Takeaway | Cerca de 1.900 estabelecimentos obrigados a registo

O novo regulamento administrativo entra em vigor em Novembro e tem como objectivo evitar que comida confeccionada em habitações seja vendida ao público, obrigando ao registo dos restaurantes de takeaway. Os infractores arriscam multas entre 5 mil e 35 mil patacas

 

Para continuarem a operar dentro da lei, os cerca de 1.900 estabelecimentos de comida para fora têm de se registar, a partir do próximo mês de Novembro. A exigência faz parte do novo Regime de Registo de Estabelecimentos de Actividades de Takeaway, apresentado na sexta-feira pelo Conselho Executivo, e visa impedir que alimentos confeccionados em casa sejam comercializados e que a actividade de restauração deixe de ser exercida em locais não autorizados.

“Este é um regime de registo e não de emissão de licença. De acordo com um regime de licença, são exigidas condições de saúde, ventilação e medidas contra incêndio. São muitas exigências que as lojas têm de cumprir e uma grande parte das lojas de takeaway não vai conseguir nas condições actuais”, explicou André Cheong, porta-voz do Conselho Executivo e secretário para a Administração e Justiça. “Por isso, vamos lançar em primeiro lugar um regime de registo”, acrescentou o governante.

Segundo as novas exigências legais, a certidão de registo deve ser afixada no estabelecimento, assim como nas formas de venda online, através de portais ou aplicações móveis. Os infractores do novo regulamento administrativo ficam sujeitos a multas que variam entre 5.000 e 35.000 patacas.

Segurança alimentar prioritária

André Cheong sublinhou ainda que nesta fase o mais importante é garantir a segurança alimentar da população. É nesse sentido que a fiscalização vai apertar: “Vamos reforçar a inspecção e se detectarmos situações que violam as normas, de acordo com o regime, ou com o a lei da segurança alimentar, vamos aplicar multa”, avisou Cheong, citado pelo Canal Macau da TDM. “O mais importante é fiscalizar a segurança alimentar”, adicionou.

Na mesma conferência de imprensa que anunciou o diploma, foi ainda deixado o aviso de que as cozinhas de fracções habitacionais não podem servir como cozinhas de restaurante. “De acordo com a lei, este serviço não é permitido. Claro que se convidarmos amigos para ir a casa comer, está tudo bem. Mas se começarem a cobrar um serviço para isso, então já não pode ser”, avisou o secretário e porta-voz.

Por sua vez, Cheong Kuai Tat, chefe do Departamento de Segurança Alimentar do Instituto de Assunto Municipais (IAM), sublinhou o risco que implicam as cozinhas privadas.

O Jogo das Escondidas – Capítulos 61 ao 70

61

15.

Nas histórias chinesas de amor muitas vezes um ou ambos os amantes morrem ou nunca se juntam. Mesmo assim consideramos isso um final feliz, porque o que conta é a grande paixão que os uniu, algo que a sorte e o destino permitiram, disse calmamente Ding Ling, apesar dos seus olhos estarem estranhamente incandescentes. As suas mãos tremiam um pouco quando passaram pelo corpo deitado à sua frente. A bela Wei Zi ali estava imóvel. No cheongsam que vestia notava-se, à altura do coração, um orifício, sinal visível do punhal que rompera a sua pele e penetrara no coração. Bei Li estava de pé, com os olhos fechados, aparentando uma serenidade que não tinha naquele momento. O tenente Félix Amoroso sentiu um amargo na boca e a sua mão direita cerrou-se. O assassinato de Wei Zi acertara também no coração de Ding Ling. Não sabia como ela iria reagir. Quem a matara? Porquê? O choque emocional ia-se desvanecendo e Amoroso via surgir a visão mais lúcida do facto, mais fria, lógica e racional.
A sua própria vida também estava em jogo.

Wei Zi fora morta dentro da “Noite Tranquila” por um cliente que a acompanhara até aos lugares mais reservados. Ele saíra tranquilamente e, só depois, tinham dado com o corpo dela. O eficaz golpe, que a matara imediatamente, fora obra de um profissional. Era uma vingança. Para pagar o que ela descobrira. Para mostrar a Ding Ling que Max Wolf ou Fu Xian utilizariam todos os meios para espalhar o medo. Para a assustarem, porque sabiam que fora ela que incendiara o armazém onde tinham os seus pacotes de heroína. Perderam muito dinheiro. E a face. E homens como aqueles não tinham duas caras.

– Esta é uma terra em disputa. A partir de agora muita coisa pode acontecer.
As palavras de Ding Ling eram firmes.
– Eu sou boa para aqueles que são bons.

Mulheres como ela têm o poder da persuasão, pensou Amoroso. Os olhos dela estavam cravados nos seus. Ele não baixou os seus. Ela ficou com a convicção que esta não seria ma luta dela. Nem de Bei Li. Seria também dele.

62

– Há um tempo para guardar o silêncio. E outro, bem diferente, para actuar. Mesmo o silêncio pode ser uma arma. Importa saber ver, quando mais ninguém o consegue. Isso é que nos traz a vitória. Wei Zi nunca esperou morrer de velha. Dormir com um olho aberto e saber que cada dia pode ser o último, era uma das condições para trabalhar comigo. Ela sabia-o. E não se importou. Os homens podiam atraiçoá-la por um punhado de patacas, os inimigos poderiam seguir os seus passos, mas ela seguiu sempre em frente. Mas não esperava que o seu fim fosse assim. Aqui, na minha própria casa. Com ela cercada de amigos.
Não há intocáveis, pensou Amoroso. Gota a gota enche-e um copo, até que ele transborda. Era o caso. A paciência desaparecera dos olhos de Dng Ling. Mas isso não queria dizer que ela iria deixar-se atraiçoar pelas emoções. Os seus inimigos tentavam-na, mas ela não cairia no seu jogo. Esperaria o momento certo. Ding Ling roçou o seu corpo pelo de Amoroso e começou a andar. Ele seguiu-a até a um local discreto de onde podia ver grande parte do “Noite Tranquila”. Nada parecia estar diferente mas, na realidade, tudo mudara.
– Sabes que a palavra Qing significa claridade ou pureza? E o certo é que aquele que foi o último reinado imperial andes da República nunca foi nada disso. É por isso que sigo Sun Yat-sen. Quero conhecer a pureza que há nas pessoas. Há quem diga que a morte é um mistério. Mas, na realidade, o que é verdadeiramente misterioso é a vida, não achas, querido tenente? Quem somos? O que fazemos aqui? A única certeza que temos é que morreremos. Como é que dizem os católicos? Pó eras, em pó te converterás?
Amoroso via homens a jogar, sem pensar no pó em que se tornariam. Via-os a beber, sem procurarem, no fundo do copo, uma resposta para as suas atitudes. Cobiçavam raparigas que cirandavam entre eles, sem terem remorsos. Ding Ling passou-lhe os dedos pelo pescoço e, depois, tocaram-lhe na orelha. Ficaram ali durante segundos, os suficientes para ele sentir um arrepio de desejo. Olhou-a e ela agarrou-lhe na mão e puxou-o.

63

Caminharam os dois até ao pequeno quarto que ele tão bem conhecia. Aí, na escuridão quase completa, Ding Ling abriu o seu cheongsam e deixou-o cair. Ficou completamene nua e aproximou-se dele. Foi-o despindo e quando acabou de lhe tirar as roupas encostou-se a ele. Sentiu o desejo de Amoroso. Afastou-o e ficou a olhar para ele, até ue se deitou na cama e lhe fez sinal para que ele se colocasse em cma dela. Ding Ling entregou o seu corpo, vibrante, mas os seus olhos estavam molhados. O prazer misturava-se com a dor, num daqueles mometos em que a bondade e a maldade travam um duelo final. Naquele momento Amoroso percebeu que entre ele e ela não havia absolutamente nada, excepto a obstinada independência dela. O laço forjado no passado deve amarrar-nos mais do que um juramento, sussurrou ela. E ele tinha a certeza disso.

16.

O mundo está cheio de ciladas. Aprendemos a viver com elas e a utilizá-las. Sabe-nos bem, quando os outros caem nelas. Clamamos contra a injustiça, quando elas nos fazem tropeçar. Joaquim Palha sentia-se atraiçoado pelo destino. A estratégia fora cuidadosamente montada, desde há muitos anos. Tudo corria bem, dentro da ambiguidade onde se movia como um dançarino. Saber dançar como poucos ajudara-o no mundo dos negócios e da política. Conhecia os ritmos todos, os compassos de espera, a força de fazer bailar o seu par. Mas há sempre algo que não se controla. E isso só poderia ser devido a uma traição. Alguém o traíra, ele que estava habituado a enganar os outros. Não era justo, pensou Joaquim José Palha. Os dedos contorceram-se e as unhas, bem tratadas, cravaram-se na carne. Para doer. Para perceber que tudo o que estava a acontecer era real. Traídos. Joaquim Palha amaldiçoou o mundo por ser assim. Esqueceu-se, claro, de pensar que ele era construído por pessoas como ele. Max Wolf andava na sala, de um lado para o outro. A sua face estava vermelha e a respiração parecia indicar alguém que estava prestes a deixar sair os pulmões pela boca. Por fim, explodiu:
– Tem a noção real do que aconteceu?

64

Os olhares dos dois cruzaram-se, como num duelo. Nenhum deu parte de fraco. No escritório de Palha fez-se um silêncio ensurdecedor. Este mudou de posição na cadeira, num esforço inútil pra ficar confortável depois de ouvir as notícias que Wolf lhe trouxera e que confirmavam os rumores que que se escutavam junto ao edifício do Leal Senado. Todo o castelo de cartas que tinham construído nos últimos meses desmoronava-se defronte dos seus olhos. Primeiro, tinham ficado sem a heroína, que se desintegrara em cinzas. Agora o assalto ao vapor correra mal. Tudo correra ao contrário do planeado. Quando Wolf lhe começou a dizer o que se passara, Palha arregalara os olhos, como se estivesse diante de um fantasma:
– Não pode ser!
Mas era. Wolf, fora de si, só abanava a cabeça e cerrou os lábios. Não havia muito a dizer. E o melhor era não tentar dizê-lo, apesar dos esforços de Palha para o fazer falar. Por fim, foi dizendo:
– O que sei foi que se fez o assalto ao vapor Sui-An, como estava planeado. Este partiu de Macau e dirigia-se a Hong Kong. Não era a primeira vez que os piratas o tomavam e roubavam o que havia de valor a bordo. A tripulação estava habituada as estes infortúnios e, para salvar a pele, deixava-se ficar tranquila. Mas, desta vez, como sabíamosmos, o barco levava algo especial: o cofre com dinheiro e ouro que tinha como destino o Hong Kong Shanghai Banking Corporation. Era uma verba considerável que alguns comrerciantes de Macau queriam transferir para Hong Kong e por isso a sua segurança revestiu-se de cuidados especiais. Iam vários guardas armados a vigiá-lo. Sabíamos tudo isso. Como estava planeado, as lorchas de Fu Xian surgiram de repente e cercaram o vapor. O funcionário do Banco Nacional Ultramarino, que seguia a bordo, estava confiante no poder de fogo dos seguranças, mas, para espanto deste, estes nada fizeram e os nossos homens ocuparam o navio.
– Até aí nada de novo. Era essa a nossa estratégia delineada com Fu Xian. Os homens da segurança tinham sido substituídos por fiéis nossos ou subornados. Mas o que é que sucedeu a seguir?


65

Wolf encolheu os ombros.
– Só há relatos contraditórios de alguns passageiros e do funcionário do BNU. Mas o que se percebe é que uma série de passageiros tiraram as armas que tinham escondidas na roupa e os seguranças que eram homens de Fu Xian viraram as suas espingardas e pistolas contra os piratas deste e cmeçaram a disparar. Mataram-nos todos. Não queriam testemunhas. Quem podia contar algo, morreu. A polícia portuguesa está no Porto Interior a ouvir os passageiros. Mas a maioria está confusa ou, então, cala-se. Quem lá está também é aquele teu amigo, o tenente Amoroso.
Palha não acusou a indirecta e questionou:
– Isso não faz qualquer sentido. E Fu Xian?
– Pelo que consegui saber também foi morto. Os piratas e os seguranças levaram o seu corpo para as lorchas deste, assim como o cofre, e desapareceram rumo a uma das ilhas que há por ali.
Palha perdera, naquele momento, a serenidade:
– Quem são estes homens? São de Ding Ling?
– Ninguém sabe. A polícia está a investigar. Mas é como te digo, deveriam ser. Ou de outra tríade. Sei lá. Quem sabe ou está morto ou desapareceu.
Palha rosnou:
– Deve ser uma vingança dela. Puxámos demasiado a corda. E matar a miúda chinesa também não ajudou. Mas foi ideia de Fu Xian. E não podíamos dizer que não. Foi demasiado sangue. Mas como é que ela conseguiu subornar os homens de Fu Xian? Em caso de sarilhos aqui é fácil subornar a polícia. Mas comprar os homens de Xian…
Tentou fazer um sorriso conspirativo, mas estava demasiado nervoso para isso. E tudo resultou num esgar rancoroso.
– E agora?
– Tenha calma, doutor Palha.
Este revolveu o corpo na cadeira. Wolf continuou:
– Eu vou voltar para Xangai. Preciso de falar com os meus sócios. Explicar-lhes o desapaecimento da heroína. E também não tenho dinheiro para lhes levar. Contava com os valores que estavam no cofre.
– E eu?
Max Wolf fez um olhar sórdido:
– Tu? Que achas? Não há-de faltar muito tempo para o teu querido tenente aparecer aí para te prender. Se ainda aqui estiveres. Essa, de resto, foi uma bela ideia tua. Suborná-lo…
– Ele parecia estar convencido.
– Parecia. Deve ter sabido o que planeávamos. E deve estar conluiado com aquela bruxa chinesa.

66

Palha estava embaraçado. Wolf não confiava nele. Nunca confiara. Agora largava-o como caça, enquanto ele fugia. O alemão talvez tisse certezas. Daquelas que resolvia com uma pistola. Não lhe era conveniente confrontá-lo.
– A guerra é a guerra. Alguma vez combateu, doutor Palha?
– Eu? Nunca.
– Eu estive na guerra. Combati em França. Nas trincheiras. Escondia-me enquanto os obuses passavam por cima de mim ou explodiam ao meu lado. Vi morrer muita gente. Hoje não me faz confusão. Temos é de manter os olhos abertos e saber sobreviver. É isso que planeio fazer. Voltarei.
Palha franziu a testa.
– Desaparecer é a melhor opção. Vou deixá-lo, doutor Palha. Tenha um resto de bom dia.
Ao dizer isto, piscou um olho. E desapareceu. Palha ficou atónito. Tinha de tomar uma decisão rápida. O tempo corria depressa. Demasiado, para o seu gosto.

17.

O sol ainda não se tinha posto quando Félix Amoroso chegou ao “Noite Tranquila”. Li Bei esperava-o. Ele sabia porquê. Os seus espiões eram mais rápidos do que ele. A luz, à entrada, era melancólica, como se aquela fosse uma noite como as outras. Não era. Lutar e não ceder, era o que transmitiam os olhos dela por detrás do seu ar enigmático e doçura meditativa. Parecia ter o sorriso de uma estátua em jade de um Buda khmer que lhe tinham trazido da Indochina. E que ele guardava no seu quarto. Ela aproximou-se dele e disse:
– A vida é amoral. E é sempre violenta. Por vezes temos de atacar não apenas as forças do inimigo, mas a sua força moral. É aí que verdadeiramente vencemos.
Não esperava resposta. Fez-lhe sinal para que o seguisse até à sala onde estava Ding Ling. Também ali a luz era mortiça, e não deixava ver bem os contornos da face dela. Mas Amoroso não duvidava que a serenidade, a sensualidade e a sensação de dever cumprido se uniam no seu olhar. Ela aproximou-se e finalmente Amoroso conseguiu ter uma imagem mais nítida da cara dela. Nunca lhe parecera tão bela e radiante. Ele tocou-lhe, como se ela fosse irreal. Não era. Sentia o calor do corpo de Ding Ling, a milímetros do seu. Dela imanava uma força que o invadia e conquistava.
Ding Ling, naquele momento, era a civilização chinesa no seu esplendor: a harmonia pura. Tentou afastar a magia que o deixava inerte:

67

– Como boa deusa, a Fortuna, esteve do lado dos deuses.
– Esteve. Tal como nas melhores óperas de Cantão, as máscaras que usámos representaram diferentes emoções até atingirmos o nosso objectivo. Encenámos da melhor maneira a nobre arte da paciência e do engano. Quando julgavam vencer, os traidores foram vencidos. E com eles desmoronou-se o sonho de Max Wolf e dos alemães. Não há ouro e dinheiro para subornar, nem heroína para corromper. Os portugueses ficariam felizes se algum dia soubessem o que fizémos. Com a heroína Wolf teria conquistado o submundo de Macau e o poder ruiria sem disparar um tiro. Quem controla a escuridão, domina a luz que os outros julgam ser sua. Os alemães teriam Macau, mesmo que em Santa Sancha existisse uma bandeira portuguesa.
Ding Ling aproximou os seus lábios dos de Amoroso. Bei Li observava, muito perto. Os seus corpos pareciam sombras inertes, mas repletas de vida por dentro.
– Sem ti, querido tenente, não teríamos conseguido uma vitória justa. O inimigo não se teria distraído o suficiente. Não teria achado que, por matarem os que nos são queridos, quebraríamos como um tronco de madeira. Somos feitos de bambu. Vergamos. Não quebramos.
A voz de Bei Li não quebrou o encantamento:
– Muitas das histórias que terás escutado talvez tenham ofuscado as tuas ideias, tenente Amoroso. Agora que a luta terminou, não tens de ter receio de nenhuma de nós. Apesar de ela também ser a tua batalha. Era a escolha do nosso verdadeiro inimigo. Do teu verdadeiro inimigo.
O seus olhos fecharam-se, como se a ténue luz lhe ferisse a visão. Continuou:
– Tinham fraquezas. Os homens de Fu Xian sempre estiveram à venda. São mercenários, que escutavam promessas de riqueza. E, até agora, viam poucas recompensas. Não confiamos neles. E eles não confiam em ninguém. Só no dinheiro que lhes pagámos.
– Todos temos as nossas dúvidas, gentil Bei Li. Duvidamos de nós. Da justiça. Dos outros. Do bondade do mundo.
Bei Li sorriu. A sua missão agora tinha terminado. Disse apenas:
– Pensas em espiões, não é, querido tenente? Nós não precisamos de espiões, enquanto a verdadeira China existir. É melhor ter amigos.


68

Fechou os olhos e rodou o corpo, confundindo-se com a penumbra. Amoroso, que voltara a olhar para Ding Ling, não a ouviu sair da sala. Esta disse:
– Quem vem da escuridão tem mais resistência ao sofrimento. E nós voamos lado a lado. Não o esqueças.
– As deusas quebram promessas?
– Nunca o fiz e nunca o farei, seja por força do Bem ou do Mal. Sabes que a minha missão é ajudar Sun Yat-sen. Contra as potências que retalham a China. Contra os seus inimigos internos. Só isso. Estou serena. As sombras podem agora dançar à volta da alma de Zu Wei.
Os seus lábios tocaram os de Amoroso. As suas mãos percorreram o corpo deste. Muitos minutos depois, estavam juntos na cama. A luz deixava ver os bilhantes olhos dela e os lábios cerrados. Parecia estar prestes a chorar mas isso, claro, não aconteceu. Ele passou a mão pelas costas dela e foi descendo até encontrar o início das pernas. Mas Ding Ling agarrou-lhe na mão e levou-a até junto ao seu seio, não o deixando mexer-se. Ficaram assim a olhar um para o outro, pensando no que queriam fazer a seguir. Tudo ou nada? Troca os meus desejos pelos teus, parecia dizer ela. O desafio era intolerável e o seu corpo sabia. Afastou a mão e comprimiu o seu corpo contra o dele. O sol passava entre duas nuvens e mostrava o seu esplendor. Era uma metáfora queDing Ling muitas vezes partilhava com ele, quando, após um momento de tristeza e incerteza, a energia renascia e a tentação do sexo estava viva. Era o que estava a acontecer, enquanto os seus corpos chocavam e ambos murmuravam coisas que ninguém percebia. Naquele momento o rosto de Ding Ling era meigo e simples, como se não tivesse nada a esconder. E, no entanto, ambos sabiam o segredo que compartilhavam. E de que nunca mais tinham falado.

18.

Sofia Palha conhecia a versão mais tortuosa de Joaquim José. Se dissesse que mentira, não estava a mentir. Se dissesse que não mentira, estaria a mentir. Não importava agora. Os seus sonhos estavam comprometidos, pelo menos em Macau. Ela poderia dizer que não sabia de nada. O seu único ponto fraco era a relação com João Carlos da Silva. Tudo o resto eram suposições, teorias, imaginação. Não existiam provas. Enquanto se dirigia para o escritório do seu marido, arquitectava um plano.

69

Para Joaquim Palha a derrota de Fu Xian e de Max Wolf deixara-o num beco sem saída. Tinha agora a certeza que o tenente Amoroso fizera o jogo dos seus inimigos, o Governador e Ding Ling. Como conseguira ele ser tão dúplice? Max avisara-o para não confiar nele. E Sofia, que sabia ler os homens como ninguém, também. Mas ele confiara nas suas capacidades de persuasão, testadas durante anos em Macau com os melhores resultados. Sabia que nada contara a Félix Amoroso sobre o que planeavam fazer. Como teria ele descoberto?
O seu caminho estava agora bloqueado. A discussão com Max Wolf mostrara-lhe que lhe restava pouco espaço de manobra: ou o ódio dos governantes ou o desprezo dos seus opositores. Ou se fazia invisível ou seria erradicado. Que fazer? Fugir de Macau? Meios não lhe faltavam para fazer isso, mas seria era a vida que coroaria todos os seus sonhos? Poderia sobreviver a tudo mas não ao gozo dos seus antigos amigos, que se rapidamente tornariam inimigos. Poderia voltar a Portugal e recomeçar de novo. Mas as notícias chegariam a qualquer parte. Renegar o amor à pátria onde nascera e aliar-se a um alemão para conseguir benefícios contra os interesses de Portugal, quaisquer que estes fossem, não tinham forma de ser apagados. Os mexericos venceriam o que dissesse para se defender. Regressar a Portugal era impossível. Restava-lhe fugir para uma cidade qualquer da Ásia. Ou então tomar a decisão final.
Quando Sofia Palha chegou ao escritório de Joaquim este estava deitado de forma grotesca na cadeira. A pistola caíra para o chão. A cabeça tinha sofrido o impacto da bala que o matara. Nada a impressionava. Quando soube o que acontecera no vapor, Sofia sabia que se tinha despoletado o início de um caminho trágico. Não havia remédio. Ficara em casa e abrira uma garrafa de vinho tinto Periquita e fora bebendo e olhando pela janela, de onde se viam as águas calmas do mar. Assim esteve até ao momento em que recebeu a mensagem da secretária de Joaquim a dizer-lhe o que tinha acontecido. Foi como um relâmpago que interrompeu a sua letargia.

70

Tinha construído uma ficção de vida. Até aí pensava habitar num mundo ordenado, estável, que ela própria ajudara a construir com precisão matemática. Tinha um fim previsto. Os meios para lá chegar poderiam ser pouco morais, mas o poder ou o dinheiro nunca se tinham preocupado com pormenores dispensáveis. Todos, conhecidos, amigos, aliados, eram peões de um jogo mais vasto. A sua fria ambição permitira-lhe guiar as ideias e as acções de Joaquim José. Mas a tempestade regressara forte, como sempre acontecia em Macau. Devia ter antecipado possíveis acontecimentos futuros que pudessem fugir às suas rédeas. Só que era impossível suster o vento com as mãos e os furacões surgiam do nada, indomáveis. Em Macau deixavam sempre um rasto de destruição.
Vasculhou as gavetas da secretária de Joaquim, mas nada de incriminatório encontrou. Depois ordenou que informassem a polícia do que se passara e voltou a casa. Sentou-se defronte do espelho e vislumbrou-se demoradamente. Continuava bonita e atraente. Era ainda capaz de conquistar qualquer homem. Talvez o seu futuro não estivesse completamente traçado. Estranhamente não sentira nada perante o corpo de Joaquim. Reagira como se se tivesse libertado de um fardo. Agora só tinha a certeza que o mundo de amáveis monotonias tinha-se esfumado. Sentia isso, mas não chorava. Só quando o amor não existe é que se costuma sentir a sua ausência, pensou. Só lhe interessara, até aí, o luxo do domínio e do poder. Odiava o tenente Amoroso, o Governador e a sua mulher, Max e as suas promessas, a sinuosa chinesa Ding Ling. Odiava Macau. Suportara aquela cidade porque queria voltar a Lisboa como uma senhora rica e poderosa. Franziu a testa. Talvez ainda fosse possível. Afinal, para ela, o adversário de hoje poderia ser o correligionário de amanhã. O amigo de amanhã podia ser o inimigo de hoje. Seguiria o ritmo do vento, conforme soprassem as circunstâncias e as conveniências. Um dia Joaquim dissera-lhe que ela tinha menos luzes do que um barco pirata. Sorriu com o pensamento.

(continua)

FIA | Canceladas as três Taças do Mundo em Macau

Este era um desfecho previsível, mas que só ontem foi oficializado. A Federação Internacional do Automóvel (FIA) tinha dado como prazo limite o fim de Agosto para a RAEM aliviar as restrições de entrada a cidadãos estrangeiros, colocadas no contexto do controlo da pandemia, mas como tal não aconteceu, nem irá acontecer a curto prazo, o órgão máximo que rege o desporto motorizado viu-se forçado a antecipar uma decisão inevitável e anulou a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA, a Taça do Mundo de GT da FIA e a prova pontuável para a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR do 68.º Grande Prémio de Macau.

As equipas foram informadas na quarta-feira da decisão da FIA, no entanto só ontem a federação internacional comunicou a sua posição. Em comunicado, a FIA referiu que “como a maioria dos concorrentes que participam nos eventos da FIA são de fora da região, isto apresenta para os pilotos, equipas e fornecedores condições difíceis de cumprir. Como resultado, a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA e a Taça do Mundo da FIA de GT não terão lugar em 2021, com o objectivo de regressar no próximo ano”.

Segundo uma comunicação enviada aos concorrentes inscritos na Taça do Mundo de GT da FIA na quarta-feira, a prova tinha já vinte e sete concorrentes que iriam representar seis construtores, o que demonstra bem o interesse que ainda existe em redor do evento. Também era esperada a presença no território dos trinta bólides do Campeonato FIA de Fórmula 3 e de duas dezenas de concorrentes da FIA – WTCR no Circuito da Guia. O comunicado da FIA de ontem menciona também que o “Promotor da WTCR, a Eurosport Events, confirmou a sua intenção de regressar ao Circuito da Guia em 2022”.

O Secretário Geral do Desporto da FIA, Pete Bayer, disse que “Durante muitos anos, o Grande Prémio de Macau foi o tradicional evento de encerramento de temporada para muito do mundo dos desportos motorizados e tem um significado especial para a FIA como o único evento que reúne três Taças do Mundo da FIA no mesmo programa.

Embora vamos sentir falta de não estar lá, desejamos aos organizadores um seguro e bem-sucedido Grande Prémio de Macau em Novembro. Vamos começar a trabalhar imediatamente no evento de 2022”.

Episódio repetido

O cancelamento expectável das Taças do Mundo da FIA não deverá colocar em risco o evento. “A 68.ª edição do Grande Prémio de Macau está agendada para Novembro de 2021 e irá apresentar competições de nível internacional. Mais detalhes sobre o programa do evento serão anunciados pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) em breve”, é possível ainda ler no comunicado da FIA.

Apesar de não ter sido comunicada qualquer decisão sobre uma das mais populares corridas do programa, a realização do Grande Prémio de Motos de Macau, que no ano passado também não se materializou, deverá ter o mesmo destino das Taças do Mundo da FIA. Sendo totalmente composta por concorrentes estrangeiros, a prova não se disputou em 2020 por manifesta ausência de quórum. Neste caso particular, a obrigatoriedade de cumprir catorze dias de quarentena obrigatória, tornou a prova do território inviável para a grande maioria dos pilotos que cumpre os requisitos mínimos para poder alinhar à partida.

Os trabalhos para o 68.ª Grande Prémio de Macau continuam a decorrer e este deverá manter um programa semelhante ao já visto no ano transacto, com a disciplina de Fórmula 4 a ocupar o espaço que normalmente pertencia à Fórmula 3 como prova “cabeça de cartaz”. Com uma forte presença de participantes do Interior da China, o programa do Grande Prémio de 2020 contou ainda com a Corrida da Guia Macau, a Taça GT Macau, a Taça de Carros de Turismo de Macau e a Taça GT – Corrida da Grande Baía.

Emergência climática

O “Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas” (IPCC sigla em inglês), organismo das Nações Unidas, publicou recentemente um relatório onde se afirma que o mundo actual enfrenta efeitos adversos provocados pelo aquecimento global. O gelo do oceano Ártico está a derreter e o nível das águas está a subir, desencadeando alterações climáticas muito acentuadas. A Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau já tinha alertado para a possibilidade de mudanças climáticas radicais em 2021, esperando que os residentes se pudessem preparar com a devida antecedência. As chuvas intensas e as inundações na China, na Índia e na Indonésia verificadas nos últimos dias, bem como as temperaturas anormalmente elevadas e os fogos ocorridos na Europa e nos Estados demonstram que se a humanidade não enfrentar com seriedade a emergência climática, investigando a fundo as causas que a provocam, o planeta pode vir a enfrentar uma calamidade.

No entanto, as alterações políticas radicais são tão destrutivas quanto as alterações climáticas.
Nos últimos dias, pudemos assistir nos noticiários às mudanças radicais em curso no Afeganistão. Milhares de pessoas desesperadas precipitaram-se para o Aeroporto de Cabul, logo após os talibãs terem assumido o controlo do país. Imagens de vídeo mostraram várias pessoas a correr na pista de deslocagem e a treparem para entrar num avião da Força Aérea dos Estados Unidos. Alguns caíram quando o avião levantou voo e morreram. Qualquer pessoa com um mínimo de empatia com o próximo não quer assistir a desgraças como esta. A pergunta que agora se impõe, é se alguém vai pôr termo a esta situação? Será que algum dia se tentaram evitar as situações dramáticas que recorrentemente se registaram ao longo da História?

O número de pessoas que morre no mundo devido a conflitos políticos não é seguramente inferior ao número das que morrem devido às alterações climáticas e à covid-19.

Proteger o ambiente e promover a ecologia são medidas cruciais para combater as alterações climáticas extremas. Da mesma forma, é necessário manter a paz e a estabilidade nas sociedades e assegurar uma política ecológica equilibrada a todos os níveis.

No início de Junho, Hong Kong e Macau sofreram anomalias climáticas e políticas. Em termos climáticos, embora não tenhamos assistido à passagem de nenhum super tufão, ambas as regiões emitiram sinal de chuva intensa preto em diversas ocasiões, tendo acontecido as inevitáveis inundações. O surto de covid-19 verificado em Macau desencadeou mais um golpe na já fragilizada economia da cidade. Todos os residentes vivenciaram uma experiência inesquecível: a testagem universal ao ácido nucleico. Por outro lado, o excelente desempenho dos atletas de Hong Kong nas Olimpíadas de Tóquio não fez esquecer o impacto provocado pelas alterações legislativas. Mais de 90.000 residentes de Hong Kong emigraram, o que não é um bom indicador sobre a satisfação da população. Com a implementação do novo sistema eleitoral de Hong Kong e o episódio da desclassificação de candidatos à Assembleia Legislativa de Macau, é inevitável que a afluência às urnas, quer em Hong Kong quer em Macau, seja menor do que nas eleições anteriores.

Para criar uma atmosfera de harmonia social, não podemos banir, mas sim dialogar e comunicar. Nem todos os residentes de Hong Kong concordam com os pontos de vista e com as acções do jornal Apple Daily, do Sindicato dos Professores de Hong Kong, nem com a Frente dos Direitos Civis, mas estas instituições e organizações desapareceram num curto espaço de tempo devido à “Lei da República Popular da China de Salvaguarda da Segurança Nacional na Região Administrativa Especial de Hong Kong”. A súbita supressão destas instituições resultou de medidas um pouco excessivas, e também algo prejudiciais para a reconciliação social. Com a entrada no séc. XXI, os frutos nascidos dos esforços pelas reformas e pela abertura que a China fez nos últimos 50 anos não devem ser destruídos pelos métodos que foram empregues nas sessões de luta durante a Revolução Cultural.

Sinto falto do caracter chinês “和” (paz/harmonia) que aparecia nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Só quando as pessoas agem de uma forma “平和” (moderada) , “和平” (a paz) emerge em condições climáticas adversas.

Será que o caracter “和” (paz/harmonia) também irá aparecer nos próximos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim? Ou será afectado por condições climáticas muito severas? Não sou profeta, mas sim uma pessoa que anseia pela paz e que está determinada a trabalhar arduamente para a alcançar.

Cartoon | Rodrigo de Matos semi-finalista em concurso organizado em Itália 

O cartoonista Rodrigo de Matos, colaborador dos jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal, é um dos 56 semi-finalistas do concurso “Libex 2021”, organizado em Itália. O cartoon, inédito, mostra um olhar sobre a questão do politicamente correcto e da “cultura do cancelamento”

 

A caneta usada pelo jornalista é a aquela que, ao mesmo tempo, corta a sua mão. Foi esta a metáfora usada por Rodrigo de Matos, cartoonista dos jornais Ponto Final e Expresso, para participar na terceira edição do concurso internacional “Libex 2021”, organizado em Itália e dedicado exclusivamente a cartoonistas profissionais.
Rodrigo de Matos, que foi convidado a concorrer, está entre os 56 semi-finalistas, sendo que os dez finalistas do concurso só serão conhecidos no início do próximo mês. Este ano o tema da iniciativa é a “cultura do cancelamento e o politicamente correcto”, tendo o cartoonista optado por um inédito para chamar a atenção para o que se passa em todo o mundo.

“Esta questão do politicamente correcto, da limitação da linguagem e das visões políticas é um problema mundial. Há uma bifurcação muito grande na sociedade. Esta é uma tendência que se observa em que tudo o que nos cerca acaba por levar a um duelo que é de extremismo político”, aponta.

Rodrigo de Matos considera que a pandemia da covid-19 só veio tornar mais evidente esse cenário. “Na situação actual da covid-19, que é uma questão essencialmente científica, em que as decisões deveriam ser tomadas sempre com critérios científicos, vemos que a actuação das pessoas tem sido muito política.”

Sem saber o que os outros concorrentes apresentaram a concurso, Rodrigo de Matos diz não pensar muito em ganhar. “É bom [estar entre os semi-finalistas] sobretudo num concurso que não é aberto a cartoonistas amadores. A maior parte dos participantes são nomes conhecidos nos seus países, e só estar entre esses convidados já diz alguma coisa.”

Chamas de criatividade

O ano passado Rodrigo de Matos também chegou ao grupo dos 55 semi-finalistas com um cartoon publicado no Ponto Final que versava sobre as celebrações de Tiananmen em Macau. Este ano a opção de levar um cartoon inédito a concurso foi algo natural.

“Normalmente concorro com coisas já publicadas, mas estive a verificar os meus desenhos e, com este tema, e eram todos muito presos a um tema muito específico e à notícia em si. Não tinham uma leitura tão abrangente sobre este assunto.”

Rodrigo de Matos confessa que a pandemia da covid-19 lhe trouxe uma nova visão criativa. “Sempre que ocorrem coisas assim no mundo, fora do normal, são pequenas centelhas que acendem a chama da criatividade. São coisas que despertam sempre o nosso olhar crítico para o que se passa à nossa volta, e de facto tem sido um período [produtivo]. Há muita coisa para fazer cartoons e situações que merecem a nossa veia crítica”, referiu.
Para o concurso “Libex 2021” foram convidados 160 cartoonistas de um total de 55 países.

Turismo | Número de visitantes sobe 49,9% em Julho

Macau recebeu 789.407 visitantes em Julho, mais 49,4 por cento relativamente ao mês anterior e mais 966,7 por cento em termos anuais. O número de turistas (412.735) e de excursionistas (376.672) subiram “1.634,5 e 650,2 por cento, respectivamente”, comparativamente ao mesmo mês de 2020, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC).

O período médio de permanência dos visitantes situou-se em 1,8 dias, ou mais 0,5 dias, em termos anuais, devido à proporção dos turistas (52,3 por cento do total) ter crescido 20,1 pontos percentuais, referiu.

O número de visitantes da China fixou-se em 724.342, aumentando 989,4 por cento, em termos anuais, 293.927 dos quais com visto individual. Das nove cidades do delta do rio das Pérolas entraram ao território 426.991 visitantes, dos quais 49,8 por cento da cidade vizinha de Zhuhai. De Hong Kong, chegaram 59.135 visitantes e de Taiwan 5.800.

Entre Janeiro e Julho, Macau recebeu 4.717.236 visitantes, mais 41,4 por cento do que no período homólogo de 2020, com o número de turistas (2.471.392) e de excursionistas (2.245.844) a registar um aumento de 57,5 e 26,6 por cento, respectivamente. O período médio de permanência dos visitantes foi de 1,6 dias, mais 0,2 dias, em termos anuais, acrescentou a DSEC.

Vinhos | Macau e China contribuem para exportações do Alentejo 

As exportações dos Vinhos do Alentejo cresceram 20 por cento em valor e 14 por cento em quantidade no primeiro semestre deste ano, face a período homólogo de 2020, revelou ontem a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). O crescimento também aconteceu, entre Janeiro e Junho, nos mercados asiáticos, “com a China a fechar o semestre em níveis pré-pandemia e um aumento de compras face a 2020 (mais 15 por cento em valor e mais 13 por cento em litros”.

No caso de Macau, foram também superados os resultados totais alcançados nos últimos dois anos (mais 227 por cento em valor e mais 192 por cento em litros”.

Os mercados brasileiro, norte-americano, suíço e do Reino Unido também registaram aumentos em termos de vendas. Em termos gerais, os números do primeiro semestre “superam os resultados atingidos pela região no período pré-pandémico”, acrescentou a CVRA.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram ainda que “cerca de 12 milhões de garrafas [foram] comercializadas para o mercado externo, o que se traduz em mais de nove milhões de litros exportados”, o que representa um aumento de 14 por cento, em comparação com o primeiro semestre do ano transacto. Para o presidente da CVRA, Francisco Mateus, “este crescimento na primeira metade do ano é um sinal muito positivo dos valores” a que a região pode chegar este ano. “Habitualmente, os segundos semestres são mais fortes na exportação”, lembrou, manifestando-se confiante de que 2021 possa vir a ser “o ano com melhores resultados, desde que há registo”.

Covid-19 | Testagem em massa custou 49 milhões só em testes

O programa de testagem em massa da população, que durou três dias, custou ao Governo, só em testes, 49 milhões de patacas, faltando ainda apurar as despesas com recursos humanos e materiais. Os Serviços de Saúde acreditam que Macau poderá ser considerado um local “seguro” a partir de 1 de Setembro, ou seja passados 28 dias sem novos casos

 

Ao longo dos três dias em que decorreu o programa de testagem em massa da população em Macau, foram gastos 49 milhões de patacas só na realização de testes.

De acordo com Tai Wa Hou, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, devido à complexidade da operação, a este custo falta ainda somar todas as despesas implicadas nos gastos com o pessoal e ao nível dos equipamentos.

“Vamos daqui para frente fazer essas contas, porque foram utilizados vários recursos humanos e materiais. Por exemplo, é fácil calcular as despesas relativas ao teste ácido nucleico: são 700 mil habitantes a multiplicar por 70 patacas por cada teste, ou seja, são 49 milhões de patacas. Mas não é só esta a despesa, pois [a operação] ainda envolveu vários recursos humanos e materiais. Assim que tivermos os dados vamos anunciar”, apontou ontem o responsável por ocasião da conferência de imprensa de actualização sobre a covid-19.

Durante o encontro com a imprensa, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas, reafirmou que Macau só poderá ser considerado um local “seguro” após terem passado “dois períodos de incubação” de 14 dias, ou seja, 28 dias desde o surgimento do novo surto de covid-19 em Macau.

Passados esses 28 dias, a 1 de Setembro, Leong Iek Hou acredita que, se não houver novos casos de covid-19, as medidas de prevenção da pandemia podem vir a ser menos rigorosas e que regiões vizinhas como Hong Kong possam novamente considerar Macau como um local seguro.

“Se durante os dois períodos de incubação [duas semanas] não houver novos casos, creio que as zonas vizinhas vão ter novamente confiança em nós. Acho que as medidas de prevenção vão ser mais relaxadas e menos rigorosas. Estamos sempre a acompanhar a situação juntamente com as autoridades de Hong Kong”, transmitiu.

Contudo, a responsável fez questão de frisar que actualmente “não é possível dizer que o risco é zero” e que, por isso, é necessário continuar a insistir nas medidas de anti-epidémicas.

Preparar o recomeço

A pensar no regresso às aulas, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEDJ) anunciou ter transmitido ontem às escolas algumas instruções específicas. Dessas directivas, fazem parte indicações sobre a desinfecção dos espaços e arranjos especiais para a realização de testes de ácido nucleico.

“Há várias informações que prestámos às escolas (…) relacionadas sobretudo com os trabalhos de desinfecção, os preparativos e organização de materiais. A partir do dia 28 de Agosto [as escolas] devem providenciar testes gratuitos de ácido nucleico. Entrámos em comunicação com Zhuhai para que possa haver um arranjo para que os estudantes e professores possam fazer o teste em Zhuhai”, explicou Wong Ka Ki, Chefe de Departamento do Ensino não Superior da DSEDJ.

Homem esfaqueou vizinhos e obrigou a intervenção da polícia

A confusão instalou-se no Edifício Hong Tou Kok, na zona do Toi San, ao início da manhã. Um jovem que, segundo a polícia, denotava um comportamento estranho nas últimas semanas e “sentia sombras” à porta de casa, esfaqueou dois vizinhos, um homem e uma mulher de 63 e 54 anos, respectivamente

 

Um jovem foi ontem detido pela polícia, após ter esfaqueado dois vizinhos, por volta das 09h, e de ter estado demorado várias horas até ser capturado. O ataque aconteceu no Edifício Hong Tou Kok, na zona do Toi San, e obrigou ao transporte das vítimas para o Centro Hospitalar Conde São Januário.

Segundo as informações disponibilizadas pelas autoridades, na origem dos esfaqueamentos esteve uma disputa entre vizinhos, mas à hora do fecho da edição do HM os motivos na origem do ataque ainda não eram claros. Aos meios de comunicação social em língua chinesa, a polícia afirmou que o atacante andava insatisfeito porque nas últimas semanas “sentia sombras” na porta de casa e terá confrontado os vizinhos, por acreditar que eram eles os responsáveis.

As vítimas dos esfaqueamentos são um homem com 63 anos e uma mulher com 54 anos. Apesar de viverem no mesmo prédio, habitam apartamentos diferentes, e não têm qualquer ligação familiar. O ataque terá acontecido quando ambos estavam em espaços comuns, no corredor do 18.º andar.

Na sequência das agressões, o homem ficou com uma ferida no lado esquerdo do pescoço, mas foi transportado vivo e consciente para o hospital. A mulher, foi esfaqueada mais vezes, em partes do corpo como os braços, antebraços, mãos e ainda no ombro e pescoço. Depois de terem sido alertadas as autoridades, a mulher foi levada de emergência para o hospital. No momento do transporte estava consciente.

Detenção levou horas

Após o alerta para o incidente, que aconteceu depois das 09h, as equipas de salvamento apareceram no local e bloquearam o acesso ao edifício, onde se encontrava o atacante. Os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública chegaram ao local equipados com escudos de protecção, e atrás deles surgiram as equipas de bombeiros.

Os trabalhos de salvamento decorreram sem problemas de maior, uma vez que as vítimas estavam a aguardar no rés-do-chão. Contudo, a detenção do suspeito foi mais difícil e levou ao isolamento do edifício, uma vez que o homem só se entregou várias horas depois. Por temerem que saltasse, antes da detenção, as equipas de salvamento instalaram mesmo um colchão perto da janela do local onde se encontrava o indivíduo.

Sobre o atacante, o jornal Exmoo ouviu uma das vizinhas do prédio, que disse conhecer o rapaz desde pequeno. Segundo esta, o jovem era sempre “muito simpático e gentil”, o que levou a mulher a confessar estar muito surpreendida com os acontecimentos da manhã de ontem.

Segurança | Crimes informáticos crescem 382% a reboque da pandemia

No primeiro semestre de 2021, registaram-se mais 489 casos de crimes informáticos relativamente ao mesmo período de 2020. Em termos gerais, a actividade criminosa cresceu 26,1 por cento em Macau. A pasta da Segurança acredita que a subida se deve ao aumento do número de turistas e da utilização de plataformas digitais

 

Entre burlas, extorsões e utilização indevida de cartões de crédito, o número de crimes informáticos aumentou 382 por cento em Macau nos primeiros seis meses de 2021.

De acordo com os dados divulgados ontem pelo Gabinete do Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, registaram-se 617 casos deste tipo, um “aumento significativo”, tendo em conta que o número representa uma subida de 489 casos relativamente ao primeiro semestre de 2020, altura em que se registaram 128 crimes informáticos.

Detalhando, a maior fatia de crimes informáticos recaiu nos casos relacionados com o consumo online com recurso a cartão de crédito, situação reportada em 540 ocasiões, representando mais 450 casos do que em 2020. Outro crime cibernético que registou aumentos, está relacionado com burlas em apostas ilegais online, tendo sido registados 54 casos deste tipo (mais 27 do que em 2020).

No primeiro semestre de 2021, ocorreram ainda 28 casos de extorsão através de “nude chat”, representando um aumento de 10 casos em comparação com os primeiros seis meses de 2020.

Para o secretário para a Segurança, a subida deste tipo de crimes está relacionada com a mudança do estilo de vida provocada pela pandemia e que levou, consequentemente, a uma maior utilização da internet e, por outro lado, à falta de cuidados de prevenção dos residentes.

“Com o surto da epidemia, situação que levou à mudança da forma de vida dos cidadãos (…) muitos [passaram] a utilizar a internet para conhecer novos amigos e fazer compras online, dando mais oportunidades aos malfeitores.

Por outro lado, esta subida deve-se à fraca noção de prevenção dos cidadãos, fornecendo facilmente os dados pessoais para outras pessoas através da internet”, pode ler-se no relatório publicado ontem.

Para fazer face à situação e “elevar as noções de prevenção”, a pasta da segurança sublinha que a polícia tem promovido acções de sensibilização nas redes sociais. Além disso, através de acções conjuntas, foram desmanteladas seis associações criminosas transfronteiriças e detidos mais de 130 indivíduos que praticavam extorsão e burla através de redes informáticas, envolvendo valores superiores a 22 milhões de patacas.

Subida controlada

Ao nível da criminalidade em geral, foram registadas 5.915 ocorrências entre Janeiro e Junho de 2021, representando um aumento de 26,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado (4.691).

Para Wong Sio Chak, o aumento do número de crimes ficou a dever-se à subida do números de turistas e do número de utilizadores de redes sociais e compras online. Além disso, o secretário considera que o número deve ser relativizado dado que, o próprio registo de 2020 “foi relativamente mais baixo” do que em 2019, período antes pandemia em que foram reportados 6.920 casos nos primeiros seis meses.

No entanto, pode ler-se no relatório, “não se verificou uma subida em termos de criminalidade violenta”. Na primeira metade de 2021, registaram-se 129 casos deste tipo, sendo que a nível de crimes de rapto, homicídio e ofensas corporais graves, continua a registar-se “uma boa situação, de taxa zero ou de casuística muito baixa”. Os dois casos de homicídio registados estão relacionados com troca ilegal de moeda.

Houve ainda a registar 1.199 casos de “crimes contra as pessoas”, representando uma subida de 24,8 por cento. Destes, 632 são crimes de ofensa à integridade simples (+5,2 por cento), 17 são crimes de sequestro (- 41,4 por cento) e 16 são crimes de violação (+23,1 por cento).

Foram também reportados 2.901 “crimes contra o património” (+11,2 por cento), 320 “crimes contra a vida em sociedade” (menos dois casos), 268 “crimes contra o território” (+20,7 por cento) e ainda 1227 “crimes não classificados noutros grupos” (+112,3 por cento), onde se incluem os crimes informáticos.
Contas feitas, nas conclusões do relatório, o Gabinete do Secretário para a Segurança considerou que o estado de segurança de Macau se mantém “estável e favorável”.

Vício dissimulado

Na primeira metade de 2021, foram registados 39 crimes de tráfico de droga, um aumento de cinco casos em igual período do ano passado. De acordo com o relatório divulgado ontem pelo Gabinete do secretário para a Segurança, desde o início da pandemia, o modus operandi de indivíduos e grupos traficantes começou a recorrer a pacotes postais para as operações e “tende a ser mais dissimulado”, havendo registos de tráfico de droga “em vinho tinto, produtos cosméticos, produtos electrónicos, maços de cigarro, lápis de cor”.

Grandes labaredas

O número de casos de fogo posto na primeira metade de 2021 aumentou 33,3 por cento no primeiro semestre de 2021. De acordo com o relatório divulgado ontem pelo Gabinete do Secretário para a Segurança, dos 24 casos de fogo posto registados, 16 foram resolvidos. Destes, seis foram provocados “de forma dolosa devido a embriaguez, furto, vingança e razões emocionais”, tendo outros seis sido causados por “pontas de cigarro deixadas em lugar inapropriado”.

Ajuda preciosa

Na primeira metade do ano, o sistema de videovigilância “Olhos no Céu” deu apoio à investigação de 1.761 casos. De acordo com as estatísticas da criminalidade divulgadas ontem, incluídos nesses casos estão crimes de “ofensas graves à integridade física”, “violação”, “fogo posto” e “homicídio”. “O Sistema de Videovigilância da Cidade de Macau (…) continua a desempenhar um papel importante em auxiliar a Polícia na resolução rápida e volumosa de casos”, pode ler-se no relatório.

SAFP | Governo quer melhorar regime de delegação de poderes

O Director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Kou Peng Kuan, revelou que é intenção do Governo arrancar com a resolução dos problemas existentes no actual regime de delegação de poderes.

Em resposta a uma interpelação escrita de Ng Kuok Cheong, o responsável aponta ser necessário alterar a “questionável” delegação de competências por níveis, que tem sido responsável por aumentar os custos administrativos. Isto, dado que a “cíclica mudança de pessoal” determina, constantemente, novas delegações de competências, que esbarram nas actuais disposições “dispersas” do regime de delegação de poderes.

Relativamente à reestruturação dos fundos autónomos, o Governo irá com base no princípio de gestão sectorial centralizada, “clarificar a divisão de tarefas e as responsabilidades de cada fundo autónomo”, procedendo-se à sua “reestruturação, fusão ou extinção” conforme as necessidades da sua prática operacional.

Desta feita, Kou Peng Kuan avança que, após a extinção do Fundo dos Pandas e do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia está a ser analisado o rumo a dar a outros fundos. Nomeadamente, se o Cofre dos Assuntos de Justiça será extinto ou se o Fundo de Turismo será reestruturado.

Além destes, está ainda em cima da mesa a fusão do Fundo de Cultura com o Fundo das Industrias Culturais e ainda a integração do Fundo de Desenvolvimento Educativo, Fundo de Acção Social Escolar e o Fundo do Ensino Superior num só.

AL | Mak Soi Kun e Zheng Anting exigem subsídio extra de 10 mil patacas

Os deputados da comunidade de Jiangmen defendem que o Governo tem de fazer mais pelos desempregados e recém-licenciados, assim como pelas Pequenas e Médias Empresas que dizem ser responsáveis por 80 por cento do emprego

 

Os deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting, ligados à comunidade de Jiangmen, exigiram ao Governo que reforce as medidas de apoio à população e que distribua mais apoios, inclusive um apoio para os residentes de 10 mil patacas. As declarações foram feitas na terça-feira, numa conferência de imprensa de balanço dos trabalhos legislativos desde 2017.

Segundo o relato do jornal Cidadão, Zheng Anting começou por apontar que a pandemia está a afectar a economia de Macau há dois anos, e que muitos residentes estão em situação de desemprego ou licença sem vencimento. Além disso, o deputado destacou que a taxa de desemprego entre os locais foi de 3,9 por cento, o que reflecte a dificuldade que os recém-formados encontram para entrar no mercado do trabalho.

Apesar de reconhecer que o Governo melhorou a formação subsidiada, que agora chega a mais gente, Zheng Anting e Mak Soi Kun afirmaram que é preciso fazer mais para apoiar a população e apelaram à distribuição de um apoio de 10 mil patacas por residente.

Em relação à actividade empresarial, Zheng Anting sublinhou que as Pequenas e Médias Empresas (PME) constituem 90 por cento do tecido empresarial local e oferecem 80 por cento dos empregos. Apesar da importância destas empresas, Zheng considerou que o Governo tem a obrigação de fazer mais e sugeriu a criação de um subsídio de água e luz e um empréstimo sem juros até ao valor máximo de 1 milhão de patacas.

Ataque a democratas

A não ser que seja nomeado para a próxima legislatura, Mak Soi Kun está de saída do hemiciclo. No entanto, segundo o jornal All About Macau, o deputado considerou que os democratas não são patriotas e mereceram ser proibidos de participar nas eleições. “Não são patriotas, não têm sentimento do Amor a Macau, como nos podem governar?” perguntou, dizendo depois que concorda com a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa.

Quanto à actividade extra parlamentar dos escritórios dos deputados, Mak Soi Kun e Zheng Anting revelaram que entre 2017 e 2021 receberam 7.779 pedidos de ajuda, com os assuntos de habitação e saúde a ocuparem 40 por cento dos pedidos. Um dos outros assuntos mais abordados foi a questão do trânsito.

Na mesma ocasião, os deputados afirmaram que entre Outubro de 2017 e Agosto deste ano foram responsáveis por 355 interpelações escritas, 37 interpelações orais e 122 intervenções antes da ordem do dia.

Lee Sio Kuan desconhece motivos da desistência de candidato

O mandatário da lista Ou Mun Kong I, Lee Sio Kuan apontou desconhecer as razões da desistência do cabeça-de-lista, Ho Ion Kong. O anúncio sobre a retirada de Ho tinha sido feito na terça-feira pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Segundo o jornal digital All About Macau, Lee Sio Kuan explicou que a desistência foi uma decisão individual, e o mandatário destacou que Ho tem liberdade para se candidatar e desistir, que não necessita de apresentar justificações. Apesar de a lista só ficar com três candidatos, Lee Sio Kuan confirmou que a desistência não vai ter impacto e que os outros membros vão ao sufrágio.

Chui Sai Peng quer subsídios para trabalhadores e empresas

O deputado Chui Sai Peng defende que há necessidade de atribuir subsídios aos comerciantes que são obrigados a suspender os negócios, por se encontrarem nas zonas afectadas pela pandemia, ou seja aquelas com código vermelho. Para o legislador esta é uma forma de ajudar as pessoas a contribuírem para o esforço de prevenção, e aliviar o impacto da suspensão forçada aos comerciantes. Ao mesmo tempo, Chui Sai Peng considera ainda que as pessoas forçadas a faltar ao trabalho devem ser apoiadas com subsídios, para que não fiquem numa situação em que têm de escolher entre dizer a verdade sobre eventuais sintomas ou zonas onde circularem e o ordenado que precisam para fazer face às despesas quotidianas.

Primeiro caso de covid-19 identificado na Aldeia Paralímpica

Um primeiro caso de covid-19 foi identificado na Aldeia Paralímpica, anunciou hoje a organização, cinco dias antes da abertura dos Jogos Paralímpicos, quando o Japão enfrenta um aumento de infeções. O doente faz parte do pessoal ligado aos Jogos e não reside no Japão, disseram os organizadores.

A organização registou, até agora, 74 casos ligados aos Jogos Paralímpicos, que se realizam de 24 de agosto a 05 de setembro, principalmente entre o pessoal que vive no Japão.

Seis outros casos foram assinalados por coletividades locais que acolhem equipas paralímpicas antes do início dos Jogos.

Este é o primeiro caso comunicado na Aldeia Paralímpica, que abriu na terça-feira. Os organizadores dos Jogos Olímpicos, que terminaram em 08 de agosto, afirmaram que conseguiram evitar um grande surto de covid-19 no Japão, através de medidas sanitárias rigorosas, uma afirmação contestada por alguns peritos.

Até à data, foram diagnosticados 546 casos ligados aos Jogos Olímpicos. O número de casos da covid-19, que tem vindo a aumentar no arquipélago, atingiu um novo máximo na quarta-feira, com quase 24 mil infeções em todo o país.

Perante esta nova vaga de infeções, na terça-feira, o Governo japonês prolongou o estado de emergência, em vigor desde julho em parte do Japão, até 12 de setembro em 13 prefeituras, incluindo Tóquio.

China aguarda criação de governo afegão “aberto e representativo” para reconhecimento

A China disse que está a aguardar o estabelecimento de um governo “aberto, inclusivo e amplamente representativo” no Afeganistão, antes de decidir sobre o reconhecimento das novas autoridades em Cabul.

“Se vamos reconhecer um governo, temos que esperar até que o governo seja formado”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian. “Só depois chegaremos à questão do reconhecimento diplomático”, observou, em conferência de imprensa.

Zhao reiterou que Pequim espera uma “transição suave”, após o retorno dos talibãs ao poder, para evitar mais violência ou um desastre humanitário.

“A China vai continuar a apoiar a reconstrução pacífica do Afeganistão e a fornecer assistência ao desenvolvimento económico e social do Afeganistão, dentro da sua capacidade”, disse Zhao.

O porta-voz afirmou que os talibãs devem cumprir com o seu compromisso de não dar abrigo a terroristas ou permitir que elementos estrangeiros operem no seu território, destacando o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, que Pequim culpa pelos ataques na região noroeste de Xinjiang, que compartilha uma fronteira estreita e remota com o Afeganistão.

Pequim há muito pede que os EUA deixem o Afeganistão, mas condenou o que chama de retirada “apressada” das forças norte-americanas.

A China procurou ter boas relações tanto com o ex-Governo afegão como com os talibãs, hospedando o principal líder político do grupo, o ‘mullah’ Abdul Ghani Baradar, durante as conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, no final do mês passado.

Líderes estudantis de Hong Kong detidos por “defenderem terrorismo”

A polícia de Hong Kong deteve esta quarta-feira três líderes estudantis universitários, acusados de “defenderem o terrorismo”, noticiou a imprensa local. Entre os detidos estão o presidente e mais dois responsáveis do sindicato dos estudantes da Universidade de Hong Kong.

Os três terão participado numa reunião, no mês passado, durante a qual foi aprovada uma moção que lamentava e “apreciava o sacrifício” de um homem que apunhalou um agente da polícia e depois se suicidou, em 01 de julho.

Perante as críticas à moção, aprovada em 07 de julho, com 30 dos 32 presentes a votar a favor, o sindicato decidiu retirá-la, mas a universidade proibiu este mês o acesso ao ‘campus’ dos participantes na reunião.

O presidente do sindicato estudantil, Charles Kwok Wing-ho, de 20 anos, repudiou mais tarde a moção, considerando-a como “extremamente inapropriada”, enquanto outros líderes do movimento estudantil apresentaram desculpas.

De acordo com o diário South China Morning Post, a polícia considerou o ataque um “acto terrorista” de um “lobo solitário”. Em meados do mês passado, agentes das forças de segurança invadiram as instalações do sindicato de estudantes, no âmbito de uma investigação sobre se o grupo tinha defendido ou incitado o terrorismo.

Ao abrigo do artigo 27.º da lei da segurança nacional de Hong Kong, que Pequim impôs ao território no ano passado, os acusados de incitar ou defender o terrorismo enfrentam uma pena de prisão entre cinco a dez anos, “se as circunstâncias da infração (…) forem de natureza grave”. A lei também prevê penas de prisão perpétua para actos de secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras.

Carlos Marreiros e Costa Antunes deixam conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo

O arquitecto Carlos Marreiros e o engenheiro João Costa Antunes deixaram de integrar o Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo. A informação foi revelada ontem em Boletim Oficial, com Carlos Marreiros a ser substituído pela arquitecta Joy Choi Tin Tin e Costa Antunes, que representava a administração pública e se reformou, pelo engenheiro Ip Chong Wa.

Ao HM, Carlos Marreiros confirmou a saída do órgão, que justificou com compromissos pessoais e a necessidade de dar oportunidade às gerações mais novas, e afirmou ter aprendido muito ao longo dos seis anos em que desempenhou estas funções.

“Aprendi muito nestes seis anos. Os primeiros dois anos foram muito intensos porque tínhamos um regime de acreditação inexistente. Desde os anos 90 que lutávamos por um processo de acreditação profissional de arquitectos, engenheiro, urbanistas e outros técnicos que laboram na arquitectura, construção civil, urbanismo, entre outros, e isso foi conseguido”, realçou. “Tivemos de analisar as qualificações dos profissionais do sector, e foi um processo inédito, difícil, moroso, que fez com que todos tivéssemos aprendido”, acrescentou.

Carlos Marreiros confessou ainda que já tinha ponderado sair em 2017, no final do segundo mandato, mas voltou atrás. “Depois do segundo mandato pedi escusa, só por razões estritamente pessoais, por falta de tempo, por não conseguir por tudo isso na agenda diária. Na altura, o secretário disse-me que a carga seria menos intensa, porque muito do trabalho estava feito, e continuei no terceiro mandato”, admitiu.

Passar a pasta

O Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo é composto por representantes da administração pública e membros do sector privado. Na despedida, Carlos Marreiros diz ter sido sempre muito bem tratado, admite contribuir para o Conselho sempre que for necessário, e elogia a escolha pelo Chefe do Executivo de Joy Choi Tin Tin. “Só tenho de aplaudir porque precisamos muito também da sensibilidade e saber feminino nesta área”, apontou. “Senti que era altura de dar o meu lugar a uma geração mais nova e forte”, sublinhou.

O HM contactou igualmente o engenheiro João Costa Antunes, que optou por não fazer comentários.
Segundo a informação disponibilizada no Boletim Oficial, Rui Martins, que representa a administração pública, vai continuar como presidente. Por sua vez, Eddie Wong, do sector privado, mantém-se como vice-presidente.

Direito de resposta da Casa de Macau em Lisboa

Face à publicação recente de um artigo de opinião no jornal “Hoje Macau”, onde são apresentadas alegações infundadas e factos que não correspondem à verdade, a Direcção da Casa de Macau em Portugal vem, por este meio, esclarecer publicamente o seguinte:

1. O imóvel sito na Av. Almirante Gago Coutinho, 142, em Lisboa, é propriedade da Fundação Casa de Macau. O referido espaço foi cedido à Casa de Macau para o desenvolvimento das suas actividades, através de um contrato de comodato a termo.

2. Muito embora o edifício reúna todas as condições e dignidade para o normal funcionamento da Casa de Macau, a Fundação Casa de Macau tem previstas obras de manutenção, nomeadamente a pintura do seu exterior, as quais não puderam ainda ser realizadas devido a contingências múltiplas, resultantes da presente Pandemia.

3. Fundada em 1966 e reconhecida pelo estado português com o estatuto de instituição de utilidade pública em 1988, a Casa de Macau tem-se pautado, ao longo dos seus 55 anos de existência, pela promoção activa da cultura macaense em Portugal. Naturalmente, face à presente crise sanitária, não tem sido possível realizar as inúmeras e habituais actividades presenciais, que serão retomadas assim que estejam garantidas as condições necessárias de segurança, para os seus associados, parceiros e visitantes.

4. A Casa de Macau é um espaço de encontro intergeracional, de reflexão e partilha, aberto a toda a comunidade macaense, não só de naturais de Macau, mas também de todos aqueles que vivem ou viveram em Macau, ou se interessam pela sua cultura e identidade.

5. As instalações da Casa de Macau estão encerradas durante o presente mês de Agosto, para férias do seu pessoal, reabrindo no dia 1 de Setembro. São todos bem vindos a visitar-nos após essa data!

Por último, a Direcção da Casa de Macau gostaria de saudar e agradecer a todos os seus associados e amigos, que nos últimos dias têm manifestado publicamente o seu apoio a esta que é a sua “Casa”, assim como pela defesa daqueles que são os interesses genuínos e maiores de Macau e da sua comunidade.

O que nos distingue dos animais?

Como transmite o anjo? As formas de comunicação angélica distinguem-se dos modos de ver e de apreensão sensíveis, e o anjo testemunha o mistério na sua forma mistérica, transmite o invisível enquanto invisível, não o atraiçoa com os sentidos.

Resiste o infinito, aos olhos do anjo, a ser desonerado. O anjo actua como um espelho, certamente, mas da pureza do silêncio e do mistério de Deus.

E mesmo que o homem se encontre num estado de não-dualidade, num estado de “enosis” (de fusão entre o sujeito e o objecto), a contemplação da Verdade, impossível de alcançar discursivamente, segundo o místico Angelus Silesius, só se produz por contágio: «Deus habita uma luz a que nenhuma estrada conduz; quem não se converte em luz, não o vê em toda a eternidade».

O que o poeta Holderlin corroborou ao escrever: «creem no divino/ só aqueles que o são».
Mas gostaria de associar a isto uma ideia atrevida do filósofo Rafael Argullol: «A ideia mais audaz que pode conceber-se é a de um infinito que, enamorado da nossa vida, só através desta tenha a sua razão de ser.»

//
Do alto da sua pureza, lastimava Breton a Voznessenski que o Cocteau desse cabo da sua poesia, e exemplificava, horrorizado: «La guitare, bidet qui chante.»

Entretanto, leio no controverso Richard Millet: «O poder literário da América reside menos nas virtudes da língua inglesa ou nas qualidades de seus escritores do que no engenho destes em apoiar-se numa paisagem natural ou urbana das quais o cinema (primeiro, e agora também a televisão) definiu o cenário e que não existiria mais sem a sétima arte. Portanto, trata-se antes de evocar um regime literário audiovisual ao invés de uma verdadeira literatura – com excepção, é claro, daqueles escritores que consideramos como tal e não como americanos» E acho que ele tem razão: «La télé, bidet qui chante».

//
Um escritor amigo propôs a uma editora um romance de sua autoria. Enviou por e-mail. Passados 3 (três) minutos, obteve a sua resposta:

“Boa tarde, Obrigado pelo seu contacto. Não estamos a aceitar originais. Cumprimentos, JM” (sic)»
“Ao menos foram rápidos”, observou o meu amigo.

Nunca houve despacho maior. Parece uma ficção: um gajo leva um ano a empobrecer a si e aos seus até à quarta geração da sua genealogia para escrever em letras duradouras a sua noveleta, mete no prego o último ourito da mulher para irem comemorar o triunfo da palavra FIM, e, antes de se banquetearem com um rodízio brasileiro, a família em meia-lua assiste ao envio do e-mail para a editora com o futuro estampado a ouro no anexo.

E quando regressam do jantar, onde gastaram a massa de uma semana, a editora já tinha respondido: não estamos a aceitar originais.
É caso para perguntar: as editoras vivem de quê, afinal?

Mudou muito, desde que o Garcia Marquez, sem dinheiro para enviar o manuscrito de Cem Anos de Solidão, meteu nos correios só metade do manuscrito.

Como é que uma editora responde à cabeça: não estamos a aceitar originais? Uma mercearia pode não aceitar batatas, legumes, pêssegos carecas? Um clube de futebol pode não aceitar golos?
Antes o erro humano de Camus que rejeitou a edição de Pessoa na Gallimard.

//
A palavra crivada de caroços, a palavra quarto-minguante, a palavra que desincha o nevoeiro; a palavra que adoça os citrinos, a que revela corredores, patamares, lances de escada quando se desdobra numa algazarra, a palavra que nunca se confessa, a palavra de inúmeros pedúnculos, a extensa palavra… perdão!; a que o meu pai não disse antes de morrer, a palavra que só entre aspas desaperta o colarinho, a que vive no sobrolho da raposa; a palavra que não se enxerga, nem quando mete a mão no lume, a palavra que seca num átimo e que sorveu um lago na Suíça, a palavra que ilumina por dntro o mel, a palavra que suicida os cemitérios, a palavra chuva, que quanto mais se adensa mais azula as nuvens, a palavra nítido nulo, a palavra martelada por presságios e a palavra lesionada: dez músculos estirados contra os onze do atrito; a palavra que surripia os arrepios e nunca se sabe para onde os carrega, a palavra que deseduca os figos, fazendo-os cair; a palavra que rói as unhas até ao sabugo; a palavra que croma o vento e se aposenta em bolinhas de cânfora, a palavra assobiada por dois incisivos separados, a palavra cunhada e amante do cunhado, a palavra que ventila a narina do ácaro e a narina das mariposas, a palavra de hulha que tossiu o mês inteiro e a que desafinou junto à campa de minha mãe; a palavra que pesquei em Esmirna, na Turquia, com quatro quilos e meio; a palavra que nunca viu o mar e alucina com a pacatez dos legumes; a
palavra que abre a China ao meio como os polegares a laranja; a palavra desaustinadamente terna; palavra com duas gemas por pão, a palavra que amo e por decoro nunca pronunciei, a palavra convertida em confetti e a palavra que lavra Rá

seguem de perto o meu silêncio.

//
O que nos distingue dos animais?
Antes da invenção dos nomes, para Adão dizer a Eva, És tola como um jumento, ele teria de agarrar na sua cara-metade e de perambular pelo Éden à cata de jumento para apontar a criatura e pôr-se a grunhir, aos pulos, enquanto mimava caretas idiotas, para que ela entendesse e então decidisse se o escoiceava nas partes ou não. Agora é mais simples, ele regozija-se, com ironia, “Sou um homem de sorte… em relação ao jumento és muito mais bonita!”, e ela replica, “E se fosses levar nos entrefolhos!?”. E em cima passa o urubu, soberano.

FRC | Pintura e caligrafia de Lee Chau Peng em exibição até 28 de Agosto

Até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan” do pintor local Lee Chau Peng. A mostra inclui 40 obras de pintura e caligrafia do artista que passam para tela, a paz e a harmonia de elementos naturais da pintura chinesa como flores, pássaros e árvores

 

As cores brotam delicadas em sintonia com as flores que parecem surgir à sorte da ramagem pálida, mas sólida, da vegetação onde pousam os pássaros. Quando tinha sete anos de idade, Lee Chau Peng, apaixonou-se pela caligrafia e pintura tradicional chinesa por influência do pai, que lhe ensinou a esboçar os primeiros traços. Desde então, não mais parou de apurar as técnicas que lhe permitiram retratar ao longo do tempo através da caligrafia e da pintura, tópicos como flores, pássaros, peixes, insectos e paisagens.

“Quando era criança, o meu pai ensinou-me muito sobre a pintura chinesa e isso foi muito importante para a minha carreira. Desde logo, fiquei muito interessado e, por isso, comecei a aprender como desenhar flores com o meu pai.

Na escola e mais tarde continuei a cultivar esse gosto pela pintura e por aprender a pintar sobre estes tópicos, tendo procurado sempre aprender com artistas que ficaram famosos por pintar flores”, apontou Lee Chau Peng ao HM.
Cinco décadas depois do início da sua carreira artística, o calígrafo e pintor local que é também Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau, vai expor pela 18.ª vez o seu trabalho. Desta feita, até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan”, que inclui 40 peças de pintura com caligrafia de Lee Chau Peng.

Assumindo que ao longo da carreira tem “trabalhado arduamente” para que as flores e a natureza que aparecem nos meus trabalhos fossem “o mais perfeitas possível”, a mostra patente na FRC reflecte a influência de Lee Chau Peng enquanto discípulo do estilo artístico da Escola de Pintura de Lingnan. Nos trabalhos é possível que o estilo de pintura do artista se centra especialmente em peónias, flores de lótus, árvores de bambu, crisântemos, e pequenos pássaros.

Num comunicado, artista ressalva ainda ser uma “grande honra” que a exposição decorra no mesmo ano em que se comemora o 100.º aniversário da fundação do Partido Comunista da China, permitindo servir o propósito de amar Macau e a China ao mesmo tempo que se promove a educação artística e se une a comunidade de calígrafos e pintores locais.

Missão sagrada

Numa nota oficial alusiva à inauguração da exposição que decorreu ontem na FRC, um dos alunos de Lee Chau Peng frisou que o artista tem levado a cabo a “missão sagrada” de promover a pintura e a caligrafia chinesa e ajudar os artistas especializados na matéria, a “realizar os seus sonhos”, naquilo que considera ser uma “jornada de amor”.

O mesmo aluno lembra também que, ao longo dos anos, o Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau já realizou mais de 150 actividades de divulgação de pintura e caligrafia chinesa, um pouco por todo o Sudeste Asiático e que, durante mais de 10 anos, ensinou a sua arte em locais como a Universidade de Macau, a Associação Taoísta de Macau, o Grupo Nam Kwong e a Igreja Anglicana de Macau.

Nascido em 1959, Lee Chau Peng começou a sua carreira como designer de interiores, formado pelo Instituto de Design e Indústria de Hong Kong. O percurso académico levou-o depois para o mundo do design e da gestão de negócios. Seguiu para a Canadian Public Royal University, onde fez um Master of Business Administration, e passou ainda pela Princeton University, onde obteve um PhD em Filosofia de Gestão, e pela Renmin University of China, para uma graduação em Administração de Empresas. Aos 62 anos, Lee Chau Peng é licenciado e praticante de Medicina Chinesa desde 1999.

Covid-19 | Governo pode adiar início do ano lectivo e quer fazer testes 

O Governo não descarta a possibilidade de adiar o início de um novo ano lectivo devido ao regresso de mais de três mil alunos transfronteiriços. Há também a ideia de testar os alunos e professores antes do regresso às aulas

 

A Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) está a ponderar adiar o regresso às aulas devido ao retorno ao território de mais de três mil alunos transfronteiriços de zonas como Zhuhai ou Zhonghshan. A ideia foi deixada ontem na habitual conferência do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus por Wong Ka Ki, representante da DSEDJ.

“O nosso plano é, se a situação não estiver estável, ponderar o adiamento do ano lectivo. Se for retomado o ensino presencial, uma grande parte dos alunos regressa do Interior da China e poderá colocar em risco o regresso às aulas. Depois da pandemia de Agosto, e estando atenuada a situação, estamos a desenvolver diferentes planos de contingência”, frisou.

O Executivo tem também planos para testar alunos e docentes antes do arranque das aulas. “Antes do início das aulas serão realizadas reuniões com todas as escolas para implementar as medidas necessárias. Vamos ter em conta se vamos estender o número de testes de ácido nucleico a serem feitos por alunos e professores antes do início do ano lectivo”, adiantou.

Recorde-se que o Governo já fez o apelo para que os estudantes que residam em Zhuhai ou Zhongshan regressem 14 dias antes do início do ano lectivo. Não há ainda certezas se serão apenas os alunos que residem fora de Macau a ser alvos de testagem contra a covid-19. “Segundo a nossa experiência, [deve ser feito] um teste de sete em sete dias. Não temos ainda a decisão”, adiantou Wong Ka Ki.

Diferentes vacinas, novos dados

Leong Iek Hou, coordenadora do Centro, falou da situação de saúde dos quatro membros de uma só família infectados com covid-19. “O pai e a mãe apresentam ainda alguns sintomas do trato respiratório, mas não precisam de apoio de oxigénio. O irmão mais velho e a irmã estão estáveis e já recuperaram o paladar. Em termos gerais, os quatro estão numa situação de saúde estável.”

Quanto aos oito casos de efeitos adversos graves das vacinas, cinco dizem respeito à vacina MRNA/BioNTech, e três estão relacionados com a Sinopharm. Há apenas um caso confirmado de miocardite relacionado com a vacinação, enquanto que os restantes “ainda não foram confirmados”, disse Tai Wa Hou, médico responsável pelo programa de vacinação.

Em relação à pessoa que, por engano, levou duas doses de vacinas diferentes, a sua situação de saúde é estável, sem sintomas. “Um caso de mistura de vacinas, mesmo que apresente um nível de anti-corpos elevado, não é suficiente para provar se a mistura de vacinas é eficaz. Necessitamos de mais dados.”

Tai Wa Hou falou, no entanto, de uma preocupação das autoridades relacionada com o facto de “a maior parte das pessoas que receberam a vacina Sinopharm, que ainda não é reconhecida nos EUA”. “Se estas tiverem de voltar aos EUA têm de receber outra vacina da MRNA/BioNTech”, rematou o responsável.

Cuidadores informais | Pedidos serviços complementares além de subsídio 

Hetzer Siu e Paul Pun, ligados a associações de cariz social, defendem que o programa piloto de atribuição de subsídios a cuidadores informais deve ir além da mera ajuda financeira. São necessários apoios complementares para que os cuidadores possam ter tempo para si

 

O Instituto de Acção Social (IAS) assegurou há dias, numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, que pretende rever em Novembro as regras do programa piloto de concessão de subsídios a cuidadores informais. No entanto, Hetzer Siu, director-executivo da Macau Special Olympics, e Paul Pun, secretário-geral da Caritas, defendem que é necessário mudar conceitos e criar mais serviços complementares de apoio a quem cuida.

“As famílias no geral estão satisfeitas, sobretudo as que têm portadores de deficiência severa. São pessoas que não saem de casa e um dos pais tem de estar quase sempre em casa. Mas gostariam de ter mais serviços complementares em vez de só receberem dinheiro”, disse o responsável, quando questionado se, com base na sua experiência, as famílias estão satisfeitas com este programa.

“Temos de pensar que estamos a ajudar o cuidador e a pessoa que precisa de ajuda, porque o cuidador precisa de ajuda para fazer as suas próprias coisas”, lembrou Paul Pun. “Houve uma mudança de conceitos na comunidade, o subsídio não é apenas um apoio para o cuidador, acaba por ajudar todos”, referiu, afirmando também que um mero aumento do valor do subsídio poderá não ser suficiente.

“Este não é, actualmente, um programa muito abrangente, porque não estamos a pensar nestas duas pessoas [cuidador e pessoa que necessita de apoio]. Pode não ser necessário aumentar o subsídio, mas talvez sejam necessários mais serviços complementares para os cuidadores”, adiantou o secretário-geral da Caritas.

Números precisam-se

Hetzer Siu destaca também o facto de serem necessários dados que permitam avaliar o funcionamento deste programa piloto. Até porque “o subsídio não cobre todos os casos, apenas as situações mais severas de deficiência e prestação de cuidados a idosos”.

“Ainda não sabemos os números das famílias que necessitam de apoio. Será que há resultados concretos deste apoio? Será que as famílias sofreram alguma alteração [em termos da sua situação económica]? Necessitamos de um relatório para melhorar este programa.”

O director-executivo da Macau Special Olympics alerta que, com o prolongamento da crise económica, devido à pandemia da covid-19, talvez o programa piloto possa continuar por apenas alguns meses para poder progredir.

“O mais importante é analisar se este programa pode continuar a apoiar este tipo de famílias, e por quanto tempo. O subsídio não é um salário, é outro conceito. Se a nossa economia não melhorar, este programa [piloto] deveria continuar por mais um ano ou dois para poder melhorar e para termos mais dados.

Na resposta ao deputado, o presidente do IAS, Hon Wai, assegurou que “em Novembro de 2021, após a conclusão do projecto piloto, o IAS vai proceder à revisão do mesmo através da experiência, nomeadamente no que concerne à apreciação de casos, o instrumento de avaliação, a definição de critérios de avaliação económica e conteúdo concreto da prestação de cuidados”.

Lei Chan U pede medidas para reduzir acidentes na Ponte da Amizade

O deputado Lei Chan U perguntou ao Governo quais as medidas que tenciona implementar para reduzir a sinistralidade na Ponte de Amizade. As questões fazem parte de uma interpelação divulgada ontem pelos serviços de assessoria do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

No documento enviado ao Executivo, Lei reconhece que foram aplicadas várias medidas ao longo dos anos para reduzir o número de acidentes. Entre os exemplos de políticas adoptadas, o deputado sublinha os 17 radares de velocidade instalados, a sinalização luminosa e os semáforos nas intersecções, para resolver a questão das prioridades. Porém, Lei Chan U sustenta que os resultados foram escassos: “Contudo, a situação do tráfego da Ponte da Amizade não melhorou significativamente como resultado das medidas”, defendeu.

Nesse sentido, quer saber que outras políticas vão ser aplicadas: “Tendo em conta as causas dos acidentes na Ponte da Amizade, que outras medidas mais focadas nas causas podem ser lançadas pelas autoridades para melhorar o ambiente de condução e garantir a segurança do pessoal?”, perguntou.

Além da velocidade

No que diz respeito à causa dos acidentes, Lei Chan U afirma acreditar que o problema não está na velocidade. Segundo o deputado, e citando dados oficiais do ano passado, apenas se contabilizaram 94 multas na Ponte de Amizade por excesso de velocidade, que contrastam com as 795 multas na Ponte de Sai Van e as 133 multas na Ponte do Governador Nobre Carvalho. O legislador sugere assim que se estude como principal causa o facto de os veículos não respeitarem as distâncias de segurança: “Quais são as principais causas dos acidentes na Ponte de Amizade nos últimos anos?”, pergunta.

Na interpelação escrita, Lei Chan U tenta ainda saber se há ligação entre a circulação de motas e a sinistralidade e pede dados sobre o número de acidentes envolvendo com motos. A Ponte da Amizade é a única travessia que permite que motos e viaturas ligeiras e pesadas circulem nas mesmas faixas de rodagem.

AL | Coutinho fala em menor fiscalização do Governo após afastamento de candidatos

Apesar de não comentar a decisão do TUI, José Pereira Coutinho considera que a fiscalização da acção governativa da próxima legislatura vai ficar “desfalcada” após a desqualificação de candidatos às eleições de Setembro. Contudo, o deputado recusa perder a “esperança” e acredita que a Assembleia Legislativa vai continuar a defender os interesses dos residentes

 

O deputado José Pereira Coutinho considera que a desqualificação de candidatos às eleições de Setembro por parte da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) irá resultar numa configuração do plenário que irá desfalcar a fiscalização do Governo.

“É evidente que a fiscalização da acção governativa vai ficar desfalcada porque vai em sentido contrário ao que temos vindo a assistir. Todos nós sabemos que a situação vai mudar. Agora tudo depende do espectro político e da composição que, no futuro, vai existir na assembleia”, apontou ontem Pereira Coutinho por ocasião de uma conferência de imprensa dedicada ao balanço dos trabalhos da legislatura que terminou a 16 de Agosto.

Quanto ao acórdão do Tribunal de Última Instância (TUI) que ditou a inelegibilidade de 21 candidatos por não serem fiéis a Macau e não defenderem a Lei Básica, o deputado recusou-se a tecer comentários, vincando respeitar a decisão e a necessidade de seguir a Lei Básica.

“Não posso dizer se concordo ou não porque o acordão é do TUI, que é um órgão independente da estrutura política da RAEM e, por isso, eu só tenho que respeitar e seguir escrupulosamente a Lei Básica, que é o instrumento constitucional mais importante que há em Macau”, reiterou.

Sublinhando que “nunca faria nada contra a própria consciência”, Pereira Coutinho disse ainda não estar qualificado para comentar o trabalho feito durante a legislatura passada pelos deputados afastados Sulu Sou e Ng Kuok Cheong e que as razões pelas quais não foi também ele desqualificado só podem ser apontadas pela CAEAL. “Não posso ser juiz em causa própria”, acrescentou.

Sobre o trabalho futuro da Assembleia Legislativa (AL), Pereira Coutinho defendeu que é preciso manter a esperança.

“Uma pessoa só perde a esperança se morrer. Há sempre muita esperança e eu sou uma pessoa optimista por natureza e acredito que a AL vai continuar a desempenhar um bom trabalho em prol dos cidadãos de Macau”, referiu.

Está difícil

Sobre a legislatura que passou, Pereira Coutinho apontou ser “cada vez mais difícil” apresentar projectos de lei, apesar de o sistema permanecer inalterado.

“Aquilo que era possível no passado, hoje é impossível. Não obstante o sistema permanecer inalterado e de as leis serem as mesmas. Mudou alguma coisa, mas eu não sei o que é. Nesta legislatura só conseguimos apresentar cinco projectos de lei. Apresentámos outros, mas foram indeferidos (…) vai haver cada vez mais dificuldades de cumprir o disposto do artigo 75.º da Lei Básica, ou seja, apresentar projectos de lei por parte dos deputados”, disse.

O mesmo se passou, referiu, com os debates de interesse público, tendo sido rejeitadas 13 propostas de discussão. Para Pereira Coutinho, o facto de não existir interesse em debater ideias tornou a AL num “carimbo” que serve apenas para aprovar leis.

“Não sei porque é que os deputados da AL (…) não gostam de debater assuntos de interesse público relacionados com questões sociais. A AL tornou-se num carimbo e esse carimbo dá muito má imagem perante os cidadãos de Macau”.

Nos últimos quatro anos, o gabinete de José Pereira Coutinho apresentou, no total, 201 interpelações (185 escritas e 16 orais), 48 intervenções antes da ordem do dia, 11 propostas de debate, 5 projectos de lei e 102 cartas dirigidas ao Chefe do Executivo e aos secretários.

Fundo de Pensões | Miguel Ian afastado de chefia de departamento

Miguel Ian foi afastado de forma automática do cargo de chefe de Departamento do Regime de Aposentação e Sobrevivência do Fundo de Pensões. A informação consta na versão de ontem do Boletim Oficial e é justificada com a impossibilidade de Miguel Ian desempenhar as funções por um período superior a um ano. “Para os devidos efeitos se declara que, cessou, automaticamente, a comissão de serviço de Ian Iat Chun, como chefe do Departamento do Regime de Aposentação e Sobrevivência deste Fundo, a partir de 26 de Outubro de 2019, por se encontrar impedido de exercer funções por mais de 12 meses”, lê-se na declaração.

Miguel Ian encontra-se a cumprir a pena de prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Coloane, depois de o Tribunal Judicial de Base ter dado como provado a prática de sete crimes de falsificação de documento. A acusação surgiu no âmbito do processo do caso do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).

Anteriormente, a secretaria para a Administração e Justiça já havia tentado afastar Miguel Ian da posição de chefe de Departamento do Regime de Aposentação e Sobrevivência do Fundo de Pensões. O Governo considerava que o funcionário devia ver a comissão de serviço terminada, uma vez que esteve mais de seis messes impossibilitado de exercer o cargo. O afastamento acabou por ser anulado no TUI devido a vícios processuais.