Índia concluiu ontem legislativas com mais de 100 milhões de eleitores chamados às urnas Hoje Macau - 20 Mai 2019 [dropcap]M[/dropcap]ais de 100 milhões de eleitores votaram ontem, em oito regiões da Índia, na sétima e derradeira fase das eleições legislativas, que tiveram início em 11 de Abril, com o primeiro-ministro Narendra Modi como recandidato a novo mandato. As urnas abriram às 07:00 locais em quase 113 mil escolas e, na primeira hora e meia, registaram uma participação de 10,2% de votantes, liderada pelo remoto Estado de Jharkhand, no leste do país, com 15% de participação, segundo dados da Comissão Eleitoral da Índia (ECI, na sigla em inglês), citada pela agência noticiosa Efe. Nesta última fase eleitoral serão eleitos 59 dos 543 lugares na Assembleia do Povo (Lok Sabha), do parlamento indiano, escolhidos em várias regiões da metade norte do país, incluindo diversos distritos do estado de Uttar Pradesh, o mais populoso com quase 200 milhões de habitantes. O primeiro-ministro Narendra Modi, do partido Bharatiya Janata (BJP), apontado como o candidato favorito, concorre por Benares, a sagrada cidade hindu de Uttar Pradesh. Numa mensagem na sua conta no Twitter, o governante apelou a uma participação recorde nesta última fase eleitoral, notando que cada voto “irá moldar a trajetória de desenvolvimento da Índia nos próximos anos”. O líder nacionalista hindu acordou hoje numa gruta no estado de Uttarakhand, no norte do país, onde passou a noite a meditar, envergando um manto laranja. Há mais de dois mil partidos registados na Índia e entre os principais que concorrem neste sufrágio, além do BJP, no poder, está o Congresso Nacional Indiano (conhecido como Partido do Congresso), liderado por Rahul Gandhi. A votação de ontem também decorre no distrito eleitoral de Modi, Varanasi, uma cidade sagrada hindu onde foi eleito em 2014 com uma margem impressionante de mais de 200.000 votos. Na capital de Bengala Ocidental, Calcutá, os eleitores fizeram fila à porta das assembleias de voto desde o início da manhã para evitar o calor escaldante, perante a vigilância das autoridades, para evitar eventuais episódios de violência. A minoria muçulmana, que representa cerca de 14% dos 1,3 mil milhões de habitantes da Índia, criticou Modi pela sua agenda nacionalista hindu. Em Varanasi, os leitores também acorreram cedo às assembleias de voto, como Ramesh Kumar Singh, um dos primeiros a votar, que se mostrou surpreendido “ao ver o entusiasmo entre os eleitores”. “Houve longas filas de pessoas esperando pacientemente para votar, o que é um bom sinal para a democracia”, afirmou, citado pela Efe. A contagem de votos está agendada para 23 de maio. Com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, 29 Estados e sete territórios, a maior democracia do mundo conclui hoje um processo para o qual foram activadas um milhão de assembleias eleitorais, 100.000 a mais do que nas eleições de 2014. O número de eleitores também tem crescido ao longo dos últimos cinco anos, passando de 814 milhões para 900 milhões, o que representa a inclusão de 86 milhões de jovens que puderam votar pela primeira vez, de acordo com a ECI.
Património | Filho de Stanley Ho pode ser investigado devido a inscrições numa parede Hoje Macau - 20 Mai 2019 [dropcap]D[/dropcap]epois do extravagante pedido de casamento de Mario Ho, filho de Stanley Ho e Angela Leong, o filho do magnata e da deputada pode estar em sarilhos por ter feito uma inscrição numa parede da Travessa da Paixão, nas traseiras das Ruínas de São Paulo. Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, referiu à comunicação social que a mensagem pode ser investigada por ter sido feita numa zona protegida como património mundial da humanidade da UNESCO. A mensagem de Mario Ho, dirigida à namorada, agora noiva, perguntava se havia hipóteses de ficaram juntos, com as opções “sim” e “não” assinaláveis com cruz. O acto pode vir a ter consequências uma vez que Helena de Senna Fernandes referiu que a Direcção dos Serviços de Turismo vai analisar se existe matéria digna para investigação que apure se foram violadas leis. Além disso, a inscrição na parede foi feita durante uma produção audiovisual para a qual não foi pedida autorização.
Sangue João Luz - 20 Mai 201921 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] correr pelas ruas e a chegar aos joelhos, como sonhava Jim, profeta e guardião das portas da percepção abertas a chuto de rock ‘n’ roll. Hemoglobina, plaquetas e glóbulos a inundarem as calçadas do Cotai, a agigantar vermelho fluvial no campo de visão, a crescer para além das barreiras vasculares da cidade, a coagular discursos harmoniosos de sonhos dourados de paz e felicidade. Este fim-de-semana, o Cotai, esse paraíso terreno, transformou-se num episódio do “Halloween”, com um Michael Myers trajado a Gucci foleiro a distribuir facadas como um talhante em speed. Poupem-me à ladainha dos casos isolados, ok? No início deste mês, conhecemos detalhes do enredo de mais um filme de terror passado no quarto de uma pensão, a escassos metros de onde trabalhamos, do local onde rimos, gritamos e escrevemos até os dedos ficarem dormentes. Enquanto trocávamos piadas, um homem era torturado e espancado até à morte. Não quero alimentar alarmismos, sempre me senti seguro em Macau, uma cidade incomparavelmente mais pacífica que Lisboa, por exemplo. Mas o discurso da harmonia, unicórnios, nuvens cor-de-rosa e violência que não contagia e que fica estanque no garrote geográfico dos casinos não pode continuar. As pessoas não são assim tão parvas. A dissonância cognitiva e comunicativa não resulta, só atrapalha. É preciso assumir esta realidade, é essencial encarar o problema enquanto tal, como fruto maduro da irreal inundação de pessoas que chega a Macau para jogar. É também fundamental ser adulto o suficiente para reconhecer o que é o jogo, compreender a sua natureza e assumir aquilo que sempre foi: terreno fértil para o crime germinar e florescer. Desde tempos imemoriais. Entretanto, harmonia veio apaziguar as hostes e falou aos meninos e às meninas na linguagem ancestral da alucinação securitária, justificando o aumento dos crimes violentos em Macau com o desmantelamento de uma rede crime organizado. Orwelliano elevado ao quadrado, o equivalente a dizer que os casos de gripe aumentaram devido à prescrição de aspirina. De onde vem esta sede por agressão, este desejo de esventrar, de ceifar vida como quem colhe cereal? Que vírus ancestral infecta os nossos genes ao ponto de nos amedrontar e nos reduzir ao papel de bestas de brutalidade e selvajaria? Esta é a nossa natureza, por mais que enchamos a pança de clássicos, erudição e optimismo. O homicídio é a chave que nos descodifica. O sangue é a vida, já dizia o outro, é tesão, irascibilidade, rubor que dá cor à lascívia, o indizível. É maré de intumescimento a rebentar termómetros, vida a sangrar de ventres férteis, veículo para hormonas e nutrientes do mundo à mais ínfima célula. Seiva nossa que nunca estanca, que não conhece leis, ditames morais, conceitos de decência ou equilíbrio. Corre enquanto pode, enquanto vive, férrea e implacável como uma espada líquida. O sangue acelera perseguido pelo desespero, pelas palpitações que traduzem situações extremas em violência. O sangue corre nas ruas porque somos humanos, porque nos matamos e agredimos naturalmente, como uma função biológica. Batendo recordes de redundância, diria que nos está no sangue. Perder tudo num golpe de azar parece combustível mais que lógico para fazê-lo correr desvairado. Apoiar uma sociedade numa única actividade que é adubo para a violência faz o sangue galgar tudo o que é sólido e decente. Ondas vermelhas a embater nos edifícios, pintando de rubro todas as Hello Kitties da cidade, manchando na sombra a concórdia, fraternidade e todos os lugares-comuns incompatíveis com a realidade. Da bizarra equação entre a harmonia que brota da boca dos políticos e o sangue que corre nas ruas, resulta algo semelhante à tomada de consciência de Dorothy a caminho da Terra de Oz: “Toto, I’ve a feeling we’re not in Kansas anymore.” Palavras sábias para quem vive num mundo de fantasia.
Escritos ântumos, postumamente Rita Taborda Duarte - 20 Mai 20197 Ago 2019 [dropcap]M[/dropcap]as… onde ides? Assim tão lampeiro, ligeiro, com esse riso solto e casquinado, de quem segue adiante, sem lançar, para trás, sequer um olhar de remorsa despedida. Pois, vinde cá, meu tão certo secretário, de que foges? É do bico da pena, das cócegas inquietas, que te escusas, zombeteiro? Mas se já nem é com a pena que vos escrevo. E disso, sim, na verdade tenho pena. Vá, ouvide só, este manso martelar, sincopado, do computador: há tanto que perdesteis a pena leve do voar. Cansado de ser leito de lágrimas, com que os poetas sempre a pena desafogam os queixumes, querendo deixar cair as penas do lamentos, contornais a enfastiada pena do escrever e arriba, galgando, pondes-te à fresca, em busca de penas com que voar. Tendes razão! Quem não preferiria planar para outros mundos, em que nascer é cousa chocalheira e não o trânsito funéreo da materna sepultura para o surdo destino das sem razões. Sendo assim, vinde, meu secretário: vinde sem medos, que, de uma penada te tiro as penas: hoje acolhereis José Sesisnando, poeta da leveza, cujo pensamento sempre sobe aos mais altos lugares; escritor avesso a pesos e lamentos. José Sesinando Palla e Carmo, José Sesinando, só, para os leitores cúmplices de humores de galhardia, é um autor, poeta, brincador de línguas, o que lhe quiserdes chamar. É um escritor capaz de depenar a língua, a crítica, a própria linguagem e seus sentidos, para nosso gaúdio, que ali ficamos a admirar o ridículo do bicho, assim, a nu. Garanto-vos que, se penas houverdes, desta vez, será somente a pena não vos ser mostrado tudo o que esta «Obra Perfeitamente Incompleta», ora publicada pela «Tinta da China», na colecção humorística de Ricardo Araújo Pereira, com edição de Luísa Costa Gomes e Abel Barros Baptista, responsável pelo prefácio, que bem faz jus ao livro. No livro reúne-se a já esgotadíssima «Obra Ântuma», publicada, em 1986, pela «Edições Europa-América» e duas edições de autor: uma com 50 versões do «Soneto já Antigo», de Fernando Pessoa, e outra, composta por 65 variações sobre o poema «Autopsicografia». Nesta secção, aliás, o poeta passa a ser, à vez, um «roedor», um «pecador», um «pescador», um «cobertor», tão só um «senhor», ou um «péssimo actor», uma «estação», um «sabão» ou um «irmão», ou mesmo um malabarista, quando o pastiche vai além da sonoridade e ganha a liberdade acrobática que Sesinando lhe que quer emprestar. A editora e, ainda bem, comete na edição a prudência da antítese, quase da paraprosdokian, bem explicada por Barros Baptista, no prefácio: E, assim, podemos louvar à «Tinta da China», finalmente, a publicação póstuma da obra ântuma de Sesinando. O livro, no seu conjunto, é um completo tratado de humor. A primeira parte, «Prolegómenos», inclui uma «Nótula de Abertura», do próprio Sesinando, «Pallavras Prévias», desta feita, da responsabilidade de José Palla e Carmo, além de uma «Advertência» e um «Prefácio», de Archimbaldo Th. Leonardes e a Leonardes Júnior, respectivamente. Este último, aliás, é bastante elucidativo quanto às qualidades de Sesinando: «Serei breve, mas indeciso. José Sesinando parece-me constituir um daqueles raríssimos casos, em Portugal, de autêntico génio.», remetendo de seguida para uma nota de rodapé corroborando a informação prestada: «Cf. Saraiva (não nos recordamos qual deles), O Génio em Portugal, desde as Origens até ao Século XII, Lisboa, sem data, p.9 e última.» A segunda parte da «Obra Ântuma», «O texto: Prosa» dá conta de verdadeiros tratados reflexivos sobre coisa nenhuma, mas em que se descasca a língua mesmo até ao caroço. Leia-se parte da «erudita comunicação», intitulada «To ser or not to estar», para se compreender, como na medula de um povo, está a sua própria língua: «[…] Com efeito, como nem toda a gente – muito pelo contrário- consegue ser, os outros devem contentar-se com estar. Nisto (…), a língua portuguesa serve bem o nosso condicionalismo, já que nas outras linguagens — tais a teutónica, angla e a franca – o mesmo verso exprime as duas situações. Disso decorre que, nessas outras nações, quem está é, e quem é está. Quando alguém bate à porta, a pergunta que vem do interior soa-lhe não «Quem é?», mas sim «Quem está?». Ao telefone, não se pergunta estupidamente: «Está?» (ou «Está lá»); diz-se: «É?» (ou «É lá?», ou ainda, com inflexão caucionante, «Eh, lá». Por sua vez( e diga-se entre parênteses que estas investigações histórico-linguísticas são apaixonantes – e podemos dizê-lo sem qualquer pejo entre parênteses, já que não é por isso que nos caem os parênteses na lama), o uso do «É lá» em vez do está lá» motivou que, em vez da palavra e do conceito de raiz portuguesa estalagem ( está-lá-gem, que por sua vez era a contracção de está- lá-gente), se fala nessas outras áreas idiomáticas de elagem ( é-la-gem ou he-lá-gem, de é-la-gem, de é-lá-gem ou eh-lá, gente!). Nessas outras paragens, portanto, o estalajadeiro, ou melhor, o eladeiro, vai para a porta saudar as gentes passantes para as angariar como hóspedes; não vai estalá-las, como entre nós, mas sim éla-las – em francês héler, em inglês to hail, em alemão heilen, em brasileiro alô.» A «Obra Ântuma», além da prosa inclui outra secção, «Texto: Poesia», com poemas «inexperimentais», poéticas pastiches ou de desfrute jubiloso, jogos, esquemas, «palavras escruzadas». Não, meu certo secretário, não são escusadas nunca, que, como diz Abel Barros Baptista, no prefácio que introduz o livro: o leitor daqui «pode colher a lição máxima e muito compensadora, ao aprender que a razão fundamental para compor escritos assim é a própria e também fundamental possibilidade de compor escritos assim: trata-se muito radicalmente de um exercício de liberdade.» A paródia com a língua é, então, uma necessidade, uma inevitabilidade, porque, lá está, a poesia e as suas palavras põem-se a jeito e toda a gente vê que estavam mesmo a pedi-las. Entre estas duas secções, existe um «interfácio», porque afinal esta obra é de poesia, de prosa, mas também, de teoria literária, crítica, análise linguística e textual, e mais o que se quiser que a língua consiga prever e conter, porque não há uso da linguagem que não esteja à partida armadilhado. De seguida, completa-se a obra com um posfácio e variadíssimos «A-Nexos», com testes, entrevistas, notas, opiniões da crítica, que constituem um relevante e fundamental paratexto, em torno da escrita de Sesinando e da complexidade da sua obra. Neste ponto fundamental, fica o leitor a saber algo sobre os «ascendentes literários portugueses de José Sesinando»: «Quanto a influências portuguesas, são visíveis as de Almada, Castelo Branco, Chaves.», além de considerações críticas acerca da sua obra: ««Cadência fortemente sugestiva, encadeamento complexo das imagens, autêntico sortilégio verbal, riqueza expressiva reveladora de uma vincada personalidade de creador — nada disso, infelizmente, se encontra na obra de José Sesinando.»» Resumindo, se queremos saber o que é a crítica, a poesia, a literatura e as tretas que as letras nos pregam, é ler, de lápis na mão, os escritos que nos deixou Sesinando e o seu heterónimo José Palla e Carmo ou vice versa. Que dizeis, meu tão certo secretário? Vindes agradecer-me por não depositar aqui as consabidas e costumeiras penas do lamento? Que te sentis já com as penas do voar, pelos trechos de José Sesinando que vos fui confiando? Mas, que cenho é esse carregado com que me olhais? Que preferíeis que só aqui tivesse só alinhavado citações, sem que me pusesse eu, também, tão sem graça, com piscadelas de olho à chalaça e ao trocadilho. Olha, que quereis que vos diga… Pois temos pena. José Sesinando, Obra Perfeitamente Incompleta, Lisboa, Tinta da China, 2018</strong
Lotaria do Senado para a Santa Casa José Simões Morais - 20 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] primeira estadia de Camilo Pessanha em Macau ocorre de 10 de Abril de 1894 a 22 de Junho de 1896 e à sua chegada os rendimentos da lotaria da Santa Casa da Misericórdia são já uma sombra dos auferidos até um ano antes. Agora paupérrimos, começa o jogo da lotaria a acumular prejuízos. Nesse mês é reduzido o número de bilhetes que de seis mil passam para três mil e quinhentos, apesar do preço do bilhete ter aumentado de $1 para $2 patacas e mesmo assim, quase mil bilhetes ficaram por vender e nesses, poucos e pequenos prémios saíram à Santa Casa, com um residual valor de $475. A sorte não está com a S. C. da Misericórdia e a 9 de Agosto de 1895 é a sua lotaria suspensa a título temporário, pois já não dá lucro. No dia da chegada a Macau de Pessanha, ocorrera a seguinte história relatada no jornal O Independente de 14 de Abril: “É sabido por todos que o Sr. José Maria de Castro Basto é encarregado da venda de bilhetes da Lotaria da Santa Casa da Misericórdia, recebendo por este trabalho $60 mensais. O Sr. Basto, quer por autorização da Mesa, quer por vontade própria, vendia bilhetes a crédito com garantia ou sem ela. Vendeu a crédito, ou à consignação a um mainato que vivia na povoação de S. Lázaro por nome José Paulo Ly centenas de bilhetes sem outra garantia pela segurança do pagamento além do selo da sua loja de lavagem de roupa, negócio mainato, ficando desta forma o credor sendo fiador de si mesmo, pois nem o prédio em que esta loja está estabelecida é propriedade do tal Ly. A 9 do corrente o débito do mainato já excedia a $1500; à falta de meios para saldar esta conta e querendo continuar no seu jogo de comprar os bilhetes a $1.()0 [creio ser $1.50], para os vender a $1.70, lançou mão deste meio: “. O processo foi instaurado contra José Paulo Ly, que ficou recolhido na cadeia pública. No dia seguinte, 11 de Abril, o Secretário da Santa Casa da Misericórdia colocou um anúncio a dizer que não eram cobrados 15% aos prémios da lotaria, como em boato se propagara pela cidade, pois todos os prémios se pagam neste Cartório à apresentação dos bilhetes, sem o mais pequeno desconto. O Echo Macaense de 18 de Abril, com o título Atenção refere, “Com relação ao artigo que apareceu no último número do Independente acerca da conta de José Paulo Ly e do encarregado da lotaria da Santa Casa da Misericórdia, o Sr. José M. de Castro Basto, fomos por este informados que os factos narrados no Independente não são exactos e que o seu proceder está em harmonia com as instruções dadas pelo Sr. Provedor suplente, Artur Tamagnini Barbosa”. Carta Régia A Santa Casa da Misericórdia foi fundada por D. Leonor em 1498 e em Macau estabelecida no ano de 1569 por D. Belchior Carneiro, Bispo do Japão e da China. A SCM de Lisboa, por Carta Régia de 18 de Novembro de 1783 criara em Portugal Continental a Lotaria Nacional, concedendo 12% dos lucros aos Hospitais Reais dos Enfermos e dos Expostos, ocorrendo a primeira extracção a 1 de Setembro de 1784 e prolongou-se por 34 dias, com um prémio de 12 mil réis. Em Macau, por Carta Régia de D. João VI, na altura príncipe regente, de 5 de Junho de 1810 foi concedida autorização ao Senado para explorar uma lotaria anual, em benefício das casas de piedade e beneficência. Refere: . Segundo o Dr. José Caetano Soares, “Nunca o Senado utilizara a mercê, mas por mais de uma vez a cedeu à Misericórdia, o que já em 1833 levaria esta, em representação ao Governador da Índia D. Manuel de Portugal e Castro, a pedir para si a prerrogativa.”
Benfica | Adeptos apontam Bruno Lage como grande obreiro do título Hoje Macau - 20 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] treinador do Benfica, Bruno Lage, que guiou os ‘encarnados’ à 37.º vitória do clube na I Liga de futebol, foi, no sábado, apontado pelos adeptos como o principal responsável pelo título nacional. De acordo com os adeptos ouvidos pela Lusa na Praça Marquês de Pombal, em Lisboa, onde muitos milhares aguardavam ainda a chegada da equipa para a festa, o treinador de 43 anos, que apenas assumiu o comando técnico em Janeiro, recebeu todos os elogios pelo feito e por ter devolvido a confiança à massa associativa quando o Benfica estava a sete pontos do primeiro lugar. “Foi sofrer até ao fim, mas quando recuperámos o primeiro lugar sentimos que viríamos aqui. [O principal responsável] Foi o ‘mister’ Bruno Lage. Sempre tivemos fé na equipa, mas a sete pontos era complicado. Sem retirar mérito a Rui Vitória, sentíamos um afastamento da equipa dos adeptos e o Bruno Lage veio reatar esse amor que estava algo apagado”, afirmou Vanessa Alcobia, que veio de Queluz para a festa do título ‘encarnado’. De Paris para o Marquês de Pombal veio Micael Martins. Com a camisola do Benfica e a pronúncia francesa bem vincada, este jovem adepto revelou não ter hesitado na ideia de vir para Lisboa no fim do campeonato, depois de ver a equipa sair vencedora (2-1) do jogo com o FC Porto, no Estádio do Dragão, no Porto. “Venho de Paris. Vim cá uns dias, mas sabia que íamos ser campeões. Sabia que íamos ser campeões, por isso vim de propósito. O jogo no Dragão foi o momento em que soube que íamos ser campeões. Agora é festejar, depois vê-se quando voltamos. Espero estar aqui, neste mesmo lugar, no próximo ano”, disse, acrescentando: “O grande responsável pela vitória foi Bruno Lage. Ele mudou tudo e fez uma segunda volta espetacular”. Factor de união Já Paulo Lopes, que veio para a festa acompanhado da esposa e dos dois filhos, de dois e cinco anos, enalteceu o treinador do Benfica por “unir a equipa e ter sido a pessoa essencial para reunir as forças do Benfica”, mas destacou também o papel do presidente do clube. “Luís Filipe Vieira apostou sempre no clube, num treinador novo, nos jogadores e em todos os benfiquistas. Em Janeiro ninguém acreditava, hoje estamos aqui e para o ano logo se vê”, frisou, apontando o veterano avançado brasileiro Jonas, de 35 anos, como “o melhor” do plantel. Por fim, João Catarino, acompanhado da filha Sara, partilhou o mérito da conquista do 37.º título “por todos os jogadores, o treinador e o presidente”, reconhecendo ainda que “será complicado” segurar algumas das maiores promessas ‘encarnadas’ e que o momento mais marcante surgiu com o triunfo sobre os ‘dragões’. “Não estava confiante, era muito difícil dar a volta à situação e felizmente conseguimos. Creio que o momento decisivo foi ganharmos em casa do FC Porto”, observou. O Benfica venceu sábado o Santa Clara, por 4-1, em jogo da 34ª jornada, e selou a conquista da I Liga com 87 pontos, mais dois do que o FC Porto, naquele que foi o 37.º título da sua história. “Mais do que merecido” O treinador do Benfica, Bruno Lage, considerou sábado o título de campeão nacional da I Liga de futebol “mais do que merecido” e pediu aos adeptos para darem “mérito a quem ganha”, nas celebrações do campeonato, em Lisboa. “Chegámos justamente ao título, é mais do que merecido. Que este título, que estava perdido, seja também a forma de dar mérito a quem ganha. Quando os adversários ganharem, temos de lhes dar mérito. Só assim eles nos darão mérito a nós”, disse Bruno Lage, perante centenas de milhares de adeptos, na Praça Marquês de Pombal, em Lisboa. O técnico, de 43 anos, pediu também aos adeptos a mesma exigência que apresentam à equipa da Luz em outros assuntos da sociedade, de forma a “reconquistar os valores de Portugal”. “Há coisas mais importantes do que o futebol, se vocês tiverem esta mesma exigência noutros temas da sociedade portuguesa, o nosso país vai ser melhor. Vamos reconquistar os valores de Portugal”, pediu. Bruno Lage agradeceu também aos adeptos e ao presidente dos ‘encarnados’, Luís Filipe Vieira, pela “oportunidade de ser treinador” da equipa principal do Benfica, mas sobretudo aos jogadores, em especial Jonas, que foi “um exemplo”.
Arquitectura | I. M. Pei desapareceu aos 102 anos sem esquecer a pátria-mãe Raquel Moz - 20 Mai 2019 I. M. Pei deixou a sua marca no mundo e depois voltou à China para fazer o círculo completo. Após um século de vida e de arquitectura, a sua impressão digital ficou no lugar dos seus afectos: o Museu de Suzhou [dropcap]O[/dropcap] desaparecimento do arquitecto de referência mundial Ieoh Ming Pei, no passado dia 17 de Maio, aos 102 anos, não é só uma perda para a classe, mas para a humanidade, fazendo justiça ao conjunto de obras que ergueu e à importância do seu legado, de rupturas harmónicas entre o passado tradicional e a urbanidade moderna, desde os Estados Unidos da América ao Extremo Oriente, passando pela Europa e pelo Médio Oriente. As obras mais emblemáticas são as bem conhecidas pirâmides de vidro (1989) e a reconstrução da nova ala (1993) do Museu do Louvre em Paris, o edifício leste da National Gallery of Art (1978) em Washington, D.C., as torres Gateway (1991) de Singapura ou, aqui muito perto, o Banco da China (1989) em Hong Kong. Este foi o arranha-céus mais alto do mundo, entre 1989 e 1992, e o desenho da sua estrutura, em diagonais, consegue fintar a força dos ventos e das monções. A qualidade do trabalho de Pei é extensa e impressionante, laureada com diversas honras e prémios ao mais alto nível, tais como o ‘Pritzker’ de arquitectura em 1983. Para o arquitecto Rui Leão, I. M. Pei “era um homem inteligentíssimo, que teve sempre um papel bastante interveniente nos projectos que desenvolveu e na relação com os lugares em volta. Como já disse outras vezes, na arquitectura era um homem capaz de tocar todos os instrumentos, fazendo sempre coisas diferentes e muito bem feitas”. Algumas das suas preferências são a extensão do Louvre em Paris, a National Gallery de Washington, mas também os mais antigos The Luce Chapel em Taiwan, ou o Mesa Lab do Colorado. A carreira profissional de Pei tem um valor especial nesta região do mundo, onde o arquitecto sino-americano viria a deixar a sua assinatura, a última das quais no Centro de Ciência de Macau, um projecto de arquitectura em co-autoria com o atelier dos seus filhos. I. M. Pei, como era conhecido, nasceu na cidade de Cantão em Abril de 1917, numa família de Suzhou, na província de Jiangsu, a cidade conhecida como a “Veneza Oriental”, pelos seus canais, pontes e jardins. Chegou aos Estados Unidos da América em 1935, para estudar engenharia arquitectónica na Universidade de Pensilvânia, Filadélfia e, mais tarde, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Formou-se em 1939, mas não voltaria a regressar à China, com o eclodir da 2ª Grande Guerra. Ao continente chinês retornou, como arquitecto de reputação mundial, com o projecto do Fragrant Hill Hotel (1982), em Pequim, inaugurando no mesmo ano o Sunning Plaza (1982), em Hong Kong, que viria a ser demolido em 2013 para dar lugar a novas construções em Causeway Bay. Depois do Banco da China, em Hong Kong, Pei desenvolveria também o projecto da sede do Banco da China (2001) em Pequim. Suzhou e os canais Mas é na província de Jiangsu, a uma centena de quilómetros de Xangai, que I. M. Pei viria a imprimir o seu cunho mais pessoal e afectivo, já no século XXI. “Eu gostava de falar do Museu de Suzhou. Não é o primeiro edifício que ele faz na China, mas para mim tem uma história que representa de facto o seu regresso à China”, comentou o arquitecto Rui Leão, “por ser uma obra muito particular, que tem a ver com o revisitar da arquitectura chinesa e é uma coisa extremamente bem feita”. A história do Museu de Suzhou, inaugurado em 2006, começou assim. “A municipalidade de Suzhou convidou I. M. Pei para [re]desenhar o museu de arte antiga [fundado em 1960], já ele tinha conquistado o estatuto de “star architect”, e construído o projecto do Fragrant Hills Hotel de 1982, em Pequim. Mas Suzhou é um lugar muito importante na China, porque era uma cidade aristocrática, onde estavam os ‘literati’, pessoas que vinham da carreira militar ou da corte, que eram os intelectuais chineses. É a cidade que tem a maior concentração de jardins privados e os mais bonitos. E este projecto tinha a importância de ser um sítio de reunião de todas as vertentes da arte chinesa – a pintura, a porcelana, etc”. Só que Pei, embora ligado à cidade pelo afecto, não avançou de imediato. “Ele visitou Sizhou e encontrou a cidade bastante desorganizada. Disse então ao presidente da câmara que aceitaria fazer o museu se, e quando, a cidade resolvesse a questão dos esgotos – a rede de esgoto estava muito mal tratada e misturava-se com os canais [com mais 2500 anos] –, aquilo estava imundo e cheio de lixo”, contou o arquitecto de Macau. Assim veio a acontecer. Anos depois, ao regressar a Suzhou, encontrou já uma cidade limpa e o esgoto arranjado. Pei concebeu o complexo museológico, “que é um projecto lindíssimo, porque revisita a arquitectura chinesa, mas com um sentido de grande liberdade a nível da escala dos espaços, da geometria e da tecnologia, ou seja, não é uma cópia, não é uma simulação de nada. Tudo aquilo tem a ver com a percepção de como se pensam os espaços, como é que se traz a luz para dentro, como é que há espaços dentro de espaços, etc. São reflexões que ele fez sobre a arquitectura chinesa”, trazendo o seu ‘know how’ e criatividade para aquela obra especial. O homem que procurou redefinir a arquitectura de uma China moderna, e várias vezes o conseguiu, em Suzhou viria a fazer o trajecto inverso, erguendo uma obra moderna e geométrica, com pontos de aproximação ao tradicional centro histórico, com estruturas das dinastias Ming e Qing. Integrar as linhas arquitectónicas foi o grande teste, sem comprometer o património classificado. Para Rui Leão, também relevante “é ele não ter só desenhado o edifício, mas o facto de ele e a mulher terem sido os curadores da própria exposição e das peças do museu. Isso, na altura, foi muito importante: haver curadores que fossem independentes, de maneira que não houvesse uma percepção de que o conteúdo do museu pudesse estar relacionado com uma certa propaganda de Estado. Ele conseguiu dar à cidade de Suzhou, de uma forma extremamente integrada, inteligente e sábia, uma grande instituição, naquela cidade histórica feita de pequenas casinhas e de belíssimos jardins”. O website site do Museu de Suzhou colocou, também por estes dias, uma imagem de tributo a I. M. Pei, com uma frase em que confessa: “Eu tenho carinho por este museu, porque lhe dediquei muito do meu amor e da minha energia”.
Xangai | Estudantes vão aprender português em Coimbra Hoje Macau - 20 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap]s alunos da Universidade de Fudan, em Xangai, vão poder frequentar cursos intensivos de Verão de língua portuguesa na Universidade de Coimbra, após a assinatura de acordos entre as duas instituições. Na cerimónia de assinatura, Qu Weiguo, director da Faculdade de Línguas e Cultura Estrangeiras da Universidade de Fudan, salientou o crescente interesse dos alunos chineses na aprendizagem do português, segundo um comunicado divulgado ontem pelo Consulado-Geral de Portugal em Xangai. Os protocolos abrem ainda portas ao intercâmbio de alunos, professores e investigadores com a Universidade de Fudan, “uma das mais prestigiadas instituições de ensino superior da China”, disse à agência Lusa o vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da Universidade de Coimbra, João Nuno Calvão da Silva. No mês passado, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Estudos Internacionais de Pequim formalizaram a criação do Centro de Estudos sobre a China e os Países de Língua Portuguesa. A universidade portuguesa criou no ano passado a Academia Sino-Lusófona e o Centro de Estudos Chineses, em parceria com a Academia Chinesa de Ciências Sociais, e desde 2016 que conta com um Instituto Confúcio. Os acordos com a Universidade de Fudan foram assinados na sexta-feira passada em Xangai, 10 dias após o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa ter passado pela cidade chinesa.
Taiwan | Legalizado casamento entre pessoas do mesmo sexo Hoje Macau - 20 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] parlamento de Taiwan legalizou sexta-feira o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que acontece pela primeira vez na Ásia, dois anos após uma decisão histórica do mais alto tribunal da Ilha Formosa. Os deputados taiwaneses aprovaram por larga maioria uma lei que permite que casais do mesmo sexo formem “uniões permanentes exclusivas” e uma cláusula que lhes permite solicitar a inscrição pela administração no registo de casamentos. Em Maio de 2017, o Tribunal Constitucional de Taiwan emitiu um acórdão que julgava inconstitucional privar casais do mesmo sexo do direito de se casarem. O Tribunal deu então até 24 de Maio de 2019 ao Governo para alterar a lei. A menos de uma semana da fatídica data, o parlamento foi chamado sexta-feira, Dia Internacional Contra a Homofobia e a Transfobia, a pronunciar-se sobre três projectos concorrentes sobre a questão das uniões homossexuais. O texto mais progressista foi apresentado pelo Governo da Presidente Tsai Ing-wen, o único que usava a palavra casamento.
Jogo | Analistas da Standard & Poor’s defendem aposta nas massas Hoje Macau - 20 Mai 2019 Analistas da Standard & Poor’s defendem a massificação do jogo em detrimento das apostas VIP. A ideia tem por base conseguir um retorno que apesar de menor, consegue ser constante. Já a renovação de licenças, deverá acontecer mesmo em 2022, consideram, e não devem ser alargadas a mais operadoras [dropcap]O[/dropcap]s analistas da Standard & Poor’s (S&P) que seguem Macau disseram à Lusa que a aposta na massificação do jogo em detrimento dos grandes jogadores é uma tendência positiva para o Governo e para os operadores. “A percentagem de grandes jogadores face aos jogadores em massa tem vindo a diminuir, ficou abaixo dos 50 por cento no princípio deste ano, quando antes a relação era de mais de 70 jogadores VIP para 30 jogadores em massa, e isso, na nossa perspectiva, é de salutar”, disse a vice-directora da análise de ‘rating’ empresarial da região Ásia Pacífico, Sandy Lim. A analista explicou que “a primeira vantagem do aumento dos jogadores em massa e diminuição dos jogadores VIP tem que ver com a volatilidade destes gastos, que estão ligados à liquidez, aos angariadores e ao sentimento geral da macroeconomia, ao passo que os jogadores com menos poder financeiro, apesar de também estarem dependentes de vários factores, têm um comportamento mais estável. “O ‘mix’ é mais salutar porque há mais estabilidade, os gastos podem crescer pouco, mas crescer constantemente e de forma sustentada”, argumentou a directora do departamento de análise de ‘rating’ empresarial, Sophie Lin. Margens maiores Além da menor volatilidade, o aumento da percentagem de jogadores oriunda da classe média tem a ver com as margens: “Os angariadores de grandes apostadores [‘junckets’, no original em inglês] representam 5 a 15 por cento da receita das operadoras, enquanto as margens para os jogadores em massa andam nos 25 a 40 por cento, por isso são muitos mais lucrativos para as operadoras”, argumentou Sandy Lim. Questionada sobre a evolução a curto prazo desta relação entre o número de jogadores VIP e jogadores da classe média, os analistas responderam que “apesar de poder haver alterações de trimestre para trimestre, a percentagem de jogadores VIP vai continuar a diminuir e os jogadores em massa vão valer mais de 50 por cento, crescendo de forma sustentada”. O objectivo do Governo e também dos operadores “é promover mais receitas vindas dos jogadores em massa e menos dos jogadores VIP”, concluíram. Recorde-se que as receitas dos casinos em Macau caíram 2,4 por cento no primeiro trimestre deste ano face ao período homólogo de 2018, e em Abril caíram 8,3 por cento, de acordo com os últimos dados da Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ) de Macau. Uma das principais razões para a quebra das receitas dos casinos prende-se com a diminuição das receitas angariadas nas salas de grandes apostas, tradicionalmente frequentadas pelos ‘jogadores VIP’: no primeiro trimestre deste ano, o jogo ‘VIP’ sofreu uma redução de 13,4 por cento, em relação ao período homólogo do ano passado, no qual tinha atingido 42,95 mil milhões de patacas. Licenças em 2022 Standard & Poor’s antecipam ainda que o Governo vá renovar, em 2022, a concessão da licença de jogo aos seis operadores no território. “O nosso cenário base de análise é que as operadoras de jogo que cobrimos na nossa análise vão conseguir renovar a licença, baseado no histórico de forte investimento na indústria e na sociedade, e também no esforço que estão a fazer para aumentarem a proporção de investimentos no sector ‘não jogo’ e na massificação dos jogadores, por oposição aos jogadores VIP”, disse a directora do departamento de análise de ‘rating’ empresarial, Sophie Lin. “Quando os operadores falarem com o Governo sobre a renovação das concessões, já têm argumentos para mostrar que têm sido bons cidadãos e que têm cumprido as recomendações feitas nos acordos de concessão em vigor”, acrescentou. Questionada sobre que alterações podem surgir no âmbito da renegociação dos contratos, Sophie Lin lembrou o exemplo de Singapura e apontou que é previsível que Macau force um aumento do investimento das operadoras em áreas não directamente ligadas ao jogo, como as infraestruturas, e também um maior envolvimento no financiamento do sistema de pensões. Os do costume Quanto à eventual entrada em cena de novos operadores em Macau, S&P não antecipa esse cenário, considerando que, mais importante do que a eventual nova concorrência, que teria de ter capacidade para competir com seis casinos já instalados e em plena actividade, “para os operadores a questão é saber se conseguem fazer crescer o seu próprio negócio”, abrindo mais casinos e expandindo as outras actividades turísticas. Questionada sobre se o facto de os casinos serem propriedade de empresas norte-americanas poder ter influência na decisão do Governo de Macau, num contexto da tensão comercial entre os EUA e a China, Sandy Lim diz que não. “Diria que o ponto não é serem ou não dos EUA, mas sim terem a capacidade de ajudar Macau a investir na indústria não jogo e de melhorar a vida das pessoas, mais do que a nacionalidade dos donos dos casinos”, argumentou. “Do nosso ponto de vista, a haver impacto da tensão comercial entre os EUA e a China, ele será apenas indirecto; a indústria do jogo pode ser impactada pela volatilidade da moeda e pelas taxas de juro, que afectam a capacidade de aceder aos mercados financeiros, o que é importante porque as operadores usam a emissão de dívida para financiar o desenvolvimento”, acrescentou.
Alfândega | Funcionário despedido devido a part-time como taxista João Santos Filipe - 20 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] funcionário dos Serviços de Alfândega que durante quatro anos trabalhou como taxista, em regime de part-time, foi despedido. O fim do processo disciplinar interno terminou no dia 9 de Maio e a decisão do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, foi revelada na sexta-feira, pelo jornal Ou Mun. O caso foi conhecido através de um relatório elaborado pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) em Maio do ano passado. Nessa altura, foi publicado que o funcionário em causa teria aproveitado o sistema de baixa para se ausentar do trabalho durante longos períodos entre 2014 e 2018, sempre com atestados médicos. Ao mesmo tempo que lhe era confirmada internamente a baixa, o homem aproveitava para exercer a actividade de taxista a tempo parcial, o que segundo a investigação interna dos SA constituiu uma violação ao Estatuto dos Militarizados das Forças de Segurança de Macau. Por esta razão, além do despedimento do funcionário, os Serviços Alfandegários comprometeram-se a fazer uma revisão interna dos procedimentos para a ausência do trabalho, principalmente no que diz respeito às baixas. Após o caso ter sido denunciado, em Maio de 2018, foi pedido ao agente que regressasse ao serviço, o que acabou por acontecer. No entanto, foi a partir dessa altura que também o caso começou a ser investigado. Logo na altura, os Serviços Alfandegários reagiram ao caso e frisaram o dever dos funcionários de cumprirem com a disciplina interna. Num comunicado da altura, citado pelo jornal Ou Mun, os SA mostraram-se também chocados com o caso. Assim sendo, avisaram que iriam ser rigorosos e que não iriam tolerar qualquer tipo de conduta semelhante. O funcionário poderá agora optar por levar a decisão para o tribunal e contestar a pena aplicada.
Crime | Esfaqueamento no Cotai resultou num morto e três feridos Sofia Margarida Mota - 20 Mai 201920 Mai 2019 Uma vítima mortal e três feridos foi o resultado do esfaqueamento que ocorreu na noite de sábado no exterior do Hotel Four Seasons no Cotai. Dois dos feridos tiveram ontem alta e foram reencaminhados para a PJ para serem ouvidos [dropcap]E[/dropcap]ram cerca de nove horas da noite de sábado quando a Polícia Judiciária (PJ) recebeu uma notificação da Polícia de Segurança Pública a dar conta de um esfaqueamento ocorrido as imediações do Hotel Four Seasons na Taipa, que havia vitimizado quatro homens oriundos do Interior da China. Um dos indivíduos, com 40 anos de idade, deu entrada no Hospital Kiang Wu e acabou por morrer. Os restantes três, com idades entre os 19 e os 29 anos, foram admitidos no Hospital Conde de São Januário. De entre estes feridos, um teve de ser submetido a uma cirurgia de urgência. Os restantes dois não apresentavam ferimentos graves, como tal receberam alta médica e foram encaminhados para as instalações da PJ para serem ouvidos pelas autoridades. De acordo com a PJ, a morte está classificada como homicídio, embora a causa esteja pendente de exame forense. Para já, as autoridades dizem não estarem na posse de elementos probatórios que indiquem que o caso esteja relacionado com agiotagem ou jogo. Até ao fecho da edição não havia informação sobre o autor do ataque, desconhecendo-se se estava entre os feridos ou em fuga. Violência em alta Recorde-se que na passada quinta-feira foram divulgados os números da criminalidade relativos aos primeiros três meses do ano. O destaque dos dados revelados foi precisamente para o aumento dos crimes violentos, que registaram um crescimento de 8,3 por cento durante os primeiros três meses do ano face ao período homólogo do ano transacto, com um total de 157 casos contra 145. Segundo os dados apresentados pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, os maiores aumentos no tipo de crimes violentos aconteceram ao nível dos sequestros e violações. Relativamente aos homicídios, destacou-se no primeiro trimestre de 2019, o caso de um cidadão do Interior da China morto por outro com a mesma origem num hotel do Cotai. Em causa esteve uma operação de “troca ilegal de dinheiro”. Cinco dias depois do crime, com a cooperação das autoridades do Interior, o homem foi detido e enviado para Macau.
Telecomunicações | Relatório sobre ataque cibernético em análise João Santos Filipe - 20 Mai 2019 Os CTT estão a analisar um relatório enviado pela CTM, depois do ataque informático de 6 de Maio que reduziu a velocidade da rede. Derby Lau diz que os resultados preliminares não apontaram problemas de maior [dropcap]A[/dropcap] directora dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT), Derby Lau, afirmou que o relatório sobre o ataque cibernético à Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) foi recebido e está em fase de análise. As declarações foram prestadas à margem da celebração do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, que decorreu na passada sexta-feira na Torre de Macau. De acordo com Derby Lau, o relatório está em fase de análise, mas os resultados preliminares apontam para que não se tenham registado problemas graves decorrentes do ataque. A directora dos CTT afirmou também que no futuro, dependendo da evolução da situação, poderá ser necessário exigir às operadoras que melhorem os seus mecanismos de segurança da rede. Foi na manhã de 6 de Maio que os internautas começaram a sentir os ataques à rede da CTM, que levou a que o serviço ficasse mais lento. O ataque foi confirmado, horas depois, pelo director executivo da empresa, Vandy Poon, que confirmou a existência de centenas de queixas. Contudo, o responsável pela CTM explicou que os efeitos do ataque apenas se fizeram sentir durante breves momentos e que a normalidade foi restabelecida rapidamente. O ataque aconteceu numa altura em que a Assembleia Legislativa (AL) está a discutir uma proposta de Lei da Cibersegurança. O documento foi aprovado na generalidade e a discussão na especialidade deverá ficar concluída nas próximas semanas. Após esse passo, a proposta sobe ao Plenário para ser votada. 5G em 2020 Outro dos assuntos abordados pela directora dos CTT foi a futura lei das comunicações e a criação de um regime de convergência, que vai permitir às operadoras disponibilizarem serviços de internet, televisão e telefone. Segundo Derby Lau, a nova lei está praticamente concluída, já foram ouvidos os operadores do sector e existe a possibilidade de o processo legislativa começar em Junho. Em relação à implementação da tecnologia 5G, Derby Lau disse, em declarações à Rádio Macau, que o funcionamento em 2020 vai depender das operadoras. Anteriormente, a CTM já tinha admitido publicamente a vontade de implementar nesse ano a tecnologia. “Julgo que os actuais operadores têm vantagem para oferecer o serviço 5G. Em princípio, vamos ter esse serviço em 2020, mas depende do plano de investimento das empresas. Uma coisa é mostrar interesse, outra coisa é fazer o investir, afirmou a directora dos CTT. A partir de 30 de Maio, os CTT vão passar a cobrar 2,5 patacas pela correspondência interna, uma subida de 50 avos, face ao preço actual de 2 patacas. Já o “serviço não prioritário” para o Interior da China, Hong Kong e Taiwan passa a ter o preço de quatro patacas. Na sexta-feira, a subida de preços foi explicada por Derby Lau com a necessidade de praticar preços mais próximos do custo real do serviço, uma vez que os últimos aumentos tinham acontecido já em 2014.
TDM | Trabalhadores vivem incertezas com novo regime de carreira João Santos Filipe - 20 Mai 2019 Os funcionários da TDM temem uma redução na velocidade de progressão da carreira com o novo regime. Ao HM, Manuel Pires fala de mal-entendido e interveio numa sessão de esclarecimentos para garantir que os trabalhadores não vão ser prejudicados [dropcap]A[/dropcap] direcção da Teledifusão de Macau (TDM) vai colocar em vigor a partir de 1 de Julho um novo regime de carreiras de pessoal e para os cargos de gestão da empresa. No entanto, a situação criou um mal-estar junto dos trabalhadores, que saíram da sessão de esclarecimentos de quinta-feira com a ideia que iam ver a progressão na carreira prejudicada, face ao regime anterior. Também o facto de haver mudanças ao nível das chefias com mais um escalão de progressão e eventuais aumentos terá contribuído para o mal-estar, com alguns funcionários a considerarem que a administração estava a baixar custos para aumentar os seus salários. Após a reunião de quinta-feira, as queixas acabaram por ser publicadas numa página do Facebook e também o deputado Sulu Sou foi abordado por trabalhadores queixosos. A situação levou mesmo o Presidente da Comissão Executiva da TDM, Manuel Pires, a deslocar-se à segunda sessão de esclarecimentos, já na sexta-feira, para tranquilizar os trabalhadores. Ao HM, o responsável admitiu a hipótese de erros de comunicação, que levaram pessoas a pensar que iriam regredir na carreira. O actual sistema funciona por pontos, cada ponto equivalente a 75 patacas, que aumenta com a subida de escalão. Cada nível da carreira tem três escalões, cada um com uma pontuação diferente. “Em vez de se explicar aos trabalhadores que na próxima progressão iriam subir para o índice [de pontos] mais próximo do actual, mas do escalão seguinte, o que se disse é que apenas iriam progredir para o índice de pontos mais próximo”, começou por explicar Manuel Pires. “O que aconteceu é que as pessoas foram ver os novos índices, e como a nova tabela tem valores de pontos mais elevados, entenderam que ficavam num escalão mais baixo do que o actual com a progressão. Por isso, viram que seria uma regressão, o que é natural”, acrescentou. Porém, o responsável pela TDM sublinhou que as progressões nas carreiras não vão sofrer alterações, apenas vão ter um sistema de pontos diferentes, sem que haja regressões ou redução da velocidade na progressão das carreiras. Chefias abrangidas Ao mesmo tempo, Manuel Pires explicou as alterações, que acontecem principalmente nos níveis de entrada e nos cargos mais elevados, com a necessidade de tornar as condições salariais mais atractivas. “Neste momento, há dois grandes empregadores que têm condições que não conseguimos nivelar: a Função Pública e os operadores de jogo. O que acontece é que a empresa se vê muitas vezes na situação de perda de recursos porque as pessoas têm ofertas melhores e, com toda a legitimidade, saem”, disse. “Tentámos fazer com que os níveis de admissão fossem melhorados. Antes, um jornalista tinha como índice de entrada 230, na nova carreira o índice é 280”, acrescentou. Sobre o salário das chefias Manuel Pires negou que haja aumentos imediatos, uma vez que para isso acontecer têm de ser preenchidos os normais critérios de progressão. Mesmo assim, admite que foram criados mais escalões para prolongar as carreiras: “Actualmente, uma chefia pode demorar 15 anos para atingir o topo da carreira, com as alterações e mais um escalão demora mais tempo. Criámos mais um nível para poderem progredir, para tentar tornar progressão da carreira mais atraente”, defendeu. Mudança de atitude As explicações de Manuel Pires, na sexta-feira, foram encaradas pelos trabalhadores como uma mudança de postura face à reunião de quinta-feira, que foi conduzida por directores das áreas financeira e administrativa. Horas depois do encontro de sexta, o portal All About Macau citou alguns funcionários não identificados, que falavam de uma inversão de discurso da empresa. Houve também quem dissesse que a reunião que contou com o Presidente da Comissão Executiva da TDM tinha tido explicações muito diferentes e positivas. No entanto, a descrença ainda persiste e um dos problemas passa pelo facto de quem entrar após 1 de Julho, quando o índice pontual de entrada já é mais elevado, auferir um ordenado superior a quem entrou antes dessa data e está no mesmo escalão. A nova pontuação de entrada acaba por prejudicar quem entrou anteriormente. Sobre estas situações, Manuel Pires reconhece que têm de ser analisadas caso-a-caso para evitar injustiças. A reunião de sexta-feira ficou igualmente marcada pela presença de Sulu Sou, que acabou por ser convidado a sair, uma vez que o encontro era só para empregados da TDM. “Estive na reunião, depois de receber queixas de alguns trabalhadores, mas fui convidado a sair porque não sou trabalhador. Enviei uma carta ao Dr. Manuel Pires e espero que me receba para falar sobre as preocupações dos trabalhadores”, disse o deputado ao HM. “Os trabalhadores estavam muito preocupados com a possibilidade de serem prejudicados na progressão da carreira. Recebi várias queixas, assim como de trabalhadores que estavam preocupados que outros que chegassem à empresa posteriormente e estivessem no mesmo escalão ganhassem mais”, acrescentou. Por sua vez, Manuel Pires explicou que Sulu Sou não podia estar numa reunião interna e que por isso foi convidado a sair. O Presidente da Comissão Executiva afirmou também que o deputado entrou, mesmo depois de lhe ter sido comunicado que não podia estar presente. Apesar disso, Manuel Pire admite reunir-se com o legislador.
Comissão da AL acusa Governo de não cumprir prazos legais João Santos Filipe - 20 Mai 2019 [dropcap]S[/dropcap]egundo a Lei do Enquadramento Orçamental o Governo tem um prazo de 30 dias, após cada trimestre, para apresentar o relatório da Execução do PIDDA (Plano de Investimentos e Despesas da Administração). No entanto, de acordo com o deputado Mak Soi Kun, presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças, os prazos não estão a ser cumpridos pelo Executivo. A revelação foi feita na última sexta-feira após uma reunião entre deputados e representantes do Governo. “No final de cada trimestre há um prazo de 30 dias para o Governo apresentar à Assembleia Legislativa o relatório trimestral. Mas vemos que desde o início da aplicação da lei [em 2018] que os relatórios trimestrais têm sido apresentados com atrasos, além destes 30 dias”, disse Mak Soi Kun. Segundo o legislador ligado à Associação de Jiangmen, o facto de o Governo não apresentar a contabilidade a tempo pode mesmo ter impacto nos orçamentos da RAEM. “Esta é uma lei que visa reforçar a fiscalização do orçamento para dar um conhecimento atempado sobre a execução orçamental. Mas, por exemplo, se a execução orçamental não for reflectida de forma adequada para nós fazermos a fiscalização, o orçamento do ano seguinte pode sofrer as implicações”, avisou. Na sexta-feira, a comissão esteve a analisar a execução do PIDDA para o segundo, terceiro e quarto trimestres de 2018. Contudo, os atrasos verificaram-se igualmente já no primeiro trimestre deste ano, neste caso “de alguns dias”. Apesar desta situação, a comissão diz que aceita as explicações do Governo, mas quer saber quais são os departamentos responsáveis pelos atrasos. “Aceitamos a explicação do Governo, mas entendemos que há lei para regular estes atrasos”, sublinhou. Projectos que preocupam Em relação ao nível de execução do PIDDA, a percentagem no ano passado foi de 72,9 por cento, ou seja, houve uma redução em relação ao ano anterior em que a percentagem tinha sido de 84,7 por cento. Em relação à reunião, a comissão focou as atenções em 52 projectos que tiveram execução zero, ou seja ao longo de 2018 não receberam qualquer investimento. Entre estes está o Hospital das Ilhas, a construção da nova ETAR ou a instalação de equipamentos sociais na Ilha Verde. Além disso, foram discutidos outros dois projectos, como a 4.ª Ligação entre Macau e Taipa e a Zona A dos Novos Aterros, cuja execução orçamental foi de 10,7 por cento e 19,2 por cento, respectivamente. De acordo com Mak Soi Kun, o Governo explicou que em muitos casos a baixa execução destes projectos tem a ver com a própria complexidade dos mesmos. Por exemplo, segundo Mak, no que diz respeito à 4.ª Ligação, o Executivo aguarda pela aprovação de Pequim para avançar com o projecto. Mesmo assim, o deputado criticou esta realidade: “Podemos ver que estes projectos com execução zero ou reduzida têm milhares de milhões cativos, que depois não podem ser utilizados para outros projectos. Isto afecta a vida da população que assim não pode utilizar os investimentos”, considerou.
Grande Baía | Comunicação social deve servir projecto inter-regional, diz Wong Sio Chak Sofia Margarida Mota - 20 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] história da Grande Baía, enquanto “maravilha” e espaço de “felicidade da população” deve ser o foco dos meios de comunicação social que integram os territórios do projecto inter-regional. A ideia foi deixada ontem por Wong Sio Chak na primeira conferência sobre os media das três regiões, realizada em Cantão A orientação da comunicação social deve promover o projecto de cooperação regional da Grande Baía tendo em conta a “maravilha” que é a sua história e o reflexo de “felicidade”. A ideia foi deixada ontem pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que esteve em representação do Chefe do Executivo na cerimónia de inauguração da primeira conferência dos meios de comunicação social da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, em Cantão. O governante salientou a importância desta conferência, enquanto meio de “implementação activa por parte dos três territórios, das estratégias políticas definidas pelo Governo Central”, aponta um comunicado. Tempo de mudança Wong Sio Chak denominou mesmo de “nova era”, a relação entre os meios de comunicação social das três regiões como um factor a ser aproveitado para “elevar o intercâmbio e a procura de consensos entre os mesmos.”. O objectivo é “impulsionar o desenvolvimento e a construção da Grande Baía”, sendo para isso, “emissores, participantes e promotores” da iniciativa nacional. Este trabalho passa, de acordo com as sugestões do secretário em Cantão, pelo foco nos “elementos desta era”, e pela “difusão da história da Baía como um desenvolvimento conjunto e de felicidade para a população”. Por outro lado, cabe aos media abraçar o desafio de “transformar a simples cooperação tradicional numa coordenação moderna de desenvolvimento”. Para o efeito, os media devem “utilizar novas formas para aumentar as vias de difusão de modo a promover a maravilha que é a história da Baía”. O objectivo, afirmou o secretário é, permitir “ao mundo inteiro testemunhar o seu desenvolvimento, ouvir a voz da China e sentir a vitalidade chinesa”, aponta a mesma fonte.
Kevin Ho diz que Ho Iat Seng é “bom nome” para cargo de Chefe do Executivo Andreia Sofia Silva - 20 Mai 2019 [dropcap]K[/dropcap]evin Ho, empresário de Macau, foi questionado sobre a candidatura de Ho Iat Seng a Chefe do Executivo, tendo considerado que é um bom nome para o cargo. “Primeiro que tudo, o candidato tem de preencher todos os requisitos, que é ser aceite pelo Governo Central, amado pelas pessoas, ter visão e credibilidade. Penso que o Ho Iat Seng tem todas essas capacidades. Não sabemos quem vai ser candidato e penso que ele tem tudo o que precisamos e que vai fazer um bom trabalho.” O empresário falou à margem da apresentação dos seus negócios em Portugal ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, no âmbito da sua viagem oficial ao país. Kevin Ho tem previsto projectos turísticos e imobiliários na cidade do Porto. Confrontado também com o estudo relativo à necessidade da implementação da lei sindical em Macau, o empresário garantiu não ter informações adicionais e disse ser necessário contactar os dirigentes da Associação de Estudo de Economia Política. De frisar que Kevin Ho é o presidente da associação.
Chui Sai On em Portugal | Kevin Ho investe em hotel de cinco estrelas no centro do Porto Andreia Sofia Silva - 20 Mai 201930 Jun 2019 Um hotel de cinco estrelas no centro da cidade e um projecto residencial na zona da Foz são dois dos novos desígnios do empresário de Macau Kevin Ho para a cidade do Porto, num investimento que ronda os 70 milhões de euros. O Chefe do Executivo assistiu a uma apresentação sobre os investimentos da KNJ em Portugal na sexta-feira. Sobre a Global Media, Ho mostra-se confiante no crescimento do grupo empresarial [dropcap]A[/dropcap] última visita oficial de Chui Sai On a Portugal na qualidade de Chefe do Executivo ficou marcada por uma breve passagem pela cidade do Porto, onde recebeu das mãos do Presidente Rui Moreira as Chaves da Cidade (ver texto secundário). Mas a visita completou-se à tarde com uma apresentação feita pelo empresário de Macau Kevin Ho sobre os projectos que a KNJ Investment Limited está a desenvolver em Portugal. Um deles passa pela total renovação de um dos edifícios icónicos do centro da cidade, onde está sediado o Jornal de Notícias (JN), título do grupo Global Media do qual a KNJ é o maior accionista. A torre é património classificado e será protegida, dando lugar um novo hotel de cinco estrelas da cadeia Marriott, que deverá abrir ao público em 2021. A nova unidade hoteleira terá a capacidade para 220 quartos. “Temos projectos que não exigem muito dinheiro, embora a renovação do edifício do JN seja o projecto mais pesado em termos de orçamento”, disse Kevin Ho aos jornalistas à margem do evento. A KNJ vai também investir num projecto residencial intitulado “Torre Miramar”, localizado na zona da Foz do Douro. Ambos os projectos aguardam aprovação da Câmara Municipal do Porto. Durante a apresentação, Kevin Ho falou também da aposta, em curso, num espaço de incubação de empresas em parceria com a Associação Comercial de Macau (ACM). “O ano passado a ACM visitou o Porto e foi assinado um memorando de cooperação com a câmara municipal. Um velho armazém será transformado em centro de incubação de empresas com o apoio da câmara municipal, tal como foi feito em Cantão. Desta forma poderemos fazer articulação entre as empresas de Portugal e Cantão”, disse Kevin Ho, acrescentando que o projecto se destina a apoiar jovens empresários. Na sessão de apresentação estiveram presentes o Chefe do Executivo, membros do Conselho Executivo, os secretários Sónia Chan e Alexis Tam e os dirigentes autárquicos das cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. Chui Sai On deu os parabéns ao jovem empresário, sobrinho do ex-Chefe do Executivo da RAEM Edmund Ho. “Macau hoje em dia tem algumas oportunidades, graças à política ´Uma Faixa, Uma Rota” e à cooperação com Portugal. Apoiamos o seu projecto por já ter feito investimentos em Portugal e espero que tenha grandes perspectivas de futuro, para que os jovens possam ter mais oportunidades”, rematou. A crescer Depois de a KNJ se ter tornado no maior accionista da Global Media, foi notícia a possibilidade de despedimentos no grupo, depois de Kevin Ho ter prometido não o fazer. Nesse âmbito, o empresário fala agora na necessidade de reestruturar o grupo. “Não se trata apenas de despedimentos ou de recursos humanos, mas é algo que tem a ver com a reestruturação de todo o grupo. Todas as empresas vão passar por fases de reestruturação e há necessidades de mudança em todas elas. O processo ainda está a decorrer. Não se foquem no número de pessoas que vamos despedir, talvez até venhamos a contratar mais.” Sobre os investimentos em Portugal, Kevin Ho diz ter ficado surpreendido com as facilidades em fazer negócio. “Tenho de ser honesto. Antes de chegarmos a Portugal acharia que seria um processo muito mais lento. Para nossa surpresa, é um lugar acessível. Algumas das negociações com empresários ou com o Governo são muito mais rápidas do que esperava, são eficientes.” Questionado sobre se o tecido empresarial de Macau tem a mesma capacidade para investir fora do território, Kevin Ho disse que tudo depende da estratégia de cada empresário. E lembrou que a KNJ é bem diferente da Macau Legend Development, a empresa de David Chow que também tem feito investimentos em Portugal. “A empresa de Davis Chow tem maior dimensão do que a minha porque está listada em bolsa, nós estamos num nível diferente. A KNJ é uma empresa de média dimensão e penso que, no que diz respeito ao investimento no estrangeiro, é preciso tempo, estratégia e recursos. Não se trata apenas de dinheiro.” “Isso é o mais importante para as outras empresas de Macau. Se elas querem ficar em Macau, é a sua opção. No caso da KNJ, temos investimentos em Macau, mas quisemos explorar outras oportunidades”, acrescentou. Apesar da aposta na cidade invicta, o empresário assume não desistir de Lisboa. “O nosso primeiro investimento foi em Lisboa e estamos activamente à procura de oportunidades. Temos mais projectos localizados aqui no Porto, mas se houver oportunidades em Lisboa iremos ponderar”, concluiu. A comitiva liderada por Chui Sai On chegou ontem a Macau.
Y Ping Chow diz que comunidade chinesa em Portugal apoia candidatura de Ho Iat Seng Andreia Sofia Silva - 20 Mai 2019 Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal, há muito que conhece o presidente da Assembleia Legislativa e afirma que a maior parte da comunidade chinesa em Portugal apoia a candidatura de Ho Iat Seng a Chefe do Executivo devido às ligações do candidato a Zhejiang. O responsável defende também a criação de grupos externos à Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, para promover maior representatividade nas eleições Estamos no Porto, onde o Chefe do Executivo termina a sua visita oficial a Portugal. Que balanço faz desta viagem? [dropcap]A[/dropcap]cho que é uma visita sempre interessante, dignifica Macau e cria relações com a região. Mas os macaenses e a comunidade chinesa ainda não se relacionam, porque os macaenses vivem num bloco e os chineses vivem noutro. Gostaria de ver melhores relações entre Macau e Portugal, por motivos históricos. Mas o que tenho reparado é que os anteriores Chefes do Executivo têm uma relação menos próxima com a comunidade chinesa em Portugal, porque são todos de Macau. Nós, a comunidade chinesa, gostaríamos de ter um Chefe do Executivo que conseguisse ter uma relação mais próxima connosco. A comunidade chinesa em Portugal gostaria de participar e promover as eleições para o próximo Chefe do Executivo, porque Macau pode trazer bastantes oportunidades à comunidade chinesa que não é de Macau. O futuro Chefe do Executivo pode não ter origem de Macau, e falo nisto porque o presidente da Assembleia Legislativa (AL) é uma pessoa conhecida e tem relações com a comunidade chinesa em Portugal, por ter ligações a Zhejiang (Ho Iat Seng nasceu em Macau em 1957). Mais de 60 por cento da comunidade é desta província. A Liga dos Chineses, uma vez que a maior parte dos membros são de Zhejiang, dá o seu apoio e gostaria de divulgar ou promover a vinda dele ao país. Embora a eleição não dependa dos portugueses nem dos chineses daqui, a eleição dele pode beneficiar as relações entre o Governo e os chineses residentes em Portugal e pode também trazer grandes benefícios para a comunidade. Concretamente, que tipo de apoios pretendem dar a Ho Iat Seng? Alguns membros do Instituto para a Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Oriente conhecem a realidade e gostam da cultura chinesa. Mesmo em Macau há falta do ensino de sinólogos. Quando Macau era administrado por portugueses não foi criado um instituto para sinólogos, há mais ingleses sinólogos do que portugueses. Fizemos uma reunião, aliás proposta por Júlio Pereira, ele esteve em Macau há pouco tempo e não há um instituto nesse sentido. Neste momento, a China quer abrir-se ao mundo e deveria aproveitar Hong Kong e Macau para promover esse conhecimento sobre os chineses para que haja uma compreensão por parte dos europeus, e vice-versa. É algo que ainda falta muito. Quando estiver com o senhor Ho (Iat Seng), vou-lhe sugerir isso. Quero levar cartas de apoio de associações portuguesas. Neste momento, já tenho três que manifestaram o apoio à candidatura. A única coisa que podemos fazer é mostrar o apoio, porque não temos direito de voto. Podemos sugerir uma estrutura que venha a colaborar com Macau. Isso seria muito importante, uma estrutura ou influência a nível civil ou oficial. Como pode ser feita a aproximação entre o próximo Chefe do Executivo e a comunidade chinesa residente em Portugal? Macau é um território que dá muita oportunidade de negócios. Pessoalmente, acho que Ho Iat Seng é um bom candidato porque, em primeiro lugar, sempre foi empresário. Posso dizer ainda que é uma pessoa honesta, porque nunca se meteu em negócios mais obscuros, como o jogo ou o imobiliário. Como ele tem uma boa relação com a comunidade chinesa daqui e com as entidades da China, pode trazer muitos benefícios. É uma pessoa boa para Macau e tem apoio do Governo chinês. Também pode ser interessante porque a comunidade chinesa de Zhejiang está espalhada por todo o mundo, sobretudo Portugal, França e Espanha. Se Macau quer abrir um pouco mais tem a comunidade do lado dele e é difícil fazer esse contacto por parte do actual Chefe do Executivo ou de outros candidatos com origem diferente. Está à espera de outros candidatos? O que posso dizer, do que conheço, é que Ho Iat Seng é uma pessoa de fácil acesso. Gostava que fosse ele porque já o conheço, sei o que vai fazer com a comunidade chinesa e o que pode fazer por Macau. Através da comunidade chinesa de Portugal, acredito que podem ser estabelecidas relações com Macau. Ele não esquece os seus amigos, mesmo numa posição mais importante. Tem acompanhado o seu trabalho como político na AL? Francamente, falo com alguns amigos, mas não conheço muito sobre o trabalho ao nível da produção de leis. Conheço mais a sua personalidade. Ser presidente da AL e encarar um grupo de deputados críticos é muito difícil. Acho que tem feito um bom trabalho e por isso tem sido um bom político. Sobre a pouca participação nas eleições por parte da comunidade chinesa a residir fora de Macau. Como olha para o sistema de eleição do Chefe do Executivo? O sistema pode ter mais pessoas no colégio eleitoral, para que haja maior diversidade. Poderiam ser criados representantes externos para a comissão eleitoral. Não devia ser um grupo constituído apenas por pessoas ricas e importantes, mas também por pessoas de outras classes sociais. Chui Sai On está de saída do Executivo, que avaliação faz do seu trabalho? Macau desenvolveu-se muito, porque o Governo chinês também apoiou bastante. Sei que as pessoas são felizes em Macau e recebem um cheque todos os anos. Em termos económicos fala-se muito da necessidade de diversificação, mas a verdade é que isso ainda não se materializou. Macau tem poucas coisas para desenvolver porque o território é muito pequeno, mas que se de pode desenvolver na relação com a CPLP e o mundo exterior. Chui Sai On falou imenso na questão das startups, por exemplo. O que é muito bom. Falava há pouco de o facto das empresas portuguesas não conseguirem apresentar ao Fórum Macau projectos que atinjam o valor mínimo permitido para ter acesso ao fundo de investimento, na ordem dos 50 milhões de dólares. Tudo isso tem os seus próprios interesses. Mas o problema do Fórum Macau é que os empresários portugueses têm tirado pouco proveito dele, ou não conseguem aproveitar. A sede do Fórum Macau vai ser transferida para a RAEM. Isso pode levar a uma flexibilização do financiamento? Acho que sim, porque com o Fórum Macau em Pequim é mais difícil aos empresários portugueses, ou de países de língua portuguesa, estarem lá. Passando para Macau vai facilitar muito o trabalho. Marcelo Rebelo de Sousa disse na China que é preciso que os chineses invistam mais na economia real. Concorda? Isso tem vindo a acontecer. Há muitas PME que se querem internacionalizar ou aumentar a notoriedade do seu produto na China. Mas o que acontece é que a lei laboral em Portugal é muito rígida e às vezes os empresários chineses encontram dificuldades. É muito difícil trazer técnicos necessários para trabalhar.
Criador da pirâmide do Louvre morreu aos 102 anos Hoje Macau - 17 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] arquitecto sino-americano Ieoh Ming Pei, criador de vários edifícios emblemáticos, como a Pirâmide do Louvre, em Paris, ou Banco da China em Hong Kong, morreu aos 102 anos, foi hoje anunciado. Nascido em Guangzhou em 26 de Abril de 1917, Ieoh Ming Pei chegou aos Estados Unidos da América em 1935 e adquiriu uma reputação de nível mundial a partir da década de 80, acumulando diversos prémios internacionais, como o Prémio Pritzker, por muitos considerado o Nobel da Arquitectura, ou o ‘Praemium Imperiale’. O arquitecto morreu na noite de quarta para quinta-feira, anunciou o jornal New York Times, que cita o seu filho Chien Chung Pei. A Pirâmide do Museu do Louvre, em Paris, terminada em 1989, é a sua obra mais conhecida, tornando-se um local de referência da capital francesa.
Jornalista filipina denuncia intimidação dos que lutam pela verdade e democracia Hoje Macau - 17 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] jornalista filipina Maria Ressa, detida duas vezes no país por ‘ciber-difamação’, contestou hoje aquilo que classificou de intimidação e assédio contra os jornalistas que tentam salvar a democracia com “uma única arma”, a verdade. “A maior batalha da nossa geração é a batalha pela verdade. E os jornalistas estão na linha da frente [dessa luta]. Estamos a ser atacados”, advertiu a jornalista distinguida pela revista Time em 2018 como “personalidade do ano”. Ressa teve de pedir permissão às autoridades filipinas para estar presente esta tarde no Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, para uma palestra transmitida em directo pela rede social Facebook. A directora do ‘site’ noticioso Rappler, que é já um dos mais influentes nas Filipinas, trava uma luta judicial contra o Governo do Presidente Rodrigo Duterte, que acusou o portal de ‘ciber-difamação’ e de ser financiado pelos Estados Unidos. “A lei foi armada contra nós… e achei que era tão absurda que as pessoas não a apoiariam”, lamentou, numa sessão marcada pelo poder das redes sociais, a emergência do populismo, as recentes eleições nas Filipinas e as ameaças à liberdade de imprensa. A antiga correspondente da CNN no Sudeste Asiático referia-se à lei pela qual está a ser processada, aprovada meses após a publicação da notícia em causa, que data de 2012, ano em que nasceu a Rappler. “É uma intimidação, um assédio, foi feita para nos afastar dos nossos recursos”, disse. A Rappler, que nasceu como um projecto inovador e tecnológico para capturar o público jovem e recuperar a essência do jornalismo, tornou públicos vários escândalos sobre o Governo e foi pioneira em denunciar vários abusos da controversa guerra contra as drogas de Duterte. Questionada sobre os desafios trazidos pela revolução digital e o impacto nos novos media, a veterana considerou que o cenário tem tanto de entusiasmante como de preocupante, mas que é essa dualidade que a motiva. “A tecnologia é ao mesmo ao mesmo tempo a maldição e a salvação do nosso tempo. Temos de olhar de perto para ela”, afirmou a jornalista, salientando que “não se deve deixá-la apenas nas mãos de programadores e das redes sociais”. “Quando dizes uma mentira um milhão de vezes, torna-se verdade. Isso acontece nas redes sociais”, sustentou. A solução para o jornalismo a nível global reside então naquilo a que chamou de “um ‘mix’: “Temos de ser tão especialistas em tecnologia como em jornalismo”, defendeu. Maria Ressa e a equipa do Rappler estão actualmente a elaborar uma nova plataforma tecnológica, para a qual lançaram uma campanha de ‘crowdfunding’, “a maior já feita nas Filipinas”, saudou. Sobre as recentes eleições intercalares nas Filipinas, das quais poderá sair o reforço à institucionalização da promessa de Duterte em restaurar a pena de morte e em reformar a Constituição filipina, Ressa mostrou-se desapontada com os resultados preliminares. “Pela primeira vez desde 1937, nenhum candidato da oposição obteve um assento no Senado”, lamentou, referindo-se à contagem parcial e ainda não oficial dos resultados, cujo escrutínio já ronda os 98%. “É um referendo à popularidade” de Duterte, um Presidente “muito popular” e “muito forte”, que só pode ficar no poder se, tal como já prometeu, reformar a Constituição filipina. Sem um assento da oposição no Senado, essa possibilidade tornar-se ia mais real, já que o Senado “foi o único órgão que desde a eleição de Duterte pôs um travão a algumas das iniciativas presidenciais mais controversas, como a pena de morte”, lembrou. Se Duterte consolidar o poder, Ressa só vê uma saída, a colaboração activa entre jornalistas e activistas para “proteger os direitos ainda garantidos pela Constituição”. “Ao olhar para os resultados, questiono os nossos valores. Demos luz verde a uma brutal guerra contra as drogas, que já matou, segundo a ONU, 270.000 filipinos desde Julho de 2016” questionou. “Queremos que os nossos filhos se tornem misóginos e sexistas? Porque é isso que o nosso Presidente faz”, frisou, debruçando-se sobre o “enorme poder dos líderes” mundiais, dando o exemplo do Presidente norte-americano, Donald Trump, e da primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Arden. Não obstante, Ressa apontou uma qualidade ao chefe de Estado filipino: a adesão às urnas em 2016. Já na sessão de perguntas e respostas, Maria Ressa, que se tornou na Ásia e um pouco por todo o mundo um símbolo da liberdade de expressão e da luta contra as ‘fake news’, sublinhou que a “única arma” de um jornalista “é contar a verdade”. “Eu escrevo notícias. Não quero ser a notícia. Mas, ao mesmo tempo, quando os meus direitos são violados, isso dá-me força (…) e não queria que o facto de ser jornalista implicasse não erguer a minha voz”, defendeu. “Ainda podemos vencer esta batalha. Ainda podemos proteger a democracia”, disse.
Macau e a cidade do Porto assinam novo memorando de entendimento Andreia Sofia Silva - 17 Mai 2019 [dropcap]C[/dropcap]hui Sai On, Chefe do Executivo, esteve esta manha na Câmara Municipal do Porto onde participou na cerimónia de assinatura de um memorando de entendimento com a cidade invicta, que contou ainda com a presença do presidente Rui Moreira. O Chefe do Executivo agradeceu a hospitalidade nortenha e o facto de receber as Chaves da Cidade do Porto, algo que faz de Chui Sai On um “cidadão de honra” da segunda maior cidade portuguesa. No seu discurso, Rui Moreira destacou a proximidade em relação a Macau. “Porto e Macau comemoram este ano 22 anos de geminação e, não bastasse a grande cooperação que temos mantido nos tempos mais recentes, assinamos hoje um novo compromisso para inovar e reforçar os laços existentes”, apontou. O acordo assinado vai permitir “um maior intercâmbio e cooperação nas áreas da economia, comércio, turismo, educação, medicina tradicional chinesa, empreendedorismo jovem e protecção do património cultural, entre outras”. Na área educativa, destaque para o facto de existir um incentivo a que “os estudantes de ambos os territórios participem activamente no programa de bolsa de estudo ‘Uma Faixa, Uma Rota’, estabelecido pela Fundação Macau”, além de “promover o intercâmbio e a aprendizagem dos estudantes e fomentar a cooperação das instituições do ensino superior, de modo a favorecer a formação de quadros qualificados”, rematou Rui Moreira.
A grande dama do chá Fernando Sobral - 17 Mai 201927 Set 2019 [CAPÍTULO ANTERIOR] [dropcap]A[/dropcap] noite tem o poder de silenciar todas as certezas. De dia julga- -se que há remédios para as doenças do mundo e da alma. A noite desmente isso. Nada é certo. A noite permite acordar dos sonhos frágeis. Era isso que sentia Cândido Vilaça, apenas iluminado pela forte luz da lua cheia. Fora isso que o trouxera até às ruínas de S. Paulo. Trazia o seu saxofone e sentou-se nos degraus da enorme escadaria. Levou-o aos lábios e do instrumento saiu um som que parecia lamentar todos os males do universo. Era um gemido arrastado, que nada tinha a ver com o que tocava nos fins-de-tarde dançantes do hotel Riviera. Era algo muito íntimo, vindo das suas entranhas. Doía. Quando se cansou de tocar procurou um declive onde a luz da lua não o atingia e ficou ali, entre as sombras, respirando o ar da noite de Macau. Passados minutos ouviu, não muito longe dele, vozes que falavam em português. Olhou para os dois homens que subiam as escadas defronte das ruínas. Um dos homens tinha um sotaque brasileiro, mas era de outra nacionalidade. O outro tinha uma voz que ele reconhecia, mas não sabia de onde. Falavam de pessoas da sociedade macaense e de acontecimentos futuros, mas Cândido não percebeu o sentido da conversa. De repente, da penumbra, surgiram quatro vultos, que se aproximaram rapidamente. Os dois homens não se moveram. Pareciam esperar o ataque ou, então, estavam seguros da sua situação. Assim era porque perto deles apareceram meia dúzia de sombras que avançaram para o grupo que surgira primeiro. Depois de uma rápida escaramuça, Cândido percebeu que o primeiro grupo, em inferioridade, debandava. Escondido, não se mexeu, até que, para perto de si, resvalou um corpo que se agachou na sombra e se deixou ficar, sem se mover. De onde estava, pro- tegido pela escuridão, Cândido podia ver a zona da escadaria onde se encontravam os vencedores do breve conflito. Ali continuavam os dois homens que tinham estado a conversar, agora cercados por uma meia dúzia de outros que olhavam em todas as direcções. Um deles disse: – Fugiram, os cobardes! O homem de sotaque brasileiro retorquiu: – Não vale a pena segui-los. Sabemos quem são. Iremos apanhá-los quando quisermos. Ainda estiveram ali mais alguns minutos. Mas, depois, caminharam em fila até à rua poeirenta que dava para as ruínas. E Cândido deixou de os ver ou de os ouvir. Só depois de ter a certeza de que já não estavam por perto, voltou-se para o corpo, vestido com uma cabaia negra, que estava a seu lado. Quando o tocou, sentiu o braço molhado. Era sangue. Os seus olhos repousaram então na face tapada por um pano negro, onde só se viam os olhos. Não deixou de sorrir, ao reconhecê-la, depois de lhe retirar o pano que tinha a esconder-lhe o rosto e o cabelo: – Hoje os fantasmas têm nomes e rostos. Ela não respondeu e levou a mão ao braço. Tinha sido ferida pela faca de um dos assaltantes. Para estancar o sangue enrolou à volta da ferida o pano que usara para esconder a cara e deu-lhe um nó. – Temos de tratar disso, menina Jin Shixin. O olha dela era de raiva. Cândido acendeu um cigarro, para se acalmar. E, depois, disse-lhe: – Temos de tratar dessa ferida. Podemos ir até à minha casa. Não é longe. Assim fizeram. Caminharam devagar até à pequena casa de Cândido. Jin encostou o corpo ao dele e o português sentiu o seu calor. Agradou-lhe. Quando chegaram, ele acendeu uma lanterna e ela sentou-se numa cadeira e estendeu o braço. A ferida não era muito profunda e já deixara de sangrar. Cândido colocou um pouco de vodka na ferida, o que fez Jin gritar e pôs, à sua volta, uma gaze de algodão. – Agora precisas de descansar. E de ter mais cuidado. O olhar de Jin era frio. Não disse nada. – Quem são os teus inimigos, menina Jin? Ela olhou, desafiadora, para ele: – Quem achas que são? Os japoneses. – Que japoneses? – O homem que estava no hotel Riviera quando vieste falar comigo. E os seus lacaios portugueses. – Porque é que falas de lacaios? Jin deu uma gargalhada, o que lhe serviu para esquecer a dor: – Todos são lacaios do dinheiro. As pessoas fazem tudo por ele. Sejam japoneses, portugueses ou chineses. Cândido sorriu. Sacudiu um insecto imaginário da roupa, só para mexer a mão. Depois disse: – Sabes, Jin, a água contorna todos os obs- táculos. A partir dela podes tentar perceber os portugueses. Serviram-se da água para sair de Portugal e procurar outros horizontes. E aplicam esse princípio à vida. Estão sempre a contornar os obstáculos, em vez de os enfrentarem. Somos assim. Ela percebeu o que ele estava a pensar. Reparou finalmente no aspecto dele. Cândido Vilaça era alto e tinha um corpo seco. Os olhos castanhos e o cabelo escuro combinavam com a tez morena da pele. Os olhos pareciam afectuosos, mas escondiam uma fúria sempre latente. Ha- via algo de sedutor no português. Disse, condescendente: – Os portugueses podem ser como a água. E serem sobreviventes de muitos naufrágios. Mas há uma guerra que já não está às portas de Macau. Está cá dentro. Hoje assististe a isso. Podes dizer que não tem nada a ver contigo? Houve um filósofo chinês que disse que: “Quando conheceres quem és, conhecerás o céu”. Sabes o que é a guerra? Cândido suspirou. Recordou uma história que um macaense, que vivera da pirataria, lhe contara: “os imperadores chineses sempre sonharam subjugar as águas. Nós, os piratas sempre desejámos controlar aqueles que se aventuraram acima das águas. Deixamos o céu para os pássaros. E as águas profundas para os peixes. Cada um deve ocupar o seu lugar”. Ele era músico. Nada sabia de guerras. Cândido virou-se para Jin: – Portugal foi uma grande potência por- que controlou as veias do mundo, os oceanos. Quando outros o fizeram a sua missão terminou. Em Portugal considera- mos a eternidade e o destino com o mar. É o fim depois do fim. Bateram à porta. Cândido olhou para Jin, mas esta pareceu estar calma. Agarrou numa faca que tinha escondida na roupa, levantou-se e foi-se colocar ao lado da porta. Depois fez sinal para Cândido per- guntar quem era. Ele assim fez. Do outro lado escutou um sussurro: – Potapoff. – Quem? Jin fez-lhe sinal para ele abrir a porta e o português assim fez. Viu uma face dura com olhos frios e negros. Potapoff deu um passo em frente e Cândido teve de se afastar. Jin apareceu e olhou para o russo. – Estou bem. O português tratou de mim. – Ainda bem. Vamos? Jin seguiu-o em silêncio. Cândido fi- cou a vê-los caminhar na rua escura. Ela não olhou para trás. [CONTINUAÇÃO]
DSEJ | Aplicação para aprender português disponível a partir de Julho Sofia Margarida Mota - 17 Mai 201917 Mai 2019 A DSEJ vai lançar uma aplicação que usa termos do quotidiano para ensinar português. A app também terá conteúdos para quem quiser aprender mandarim. Entretanto, no actual ano lectivo 6700 alunos frequentaram aulas de português no ensino não superior [dropcap]A[/dropcap]prender as bases da língua portuguesa vai ser mais fácil. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) prepara-se para lançar no “final de Junho, início de Julho” uma aplicação móvel para os interessados que se queiram iniciar na aprendizagem da língua portuguesa. A informação foi deixada ontem pelo director do Centro de Difusão de Línguas da DSEJ, Wong Chang Chi, durante o Fórum para a Promoção do Ensino do Português na Grande Baía, que teve lugar ontem no Instituto Politécnico de Macau. “Esta aplicação serve para quem quer aprender português tendo em conta uma aprendizagem inicial”, disse o responsável na sua comunicação. Para facilitar o uso da aplicação, os conteúdos foram divididos por temas usados no quotidiano, como turismo, compras, viagens, restaurantes etc., e fornece não só as frases mais utilizadas nestes contextos como gravações áudio. Mandarim disponível Além de possibilitar competências em português, os conteúdos estão também disponíveis em mandarim. O objectivo é proporcionar uma plataforma para “as pessoas de língua materna portuguesa que queiram iniciar a aprendizagem do mandarim”, acrescentou. Paralelamente a esta iniciativa, Wong Chang Chi sublinhou o papel da DSEJ na promoção e divulgação da língua portuguesa. Reflexo deste trabalho são os números apresentados pelo responsável. Actualmente, a língua é administrada em 37 escolas privadas e oito escolas públicas. “Neste momento, há 45 escola locais a ensinar a língua portuguesa. No presente ano lectivo o total de alunos de língua portuguesa foi de 6700, apontou Wong Chang Chi.