ex-Banco Nacional Ultramarino (BNU), anunciou a Caixa Geral de Depósitos (CGD). A integração da antiga biblioteca e de dois acervos particulares – do ex-ministro das Colónias e ex-presidente do BNU Francisco Vieira Machado (1898-1972) e de António Liz Dias, que dirigiu a delegação do Fundo de Fomento de Exportação em Madrid e foi adido comercial da embaixada de Portugal, entre outras funções – inserem-se num acordo de “transferência imediata” assinado entre a CGD e a FLUL. Os dois acervos privados são constituídos por “obras de referência de temas generalistas com cerca de 8.000 livros”. Segundo a CGD, a Biblioteca Ultramarina faz parte do “acervo documental e bibliográfico da Caixa desde 2001”, quando se deu a fusão, por incorporação, do Banco Nacional Ultramarino com a CGD. Esta biblioteca já funcionava na década de 1960, e iniciou a sua atividade como Centro Bibliográfico do Serviço Social, tendo a sua criação como biblioteca, para os empregados do banco, acontecido em 1962, explicou à agência Lusa a mesma fonte. Trata-se de uma biblioteca especializada, “constituída por cerca de 14.000 obras de dimensão histórico-patrimonial, com assuntos de grande diversidade como a história e a cultura”. A biblioteca inclui ainda volumes sobre a “expansão marítima de Portugal e relações com núcleos de informação que abrangem países como Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Índia, Timor e o território de Macau, bem como relatos de viagens, estudos etnológicos, missões religiosas nos territórios africanos e orientais e a atividade do BNU, desde a segunda metade do século XIX nas antigas colónias” portuguesas. Adicionalmente, a Biblioteca Ultramarina inclui coleções de Boletins de Estudos Económicos e do Boletim Geral do Ultramar, e ainda obras sobre “literatura, política, história bancária e económica, ciências agrárias, direito, biologia, antropologia, etnologia, religião, entre muitos outros”. As obras mencionadas foram publicadas entre os começos do século XIX e a segunda metade do século XX, sublinhou a mesma fonte, citando como balizas cronológicas 1834 e 1997. O acervo da ex-Biblioteca Ultramarina “é muito procurado pela comunidade científica, professores, estudantes, investigadores de mestrado e doutoramento e estudantes estrangeiros”, dada “a riqueza [informativa] que encerra” e “é frequentemente mencionada por utilizadores e investigadores no âmbito” do seu trabalho. Para facilitar o seu acesso, a CGD decidiu entregá-lo à biblioteca da FLUL, “por depósito” e “através da celebração de um contrato, passando a gestão da Biblioteca Ultramarina a ser feita pela biblioteca da FLUL, que se encarregará de “todas as necessidades inerentes ao seu tratamento e acesso por parte da comunidade científica”. A Biblioteca da FLUL integra um acervo de cerca de 700.000 volumes impressos, reunindo nas suas coleções um fundo documental, bibliográfico e arquivístico, composto por mais de 50.000 documentos, dedicado às temáticas ultramarinas, particularmente relevante para os Estudos Africanos, agora aumentado com a transferência da Biblioteca Ultramarina.
Julião Sarmento, artista plástico, faleceu hoje aos 72 anos vítima de cancro Hoje Macau - 4 Mai 2021 Morreu hoje em Lisboa, aos 72 anos, vítima de cancro, Julião Sarmento, um dos mais reputados e conhecidos artistas plásticos portugueses. Autor de uma obra multifacetada, Julião Sarmento representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 1997 e foi alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011. A Galeria Cristina Guerra divulgou um comunicado, no qual confirmou a morte do artista, “com enorme tristeza”, apontando-o como uma “figura central da arte portuguesa desde os anos 1970”. Julião Sarmento “foi o primeiro artista da sua geração a alcançar um amplo reconhecimento internacional, expondo em inúmeros museus e eventos de prestígio”, e “afirmou-se como um dos grandes interpretes e pensadores no contexto da arte, e a sua vida e obra reflectem uma dedicação total ao meio artístico e à arte contemporânea”, sublinha a galeria. No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance. A galeria acrescenta ainda que o desaparecimento do artista, nascido em Lisboa a 4 de Novembro de 1948, “deixa uma enorme dor e vazio” no meio cultural. Várias vezes distinguido, Julião Sarmento recebeu a Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 1994, a Medalha de Prata de Mérito Municipal, de Sintra, em 1997, o Prémio Universidade de Coimbra, em 2009, bem como o prémio de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte – Secção Portuguesa, em 2012, e o Prémio de Artes Casino da Póvoa, em 2013. As lembranças O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de Julião Sarmento, considerando-o “um dos mais talentosos” artistas portugueses das últimas décadas, tendo enaltecido a “modernidade provocante” das suas obras e a sua “presença ímpar” neste tempo. Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou “sentidas condolências” à família de Julião Sarmento, que descreve como “um dos mais talentosos, produtivos e generosos artistas portugueses das últimas décadas”. Marcelo referiu também que, “vindo da Escola de Belas-Artes, Julião Sarmento trabalhou na Secretaria de Estado da Cultura logo após a Revolução, contribuindo para a reconfiguração das práticas artísticas em Portugal, e foi um dos nomes escolhidos por Ernesto de Sousa para uma exposição que fez época, a Alternativa Zero, em 1977”. “Por essa altura, já usava os mais diversos registos, sobretudo a pintura, o desenho e o vídeo, e já estava atentíssimo ao contemporâneo, a correntes, conceitos, cruzamentos, modos de produção e difusão. Nas décadas seguintes, tornar-se-ia o mais internacional dos artistas portugueses”, lê-se na mensagem. Já o primeiro-ministro português, António Costa, lamentou “profundamente” a morte de Julião Sarmento, considerando que deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa e que fez parte de uma geração que renovou a prática artística na década de 80. “Fazendo parte de uma geração cosmopolita que renovou a prática artística nos anos 1980, Sarmento deu um importante contributo para a internacionalização da arte portuguesa. As mais sentidas condolências à sua família e amigos”, escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter.
Integração nacional | Criada nova comissão de trabalho liderada pelo Chefe do Executivo Andreia Sofia Silva - 4 Mai 2021 O Governo decidiu criar uma nova comissão de trabalho para lidar com os dossiers relacionados com o processo de integral nacional e de participação nas políticas de Pequim. A criação da Comissão de Trabalho para a Integração no Desenvolvimento Nacional tem por objectivo “coordenar os planos gerais e trabalhos preparatórios de curto, médio e longo prazos de participação e contribuição da RAEM na construção de Uma Faixa, Uma Rota e da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. O despacho que cria oficialmente esta Comissão foi hoje publicado em Boletim Oficial (BO) e determina que esta tem ainda como competências “promover a realização de estudos e planeamento com vista à formulação das respectivas estratégias políticas”. À Comissão cabe ainda “estudar e definir políticas, estratégias e medidas de implementação da RAEM no âmbito da promoção da construção de Um Centro (Centro Mundial de Turismo e Lazer), Uma Plataforma (Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa), Uma Base (Base de Intercâmbio e Cooperação para a Promoção da Coexistência Multicultural, com Predominância da Cultura Chinesa)”. Deve ser ainda elaborado “um programa anual de trabalhos”, bem como ser feito uma supervisão da sua implementação. O Chefe do Executivo preside a esta Comissão, que será composta pelos secretários das cinco tutelas do Governo, bem como pelo comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, pelo director-geral dos Serviços de Alfândega e pelo director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional. Desta entidade fazem também parte um representante do Gabinete do Chefe do Executivo, um representante de cada Secretaria do Governo e um representante da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional.
Construção civil | Salário médio diário dos residentes com maior aumento face aos TNR Andreia Sofia Silva - 4 Mai 2021 O salário médio dos residentes que trabalham na construção civil registou um aumento de 1,5 por cento no primeiro trimestre deste ano, maior face ao aumento de 0,9 por cento registado nos salários médios pagos aos trabalhadores não residentes (TNR). Em média, por dia, um residente ganha, na construção civil, 953 patacas, enquanto que um TNR ganha 626. Em termos gerais, os salários nesta área aumentaram 1 por cento em termos trimestrais. No entanto, sem o efeito da inflação, o índice do salário real dos trabalhadores da construção civil foi de 91,7 nos primeiros três meses do ano, uma ligeira redução de 0,1 por cento. No caso dos trabalhadores da construção civil residentes, esse índice foi de 90,4, registando uma quebra de 1,5 por cento. Os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam ainda que o salário diário médio é o do carpinteiro de cofragem (829 Patacas), seguindo-se o do armador de ferro (832 Patacas) e o do assentador de tijolo e estucador (713 Patacas), que registaram aumentos de 10, 9,4 e 3,5 por cento, respectivamente, em relação ao quarto trimestre do ano passado. As quedas salariais registaram-se nas categorias de carpinteiro de acabamento (749 Patacas), o do pintor (767 Patacas) e o do canalizador/montador de tubagens de gás (749 Patacas), com quebras nos salários médios diários de 9,9, 8,6 e 2 por cento, respectivamente.