Banco Mundial eleva perspectiva de crescimento económico da China para 8,5%

O Banco Mundial elevou hoje a previsão de crescimento da economia chinesa este ano, de 8,1% para 8,5% e disse que uma recuperação total requer progresso na vacinação contra o novo coronavírus.

O relatório constitui outro sinal positivo para a segunda maior economia do mundo e a primeira grande economia a recuperar da pandemia da covid-19.

A atividade nas fábricas e o consumo interno voltaram a fixar-se acima dos níveis anteriores à pandemia da covid-19, embora as autoridades chinesas tenham voltado a restringir viagens em algumas áreas, para conter pequenos surtos de novas variantes do vírus.

O crescimento económico deve cair para 5,4%, no próximo ano, à medida que a recuperação da histórica recessão global do ano passado abranda e a atividade económica regressa ao normal, disse o Banco Mundial.

Em abril, o Banco Mundial referiu que a China e o Vietname foram as únicas economias do Leste Asiático a alcançar uma recuperação “em forma de V”, em 2020, com resultados acima dos níveis pré-pandemia.

A China está a caminho de vacinar 40% da população, até ao início do verão, mas “uma recuperação completa também exigirá progresso contínuo para alcançar uma imunização generalizada”, disse o Banco Mundial.

Antigo político sul-coreano condenado a três anos de prisão por assédio sexual

O antigo presidente da câmara de Busan, a segunda maior cidade da Coreia do Sul, foi hoje condenado a três anos de prisão por assédio sexual a duas subordinadas. Oh Keo-don demitiu-se no ano passado do cargo de líder da autarquia desta cidade portuária, conhecida também pelo festival internacional de cinema.

Três meses mais tarde, o presidente da câmara de Seul, Park Won-soon, suicidou-se depois de ter sido acusado de assédio sexual por uma subordinada. Os dois homens pertenciam ao Partido Democrático, de centro-esquerda, do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Oh, de 72 anos, alegou sempre que o contacto com as funcionárias foi acidental, enquanto ao chegar ao tribunal disse aos jornalistas que a culpa era “de todos”.

O juiz do Tribunal Distrital de Busan, Ryu Seung-woo, considerou que o arguido tinha abusado da “posição de superior” para assediar as subordinadas.

“As pessoas, que não deviam ter sofrido, ainda estão a sofrer”, acrescentou, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

A sociedade sul-coreana permanece profundamente conservadora nas questões sociais, apesar de uma economia em expansão. As vítimas de assédio sexual enfrentam frequentemente fortes pressões para permanecerem em silêncio.

O movimento #metoo, de denúncia de assédio e violência sexual contra as mulheres, tem levado a algumas mudanças na Coreia do Sul, desde que uma procuradora, Seo Ji-hyun, acusou publicamente um supervisor de a apalpar insistentemente num funeral.

Outro caso de grande visibilidade foi o do antigo candidato presidencial Ahn Hee-jung, acusado de violação pela secretária e condenado em fevereiro de 2019 a três anos e meio de prisão.

Duterte admite candidatar-se à vice-presidência das Filipinas

O Presidente das Filipinas disse que poderá considerar concorrer à vice-Presidência do país, no próximo ano, quando terminar o actual mandato, “se houver espaço” para uma candidatura. “Não é de todo uma má ideia e se houver espaço para mim lá, talvez”, disse, na segunda-feira, Rodrigo Duterte, de 76 anos, sobre as perspectivas de se candidatar à vice-presidência.

Os chefes de Estado filipinos estão impedidos pela constituição de 1987 de concorrer à reeleição após um mandato único de seis anos. Pelo menos dois ex-presidentes, Joseph Estrada e Gloria Macapagal Arroyo, candidataram-se com êxito a cargos públicos depois de terem chefiado o Estado.

Ao abrigo da lei filipinas, o vice-Presidente, que pode ser chamado à presidência caso o Presidente morra ou fique incapacitado, é eleito separadamente do chefe de Estado.

Os líderes do partido PDP-Laban de Duterte vão reunir-se entre 16 e 17 de julho para nomear os candidatos à presidência, vice-presidência e às eleições gerais de 09 de maio de 2022. As candidaturas devem ser apresentadas até 08 de outubro.

Numa reunião preliminar no final do mês passado, o partido apoiou uma possível candidatura de Duterte a vice-presidente no próximo ano. Inicialmente, o chefe de Estado filipino indicou que pretendia reformar-se, depois do fim do mandato presidencial e estava “a resistir” ao apelo, embora sem o rejeitar categoricamente.

Uma nova coligação de oposição, 1Sambayan, criticou a perspetiva de uma candidatura à vice-Presidência de Duterte.

“A alegada candidatura a vice-Presidente do Presidente não só ridiculariza a Constituição, como também é uma piada da pior espécie. É risível”, disse o líder da coligação, Howard Calleja, depois do partido no poder ter anunciado apoiar uma candidatura à vice-presidência de Duterte.

Duterte ganhou notoriedade pela sangrenta campanha antidroga, que resultou na morte de milhares de suspeitos, e uma retórica vulgar, mas os índices de popularidade têm permanecido elevados.

NAPE | Operários preocupados com falta de centros de saúde

Os deputados ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau querem saber se o Governo considera construir centros de saúde e outras infraestruturas comunitárias nos novos aterros urbanos planeados para junto do NAPE.

Em interpelação escrita, os deputados Ella Lei, Leong Sun Iok, Lam Lon Wai e Lei Chan U demonstraram preocupação por não existirem centros de saúde, nem planos de construção, para fazer face o aumento da população naquela zona da cidade.

Para os deputados, a instalação das infra-estruturas na zona serviria também para aliviar a pressão do trânsito, visto que contribuiria também para reduzir o número de deslocações da população. “O aperfeiçoamento das instalações de novos serviços sociais nesta zona irá contribuir, não só para a resolução dos problemas da população, mas também para a criação de efeitos sociais positivos”, pode ler-se na interpelação.

Putin e Xi Jinping reafirmam parceria com tratado de boa vizinhança

O Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo russo, Vladimir Putin, enfatizaram ontem a sua aliança, durante uma videoconferência, na qual concordaram prolongar o tratado de boa vizinhança e cooperação amigável.

“O tratado de boa vizinhança, amizade e cooperação [assinado há 20 anos] estabeleceu um conceito de amizade, transmitido de geração em geração, que responde aos interesses fundamentais de ambos os países”, apontou Xi.

Segundo o chefe de Estado chinês, este acordo “está em linha com as tendências da época, visa a paz e o desenvolvimento e é também um exemplo prático e vivo de um novo tipo de relações internacionais”.

Xi indicou na conversa que a “cooperação próxima” entre os dois países representa um “impulso positivo” para a comunidade internacional, num momento em que o “mundo passa por mudanças complexas” e quando “a humanidade enfrenta múltiplas crises”.

Putin defendeu que, nas “actuais condições de crescente turbulência geopolítica, quebra de acordos sobre o controlo de armas, aumento do potencial de conflito em várias partes do planeta, a cooperação russo-chinesa desempenha um papel estabilizador a nível internacional”.

Aliança forte

A conversa ocorre um mês depois de os dois líderes inaugurarem um projecto para construir quatro unidades de geração de energia nuclear, com tecnologia russa, em solo chinês.

As relações entre Pequim e Moscovo atravessam um bom momento, ilustrado pela visita à China, em Março deste ano, do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, para discutir estratégias, numa altura de crescentes tensões mútuas com os Estados Unidos.

Segundo o jornal chinês Global Times, ambas as partes foram informadas sobre o estado das suas respectivas relações com Washington, pedindo aos Estados Unidos para “reflectirem sobre os danos que causaram à paz internacional”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, anunciou em Março que os laços sino-russos estão coesos “como uma montanha” e que as boas relações entre Pequim e Moscovo são “imperativas nas actuais circunstâncias” e constituem “um pilar para a paz mundial”.

Coreia do Norte | Aparência de Kim Jong-un notada na televisão estatal

A televisão da Coreia do Norte transmitiu um comentário fora do comum sobre a aparência “emaciada”, ou magreza relacionada com doença, de Kim Jong-un, uma observação surpreendente num país em que é proibida qualquer menção à privacidade e ao estado de saúde do líder.

A vida privada de Kim é tabu para os media norte-coreanos, mas na semana passada a KCTV transmitiu declarações de um habitante da capital afirmando que todo o país fica com “o coração partido” quando vê a sua aparência “emaciada”. “Ver o nosso respeitável secretário-geral emaciado é o que mais magoa o coração do nosso povo”, disse.

Segundo analistas, a observação reflecte a vontade das autoridades de aproveitarem a perda de peso do líder norte-coreano para fortalecer a lealdade ao regime em dificuldades.

Com uma economia sobrecarregada com as múltiplas sanções internacionais contra os seus programas militares, a Coreia do Norte está cada vez mais isolada após o encerramento das fronteiras para impedir a propagação do novo coronavírus.

Em meados de Junho, Kim reconheceu que o país vivia uma crise alimentar, fazendo soar os alarmes num país cujo sector agrícola enfrenta graves dificuldades. O estado de saúde do líder norte-coreano é seguido atentamente a nível internacional. O seu súbito desaparecimento levantaria problemas quanto à sucessão e estabilidade do regime.

Fumador inveterado, Kim sofre há muito de obesidade e o seu peso tem aumentado nos últimos anos. O seu pai e o seu avô, que governaram a Coreia do Norte antes dele, morreram devido a problemas cardíacos. Recentemente, Kim Jong-un apareceu significativamente mais magro em fotografias divulgadas pela agência oficial norte-coreana KCNA ou em imagens da televisão estatal.

Medina, o russo

Já imaginaram vocês organizarem uma manifestação contra o ditador Putin e por lei terem de entregar os vossos dados na Câmara Municipal de Lisboa? O que acho um exagero. Agora, a edilidade pegar nos vossos dados, que incluem o nome completo, idade, morada, número de telefone, email e se forem estudantes, o nome da faculdade, e enviar esses dados não para a Polícia de Segurança Pública, como a lei obriga, mas os vossos dados irem parar à embaixada da Rússia e a Moscovo ao Ministério dos Negócios Estrangeiros? Eu penso que nem no Estado Novo isto acontecia. Só para a Rússia foram enviadas 27 vezes os dados dos promotores das manifestações anti-Putin. Os organizadores de manifestações correm risco de vida porque uma auditoria à Câmara Municipal de Lisboa já detectou que em 58 manifestações que se realizaram junto de embaixadas, a Câmara de Lisboa enviou 52 dados pessoais de organizadores para as embaixadas visadas. Isto é um crime contra os direitos humanos e contra a liberdade dos cidadãos. Como se pode dizer que Portugal vive numa democracia se as nossas autoridades, incrivelmente camarárias dão-se à facilidade de colocarem em risco a vida de cidadãos residentes em Portugal? De há nove anos para cá já foram enviadas informações confidenciais para além da Rússia, para o Irão, Arábia Saudita, Israel, China, Venezuela, Turquia e EUA.

A Câmara, presidida por Fernando Medina, disse através de um comunicado que “tem cumprido da forma homogénea a Lei portuguesa, aplicando os mesmos procedimentos a todo o tipo de manifestações, independentemente do promotor e do destinatário da mesma”. No entanto, a oposição pela voz do candidato à presidência da Câmara pelo PSD, Carlos Moedas, exige a demissão de Fernando Medina, salientando que o facto é gravíssimo e é um atentado contra a liberdade dos cidadãos. Moedas poderá ter razão se atendermos que Fernando Medina tinha conhecimento desde 2018 que os dados das pessoas eram enviados para diferentes embaixadas.

No entanto, soubemos que António Costa quando exercia o cargo de presidente da Câmara de Lisboa tentou três vezes que estes trâmites acabassem de uma vez por todas. Sendo público que a análise feita pelos serviços internos do município lisboeta versou sobre todos os processos levados a cabo desde 2012 até à actualidade, fica agora patente que António Costa tentou travar a divulgação de dados a embaixadas, mas não teve sucesso. Além disso, muito mais tarde, no protocolo elaborado pela autarquia ficava também patente que o Governo, recebia, ao mais alto nível, as comunicações sobre as manifestações. Não só o Ministério da Administração Interna (MAI), mas também o gabinete do ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, como também o gabinete do primeiro-ministro. À época Pedro Passos Coelho. Tal procedimento deveria ter acontecido em 2013 quando foram feitos alguns ajustamentos ao procedimento que havia sido estabelecido em 2012, dando origem a novas minutas de articulação com os promotores e com as entidades externas. A partir de então, os dados deveriam ser enviados apenas mara o MAI e para a PSP. Um despacho de António Costa deu origem a uma reformulação dos protestos de procedimento nos quais está implícita a supressão de envio de um conjunto de informações e comunicações, mormente embaixadas. No entanto, tal não aconteceu e não se sabe porquê.

É muito grave não se saber por que razão o despacho de António Costa não foi cumprido e em 2021 o país fica atónito com uma Câmara Municipal que quebra todas as regras da confidencialidade e da liberdade de informação.
Fernando Medina foi ouvido na Assembleia da República e admitiu ter induzido os portugueses em erro quando afirmou que “apenas” as embaixadas que recebiam manifestações à sua porta eram notificadas com dados pessoais.

A audição ficou marcada por contestação sólida e unânime ao sucedido, excepto o deputado do PS, José Magalhães, que devia ter vergonha da sua posição. Telmo Correia, do CDS, afirmou que Fernando Medina procurou de todas as formas esquivar-se à responsabilidade deitando culpas para os outros. Carlos Peixoto, do PSD, disse a propósito do que a Câmara fez que só faltou ter enviado uma cópia do cartão de cidadão dos manifestantes. Medina respondeu aos deputados que admitia que o assunto era “grave” pois mexia com o direito dos lisboetas se poderem manifestar em liberdade. Acrescentou que, assim que teve conhecimento de tal procedimento que solicitou uma auditoria interna urgente. Todavia, os deputados do CDS e do PSD atacaram novamente Medina e afirmaram que se este caso tivesse acontecido na Alemanha que Medina nunca mais voltaria a ser edil. Se Medina começou a audiência calmo e sereno, não foi assim que terminou. Muito vermelho, apontou o dedo a quem o acusara, pronunciando que os acusadores apenas estavam a montar uma cabala com vista à sua demissão. “O que aqui está, confundido com uma preocupação legítima, é o oportunismo político: não é preciso fazer um boneco para ilustrar o que eu disse”, concluiu Fernando Medina que nunca conseguiu explicar como era possível passar informações confidenciais para as embaixadas.

*Texto escrito com a antiga grafia

“A morte de um apicultor” 4 (Última parte)

De um ponto de vista literário, aquilo que fascina no livro é como não conta nenhuma história, propriamente. Conta o modo como um homem enfrenta uma doença e os seus pensamentos, que divide em cadernos. Não há enredo. De algum modo, Gustaffson está a dizer que o enredo é a morte do romance contemporâneo. Enredar, no sentido de tecer um enredo, é tão absurdo hoje no romance, como compor música erudita cheia de compassos sustentados em arpejos ou tríades, ou fazer uma exposição de pintura com retratos ou paisagens naturalistas. Quando alguém no diz que a diferença entre um bom e um mau romance é que no primeiro estamos a ver acontecer e no segundo estão a dizer-nos o que aconteceu, está a defender o ponto de vista naturalista do romance. Também o cinema naturalista nos cria a ilusão de que aquilo a que estamos a assistir está a acontecer. E, deste ponto de vista, este romance de Lars Gustaffson é não apenas um romance contemporâneo, mas um romance contemporâneo que se levanta contra o naturalismo do romance nos nossos dias. É evidente que este romance pode ser considerado pos-modernista, mas há inúmeros romances pos-modernistas que têm enredo. Para não irmos mais longe, o excelso romance de Helder Macedo, Tão Longo Amor Tão Curta A Vida. apesar de o enredo neste romance ser auto-destrutivo e não um enredo comum ou naturalista. Mas o romance de Gustaffson despreza o enredo do mesmo modo que despreza a sociedade sueca. E, neste sentido, é também um romance em que forma e conteúdo – distinção ultrapassada, mas que fora dos circuitos literários nos dá muito jeito – se conectam na perfeição. «Até a minha forma de reagir à doença é evidentemente insocial», escreve no capítulo IV. E esta frase atinge o livro todo: o modo de escrever, à revelia do enredo, insocial; o modo como vive, afastado de todos e junto das abelhas, insocial; o modo como lida com a doença, começando por rasgar o envelope do centro de saúde, insocial; o modo como questiona o modo como vivemos, insocial.

Mas ao mesmo tempo não é um livro que tenha uma linguagem violenta ou desabrida, não tem descrições que nos possam magoar, directamente. O pior que nos faz é pôr-nos a pensar. O modo como escreve, tão claro e tão pouco agressivo, parece querer dizer-nos que aquilo que lhe importa é apenas uma coisa: pensar. Pensar é aquilo que configura, no fim, uma vida humana. É este o luxo da existência: poder pensar. Ter o poder de pensar. Ter símbolos à mão. Ter símbolos na cabeça. Ter uma linguagem que usamos constantemente e desconhecemos. Porquê?

Podíamos com toda a segurança apresentar «A Morte de um Apicultor» como um grande livro de porquês. Mesmo quando as frases nos aparecem em forma de sentenças, actuam dentro de nós como perguntas. Veja-se o caso das frases do capítulo V, que tem o título «Quando Deus acordou». A primeira diz: «Em vez dele, havia uma mãe.» (165)

Em vez dele o pai. A ideia de Deus ser uma mãe põe-nos a pensar. Não é Deus ser uma mulher, pois isso não é nada de novo, é Deus ser uma mãe ao invés de um pai. Se Deus fosse uma mãe, a humanidade estava como estava? A outra frase, e é a que fecha este mesmo capítulo V: «Se Deus existe tudo é permitido.» Frase que inverte a posição de Dostoiévski em Crime e Castigo, se bem a que ele não o diga «ipsis verbis». Mas mais interessante ainda é a frase anterior, que a língua começou a morrer. Num mundo perfeito a linguagem não faria falta. Gustaffson está claramente a dizer-nos que a linguagem é aquilo que mais nos magoa, sendo ao mesmo tempo aquilo que nos define e nos permite a criação de todos os símbolos que nos ajudam na pragmaticidade da vida. E, obviamente, num mundo onde a linguagem desaparece, a última frase teria de ser, sem margem para dúvidas: Se Deus existe tudo é permitido. Esta frase tem de ser lida à luz da esperança. Tudo pode ser, num mundo onde se possa voltar para trás.

Onde se consiga inverter o tempo. No fundo, deus é esperança. Aquilo a que chamamos deus poderíamos chamar esperança, e assim passamos a vê-lo melhor.

E é agora que podemos analisar o estribilho que percorre todo o livro: «Recomeçamos, não nos rendemos.» e ver como se liga à esperança. Recomeçar é um modo de voltar atrás, de inverter o tempo. Só se inverte o tempo com esperança. É este o sentido da não rendição do humano, que se interliga à esperança, que é um nome mais palpável e mais plausível para deus. Recomeçamos, não nos rendemos. E, sem dúvida, não podemos terminar esta leitura sem ligar também esta frase ao facto de estarmos sempre continuamente a ser outros e como isto se reflecte no nosso medo de enlouquecer, como Gustaffson escreve no capítulo VI «Memórias do paraíso»: «O medo de enlouquecer é, na verdade, o medo de nos tornarmos outra pessoa: / mas é isso que nos está constantemente a acontecer.»

(Não continua na próxima semana)

Os serviços de incêndio

Até meados do século XIX, a cargo dos mandarins de Xiang-shan estavam as ordens e medidas para evitar incêndios, como a de 7 de Novembro de 1829 onde se ordenava, a demolição de todas as barracas de palha, as lojas serem obrigadas a ter baldes com água à porta e em vez de archotes devia-se andar de noite com lanternas. Contava-se com os habitantes da cidade, avisados por o repicar dos sinos dos templos, sobretudo os das igrejas, e mais tarde, em simultâneo com dois tiros de pólvora seca dados a partir das fortalezas, para comparecerem com baldes de água a combater os frequentes incêndios.

Após tomar posse da terra de Macau, o Governador João Ferreira do Amaral (1846-1849) afastou da península os mandarins e para resistir a qualquer ameaça, em 1847 criou o Batalhão Provisório (de segunda linha) destinado a auxiliar o Batalhão de Artilharia de Primeira Linha, como Força mista de 1ª linha.

Em 1851 os serviços de incêndio foram atribuídos às forças militares portuguesas e da Fortaleza de Nossa Senhora do Monte dava-se aviso de incêndio à cidade, disparando do canhão dois tiros seguidos de pólvora seca. Os serviços de extinção de fogo eram assegurados por um piquete do Batalhão de Artilharia com a bomba existente, aquartelado no antigo Convento de S. Francisco [demolido em 1864 para ser construído o Quartel] e também por pessoal em serviço para ir atacar os incêndios do Batalhão Provisório, instalado no extinto Convento de S. Domingos.

A 4 de Janeiro de 1856 houve um incêndio como nunca se viu em Macau, talvez o mais devastador de sempre na cidade. Refere Luís Gonzaga Gomes, “Teve princípio à 1 h 45 m, numa das boticas chinesas [no centro] do Bazar.

Ajudado pelo vento norte, o fogo espalhou-se com grande rapidez, mas às 5.00 horas, mudando para leste, fez avançar o incêndio sobre as boticas do Matapau. Às 6.30 horas, voltando, outra vez, para o norte, fez com que a terrível conflagração seguisse pela Travessa de S. Domingos, Rua do Quintal e Travessa do Tronco, escapando, por pouco, o antigo convento de S. Domingos [que esteve em risco]. O incêndio durou toda a noite, destruindo 420 boticas (lojas) e 400 residências de famílias chinesas, subindo a mais de meio milhão de patacas o valor de propriedades destruídas. Os cidadãos de Macau auxiliaram, por toda a forma possível, a combater o incêndio, tendo prestado valiosos socorros as guarnições das fragatas francesas Virginie e Constantine.” No Bazar o incêndio só não destruiu algumas lojas dos limites Norte e do Sul, tudo o resto devastou.

A companhia

Com a cidade a expandir e cheia de emigrantes chineses, estava na altura de melhorar os serviços e a 30 de Outubro de 1858 foi criada a Companhia de cules chineses para carregos [carga, encargo] para cada um dos bairros de Macau.

Em cada bairro existiam três companhias de cules, cada com um chefe, usando chapéus de bambu numerados e de cores diferentes, sendo obrigados a apresentar-se no Largo do Senado para o serviço de bombas sempre que houvesse deflagração de incêndio e os aguadeiros tinham o dever de comparecer no local para acudir, e quem não cumprisse corria o risco de pagar uma pataca de multa. Os aguadeiros passaram assim a fazer parte de um conjunto organizado – a Companhia – deixando de proceder individualmente à venda de água para passarem a distribui-la segundo normas e princípios estipulados pela Companhia. Deste modo os aguadeiros perderam o seu carácter de vendilhões para se transformarem, sobretudo, em cules distribuidores ou simples carregadores de água ao serviço da Companhia para quem trabalhavam e por quem eram pagos. Se, por um lado, este facto lhes trouxe vantagens no sentido de lhes proporcionar maior segurança, por outro, e a partir daí, passaram a conhecer um certo número de obrigações que, para garantia do seu emprego, deviam cumprir. A mais importante de todas as obrigações foi a prestação de serviço de incêndios, o que veio a constituir um grande apoio para a Administração que, frequentemente, via a cidade ser assolada por fogos e não possuía meios eficientes para os combater.

A partir de 13 de Novembro de 1858, a complementar com os dois tiros de pólvora seca de canhão disparados da Fortaleza do Monte, aí se colocava no mastro sinais, à noite por luzes e durante o dia por balões e bandeira vermelha, a dar a conhecer o local do fogo.

A cidade estava dividida em sete zonas e por sinalização indicava-se cada uma. Colocado no mastro o anúncio de incêndio, se fosse no Patane, durante o dia hasteava-se uma bola e à noite, duas luzes amarelas. Se ocorria no Bazar, durante o dia duas bolas e à noite, uma luz amarela em cima e por baixo uma vermelha. Em S. Lourenço, durante o dia, no topo uma bola e por baixo a bandeira e à noite, uma luz vermelha e por baixo uma amarela. Se fosse em Santo António, durante o dia, a bandeira e por baixo uma bola e à noite, no mastro duas luzes vermelhas. Sendo o incêndio na freguesia da Sé, durante o dia duas bolas e entre elas a bandeira e à noite duas luzes amarelas com uma vermelha entre elas. Já para Mong-Há, duas bolas e por baixo delas a bandeira e à noite, duas luzes vermelhas com uma amarela entre elas. Se o incêndio era na Barra, a bandeira encontrava-se em cima, tendo por baixo duas bolas e à noite apareciam três luzes vermelhas. Na Fortaleza do Monte, a sinalética colocada no mastro, visualizado de toda a cidade, permitia localizar o incêndio.

O vento ajudou

A 19 de Dezembro de 1862, pelas 15 horas deu-se sinal de fogo no Bazar. O incêndio manifestou-se com rapidez na Rua da Barca de Lenha, num lugar apertadíssimo, onde só existiam estâncias de lenha, carvão e madeira, e estendeu-se até Pun-Pin-Vai. Como na ocasião o vento soprava fresco de Norte, o incêndio desenvolveu-se intenso, apresentando feio aspecto, e, ameaçando consumir as casas das ruas próximas, porém a felicidade de rondar o vento para o nordeste e leste-nordeste, abonançando consideravelmente, e ser quase praia mar, o que forneceu água em abundância, e os socorros prontos que se administraram, com a boa direcção dos trabalhos, cortando-se o incêndio a ponto tal que se isolou o foco das chamas dos prédios e ruas contíguas, fez com que ele não progredisse, ficando extinto pelas 9 horas da noite. O fogo proveio d’ um descuido numa loja de colchoeiro e arderam 57 prédios, sendo destruídas quatro casas nos cortes que se fizeram, e vítimas houve apenas uma rapariga de 10 anos e uma criança recém-nascida, segundo o Boletim do Governo de 20/12/1862.

“Depois do grande incêndio do Bazar, em 1856, foi este um dos maiores que se deu na cidade”, refere Gonzaga Gomes, mas o ocorrido em 1860 na Travessa do Armazém Velho causou a morte de 30 trabalhadores chineses.

A 31 de Dezembro de 1862 foram isentos do pagamento de décimas e licenças, pelo período de um ano, os donos das propriedades do Bazar, que arderam no dia 19 de Dezembro deste ano, sendo os mesmos obrigados a começar com a reconstrução dentro de três meses.

Bienal | Quatro fotografias compõem “A Alegoria da Globalização”, de João Miguel Barros

“A Alegoria da Globalização” é o nome do projecto fotográfico de João Miguel Barros seleccionado pelo Instituto Cultural para integrar a “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, que começa em Agosto. O trabalho feito em Macau, composto por quatro imagens, onde o fogo simboliza um mundo em mudança

 

João Miguel Barros, advogado que tem feito carreira na área da fotografia, é um dos 12 nomes participantes na “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, com o projecto “A Alegoria da Globalização”, que estará patente em Agosto no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Ao HM, o fotógrafo falou um pouco deste projecto, composto “por imagens novas que fiz muito recentemente”, e que são “de uma simplicidade atroz”, mostrando “o pavio de quatro velas e um movimento de chamas”.

As fotografias de grande dimensão, que ocupam um espaço de três por 2,5 metros, têm o fogo, importante elemento da cultura chinesa, como símbolo da globalização que vivemos. “Precisava de uma representação alegórica relacionada com a globalização. Esta consegue-se representar através de fotografias documentais, mas não através de uma alegoria. O fogo tem uma força que normalmente é parada pela acção humana, e o vento, outra força muito poderosa, faz com que as chamas tenham representações diferentes. É este movimento que simboliza o avanço e o recuo, e a globalização simbolizada pelas chamas das velas.”

Na rota internacional

João Miguel Barros assume que reconhecimento do IC o “responsabiliza”, lamentando, no entanto, que a fotografia nem sempre esteja ao mesmo nível das outras expressões artísticas. “Continuo a pensar que a fotografia está sempre numa escala inferior, porque é sempre difícil competir com trabalhos de escultura ou pintura, até pelo facto de estas serem sempre peças únicas e a fotografia poder ser reproduzida.”

Quanto à bienal, é um evento importante “para internacionalizar a arte em Macau”, defende o fotógrafo. “É importante internacionalizar Macau como um centro de arte e cultura, porque as indústrias criativas, no modelo em que funciona, não estão a potenciar a criação cultural. Temos pequenas exposições, mas não há uma dinâmica cultural em termos de projecção dos artistas. Às vezes, as coisas são todas muito locais, resumem-se a umas inaugurações e mais ninguém vê.”

Neste sentido, João Miguel Barros entende que “era importante que o Governo investisse na promoção destas iniciativas a nível internacional, nomeadamente apoiando a publicação de artigos promocionais em revistas internacionais”.

O projecto fotográfico e os restantes trabalhos seleccionados vão integrar a exposição “Trabalhos Seleccionados de Artistas Locais”. Estão incluídos nomes como “Corpo da Mãe”, de Cheong I Kuan; “Paraíso” de Fok Hoi Seng; “Pássaro Perdido”, de Ho Weng Chi; “Distraído e desorganizado”, de Ieong Man Pan; “League of journeyers to the east”, de Konstantin Bessmertny; “Não é da minha conta” de Kun Wang Tou; “Isolamento‧Separação”, de Leong Lam Po, “Paisagem da China, N.º 2021” de Mak Kuong Weng; “Foi um ano pesado”, de Sit Ka Kit; “Evolução” de Wong Soi Lon e “Génesis em 700 ecrãs desconhecido_/_”, de Wong Weng Io.

Euro 2020 | Portugal é eliminado pela Bélgica nos oitavos de final

Na incerteza do futuro, Fernando Santos fez algumas mexidas. Por necessidade física ou escolha, a selecção lusa entrou com o objectivo de ganhar. Mas no meio de tanto talento português e belga, a equipa de Fernando Santos voltou a ser aquilo que sempre foi. Uma equipa com uma geração de milhões a jogar a um nível de tostões

 

Por Martim Silva

Oportunidades não faltaram às diversas selecções das quinas de ganharem um, dois ou mais troféus internacionais. Anos como 2000, 2004, 2006 e até 2012 são apenas exemplos recentes. Já para não mencionar as diversas competições onde Portugal nem apareceu, apesar do seu calibre.

No jogo de ontem, mais uma equipa se alistou no leque de gerações desperdiçadas devido à mediocridade exibida em campo. Ontem, a Bélgica venceu Portugal por 1-0 a contar para os oitavos de final do Euro 2020.

A tarefa parecia mais complicada que em 2016, onde Portugal apanhou pela frente adversários que não eram favoritos a conquistar o troféu de campeão europeu. Em 2018, no Mundial, a tarefa também parecia mais complicada. Mas superar obstáculos faz parte do ADN de Portugal, não só enquanto nação, mas selecção. Contudo, desde esse Mundial e incluindo este Euro 2020, Portugal venceu apenas dois jogos. Um frente a Marrocos e outro frente à Hungria. É pouco para uma equipa que tem, dentro da sua convocatória, campeões ingleses, franceses, espanhóis e quatro jogadores que foram vice-campeões europeus. Fernando Santos tarda em colocar esta geração e equipa a jogar o melhor possível.

O mesmo se passou em 2014 e noutros anos onde a superstição e as polémicas, como o “caso Paula”, eram o pão nosso de cada dia. Esta geração portuguesa, porém, não encontra muitas equipas melhores.
Rui Patrício, guarda-redes da selecção, até teve um serão tranquilo frente aos belgas. Portugal tinha três jogadores no seu meio-campo, João Palhinha, Renato Sanches e João Moutinho. Este trio encaixava em Kevin De Bruyne, que procurava receber a bola numa zona mais adiantada do terreno. Os outros médios belgas, Youri Tielemans e Axel Witsel formavam um par mais recuado.

No esquema de 3-4-3 da Bélgica (5-2-3 a defender), Portugal devia ter explorado mais as combinações em igualdade numérica nas alas belgas, mas onde a largura está bem resguardada, porque tem 5 jogadores a defendê-la, e com Portugal a virar com pouca velocidade o centro do jogo, não houve ataques surpresa.

Mesmo quando os três avançados eram batidos quando pressionavam a selecção até à entrada da sua grande área, o que possibilitava à equipa de Fernando Santos jogar contra menos três jogadores, porque Lukaku, De Bruyne e Eden Hazard não têm disciplina defensiva, Portugal foi incapaz de fazer mais nos corredores e no meio do terreno. Mesmo quando Witsel ou Tielemans tentavam colar-se a Renato ou Moutinho para não os deixar virar, deixando espaço no meio, Portugal não ocupou bem estes espaços.

Sem grande caudal ofensivo por parte da equipa de Roberto Martínez, a Bélgica chegou ao golo aos 42 minutos, com um grande remate de Thorgan Hazard, à entrada da área.

A resposta lusa

João Félix entrou apenas aos 55 minutos e mexeu imediatamente com o jogo. Ter um jogador com a sua capacidade ofensiva e inteligência em ocupar espaços no banco é sinal de desperdício de mais uma geração. Bruno Fernandes também entrou aos 55 minutos e com mais bola nos pés do que nos jogos anteriores, mostrando o porquê de ser um dos melhores médios a jogar em Inglaterra.

Portugal na segunda parte, e com jogadores capazes de fazer estragos mais à frente, rematou ao poste da baliza de Thibaut Courtois, que fez algumas defesas, mas nada de impressionante.

A equipa lusa sofreu até ao último segundo com a ansiedade da eliminação. O sofrimento deu lugar à eliminação e sobre isto, Fernando Santos disse o seguinte. “Os jogadores tiveram uma atitude forte. Procurámos atacar, criámos condições, defendemos bem também. A equipa belga fez seis remates, mas só por uma vez acertou na baliza e foi golo. Portugal fez 29 remates e não conseguiu fazer golo. A bola foi ao poste, bola aqui, bola acolá, mas os jogadores sempre atrás do resultado.”.

Contudo, o treinador português não tem medo de desafios maiores, apontado já para as próximas competições. “Nós acreditávamos que iríamos à final e venceríamos. Vínhamos com esse espírito e vontade. Os jogadores estão a chorar, normal, mas há muitas coisas a ganhar no futuro. Em 2018 também fomos eliminados no Mundial e depois ganhámos a Liga das Nações. Temos de olhar para a frente e ganhar o Campeonato do Mundo.”. Sentenciou Fernando Santos.

 

Expulsão de De Ligt dita apuramento checo

Os Países Baixos perderam por 2-0 contra a República Checa e as dificuldades que ambas as equipas têm, em vários momentos do jogo, foram expostas de forma clara.

No primeiro jogo da noite de ontem, a selecção de Frank de Boer começou o jogo com bola, não sendo capaz de ter uma unidade coesa ofensiva. O único motor de criação laranja era Memphis Depay, jogador que irá representar o Barcelona na próxima época, com Frenkie De Jong como parceiro. Além destes dois, e a capacidade de passe de Daley Blind, os Países Baixos pouco fizeram.

O ataque à profundidade de Denzel Dumfries, lateral oranje, era perigoso para a defesa checa, mas em apenas uma ocasião criou algum perigo.

No meio-campo laranja, as dificuldades na organização defensiva ficaram patentes quando um dos médios, Marten de Roon e De Jong ,tinha de cobrir o espaço deixado entre lateral e central na linha defensiva de Frank de Boer, deixando o outro colega como o único elemento à frente da defesa.

Quanto aos checos, foram incapazes de aproveitar a fraca organização defensiva dos Países Baixos. O jogo mais directo e longo não assustou as tropas laranjas até ao minuto 55 quando o defesa Matthijs de Ligt em disputa com o avançado checo, Patrik Schick, agarrou a bola com a mão e foi expulso da partida. Os erros do jovem defesa foram-se acumulando e este custou a passagem dos Flying Dutchmen à próxima fase do Euro. Logo aos 60 minutos, os checos chegaram à vantagem depois de um canto, Tomáš Holeš marcou de cabeça. Aos 80 minutos, Schick marcou o seu 4.º golo da competição. Os checos vão agora defrontar a Dinamarca no dia 3 de Julho.

Sobre a expulsão, de Ligt mostrou arrependimento. “Dói e custa muito. Perdemos o jogo e fomos eliminados por minha culpa, não devia ter feito o que fiz naquele lance. Tínhamos o jogo sob controlo, criámos algumas oportunidades e a República Checa não as estava a conseguir ter. Como é óbvio, o cartão vermelho fez toda a diferença”.

 

Inglaterra e Alemanha tiram teimas em Wembley

Durante 36 anos (1930-1966), a Alemanha não venceu nenhum dos oito confrontos que teve com a Inglaterra. A última, e talvez mais importante vitória foi na final do Mundial de 1966, ganho pelos ingleses. Mas desde 1968 até agora, a selecção dos Três Leões só venceu seis dos 24 jogos disputados por ambos.

No fim de um destes jogos, a meia-final do Mundial de 1990, Gary Lineker, na altura avançado da selecção inglesa orientada por Bobby Robson, deixou claro que apesar de todas as contrariedades de um jogo de futebol, no fim ganha sempre a Alemanha.

Em 2021, a Inglaterra é favorita a vencer a Alemanha no jogo dos oitavos de final do Euro no estádio Wembley, em Londres. O jogo será de terça para quarta-feira às 00h e para os alemães, estarem em território inimigo não assusta. “Eles jogam em casa e querem atacar. Vamos ter um jogo mais aberto. Temos de melhorar algumas coisas, estamos conscientes disso, temos de ter cuidado e prestar atenção às bolas paradas de Inglaterra.” Atirou o treinador alemão, Joachim Löw.

Em desvantagem numérica nas bancadas, Wembley vai receber 45 mil adeptos, com apenas 2 mil germânicos. A Federação Alemã não está muito contente com a distribuição de bilhetes, levando à ilação de que um alemão à procura de vingança é sempre perigoso.

No outro embate da noite, 03h de Macau, Suécia e Ucrânia defrontam-se pela segunda vez em competições oficiais. Os suecos procuram dar continuidade a uma fase de grupos sem derrotas e a Ucrânia procura redimir-se da derrota e da fraca exibição frente à Áustria (1-0). A chegada aos oitavos de final é melhor posição dos ucranianos em Euros e continuar em competição é motivação mais do que suficiente.

Macau Special Olympics | Negado recurso a vítima de acidente de trabalho

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) rejeitou o recurso apresentado por uma professora da associação Macau Special Olympics que teve um acidente de trabalho e que exigia, da parte da seguradora, pagamentos adicionais de tratamentos médicos.

Segundo o acórdão, a docente foi contratada em 2018, tendo o acidente ocorrido quando esta foi com uma utente à casa de banho, onde torceu a cintura e o pulso esquerdo. A mulher acabaria por ser avaliada com “incapacidade permanente parcial”. A seguradora pagou uma parte das despesas médicas no valor de quase 86 milhões de patacas. Ficou por pagar o restante montante superior a 42 mil patacas.

A docente recorreu então ao juízo laboral do Tribunal Judicial de Base (TJB), exigindo à seguradora o pagamento de despesas médicas no valor superior a 149 mil patacas, correspondentes ao período entre 10 de Janeiro de 2018 e 17 de Outubro de 2019, ou seja, após a ocorrência do acidente. No entanto, o TJB entendeu que a seguradora deveria pagar apenas o montante de 42 mil patacas.

A professora alegou então, junto do TSI, que “embora tivesse regressado ao trabalho a 6 de Agosto de 2018, tal não significava que estava totalmente recuperada e que não necessitava de continuar com tratamento médico”. A mulher argumentou que “continuou a receber tratamento médico após a data de regresso ao trabalho, pelo que o valor ainda devido e não pago devia ser de 149.981 patacas, tal como foi indicado na petição inicial”.

O TSI entendeu que houve “insuficiência da matéria de facto provada” e que a seguradora “só devia à autora as despesas médicas decorrentes dos tratamentos médicos recebidos antes de 6 de Agosto de 2018 e que ainda não foram pagas”, pelo que se mantém a decisão do TJB.

Ruínas de São Paulo | Questões de propriedade ligadas à classificação

A maior parte dos participantes na consulta pública promovida pelo Instituto Cultural concorda com a classificação das Ruínas do Colégio de São Paulo, nomeadamente vestígios do colégio e antigo muro, onde se incluem os troços situados no Pátio do Espinho e Beco do Craveiro. No entanto, temem-se problemas de propriedade caso o processo avance

 

De um total de 308 opiniões recolhidas, quase 83 por cento concorda com a classificação das Ruínas do Colégio de São Paulo, onde se incluem os vestígios do colégio e antigo muro, bem como os dois troços no Pátio do Espinho e o troço no Beco do Craveiro. Esta é uma das conclusões da consulta pública conduzida pelo Instituto Cultural (IC) relativo ao terceiro grupo proposto de classificação de bens imóveis de Macau, que inclui 12 localizações.

O relatório, ontem divulgado, dá conta que as principais razões para a concordância com a classificação prendem-se com o facto de as Ruínas do Colégio de São Paulo “terem valor histórico” e serem “portadoras de memórias”.

No entanto, há quem esteja contra a classificação de um dos locais mais icónicos de Macau pelo facto de poder levantar questões de propriedade no futuro. “Alguns residentes que vivem nas proximidades disseram que a área do Pátio do Espinho, onde se encontram as ruínas do antigo muro, está ligada a alguns edifícios residenciais. Existe a preocupação de que a reparação futura dos edifícios seja considerada como danos ao património cultural.”

Além disso, o relatório dá conta de que “existem também opiniões que consideram que as ruínas não possuem características especiais”.

Em termos gerais, o relatório descreve que as opiniões a favor da classificação dos 12 bens imóveis “constituem sempre a maioria”, variando entre 76,1 e 94 por cento. “As principais razões a favor reflectem o desenvolvimento histórico e as características culturais de Macau, além de [os imóveis] terem valor para a preservação.”

Importância da memória

Os vestígios históricos encontrados em fosso aberto no substrato rochoso na Rua D. Belchior Carneiro são também propostos para classificação. Das 305 opiniões, quase 85 por cento “de todas as opiniões gerais dos três canais estão a favor da classificação”.

Os argumentos apresentados a favor da classificação são que os vestígios históricos “têm um significado ou valor históricos e são portadores de memórias”, enquanto que aqueles que estão contra a classificação consideram “que os vestígios históricos não possuem valor cultural nem características especiais”.

No documento constam ainda locais como a Ponte Cais nº1, a antiga Ponte Cais da Taipa, a Ponte Cais de Coloane e a Vila da Nossa Senhora – Antiga Leprosaria de Ka-Hó, entre outros. Sobre este último local, foram recolhidas 302 opiniões, sendo que mais de 92 por cento estão a favor da classificação, por considerarem que o local “tem significado histórico”.

Segundo uma nota do IC, o processo de classificação deverá ser concluído até 25 de Novembro deste ano, “sendo que o Instituto Cultural envidará esforços para concluir os trabalhos antes do referido prazo”.

Chuva | SMG voltam a alertar para possíveis inundações

À semelhança de ontem, os serviços de meteorologia emitiram um alerta para a ocorrência de chuva intensa e inundações durante o dia de hoje. Além do encerramento temporário do posto fronteiriço de Hengqin, várias zonas da cidade ficaram ontem inundadas. O nível de água chegou aos 0,3 metros no Porto Interior

 

Um aviso publicado na página electrónica dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) indica que no início da manhã de hoje possam ocorrer “aguaceiros fortes acompanhados de trovoadas”, assim como “possibilidade de inundações”. Em causa está uma corrente de ar sudoeste que vai continuar a trazer instabilidade meteorológica à zona costeira de Guangdong.

As torneiras do céu abriram-se sob a cidade durante a noite de domingo para segunda-feira. Ontem, as chuvas intensas levaram à emissão do sinal preto por volta das 04h50 da manhã, com a forte precipitação a resultar em inundações. A água foi-se acumulando nas zonas baixas da cidade, com o nível a chegar aos 0,3 metros no Porto Interior. Relativamente à frequência das chuvas intensas em Macau nas últimas semanas, um porta-voz dos SMG indicou ao HM que o fenómeno “é normal”, dado que os meses de Maio e Junho são a época de chuvas de Macau.

De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, o posto fronteiriço de Hengqin esteve temporariamente encerrado devido a inundações, voltando a reabrir pelas 9h30. Também segundo a mesma fonte, por volta das 7h30, a forte precipitação esteve na origem de um deslizamento de terras na zona do Pac On.

Não foi um caso isolado em Junho. Em resposta a uma interpelação escrita de Sulu Sou sobre os alertas meteorológicos e as infra-estruturas para o tratamento das inundações, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) indicou que “já procedeu à verificação e limpeza da rede de esgotos nos locais que sofrem inundações”. Além disso, foram apontados progressos com as obras recentemente terminadas.

“Apesar de o box-culvert e a estação elevatória recém-instalados na zona norte do Porto Interior ainda estarem em funcionamento experimental, o problema das inundações no Norte do Porto Interior foi significativamente mais aliviado, e a nova estação elevatória obteve um efeito positivo no alívio de inundações nessa zona”, refere a resposta, assinada pelo presidente do Conselho de Administração do IAM, José Tavares.

É indicado ainda que durante as chuvas intensas do dia 1 de Junho, a maioria dos comerciantes na zona norte do Porto Interior afirmou que “o escoamento das águas pluviais estava a ser mais rápido do que no passado”.

Melhorias no horizonte

Recorde-se que na semana passada, no rescaldo das chuvas intensas registadas no primeiro dia de Junho e que provocaram estragos e apreensão um pouco por toda a cidade, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, considerou que uma das medidas mais urgentes a tomar no curto prazo para evitar inundações, seria diminuir o número de descargas ilegais de resíduos para a rede de esgotos de Macau.

Além disso, tendo por base um documento de análise apresentado pelo IAM, foram ainda estabelecidas medidas de curto, médio e longo prazo para atacar o problema das inundações, entre as quais o “planeamento global e estudo de todas as redes de esgotos de Macau”, a “revisão dos critérios de dimensionamento hidráulico do Regulamento de Águas e de Drenagem de Águas Residuais de Macau”, reordenamento da rede de drenagem em alguns locais da cidade ou o lançamento contínuo de obras que melhorem a capacidade da rede de esgotos.

Lei Chan U e Lam Lon Wai oficializam candidatura às eleições

Os actuais deputados Lei Chan U e Lam Lon Wai confirmaram ontem que irão continuar a encabeçar a lista da Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, integrada no sufrágio indirecto pelo sector do trabalho.

Durante a oficialização da candidatura, Lam Lon Wai começou por dizer que o principal foco da lista será a luta pelos direitos laborais e a recuperação da economia de Macau, sobejamente afectada pela pandemia. Para Lam Lon Wai, a formação merece uma aposta forte.

“Durante a pandemia, a vida de muitos funcionários foi afectada devido ao aumento dos despedimentos ou a imposição de licenças sem vencimento. Esperamos que o Governo reforce a cooperação com as partes patronais e laborais (…) e lance mais acções de formação (…), não só para elevar a qualidade da população empregada, mas também para ajudar a mudar carreiras”, apontou.

O candidato considerou ainda esperar que seja dada maior atenção à entrada no mercado de trabalho por parte de recém-licenciados. Para que isso aconteça, Lam Lon Wai pretende convencer o Governo a lançar mais programas de formação e estágios destinados aos jovens, esperando que as concessionárias possam contribuir também com mais ofertas de emprego para os recém-licenciados.

Elevar padrões

Por seu turno, Lei Chan U quer que o Governo balize “rapidamente” as normas laborais vigentes de acordo com a Convenção da Organização Internacional do Trabalho, nomeadamente ao nível da segurança laboral e da elevação do número de dias de férias anuais concedidos aos trabalhadores.

“As férias anuais não sofrem alterações em Macau há mais de 37 anos. Isto, quando a nível internacional, a bitola estipula 21 dias de férias anuais remunerados. Além disso, também de acordo com os padrões internacionais, a licença de maternidade em Macau deveria ir além dos 70 dias”, explicou.

Lei Chan U considerou ainda não ser “razoável” não existir regulamentação ao nível das licenças sem vencimento. “Não existe regulamentação para enquadrar as licenças sem vencimento. Não é razoável deixar que os funcionários continuem a sofrer juntamente com as suas famílias. Queremos que o Governo preencha esta lacuna legal”, acrescentou.

Eleições | Cloee Chao preocupada com impacto das licenças de jogo

A lista da “Novos Jogos de Macau” foi ontem oficializada e terá Cloee Chao ao comando. Focada na defesa dos trabalhadores dos casinos, a candidata antevê “elevada” competição nas eleições de Setembro e mostrou-se preocupada com o impacto que a renovação das licenças de jogo pode ter nos funcionários do sector. A concretização da Lei Sindical é outra das apostas de Cloee Chao

 

A “Novos Jogos de Macau” apresentou ontem a lista para as eleições de Setembro. A encabeçar a candidatura, composta por oito elementos, está Cloee Chao, também ela presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo.

Durante a apresentação da candidatura, Cloee Chao afirmou estar preocupada com a situação laboral dos trabalhadores do sector do jogo, sublinhando que a sua situação poderá degradar-se após a renovação das licenças de jogo, temendo a redução do nível da mão-de-obra.

“Receamos que as concessionárias cortem nos recursos humanos após as licenças de jogo serem renovadas”, começou por dizer Cloee Chao. “Algumas empresas do sector do jogo lançaram programas de adesão à reforma voluntária e, ultimamente, recebemos queixas de trabalhadores de Salas VIP que dizem ter sido forçados a reformar-se. Muitas destas salas VIP ameaçam com indemnizações abaixo das 300 mil patacas caso venham a ser despedidos. Temos medo que se torne ainda mais difícil defender os direitos dos trabalhadores após a renovação das licenças de jogo”, concluiu.

Cloee Chao defendeu ainda que, em termos jurídicos, os trabalhadores do sector do jogo deviam ser enquadrados da mesma forma que os funcionários públicos e que a Lei Sindical, apesar de regulada na Lei Básica, seja concretizada de uma vez por todas.

“Acompanhamos a Lei Sindical há vários anos e, apesar de ser regulada na Lei Básica, este ano foi a 11ª vez que foi rejeitada. Queremos que o poder operário esteja plasmado na Lei Sindical. Os candidatos são ou foram funcionários do sector do jogo”, sublinhou a candidata.

Alta pressão

Cloee Chao considerou ainda que, nas eleições deste ano, a competição será mais “elevada”, muito por culpa da redução do número de listas (19) relativamente ao sufrágio anterior. Além disso, para a candidata, o facto de o actual deputado da ala democrática Au Kam San estar fora das próximas eleições e Ng Kuok Cheong não liderar a lista pela qual concorre [número dois da APMD], contribui também para que haja mais “fricção” na corrida aos assentos da Assembleia Legislativa.

“Nas eleições passadas estávamos mais relaxados porque eramos vistos como uma associação operária com poucas oportunidades de ganhar, mas agora a pressão vem da não participação de Au Kam San e da eventual eleição de Ng Kuok Cheong”, vincou.

O número dois da lista da “Novos Jogos de Macau” é Jeremy Lei Man Chao, seguindo-se Leong Lei Kan como número três e Chau U, como número quatro.

Eleições | Angela Leong em sufrágio indirecto ao lado de Chan Chak Mo

A deputada Angela Leong, que desde 2005 tem concorrido a um assento na Assembleia Legislativa pela via directa, concorre às legislativas de Setembro pela via indirecta ao lado do deputado Chan Chak Mo pelos sectores cultural e desportivo.

A lista, denominada União Cultural e Desportiva Sol Nascente, apresentou ontem à Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) os candidatos e programa político. Chan Chak Mo, que tem concorrido pela via indirecta, disse que pretende continuar a impulsionar o desenvolvimento destas áreas.

A lista deseja também que seja feito um investimento na formação de quadros qualificados nas áreas do desporto e da cultura, esperando que o Governo possa melhorar as infra-estruturas para a prática desportiva, a fim de Macau se tornar num território em destaque nas competições internacionais.

Já Angela Leong, também directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau, referiu que, para estas eleições, é apoiada pelos veteranos e associações destas duas áreas, pretendendo dar o seu melhor para incentivar a realização de mais actividades culturais e desportivas. Para a deputada, este tipo de eventos pode levar à diversificação da economia de Macau, além de impulsionar a integração regional.

Símbolos nacionais | Dúvidas de utilização esclarecidas no IAM em contacto

Os deputados que analisaram a proposta de alteração à lei de utilização e protecção dos símbolos nacionais elogiaram a postura de cooperação do Governo. Ho Ion Sang indicou também que o Governo pretende que os cidadãos esclareçam dúvidas sobre o uso de bandeira ou emblema nacionais através do ‘IAM em contacto’ e dos Serviços dos Assuntos de Justiça

 

A 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa assinou ontem o parecer para alterar à lei sobre a utilização e protecção da bandeira, emblema e hino nacionais. “Entendemos que a proposta de lei responde às alterações introduzidas nas leis nacionais”, comentou Ho Ion Sang, deputado que preside à comissão.

No parecer, são tecidos elogios à atitude do Executivo. “A postura de cooperação e abertura encontrada nos membros do Governo contribuiu, decisivamente, para o bom resultado e para a análise aprofundada da proposta”, pode ler-se.

De entre as informações prestadas anteriormente pelo Governo, Ho Ion Sang destacou que “no futuro se os residentes tiverem dúvidas na utilização da bandeira ou emblema, podem consultar os Serviços dos Assuntos de Justiça”. “Além disso, considerando que actualmente a maior parte das pessoas utilizam o ‘IAM em contacto’, o Governo irá coordenar os trabalhos da área da Justiça e do IAM (Instituto para os Assuntos Municipais) para que os residentes tirem dúvidas sobre o uso de bandeira ou do emblema através do ‘IAM em contacto’”, acrescentou.

Regulamentos na calha

A proposta de lei prevê o incentivo do uso dos símbolos nacionais, incluindo a possibilidade de utilização em ocasiões solenes “para expressar sentimentos patrióticos”. Mas não é para ser usado todos os dias. “Na opinião do Governo, não é adequado usar o emblema nacional para tomar refeições em restaurantes ou participar em actividades gerais com bola, mas é adequado nas actividades comemorativas do Estado”, indica o parecer da comissão.

Algumas partes da aplicação prática da lei só serão especificadas mais tarde. O Governo explicou que o regulamento administrativo sobre a fiscalização da recolha da bandeira será alterado. Entretanto, o parecer esclarece que os Serviços de Alfândega e o Corpo de Polícia de Segurança Pública terão “o poder de fiscalização sobre as situações em que a bandeira nacional é hasteada ou colocada de forma invertida ou descartada de modo displicente”.

Além disso, será criado um novo regulamento sobre as ocasiões para o hastear da bandeira. “Segundo o proponente isto também vai ser regulado por um regulamento administrativo. (…) Vai aditar mais locais, por exemplo museus”, apontou Ho Ion Sang.

Covid-19 | Portugal não reconhece vacinas da Sinopharm

À semelhança da maior parte dos países da União Europeia, Portugal não reconhece a vacina da Sinopharm. Os vacinados com o produto mais popular em Macau têm de apresentar teste de ácido nucleico com validade de 72 horas para poder entrar em território europeu

 

Os portugueses que foram inoculados com a vacina da Sinopharm e queiram entrar em Portugal apresentando apenas prova de vacinação estão impedidos de entrar. Segundo a Direcção Geral da Saúde (DGS), num esclarecimento à Agência Lusa, apenas são reconhecidas para efeitos de entrada as vacinas aprovadas pela Comissão Europeia, por sugestão da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), ou seja, a BioNTech-Pfizer, que está disponível em Macau, a Moderna, AstraZeneca e Janssen.

Segundo a explicação, quem foi vacinado com a BioNTech não encontra problemas à entrada. Contudo, se a inoculação foi através do outro fármaco disponível em Macau, a Sinopharm, ficam impedidas de entrar através do comprovativo de vacinação.

Apesar desta nuance, os portugueses não ficam impedidos automaticamente de viajar para Portugal, ou outro país da União Europeia. Para garantir a entrada, existem duas alternativas.

A primeira é apresentar um teste de ácido nucleico com resultado negativo. A colheita tem de ser feita nas 72 horas anteriores à entrada em Portugal. Será necessário igualmente fazer um teste rápido de antigénio (TRAg), de uso profissional, cuja amostra tenha sido colhida nas 48 horas antes da entrada em Portugal.

A outra alternativa é dirigida a quem já foi infectado e recuperou da infecção de covid-19. Nestes casos, avança a Lusa, os portugueses devem entrar mediante a apresentação de um certificado de recuperação, no caso de já ter contraído a infecção.

Segundo a DGS, as pessoas recuperadas da covid-19, titulares de certificado válido, emitido entre os 11º e o 180º dia, após a realização de teste laboratorial (positivo), que confirmou o diagnóstico de infecção por SARS-CoV-2, poderão entrar em Portugal.

Pouco a pouco

Segundo Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, o reconhecimento da Sinopharm deverá ser uma questão de tempo, depois da Organização Mundial de Saúde ter aprovado a vacina. “A OMS já reconhece a vacina da Sinopharm, por isso acredito que aos poucos os restantes países também vão reconhecê-la”, disse Tai. “Os dados da Sinopharm estão publicados nos boletins internacionais. Há países do mundo inteiro a usarem as vacinas da Sinopharm”, vincou.

Por sua vez, o Conselheiro das Comunidades Portuguesas, Gilberto Camacho, considera que o não reconhecimento não deverá ter grande impacto nas restrições do regresso ao país. A posição é justificada não só com o facto de haver alternativas que garantem a entrada, mas também pela preferência pela vacina BioNTech entre a comunidade portuguesa.

“O que tenho visto é que em Macau os portugueses preferem de longe a BioNTech. Obviamente que há casos de pessoas que tomaram a Sinopharm, mas, acho que os portugueses escolheram na sua grande maioria a BioNTech”, justificou.

Por outro lado, Camacho recusa ver motivos políticos na decisão, por enquanto, e acredita que o reconhecimento é uma questão de tempo. “A União Europeia sabe que a Organização Mundial de Saúde já autorizou a utilização da Sinopharm para a uso de emergência, só que ainda não seguiu o mesmo caminho. Eu acredito que a decisão está dependente dos testes autónomos à vacina”, afirmou. “Acredito que no espaço de um ou dois meses esse reconhecimento seja feito. Ainda há pouco tempo autorizaram as entradas e o levantamento de algumas restrições, por isso acredito que uma leitura política de decisão só pode ser feita daqui a uns meses”, acrescentou.

A crença no reconhecimento por parte do conselheiro tem ainda por base as relações entre as partes envolvidas. “Acredito que vai ser reconhecida, até porque países como a Hungria, que faz parte da União Europeia, já utilizou a vacina chinesa e com bons resultados. A Europa também tem boas relações com a China. É uma questão de tempo”, sublinhou.

Preocupação na altura de viajar

Português a residir em Macau, José Esteves é médico e foi inoculado com a vacinação da Sinopharm. No entanto, diz não estar muito preocupado pela vacina ainda não ser reconhecida, até porque só tem planos para viajar em Dezembro.

“A minha esperança é que quando tiver necessidade de viajar que a questão esteja resolvida. Por isso, o problema para mim tem a ver com o grau de imunidade que vou ter, quando em Dezembro for visitar a família, uma vez que me vacinei logo no princípio”, admitiu. “A necessidade de reforço é uma questão que já se discute para as outras vacinas. Começa a haver muita discussão sobre a necessidade de reforço das vacinas”, acrescentou.

José Manuel Esteves recordou igualmente que o pedido de reconhecimento da vacina entrou na Agência Europeia de Medicamentos (EMA na sigla em inglês), que já conta com a aprovação para utilização de emergência pela OMS e que é utilizada em países da Europa. “Há países europeus que já utilizam a vacina, por isso espero que a EMA, se não tiver em conta apenas questões políticas, que acabe também por aprovar estas vacinas”, vincou. “A OMS já aprovou a Sinopharm e a Sinovac e as duas estão a ser comercializadas pela China. Por isso, tenho a esperança que a EMA também venha aprovar”, concluiu.

Outras vacinas

A Sinopharm não é a única vacina chinesa a não ser reconhecida, o mesmo acontece com a Sinovac, que apesar de não ser administrada em Macau, tem sido utilizada em Hong Kong. A lista de vacinas não reconhecidas inclui ainda a Sputnik (russa), Covaxin (indiana), Epivaccorona (russa) ou a Soberana (cubana), entre outras.

Segundo os dados dos Serviços de Saúde (SSM), até ontem domingo havia 98.665 pessoas inoculadas com as duas doses da vacina e 129.455 que já tinham sido vacinadas com a primeira dose. No total foram administradas 325.418 vacinas.

Segundo a informação de Abril, quando havia 69.149 pessoas vacinas, a Sinopharm era a mais popular e representava 85,2 por cento das inoculações, o que representava 58.931. A BioNTech tinha sido utilizada em 14,8 por cento das ocasiões, ou seja, em 10.218 inoculações.

Covid-19 | Macau em negociações com Cantão para agilizar circulação

As autoridades de Macau estão a negociar com a Província de Cantão a possibilidade de facilitar a circulação através da validade dos testes de ácido nucleico. A revelação foi feita ontem por Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19.

“A situação em Guangzhou está cada vez mais controlada e estamos em negociações com as autoridades competentes. Estamos a discutir a possibilidade de prolongar a validade dos resultados dos testes para quem tiver uma dose da vacina”, afirmou Tai. “Só que ainda não sabemos quando a medida pode ser implementada e em que moldes vai ser implementada… Falta uma análise técnica”, acrescentou.

Tai disse também que a primeira dose da vacina em conjugação com o teste de ácido nucleico é suficiente para garantir “um certo nível de segurança”, que permite reestabelecer a circulação com menos restrições. Todavia, neste momento, ainda não há moldes para essa circulação.

O responsável foi igualmente questionado sobre a diferença de restrições entre Hong Kong e Cantão. Segundo, Tai Wa Hou a comunicação com o Interior é chave para haver um tratamento melhor. “Com Hong Kong vamos começar as negociações quando houver 28 dias sem casos locais. Só nessa situação é que podemos começar a negociar com Hong Kong”, afirmou Tai.

Contudo, o responsável indicou também que as autoridades vão estar “atentas à situação real” e aos desenvolvimentos da RAEHK. Em comparação, o coordenador do programa de vacinação explicou que “há uma comunicação madura” com as autoridades do Interior, que permite tipo diferente de circulação com menos restrições.

Restrições diferentes

Tai Wa Hou apontou igualmente que há restrições diferenciadas porque as condições nas regiões de Hong Kong e do Interior são diferentes. Ao mesmo tempo foi afastada qualquer tipo de outra negociação, além das existentes com o Interior. “Só estamos a negociar com o Governo Central porque queremos ver primeiro a circulação com o Interior”, reconheceu Tai acrescentando que este movimento será mais fácil com o continente do que Hong Kong.

Quanto aos estudantes no exterior que querem regressar a Macau para passar as férias de Verão, os SSM estão a coordenar-se para levarem as pessoas que chegam para o Terminal de Pac On, onde vão ser testados antes de serem levados para os hotéis de quarentena.

Os Serviço de Turismo avançaram também que a coordenação está a ser feita para trazer um grupo de 16 residentes retidos na Tailândia. Durante o dia de ontem, o deputado José Pereira Coutinho também chamou à atenção para o assunto.

Trânsito | Acidentes de viação com quebra superior a 40 por cento

Dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) revelam que entre 2019 e 2020 houve uma quebra no número de acidentes de viação no território de 44.4 por cento, tendo ocorrido em 2020 um total de 409 acidentes.

No que diz respeito ao número de acidentes cuja responsabilidade é das operadoras de autocarros, a TCM é a empresa que regista um maior número de acidentes: 454 em 2019 e 248 o ano passado, o que representa uma quebra de 45.4 por cento. Já a Transmac registou 282 acidentes em 2019 e 161 o ano passado, menos 42.9 por cento.

A maior causa para a ocorrência de acidentes é a “falha no controlo de velocidade causando colisão entre veículos e objectos”, que levou, em 2020, à ocorrência de 84 acidentes, menos 26 por cento face a 2019, quando aconteceram 114 acidentes por este motivo. Segundo dados fornecidos pelas operadoras de autocarros, o troço da Rua do Campo em direcção à avenida Horta e Costa lidera a lista dos locais do território mais propícios à ocorrência de acidentes.

Inundações na RAEM (I)

Será que para combater as inundações a prioridade reside na revisão da legislação em sentido de aumentar as multas de drenagem ilegal?

 

Foi isso que se extraiu da reunião do Secretário para a Administração e Justiça com a comissão da Assembleia Legislativa de acompanhamento para os assuntos da administração pública no passado dia 22 de Junho, onde o Regulamento de Águas e de Drenagem de Águas Residuais de Macau (o RADARM), publicado pelo Decreto-Lei n.º 46/96/M de 19 de Agosto e em vigor há 25 anos, foi apontado de muito desactualizado, nomeadamente no que se refere ao montante das multas, e importa conhecer o que está compreendido nesse regime normativo.

A legislação a que essa conclusão reporta é um código predominantemente técnico que regula a concepção e o funcionamento de instalações de abastecimento de água e de drenagem, mediante especificação técnica ao longo 290 artigos. A fiscalização do seu cumprimento e o acompanhamento da sua aplicação está atribuída à Direcção de Solos, Obras Públicas e Transportes, a DSSOPT. Todavia, nenhum dos seus artigos se refere à aplicação de multas relativas a utilizações não autorizadas dessas redes. As únicas penalizações por incumprimento, que se podem extrair desse regulamento, resultam da lei geral, por via dos termos de responsabilidade que os técnicos subscrevem, uma vez autorizados a conceber essas instalações.

A aplicação de multas relativas a lançamentos interditos na rede de colectores que se encontram nas vias públicas está antes prevista no Regulamento Geral dos Espaços Públicos de 2004, diploma bem mais recente, que compete ao Instituto para os Assuntos Municipais administrar, o IAM, através da sua Divisão de Saneamento.

Compete ainda àquele órgão cuidar da reparação, conservação, aperfeiçoamento e limpeza da rede pública de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais, bem como fiscalizar todos os equipamentos associados ao normal funcionamento do sistema público de drenagem.

Compete em especial àquele órgão proceder à vistoria dos estabelecimentos de comidas e bebidas e industriais em matéria da utilização, manutenção e limpeza das câmaras retentoras de gorduras, cujo incorrecto funcionamento pode ser origem do colapso de sistemas de drenagem.

Por outras palavras a DSSOPT, é responsável pela aplicação de normas de concepção dessas redes, e o IAM é responsável pela gestão das redes de drenagem, sendo que as situações de mau funcionamento competem aos dois órgãos averiguar e apurar, se a origem se prende com a concepção ou com a sua gestão.

Chegados aqui, poderíamos virar as costas à questão, pois que esse regulamento foi apontado por desactualizado em matéria que sequer é sua competência.

Todavia, alguns elementos de interpretação do seu conteúdo importam ter presentes, nomeadamente para avaliar da sua actualidade.

Desse regulamento constam bases para cálculo das redes e normas para a sua concepção, nomeadamente normas de dimensionamento, geométricas e de materiais a aplicar na construção do sistema.

As normas de concepção resultam do estado do engenho e da arte que remontam a 1996. Avaliar da sua actualidade, face ao desenvolvimento da técnica desde esse momento, é trabalho de especialidade.

Já as bases que servem o cálculo das redes de drenagem pluvial é matéria mais transversal a outras áreas de conhecimento a que o próprio regulamento recorreu, nomeadamente informação estatística de dados atmosféricos.

As bases que o regulamento analisou estatisticamente foram as séries históricas de registos udográficos (o mesmo que pluviométricos) correspondentes ao período entre 1952 e 1989, e a magnitude das ocorrências para dimensionamento dos sistemas foi fixada para um “período de retorno” de 10 anos, podendo este valor ser aumentado para 20 ou 25 anos, em situações devidamente justificadas.

E é aqui que pode residir conteúdo passível de actualização ou de conciliação do regulamento em vigor.
Estes eram dados atmosféricos considerados estatisticamente estacionários até à discussão das alterações climáticas. I.e. dados que variavam, mas os valores máximos e mínimos eram tidos por estabilizados num determinado período de tempo.

Ou seja, num cenário de alterações climáticas, que veio colocar em causa a estacionariedade de muitos fenómenos naturais, importa tratar estatisticamente as séries históricas de registos até à actualidade para concluir se a magnitude pluviométrica correspondente a um “período de retorno” de 10 anos é a mesma, ao qual o sistema de drenagem da cidade deve, por regulamento, estar em capacidade de responder.

Importa aqui ter presente que um “período de retorno” de 10 anos de dados pluviométricos, significa o intervalo de tempo médio que ocorre para que determinado valor de intensidade de precipitação seja igualado ou excedido.

Assim, por via desse regulamento, admite-se que, em média, uma vez, de 10 em 10 anos, a rede de drenagem da RAEM possa não ser capaz de responder.

O conceito de “período de retorno” aplica-se a diversas normas de segurança e varia em função do impacto do fenómeno e da onerosidade das medidas necessárias para resistir a esse impacto. Ou seja, no dimensionamento do sistema de drenagem da RAEM, admite-se que a cidade possa inundar por chuvas intensas de 10 em 10 anos, porque os prejuízos que daí resultam não justificam o encargo económico de um sistema de drenagem que satisfizesse magnitudes mais raras, podendo para isso lançar-se mão de outras precauções.

Naturalmente o “período de retorno” para magnitudes de outros fenómenos é bastante mais largo, nomeadamente de fenómenos sísmicos, para os quais a resistência das estruturas deve estar preparada, porque o colapso de edifícios tem consequências muito mais graves.

Mesmo assim o actual regulamento de drenagem admite que, em algumas situações, a concepção do sistema de drenagem tenha em vista magnitudes de pluviosidade com “períodos de retorno” de 20 ou 25 anos, em situações devidamente justificadas.

A excepção tem em vista a necessidade de, numa situação generalizada de inundação, haver zonas da cidade em que a drenagem não pode entrar em colapso. Zonas destinadas geralmente à localização de hospitais, quarteis de bombeiros, postos de polícia, comandos de operações de protecção civil e vias de resgate e evacuação.

A pouca especificação que o mesmo regulamento dedica a essas situações é porque as mesmas facilmente se resolvem com a localização dessas instalações em pontos altos (como sempre se localizaram em Macau), as vias de resgate são as já existentes na encosta, e outras podem construir-se elevadas, sem recurso a sistemas de drenagem sobredimensionados.

Chegados aqui, importa conhecer se a magnitude da pluviosidade para um período de retorno de 10 anos é hoje em dia manifestamente diferente, para que o sistema de drenagem da RAEM entre em colapso com mais frequência, em resultado disso contemplar, ou não, o actual regulamento efectivamente desactualizado, ou antes, a origem das cheias são outras.

São efectivamente outras as actuais condições do estuário para onde a descarga da rede de drenagem urbana é feita, e isso já não é âmbito desse regulamento, todavia é resultado de fenómenos naturais que também se tratam de forma estatística.

Uma das características de um sistema de estuário é estar sujeito ao regime de maré dos corpos de água com que comunicam, e que resultam de condições astronómicas, geográficas, atmosféricas e de alterações climáticas, sendo esta a ordem da magnitude dos factores.

Imaginemos uma grande “alguidar” que agitamos, criando uma onda ao longo do bordo e que, por vezes, agitamos com mais vigor. É isso o que acontece aos corpos de água nas ocasiões de lua nova e de lua cheia, ou seja todos os 14 dias, e que em Macau resultam presentemente em marés que se podem elevar a cerca de 3m acima do zero hidrográfico.

Devido ao facto de as órbitas dos corpos celestes em causa serem elípticas, o vigor dessa agitação pode ainda ser maior nas situações de perigeu (quando a lua está mais próxima da terra) conjugadas com periélio (quando a terra está mais próxima do sol), ocorrências que se podem sentir em média duas vezes consecutivamente, por ocasião dos meses de Verão e dos meses de Inverno, nomeadamente no passado dia 26 de Junho, pelas 9:53 da manhã e novamente no próximo dia 24 de Julho pelas 9:01 da manhã.

Estamos assim a falar da componente astronómica da maré a qual é possível prever com uma exactidão de relógio.
Por sua vez, se deformarmos o bordo do nosso “alguidar” imaginário, a propagação da onda ao longo do bordo também se desregula em amplitudes diferenciais.

Estamos a falar da componente morfológica dos estuários no comportamento das marés. Essa componente não se calcula, mas é possível aferir, calibrando coeficientes que resultam da correlação do modelo de cálculo com as observações reais.

Essa calibragem tem por vezes que se actualizar, seja após uma tempestade forte que tenha modificado o contorno do litoral, seja pela alteração dos padrões de descarga dos rios e consequente movimentação do depósito de sedimentos.

Essa calibragem tem necessariamente que se actualizar após o desenvolvimento de trabalhos de urbanização ou de construção na orla costeira, simulando esses efeitos preferencialmente, e prudentemente, antes de empreender esses trabalhos.

Podemos ainda espremer o nosso “alguidar” imaginário e o mesmo volume de água gera necessariamente níveis mais altos ao longo do bordo.

Nesse caso estamos a falar de novos e significativos coeficientes morfológicos que resultam da ocupação desenfreada e não criteriosa do espaço de inundação temporária de um estuário pela construção de novos aterros.

A outra maré, a que chamamos meteorológica, já é aquela que resulta de condições momentâneas da atmosfera, nomeadamente de ventos e da pressão atmosférica. É particularmente elevada em situações de tempestade, em resultado de ventos fortes (fetch) e de inversão da pressão atmosférica (surge). Esses níveis acrescem aos níveis da maré astronómica, e têm conjugação extrema quando acontecem por ocasião das marés astronómicas extremas dos meses de Verão.

Enquanto a espectativa da maré astronómica tem a precisão do relógio, a maré atmosférica já tem uma espectativa probabilística que se obtém estatisticamente de séries históricas de registos.

Ou seja, o mesmo tipo de dados que eram considerados estatisticamente estacionários nos seus máximos e mínimos e tratados em “períodos de retorno”, mas que perderam essa estacionariedade num cenário de alterações climáticas.

A esse respeito os relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (o IPCC) vem informando que num cenário de aquecimento global, as tempestades tropicais são expectáveis menos frequentes, mas mais intensas.

Essas tempestades servem para arrefecer os oceanos. Logo, num cenário de aquecimento global, se as mesmas são menos frequentes, cada vez que ocorrem, só podem ter de descarregar essa energia mais intensamente.

Chegados aqui, todo este espectro de informação confronta-se com a seguinte constante: a Rua Visconde Paço de Arcos, ao longo do Porto Interior, regula-se por níveis a menos de 2m acima do Nível Médio do Mar (N.M.M.), e que podem ser tão baixos como 1,70m.

Importa ainda tranquilizar a população que vive e tem os seus negócios nessas zonas que o anúncio de uma maré astronómica com mais de 3m de altura não significa uma altura de 2m de água no rés-do cão das suas lojas.

Por razões cujo detalhe não importa aqui, a navegação e hidrografia regulam-se por um datum (base de referência) que é diferente do datum por que a cartografia e o cadastro se regula.

O datum da navegação e da hidrografia é o “zero hidrográfico” que está fixado abaixo do nível da maré astronómica mais baixa, e o datum da cartografia e do cadastro é o N.M.M. (nível médio do mar). A correlação entre um e outro estava fixada em 2013 em 1,80m para o “zero hidrográfico” abaixo do N.M.M.

Esse é o motivo por que em terra temos níveis de terreno positivos e negativos, enquanto no estuário os níveis de água são sempre positivos, mesmo quando muito baixos.

Assim, quando uma maré máxima astronómica é anunciada com 3,20m de altura significa que poderá estar a 0,3m (i.e. 3,20 – 1,80 – 1,70) logo abaixo do pavimento de algumas zonas do Porto Interior. Se a atmosfera estiver absolutamente calma, a maré não irá inundar essa zona da cidade, mas os colectores subterrâneos não vão poder descarregar no estuário, se chover.

Situação que se poderá converter num impacto severo, se essas condições coincidirem com tempestades tropicais, que facilmente resultam em níveis de maré acima do solo pela conjugação da maré astronómica com a maré meteorológica.

A existência de duas bases de referência diferentes resultou da conveniência para quem opera em terra e para quem opera no mar. Quem labora nessas confrontações tem isso em presença, só que sempre foram considerados instrumentos de mundos diferentes, por vezes voltados de costas com costas, a terra e o mar, na medida que, no passado, quem saía de casa de manhã para o empregou, não cuidava de saber se a maré estava alta ou baixa.

A progressão da ocupação urbanística do estuário é a origem porque sequer é possível estabilizar a magnitude e a frequência destes eventos.

Assim, de nada serve termos um regulamento de drenagem preparado para acomodar eventos de pluviosidade cuja magnitude se espera com intervalos de 10 anos, ou que o efluente da rede possa vir a ser elevado e descarregado no estuário a níveis mais altos, se existem pontos da rede em frequente iminência de serem directamente alimentados e bloqueados pela entrada da própria maré no espaço urbano.

Como também de muito pouco servem as medidas que não tenham presentes tudo o que contribui para esses cenários de inundação.

As intervenções mais de base que se podem resolver são a nível inter-regional, se tiverem em vista o controlo de toda a bacia hidrográfica, e são a nível da Região Administrativa Especial, se tiverem em conta a adaptabilidade criteriosa e robusta do desenho urbano da orla costeira, para assegurar melhor estanquidade do espaço urbano, independente de outras decisões, nomeadamente de elevar a descarga do efluente, ou de guardar esse efluente temporariamente, para o descarregar no estuário logo que possível.

Em verdade, presentemente, a medida mais útil tem sido o aperfeiçoamento da informação, dos avisos e dos alertas junto da população, e da aquisição por parte dos particulares de barreiras para protecção das suas instalações.

Já a questão dos despejos interditos na rede pública de saneamento configura actos susceptíveis de destruição de bem público, de poluição de águas e de solos e de provocar perigo para a vida, carecem da disseminação dessa consciência, são passíveis de procedimento criminal.

Cinemateca | Realizadores de Macau em destaque até 16 de Julho

Até 16 de Julho, realiza-se na Cinemateca Paixão o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Ao todo, poderão ser apreciadas curtas e longas metragens de cineastas locais e asiáticos mais ou menos consagradas e divididas por géneros e temas. A mostra inclui ainda obras produzidas por estudantes universitários de Macau

 

Com o objectivo de explorar e promover as ideias e criações dos cineastas e potenciais cineastas de Macau, a Cinemateca Paixão realiza até ao próximo dia 16 de Julho, o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Segundo a organização, durante o evento serão exibidas curtas e longas metragens dos mais diversos géneros, produzidas dentro de portas ou no continente asiático.

“O festival de cinema pretende comunicar e desenvolver uma visão de consenso sobre a importância das artes cinematográficas para a construção de uma sociedade criativa e culturalmente consciente, incentivar produções de maior qualidade e servir como uma plataforma para intercâmbios culturais, criativos e industriais”, pode ler-se numa nota oficial.

Além da exibição de obras locais já conhecidas do público como “Ina and the Blue Tiger Sauna” (2019), “Our Seventeen” (2017) e “Against The Wind” (2016) será também possível assistir a curtas-metragens produzidas por estudantes, onde se incluem trabalhos de alunos Universidade de Macau (UM), Universidade de São José (USJ), Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

No grupo de curtas documentais produzidas por estudantes, destaque para “Burning Incense” dos estudantes da MUST, Yifan Hua e Haoyue, “#BathroomSelfie”, de Pedro Izidro (USJ), “Macao’s World Champ”, de Andre Angelo (USJ) e “Grandmother”, de Iris Fan (UM). As curtas documentais serão exibidas na Cinemateca Paixão nos dias 30 de Junho e 9 de Julho.

No departamento da animação, serão exibidos os trabalhos “Trigger” dos estudantes do IPM Ka Wai Sou, Si Weng Leong e Tin Lai Kong, “Maniac”, de Potter Chung (Universidade Politécnica de Hong Kong) e “Me and my Magnet and my Dead Friend”, de Maoning Liu (Universidade de Comunicação da China). A exibição conjunta está agendada para os dias 29 de Junho e 11 de Julho.

Além destas serão exibidas obras produzidas por estudantes sob as temáticas “Narrativas e o Mundo Real” (29 de Junho e 11 de Julho), “Autoexploração” (1 e 11 de Julho), “Conexões Emocionais” (1, 2 e 10 de Julho) e “Perspectivas das Novas Gerações” (8 e 16 de Julho).

Ao nível das curtas-metragens, haverá ainda lugar para a projecção de obras da autoria de cineastas asiáticos naturais da Índia, Tailândia, Malásia, Filipinas, Singapura, Myanmar e Indonésia.

Para todos os gostos

Além de curtas-metragens locais, está ainda agendada a projecção de longas-metragens oriundas das Filipinas, Coreia do Sul e Hong Kong.

Realizado por Mikhail Red, “Neomanila” aborda a problemática da luta contra a droga na capital das Filipinas, enquanto leva o espectador a acompanhar a incursão de um adolescente num grupo criminoso. “Neomanila” será exibido nos dias 8 e 14 de Julho.

Da Coreia do Sul chega “Han Gong Ju”, uma obra realizada por SuJin Lee que elabora sobre o percurso de uma talentosa cantora forçada a mudar de escola e a manter o anonimato, após um incidente escandaloso. “Han Gong Ju” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 7 e 16 de Julho.

“I Still Remember” é um filme produzido em Hong Kong que conta a história de um professor de educação física que prometeu à sua falecida esposa que, um dia, iria terminar uma corrida de 10 quilómetros. Ao mesmo tempo, conhece Tin Sum, uma estudante com excesso de peso que quer participar numa corrida de 5 quilómetros para estar mais perto do seu ídolo. “I Still Remember” será exibido nos dias 3 e 7 de Julho.

Euro 2020 | Itália alcança triunfo frente à Áustria no prolongamento

Sabendo que o favoritismo pendia para o seu lado, os transalpinos dificultaram a passagem aos quartos de final. Em jogo contra os austríacos, a Itália precisou do prolongamento para vencer por 2-1, depois do susto do golo adversário perto do fim do prolongamento. Com as facilidades da fase de grupos, os italianos tiveram alguma dificuldade em ultrapassar uma equipa mais competitiva na fase a eliminar

 

Por Martim Silva

No primeiro teste de fogo para a equipa de Roberto Mancini, os italianos receberam a Áustria em terras de Sua Majestade. O estádio de Wembley, em Londres, presenciou o segundo jogo dos oitavos de final do Euro 2020 e o frente-a-frente entre um dos favoritos a conquistar a prova e uma equipa que é um verdadeiro osso duro de roer.

Durante a fase de grupos, os austríacos só perderam contra os Países Baixos, tendo vencido de forma convincente a Macedónia do Norte e a Ucrânia. Para a Itália, a passagem de grupo foi perfeita. Zero golos sofridos e três vitórias. Mas numa situação onde quem perde vai para casa, a faísca estava ainda mais elevada e a pressão mais sufocante.

O jogo entre países vizinhos começou com o já habitual domínio do jogo por parte dos azzurri. Com um meio-campo composto por Jorginho, Marco Verratti e Nicolò Barella, a pressão após a perda da bola continuou activa e com algumas recuperações de bola.

A Áustria, contudo, mostrou-se incapaz de explorar os espaços deixados pela organização defensiva italiana. Quando a equipa de Franco Foda decidia construir jogo a partir da sua grande área, a Itália era variada na sua pressão.

Quando os defesas centrais austríacos tinham a bola, um dos médios italianos saía na pressão: se fosse o central do lado direito com o esférico, era Barella; e se fosse o do lado esquerdo era Verratti. Se os médios saíssem de posição para condicionarem o ataque da Áustria, havia espaço nas costas destes. Mas se fossem os alas a pressionar em vez dos médios, isto é, Lorenzo Insigne na pressão ao lado esquerdo e Domenico Berardi ao lado direito, a capacidade ofensiva fluía com facilidade pelas alas após combinação com o seu meio-campo.

No início da partida, foi com esta vertente ofensiva que a equipa de Foda tentou atacar os espaços deixados pelos transalpinos. David Alaba, lateral esquerdo, tinha sempre margem de progressão com a bola após combinação com o seu compatriota, o médio Florian Grillitsch. Na chegada ao meio-campo adversário, as combinações eram mais fracas e a chegada à área também.

A primeira grande oportunidade do jogo da Áustria foi com um ataque à profundidade de Marko Arnautović mas o remate foi para cima da baliza de Gianluigi Donnarumma. Minutos antes, aos 16 minutos, Barella já tinha testado a baliza do guarda-redes Daniel Bachmann, que defendeu o remate do médio com os pés.

Porém, com a Itália a ter mais bola, as combinações feitas no lado esquerdo do ataque de Mancini, com Verratti, Insigne e Leonardo Spinazzola em destaque, eram mortíferas e criaram várias oportunidades de perigo.

A dificuldade que o meio-campo de Foda demonstrou em controlar o ataque italiano estava na inferioridade numérica austríaca nesta zona do terreno. A Áustria, por vezes só tinha um elemento (Grillitsch) no meio porque Marcel Sabitzer posicionava-se ao lado do ponta de lança, Arnautović, e Xaver Schlager tinha dificuldade em recuperar a sua posição porque fazia incursões pela direita.

Portanto, o espaço explorado pelos italianos, na parte interior do lado esquerdo do terreno, onde estava Insigne, foi crucial no primeiro golo da Itália. Pelo meio, houve ainda um remate ao poste de Ciro Immobile numa primeira parte pouco perigosa. Na segunda parte do encontro, a Áustria viu um golo de Arnautović ser anulado por fora-de-jogo aos 64 minutos.

Alterações cruciais

Com o prolongamento à vista, Roberto Mancini trouxe para dentro de campo, ainda na segunda metade, Matteo Pessina, Federico Chiesa e o avançado Andrea Belotti. Este último trouxe um melhor jogo com bola do que Immobile. Já Pessina e Chiesa deram à equipa mais chegada à área e ataque à profundidade.

Aos 95 minutos, com espaço no lado esquerdo de Itália, e com os arrastos de Belotti e Pessina, Spinazzola faz um passe para o lado contrário a isolar Chiesa, que ao controlar a bola com a cabeça finta Konrad Laimer e finaliza com o pé esquerdo.

Aos 105 minutos e com assistência do defesa Francesco Acerbi, Pessina remata dentro da grande área, fazendo o segundo golo.

A seis minutos do fim do prolongamento, após um canto, o avançado Saša Kalajdžić marca um golo de cabeça. Mas tudo não passou de um susto para a Itália.

No final do jogo, Mancini deixou o alerta de que a vitória frente à Áustria foi mais difícil que um possível confronto frente a Bélgica ou Portugal. “Sabíamos que poderia haver potenciais cascas de banana no encontro e que ia ser mais difícil que os quartos de final. Eles não são tão bons como as equipas dos quartos, mas dificultam muito a vida e causam problemas.” Sentenciou o treinador azzurri que fica agora à espera do vencedor do jogo entre belgas e portugueses.

 

França e Espanha lutam por lugar nos quartos

Croatas e espanhóis já se tinham defrontado em 2016, para o Grupo D do Euro e resultado foi favorável aos axadrezados (2-1), que acabaram como líderes desse mesmo grupo.

Os moldes são agora diferentes, no confronto que dá lugar aos quartos de final do Euro 2020. A Espanha vem de uma fase de grupos onde não acabou em primeiro, tendo empatado por duas vezes e ganho apenas uma. A Croácia, com Luka Modrić em destaque, perdeu, venceu e empatou acabando também em segundo lugar.

O encontro entre dois velhos conhecidos, em Copenhaga, está marcado para a 00h de segunda para terça-feira, hora de Macau.

Antevendo o encontro, o treinador croata Zlatko Dalić realça a competência da sua equipa e do adversário. “A Espanha mostrou muita qualidade frente à Eslováquia. Mas nós também temos qualidade e vamos dificultar-lhes a tarefa. Teremos em mente que o ataque pode ser uma forma de defesa.”.

Assumindo a posição de favorita no encontro, a La Roja é também um dos candidatos a vencer o Euro. Mas com o seu seleccionador habituado aos grandes palcos europeus, prudência é a chave do sucesso. “Enfrentamos a Croácia em Copenhaga, uma cidade bonita, e toca-nos uma equipa de alto nível, com jogadores que conhecemos muito bem porque jogámos contra eles na Liga das Nações há dois anos, ou seja, será um rival complicado.” Concluiu o Luis Enrique.

No outro encontro da noite, a França defronta a Suíça em solo romeno. O palco de Bucareste recebe duas equipas que também já se cruzaram na fase de grupos de 2016, tendo empatado a zeros. O jogo disputado às 03h de Macau é visto com cautela pelos gauleses. “Agora é como se fosse uma nova competição, onde não se podem cometer erros, caso contrário somos eliminados. Estamos entusiasmados, mas também muito concentrados e cientes do perigo que a Suíça pode criar. Não nos consideramos favoritos.” Esclareceu Presnel Kimpembe, defesa francês. Ivan Perišić, extremo croata testou positivo à covid-19 no domingo, falhando o encontro.

 

Dinamarca tem bilhete para os quartos de final

Após derrotas consecutivas na fase de grupos (Finlândia e Bélgica) e um triunfo frente à Rússia na última partida do Grupo B, a Dinamarca voltou a golear.

Depois da situação em torno de Christian Eriksen, a equipa nórdica tem mostrado espírito guerreiro fazendo lembrar a equipa de 1992, que conquistou o Euro nesse ano.

País de Gales e Dinamarca foram as primeiras equipas a subir ao palco dos oitavos de final do Euro 2020. Já não há diferença de golos ou número de pontos que salvem as equipas de irem para casa. Com esta mentalidade, o conjunto de Kasper Hjulmand goleou por 4-0 a equipa de Rob Page de forma clara.

Apesar do resultado, a equipa galesa até começou bem a partida com Gareth Bale e Aaron Ramsey a conseguirem entrar nas costas dos médios dinamarqueses, Pierre Højbjerg e Thomas Delaney. Com um espaço muito aberto no seu meio-campo, devido à superioridade numérica causada pelos médios Joe Allen e Joe Morrell com o apoio de Ramsey, Hjulmand decidiu acrescentar mais um homem à zona média do terreno.

O treinador nórdico passou assim do 3-4-3 inicial para um 4-3-3, subindo o central Andreas Christensen para o meio-campo. Antes da mudança, a Dinamarca mostrou-se exposta no momento de organização defensiva devido ao adiantamento da linha média em relação à linha defensiva, criando espaço entre os dois sectores.

Com a alteração, tiveram mais bola e foram mais incisivos nas tabelas e no último passe. O primeiro golo da partida foi marcado por Kasper Dolberg aos 27 minutos. Aos 48 minutos, o avançado do Nice voltou a marcar depois de um erro da defesa adversária.

Nos minutos finais, os dinamarqueses marcaram mais dois por intermédio de Joakim Mæhle (88’) e Martin Braithwaite (90+6’).

Aos 90 minutos, Harry Wilson, que tinha entrado aos 59 minutos, viu um cartão vermelho directo após entrada sobre Mæhle. A Dinamarca aguarda o vencedor do Países Baixos-República Checa.