Prisão de Coloane | Obras da primeira fase quase concluídas 

[dropcap]C[/dropcap]heng Fong Meng, director dos Serviços Correccionais afirmou que a primeira fase da obra de remodelação do Estabelecimento Prisional de Coloane está quase a ser concluída, dando lugar a mais 20 camas, noticiou o canal chinês da TDM Rádio Macau.

No que diz respeito às obras da segunda fase, o concurso público será iniciado no primeiro trimestre do próximo ano, prevendo-se que haja mais 100 camas disponíveis. Quanto à terceira fase do projecto, Cheng Fong Meng explicou que apenas poderá ser iniciada em 2021 por motivos de segurança, apesar da prisão se encontrar numa fase de saturação, uma vez que possui 1623 reclusos, tendo capacidade para muito menos.

Cheng Fong Meng adiantou também que há falta de recursos humanos como guardas prisionais, assistentes sociais e psicólogos. A partir de Fevereiro do próximo ano será iniciado um concurso público para a contratação de 73 guardas prisionais, prevendo-se a admissão de dois assistentes sociais e um psicólogo.

Prisão de Coloane | Obras da primeira fase quase concluídas 

[dropcap]C[/dropcap]heng Fong Meng, director dos Serviços Correccionais afirmou que a primeira fase da obra de remodelação do Estabelecimento Prisional de Coloane está quase a ser concluída, dando lugar a mais 20 camas, noticiou o canal chinês da TDM Rádio Macau.
No que diz respeito às obras da segunda fase, o concurso público será iniciado no primeiro trimestre do próximo ano, prevendo-se que haja mais 100 camas disponíveis. Quanto à terceira fase do projecto, Cheng Fong Meng explicou que apenas poderá ser iniciada em 2021 por motivos de segurança, apesar da prisão se encontrar numa fase de saturação, uma vez que possui 1623 reclusos, tendo capacidade para muito menos.
Cheng Fong Meng adiantou também que há falta de recursos humanos como guardas prisionais, assistentes sociais e psicólogos. A partir de Fevereiro do próximo ano será iniciado um concurso público para a contratação de 73 guardas prisionais, prevendo-se a admissão de dois assistentes sociais e um psicólogo.

Óscares | As grandes apostas também passam por aqui

[dropcap]“O[/dropcap] IFFAM está posicionado de forma perfeita em termos de timing para os Óscares”, as palavras foram ditas ao HM por Mike Goodridge, que assume pelo terceiro ano consecutivo, o cargo de Director Artístico do Festival de Cinema de Macau. Alargando o espectro para além da competição internacional do IFFAM, e tendo em conta que filmes como “Shape of the Water” e “Greenbook”, que figuravam no cartaz de edições passadas do festival, acabaram mesmo por ser galardoados com o Óscar de melhor filme, existem também este ano, segundo Mike Goodridge, algumas obras com aspirações legítimas a uma nomeação, ou mesmo até, a alcançar uma vitória nos Óscares.

O primeiro destaque vai directamente para o filme de abertura, “Jojo Rabbit”. Realizado pelo neo-zelandês Taika Waititi, Jojo Rabbit conta a história de uma criança que luta contra o nazismo alemão e que tem um amigo imaginário chamado Adolf Hitler. Segundo o director artístico do IFFAM, Taika Waititi “conseguiu fazer algo magnífico”, pois é um filme “capaz de pôr qualquer um a rir desalmadamente, enquanto aborda um tema trágico que é Segunda Grande Guerra Mundial”.

Outra obra em destaque é “Dark Waters”. Realizado por Todd Haynes e integrado na secção de Apresentações especiais do IFFAM, conta uma história arrepiante de um advogado que entra num processo judicial com um gigante da indústria química chamado DuPont, que acabou por encobrir alguns factos hediondos. Mark Ruffalo e Anne Hathaway fazem parte do elenco deste filme. “É extraordinário, adorei Dark Waters”, disse Mike Goodridge ao HM.

Mais palpites

Também apontado por Mike Goodridge “à conversa dos Óscares” é o novo filme de Terrence Malik, “A Hidden Life”, que conta a história verídica de um casal austríaco, que se recusa a prestar vassalagem ao regime de Adolf Hitler após a anexação da Áustria. “É um filme sobre princípios, honra, fé e espiritualidade, e fala de tudo isto numa altura em que o mundo tem dificuldade em reconhecer essas qualidades”, partilhou o director artístico do IFFAM.

Em português, mereceu ainda destaque o filme brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, realizado Karim Aïnouz. Para Mike Goodridge esta é uma das obras que podem vir a ser nomeadas para a categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”.

Por fim, temos também “Judy”, com Renée Zellweger no papel de Judy Garland. “Ela está simplesmente magnífica. Sinceramente não imagino que Renée Zellweger não vença o Óscar de melhor actriz”, acredita Mike Goodridge.

Óscares | As grandes apostas também passam por aqui

[dropcap]“O[/dropcap] IFFAM está posicionado de forma perfeita em termos de timing para os Óscares”, as palavras foram ditas ao HM por Mike Goodridge, que assume pelo terceiro ano consecutivo, o cargo de Director Artístico do Festival de Cinema de Macau. Alargando o espectro para além da competição internacional do IFFAM, e tendo em conta que filmes como “Shape of the Water” e “Greenbook”, que figuravam no cartaz de edições passadas do festival, acabaram mesmo por ser galardoados com o Óscar de melhor filme, existem também este ano, segundo Mike Goodridge, algumas obras com aspirações legítimas a uma nomeação, ou mesmo até, a alcançar uma vitória nos Óscares.
O primeiro destaque vai directamente para o filme de abertura, “Jojo Rabbit”. Realizado pelo neo-zelandês Taika Waititi, Jojo Rabbit conta a história de uma criança que luta contra o nazismo alemão e que tem um amigo imaginário chamado Adolf Hitler. Segundo o director artístico do IFFAM, Taika Waititi “conseguiu fazer algo magnífico”, pois é um filme “capaz de pôr qualquer um a rir desalmadamente, enquanto aborda um tema trágico que é Segunda Grande Guerra Mundial”.
Outra obra em destaque é “Dark Waters”. Realizado por Todd Haynes e integrado na secção de Apresentações especiais do IFFAM, conta uma história arrepiante de um advogado que entra num processo judicial com um gigante da indústria química chamado DuPont, que acabou por encobrir alguns factos hediondos. Mark Ruffalo e Anne Hathaway fazem parte do elenco deste filme. “É extraordinário, adorei Dark Waters”, disse Mike Goodridge ao HM.

Mais palpites

Também apontado por Mike Goodridge “à conversa dos Óscares” é o novo filme de Terrence Malik, “A Hidden Life”, que conta a história verídica de um casal austríaco, que se recusa a prestar vassalagem ao regime de Adolf Hitler após a anexação da Áustria. “É um filme sobre princípios, honra, fé e espiritualidade, e fala de tudo isto numa altura em que o mundo tem dificuldade em reconhecer essas qualidades”, partilhou o director artístico do IFFAM.
Em português, mereceu ainda destaque o filme brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, realizado Karim Aïnouz. Para Mike Goodridge esta é uma das obras que podem vir a ser nomeadas para a categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”.
Por fim, temos também “Judy”, com Renée Zellweger no papel de Judy Garland. “Ela está simplesmente magnífica. Sinceramente não imagino que Renée Zellweger não vença o Óscar de melhor actriz”, acredita Mike Goodridge.

IFFAM | Festival Internacional de cinema de Macau arranca hoje

A quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Macau começa hoje e, até ao próximo dia 10 de Dezembro irá exibir 48 filmes, em cinco espaços diferentes, divididos em várias secções. Destas, apenas três entram em competição, nomeadamente, “Competição Internacional”, “Novo Cinema Chinês” e ”Competição de Curtas”. O aclamado Jojo Rabbit fará as honras de abertura do festival hoje, no Centro Cultural de Macau, pelas 20h30

 

Competição Internacional

 

[dropcap]A[/dropcap] competição internacional conta com 10 filmes a ser avaliados por um painel de júris presidido por Peter Chan Ho-sun, conhecido realizador e produtor de Hong Kong. Fazem também parte do júri da competição internacional Ella Eliasoph, Dian Sastrowardoyo, Midi Z e Tom Cullen.

Goldie

Goldie é uma estrela em ascensão, pelo menos à vista das irmãs mais novas, Supreme e Sherrie. Os desafios são hercúleos e, enquanto luta para evitar que as irmãs sejam levadas pelos serviços sociais, após a mãe das três ter sido presa, Goldie persegue o sonho de conseguir um papel num vídeo de hip-hop. E para isso, no seu mundo ideal, precisa apenas do“empurrão” do casaco de pele cor de ouro que viu numa loja e que há muito tem debaixo de olho. Porque o seu atrevimento e talento parecem começar a suscitar a atenção do resto do mundo. Goldie é um filme norte-americano, realizado pelo holandês Sam De Jong e conta com Slick Woods no papel principal.

Exibição

6 de Dezembro
CCM | 19h30

Lynn+Lucy

Lynn e Lucy são uma dupla desde sempre. Amigas desde os tempos da escola, acabam por desenvolver uma relação tão intensa como qualquer romance. Confinadas ao local onde cresceram, a ligação entre as duas muda quando Lynn, que havia casado com o seu primeiro namorado e cuja filha cresce a olhos vistos, fica deslumbrada quando a carismática Lucy tem também o seu primeiro bebé. No entanto, Lucy não é a mãe que Lynn esperava e rapidamente a sua amizade é testada de forma trágica, envolvente e asfixiante. Lynn+Lucy é uma co-produção britânica e francesa e conta com a realização do londrino Fyzal Boulifa. Roxanne Scrimshaw e Nichola Burley são as actrizes que dão vida às personagens principais.

Exibição
6 de Dezembro
CCM | 21h45

Bellbird

Do neo-zelandês Hamish Bennett, Bellbird conta a história de Ross, um agricultor parco em palavras, que parece perder o rumo da vida, a partir do momento em que a sua mulher, Beth, morre inesperadamente. Sem ninguém por perto interessado em ajudar nos trabalhos diários da quinta, nem mesmo o seu filho Bruce, surge Marley uma jovem disposta a apoiar e a mudar o rumo da vida do ainda mais mal-humorado Ross. Ross dispensa a ajuda de Marley, mas Marley lá vai aparecendo e ajudando na ordenha, enquanto ignora a má disposição do velho Ross, até que, quase um ano após a morte de Beth, a questão se torna incontornável e a necessidade de encontrar o seu lugar no mundo tende a vir ao de cima. Belbird é um filme falado em inglês e conta no elenco com Marshall Napier, Cohen Holloway, Rachel House, Kahukura Retimana, Stephen Tamarapa e Annie Whittle.

Exibição
7 de Dezembro
CCM | 17h

Family Members

A Argentina, desportos de combate e um último adeus, no mínimo, caricato. São estes os pilares que dão o mote para Family Members. Lucas e Gilda viajam para uma pequena cidade costeira do país para espalhar no oceano, as cinzas da sua recém-falecida mãe, que se suícidou. No entanto, para cumprir este último desejo, em vez de cinzas, os únicos restos mortais que têm para lançar, resumem-se à mão protética da mãe. Mais aliviados, embora conformados com o seu destino, os dois adolescentes vêem-se impossibilitados de regressar a casa, quando começa uma greve nacional de autocarros que paralisa a Argentina. Durante o impasse, Lucas, obcecado por musculação e desportos de combate encontra na cidade mais próxima uma oportunidade para explorar os limites do seu corpo, enquanto que Gilda procura inteirar-se das terapias existentes e de métodos de adivinhação para encontar um significado para o mundo. Presos no limbo, os dois enfrentam, longe de casa, o vazio deixado pelo suicídio da mãe, enquanto se despedem da adolescência e enfrentam a ambiguidade que a vida pode trazer. Family Members conta com a realização do argentino Mateo Bendesky e com Tomás Wicz e Laila Maltz nos papéis principais.

Exibição
7 de Dezembro
CCM | 19h

Two/One

Kaden e Khai estão estranhamente ligados um ao outro mas não sabem. Os dois vivem em lados opostos do globo. Embora sonhem um com o outro, quando um dorme o outro está acordado. Kaden é um atleta de esqui de classe mundial em Whistler, no Canadá e Khai, um executivo numa empresa de Xangai. Na mesma janela temporal, Kaden tem a oportunidade de se reconectar com uma antiga namorada dos seus tempos de adolescência, ao mesmo tempo que Khai descobre que a mulher com quem fantasia, começou a trabalhar no mesmo escritório. Os dois homens passam a vida sem saber que estão ligados e, embora nunca se devessem encontrar, estão destinados a fazê-lo. Two/One é realizado pelo argentino Juan Cabral e conta no elenco com Boyd Holbrook, Beau Bridges e Maddie Phillips.

Exibição
7 de Dezembro
CCM | 21h30

Give me liberty

O lado menos glamoroso do sonho americano encontra eco no Milwaukee, cidade do nordeste dos Estados Unidos onde milhares de imigrantes chegam em busca de melhorar as suas vidas. Vic, um americano descendente de uma família russa, ganha a vida, de forma infeliz diga-se, a conduzir uma carrinha de transporte de deficientes e pessoas com dificuldade de locomoção. Atrasado para cumprir os seus afazeres e numa altura em que irrompem protestos nas ruas do Milwaukee, o dia de Vic parece ir de mal a pior quando, comprometido em levar um grupo de idosos russos a um funeral, decide ajudar Tracy, uma jovem diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica, que vive num bairro afro-americano. Give me liberty conta com a realização do russo Kirill Mikhanovsky e com Chris Galust, Lauren “Lolo” Spencer, Maksim Stoyanov no elenco principal.

Exibição
8 de Dezembro
CCM | 19h15

Buoyancy

Camboja. Chakra tem 14 anos e trabalha nos campos de arroz com a família. Ansiando por independência, procura um intermediário que lhe ofereça a oportunidade de ter um trabalho remunerado numa fábrica tailandesa. No entanto, após ter vivido uma jornada atribulada juntamente com outros cambojanos, quando chega à Tailândia apercebe-se que o intermediário mentiu, acabando por vender Chakra e o seu colega Kea como escravos ao capitão de um barco de pesca. Forçados a trabalhar 22 horas por dia, arrastando lixo, em troca apenas de uma taça de arroz frio, Chakra apercebe-se daquilo que terá de passar para alcançar a liberdade. Buoyancy é realizado pelo australiano Rodd Rathjen e conta no elenco com Sarm Heng, Thanawut Kasro, Mony Ros e Saichia Wongwirot nos principais papéis.

Exibição
8 de Dezembro
CCM | 21h45

Bombay Rose

As ruas de Bombaím revelam a história de três contos sobre amores proíbidos, nesta longa-metragem de animação, baseada em factos reais: o amor entre uma menina hindu e um menino muçulmano, o amor entre duas mulheres e o amor de uma cidade inteira por estrelas de Bollywood. “Bombay Rose” assume-se como uma crónica de lutas íntimas e colectivas de pessoas que migraram de pequenas cidades rumo à grande cidade de Bombaím em busca de condições mínimas de vida. Bombay Rose é um musical, detalhado, colorido, em certa medida paradoxal e conta com a realização da indiana Gitanjali Rao. Do elenco vocal fazem parte Cycli Khare, Amit Deondi, Gargi Shitole e Makrand Deshpande.

Exibição
8 de Dezembro
CCM | 15h30

Homecoming

Tentando encontrar soluções para os conflitos do seu casamento, Aida faz uma viagem com o marido de volta a casa. Durante o percurso envolvem-se num acidente de viação e, involuntariamente, acabam por matar um homem. Um homem que era marido de alguém. Após o sucedido, o casal faz um desvio para a aldeia de onde é originário o homem, para prestar homenagem à viúva. É aqui que tudo acontece, numa jornada inesperada de busca por respostas às grandes questões da vida e pela inevitabilidade de enfrentar um futuro diferente, este é um regresso a casa que acaba também por ser uma metamorfose em todos os sentidos da palavra. Homecoming é realizado por Adriyanto Dewo e conta no elenco com Putri Ayudya Asmara Abigail, Ibnu Jamil e Yoga Pratama nos papéis principais deste filme 100 por cento indonésio.

Exibição
9 de Dezembro
CCM | 19h15

Two of us

Nina e Madeleine são duas mulheres reformadas e secretamente apaixonadas há várias décadas. À vista de todos, incluindo a família de Madeleine, são pura e simplesmente vizinhas que vivem no último andar do mesmo prédio. No entanto, longe dos olhares indiscretos, as duas mulheres vão e vêm, alternando espaços entre os seus dois apartamentos que acabam por ser lugares de partilha dos prazeres e da vida que levam em conjunto. Naturalmente que a relação entre as duas acaba por ficar virada do avesso quando um acontecimento inesperado, que coloca mesmo as suas vidas em risco, revela involuntariamente, toda a verdade da relação. Two of us é uma co-produção francesa, belga, holandesa e luxemburguesa e conta com a realizaçao do italiano Filippo Meneghetti. Martine Chevallier é Madeleine e Barbara Sukowa é Nina e neste filme falado em francês.

Exibição
9 de Dezembro
CCM | 21h30

IFFAM | Festival Internacional de cinema de Macau arranca hoje

A quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Macau começa hoje e, até ao próximo dia 10 de Dezembro irá exibir 48 filmes, em cinco espaços diferentes, divididos em várias secções. Destas, apenas três entram em competição, nomeadamente, “Competição Internacional”, “Novo Cinema Chinês” e ”Competição de Curtas”. O aclamado Jojo Rabbit fará as honras de abertura do festival hoje, no Centro Cultural de Macau, pelas 20h30

 

Competição Internacional

 
[dropcap]A[/dropcap] competição internacional conta com 10 filmes a ser avaliados por um painel de júris presidido por Peter Chan Ho-sun, conhecido realizador e produtor de Hong Kong. Fazem também parte do júri da competição internacional Ella Eliasoph, Dian Sastrowardoyo, Midi Z e Tom Cullen.
Goldie
Goldie é uma estrela em ascensão, pelo menos à vista das irmãs mais novas, Supreme e Sherrie. Os desafios são hercúleos e, enquanto luta para evitar que as irmãs sejam levadas pelos serviços sociais, após a mãe das três ter sido presa, Goldie persegue o sonho de conseguir um papel num vídeo de hip-hop. E para isso, no seu mundo ideal, precisa apenas do“empurrão” do casaco de pele cor de ouro que viu numa loja e que há muito tem debaixo de olho. Porque o seu atrevimento e talento parecem começar a suscitar a atenção do resto do mundo. Goldie é um filme norte-americano, realizado pelo holandês Sam De Jong e conta com Slick Woods no papel principal.
Exibição
6 de Dezembro
CCM | 19h30

Lynn+Lucy

Lynn e Lucy são uma dupla desde sempre. Amigas desde os tempos da escola, acabam por desenvolver uma relação tão intensa como qualquer romance. Confinadas ao local onde cresceram, a ligação entre as duas muda quando Lynn, que havia casado com o seu primeiro namorado e cuja filha cresce a olhos vistos, fica deslumbrada quando a carismática Lucy tem também o seu primeiro bebé. No entanto, Lucy não é a mãe que Lynn esperava e rapidamente a sua amizade é testada de forma trágica, envolvente e asfixiante. Lynn+Lucy é uma co-produção britânica e francesa e conta com a realização do londrino Fyzal Boulifa. Roxanne Scrimshaw e Nichola Burley são as actrizes que dão vida às personagens principais.
Exibição
6 de Dezembro
CCM | 21h45

Bellbird

Do neo-zelandês Hamish Bennett, Bellbird conta a história de Ross, um agricultor parco em palavras, que parece perder o rumo da vida, a partir do momento em que a sua mulher, Beth, morre inesperadamente. Sem ninguém por perto interessado em ajudar nos trabalhos diários da quinta, nem mesmo o seu filho Bruce, surge Marley uma jovem disposta a apoiar e a mudar o rumo da vida do ainda mais mal-humorado Ross. Ross dispensa a ajuda de Marley, mas Marley lá vai aparecendo e ajudando na ordenha, enquanto ignora a má disposição do velho Ross, até que, quase um ano após a morte de Beth, a questão se torna incontornável e a necessidade de encontrar o seu lugar no mundo tende a vir ao de cima. Belbird é um filme falado em inglês e conta no elenco com Marshall Napier, Cohen Holloway, Rachel House, Kahukura Retimana, Stephen Tamarapa e Annie Whittle.
Exibição
7 de Dezembro
CCM | 17h

Family Members

A Argentina, desportos de combate e um último adeus, no mínimo, caricato. São estes os pilares que dão o mote para Family Members. Lucas e Gilda viajam para uma pequena cidade costeira do país para espalhar no oceano, as cinzas da sua recém-falecida mãe, que se suícidou. No entanto, para cumprir este último desejo, em vez de cinzas, os únicos restos mortais que têm para lançar, resumem-se à mão protética da mãe. Mais aliviados, embora conformados com o seu destino, os dois adolescentes vêem-se impossibilitados de regressar a casa, quando começa uma greve nacional de autocarros que paralisa a Argentina. Durante o impasse, Lucas, obcecado por musculação e desportos de combate encontra na cidade mais próxima uma oportunidade para explorar os limites do seu corpo, enquanto que Gilda procura inteirar-se das terapias existentes e de métodos de adivinhação para encontar um significado para o mundo. Presos no limbo, os dois enfrentam, longe de casa, o vazio deixado pelo suicídio da mãe, enquanto se despedem da adolescência e enfrentam a ambiguidade que a vida pode trazer. Family Members conta com a realização do argentino Mateo Bendesky e com Tomás Wicz e Laila Maltz nos papéis principais.
Exibição
7 de Dezembro
CCM | 19h

Two/One

Kaden e Khai estão estranhamente ligados um ao outro mas não sabem. Os dois vivem em lados opostos do globo. Embora sonhem um com o outro, quando um dorme o outro está acordado. Kaden é um atleta de esqui de classe mundial em Whistler, no Canadá e Khai, um executivo numa empresa de Xangai. Na mesma janela temporal, Kaden tem a oportunidade de se reconectar com uma antiga namorada dos seus tempos de adolescência, ao mesmo tempo que Khai descobre que a mulher com quem fantasia, começou a trabalhar no mesmo escritório. Os dois homens passam a vida sem saber que estão ligados e, embora nunca se devessem encontrar, estão destinados a fazê-lo. Two/One é realizado pelo argentino Juan Cabral e conta no elenco com Boyd Holbrook, Beau Bridges e Maddie Phillips.
Exibição
7 de Dezembro
CCM | 21h30

Give me liberty

O lado menos glamoroso do sonho americano encontra eco no Milwaukee, cidade do nordeste dos Estados Unidos onde milhares de imigrantes chegam em busca de melhorar as suas vidas. Vic, um americano descendente de uma família russa, ganha a vida, de forma infeliz diga-se, a conduzir uma carrinha de transporte de deficientes e pessoas com dificuldade de locomoção. Atrasado para cumprir os seus afazeres e numa altura em que irrompem protestos nas ruas do Milwaukee, o dia de Vic parece ir de mal a pior quando, comprometido em levar um grupo de idosos russos a um funeral, decide ajudar Tracy, uma jovem diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica, que vive num bairro afro-americano. Give me liberty conta com a realização do russo Kirill Mikhanovsky e com Chris Galust, Lauren “Lolo” Spencer, Maksim Stoyanov no elenco principal.
Exibição
8 de Dezembro
CCM | 19h15

Buoyancy

Camboja. Chakra tem 14 anos e trabalha nos campos de arroz com a família. Ansiando por independência, procura um intermediário que lhe ofereça a oportunidade de ter um trabalho remunerado numa fábrica tailandesa. No entanto, após ter vivido uma jornada atribulada juntamente com outros cambojanos, quando chega à Tailândia apercebe-se que o intermediário mentiu, acabando por vender Chakra e o seu colega Kea como escravos ao capitão de um barco de pesca. Forçados a trabalhar 22 horas por dia, arrastando lixo, em troca apenas de uma taça de arroz frio, Chakra apercebe-se daquilo que terá de passar para alcançar a liberdade. Buoyancy é realizado pelo australiano Rodd Rathjen e conta no elenco com Sarm Heng, Thanawut Kasro, Mony Ros e Saichia Wongwirot nos principais papéis.
Exibição
8 de Dezembro
CCM | 21h45

Bombay Rose

As ruas de Bombaím revelam a história de três contos sobre amores proíbidos, nesta longa-metragem de animação, baseada em factos reais: o amor entre uma menina hindu e um menino muçulmano, o amor entre duas mulheres e o amor de uma cidade inteira por estrelas de Bollywood. “Bombay Rose” assume-se como uma crónica de lutas íntimas e colectivas de pessoas que migraram de pequenas cidades rumo à grande cidade de Bombaím em busca de condições mínimas de vida. Bombay Rose é um musical, detalhado, colorido, em certa medida paradoxal e conta com a realização da indiana Gitanjali Rao. Do elenco vocal fazem parte Cycli Khare, Amit Deondi, Gargi Shitole e Makrand Deshpande.
Exibição
8 de Dezembro
CCM | 15h30

Homecoming

Tentando encontrar soluções para os conflitos do seu casamento, Aida faz uma viagem com o marido de volta a casa. Durante o percurso envolvem-se num acidente de viação e, involuntariamente, acabam por matar um homem. Um homem que era marido de alguém. Após o sucedido, o casal faz um desvio para a aldeia de onde é originário o homem, para prestar homenagem à viúva. É aqui que tudo acontece, numa jornada inesperada de busca por respostas às grandes questões da vida e pela inevitabilidade de enfrentar um futuro diferente, este é um regresso a casa que acaba também por ser uma metamorfose em todos os sentidos da palavra. Homecoming é realizado por Adriyanto Dewo e conta no elenco com Putri Ayudya Asmara Abigail, Ibnu Jamil e Yoga Pratama nos papéis principais deste filme 100 por cento indonésio.
Exibição
9 de Dezembro
CCM | 19h15

Two of us

Nina e Madeleine são duas mulheres reformadas e secretamente apaixonadas há várias décadas. À vista de todos, incluindo a família de Madeleine, são pura e simplesmente vizinhas que vivem no último andar do mesmo prédio. No entanto, longe dos olhares indiscretos, as duas mulheres vão e vêm, alternando espaços entre os seus dois apartamentos que acabam por ser lugares de partilha dos prazeres e da vida que levam em conjunto. Naturalmente que a relação entre as duas acaba por ficar virada do avesso quando um acontecimento inesperado, que coloca mesmo as suas vidas em risco, revela involuntariamente, toda a verdade da relação. Two of us é uma co-produção francesa, belga, holandesa e luxemburguesa e conta com a realizaçao do italiano Filippo Meneghetti. Martine Chevallier é Madeleine e Barbara Sukowa é Nina e neste filme falado em francês.
Exibição
9 de Dezembro
CCM | 21h30

Boi que escapou do matadouro da Ilha Verde será adoptado pelo IAM

[dropcap]U[/dropcap]m boi foi ontem encontrado a caminhar calmamente numa estrada na zona da Ilha Verde, impassível ao perigo do trânsito, depois de ter escapado do matadouro. Algo que lhe pode ter salvo a vida. A confirmação foi dada pelo próprio presidente do Instituto para os Assuntos Municipais, José Tavares, que esclareceu que o animal não pode ser vendido nem a sua carne consumida. Isto porque durante o processo de captura foram dadas cinco doses de anestésicos ao animal por motivos de segurança.

José Tavares esclareceu ainda, de acordo com declarações citadas pelo canal chinê da TDM, que depois da comunicação estabelecida com a Companhia de Produtos e Produções Especiais da China ficou decidido que o animal será adoptado pelo IAM. No entanto, para já ainda não foi escolhido um local onde vai ficar.

Segundo informação revelada pelo IAM, o boi conseguiu escapar de uma cerca de arame farpado, depois de ser transportado pelos funcionários do matadouro. O animal foi perseguido pelos trabalhadores, com a ajuda das autoridades, que não quiseram perturbar o bicho para que este não ficasse nervoso, reduzindo os riscos de se tornar um perigo para o público.

Sem feridos

Para já, José Tavares referiu que o organismo a que preside aguarda ainda o relatório veterinário do Matadouro de Macau para saber se terá de avançar com tratamentos ao animal, segundo noticiou o canal chinês da TDM Rádio Macau.

Cheong Kuai Tat, chefe do departamento de segurança alimentar do IAM, revelou que para o processo de captura foram destacados 30 agentes da polícia e bombeiros, tendo em consideração a segurança pública. Importa referir que não se registaram feridos.

No que diz respeito aos danos causados em automóveis pelo animal, José Tavares referiu que os proprietários podem contactar o IAM mediante apresentação de fotografias ou outras provas dos estragos, estando ainda a ser analisada a cobertura da ocorrência pelas companhias de seguros.

Negacionismo climático

[dropcap]N[/dropcap]o meio científico há praticamente unanimidade que o aquecimento global, e consequentemente as alterações climáticas, são uma realidade que se deve essencialmente ao efeito de estufa causado por gases provenientes da atividade humana. Os dados resultantes de observações realizadas ao longo de mais de cem anos, desde o início da era industrial, feitas com recurso a estações meteorológicas, mostram que a temperatura média do ar à superfície da Terra aumentou mais de 1 grau centígrado.

Quando nos referimos à temperatura do ar à superfície está subentendido que a medição deste parâmetro é feita em igualdade de circunstâncias em todas as estações meteorológicas. Está estabelecido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) que o termómetro das estações meteorológicas sinóticas deve estar à sombra, entre 1,25 e 2 metros de altura, dentro de um abrigo meteorológico instalado sobre terreno relvado. Assim, por exemplo, se duas medições se fizerem nas mesmas condições, exceto no que se refere à existência ou não de relva, os valores não serão exatamente os mesmos. Pretende-se com este exemplo realçar o facto de as medições das variáveis atmosféricas feitas pelos serviços meteorológicos nacionais obedecerem a regras rigorosamente estabelecidas. Este rigor estende-se também a outros parâmetros meteorológicos, tais como a humidade, pressão atmosférica, vento, etc. Só assim se podem comparar valores desses parâmetros medidos à mesma hora em muitos milhares de estações meteorológicas espalhadas pelo globo terrestre e, para um determinado local, comparar os valores atuais com os medidos ao longo de décadas.

Mesmo sem recorrer a conhecimentos científicos, é evidente para um leigo com um mínimo de bom senso que a injeção de milhões de toneladas de gases e de partículas provenientes da atividade industrial ou de outras origens, como os fogos florestais e os transportes terrestres marítimos e aéreos, irão forçosamente influenciar negativamente as características da atmosfera. A maioria dos fenómenos meteorológicos mais correntes, como sistemas frontais, trovoadas, chuva, aguaceiros, tornados, ciclones tropicais (furacões tufões), etc., ocorrem na camada mais baixa da atmosfera, a troposfera, que tem uma espessura de cerca de 12 km nas latitudes médias, sendo mais espessa nas latitudes baixas e mais menos à medida que se avança para os polos. É natural que a ação humana de injetar nesta estreita camada quantidades enormes de gases de efeito de estufa e de poluentes faça com que ocorram alterações no comportamento dos fenómenos meteorológicos e, consequentemente, do clima.

Apesar de existir quase unanimidade sobre as alterações climáticas, há uma corrente de opinião defendida por alguns cientistas que, apesar de não serem totalmente céticos no que se refere ao aquecimento global, defendem que esse aquecimento não se deve a causas antropogénicas. Foi mesmo criada uma organização para contrariar as conclusões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC). Num claro desafio ao IPCC, aquela organização adotou a designação “Painel Internacional Não Governamental para as Alterações Climáticas” (Nongovernmental International Panel on Climate Change – NIPCC).

Poder-se-á perguntar: será que os negacionistas são gente séria ou tratar-se-á de um vasto lóbi para defender os grandes magnatas dos combustíveis fósseis? A resposta não é fácil, mas muitos deles fazem de facto o jogo de grandes interesses e constituem perigo não só para a vida humana mas também para a sobrevivência dos ecossistemas. Os membros do NIPCC definem-se a eles próprios como um grupo internacional não-governamental de cientistas e académicos que se uniram para avaliarem de maneira abrangente e realista a ciência e economia associadas ao aquecimento global. Apresentam-se como uma organização de defesa da negação de mudanças climáticas e elaboram relatórios cujas conclusões se opõem aos relatórios de avaliação do IPCCP.

O NIPCC foi fundado em 2013 por Siegfried Fred Singer, cientista americano de origem austríaca com larga carreira académica na área da física da atmosfera. Publicou em 2015, juntamente com outros cientistas, a obra “Why Scientists Disagree About Global Warming: The NIPCC Report on Scientific Consensus”.

Os negacionistas têm vindo a conquistar espaço a nível de governos conservadores de grandes potências, como reflexo de infiltrações de lóbis, alguns dos quais com caracter religioso. Veja-se o caso do Brasil e dos EUA. O presidente do primeiro destes países tem vindo a combater as ONGs que zelam pela conservação da Amazónia, tendo mesmo acusado o ator americano Leonardo Dicaprio de financiador de incêndios na floresta brasileira.

Entre os políticos céticos das alterações climáticas, além dos presidentes dos EUA e do Brasil, contam-se outras personalidades como um antigo conselheiro do governo australiano, Tony Abbott, que afirma que as alterações climáticas são um ardil liderado pela ONU para estabelecer uma nova ordem mundial. Também um grande ativista no passado e ex-presidente do Greenpeace, Patrick Albert Moore, desde que deixou essa organização acusa-a de ter abandonado a ciência e a lógica a favor da emoção e do sensacionalismo.

Na forte corrente negacionista no Brasil, bem representada no governo, ressaltam Luiz Carlos Molion, professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas, e Ricardo Felício, professor de geografia e meteorologista. Este último chega a negar evidências altamente comprovadas pelos mais categorizados meios científicos. Numa entrevista sensacionalista a um programa da televisão brasileira chegou mesmo a afirmar que não existe camada de ozono.

A família Koch, dona da Koch Industries, é um bom exemplo dos poderosos lóbis negacionistas. Desde há anos que tem vindo a financiar as campanhas republicanas nos EUA. É também sabido que houve forte apoio à eleição do atual presidente do Brasil por parte de interesses ligados à criação de gado, que defendem a intensificação de queimadas na Amazónia e a exploração desenfreada da indústria madeireira.

Apesar de em Portugal os negacionistas não serem muito ativos, em 7 e 8 de setembro de 2018 foi realizada uma conferência na Universidade do Porto, promovida pelo chamado Independent Committee on Geoethics (ICG). Entre os vários conferencistas destacou-se o meteorologista Piers Corbyn, irmão do líder trabalhista Jeremy Corbyn, que defende a ideia de que a contribuição da atividade industrial para o aquecimento global é mínima e que a principal causa é o aumento da atividade solar. Apesar de a Universidade do Porto se ter distanciado da organização do evento, alegando que fora da responsabilidade de uma docente da Faculdade de Letras, o certo é que lhe deu guarida, dando voz aos negacionistas.

São cada vez mais numerosas as provas de que as alterações climáticas são uma realidade e os negacionistas não podem ignorar os relatórios do IPCC nem as publicações das agências especializadas das Nações Unidas, como por exemplo a “Declaração sobre o estado do clima global em 2018”, da OMM, onde se enfatiza que, desde que há observações meteorológicas regulares, os anos 2015 a 2018 foram os quatro mais quentes já registados, acentuando-se a tendência de aquecimento a longo prazo.

Os satélites permitem-nos obter provas evidentes destas alterações, como se pode verificar, por exemplo, nas imagens obtidas pela NASA, que mostram a diminuição da cobertura de gelo no Mar Ártico entre setembro de 1984 a setembro de 2016.

Apesar do Protocolo de Quioto e das 24 Conferências das Partes (Conferences of the Parties – COP) não terem tido resultados palpáveis, tenhamos esperança que as decisões da COP 25 sejam mais bem sucedidas. Algo de positivo está a acontecer: a consciencialização da juventude, motivada por esse grande símbolo que é a ativista Greta Thunberg. E os jovens serão os dirigentes de amanhã…

O cinema vê-se em casa

[dropcap]O[/dropcap] filme “The Irishman”, de Martin Scorcese, está a levantar uma enorme polémica em todo o mundo não devido à sua qualidade ou às magníficas representações de Pacino, de Niro e Pesci, mas devido ao facto da produtora — a plataforma digital Netflix — não autorizar o filme em sala de cinema numa séria de países, incluindo a França. Pouco tempo antes da estreia, Martin Scorcese deu uma entrevista em que falava da actual diferença entre entretenimento (referindo-se aos filmes de super-heróis e outras pastilhas elásticas) e cinema. Para o realizador de Taxi Driver, o cinema é algo diferente destas superproduções. Algo que pode comunicar realmente com o espectador, colocá-lo em questão, proporcionar-lhe um sentido estético, inundá-lo de algo mais que não emoções rápidas e de efeito efémero.

Ao não passar nas salas de cinema, “The Irishman” representaria então um paradoxo: um filme “clássico” que não pode ser “classicamente” consumido e apreciado.

Contudo, não me parece nada de paradoxal. É que há muito tempo que os verdadeiros apreciadores de cinema (nos quais me incluo) deixaram de frequentar as ditas salas, na medida em que estas se tornaram num espaço insuportável, destinado a comedores de pipocas e indivíduos com a infância mal resolvida. A sala de cinema, escura, silenciosa, onde ecos religiosos se elevavam, toda ela uma experiência cognitiva especial, deixou de existir para dar lugar a extensões de centros comerciais. Logo, quem gosta de cinema não aguenta aquilo. “The Irishman” (filme excepcional) vê-se em casa, num ecrã acima das 50 polegadas. E mais nada.

O romance diante do espelho

[dropcap]O[/dropcap] grande problema do romance é instruir-se dentro dos limites que a linguagem (gerada para o efeito) lhe dita. Não me estou a referir ao desaguisado do tempo das vanguardas, nem à despolarização do mundo pós, muito menos a teorias literárias, a códigos rígidos ou a cânones.

Instruir significa pontificar, descobrir e compreender-se a si mesmo dentro de certas fronteiras. Por exemplo: existe uma pedagogia para se saber olhar de alto a baixo diante de um espelho. É uma disciplina de que o romance é excelente aluno há já alguns séculos: conseguir criar uma pose e um dado ângulo para poder ser lido, contemplado e convenientemente interpretado.

Os romancistas seguem o ângulo e o rasto sem perceberem a sua invisibilidade (invisível é o fio do marionetista). Tal como os pintores do paleolítico que orientavam a tinta – ou o sangue – seguindo as fissuras e as falhas das rochas mais escarpadas, assim os romancistas perseguem o seu rasto.

Seguir o ângulo e o rasto não é copiar ou navegar apenas paralelamente à costa. Seguir o rasto pode ser transgredir, reinventar, descolar ou jorrar a tinta à Pollock para cima do nada. Seja de que modo for, os romancistas progridem sob a sombra do rasto. Sentam-se continuadamente ao espelho. Investem na pose para cada circunstância concreta da navegação. Agarram-se copiosamente ao leme para melhor captarem o que a linguagem (para aquele efeito) lhes dita.

Uma página de um romance tem que se sentir fielmente dentro do seu aquário, com a temperatura ambiente e a luz apropriadas aos seres vivos que apresenta, preserva e põe em acção. Não há um lado de fora, só existe um lado de dentro. Há muito que se sabe que representar é um logro, sobretudo num mundo em que as identidades se esbatem e em que tudo é cada vez mais um simulacro (e não um reflexo ‘real’ seja do que for).

O rasto é afinal o plano inclinado que empurra silenciosamente a escrita para o lado de dentro desse aquário com paredes de vidro que tão bem simula o infinito ou, se se preferir, um indefinido – mas tão aparente – espectro de possibilidades.

Essa página (que são todas as páginas de todos os romances do mundo) sabe que foi treinada para criar alguns impactos, de acordo com o seu próprio DNA que lhe concede uma matéria e um modo específico para a poder moldar. Enfim, essa especificidade possibilita rotações de diversos tipos, mas não deixa de ser uma especificidade.

Por exemplo, estamos a ler ‘Devoção’ de Patti Smith, é ainda de noite, Eugénia tem uma espingarda nas mãos e Alexandre está nu, meio a dormir, deitado no colchão. Acorda mais divertido do que alarmado e, ao ver Eugénia aos pés da cama com o cano virado para si, repete três vezes a palavra “Philadelphia” antes de levar o tiro e de, ao amanhecer, o seu corpo ser colocado “debaixo de terra”.

A acção é atravessada por uma inevitabilidade. Já vinha de trás, como sempre sucede. Um ou outro imponderável (ou deslocações aparentemente inesperadas) complementam esse caminho inevitável, caso da reiterada palavra “Philadelphia” que se ‘ouve’ ou da sensação de ‘divertimento’ imputada a Alexandre. Há que dar voz ao acaso, sabendo-se que o que lhe equivale na escrita não passa de um belo felino com a cauda de fora (mais um simulacro com as devidas unhas à mostra). Constata-se, por fim, uma certa rudeza que acompanha os actos, no sentido em que o guião sugerido se cumpre sem digressões. A economia lexical cria conotações bem mais produtivas, já se sabe (questão de oficina, pois há coisas que realmente se aprendem no ginásio literário, basta exercitar qb. e ter alguma humildade).

Tal como a ave de rapina se agarra à sua presa, também a gramática ata sempre os nós à rede de factos que (potencialmente) pareceria querer libertar-se e disseminar-se. É superior às suas próprias forças. Uma mancha de óleo que se disperse em alto mar acabará igualmente por se limitar aos seus contornos. Em oceanografia, existem modelos que simulam a circulação das manchas de óleo tendo em conta a composição química dos elementos, as correntes, o vento e as ondas. Mas uma coisa é certa: estas manchas geradas pelas (criminosas) injecções dos petroleiros não sobem pela estratosfera acima criando aí uma cinematografia aérea. Há gramáticas e forças (como a da gravidade) que não o autorizam.

A narrativa literária também está comprimida à sua fatalidade chã: não se descomprime de modo a permitir interpretar Alexandre independentemente da espingarda, ou de modo a permitir interpretar Eugénia independentemente de estar aos pés da cama a olhar para Alexandre. O que se lê já está vincado pela sua própria ciência oceanográfica. O leme do escritor exercita a pulsão e o poder até de comover os leitores, mas fá-lo apenas no interior do seu aquário (para dentro do qual saltamos na nossa operação de leitura).

Ler é, pois, uma descida às águas de um aquário, porventura de um oceanário. Mas é uma descida com instrutores que somos nós próprios a criar a temperatura e o cromatismo do romance (e até o tipo de algas que desejamos reconhecer ao longo desse mergulho algo alucinogénico). O que ele nos empresta é um modelo de simulação que permite respirar dentro de água. Assim se efectiva a instrução dos efeitos: o romancista pontifica, a obra ejecta o seu produto e o leitor explica-se (e compreende-se) a si mesmo dentro da invisibilidade das fronteiras que lhe são dadas.

Não é uma má experiência, convém sublinhar. Por vezes pode incendiar os sentidos ou até dar sentido a uma vida inteira. Há quem acredite nisso piamente. Mas é uma experiência problemática e sobretudo frágil como o são todos os submarinos que cruzam as águas em profundidade. Uma falha, um corte de energia, algum tempo fora de prazo ou uma brevíssima explosão e o livro logo é atirado para o canto da prateleira.

Diferente seria um projecto literário que fosse capaz de transformar o aquário discursivo numa cinematografia aérea e assim atrair os leitores para um voo tão desconforme quanto absolutamente irrrealizável. Como sou um escritor ainda jovem, não perdi a esperança de vir a realizá-lo.

Dos labirintos: um diálogo

[dropcap]O[/dropcap] homem foi o primeiro ready-made de Deus: eis como agora parece começar a desalentadora História da Humanidade. Mas o inesperado pode interceder e aliviar-nos, como na felicidade de ter baixado um livro de Charles Simic, O Monstro Ama o seu Labirinto (na tradução espanhola) e lê-lo de rajada. E entra assim:

«Muito tarde na noite, na rua MacDougal. Acerca-se um velho e diz: “Senhor, estou escrevendo a história da minha vida e preciso de uma moeda de dez centavos para acabá-la”. Dei-lhe um dólar.»
Com o que sobra ao centavo o velho vai ter com que reencarnar, para contar outra história de vida. O que me lembra a regra de Canetti para identificarmos a arte: quando encontramos mais do que aquilo que foi perdido.

Este é um livro de notas diarísticas, de ímpetos e aforismos, de comentários ao jogo da escrita e à esgrima desta com os seus leitores e críticos, num magma heteróclito e permeado de breves, deliciosos, flashes de infância ou doutros recantos da memória.

«Mentia um pouco? – diz Simic, sobre si mesmo – Claro. Dir-se-ia que havia vivido anos na Rive Gauche e que por hábito me senta.va nas mesas dos cafés famosos, de olho preso nos debates apaixonados dos existencialistas. O que justificava tais exageros aos meus olhos era a possibilidade real de que poderia ter vivido algo assim. Tudo na minha vida parecia o produto do acaso, encadeava uma série de eventos improváveis, então, no meu caso, a ficção não me soava mais estranha do que a verdade. Como quando eu contei à mulher no trem de Chicago que era russo. E descrevi-lhe o nosso apartamento em Leningrado, os horrores do longo cerco durante a guerra, a morte de meus pais diante de um pelotão de fuzilamento alemão, na nossa presença, os filhos, os campos de deportação na Europa. Nalgum momento daquela longa noite não tive outro remédio senão ir à casa de banho rir a bandeiras despregadas. Ela engoliu as minhas petas? Quem sabe? Na manhã seguinte, deu-me um longo beijo de despedida, que alguma coisa haveria de significar»

Para Brodsky, “a história da consciência inicia-se com a primeira mentira”, e acrescentava: “acontece que eu recordo a minha.” Não recordo a minha primeira mentira, mas adoraria mentir sobre isso, pois não me custa a acreditar que ele tenha razão. Como combinar o “direito de mentir” e a ética – é a questão que se segue.«O poema que quero escrever é um impossível. Uma pedra que flutua.»

Completamente, por isso me atrai a metamorfose. E o quotidiano só me interessa como superfície porosa, onde por trás do familiar irrompa o estranho, o neutro que antecede a intensidade, o amorfo que acicata os elementos a mudarem de natureza e figura.

Duas outras notas em que me revejo: «Se trato tudo ao mesmo tempo como uma piada e como um assunto sério, é porque honro o eterno conflito entre a vida e a arte, o absoluto e o relativo, o cérebro e estômago, etc. Nenhuma filosofia pode nos faz esquecer uma dor de dente … algo assim.»; «Impulsos contraditórios no fazer do poema: deixar as coisas como são ou voltar a imaginá-las; representar ou recriar; submeter-se ou afirmar, artifício ou natureza, e assim por diante. Como a vaca, o poeta deveria tem mais de um estômago».

Eis o que nos atraía em jovens: «”Tem imagens estupendas”, dizíamos, e o que queríamos dizer era que o poeta não nos deixava de surpreender-nos pela natureza selvagem das suas associações. O nosso ideal naquele tempo era a liberdade total da imaginação. Isto é o que amávamos e o que exigíamos da poesia que nos propúnhamos escrever.»; daí que me fatigue verificar como hoje a imaginação se tornou suspeita. Voltaram o recato e as regras. Talvez daqui a vinte anos o Michaux apenas seja lido por um grupo de fanáticos.

«O inventor da metáfora moderna, Arthur Rimbaud, considerava-se um vidente. Soube ver que a ambição secreta de uma metáfora radical é metafísica. Podia abrir novos mundos. Podia tocar o absoluto. Abandonou a poesia quando começou a duvidar desta verdade.»

Cada poeta assemelha-se ao mestre budista que em jovem pensava que as montanhas eram montanhas e os rios rios, e que depois de anos de estudo e devoção decidiu que as montanhas não eram montanhas nem os rios rios, para no fim da vida, já era mais velho e sábio, ter logrado compreender que as montanhas são montanhas e os rios rios. O Rimbaud só compreendeu pela metade, nem pressentiu o que monge budista calou: que depois da última travessia do deserto talvez voltem os símbolos a ser «deidades momentâneas».

Outra nota espantosa: «Nietzsche: “Um pequeno animal exausto com os dias contados” propõe “o objeto do seu amor”. Disto se ocupam os meus poemas.» De como dotar de dignidade os perecíveis, portanto – é difícil achar melhor projecto.

«A forma é “sentido do ritmo”, essa medida exacta de silêncio entre palavras e imagens que as torne significativas. Os cómicos sabem muito bem de que falo.»

Também me palpita que, amiúde, a forma é apenas a sábia exploração de um irrepetível sentido do timing entre os elementos da relação que o texto aflora, coloca em presença. Por isso quando me perguntam o que ocupa mais na escrita de um romance eu invariavelmente respondo: o ritmo.

«O que a esquerda e a direita políticas têm em comum é o seu ódio à literatura e à arte modernas. Agora que o penso, todas as Igrejas compartilham esse ódio, o que nos deixa sem muitos apoios. Por um lado, temos o rico imbecil que colecciona latas de sopa de Andy Warhol, e por outro o pobre rapaz enamorado dos poemas de Russell Edson e Sylvia Plath. Deus nos valha!»

E aonde isto nos conduz? Talvez a este estado merencório da actualidade: «”Ela fingia um orgasmo de cada vez que se masturbava”, escreve um gracioso anónimo num tabloide.”

IFFAM | Dois filmes em língua portuguesa exibidos este fim-de-semana 

O filme português “A Herdade” e o brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão” são as duas únicas películas na língua de Camões e podem ser vistas este fim-de-semana no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Macau. Mike Goodrigde destaca a qualidade destes filmes e convida a comunidade portuguesa a vê-los

 

[dropcap]O[/dropcap] Portugal profundo do Estado Novo, metaforizado numa propriedade rural no Alentejo, é o pano de fundo do filme “A Herdade”, de Tiago Guedes e produzido por Paulo Branco. Este é um dos grandes destaques em língua portuguesa da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa), que será exibido esta sexta-feira, dia 6, no Centro Cultural de Macau, às 20h00.

Sobre este filme, Mike Goodrigde, director do IFFAM, falou, em entrevista ao HM, da sua enorme qualidade. “Acompanho o cinema feito em Portugal porque queremos passar aqui bons filmes para quem fala português.

‘A Herdade’ é um filme realmente bom, é um grande épico. Acho que todos os portugueses o vão achar interessante porque aborda uma janela temporal de quase 60 anos da história de Portugal, desde os anos 40, passando pela revolução de 1974, até aos dias de hoje. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto. Não é um filme fácil pois é longo, mas é épico e altamente apelativo.”

Mike Goodridge destacou ainda o papel do produtor Paulo Branco, por quem diz ter “uma grande admiração”. “A Herdade” é uma “grande saga com grandes actores portugueses” e, por isso, o director do festival espera que “a comunidade portuguesa apareça em peso para o ver.”

O cartaz do IFFAM, no que diz respeito aos filmes em língua portuguesa, fica completo com a produção brasileira “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, exibido no domingo, dia 8, na Cinemateca Paixão.

Sobre este filme, o director do festival adiantou que se trata de “um fabuloso épico realizado pelo realizador brasileiro Karim Aïnouz”. “É realmente bom e, ou muito me engano, ou será nomeado para os Óscares”, frisou.

Para residentes

Na mesma entrevista, Mike Goodrigde lembrou o facto de “A Herdade” ser “um grande melodrama que tem por base uma família disfuncional, mas que está maravilhosamente bem feito. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto e disse logo que o tínhamos de passar aqui.”

O director do IFFAM referiu ainda que o cinema português poderia ter mais destaque a nível internacional. “É uma pena, porque Portugal tem um legado cultural tão rico que gostaria que o cinema português fosse mais entusiasmante, e não acho que seja.”

O filme “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, do realizador brasileiro, a viver actualmente na Alemanha, conta a história de duas irmãs inseparáveis, Eurídice e Guida. No Rio de Janeiro, no ano de 1950, as duas possuem sonhos bem diferentes da vida tradicional que levam: enquanto Eurídice deseja ser uma pianista famosa, Guida espera encontrar o amor verdadeiro. Um relacionamento de Guida, que a faz ir para a Grécia com um marinheiro, acaba por se tornar num ponto de partida para dois destinos separados, uma vez que, quando Guida regressa ao Brasil, solteira e grávida, o novo marido da irmã comunica-lhe que esta foi estudar música para Viena, não querendo mais manter o contacto com ela.

IFFAM | Dois filmes em língua portuguesa exibidos este fim-de-semana 

O filme português “A Herdade” e o brasileiro “The Invisible Life of Eurídice Gusmão” são as duas únicas películas na língua de Camões e podem ser vistas este fim-de-semana no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Macau. Mike Goodrigde destaca a qualidade destes filmes e convida a comunidade portuguesa a vê-los

 
[dropcap]O[/dropcap] Portugal profundo do Estado Novo, metaforizado numa propriedade rural no Alentejo, é o pano de fundo do filme “A Herdade”, de Tiago Guedes e produzido por Paulo Branco. Este é um dos grandes destaques em língua portuguesa da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa), que será exibido esta sexta-feira, dia 6, no Centro Cultural de Macau, às 20h00.
Sobre este filme, Mike Goodrigde, director do IFFAM, falou, em entrevista ao HM, da sua enorme qualidade. “Acompanho o cinema feito em Portugal porque queremos passar aqui bons filmes para quem fala português.
‘A Herdade’ é um filme realmente bom, é um grande épico. Acho que todos os portugueses o vão achar interessante porque aborda uma janela temporal de quase 60 anos da história de Portugal, desde os anos 40, passando pela revolução de 1974, até aos dias de hoje. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto. Não é um filme fácil pois é longo, mas é épico e altamente apelativo.”
Mike Goodridge destacou ainda o papel do produtor Paulo Branco, por quem diz ter “uma grande admiração”. “A Herdade” é uma “grande saga com grandes actores portugueses” e, por isso, o director do festival espera que “a comunidade portuguesa apareça em peso para o ver.”
O cartaz do IFFAM, no que diz respeito aos filmes em língua portuguesa, fica completo com a produção brasileira “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, exibido no domingo, dia 8, na Cinemateca Paixão.
Sobre este filme, o director do festival adiantou que se trata de “um fabuloso épico realizado pelo realizador brasileiro Karim Aïnouz”. “É realmente bom e, ou muito me engano, ou será nomeado para os Óscares”, frisou.

Para residentes

Na mesma entrevista, Mike Goodrigde lembrou o facto de “A Herdade” ser “um grande melodrama que tem por base uma família disfuncional, mas que está maravilhosamente bem feito. Adorei-o quando o vi na competição de Veneza e em Toronto e disse logo que o tínhamos de passar aqui.”
O director do IFFAM referiu ainda que o cinema português poderia ter mais destaque a nível internacional. “É uma pena, porque Portugal tem um legado cultural tão rico que gostaria que o cinema português fosse mais entusiasmante, e não acho que seja.”
O filme “The Invisible Life of Eurídice Gusmão”, do realizador brasileiro, a viver actualmente na Alemanha, conta a história de duas irmãs inseparáveis, Eurídice e Guida. No Rio de Janeiro, no ano de 1950, as duas possuem sonhos bem diferentes da vida tradicional que levam: enquanto Eurídice deseja ser uma pianista famosa, Guida espera encontrar o amor verdadeiro. Um relacionamento de Guida, que a faz ir para a Grécia com um marinheiro, acaba por se tornar num ponto de partida para dois destinos separados, uma vez que, quando Guida regressa ao Brasil, solteira e grávida, o novo marido da irmã comunica-lhe que esta foi estudar música para Viena, não querendo mais manter o contacto com ela.

Condenado projecto de lei do Congresso que pune abusos em Xinjiang

[dropcap]A[/dropcap] China condenou ontem a aprovação pelo Congresso norte-americano de um projecto de lei que visa punir abusos dos direitos humanos na região chinesa do Xinjiang, e alertou que retaliará “à medida que a situação se desenvolver”.

O projecto de lei prevê sanções contra as autoridades chinesas pelo seu suposto envolvimento em “abusos” contra a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, na região de Xinjiang, extremo noroeste da China.

“Esta lei deliberadamente difama a situação dos direitos humanos em Xinjiang e os esforços da China para combater o terrorismo”, considerou ontem a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, em comunicado. O texto “ataca maliciosamente as políticas do Governo chinês”, acrescentou.

A porta-voz considerou que “as questões de Xinjiang não são sobre direitos humanos nem questões étnicas ou religiosas, mas sobre a luta contra o terrorismo e actividades secessionistas”.
“Xinjiang sofreu terrorismo extremo e violento. O Governo daquela região tomou medidas fortes de acordo com a lei”, frisou.

Documentos internos do Partido Comunista Chinês difundidos na semana passada por um consórcio de jornalistas de investigação revelaram os esforços para assimilar minorias étnicas chinesas de origem muçulmana em campos de doutrinação em Xinjiang.

Antigos detidos afirmam que foram forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC), numa reminiscência da Revolução Cultural (1966-1976) lançada pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong.

O Governo chinês, que inicialmente negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratarem-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade e erradicar o “extremismo” da região.

Os detalhes sobre o funcionamento interno dos campos, onde cerca de um milhão de uigures e cazaques são mantidos em detenções extrajudiciais, constam em documentos “secretos” e que servem como manual de operações para a burocracia da região de Xinjiang.

As informações foram obtidas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, uma rede global com sede em Washington, e verificadas por especialistas independentes, incluindo ainda detalhes sobre o uso de inteligência artificial pelo Governo chinês nas práticas de policiamento, com algoritmos utilizados para estipular quem deve ser detido.

Além de usar tecnologias de reconhecimento facial ou linguagem corporal, o Governo chinês começou recentemente a implementar sistemas de “reconhecimento de emoções”, que usam imagens de vídeo para analisar o que as autoridades locais descrevem como o “estado mental” das pessoas.

Achas na fogueira

As sanções previstas no projecto de lei dos EUA, que depende ainda da aprovação do Senado e ratificação pelo Presidente Donald Trump, podem ser aplicados a membros do Governo chinês, incluindo o secretário do Partido Comunista em Xinjiang, Chen Quanguo – e funcionários do Partido que se acredita serem responsáveis ou cúmplices.

Hua Chunying disse que a lei visa “minar a prosperidade e a estabilidade de Xinjiang e restringir o desenvolvimento da China”.

“Expõe os padrões duplos dos Estados Unidos na luta contra o terrorismo e só fará o povo chinês entender a sua hipocrisia e intenções sinistras ainda melhor”, acrescentou.

A aprovação desta lei aumentaria ainda mais a tensão entre Pequim e Washington, depois de, na semana passada, Trump ter ratificado a Lei de Democracia e dos Direitos Humanos de Hong Kong, que visa também punir autoridades que violem as liberdades naquela região semi-autónoma chinesa.

Paquistão | Denunciadas redes de tráfico de mulheres para a China

Uma lista revelada ontem pela agência Associated Press expõe uma larga rede de venda de meninas e mulheres paquistanesas para casamentos de fachada na China, num fenómeno que afecta vários outros países da região.

 

[dropcap]A[/dropcap] lista, composta por 629 nomes, foi compilada por investigadores paquistaneses, determinados a romper com redes de tráfico humano que exploram as populações mais pobres e vulneráveis do país.

Segundo fontes citadas pela AP, a polícia paquistanesa não tem combatido o tráfico, devido a pressão de funcionários do Governo, que temem prejudicar os lucrativos laços económicos com Pequim.

No maior julgamento até à data, realizado em Outubro passado, um tribunal em Faisalabad absolveu 31 cidadãos chineses acusados de tráfico.

Várias das mulheres que foram inicialmente entrevistadas pela polícia recusaram-se a testemunhar após terem sido ameaçadas ou subornadas para manterem o silêncio, segundo fontes citadas pela AP.

Vários altos funcionários contaram à agência noticiosa que as investigações a casos de tráfico humano diminuíram e que a imprensa paquistanesa tem sido pressionada a não reportar sobre as redes.

A investigação revelou como a minoria cristã do Paquistão se tornou um alvo de traficantes, que pagam a pais empobrecidos para casar as suas filhas, algumas delas ainda adolescentes, com maridos chineses.
Muitas das noivas são então isoladas e sujeitas a abusos ou forçadas a prostituírem-se na China, mas muitas vezes conseguem entrar em contacto com o lar e imploram para regressar.

Os cristãos são o principal alvo porque são uma das comunidades mais pobres do Paquistão, país cuja população é maioritariamente muçulmana.

Todos ao barulho

As redes de tráfico são compostas por intermediários chineses e paquistaneses e incluem pastores cristãos, principalmente de pequenas igrejas evangélicas, que recebem subornos para incentivar os pais a venderem as suas filhas.

Segundo as fontes citadas pela AP, os intermediários chineses e paquistaneses cobram entre quatro milhões e 10 milhões de rupias (entre 22.600 e 58.700 euros) ao noivo, mas apenas cerca de 200.000 rúpias (1.350 euros) são entregues à família.

Os investigadores afirmam que muitas das mulheres relataram tratamentos forçados de fertilidade, abuso físico e sexual e, em alguns casos, prostituição forçada. Pelo menos um relatório de investigação contém alegações de coleta de órgãos.

Em Setembro passado, a agência de investigação do Paquistão enviou um relatório chamado “casos de casamentos chineses falsos” ao primeiro-ministro do país, Imran Khan. O relatório, citado pela AP, forneceu detalhes sobre 52 cidadãos chineses e 20 cúmplices paquistaneses, que operam em duas cidades da província de Punjab e também em Islamabad. Os suspeitos chineses incluíam os 31 absolvidos posteriormente em tribunal.

Negócios protegidos

Activistas e defensores dos direitos humanos dizem que o Paquistão tenta manter o tráfico de noivas em silêncio, para não comprometer o relacionamento económico cada vez mais importante com a China.

A China é aliada do Paquistão há várias décadas e prestou assistência militar a Islamabad, incluindo através do fornecimento de dispositivos nucleares pré-testados e mísseis com capacidade nuclear.

Hoje, o Paquistão está a receber dezenas de milhares de milhões de dólares em investimento chinês, no âmbito da iniciativa chinesa ‘Uma faixa, uma Rota’, um gigantesco projecto de infraestruturas que visa reforçar as vias comerciais chinesas, ligando o Sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa.

A procura por noivas estrangeiras na China deve-se à composição da população chinesa, com 34 milhões de homens a mais do que mulheres, resultado da política de filho único, que vigorou entre os anos 1980 e 2015, e uma preferência por meninos, que levou a abortos selectivos e infanticídio feminino.

Um relatório divulgado este mês pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch apontou que a prática se está a generalizar, afetando também Birmânia, Camboja, Indonésia, Laos, Nepal, Coreia do Norte ou Vietname. “Todos se tornaram países de origem para este negócio brutal”, refere.

Paquistão | Denunciadas redes de tráfico de mulheres para a China

Uma lista revelada ontem pela agência Associated Press expõe uma larga rede de venda de meninas e mulheres paquistanesas para casamentos de fachada na China, num fenómeno que afecta vários outros países da região.

 
[dropcap]A[/dropcap] lista, composta por 629 nomes, foi compilada por investigadores paquistaneses, determinados a romper com redes de tráfico humano que exploram as populações mais pobres e vulneráveis do país.
Segundo fontes citadas pela AP, a polícia paquistanesa não tem combatido o tráfico, devido a pressão de funcionários do Governo, que temem prejudicar os lucrativos laços económicos com Pequim.
No maior julgamento até à data, realizado em Outubro passado, um tribunal em Faisalabad absolveu 31 cidadãos chineses acusados de tráfico.
Várias das mulheres que foram inicialmente entrevistadas pela polícia recusaram-se a testemunhar após terem sido ameaçadas ou subornadas para manterem o silêncio, segundo fontes citadas pela AP.
Vários altos funcionários contaram à agência noticiosa que as investigações a casos de tráfico humano diminuíram e que a imprensa paquistanesa tem sido pressionada a não reportar sobre as redes.
A investigação revelou como a minoria cristã do Paquistão se tornou um alvo de traficantes, que pagam a pais empobrecidos para casar as suas filhas, algumas delas ainda adolescentes, com maridos chineses.
Muitas das noivas são então isoladas e sujeitas a abusos ou forçadas a prostituírem-se na China, mas muitas vezes conseguem entrar em contacto com o lar e imploram para regressar.
Os cristãos são o principal alvo porque são uma das comunidades mais pobres do Paquistão, país cuja população é maioritariamente muçulmana.

Todos ao barulho

As redes de tráfico são compostas por intermediários chineses e paquistaneses e incluem pastores cristãos, principalmente de pequenas igrejas evangélicas, que recebem subornos para incentivar os pais a venderem as suas filhas.
Segundo as fontes citadas pela AP, os intermediários chineses e paquistaneses cobram entre quatro milhões e 10 milhões de rupias (entre 22.600 e 58.700 euros) ao noivo, mas apenas cerca de 200.000 rúpias (1.350 euros) são entregues à família.
Os investigadores afirmam que muitas das mulheres relataram tratamentos forçados de fertilidade, abuso físico e sexual e, em alguns casos, prostituição forçada. Pelo menos um relatório de investigação contém alegações de coleta de órgãos.
Em Setembro passado, a agência de investigação do Paquistão enviou um relatório chamado “casos de casamentos chineses falsos” ao primeiro-ministro do país, Imran Khan. O relatório, citado pela AP, forneceu detalhes sobre 52 cidadãos chineses e 20 cúmplices paquistaneses, que operam em duas cidades da província de Punjab e também em Islamabad. Os suspeitos chineses incluíam os 31 absolvidos posteriormente em tribunal.

Negócios protegidos

Activistas e defensores dos direitos humanos dizem que o Paquistão tenta manter o tráfico de noivas em silêncio, para não comprometer o relacionamento económico cada vez mais importante com a China.
A China é aliada do Paquistão há várias décadas e prestou assistência militar a Islamabad, incluindo através do fornecimento de dispositivos nucleares pré-testados e mísseis com capacidade nuclear.
Hoje, o Paquistão está a receber dezenas de milhares de milhões de dólares em investimento chinês, no âmbito da iniciativa chinesa ‘Uma faixa, uma Rota’, um gigantesco projecto de infraestruturas que visa reforçar as vias comerciais chinesas, ligando o Sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa.
A procura por noivas estrangeiras na China deve-se à composição da população chinesa, com 34 milhões de homens a mais do que mulheres, resultado da política de filho único, que vigorou entre os anos 1980 e 2015, e uma preferência por meninos, que levou a abortos selectivos e infanticídio feminino.
Um relatório divulgado este mês pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch apontou que a prática se está a generalizar, afetando também Birmânia, Camboja, Indonésia, Laos, Nepal, Coreia do Norte ou Vietname. “Todos se tornaram países de origem para este negócio brutal”, refere.

Turismo | Macau entra no pódio das cidades mais visitadas do mundo

Em 2019, Macau deverá ser a terceira cidade mais visitada do mundo. De acordo com o ranking da Euromonitor International, a posição é para manter até ao final do ano, altura em que a região já terá recebido mais de 20 milhões de visitantes. Hong Kong, apesar da turbulência política, deverá manter o primeiro lugar

 

[dropcap]M[/dropcap]acau deverá chegar ao final do ano no terceiro lugar do relatório da Euromonitor International, que divulga anualmente o “Top 100” das cidades mais visitadas a nível mundial. De acordo com as informações divulgadas ontem pelo Macau Daily acerca do relatório, a região, que subiu uma posição no ranking relativamente ao ano passado, relegando Singapura para a quarta posição, deverá receber, até ao fim de 2019, 20.6 milhões de visitantes.

De referir, contudo, que este número contrasta com os dados oficiais do Governo, que apontam para que, só durante os primeiros 10 meses do ano, Macau tenha já recebido 33.4 milhões de turistas. A descrepância é explicada, de acordo com a mesma publicação, pelo facto da fórmula de cálculo que está na base do ranking da Euromonitor International, fazer a conta aos turistas internacionais que visitam uma cidade por, pelo menos, 24 horas e menos de um ano, que pernoitam no destino. Ao passo que os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) incluem visitantes que atravessam a fronteira por duas vezes no próprio dia, não permanecendo no território por mais de 24 horas. De acordo com a DSEC, estes visitantes de curta duração representaram mesmo 52 por cento do total de visitantes entre Janeiro e Outubro de 2019, despendendo cerca de duas horas e meia no território.

Já Hong Kong, apesar de ter registado quebras em Agosto, na ordem dos 40 por cento ao nível do número de visitantes, deve manter o primeiro lugar do ranking da Euromonitor International onde, até ao final de 2019, deverá ter acolhido 26.7 milhões. Isto porque, de acordo com o analista do Euromonitor Simon Haven, citado pelo pelo Macau Daily, o número de visitantes na primeira metade do ano “foi capaz de reduzir os efeitos provocados pelos protestos”. “Entre Janeiro e Junho de 2019 (…) o número de chegadas a Hong Kong Kong cresceu 14 por cento em relação ao ano passado”, explicou o analista.

Ásia no topo

Segundo o ranking da Euromonitor International, o turismo no continente asiático está a viver um crescimento muito acentuado, pelo simples facto de, entre as 10 cidades mais visitadas a nível mundial, metade pertencem à Ásia. Depois de Hong Kong (26.7 milhões), Banguecoque (25.8 milhões) e Macau (20.6 milhões), fazem também parte do “Top 10” as cidades de Singapura, na quarta posição, com 19.8 milhões de visitas esperadas e Kuala Lumpur, na décima posição, com 14.1 milhões de visitantes em 2019.

Segundo o relatório da Euromonitor International desde 2013 “a região tem contribuído mais do que qualquer outra, com novos locais”, apontando a subida “do nível de vida na região, o aumento das viagens realizadas por jovens e o aumento do número de visitantes chineses a países estrangeiros”, como principais factores para o aumento exponencial do turismo na região.

Turismo | Macau entra no pódio das cidades mais visitadas do mundo

Em 2019, Macau deverá ser a terceira cidade mais visitada do mundo. De acordo com o ranking da Euromonitor International, a posição é para manter até ao final do ano, altura em que a região já terá recebido mais de 20 milhões de visitantes. Hong Kong, apesar da turbulência política, deverá manter o primeiro lugar

 
[dropcap]M[/dropcap]acau deverá chegar ao final do ano no terceiro lugar do relatório da Euromonitor International, que divulga anualmente o “Top 100” das cidades mais visitadas a nível mundial. De acordo com as informações divulgadas ontem pelo Macau Daily acerca do relatório, a região, que subiu uma posição no ranking relativamente ao ano passado, relegando Singapura para a quarta posição, deverá receber, até ao fim de 2019, 20.6 milhões de visitantes.
De referir, contudo, que este número contrasta com os dados oficiais do Governo, que apontam para que, só durante os primeiros 10 meses do ano, Macau tenha já recebido 33.4 milhões de turistas. A descrepância é explicada, de acordo com a mesma publicação, pelo facto da fórmula de cálculo que está na base do ranking da Euromonitor International, fazer a conta aos turistas internacionais que visitam uma cidade por, pelo menos, 24 horas e menos de um ano, que pernoitam no destino. Ao passo que os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) incluem visitantes que atravessam a fronteira por duas vezes no próprio dia, não permanecendo no território por mais de 24 horas. De acordo com a DSEC, estes visitantes de curta duração representaram mesmo 52 por cento do total de visitantes entre Janeiro e Outubro de 2019, despendendo cerca de duas horas e meia no território.
Já Hong Kong, apesar de ter registado quebras em Agosto, na ordem dos 40 por cento ao nível do número de visitantes, deve manter o primeiro lugar do ranking da Euromonitor International onde, até ao final de 2019, deverá ter acolhido 26.7 milhões. Isto porque, de acordo com o analista do Euromonitor Simon Haven, citado pelo pelo Macau Daily, o número de visitantes na primeira metade do ano “foi capaz de reduzir os efeitos provocados pelos protestos”. “Entre Janeiro e Junho de 2019 (…) o número de chegadas a Hong Kong Kong cresceu 14 por cento em relação ao ano passado”, explicou o analista.

Ásia no topo

Segundo o ranking da Euromonitor International, o turismo no continente asiático está a viver um crescimento muito acentuado, pelo simples facto de, entre as 10 cidades mais visitadas a nível mundial, metade pertencem à Ásia. Depois de Hong Kong (26.7 milhões), Banguecoque (25.8 milhões) e Macau (20.6 milhões), fazem também parte do “Top 10” as cidades de Singapura, na quarta posição, com 19.8 milhões de visitas esperadas e Kuala Lumpur, na décima posição, com 14.1 milhões de visitantes em 2019.
Segundo o relatório da Euromonitor International desde 2013 “a região tem contribuído mais do que qualquer outra, com novos locais”, apontando a subida “do nível de vida na região, o aumento das viagens realizadas por jovens e o aumento do número de visitantes chineses a países estrangeiros”, como principais factores para o aumento exponencial do turismo na região.

Sin Fong Garden | Director e Kin Sun negam impacto de estacas-prancha mal-enterradas

Na construção que decorria ao lado do Edifício Sin Fong Garden as estacas que evitam deslocamentos de terras ficaram enterradas aquém da profundidade exigível. Os responsáveis pela obra negaram qualquer impacto para a segurança do edifício vizinho

 

[dropcap]M[/dropcap]ais de três anos depois, o julgamento em que o Governo e um grupo de moradores do Sin Fong Garden exigem o pagamento de cerca de 14,9 milhões de patacas à construtora e aos envolvidos no projecto adjacente foi retomado. Na sessão de ontem, os responsáveis pelas obras no terreno ao lado do Sin Fon Garden negaram que o facto de algumas estacas-prancha não terem sido enterradas à profundidade exigida tenha tido impacto na estrutura que foi demolida.

Quando houve ordem de evacuação do Sin Fong Garden decorriam obras no espaço adjacente, para a construção de um edifício habitacional com o nome Soho Residence. O tribunal esteve ontem a ouvir a versão dos responsáveis da Companhia de Construção e Engenharia Kin Sun (Macau), porque durante a obra do Soho Residence houve estacas, cujo objectivo é o de evitar deslocamentos de terras, que ficaram enterradas a profundidades inferiores às definidas no projecto.

Segundo Wong Kuok Kei, representante da empresa, a forma como estas estacas-prancha foram enterradas não afectou o Sin Fong Garden. “É verdade que havia estacas-prancha que não estavam a 7,4 metros de profundidade, como no projecto. Mas estavam enterradas com uma profundidade de quatro a cinco metros”, reconheceu. “A maior parte dessas estacas-prancha estavam do lado do Sin Fong Garden, mas não acho que a segurança desse edifício tenha sido afectada pela forma como estas estacas foram enterradas”, considerou.

Wong apontou que, devido ao facto de se ter atingido a matéria rochosa naquela zona, não foi possível enterrar mais as estacas-prancha e que a empresa desconhecia a existência de problemas com a construção do Sin Fong Garden.
Admitiu ainda que apesar da profundidade de algumas estacas-prancha não ter chegado aos 7,4 metros de profundidade, não foram tomadas medidas de segurança nem houve suspensão dos trabalhos.

Versão contraditória

A obra do Soho Residence teve como director Cheong Nim Tou, que coordenou a demolição do edifício industrial que estava no terreno e a obra da Kin Sun.

No entanto, a versão de Cheong Nim Tou foi diferente da realidade relatada por Wong Kuok Kei. Segundo o director da obra, os trabalhos das estacas-prancha que ficaram enterradas a menos de 7,4 metros estavam suspensos, porque se estava a ponderar uma alternativa para alcançar a profundidade aprovada no projecto.

“Só uma parte das estacas-prancha não tinha sido enterrada a 7,4 metros de profundidade e nesses casos os trabalhos estavam suspensos. Estávamos a procurar alternativas para alcançar esse nível”, relatou Cheong Nim Tou.

Também o técnico considerou que mesmo assim não houve impacto para a estrutura ao lado. “O facto das estacas-prancha não estarem a 7,4 metros não afectou a segurança do Sin Fong Garden”, defendeu.
Cheong revelou ainda que desconhecia os problemas do Sin Fong Garden e confessou que apesar de ter sido detectada uma inclinação no edifício, assim como no adjacente, o nome Lei Cheong, que não foram tomadas medidas de segurança. “Quando os edifícios Lei Cheong e Sin Fong Garden ganharam uma inclinação não tomámos medidas de segurança. O nível de inclinação causado pelo assentamento não estava dentro dos valores definidos pelas Obras Públicas para tomar medidas de segurança”, justificou.

O edifício Sin Fong Garden foi evacuado em Outubro de 2012, depois de se ter considerado que havia risco de desabamento, e deixou desalojadas mais de 100 famílias. Actualmente, já foi terminada a demolição do edifício e decorrem os trabalhos de reconstrução.

Nesta acção, o Governo exige o pagamento de 12,8 milhões de patacas, montante que foi explicado com “medidas urgentes, […] como a contratação de profissionais para fazer inspecção permanente e tomar precauções necessárias, de modo a prevenir o colapso” e “salvaguardar a segurança pública”.

Sin Fong Garden | Director e Kin Sun negam impacto de estacas-prancha mal-enterradas

Na construção que decorria ao lado do Edifício Sin Fong Garden as estacas que evitam deslocamentos de terras ficaram enterradas aquém da profundidade exigível. Os responsáveis pela obra negaram qualquer impacto para a segurança do edifício vizinho

 
[dropcap]M[/dropcap]ais de três anos depois, o julgamento em que o Governo e um grupo de moradores do Sin Fong Garden exigem o pagamento de cerca de 14,9 milhões de patacas à construtora e aos envolvidos no projecto adjacente foi retomado. Na sessão de ontem, os responsáveis pelas obras no terreno ao lado do Sin Fon Garden negaram que o facto de algumas estacas-prancha não terem sido enterradas à profundidade exigida tenha tido impacto na estrutura que foi demolida.
Quando houve ordem de evacuação do Sin Fong Garden decorriam obras no espaço adjacente, para a construção de um edifício habitacional com o nome Soho Residence. O tribunal esteve ontem a ouvir a versão dos responsáveis da Companhia de Construção e Engenharia Kin Sun (Macau), porque durante a obra do Soho Residence houve estacas, cujo objectivo é o de evitar deslocamentos de terras, que ficaram enterradas a profundidades inferiores às definidas no projecto.
Segundo Wong Kuok Kei, representante da empresa, a forma como estas estacas-prancha foram enterradas não afectou o Sin Fong Garden. “É verdade que havia estacas-prancha que não estavam a 7,4 metros de profundidade, como no projecto. Mas estavam enterradas com uma profundidade de quatro a cinco metros”, reconheceu. “A maior parte dessas estacas-prancha estavam do lado do Sin Fong Garden, mas não acho que a segurança desse edifício tenha sido afectada pela forma como estas estacas foram enterradas”, considerou.
Wong apontou que, devido ao facto de se ter atingido a matéria rochosa naquela zona, não foi possível enterrar mais as estacas-prancha e que a empresa desconhecia a existência de problemas com a construção do Sin Fong Garden.
Admitiu ainda que apesar da profundidade de algumas estacas-prancha não ter chegado aos 7,4 metros de profundidade, não foram tomadas medidas de segurança nem houve suspensão dos trabalhos.

Versão contraditória

A obra do Soho Residence teve como director Cheong Nim Tou, que coordenou a demolição do edifício industrial que estava no terreno e a obra da Kin Sun.
No entanto, a versão de Cheong Nim Tou foi diferente da realidade relatada por Wong Kuok Kei. Segundo o director da obra, os trabalhos das estacas-prancha que ficaram enterradas a menos de 7,4 metros estavam suspensos, porque se estava a ponderar uma alternativa para alcançar a profundidade aprovada no projecto.
“Só uma parte das estacas-prancha não tinha sido enterrada a 7,4 metros de profundidade e nesses casos os trabalhos estavam suspensos. Estávamos a procurar alternativas para alcançar esse nível”, relatou Cheong Nim Tou.
Também o técnico considerou que mesmo assim não houve impacto para a estrutura ao lado. “O facto das estacas-prancha não estarem a 7,4 metros não afectou a segurança do Sin Fong Garden”, defendeu.
Cheong revelou ainda que desconhecia os problemas do Sin Fong Garden e confessou que apesar de ter sido detectada uma inclinação no edifício, assim como no adjacente, o nome Lei Cheong, que não foram tomadas medidas de segurança. “Quando os edifícios Lei Cheong e Sin Fong Garden ganharam uma inclinação não tomámos medidas de segurança. O nível de inclinação causado pelo assentamento não estava dentro dos valores definidos pelas Obras Públicas para tomar medidas de segurança”, justificou.
O edifício Sin Fong Garden foi evacuado em Outubro de 2012, depois de se ter considerado que havia risco de desabamento, e deixou desalojadas mais de 100 famílias. Actualmente, já foi terminada a demolição do edifício e decorrem os trabalhos de reconstrução.
Nesta acção, o Governo exige o pagamento de 12,8 milhões de patacas, montante que foi explicado com “medidas urgentes, […] como a contratação de profissionais para fazer inspecção permanente e tomar precauções necessárias, de modo a prevenir o colapso” e “salvaguardar a segurança pública”.

Integração regional | Rui Lourido defende flexibilização de mão-de-obra em Macau 

O Presidente do Observatório da China defende que Macau deve apostar cada vez mais na flexibilização da sua mão-de-obra para responder aos desafios dos projectos “Uma Faixa, Uma Rota” e Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. A ideia foi defendida no âmbito da palestra “Ligações lusófonas da iniciativa chinesa: Continuidades ou rupturas?”, promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

 

[dropcap]R[/dropcap]ui Lourido, presidente do Observatório da China, disse ao HM que o Governo de Macau deveria, cada vez mais, apostar numa flexibilização da mão-de-obra, sobretudo no que diz respeito à contratação de quadros qualificados ao exterior.

“Naturalmente que as dificuldades devem ser encaradas como grandes desafios ao desenvolvimento presente. Os recursos humanos são um elemento determinante no papel que Macau irá desempenhar” nos projectos “Uma Faixa, Uma Rota” e Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, comentou ao HM à margem da palestra “Ligações lusófonas da iniciativa chinesa: Continuidades ou rupturas?”, promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Para Rui Lourido, Macau tem “de importar esses recursos humanos, de países que tenham as potencialidades [procuradas], como Portugal, país com o qual Macau deve ter uma maior relação umbilical possível”.

O presidente do Observatório da China frisa que o papel de Macau no contexto da Grande Baía “destaca-se pela sua potencialidade para apoiar actividades não só ao nível do lazer, jogo e turismo”, mas também com a possibilidade de “trazer investimentos ao tecido produtivo e dar a Macau outro pulmão de sustentabilidade no futuro, desenvolvendo uma rede de relações económicas ou financeiras”.

O presidente do Observatório da China acrescenta ainda que deve ser providenciada formação a residentes por parte de quem sabe, mesmo que essa formação venha de quadros qualificados importados.

Aposta na educação

Dentro deste contexto de integração regional, Rui Lourido defende que o caminho deve ser o da educação. “Macau faria a diferença apostando mais no sector educativo com as línguas a desempenharem um papel fundamental, através da aprendizagem da língua chinesa, com o mandarim a ser determinante, mais o inglês e o português. Isso tornará a população jovem de Macau mais habilitada para fazer esta ligação entre o mundo lusófono e o chinês.”

Ao nível do ensino superior, Rui Lourido defende que “Macau deve abrir as suas fronteiras aos alunos chineses da China”, para que haja “uma aposta numa educação mais acessível”.

Nesse sentido, o presidente do Observatório da China gostaria de ver resolvido o impasse na Universidade de São José, que ainda não recebeu autorização para ter alunos oriundos da China.

“Isso é fundamental [uma abertura], porque é disso que depende a capacidade das universidades privadas de poderem disputar com justiça os alunos do mercado chinês, pois Macau é China e a China é a grande potência do século XXI.”

Integração regional | Rui Lourido defende flexibilização de mão-de-obra em Macau 

O Presidente do Observatório da China defende que Macau deve apostar cada vez mais na flexibilização da sua mão-de-obra para responder aos desafios dos projectos “Uma Faixa, Uma Rota” e Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. A ideia foi defendida no âmbito da palestra “Ligações lusófonas da iniciativa chinesa: Continuidades ou rupturas?”, promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

 
[dropcap]R[/dropcap]ui Lourido, presidente do Observatório da China, disse ao HM que o Governo de Macau deveria, cada vez mais, apostar numa flexibilização da mão-de-obra, sobretudo no que diz respeito à contratação de quadros qualificados ao exterior.
“Naturalmente que as dificuldades devem ser encaradas como grandes desafios ao desenvolvimento presente. Os recursos humanos são um elemento determinante no papel que Macau irá desempenhar” nos projectos “Uma Faixa, Uma Rota” e Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, comentou ao HM à margem da palestra “Ligações lusófonas da iniciativa chinesa: Continuidades ou rupturas?”, promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Para Rui Lourido, Macau tem “de importar esses recursos humanos, de países que tenham as potencialidades [procuradas], como Portugal, país com o qual Macau deve ter uma maior relação umbilical possível”.
O presidente do Observatório da China frisa que o papel de Macau no contexto da Grande Baía “destaca-se pela sua potencialidade para apoiar actividades não só ao nível do lazer, jogo e turismo”, mas também com a possibilidade de “trazer investimentos ao tecido produtivo e dar a Macau outro pulmão de sustentabilidade no futuro, desenvolvendo uma rede de relações económicas ou financeiras”.
O presidente do Observatório da China acrescenta ainda que deve ser providenciada formação a residentes por parte de quem sabe, mesmo que essa formação venha de quadros qualificados importados.

Aposta na educação

Dentro deste contexto de integração regional, Rui Lourido defende que o caminho deve ser o da educação. “Macau faria a diferença apostando mais no sector educativo com as línguas a desempenharem um papel fundamental, através da aprendizagem da língua chinesa, com o mandarim a ser determinante, mais o inglês e o português. Isso tornará a população jovem de Macau mais habilitada para fazer esta ligação entre o mundo lusófono e o chinês.”
Ao nível do ensino superior, Rui Lourido defende que “Macau deve abrir as suas fronteiras aos alunos chineses da China”, para que haja “uma aposta numa educação mais acessível”.
Nesse sentido, o presidente do Observatório da China gostaria de ver resolvido o impasse na Universidade de São José, que ainda não recebeu autorização para ter alunos oriundos da China.
“Isso é fundamental [uma abertura], porque é disso que depende a capacidade das universidades privadas de poderem disputar com justiça os alunos do mercado chinês, pois Macau é China e a China é a grande potência do século XXI.”

Grande Baía | Integração acelera com criação de grande metrópole no sul da China

Vinte anos após a transferência de administração de Portugal para a China, Macau está a ser rapidamente integrada no continente chinês, através da criação de uma grande metrópole no Delta do Rio das Pérolas

 

[dropcap]N[/dropcap]a localidade chinesa de Hengqin, milhares de operários de construção trabalham dia e noite para garantir que um novo porto, que agilizará a circulação de pessoas e bens entre o continente e Macau, é inaugurado a 20 de Dezembro, quando se celebra o aniversário da transição.

A Zona Piloto de Comércio Livre de Hengqin, que pertence à cidade de Zhuhai, já está ligada ao território outrora administrado por Portugal, e hoje uma região semiautónoma chinesa e capital mundial do jogo, por um posto fronteiriço aberto 24 horas por dia e um túnel de acesso ao novo ‘campus’ da Universidade de Macau, cujo terreno foi arrendado por Zhuhai à região.

Mas o novo porto, que ficará sob a jurisdição de Macau, assim como terrenos adjacentes, permitirá que o fluxo entre o continente e a região, e vice-versa, se reduza a um só controlo fronteiriço, face aos actuais dois – saída e entrada. Actualmente, um autocarro transporta os passageiros entre os dois postos de controlo.

“Devido à sua localização única, o Governo Central atribui grande importância a Hengqin”, descreve à agência Lusa o director do comité administrativo local, Yang Chuan, num ostentoso hall de exposições, dedicado ao desenvolvimento da localidade, e equipado com painéis LED e ecrãs interactivos.

O novo porto servirá também como um ‘hub’ para uma “futura conexão entre o trânsito” e uma ligação ferroviária subterrânea entre Macau e a linha Hengqin – Cantão, a capital da província de Guangdong. “Desde o início que as nossas orientações são promover a cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau e, sobretudo, promover o desenvolvimento diversificado das indústrias de Macau”, aponta.

Aposta no futuro

Hengqin conta já com o maior oceanário do mundo, o Chimelong Ocean Kingdom, que integra um complexo com mais de 130 hectares e inclui salas de espectáculo e hotéis de luxo. Assimilando uma herança arquitectónica de Macau, a localidade construiu também calçadas portuguesas.

A integração insere-se no projecto apadrinhado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a Área da Grande Baía – uma metrópole mundial, construída a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas.

Guangdong é a província chinesa que mais exporta e a primeira a beneficiar das reformas económicas adoptadas pelo país no final dos anos 1970, integrando três das seis Zonas Económicas Especiais da China – Shenzhen, Shantou e Zhuhai. O PIB da área que compõe a Grande Baía, cuja população é de cerca de 70 milhões de habitantes, aproxima-se dos 1,5 biliões de dólares – maior que as economias da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.

Além de integrar Macau e Hong Kong, Pequim pretende também transformar o modelo de crescimento da região: o objectivo é reforçar o consumo doméstico e serviços em detrimento das exportações e manufactura.

“O Governo quer usar a Área da Grande Baía para encurtar a lacuna [tecnológica] que a China tem com os Estados Unidos, Japão e outros países desenvolvidos”, diz à Lusa Edmond Wu, professor de Economia na South China University of Technology, em Cantão. “Existe nesta região uma cultura de inovação”, explica.

As autoridades de Hengqin oferecem reduções fiscais para empresas dos sectores de alta tecnologia ou serviços. “A nossa aposta não é a manufactura: queremos atrair indústrias de alta tecnologia, finanças, biofarmacêutica ou saúde”, realça Yang Chuan.

“Os nossos maiores atractivos são o acesso ao enorme mercado da China [continental] e os canais e janelas de comunicação internacionais convenientes e únicos devido à proximidade a Macau e Hong Kong”, resume.

Grande Baía | Integração acelera com criação de grande metrópole no sul da China

Vinte anos após a transferência de administração de Portugal para a China, Macau está a ser rapidamente integrada no continente chinês, através da criação de uma grande metrópole no Delta do Rio das Pérolas

 
[dropcap]N[/dropcap]a localidade chinesa de Hengqin, milhares de operários de construção trabalham dia e noite para garantir que um novo porto, que agilizará a circulação de pessoas e bens entre o continente e Macau, é inaugurado a 20 de Dezembro, quando se celebra o aniversário da transição.
A Zona Piloto de Comércio Livre de Hengqin, que pertence à cidade de Zhuhai, já está ligada ao território outrora administrado por Portugal, e hoje uma região semiautónoma chinesa e capital mundial do jogo, por um posto fronteiriço aberto 24 horas por dia e um túnel de acesso ao novo ‘campus’ da Universidade de Macau, cujo terreno foi arrendado por Zhuhai à região.
Mas o novo porto, que ficará sob a jurisdição de Macau, assim como terrenos adjacentes, permitirá que o fluxo entre o continente e a região, e vice-versa, se reduza a um só controlo fronteiriço, face aos actuais dois – saída e entrada. Actualmente, um autocarro transporta os passageiros entre os dois postos de controlo.
“Devido à sua localização única, o Governo Central atribui grande importância a Hengqin”, descreve à agência Lusa o director do comité administrativo local, Yang Chuan, num ostentoso hall de exposições, dedicado ao desenvolvimento da localidade, e equipado com painéis LED e ecrãs interactivos.
O novo porto servirá também como um ‘hub’ para uma “futura conexão entre o trânsito” e uma ligação ferroviária subterrânea entre Macau e a linha Hengqin – Cantão, a capital da província de Guangdong. “Desde o início que as nossas orientações são promover a cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau e, sobretudo, promover o desenvolvimento diversificado das indústrias de Macau”, aponta.

Aposta no futuro

Hengqin conta já com o maior oceanário do mundo, o Chimelong Ocean Kingdom, que integra um complexo com mais de 130 hectares e inclui salas de espectáculo e hotéis de luxo. Assimilando uma herança arquitectónica de Macau, a localidade construiu também calçadas portuguesas.
A integração insere-se no projecto apadrinhado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a Área da Grande Baía – uma metrópole mundial, construída a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas.
Guangdong é a província chinesa que mais exporta e a primeira a beneficiar das reformas económicas adoptadas pelo país no final dos anos 1970, integrando três das seis Zonas Económicas Especiais da China – Shenzhen, Shantou e Zhuhai. O PIB da área que compõe a Grande Baía, cuja população é de cerca de 70 milhões de habitantes, aproxima-se dos 1,5 biliões de dólares – maior que as economias da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.
Além de integrar Macau e Hong Kong, Pequim pretende também transformar o modelo de crescimento da região: o objectivo é reforçar o consumo doméstico e serviços em detrimento das exportações e manufactura.
“O Governo quer usar a Área da Grande Baía para encurtar a lacuna [tecnológica] que a China tem com os Estados Unidos, Japão e outros países desenvolvidos”, diz à Lusa Edmond Wu, professor de Economia na South China University of Technology, em Cantão. “Existe nesta região uma cultura de inovação”, explica.
As autoridades de Hengqin oferecem reduções fiscais para empresas dos sectores de alta tecnologia ou serviços. “A nossa aposta não é a manufactura: queremos atrair indústrias de alta tecnologia, finanças, biofarmacêutica ou saúde”, realça Yang Chuan.
“Os nossos maiores atractivos são o acesso ao enorme mercado da China [continental] e os canais e janelas de comunicação internacionais convenientes e únicos devido à proximidade a Macau e Hong Kong”, resume.