Primeiro acto – Cena 3

Valério serve-se de mais vinho enquanto o amigo continua os seus afazeres na divisão dos fundos.

Valério
Um aluno consultor…

Valério desata a rir às gargalhadas, entornando vinho na camisa, nas calças e no chão. Pousa o copo no chão e vai buscar um pano ao balcão de madeira, perto do lava-loiças.

Gonçalo
[fora de cena]
O que é que disseste?

Valério
Nada!

Gonçalo
[ainda fora de cena]
Um aluno consultor!

Valério
Tens ouvidos de tísico!

Valério limpa a camisa e as calças com o pano molhado. Gonçalo regressa da divisão dos fundos e volta a sentar-se na sua cadeira.

Gonçalo
Sabes que eu tenho livros publicados?

Valério
E…?

Gonçalo
Nada…

Valério
Eu disse que ias fazer birra!

Valério regressa ao seu lugar e volta a servir-se de vinho.

Valério
E disseste que as paredes são densas e desfocam bastante quanto explicaste que ele não conseguia ver muito bem o que se passava do lado de fora da estufa. Por densas, querias dizer espessas, embora, neste caso, densas seja perfeitamente aceitável como sinónimo. Mas ajudaria mais falar em espessura, ou mesmo em grossura, para dar mais ênfase à desfocagem que aludiste. Mas é como te digo, a densidade, aqui, e tendo em conta de que se trata de um conto de ficção-científica… [sorri] fica muito bem.
Gonçalo
[irritado]
Se fica bem, porque é que estás a… ?

Valério
[interrompendo]
Porque tudo o que tu fazes, escreves, contas, estudas, ouves, lês… tudo, tem de ter a minha aprovação!

Gonçalo abre a boca, chocado. Ameaça rir, mas a facada que levou não o deixa.

Valério
Não faças esse ar, é assim que nós os dois funcionamos! Lês uma crítica má a um livro que adoraste, sentes-te inseguro, será que ando enganado? e lá vens tu então, já leste isto? e ficas à espera que eu te dê a minha opinião. Porque se eu gosto, deve ser bom! E andas dias a chatear-me… já leste? já leste?… Mas és incapaz de me dizer olha, gosto de um livro de que toda a gente anda a dizer mal, achas que tenho um gosto duvidoso? Alguma coisa deve ter acontecido, andas inseguro com alguma coisa… e eu sei o que
é! Essa história do conto de ficção científica rejeitado traz água no bico, contigo é sempre assim… ando às apalpadelas até perceber se é o interruptor ou se o raio que o parta… e tu sempre à frente, armado em sonso, a mudar o braille das paredes! E isto começou porque não me perguntaste o que é que eu achava da tua primeira descrição de há pouco, a do cenário de guerra… foi ou não foi? Interrompi com uma piadinha e tu começaste logo a roer-te todo por dentro… ai, ele não deve ter gostado! E o menino pôs-se à pesca, a ver se eu mordia… ’tadinho de mim.. olha, sabias que uma vez me recusaram um conto… E o que me estavas a contar, chapéu! Portanto, já são dois boicotes seguidos…

Gonçalo
Boicotes!?

Valério
Seguidinhos, meu amigo! Mas tudo bem, quem fica a perder és tu, não vais saber o que eu penso da tua ideia para o novo livro, nem vais saber o que eu penso do teu conto recusado…

Gonçalo
[irónico]
Porque és tu quem aprova as minhas obras antes do editor!

Valério
Basta eu torcer o nariz a uma vírgula e adeus… são mais três meses de molho a bateres com a cabeça nas paredes.

Gonçalo
[irritado]
Porque és tu quem aprova as…!

Valério
Tu é que fazes por isso! Vê lá se foste descrever o orgasmo de guerra ao teu editor… Ah, pois é! Tens medo das tuas ideias…

Gonçalo
Tenho o quê?!
Valério
Borras-te todo… [Valério põe-se a escrever furiosamente num teclado imaginário.] “Um neo-nazi entra num bar”… ai, meu Deus! Um Neo-Nazi, porquê? Porque é que ele entra num bar? Ainda há quem entre em bares? E como é que ele entra? Porquê num bar? Porque é que ele entra onde quer que seja? Porque não “Um Neo-Nazi entra…”? Não, se calhar é só “Um entra…”! Não, não, isto não dá! Vou desistir… vou deixar de escrever, a minha vida acabou!

Gonçalo
Mas o que é que tem o eu ter medo das minhas ideias com o bypass ao editor?

Valério
Porque me tens em grande consideração…? Porque achas que eu sou um tipo inteligente e carismático…?

Gonçalo
Espera! Primeiro, explica lá isso de eu ter medo das minhas ideias!

Valério
[rindo]
Ai, agora temos ordem de trabalhos… sim senhor, vamos lá! Ponto número um, medo das tuas ideias… precisas mesmo que eu explique melhor!

Gonçalo
Acho que percebo o que queres dizer…

Valério
Vês, já estás a fazer o mesmo…! Percebeste perfeitamente o que eu quero dizer, mas estás a arranjar uma maneira de sair por cima, como se sempre tivesse sido evidente para ti que toda a gente sabe que tens medo das tuas próprias ideias. [pausa] Faz-me a pergunta! Achas que tenho medo das minhas próprias ideias?

Gonçalo
Oh!

Valério
Acho… mas das ideias boas! Das que te tiram o tapete, como “O Joãozinho Neo-Nazi vai à escola e no meio de uma aula de história distrai-se e tem um orgasmo de guerra”… e ficas borrado, porque sabes que aquilo é radioactivo e vens logo a correr… para quem? Para mim… para o teu paizinho que te quer tão bem!

Agora é Valério quem se levanta e sai pela porta do fundo. Gonçalo fica a sós, com o seu copo de vinho e as suas ideias.

Armazém do Boi | 15º Festival Internacional de Artes Performativas continua amanhã

Depois de um primeiro evento no último fim-de-semana, o 15º Festival Internacional de Artes Performativas, organizado pelo Armazém do Boi, continua amanhã e sábado no edifício do Antigo Tribunal. Um total de 20 artistas expõem os seus trabalhos num evento que celebra 15 anos de existência. O corpo humano como meio de comunicação é o tema principal de workshops, palestras e exposições

 

O edifício do antigo tribunal recebe, já a partir de amanhã, dia 26, a continuação da 15ª edição do Festival Internacional de Artes Performativas (MIPAF, na sigla inglesa), organizado pelo Armazém do Boi, depois do arranque do evento no passado fim-de-semana.

A edição deste ano marca o 15º aniversário daquele que é um dos eventos mais importantes da associação de cariz cultural. Um total de 20 artistas, oriundos de Macau, Hong Kong, Chongqing ou Shenzhen, entre outras cidades, participam no festival cujo cartaz apresenta workshops, exposições, palestras e performances ao vivo. O programa divide-se em três áreas distintas, “MIPAF Talk”, “MIPAF Live Performance Art” e “MIPAF Fórum”. A curadoria do evento está a cargo de Ng Fong Chao, presidente do Armazém do Boi.

O “corpo humano como um meio de comunicação aberto” é o tema do evento, que se centra “nos elementos do teatro experimental como o tempo (processo/curso), espaço (lugar), ocasionalidade (incerteza) e interactividade (fluidez)”. Esta edição pretende, acima de tudo, “observar e examinar o novo meio ambiente partilhado, com o foco na exploração de ideias únicas e da essência da arte corporal”, explica o Armazém do Boi.

A organização observa ainda que o MIPAF “promove a arte conceptual que se foca na performance individual através do uso do corpo, criada através da integração de técnicas artísticas e formatos que incluem performance, som, instalação, internet, imagens e multimédia”. “Ao misturar vários meios de comunicação, materiais e elementos de uma forma aberta para a apresentação final, traz maior diversidade aos trabalhos, ao mesmo tempo que se desvanecem os limites da criação artística”, acrescenta ainda a organização.

Dois artistas de Macau

O festival teve início no último sábado e domingo, dias 20 e 21, com um workshop no espaço Art Garden. Para amanhã está agendada uma performance ao vivo, no edifício do antigo tribunal, entre as 19h e as 21h. Este espectáculo repete-se no domingo, no mesmo local, mas entre as 15h e as 18h. O evento “Forum” tem lugar no sábado entre às 20h e às 22h, também no edifício do antigo tribunal.

De Macau participam artistas como Luciano Ho e Judy Lei Iok Kuan. Nascida em Macau, Judy Lei Iok Kuan formou-se no Instituto de Artes Plásticas da Universidade Nacional de Tainan. “O foco central do meu trabalho é explorar o interior das pessoas e a sua relação externa com os outros, centrando-me na opressão da vida diária e também nos meus próprios pensamentos sobre a vida”, declarou a artista.

Para Judy Lei, a sua geração “está cheia de violência”, algo que “causa opressão no nosso corpo e na nossa mente”. A artista tem como objectivo, com o seu trabalho, “realizar cenas ficcionais através de performances ao vivo, provocando o público para participar, a fim de ver o que vai acontecer e experimentar os momentos actuais de cada tempo e espaço específico com esse mesmo público”.

Luciano Ho, que também revela o seu trabalho este fim-de-semana, formou-se em literatura chinesa e história na Universidade Nacional Cheng Kung. Mais tarde fez um mestrado em Administração Pública na Universidade de São José. Luciano Ho escreve para o jornal All About Macau sobre temas tão diversos como cinema, teatro e literatura.

As suas atenções viram-se também para a música, uma vez que toca os instrumentos Naamyam e Banhu, associados à cultura cantonense, além de ter tentado aprender saxofone. Neste momento Luciano Ho está a trabalhar num texto de ficção com o nome “Classes Do Not Dismiss”.

A 15º edição do MIPAF conta também com artistas oriundos de algumas cidades da China e também de Hong Kong. Ren Qian, natural de Chongqin, é um deles. Nascido em 1971, Ren Qian formou-se em pintura a óleo em Sichuan, sendo que actualmente trabalha e vive entre as cidades de Chogqin e Nova Iorque.

Desde 1999 que o artista chinês se dedica ao trabalho artístico revelado em diversas plataformas, onde se incluem performances ao vivo, instalação, som e vídeo, sem esquecer a fotografia. O trabalho de Ren Qian também será revelado este fim-de-semana no edifício do antigo tribunal.

Destaque ainda para o trabalho de yuenjie MARU, nascido em Hong Kong. Yuenjie MARU é um bailarino que trabalha sobretudo com a arte do improviso, embora aposte também em outros meios artísticos como o desenho, a escrita, o teatro e a instalação.

A 15ª edição do MIPAF conta também com a participação de Shi Ke, He Libin e Xu Tan, responsáveis pelo trabalho de observação académica.

Fronteiras | Residentes estrangeiros poderão pedir visto para a China

Os residentes estrangeiros em Macau vão poder, a partir da próxima segunda-feira, obter vistos para entrar na China continental, anunciou o gabinete do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Tendo em conta a última situação de prevenção e controlo da pandemia da covid-19 na RAEM e as necessidades de intercâmbio cultural e desenvolvimento económico, em 1 de Março de 2021 o gabinete do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na RAEM começará gradualmente a aceitar os pedidos de visto da China continental para residentes estrangeiros” naquele território, de acordo com um comunicado publicado no ‘site’ da entidade, na terça-feira.

Na nota, é ainda indicado que a decisão abrange residentes estrangeiros permanentes e não permanentes no território.

Os pedidos passaram a ser admitidos desde ontem, através do formulário electrónico disponível no site reservado aos requerimentos de visto para a China (COVA, na sigla em inglês) do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O Governo Central suspendeu em 28 de Março de 2020 a entrada de cidadãos estrangeiros na China, incluindo com visto ou autorização de residência, tal como a política de isenção de visto de 144 horas adoptada pela província chinesa de Guangdong para grupos de turistas estrangeiros oriundos de Hong Kong e de Macau, como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus.

Myanmar | PSP diz que TNR não têm direito a manifestar-se

O CPSP considera que os trabalhadores não residentes não têm o direito a manifestar-se, depois de um não residente ter ido a uma esquadra informar-se sobre o procedimento a adoptar para uma actividade contra o golpe de estado no Myanmar. Um residente, natural do país, chegou a fazer um pedido prévio para uma iniciativa semelhante, mais tarde retirado por sua iniciativa

 

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) defende que os trabalhadores não residentes (TNR) não estão abrangidos pela lei de reunião e manifestação. Segundo a TDM Rádio Macau, o porta-voz da CPSP, Kim Ka Kit, disse que “como são não residentes, quando fazem assembleias e reuniões, podem não estar protegidos por esta lei”.

“De acordo com a lei, os direitos dos não residentes não estão protegidos por este diploma mas eles podem ter outras formas de expressar as suas opiniões através de meios legais”, acrescentou.

Estas declarações surgem depois de um TNR ter ido a uma esquadra pedir informações sobre a realização de uma actividade contra o golpe de estado que aconteceu a 1 de Fevereiro no Myanmar, tendo-lhe sido explicado que não goza desse direito.

“Os nossos agentes explicaram-lhe que as provisões da Lei 2/93/M sobre a reunião e manifestação apenas mencionam os direitos dos residentes de Macau – não é para os não residentes. Explicámos-lhe o que está na lei”, indicou Kim Ka Kit, porta-voz do CPSP.

O mesmo responsável disse ainda que os TNR podem expressar-se por outros meios. “Talvez se estes não residentes de Macau tiverem algum pedido podem contactar os consulados dos seus países para expressarem as suas opiniões”. O HM tentou obter uma reacção do consulado do Myanmar em Macau e Hong Kong, mas até ao fecho desta edição não foi obtida uma resposta.

Esta semana o portal Macau Concelears noticiou a alegada detenção, no passado dia 14, de quatro TNR do Myanmar na zona dos três candeeiros. Segundo a notícia, as autoridades terão confiscado os documentos destes cidadãos, além de que estes seriam sujeitos a repatriamento assim que os voos comerciais voltassem à normalidade.

No entanto, uma resposta do CPSP aos media afastou este cenário. “Depois de analisar as informações, [o CPSP] não deteve cidadãos do Myanmar na zona dos Três Candeeiros no dia 14 de Fevereiro”, lê-se.

O porta-voz do CPSP disse à TDM Rádio Macau que um residente, de origem birmanesa, chegou a apresentar um pedido de aviso prévio de reunião para esta zona, pedido esse retirado mais tarde por sua iniciativa. Esse pedido seria para uma iniciativa a acontecer a 14 de Fevereiro, dia em que, segundo o CPSP, ocorreu apenas um encontro habitual de pessoas naturais do Myanmar. O CPSP voltou a frisar que ninguém foi detido nesse dia e que não havia cartazes no local.

“A PSP não definiu o encontro que eles estavam a ter como uma reunião ou manifestação, por isso, só levámos a cabo uma acção regular de verificação do cartão de identificação”, afirmou Kim Ka Kit. Além deste pedido prévio feito por um residente, a 8 de Fevereiro, não houve mais pedidos formais de reunião ou manifestação feitos às autoridades.

O que diz a Lei Básica

A posição do CPSP parece divergir daquilo que a Lei Básica defende no que diz respeito ao direito de reunião e manifestação. No seu artigo 27, a mini-constituição da RAEM diz que os “residentes de Macau gozam da liberdade de expressão, de imprensa, de edição, de associação, de reunião, de desfile e de manifestação, bem como do direito e liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves.”

Logo a seguir, no artigo 43, é reiterado que “as pessoas que não sejam residentes de Macau, mas se encontrem na Região Administrativa Especial de Macau, gozam, em conformidade com a lei, dos direitos e liberdades dos residentes de Macau, previstos neste capítulo”. O golpe de estado no Myanmar, a 1 de Fevereiro, levou à detenção de Aung Sang Suu Kyi e outros dirigentes do partido que venceu as eleições de Novembro de 2020.

Costa Nunes | Fundação Macau antecipa cortes e 15 empregos ficam em risco

A instituição liderada por Wu Zhiliang disse aos deputados que há “falta de razoabilidade e justiça” nos subsídios atribuídos ao jardim de infância. Os possíveis cortes ameaçam empregos e Miguel de Senna Fernandes pede sensibilidade

 

A Fundação Macau considera que como o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes passou a integrar a rede de ensino gratuito que a atribuição de subsídios é uma “falta de razoabilidade e justiça”. A posição ameaça 15 postos de trabalho, segundo Miguel de Senna Fernandes, mas foi declarada pelo presidente da fundação, Wu Zhiliang, numa reunião com os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas.

De acordo com o relatório de trabalhos da comissão liderada por Mak Soi Kun, revelado ontem, a questão sobre a legitimidade dos subsídios partiu dos deputados. E na resposta, a fundação afirmou que situação é injusta e abriu a porta para parar o financiamento. “Segundo os representantes da Fundação Macau, como esta nunca concedeu qualquer apoio financeiro às escola integradas na rede de ensino gratuito e, neste momento, o Jardim Infância D. José da Costa Nunes já faz parte das escolas integradas na rede, se continuar a ser subsidiado pela Fundação Macau, haverá falta de razoabilidade”, foi explicado, segundo a versão que da Assembleia Legislativa, sobre a reunião.

O documento não nomeia os deputados que questionaram o financiamento ao Costa Nunes. A comissão conta com pelo menos três deputados apoiados por associações que têm escolas integradas na rede de ensino gratuito. Por exemplo, Wong Kit Cheng está ligada à Associação das Mulheres, assim como Chan Hong, cuja associação gere a Escola da Associação Geral das Mulheres de Macau. No caso de Chan, além da ligação à associação, a deputada é ainda vice-directora da Escola Secundária Hou Kong, também esta integrada da rede. Da comissão faz ainda parte Leong Sun Iok, apoiado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), responsável pela Escola Secundária Técnico-Profissional da Federação da FAOM.

Empregos em risco

No último ano, segundo o boletim oficial e com diferentes justificações, a Fundação Macau entregou 1,52 milhões de patacas em subsídios ao D. José da Costa Nunes ou à Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) para despesas relacionadas com o jardim de infância, gerido pela instituição.

Ao HM, o presidente da APIM, Miguel de Senna Fernandes, garantiu que ainda não houve nenhuma comunicação oficial sobre o corte dos subsídios. No entanto, o presidente da APIM apelou a que haja sensibilidade para a situação da escola, uma vez que os subsídios da Fundação Macau garante o emprego de cerca de 15 auxiliares e serventes.

“Como o jardim de infância entrou na rede já estávamos à espera que não houvesse apoios no que respeita aos vencimentos das educadores, porque o dinheiro passa a vir dos Serviços de Educação”, admitiu Miguel de Senna Fernandes. “Mas a estrutura do jardim de infância, e quando temos em conta o pessoal ao serviço da instituição, ainda são necessários apoios para garantir os salários de auxiliares e serventes. Há um determinados número de pessoas que não está abrangido pelos apoios da rede, para o qual o financiamento dos Serviços de Educação não dá resposta, mas que é essencial para o funcionamento e para a qualidade do ensino”, indicou. “Para que estas pessoas continuem a trabalhar no jardim de infância é necessário que haja um apoio neste sentido, ou então vamos enfrentar várias dificuldades se a Fundação Macau decidir cortar”, frisou.

Questão de sensibilidade

Face ao cenário apresentado aos deputados, e que ainda não foi confirmado oficialmente, o presidente da associação admite que não está em posição de fazer exigências, mas apela à compreensão a bem da qualidade da educação na instituição. “Se tivermos de despedir pessoal, toda a escola vai se afectada. Espero bem que a Fundação Macau não vá proceder, ou pelo menos, que não prejudique esta gente de um apoio para os seus vencimentos”, apelou. “Este pessoal é fundamental para o que tem sido feito no Costa Nunes e tem sido feito sempre assim. São duas categorias profissionais que foram sempre respeitadas no Costa Nunes”, acrescentou.

O presidente da APIM recordou também que a escola tem tido um modelo de funcionamento e que este seria gravemente prejudicado, no caso de cortes cegos. “Só espero que a Fundação Macau ao debruçar-se sobre os apoios financeiros na parte do funcionamento das instituições não vá cortar cerce como tem sido feito em relação a outras entidades. Espero que tenham em conta a particularidade destas categorias profissionais”, desabafou.

Concertação Social só emite parecer da Lei Sindical no último trimestre

“Tenho de ser honesto, todos sabem que a parte patronal não tem muito interesse na Lei Sindical”, afirmou ontem Vong Kok Seng, vice-presidente do Conselho de Administração da Câmara do Comércio de Macau, à saída da primeira reunião do ano do Comité Permanente da Concertação Social (CPCS). O representante dos patrões, acrescentou ainda que a lei sindical “não é urgente, nem necessária” e que neste momento, a prioridade deveria ser a “recuperação económica e do ambiente de negócios”.

As declarações de Vong Kok Seng indicam o estado em que se encontra o processo de legislar o diploma sindical. As partes laboral e patronal ainda estão a analisar o documento de consulta da lei sindical, e só vão emitir parecer no último trimestre do ano. Algo que não será fácil, pelo menos para o patronato, como reconheceu o seu representante, porque devido à falta de interesse na lei, “é muito difícil reconhecer as opiniões de patrões”.

Vong Kok Seng não acha que é possível suspender a elaboração da lei, “porque tanto o Governo, como a parte laboral acham necessário”, e porque é uma exigência decorrente da convenção da Organização Internacional do Trabalho que Macau subscreveu. “Por isso, vamos colaborar”, acrescentou.

Dar a conhecer

Sem especificar, os representantes da parte laboral entendem que os dias de férias remuneradas deveriam aumentar. Algo que, naturalmente, não é visto da mesma forma pelo patronato. “Estes dias são considerados como critérios mínimos e não máximos. Muitos empregadores já oferecem condições mais favoráveis, muitos trabalhadores gozam de mais de 6 dias de férias remuneradas, não precisamos alterar a lei”, referiu o dirigente da Câmara do Comércio de Macau.

Quanto à lei sindical, Choi Kam Fu, representante dos trabalhadores, considera apropriado que a discussão e consulta pública sobre a Lei Sindical se realize no último trimestre deste ano. A calendarização permite tempo suficiente para contactar associações e organizar acções de sensibilização para o diploma.
De acordo com o director dos Serviços para os Assuntos Laborais, a consulta pública deverá durar 45 dias.

Fundação Macau | Deputados apoiam decisão de controlar gastos

Criação de limite à atribuição de subsídios e implementação de um sistema de concurso para candidaturas a apoios contam com o apoio dos membros da Assembleia Legislativa

 

Os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, liderada por Mak Soi Kun, apoiam as alterações ao esquema de atribuição de subsídios por parte da Fundação Macau (FM). O apoio foi declarado ontem e consta no relatório sobre o acompanhamento da utilização dos recursos financeiros da FM, revelado ontem.

Segundo os planos do Executivo, a FM vai adoptar um princípio de não acumulação de subsídios, ou seja as associações só podem receber apoios de um único instituto público, mesmo que peçam apoios a vários departamentos do Governo. No caso de serem pedidos vários apoios, têm de declarar a situação situações e de escolher o apoio que preferem, da fundação os do outro instituto.

Além disso, os apoios da Fundação vão passar a funcionar através de um mecanismo de concurso e é definida uma quota com o limite máximo do montante a distribuir todos os anos.

“A comissão entende que a fundação deve definir um calendário e as respectivas instruções para que possam ser implementadas com a maior brevidade possível as medidas”, declarou Mak Soi Kun, sobre o relatório elaborado pela Assembleia Legislativa.

Os deputados sugeriram também que quando os apoios cedidos excedam um determinado montante devem ser acompanhados por um contabilista. “Quando o montante exceder uma determinada quantia deve haver o envolvimento de um contabilista profissional no processo”, foi frisado.

Na conferência de imprensa no final da reunião de ontem da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, Mak Soi Kun vincou também que os apoios da FM vão ser aprovados com base na contribuição para satisfazer “as necessidades sociais”.

Subsídios como o Nobel

Na análise das contas da Fundação Macau relativas ao último ano, os deputados mostraram-se igualmente preocupados com a “redução drástica” e o aumento das despesas, que resultaram num prejuízo de 6,98 milhões de patacas. O défice foi suportado pela reserva acumulada, que em 2019 era de 39,78 milhões de patacas, e inclui o gasto com o pacote de 10 mil milhões de patacas de combate à pandemia, do qual tinham sido gastos 6,87 milhões de patacas, no final do ano.

Apesar dos representantes da Fundação Macau terem indicado que as reservas são suficientes, assim como as ferramentas de financiamento, para o funcionamento do fundo, houve deputados a sugerirem outra forma de atribuição de subsídios. “Alguns membros da Comissão centraram a sua atenção na possibilidade de a Fundação Macau vir, no futuro, seguindo proximamente o modelo do Prémio Nobel, optar por atribuir prémios com base nos rendimentos auferidos com o seu capital, com vista a assegurar a estabilidade financeira da Fundação Macau”, consta no relatório.

Contudo, os representantes da Fundação Macau vincaram que uma alteração no modelo vai sempre depender da política do Executivo.

Associação Poder do Povo pede nova ronda de cartão de consumo

A associação Poder do Povo entregou uma carta ao Chefe do Executivo, a pedir ao governo que atribua antecipadamente o cheque pecuniário e lance uma nova ronda do cartão de consumo, com o valor de seis mil patacas para cada residente.

A exigência foi deixada ontem de manhã e Wu Shaohong, vice-presidente da associação, justificou que a passagem do ano novo chinês mostrou que os efeitos económicos da pandemia estão para ficar e que o volume dos visitantes não está a subir de forma esperada, o que fez com que muitas pessoas perdessem o emprego e houvesse vários encerramentos de lojas.

“Por isso, pedimos [estas medidas] para aliviar a dificuldade da população,” avançou. Na carta entregue ao Executivo, além dos apoios pecuniários, foi ainda exigida a construção de mais habitação pública para satisfazer a procura interna. Porém, o ritmo do processo de construção foi criticado: “Macau foi elogiada pelo líder do país como a cidade pragmática, mas não consegue satisfazer as existência básicas de uma vida segura, envergonhando o princípio Um País, Dois Sistema,” é criticado no comunicado.

Wong Kit Cheng sugere flexibilidade para vacinar

A deputada Wong Kit Cheng defende que as empresas devem permitir aos empregados participar durante o horário do trabalho ser vacinado contra a covid-19. Segundo o jornal Ou Mun, Wong Kit Cheng mostrou-se preocupada com o facto dos residentes marcarem a vacinação para o horário do meio-dia ou ao Sábado, porque precisam de cumprir o horário de trabalho.

Assim Wong indicou que haveria uma maior eficácia na velocidade da vacinação se os residentes pudessem evitar as horas mais ocupadas da vacinação. A deputada exemplificou ainda com a Associação Geral das Mulheres, a que pertence, que permitiu que os trabalhadores gozem de duas horas para que os empregados possam escolher um horário e deslocar-se ao local da vacinação.

Por outro lado, a legisladora elogiou o governo por ter feito boas alterações ao programa de vacinação a partir do momento que foi aberto ao público em geral. Neste capítulo Wong sublinhou que o horário da vacinação foi alargado até às 20:30, o que no seu entender merece ser reconhecido.

Reserva Financeira | Rendimentos de 2020 superam 31 mil milhões de patacas

No ano passado, a Reserva Financeira da RAEM arrecadou rendimentos no valor de 31,06 mil milhões de patacas, batendo um novo recorde. O montante corresponde a uma rentabilidade anual de 5,3 por cento, num ano em que o Governo, pela primeira vez na história da RAEM, utilizou 46,6 mil milhões de patacas da Reserva Financeira para cobrir o défice orçamental

 

Ao contrário do ditado popular que garante que “nem tudo são rosas”, a Autoridade Monetária de Macau anunciou ontem que a Reserva Financeira amealhou 31,06 mil milhões de patacas em 2020. No meio dos “espinhos” da crise económica, imposta pela pandemia, as contrapartidas do ano passado acabaram mesmo por bater um novo recorde, com um valor que corresponde a uma rentabilidade anual de 5,3 por cento.

O contexto dos últimos anos acrescenta nitidez à dimensão dos números divulgados ontem pela (AMCM). Nos últimos cinco anos, “a rentabilidade anual média da Reserva Financeira situou-se em 3,1 por cento, enquanto que a média da taxa de inflação anual foi de 2 por cento, em comparação com o período homólogo”, refere o organismo liderado por Chan Sau San.

Porém, as contrapartidas recordistas registam-se no ano em que pela primeira vez, o Governo da RAEM recorreu à Reserva Financeira para fazer face ao défice orçamental. Nesse sentido, o orçamento absorveu 46,6 mil milhões de patacas e foi ainda transferida “uma parte do saldo da execução do orçamento central referente ao ano de 2018, no valor de 52,26 mil milhões de patacas para a Reserva Financeira”.

No final do ano passado, o cômputo da reserva extraordinária e reserva básica ascendia a 616,12 mil milhões de patacas, o que representou um aumento de 6,3 por cento dos valores dos capitais.

Com ventos adversos

Os resultados apresentados ontem pela AMCM surgem no final de um ano em que os mercados financeiros sofreram fortes flutuações e uma crise económica que se espalhou globalmente à medida que a pandemia se propagava e paralisava pelo mundo inteiro.

A AMCM refere que, devido ao forte declínio registado no primeiro trimestre de 2020, em Wall Street foi accionado várias vezes o chamado “circuit breaker (sistema automático de interrupção de operações devido a fortes flutuações no mercado de acções), um cenário que nunca foi verificado na história”.

O organismo afirma que, apesar da situação extremamente desfavorável, conseguiu a “preservação e a valorização dos seus capitais, através da afectação prudente e da cobertura de riscos, bem como da aplicação de fundos em mercados com crescimento potencial”. Além de ter reduzido a posição em activos de risco elevado, a “Reserva Financeira prorrogou, de forma ordenada, as durações médias dos activo afectos a carteiras de títulos e reforçou a percentagem dos títulos em RMB”.

Recorde-se que no ano passado o Executivo arrecadou 29,8 mil milhões de patacas em impostos do jogo, uma quebra de 73,6 por cento em relação ao ano anterior.

Hong Kong | Pequim pondera “várias reformas” no sistema eleitoral para o LegCo

O Governo Central estará a equacionar várias alterações ao sistema eleitoral de Hong Kong que elege os 70 deputados do Conselho Legislativo (LegCo). Várias fontes adiantaram ao jornal South China Morning Post que as mudanças podem passar por transformar os cinco círculos eleitorais em 18 distritos, a eliminação dos cinco “super-assentos” escolhidos pelo voto popular e a adopção do mecanismo “um voto, dois assentos”, com mais vantagens ao campo pró-Pequim

 

Com agências

O sistema eleitoral que elege o Conselho Legislativo (LegCo) de Hong Kong poderá ser alvo de mudanças “drásticas” impostas por Pequim, noticiou ontem o jornal South China Morning Post (SCMP). Várias fontes, muitas delas ligadas ao campo pró-Pequim, adiantaram ao diário de língua inglesa que estão em marcha várias possibilidades de reformas.

Uma delas passa pela divisão dos actuais cinco círculos eleitorais (Ilha de Hong Kong, Kowloon Oriental, Kowloon Ocidental, Novos Territórios Orientais e Novos Territórios Ocidentais) em 18 distritos, adoptando os mesmos limites eleitorais dos 18 concelhos distritais.

Pequim estará também a equacionar substituir o actual sistema proporcional de representação pelo mecanismo “um voto, dois assentos” para a eleição directa de 35 deputados do Legco. Cada eleitor, segundo a proposta, teria direito a um voto para eleger dois membros em cada círculo eleitoral. O distrito das ilhas, que tem a menor população, iria eleger apenas um assento.

Outra fonte disse ainda que este mecanismo significaria que o campo pró-Pequim e o campo pró-democracia poderiam captar um assento em cada círculo eleitoral. Uma outra fonte, ligada ao campo pró-Pequim, apontou que o novo sistema eleitoral irá exigir um elevado nível de coordenação nos respectivos campos. Isto porque haverá necessidade de minimizar “lutas internas” para colocar um candidato por cada círculo eleitoral, para que cada campo político aumente as suas possibilidades de vitória.

“Dadas as brechas existentes entre os activistas tradicionais e os localistas da oposição, a coordenação será difícil”, disse uma fonte ligada ao processo. Esta personalidade adiantou que o novo sistema eleitoral poderia ajudar a eliminar as forças mais radicais da oposição, uma vez que os eleitores poderão ter de optar por um candidato moderado à luz da lei da segurança nacional.

Actualmente, o número de lugares em cada círculo eleitoral no LegCo varia entre cinco e nove, dependendo do tamanho da população de cada círculo. As alterações podem também chegar ao campo do sufrágio indirecto, que representa vários sectores da sociedade e que conta com 35 assentos. Segundo o jornal, “vários críticos têm apontado para uma pequena base eleitoral deste campo”.

O fim dos cinco “super-assentos”

As reformas pensadas por Pequim podem passar também pela eliminação dos chamados “cinco super-assentos” do LegCo, introduzidos em 2012. Estes cinco assentos são escolhidos pelos 3,2 milhões de eleitores que não têm representatividade nos restantes círculos eleitorais. Um “peso pesado” ligado ao movimento pró-Pequim confirmou ao jornal que estes cinco lugares do LegCo poderão desaparecer.

A forma como estes lugares serão preenchidos não reúne ainda consenso. Alan Hoo, advogado e delegado por Hong Kong na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), propôs preencher os cinco assentos com os delegados de Hong Kong à CCPPC ou Assembleia Popular Nacional (APN), enquanto que outras personalidades consideram “inapropriado” ter deputados com mandatos em órgãos políticos nacionais.

“Seria mais prático substituir os cinco super-assentos com os cinco sectores pró-Pequim que têm tido uma menor representatividade”, defendeu outra “figura proeminente” do campo pró-Pequim ao SCMP. Como exemplo, esta fonte falou dos sectores da medicina tradicional chinesa, empresas chinesas em Hong Kong ou indústria hoteleira.

Ma Ngok, analista político, disse ao jornal que o mecanismo de “um voto, dois assentos” pode ajudar o campo pró-Pequim a ganhar vantagem nas eleições. “Os Governos de Pequim e Hong Kong podem agora desqualificar resultados dos candidatos do campo da oposição que sejam considerados não patriotas. Acredito que muitos poderão não estar habilitados a concorrer às eleições tão facilmente como no passado”, adiantou.

O analista político acrescentou também que “mesmo que os eleitores possam ter um voto ou dois votos em cada distrito, provavelmente apenas os apoiantes do campo pró-Pequim poderão escolher o seu candidato favorito”.

As palavras de Xia

A possibilidade do sistema eleitoral vir a ser alterado surge depois das palavras de Xia Baolong, vice-presidente do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, que, num simpósio, defendeu que deveria ser respeitado sempre o princípio de “patriotas a governar Hong Kong”, a fim de garantir uma implementação plena e permanente do princípio “um país, dois sistemas”.

Para Xia Baolong, a ideia de “patriotas a governar Hong Kong” é a essência do princípio “um país, dois sistemas”. O princípio significa que, após o seu retorno à pátria, Hong Kong deve ser governado por patriotas e que o poder da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK ) deve estar nas mãos de patriotas.

O responsável falou também do risco dos elementos da “independência de Hong Kong” e outros separatistas radicais entrarem na arquitectura de governação da RAEHK por meio de eleições. Por isso, pediu acções imediatas para melhorar os sistemas relacionados com o exercício do poder na RAEHK, especialmente o sistema eleitoral, de modo que o princípio “patriotas a governar Hong Kong” possa ser implementado com eficácia. “Os membros dos órgãos Executivo, Legislativo e Judiciário da RAEHK e os principais oficiais dos seus principais órgãos estatutários devem ser patriotas genuínos”, afirmou.

Nas últimas eleições distritais, em Novembro de 2019, o campo pró-democracia obteve uma vitória esmagadora em relação aos candidatos pró-Pequim, tendo vencido 17 dos 18 conselhos distritais, todos anteriormente sob controlo das forças pró-governamentais.

Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim tinha obtido quase dois terços dos assentos nos conselhos distritais. Em 2019, os candidatos pró-Pequim perderam mais de 240 assentos, em comparação com 2015.

A participação, normalmente baixa nas eleições para os conselhos distritais, tradicionalmente controlados por partidos pró-Pequim, ganhou uma nova importância no contexto dos protestos que invadiram as ruas em 2019. Mesmo antes do escrutínio, vários analistas defendiam que um resultado forte da oposição seria lido como um apoio público aos manifestantes, ainda que o recurso à violência tivesse aumentado, escreveu a agência Lusa.

Covid-19 | Hong Kong vai gastar 120 mil milhões de dólares em apoios

O Governo de Hong Kong vai gastar 120 mil milhões de dólares de Hong Kong em apoios a empresas e residentes afectados pela pandemia de covid-19, anunciaram as autoridades. As medidas, que incluem benefícios fiscais, empréstimos para desempregados e vales de consumo, destinam-se a estabilizar a economia, anunciou hoje o ministro das Finanças de Hong Kong, Paul Chan, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).

O ministro prevê que a economia do território cresça entre 3,5% a 5,5% este ano, após a contração de 6,1% em 2020. O orçamento para 2021 “visa aliviar as dificuldades e pressões causadas pela recessão económica e a epidemia”, disse Chan. Os desempregados vão poder obter empréstimos até 80.000 dólares de Hong Kong, num programa isento de pagamentos durante o primeiro ano, com juros de 1%.

As medidas foram anunciadas depois de as autoridades terem informado, na semana passada, que a taxa de desemprego na antiga colónia britânica atingiu os 7% entre Novembro de 2020 e Janeiro deste ano, a mais elevada desde Abril de 2004.

Serão também emitidos vales de compras no valor de 5.000 dólares de Hong Kong para estimular o consumo dos residentes, anunciou o ministro, além de benefícios fiscais para empresas e indivíduos.

Chan disse que o défice fiscal de Hong Kong está num nível recorde, depois de o Executivo ter gasto no ano passado 300 mil milhões de dólares de Hong Kong em medidas de apoio para combater os efeitos económicos da pandemia, incluindo subsídios aos residentes e empresas.

Covid-19 | Restrições ameaçam ajuda humanitária na Coreia do Norte, diz ONU

As medidas de restrição impostas por Pyongyang para conter a pandemia de covid-19 poderão obrigar o Programa Alimentar Mundial (PAM) a suspender as suas operações na Coreia do Norte, onde grassa a malnutrição, alertou a organização.

O país sofre há muito de uma grave escassez alimentar e as sanções internacionais impostas para pressionar o regime norte-coreano a renunciar ao programa nuclear contribuem para agravar o problema. O programa de ajuda humanitária do PAM é de longe o maior na Coreia do Norte, fornecendo todos os meses, segundo a sua página eletrónica, ajuda alimentar especial a um milhão de grávidas, mães em aleitamento e crianças.

A ajuda humanitária à Coreia do Norte, já complexa devido às sanções económicas, enfrenta um desafio suplementar devido às restrições anti-covid impostas por Pyongyang. A Coreia do Norte foi, no final de Janeiro do ano passado, o primeiro país do mundo a fechar as suas fronteiras para se proteger do novo coronavírus, que surgira na vizinha China.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.466.453 mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. No entanto, a Coreia do Norte continua a dizer que não registou qualquer caso, o que os especialistas questionam. A ONU estima que mais de 40% da população norte-coreana sofra de malnutrição.

Princípio “Patriotas a governar Hong Kong” debatido em Pequim

Um simpósio sobre a melhoria da estrutura institucional de “um país, dois sistemas” e implementação do princípio fundamental de “patriotas a governar Hong Kong” concluiu que são necessárias medidas que o implementem. Para que “um país, dois sistemas” possa ser realizado

 

Para garantir a implementação constante e sustentada de “um país, dois sistemas”, o princípio de “patriotas a governar Hong Kong” deve ser sempre respeitado, disse Xia Baolong, vice-presidente do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, que fez um discurso no simpósio.

Elogiando “um país, dois sistemas” como o melhor arranjo institucional para manter a prosperidade e estabilidade de longo prazo de Hong Kong, Xia prometeu “sforços inabaláveis” na implementação das políticas de “um país, dois sistemas”, “o povo de Hong Kong a governar Hong Kong “e um alto grau de autonomia.

Para Xia, “patriotas a governar Hong Kong” é a essência do princípio “um país, dois sistemas”. O princípio significa, explicou, que, após o seu retorno à pátria, Hong Kong deve ser governado por patriotas e que o poder da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK ) deve estar nas mãos de patriotas.
Xia alertou ainda para o risco de agitadores anti-China, elementos da “independência de Hong Kong” e outros separatistas radicais entrarem na arquiteCtura de governação da RAEHK por meio de eleições. Por isso, pediu acções imediatas para melhorar os sistemas relacionados com o exercício do poder na RAEHK, especialmente o sistema eleitoral, de modo que o princípio “patriotas a governar Hong Kong” possa ser implementado com eficácia.

“Os membros dos órgãos executivo, legislativo e judiciário da RAEHK e os principais oficiais dos seus principais órgãos estatutários devem ser patriotas genuínos”, afirmou.

Especialistas e académicos presentes no simpósio disseram que o actual sistema eleitoral de Hong Kong não pode fornecer uma garantia institucional forte para a implementação abrangente do princípio de “patriotas a governar Hong Kong” e que medidas imediatas são necessárias para preencher as lacunas.

O simpósio foi organizado pela Associação Chinesa de Estudos de Hong Kong e Macau e contou com a presença de cerca de 200 pessoas, incluindo chefes de autoridades centrais relacionadas, funcionários relevantes, especialistas e académicos do continente, do HKSAR e da RAE de Macau.

Funcionários, especialistas e académicos de Shenzhen, Hong Kong e Macau participaram do evento por meio de um link de vídeo.

UE | Deterioração de situação política e institucional em Hong Kong limita “espaço democrático”

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou ontem que os chefes da diplomacia europeia consideram que a “situação política e institucional” em Hong Kong se tem “deteriorado”, limitando o “espaço democrático” na região.

“Actualizámos a nossa avaliação sobre a situação em Hong Kong e essa avaliação é simples: do nosso ponto de vista, a situação política e institucional em Hong Kong vem-se deteriorando, pondo em risco o cumprimento do princípio ‘um país, dois sistemas’ e limitando o espaço democrático em Hong Kong”, sublinhou após a reunião dos ministros de Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE).

Santos Silva sublinhou que a UE “tem de tornar clara” esta avaliação na relação com a China, mas também “apoiar todos aqueles que nas instituições de Hong Kong lutam hoje pela preservação do espaço democrático e pela preservação do sistema ‘um país, dois sistemas’”.

Relação multidimensional

O ministro dos Negócios Estrangeiros clarificou ainda a posição da UE relativamente ao regime chinês, qualificando-a de “relação multidimensional” e sublinhando que essa relação passa por quatro vertentes que convivem “ao mesmo tempo”.

Em áreas como a da “acção climática” e a da “transição energética”, Pequim é visto como um “parceiro indispensável” pela UE por não ser “possível” cumprir os “objetivos do acordo de Paris e proceder a uma descarbonização mundial sem a cooperação da China”. No entanto, noutras áreas de cooperação, como nas “questões de saúde global”, na “luta contra o terrorismo”, ou de “desenvolvimento de infra-estruturas físicas e de conectividade”, Santos Silva considerou que Pequim é um “parceiro selectivo”.

Já nas “áreas e regiões nas quais a influência europeia compete com a influência chinesa”, quer do “ponto de vista económico”, como do ponto de “vista político”, o chefe da diplomacia portuguesa sublinhou que a UE vê a China como “um competidor”.

Finalmente, nas “questões institucionais”, o bloco vê ainda a China como “rival sistémico” porque “manifestamente” a concepção do “Estado de Direito, das liberdades individuais, dos direitos humanos, das instituições políticas, do papel dos ‘media’”, não só é “muito diferente”, mas também “contraditória”, entre os países da UE e a China.

Acordo complexado

“Portanto, é esta complexidade que nos orienta na nossa relação com a China e que faz com que nós, ao mesmo tempo, possamos negociar acordos com a China sobre a protecção das indicações geográficas de origem – para dar o exemplo de um acordo concluído – ou que estejamos a negociar com a China um acordo sobre a proteção recíproca de investimentos e, ao mesmo tempo que fazemos isso, criticamos a China pelas violações grosseiríssimas de direitos humanos que decorrem na província de Xinjiang, pelo que nos parece ser uma perseguição a uma etnia, os Uigures, ou façamos críticas ao que nos parece ser a deterioração da situação política e institucional em Hong Kong”, elucidou.

Augusto Santos Silva anunciou ainda que os chefes de diplomacia europeia abordaram a questão chinesa com o novo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken – que participou na reunião por videoconferência – tendo Santos Silva destacado a “mudança na abordagem da administração norte-americana”, que vai “num sentido de maior convergência”.

“O secretário de Estado disse-nos que os Estados Unidos não procuram nenhum conflito com a China, mas os Estados Unidos não estão disponíveis para abrandar a sua pressão sobre a China no que diz respeito ao cumprimento dos direitos humanos, no que diz respeito à liberdade de navegação no mar do Sul da China, e no que diz respeito a outras dimensões”, divulgou.

O chefe da diplomacia europeia revelou ainda que o facto de Antony Blinken não ter falado “apenas no Partido Comunista Chinês mas na China como um país”, tornou o “debate mais simples e a convergência mais evidente”.

China acelera exportação de vacinas

A China espera aumentar a produção das suas vacinas para 2.000 milhões de doses, este ano, e 4.000 milhões, até 2022, um plano ambicioso que visa converter o país no maior fornecedor das nações em desenvolvimento. Citado pela imprensa local, o presidente da Associação da Indústria das Vacinas da China, Feng Duojia, estimou que os 4.000 milhões de doses vão cobrir até 40% da procura global.

A China já distribuiu doses das suas vacinas em 22 países em desenvolvimento e prestou assistência a 53, número que continuará a crescer, à medida que Pequim fechar mais acordos com países africanos, segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O laboratório estatal Sinopharm já distribuiu 43 milhões de doses da sua vacina, entre as quais 34 milhões foram administradas no país asiático, cuja campanha de vacinação está reduzida, por enquanto, a inocular grupos considerados de alto risco de infeção, segundo a cadeia de televisão CCTV.

As vacinas desenvolvidas pela Sinopharm e também pelas chinesas Sinovac e CanSino estão a ser utilizadas já em África, Sudeste Asiático e América Latina, enquanto na Europa só chegaram à Sérvia e à Hungria. A capacidade de produção da China e a rapidez na distribuição das vacinas têm seduzido a América Latina, onde mais de uma dezena de países já receberam ou aguardam as primeiras doses.

Mais de 190.000 doses da vacina Sinovac chegam ao Uruguai esta semana, e mais de um milhão e meio vão estar disponíveis, a partir de 15 de março, informou o Presidente do país sul-americano, Luis Lacalle Pou. No México, já estão disponíveis 200.000 vacinas daquela empresa, que vão ser aplicadas, na sua totalidade, no município de Ecatepec. A República Dominicana vai receber 768 mil doses. A Colômbia acabou de receber um segundo lote, de 192 mil doses, da Sinovac, e a Bolívia aguarda a chegada de meio milhão da Sinopharm, que também acaba de ser autorizado na Argentina. Países como Brasil ou o Peru também administram vacinas chinesas.

Tratam-se de vacinas “inactivadas”, o que significa que carregam uma versão geneticamente alterada do vírus que o impede de se reproduzir e desenvolver a doença, mas que gera uma resposta imunológica no organismo.

A China também entregou 10 milhões de doses das suas vacinas ao mecanismo Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fornecer vacinas anti-Covid aos países em desenvolvimento. “Cerca de 27 países, a maioria deles em desenvolvimento, mostraram interesse em importar vacinas chinesas. Alguns já receberam remessas. No total, a China está a fornecer ajuda a 53 países em desenvolvimento e continuará a fazê-lo da melhor maneira possível”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin.

A imprensa oficial chinesa foi mais assertiva: “As vacinas chinesas tornaram-se uma fonte confiável para muitos países no combate à pandemia. A China está a cumprir com a sua palavra de tornar as vacinas um bem público comum e distribuído de forma justa e equitativamente”, apontou, em editorial, a agência noticiosa oficial Xinhua.

A campanha chinesa gerou reações na Europa. O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, disse na semana passada que a China lançou uma “diplomacia de vacinas”, para aumentar a sua influência, especialmente nos países africanos, e alertou que “tirar fotos de vacinas em aeroportos não significa ter uma política de vacinação”. O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, destacou que a pandemia se tornou um “momento geopolítico” em que alguns países estão a distribuir doses com objetivos políticos, o que pode ter “enormes consequências para o nosso futuro”.

Consultora sugere a empresas para reavaliarem relação com junkets de Macau

No seguimento do inquérito australiano à empresa Crown Resorts Limited, a consultora Steve Vickers and Associates (SVA) recomenda que as empresas reexaminem as suas relações com junkets. “Muitas empresas de jogo têm até agora contado com os junkets de Macau para encontrar jogadores VIP e, nalguns casos, têm minimizado os riscos de lidar indirectamente com as tríades ao fazê-lo”, diz a SVA em comunicado, acrescentando que as empresas “devem mudar de rumo e que devem actualizar as avaliações de devida diligência junto dos parceiros de junkets”.

A consultora entende que a Crown Resorts interpretou mal a determinação do Governo chinês em agir contra a promoção do jogo, e que falhou por não dar resposta a “sinais claros”, nomeadamente uma vontade de Pequim em reduzir preocupações sobre a integridade do capital da China.

As sugestões para as empresas também incluem o fortalecimento de mecanismos contra lavagem de dinheiro e controlo de conformidade, e uma análise à exposição dos negócios e mudanças abruptas no mercado.

Além casinos

No entanto, a SVA defende que as mensagens retiradas da situação não se aplicam apenas a casinos. “Os casinos de Macau há muito que funcionam como a peça central de um ecossistema financeiro alargado”, observou, acrescentando que são também vulneráveis outras áreas comerciais e financeiras. Como exemplo deu o imobiliário, hotéis e negócios de lazer, em que muitas empresas beneficiaram com o crescimento do jogo em Macau, apesar de estarem a sofrer com o impacto da pandemia. E também “outras empresas ligadas aos interesses dos maiores junkets, sejam elas em corridas, iates ou entretenimento”.

O aumento dos riscos políticos nos últimos anos foi outro ponto de foco no comunicado. A análise da SVA aponta mais tensões geopolíticas, quebras de receitas do jogo em Macau, considerando que a situação actual pode colocar desafios às concessionárias de jogo estrangeiras.

Com a aproximação do fim das concessões, é apontado que as operadoras de jogo americanos que não têm ligações próximas à administração do novo presidente dos EUA estão particularmente expostas.

Quarentena apetecível

Este é o meu primeiro artigo após o Ano Novo chinês. Aproveito para desejar a todos os meus leitores um feliz Ano Novo.

Durante os feriados, a comunicação social de Hong Kong anunciou que a Tailândia, para revitalizar o turismo, passou a permitir que os viajantes cumpram a quarentena de 14 dias num dos seus resorts, que possui um campo de golfe. Durante o período de quarentena, os turistas confinados podem dedicar-se a este desporto. Existem seis campos de golfe na Tailândia. O que se encontra no resort que pode servir de local de isolamento, fica a uma hora e meia de Banguecoque de carro.

A quarentena é uma medida que é aplicada a quem vem do estrangeiro. Assim que chegam à Tailândia, os turistas têm de fazer um teste ao ácido nucleíco. Se o teste for negativo, a partir do quarto dia de estadia podem jogar golfe.

Durante este período, terão de fazer mais três testes. No campo, os grupos de jogadores têm de estar separados por dois buracos. No entanto não têm acesso aos cacifos nem às cafeterias. Como medida de segurança, o clube de golfe não disponibiliza caddies nem outro tipo de pessoal e os turistas não podem sair do resort. O clube de golfe só aceita turistas estrangeiros.

Embora estas medidas tentem proporcionar entretenimento durante o período de isolamento, os turistas pagam por ele um preço bastante elevado. Para além da quarentena de 14 dias que têm de cumprir na Tailândia, terão de passar por idêntico período de isolamento quando regressarem aos seus países de origem. Terão ainda de pagar o alojamento no resort.

Na actual situação de pandemia, muitos países têm relutância em aceitar turistas. Mas, aparentemente, os tailandeses pensam de forma diferente. Parecem concordar com este plano e acreditam que esta abordagem pode revitalizar a economia, ajudando a trazer divisas para o país através do turismo; mas recusam-se a reduzir o período de isolamento de 14 para 10 dias; porque se mesmo a quarentena de 14 dias não garante que não haja qualquer possibilidade de contágio, a redução para 10 dias é encarada como bastante preocupante. Em última análise, a saúde está em primeiro lugar.

O plano de golfe é uma ideia muito inovadora. A epidemia afectou em larga escala os sectores da aviação e do turismo. As pessoas deixaram de viajar. Hoje em dia quase só se viaja por necessidade. Todos nos sentimos inseguros. E, como é evidente, as indústrias da aviação e do turismo estão estagnadas. Este plano permite que os turistas usem as instalações do resort para jogarem golfe durante os 14 dias de isolamento. É um factor que permite atrair turismo para a Tailândia. Quase em toda a parte, a quarentena obriga à permanência em hotéis ou em centros médicos, sem qualquer possibilidade de saídas. As pessoas são obrigadas a estar em confinamento e isoladas. Para além disso, os turistas ainda têm de pagar este alojamento forçado. O plano de golfe tira obviamente partido da possibilidade de circulação ao ar livre, num ambiente em que as hipóteses de contágio são extremamente baixas. A saúde dos turistas fica garantida; além disso ainda lhes é proporcionada a possibilidade de divertimento. O preço que são obrigados a pagar pelo alojamento durante a quarentena garante-lhes isolamento e diversão. Comparado com o isolamento dentro das quatro paredes de um hotel, o plano do golfe apresenta grandes vantagens.

Mas claro que a revitalização do turismo na Tailândia não pode contar apenas com esta medida. Ainda teremos de esperar para avaliar a eficácia do plano.

Macau usa actualmente um hotel como centro de quarentena. Durante este período, os turistas têm de ficar encerrados no quarto e não podem contactar com ninguém. O mesmo se passa mais ou menos em toda a parte. A política de revitalização da economia em Macau privilegia os casinos em detrimento dos hotéis. Eles são a principal fonte de receitas de Macau, mas a maior parte das suas instalações são constituídas por espaços fechados. Macau e a Tailândia dependem ambos do turismo. A Tailândia decidiu apostar no golfe como forma de aliviar os inconvenientes do isolamento. Este conceito tira partido dos vastos espaços ao ar livre, junto ao local onde os turistas têm de estar alojados.

No sector do turismo, é necessário haver constante inovação para que sejam criados novos pontos de interesse, caso contrário os turistas podem vir uma vez a Macau mas já não voltam uma segunda vez. Tendo isto em mente, quando pensarmos o futuro da indústria do turismo na cidade, devemos considerar a construção de instalações em espaços amplos, com acesso a zonas ao ar livre. Por exemplo, Macau pode considerar a construção dos seus resorts em espaços amplos, onde se possa praticar desportos motorizados, construir um parque aquático e campos de golfe. Em tempos normais, os residentes de Macau podem usar o resort. Se tiver de ser usado como um centro de isolamento, todas as valências acima mencionadas podem estar à disposição dos turistas. Desta forma a saúde dos visitantes pode ser protegida, porque a distância social pode ser assegurada; quando não houver necessidade de utilizar estas áreas, o resort pode encerrá-las temporariamente.

O Ocean Park de Hong Kong está actualmente num processo de reformas devido à crise financeira. Embora o Ocean Park não seja tão amplo como um campo de golfe, é mesmo assim um local com muito espaço. As zonas interiores do Ocean Park, como os restaurantes, estão fechadas. Se fossem transformadas num centro de quarentena, para que os turistas que chegam a Hong Kong pudessem visitar o parque durante a quarentena, seria uma mais valia para todos e bem melhor do que fechar o Ocean Park durante a pandemia.

Os economistas afirmam muitas vezes que os recursos são limitados. Mas todos sabemos que a criatividade humana não tem limites. O segredo está em como usar essa criatividade para benefício da colectividade. Os recursos naturais de Macau são limitados, e como tal, Macau tem de ser criativo se quiser revitalizar as indústrias do jogo e do turismo. O plano de golfe tailandês merece a nossa atenção em profundidade.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau
Blog:http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

Autor de Macau faz livro de banda desenhada sobre o Grande Prémio

Para aqueles que seguem de perto o desporto automóvel local, a banda desenhada “Heróis do Circuito” já faz parte da grande família do automobilismo de Macau. MP Man é o Jean Graton de Macau e espera que através do seu trabalho a nona arte receba no território a atenção e o devido crédito que merece.

Apaixonado pelas histórias aos quadradinhos e confesso devoto pelos desportos motorizados, é do lápis deste residente de Macau que nasceram as bandas desenhadas “Escola de Polícia” e “Heróis do Circuito”, sendo que esta última transpõe os heróis do Circuito da Guia para a “BD”.

“Eu gosto de banda desenhada desde criança, e comecei a aprender quando tinha cerca de dezasseis anos”, explicou MP Man ao HM. “Gosto muito de carros, gosto de conduzir e também adoro ver os desenhos animados japoneses, como o ‘Initial D’. Tenho esta habilidade de desenhar, espero desafiar-me a mim próprio, criando histórias com as pessoas de Macau. Espero que uma banda desenhada autêntica possa ser reconhecida em todos os círculos e Macau também possa ter uma banda desenhada de alta qualidade”

Há menos de cinco anos, a banda desenhada era apenas um entretém, mas a partir de 2017 tudo mudou. “Em 2017 e 2018, publiquei uma banda desenhada inspirada nas forças de seguranças, chamada Escola de Polícia 1 e 2. Em Novembro 2019, publiquei a primeira banda desenhada sobre as corridas desenhada por um local, chamada Heróis do Circuito 1”, relembra o desenhista. “Na altura, colocámos à venda nos quiosques e nas lojas que vendem miniaturas de automóveis, assim como em cinco lojas da Digital Hang Seng. Devido ao longo tempo de produção, o lançamento do Heróis do Circuito 2 que estava planeado para 2020 deverá ser agora publicado até ao final da primeira metade deste ano”.

Reconhecimento como objectivo

Ainda apenas disponível na língua chinesa, apesar do autor fazer questão de ter o título em português na capa de todos os seus livros, MP Man acredita que o seu trabalho poderá ajudar outros artistas locais a se afirmarem nesta área.

“Espero que as minhas bandas desenhadas consigam chamar a atenção de entusiastas de todos os sectores da sociedade e que o que é feito em Macau possa avançar”, afirma.

“As bandas desenhadas das corridas, e não só, não estão apenas disponíveis no Japão. Macau também pode produzir produtos de alta qualidade”.

A RAEM tem feito uma aposta grande nas indústrias criativas nos últimos anos e MP Man quer dar o seu contributo: “Espero que as pessoas fiquem a saber que estas são bandas desenhadas de Macau. O Heróis do Circuito é uma banda desenhada cuja marca pertence às pessoas de Macau. Esse é o meu objectivo”.

Mas afinal quando é que o Heróis do Circuito 2 chega às bancas? “O lançamento do segundo número está agendado provisoriamente para antes do mês de Abril.” E quantos mais livros vêm ai? “Isso não está decidido, mas eu continuarei a desenhar enquanto existirem leitores para apoiar, o “Heróis do Circuito” não irá terminar”.

Outras oportunidades

A criatividade do artista local abriu-lhe novas oportunidades, dentro e fora da RAEM. “O Heróis do Circuito irá cooperar com eventos de eSports e irá realizar algumas competições este ano”. Por outro lado, MP Man tem produzido decorações para carros de corrida da vida real, incluindo alguns que participam no Grande Prémio de Macau, como o McLaren 570S GT4 com que o veterano Leong Iok Choi correu na última Taça GT Macau.

“Através dos meus trabalhos, tive contacto com vários pilotos e equipas que me deram o seu apoio. Desde 2018 que tenho vindo a trabalhar nesta área. Nos últimos três anos, fiz as decorações para a equipa World Motor Racing e por causa disso, a marca Heróis do Circuito tem sido reconhecida por amigos da indústria dos desportos motorizados”.

Mas as iniciativas em redor dos seus livros não se ficam por aqui. “No Museu do Grande Prémio de Macau, que deverá abrir este ano, haverá um mural com ilustrações minhas na área aonde estarão os carros de GT”, salienta com algum orgulho, sem esquecer que “também fizemos uma cooperação na China para lançar uma miniatura (ndr: Mercedes AMG GT-R 1/18 e 1/43) que está a ser comercializada”.

Heróis do Circuito

Para quem não teve a oportunidade de se cruzar com esta banda desenhada, aqui fica um pequeno resumo feito pelo autor: “O primeiro número é a história do campeão de F3 de 2000, o André Couto, e a corrida com Michael Ho, o primeiro piloto chinês a participar nas corridas de F3. O protagonista da manga, que é uma personagem imaginária, chama-se Siu Fung. Ele trabalha numa garagem. Todas as noites vê passar os carros a acelerar na sua rua. Mais tarde, acaba por ser influenciado por outros pilotos e decide participar oficialmente nas corridas, onde se irá tornar num verdadeiro herói.

Há a participação de pilotos reais e imaginários, o que é bastante interessante. No segundo número, o Billy Lo Kai Fung irá juntar-se. O André Couto não irá aparecer neste segundo número. Temos que esperar pelo terceiro, até porque ele é o ídolo do personagem principal. Espero que mais pilotos se queiram juntar à banda desenhada no futuro”.

Cá dentro do lá fora (bis)

Santa Âncora, Lisboa, um outro dia qualquer de Fevereiro

Continuamos a andar aos papéis, mas façamo-lo com galhardia, o mais longe possível da idiotia, também ela contagiosa, que usa os hinos da resistência para cuspir na cara do próximo. A liberdade, para o ser cabalmente, contém a possibilidade de maus usos. Logo na primeira vaga, a Sara [Baliza] soprou bons ventos com «a rapariga que salta à corda» (que recolhemos aqui: https://torpor.abysmo.pt/video/a-rapariga-que-salta-a-corda/ e continua agora em https://www.facebook.com/hashtag/araparigaquesaltaacordaii). Teria gosto em ver a Ana nesta sua celebração à banal esperança no canto dos telejornais, ao lado dos manipuladores da língua gestual. O minimal repetitivo canta a resistência e afasta o tédio. As vozes mínimas de uma cidade (quase) em silêncio, a variante límpida dos lugares, a cadência da corda a chicotear do chão, o sorriso da miúda que pula, nesta simplicidade pulsa uma força inesgotável. Confesso que acredito.

Dom Nuno Viegas, que se pinta com gosto, entendeu por bem fotografar-se «dia sim dia sim», quase sempre a sós, quase sempre sentado, portanto com banco, vasos, tocos, duas manchas no tablado, ferramentas, uma porta, portanto em recanto exterior da sua casa-atelier (https://www.facebook.com/media/set/?set=a.4061386283902092&type=3). São mais de 300 momentos em que a luz dança com as cores das fatiotas, as expressões interpelam a nossa maneira de ver, o rosto fala com as mãos, o conjunto, enfim, desenhando filme sobre o tempo que faz. Em nós. No exacto oposto da grandiloquência, um pequeno nada, saudação aos mortais que desajusta perspectivas, que interpela com sorriso-lâmina. Sem sair da dele, fez-se quotidiana visita cá de casa.

Detecto e saúdo a luxúria da descrição, seja do que existe como do imaginado. Para quem passa a vida lendo, como os portugueses, parece difícil de acreditar, mas o real suscita muito. Quieto, tenho-me alimentado com o andamento de cosmovisões como a do António José Caló (os filmes e as sequências fazem mais sentido no instagram: https://www.instagram.com/antoniojosecalo/, e além desta dupla que roubei pode ver-se aqui pequena antologia: https://torpor.abysmo.pt/fotografia/um-passeante/). De telemóvel em punho, não converte a cidade em ruína arqueológica, mas tornou-se caçador-recolector da devastação da travagem brusca da paisagem: as composições do inesperado, a profusão de traços, o recorte do confuso, a loquacidade do chão, a suprema atenção ao pormenor. Não me canso de flanar com ele nestas passagens.

Falta aqui uma musiquinha, como falta ao Joaquim Rodrigues (https://www.facebook.com/profile.php?id=100008812306711) um canal, youtube ou quejando, que facilitasse o acompanhamento deste seu imparável e esclarecido programa de rádio, obediente apenas ao seu gosto. Talvez deva ser tal e qual, gotas salgadas do grande oceano música. Por estes dias virou atenções para a chason française, ou mais ou menos (exemplo exemplar para desmemoriados como este que se subscreve: Albert Marcoeur, Se souvenir, verbe pronominal (https://youtu.be/eihzC893iYk). Uma fonte inesgotável, com comentários irónicos, ideias fortes, e, de novo, uma lúbrica atenção ao detalhe. Noto agora que ando sempre à procura de velhos meios, jornal, televisão, rádio, para chegar a estes fins.

(continua)

44, Rua do Alecrim, Lisboa, 18 Fevereiro

Ainda é cedo para alinhar perdas e ganhos, se os houve, no livro-desrazão desta pandemia. Na roubalheira generalizada de vidas e do viver roubou-me a possibilidade de acompanhar em documentário o fechar das portas da Campos Trindade. Conservarei muitas imagens em lugares e modos que ainda desconheço, no velho sentido de “nascer com”, o que ali se deu vezes sem conta no acanhado dos últimos anos. Ia chamar-se «44, Rua do Alecrim», celebrando a redondez dos quarenta e quatros anos de porta aberta. Apesar de ter sido por um triz, o filme não acontecerá, mas ninguém nos tira, a mim, ao Nuno [Miguel Guedes] e ao protagonista, Bernardo [Trindade], as longuíssimas conversas de namoro em torno do amor, que é como quem diz amizade. E dos fios ténues e consistentes com que se entretecem as famílias. Na apresentação que fizemos para convocar parcerias e boas-vontades, escrevíamos: «a pergunta que nos interessa, entre tantas possíveis, é esta: os livros são seres vivos? Existe quem ache que sim e faça disso prática e louvor. A história que se quer contar é um desses exemplos, onde o valor é mais importante do que o custo; onde o destino é de facto determinado mas por uma única lógica, avessa a mercantilismo ou ignorância. E essa lógica é a do coração misturado com o saber, combinação única e rara. Mas praticada. E com provas em papel e palavra.» Estou certo que arranjaremos maneira mais portátil de voltar ao assunto. É que «a história que queremos contar fala de vida. Do que fomos, do que somos e com sorte do que poderemos ser. E é por isso que a resposta à pergunta colocada é fácil: sim, os livros são seres vivos.»

Voltámos pela última vez às salas vazias, agora enormes. Um destes dias a fachada completa ̶ nome, porta, montra, painel de azulejos ̶ será abrigada, com ironia, por mãos amantes de coleccionadores. Voltámos e forçámos a alegria de mudar de pele, que «o lugar dos livros não se esvai enquanto tiver por mapa um livreiro»:

uma livraria tem por objecto o roubo dos raios e relâmpagos
a sala nua que nos despia não alcança nem sombra nem brilho

as palavras ecoaram dessabendo onde pousar no que iam dizendo
saudades de quando no desarrumo os sentidos se desmultiplicavam
os amadores que costumavam reconhecer páginas e lugares
como em casa ou no corpo
desconheciam agora onde pôr as mãos
sem arriscar largar os olhares uns dos outros
derivavam à tona das areias movediças
a tornar quadrados os metros
medos

daqui só se sai vivo reaprendendo a deslizar sobre as páginas
lágrimas.

A nova síndrome de Estocolmo

Tudo começou com boas notícias: o veículo-sonda da NASA a que chamaram Perseverance tinha aterrado são e salvo no solo do planeta vermelho. A sua missão: recolher indícios de vida microscópica, tirar e enviar fotografias dos lugares por onde passa. No fundo, perceber as condições para uma eventual futura exploração humana de Marte.

Este tipo de acontecimentos agrada-me porque inevitavelmente me oferecem a minha insignificante dimensão no universo – algo que considero muito saudável sobretudo quando por um motivo qualquer me encontro mais ufano. Mas para além disso há a alegria de ver que a humanidade, quando quer, consegue feitos extraordinários que quase a redimem de si própria.

Em resumo, amigos: estava feliz. Para variar, durou pouco. Tive de regressar ao planeta onde vivo e deparar-me com o que por aqui anda. E o que aqui anda tende a tornar profética a célebre frase de Nelson Rodrigues: «O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota». São coisas como esta que provam a verdade cirúrgica daquele grande cronista: um grupo de professores e académicos americanos quer retirar o ensino de Shakespeare dos currículos por considerarem que a sua obra não é compatível com a visão actual de raça, género, classe e sexualidade. Esta guerra contra o bardo inglês já é antiga, diga-se em abono da verdade. O crítico Harold Bloom esteve sozinho e de forma quase quixotesca a combater estes soldados das causas justas desde a década de 90 do século passado. Agora a investida regressou sob o pretexto de que o que Shakespeare escreveu é sobre “supremacia branca e colonização”. Este bando de iluminados agregados sob o nome #DisruptTexts exige que o conjunto da obra literária do poeta e dramaturgo – uma das mais espantosas e perenes conquistas da espécie humana – seja totalmente retirada ou, no melhor dos cenários, ensinada com textos amputados e acrescentados de notas críticas criadas para salvaguardar o contexto destes dias. O que já está a ser feito: o jornal Washington Times cita uma professora de Inglês que ensina a tragédia Coriolanus acompanhada de uma análise marxista; e uma outra docente que alerta os alunos para a “masculinidade tóxica” de Romeu e Julieta.

Entretanto, aqui na minha aldeia, um representante eleito do povo português reclamou a destruição de um monumento construído durante o Estado Novo com o espantoso, mas nem por isso raro, argumento de que é preciso “limpar a memória”. Só o facto de ter escrito a expressão entre aspas me arrepia porque imediatamente remete para outras limpezas de memória e sobretudo o que isso significou. Mais uma vez o facto não é novo e mesmo se nos limitarmos a Portugal há muito por onde escolher. Desde as intervenções de António Ferro nos monumentos históricos – o castelo de S. Jorge, por exemplo – , a revolução toponímica que aconteceu durante a I Republica com as artérias e vias públicas rebaptizadas com acontecimentos e heróis republicanos (movimento de “limpeza de memória” que alcançou a esfera do humor involuntário na patética tentativa de renomear o bolo-rei de “bolo nacional”) ou a substituição de nomes ou remoção de estatuária que consagrava figuras do antigo regime (a ponte Salazar, a estátua do Marechal Carmona, por exemplo) que o fenómeno se repete sob variadas formas.

Que ninguém se iluda: a fúria proibicionista dos professores americanos e a demolição de tudo o que evoque um passado indesejado tem uma raiz comum: a emergência de uma nova ortodoxia que, como todas as ortodoxias, é intolerante com tudo o que a contradiga ou incomode. Esta vontade de criar um presente asséptico apagando as pegadas do que aconteceu enquanto se aponta para uma sociedade perfeita e sem pecado é, no mínimo preocupante. E sim, leva ao triunfo dos idiotas.

No espantoso e nada ortodoxo filme dos Monty Python, A Vida de Brian – cuja acção decorre nos primeiros anos da nossa era – existe a célebre cena de uma reunião de uma frente de libertação palestina que luta contra a ocupação romana. A dada altura o líder pergunta, para avivar o espírito de luta: “O que é que os romanos fizeram por nós?”. A resposta é dada de forma hilariante. Devagar e quase a medo a assembleia reunida vai fazendo uma lista extensa do legado romano – educação, esgotos, economia, etc. – perante o desespero do líder.

Os novos idiotas e a sua relação com o passado é semelhante à do líder representado no filme por John Cleese. Com uma única mas perigosa diferença: não ouvem as respostas nem querem saber. O pior, amigos, é que nos vejo reféns voluntários dessa idiotice e, como se não bastasse, sofrendo da Síndrome de Estocolmo. Algo tem de ser feito. Se nada resultar serei o primeiro a tirar uma selfie com a Perseverance, definitivamente o veículo com mais sorte dos últimos tempos.

Música | Concertos de música clássica agendados para esta sexta-feira

O Instituto Cultural (IC) promove esta sexta-feira, dia 26, dois concertos de música clássica. Um deles acontece no teatro D. Pedro V às 20h e é protagonizado pela Orquestra Chinesa de Macau. O espectáculo visa agradecer aos fãs o apoio durante o festival das lanternas e terá sopros e percussão, sendo interpretadas “várias peças festivas e alegres”, incluindo Dragão Ascendente e Tigre Pulando, Kung Fu, Garimpando Ouro, entre outras. Será também realizada no local uma actividade de Adivinhas de Lanternas, oferecendo aos fãs uma experiência única nesta ocasião festiva. Esta actividade tem início às 19h. A entrada para os dois eventos é gratuita, mediante inscrição.

Também esta sexta-feira, mas no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), acontece o espectáculo “Concerto do Dia dos Namorados – Amor na Primavera” com o músico Mengla Huang no violino e Jing Huan como maestro. O programa do concerto inclui obras como “Abertura Die schöne Melusine, Op. 32”, de Felix Mendelssohn, “Concerto para Violino em Ré maior, Op. 35”, de Erich Wolfgang Korngold, e “Sinfonia n.º 1 em Si bemol maior, Op. 38 “Primavera”, de Robert Schumann.

Inicialmente estava prevista a presença da violinista Mayumi Kanagawa e do maestro Christoph Poppen, mas devido à impossibilidade dos mesmos se deslocarem a Macau, devido à pandemia, a escolha recaiu sobre Jing Huan, maestro principal da Orquestra Sinfónica de Guangzhou, e Mengla Huang, vencedor do primeiro prémio no Concurso Internacional de Violino Paganini em 2002.

Cinema | Projecto de visitas ‘cinéfilas’ guiadas em bairros antigos continua

O Instituto Cultural disse à Lusa que vai prolongar até Abril as excursões sobre filmes rodados em zonas históricas de Macau, cujos guias são directores e actores, justificando a decisão com o êxito da iniciativa. Além disso, a Cinemateca Paixão vai exibir a 2 de Março um documentário sobre a história do cinema de Macau

 

O Instituto Cultural (IC) convidou cineastas e actores locais para guiarem excursões nos bairros antigos de Macau a partir do cenário de filmagens efectuadas em diversos pontos da cidade.

O IC vai prolongar a iniciativa “Visitar o Porto Interior, Taipa e Coloane seguindo os filmes” em Março e Abril, com mais 18 sessões, depois da iniciativa ter arrancado no início do ano.
Pelo menos 180 pessoas participaram nas excursões, aos fins-de-semana e feriados, numa actividade inicialmente prevista para terminar este mês, de acordo com o instituto.

“Através desta actividade, posso conhecer mais sobre a história das zonas de Macau e os filmes que foram realizados” na cidade, salientou um dos guias, Albert Chu Iao Ian, fundador da Associação Audio-Visual Cut, realizador e director. “Como produtores locais, estamos muito satisfeitos”, acrescentou o director, partilhando a importância do envolvimento na iniciativa: “O mais significativo é que partilhei filmes de Macau e isso permite aos participantes ter mais exposição aos filmes locais”.

“No processo de exploração das rotas antes do evento, encontrámos muitos lugares que nunca tínhamos visitado antes, e eram únicos, o que nos fez perceber que Macau tem muitas coisas para oferecer (…). Há ainda muitos lugares em Macau que precisam de ser documentados por imagens”, explicou.

Interpretar imagens

Outro realizador de Macau, Chao Koi Wang, também participou como guia: “O mais importante é que andei muito nesta actividade e aumentei a ligação com o território”, sublinhou.

Chao disse esperar que se possa estender, no futuro, as rotas da actividade para outras áreas e os cidadãos possam entrar nas zonas que habitualmente são menos percorridas na vida quotidiana.

“Foi óptimo descobrir que pessoas de diferentes origens estavam interessadas em ouvir-nos falar sobre os filmes, e isso motivou-nos a introduzir mais filmes de Macau”, frisou.

Os dois percursos das excursões têm lugar nas zonas antigas de Macau, Taipa e Coloane, para “promover e reforçar a participação da comunidade no desenvolvimento artístico e aumentar os elementos culturais do turismo nas antigas zonas de Macau”, segundo o IC.

Também para promover o cinema em Macau, o IC anunciou na segunda-feira que produziu um documentário que irá ser exibido ao longo de cinco sessões na Cinemateca Paixão.

Com o título “Interpretação das Imagens”, centra-se “na história do cinema e do sector da exibição cinematográfica de Macau”. “O documentário ‘Interpretação das Imagens’ mostra a força criativa por trás do sector cinematográfico e televisivo local e, através de entrevistas a académicos e profissionais do cinema, conta a história das vicissitudes do sector da exibição cinematográfica de Macau e apresenta a evolução dos cinemas locais ao longo do século passado”, de acordo com a mesma nota. O documentário vai ser exibido a partir de 2 de Março.

Turismo | Janeiro com quebra de 15,6% de visitantes face a Dezembro

Macau recebeu menos visitantes em Janeiro por comparação ao mês de Dezembro, apontam dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos ontem divulgados. No mês passado entraram em Macau 556.765 visitantes, menos 15,6 por cento face a Dezembro e menos 80,5 por cento em termos anuais. Do total de visitantes que entraram no território em Janeiro, os números de excursionistas e de turistas foram de 287.818 e 268.947, respectivamente.

Os visitantes oriundos do interior da China foram 496.157, menos 76,7 por cento em termos anuais, sendo que destes 174.554 tinham vistos individuais. O número de visitantes oriundos das nove cidades do Delta do Rio das Pérolas da Grande Baía totalizou 304.584, dos quais 153.345 (50,3 por cento do total) eram originários de Zhuhai.

Os números de visitantes de Hong Kong e de Taiwan corresponderam a 50.379 e 10.212, respectivamente. Quanto à via de entrada em Macau, chegaram por via terrestre 518.916 visitantes, menos 76,1 por cento em termos anuais no mês de Janeiro, dos quais 432.496 entraram pelas Portas do Cerco. Quanto à via aérea e à via marítima, chegaram 23.930 e 13.919 visitantes, respectivamente.