Exposição | Os Camões de Vítor Hugo Marreiros em Lisboa Andreia Sofia Silva - 28 Jul 202528 Jul 2025 Foi inaugurada no sábado a primeira exposição individual de Vítor Hugo Marreiros em Lisboa, na galeria Passevite. A mostra reúne retratos de Luís de Camões retirados dos cartazes que o designer e artista macaense faz há décadas para celebrar o 10 de Junho. A inspiração, sobre esta e outras figuras de Portugal e da sua literatura, está longe de se esgotar “Camões, Cinco Zero Zero” é a exposição que pode ser vista até ao fim de Agosto na Galeria Passevite, em Lisboa, e a primeira em nome individual do artista e designer macaense Vítor Hugo Marreiros. Esta não é a primeira estreia total de Marreiros em solo português, tendo em conta a sua participação anterior em exposições colectivas, mas é a primeira vez que expõe em nome próprio e logo para mostrar um trabalho que tanta visibilidade lhe tem dado nos últimos tempos: os cartazes do 10 de Junho com o rosto de Camões, e não só. A mostra “Camões, Cinco Zero Zero” é, como o nome indica, uma exposição dedicada inteiramente às imagens do poeta nestes cartazes, mas com uma nova roupagem e linguagem artística. “Tudo partiu do desafio proposto por um colega meu, Henrique Silva, mais conhecido por Bibito”, contou ao HM. “Os quadros que estão aqui não são apenas retirados dos cartazes do 10 de Junho, mas também de outros trabalhos, porque ao longo da minha vida profissional tive inúmeras oportunidades de retratar temas lusos e ícones como Fernando Pessoa, Amália, até a sardinha”, contou. Vítor Hugo Marreiros faz os cartazes do 10 de Junho – Dia de Camões, Portugal e das comunidades portuguesas há 34 anos e sempre procurou mesclar a figura do poeta com alguns temas da actualidade do país, bem como os símbolos da portugalidade. “Nos últimos anos procurei retratar as preocupações da comunidade portuguesa [de Macau], bem como os acontecimentos em Portugal, a crise, a covid-19 ou a guerra na Ucrânia. O Camões fala por si, em anos diferentes e acompanhado sempre dos acontecimentos do ano. Às vezes ponho o Camões a falar por mim. A minha companheira diz-me sempre isso, que eu ponho o Camões a dizer aquilo que eu quero.” Houve tempos, e cartazes, em que o artista retratou alguns episódios da actualidade de Macau, como o aumento da instalação de câmaras de videovigilância ou mesmo a proibição de fumar em certos sítios. “Sentia que, dentro da comunidade portuguesa e de toda a Macau, este episódio [a proibição de fumar] tinha sido como que uma agressão. Às vezes vou ouvindo as preocupações da comunidade e também as minhas, não só em relação a Portugal, como também a Macau. Esses temas podem surgir isolados, mas também ligados ao Camões e a outros nomes que coloco [nos cartazes], por brincadeira”, acrescentou. O artista e o poeta Ironicamente, a relação de Vítor Hugo Marreiros com a escrita de Camões, seja a poesia, as cartas ou os próprios Lusíadas nem é de grande proximidade – o artista assume mesmo que prefere a Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto. “Acho mais engraçado. ‘Os Lusíadas’ é uma obra mais pesada, forte, heroica. Prefiro a ‘Peregrinação’, e até para desenhar tem mais piada. Sempre que preciso de fazer algum trabalho, com uma parte histórica, noticiosa ou literária, começo sempre por ler a ‘Peregrinação’.” Aliás, Vítor Hugo Marreiros diz procurar sempre explicações sempre que os seus desenhos bloqueiam com a necessidade de alguma informação factual ou histórica. “Sou um drácula. Quando preciso de qualquer coisa ligada à medicina, vou ao meu amigo. Não tenho vergonha de pedir coisas a um amigo advogado. Aproveito a cultura dos outros também, porque é muito importante pesquisar”, disse. Na mostra da Galeria Passevite, “há arranjos diferentes em termos técnicos e há espaço para novas interpretações”. Vítor Hugo Marreiros diz não se ter cansado ainda de fazer o cartaz e até já tem dois preparados para os próximos dois anos. “Há espaço para novas imagens. O Camões tem de aparecer sempre, mas é acompanhado por figuras dos acontecimentos actuais, figuras de época, pelas preocupações nacionais. Há quem diga que sou um gráfico político, mas eu não sou muito ligado à política, preocupo-me mais com a sociedade. Por exemplo, no último cartaz do 10 de Junho surge o Trump, e também coloquei uma conversa entre D. Afonso Henriques e o presidente do FC Porto [ex-presidente, Pinto da Costa], porque D. Afonso Henriques foi rei e ele era o presidente. Há pequenos pormenores, vou brincando com coisas sérias, mas não ensino nada. Leio, interpreto e sugiro. Para mim a política, se é de direita ou de esquerda, diz-me pouco”, rematou.
Polícia Judiciária | Criança cai de janela quando estava sozinha João Santos Filipe - 28 Jul 2025 As autoridades indiciaram a mãe e a empregada doméstica do crime de abandono, punível com pena de prisão que pode chegar aos oito anos. A criança ficou sozinha em casa, enquanto a empregada foi buscar o irmão à escola A Polícia Judiciária (PJ) indiciou a mãe e a empregada doméstica do crime de abandono, depois de uma criança ter caído de uma janela quando estava sozinha em casa. O caso aconteceu no dia 15 de Julho, mas a informação sobre a investigação foi revelada na sexta-feira pela PJ, de acordo com o jornal Ou Mun. O caso foi descoberto por volta das 13h, quando o menino foi encontrado no chão da Rua do Gamboa, depois de ter caído de um prédio com quatro andares. A vítima da queda foi levada para o hospital, onde foi diagnosticada com uma hemorragia intra-craniana, ficando internada. Até ontem, as autoridades não revelaram se a criança, do sexo masculino, corria risco de vida. Face à possibilidade de ter existido crime, os agentes da PJ investigaram a queda e descobriram que na manhã do acidente tanto os pais como o irmão da criança tinham saído de casa. A criança ficou à guarda de uma empregada doméstica, que também estava incumbida de ir buscar o irmão mais velho da vítima à escola. Quando foi buscar o irmão, a empregada doméstica deixou o menino sozinho em casa com um tablet e trancou a porta da habitação. A mãe do menor foi informada sobre as condições em que a criança tinha sido deixada. No entanto, a PJ diz ter concluído que quando a criança ficou sozinha em casa começou a chorar e assustou-se. A vítima ainda tentou utilizar ferramentas para abrir a porta. No entanto, como não conseguiu abrir a porta, as autoridades acreditam que a criança tentou sair da habitação pela janela da cozinha, o que levou à queda. As autoridades também apuraram que esta não foi a primeira vez que o menino ficou sozinho em casa, o que já teria acontecido mais vezes desde 17 de Junho. As lesões da criança foram consideradas consistentes com uma queda em altura. O caso foi entregue ao Ministério Público e a mãe e trabalhadora estão indiciadas do crime de abandono, punido com pena de um a cinco anos de prisão, que neste caso pode ser agravado para oito anos de prisão, se for considerado que as lesões constituem ofensa grave à integridade física. IAS a acompanhar Após a investigação ter sido tornada pública, Hon Wai, presidente do Instituto de Acção Social, afirmou que a família está a ser acompanhada e que está “profundamente triste”, de acordo com o Canal Macau da TDM. “Infelizmente, acredito que todos sabem deste infeliz incidente. A família está profundamente triste e o IAS está a providenciar assistência directa à família”, afirmou. “Precisamos de trabalhar muito com esta família, sobre como lidar com o futuro e com os cuidados das crianças”, reconheceu. De acordo com o Ou Mun, o presidente do IAS apelou também às famílias para evitarem deixar crianças sozinhas em casa, mesmo que seja durante um curto período de tempo, porque há sempre “riscos” nessas situações. Hon Wai pediu assim às famílias que tentem uma melhor coordenação para acompanharem as crianças e que envolvam mais membros na vigilância de menores.
Cotai | Espectáculo na zona ao ar livre cancelado Hoje Macau - 28 Jul 2025 Ao contrário do que estava previsto, a realização de um espectáculo no “Local de Espectáculos ao Ar Livre” planeado para o início de Setembro foi cancelada, de acordo com uma nota de imprensa do Instituto Cultural (IC). As autoridades indicam assim que o espaço voltou a ficar disponível para ser temporariamente arrendado. O espectáculo cancelado não foi identificado pelas autoridades, nem as datas concretas em que ia decorrer. “O Local de Espectáculos ao Ar Livre de Macau foi originalmente alugado pela indústria das artes performativas para a realização de um espectáculo de grande dimensão em inícios de Setembro. No entanto, foi recebida uma notificação do respectivo locatário no dia 25 deste mês a informar que o evento foi cancelado, pelo que o espaço se encontra novamente disponível para aluguer no período referido”, informou o IC. No entanto, em Maio, a organização do festival S20, que se destaca por organizar concertos com jactos de água direccionados para o público, tinha revelado uma edição em Macau, que estava agendada para os dias 6 e 7 de Setembro. De acordo com a informação do organizador publicada no Facebook em Maio, o festival estava agendado para o Local de Espectáculos ao Ar Livre. No entanto, e embora o cancelamento não tenha sido confirmado, a pouco mais de um mês ainda não foi anunciado o nome de qualquer artista presente, nem os bilhetes foram colocados à venda.
Água | Mais duas marcas falham testes de segurança Hoje Macau - 28 Jul 2025 O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou que duas águas produzidas fora de Macau chumbaram os testes de segurança e qualidade. Num comunicado divulgado apenas em língua chinesa, na sexta-feira, o IAM identificou as marcas como a “Água Potável Natural da Vila de Chang Ming Shui”, com origem em Zhongshan, e a australiana “PH8 Natural Alkaline Spring Water”. Segundo o IAM, 42 marcas de água produzidas no exterior de Macau à venda em supermercados locais foram testadas, através da recolha de 240 amostras, o que resultou em 48 produtos testados. Como resultado destes exames, o IAM indicou que as duas águas identificadas não passaram nos testes e que os lotes em causa foram retirados de circulação. Também foi apelado aos residentes que se desfaçam dos produtos e não os consumam. No caso da marca “Água Potável Natural da Vila de Chang Ming Shui” está em causa um lote de garrafões de 18,9 litros, com data de produção de 23 de Maio. O IAM descobriu que a água apresenta níveis de bactérias coliformes que não respeitam os padrões recomendados. As coliforme são um tipo de bactérias, como a e.coli, que habitam no intestino de mamíferos. No caso da água PH8 Natural Alkaline Spring Water, os testes mostraram níveis de bactérias pseudomonas aeruginosa que não respeitam os valores recomendados. As bactérias pseudomonas aeruginosa podem ser encontradas nas águas e nos solos e podem levar a infecções graves nos pulmões, na pele ou no tracto urinário. Os produtos com problemas são garrafas de 1,5 litros que fazem parte do lote identificado como “B/B 09/05/26 PKD09/05/24 B.09”.
Chikungunya | Novos casos levam à suspensão de doações de sangue João Santos Filipe - 28 Jul 2025 Devido aos casos importados de febre de Chikungunya, os Serviços de Saúde vão proibir infectados, ou pessoas suspeitas de terem sido infectadas, de doar sangue durante seis semanas Os Serviços de Saúde anunciaram o registo de mais dois casos importados de febre de Chikungunya na sexta-feira, o que faz subir o número de casos para quatro, e anunciaram novas medidas de controlo. Com as alterações anunciadas, quem foi infectado com Chikungunya ou que apresente sintomas de febre deve suspender as doações de sangue. As novas medidas foram tomadas “tendo em conta a ocorrência de casos de febre de dengue e de febre Chikungunya registados em Macau e nas regiões vizinhas, e a prevenção do risco de transmissão de doenças através do sangue”. Com as alterações, há dois tipos de pessoas que ficam impossibilitadas de doarem sangue durante seis semanas: os residentes diagnosticados com febre Chikungunya e os residentes que estiveram numa área epidémica duas semanas antes de doarem sangue e apresentaram sintomas como febre, dor intensa nas articulações ou nos músculos, dor de cabeça, náuseas, fadiga e erupções cutâneas. No caso de pessoas que apresentem sintomas como febre, dor intensa nas articulações ou nos músculos, dor de cabeça, náuseas, fadiga e erupções cutâneas nos últimos 14 dias, mas que não estiveram em zonas epidémicas, o Centro de Transfusões de Sangue vai fazer uma avaliação caso-a-caso. Doenças de Verão Em relação aos novos casos importados de febre de Chikungunya, o primeiro foi identificado num trabalhador não-residente com 48 anos, que trabalha na Avenida Kwong Tung e vive no Beco do Gonçalo, perto da Avenida Almeida Ribeiro. O homem foi diagnosticado na sexta-feira, depois de ter estado nas Filipinas entre 6 de Julho e 19 de Julho, a visitar a família. Após regressar começou a sentir dores musculares e febre. Deslocou-se na quinta-Feira ao Hospital Kiang Wu e foi diagnosticado no dia seguinte. Os colegas de casa e de trabalho, assim como a família, não apresentam sintomas da infecção. O segundo caso foi registado num residente com 38 anos. O homem vive em Seac Pai Van, no Vale das Borboletas e trabalha num dos casinos do Cotai. O homem foi diagnosticado depois de ter estado na cidade de Foshan, entre 19 e 20 de Julho. Após regressar a Macau apresentou dores nas pernas e febre. Foi diagnosticado na sexta-Feira no Centro Hospitalar Conde São Januário. Ambos os pacientes encontram-se longe de perigo e em condições estáveis. Como resposta aos dois casos importados, os Serviços de Saúde estiveram nas zonas indicadas a tomar medidas de extermínio de mosquitos. “Os Serviços de Saúde recordam aos residentes que devem manter-se atentos às medidas de prevenção e que devem tomar medidas, para que seja construída em conjunto uma barreira contra as doenças infecciosas transmitidas por mosquitos”, foi apelado, em comunicado. Segundo os Serviços de Saúde a febre Chikungunya é uma doença viral, transmitida por mosquitos do género Aedes, principalmente os das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Turismo | Governo destaca os bons números do primeiro semestre Hoje Macau - 28 Jul 2025 O gabinete do secretário para a Economia e Finanças destacou ontem os números registados pelo sector do turismo no primeiro semestre, nomeadamente os mais de 19 milhões de turistas que visitaram Macau. Trata-se de “um aumento de 15 por cento em termos anuais e uma recuperação para cerca de 95 por cento dos valores registados no período homólogo de 2019”. O Executivo destaca também que “o número de visitantes internacionais atingiu 1,34 milhões, um aumento de quase 15 por cento em termos anuais”. Os números foram explicados pelo “pleno aproveitamento das vantagens próprias de Macau em conjugação com as políticas de apoio do Governo Central e os esforços de todos os sectores da sociedade”, revelando-se uma “tendência positiva” do “desenvolvimento da indústria turística”.
Ponte Macau | Ron Lam questiona fecho durante sinal 8 de tufão João Santos Filipe - 28 Jul 2025 O ainda legislador pediu ao Executivo que revele os resultados dos testes feitos na ponte durante a passagem do tufão Wipha e que indique se tomou uma decisão sobre a abertura da Ponte Macau ao trânsito nos dias em que é içado o sinal 8 de tufão O deputado Ron Lam pretende que o Governo explique os motivos da Ponte Macau ter sido encerrada durante a passagem do tufão Wipha, quando o sinal 8 de tufão estava içado. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita, em que o legislador cita o construtor da ponte que garante que a infra-estrutura está preparada para permanecer aberta durante o sinal 8. No documento, o deputado faz um descrição temporal dos eventos e das horas em que os diferentes sinais de tufão foram içados. Nesta linha de raciocínio, Lam relata que depois do sinal 10 ter sido reduzido directamente para 8, às 17h do domingo, várias instalações começaram a abrir gradualmente, como as diferentes fronteiras, e que o trânsito voltou a circular. No entanto, Lam critica o facto de a Ponte Macau ter ficado encerrada levando a grandes congestionamentos no tabuleiro inferior da Ponte Sai Van, a única via para fazer a travessia entre Macau e a Taipa. A questão foi anteriormente respondia pelo Executivo, que indicou ter encerrado a ponte para fazer testes sobre a velocidade do vento, inclusive com a instalação de medidores, dado que esta foi a primeira vez que o sinal 8 foi içado desde a abertura da infra-estrutura. Ron Lam reconheceu a posição do Executivo. Todavia, exige outras clarificações, porque quando a construção da ponte foi aprovada um dos principais argumentos era a possibilidade de haver mais uma ligação entra Macau e a Taipa durante dias de tufão. Outras expectativas O deputado explica também que quando o projecto foi lançado que o portal das Obras Públicas indicava que a ponte ia estar abertura durante a passagem de tufões. Além disso, Lam recorda que o construtor da infra-estrutura [Sucursal da China Civil Engineering Construction Company em Hong Kong e Macau] prestou declarações a dizer que tinham sido feitos testes que mostravam que a velocidade do vento era reduzida em 33,4 por cento e que a ponte seria fechada com o sinal número 9, mas que ficaria abertura com o sinal número 8. “Se a ponte foi desenhada e construída de forma rigorosa e seguindo as exigências do concurso público, e se a aceitação da obra foi realizada de acordo com os padrões exigíveis, então tem de estar preparada para estar aberta à circulação quando o sinal número 8 de tufão é içado”, escreve Lam. “Porque é que a ponte ficou encerrada ao trânsito, e as autoridades não informaram a população que ia estar encerrada para recolher informação sobre a velocidade do vento?”, questiona. “Será que os testes de Setembro do ano passado da construtora foram feitos seguindo padrões que não cumprem os requisitos mínimos ou houve outros motivos que levaram à necessidade de realizar mais testes?”, pergunta. O legislador pretende igualmente que as autoridades expliquem se os testes foram concluídos, qual os resultados e quando vai ser anunciado à população se a ponte vai poder ser aberta durante o sinal 8 de tempestade. Custo de 5,2 mil milhões A Ponte Macau tem 3,085 quilómetros de comprimento, dos quais 2,9 quilómetros ficam acima do nível do mar. A estrutura é composta por dois vãos de navegação marítima com 280 metros de extensão. A obra tem oito vias de trânsito nos dois sentidos, com duas das faixas a servirem exclusivamente motociclos. O tabuleiro da ponte tem ainda espaços para a instalação de canalizações, como cabos eléctricos de alta tensão, condutas de gás combustível, tubagens de água da torneira, de água reciclada e de água para uso de bombeiros, entre outros. O custo final da infra-estrutura ainda não foi anunciado publicamente, mas o orçamento inicial era de 5,2 mil milhões de patacas.
Viagens | Residentes isentos de visto na Jamaica e Chile Hoje Macau - 28 Jul 2025 Os residentes com passaporte da RAEM que pretendam viajar para a Jamaica e Chile passam a estar isentos de visto pelo período de 30 dias. A informação foi divulgada pela Direcção de Serviços de Identificação (DSI), através de um comunicado. As alterações foram comunicadas à RAEM pela Embaixada da Jamaica na República Popular da China e pelo Consulado Geral do Chile em Hong Kong. No caso dos residentes com passaporte de Portugal, também é possível viajar para a Jamaica com fins de turismo e ter uma isenção de 30 dias. No caso das viagens de turismo no Chile, a isenção de visto é de 90 dias.
Eleições | Residentes pedem transparência na exclusão de candidatos Hoje Macau - 28 Jul 2025 Alguns residentes admitem que os deputados devem amar a China e Macau, mas questionam o facto de 12 candidatos à Assembleia Legislativa terem sido excluídos sem que se conheçam os motivos Um guia turístico, um estudante, um reformado e uma desempregada ouvidos pela Lusa questionam a razão da exclusão de 12 candidatos ao parlamento de Macau e pedem mais transparência eleitoral. “Desqualificação sem justificação”. É assim que reage Elory Kuong, guia turístico de 25 anos, à recente exclusão de 12 candidatos à Assembleia Legislativa (AL). Kuong é das poucas pessoas que a Lusa aborda, no centro da cidade, e que se mostra disponível para falar sobre o mais recente episódio de desqualificação eleitoral. “Tudo isto é opaco”, declara o jovem. A Comissão de Defesa da Segurança do Estado (CDSE) excluiu, na semana passada, os candidatos de duas listas às eleições de 14 de Setembro, considerando-os “não defensores da Lei Básica ou não fiéis à Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China” Num comunicado, a CDSE explicou que, quando um candidato é desqualificado por falta de patriotismo, todos os outros da mesma linha são afastados. “Não sei em quem posso votar ou quem me pode representar”, admite Kuong. Ao contrário do guia turístico, Elexa Kam, de 30 anos, e actualmente no desemprego, vai às urnas “por dever”, embora ainda não tenha decidido em quem confiar o voto. Falou à Lusa na praça do Tap Seac, coração da cidade, e, também ela, questiona a transparência do sistema: “Não sabemos por que razão foram desqualificados, acho que o Governo devia ser mais transparente. Os cidadãos têm o direito de saber”. Documentos confidenciais Quando anunciou a exclusão dos 12 candidatos, o presidente da comissão eleitoral, Seng Ioi Man, garantiu aos jornalistas que os pareceres vinculativos da CDSE, dos quais não é possível recorrer, “têm um fundamento legal claro e suficiente” e foram elaborados “tendo em conta os factos”. No entanto, recusou-se a revelar os factos que levaram à exclusão, defendendo que “os trabalhos e documentos” da CDSE “são confidenciais”. “Porque é que tantas pessoas foram desqualificadas? Elas não obstruíram o trabalho de Macau”, assume Wong Yat Hung, reformado de 69 anos e que não está recenseado. “O sistema devia ser mais justo”, declara. A exclusão abrange seis candidatos da lista Força da Livelihood Popular em Macau, liderada pelo assistente social Alberto Wong. A outra lista que ficou de fora é a Poder da Sinergia, do actual deputado Ron Lam U Tou, uma das vozes mais críticas do parlamento. A AL “perdeu o carácter mais liberal e pluralista após as desqualificações”, considera um estudante de 18 anos, de apelido Pun. “É uma pena que essa dinâmica única esteja agora em falta”, lamenta. À semelhança dos outros entrevistados, também Pun expressa frustração com o sistema: “Se eles [Governo] decidirem que tu não deves estar lá, não importa o que faças, serás desqualificado de qualquer maneira”. Apesar de tudo, o estudante admite apoiar e lei eleitoral e a decisão da comissão eleitoral. “Não é uma situação que possa controlar, não sou político, não há como consertar isso”, refere. Após o anúncio da exclusão dos candidatos, o Governo da região demonstrou, num comunicado, “forte apoio” à decisão da CDSE, que descreveu como “uma medida correta para a plena aplicação do princípio fundamental ‘Macau governado por patriotas'”. O que é o patriotismo? À Lusa, Pun também defende que os deputados devem “amar o país, amar Macau e amar as pessoas”, embora admita não conseguir explicar o termo “patriotismo”. E não é o único. “Não consigo definir”, diz Elory Kuong. Joe Chan Chon Meng, da lista de Ron Lam e um dos 12 candidatos excluídos da corrida parlamentar, por falta de patriotismo, disse à Lusa, na semana passada, que toda a equipa “ama Macau e ama a China”. Joe Chan, ambientalista e educador, notou que a única razão que pode encontrar para a desqualificação é que, por vezes, “fala contra eles”, referindo-se às autoridades de Macau. Trata-se da segunda vez que candidatos por sufrágio directo são excluídos na corrida à AL, depois de, em 2021, a comissão ter desqualificado cinco listas e 21 candidatos – 15 dos quais pró-democracia. Com a decisão deste ano, concorrem às eleições seis listas pelo sufrágio directo, menos oito do que em 2021. Trinta e três deputados integram a AL, sendo que 14 são eleitos por sufrágio directo, 12 por sufrágio indirecto, através de associações, e sete são nomeados posteriormente pelo Chefe do Governo Executivo. A lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, em vigor desde Abril de 2024, estabelece que “quem, publicamente, incitar os eleitores a não votar, votar em branco ou nulo, é punido com pena de prisão até três anos”.
No aniversário de Bergman Amélia Vieira - 25 Jul 2025 O grande director de cinema sueco nasceu a 14 de Julho de 1918 e marcaria as nossas vidas como nenhum outro quando olhado do ângulo mais puro de uma intimidade que imprime códigos de decifração e de iniciação, olhamo-lo como se olham os espelhos- no outro lado- e sem dúvida que o formalismo quase religioso, ritualístico, enigmático, e quantas vezes indecifrável, foi nos seus filmes a única liturgia conhecida em duas gerações. O seu legado em nós permanece, o seu sentido estético era mais do que poderíamos ter exigido num mundo em que muito deste conceito estava desvanecente nas prioridades sociais, mas Bergman, foi uma espécie de fronteira que precisámos observar enquanto ritmo quase litúrgico. Só que o feérico Bergman seria bem mais do que isso, viveu bastante, morreria em 2007 e o seu lado de morcego não nos impede jamais de lhe prestarmos sincera gratidão. E, o que pode haver nele de tão negro? A sua circunstância e a época onde desenvolveu paixão grandiosa por Hitler, talvez pela influência familiar, ou não, nunca se sabe, mas suponhamos que sim, e como jovem musculado nas Olimpíadas de Berlim, Bergman exultou até ao último momento, apenas quebrando diante da realidade daquilo que foram os campos de concentração. Uma inquietante pergunta se nos impõe: devemos nós julgar os seres de forma moralista, ou exultar neles a dádiva do seu legado? Neste caso, e abertamente, o último parece o mais justo e recompensador, que o homem no seu instante histórico pode propor-se a coisas abomináveis, mas quando ultrapassado, pode transmutar-se e ser agente de grandes feitos. O ser moral não coincide com o génio, o talentoso ser pode ser de certa forma amoral e não lhe pedimos confessionalismos que magoem a sua fonte criativa, e é isso que nunca devemos esquecer. É bem evidente que nem todos aqueles que deram a mão à desgraça amanheceram transfigurados, mudados e mais humanos: não! a maioria seguiu o curso dos tempos e multiplicou-se reverberando um adágio alucinante que desaguou nesta colmeia de parasitas infelizes, a extrema- direita europeia. Entre os nacionalistas armilados, congregações de capa e espada, delírios hermenêuticos e cavalarias descalças, eles nunca levantaram mais nada para além do ridículo malsão que teima em se afirmar como lembrança desnecessária. É perigoso não saber discernir o local onde a beleza mora, e onde o ritmo civilizador se desvanece. É neste Verão que os «Morangos Silvestres» sabem bem como todos os frutos que nascem da seiva natural, e em seu memorável, frutuoso, e lendário legado, havia que enumerar dezenas de outros “frutos” onde a própria natureza não se vê. Há um além terrestre que o povoa e vai na direção de identidades ontológicas, onde sabemos que ir a Fátima a pé é muito mais perto que alcançar o milagre da sua iniciação. Manuel de Oliveira andou ligeiramente perto deste registo mas sem a componente translúcida e sequencial dos discursos, e muito aquém da refinada esquematização de imagem que requer um brilho que uma máquina parada nunca saberá devolver, porém, vamos encontrar nele reflexos escondidos do mestre da quase perfeição. Os políticos são sombras ao lado dos artistas, e o que eles fazem só a Deus pertence, onde suas faltam nada significam ao lado do significado que lhes dão. A sombra da soberba inquisitiva não pode culpabilizar os mestres que têm direito a falhas tão humanas quanto os demais, mas onde há um hiato que convém sempre salvaguardar, a própria excelsitude. O professor António de Macedo sabia bem do que falava nas suas quase homilias cinematográficas acerca da obra do grande cineasta. Parabéns aos dois.
GP | FIA já definiu como será a Taça do Mundo de F4 Sérgio Fonseca - 25 Jul 2025 O Grande Prémio de Macau recebe a primeira edição da Taça do Mundo de Fórmula 4 da FIA, entre 13 e 16 de Novembro deste ano. A Federação Internacional do Automóvel publicou o regulamento desportivo, que revela alguns detalhes sobre o que será a mais recente Taça do Mundo integrada no programa do 72.º Grande Prémio de Macau As inscrições para a Corrida de Macau de Fórmula 4 – Taça do Mundo de Fórmula 4 da Federação Internacional do Automóvel (FIA) estão abertas até ao dia 30 de Julho, cabendo à FIA a selecção dos pilotos que irão participar. Os responsáveis da FIA terão feito uma pré-selecção dos melhores pilotos dos campeonatos nacionais de Fórmula 4, encorajando também todos outros os pilotos interessados em contactar directamente a FIA e a fornecer detalhes do seu historial desportivo para serem considerados. A lista final de vinte pilotos será confirmada através de uma carta oficial de convite, tendo em conta a classificação actual dos pilotos nos respectivos campeonatos. A selecção final só deverá ser tornada pública em meados de Outubro, conforme é tradição na prova do Circuito da Guia. Numa altura em que, nos bastidores, se fala da possibilidade de a FIA aumentar a idade mínima da Fórmula 4 para 16 anos, o regulamento desportivo estipula que todos os pilotos devem ter, no mínimo, 15 anos de idade, sendo vinculativa a data de aniversário. Um piloto inscrito não poderá ter participado em mais de duas provas de um campeonato com qualquer tipo de monolugar que tenha sido concebido e/ou construído para atingir uma relação peso-potência inferior a 3,0 kg/cv, o que impede a participação nesta corrida de pilotos que tenham disputado temporadas da Fórmula Regional ou Fórmula 3. O regulamento desportivo não especifica pormenores técnicos, mas em comunicações anteriores, a FIA já havia confirmado que a Mintimes – organizadora do Campeonato Chinês de F4 – será o “Operador Único” da prova, em conjunto com a FFSA (Fédération Française du Sport Automobile), responsável pelo apoio técnico à Taça do Mundo. Na prática, todos os concorrentes utilizarão monolugares Mygale M21-F4, recentemente re-baptizados como Ligier JS F422. Estes fórmulas, equipados com motores Renault 1.3 litros turbo, serão alugados a equipas do Interior da China e operados por uma única equipa técnica – a mesma que organiza o Campeonato Francês de F4. A Pirelli será o fornecedor exclusivo de pneus, como já acontece no Grande Prémio de Macau de Fórmula Regional e na Taça do Mundo de GT da FIA. Apesar de o horário oficial do evento ainda não ter sido divulgado, sabe-se que a Taça do Mundo contará com uma corrida de qualificação disputada ao longo de 8 voltas, ou no máximo 60 minutos, muito provavelmente no sábado. A Corrida Principal será realizada no domingo, com 10 voltas ou, igualmente, um máximo de 60 minutos. Antes disso, terá lugar uma sessão de Treinos Livres com a duração de 40 minutos, seguida de uma sessão de Qualificação com a mesma duração. Patacas e Pontos Cerca de 350 mil patacas em prémios monetários serão distribuídas pelos concorrentes presentes nesta primeira Taça do Mundo, com o vencedor da Corrida Principal a arrecadar oito mil dólares americanos. Como curiosidade, todos os participantes receberão trezentos dólares de participação – o mesmo valor atribuído à pole-position da corrida de qualificação de sábado e ao piloto que atingir a velocidade de ponta mais elevada durante o evento. Mais importante do que os prémios monetários, o vencedor da primeira Taça do Mundo de Fórmula 4 da FIA nas ruas de Macau conquistará dois pontos para a Super Licença – pontos esses que podem vir a ser decisivos para aceder ao restrito mundo da Fórmula 1. O vencedor estará também obrigado a marcar presença na Cerimónia de Entrega de Prémios da FIA, que este ano terá lugar a 12 de Dezembro, em Tashkent, no Usbequistão.
Coreia do Norte | Kim pede preparação “para guerra a sério” Hoje Macau - 25 Jul 2025 O líder da Coreia do Norte pediu a soldados do país que se preparem “para uma guerra a sério”, durante um exercício de tiro de artilharia que presenciou, informou ontem a imprensa oficial norte-coreana. Fotos divulgadas pela agência de notícias KCNA mostram Kim Jong-un, vestido com um fato preto, a dirigir-se a soldados de uniforme. Outras imagens mostram Kim a observar atentamente um exercício de tiro de artilharia ao lado de vários líderes militares norte-coreanos. A sessão de tiro decorreu na quarta-feira, num local não revelado. Imagens divulgadas pela agência mostraram ainda projécteis a serem disparados em direcção ao mar. Durante a visita, Kim discursou para os soldados norte-coreanos, a quem pediu para se prepararem “para uma guerra a sério” e para serem capazes de “destruir o inimigo em todas as batalhas”, de acordo com a KCNA. Esta visita acontece depois de um contingente norte-coreano ter participado em combates contra as forças ucranianas na região russa de Kursk, parcialmente ocupada pelas tropas de Kiev desde o Verão de 2024 e que a Rússia anunciou ter retomado totalmente no final de Abril.
Tailândia | Nove mortos e 14 feridos por ataques aéreos cambojanos Hoje Macau - 25 Jul 2025 Os ataques aéreos cambojanos mataram nove pessoas, incluindo uma criança de oito anos, e feriram 14, informou ontem o exército tailandês, no dia em que se intensificou o conflito entre os dois países Nove pessoas morreram e 14 ficaram feridas na Tailândia na sequência da ofensiva de ataques aéreos cambojanos. Segundo o exército tailandês, uma das vítimas mortais foi uma criança de 14 anos. A Tailândia afirmou ter lançado ataques aéreos contra dois alvos militares no Camboja, enquanto os soldados cambojanos dispararam vários foguetes contra território tailandês. Seis pessoas foram mortas num ataques perto de um posto de abastecimento de combustível na província de Sisaket (nordeste), duas na província de Surin (nordeste) e uma na província de Ubon Ratchathani (nordeste). As autoridades tailandesas anunciaram o encerramento total de todas as passagens fronteiriças terrestres com o Camboja, após confrontos entre os dois exércitos em várias áreas que separam estes países vizinhos. O nível de segurança nas passagens fronteiriças foi elevado para o 4 — o máximo —, o que constitui um encerramento completo, disse, em conferência de imprensa o porta-voz do centro tailandês que monitoriza a situação na fronteira com o Camboja, o almirante Surasant Kongsiri. “Dada a situação actual, é necessário que a Tailândia feche as barreiras nas passagens fronteiriças para proteger a nossa soberania, integridade territorial e a segurança das pessoas nas zonas fronteiriças”, disse, na mesma ocasião, o porta-voz dos Negócios Estrangeiros do centro, Maratee Nalita. Terra cobiçada Desde o final de Junho, a Tailândia implementou restrições de acesso em todos os postos fronteiriços ao longo dos mais de 800 quilómetros de fronteira que partilha com o Camboja, permitindo a entrada apenas por motivos humanitários, de saúde ou educação. O encerramento total acontece após os confrontos de ontem entre os exércitos tailandês e cambojano numa zona fronteiriça disputada, segundo indicaram os dois lados, que se acusam mutuamente de iniciar o conflito após semanas de tensão. Entretanto, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, solicitou ontem uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. “Considerando as recentes agressões extremamente graves da Tailândia, que ameaçaram gravemente a paz e a estabilidade na região, peço sinceramente que convoque uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para pôr fim à agressão da Tailândia”, escreveu Hun Manet numa carta dirigida ao presidente do Conselho de Segurança, Asim Iftikhar Ahmad. O conflito de longa data entre os dois países reacendeu-se a 28 de Maio, após um confronto entre os dois exércitos em torno de uma zona fronteiriça não demarcada reivindicada pelas duas nações, que resultou na morte de um soldado cambojano. A Embaixada da Tailândia no Camboja solicitou ontem aos cidadãos tailandeses que abandonem o país vizinho, após os confrontos e dada a possibilidade de os ataques “continuarem e espalharem-se”. A tensão territorial tem sido geralmente abordada diplomaticamente, embora entre 2008 e 2011, cerca de 30 pessoas tenham morrido em confrontos militares entre os dois países num território adjacente ao templo hindu de Preah Vihear.
China-UE | Compromisso para reforçar esforços contra alterações climáticas Hoje Macau - 25 Jul 2025 China e União Europeia (UE) comprometeram-se ontem a reforçar os esforços conjuntos no combate às alterações climáticas, segundo um comunicado divulgado no âmbito da 25.ª cimeira bilateral, realizada em Pequim. “O aquecimento global é tradicionalmente uma área de convergência entre Bruxelas e Pequim”, refere o texto, sublinhando a intenção de acelerar uma acção climática “rápida, em grande escala e a todos os níveis”. A UE pretende atingir a neutralidade carbónica até 2050, enquanto a China, maior emissora mundial de gases com efeito de estufa, comprometeu-se com esse objectivo até 2060. Apesar das tensões bilaterais, ambas as partes acordaram reforçar a cooperação em áreas como a transição energética, adaptação às alterações climáticas, controlo das emissões de metano, mercados de carbono e tecnologias verdes e de baixo carbono. O comunicado apela ainda ao alargamento global das energias renováveis e à facilitação do acesso a tecnologias ecológicas, sector no qual a China é líder mundial, incluindo em veículos eléctricos e painéis solares. Segundo David Waskow, do centro de reflexão World Resources Institute (WRI), esta declaração envia “um sinal importante de que a cooperação climática pode superar as tensões geopolíticas”. Já Yao Zhe, representante da organização ambiental Greenpeace, alerta que “é agora preciso passar à prática”.
Mongólia Interior | Seis estudantes morrem em visita a mina Hoje Macau - 25 Jul 2025 Seis estudantes universitários morreram após caírem num tanque de flotação durante uma visita académica a uma unidade de processamento de minerais na região autónoma chinesa da Mongólia Interior, informaram ontem as autoridades locais. O acidente ocorreu na quarta-feira, por volta das 10h20, quando uma grelha metálica cedeu sob o peso do grupo, provocando a queda dos alunos num tanque com lamas industriais, na planta de concentração de cobre e molibdénio de Wunugetushan, operada pela Inner Mongolia Mining, subsidiária do grupo estatal China National Gold. Apesar das operações de resgate, os seis estudantes – todos no terceiro ano da Universidade do Nordeste, em Shenyang – foram declarados mortos no local. Um professor que acompanhava a visita ficou ferido, segundo as autoridades locais. “Investigações preliminares indicam que a grelha se partiu durante a visita, provocando a queda acidental”, afirmou um responsável citado pelo portal Jimu News. As dimensões do tanque não foram divulgadas. O reservatório continha uma mistura espessa de água, minerais moídos e reagentes químicos que, segundo especialistas ouvidos pela imprensa chinesa, torna a sobrevivência “praticamente impossível”. O acidente ocorreu apenas dez dias após a empresa ter realizado uma reunião sobre segurança laboral, segundo uma publicação de 16 de Julho na sua conta oficial na plataforma WeChat, onde destacava protocolos “rigorosos” e a meta de “zero acidentes” para 2024. A planta é considerada uma das primeiras na China a operar com sistemas de flotação de grande capacidade, segundo um artigo técnico publicado em 2011.
António Costa pede à China que use influência para pôr fim à guerra na Ucrânia Hoje Macau - 25 Jul 2025 O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu ontem uma relação mais equilibrada com a China e pediu a Pequim que use a sua influência para pôr fim à guerra na Ucrânia, numa cimeira marcada por tensões comerciais. Num encontro com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, parte da 25ª cimeira bilateral entre a União Europeia (UE) e a China, Costa afirmou que, passados 50 anos sobre o estabelecimento de relações diplomáticas, os laços económicos e humanos entre ambas as partes “cresceram exponencialmente, trazendo prosperidade para os dois lados”. “Como parceiros comerciais de peso, as nossas economias e sociedades tornaram-se estreitamente interligadas. A UE e a China também cooperam no avanço da agenda ambiental multilateral”, sublinhou. “Queremos trabalhar para garantir que a nossa relação económica seja equilibrada, recíproca e mutuamente benéfica. O comércio entre a UE e a China tornou-se crescentemente assimétrico e isso não é sustentável”, alertou Costa, ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Segundo dados chineses, as exportações da China para a UE cresceram 7 por cento no primeiro semestre do ano, enquanto as importações provenientes do bloco europeu caíram 6 por cento, agravando o défice comercial europeu, que ultrapassa actualmente os 300 mil milhões de euros. Tom conciliador António Costa reforçou também as preocupações da UE em relação ao apoio chinês à Rússia, apelando a Li Qiang para que, enquanto membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, use a sua influência para pôr fim à guerra na Ucrânia. “Temos um interesse comum em manter relações construtivas e estáveis. Mas para isso é preciso que a China desempenhe um papel activo em prol da paz e da estabilidade internacional”, afirmou. A China tem evitado condenar a invasão russa e é acusada por Bruxelas e Washington de apoiar indirectamente Moscovo com exportações de bens de uso duplo civil e militar. Na véspera da cimeira, Pequim criticou as sanções europeias contra dois bancos chineses por alegadas ligações ao comércio com a Rússia. Apesar das divergências, Costa frisou que a UE está “comprometida em aprofundar a parceria bilateral e em trabalhar com boa-fé e honestidade para enfrentar os desafios globais”, numa base de respeito mútuo, reciprocidade e compromisso com a ordem internacional baseada em regras.
União Europeia | Xi Jinping pede renovação estratégica de relações Hoje Macau - 25 Jul 2025 O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem a uma renovação estratégica nas relações com a União Europeia, durante uma cimeira em Pequim marcada por crescentes tensões comerciais, tecnológicas e geopolíticas entre os dois blocos A reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, decorreu no Grande Palácio do Povo, no âmbito da 25.ª cimeira China-UE, que assinala o 50.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Bruxelas e Pequim. Segundo Xi, ao longo das últimas cinco décadas, os laços sino-europeus produziram “resultados frutíferos” e beneficiaram ambas as partes e o mundo. O líder chinês defendeu que, perante “uma situação internacional mais desafiadora e complexa”, a China e a UE devem reforçar a comunicação, fomentar a confiança e aprofundar a cooperação, contribuindo com mais estabilidade e previsibilidade para o mundo. “Devemos procurar convergências, mesmo mantendo divergências, e persistir na abertura e no benefício mútuo”, afirmou, sublinhando a importância de promover um relacionamento bilateral “que continue a crescer na direcção correcta” e que possa projectar-se para os próximos 50 anos “ainda mais brilhantes”. Apesar da retórica diplomática, analistas e fontes europeias advertiram que a cimeira ocorre num clima de desconfiança mútua e com expectativas limitadas de resultados concretos. O grupo de reflexão (‘think tank’) Bruegel classificou o encontro como uma “não-cimeira”, devido ao impasse persistente nas principais áreas de discórdia. Entre os temas centrais estão o desequilíbrio comercial – com um défice europeu superior a 300 mil milhões de euros – e o acesso a matérias-primas críticas, como as terras raras, sujeitas a restrições de exportação por parte da China. A UE acusa Pequim de distorcer os mercados ao subsidiar fortemente a sua indústria, sobretudo no sector dos veículos eléctricos, cujas exportações a preços abaixo dos praticados por fabricantes europeus levaram Bruxelas a impor tarifas adicionais entre 17 e 45,3 por cento. Outros focos Outro foco de tensão reside no apoio chinês à Rússia. Em Junho, Von der Leyen acusou Pequim de alimentar a economia de guerra russa com apoio “incondicional” a Moscovo. De acordo com o South China Morning Post, jornal de Hong Kong, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, terá alertado interlocutores europeus de que um eventual colapso russo desviaria o foco estratégico dos Estados Unidos para o Indo-Pacífico – algo que a China pretende evitar. Diplomatas europeus citados pela revista Politico acusam ainda Pequim de tentar dividir o bloco comunitário, privilegiando relações bilaterais com países como a Alemanha ou a França, em detrimento de uma abordagem unificada. Já a publicação The Diplomat observa que o simbolismo do 50.º aniversário contrasta com a realidade actual: “A cimeira deverá apenas confirmar quão distantes estão os valores e interesses de ambas as partes.”
O Budismo na História da China Hoje Macau - 25 Jul 2025 Por Mario Poceski O budismo na China tem uma história notavelmente longa e complexa. Ao longo dos últimos dois milénios, a tradição budista exerceu uma grande influência em praticamente todas as facetas da vida religiosa chinesa, tanto a nível popular como de elite. Além disso, o budismo deixou impactos multifacetados e duradouros noutros aspectos da civilização chinesa, incluindo a história, a sociedade, as artes e a cultura. No processo de sua transmissão, aculturação e crescimento na China, o budismo passou por extensas mudanças e múltiplas adaptações. Como resultado do prolongado encontro com as tradições chinesas, as crenças, doutrinas, práticas e instituições budistas sofreram transformações de grande alcance, mesmo que, na sua maioria, mantivessem um sentido de identidade com a religião budista mais alargada que teve origem na Índia. Este processo de sinicação resultou na formação de uma tradição budista rica e diversificada que é quintessencialmente chinesa. O impacto destes desenvolvimentos também se fez sentir para além das fronteiras da China, uma vez que as formas chinesas de budismo foram transmitidas a outras partes da Ásia Oriental e do Sudeste Asiático que tradicionalmente se encontravam sob a esfera de influência cultural e política da China, nomeadamente a Coreia, o Japão e o Vietname. Consequentemente, o budismo chinês tem constituído tradicionalmente o núcleo de uma variedade de budismo pan-oriental asiático, e a familiaridade com os modelos e desenvolvimentos chineses é essencial para compreender as ricas heranças budistas de outros países da região. Introdução inicial do Budismo na China Os registos históricos chineses contêm uma série de referências dispersas sobre a introdução inicial do budismo na China, embora a sua veracidade possa ser posta em dúvida. Na verdade, não sabemos realmente quando o budismo “entrou” pela primeira vez na China; de qualquer forma, essa é uma noção problemática que pressupõe um único ponto de entrada oficialmente sancionado. Talvez o relato quase histórico mais conhecido desse género seja a história frequentemente citada sobre o sonho do Imperador Ming (r. 58-75 d.C.) acerca de uma divindade estrangeira mistificadora com tons dourados, que um dos conselheiros da corte identificou como sendo o Buda. Em resposta, diz-se que o intrigado imperador enviou uma expedição ao Ocidente em busca da divindade. A expedição terá trazido a primeira escritura budista a entrar na China, a Escritura em Quarenta e Duas Secções (Sishier zhang jing, que alguns estudiosos acreditam ser um texto apócrifo composto na China). De acordo com versões posteriores da história, a expedição enviada pelo Imperador Ming trouxe também dois monges budistas para Luoyang, a capital da China na altura. Em resposta, o imperador ordenou a construção do primeiro mosteiro budista, que foi mosteiro budista, que recebeu o nome de Mosteiro do Cavalo Branco (Ch’en 1964: 29-31; Zürcher 2007: 22). Embora esta história possa ser apócrifa, exemplifica uma tendência predominante para se concentrar na introdução “oficial” do budismo, que está ligada ao Estado chinês e ao seu governante. Tais associações tinham um valor propagandístico óbvio para a comunidade budista nascente no início da China medieval, uma vez que ajudavam a legitimar a nova religião. O tipo de estratégia de legitimação exemplificado pelas histórias contadas nas crónicas oficiais foi muitas vezes acompanhado de uma propensão para fazer recuar no tempo a chegada do budismo a solo chinês. Dadas as tendências chinesas predominantes para exaltar a antiguidade e evocar o passado historicizado, esta abordagem ajudou a melhorar as percepções públicas do budismo. Essas tendências são evidentes em duas lendas que atrasam a cronologia da chegada inicial do budismo e o ligam a monarcas famosos. A primeira lenda descreve a chegada de monges budistas à corte de Qin Shihuangdi (221-210 a.C.), o famoso primeiro imperador que uniu a China num único império (Zürcher 2007: 19-20; Ch’en 1964: 28). A segunda lenda estabelece uma ligação entre o rei Aśoka (r. 268-232 a.C.), o famoso monarca indiano que se celebrizou pelo seu generoso patrocínio do budismo, e a chegada de missionários budistas à China. Além disso, outra lenda frequentemente citada, mencionada em Hou han shu (História dos Han Posteriores), situa a chegada do Budismo à corte chinesa em 2 a.C.; neste caso, o primeiro transmissor foi um enviado da Ásia Central do reino de Yuezhi, que se situava em Bactria (Ch’en 1964: 31-32). Apesar das incertezas que ainda persistem quanto à fiabilidade histórica dos acontecimentos específicos descritos nestes relatos, podemos afirmar que o budismo já tinha pelo menos alguma presença na China durante o primeiro século da Era Comum. Existe mesmo a possibilidade de alguns budistas terem entrado na China mais cedo. A principal via de transmissão era a bem conhecida rede de rotas comerciais, normalmente designada por Rota da Seda, que se estendia desde a capital chinesa Chang’an até ao Mediterrâneo, ligando assim a China à Ásia Central, ao Sul da Ásia e ao Médio Oriente. O crescimento inicial do budismo esteve assim ligado ao comércio de longa distância, tendo a diplomacia também desempenhado um papel importante. Isto estava em sintonia com um padrão global significativo, uma vez que a disseminação do comércio ao longo da Rota da Seda estava intimamente relacionada com a transmissão e expansão de uma variedade de religiões, embora a guerra e os realinhamentos políticos também pudessem ter impactos notáveis. Nessa altura, impulsionado pelo seu carácter missionário, o budismo estava no bom caminho para se tornar uma religião pan-asiática, com um apelo universal e uma capacidade de transcender as fronteiras étnicas, linguísticas e culturais estabelecidas. A maioria dos primeiros monges e leigos budistas que entraram na China vieram com caravanas de mercadores da Ásia Central, uma área onde o budismo já tinha estabelecido uma forte presença. Consequentemente, embora a transmissão do budismo possa ser vista como o principal elemento de um intercâmbio cultural em grande escala que ligou a China e a Índia – duas grandes civilizações com longas histórias e culturas sofisticadas – os kushans, os sogdianos e outros centro-asiáticos foram também importantes actores históricos e intermediários fundamentais (ver o capítulo de Mariko Walter neste volume). Consequentemente, as listas de notáveis missionários budistas deste período são dominadas por monges da Ásia Central. Exemplos bem conhecidos dessa tendência são An Shigao (ativo por volta de 148-180), um parta que produziu as primeiras traduções de uma variedade de escrituras e estabeleceu padrões preliminares de tradução, e Lokak ema (n. 147?), um cita que alcançou grande aclamação pelas traduções de uma série de importantes textos Mahāyāna, incluindo as primeiras escrituras que pertenciam ao corpus da perfeição da sabedoria (ver Zürcher 2007: 32-36). No início, a maioria dos seguidores do Budismo eram presumivelmente imigrantes da Ásia Central. No entanto, desde cedo, a religião estrangeira atraiu também a atenção dos chineses nativos, um número crescente dos quais se inspirou nos seus ensinamentos e se sentiu atraído pelos seus rituais. À medida que os missionários estrangeiros introduziam uma variedade de doutrinas, práticas, textos e tradições budistas, os chineses faziam esforços concertados para se adaptarem à nova religião e compreenderem os seus elementos essenciais. Normalmente, os conceitos e ensinamentos budistas eram interpretados em termos de valores religiosos nativos e de estruturas intelectuais estabelecidas, e esta situação manteve-se durante um longo período. No final da dinastia Han, em 220, já havia uma série de estabelecimentos budistas em várias partes da China, e o cenário estava montado para o crescimento exponencial do budismo ao longo dos vários reinos e impérios que se ergueram e caíram durante o Período da Desunião (220-589). O colapso do domínio imperial da dinastia Han deu lugar a uma situação sociopolítica lânguida, marcada por um sentimento generalizado de fragmentação e pela emergência de múltiplos centros de poder político. As circunstâncias instáveis criaram também um clima de abertura intelectual e religiosa a novas ideias, que contribuiu para atenuar um sentimento persistente de superioridade cultural chinesa e de preconceito etnocêntrico. Este tipo de sentimentos foi acompanhado de um maior ceticismo em relação aos valores normativos e aos paradigmas sociorreligiosos de longa data. A longo prazo, a situação um tanto ou quanto lúbrica e imprevisível beneficiou provavelmente o crescimento do budismo. Crescimento durante o período de divisão Durante o Período da Divisão (também conhecido como Dinastias do Norte e do Sul), o crescimento do Budismo e a sua penetração na sociedade chinesa continuaram a um ritmo constante. No século VI, que marcou o fim deste período frequentemente turbulento mas também fascinante, o budismo tinha-se estabelecido como a tradição religiosa dominante na maior parte do reino chinês, concretizando assim um processo histórico prolongado a que Erik Zürcher chamou a conquista budista da China (Zürcher 2007). Numerosos seguidores e simpatizantes do budismo podiam ser encontrados entre os membros de todos os estratos da sociedade chinesa, desde os camponeses pobres até aos imperadores. As ideias e os artigos de fé budistas, incluindo as noções prevalecentes sobre renascimento, lei cármica, graça salvífica e perfetibilidade humana, passaram a permear a cultura chinesa e a influenciar a vida do povo chinês, mesmo quando este não subscrevia formalmente a fé budista. Durante este período, o budismo tornou-se também uma força dominante na vida intelectual e exerceu uma grande influência na sensibilidade estética e nas criações artísticas. Entre as recordações duradouras do extraordinário fervor religioso do período estão os objectos de arte budista que sobreviveram, muitos deles atualmente nas colecções de vários museus na Ásia, Europa e América. Existem também os notáveis complexos de santuários rupestres de Yun’gang e Longmen, que foram inicialmente construídos durante a dinastia Wei do Norte. A ordem monástica, que incluía tanto monges como monjas, também cresceu exponencialmente, com efeitos notáveis na economia chinesa (Gernet 1995: 3-25). Estes desenvolvimentos reflectiram-se na dimensão e esplendor arquitetónico dos principais mosteiros, especialmente os situados nas capitais das principais dinastias (por exemplo, Luoyang), que não eram muito diferentes dos palácios imperiais (ver Yang 1984). À medida que uma vasta gama de textos e ensinamentos budistas foi introduzida na China, os budistas chineses mostraram desde cedo uma clara preferência pela tradição Mahāyāna. Com o estabelecimento de um tipo inclusivo e eclético de Mahāyāna como a corrente principal do Budismo, os seus ideais centrais e crenças fundamentais tornaram-se parte integrante da paisagem religiosa chinesa. Isso incluiu a exultação do ideal do bodhisattva, especialmente a sua virtude central de compaixão universal, bem como a fé numa multiplicidade de Budas supremamente sábios e compassivos que se manifestam numa multiplicidade de mundos através de um cosmos infinito, repleto de virtudes sublimes e poderes inspiradores. O crescimento bem-sucedido do budismo baseou-se, em grande parte, no apelo considerável de seus ensinamentos, rituais e práticas, que surgiram numa profusão muitas vezes desconcertante de formas e variedades. Incluíam rituais solenes de arrependimento e outras cerimónias religiosas que eram frequentemente encenadas em grande escala, juntamente com raras reflexões filosóficas sobre a natureza da realidade. Havia também vários tipos de práticas devocionais, técnicas contemporâneas e observâncias éticas. O budismo também provou ser útil como instrumento de legitimação política, especialmente para os governantes das dinastias do norte, a maioria dos quais não eram chineses nativos. Para os Tuoba Wei e outras tribos governantes do norte, o ethos universalista do budismo era apelativo, pelo menos em parte, devido à sua utilidade sociopolítica, especialmente tendo em conta os desafios que tinham de enfrentar quando governavam populações étnica e culturalmente diversas. Exemplos impressionantes da estreita relação entre o budismo e o Estado eram as identificações ocasionais do imperador com o Buda (McNair 2007: 7-30). Para além disso, a fragmentação política desta época fomentou o aparecimento de variações regionais notáveis no seio do budismo chinês. Os estudiosos contrastam tipicamente o estilo de budismo do norte, com a sua ênfase na taumaturgia, ascetismo, envolvimento político e prática cúltica, com o tipo de budismo supostamente mais suave que prevalecia no sul, pelo menos entre as elites aristocráticas que se deleitavam com discussões intelectuais abstrusas, em grande medida inspiradas pela perfeição da literatura sapiencial (Ch’en 1964: 121-83). No entanto, o meio budista meridional não era de modo algum avesso à mistura entre religião e política. Por exemplo, deu origem ao mais famoso (ou notório) monarca budista da história chinesa: O Imperador Wu da Dinastia Liang (r. 502-549), conhecido pelas suas demonstrações públicas de piedade budista e pelo seu extravagante patrocínio de monges e mosteiros. Os variados elementos novos trazidos pelo budismo enriqueceram e alargaram os contornos da vida religiosa e cultural chinesa. Ao mesmo tempo, certos aspectos do budismo evocaram comparações ou analogias com elementos das tradições religiosas nativas, especialmente as do taoísmo. Após o seu surgimento inicial como religião organizada durante o segundo século da Era Comum, o taoísmo experimentou um desenvolvimento substancial durante o período de divisão, que em muitos casos se cruzou com o crescimento do budismo. Muitos chineses ignoraram as caraterísticas únicas ou as fronteiras distintas que separavam as duas religiões – especialmente a nível popular – o que inicialmente facilitou a aceitação e assimilação do budismo. Com o tempo, a relação entre os dois tornou-se cada vez mais complexa. De um modo geral, esta relação era de complementaridade, pois havia numerosos casos de influências e interações mútuas, mas também havia tensões e contestações, que giravam frequentemente em torno de competições contínuas pelo patrocínio (para as ligações rituais e textuais, ver Mollier 2008). (continua)
CURB | Eduardo Leal e António Leong distinguidos em concurso Hoje Macau - 25 Jul 2025 Já são conhecidos os vencedores da edição deste ano do concurso de fotografia arquitectónica promovido pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo. O primeiro lugar foi arrecadado por Wong Chi Hin, seguindo-se Lei Heong Ieong no segundo lugar e, em terceiro, Eduardo Leal, fotojornalista português radicado em Macau. Estes foram os vencedores na categoria “Grupo Aberto”. Eduardo Leal ganhou ainda uma menção honrosa por outra imagem sem título, juntamente com Wong Cheng Chon, e António Leong, distinguido aqui duas vezes com as imagens “Inside Out of Penha” e “The Staircase”, entre outros fotógrafos. Na categoria “Grupo de Estudantes” destaca-se a vitória de Chong Man Hin. Segundo um comunicado do CURB, as fotografias distinguidas celebram “o ambiente interior construído da cidade”, apuradas de um total de 338 fotografias enviadas por 149 participantes. “Os trabalhos enviados foram avaliados por um painel de jurados experientes que selecionaram as melhores fotografias para o tema deste ano, considerando a sua qualidade artística e técnica e a originalidade da visão”, é referido. Esta edição do concurso, a quarta, teve como tema “Inside Out”, convidando os participantes “a olhar para além e a entrar no ambiente construído de Macau, para descobrir e capturar as qualidades e a beleza raramente vista da arquitectura de dentro para fora”. A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar na Ponte 9 – Plataforma Criativa, na Rua das Lorchas Ponte n.º 9, 3.º andar, no dia 9 de Agosto, às 17h00, onde serão expostas as obras distinguidas. A exposição estará aberta ao público até 29 de Agosto, de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h30 às 18h30. O CURB revelou ainda que o concurso de fotografia decorre “com sucesso” há quatro anos, atraindo um total de 688 participantes e 1.611 inscrições.
GalaxyArt | Obras de design de Bruno Moinard expostas até Dezembro Andreia Sofia Silva - 25 Jul 2025 Conhecido pelo design criativo e mobiliário único, Bruno Moinard é o destaque da nova exposição patente no espaço GalaxyArt, incluída na programação do “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau”. A mostra é apresentada como “uma viagem imersiva ao mundo visionário” de Moinard Mais de 300 obras originais de design e mobiliário estão patentes na nova exposição no GalaxyArt, intitulada “Na Mente de Bruno Moinard”, que está disponível para visitas do público até 31 de Dezembro. Integrada na edição deste ano da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau”, a mostra nasce de uma parceria entre o Galaxy Entertainment Group e o Instituto Cultural (IC). Segundo um comunicado do Galaxy sobre a iniciativa, a exposição constitui uma “viagem imersiva ao mundo visionário” de Bruno Moinard, descrito como “pioneiro criativo internacionalmente aclamado”. Entre as 300 obras destacam-se “esboços a pinturas e manuscritos de design” e “conceitos de design personalizados do seu estúdio de design de interiores Moinard Bétaille para o empreendimento ‘Capella’, no Galaxy Macau, que será inaugurado em breve”. Trata-se de uma “residência dourada com suites que irá redefinir novos padrões de luxo personalizado”. Citado pela mesma nota, Bruno Moinard referiu na inauguração da sua exposição, que a mostra constitui “uma tentativa modesta, mas sincera, de convidar o público a entrar neste espaço invisível, que é uma alegoria do meu mundo criativo, onde várias disciplinas conversam, como a pintura, design, arquitectura de interiores ou cenografia”. “Juntas contam uma história, e uma forma única de ver o mundo”, acrescentou o artista. 30 anos de carreira Bruno Moinard é “conhecido por combinar as melhores tradições do artesanato francês com o design moderno”, tendo recebido a distinção de Cavaleiro da Legião de Honra em 2010. Expor o trabalho em Macau representa também uma forma de celebração dos seus 30 anos de carreira e 12 de constituição da marca com o seu nome, a “Bruno Moinard Éditions”. “Na mente de Bruno Moinard ― Uma exposição especial na Art Macao 2025” revela, assim, “os feitos multifacetados de Moinard, como artista por direito próprio e como designer de primeira linha, oferecendo aos visitantes uma visão única de sua filosofia de design exclusiva”. Ao mesmo tempo, destaca a organização, revela-se “a arte instintiva por trás de algumas das propriedades e espaços de luxo mais icónicos do mundo”, apresentando-se “uma diversidade de pinturas contemporâneas, fotografias e obras multimédia”. O foco é feito “na forma como o trabalho de Bruno Moinard, seja para as mais proeminentes ‘maisons’ [casas, ou empreendimentos] de luxo do mundo, seja no contexto do luxo quotidiano, irradia espontaneidade e talento instintivo”. O espaço GalaxyArt fica no primeiro andar do Galaxy Promenade, Galaxy Macau.
Contrafação | Autoridades fazem rusga em loja Hoje Macau - 25 Jul 2025 As autoridades realizaram uma rusga numa loja na Avenida Horta e Costa, na quarta-Feira, que levou à apreensão de 155 peças de roupa e malas contrafeitas. O balanço da operação foi feito ontem numa conferência de imprensa, que apenas foi divulgada em língua chinesa. De acordo com a informação oficial, citada pelo jornal Ou Mun, a operação enquadrou-se dentro do mecanismo de cooperação Cantão-Hong Kong-Macau da Propriedade Industrial. Em causa está o facto da loja disponibilizar roupas de marca a preços acessíveis, embora os Serviços de Alfândega tenham definido as imitações como “de baixa qualidade”. Se fossem vendidos ao preço dos produtos que imitavam, as peças de roupa e as malas estariam avaliadas em 2,39 milhões de patacas. O caso resultou na detenção de uma mulher com 47 anos, não-residente, responsável pela venda dos produtos. De acordo com os Serviços de Alfândega, nesta fase as autoridades ainda estão a tentar apurar a identidade dos fornecedores dos produtos assim como do proprietário da loja na Avenida Horta e Costa. A venda dos produtos em causa constitui uma infracção ao regime jurídico da propriedade industrial. Para os infractores nestes casos está prevista uma punição que pode chegar a seis meses de prisão ou uma pena de multa dos 30 aos 90 dias. Segundo o jornal Ou Mun, na apresentação dos resultados da rusga, os Serviços de Alfândega insistiram que não vão poupar esforços a “combater proactivamente as infracções ao regime jurídico da propriedade intelectual”. No entanto, foi deixado também o apelo que os titulares dos direitos de propriedade industrial cooperem para apresentar queixa.
Jogo | Lucro da Macau Sands caiu 13% no segundo trimestre Hoje Macau - 25 Jul 2025 A empresa responsável pelos casinos Venetian, Parisian e Londoner fechou o segundo trimestre com lucros de 214 milhões de dólares. Apesar da redução face ao ano passado, os responsáveis do grupo sublinham o compromisso de investimento na RAEM A operadora de casinos em Macau Sands China anunciou ontem lucros de 214 milhões de dólares americanos no segundo trimestre, uma queda de 13 por cento em relação ao mesmo período de 2024. A Sands China já tinha registado uma queda homóloga de 32 por cento no lucro do primeiro trimestre. Isto depois de ter terminado 2024 com lucros de 1,05 mil milhões de dólares, um aumento de 50,9 por cento. Pelo contrário, as receitas dos cinco casinos da empresa em Macau subiram 2,5 por cento entre Abril e Junho, para 1,8 mil milhões de dólares. Com as receitas a subir, a Sands China registou lucros operacionais de 566 milhões de dólares no segundo trimestre de 2025, uma subida de 0,9 por cento em termos anuais. Robert Goldstein, o presidente da empresa-mãe da Sands China, a norte-americana Las Vegas Sands (LVS), apontou como meta para os casinos em Macau lucros operacionais entre 600 e 650 milhões de dólares por trimestre. De acordo com um comunicado da Sands China, Goldstein disse ainda, numa teleconferência com investidores, que a meta anual, até 2027, é de lucros operacionais de entre 2,6 e 2,7 mil milhões de dólares. De acordo com dados oficiais, a indústria do jogo em Macau registou receitas totais de 61,1 mil milhões de patacas entre Abril e Junho, mais 8,3 por cento do que no mesmo período de 2024. Compromisso longo Ainda assim, Goldstein recordou que a Sands China tem um “compromisso de uma década de fazer investimentos que aumentem o apelo do turismo de negócios e lazer de Macau e apoiem o seu desenvolvimento como um centro mundial de turismo”. A empresa é uma das seis concessionárias de casinos que operam no território e cujo contrato de concessão, válido por dez anos, entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2023. Na altura, as seis operadoras comprometeram-se a investir “mais de 100 mil milhões de patacas” em elementos não ligados ao jogo. A Sands anunciou “um jardim de Inverno icónico” com 50 mil metros quadrados. “Continuamos entusiasmados com as nossas oportunidades de alcançar um crescimento líder na indústria, tanto em Macau como em Singapura, nos próximos anos”, notou Goldstein. A Sands China fez investimentos totais no valor de 286 milhões de dólares entre Abril e Junho, incluindo 138 milhões de dólares em Macau. A maioria do dinheiro foi para remodelar o empreendimento integrado hotel-casino Londoner Macao, uma parceria com o antigo futebolista britânico David Beckham. A remodelação ficou pronta em meados de Abril, a tempo da chamada ‘semana dourada’ de 1 de Maio, um período de feriados na China continental e uma época alta para o turismo em Macau.
Fronteiras | Macau atrás de HK no ranking de melhores passaportes Andreia Sofia Silva - 25 Jul 2025 Macau ocupa a 31ª posição a nível mundial na lista dos passaportes mais poderosos, atrás de Hong Kong, que está na 17ª posição e tem mais destinos sem necessidade de visto. Portugal ocupa o 4º lugar e a China o 60º no ranking liderado por Singapura O mais recente índice de passaportes da Henley&Partners, intitulado “Henley Passport Index” coloca Macau em 31º lugar, bem atrás da 17ª posição detida por Hong Kong. As duas regiões administrativas especiais estão, porém, em melhores posições face à China, que ocupam o 60º lugar. O passaporte de Macau permite viajar sem visto para 144 destinos, enquanto que para Hong Kong a lista de países a viajar sem visto é maior, com 169. No caso da China, há apenas 83 países para onde os cidadãos nacionais podem viajar sem necessidade de visto. Num comunicado de imprensa sobre os resultados do relatório, a Henley&Partners destaca que a China lidera, juntamente com os Emirados Árabes Unidos (EAU), uma “mudança no poder dos passaportes”. A consultora destaca “uma mudança global geral em direcção a mais abertura, maior mobilidade e aumento da força dos passaportes”, tendo em conta que, na última década, “mais de 80 passaportes subiram pelo menos 10 posições”. Além disso, “o número médio global de destinos aos quais os viajantes podem aceder sem visto quase duplicou, passando de 58 em 2006 para 109 em 2025”. No caso da China, a subida foi de 34 posições, “passando da 94ª para a 60ª posição desde 2015 ― o que é particularmente impressionante, considerando que, ao contrário de outros países que mais subiram no ranking, a China ainda não obteve acesso sem visto ao Espaço Schengen da Europa”, destaca-se no comunicado. O índice de passaportes mostra como “a ascensão da China foi auxiliada pelo seu movimento significativo em direcção a uma maior abertura”, tendo em conta que o país “concedeu acesso sem visto a mais de uma dúzia de novos passaportes desde Janeiro, elevando a sua pontuação total de abertura para 75 nações, uma mudança notável considerando que permitia a entrada sem visto a menos de 20 países há apenas cinco anos”. Análise global O índice de passaportes da Henley&Partners classifica 199 países e regiões de acordo com o número de nacionalidades a que permitem a entrada sem visto prévio. Os dados que servem de referência a este ranking são da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Ainda no que diz respeito ao posicionamento da China, referem-se “as adições notáveis à lista de isenção de visto da China” este ano, com nações como o Bahrein, Kuwait, Omã e Arábia Saudita. Tal significa, para os analistas, que “os cidadãos de todos os países do Conselho de Cooperação do Golfo podem viajar para a China sem visto prévio ―, bem como de vários países da América do Sul, incluindo Argentina, Brasil, Chile, Peru e Uruguai”. “A concessão de acesso sem visto pela China a vários países europeus nos últimos dois anos também contribuiu para o domínio dos passaportes europeus no topo do Henley Passport Power Index, que mede a percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] global que cada passaporte proporciona aos seus titulares sem visto”, é referido. A nível mundial, “as nações asiáticas dominam o ranking de poder dos passaportes”, com os EUA e Reino Unido a continuarem “em declínio”. Singapura “detém o título de passaporte mais poderoso do mundo, com acesso sem visto a 193 destinos de entre 227 em todo o mundo”. Os países asiáticos continuam a liderar a corrida pela mobilidade global, com o Japão e a Coreia do Sul a partilharem o segundo lugar, cada um concedendo aos seus cidadãos acesso a 190 destinos sem visto.
Economia | Inflação acelerou para 0,25% em Junho Hoje Macau - 25 Jul 2025 A inflação em Macau acelerou em Junho, num mês em que também no Interior da China o índice de preços no consumidor voltou a subir, após quatro meses consecutivos de descidas, foi ontem anunciado. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 0,25 por cento em Junho, em termos homólogos, mais rápido do que o valor registado em Maio (0,19 por cento), e o valor mais elevado desde Janeiro (0,57 por cento), segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). De acordo com os dados oficiais, a aceleração da inflação deve-se em parte ao custo das refeições adquiridas fora de casa, que subiu 1,39 por cento, e da alimentação, com o preço de produtos como o pão e biscoitos a aumentar 2,11 por cento. Os gastos com rendas ou hipotecas de apartamentos subiram 0,93 e 0,52 por cento, respectivamente, depois de a Autoridade Monetária de Macau ter aprovado três descidas da taxa de juro nos últimos três meses de 2024.