Eleições | TUI confirma exclusão de candidatos por serem “infiéis” a Macau

O Tribunal de Última Instância manteve a decisão da CAEAL de excluir três listas do campo democrata de participar nas eleições de Setembro. Em causa, argumenta o TUI, está o apoio a actividades como o “4 de Junho”, “Carta Constitucional 08” e a “Revolução de Jasmim”. Candidatos excluídos falam em “mudança de paradigma” e garantem continuar a defender os seus valores mesmo fora da AL

 

O Tribunal de Última Instância (TUI) rejeitou os recursos apresentados pelas listas de candidatura às eleições de Setembro, no seguimento da desqualificação de 21 candidatos pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) por não serem fiéis a Macau e não defenderem a Lei Básica.

Fica assim confirmada a exclusão das listas da Associação do Novo Progresso de Macau, encabeçada pelo actual deputado Sulu Sou, da Próspero Macau Democrático, liderada por Scott Chiang e da Associação do Progresso de Novo Macau, encabeçada por Paul Chan Wai Chi.

No acordão de 217 páginas divulgado no sábado apenas em língua chinesa, o TUI “deu como assente” que, pelo menos dois dos candidatos que integravam cada uma das três listas participaram em actividades de apoio incompatíveis com a Lei Básica, ou que provam que são “infiéis à RAEM”.

Detalhou o TUI que, em causa, está o apoio a actividades como o “04 de Junho”, a “Carta Constitucional 08” ou “Revolução de Jasmim”, nas quais se exigiram em diferentes momentos reformas democráticas na China.

Os juízes do tribunal só analisaram as informações relativas aos dois primeiros candidatos de cada uma das três listas, que integravam todas elas cinco elementos. Isto porque, justificaram, verificando-se o afastamento dos dois primeiros, as listas já não cumpriam com um dos requisitos legais, ou seja, a inclusão de, pelo menos, três candidatos.

Citando o acordão do TUI, a TDM-Canal Macau avançou ainda que os três acontecimentos têm a mesma natureza e são demonstrativos da defesa do derrube do Governo Central e do Partido Comunista da China (PCC). Nessa mesma passagem do acórdão é ainda feita referência à alteração da Constituição da República Popular da China aprovada em 2018 e que acrescentou que “a liderança do Partido Comunista da China é a essência do socialismo com características chinesas”

Razão pela qual, por unanimidade, os juízes julgaram “improcedentes os recursos contenciosos eleitorais interpostos (…), mantendo a decisão da CAEAL de recusar as três listas de candidatura”.

Em comunicado, o Governo manifestou “respeito e apoio por esta decisão final”, ressalvando que a CAEAL apreciou a habilitação dos candidatos e a rejeição das listas de candidatura com inelegibilidade “em conformidade com os poderes delegados pela Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa [AL]”.

O Executivo refere ainda que a decisão da CAEAL defendeu “a ordem constitucional da RAEM, definida pela Constituição e Lei Básica” e cuja decisão foi reconhecida pelo TUI.

“A RAEM continuará a implementação plena e correcta do princípio ‘Um país, dois sistemas’, salvaguardando, nos termos da lei, o direito da liberdade de expressão dos residentes de Macau, assim como o direito à informação e o direito de fiscalização sobre as acções governativas”, pode ler-se.

Lista de recados

Apesar de votar a favor da decisão, o juiz José Maria Dias Azedo emitiu uma declaração de voto, onde questiona o âmbito de actuação da CAEAL, nomeadamente quanto à sua legitimidade para dar início a processos de investigação a cargo de outras entidades.

Referindo ser “inegável” que a Lei Eleitoral prevê que a CAEAL tem, relativamente aos serviços públicos e ao seu pessoal, “os poderes necessários ao eficaz exercício das suas funções, devendo aqueles prestar-lhe todo o apoio e colaboração de que necessite e que lhes requeira”, o juiz aponta, contudo, que o “poder” que a legislação prevê, não pode ir além da “competência” atribuída ao organismo.

Isto, ao mesmo tempo que se mostra preocupado com o facto de a CAEAL ter solicitado “da sua própria iniciativa”, que a Polícia procure e recolha “informações relacionadas com a vida pessoal e social das pessoas em questão”, com o objectivo de decidir se são elegíveis.

“Como é sabido, as investigações são (…) especialmente atribuídas a outras entidades como, por exemplo, aos órgãos judiciais, às forças de segurança e ao Comissariado contra a Corrupção [CCAC]”, começa por dizer Dias Azedo.

“É importante notar que tal ‘poder’ não pode ultrapassar o que é referido (…) no âmbito da ‘competência’, no qual são definidas as ‘competências’ previstas no artigo 10.º [da lei eleitoral]. Este artigo, embora seja a disposição mais extensa da lei, não faz qualquer referência ao ‘assunto’ em discussão e, por isso, só se pode concluir que a CAEAL não tem esse poder”, acrescentou.

Na declaração de voto, Dias Azedo considera ainda que os visados não tiveram uma “oportunidade adequada”, não só para se pronunciarem sobre as informações recolhidas, mas também antes da “decisão de os considerar inelegíveis”.

“Isto parece-me ser uma violação do ‘princípio da audição prévia das partes interessadas’. Não vejo razões para que este princípio não tenha sido aplicado no contexto da lei eleitoral”, sublinhou o juiz

Por abordar o “direito fundamental” de participar nas eleições, Dias Azedo defendeu também que as autoridades devem esclarecer a população sobre os fundamentos das restrições apresentadas.

Nova era

Reagindo em comunicado, a Associação Novo Macau da qual Sulu Sou é vice-presidente, apontou “discordar da decisão”, insistindo que os candidatos em questão são elegíveis, dado que sempre defenderam a Lei Básica e foram leais à RAEM.

“A história vai encarregar-se de provar que este julgamento é errado. Este incidente da desqualificação é uma decisão política do Governo, que tem como objectivo eliminar as vozes democratas dissonantes na Assembleia Legislativa. É como apagar a luz numa sala já escura”.

O candidato desqualificado da Próspero Macau Democrático, Scott Chiang mostrou não estar surpreendido com a decisão e vincou que o acontecimento marca uma mudança de paradigma no panorama político de Macau. Segundo o ex-deputado, a decisão do TUI serve também para condicionar indirectamente a população.

“O que costumava ser um exemplo de sucesso do princípio ‘um país, dois sistemas’ foi agora abandonado. Já consigo ver os efeitos que este caso está a provocar nas pessoas. [O Governo] quer que elas aprendam com o nosso caso, e entendam que tudo o que dizem, partilham ou gostam online pode ser usado contra elas no futuro. Já há muitas pessoas que conheço que começaram a censurar-se. Penso que este é exactamente o efeito que pretendiam”, disse Scott Chiang à TDM-Canal Macau.

Por seu turno, Paul Chan Wai Chi referiu estar desiludido por ter acreditado que “Macau era um Estado de Direito, onde os tribunais tinham independência judicial”. Isto, apesar de as opiniões públicas sobre o caso e o ambiente actual ter levado a que decisão fosse tida, desde logo, como “final”.

Em relação ao futuro, Chan Wai Chi defende que, tal como ele, os residentes de Macau devem assumir a responsabilidade de filtrar o trabalho do Governo.

“Não interessa se estamos dentro ou fora da AL. Precisamos de ficar de olho na forma como Macau é governado, nas discussões das leis na AL e no desenvolvimento social. Estes são os melhores dos tempos. Estes são os piores dos tempos”, apontou segundo TDM-Canal Macau.

Também Scott Chiang frisou a importância de “continuar a dar opinião” mesmo que seja fora da AL.
“Houve uma mudança de paradigma que mostra às pessoas em Macau e ao mundo que qualquer forma de dissidência, mesmo as mais leves, não vão ser toleradas, ao contrário do que aconteceu nos últimos 20 anos”, referiu.

Sentido único

À agência Lusa, o advogado dos candidatos excluídos considerou que a decisão anunciada pelo TUI “rasga a declaração conjunta entre Portugal e a China”.

“Toda a oposição democrática e crítica do Governo foi desqualificada. O jogo passou a ter uma baliza só: neste ‘jogo’ político só se pode perder”, afirmou Jorge Menezes.

Para o advogado, as “três listas de candidatos foram desqualificadas num processo de investigação policial secreto, abusivo e ilegal, com base em normas aprovadas secretamente por um órgão incompetente para o efeito e aplicadas retroactivamente”.

Isto, acrescentou, “sem conceder ao visados a possibilidade de participarem no processo de desqualificação e de apresentarem prova contrária e direito de defesa”, concluindo que “maior violação do conceito de Estado de Direito seria difícil”.

Por outro lado, salientou, “foi também lamentável a emissão de declarações de entidades oficiais da República Popular da China sobre a legalidade de uma decisão antes ainda de ela ter sido julgada por um tribunal de Macau”.
Tal constitui para o advogado “uma violação da autonomia de Macau face à China e do princípio da separação de poderes, que impõe a proibição de pressões sobre os tribunais por parte do poder político ou executivo”.

UE | Governo expressa “resoluta oposição” face a críticas da Europa

O Governo expressou ontem a sua “resoluta oposição” às críticas apresentadas pelo Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) da União Europeia (UE) sobre a exclusão de candidatos às eleições de Setembro, afirmando que todo o processo foi realizado dentro dos contornos da lei.

“A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) cancelou a elegibilidade de parte dos candidatos, um exercício de poderes delegados pela Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, e apreciou a elegibilidade dos candidatos nos termos da lei, cuja decisão foi reconhecida pelo órgão judicial”, pode ler-se em comunicado.

Assegurando que o direito de eleger e ser eleito, e o direito da liberdade de expressão estão totalmente assegurados pelos órgãos executivos, legislativos e judiciais, o Governo considerou ainda que a UE não tinha o direito de intervir sobre o assunto.

“As eleições da Assembleia Legislativa de Macau, são assuntos internos da RAEM, pelo que nenhum órgão estrangeiro tem o direito de intervir”.

Recorde-se que, no sábado, a UE afirmou que a exclusão de candidatos às eleições contraria os direitos garantidos pela Lei Básica, o pluralismo político e restringe o debate democrático.

“Este é um passo prejudicial que vai contra os direitos garantidos na Lei Básica de Macau. Prejudica o pluralismo político e restringe o debate democrático”, pode ler-se, segundo a agência Lusa, numa declaração do porta-voz do serviço diplomático da UE.

Já o gabinete do comissário do MNE em Macau, manifestou “forte insatisfação e firme objecção aos comentários da UE”, considerando que “eram uma interferência flagrante nos assuntos de Macau e nos assuntos internos da China em geral, o que violava gravemente o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais”.

“Ninguém é mais sincero ou resoluto do que o governo chinês para implementar de forma abrangente e precisa o princípio “um país, dois sistemas”, e ninguém se preocupa mais do que o governo chinês com a prosperidade, a estabilidade e o bem-estar dos residentes de Macau. Qualquer tentativa de interferir nos assuntos da RAE está condenada ao fracasso”, salientou a declaração.

Tóquio 2020 | Halterofilista El-Bakh ganha primeiro ‘ouro’ olímpico de sempre do Qatar

O halterofilista catari Fares El-Bakh venceu este sábado a medalha de ouro na final da categoria de menos 96 quilos nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020, batendo um recorde olímpico e tornando-se o primeiro campeão olímpico do Qatar.

Na fase decisiva, o atleta levantou 225 quilos no arremesso, novo recorde olímpico, acumulando 402 quilos no total, batendo a concorrência do venezuelano Vallenilla (prata) e do georgiano Pliesnoi (bronze).

El-Bakh, de 23 anos, ainda tentou bater o recorde mundial do arremesso, mas na última tentativa não conseguiu levantar os 232 quilos. Esta é a sexta medalha olímpica do Qatar, a segunda no halterofilismo, depois do bronze de Saif Asaad em menos de 105 quilos em Sidney2000.

Covid-19 | China detecta 75 novos casos locais

A China anunciou hoje ter detetado 75 novos casos de covid-19 no sábado, dos quais 53 locais e a maioria na província de Jiangsu (leste), palco de um surto nos últimos dias.

Jiangsu registou 30 novas infeções locais, parte de um surto inicialmente detetado no aeroporto internacional na capital da província, Nanjing, mas que já se estendeu a outras províncias chinesas.

Os outros 11 casos locais foram identificados nas províncias de Henan (12), Hunan (quatro), Yunnan (três), Fujian (um), Shandong (um), Hubei (um) e Ningxia (um), indicou a Comissão de Saúde da China.

Os restantes 22 casos foram diagnosticados em viajantes provenientes do estrangeiro nos municípios de Xangai (leste) e de Tianjing (norte) e nas províncias de Yunnan (sul), Mongólia Interior (norte), Guangdong (sul), Zhejiang (sudeste), Henan (centro) e Sichuan (centro).

As autoridades de saúde também registaram 37 novas infeções assintomáticas (25 locais e as restantes “importadas”), embora Pequim só as conte como casos confirmados se forem manifestados sintomas.

A Comissão de Saúde da China indicou que, até à última meia-noite local (17:00 em Lisboa), 24 pacientes tiveram alta, com o número total de infetados ativos na China continental a subir para 1.022, incluindo 25 em estado grave.

O país somou 93.005 casos da doença e 4.636 mortos desde o início da pandemia, acrescentou.

O Centro de Controlo de Doenças chinês indicou que as medidas de prevenção aplicadas pelas autoridades continuam a ser eficazes para conter os surtos, apesar de a variante delta do novo coronavírus ser mais contagiosa.

A curto prazo, a covid-19 poderá continuar a espalhar-se por novas regiões, indicou o Centro, que pediu aos residentes de 29 províncias para não fazerem viagens desnecessárias entre províncias chinesas.

Os peritos também garantiram que a taxa de vacinação e a experiência acumulada em matéria de prevenção vão impedir um novo surto de larga escala no país, noticiou o diário chinês Global Times.

Tóquio 2020 | Ginasta Simone Biles desiste da final de solo

A atleta Simone Biles desistiu de participar na final olímpica de solo em Tóquio2020, depois de já abdicado das finais do concurso completo e de dois aparelhos (salto e paralelas assimétricas), anunciou hoje a Federação Norte-americana de Ginástica.

“Simone [Biles] retira-se da final de solo, na segunda-feira, e tomará mais tarde uma decisão sobre a participação na final de trave [marcada para terça-feira]”, informou o organismo federativo, revelando que a ginasta não defenderá o título conquistado no Rio de Janeiro.

A ‘estrela’ da ginástica mundial, que no Rio2016 conquistou cinco medalhas, quatro de ouro (por equipas, no concurso completo individual, no salto e no solo) e uma de bronze (trave), começou por desistir na terça-feira a meio do concurso por equipas, depois de um salto abaixo das suas expectativas.

A ginasta, de 24 anos, considerada uma das melhores de sempre, justificou a decisão com fragilidade psicológica. Biles disse querer manter a sua sanidade e revelou ter menos confiança em si do que tinha anteriormente.

A revelação da ginasta provocou várias reações de apoio um pouco de todo o lado, e o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, considerou na sexta-feira que Biles foi “corajosa” ao falar abertamente dos seus problemas psicológicos.

Sobe para 99 número de mortos devido a enchentes no centro da China

O número de mortos na província chinesa de Henan, devido às enchentes que atingiram o centro do país, subiu para 99, disseram hoje as autoridades. O governo de Zhengzhou, capital de Henan, anunciou mais 26 mortes em duas áreas remotas, segundo a imprensa estatal. Entre estas, 18 ocorreram a sudoeste de Zhengzhou, na cidade de Xinmi, e oito a oeste, na cidade de Xingyang.

Chuvas torrenciais em Zhengzhou, na semana passada, inundaram o sistema de metro da cidade, resultando em 14 mortos, e transformaram as ruas em canais de água, com rápido fluxo, que arrastou veículos e pessoas.

As tempestades deslocaram-se então para o norte e inundaram outras partes da província, incluindo a cidade de Xinxiang.

O número exato de mortos permanece uma dúvida. O portal noticioso chinês The Paper relatou que mais de 200 veículos destruídos foram encontrados num túnel inundado em Zhengzhou. Não se sabe se os ocupantes conseguiram sair a tempo.

As águas baixaram em algumas áreas, mas outras continuam inundadas, com esforços de socorro e limpeza em andamento. As autoridades disseram que mais pessoas continuam desaparecidas e estimaram as perdas económicas em 91 mil milhões de yuan.

Em todo o país, as enchentes já afetaram cerca de 35 milhões de pessoas este ano. O saldo de mortos ou desaparecidos fixou-se, até à data, em 146, e cerca de 72.000 casas desabaram, enquanto as perdas económicas ascenderam a 123 mil milhões de yuans.

Oferta de casas sociais resolve problemas habitacionais, diz Chan Ka Leong 

Chan Ka Leong, membro do Conselho para os Assuntos de Habitação Pública, defendeu que a actual oferta de habitações sociais vai fazer com que os próximos dez anos sejam “dourados” no que diz respeito à resolução dos problemas de habitação. O responsável falou aos jornalistas à margem de um fórum organizado pelo Centro de Política da Sabedoria Colectiva sobre habitação económica.

“Os residentes mais vulneráveis já têm garantias suficientes devido às candidaturas permanentes para as habitações sociais em Mong-Há, Toi San e na zona A dos Novos Aterros, que serão atribuídas gradualmente”, frisou.
Sobre a habitação económica, Chan Ka Leong disse que a oferta de fracções está de acordo com a procura, elogiando a acção do Governo, que nos últimos dois anos disponibilizou oito mil casas.

O responsável destacou as alterações feitas à lei de habitação económica, que beneficiam agora as famílias mais vulneráveis. “O novo sistema de pontuação tem em conta a estrutura das famílias, tal como a proporção dos residentes permanentes, a duração do período de residência e se há membros vulneráveis na família.”

Para Chan Ka Leong, as famílias com três ou quatro pessoas, ou os agregados mais jovens, têm agora uma maior possibilidade de conseguir uma habitação. Quanto às casas para a classe sanduíche, Chan Ka Leong acredita que serão necessárias dez mil fracções, apontando que o Governo já tem terrenos disponíveis.

Quanto às críticas sobre os elevados preços de venda das casas económicas, de cinco mil patacas por metro quadrado, o membro do Conselho defendeu que os valores podem ser discutidos. “O mais importante é olhar para o prémio dos terrenos. Se o Governo cobrar totalmente o valor, o custo deve ser aproximadamente duas mil patacas por metro quadrado, e isso pode ser discutido na sociedade. É semelhante ao preço praticado nos edifícios privados, é um preço razoável”, defendeu. Chan Ka Leong admitiu que o valor é um pouco caro, mas deve-se também ao aumento do preço dos materiais de construção.

Citius, Altius, Fortius – Veritas

Têm sido os Jogos das atletas: à falta de público nas bancadas, da habitual ostentação de impantes patrocinadores, da procura de visibilidade mediática para dirigentes desportivos e políticos com mais ou menos propósito e dependentes de posicionamentos geo-políticos diversos, estas Olimpíadas têm tido pouco mais do que o exercício dos jogos em si mesmo, a competição desportiva reduzida à sua essência, atletas a disputar vitórias e medalhas perante câmaras que hão-de dar visibilidade a uma solidão improvável para as Olimpíadas. Não é que tenham faltado motivos para, por exemplo, se reacenderem velhas Guerras Frias, mas mesmo a compulsiva exclusão da Rússia havia de ser sabiamente compensada e drasticamente atenuada pela participação da enigmática ROC, sigla inicialmente incompreensível para espectadores com menos dedicação à causa, mas hoje já familiar a quem acompanhe os Jogos, mesmo com alguma reserva e distância.

Foi aliás num desses momentos mais propícios à frieza da guerras geopolíticas antigas que a História foi registando em Olimpíadas diversas que as atletas decidiram afinal oferecer um exemplo magnífico e anacrónico de desportivismo, respeito por rivais, solidariedade entre quem dedica esforço máximo e quase toda a vida a dar o melhor de si para se aperfeiçoar no exercício desportivo, na celebração do jogo: a formidável equipa de ginástica dos Estados Unidos tinha perdido a sua melhor atleta em plena competição, teve que disputar a final colectiva com essa inevitável desvantagem, acabaria por ver interrompida uma hegemonia planetária de quase 30 anos, agora conquistada pela Rússia, aliás a ROC, a maior herdeira da magnífica tradição soviética que nas últimas décadas foi sistematicamente derrotada pelas rivais da América do Norte, essas que no momento da derrota atravessam ténues fronteiras implícitas nos territórios do pavilhão, para beijarem e abraçarem as novas campeãs olímpicas, transformando subitamente guerras frias em amizades quentes. Disso certamente pouco se falará, que os tempos mediáticos são mais propícios à exaltação do sangue que possa correr em cada arena competitiva, à glória de quem ganha e à miséria de quem perde, com pouco ou nenhum espaço para eventuais e anacrónicas fraternidades entre quem joga o jogo que tem a jogar e sabe da efemeridade de cada resultado.

Foi nessa prova que se assistiu a um dos mais dramáticos momentos dos Jogos até agora: a desistência da ginasta norte-americana Simone Biles, super-favorita a conquistar todas as medalhas em disputa, individuais e por equipas, em qualquer dos aparelhos. Era também candidata a igualar ou melhorar históricos recordes de medalhas conquistadas por ginastas em Olimpíadas anteriores e tinha sobre si todos os olhares de quem aprecia a modalidade.

Falharia rotundamente, no entanto, em até em sentido literal: que o corpo faça pirueta e meia quando estava preparado, treinado e programado para duas piruetas e meia é suficiente para confundir e desestabilizar um cérebro que ali e naquele momento opera em concentração máxima, quando cada centésimo de segundo é decisivo para a performance que dura alguns minutos, poucos mas que oferecem corolário inevitável a anos de esforço, preparação, mentalização, criatividade, inteligência, superação a cada dia, todos os dias. É essa a vida de qualquer ginasta e nem vale a pena entrar nos detalhes do percurso particular que levou Simone Biles até Tóquio, que também inclui um ambiente familiar violento e casos de abuso sexual por parte de um médico da equipa de ginástica dos Estados Unidos. Afinal, no tapete é só ela e os seus demónios, assume a super-ginasta, um prodígio atlético, que afinal assume tranquilamente a sua fraqueza perante o mundo, a sua verdade, a importância de preservar a saúde mental neste planeta em que o lema olímpico “mais rápido, mais alto, mais forte” parece ter sido abusivamente adaptado para servir de mote a uma sociedade despojada de solidariedade comunitária e obcecada com vertiginosos processos competitivos onde, na realidade, acabamos sempre por perder qualquer coisa.

Simone Biles não foi, no entanto, a única super-estrela do firmamento desportivo a sair sem a espera glória mas com inesperada humildade desta peculiar edição dos Jogos, marcada por esse triste isolamento e distanciamento social que a convivência possível com a pandemia de covid-19 implica. Também Naomi Osaka, tenista de excelência, a jogar no Japão e pelo Japão, o seu país de nacionalidade mas onde nem sempre viveu e onde os filhos de pessoas japonesas com pessoas estrangeiras, como ela, são carinhosamente tratadas por “metade”, acabaria por ter uma participação em competição muito abaixo do que os seus pergaminhos nos rankings internacionais poderiam fazer prever. Neste caso, as fraquezas até já se tinham revelado antes dos Jogos: jogar é bom mas enfrentar a avidez da imprensa é um acto de violência para o qual se assume impreparada, recusando até participar em torneios do chamado “Grand Slam”, naturalmente com muito generosos prémios, para não ter que enfrentar despropositados interrogatórios de jornalistas a seguir ao esforço do jogo. Tal como Simone Biles, Naomi Osaka, quer pôr a integridade possível da sua saúde mental à frente da insanidade competitiva das sociedades contemporâneas e da respectiva implacável mediatização permanente. Ficamos com a generosidade da verdade destas fraquezas humanas para agradecer a estas super-atletas.

Quando a emel lá no estrangeiro me deu um gato

Quando descobri, em Clermont-Ferrand, que os parquímetros da cidade tinham sido arrombados todos na mesma noite mas que, ainda assim, davam a aparência de estarem fechados e a funcionar, vi-me de repente em tio Patinhas, banheira cheia de moedas para trocar por livrinhos de banda desenhada, gelados de seis andares no Verão e saquetas de cromos para acabar todas as cadernetas a que faltavam apenas meia dúzia em cada uma.

Os meus pais davam-me dinheiro, como é óbvio. Uma espécie de mesada que tinha de dividir com cuidado para ir comprando um lanche aqui e ali na escola e umas canetas. Mas pouco sobrava. Ou, na minha opinião, pelo menos, não o suficiente. Pelo que quando me apercebi de que todos os parquímetros da cidade se tinham transformado no meu mealheiro, não só passei a demorar cada vez mais tempo da escola para casa como passei a chegar cada vez mais pesado. Os mealheiros que me tinham oferecido ficaram a abarrotar em menos de nada. Comecei então a depositar o fruto das minhas passeatas pós-lectivas num vaso de plástico a que a minha mãe não tinha ainda atribuído morador. Guardava-o debaixo da cama e, a seguir ao jantar, com os meus pais ainda à mesa, refugiava-me no quarto e contava as moedas, com medo de que entretanto alguém me tivesse surripiado umas quantas (o dinheiro vem de mão dada com uma série de coisas pouco simpáticas que eu, à altura, desconhecia).

Certo dia aproveitei o bom humor do meu pai para lhe confessar que preferia gatos a cães. Ele, nascido e criado no campo, na serra algarvia, não percebia porquê. Os animais, para o meu pai, ou tinham uma serventia ou não tinham lugar no círculo doméstico mais alargado. Era-lhe absolutamente estranha a ideia de «animal de estimação». Isso era coisa de gente a quem o dinheiro a mais espoletava a adopção de toda a sorte de comportamentos excêntricos pouco desejáveis. «Um gato para quê?», perguntou-me? «O que vais fazer com um gato?» Na verdade, nem eu próprio sabia. Sentia-me sozinho, tinha pouquíssimo amigos e imaginava que um gato pudesse de alguma forma suprir ou pelo menos minorar essa carência. «Para brincar com ele», respondi, timidamente. «Um gato sai caro», asseverou. «Já temos dois cães, já gastamos tudo quanto podemos gastar em comida para os bichos». Tinha esperança de que ele me tentasse dissuadir sacando do trunfo do dinheiro. «Eu pago», repliquei. «Eu tenho dinheiro». Ele riu-se. «Então mostra lá esse dinheiro», gracejou, «a ver quantos dias consegues dar de comida ao animal, que tu não tens noção do preço das rações». Eu fui buscar um dos mealheiros, atulhado até à boca de moedas e despejei-o em cima da mesa da cozinha. Ele olhou para as moedas, para mim, para as moedas novamente e logo para mim. Não fez perguntas. Eu mantive-me estrategicamente em silêncio. «Quando aparecer aí nas redondezas uma gata que tenha uma ninhada, a gente conversa».

Acabei por ter um gato, um mês e pouco depois. O meu pai, pensando que eu era a criança mais poupada da história das crianças poupadas, não só mo trouxe a casa como me acompanhou orgulhoso ao supermercado para comprar um areão e comida para ele. A senhora da caixa, impermeável à vaidade paterna, reclamava da quantidade de moedas que tinha de contar. O meu pai, impassível, repetia: «algum problema? É dinheiro, não é?».

Certa vez, vínhamos para Portugal em Agosto, cumprir a romaria de imigrantes a que estávamos votados na altura, o carro avariou, perto de Bordéus. Tivemos de ficar dois dias num hotel. Eu, o meu pai e a minha mãe num quarto e os dois cães e o gato num anexo no último andar. Na hora de pagar o arranjo e as diárias, o meu pai viu-se curto de massas. Discutiu o assunto com a minha mãe; que ali não havia uma dependência do banco dele, que o melhor seria pedir emprestado a alguém, que pudesse mandar um vale postal, e pagar depois. Mas teríamos de ficar mais dois ou três dias, o que encarecia bastante a situação.

Eu ofereci-me para cobrir a parte que faltava. «Afinal, também vou no carro», atirei. «E assim não perdemos tantos dias de férias». O meu pai riu-se. Quando depositei sobre a colcha da cama o dinheiro em falta, o sorriso transformou-se num esgar de perplexidade. Tive de lhe explicar tudo, obviamente. Nem a mais poupada formiga das histórias infantis era capaz de reunir aquela maquia.

Ele riu-se e acho que entredentes resmoeu «filho da puta», mas na altura não percebi bem. Pagámos e passado dia e meio estávamos em Portugal. Nós e os bichos.

A democracia não nos prepara para a ditadura

Era uma menina bem comportada, como as meninas têm tendência a ser. Uma longa tradição de família em ter-se orgulho na demonstração de competências cognitivas, sobretudo femininas. Menos mal, não me educaram para ser a melhor, apenas para nunca atingir um nível de vergonha própria e alheia. É verdade, por vezes até anexava um bocadinho o meu sentido de valor próprio aos números que iam surgindo. Nada de grave, há casos bem piores. Se fazia mal as contas levava reguada (ainda bem que entretanto nos fomos livrando destas técnicas pedagógicas do paleolítico) e quando levava reguada, sabia que professora não estava a olhar para a aluna dedicada e algo talentosa, estava a olhar para as contas mal feitas. Não é como se doesse menos, mas havia um princípio democrático – o castigo era aplicável a todos devido ao resultado de uma ação. Em democracia, queremos igualdade de tratamento e, acima de tudo, objetividade. Havia razões para o castigo – e não vou entrar aqui na discussão da noção de castigo como método porque esse não é o meu objetivo. Se tivesse um bom desempenho nas aulas mas os testes corriam-me mal, a minha nota ia ser uma conta feita através dessa balança. Os critérios de avaliação eram transparentes e isso era importante. Ninguém me dava uma nota com base naquilo que fazia no recreio ou por me vestir toda de preto com pentágonos, nem pela forma como questionava os professores. Eram sempre questões que provinham da lógica argumentativa e, mesmo que alguns professores tivessem um pouco mais de dificuldades em lidar com o confronto, ele saia do campo da avaliação de minha performance. A forma como me vestia, a forma como confrontava os professores com alguma injustiça na avaliação ou com matérias fora do programa, não interferiam com a minha avaliação que se regia por imparcialidade, racionalidade e não por emotividade. Justiça e democracia em todo o processo. Ninguém me tinha dito que o mundo do trabalho privado seria uma ditadura! Ok, provavelmente alertaram-me para isso constantemente de outras formas como “vais ver quando começares a trabalhar” ou outro tipo de premonições demoníacas. O certo é que ter começado com uma carreira académica não me tinha preparado para tudo o que me esperava no trabalho em empresas. Se nos formam para acreditar na justiça e no mérito, não nos formam para ter que lidar com estruturas que pouco têm de meritocrático porque a sua atribuição de estatuto depende exclusivamente da relação ao capital e, consequentemente, do poder inquestionável que este lhes confere.

Trabalhei em sítios onde me exigiam que andasse de saltos altos. Fui despedida por ter confrontado a minha chefe mesmo que os números do meu trabalho fossem os mais altos entre pares. Fui guiada em áreas do meu domínio por pessoas sem o menor conhecimento da área. Tal como na escola, tinha tarefas para executar e tentava executá-las.

Contudo, o desempenho de funções numa empresa nem sempre depende da transparência e da objetividade de critérios como numa escola. “É o mundo real” dizem. Talvez. Mas por vezes gostaria que me deixassem a um canto a sonhar com utopias.

Música | Lançado videoclipe de “Primavera”, que integra álbum de Maria Monte

Já pode ser visto no YouTube [https://youtu.be/WR_QF2sMwVI ] o novo videoclipe da música “Primavera”, que integra o projecto discográfico “Laços”, de Maria Monte. Lançado em diversas plataformas digitais, “Laços” é um EP produzido pelo músico João Caetano, nascido no território e actualmente a residir em Londres. “Primavera” é um tema que “invoca a esperança em tempos de pandemia”, mas “Laços” tem também músicas como “Macau” que invoca, “de forma ardente, a cidade poética” e “Concha”, que vagueia entre “a paixão e o vazio de uma relação de amor”.
Segundo uma nota de imprensa, “todos os temas combinam as nuances emocionais que impactam as cidades de Lisboa e Macau com uma densidade rítmica correspondente”.
Além da colaboração de João Caetano, este EP conta também com a participação de músicos de jazz a viver em Londres e de Karme Caruso.
Maria Paula Monteiro, verdadeiro nome de Maria Monte, integrou várias formações musicais no passado, tendo trabalhado com nomes como António Emiliano, Ramon Galarza, Paulo Pedro Gonçalves, Pedro Ayres de Magalhães, e bandas como os Delfins e Sétima Legião. Adoptou o nome Spunky e lançou o single “Latino-Americano” com produção de José Maria Côrte-Real. Maria Paula Monteiro colaborou ainda com o projecto Zanzibar, que incluiu nomes como Tito Paris, Dalu e Fernando António, tendo lançado o álbum “Terra de Ninguém”. Em Agosto de 1987 foi lançado o single “Boys And Girls”, novamente com produção da Nice Tan Productions.
A cantora participou no Festival da Canção 1993 mas manteve sempre o seu vínculo a Macau, ao participar em duas colectâneas de música como cantora. Gravou para a Valentim de Carvalho, Polygram (agora Universal) e EMI.

Arte Macau | “Intertwine”, o pavilhão que também olha para o futuro 

É hoje inaugurado, às 18h, o pavilhão de bambu construído pelos finalistas do curso de arquitectura da Universidade de São José. O projecto “Intertwine” integra a edição deste ano da Bienal Internacional de Arte de Macau e, além de recorrer a uma técnica tradicional de construção em bambu, traz também inovação e um olhar sobre o futuro

 

O campus da Universidade de São José (USJ), na Ilha Verde, recebe hoje um novo pavilhão inteiramente construído em bambu pelos alunos finalistas do curso de arquitectura.  “Intertwine” celebra não só as técnicas tradicionais de construção de andaimes em bambu no sector da construção civil mas acrescenta-lhe ainda técnicas inovadoras, conforme contou ao HM o arquitecto Nuno Soares, coordenador do projecto.

“Todos os anos, desde 2013, que fazemos um pavilhão de bambu em que são usadas as técnicas tradicionais juntamente com novas técnicas digitais e a criatividade dos nossos alunos. Neste caso, o exterior do pavilhão entrelaça-se com o interior e é usado um material tradicional, mas cria-se uma forma e existência especial muito dinâmicas, fluídas e inovadoras.”

O projecto “Intertwine” integra a edição deste ano da Bienal Internacional de Arte de Macau, algo que para Nuno Soares constitui uma boa oportunidade para os alunos mostrarem aquilo que valem antes de integrarem o mercado de trabalho.

“Este é o último projecto antes de se licenciarem, e queremos que saiam em grande e que acabem o curso com um projecto de excelência. Este tem grandes dimensões, [é feito] com uma técnica construtiva original e é o momento em que os alunos conseguem fazer o projecto do início ao fim num curto período de tempo, uma vez que normalmente os projectos de arquitectura demoram meses a ficarem concluídos.”

Pátio com céu

“Intertwine” não é mais do que um pátio onde, quando se entra, se vê o céu. Além de já integrar uma exposição, a ideia é que este pavilhão possa também receber outro tipo de eventos. “Temos uma chamada para projectos onde diferentes organismos dentro da USJ e da comunidade à volta podem fazer eventos. Não queremos que seja uma escultura mas sim um espaço usado pela comunidade académica e envolvente. Estamos a convidar a cidade para entrar no campus da USJ e trocar ideias com a comunidade académica”, explicou o arquitecto.

Nuno Soares considera o “Intertwine” “aliciante”, uma vez que permite “olhar para uma técnica que todos conhecemos no nosso quotidiano e ver que pode ser usada para criar uma arquitectura inovadora ou pode ser levada para o futuro”.

Para o arquitecto, construir com bambu é recorrer “a um elemento do passado que tem muito futuro ainda”. Mas há também uma ideia de sustentabilidade em torno deste pavilhão, uma vez que “o bambu vai continuar a ser usado depois”. “Há também uma mensagem de reutilização e de sustentabilidade, e que é uma das marcas do curso de arquitectura”, adiantou.

O pavilhão de bambu “Intertwine” pode ser visitado ou utilizado pela comunidade até ao dia 28 de Setembro de segunda-feira a sábado das 9h às 19h.

Covid-19 | Mais quarentenas e testes para quem vem do Interior da China

Desde as 19h de ontem que quem chegar das cidades de Zhangjiajie, em Hunan, e Chengdu, em Sichuan, é obrigado a realizar uma quarentena de 14 dias. Passa também a ser obrigatório, a partir da meia noite de sábado, teste à covid-19 negativo para quem voar das cidades do Interior da China

 

A ocorrência de surtos de covid-19 em vários locais na China está a obrigar as autoridades a apertar as medidas de prevenção. Desde as 19h de ontem que quem viajar das cidades de Zhangjiajie, na província de Hunan, e Chengdu, na província de Sichuan, é obrigado a realizar uma quarentena de 14 dias no território. No entanto, no caso da cidade de Chengdu, apenas estão abrangidos alguns distritos.

As medidas, anunciadas ontem em conferência de imprensa do Centro de Coordenação e de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, incluem ainda a cidade de Ruili e o Condado de Longchua, em Yunnan; um bairro residencial em Shenyang, província de Liaoning e diversas zonas e cidades no distrito de Jiangsu, onde se pensa que terá tido início o surto do aeroporto de Nanjing.

Além disso, Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), referiu que “todas as pessoas que vierem directamente do Interior da China para Macau, através de voos, têm de apresentar antes um teste de ácido nucleico negativo com 48 horas de validade”. Esta medida entra em vigor à meia noite deste sábado, 31 de Julho.

No caso da cidade de Zhangjiajie, o surto de covid-19 está associado ao “Espectáculo Maravilhoso Xiangxi”, que teve lugar no passado dia 22. As autoridades sabem que há três excursões de residentes de Macau nesta cidade e também em Chengdu, mas as pessoas não assistiram ao espectáculo. Além disso, 100 pessoas já fizeram o registo no seu código de saúde em como estiveram em Zhangjiajie desde o dia 17 de Julho. Estas terão de fazer quarentena e serem submetidas a três testes de ácido nucleico.

Mau entendimento

Alvis Lo declarou que actualmente “os lugares considerados de médio e alto risco aumentaram”, enquanto que “os lugares de médio risco passam a incluir toda a cidade e não apenas algumas ruas ou distritos”. O responsável voltou a apelar à vacinação durante as férias de Verão e pediu que as pessoas evitem deslocações ao exterior.

Relativamente ao caso de infecção em Zhuhai, mais de 2600 pessoas de Macau registaram nos seus códigos de saúde terem feito o mesmo percurso da pessoa infectada, mas Leong Iek Hou admitiu a ocorrência de falhas neste processo.

“Muitas pessoas tiveram um mau entendimento sobre o percurso que tiveram. Entende-se por percurso cruzado estar no mesmo local e à mesma hora que o infectado. Os casos de contacto próximo determinados por Zhuhai não estão em Macau”, frisou.

Tai Wa Hou, responsável pelo programa de vacinação, referiu ainda a ocorrência de um “evento adverso grave” associado à vacina da Pfizer/BionTech.

“Um rapaz de 17 anos, no dia 27 de Julho, teve problemas cardíacos e foi à urgência dia 28. Fez os testes, incluindo análises ao sangue. Teve alta, saiu do hospital, mas à tarde as dores no coração agravaram-se e voltou de novo ao Centro Hospitalar Conde de São Januário. Concluímos que tinha miocardite. Após um período de descanso deixou de ter dores e está agora numa situação estável.” O rapaz recebeu a segunda dose da vacina esta segunda-feira.

“Consideramos que este é um evento adverso grave após a vacinação”, adiantou Tai Wa Hou.
Na conferência de imprensa de ontem, foi também referida a situação de residentes de Hong Kong que optam por realizar a quarentena em Macau e não em Shenzhen. Em Junho, foram feitos dez pedidos de consulta, e este mês 21.

“Há uma tendência de aumento, mas temos quatro hotéis seleccionados para quarentenas e neste momento o número de quartos é suficiente”, adiantou Lam Tong Hou, representante dos Serviços de Turismo.

SJM | Grand Lisboa Palace abre hoje portas ao público

Chegou o dia da abertura, parcial, do Grand Lisboa Palace. O mega resort da SJM Holdings, que custou cerca de 39 mil milhões dólares de Hong Kong para se erguer no Cotai, vai disponibilizar para já 300 quartos, de um total de 1900, e abrir parte dos restaurantes

 

Após sucessivos adiamentos e muita expectativa acumulada, o Grand Lisboa Palace abre portas hoje, ao meio-dia, marcando a aguardada entrada “em grande” da SJM Holding, Lda no Cotai. O mega-resort entrará em funcionamento de forma faseada, com a abertura hoje de 300 quartos e uma parte da oferta de restauração.

Apesar da indicação anterior de que a nova aposta do grupo deveria abrir no final do primeiro semestre deste ano, a notícia da abertura caiu de surpresa. À margem da apresentação da mostra “Harmony of East and West – The Exhibition by Famous Local Artists”, a presidente do conselho de administração da SJM, Daisy Ho, revelou que vão ser disponibilizados 300 quartos, na primeira fase, mas que “os restantes serão colocados ao serviço, de acordo com a procura”. A responsável da operadora afirmou também que a segunda fase da abertura do Grand Lisboa Palace depende da evolução da pandemia.

Em termos de ofertas para o paladar, um dos destaques será o Grand Buffet, um sucesso do passado do Grand Lisboa que será relançado oferecendo mais de 600 iguarias. Para os fãs da gastronomia portuguesa, o restaurante Mesa promete ser um local de referência para os sabores lusos. Haverá ainda uma charmosa e típica casa de chá, com a decoração a cargo do conceituado designer de Hong Kong Alan Chan, e para um restaurante tradicional de hotpot de Taiwan. Para quem não dispensa a cozinha italiana e japonesa, o resort irá abrir dois restaurantes liderados por chefs reconhecidos com estrelas Michelin.

Em comunicado emitido ontem, o grupo refere que o Grand Lisboa Palace “celebra o encontro do melhor de dois mundos – a essência encantadora do Oriente e do Ocidente. Inspirado nos monumentais edifícios europeus dos períodos neoclássico e belle époque e nos elementos tradicionais chineses, o resort honra o lendário património multicultural de Macau”.

“A nossa visão para o Grand Lisboa Palace é que seja um hub gastronómico para amantes da boa mesa de todos os cantos do mundo. Queremos impressionar com experiências gastronómicas inovadoras, criadas por marcas aclamadas e por parceiros de várias partes do mundo”, afirmou Daisy Ho, em comunicado no passado dia 15 de Julho.

A construção do Palácio

Como havia sido antecipado por Ambrose So, a SJM conseguiu 150 novas mesas de jogos. Já em 2019, o vice-presidente e director-executivo do grupo disse que iria pedir licença para 300 mesas de jogo para o novo resort, mas que esperava obter apenas 150. Até à hora do fecho desta edição, ainda era incerto o número de mesas disponíveis nesta primeira fase de abertura.

No total, o Grand Lisboa Palace irá oferecer 1900 quartos e suites, distribuídos por três torres: O Grand Lisboa Palace Hotel, o Palazzo Versace e o hotel com a marca de “Karl Lagerfeld”, o histórico designer da casa Chanel.

O mega-resort da SJM tem um custo estimado de 39 mil milhões de dólares de Hong Kong (HKD) e começou a ser construído em Fevereiro de 2014. No início das obras, o grupo estimava que a construção custasse 30 mil milhões de HKD e abrisse ao público em 2017.

Recorde-se que a edificação do resort enfrentou severos contratempos, incluindo a devastação causada pelo tufão “Hato” e vários incêndios que levaram a evacuações do estaleiro e a investigações das autoridades policiais.

Desporto | Sulu Sou lamenta situação olímpica da RAEM

O democrata Sulu Sou lamentou que os atletas de Macau não possam competir nos Jogos Olímpicos, apesar de a população vibrar com as vitórias da China e de Hong Kong.

Numa altura em que decorre o maior evento desportivo do mundo, Sulu Sou apelou ao Executivo para que tome medidas e desenvolva o desporto local, entre as quais a criação de “um regime de formação sistemática para os jovens atletas”, e “em conjunto com os sectores do desporto e da educação” a implementação de “um ambiente favorável para a formação específica dos jovens”.

O deputado afirmou ainda que os atletas locais devem confiar nas suas capacidades, enviou votos de boa sorte para a comitiva de Macau que vai participar nos Jogos Asiáticos de Hangzhou, e deixou o desejo que os atletas possam estar nos Jogos Olímpicos de Inverno, em 2022, em Pequim, e nos Jogos Olímpicos de 2024, que serão realizados em Paris.

Deputados apelam a donativos para ajudar na reconstrução de Henan

Vários membros da Assembleia Legislativa expressaram ontem pesar pelas cheias que causaram pelo menos 73 mortes em Henan e apelaram à sociedade de Macau, “dentro das suas possibilidades”, para abrir os cordões à bolsa

 

Vários deputados aproveitaram ontem as intervenções antes da ordem do dia para apelar à comunidade de Macau que se mobilize no apoio à Província de Henan, na sequência das cheias de 17 de Junho que causaram a morte de 73 pessoas. O primeiro a abordar o tema foi Ho Io Sang, deputado dos Moradores, mas foi de Iao Teng Pio, Wu Choug Kit e Davis Fong, deputados nomeados pelo Executivo, que surgiram os pedidos mais claros de donativos.

O deputado Iao Teng Pio, numa interpelação assinada também por Wu e Fong, apelou à contribuição dos residentes. “Além de esperar que mais residentes acompanhem a situação das inundações em Henan, apelo a todos que façam um contributo, dentro das suas possibilidades, para, de mãos dadas, ultrapassarmos a situação” afirmou.

Iao Teng Pio recordou ainda o tufão Hato, que afectou Macau em 2017 e causou 10 mortos, e mencionou que o desastre foi ultrapassado com a solidariedade nacional. “Os prejuízos foram minimizados graças à ajuda do Governo Central e do Exército de Libertação Popular, ficando assim bem marcado que entre compatriotas o ‘sangue fala mais alto’”, lembrou.

Faltam recursos

Quanto a Ho Ion Sang, o deputado dos Moradores, também afirmou a necessidade de esforço da sociedade. “A situação ainda não está totalmente resolvida, e a falta de recursos persiste na linha da frente. Espero que a sociedade continue a acompanhar a evolução, e quando necessário, preste apoio de diferentes formas à população de Henan”, disse Ho.

Por sua vez, Si Ka Lon, deputado ligado à comunidade de Fujian, defendeu que o Governo de Macau se deve inspirar nas palavras do Presidente Xi Jinping, e preparar-se para qualquer desastre natural ligado às condições meteorológicas extremas. Após o desastre de Henan, Xi apelou aos quadros dirigentes para colocarem “sempre em primeiro lugar a garantia da segurança da vida e dos bens da população”.

Sobre o desastre que vitimou 73 pessoas, Si Ka Lon argumentou que a “situação catastrófica na província de Henan está intimamente ligada ao coração de toda a população de Macau” e que “os diversos sectores da sociedade de Macau manifestaram, através de diversas formas, o seu carinho e solidariedade, e organizaram donativos”.

Para Ma Chi Seng, deputado nomeado pelo Executivo, a resposta ao desastre de Henan mostrou o desenvolvimento da “grande nação chinesa”. “Esta catástrofe ocorrida em Henan revela uma realidade: o renascimento da grande nação chinesa não se manifesta apenas no desenvolvimento económico e na melhoria das condições de vida da população: o mais importante é que na nação chinesa estão todos no mesmo navio, e toda a gente está unida numa só alma nacional!”, afirmou, em género de balanço, sobre as cheias. “Na nossa China, repete-se, mais uma vez, o espírito de responsabilidade e de dedicação de cada um dos chineses, sob a liderança do Partido Comunista da China, quando enfrentamos grandes acontecimentos”, frisou.

Esgrima | Medalha de Ouro de Hong Kong aumenta procura de aulas em Macau

O impacto da medalha de ouro na esgrima no Tóquio2020, conquistada pelo floretista de Hong Kong Cheung Ka-long fez-se sentir em Macau. A fundadora do MF Fencing revela que nos últimos dias, o número de interessados em praticar a modalidade cresceu exponencialmente. Treinadores e atletas locais consideram que os esgrimistas do território podem alcançar patamares de excelência. Para o campeão europeu em 2000, Álvaro Monteiro, a medalha “não foi inesperada”

 

Nunca Hong Kong tinha vibrado tanto com um toque de esgrima. Quando Cheung Ka-long conquistou o 15º ponto frente ao, até então campeão olímpico e principal favorito à vitória olímpica, Daniele Garozzo, a explosão de entusiasmo de várias centenas que se reuniram em espaços públicos do território vizinho para apoiar o atleta de 24 anos, foi enorme.

Afinal de contas, a conquista da medalha de ouro por Cheung Ka-long na categoria de Florete Masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio, além de representar uma conquista inédita na modalidade de esgrima, foi também a primeira desde os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, em que Lee Lai Shan conquistou o ouro para Hong Kong na vela.

Além disso, a medalha do floretista representa também o primeiro ouro olímpico conquistado por Hong Kong após a transferência de soberania para a República Popular da China em 1997.

Os ecos da vitória provenientes do território vizinho não tardaram a fazer-se sentir em Macau, sobretudo entre atletas, praticantes e outros elementos pertencentes à comunidade esgrimística do território. Mas alargaram-se, desde logo, ao interesse pela esgrima, com efeitos visíveis no número de interessados em praticar a modalidade.

Helena Cheang, fundadora e consultora do MF Fencing, clube de esgrima nas redondezas da Avenida Ouvidor Arriaga, conta ao HM como após a vitória de Cheung Ka-long, a procura por esgrima em Macau tem sido “muito maior”. Nos dias que se seguiram, o número de pedidos de informação e inscrições foi anormalmente elevado para esta altura do ano, mesmo em período de Jogos Olímpicos.

“Esta vitória vai ter um impacto muito bom no nosso clube e ao nível da prática de esgrima em Macau. Depois da vitória do Cheung Ka-long a procura tem sido exponencialmente maior. Nos últimos dois dias tivemos mais de 20 pedidos de crianças ou adultos a perguntar por informações e pela possibilidade de se inscreverem nas aulas de esgrima”, começou por explicar.

“Sem dúvida que conseguimos sentir o efeito desta medalha em Macau. Se isto não tivesse acontecido acho que teríamos um ou dois pedidos de informação, apenas devido aos Jogos Olímpicos. Mas depois da vitória do Cheung Ka-long na prova de Florete, os pedidos não param de chegar”, rematou.

A responsável perspectiva ainda que, nas próximas semanas, “o número de pedidos vai aumentar ainda mais”, até porque a equipa de Florete de Hong Kong irá participar numa outra competição no Interior da China e avizinham-se novas conquistas. “Acho que vai haver ainda muito mais pedidos de residentes de Macau interessados na prática de esgrima”, prevê.

Motivação renovada

Também para o atleta e treinador de esgrima, Kit Iu, a vitória de Cheung Ka-long vai contribuir certamente para “encorajar mais pessoas a dar o primeiro passo rumo ao início da prática” da modalidade no território. Além disso, defende, devido à proximidade, o sucesso de Hong Kong deve servir de motivação e referência, não só para os praticantes locais, mas também para o desenvolvimento da esgrima de Macau.

“[A medalha de Cheung Ka-long] deve servir de inspiração para os esgrimistas locais trabalharem arduamente para alcançar os seus objectivos. Mas, mais importante ainda, é que o Cheung Ka-long pode servir de referência para jovens esgrimistas e também para o desenvolvimento da esgrima de Macau”, disse ao HM.

Helena Cheang concorda que o modelo de Hong Kong deve servir de referência para Macau e que, através do aumento da cooperação entre as duas regiões e do apoio do Instituto do Desporto (ID), os atletas de Macau podem almejar, um dia, conquistar resultados ao nível do feito de Cheung Ka-long.

“Desde o dia em que fundei o clube de esgrima, o meu objectivo passou por seguir os modelos de Hong Kong, pois acho que o desenvolvimento desportivo de Hong Kong deve ser a nossa principal referência. Na minha opinião, acho que se o Instituto do Desporto desse mais apoio, os atletas de Macau poderiam alcançar [resultados] do mesmo patamar que o Cheung Ka-long. Acho que poderíamos aprender com os métodos de treino de Hong Kong e investir na cooperação”, sublinhou.

Apontando que na esgrima “tudo pode acontecer” e que o resultado de Cheung foi “surpreendente”, Kit Iu considera que o próximo passo da esgrima de Macau passará, em primeiro lugar, “por chegar a lugares cimeiros a nível asiático”.

De acordo com a Associação de Esgrima de Macau, sem contar com os praticantes das competições escolares, onde cada evento conta com a participação de mais de 400 esgrimistas, estão registados em Macau 184 atletas. Quanto aos locais de prática, existem na RAEM quatro salas de armas ou clubes, havendo também entre 10 a 15 escolas onde é possível praticar esgrima.

Aqui tão perto

Quando chegou a Hong Kong para ser treinador de esgrima do Fencing Sport Academy (FSA), Álvaro Monteiro ficou impressionado com o facto de o clube acolher, por si só, cerca de 700 atletas, distribuídos pelas três armas da esgrima [ver caixa] e uma equipa técnica volumosa com cinco treinadores a tempo inteiro.

Actualmente, a treinar a equipa de Florete Masculino do Qatar, na Academia Aspire, em Doha, o floretista português que foi Campeão da Europa em 2000 por equipas, conheceu de perto a realidade da esgrima de Hong Kong e teve a oportunidade de conhecer também Cheung Ka-long quando este pertencia ainda ao escalão de Cadetes (sub-17).

Para o ex-atleta da selecção nacional portuguesa, desde cedo foi possível observar que o floretista de Hong Kong era um “fora de série” e, por isso mesmo, defende, a conquista do título de campeão olímpico não foi uma surpresa.

“O Cheung Ka long é um talento fora de série. Lembro-me de o ver em 2014, era ele ainda cadete, a ganhar o Hong Kong Open, prova do escalão Seniores. Já nessa altura ele era um elemento seguro da equipa de Hong Kong”, começou por dizer ao HM.

“O Cheung foi campeão Asiático em 2016 quando ainda era Júnior [sub-20] e venceu também a prova de qualificação olímpica para o Rio de Janeiro. Não foi uma medalha inesperada, na minha opinião. O talento e vontade de trabalhar estavam lá e, com o ingresso no HKSI [Hong Kong Sports Institute], criaram-se as condições base para o seu desenvolvimento”, acrescentou.

O que faz um campeão

Quanto às características de Cheung Ka long, Álvaro Monteiro destaca tratar-se de um floretista canhoto “alto, rápido e destemido” que tem um “sentido de timing incrível”.

“Desde que saí de Hong Kong falo dele a colegas de profissão, dando sempre a opinião de que um resultado desta dimensão de Cheung Ka-long era uma questão de tempo. Nestes Jogos, vi um Cheung mais maduro, mais experiente e habituado a grandes palcos. Estou muito feliz por ele e por Hong Kong”, vincou.

Como não poderia deixar de ser, a felicidade na região vizinha foi particularmente sentida por quem dá o corpo ao manifesto da esgrima, como Lau Kam Tan, treinador principal do Fencers Club Hong Kong. Contactado pelo HM, o treinador mostrou-se “honrado” por ter testemunhado a vitória de Cheung Ka-long nos Jogos Olímpicos de Tóquio, acreditando que o segredo da vitória esteve no “trabalho de preparação árduo” feito pelo próprio e pelos seus colegas de equipa.

Relativamente a Macau, Álvaro Monteiro considera que “tudo é possível quando se criam as condições necessárias”, mostrando-se optimista quanto ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na região.

“Macau terá certamente um longo caminho a percorrer, mas vejo que se está a desenvolver a um bom ritmo. Esta medalha irá certamente motivar e atrair novos talentos para os clubes. Talvez o próximo passo passe pela criação de um centro de alto rendimento e pela contratação de treinadores com experiência em alta performance”.

 

As três categorias que compõem a esgrima e respectivas regras

O Florete, categoria na qual Cheung Ka-long se especializou, é uma das três armas que fazem parte da esgrima desportiva, diferindo entre si, não só ao nível das regras, mas também, da própria morfologia das armas e zonas válidas de toque que se traduzem na atribuição dos pontos. Para além do Florete, a esgrima inclui também as modalidades de Espada e de Sabre.

Sendo a mais leve das três armas, no Florete o toque tem de ser concretizado com a ponta da arma, apenas no tronco (barriga, peito e costas). Além disso, por ser aquilo a que se chama uma “arma convencional” está condicionada pela regra que dá prioridade ao esgrimista que ataca. Na prática, isto significa que, se os dois atletas conseguem atingir simultaneamente a zona válida do adversário, o ponto será atribuído apenas ao atleta que atacou.

Mudando de arma, tal como no Florete, na Espada, para o toque ser válido, deve ser também concretizado com a ponta da arma. A zona válida corresponde a todo o corpo e não existe qualquer tipo de convenção, sendo o ponto atribuído ao esgrimista que tocar primeiro ou aos dois atletas caso o toque seja dado em simultâneo.

Por fim, no Sabre, o toque deve ser concretizado com a ponta ou a lâmina da arma, sendo que este será válido no tronco, cabeça e braços. Tal como no Florete, por ser uma “arma convencional”, no Sabre os atiradores estão condicionados pela regra que dá prioridade ao esgrimista que ataca.

Leis da luta

Na esgrima, independentemente da arma, cada encontro opõe dois adversários, sobre uma pista metálica com 14 metros de comprimento e 1,5 metros de largura. O vencedor de um combate de eliminação directa, como aqueles que podem ser vistos nas competições dos Jogos Olímpicos, será aquele que for capaz de conquistar 15 pontos (15 toques) antes do adversário ou que, chegado ao final do tempo regulamentar (composto por três períodos de três minutos), tiver conquistado mais toques.

Huawei fora do ‘top 5’ de vendas de telemóveis na China pela 1.ª vez em sete anos

O grupo de telecomunicações Huawei ficou fora do ‘top 5’ nas vendas de telemóveis na China, no segundo trimestre do ano, pela primeira vez em mais de sete anos, segundo dados divulgados hoje pela consultora Canalys.

No total, entre abril e junho, foram vendidos 74,9 milhões de ‘smartphones’ na China, uma queda homóloga de 17%. Entre as cinco marcas com maior quota de mercado estão a Vivo (24%), Oppo (21%), Xiaomi (17%), Apple (10%) e Honor (9%).

A Honor pertencia à Huawei, mas foi vendida a um conglomerado público, para evitar as sanções impostas à empresa-mãe pelo Governo dos Estados Unidos, no âmbito de uma guerra comercial e tecnológica entre Pequim e Washington.

De acordo com a Canalys, a Honor vendeu 6,9 milhões de telemóveis na China no segundo trimestre, um crescimento de 40%, em relação ao trimestre anterior.

A marca que mais cresceu em termos homólogos foi a Xiaomi, com uma subida de 35%, ficando em terceiro lugar, em parte devido ao aproveitamento do espaço deixado pela Huawei. Esta tendência foi também replicada no mercado global de ‘smartphones’ – entre abril e junho, a Xiaomi foi o segundo maior vendedor global.

A analista da Canalys Amber Liu garantiu que as “marcas de ‘smartphones’ estão a competir ferozmente para explorar a queda da Huawei”.

O novo campo de batalha será os telemóveis Android de última geração, e o terceiro trimestre de 2021 será uma “janela de oportunidade” para a competição entre as grandes marcas, já que, por enquanto, nenhuma conseguiu igualar a força das séries P e Mate, da Huawei, no país asiático.

Devido às sanções impostas por Washington, a Huawei perdeu o acesso às atualizações para o Android, sistema operativo do Google, que é dominante. A empresa perdeu também acesso a `chips` essenciais no fabrico de telemóveis.

A Huawei foi colocada numa “lista negra” de entidades do Departamento do Comércio dos Estados Unidos pela Administração do antigo presidente Donald Trump, impedindo o grupo de adquirir tecnologia norte-americana necessária para telemóveis e infra-estruturas de telecomunicações.

Presente em 170 países e com 194 mil funcionários, a Huawei é hoje o primeiro caso de sucesso global da China, estando no centro da rivalidade sino-americana em torno do comércio e tecnologia.

Covid-19 | Tóquio regista recorde de 3.865 novos casos num dia

Tóquio registou 3.865 casos do coronavírus SARS-CoV-2 nas últimas 24 horas, um novo recorde pelo terceiro dia consecutivo e praticamente o dobro em relação à semana anterior, quando decorrem na capital japonesa os Jogos Olímpicos.

“Nunca tivemos uma expansão das infeções dessa magnitude”, disse o porta-voz do Governo, Katsunobu Kato, aos jornalistas. Kato disse que os novos casos estão a aumentar não apenas na área de Tóquio, mas em todo o país.

Tóquio relatou hoje 3.865 novos casos, diante de 3.177 de quarta-feira e o dobro dos números da semana anterior, estabelecendo um recorde histórico desde o início da pandemia.

O aumento de novos casos do SARS-CoV-2 na capital deve-se principalmente à disseminação de novas e mais contagiosas variantes, como o Delta, e atinge principalmente pessoas com menos de 60 anos, grupo que apresenta a taxa de vacinação mais baixa.

As autoridades japonesas destacam que o surgimento do vírus nada tem a ver com os Jogos, que acontecem dentro de fortes restrições de movimento para todos os participantes, e anunciaram que planeiam estender o atual estado de emergência sanitária em Tóquio para as regiões vizinhas.

A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, disse hoje que os Jogos Olímpicos até “ajudam as pessoas a ficar em casa para assistir na televisão” e novamente pediu aos cidadãos da capital que evitem viagens que não sejam estritamente necessárias.

Tóquio está a viver o seu quarto estado de emergência desde 12 de julho, antes das Olimpíadas, que começaram na sexta-feira passada, apesar da ampla oposição do público e da preocupação de que os Jogos possam piorar o surto.

Alguns especialistas, porém, falam de um “efeito olímpico” que faria com que os cidadãos saíssem mais de casa e se reunissem com familiares e amigos para assistir às competições em meio ao clima de comemoração.

Por enquanto, não foi detetado contágio relacionado com os milhares de atletas estrangeiros que vieram para o Japão.

O médico especialista Shigeru Omi, que chefia o painel que assessora o Governo no combate à pandemia, citou entre os fatores do aumento da transmissão do coronavírus “as pessoas já estarem acostumadas com a covid-19”, estar-se numa época do ano em que coincidiu as férias escolares, as festas familiares e os Jogos Olímpicos.

“O maior problema é que a sensação de perigo não é compartilhada por toda a sociedade. Se ainda não houver consciência, a disseminação do vírus vai acelerar e em breve colocará uma pressão maior no sistema de saúde”, alertou Omi.

O especialista apelou ainda a “tomar mais medidas” para reduzir o contacto entre os cidadãos e destacou que o Governo e a comissão organizadora dos Jogos “têm a responsabilidade de fazer todo o possível para evitar o colapso do sistema de saúde”.

O Comité Organizador dos Jogos Olímpicos, por sua vez, anunciou hoje 24 novas infeções de pessoas envolvidas nos Jogos, incluindo três atletas. Até o momento, 193 positivos pelo novo coronavírus foram detetados em pessoas que participam dos Jogos, dos quais 20 afetam atletas.

Autoridades chinesas alertam para “clima extremo” em Agosto

As autoridades chinesas alertaram hoje que algumas áreas do país vão continuar a ser afetadas por eventos de “clima extremo”, ao longo do mês de Agosto, informou o jornal oficial em língua inglesa China Daily.

Na China, as enchentes já afetaram cerca de 35 milhões de pessoas este ano. O saldo de mortos ou desaparecidos fixou-se, até à data, em 146, e cerca de 72.000 casas desabaram, enquanto as perdas económicas ascenderam a 123 mil milhões de yuans.

Em Julho e Agosto a China sofre frequentemente inundações e, embora a precipitação média nacional tenha sido 1,1% menor desde o início desta época, em relação ao ano passado, algumas partes do país foram fortemente afetadas por chuvas torrenciais nas últimas semanas.

Os casos mais graves ocorreram na província central de Henan, onde o número de mortos ascendeu a 73. Entre os dias 17 e 22 deste mês, 39 cidades da região registaram chuvas que ultrapassaram a média anual.

Zhou Xuewen, vice-ministro da Gestão de Emergências, disse que o país deve melhorar o seu sistema de previsão do tempo e pediu às autoridades locais que testem os sistemas de resposta a emergências para “garantir que são eficazes”.

Desde 17 de julho passado, as autoridades realocaram cerca de 1,6 milhão de pessoas afetadas pelo clima.

O norte e o sul do país vão registar fortes chuvas antes da chegada de agosto e, entre meados e o final desse mês, fenómenos semelhantes ocorrerão na região de Pequim e nos seus arredores, e nas províncias da Mongólia Interior (norte) e Heilongjiang, Jilin e Liaoning (nordeste).

Tóquio 2020 | Mais ouro para o Japão no judo no dia do bronze do português Jorge Fonseca

O Japão voltou hoje a ser dominador no torneio de judo dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 com a conquista de mais duas medalhas de ouro, no dia em que Jorge Fonseca deu o bronze a Portugal nos -100 kg.

Fonseca, bicampeão mundial da categoria e segundo do ‘ranking’ mundial, falhou a final depois de perder com o sul-coreano Cho Guham, mas assegurou a 25.ª medalha para o desporto português em Jogos Olímpicos, terceira no judo, ao bater o canadiano Shady Elnahas por waza-ari.

O atleta de 28 anos sucede a Telma Monteiro (-57 kg) no Rio2016, e Nuno Delgado (-81 kg) em Sydney2000, que também conquistaram o bronze. Menos sorte teve Patrícia Sampaio, que, nos -78kg, foi eliminada na segunda ronda pela alemã Anna-Maria Wagner, atual campeã mundial, terminando no grupo das nonas classificadas.

No Nippon Budokan, Aaron Wolf (-100kg masculinos) e Shori Hamada (-78kg femininos) subiram ao mais alto lugar do pódio e deixaram o Japão com oito medalhas de ouro no judo, 10 no total (uma de prata e uma de bronze). Os nipónicos apenas falharam as medalhas em duas das 12 categorias já disputadas.

Wolf, filho de mãe japonesa e pai norte-americano, bateu na final o sul-coreano Cho Guham, ‘carrasco’ de Jorge Fonseca, por ippon, num combate que demorou mais de cinco minutos.

O russo Niiaz Iliasov juntou-se a Jorge Fonseca, que o havia derrotado nos quartos de final, no terceiro lugar do pódio também com a medalha de bronze.

Por seu lado, numa final entre antigas campeãs mundiais, Shori Hamada venceu a francesa Madeleine Malonga, também por ippon, em 1.08 minutos.

Na sua estreia em Jogos Olímpicos, Patrícia Sampaio ainda bateu a venezuelana Karen León, por ippon, na primeira ronda, mas acabou por cair frente Anna-Maria Wagner, que viria a conquistar a medalha de bronze. A portuguesa, de 22 anos, cedeu por ippon a 1.45 do fim, quando já tinha uma desvantagem de waza-ari. A restante medalha de bronze foi para a brasileira Mayra Aguiar.

Ocupação média hoteleira cai para 45,3% em Junho

A taxa de ocupação média hoteleira em Macau caiu de 62,1% em maio para 43,5% em Junho, uma queda de 16,8 pontos percentuais, anunciou hoje a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Em comunicado, a DSEC explicou a descida com o reforço das medidas de prevenção e controlo da pandemia de covid-19 entre Macau e a província vizinha de Guangdong, no início de Junho.

No mês passado, os 116 hotéis e pensões do território, num total de 35 mil quartos, hospedaram 469 mil pessoas, mais 245,9% em comparação com o período homólogo do ano passado, quando as fronteiras estavam praticamente fechadas aos visitantes.

No primeiro semestre deste ano, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos hotéis e pensões foi de 50,4%, aumentando 23,2 pontos percentuais relativamente ao semestre do ano anterior.

No total, ficaram hospedados 3,3 milhões de pessoas, um crescimento de 84,5%, quando comparado com os primeiros seis meses de 2020. Suspensos no início da pandemia, a emissão dos vistos individuais e de grupo da China para o território foi retomada a 23 de Setembro de 2020.

Em Fevereiro, a responsável pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, estimou que Macau venha a receber este ano entre seis a dez milhões de visitantes, o que traduziria perdas entre 74% e 84% comparativamente aos 39,4 milhões de visitantes registados em 2019.

Tóquio 2020 | Japão mantém-se líder e já superou os 12 ouros no Rio2016

O Japão superou as 12 medalhas de ouro alcançadas no Rio2016 apenas ao quinto dia de competições dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, ao chegar às 13, para se manter no topo da tabela de ‘metais’, acima das 12 da China.

Os anfitriões terminaram a noite de quarta-feira com superioridade face ao rival asiático no concurso completo individual masculino de ginástica artística, uma vez que Daiki Hashimoto contabilizou 88.465 pontos para superar Ruoteng Xiao e o russo Nikita Nagornyy.

Num dia assinalado pelo regresso do basebol ao programa olímpico 13 anos depois, os anfitriões chegaram aos 22 ‘metais’, enquanto a China, segunda classificada do medalheiro, com 27, descolou dos Estados Unidos, ‘donos’ de 11 títulos em 31 pódios.

Já os Países Baixos foram a nação mais premiada nas derradeiras 24 horas, com oito medalhas – duas de ouro, três de prata e três de bronze, entre ciclismo, judo e remo -, suplantando o recorde de sete que durava há quase 92 anos, desde Amesterdão1928.

Os Estados Unidos abriram o dia com novo cetro perdido pela nadadora Katie Ledecky para Ariarne Titmus, desta feita nos 200 metros livres femininos, valendo um novo recorde olímpico, de 1.53,50 minutos, volvidos dois dias da vitória da australiana nos 400 livres.

Siobhan Haughey, de Hong Kong, superou a canadiana Penny Oleksiak na luta pelo segundo posto, face ao quinto da ex-campeã e ao sétimo da italiana Federica Pellegrini, recordista do mundo, a caminho da reforma após disputar a quinta final consecutiva.

Katie Ledecky redimiu-se na inédita prova dos 1.500 metros livres e celebrou o primeiro dos cinco ouros ambicionados em Tóquio2020, ao relegar, com 15.37,34 minutos, a compatriota Erica Sullivan e a alemã Sarah Kohler para os restantes lugares do pódio.

Os 200 metros estilos femininos foram arrebatados pela japonesa Yui Ohashi, com 2.08,52 minutos, na sequência do título dos 400 estilos, afirmando-se na sucessão da húngara Katinka Hosszu, tricampeã olímpica recordista mundial, que foi apenas sétima, figurando atrás das norte-americanas Alex Walsh, segunda, e Kate Douglass, terceira.

O húngaro Kristof Milak, campeão e recordista mundial nos 200 mariposa, somou o seu primeiro ouro olímpico, ao vencer com 1.51,25 minutos e estabelecer nova marca olímpica, que estava na posse do ‘lendário’ Michael Phelps desde Pequim2008, com a prata cedida ao japonês Tomuru Honda e o bronze a ser para o italiano Federico Burdisso.

Nos 4×200 metros livres, a Grã-Bretanha impôs-se em 6.58,58 minutos ao Comité Olímpico da Rússia e à Austrália, deixando os Estados Unidos, que somavam quatro cetros olímpicos, imediatamente fora das medalhas em estafetas masculinas e femininas.

A sessão vespertina nas piscinas conduziu a novos máximos olímpicos nas eliminatórias femininas dos 100 metros livres (52,13 segundos) e dos 200 bruços (2:19.16 minutos).

Chizuru Arai assinou o habitual triunfo diário do Japão no judo através da categoria feminina de -70 kg, batendo por ‘waza-ari’ a austríaca Michaela Polleres na final, após a repartição do terceiro lugar pela holandesa Sanne van Dijke e pela russa Madina Taimazova, que acabou a competir com o olho direito roxo, inchado e quase fechado.

Já a hegemonia nipónica nas variantes masculinas foi travada pelo georgiano Lasha Bekauri, graças ao ‘waza-ari’ aplicado na final de -90 kg disputada com o alemão Eduard Trippel, num pódio fechado pelo uzbeque Davlat Bobonov e o húngaro Krisztian Toth.

Os seis títulos atribuídos no remo produziram quatro recordes olímpicos e duas novas marcas mundiais, ambas no ‘quadruple-scull’, especialidade na qual a embarcação masculina dos Países Baixos finalizou os 2.000 metros ao cabo de 5:32.03 minutos, abaixo do anterior máximo da Ucrânia, ficando acima da Grã-Bretanha e da Austrália.

A China venceu a final feminina, com 6.05,13 minutos, ‘pulverizando’ o recorde mundial que era detido há sete anos pela Alemanha, para se impor à Polónia e à Austrália.

O evento feminino da vertente de ‘double-scull’ foi ganho pela Roménia, com 6:41.03 minutos, à frente da Nova Zelândia e dos Países Baixos, enquanto a prova masculina ‘coroou’ a França, ao gastar 6:00.33 para bater a concorrência holandesa e da China.

A Austrália dominou as variantes do quatro sem timoneiro, com as campeãs mundiais a deixarem para trás Países Baixos e Irlanda, ao fim de 6:15.37 minutos, e a formação masculina a adiantar-se a Roménia e Itália, em 5:42.76, para regressar aos triunfos na especialidade 25 anos depois, interrompendo o ‘pentacampeonato’ da Grã-Bretanha.

No ciclismo de estrada, o esloveno Primoz Roglic venceu o contrarrelógio masculino, ao cumprir os 44,2 quilómetros na Pista Internacional de Fuji em 55:04.19 minutos, sobre o holandês Tom Dumoulin, novamente vice-campeão, e o australiano Rohan Dennis.

Depois de festejar a prata na prova de fundo pensando que tinha sido a vencedora, a holandesa Annemiek van Vleuten chegou ao primeiro cetro olímpico, em 30:13.49 minutos, suplantando a suíça Marlen Reusser e a compatriota Anna van der Breggen.

Quanto aos saltos para a água, a China recuperou a hegemonia na prova masculina de trampolim sincronizado a três metros, a única que perdera no Rio2016 aos pés da Grã-Bretanha, graças a 467.82 pontos, bem distante dos Estados Unidos e da Alemanha.

O evento de sabre por equipas masculinas esteve ausente da última edição dos Jogos Olímpicos, mas a Coreia do Sul soube conservar a medalha de ouro registada em Londres2012, ao bater na final a Itália, ao passo que a Hungria terminou o pódio.

As Ilhas Fiji revalidaram o título masculino alcançado na estreia olímpica do râguebi de ‘sevens’, ao bater na final a ‘vizinha’ Nova Zelândia, por 27-12, chegando à segunda medalha de ouro olímpica da sua história, com a Argentina a ocupar o terceiro posto.

A alemã Jessica von Bredow-Werndl juntou a prova individual de ensino em equestre ao cetro no concurso por equipas obtido na véspera, com 91,732% pontos, à frente da compatriota Isabell Werth, também ‘vice’ no Rio2016, e da britânica Charlotte Dujardin.

Novo recorde olímpico também foi definido no halterofilismo, com o chinês Zhiyong Shi a levantar um acumulado de 354 quilos para ser bicampeão nos 73 kg masculinos e ficar acima do venezuelano Julio Mayora Pernia e do indonésio Rahmat Erwin Abdullah.

O dia encerrou com a atribuição dos primeiros títulos no basquetebol 3×3, modalidade em estreia no evento multidesportivo, tendo a Letónia vencido o Comité Olímpico da Rússia na final masculina, por 21-18, com a Sérvia em terceiro, enquanto os Estados Unidos derrotaram as russas no torneio feminino, por 18-15, num pódio concluído pela China.

Tóquio 2020 | Ginasta Simone Biles renuncia à final individual do concurso completo

A ginasta Simone Biles não vai participar na final individual do ‘all-around’ dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 para “concentrar-se na sua saúde mental”, anunciou esta quarta-feira a Federação norte-americana de ginástica.

“Após uma avaliação médica, Simone Biles retirou-se da final individual do ‘all-around’ dos Jogos Olímpicos de Tóquio, para poder concentrar-se na sua saúde mental. Simone continuará a ser avaliada diariamente para determinar se participa ou não nas finais dos eventos individuais da próxima semana”, lê-se no comunicado publicado pela federação na rede social Twitter.

Biles, de 24 anos, considerada uma das melhores ginastas de sempre, tinha desfalcado na terça-feira a seleção dos Estados Unidos em plena final feminina por equipas de Tóquio2020, tendo justificado posteriormente a sua decisão com problemas de saúde mental.

“Assim que piso o praticável, sou só eu e a minha cabeça a lidarmos com demónios […]. Tenho de fazer o que é melhor para mim e focar-me na minha sanidade mental e não comprometer a minha saúde e o meu bem-estar”, afirmou a tetracampeã olímpica de ginástica artística no Rio2016.

Simone Biles, que no Rio2016, além da medalha de ouro por equipas, conquistou também os títulos olímpicos no concurso completo e em dois aparelhos (salto e solo), qualificou-se para as cinco finais individuais dos Jogos Tóquio2020.

Em Tóquio2020, a norte-americana procurava tornar-se na primeira ginasta a defender com sucesso o título olímpico no concurso completo em mais de 50 anos, mais precisamente desde a checoslovaca Vera Caslavska em 1968.

“Apoiamos plenamente a decisão da Simone e aplaudimos a valentia que teve em priorizar o seu bem estar. A sua coragem mostra, uma vez mais, por que ela é um modelo para tantos”, termina o comunicado da federação norte-americana.

Tóquio 2020 | Japão tem novo ouro no judo mas perde domínio absoluto na prova masculina

O Japão somou ontem mais uma medalha de ouro, a sexta, no torneio de judo dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, mas perdeu o ‘monopólio’ no concurso masculino, com a Geórgia a acabar com o domínio absoluto dos nipónicos.

Na prova feminina de -70 kg, a japonesa Chizuru Arai conquistou pela primeira vez o ouro em Jogos Olímpicos, com Portugal a ficar novamente longe dos combates pelas medalhas, depois de Bárbara Timo ter caído na segunda ronda.

Em -90 kg masculinos, após triunfos nipónicos nos primeiros quatro dias de prova, o campeão europeu Lasha Bekauri, da Geórgia, ocupou o lugar mais alto do pódio, e ‘vingou-se’ das derrotas de Vazha Margvelashvili e Lasha Shavdatuashvili, finalistas em -66 kg e -73 kg, respetivamente.

Mesmo assim, a combater em ‘casa’, o Japão leva seis medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze e apenas falhou o pódio em duas categorias.

No Budokan, Chizuru Arai, bicampeã mundial em 2017 e 2018, chegou à final com três vitórias por ‘ippon’, e, depois de um combate de 17 minutos com a russa Madina Taimazova, nas ‘meias’, e bateu a austríaca Michaela Polleres, com um ‘waza ari’ logo no início para assegurar o ouro.

Taimazova, de apenas 22 anos, acabaria por assegurar o bronze, numa das imagens que vai ficar na história destes Jogos Olímpicos, ao combater com o olho direito roxo, inchado e quase fechado.

A atleta russa teve mesmo que sair do combate com Arai apoiada pelo árbitro e pelo seu treinador, tal o desgaste que sofreu, acabando depois por ganhar forças para conquistar o último lugar do pódio, ao bater a croata Bárbara Matic, atual campeã mundial.

Matic foi a responsável pela eliminação de Bárbara Timo na segunda ronda, vencendo a portuguesa por ‘ippon’, a cerca de dois minutos do final do combate.

Na primeira ronda, Timo tinha vencido a jamaicana Ebony Drysdale Daley, 59.ª do mundo, que foi eliminada após sofrer três castigos. Sanne van Dijke, dos Países Baixos, assegurou igualmente o bronze.

O quinto dia de competição no Budokan terminou com Lasha Bekauri, de 21 anos, a festejar a sua primeira medalha de ouro em Jogos Olímpicos, depois de vencer na final Eduard Trippel, da Alemanha, com um ‘waza ari’, nos primeiros instantes do combate. Krisztián Tóth, da Hungria, e Davlat Bobonov, do Uzbequistão, conquistaram o bronze.