Incêndio | Bombeiros criticados no ataque às chamas Hoje Macau - 5 Fev 2021 Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, alguns pescadores criticaram a actuação das autoridades no combate às chamas que destruíram dois barcos, na quarta-feira, no Porto Interior. Segundo o relato apresentado, as críticas focaram o facto de o Corpo de Bombeiros ter impedido que outros pescadores utilizassem as suas embarcações para ajudar nas operações para apagar as chamas. Porém, houve também quem indicasse que as autoridades demoraram demasiado tempo a chegar ao local e que a pressão das mangueiras utilizadas para apagar o fogo era demasiado fraca. Confrontado com as críticas, Vong Vai Man, adjunto do director dos Serviços de Alfândega, afirmou que o alerta para o sinistro foi recebido às 18h33 e que foram enviadas dez embarcações imediatamente para o local. Por sua vez, Leong Iok Sam, Comandante do Corpo de Bombeiros, explicou as autoridades não quiseram ajuda dos outros pescadores, porque entenderam que as chamas eram muito intensas e que os riscos seriam demasiado elevados. O Comandante destacou que foi uma decisão tomada que teve como prioridade preservar a segurança de todos os envolvidos. A postura dos Bombeiros mereceu a concordância do presidente da direcção da Associação de Auxílio Mútuo de Pescadores de Macau, Chan Meng Kam, que frisou que o mais importante é garantir a segurança dos cidadãos. Quando aos proprietários das embarcações, queixaram-se de prejuízos que calculam ser de milhões de patacas, motivo que levaram que tivessem pedido ajuda ao Governo.
Juros dos depósitos levam a corrida à pataca e redução em dólares americanos João Santos Filipe - 5 Fev 2021 No espaço de um ano, o valor dos depósitos dos residentes em dólares norte-americanos registou uma diminuição superior a 30 por cento. De acordo com os dados da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), em Dezembro do ano passado os residentes tinham nos bancos o equivalente a 71,4 mil milhões de patacas em dólares americanos, que contrasta com o valor de 103,1 mil milhões de patacas no último mês de 2019. Esta é uma diferença que o economista Albano Martins acredita ser explicada com a oferta de juros pagos pelos depósitos nos mercados. “Quando há duas moedas e não há negócio para fazer, mete-se o dinheiro no banco, que paga por uma taxa de juro. A taxa do juro do dólar americano é quase 0. Mas há bancos que oferecem pela pataca um juro de 1,8 por cento e mesmo de 1,9 por cento”, afirmou Albano Martins. “Isto significa que as pessoas fizeram esse tipo de operações. As pessoas querem a moeda que paga mais”, acrescentou. A realidade contrasta com o sucedido no ano de 2019, quando o valor dos depósitos em dólares norte-americanos teve um crescimento de 46,7 por cento, do equivalente de 107,5 mil milhões de patacas para 103,1 mil milhões de patacas. Renminbi também sobe Por contraste, o volume dos depósitos dos residentes em Macau cresceu a um ritmo de 11,9 por cento no espaço de um ano. Os depósitos que eram de 193,8 mil milhões de patacas em Dezembro de 2019 subiram para 216,8 mil milhões. Também os depósitos em renminbi registaram um crescimento no espaço de um ano, ao saltarem 13,7 por cento. Em Dezembro, os residentes tinham o equivalente a 35,1 mil milhões de patacas em renminbi, quando no período homólogo o valor não ia além de 30,9 mil milhões de patacas. De acordo com os dados revelados ontem, em ano de pandemia os depósitos de residentes e não-residentes registaram subidas de 0,5 por cento e 32,1 por cento, para 673,8 mil milhões de patacas e 322,1 mil milhões de patacas, respectivamente. A única quebra foi a nível dos depósitos públicos, de 8,8 por cento, que passaram para 376,9 mil milhões de patacas.
Justiça | TUI trava expulsão de jovem nascida e crescida em Macau João Santos Filipe - 5 Fev 2021 Por iniciativa do Ministério Público, uma jovem de 19 anos viu a identidade do pai biológico questionada. O processo concluiu que o pai era outro e a rapariga perdeu a justificação para ter direito a residência. Agora, enfrenta um processo de expulsão O Tribunal de Última Instância (TUI) aceitou uma providência cautelar que suspende a expulsão do território de uma jovem de 19 anos, nascida e criada em Macau. A notícia foi avançada ontem pela Rádio Macau e dá conta de uma rapariga que vive com o tio materno. A jovem tem o estatuto de residente posto em causa, após o Ministério Público (MP) ter desencadeado uma acção de impugnação de paternidade, que fez com que o pai biológico reconhecido fosse diferente do que constava na certidão. Como o verdadeiro progenitor não tinha direito à residência de Macau na altura do registo do nascimento, o Tribunal Judicial de Base declarou que a informação tinha de ser actualizada e, na sequência, a jovem perde o direito à residência, que lhe tinha sido atribuído em 2001. A providência cautelar foi aceite pelo TUI, após ter sido recusada, numa primeira fase, pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI), que entendeu que a expulsão não era um dano de valor irrecuperável. Ao contrário, a Última Instância considerou que a expulsão teria danos irreparáveis. “Como expulsar-se de Macau uma jovem com quase 20 anos que aqui tem vivido de forma ‘permanente’ com a sua – única – ‘família’, forçando-a a se mudar e a ir viver para um ‘local’ que desconhece, sem qualquer tipo apoio? Não constituirá tal situação um ‘prejuízo de difícil reparação’? Mostra-se-nos pois que a resposta só pode ser de sentido positivo”, pode ler-se na decisão do TUI, de 18 de Janeiro, que foi divulgada ontem pela Rádio Macau. O acórdão dá como provado que a jovem tem vivido de forma “permanente” com o tio materno em Macau, onde concluiu o ensino primário e secundário, “sem que lhe seja conhecida a posse de qualquer outro documento de identificação ou de viagem e qualquer outra ‘relação familiar’”. Caminhos alternativos O TUI admite que a decisão até poderia ser diferente, se a situação real tivesse outro contexto. “Admite-se (até) que a solução poderia (eventualmente) ser outra se os presentes autos dissessem respeito a um residente vindo do exterior, a quem se tenha concedido uma ‘autorização da residência’ ou ‘permanência’ (temporária ou não), que aqui tenha assim vivido alguns ou vários anos, e que, por motivos para aqui não relevantes, se tenha decidido pela sua não renovação ou cancelamento. Todavia, (…) a ‘situação’ em apreciação tem outros contornos e especificidades”, é sustentado. O acórdão não tem efeitos para a decisão final sobre a expulsão da jovem. Essa é uma questão que ainda vai ter de ser analisada pelos tribunais. Porém, até à conclusão do processo a jovem pode ficar a Macau. Este não é o único caso a decorrer na justiça local. Em 2019 foi também reportada a situação de uma jovem de 23 anos que tudo fez para apurar a identidade biológica do pai. No entanto, concluiu-se que o progenitor não tinha na altura do nascimento o estatuto de residente, o que fez com que a jovem ficasse sem motivo legal para justificar a residência. Por este motivo, foi decretado que a jovem tem de sair de Macau. Este caso ganha contornos mais especiais, uma vez que depois de a jovem nascer tanto o pai, como a mãe e os irmãos obtiveram de forma legal o estatuto de residente, o que faz com que a jovem tenha de ser a única a ser expulsa. Também neste caso ainda não há uma decisão final.
Iluminação | LED nas ruas leva Novo Macau à DSPA Hoje Macau - 5 Fev 2021 A instalação de iluminação do tipo LED nas ruas levou a Associação Novo Macau, incluindo o vice-presidente e deputado Sulu Sou, à Direcção de Serviços de Protecção Ambiental. A instituição democrata foi levar as queixas de cidadãos que dizem que o novo tipo de iluminação é demasiado forte para os bairros antigos e fica demasiado perto dos edifícios habitacionais, o que faz com que as pessoas não consigam descansar durante a noite. Segundo a Novo Macau também os taxistas estão preocupados com estas luzes e dizem que desde que foram instaladas que houve um aumento dos acidentes nas áreas, devido aos efeitos nocivos para a visão. Segundo o comunicado da Novo Macau, Raymond Tam, director da DSPA, esteve na reunião e afirmou que as luzes foram escolhidas com base no critério de terem um consumo de energia mais reduzido e também por serem mais eficazes. Tam apontou ainda que desde que foram ouvidas as primeiras queixas que a potência dos candeeiros instalados foi reduzida e que no futuro a DSPA vai acompanhar o desenvolvimento desta tecnologia , de forma a escolher equipamentos com menor impacto na vida dos cidadãos. No entanto, o responsável sublinhou que tem de haver uma uniformidade nos equipamentos instalados, para evitar potenciais perigos para a saúde pública.
Metro Ligeiro | Ella Lei denuncia queixas por discriminação contra residentes João Santos Filipe - 5 Fev 2021 A deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau afirma ter recebido queixas sobre situações em que os trabalhadores locais recebem menos de que os não-residentes pelo mesmo trabalho. Segundo o relato, a MTR (Macau) evita também pagar os subsídios apalavrados A deputada Ella Lei revelou ter recebido queixas de discriminação salarial na empresa do metro ligeiro, a MTR (Macau), e aponta que os residentes recebem menos pelo mesmo tipo de trabalho do que os não-residentes. O assunto foi relatado numa interpelação escrita divulgada ontem pelo gabinete da legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). A situação, de acordo com o relato de Ella Lei, terá estado na origem da saída de cerca de 79 trabalhadores locais da empresa, entre Abril de 2018 e Agosto de 2020: “Segundo alguns trabalhadores, a perda de trabalhadores locais deve-se às situações de tratamento injusto, isto é, no recrutamento de trabalhadores locais, a MTR (Macau) oferece salários inferiores aos praticados no mercado, e faz todos os possíveis para reduzir os subsídios, o que, indirectamente acabou por obrigá-los a demitirem-se”, escreve a legisladora. Face a este cenário, a deputada quer saber se o Governo vai investigar o que está acontecer na empresa responsável pelo Metro Ligeiro. “Segundo alguns trabalhadores locais da MTR (Macau), há situações de tratamento injusto, tais como: ‘trabalho igual, salário diferente’ e repressão do crescimento profissional dos trabalhadores locais. A direcção para os Assuntos de Tráfego e a Direcção para os Assuntos Laborais têm conhecimento desta situação?” questiona. “Que trabalhos foram efectuados? Chegou-se a alguma conclusão?”, pergunta. E a fiscalização? As questões sobre a gestão não se ficam pelo ponto de situação sobre a investigação e a deputada quer saber como é feita a fiscalização à MTR (Macau): “A sociedade de Metro Ligeiro é a entidade tutelar responsável pela supervisão da exploração da MTR (Macau), então esta tem conhecimento e tem feito o acompanhamento da situação da grave perda de recursos humanos locais?”, interroga. “Quanto à gestão, verificou-se alguma coisa que careça de aperfeiçoamento por parte da operadora?”, acrescenta. Na informação, partilhada por Ella Lei, é indicado que em Outubro do ano passado, entre os 620 trabalhadores da MTR (Macau) 514 eram residentes e 106 não residentes. O número de não residentes é tido como “reduzido”, mas a legisladora indica que se deve “dar prioridade à contratação de trabalhadores locais”. Por isso, e já a pensar na expansão da rede de metro para os próximos anos, Ella Lei pergunta pelos planos para a formação de trabalhadores locais, de forma a arranjar mais empregos e reduzir a necessidade de importar mão-de-obra.
Macau sem cirurgias ao coração e pulmões Hoje Macau - 5 Fev 20215 Fev 2021 Quem precise de uma operação urgente ao coração ou aos pulmões corre risco de vida porque não existem em Macau cirurgiões especialistas nestes procedimentos. Normalmente, vinham de Hong Kong todas as semanas. Agora não podem devido à pandemia Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) não conseguem proporcionar as operações de cirurgia cardíaca e cirurgia torácica, colocando em risco, em contexto de pandemia, vidas humanas. Habitualmente, antes do coronavírus, era prática a vinda de médicos de Hong Kong para executar estas operações. Contudo, as restrições fronteiriças impedem a deslocação dos cirurgiões da ex-colónia britânica. As operações em causa consistem numa intervenção profunda que exige especial perícia e experiência da questão. Trata-se do que popularmente se designa por “peito aberto”, sendo o termo oposto aplicado a cirurgias aos pulmões, que se efectuam pelas costas. Ora tanto os médicos especialistas, filhos de Macau como estrangeiros, têm demonstrado alguma relutância em permanecer na RAEM. Os SSM optaram então por mandar vir gente de Hong Kong para suprir as necessidades, com uma regularidade semanal ou bi-semanal. Ao que Hoje Macau apurou os SSM, serviço público que contactámos, mas do qual não obtivemos respostas, enviam casos urgentes para um hospital de Cantão, o que se pode revelar fatal em caso de excessiva demora. Outro dos problemas que se levanta com este procedimento é a restrição de entrada de estrangeiros na China, no quadro das medidas securitárias implementadas por causa do covid-19. Assim, um residente chinês de Macau, cuja passagem na fronteira não encontra restrições, terá acesso mais rápido, talvez não suficientemente rápido, ao hospital de Cantão. Já um estrangeiro, ainda que residente, encontrará mais dificuldades e, certamente, demorará mais tempo a estabelecer os procedimentos necessários para permitir a transferência para a província de Guangdong, que exigirá um visto especial, que nem sempre é emitido com a brevidade que a situação, eventualmente exige. Este facto pode, obviamente, colocar a vida em risco de quem necessite de uma operação urgente. Infelizmente, é o caso das doenças que exigem este tipo de operação. Na vertente cardíaca, tem sido vulgar efectuar-se em Macau uma operação simples, através do pulso ou da virilha, com o objectivo de desobstruir artérias ou veias junto ao coração. Já a operação “a peito aberto”, aplicada a casos mais bicudos, é sistematicamente atribuída a médicos pontualmente contratados ao exterior, até à pandemia, habitualmente de Hong Kong. “Macau não dá” Perante a inexistência de médicos capazes de operarem nas áreas da cirurgia cardíaca e torácica, não deixa de ser notável o facto de num passado recente terem abandonado a RAEM dois cirurgiões contratados para esse efeito. Segundo soube o Hoje Macau, ambos se ressentiram do tratamento prestado pela direcção dos Serviços de Saúde e da curta duração dos contratos, renovados ano a ano. Por vezes, os SSM propuseram extensões de três e seis meses a esses médicos. A atitude dos SSM terá despertado alguma ira entre os especialistas, cuja saída da RAEM foi acompanhada de um “justificado ressentimento”, foi explicado ao Hoje Macau. Para Pequim, por exemplo, já foi levada para os meios médicos da capital a ideia segundo a qual “Macau não dá”, o que tem dificultado a contratação de novos clínicos. Na verdade, ao que sabemos, é pior o modo como são recebidos os médicos do continente, percepcionados como o “futuro”, do que o que é dispensado aos médicos portugueses, entendidos como uma “sobrevivência breve do passado” e tratados com complacência. O Hospital Kiang Wu, que geralmente supre as fragilidades do hospital público, também não conta nos seus quadros com cirurgiões formados nas referidas especialidades. Daí que não exista neste momento em Macau capacidade para as efectuar, o que pode colocar em risco a vida de quem as necessite com urgência. O que muitos se perguntam é como é que a RAEM, que dispõe de um fabuloso rendimento per capita, não dispõe de um serviço de saúde pública de excelência, que responda com qualidade às necessidades dos cidadãos, nomeadamente dos menos beneficiados pela fortuna. O Hospital das Ilhas, dez anos depois de lançada a primeira pedra, tarda em ser concluído, e o Centro Hospitalar Conde São Januário não viu, em 20 anos de RAEM, reforçada a sua capacidade, a ponto de ser capaz de responder, em qualidade e quantidade, a uma cada vez maior procura. O tempo de espera para consultas é demasiado longo há muito tempo e os SSM não encontram solução. Por exemplo, o Hoje Macau sabe que uma consulta de cardiologia pode demorar quatro ou mais meses, entre a marcação e a sua realização. Quem arrisca? O nosso jornal falou com dois deputados ligados à causa médica: Wong Kit Cheng e Chan Iek Lap. Segundo a deputada, “o hospital público não tem este tratamento (de cirurgia cardiovascular), por isso encaminham os doentes para outras zonas, através do mecanismo de serviços médicos no exterior, para resolver os problemas dos residentes locais. Se consultar os hospitais privados, de acordo com o que eu sei, o hospital Kiang Wu tem especialistas que fazem operações de cirurgia cardíaca e torácicas. Caso a cirurgia envolva um transplante cardíaco ou esteja relacionada com o sistema de circulação e os médicos não tiverem experiência, estes médicos não vão arriscar.” O Hoje Macau sabe que existem, neste preciso momento, doentes a precisar de uma intervenção e, de facto, em Macau ninguém arrisca. A deputada tem conhecimento da falta de médicos nos serviços públicos de Saúde, mas pensa que estes existem no Kiang Wu. Mas a verdade factual é que, se existissem não se compreenderia porque razão arriscam vidas, sujeitando-as a uma viagem de mais de 330 quilómetros. Já Chan Iek Lap parece ter uma noção mais precisa do assunto: “Actualmente, algumas operações raras são difíceis de se realizar em Macau, temporariamente. Porque no passado os doentes podiam ser encaminhados para as zonas vizinhas. Devido à pandemia, a entrada e saída [de utentes] sobretudo para Hong Kong não é possível, porque há quarentena. Estas situações podem ser resolvidas através de negociação com as autoridades das zonas vizinhas, para que os doentes com necessidade possam ter um corredor de passagem ou tratamento específicos. Temos de admitir que uma parte do nosso nível médico é diferente das zonas vizinhas. O Governo pode melhorar o nível médico através de incentivos, políticas de apoio e trabalhos relevantes.” Na opinião de Wong, contudo, “o governo pode formar e recrutar mais especialistas, mas a formação em Macau é difícil porque tem menos casos de doença. Os médicos de cirurgia cardiovascular actualmente no território adquiriram alguma experiência na China Continental ou no exterior e regressaram para servir Macau.” O pior é que os que regressaram voltaram a ir-se embora por não lhes terem sido dadas condições condignas. Como antigamente se dizia, a saúde em Macau parece estar doente. Estatísticas mais recentes não revelam número de operações de cardiologia As Estatísticas da Saúde de 2019 não discriminam quantas operações foram feitas da especialidade de cardiologia. Dos 19.537 serviços operatórios realizados, cerca de 3,43 por cento são apresentados como pertencendo a “outras” especialidades. Em 2019, os hospitais de Macau disponibilizavam um total de 1.628 camas de internamento, o correspondente a 2,4 por cada mil habitantes. De entre os doentes internados, 4,9 por cento eram da especialidade de cardiologia e 6,1 por cento em pneumologia. Nesse ano registaram-se 3.047 doentes internados em cardiologia, incluindo na unidade de cuidados intensivos da especialidade. É preciso recuar às Estatísticas de Saúde de 2012 para se encontrar dados discriminados sobre serviços operatórios na área da cardiologia, registando-se 160 operações programadas. No ano anterior, aconteceram 222 operações de cardiologia, sete das quais de urgência. Já em 2010, os dados revelam a realização de 285 serviços operatórios de cardiologia (16 urgentes) e 60 cirurgias torácicas (13 de urgência). Recurso ao exterior De acordo com informações divulgadas em 2019 pelo então secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, a Junta de Serviços Médicos para o Exterior recebia uma média de 200 pedidos semanais para tratamentos fora da RAEM. Em 2016, os Serviços de Saúde (SS) esclareceram num comunicado que o rácio de pacientes enviados para serviços médicos em Hong Kong era de 1,6 pessoas por cada mil. Os SSM argumentaram que “a percentagem do envio de pacientes pelo Governo é muito baixa quando relacionada com os serviços gerais” e que tais situações “são apenas um complemento aos serviços médicos locais”. Na nota, os SSM disseram ser preciso “tomar em consideração as situações práticas e a continuidade da aplicação” das técnicas médicas desenvolvidas, numa população com apenas 650 mil residentes. Além disso, comentavam que é preciso “um número substancial” de casos para manter o nível técnico dos profissionais de saúde. Mas a economia também era um factor de ponderação. “Assim, o regime de envio de doentes para serviços médicos no exterior atende às necessidades dos residentes de Macau e foi tido em conta o benefício económico desta medida”, defenderam.
Covid-19 | Equipa da OMS em Wuhan diz que lado chinês está a cooperar Hoje Macau - 4 Fev 2021 Um dos investigadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) em busca de pistas sobre a origem do novo coronavírus na cidade de Wuhan, centro da China, disse hoje que o lado chinês ofereceu um alto nível de cooperação. Numa mensagem difundida via Twitter, o zoólogo Peter Daszak elogiou as reuniões de quarta-feira com a equipa do importante Instituto de Virologia de Wuhan, incluindo o vice-diretor Shi Zhengli, um virologista que trabalhou com Daszak para rastrear as origens da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou SARS, que teve origem na China, em 2003. “Reunião extremamente importante hoje, incluindo com o Dr. Shi Zhengli. Uma discussão franca e aberta. As principais perguntas que fizemos tiveram resposta”, escreveu Daszak. A equipa permaneceu no hotel e parecia não ter visitas programadas para hoje. Anteriormente, Daszak difundiu imagens dos jornalistas à porta do instituto. “Agradecemos à imprensa pela sua paciência e interesse em divulgar estas notícias para o mundo. O trabalho está a avançar e esperamos poder conversar sobre os resultados o mais rápido possível”, apontou. O Instituto de Virologia de Wuhan juntou muitas amostras de vírus, levando a alegações não comprovadas de que pode ter causado o surto original, através de um acidente. A China negou veementemente essa possibilidade e promoveu teorias não comprovadas de que o vírus pode ter tido origem em outro lugar. A equipa da OMS, que inclui especialistas de 10 países, visitou ainda hospitais, institutos de pesquisa e um mercado de frutos do mar ligado ao surto original. É provável que sejam precisos anos para confirmar a origem do vírus por causa da pesquisa exaustiva, incluindo amostras de animais, análises genéticas e estudos epidemiológicos. Uma possibilidade é que um caçador de animais selvagens possa ter passado o vírus para comerciantes que o carregaram para Wuhan, mas isso ainda não foi provado. Os primeiros pacientes da covid-19 foram detetados em Wuhan, no final de 2019, levando o governo a colocar a cidade de 11 milhões de habitantes sob um bloqueio de 76 dias. Desde então, a China relatou mais de 89.000 casos e 4.600 mortes.
Covid-19 | Coreia do Norte vai receber 1,9 milhões de vacinas no primeiro semestre Hoje Macau - 4 Fev 2021 A Coreia do Norte vai receber 1.992.000 unidades de vacinas desenvolvidas pela AstraZeneca e Universidade de Oxford contra a covid-19 no primeiro semestre do ano através do projeto COVAX, segundo um relatório provisório divulgado na quarta-feira. O relatório divulgado pela COVAX [consórcio que pretende garantir aos países de baixo e médio rendimento acesso às vacinas contra a covid-19] avança que a Coreia do Norte vai receber vacinas desenvolvidas pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford e fabricadas pelo Serum Institute of India (SII). De acordo com o documento, a previsão é que entre 35 e 40% do total seja entregue no primeiro trimestre e 60-65% no segundo. O mecanismo global de fornecimento de vacinas explicou que começará a distribuir um total de 337 milhões de doses para países de baixo e médio rendimento no final de fevereiro. Os meios de propaganda norte-coreana não noticiaram hoje o anúncio da COVAX. El Rodong, principal jornal de um regime, divulgou hoje os últimos números de infeções a nível global, com reportagens separadas para os números da Europa ou da Ásia. A Coreia do Norte continua a não relatar nenhum caso de covid-19 à Organização Mundial de Saúde (OMS), de acordo com o último relatório regional da organização com sede em Genebra. De acordo com Pyongyang, nenhuma das mais de 13.200 pessoas que fizeram o teste teve resultado positivo. No entanto, e apesar de o país ter fechado as suas fronteiras, a total ausência de infeções é uma afirmação que muitos especialistas duvidam ser verdadeira. Em agosto passado, o regime publicou um decreto no qual reconhecia que muitos norte-coreanos continuaram a entrar e sair ilegalmente da China durante o início da pandemia e que dava ordens para atirar para matar qualquer um que se aproximasse das áreas de fronteira. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.253.813 mortos resultantes de mais de 103,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Tóquio 2020 | Presidente da organização desculpa-se por comentários ofensivos sobre mulheres Hoje Macau - 4 Fev 2021 O presidente do comité organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Yoshiro Mori, pediu hoje desculpas públicas pelos comentários ofensivos sobre mulheres, um dia depois de o incidente ter gerado críticas e apelos à sua demissão. “Reconheço que os comentários durante a reunião com o Comité Olímpico do Japão foram contrários ao espírito olímpico. Lamento”, disse hoje Mori, de 83 anos, durante uma conferência de imprensa. Na quarta-feira, Yoshiro Mori defendeu que as mulheres têm dificuldade em ser concisas, observando que os membros femininos do órgão a que preside “sabem colocar-se no seu lugar”. As declarações do responsável máximo do comité organizador da próxima edição dos Jogos Olímpicos (JO), adiada para 2021 devido à pandemia de covid-19, foram feitas durante uma reunião com o Comité Olímpico do Japão, aberta à comunicação social e reproduzidas pelo diário Asahi Shimbun. “As reuniões dos conselhos de administração com a presença de muitas mulheres demoram demasiado tempo. Se for aumentado o número de membros femininos e o tempo de intervenção não for limitado, será mais difícil concluí-las, o que é irritante”, sustentou Mori. “As mulheres têm espírito competitivo. Se uma levanta a mão [para poder intervir], as outras sentem-se na obrigação de se exprimirem também. É por isso que todos acabaram por falar”, acrescentou. O antigo primeiro-ministro japonês (2000-2001) notou que “o comité organizador [dos Jogos Olímpicos Tóquio2020] tem sete mulheres, mas elas sabem colocar-se no seu lugar”, um comentário que motivou sorrisos entre vários responsáveis presentes na reunião. As declarações levaram a uma chuva de críticas na rede social Twitter, com apelos à demissão de Mori, acusando-o de discriminar as mulheres. Questionado sobre se tencionava abandonar o cargo, por causa da polémica, Mori recusou à partida essa possibilidade, mas acrescentou: “Se todos me disserem que estou a incomodar, então deverei pensar nisso”. O responsável máximo do comité que prepara os próximos JO na capital japonesa reiterou as desculpas perante os ofendidos com as declarações e as pessoas que fazem parte da organização, considerando que “estão a fazer tudo o que é possível” para o sucesso da competição. O Japão ocupa o 121.º lugar no mais recente relatório do Fórum Económico Mundial sobre a igualdade de género, entre 153 países, e o 131.º na proporção de mulheres em lugares de topo em empresas, política e administração pública.
Covid-19 | Farmacêutica Sinovac solicita autorização na China para comercializar vacina Hoje Macau - 4 Fev 2021 A farmacêutica chinesa Sinovac solicitou à Administração Nacional de Produtos Médicos da China “autorização comercial condicional” para a sua vacina contra a covid-19, designada CoronaVac, informou hoje a empresa em comunicado. Segundo a nota, o antígeno já foi fornecido a “dezenas de milhares de pessoas na China” como parte de um programa de uso de emergência, lançado em julho passado, e que visou grupos específicos com alto risco de infeção. “Catorze dias após a vacinação das duas doses, a taxa de eficácia está de acordo com os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as diretrizes para avaliação clínica de vacinas preventivas para a covid-19 emitidas pela Administração Nacional de Produtos Médicos”, assegurou a Sinovac. “A vacina candidata foi testada em ensaios clínicos da fase 3, realizados fora da China. Os resultados preliminares desses testes mostraram um bom perfil de segurança para a vacina”, acrescentou a empresa. Os ensaios revelaram diferentes taxas de eficácia para a vacina da Sinovac: na Turquia, os testes revelaram uma eficácia de 91,25%, na Indonésia, de 65,3%, e no Brasil de 50,4%. No mês passado, as autoridades chinesas autorizaram, pela primeira vez, o uso comercial de uma vacina contra a covid-19, desenvolvida pela farmacêutica Sinopharm e pela sua subsidiária, o Instituto de Produtos Biológicos de Pequim. A China está a executar uma campanha de vacinação que visa imunizar 50 milhões de nacionais, antes da chegada do Ano Novo lunar, em 12 de fevereiro. Desde o início da pandemia, 89.649 pessoas ficaram infectadas na China, tendo morrido 4.636 doentes. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.253.813 mortos resultantes de mais de 103,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Fotografia | Dois portugueses distinguidos em Tóquio Hoje Macau - 4 Fev 2021 Dois fotógrafos portugueses residentes de Macau foram distinguidos no Prémio Internacional de Fotografia de Tóquio. João Miguel Barros recebeu dois prémios (prata), foi ontem divulgado. O português garantiu, além de duas menções honrosas com o projecto “Jamestown”, dois prémios ‘silver’ (prata) com o trabalho “Akuapem”, em outras tantas categorias: Editorial/Desporto e Editorial/Ensaio Fotográfico. “O meu trabalho voltou a ser distinguido este ano”, salientou João Miguel Barros, cujo trabalho “Akuapem” retrata “o Festival tradicional de Odwira (…) celebrado em Akuapem, Gana, integrando múltiplas atividades culturais, religiosas e tradicionais (…) entre elas, o boxe”, com o trabalho a incluir “dois conjuntos de imagens de vários combates que decorrem nessa ocasião numa praça pública cheia de gente”. Outro português, Gonçalo Lobo Pinheiro, obteve também duas menções honrosas pela reportagem fotográfica sobre lares de idosos em Macau durante a pandemia de covid-19.
Air Macau | Orquestra local dá música a bordo Hoje Macau - 4 Fev 2021 Um total de 11 obras de música clássica interpretadas pela Orquestra de Macau (OM) e pela Orquestra Chinesa de Macau vão passar a estar disponíveis para audição por parte dos passageiros dos voos da Air Macau. Trata-se do resultado de uma parceria com o Instituto Cultural, sendo que os passageiros podem aceder à música das orquestras através do programa “Cultura de Macau” na plataforma “Entretenimento Wi-Fi a bordo da Air Macau”. Estão incluídas interpretações de obras como o Concerto para Piano “O Rio Amarelo” e o álbum “O Charme de Macau”. O Concerto para Piano “O Rio Amarelo” é uma adaptação, realizada por vários compositores entre 1968 e 1969, da “Cantata do Rio Amarelo” de Xian Xinghai e descreve a magnífica paisagem do Rio Amarelo. Este concerto foi estreado em 1970 e continua a ser uma obra sinfónica muito conhecida na China. A versão seleccionada é tocada pela pianista Ju Jin. O álbum “O Charme de Macau” apresenta música interpretada pela Orquestra Chinesa de Macau, composta pelo compositor português Rão Kyao, com arranjos de Kuan Nai Chung.
Deputado Si Ka Lon acredita que Hengqin pode vir a ter acesso ao Facebook Hoje Macau - 4 Fev 2021 Em declarações ao jornal Exmoo, o deputado Si Ka Lon disse acreditar que o projecto de reforço da cooperação entre a província de Guangdong e Macau seja lançado em breve, tendo em conta que o relatório de trabalho do Governo de Zhuhai inclui que as iniciativas da zona de cooperação se concretizem de forma acelerada. O deputado indicou que Zhuhai está a lutar activamente para conseguir autorização do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) e apoios da Província de Guangdong. Si Ka Lon crê também que no futuro haja medidas flexíveis e convenientes para a circulação de mercadorias e dinheiro entre Macau e Hengqin, bem como informações abertas, com possibilidade de população aceder ao Facebook na Ilha da Montanha. Por outro lado, como Zhuhai está agora a organizar o plano regional da Ilha da Montanha, o legislador entende que a zona de reforço da cooperação pode passar a incluir as Ilhas de Ladrones, Hongwan e uma zona tarifária. Si Ka Lon considera que estas zonas podem ajudar à diversificação económica de Macau e deu o exemplo das Ilhas de Ladrones, indicando que podem servir para turismo marítimo e como porto para Macau. Tendo em conta que Macau está a construir uma bolsa de valores denominada em renminbi, o deputado de Fujian defende uma cooperação activa com Zhuhai para pedir ao instituto de investigação da moeda digital do Banco Popular da China o lançamento de um projecto-piloto de renminbis digitais transfronteiriço.
CESL-Ásia | Carne produzida no Monte do Pasto chega aos supermercados de Macau em breve Andreia Sofia Silva - 4 Fev 2021 António Trindade, CEO da CESL-Ásia, adiantou que “nas próximas semanas” a carne produzida pelo Monte do Pasto, onde a empresa investiu, deverá começar a ser vendida nos supermercados locais. O objectivo será depois expandir para mercados como Hong Kong e China, assegura Foi em 2019 que a CESL-Ásia anunciou o investimento de 37,5 milhões de euros no Monte do Pasto, um dos maiores produtores de gado bovino em Portugal. Desde então que a pandemia da covid-19 alterou um pouco a estratégia da empresa, mas não a sua expansão. Prova disso, é o arranque da comercialização, dentro de semanas, da carne produzida no Monte do Pasto nos supermercados de Macau. “Lançamos uma linha de carne sustentável que vai ser lançada no mercado de Macau nas próximas semanas. Estamos a preparar a comercialização”, adiantou ao HM António Trindade, CEO da CESL-Ásia. “Pensamos que há a perspectiva de podermos estar em alguns supermercados um pouco antes do ano novo chinês. Temos trabalhado muito bem com as cadeias mais tradicionais de Macau na perspectiva de lançar novas ideias de produto alimentares com versões mais sustentáveis. Iremos fazer uma comercialização directa, com doses individuais”, frisou. Em expansão Quando anunciou o seu investimento, a CESL-Ásia apresentou um plano estratégico que previa um aumento do volume de negócios para 70 milhões de euros até este ano. A pandemia “causou grandes mudanças em tudo”, uma vez que o Monte do Pasto exporta grande parte daquilo que produz. Mas António Trindade assegura que a expansão continua. “Fizemos uma parceria com uma empresa para desenvolver mil hectares de agricultura biológica e frutos secos no Monte do Pasto, um investimento considerável, mas que também leva a um aumento de actividade económica no concelho [o Monte do Pasto está situado nas zonas de Cuba e Alvito, no Alentejo].” “Temos o objectivo de aumentar entre 10 a 20 por cento a nossa capacidade produtiva”, esclareceu o CEO da CESL-Ásia. “As coisas têm estado a correr bem. Há grandes dificuldades, mas estamos a aproveitar isto para fazer um processo de mudança estratégica que iniciámos no Monte do Pasto.” Em Portugal trabalham neste momento quase 60 pessoas e o objectivo é não parar por aqui em termos de presença de mercado. “Queremos apostar em Portugal, Europa, Hong Kong, China e outros sítios. Estamos a montar a nossa equipa de comercialização de produtos premium e sustentáveis”, concluiu.
“Speedy Joe” e a década mais quente (2011-2020) Olavo Rasquinho - 4 Fev 2021 De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), as décadas desde 1980 têm sido caracterizadas por temperaturas médias do ar cada vez mais altas a nível global. Na década de 2011-2020, a temperatura foi a mais alta desde que há registo regular dos parâmetros meteorológicos, sendo os anos 2016, 2019 e 2020 os mais quentes. Este último foi caracterizado pela temperatura média de 14,9 graus Celsius, aproximadamente 1,2 graus acima do valor médio pré-industrial, tendo como referência o período de 1850 a 1900. Esta conclusão é baseada na análise dos registos de conjuntos de dados observacionais de várias instituições meteorológicas e climatológicas, entre as quais National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), Goddard Institute for Space Studies, United Kingdom’s Met Office Hadley Centre e East Anglia’s Climatic Research Unit. Apesar do fenómeno La Niña ter contribuído para o arrefecimento do globo na parte final de 2020, este ano foi quase tão quente como 2016, em que a tendência de aquecimento foi reforçada pela ocorrência de um episódio El Niño. Como já é do conhecimento do público interessado por questões relacionadas com o tempo e o clima, El Niño e La Niña são fenómenos que ocorrem com certa periodicidade no sistema oceano/atmosfera, no Oceano Pacífico equatorial central e equatorial oriental, que afetam a circulação geral da atmosfera e o clima regional em muitas partes do globo. A designação El Niño deve-se ao facto deste fenómeno ocorrer num período que abrange a época do Natal (El Niño Jesus, em espanhol). Afeta grandemente a indústria pesqueira do Peru, na medida em que a água mais aquecida afasta o fitoplâncton, que constitui a base da alimentação dos cardumes que predominam habitualmente nessa região quando as águas estão mais frias. Contrariamente, o fenómeno La Niña é caracterizado pelo arrefecimento da água superficial, o qual está relacionado com a intensificação dos ventos alísios que convergem nessa região, fazendo com que a água à superfície seja arrastada e substituída por água mais fria vinda de maior profundidade, fenómeno que se designa por afloramento (em inglês upwelling). Em geral, nos anos de eventos El Niño a temperatura média global é mais alta do que nos anos neutros ou de La Niña. Atualmente (fevereiro de 2021) está a ocorrer um evento La Niña que se antevê que perdure até meados da próxima primavera do hemisfério norte. Apesar da ocorrência de La Niña, segundo o Met Office, antevê-se que o ano 2021 seja um dos mais quentes de sempre (de acordo com a Press Release da OMM, datada de 18 de Janeiro de 2021, “… the Met Office annual global temperature forecast for 2021 suggests that next year will once again enter the series of the Earth’s hottest years, despite being influenced by the temporary cooling of La Niña…”). O Secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, afirmou recentemente que, devido ao aquecimento global, apesar de La Niña corresponder a temperaturas mais baixas a nível global, os episódios mais recentes de La Niña têm sido caracterizados por temperaturas mais altas do que nos anos com fortes eventos El Niño, no passado. O consistente aumento da temperatura média global, e as suas implicações, têm causado grande preocupação na comunidade científica, governos e público mais informado. António Guterres, Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, afirmou recentemente: “A confirmação pela Organização Meteorológica Mundial de que 2020 foi um dos anos mais quentes já registados é mais um lembrete gritante do ritmo implacável das alterações climáticas, que estão causando a destruição de vidas e meios de subsistência no nosso planeta. Hoje estamos com 1,2 graus de aumento de temperatura e já testemunhamos extremos climáticos sem precedentes em todas as regiões e em todos os continentes. Estamos caminhando para um aumento catastrófico da temperatura de 3 a 5 graus Celsius neste século. Fazer as pazes com a natureza é a tarefa definidora do século XXI. Deve ser a prioridade máxima para todos, em todos os lugares”. Esta tendência para o aumento da temperatura média global faz com que se esteja cada vez mais próximo do limite inferior do aumento de temperatura preconizado pelo Acordo de Paris, que visa que o aumento não atinja 2 graus até ao fim do século, preferencialmente 1,5 graus, acima dos níveis pré-industriais. A figura que acompanha este texto ilustra, de acordo com o IPCC, o aumento real da temperatura média global de 1950 a 2005 (curva a preto) e projeções do aquecimento global até ao fim do século XXI nas seguintes condições: se não forem tomadas medidas para redução significativa dos gases de efeito de estufa, o aumento seria de quase 5 graus Celsius (curva a vermelho); se forem tomadas essas medidas, o aumento seria de cerca de 1,6 graus (curva azul). Há outras antevisões, como a que vem expressa no Global Annual to Decadal Climate Update (2010-2024), preparado pelo Met Office, em que se admite uma probabilidade de aproximadamente 70% de que um ou mais meses durante os próximos 5 anos serem caracterizados por um aumento da temperatura de pelo menos 1,5 graus Celsius. É muito provável que o nosso planeta caminhe para uma tragédia se entretanto os governos não puserem em prática as medidas preconizadas pelo Acordo de Paris. É inquestionável que tem havido cada vez mais fenómenos meteorológicos e climatológicos extremos, tais como ondas de calor e secas, que potenciam fogos florestais mais vastos e frequentes que destroem enormes áreas florestais, reduzindo drasticamente a biodiversidade, injetando na atmosfera quantidades enormes de fumo e gases de efeito de estufa (GEE) que se espalham, arrastados pelo vento, à escala planetária. Há, entretanto, sinais de que os governos estão a tomar consciência desta realidade. Assim, por exemplo, sob a coordenação da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estão a ser dados passos significativos para a implementação do Acordo Verde Europeu (European Green Deal), programa que tem como principal objetivo tornar a Europa, até 2050, o primeiro continente neutro no que se refere à emissão de GEE, preservando, entre outros aspetos, o ambiente natural e a biodiversidade. Mais recentemente, logo após a tomada de posse de Joe Biden, surgiu a boa notícia que os EUA irão voltar ao Acordo de Paris. Ficará na história o texto assinado por Biden no primeiro dia da sua administração: “ACCEPTANCE ON BEHALF OF THE UNITED STATES OF AMERICA – I, Joseph R. Biden Jr., President of the United States of America, having seen and considered the Paris Agreement, done at Paris on December 12, 2015, do hereby accept the said Agreement and every article and clause thereof on behalf of the United States of America – Done at Washington this 20th day of January, 2021”. Na sequência desta decisão, o Secretário-Geral da ONU difundiu a seguinte declaração: “Saúdo calorosamente as medidas do presidente Biden para entrar novamente no Acordo de Paris sobre Alterações Climáticas e juntar-se à crescente aliança de governos, cidades, estados, empresas e pessoas empenhados em medidas ambiciosas para enfrentar a crise climática”. Uma outra medida da administração Biden consistiu na dispensa dos cientistas negacionistas David Legates e Ryan Maue das suas funções na NOAA. Ambos haviam sido nomeados pela administração Trump para altos cargos desta agência com o intuito de calar as vozes discordantes da sua política no que se refere às alterações climáticas. A investidura de Joe Biden constitui uma esperança para a humanidade no que se refere à atenuação das alterações climáticas As Executive Orders sobre a crise climática, no sentido de recuperar o tempo perdido durante a administração Trump, foram tantas e tomadas tão rapidamente que não ficaria mal alcunhar o presidente Biden de “Speedy Joe” em vez de “Sleepy Joe”, como Trump ironicamente lhe chamava… *Meteorologista
A pedra e a funda António Cabrita - 4 Fev 2021 Poucas coisas acontecem para além do que Drummond refere num dos seus poemas mais famosos, «No Meio do Caminho: No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho/ tinha uma pedra/ no meio do caminho tinha uma pedra.// Nunca me esquecerei desse acontecimento/ na vida de minhas retinas tão fatigadas./ etc.» Há uma pedra no meio do caminho, uma pedra no olho, uma cristalização na mente, é tudo o mesmo: um inextricável desassossego. Pode também acontecer haver vidas monstruosas de aventurosas. São raras. O mais comum é serem pecas, inábeis, moverem-se em vagarosos ajustes. Haver poucas pedras para cada vida. A Ulisses coube Tróia e a fidelidade de Penélope. Sem ela, seria como os troianos, um derrotado. É Penélope, quem o certifica como herói, na simetria invertida da traição de Helena. Pelo engenho com que Penélope se mantém fiel tece a memória em que se inscreve o amor. Ulisses e Penélope inventam o amor, até aí só havia o desejo e a paixão, a partir deles passam a ser indissociáveis o amor e a memória, eles selaram o pacto. A pedra a meio do caminho de Ulisses foi essa incapacidade de esquecer o compromisso, de convertê-lo em uma mera e nova estria de intensidade, trivializando-o. A meio do caminho há sempre a pedra da trivialização que nos tenta. Como a Circe a Ulisses. No que diferimos é no que cada um faz disso. Na epopeia homérica temos dois heróis, Ulisses e Aquiles. E leio, no magnífico Las pasiones según Rafael Argullol: Aquiles, quando lhe dão a escolher entre a vida e a glória escolhe esta última, já Ulisses perante a mesma questão prefere a vida. Vou dizer algo em contracorrente às aparências: Aquiles foi simplesmente um cobarde. Porque é simples gastar a caixa de fósforos de uma vez. É um puro acto de potlach. Mais complicado é chegar ao fim da vida sobrando alguns fósforos na caixa e sem nunca termos morrido de frio ou termo-nos evadido das pedras a meio do caminho. Aí foi preciso aliar a inteligência à atenção. A capacidade de atenção, eis o que substitui em Ulisses a heroicidade. Graças à atenção, Ulisses aprendeu a fazer o fogo sem ter de desbaratar fósforos e soube contornar as pedras que lhe apareciam no caminho. Tenho por cada vez mais certo que a nossa vida, passado o ímpeto de paixão com que a galgámos nas primeiras décadas, depende da densidade da nossa atenção. E que reforçar a atenção é também uma forma de resistir à cobardia militante com que as nossas práticas sociais nos tentam. A cobardia militante, gregária, está instalada. Pior, a cobardia do literato. Aquela contra a qual previne Mário de Andrade em carta a Drummond, a propósito de Anatole France: «“Devo imenso a Anatole France – diz você -, que me ensinou a duvidar, a sorrir e a não ser exigente com a vida.” Mas meu caro Drummond, pois você não vê que é esse todo o mal que aquela peste amaldiçoada fez a você! Anatole ainda ensinou outra coisa de que você se esqueceu: ensinou a gente a ter vergonha das atitudes francas, práticas, vitais. Anatole é uma decadência, é o fim duma civilização que morreu por lei fatal e histórica. Não podia ir mais pra diante. Tem tudo que é decadência nele. Perfeição formal. Pessimismo diletante. Bondade fingida porque não é desprezo, desdém ou indiferença. Dúvida passiva, porque não é aquela dúvida que engendra amcuriosidade e a pesquisa, mas a que pergunta: será? irônica e cruza os braços. E o que não é menos pior: é literato puro. Fez literatura e nada mais. E agiu dessa maneira com que você mesmo se confessa atingido: escangalhou os pobres moços fazendo deles uns gastos, uns frouxos, sem atitudes, sem coragem, duvidando se vale a pena qualquer coisa, duvidando da felicidade, duvidando do amor, duvidando da fé, duvidando da esperança, sem esperança nenhuma, amargos, inadaptados, horrorosos. Isso é que esse filho da puta fez. , d, d,Foi grande? Foi. Foi talvez mesmo genial nalgumas páginas. Pouquinhas, graças a Deus. Foi elegante, fino, sutil? Foi, foi, foi. Mas também foi filho da puta, porque as grandezas que engendrou não bastam pra pagar um só dos males que fez. (…) O mal que esse homem fez a você foi torná-lo cheio de literatices, cheio de inteligentices, abstrações em letra de fôrma, sabedoria de papel, filosofia escrita: nada prático, nada relativo ao mundo, à vida, à natureza, ao homem.» Tão simples, tão exacto. É o que vejo nos meus amigos liberais, que se agarram Aos aforismos do Cioran ou de qualquer outro céptico para justificarem a sua inércia, numa apropriação turística da tentação niilista. Nos meus amigos de esquerda que dizem ser igual estar Biden ou Trump no poleiro, auto-denunciando aí que os meios não lhes interessam, presos à mecânica dos supostos fins – a maldade do “imperialismo capitalista”, ou a bondade do “solidariedade socialista”, puras abstracções. A ressaca que vivemos não é só a da decepção política. “Os espectadores de cinema, como as avestruzes, são animais realistas”, dizia Godard, “só creêm no que veêm”. O que é verdade. Vê-se como o cinema foi desautorizando as elipses. O que redundou numa depauperação do imaginário. Falta por aqui “uma grande razão”, como diria o Cesariny, um compromisso. Sobretudo com a vida. Teríamos de voltar a andar por dentro dela como andava o Pollock, sem medo, no fulcro da gestualidade que lhe energizava as galáxias. Entretanto, convinha sermos conscientes de que poucas pedras nos serão dadas para aparecer a meio do caminho. Convém agarrar nalguma e transformar em funda. Seja a do amor ou a da rebeldia – perfazer um traço.
Anunciação de ‘Órbita’ Luís Carmelo - 4 Fev 2021 No primeiro capítulo de Arbeit am Mythos (Trabalho sobre o Mito), intitulado “Depois do absolutismo da realidade”, Hans Blumenberg ilustra o modo como os humanos levaram a cabo uma primeira tematização do mundo, depois de uma longa fase primitiva sem qualquer domínio do mundo envolvente. Este estado de dependência ter-se-ia pautado, segundo o autor, pela “falta de previsão, de antecipação (do que está por vir) e da consequente falta de adaptação a tudo o que estivesse para além do horizonte”. No centro desta fase pré-mitológica está aquilo que o autor designa por “Angst” – que se traduziria mais por ansiedade e menos por medo -, concebida como “um estado de antecipação particularmente indefinida” ou como “intencionalidade da consciência sem qualquer objecto”. A impotência generalizada que caracterizaria este estádio humano foi sendo superada à medida que as ocorrências particulares passaram, a pouco e pouco, de “não familiares a familiares”, de “não explicáveis” a “explicáveis” e de “não nomeadas” a “nomeadas”. A passagem da ansiedade originária (“angst”) a um estado de medo racionalizado (ou de consciência codificada do outro) é um dos momentos-chave desta superação, ou deste primeiro face a face com o desconhecido. Nomear um relâmpago e atribuir-lhe factos significa inscrever essa ocorrência num âmbito familiar ou de proximidade, transpondo-a do desconhecido para a área do conhecido e criando, desta maneira, condições para um posterior uso de signos no contexto já do mágico, do ritual ou da adoração (projectando as ocorrências vividas em “poderes superiores” – “Ubermachten”). O exemplo do olhar de Medusa que “mata convertendo em pedra” herda, naquilo que condensa e poderosamente afirma, esse primeiro momento em que a errância da ansiedade se transforma numa relação em que os termos em presença – um ‘eu’ e o ‘mundo’ – acabam por se significar (e, quando isso acontece, é o medo claramente e não já a ansiedade primordial que passa a mediar as relações entre os humanos e aquilo que os rodeia). Este processo que Hans Blumenberg situa na “Vorverganggenheit” (“passado do passado”) alia sensação, percepção e afectos – entendidos como “condição de quem presta atenção” – a figuras, nomes, histórias e rituais vários que estão nos antípodas das actuais convicções de realismo, baseando-se naquilo que Rudolf Otto designou por “numinous”. A superação do “absolutismo da realidade” é encarada por Blumenberg como uma tarefa lenta e gradual que implicou necessariamente o confronto com obstáculos, e que evoluiu, a pouco e pouco, para uma noção encenada de conjunto. É deste modo que a exegese humana se terá iniciado, conduzindo à prática das primeiras metáforas e a alegorias ininteligíveis e, portanto, aos primeiros processos de significação (sinais que assinalam a caça, sinais que assinalam a compreensão do corpo e da fisiognomia, etc, etc.) que avançam do singular para o universal, gerando entre ambas as esferas uma série de ligações funcionais. Richard Rorty designou este processo teatral como a passagem do “olho do corpo” para o “olho da mente” que, ao fim e ao cabo, se viria a tornar na futura querela dos universais. A lenta passagem do domínio do terror/ansiedade para a relativa estabilidade do mito consistiu, sobretudo, em converter a indefinição inicial em definição nominal (atribuição de nomes) e em transformar o que era estranho e inexplicável em algo familiar e atribuível (ou minimamente referencial). É provável, como refere Hans Blumenberg a propósito da construção dos mitos, que a saturação de imagens e de figuras a que posteriormente se chegou (o labirinto dos deuses e das divindades nas primeiras mitologias) tenha sido uma condição que, inevitavelmente, conduziria a novos patamares, nomeadamente ao patamar do “Logos” tal como os gregos o haviam de caracterizar. Tudo começou pela noite, o enigma sem a consciência ainda de ser um enigma. Seguiu-se o encantamento pelos reflexos (a água que cria imagens especulares) e o momento em que o terror do desconhecido se transformou em medo de objectos particulares. As narrativas orais celebraram os inícios, através de panegíricos da fundação do mundo e da espécie. Os humanos descobriram que têm visões e transformaram-nas em modos de perceber quer o cosmos, quer os episódios mais imediatos. De jangada saíram dos continentes e foram percorrer os mares e alguns rios, navegações costeiras que condensaram percursos e alteridades. Os nomes terão evocado a realidade pela segunda vez e contribuíram para reconverter a experiência acumulada num jogo tão fracturante que as suas flutuações foram quase sempre imputadas às divindades. A passagem do tempo gerou as primeiras melancolias e com elas a invenção de idades do ouro. Há mais de dez milénios, o neolítico travou o nomadismo recolector e permitiu ao humano cantar as entranhas da natureza e entender, entre os muitos mitos da infinitude, modos concretos de sobrevivência e de organização terrenas. As hordas e os estados impuseram limites e as disputas jamais cessaram. Nunca haveriam de cessar. Em nome deste repto total, a guerra tornou-se no denominador comum apaixonado dos povos e conduziu à criação da figura simbólica dos grandes heróis inimitáves. Eis, pois, em brevíssima síntese, o decantar do que farei constar no Canto I de ‘Órbita’, título genérico de um longo trabalho que iniciei há já vários meses e que será composto por dez cantos poéticos (que correspondem pitagoricamente a dez mil versos), precedidos por um romance e sucedido por um ensaio. O projecto faz contracenar uma biografia do mundo (parte poética) com uma biografia singular (romance), deixando para o ensaio o olhar que livremente averiguará a proliferação do sentido em todas estas construções. Não é a obra da vida, mas é a vida escancaradamente a penetrar e a olear os interstícios da obra. A embarcação dos dias precisa de apostas de grande fôlego.
Tinta-da-China edita em Portugal obra sobre literatura de Macau Andreia Sofia Silva - 4 Fev 2021 A editora portuguesa Tinta-da-China acaba de lançar a obra “Macau – Novas Leituras”, que reúne textos de autores como Fernanda Gil Costa, Jorge Arrimar ou Yao Feng. Ana Paula Laborinho, uma das coordenadoras da obra, fala de um livro que pretende, sobretudo, trazer uma visão mais abrangente sobre aquilo que é a literatura de Macau Chama-se “Macau – Novas Leituras” e é o mais recente livro lançado pela editora portuguesa Tinta da China. Trata-se de uma obra que reúne vários escritos sobre a literatura de Macau e que tem coordenação de Ana Paula Laborinho, Gonçalo Cordeiro, Marta Pacheco Pinto e Ariadne Nunes. Ao HM, Ana Paula Laborinho, explicou que este livro nasce das várias comemorações realizadas em 2019 por ocasião dos 20 anos da transferência de soberania de Macau. Uma das iniciativas aconteceu na Fundação Oriente (FO) e foi organizada pelo Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa, com o nome “Literatura de Macau Pós-1999”. Também um centro de investigação da Universidade de Paris-Nanterre, em parceria com o Instituto Camões, organizou a palestra “Macau em Perspectiva: 1999-2019”. O livro conta, portanto, com “algumas participações interessantes, de pessoas que passaram por Macau ou que ainda se encontram lá”, dedicando-se não apenas à literatura de e sobre Macau e à questão da língua portuguesa. Autores como Fernanda Dias, Jorge Arrimar, Duarte Drummond Braga, Fernanda Gil Costa ou Yao Feng compôem as páginas deste livro. Lembrar Estima de Oliveira Ana Paula Laborinho explica que, com esta obra editada pela Tinta da China, se pretendeu também “fazer uma pequena reflexão de poesia recente” editada sobre Macau. “Temos poetas que ainda têm uma relação estreita com Macau, destacando um que já nos deixou, e que consideramos que merece uma justa homenagem, que é o Alberto Estima de Oliveira que viveu muitos anos em Macau e que tem uma obra quase toda editada lá, de grande interesse e substância.” É também feita uma análise da presença de Macau no cinema, sem esquecer a literatura sobre Macau em inglês. “Não há dúvida que existe uma literatura de Macau que se faz em várias línguas, o que significa que há uma maior consciência desses cruzamentos que são da própria história de Macau.” O objectivo, com esta edição, é “apresentar Macau como objecto de estudo, olhado com a distância que estes 20 anos trouxeram, uma distância crítica que é fundamental”. Fazer “uma reflexão sobre o que é a literatura e de que maneira as suas características estão presentes na escrita”, adiantou Ana Paula Laborinho. A ex-directora do Instituto Português do Oriente e ex-presidente do Instituto Camões destaca ainda o facto de, nos dias de hoje, a literatura de e sobre Macau ser mais ampla. “Cheguei em Macau em 1988 e havia um preconceito em relação à literatura de Macau, porque considerava-se que era apenas escrita por macaenses. E o macaense também tinha uma definição muito restrita, o cruzamento de ocidente e China. Os escritores macaenses não chegavam a uma mão cheia. Ao longo de décadas foi feito um trabalho importante de que escrever Macau é muito mais do que a identificação dos seus autores como tendo ou não nascendo no território.” Nesse sentido, “este livro traz um olhar muito mais abrangente sobre o que é Macau e a sua escrita”, rematou.
Empresário português diz ter sido roubado por compatriota de Hong Kong João Santos Filipe - 4 Fev 2021 O que era para ser um negócio de importação de máscaras acabou com perdas de 12.800 dólares americanos. É esta a versão de Sérgio Roriz, que diz ter sido roubado pelo empresário Pedro Ribeiro, actualmente a viver em Hong Kong, depois de ter residido em Macau. O acusado diz estar há quase um ano a tentar contactar o “operador logístico” Um empresário de Braga afirma ter sido roubado no valor de 12.800 dólares norte-americanos por um português chamado Pedro Ribeiro, que vive em Hong Kong e é proprietário da empresa Merciful Fire Dragon Limited. Segundo a versão relatada por Sérgio Roriz ao HM, em causa está um negócio, feito em Abril do ano passado, quando este concordou pagar 12.800 dólares norte-americanos por 15.000 máscaras de protecção que seriam posteriormente enviadas para Portugal. No entanto, apesar do pagamento ter sido feito, o empresário diz que o material nunca chegou ao país. Proprietário de um stand de venda de automóveis, a situação pandémica levou o empresário Sérgio Roriz a apostar num negócio de importação e venda de equipamentos de protecção individual. Depois de feitos alguns contactos, Roriz recebeu a recomendação de um amigo em Macau para que entrassem em contacto com Pedro Ribeiro, um português a viver em Hong Kong que teria meios para fazer encomendas e enviar o material. “Eu comecei este negócio novo e precisava de um contacto sério na Ásia para poder adquirir material. Foi-me dado o contacto de Pedro Ribeiro, por um amigo que tenho em Macau, e que me foi apresentado como sério”, relatou Sérgio Roriz. Feitos os primeiros contactos, Pedro apresentou-se como representante da empresa Merciful Fire Dragon Ltd e disponibilizou-se para vender as quantidades pretendidas, ou seja, 10.000 máscaras para cirurgias, como as disponibilizadas pelos Serviços de Saúde para os cidadãos, e ainda 5.000 máscaras do tipo KN95. As primeiras tinham um custo de 4.300 dólares americanos e as segundas 8.500 dólares, o que totalizou um pagamento de 12.800 dólares, que representa aproximadamente 102.031 patacas ou 11.730 euros. Pagamento feito Com o acordo verbal alcançado, Pedro Ribeiro enviou, por correio electrónico, um memorado com a intenção de venda e ainda um contrato a estipular as condições do negócio, ambos assinados a 12 de Abril. Nos documentos, o cidadão português em Hong Kong apresenta-se como representante da Merciful Fire Dragon Ltd, e o contrato apresenta o carimbo da empresa, assim como uma assinatura, que é imperceptível. No dia seguinte, Sérgio Roriz deslocou-se a um balcão do Millenium BCP e fez uma transferência no valor de 12.800 dólares americanos para uma conta no banco Standard Chartered Bank, em Hong Kong, em nome de Pedro Ribeiro. A partir desse dia passou um mês, dois meses… e o material nunca mais chegava, o que levou Sérgio a entrar em contacto várias vezes com Pedro. “Ele no princípio enrolava-me e dizia que estava ocupado a fazer outros grandes negócios. Também me dizia que 12 mil euros não eram quase nada para ele, porque os outros negócios eram muito maiores”, recorda. “Só que depois acabou mesmo por me bloquear nas redes sociais, no WhatsApp e nem respondeu aos contactos por email. Nunca mais me disse nada…”, acrescentou. Sérgio Roriz contou ainda que depois da situação entrou em contacto com o amigo de Macau, que lhe pediu desculpas. A alegada vítima diz ainda ter entrado em contacto com um advogado em Portugal para perceber como poderia recuperar o dinheiro, mas foi desencorajado a avançar para a Justiça devido à burocracia envolvida e por ser um caso transfronteiriço. Negócio confirmado Ao HM, Pedro Ribeiro confirmou ser proprietário da empresa Merciful Fire Dragon Ltd, ter recebido o dinheiro na conta e encerrado os canais de comunicação com o empresário em Portugal. Todavia, sublinhou estar a tentar entrar em contacto com o operador logístico para confirmar se a entrega foi feita. “O operador logístico desapareceu. [O Sérgio Roriz ] é a única pessoa com quem tenho esse tipo de problemas. […] Ando quase há um ano à procura desse operador logístico”, disse o empresário, que indicou ter recorrido aos tribunais. Pedro Ribeiro levanta ainda dúvidas sobre a não recepção da encomenda. “O mesmo operador logístico que era suposto entregar uma carga, entregou outra carga que devia estar em conjunto com a dele, em Braga”, afirmou. “Mas não posso dizer quem é o operador logístico, porque o assunto está em tribunal. Eu sei lá se as pessoas estão em cima das coisas para me processarem…”, acrescentou. Ao HM, Pedro Ribeiro fez ainda chegar um screenshot com uma referência que diz ser o percurso feito pela carga que foi entregue a outro cliente em Braga, mas cuja identidade não revelou. O screenshot fornecido faz parte do sistema de acompanhamento de entregas da operadora UPS. Pedro Ribeiro diz que a UPS foi utilizada pela operadora de logística chinesa, que disse sempre estar impossibilitado de identificar, devido à confidencialidade dos acordos comerciais. Comunicações cortadas O empresário radicado em Hong Kong confirmou ainda ter bloqueado nas redes sociais Sérgio Roriz. “Eu fechei os canais de comunicação porque esse senhor pensa que as coisas têm de ser feitas no tempo que ele quer e lhe apetece”, justificou. “Vamos perceber uma coisa, eu não trabalho para ele, não sou empregado dele. E muito menos admito que me falem em certos tons, por muita razão que as pessoas tenham”, apontou. O empresário diz também ter tido problemas para recuperar o dinheiro de encomendas no Interior, onde afirma ter um processo a correr nos tribunais. Contudo, mesmo que recupere o montante dessa causa, não assume o compromisso de devolver o dinheiro a Sérgio Roriz. “Neste preciso momento, não tenho capacidade para pagar. Já tive capacidade de devolver. Mas, sabe porque é que não devolvi? Porque eu não consigo confirmar se a carga foi entregue”, indicou. Já quando questionado se a solução mais fácil não passaria apenas devolver o montante, o empresário respondeu assim: “O mais fácil era para toda a gente e mais alguém. E eu ficava agarrado… […] E depois se aparecer o operador logístico e disser que a carga foi entregue, depois vou eu andar atrás?”, questionou. Pedro Ribeiro levantou também dúvidas pelo facto de Sérgio Roriz não ter recorrido aos tribunais. O HM contactou ainda o Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong para saber o que é possível fazer nestes casos, e recebeu a seguinte resposta: “O cidadão queixoso, residente em Portugal, poderá enviar um e-mail ao Consulado Geral […] e nós providenciaremos diretamente ao próprio os contactos das entidades oficiais da RAEHK junto das quais o referido cidadão poderá apresentar queixa”, foi explicado. “Em caso de insucesso, o Consulado Geral (com o apoio da AICEP) poderá intervir diretamente numa fase posterior”, foi acrescentado.
CCAC | Queixas à Comissão de fiscalização não envolveram infracções disciplinares Salomé Fernandes - 4 Fev 2021 A presidente da Comissão especializada para a fiscalização dos problemas relacionados com queixas contra a disciplina do pessoal do Comissariado contra a Corrupção, Kwan Tsui Hang, submeteu na terça-feira o relatório anual ao Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. De acordo com um comunicado do Gabinete de Comunicação Social, a responsável indicou que as queixas recebidas em 2020 “para além de serem poucas, não envolveram qualquer infracção disciplinar”. Além disso, Kwan Tsui Hang apresentou sugestões de melhorias, um processo que contou com a colaboração do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Na reunião, o Chefe do Executivo reconheceu o trabalho da Comissão, elogiando o “contributo à integridade da RAEM, através das valiosas opiniões emitidas”, que entende permitirem reflectir sobre as ideias da população sobre integridade. Ho Iat Seng disse também que “o resultado do trabalho desempenhado pela Comissão contribui para elevar o reconhecimento e a aceitação geral do CCAC na sociedade”, acreditando que o CCAC exerce as suas funções “de forma imparcial e pragmática”. No encontro, o comissário contra a Corrupção Marcou presença, afirmando que a fiscalização tem um “efeito dissuasor” e salientando que recomenda aos colegas que os trabalhos não devem nunca ultrapassar os limites legais.
Residentes pedem ajuda para regressar a Macau entre Março e Abril Salomé Fernandes - 4 Fev 2021 Foram 12 os residentes de Macau que se encontram em Portugal e pediram ajuda para regressar ao território. Duas destas pessoas chegaram a ter bilhete para o voo que chegou no dia 21 deste mês, mas não seguiram viagem por motivos pessoais A Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa (DECML), recebeu pedidos de ajuda de 12 pessoas para regressarem à RAEM entre finais de Março e princípios de Abril. “Todos os nomes constantes na lista são portugueses’”, respondeu a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) ao HM. Recorde-se que a DECML alertou na terça-feira que mais de uma dezena de residentes de Macau pediram ajudar por se encontrarem impossibilitados de regressar por causa da prorrogação do estado de emergência em Portugal e da limitação dos transportes. A DECML comunicou que estava em contacto com os serviços da RAEM para tomar medidas para o regresso destes residentes. Depois da decisão das autoridades de Taiwan em proibir a entrada e trânsito de estrangeiros a partir de 1 de Janeiro, o que dificultou a deslocação de pessoas entre Macau e a Europa, foi recomendado como opção de regresso à RAEM um voo da KLM com saída de Amsterdão e destino a Tóquio, seguido de uma ligação a Macau. Alguns dos residentes que pediram ajuda à DECML chegaram a ser informados desse voo. Quatro das pessoas constantes na lista foram contactadas ou informadas sobre o voo que regressou a Macau no passado dia 21 de Janeiro. “Destas quatro, duas possuíam bilhete para o voo que regressou a Macau no passado dia 21 de Janeiro, mas acabaram por não prosseguir viagem por motivos pessoais”, indica a DST. Além destas situações, uma pessoa constante da lista contactou o Gabinete de Gestão de Crises de Turismo em finais de Janeiro de 2021, informando que detém tanto documentação de residente de Macau como de Hong Kong e que pretendia regressar à RAEM “assim que possível”. Contexto volátil De acordo com a DST, todos os pedidos de natureza semelhante recebem a resposta de que não é possível prever o que poderá acontecer nos dias, semanas ou meses seguintes, uma vez que qualquer país ou destino pode implementar ou alterar medidas de restrição de entrada ou trânsito. Assim, é recomendado aos interessados que se mantenham atentos às informações das conferências de imprensa semanais do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, bem como “permanecer em contacto com as suas agências de viagens e Consulados/Embaixadas mais próximos dos países por onde poderão ter de passar até ao seu regresso a Macau”.
Jogo | Lio Chi Chong tomou posse como subdirector da DICJ Andreia Sofia Silva - 4 Fev 2021 Outra alteração na Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos: Lio Chi Chong é o novo subdirector, substituindo Leong Man Ion, que sai por “motivos pessoais”. Adriano Ho, director, destacou a experiência de Lio Chi Chong como investigador criminal e em matérias relacionadas com a protecção dos dados pessoais A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) tem, desde ontem, um novo subdirector. Lio Chi Chong tomou posse em substituição de Leong Man Ion, que resolveu deixar o cargo por “motivos pessoais”. Na tomada de posse, Lio Chi Chong “comprometeu-se a prestar todo o apoio ao director da DICJ na optimização do funcionamento administrativo, bem como da gestão interna, por meio da utilização das tecnologias de informação, avançando mais um passo para a construção de uma equipa de trabalho profissional e de alta eficácia”, aponta um comunicado. Adriano Ho, director da DICJ, destacou a experiência profissional do novo subdirector, nomeadamente como investigador criminal na área das forças de segurança e na área jurídica, ao nível da protecção dos dados pessoais. Lio Chi Chong desempenhou também trabalhos de monitorização e de tecnologias aplicadas no domínio dos recintos de exploração de jogos de fortuna ou azar. O novo subdirector “tem capacidade profissional, experiência e habilitações literárias para exercer funções de dirigente na DICJ”, aponta o mesmo comunicado. A entrada de Lio Chi Chong para o Governo aconteceu em 1999, tendo trabalhado na Polícia Judiciária, Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético e no Gabinete para a Protecção dos Dados Pessoais. É licenciado em engenharia electrotécnica e electrónica pela Universidade de Macau, mestre em Direito da Universidade de Zhongshan, em Guangzhou, licenciado em Direito pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e pós-graduado no Programa de Introdução ao Direito de Macau pela Universidade de Macau. Adaptação, precisa-se Na cerimónia de tomada de posse, Adriano Ho lembrou a necessidade de, tendo em conta “o desenvolvimento da sociedade que a DICJ se adapte à realidade, procedendo a um aperfeiçoamento contínuo das atribuições do organismo e executando, de melhor forma, todos os trabalhos inerentes”. O responsável apelou ainda a que todos os funcionários da DICJ trabalhem em prol da “sustentabilidade do desenvolvimento saudável e ordenado do sector do jogo, em harmonia com os interesses da sociedade”. Esta é a segunda alteração no corpo directivo da DICJ em poucos meses quando, em Junho do ano passado, Adriano Ho tomou posse como director. Na altura, o responsável comprometeu-se “a prosseguir escrupulosamente as ideias governativas definidas pelo Governo e a liderar a equipa de pessoal da DICJ de forma a fazerem os seus melhores para executar, conjuntamente e com honestidade e integridade, as funções de inspecção e monitorização do sector do jogo”.
Pagamentos com “Simple Pay” arrancam segunda-feira Salomé Fernandes - 4 Fev 2021 O “Simple Pay”, agregador de pagamentos electrónicos promovido pelo Governo, vai arrancar na segunda-feira, de forma experimental. Inicialmente vai ser possível recorrer a este sistema com o consumidor a apresentar o seu “QR code” para o lojista fazer a digitalização. Se a experiência tiver sucesso, prevê-se que em Março avance para uma segunda fase, na qual os cidadãos passam a poder fazer o “scan” do código das empresas. De acordo com a administradora da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), os bancos e as instituições financeiras estão a “realizar experiências preliminares quanto ao sistema e ao procedimento operacional junto dos comerciantes pilotos”. Henrietta Lau acrescentou que as opiniões recolhidas indicam que a verificação das contas passou a ser mais fácil depois da actualização do “Simple Pay”. Do lado dos comerciantes, a AMCM aponta ainda como vantagens a dispensa da necessidade de vários aparelhos, redução do trabalho de verificação de contas junto das várias instituições financeiras e uma gestão mais fácil do fluxo de caixa. O Governo espera também que haja um aumento do volume de negócios. “Com a evolução do mercado e a concorrência positiva, os comerciantes vão ser beneficiados”, disse Ho Chong Wa, técnico do departamento de supervisão bancária da AMCM. Menos custos O Simple Pay vai aceitar os sistemas de pagamento da UePay, Tai Fung Pay, MPay, Lusopay, ICBC epay, CGB Pay, BOC Macau e Alipay. “Além dos instrumentos de pagamento locais ainda pode prestar serviços para as carteiras electrónicas do exterior”, esclareceu por sua vez Ho Chong Wa. Ontem, foi também explicado que o lançamento do serviço de pagamento agregado não impede os comerciantes de darem descontos aos cidadãos. “Os descontos concedidos não vão deixar de existir, vão continuar”, disse o representante da AMCM. Questionada sobre as despesas dos comerciantes com o aparelho, Henrietta Lau afirmou ontem que “de modo geral, o custo de funcionamento vai diminuir”, sem especificar o impacto previsto. Ho Chong Wa, técnico do departamento de supervisão bancária da AMCM, indicou que em Macau já existem 70 mil máquinas que aceitam o pagamento móvel e os “QR Code”, frisando que a cabe aos comerciantes avaliarem se querem manter os aparelhos. Recorde-se que no ano passado se fizeram 65,49 milhões de transacções de pagamentos electrónicos, atingindo um valor total de 6,33 mil milhões de patacas, representando cinco vezes mais do que em 2019 e 71 vezes o registado em 2018.
Ano novo chinês | Wong Kit Cheng pede medidas de incentivo à economia Hoje Macau - 4 Fev 2021 Em interpelação escrita, a deputada Wong Kit Cheng perguntou ao Governo se pode estudar medidas para convencer a população a ficar em Macau durante o ano novo chinês e incentivar o consumo interno nas comunidades, na sequência do apelo das autoridades da China continental para as pessoas evitarem deslocações. A deputada da Associação Geral das Mulheres quer que seja estudada a possibilidade de os cupões de consumo destinados aos turistas serem também distribuídos aos cidadãos em Macau. O objectivo é elevar a vontade de consumo dos residentes e trabalhadores não residentes, bem como aliviar o impacto do reduzido número de visitantes junto das pequenas e médias empresas. Por outro lado, de forma a equilibrar as medidas de prevenção da pandemia e a atmosfera festiva do ano novo chinês, a deputada pediu para as actividades serem distribuídas por estabelecimentos comerciais das diferentes comunidades. Wong Kit Cheng recordou que apesar da recuperação demonstrada pelo regresso do volume de turistas para 21 mil visitantes por dia, a pandemia voltou a propagar-se. Assim, quer saber como serão ajustadas as medidas para revitalizar o sector do turismo.