Euro 2020 | Portugal é eliminado pela Bélgica nos oitavos de final

Na incerteza do futuro, Fernando Santos fez algumas mexidas. Por necessidade física ou escolha, a selecção lusa entrou com o objectivo de ganhar. Mas no meio de tanto talento português e belga, a equipa de Fernando Santos voltou a ser aquilo que sempre foi. Uma equipa com uma geração de milhões a jogar a um nível de tostões

 

Por Martim Silva

Oportunidades não faltaram às diversas selecções das quinas de ganharem um, dois ou mais troféus internacionais. Anos como 2000, 2004, 2006 e até 2012 são apenas exemplos recentes. Já para não mencionar as diversas competições onde Portugal nem apareceu, apesar do seu calibre.

No jogo de ontem, mais uma equipa se alistou no leque de gerações desperdiçadas devido à mediocridade exibida em campo. Ontem, a Bélgica venceu Portugal por 1-0 a contar para os oitavos de final do Euro 2020.

A tarefa parecia mais complicada que em 2016, onde Portugal apanhou pela frente adversários que não eram favoritos a conquistar o troféu de campeão europeu. Em 2018, no Mundial, a tarefa também parecia mais complicada. Mas superar obstáculos faz parte do ADN de Portugal, não só enquanto nação, mas selecção. Contudo, desde esse Mundial e incluindo este Euro 2020, Portugal venceu apenas dois jogos. Um frente a Marrocos e outro frente à Hungria. É pouco para uma equipa que tem, dentro da sua convocatória, campeões ingleses, franceses, espanhóis e quatro jogadores que foram vice-campeões europeus. Fernando Santos tarda em colocar esta geração e equipa a jogar o melhor possível.

O mesmo se passou em 2014 e noutros anos onde a superstição e as polémicas, como o “caso Paula”, eram o pão nosso de cada dia. Esta geração portuguesa, porém, não encontra muitas equipas melhores.
Rui Patrício, guarda-redes da selecção, até teve um serão tranquilo frente aos belgas. Portugal tinha três jogadores no seu meio-campo, João Palhinha, Renato Sanches e João Moutinho. Este trio encaixava em Kevin De Bruyne, que procurava receber a bola numa zona mais adiantada do terreno. Os outros médios belgas, Youri Tielemans e Axel Witsel formavam um par mais recuado.

No esquema de 3-4-3 da Bélgica (5-2-3 a defender), Portugal devia ter explorado mais as combinações em igualdade numérica nas alas belgas, mas onde a largura está bem resguardada, porque tem 5 jogadores a defendê-la, e com Portugal a virar com pouca velocidade o centro do jogo, não houve ataques surpresa.

Mesmo quando os três avançados eram batidos quando pressionavam a selecção até à entrada da sua grande área, o que possibilitava à equipa de Fernando Santos jogar contra menos três jogadores, porque Lukaku, De Bruyne e Eden Hazard não têm disciplina defensiva, Portugal foi incapaz de fazer mais nos corredores e no meio do terreno. Mesmo quando Witsel ou Tielemans tentavam colar-se a Renato ou Moutinho para não os deixar virar, deixando espaço no meio, Portugal não ocupou bem estes espaços.

Sem grande caudal ofensivo por parte da equipa de Roberto Martínez, a Bélgica chegou ao golo aos 42 minutos, com um grande remate de Thorgan Hazard, à entrada da área.

A resposta lusa

João Félix entrou apenas aos 55 minutos e mexeu imediatamente com o jogo. Ter um jogador com a sua capacidade ofensiva e inteligência em ocupar espaços no banco é sinal de desperdício de mais uma geração. Bruno Fernandes também entrou aos 55 minutos e com mais bola nos pés do que nos jogos anteriores, mostrando o porquê de ser um dos melhores médios a jogar em Inglaterra.

Portugal na segunda parte, e com jogadores capazes de fazer estragos mais à frente, rematou ao poste da baliza de Thibaut Courtois, que fez algumas defesas, mas nada de impressionante.

A equipa lusa sofreu até ao último segundo com a ansiedade da eliminação. O sofrimento deu lugar à eliminação e sobre isto, Fernando Santos disse o seguinte. “Os jogadores tiveram uma atitude forte. Procurámos atacar, criámos condições, defendemos bem também. A equipa belga fez seis remates, mas só por uma vez acertou na baliza e foi golo. Portugal fez 29 remates e não conseguiu fazer golo. A bola foi ao poste, bola aqui, bola acolá, mas os jogadores sempre atrás do resultado.”.

Contudo, o treinador português não tem medo de desafios maiores, apontado já para as próximas competições. “Nós acreditávamos que iríamos à final e venceríamos. Vínhamos com esse espírito e vontade. Os jogadores estão a chorar, normal, mas há muitas coisas a ganhar no futuro. Em 2018 também fomos eliminados no Mundial e depois ganhámos a Liga das Nações. Temos de olhar para a frente e ganhar o Campeonato do Mundo.”. Sentenciou Fernando Santos.

 

Expulsão de De Ligt dita apuramento checo

Os Países Baixos perderam por 2-0 contra a República Checa e as dificuldades que ambas as equipas têm, em vários momentos do jogo, foram expostas de forma clara.

No primeiro jogo da noite de ontem, a selecção de Frank de Boer começou o jogo com bola, não sendo capaz de ter uma unidade coesa ofensiva. O único motor de criação laranja era Memphis Depay, jogador que irá representar o Barcelona na próxima época, com Frenkie De Jong como parceiro. Além destes dois, e a capacidade de passe de Daley Blind, os Países Baixos pouco fizeram.

O ataque à profundidade de Denzel Dumfries, lateral oranje, era perigoso para a defesa checa, mas em apenas uma ocasião criou algum perigo.

No meio-campo laranja, as dificuldades na organização defensiva ficaram patentes quando um dos médios, Marten de Roon e De Jong ,tinha de cobrir o espaço deixado entre lateral e central na linha defensiva de Frank de Boer, deixando o outro colega como o único elemento à frente da defesa.

Quanto aos checos, foram incapazes de aproveitar a fraca organização defensiva dos Países Baixos. O jogo mais directo e longo não assustou as tropas laranjas até ao minuto 55 quando o defesa Matthijs de Ligt em disputa com o avançado checo, Patrik Schick, agarrou a bola com a mão e foi expulso da partida. Os erros do jovem defesa foram-se acumulando e este custou a passagem dos Flying Dutchmen à próxima fase do Euro. Logo aos 60 minutos, os checos chegaram à vantagem depois de um canto, Tomáš Holeš marcou de cabeça. Aos 80 minutos, Schick marcou o seu 4.º golo da competição. Os checos vão agora defrontar a Dinamarca no dia 3 de Julho.

Sobre a expulsão, de Ligt mostrou arrependimento. “Dói e custa muito. Perdemos o jogo e fomos eliminados por minha culpa, não devia ter feito o que fiz naquele lance. Tínhamos o jogo sob controlo, criámos algumas oportunidades e a República Checa não as estava a conseguir ter. Como é óbvio, o cartão vermelho fez toda a diferença”.

 

Inglaterra e Alemanha tiram teimas em Wembley

Durante 36 anos (1930-1966), a Alemanha não venceu nenhum dos oito confrontos que teve com a Inglaterra. A última, e talvez mais importante vitória foi na final do Mundial de 1966, ganho pelos ingleses. Mas desde 1968 até agora, a selecção dos Três Leões só venceu seis dos 24 jogos disputados por ambos.

No fim de um destes jogos, a meia-final do Mundial de 1990, Gary Lineker, na altura avançado da selecção inglesa orientada por Bobby Robson, deixou claro que apesar de todas as contrariedades de um jogo de futebol, no fim ganha sempre a Alemanha.

Em 2021, a Inglaterra é favorita a vencer a Alemanha no jogo dos oitavos de final do Euro no estádio Wembley, em Londres. O jogo será de terça para quarta-feira às 00h e para os alemães, estarem em território inimigo não assusta. “Eles jogam em casa e querem atacar. Vamos ter um jogo mais aberto. Temos de melhorar algumas coisas, estamos conscientes disso, temos de ter cuidado e prestar atenção às bolas paradas de Inglaterra.” Atirou o treinador alemão, Joachim Löw.

Em desvantagem numérica nas bancadas, Wembley vai receber 45 mil adeptos, com apenas 2 mil germânicos. A Federação Alemã não está muito contente com a distribuição de bilhetes, levando à ilação de que um alemão à procura de vingança é sempre perigoso.

No outro embate da noite, 03h de Macau, Suécia e Ucrânia defrontam-se pela segunda vez em competições oficiais. Os suecos procuram dar continuidade a uma fase de grupos sem derrotas e a Ucrânia procura redimir-se da derrota e da fraca exibição frente à Áustria (1-0). A chegada aos oitavos de final é melhor posição dos ucranianos em Euros e continuar em competição é motivação mais do que suficiente.

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