Educação | Governo afasta proibição de centro de explicações privados João Santos Filipe - 24 Set 2021 A Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento de Juventude considera que os centros de explicações assumem um papel importante na sociedade de Macau ao tomarem conta das crianças A Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento de Juventude (DSEDJ) não equaciona implementar uma proibição dos centros de explicações privados, como aconteceu no Interior. A posição foi explicada com o papel que estas instituições assumem ao tomar conta das crianças. No final de uma reunião do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior, em que se discutiu a importância dos pais na educação, Wong Ka Ki, o chefe do Departamento do Ensino Não Superior, recusou que o Governo tenha intenções de proibir os centros de explicações. Segundo Wong, houve uma “recolha de dados” sobre os centros e concluiu-se que têm um valor importante para a sociedade: “Na verdade, os centros de explicações assumem como função principal tomar conta das crianças”, justificou o representante da DSEDJ. Sobre o papel dos pais, foi ainda sublinhado pela DSEDJ a relevância de se acompanhar a saúde mental das crianças ao longo do percurso escolar. De acordo com o Executivo, o objectivo passa por “aumentar o sentimento de felicidade dos alunos”. Ainda em relação à felicidade dos estudantes, a DSEJ foi questionada sobre medidas a tomar para combater o suicídio dos jovens. Wong respondeu que houve um reforço das equipas de psicólogos que intervêm nas escolas, com mais nove especialistas na área, que se juntam às equipas anteriormente formadas. Formação técnico-profissional O Conselho de Educação para o Ensino Não Superior de ontem serviu também para discutir o desenvolvimento para o futuro do ensino técnico-profissional. A discussão teve por base o novo regulamento administrativo do sector, que vai entrar em vigor em Setembro do próximo ano. Sobre o impacto das novas normas, Leong I On, chefe da Divisão de Ensino Secundário da DSEDJ, reconheceu que haverá cursos que vão ter de sofrer alterações. “Francamente, os cursos antigos vão precisar de fazer alterações. Os cursos vão ter de ser ajustados de acordo com o novo regime”, indicou Leong. “O antigo regime está em vigor desde 1996 e passaram mais de 20 anos […] o novo regime vai permitir novas aulas, mas também um regime de cooperação com empresas”, completou. Actualmente, existem 34 cursos de ensino profissional em novo escolas, que abrangem cerca de 1.070 alunos. “São cerca de oito por cento dos alunos do ensino secundário. E em comparação com os anos anteriores não teve nem grandes aumentos nem reduções”, considerou o chefe da Divisão de Ensino Secundário. De braço estendido Mais de cinco mil professores e alunos estão prontos para serem vacinados. De acordo com Wong Ka Ki, chefe do Departamento do Ensino Não Superior houve entre 5 mil e 6 mil professores e alunos que se registaram no programa de vacinação contra a covid-19 das escolas. “Nós temos 11 escolas que receberam as equipas para haver vacinação. Temos também cerca de 60 escolas onde há veículos do Governo para fazer o transporte para o Fórum Macau, onde decorre a vacinação”, afirmou Wong. De acordo com a mesma informação, o ensino secundário de Macau tem mais de 20 mil estudantes com idades superiores a 12 anos.
Secretário Raimundo do Rosário abdica de pensão enquanto for secretário João Santos Filipe - 24 Set 2021 Segundo um despacho publicado no Boletim Oficial, Raimundo do Rosário vai renunciar a mais de 3,3 milhões de patacas até ao final do mandato. A reforma compulsiva não tem impacto no cargo de secretário, mas impede o regresso à função pública O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, está reformado da Função Pública desde 23 de Agosto, mas abdicou da reforma. A informação consta de despacho publicado ontem no Boletim Oficial. A reforma, motivada por ter atingido a idade limite de 65 anos, não afecta a nomeação para o cargo de secretário. Neste cenário, a aposentação significa que no final do mandato de secretário, em Dezembro de 2024, Raimundo do Rosário não pode voltar aos quadros da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, onde desempenhava funções de técnico superior assessor principal de 4.º escalão. “Raimundo Arrais do Rosário apresentou uma declaração escrita, em 23 de Agosto de 2021, de que para todos os efeitos tidos por convenientes que prescinde da percepção da pensão de aposentação que lhe é devida […] enquanto se mantiver no desempenho do cargo de Secretário para os Transportes e Obras Públicas”, pode ler-se no despacho da presidente do Fundo de Pensões, Ermelinda Xavier. A opção significa que Raimundo do Rosário abdica de um valor superior a 3,3 milhões de patacas, tendo em conta que a reforma mensal é de 82.810 patacas e faltam três anos e quatro meses para o fim das actuais funções. As condições do sacrifício Apesar de abdicar da pensão, Raimundo do Rosário vai continuar a usufruir do salário mensal de 149.847 como secretário. A este valor podem ainda juntar as despesas de representação de 37.462 patacas, o que significa que todos os meses pode auferir 187.309 patacas. O montante é igual para os cinco secretários do Governo. Rosário optou por não acumular salário e reforma, no entanto, a “suspensão” da pensão tem duas condições, de acordo com o conteúdo do despacho publicado ontem. Por um lado, a suspensão perde efeito “a partir da data em que deixar de desempenhar o seu actual cargo”. Por outro, a suspensão é apenas válida até ao “dia anterior em que se verifica a prescrição” da reforma. A última condição salvaguarda Raimundo do Rosário contra o n.º 2 do artigo 272.º do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, que define que “o não recebimento das pensões durante o prazo de 3 anos consecutivos a contar do vencimento da primeira implica a prescrição do direito unitário à pensão”.
AL | Kou Kam Fai, Chan Hou Seng e Cheung Kin Chung nomeados deputados João Santos Filipe - 24 Set 2021 Foram conhecidos ontem os deputados nomeados pelo Chefe do Executivo. Entre o elenco de sete legisladores da confiança de Ho Iat Seng, destaque para três caras novas e para as saídas de Joey Lao, Chan Wa Keong e Davis Fong Kou Kam Fai, Chan Hou Seng e Cheung Kin Chung são as novidades entre os sete deputados nomeados pelo Chefe do Executivo para os próximos quatros anos da Assembleia Legislativa. Entre os nomes revelados ontem, em comunicado, ficam de fora Joey Lao, economista, Chan Wa Keong, advogado, e Davis Fong, académico. Segundo o Gabinete de Comunicação Social, Kou Kam Fai tem 56 anos, é doutorado em gestão e exerce o cargo de director da Escola Secundária Pui Ching. Por sua vez, Chan Hou Seng, 58 anos, tem mestrado em Literatura e profissionalmente exerce funções como investigador especializado no Instituto de Pintura e Caligrafia da Academia da Cidade Proibida e director-geral da Sociedade de Arte do Selo Hou Kong. Finalmente, na lista de novos deputados consta também Cheung Kin Chung, mestrado em gestão de empresas e doutorado em Gestão Turística. A nível profissional, é gerente-geral da Macau CTS Hotel Management (International) Ltd. e presidente do conselho de administração da Agência de Viagens e de Turismo China (Macau). Joey Lao, Chan Wa Keong e Davis Fong são assim substituídos, depois de terem cumprido apenas um mandato. Os ainda deputados, estatuto que só perdem com a tomada de posse dos novos legisladores, tinham sido escolhidos pelo ex-Chefe do Executivo, Chui Sai On. Aposta na continuidade Os restantes deputados nomeados, Ma Chi Seng, Iau Teng Pio, Pang Chuan e Wu Chou Kit, mantêm o cargo por mais quatro anos. Ma Chi Seng é membro da família Ma, uma das mais influentes do território, tem 43 anos e é licenciado em gestão de empresas. Actualmente desempenha as funções de membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico, Tesoureiro da Direcção do Comité Olímpico e Desportivo de Macau, e de coordenador da Comissão de Juventude do Comité Olímpico e Desportivo de Macau. Por sua vez, Iau Teng Pio, de 57 anos, é doutorado em Direito, membro do Conselho Executivo do Governo e director-adjunto da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. Pang Chuan, 50 anos de idade, tem no currículo um doutoramento em Gestão e desempenha e assume o cargo de membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico, e de vice-reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e de reitor da Escola de Pós-Graduação da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Finalmente, Wu Chou Kit, de 52 anos, é licenciado em engenharia civil e mestrado em gestão de empresas. É membro do Conselho do Património Cultural e presidente da assembleia-geral da Associação dos Engenheiros de Macau.
Ismael Hipólito Djata, artista plástico da Guiné-Bissau: “A cultura foi o pilar para a independência” Andreia Sofia Silva - 24 Set 2021 Inaugurada na terça-feira no edifício do Fórum Macau, a mostra “Destruição da Humanidade” não é apenas a visão do artista guineense Ismael Hipólito Djata sobre inversão de valores, mas também um grito de alerta sobre a forma como a cultura é tratada pelas autoridades da Guiné-Bissau. Juntamente com os irmãos, também artistas, Ismael Hipólito Djata chamou para si a responsabilidade agitar o panorama artístico guineense A sua exposição, intitulada “Destruição da Humanidade”, foi inaugurada esta semana. Como encara esta oportunidade de expor em Macau? É uma alegria enorme fazer uma exposição em diferentes países, para que os povos possam apreciar as nossas obras e entender as mensagens. Temos obras com linguagens universais, é a nossa cultura e realidade, a nossa convivência. É sempre um enorme prazer receber este tipo de convite. Macau é uma região asiática, mas de língua portuguesa e é uma enorme felicidade ter recebido este convite. Porque decidiu dar esta nome à sua exposição? Qual a principal mensagem que quer transmitir com as suas obras? Esta exposição é composta por três partes. Na primeira parte tento mostrar imagens de fora da minha cultura. Somos um povo com 36 etnias, diferentes dialectos e modos de vestir, mas somos um povo unido. Temos uma rica diversidade cultural, só que o país não está a aproveitar a cultura para se desenvolver. Mas a cultura foi o pilar para a independência, e por isso peguei em algumas imagens culturais e tentei desfazê-las, para mostrar que a nossa cultura está cada vez mais a perder-se. Há ainda uma parte na exposição que fala do universo, que é a destruição da humanidade. [Essa representação] é feita com a imagem descascada de um senhor velho e dentro da sua cabeça estão algumas peças. Esse quadro fala-nos do universo e da sabedoria dos mais velhos, que é tradicional, até na medicina, o modo de falar. A nossa geração não está a aproveitar isso. Alguns quadros falam dessa filosofia, porque, como é uma exposição na Ásia, tentei mostrar alguns dos meus pensamentos ligados à humanidade e não apenas sobre a cultura guineense. Parece defender que há uma mudança de valores. Vivi alguns anos na Europa. Não conheço muito a realidade asiática. África não tem fábricas de armas, mas compra armas a outros países. África ainda é escravizada, e nós africanos não estamos unidos e não escrevemos as nossas histórias, que são contadas por outros povos. Ninguém conhece a nossa cultura. Essa é uma parte negra de África, pois temos uma riqueza que está a alimentar outros continentes. Somos o berço da alimentação da Europa, mas nós, africanos, estamos na lista negra em termos do desenvolvimento e de alimentação. Aqui muitos pensam que a Europa está desenvolvida, e de facto está em muitas coisas. Mas e a educação europeia? Tem muita negatividade. Em que sentido? Quando estive em França a minha primeira decepção foi ver uma criança a falar mal para os seus pais. Aqui em África isso não existe. Há outros exemplos que eu considero que estão a destruir a humanidade, como o problema da poluição, as alterações climáticas. Os valores africanos têm então algo a mostrar sobre a preservação da humanidade? Nós não temos um museu que conte a história de África, das nossas etnias. África é um mosaico cultural muito grande e muito diferente da Europa ou Ásia. Mas quem conta a nossa história? Ninguém. Em França ou na América há museus sobre a cultura africana, porque é que não promovemos a nossa cultura? Porque não fazemos esta divulgação, porque não escrevemos os nossos livros a contar histórias para as gerações vindouras? É preciso que nós, africanos, comecemos a assumir esta responsabilidade e que sejamos divulgadores e protectores da nossa identidade cultural. O seu trabalho como artista tem, portanto, uma mensagem política e de intervenção social. Sim. É difícil fugir disso porque vivemos num continente onde existe muita corrupção. Não podemos mostrar só do que é bom e não mostrar o nosso descontentamento. Falou do projecto de abrir uma galeria de arte em Bissau. O que pretende fazer com a iniciativa? Somos quatro irmãos, pintores, escultores e escritores, e quando começámos os nossos projectos artísticos percebemos que tínhamos um papel, o de sermos embaixadores deste país. Queremos promover a imagem da Guiné-Bissau além-fronteiras. Assumimos o compromisso de ajudar este país a desenvolver-se culturalmente. Como artistas vemos que o país é independente há mais de 40 anos e nunca teve uma galeria de arte. Não há materiais ligados às artes plásticas. Ficamos preocupados com as novas gerações. Achámos que não tínhamos necessidade de ficar na Europa pois é um continente que já está desenvolvido nesta área. Então decidimos voltar para a Guiné e criar uma galeria onde promovemos a arte e também ensinamos. Trazemos pintores internacionais para expor na nossa galeria e os pintores nacionais também. Falamos com as pessoas e também damos apoio em projectos sociais, com escolas, fazemos pequenos donativos para ajudar a combater a pobreza. Queremos também construir um museu e estamos à procura de financiamento. Esse museu vai juntar escolas, por exemplo. Disse que após 40 anos de independência o país não um forte sector cultural. Como explica tal facto? Não tem sido implementada uma política cultural na Guiné-Bissau. Temos várias leis do sector que não estão a ser implementadas. A cultura é desprezada pelos governantes, porque para eles não é uma questão económica. Mas a cultura é a identidade de um povo, retrata-nos. E eles não têm essa consciência para conhecer a cultura, porque pensam que não têm benefícios com ela. O Orçamento de Estado dedica a percentagem mais baixa à cultura. Os artistas reclamam bastante: imagine um país sem salas de espectáculos ou de exposições. Dão mais valor aos músicos. Estamos juntos com alguns colegas artistas de diferentes áreas e tentamos reivindicar de forma pacífica que a cultura é também uma alavanca no desenvolvimento de um país. É embaixador do ONU Habitat. Que funções ou mensagens transmite? Entre os objectivos do milénio definidos pela ONU, um deles é sobre o urbanismo, a situação social. Então acharam que eu, como artista, podia ajudar a comunidade transmitindo mensagens sobre o urbanismo e de como a arte pode mudar uma comunidade. Todos os anos temos um objectivo para implementar e este ano fizemos a campanha das limpezas em diferentes bairros. Organizamos um campeonato. Pegamos nessas imagens e projectamos nas ruas através do grafitti, para mostrar como podemos ter comunidades limpas e bem organizadas. As casas aqui estão amontoadas, não há limpeza. Formou-se em Portugal numa área que nada tem a ver com as artes plásticas. Como é que a arte surge na sua vida? Comecei a ligar-me à cultura aos seis anos, porque na altura tínhamos de iniciar a primeira classe com sete anos. Os meus irmãos já estavam na escola e quando estudavam o meu pai dava-me folhas para eu desenhar e não os incomodar quando estudavam à noite, e eu copiava desenhos. Cresci assim, e comecei a ter interesse por desenho. Os professores pediam-me para ir ao quadro fazer desenhos do corpo humano nas aulas de ciências, os colegas diziam que eu tinha talento e que um dia iria ser artista. Mas eu pensava mais em arquitectura. Tornei-me artista quando a Guiné-Bissau caiu na maior tragédia da sua história: a guerra de 1998. A guerra durou um ano e tivemos de nos refugiar no interior do país. Vi crianças a esculpirem cabaças, a fazer missangas, e aprendi com elas usando o talento que tinha. O meu irmão pegou no meu primeiro trabalho e vendeu-o. Fiquei triste, mas rendeu muito. Quando voltou tinha muitas encomendas. Queria estudar, mas não tinha a ambição de ser artista. Comecei a ensinar os meus irmãos a fazer essas esculturas de cabaças porque sozinho não conseguia fazer tudo, um pintava e outro desenhava. Depois fizemos a nossa primeira exposição. Hoje temos uma responsabilidade nos nossos ombros [com a Irmãos Unidos Arts] e os guineenses sentem muito orgulho do que fazemos. Somos uns dos melhores no país, ganhamos prémios e estamos representados. É difícil deixar as pessoas que já têm confiança em nós.
Presidente do grupo Evergrande apela a que se faça “tudo o possível” para honrar compromissos Hoje Macau - 23 Set 2021 O presidente do grupo de imobiliário Evergrande, cuja possível falência pode abalar a economia chinesa, pediu hoje à empresa que “faça tudo o possível” para honrar os seus compromissos, refere a imprensa do país. O conglomerado privado está a ter dificuldades em cumprir com o serviço de dívida, que ascende é de cerca de 300 mil milhões de dólares americanos, cinco vezes superior ao que o banco de investimentos Lehman Brothers devia em 2008 aquando da crise do subprime nos EUA, e que gerou uma crise financeira mundial. A entrada em incumprimento pode resultar numa forte desaceleração nos sectores de construção da China e causar turbulência nos mercados financeiros mundiais. O Evergrande enfrenta há várias semanas, em todo a China, manifestações de compradores de apartamentos e investidores que exigem as casas, muitas que ficaram inacabadas, ou o dinheiro que investiram. O presidente do grupo, Xu Jiayin, convocou mais de 4.000 executivos da empresa para exortá-los a “dedicar toda a sua energia à retomada do trabalho, à produção e à entrega de bens imóveis”. Outrora dono de uma das maiores fortunas da China, Xu também destacou que o grupo deve “fazer tudo o possível para honrar” os seus compromissos. O Evergrande enfrentou novo prazo esta quinta-feira para cumprir o pagamento de 83,5 milhões de dólares, em juros, sobre obrigações emitidas em dólares norte-americanos. Incapaz de obter empréstimos nos mercados financeiros e com falta de liquidez, o grupo tentou reembolsar alguns destes credores com lugares de estacionamento e imóveis inacabados. “Só com a recuperação plena e total das nossas obras, da nossa produção, das nossas vendas e das nossas operações é que poderemos garantir os direitos e interesses dos proprietários dos apartamentos e garantir o pagamento aos investidores”, apontou Xu Jiayin, de acordo com o jornal de notícias financeiras China Securities Journal. O Governo chinês não indicou ainda se pretende ou não intervir a favor do conglomerado privado.
Cultura | Visitas a monumentos e locais históricos aumenta mais de 60 por cento Andreia Sofia Silva - 23 Set 2021 A aposta das autoridades na promoção de visitas turísticas em Macau levou a um aumento da procura por passeios ligados ao património. É o que revela o mais recente “inquérito à participação dos cidadãos em actividades culturais”, levado a cabo pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Os dados mostram que 123.100 residentes realizaram vistas a museus ou locais ligados ao património, um aumento de 60,6 por cento “devido à promoção das excursões locais”. Outra actividade muito procurada foi as idas às bibliotecas, que contou com a participação de mais de 150 mil residentes no segundo trimestre deste ano, um aumento de 39,4 por cento em termos anuais. A taxa de participação dos estudantes nesta actividade foi de 80,6 por cento, mais 14,5 por cento em termos anuais. As idas ao cinema foi outra das actividades culturais mais procurada, desta vez por 124.300 residentes, um aumento de 29,5 por cento em relação ao segundo trimestre de 2020. A DSEC aponta ainda que “33.200 residentes assistiram a filmes ou vídeos produzidos em Macau”, uma redução de 14,2 por cento. A queda deu-se ainda nas idas aos espectáculos, procurados por apenas 38.600 residentes, menos 5,2 por cento em termos anuais. Um total de 28.200 residentes visitaram exposições, um aumento de 18,2 por cento. Em termos gerais, o número de pessoas que participaram em actividades culturais teve uma grande quebra no primeiro trimestre devido à pandemia, mas com a reabertura de espaços houve um aumento anual de 27 por cento de participação no segundo trimestre. Um total de 291 mil residentes participaram em eventos ligados à cultura.
H5N6 | Detectado caso de infecção em Guangdong Hoje Macau - 23 Set 2021 Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) receberam informações das autoridades de Guangdong quanto ao registo de um caso de infecção humana pela gripe aviária de H5N6. Trata-se de um homem de 53 anos que é residente da Aldeia Nova de Dongpu, Yangwu, da Vila de Dalingshan, da cidade de Dongguan, pertencente a Guangdong. Segundo uma nota de imprensa, o homem começou a ter febre, dores de cabeça e tonturas a 13 de Setembro, tendo-se deslocado ao hospital no dia 18. No dia seguinte o homem começou a ter dificuldades em respirar e teve de ser ligado a um ventilador. O internamento numa unidade de cuidados intensivos aconteceu esta terça-feira. “As amostras de expectoração foram testadas pelo laboratório com o resultado positivo para o vírus da gripe aviária H5N6”, aponta a mesma nota, sendo que “o estado do doente é ainda grave”. Antes da ocorrência dos sintomas, o doente apresentou um historial de exposição a pássaros selvagens e aves domésticas. Os SSM apelam aos residentes para que evitem o contacto com aves, além de terem atenção aos cuidados de higiene individual e alimentar. Desde 2014 que foram registados vários casos confirmados de infecção humana pela gripe aviária H5N6 nas províncias de Sichuan, Guangdong, Yunnan, Hubei, Hunan, Anhui, Região Autónoma da Etnia Zhuang de Guangxi e Jiangsu.
Auto-suficiência tecnológica vai abrandar crescimento económico da China, diz Câmara de Comércio da UE Hoje Macau - 23 Set 2021 A campanha do Partido Comunista Chinês (PCC) para aumentar o controlo sobre indústrias chinesas e reduzir a dependência de tecnologia estrangeira está a afetar o crescimento económico do país, alertou hoje um grupo empresarial europeu. A Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China apelou a Pequim para reverter o curso e abrir mais os setores de mercado dominados pelo Estado. O relatório acrescentou advertências sobre os custos da estratégia de Pequim, numa altura em que o ritmo de crescimento económico está a abrandar e a população chinesa a envelhecer, preconizando o fim de uma era de altas taxas de crescimento. Os planos do PCC estão também a abalar as relações com Washington e vários países europeus, que acusam a China de violar os seus compromissos comerciais, de maior abertura do mercado, aquando da sua adesão à Organização Mundial do Comércio. O grupo empresarial europeu alertou que a China corre o risco de sufocar a inovação, ao aumentar as restrições e controlos sobre o emergente setor digital e outras empresas do setor privado, e ao tentar nutrir firmas domésticas para produzir ‘chips’ de processador e outras tecnologias que importa atualmente dos Estados Unidos, Europa e Japão. Pequim está a estimular os bancos, fabricantes e empresas do setor dos serviços a usar tecnologia chinesa, mesmo quando as alternativas estrangeiras são mais eficazes. “Vemos que, na verdade, eles estão dispostos a sacrificar o potencial de crescimento para, francamente, aumentar o controlo económico e político”, disse o presidente da Câmara, Joerg Wuttke, aos jornalistas. Caso o país asiático adotasse reformas integrais de mercado, a produção económica da China por pessoa poderia aumentar até 3,5 vezes, ao longo dos próximos 25 anos, estimou a mesma fonte. “A China corre o risco de ficar abaixo do seu potencial”, disse Wuttke. A Câmara citou uma estimativa do Fundo Monetário Internacional, de que o nível de produtividade da China é de apenas 30%, quando comparado aos níveis dos Estados Unidos, Japão ou Alemanha. A Câmara apelou a Pequim para abrir os setores das telecomunicações, finanças e outros dominados pelo Estado, e fez 930 recomendações, incluindo um apelo aos reguladores para esclarecer a campanha regulatória no setor da Internet. O país asiático deve “aumentar a integração na economia global e afastar-se da ‘auto-suficiência’”, apontou-se no relatório. A economia chinesa deve crescer 8,5% este ano, à medida que se recupera da pandemia do novo coronavírus. Mas o crescimento deve cair abaixo dos 5%, após 2025, numa altura em que uma população envelhecida exigirá mais gastos com o bem-estar social. A Câmara, que representa cerca de 1.700 empresas europeias na China, também apelou a Pequim para permitir a entrada de mais empresários estrangeiros e outros visitantes. Alguns funcionários considerados essenciais pelas suas empresas ficaram retidos no exterior, quando Pequim suspendeu as viagens, no início de 2020, devido à pandemia da covid-19. O último censo da China apurou que há apenas 845.697 estrangeiros a viver no país mais populoso do mundo, ou 0,06% do total de 1,4 mil milhões de habitantes. Wuttke afirmou que aquela poderá ser a menor percentagem entre todos os países do mundo. O número de residentes estrangeiros em Pequim e Xangai, cidades com uma população combinada de 45 milhões de pessoas, caiu 60%, de 2019, para 127.000, no ano passado.
Um dos maiores accionistas da Evergrande anuncia que vai vender participação Hoje Macau - 23 Set 2021 A firma de investimento imobiliário Chinese Estates, a principal accionista do grupo Evergrande, anunciou hoje planos para alienar a sua participação na empresa, devido à sua débil situação financeira actual. Em comunicado, enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Chinese Estates explicou que o Conselho de Administração está “preocupado” com os últimos dados fornecidos pela Evergrande sobre a sua liquidez e com as “possíveis consequências”, caso as medidas anunciadas para remediar a situação “não possam ser aplicadas de forma eficaz”. A Chinese Estates é um dos principais investidores corporativos da Evergrande. Em final do mês passado, a sua participação era de 5,66%. Desde então, vendeu quase 109 milhões de ações, representando cerca de 0,82% da participação na Evergrande, por um total de 246,5 milhões de dólares de Hong Kong. Depois de consultar os accionistas, a empresa tem agora um máximo de 12 meses para se desfazer do restante da sua participação. As acções da Evergrande desvalorizaram cerca de 80% desde o início do ano. Se conseguir vender toda a sua participação na Evergrande, a Chinese Estates estima um prejuízo de 9.486 milhões de dólares de Hong Kong no ano corrente. Considerada a imobiliária mais endividada do mundo, a Evergrande tem graves problemas de liquidez e está em risco de entrar em incumprimento. Hoje é um dia chave para o grupo, uma vez que expira o prazo para pagar cerca de 84 milhões de dólares correspondentes aos juros de algumas obrigações emitidas em dólares, aos quais se juntam, no próximo dia 29, outros 47,5 milhões de dólares. Analistas afastam crise Os analistas contactados pela Lusa descartam que se possa comparar o caso da chinesa Evergrande à queda do banco norte-americano Lehman Brothers, que marcou o início do último grande sismo financeiro, afastando uma crise mundial. O analista do banco BIG João Lampreia disse que considerar esta situação “um momento Lehman Brothers não faz sentido”, ainda que a empresa Evergrande seja das maiores construtoras e imobiliárias da China. A menção ao Lehman Brothers recorda a queda deste banco de investimento dos EUA em 2008, uma das instituições financeiras mais prestigiadas de Wall Street, que sucumbiu aos créditos imobiliários sem qualidade ou de qualidade fraca, os designados ‘subprime’. A sua falência precipitou a economia internacional em 2008 na pior crise financeira desde 1929, seguida de uma crise económica. O analista estimou que haja perdas, sobretudo para accionistas e obrigacionistas da Evergrande, mas que tal já não é novidade para os mercados, que já o antecipavam. Além disso, o mercado imobiliário e o mercado financeiro tinham um nível de entrecruzamento nos Estados Unidos que não se compara com o que se passa na China, pelo que o impacto desta empresa não será o mesmo. Contudo, afirmou, este caso demonstra como o abrandamento da economia chinesa representa um risco para o mundo, mas que também houve aqui um oportunismo dos mercados para corrigirem riscos excessivos. Estimou ainda que, a médio e longo prazo, possa ter efeitos benéficos na economia, pois é provável que o Governo de Xi Jinping reverta a política de contração iniciada no início do ano e que para conter riscos mais graves dê como resposta uma política monetária mais favorável aos activos chineses. Também o mercado imobiliário chinês, disse, não deverá rebentar, pois, apesar de relatos de cidades fantasma, nas grandes cidades há um grave problema de oferta para a elevada procura. Além disso, os 300 mil milhões de dólares de dívida da Evergrande representam só 2% do total do crédito imobiliário na China. Segundo Eduardo Silva, analista da XTB, os mercados ficaram nervosos com a informação de que o Governo chinês não estaria disponível para resgatar a empresa e preocupados com o efeito sistémico deste conglomerado da segunda maior economia do mundo. Contudo, disse acreditar que haverá ajudas indiretas, que o executivo chinês irá arranjar maneira de intervir na sombra. Ainda assim, afirmou, qualquer “tipo de solução arrasta problemas para alguém, que terão de assumir perdas”, mas afastou uma crise mundial decorrente da Evergrande. Também Ricardo Evangelista, analista da ActivTrades, considerou que a Evergrande “não é outro Lehman Brothers, nem nada que se pareça”, que a dívida emitida pela empresa é detida, sobretudo, por empresas chinesas e investidores chineses e que haverá medidas de menorização dos danos. Sobre as consequências, considerou que no imediato o principal efeito poderá ser de alguma desaceleração da economia chinesa, poderá diminuir a confiança dos agentes económicos (por exemplo, reduzindo a compra de casas), mas que em poucos meses estarão ultrapassados os seus efeitos. Depois do sobressalto nas bolsas de segunda-feira, esta quarta-feira já estiveram mais calmas, considerando mesmo Ricardo Evagelista que muita da ansiedade nos mercados se terá devido à expectativa face ao que a Reserva Federal dos EUA (Fed) iria anunciar. Das casas ao futebol Evergrande, o maior promotor imobiliário da China, assegura estar presente em mais de 280 cidades, empregar 200 mil pessoas e gerar indiretamente 3,8 milhões de empregos. A empresa cresceu graças ao fácil acesso a crédito na China e à especulação imobiliária. Desde há uma dezena de anos que o grupo se diversificou e multiplicou as aquisições. Possui um clube de futebol, o Guangzhou FC (ex-Guangzhou Evergrande), que é treinado pelo italiano campeão do mundo Fabio Cannavaro. Está também presente no florescente mercado do alimentar a água mineral, com a sua marca Evergrande Spring, e sonha abrir parques de diversão “ainda maiores” do que a Disney, bem como investir no turismo, internet e digital, seguros e saúde. Estas elevadas despesas foram financiadas por créditos negociados por Xu Jiayinn, o fundador da Evergrande que se tornou a quinta maior fortuna da China. Em 2020, o Governo chinês tomou medidas severas dirigidas aos promotores imobiliários, para os obrigar a reduzir o endividamento. Agora, é-lhes interdito pré-vender bens imobiliários antes que a construção esteja terminada, um sistema que representava uma parte importante do modelo económico da Evergrande. O grupo perdeu a capacidade de reembolsar os empréstimos contraídos, pondo em causa o reembolso de dois empréstimos. Perante os receios, muitos clientes pequenos que detêm dívida da Evergrande foram, nos últimos dias, a escritórios da empresa pedir para ser devolvido o seu dinheiro. A situação do grupo pôs as atenções na intervenção do Governo chinês.
Cerca de 8.000 pessoas em Myanmar forçadas a fugir após ataques de exército Hoje Macau - 23 Set 2021 A maioria dos 8.000 habitantes de uma pequena cidade birmanesa perto da fronteira com a Índia foram forçados a fugir após ataques de artilharia pelo exército terem destruído cerca de 20 casas e causado o caos. Segundo os meios de comunicação locais, os residentes da pequena cidade de Thantlang no estado de Chin fugiram após a cidade ter sido completamente devastada durante o fim de semana por ataques a edifícios civis pelo exército, que tomou o poder num golpe de Estado a 01 de fevereiro, informou o site Myanmar Now. Imagens divulgadas nos últimos dias pelos media locais mostram uma cidade devastada onde pelo menos dezanove casas foram destruídas em ataques de artilharia no sábado em Thantlang, ao mesmo tempo que eclodiram confrontos entre os grupos de defesa militar e civil na cidade vizinha de Hakha. Segundo a imprensa local, milhares dos que fugiram atravessaram a fronteira para o estado indiano de Mizoram por medo de represálias da junta militar especialmente depois dos soldados terem morto um pastor cristão que saiu para apagar um incêndio numa casa incendiada pela artilharia. Em resposta, o jornal pró-governamental Global New Light of Myanmar disse quarta-feira que a morte do pastor está sob investigação e justificou os ataques como uma emboscada por uma centena de “terroristas” contra os soldados. De acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), mais de 206.000 pessoas foram deslocadas pelo conflito desde o golpe de fevereiro e três milhões de pessoas necessitam de assistência no país.
Próxima viagem tripulada à estação espacial vai incluir uma mulher Hoje Macau - 23 Set 2021 A próxima missão espacial tripulada da China, programada para Outubro, e que visa prosseguir com a construção da estação espacial do país, vai incluir uma mulher, anunciou ontem a imprensa local. A nave espacial Shenzhou-13 vai transportar um grupo de astronautas para a estação espacial Tiangong (“Palácio Celestial”). Alguns órgãos de comunicação chineses indicaram que o Shenzou-13 vai partir em 3 de Outubro. O portal de ciências Quwei Tansuo, citado por diversos meios de comunicação, revelou que haverá uma astronauta entre a tripulação, e que será Wang Yaping, que já integrou a expedição Shenzhou-10, em 2013. Wang foi a segunda mulher chinesa a viajar para o espaço, depois de Liu Yang, a primeira a fazê-lo, em 2012. De acordo com Huang Weifen, coordenador sénior da agência chinesa dedicada às missões espaciais tripuladas, a próxima tripulação vai ter três objectivos: verificar a sustentabilidade de longas estadias, realizar caminhadas espaciais para testar fatos espaciais e braços robóticos, e a realização de experiências científicas em órbita. A tripulação vai passar seis meses no espaço, o dobro do tempo passado pela tripulação anterior. Regresso a casa Na semana passada, a nave espacial Shenzhou-12, que significa “nave divina”, voltou à Terra, com três astronautas a bordo: Nie Haisheng, Liu Boming e Tang Hongbo. Estes passaram 90 dias na estação espacial. Actualmente, os astronautas estão em quarentena e a ser submetidos a exames médicos, após a sua permanência fora da Terra. A estação espacial deverá estar operacional no próximo ano, para orbitar a Terra a uma altitude entre 340 e 450 quilómetros.
O homem que quis matar o tempo Nuno Miguel Guedes - 23 Set 2021 Pouco haverá a fazer: vivemos todos, sem excepção, sob o domínio de Cronos, o Deus-Tempo. O velho Cronos é o mais igualitário dos deuses. Não é esquisito e exerce a sua autoridade, mais ou menos rigorosa, sem olhar a origem social ou geográfica, bens materiais ou qualidades morais. Nada nem ninguém lhe escapa e o que podemos fazer é conservar o que amamos e nos faz a vida melhor e passá-lo a outros para que o perpetuem como possam – a única ilusão que ainda o mistifica. Tudo se torna ainda mais irónico porque Cronos é uma invenção nossa. Criámo-lo para dar nomes aos dias, para sabermos identificar saídas ou grades. E assim o fazemos, reconhecendo angústias, alegrias e dificuldades. A nossa reacção ao fim que nos é comum também dele deriva: quando alguém parte ainda jovem surpreendemo-nos e choramos mais a perda. “Foi antes do tempo”, lamentamos. Mas que tempo é este? Qual o tempo ideal para se ser, para viver? Ninguém o sabe nem nunca o saberá porque Cronos é flexível, veste cada um de nós de forma diferente e oferece-nos a nossa sentença irreversível de modo desigual e personalizado. Por esta e outras razões não consigo imaginar nada tão poético e ao mesmo tempo tão utópico como querer matar o tempo, literalmente. A expressão que utilizamos é falsa porque considera o tempo associado a uma actividade; “mataríamos” o tempo pela negação dessa actividade por outra. Há pouco tempo – cá está – contaram-me a história de Martial Bourdin, um anarquista francês do século XIX. Até aqui, nada de extraordinário, nem mesmo o seu fim trágico, comum a outros como ele por toda a Europa: terá morrido quando os químicos explosivos que transportava para um atentado explodiram prematuramente. Morreu 30 minutos depois da detonação, sem nunca ter revelado o objectivo do atentado. Mas sabemos que Bourdin se dirigia para o Real Observatório de Greenwich, em Londres – lugar onde, desde 1852, se encontra o relógio que determina o chamado Greenwich Mean Time (GMT). A ideia de que este relógio tenha sido o verdadeiro alvo de Bordin é demasiado boa para ser descartada. E é possível: em 1880 o governo britânico declarou que a hora oficial do país seria determinada a partir do GMT – o que, na óptica de um anarquista libertário, seria mais uma prova inaceitável do controlo do governo sobre os cidadãos. Fazer o relógio ir pelos ares seria assim um acto com um fortíssimo simbolismo. O grande escritor Joseph Conrad aproveitou de resto a história de Bourdin para a incluir num dos seus últimos romances, The Secret Agent (1907). Esta história fascinou-me. Deploro o uso de violência como forma de luta e legitimação política e ideológica, sem excepção; prefiro ficar assim com a ideia de que Bourdin quis matar o tempo, numa tentativa desesperada mas urgente, e dar vida àquelas palavras do Henry IV, de Shakespeare e que já várias vezes por aqui apareceram: “: “But thoughts the slave of life, and life, Time’s fool, /And Time, that takes survey of all the world,/ Must have a stop.” Escravos de Cronos, sabemos que estamos condenados. Mas como Bourdin façamos com que isso seja uma injustiça.
Em profundidade Anabela Canas - 23 Set 2021 Do fundo para a superfície. Ao contrário do que se esperaria. Nadar é tão natural para muitos animais terrestres, que mesmo recém-nascidos o fazem. Mas não me aconteceu, durante anos. O medo, como em tantas outras coisas naturais, pode sobrepor-se, construindo uma barreira de ruído entre nós e a coisa em si. Um dia, naquelas longas e parecendo sem princípio nem fim, férias de verão, na praia, com sol intenso, mar, família e amigos, um primo explicou-me em três palavras como mergulhar e aproveitar a circunstância mágica de ficar a fruir debaixo de água. O movimento preciso do corpo, apontado, como se houvesse um ponto exacto na pele da água, por onde entrar. Por onde ir até lá abaixo e num golpe de rins, ficar. Como um peixe a varejar o fundo das águas. Com aquelas manchas luminosas tremeluzentes. Nadar. Encontrar esse caminho, ultrapassada a barreira sedosa da superfície, subitamente o corpo livre e liberto a evoluir na água sem o pânico de ficar sem respiração. No meio límpido e no saber claro de que essa era para reter. No fundo e em profundidade real, substituir o medo de afogamento pela intenção de submergir. Que, antes, me fazia um bicho a deslocar-se dentro de água como uma espécie de lagarto com duas mãos a caminhar no chão de areia a arrastar o corpo e a cabeça firmemente fora da água. Um peso incontornável a puxar para o fundo, quando queria nadar. Estranho peso a mais para a superfície das águas. Autoconsciência ou boiar à superfície. O que se aprende primeiro, talvez. Depois, vontade e domínio. Naquele momento mágico que define a fronteira entre não saber nadar e vencer a primeira barreira entre um corpo que não sabe de si e um corpo que aprende a viver com a água e a navegar. Sem nave, desnecessária mediação, nessa harmonia entre o mar e o corpo. Eu queria tanto isso. Eu e a água do mar das praias de infância e um dia ele, mais velho, ensinou-me a mergulhar e, debaixo de água assumindo a ausência da possibilidade da respiração, não como um défice mas como uma condição natural e voluntária, nadar. E, depois entendi como deixar de novo o corpo ser leve e subir para a pele da água, boiar a olhar para o fundo. Mais tarde. Explicou-me sem explicar, como afinal nadar na profundeza das águas serenas e límpidas era o que era necessário saber, para nadar à superfície. Que seria sempre, depois, muito mais fácil, porque podendo respirar. Ar. Somente aquele truque de como mergulhar para debaixo da manta de água, que sem o necessário saber e calma oferecia resistência a mergulhar mas não ao afogamento num momento qualquer de pânico, um desequilíbrio subterrâneo nos pés a fazer faltar o fundo, quando se pretendia subsistir à tona. E somente tão mais tarde entendi a extensão deste ensinamento de primo. Entender a profundidade, ajuda por inerência a nadar à superfície. Que foi o que aconteceu. E depois emergi e nadei no êxtase de finalmente o poder fazer respirando o ar que é o único elemento que posso respirar. Com os pulmões. Portanto eu não aprendi a boiar, nem a nadar, antes. Mas sim esse pequeno detalhe de mergulhar em profundidade e somente assim – para entender nos pequenos nós dos dias, o que amedronta não saber gerir de outro modo, à superfície. Nadar debaixo do peso e da existência da água. Talvez continue desde então a mergulhar sem medo em meios em que continuo a não nadar bem na camada superficial. Foi o que, sem o saber, me ensinou naquele momento de corte entre o antes e o maravilhosamente depois de saber nadar. Duas coisas preciosas. Tenho que lhe dizer um dia destes.
Frank Havermans, artista: “Gosto de ligar o meu trabalho ao mundo lá fora” Andreia Sofia Silva - 23 Set 2021 Até ao dia 31 de Dezembro quem passar junto à montra do estúdio Improptu Projects, de João Ó e Rita Machado, poderá ver a instalação “Infra#Macau_Artificial Landscapes”, do artista holandês Frank Havermans, que traça um olhar sobre infra-estruturas urbanas e a sua ligação com as pessoas. Frank Havermans fala sobre este projecto e de como considera fundamentais, acima de tudo, os valores culturais de cada um Quando começou este projecto e como surgiu a oportunidade de o desenvolver em parceria com o estúdio Improptu? Conheci o João [Ó] em Hong Kong, em 2012, quando participámos na mesma exposição. Também participei na Bienal de Arquitectura de Hong Kong nesse ano com uma grande instalação na zona de Wanchai. Quando o João e a Rita [Machado] se mudaram para o novo estúdio e arrancaram com este novo espaço de exposições, com a montra, perguntaram-me se queria ser o primeiro artista a expor lá. Claro que me senti honrado pela oportunidade. Apesar de o João e a Rita estarem mais ligados à arquitectura, o nosso trabalho pode coincidir, uma vez que eu também faço instalações de arquitectura. Como foi fazer este projecto à distância? Eu próprio faço este tipo de instalações e deixei o Improptu montar tudo segundo as minhas instruções. Esta foi a primeira vez que fiz algo do género. Diria que trabalharam muito bem. A Rita e o João têm a mesma compreensão da qualidade do espaço e sempre compreenderam como é que as coisas devem ser executadas. Esta instalação que traz a Macau fala da ligação entre infra-estruturas de cidades como Macau, Hong Kong e Shenzhen. Como começou a sua relação profissional com estes lugares? Tenho visitado esta região algumas vezes. A primeira vez foi em 2008, quando participei numa exposição do NAI – Netherlands Architecture Institute [Instituto de Arquitectura da Holanda]. Fiquei fascinado com a complexidade e o rápido desenvolvimento desta região. Em 2011 estive em Shenzhen durante três meses numa residência artística. Aprendi mais sobre a cidade e a região desse lado da fronteira. Também estive em Chongqin várias vezes, em Guangzhou e Xangai. Todas elas são cidades cujas infra-estruturas estão em rápido crescimento e desenvolvimento. Alguns destes elementos são tão grandes que apenas os posso comparar com catedrais. As largas estruturas construídas há mais de uma geração conectam-se com uma certa crença. Diria que a nossa é ter um livre transporte de pessoas e bens para que haja um vasto comércio a nível mundial. Estamos a construir uma rede mundial de estradas, linhas ferroviárias, portos e aeroportos, e com tudo isso surgem os edifícios. Na China, e neste caso no Delta do Rio das Pérolas, é claro ver qual é a direcção. E para mim, enquanto artista, isso é muito interessante. Estas são cidades muito diferentes, mas este projecto tenta, de certa forma, conectá-las? De facto, são cidades e culturas muito diferentes. O país, as paisagens, o ambiente natural também é diferente. Como estamos cada vez mais ligados com as infra-estruturas a nível mundial necessitamos das mesmas tipologias. Então estamos a criar paisagens artificiais em todo o mundo que são suficientes para nós. Em qualquer aeroporto no mundo as pessoas podem compreender como estar lá, mesmo sem falarem a mesma língua. As tipologias ligam-se a diferentes culturas. Gosto de olhar para os mapas e, virtualmente, viajar por todo o mundo. Olhar de perto certas cidades e aí encontrar este tipo de paisagens artificiais, como os planos dos soalhos de portos. São claramente artificiais e só existem para servir o comércio humano. Isto deixa-me intrigado porque este tipo de ambientes afasta-nos da natureza, e é da natureza que nós vimos. É estranho que, em poucas gerações, estejamos a criar este tipo de ambientes monoculturais mas a uma escala global. Então sim, estas cidades podem ser diferentes, mas estão a mudar para uma tipologia mais geral. As paisagens na montra do Improptu enfatizam esta questão. Há também, com este projecto, uma ligação a Macau e a Portugal. É óbvia essa relação. A parte interessante é que, sobretudo com os aeroportos e portos marítimos, as ligações entre os países não são visíveis e não se materializam como as estradas. Qualquer porto ou aeroporto se pode interligar com outro no mundo. Nesta instalação não mostro apenas as ligações de comércio entre os nossos países mas também uso uma tipologia de infra-estruturas que enfatiza as nossas relações enquanto seres humanos. Mas diria que essas ligações globais e de comércio são importantes, mas não tanto como os nossos valores culturais. O facto de expor este projecto numa montra faz com que seja diferente? Fiz muitas instalações com o tema do urbanismo, muitas vezes dentro de instituições culturais como galerias, espaços de arte ou museus. Quando me pedem para fazer uma instalação eu tento cada vez mais fazer uma ligação em torno das pessoas ao instalá-la num espaço público. Gosto de ligar o meu trabalho ao mundo lá fora, significa comunicar. Considero sempre o meu trabalho como arquitectura e isso está sempre ligado ao contexto do espaço exterior. Não espero que todos o compreendam, mas não me importo que se levantem questões. Esse é um dos focos do meu trabalho. Penso que a ideia do estúdio de criar uma montra como espaço de exposição tem o mesmo fim. Eles [João Ó e Rita Machado] querem ligar-se às pessoas à sua volta dar a conhecer a arte e a arquitectura. Para mim é um valor acrescentado!
DST | Gala de drones vai custar 7,6 milhões João Luz - 23 Set 2021 A tradição já não é o que era, máxima transversal que se aplica também às formas de celebração. Desde que as autoridades chinesas baniram os espectáculos de fogo de artifício em mais de 400 cidades, para reduzir o impacto ambiental e o número de incêndios, uma nova forma de iluminar o céu nocturno começou a ganhar forma: espectáculos de drones. O primeiro evento do género na RAEM está marcado para o próximo dia 1 de Outubro. De acordo com informação prestada ao HM pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), “o orçamento para a realização da ‘Gala de Drones Brilha sobre Macau’ é de aproximadamente 7,6 milhões de patacas”, valor que contrasta com as mais de 24 milhões de patacas do festival de fogo de artifício de 2019, em que participaram equipas de 12 países, com duas apresentações diárias, ao longo de seis noites. A indústria global de drones tem como epicentro algumas cidades próximas de Macau. Para dar uma ideia da dimensão deste mercado na região, uma empresa de Shenzhen, a DJI, produz cerca de 70 por cento do mercado mundial de drones. A nível global, 80 por cento dos drones “domésticos”, sem fins militares, são construídos na China. No ano passado, esta indústria valia no Interior cerca de 67 mil milhões de dólares, depois de um crescimento de 16 por cento em relação a 2019. A grande invasão Com a expansão do mercado e o interesse em novas tecnologias, não é de estranhar que este tipo de shows se tenha espalhado um pouco por todo o mundo, com particular destaque para a Ásia. Nas últimas celebrações de fim de ano em Hong Kong, para tentar controlar a pandemia, o Governo de Carrie Lam apostou em celebrações online e transmitidas na televisão, além de um espectáculo de drones no Victoria Harbour, em vez do tradicional show de fogo de artifício. Também a abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio foi abrilhantada por 1.825 drones, que pintaram o céu com imagens em 3D. Agora chegou a vez de Macau. Ao longo de cinco noites (1, 3, 9, 16 e 23 de Outubro), o céu por cima do Lago Nam Van vai iluminar-se com a luz de mais de três centenas de drones. Cada noite da “Gala de Drones Brilha sobre Macau” terá duas sessões, às 19h30 e às 21h30, e um espectáculo para cada noite do evento, a cargo de uma empresa diferente todas as noites.
Turismo | Número de visitantes cai quase para metade em Agosto Pedro Arede - 23 Set 2021 Devido ao surgimento do novo surto de covid-19 em Macau e consequente aumento de restrições, o número de visitantes no território em Agosto caiu 48,2 por cento em relação ao mês anterior. Ainda assim, em termos anuais, o número de visitantes cresceu 80,2 por cento Comparativamente a Julho, o número de visitantes que entraram em Macau caiu quase para metade em Agosto, devido às restrições motivadas pela pandemia de covid-19, informou na terça-feira a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Concretizando, a contar com o novo surto de covid-19 registado em Macau no dia 3 de Agosto, o território recebeu 409.207 visitantes no mês passado, contra os 789.407 de Julho, uma descida de 48,2 por cento. As autoridades justificaram a queda com o “reforço da inspecção exigida” nas fronteiras “na sequência dos casos confirmados locais” de covid-19, no início do mês passado. Recorde-se que os quatro novos casos detectados na sequência de uma estudante de Macau ter contraído a doença numa visita de estudo da Escola Hou Kong a Xi’an, resultaram na declaração do estado de prevenção imediata em Macau, na redução do prazo exigido dos testes de ácido nucleico para 12 horas ao cruzar a fronteira e no encerramento de espaços de diversão. Segundo a DSEC, do total de 409.207 visitantes, a esmagadora maioria chegou do Interior da China (369.467). O número de visitantes oriundos das nove cidades da Grande Baía totalizou 226.453, dos quais 65 por cento eram originários de Zhuhai. Os números de visitantes de Hong Kong e de Taiwan corresponderam a 36.207 e 3.453, respectivamente. Quanto à via de entrada em Macau, 83,2 por cento entrou pelas Portas do Cerco. Por via aérea e por via marítima, chegaram 13.622 e 2.529 visitantes, respectivamente. Desde o início do ano, Macau registou pouco mais de cinco milhões de visitantes, quando em média entravam no território, cerca de três milhões por mês, no período pré-pandémico. O cenário parece estar, contudo, a melhorar, dado que, aliado ao progressivo relaxamento das restrições, devido às festividades alusivas ao Bolo Lunar (Chong Chao), o CPSP anunciou que na terça-feira entraram em Macau mais de 49 mil visitantes. Há ainda expectativas elevadas para que os números atinjam novos patamares durante os feriados da semana dourada. Subida anual Apesar de o contexto não ser animador em termos mensais, num espectro mais alargado, o número de visitantes que vieram a Macau em Agosto de 2021 representa um aumento de 80,2 por cento relativamente a Agosto de 2020. Do total de visitantes de Agosto, o número de excursionistas (257.966) e turistas (151.241) cresceram, respectivamente, 64,9 por cento e 114,1 por cento. O período médio de permanência dos visitantes também cresceu, tendo-se situado em 1,6 dias, mais 0,7 dias, em termos anuais.
Kaifong apela à segurança depois de incêndio em restaurante João Santos Filipe - 23 Set 2021 A União Geral das Associações dos Moradores de Macau defendeu a promoção das medidas de segurança contra incêndio, após o fogo de terça-feira que afectou um restaurante no edifício San Mei On, no norte da península. A mensagem foi deixada por Chao I Sam, directora da Delegação da Zona Norte da associação tradicional, citada pelo jornal Cheng Pou. Na terça-feira um incêndio deflagrou num restaurante na zona norte da cidade, e apesar do fumo e da retirada de oito trabalhadores e 30 residentes do edifício, não houve registo de feridos. O Corpo de Bombeiros apontou como causa o sobreaquecimento do exaustor, que se terá incendiado. Além disso, acredita-se que contribuiu igualmente a falta de manutenção da chaminé, que teria acumulado gorduras e outras sujidades. Para Chao I Sam, o fogo de terça-feira mostrou que existe na comunidade uma falta de alerta para as questões da segurança contra incêndio, principalmente no sector da restauração e no que diz respeito a comportamentos de prevenção. Por outro lado, a responsável dos Kaifong apontou a falta de medidas de prevenção, aliada a negligência nas cozinhas dos restaurantes, por desconhecimento das práticas mais seguras. A responsável sublinhou que os dois factores podem ser uma ameaça não só para os trabalhadores e clientes dos restaurantes, mas também para toda a comunidade, principalmente quem vive em edifícios com estabelecimentos de restauração nos pisos térreos. Mais campanhas Para Chao I Sam, a principal causa de incêndios nos restaurantes de Macau é a negligência dos trabalhadores quando estão na cozinha e ainda a acumulação de gorduras nas condutas de exaustão de fumo. Sobre este último aspecto foi apontado que as gorduras e sujidade criam condições ideais para que os equipamentos comecem a arder durante a confecção de refeições. Neste cenário, Chao I Sam sugere que o Governo aumente as acções de promoção das medidas de segurança, com especial foco na indústria. Entre as informações consideradas essenciais, a directora da Delegação do Norte indicou a necessidade de ensinar as formas correctas de instalar e utilizar botijas de gás, medidas de prevenção de incêndios, conhecimentos de combate a incêndio, e ainda melhoria das práticas na cozinha.
Código de saúde | Alvis Lo admite método que recorre ao bilhete de identidade Pedro Arede - 23 Set 2021 O Director dos Serviços de Saúde não descarta a introdução do sistema do Interior da China para gerar códigos de saúde através da leitura do bilhete de identidade. Segundo Alvis Lo, a regulamentação em termos de dados pessoais requer um estudo “mais aprofundado” Em resposta a interpelação escrita de Ella Lei, o director dos Serviços de Saúde (SSM), Alvis Lo Iek Long, não descartou introduzir em Macau um sistema usado no Interior da China a partir da leitura do bilhete de identidade dos residentes. Este sistema prescinde o uso do telemóvel para gerar códigos de saúde e outras informações pessoais relacionadas com a pandemia de covid-19. Contudo, apesar de afirmar que o território “dispõe das capacidades técnicas necessárias”, o responsável apontou que a regulamentação em termos de dados pessoais impõe um estudo mais aprofundado. “No que concerne a uma eventual imitação da metodologia usada no Interior da China, ou seja, através de leitura do bilhete de identidade, revelar informações relacionadas com a prevenção epidémica, embora Macau disponha das respectivas capacidades técnicas, tendo em consideração a regulamentação na área de interligação de dados pessoais, é necessário um estudo mais aprofundado”, pode ler-se na resposta assinada pelo director dos SSM. Na interpelação, Ella Lei apontou como exemplo o sistema introduzido nas estações ferroviárias da China Railway Guangzhou Group, que prescinde da utilização do telemóvel e permite também a apresentação do passaporte, títulos de residência de Hong Kong, Macau e Taiwan e salvo-conduto. “Os passageiros não precisam de telemóvel, basta o scan do bilhete de identidade, e em dois segundos, o código verde de saúde, o resultado do teste de ácido nucleico realizado nas últimas 48 horas, as datas da vacinação e outras informações relacionadas com a epidemia aparecem no ecrã do computador”, partilhou a deputada. Recorde-se que no Interior da China o código de saúde pode ser gerado através de um miniprograma aberto por meio da aplicação móvel WeChat e que, além de preocupações generalizadas ao nível da protecção de dados pessoais, deixou de fora cidadãos sem telemóveis ou que não sabiam utilizá-los. Mais garantias Relativamente às falhas registadas no sistema de código de saúde de Macau no primeiro dia do plano de testagem em massa da população, Alvis Lo Iek Long explica que, na base do problema, está o facto de o sistema ter acolhido “diversas funções” além da sua função original. Para evitar falhas no futuro, o director dos SSM referiu que vai ser criado um sistema de backup para garantir o normal funcionamento do sistema. “Em comparação com a concepção inicial, o âmbito de aplicação está mais alargado e com maior volume de dados. Para evitar eventuais falhas no código de saúde vai ser criado no centro de dados da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública um sistema de backup do código de saúde, para manter o funcionamento normal do sistema”, partilhou. Sobre o caso, o Chefe do Executivo Ho Iat Seng apresentou, na altura do novo surto, “sinceras desculpas” pelas falhas, afirmando que a culpa foi da actualização do sistema para acolher a obrigatoriedade de apresentar um teste de ácido nucleico com a validade de 12 horas (em vez de 24 horas) para sair de Macau.
CAEAL | Au Kam San ataca justificações para a abstenção Pedro Arede - 23 Set 2021 Na óptica de Au Kam San, o facto de a CAEAL ter apontado a pandemia e o mau tempo como razões para a abstenção histórica nas últimas eleições é “ridiculamente ingénuo”. O ainda deputado refere também que os 200 mil potenciais eleitores que estão fora de Macau já existiam em 2017 O ainda deputado Au Kam San considerou que a fraca participação da população nas últimas eleições legislativas se materializou num “resultado humilhante” para o Governo e que a explicação apresentada pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) é “ridícula”, perante o caso de exclusão de deputados. Numa publicação no Facebook, Au Kam San defendeu que o facto de o presidente da CAEAL, Tong Hio Fong, ter justificado a elevada taxa de abstenção com o mau tempo e a impossibilidade de eleitores de Taiwan e Hong Kong virem a Macau, teve como principal objectivo firmar um discurso oficial, que irá constar no relatório sobre as eleições e servir de referência para a posteridade. Sobre os eleitores além-fronteiras, o deputado é peremptório em dizer que, apesar de efectivamente existirem 200 mil residentes fora de Macau, esta é uma falsa questão. Sobretudo, tendo em conta que o número não se alterou desde as últimas eleições de 2017 e que a consciência cívica dos residentes nunca foi elevada. “É fácil aceitar a alegação de que quase 200 mil residentes não vivem em Macau. No entanto, será que isso justifica a argumentação do juiz Tong de que muitos ficaram impedidos de voltar a Macau para votar devido à pandemia? Claro que não, porque desde há muitos anos que estes residentes não vivem permanentemente em Macau e a sua consciência cívica não é tão forte assim”, pode ler-se na publicação. Gatos pingados Au Kam San aponta ainda que o universo em questão, incluindo residentes que estudam no Interior da China ou em Taiwan, é “insignificante”, dado que está longe dos 40 mil votantes que houve a menos, comparativamente com o sufrágio de 2017. Até porque o número de eleitores inscritos cresceu desde essa altura. “Caso estas pessoas [estudantes] não tenham regressado a Macau para votar devido à pandemia, o impacto seria apenas de alguns milhares, facto que não é proporcional às mais de 40 mil pessoas que não votaram desta vez”, apontou. Recorde-se que entre os 323.907 eleitores inscritos, apenas 137.281 foram às urnas, o que representou uma taxa de participação de 42,38 por cento e de abstenção de 57,62 por cento. Mesmo entre participantes, contaram-se 3.141 votos em branco e 2.082 nulos, que somados representaram 3,8 por cento de todos os votos. Relativamente ao facto de o calor extremo e de as tempestades sentidas durante a tarde do dia eleitoral terem sido apontados como outro dos factores para a fraca participação da população, Au Kam San lembra que as eleições para a Assembleia Legislativa “sempre aconteceram em Setembro”. “Será que em 2017, os cerca de 170 mil eleitores que foram às urnas não tiveram calor? Quanto à chuva que caiu durante alguns minutos a meio do dia, é ridiculamente ingénuo dizer que os eleitores não votaram devido ao mau tempo. Como juiz, Tong Hio Fong tem a responsabilidade de salvaguardar a dignidade e a credibilidade dos magistrados de Macau”, rematou.
Evergrande | Potencial falência pode levar a uma nova crise sistémica Andreia Sofia Silva - 23 Set 202123 Set 2021 O gigante chinês do sector imobiliário Evergrande Real Estate Group acumulou um passivo preocupante, com uma dívida cinco vezes superior à do banco de investimento Lehman Brothers em 2008, quando caiu. Economistas alertam para os muitos tentáculos do grupo empresarial na economia chinesa e para o potencial impacto a nível mundial e local Há 13 anos os mercados financeiros entravam em pânico com a crise do subprime nos EUA. A queda do banco Lehman Brothers acabaria por rebentar numa enorme crise económica com repercussões mundiais, mas desta vez a bolha parece estar a rebentar deste lado do mundo. Nos últimos tempos multiplicam-se as notícias do passivo estrondoso, e do consequente perigo de falência, do gigante imobiliário chinês Evergrande, que tem uma dívida na ordem dos 300 mil milhões de dólares americanos, cujos juros vencem esta semana, valor cinco vezes maior do que o Lehman Brothers devia em 2008. Esse montante é ainda sete vezes superior ao que os casinos de Macau ganharam no seu melhor ano em termos de receitas, 2013. Outro dos aspectos que tem vindo a lume são as dívidas a empreiteiros e fornecedores de um grupo que, nos últimos anos, se dedicou a outras áreas de actividade que não apenas o imobiliário, incluído produtos de investimento. E esse pode ter sido o seu principal erro. Com sede em Shenzhen e listado na bolsa de valores de Hong Kong há mais de uma década, o grupo Evergrande depara-se hoje com um enorme problema por resolver que pode causar um impacto em cadeia na economia chinesa. O portal chinês Caixin, na edição de segunda-feira, falava de uma crise parecida com a queda do Lehman Brothers e referiu que nos últimos dois meses centenas de pessoas têm reclamado o dinheiro a que têm direito no 43º andar do Zhuoyue Houai Center, em Shenzhen. Segundo o jornal The New York Times (NYT), as palavras de ordem são o espelho da revolta dos lesados. “Evergrande, devolvam o dinheiro que ganhei com sangue e suor!”, gritavam alguns dos presentes. A 14 de Setembro, o NYT noticiou que o grupo imobiliário admitiu enfrentar uma “tremenda” pressão financeira, tendo já contratado especialistas para “explorar todas as soluções possíveis” para resolver o quebra-cabeças. No domingo, o diário noticiou que têm sido discutidas soluções para que o grupo devolva dinheiro investido pelos seus próprios funcionários. Jin Cheng, de 28 anos, disse ao jornal que investiu 62 mil dólares na Evergrande Wealth, o ramo do grupo dedicado a produtos de investimento. “Não temos muito mais tempo”, apontou. O grupo está ainda a tentar desfazer-se de 1,6 milhões de casas que tem em seu nome. O grupo emprega hoje 200 mil trabalhadores directos e dá também trabalho, de forma indirecta, a 3,5 milhões de pessoas. Analistas ouvidos esta terça-feira pelo South China Morning Post garantem que o grupo pode começar a liquidar alguma da sua dívida a partir de hoje, apesar de ser “pouco provável” que isso aconteça. Matthew Chow e Christopher Yip, analistas da Standard and Poor’s Global Ratings, não acreditam na intervenção estatal. Pelo menos, para já. “Não esperamos acções governamentais para ajudar a Evergrande a não ser que haja risco sistémico de instabilidade. Um resgate por parte do Governo iria abalar a campanha de disciplina financeira no sector imobiliário.” Um risco “sistémico” Ao HM, o economista Albano Martins declarou que a crise não surgiu com a pandemia, mas é “sistémica”. O grupo “cresceu, entrou para outros mercados e o seu negócio não produziu liquidez suficiente para pagar as dívidas a tempo. Tem vindo a recorrer à emissão de dívida, que nem tão pouco é garantida.” O seu “crescimento fortíssimo”, com aposta em várias áreas que nem sempre o grupo dominou, pode levar agora a uma crise “com um risco sistémico” na economia chinesa. “A China cresceu muito desde 1989 e a explosão da economia fez-se muito à base do investimento em imobiliário. Esta foi uma das grandes empresas que contribui para a explosão do PIB. O regulador [Banco Central Chinês] sabe que se houver incumprimento, e se gerar pânico, espalha-se a todo o sistema chinês e também lá fora”, acrescentou o economista. Apesar das comparações com a crise do subprime serem imediatas, a economia chinesa não tem o mesmo posicionamento que a economia norte-americana tinha em 2008. “A China vai ter de se habituar a viver à custa de uma economia que é de mercado”, comenta. O economista António Félix Pontes, que exerceu funções de direcção e administração na Autoridade Monetária e Cambial de Macau, acredita que as autoridades chinesas não vão deixar que esta crise se transforme num caos financeiro e económico. “‘A Evergrande’ é dos casos que podemos tipificar como ‘Too big too fail’, mas, neste momento, todas as hipóteses estão em aberto. A intervenção das autoridades de supervisão chinesas tarda, o que está a criar sentimentos de pânico entre os clientes, investidores e demais credores, situação que se deveria conter.” Félix Pontes está, no entanto, “convencido” de que “ainda há tempo para reverter a situação com a reestruturação da dívida [do grupo], o que implicará a injecção de fundos colossais”. O grupo “terá, em contrapartida, de ceder terrenos, edifícios e outros activos relevantes”, aponta. “Só assim se salvará [a empresa] do desastre financeiro para que está destinada. No entanto, desconfio que a bolha imobiliária na China não começa e acaba no grupo Evergrande. Só se fosse ingénuo”, revela ainda o economista. HK e Macau, que impacto? Albano Martins não sabe até que ponto o risco de falência do gigante imobiliário pode ter repercussões em Macau. Desconhece-se a penetração dos bancos locais nesta rede e não existe uma bolsa de valores como em Hong Kong. No entanto, a situação “pode afectar os bancos que estejam em Macau”, já que, mesmo que não tomem os activos das empresas de outros sectores, podem emprestar dinheiro ou colocar as suas obrigações no mercado. A queda do grupo, a concretizar-se, terá “efeitos nefastos nos mercados imobiliário e financeiro da China e de Hong Kong, e o fenómeno de contágio para outras economias, incluindo Macau, tem alto grau de ocorrer”, alerta António Félix Pontes. A nível local “estamos a viver um período de grande instabilidade financeira com a elevada quebra na cotação das acções das operadoras de jogo, e agora com uma eventual crise imobiliário e financeira regional”, rematou. Rose Lai, docente da Universidade de Macau e especialista na área do imobiliário, defende que o mercado “será ligeiramente afectado devido à venda das casas com grande desconto para que haja saída de dinheiro. Propriedades semelhantes poderão ser afectadas e, consequente, os preços podem baixar um pouco, mas provavelmente não muito”. EUA prontos a reagir Na segunda-feira as bolsas registaram com quebras significativas, mas questionada sobre estas inquietações, a porta-voz do presidente dos EUA, Joe Biden, Jen Psaki, relativizou: “Trata-se de uma empresa chinesa, cujas actividades estão sobretudo concentradas na China”. Mas acrescentou: “Dito isto, acompanhamos sempre os mercados mundiais, incluindo a avaliação de todos os riscos para a economia dos EUA e estamos prontos a reagir de maneira apropriada, se necessária”. Para Karl Haeling, do LBBW, “o risco de contágio só existe se as autoridades chinesas deixarem a Evergrande cair totalmente na falência, mas isto não faz sentido para a China, dados os problemas internos e os cortes de emprego que isso ia causar”. Além do receio de um efeito dominó, outros factores enervaram os investidores, num panorama de instabilidade, avançou Gregori Volokhine, da Meeschaert Financial Services. “Não estou convencido de que a China, um país comunista, intervencionista, deixe cair a Evergrande. Para mim, os ventos contrários ao mercado vêm nitidamente de Washington”, contrapôs o analista, citando o impasse sobre a subida do limite da dívida pública dos EUA, “que se tornou uma questão política”. Pagar obrigações A Evergrande disse ontem ter chegado a acordo com os detentores de obrigações para evitar o incumprimento de uma das suas dívidas. Numa declaração à Bolsa de Shenzhen, o grupo afirmou que uma das suas filiais, Hengda Real Estate, tinha negociado um plano de pagamento de juros sobre uma obrigação com vencimento em 2025. Segundo a Bloomberg, Evergrande reembolsa hoje 232 milhões de yuan da dívida devida sobre a obrigação de 5,8 por cento, que se destina ao mercado obrigacionista doméstico. Mas o gigante imobiliário baseado em Shenzhen está longe de estar fora de perigo, dado o montante total da sua dívida. Outros reembolsos são devidos hoje e o grupo ainda não disse como planeia cumpri-los.
Caso de corrupção na Universidade de Macau envolve 220 milhões João Santos Filipe - 21 Set 2021 O Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) anunciou um caso de corrupção e falsificação de documentos com obras na Universidade de Macau, que envolve contratos de 220 milhões de patacas. Segundo a informação disponibilizada, o implicado é um ex-administrativo e a queixa partiu da instituição de ensino. O acusado fazia parte da Divisão de Obras do Departamento de Gestão de Desenvolvimento do Complexo Universitário e com base em informações dos trabalhos, como os orçamentos internos da UM, ajudou uma empreiteira a ficar com contratos para a construção de residências. A assistência foi prestada na elaboração das propostas para o concurso, e com a falsificação de documentos sobre a experiência da empreiteira em outras obras com residências universitárias. Depois, numa segunda fase, o administrador foi ainda um dos júris dos concursos em que a empresa participou. O Comissariado Contra a Corrupção apurou igualmente que a empresa vencedora adjudicou parte dos trabalhos a uma outra companhia recém-criada que tinha como um dos accionistas o administrativo da UM. “Como contrapartida, tendo conseguido a adjudicação do projecto, o empreiteiro adjudicou uma parte da obra a uma empresa recém-criada, da qual o suspeito tinha participações, constituída especialmente para a referida obra”, foi apontado. Outras ilegalidades Apesar do conflito de interesses, o CCAC destaca que o suspeito participou “nos trabalhos relativos à proposta de iniciação do projecto, ao concurso e à avaliação de propostas, mas nunca declarou nem pediu escusa à Universidade de Macau”. Esta não terá sido a única vez que o ex-administrativo esteve envolvido em ilegalidades, e as autoridades acreditam ter provas de que no passado este já tinha fornecido informações confidenciais sobre outras obras, como adjudicações de construção de abrigos contra a chuva. O suspeito, e os outros dois sócios da empresa, foram assim indiciados pela prática dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito, punível com pena de prisão que vai de um ano a oito anos, e de falsificação de documentos, que implica uma pena de prisão que pode chegar aos três anos. O ex-administrativo é ainda acusado do crime de violação de segredo, punível com pena que pode chegar a um ano de prisão. No comunicado do CCAC não é indicada qualquer acusação por corrupção activa. O HM contactou o organismo para perceber a razão, mas até ao fecho da edição não recebeu qualquer resposta.
Macau deve proibir jogos online? David Chan - 21 Set 2021 No passado dia 31 de Agosto, a China Press and Publication Administration publicou uma “Comunicação sobre a Prevenção e Restrição do Acesso de Menores a Jogos Online”. Os menores terão autorização para jogar apenas aos fins-de-semana e nos períodos de férias, entre as 20h00 e as 21h00. O objectivo desta medida é muito simples: impedir os menores de jogarem online e proteger a sua saúde física e mental. O China Economic Information Daily informou que 62.5 por cento dos menores joga com frequência online e 13.2 por cento joga mais de duas horas durante a semana. Partindo do princípio de que os jovens passam oito horas na escola, jogam duas horas no telemóvel e dormem outras oito, sobram seis horas, durante as quais têm de se alimentar, deslocar-se e tratar da higiene pessoal. E será que lhes sobra tempo para estudar? Em Setembro, um grupo de Hong Kong realizou um estudo para o qual entrevistou pais de alunos de 463 escolas primárias e secundárias. O estudo foi publicado dia 16. Os resultados mostraram que 97 por cento dos filhos dos inquiridos jogava online, mais de 50 por cento destas crianças jogava à volta de três horas por dia, e perto de 20 por cento mais de cinco horas diárias. Já 75 por cento dos inquiridos está convencido de que jogar online prejudica o desempenho académico dos filhos, 90 por cento acredita que prejudica a sua saúde e perto de 80 por cento pensa que afecta as relações familiares. Mais de 95 por cento dos inquiridos pediu ao Governo para tomar medidas que impedissem os menores de jogar online. O grupo intimou as empresas de jogos online a criarem “códigos de conduta” e auto-regulação, caso contrário o melhor seria a Região Administrativa Especial de Hong Kong criar legislação que regulasse o sector. Os promotores do estudo também sugeriram que o Governo da RAEHK seguisse o exemplo do Governo Central para prevenir o vício do jogo nos jovens, exigindo que os jogadores se registassem com os seus nomes verdadeiros, que regulassem o tempo que os menores podem jogar, que restrigissem certos temas, proibissem a pornografia, a violência e outros conteúdos ilegais e bloqueassem o acesso de menores ao pagamento de jogos online. Um estudo feito em Macau assinalava que os motivos que levavam os chineses a jogar online são o “entretenimento”, a “resistência” e o “escapismo”. Um jogo divertido permite aos jogadores esquecer por momentos as suas preocupações e escapar à realidade. É fácil tornar-se viciado e vir a sofrer de perturbações relacionadas com o jogo. Os viciados em jogos online acabam por perder o interesse no entretenimento, têm consciência de terem um problema, mas mesmo assim continuam a jogar, escondendo muitas vezes das outras pessoas o seu vício. Dados recentes mostram que cerca de 2 por cento dos chineses adultos residentes em Macau sofre de perturbações relacionadas com o jogo. Hoje em dia, os jogos online não são apenas entretenimento, são também uma espécie de desporto. Os E-sports são disso um bom exemplo. A Asian Games vai registar em 2022 os eventos E-sports como eventos desportivos, e de alguma forma legitimá-los enquanto actividade desportiva. Houve quem descrevesse os jogos online como “ópio mental”, sublinhando que nenhuma indústria ou competição pode assentar a sua actividade em algo que destrói uma geração. Julgando pela avaliação que a maior parte das pessoas faz dos jogos online, este argumento terá muitos apoiantes. Os jogos online são o produto de uma tecnologia avançada. Quanto mais se desenvolve a tecnologia, mais se desenvolvem os jogos. Os jogos online são uma espécie de brinquedo. As crianças têm naturalmente desejo de brinquedos. No entanto, o alvo dos jogos online não são apenas crianças, mas também adultos. Encontramos muitos adultos viciados em jogos online. Estes jogos introduziram-se em todos os níveis da sociedade. Se as empresas que os desenvolvem tivessem auto-disciplina e introduzissem elementos que combatessem a dependência do jogo, o impacto que teria na vida, no trabalho e no estudo dos jogadores seria menor. Mas isso reduziria o consumo e consequentemente as vendas e os seus lucros baixariam. E estas empresas não querem isso. Alguns destes jogos chegam a incluir conteúdos pornográficos e violentos que vão afectar negativamente os jovens. Em qualquer dos casos, quem joga online deveria ter auto-disciplina e não se deixar viciar. Jogar de forma controlada é entretenimento. Jogar de forma descontrolada é vício. Quando existem muitos jogadores viciados, estamos perante um problema social. Precisamos de mais informação para avaliar se existe um problema social em Macau devido à dependência do jogo online, antes de considerarmos partir para a regulamentação. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau Blog:http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
FIMM | Espectáculo gravado de Cuca Roseta integra cartaz Hoje Macau - 21 Set 202122 Set 2021 A edição deste ano do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) vai contar com um espectáculo gravado da fadista portuguesa Cuca Roseta. Segundo uma nota de imprensa, o espectáculo “Fado em Grande Ecrã: MEU de Cuca Roseta” integra a iniciativa “Fim de Semana FIMM-tástico: Noites com Música e Filmes”, que se realiza durante três noites consecutivas na Praça do Tap Siac. O espectáculo será transmitido a 30 de Outubro entre as 17h e 22h. Esta iniciativa inclui ainda as exibições “Orquestra Sinfónica de Londres com Sir Simon Rattle em Grande Ecrã” e “Na Trilha Sonora de – Edição Especial”, bem como o filme “Cinema Silencioso – Rockfield: A Fazenda do Rock”, transmitido dia 31 de Outubro, e “Willy Wonka e a Fábrica de Chocolate”. A pianista Chen Sa é outro dos nomes confirmados para a edição deste ano, sendo que o seu recital de piano abre o festival. A pianista apresenta Sonatas para Piano de Beethoven e breves peças de Robert Schumann, “oferecendo uma interpretação única de várias obras-primas do Classicismo e do Romantismo, com a sua técnica sofisticada e delicada”, descreve o Instituto Cultural. O FIMM traz também um espectáculo protagonizado pela Orquestra de Macau em colaboração com Liu Ming, violinista. Além disso, a Orquestra Chinesa de Macau, em associação com a violinista Xie Nan e a executante de guzheng, Su Chang, irá apresentar o concerto “Ligação Musical Este-Oeste”, interpretando o Concerto para Violino The Butterfly Lovers, o Concerto para Guzheng Ru Shi e a peça com características musicais tipicamente sulistas The Sisters’ Islands. O cartaz oferece ainda o concerto “O Contemporâneo e a Tradição – Agrupamento de Música Cantonense”, além de mostrar a música da etnia Dong, da província de Guizhou, no Largo da Companhia de Jesus. Os bilhetes para o FIMM estão à venda a partir de sábado.
DST | Gala de drones vai iluminar céu de Macau no dia nacional João Luz - 21 Set 202121 Set 2021 A partir do dia 1 de Outubro realiza-se a “Gala de Drones Brilha sobre Macau”, uma série de dez espectáculos de luz e cor que irá iluminar o céu por cima do Lago Nam Van. Mais de três centenas de drones vão criar figuras e coreografias, substituindo o tradicional festival de fogo de artifício Sem o tradicional festival internacional de fogo de artifício este ano, cancelado devido à pandemia, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), organiza, pela primeira vez, a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” a partir de 1 de Outubro. Ao longo de cinco noites (1, 3, 9, 16 e 23 de Outubro), o céu por cima do Lago Nam Van vai iluminar-se com a luz de mais de três centenas de drones. Cada noite terá duas sessões, às 19h30 e às 21h30, e um espectáculo para cada noite do evento, a cargo de uma empresa diferente todas as noites. O espectáculo inaugural marcado para 1 de Outubro, dia que celebra a implantação da República Popular da China, intitula-se “Arte do Amor pela Pátria” e estará a cargo de uma empresa de Shenzhen. No dia 3 de Outubro, um domingo, é a vez de uma companhia de Guangzhou apresentar a coreografia “Construa a terra dos seus sonhos”, enquanto que a 9 de Outubro o “Charme de Macau” iluminará a noite num show montado por uma equipa de Tianjin. Na noite de 16 de Outubro, outra companhia de Shenzhen comanda os drones no espectáculo “Desfrute da sua viagem em Macau”. Finalmente, a fechar a gala na noite de 23 de Outubro, uma empresa de Pequim apresenta “Paixão por Macau”. Todos os espectáculos têm duas sessões marcadas para as 19h30 e 21h30, cada uma com duração entre 10 a 15 minutos. Barulho das luzes A DST apresenta este evento pela primeira vez em alternativa a Festival Internacional de Fogo de Artifício, como já havia indicado a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, há cerca de um mês, enquanto ainda aguardava luz verde das autoridades de saúde. A DST explica que, devido ao impacto do surto do novo tipo de coronavírus, Macau adoptou restrições nas entradas e saídas nas fronteiras, “impedindo as equipas pirotécnicas provenientes de outros países e regiões de vir a Macau competir no Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau”. Facto que levou a que o evento fosse novamente cancelado, com a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” a colmatar a lacuna deixada em aberto. A natureza deste tipo de espectáculos está, porém, dependente de condições meteorológicas. “O desempenho e canais de comunicação dos drones são influenciados pela intensidade do vento e da chuva”, explicam as autoridades, acrescentado que as condições mínimas exigem “velocidade do vento inferior a 31-40 km/h” e que não chova. Caso seja necessário adiar ou cancelar espectáculos, o “público será avisado, tanto quanto possível, com uma antecedência de duas horas”. Para tal, a DST irá coordenar com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos que irá avaliar a “situação concreta na altura” e ter como referência a previsão do tempo. De outra dimensão Continuando o conceito de presentear o público com “artes visuais executadas no céu nocturno”, as autoridades indicam em comunicado que a “Gala de Drones Brilha sobre Macau” trazem uma nova experiência de entretenimento nocturno, “através da tecnologia, design tridimensional em 2D e 3D, luzes, música, entre outros elementos”. Em relação às empresas escolhidas, a DST refere que “possuem uma rica experiência de exibições com drones, realizado espectáculos de drones na app “yangshipin”, na contagem decrescente dos Jogos Asiáticos, na Gala do Ano Novo Chinês da CCTV, entre outras actividades no Interior da China”. Além disso, três das equipas que vão iluminar cinco noites de Outubro bateram o recorde mundial de maior número de drones a voar ao mesmo tempo e de voo mais demorado.