Professores envergonhados André Namora - 15 Abr 2025 Os professores são estudo, conhecimento, cultura, dedicação e sofrimento. Não existem dois professores iguais. Uns do sexo feminino e outros do masculino. Em Portugal assistimos a professores, com filhos, a serem colocados a 300 quilómetros de casa. A chegarem ao local de ensino e não terem as mínimas condições de habitabilidade. Os professores são o fundamental da formação dos nossos filhos. Muitos pais não compreendem que a formação dos seus descendentes tem a ver com os professores e que a educação tem de ser feita no seio familiar. Os professores devem ter sido a classe profissional que durante muitos anos foi a mais prejudicada e que mais manifestações de protesto realizou. Os seus protestos visaram a correcção da situação de milhares de professores que foram ultrapassados na carreira por colegas com menos tempo de serviço. Desde 2018, cerca de 50.000 professores não foram devidamente reposicionados, resultando na colocação de docentes com o mesmo tempo de serviço em escalões distintos, devido exclusivamente a normativos legais. Os professores sempre sublinharam que não lutavam por mais dinheiro, mas sim por justiça. Houve professores que estiveram mais de 30 anos no 10.º escalão quando já deviam ter sido colocados no sétimo escalão. No ano passado realizou-se, em Lisboa, uma gigantesca manifestação com professores de todo o país, num encontro realizado pela Federação Nacional dos Professores (FENPROF) e o líder Mário Nogueira defendeu que era preciso criar uma carreira mais atractiva que mantivesse os que ainda estavam nas escolas e que atraísse os jovens e os que optaram por abandonar a profissão antes do tempo. Os professores através dos seus representantes têm conquistado algumas reivindicações. No entanto, as escolas continuam a ser locais de grande preocupação. Os alunos perderam o respeito pelos professores e têm havido vários casos de violência em que alunos agridem professores. Não é fácil ser-se professor nos dias de hoje. Todavia, na semana passada toda a classe dos professores deve ter ficado muito envergonhada. E é triste saber de professores envergonhados. Porquê? Porque foi divulgado nas redes sociais que uma professora teve um comportamento ignóbil de puro racismo. A docente, de alunos muito jovens, pediu que todos os presentes na aula afirmassem o que sonhavam para a sua vida adulta. Os alunos foram respondendo o que pensavam e quando chegou a vez de um aluno com raízes africanas, a professora retorquiu: “Tu, não vale a pena falares porque os fulanos da tua cor acabam todos no álcool e na miséria…”. Fez-se um silêncio sepulcral na sala de aula e o miúdo africano levantou-se e disse: “A senhora professora está muito enganada. A senhora vai acabar na miséria muito primeiro que eu porque fique sabendo que eu era órfão e fui adoptado por uma família muito rica, os meus avós são riquíssimos e os meus pais são muito, mesmo muito ricos e eu sou o neto e o filho único que receberei várias fortunas…”. Este caso, tem chocado muitas comunidades e muitos professores ficaram envergonhados porque é inadmissível que uma professora seja racista ao ponto de poder traumatizar um aluno para o resto da vida. O racismo existe, sempre existiu. Mas, uma professora não pode dar um exemplo tão negativo da verdadeira função de formação numa sala de aula. O racismo é combatido por quantos defendem os direitos humanos e democráticos. Em Portugal temos um partido de extrema direita com laivos de racista. Possivelmente a professora em causa é eleitora desse partido. Quase que não se acredita que uma professora rejeite a palavra de um aluno “preto” apenas porque é “preto” e lhe diga que irá acabar no álcool e na miséria como todos os “pretos”. A professora mostrou não ter o mínimo conhecimento do mundo que a rodeia ou, então, é mesmo racista radical. Temos africanos milionários, advogados, engenheiros, arquitectos, médicos, jornalistas, deputados, líderes de grandes empresas, polícias, todos excelentes e, felizmente, temos portugueses de origem africana na maioria das profissões. Esta professora não pode continuar a envergonhar os seus colegas. A docente tem de ser alvo de um processo disciplinar que vise ser expulsa da profissão e os pais do jovem ofendido deviam mover um processo-crime contra a professora pelas vias judiciais. Tratou-se de um caso lamentável e fica a pergunta: quantos mais casos semelhantes acontecerão pelas escolas de todo o país? Uma discriminação desta natureza, tão grave, não devia ficar impune e os directores das escolas têm de ter o completo conhecimento de que tipo de docentes têm nas suas escolas para poderem terminar com factos inadmissíveis como este que vos relatámos. Ai, Portugal, Portugal… P.S. – Em crónica anterior escrevemos sobre as ilegalidades que se processavam nas prisões portuguesas. Na semana passada, a Polícia Judiciária levou a efeito uma mega operação em várias prisões e foram detidos dois guardas prisionais e um agente da PSP, conotados com a entrada de droga e telemóveis nos presídios.
Para fazer um retrato, Gao Jian pensou num jardim Paulo Maia e Carmo - 15 Abr 2025 Zhu Shuzhen (c.1135-1180), a preclara poeta da dinastia Song cuja biografia é conhecida apenas através do prefácio escrito por Wei Duanli (1130- c. 1184) na recolha dos seus poemas Duanchang shiji, «Coração partido», onde mesmo aí diz que a não conheceu pessoalmente citando apenas uma biografia dela feita por um tal Wang Tanzuo. E para confirmar a veracidade da sua existência, acrescenta que ouviu recitar os seus poemas em estalagens na área de Hangzhou. Alguns chegaram a sugerir que a poetisa seria uma fabricação de um ou vários literatos justificando assim o inexplicável desconhecimento da vida daquela que viveu num tempo que justamente celebraria Li Qingzhao (1084 – c. 1155), a inspirada literata de Jinan (Shandong). Entre as várias razões que explicariam uma tão diferente recepção tem sido referido o evidente ambiente literário e de conhecimentos pessoais de que beneficiava Li Qingzhao e que claramente não foi o caso de Zhu Shuzhen. Para lá das dúvidas biográficas, as palavras dela persistem mostrando um olhar surpreso da mutante e fugaz beleza que encontrou diante dos seus olhos. Como escreve no poema, Flores caídas: «Suspensas no alto dos ramos as primeiras flores despontam, puras,/ Invejando as flores, o vento e a chuva aceleram-se mutuamente, como lhes convém.» E, se nesse contar do seu olhar sobre a natureza se insinua uma personalidade sensível, quando um pintor da dinastia Qing quis fazer o retrato de um proeminente literato que ocupou importantes funções no governo imperial, pensou numa paisagem eleita num jardim. No rolo horizontal (tinta sobre papel, 34,8 x 90 cm, no Metmuseum) onde está trancrito o Discurso sobre a poesia de Song Luo pelo seu filho Song Zhi, o pintor fez a figura de um literato sentado num pavilhão aberto rodeado por duas pessoas, representando alguém que vive em comunidade. Mas são os altos pinheiros, um regato brando, uma profusão de bambus, metáforas de um carácter elevado e íntegro que ocupam a maior parte do espaço pintado. Gao Jian (1634-1707), o pintor de Maoyuan (Suzhou), mostra nessa pintura do Outono de 1698, o estilo que caracterizava a sua cidade, evocando nomeadamente Shen Zhou (1427-1509), o respeitado mestre da chamada «escola de Wu», nome alternativo da região de Suzhou. Numa outra pintura Gao Jian referiu-o pelo nome fazendo, como ele fazia, uma pintura de uma paisagem «à maneira de». No rolo vertical (tinta e cor sobre papel, 208,9 x 93,9 cm, no Museu de Arte de Indianapolis) escreveu «Em Maio o rio é profundo e o pavilhão é frio», citando um verso de Du Fu. Afinal inscrevendo a sua obra num contínuo de vozes singulares que se sucedem no tempo e às quais o leitor-observador é convidado a escutar, mesmo desconhecendo pormenores da biografia dos autores que se perdem como flores impelidas pelo vento e a chuva em plena Primavera.
Timor-Leste | Hospital de referência abre inquérito a morte de doente Hoje Macau - 15 Abr 2025 O Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV), em Díli, reconheceu ontem a falta de assistência a um doente que morreu no domingo naquele estabelecimento hospitalar de Timor-Leste e vai abrir um inquérito. “É verdade que reconhecemos a falta de assistência médica e isso poderá ter levado à morte do nosso paciente, que estava internado já quase há uma semana”, afirmou aos jornalistas Vidal de Jesus Lopes, director do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HNGV. Vidal de Jesus explicou que a direcção do HNGV já recebeu o relatório dos médicos e enfermeiros que estiveram de serviço durante a noite, e que vai criar uma equipa independente para investigar o caso. “O paciente morreu devido a uma hemorragia, mas é preciso apurar se foi isso que causou a morte ou se houve outro motivo”, salientou. Segundo a família do doente, um homem de 81 anos, terá sido sempre assistido por estudantes estagiários do curso de medicina. “É verdade que houve uma falha da nossa parte, pois os nossos profissionais seniores deveriam ter supervisionado melhor. Vamos corrigir isso”, reconheceu o director hospitalar. O director do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HNGV afirmou também que os funcionários do hospital atendem sempre os doentes com “cuidado, dedicação e sentido de responsabilidade”. “Reconhecemos que qualquer actuação dos estagiários deve ser supervisionada pelos profissionais seniores. Para o futuro, assumimos esta responsabilidade e vamos trabalhar para que situações como esta não se repitam”, afirmou. Vidal de Jesus lamentou também que muitas vezes os doentes já cheguem ao hospital com situações de saúde muito complicadas para quais já não é possível tratamento.
Coreia do Sul | Ex-presidente nega insurreição Hoje Macau - 15 Abr 2025 O ex-presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, negou ontem ter cometido qualquer acto de insurreição durante a tentativa de impor a lei marcial em Dezembro “Descrever um acontecimento que durou apenas algumas horas, que não foi violento, e concordar imediatamente em descrever o pedido de dissolução da Assembleia Nacional como uma insurreição (…) parece-me juridicamente infundado”, declarou perante o Tribunal Central de Seul, que após duas audiências preliminares começou ontem a julgar o caso, que pode resultar numa condenação Yoon Suk Yeol a prisão perpétua ou mesmo a pena de morte. Destituído pelo Tribunal Constitucional em 4 de Abril, depois de ter sido suspenso do cargo em meados de Dezembro, Yoon enfrenta agora acusações criminais. Apesar das pesadas penas a que foi sujeito, encontra-se em liberdade, tendo a sua prisão preventiva sido anulada por razões processuais em 8 de Março. Como todos os arguidos, o antigo chefe de Estado teve de começar por dizer o seu nome, data de nascimento e morada. A acusação incrimina Yoon Suk Yeol de “querer provocar uma revolta, com o objectivo de derrubar a ordem constitucional”, salientando que a lei marcial foi preparada com antecedência e que foram dadas ordens ao exército para cortar a electricidade e partir as janelas do Parlamento. Yoon, antigo procurador-geral, eleito chefe de Estado em 2022, começou ontem a refutar as acusações ponto por ponto. A maioria dos especialistas espera que o processo seja longo, fazendo comparações com o do ex-presidente Park Geun-hye, que foi destituído em Março de 2017, mas cuja condenação final por tráfico de influências e corrupção só foi proferida pelo Supremo Tribunal em Janeiro de 2021. “O veredicto em primeira instância deverá ser proferido por volta do mês de Agosto, mas o processo envolve cerca de 70 mil páginas de provas e numerosas testemunhas. Se o tribunal considerar necessário, o julgamento poderá ser prolongado”, declarou à agência de notícias France-Presse o advogado Min Kyoung-sic. Olhar para trás Entre outros, o tribunal vai ouvir o testemunho de dois oficiais do exército citados pelos procuradores, um dos quais afirmou ter recebido ordens dos seus superiores “para retirar os deputados reunidos na Assembleia Nacional para impor a lei marcial”. Na noite de 3 para 4 de Dezembro de 2024, Yoon Suk Yeol impôs de forma inesperada a lei marcial, enviando o exército para bloquear o parlamento, dominado pela oposição. No entanto, poucas horas mais tarde, um número elevado de deputados conseguiu reunir-se para votar pelo levantamento da lei marcial, numa crise que apanhou o país de surpresa. Se for condenado, Yoon será o terceiro antigo presidente da Coreia do Sul a ser condenado por insurreição, depois de Chun Doo-hwan e Roh Tae-woo, em 1996, por um golpe de Estado efectuado em 1979. De acordo com o advogado Min Kyoung-sic, o tribunal poderá aplicar a Yoon a jurisprudência do julgamento de Chun e Roh, uma vez que as suas acções “também envolveram a utilização coerciva das forças armadas”.
Xi diz que proteccionismo não leva a lado nenhum, antes de périplo asiático Hoje Macau - 15 Abr 2025 O Presidente chinês, Xi Jinping, considera que o proteccionismo “não leva a lado nenhum” e que uma guerra comercial “não produzirá vencedores”, noticiou a imprensa local, antes de o dirigente visitar o Vietname. Xi vai realizar esta semana um périplo pelo Sudeste Asiático para reforçar as relações comerciais do seu país e tentar reforçar a confiança na China como um parceiro de confiança, ao contrário dos Estados Unidos, que lançaram uma ofensiva comercial global. O Presidente chinês vai deslocar-se ao Vietname, Malásia e Camboja, onde se reunirá com os seus homólogos, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Estas são as primeiras visitas internacionais de Xi Jinping este ano. “Os nossos dois países devem salvaguardar firmemente o sistema comercial multilateral, a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais e um ambiente internacional de abertura e cooperação”, escreveu o líder chinês no jornal vietnamita Nhan Dan, de acordo com a agência noticiosa oficial da China. “Uma guerra comercial e uma guerra tarifária não produzem vencedores, e o proteccionismo não leva a lado nenhum”, sublinhou. A visita do Presidente chinês ocorre numa altura em que o país asiático tenta emergir como um parceiro estável em contraste com os Estados Unidos, cujo Presidente Donald Trump lançou uma ofensiva comercial com novas taxas alfandegárias fixadas em 145 por cento sobre os produtos chineses, excluindo algumas isenções. Esta medida abalou os mercados mundiais e levou Pequim a retaliar. O Vietname está a negociar uma redução de 46 por cento das tarifas norte-americanas que, após a suspensão temporária de 90 dias anunciada por Trump, poderá entrar em vigor a partir de Julho. Xi Jinping chegou ontem ao Vietname, onde deve permanecer dois dias, na sua primeira viagem ao país vizinho desde Dezembro de 2023. Os dois países mantêm relações económicas fortes. No entanto, são regularmente perturbadas por disputas territoriais no Mar do Sul da China, particularmente devido a reivindicações concorrentes do arquipélago das Paracels. A China reivindica a quase totalidade das ilhotas do Mar do Sul da China, enquanto os outros países costeiros (Filipinas, Vietname, Brunei, Malásia) têm reivindicações rivais. É a falar Xi Jinping garantiu num artigo publicado num jornal vietnamita que Pequim e Hanói são capazes de resolver estes litígios através do diálogo. “Devemos gerir as disputas de forma adequada e salvaguardar a paz e a estabilidade na nossa região”, escreveu Xi. “Com a nossa visão, somos plenamente capazes de resolver correctamente as questões marítimas através de consultas e negociações”, apontou. Xi sublinhou a necessidade de Pequim e Hanói “reforçarem a coordenação” em vários sectores, como a educação, a agricultura, as infra-estruturas e a tecnologia. Durante a sua visita, a segunda em menos de 18 meses, os dois países assinarão cerca de 40 acordos bilaterais sobre uma vasta gama de questões. A China é o principal parceiro comercial do Vietname há mais de duas décadas e, em 2024, o comércio bilateral ultrapassou os 260 mil milhões de dólares (228 mil milhões de euros), segundo dados oficiais. Nos últimos anos, o Vietname, outrora inimigo histórico dos EUA, aproximou-se de Washington com o objectivo de diversificar as suas exportações, o principal motor económico do país. Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), muitas empresas mudaram-se da China para o Vietname para evitar as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses.
Tarifas | Pequim pede a Washington diálogo justo e baseado no respeito Hoje Macau - 15 Abr 2025 A China afirmou que as tarifas de Donald Trump prejudicam a ordem económica e comercial internacional e apelou a Washington para “resolver os problemas através de um diálogo justo baseado no respeito mútuo”. Apesar de tudo, as exportações chinesas subiram 12,4 por cento em Março “Exortamos os Estados Unidos a corrigir imediatamente a sua abordagem errada e a resolver as diferenças comerciais através do diálogo”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa. Lin vincou que “os EUA colocam os seus interesses à frente do bem comum da comunidade internacional, o que é um exemplo típico de intimidação tarifária”. O porta-voz reiterou que “numa guerra comercial ninguém ganha” e que “o proteccionismo não oferece nenhuma saída”. A guerra comercial desencadeada por Trump intensificou-se a 2 de Abril, com o anúncio de “tarifas recíprocas” contra o resto do mundo, uma medida que retificou uma semana depois, perante a queda dos mercados e o aumento do custo de financiamento da dívida norte-americana. Mas enquanto suavizava a sua ofensiva com a maioria dos países, aplicando uma tarifa generalizada de 10 por cento, decidiu aumentar as taxas sobre a China, que estão agora fixadas em 145 por cento. Entretanto, este fim-de-semana, Washington decidiu isentar muitos produtos tecnológicos chineses. Trump disse no domingo que as tarifas sobre semicondutores serão implementadas “num futuro próximo” e que anunciará as taxas ainda esta semana, como parte da sua guerra comercial. No domingo, a China classificou a isenção de tarifas sobre certos produtos electrónicos chineses como “um pequeno passo” para que os Estados Unidos “corrijam a sua prática errada” e instou Washington a “cancelar completamente” as taxas. Para Pequim, as tarifas norte-americanas “não só violam as leis económicas e de mercado básicas, como também ignoram a cooperação complementar e a relação oferta – procura entre os países”. Pedidos e encomendas As exportações da China aumentaram 12,4 por cento em Março, em termos homólogos, à medida que as empresas se apressaram a concluir encomendas, antes da entrada em vigor das tarifas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As importações caíram 4,3 por cento, de acordo com dados divulgados pela Administração das Alfândegas da China. Segundo a mesma fonte, as exportações da segunda maior economia do mundo aumentaram 5,8 por cento, nos primeiros três meses do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as importações caíram 7 por cento. O excedente comercial da China com os Estados Unidos foi de 27,6 mil milhões de dólares em Março, tendo as exportações chinesas aumentado 4,5 por cento. No primeiro trimestre do ano, o país asiático registou um excedente de 76,6 mil milhões de dólares nas trocas comerciais com os EUA. Tendo em conta as tarifas aplicadas pela Casa Branca aos produtos chineses, importa referir que os maiores aumentos nas exportações foram para os países do Sudeste Asiático, que viram as importações oriundas da China saltar quase 17 por cento, em Março, em relação ao período homólogo. As exportações para África aumentaram mais de 11 por cento. O Presidente chinês, Xi Jinping, partiu ontem para o Vietname (ver texto secundário), como parte de um périplo que também inclui Malásia e Camboja, visando reforçar laços comerciais com outros países asiáticos que também enfrentam tarifas pesadas, embora na semana passada Trump tenha adiado a respectiva aplicação por 90 dias. As exportações da China para o Vietname aumentaram quase 17 por cento no mês passado, em relação a Março do ano passado, enquanto as importações caíram 2,7 por cento. Liu Daliang, porta-voz da Administração das Alfândegas chinesas, disse que a China enfrenta uma “situação externa complexa e grave”, mas que “o céu não vai cair”. Questionado sobre a queda das importações chinesas, Liu disse aos jornalistas que a China é há 16 anos consecutivos o segundo maior importador do mundo, aumentando a sua quota das importações globais de cerca de 8 para 10,5 por cento. “Actualmente e no futuro, o espaço de crescimento das importações da China é enorme e o grande mercado chinês será sempre uma grande oportunidade para o mundo”, afirmou.
FRC | Ung Vai Meng apresenta hoje “Linhas • Sensação” Hoje Macau - 15 Abr 2025 É hoje inaugurada na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) a mostra “Linhas • Sensação” do artista Guilherme Ung Vai Meng. A exposição, em jeito de celebração do 13º aniversário da Fundação Rui Cunha (FRC), pode ser vista até ao dia 5 de Maio. A mostra reúne 21 trabalhos de Ung Vai Meng, “incluindo esboços ao ar livre realizados em Pequim, Macau, Portugal e Itália”, bem como “representações de bailarinos capturadas na escuridão dos teatros”. O público pode também ver “três peças criadas especialmente para esta mostra, que têm o corpo humano como tema central”, em que “através de manchas de aguada, o artista explora uma estética minimalista que oscila entre o abstrato e o figurativo, com um ritmo quase musical”, é descrito pela organização. Destaque ainda para a realização, amanhã, a partir das 18h30, da palestra sobre pintura linear, ministrada pelo próprio Ung Vai Meng, no auditório do rés-do-chão da FRC. Ung Vai Meng foi o primeiro Director do Museu de Arte de Macau, à data da inauguração do espaço em 1999, e Presidente do Instituto Cultural de Macau, entre 2010 e 2017. É membro da Associação de Belas Artes de Macau e membro fundador do CAC (Círculo de Amigos da Cultura), exercendo actualmente funções como Professor Convidado e Mentor de Doutoramentos na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).
Música | Bandas sonoras de clássicos de Hayao Miyazaki ao vivo no Londoner João Santos Filipe - 15 Abr 2025 Yoshikazu Mera, Azumi Inoue e Yu-Yu Imao vão interpretar as obras de Joe Hisaishi compostas para os filmes “A Princesas Mononoke”, “O Meu Vizinho Totoro” e “Castelo no Céu”. O concerto vai também celebrar o 40º aniversário da estreia de “Nausicaä do Vale do Vento” Os fãs do realizador Hayao Miyazaki, do compositor Joe Hisaishi e do estúdio de animação Ghibli vão ter a oportunidade de ouvir ao vivo as principais músicas dos filmes “A Princesas Mononoke”, “O Meu Vizinho Totoro” e “Castelo no Céu”. O concerto da Studio Ghibli Symphony está agendado para 26 de Abril, sábado, na Arena do hotel e casino Londoner. O grupo de 18 músicos que vem do Japão será acompanhado pelos cantores originais das bandas sonoras dos filmes do realizador japonês. Um dos principais destaques é o contratenor Yoshikazu Mera, que aos 53 anos é um dos cantores de música clássica ocidental mais conhecido do Japão. Para este mediatismo contribuiu o facto de em 1997 ter sido escolhido para cantar a banda sonora do filme “A Princesas Mononoke”, e em especial o tema “Mononoke Hime”, composta por Joe Hisaishi. Azumi Inoue será outra das estrelas japonesas a subir ao palco do Londoner. A cantora ganhou grande notoriedade no país nipónico com as músicas “Sanpo” e “My Neighbor Totoro”, do filme de 1988. As duas músicas serviram como temas de abertura e encerramento do filme que viu a personagem Totoro tornar-se tão icónica, e facilmente reconhecida, que passou a integrar o logótipo do estúdio de animação Ghibli, fundado por Miyazaki. Nos últimos anos, Azumi Inoue tem feito várias actuações com a filha, Yu-Yu Imao, dueto que se vai repetir em Macau. Aos três cantores junta-se ainda a actriz Sumi Shimamoto, que ao longo de uma carreira, com várias décadas, a dar vozes a algumas das principais personagens das animações japonesas, teve como um dos pontos mais altos a interpretação de Nausicaä, na película “Nausicaä do Vale do Vento”, igualmente realizada por Hayao Miyazaki. Entre os 18 músicos conta-se ainda a presença do violinista Takeshi Hashima, também conhecido como Ken Hashima, o principal violinista da Orquestra Tokyo Asia. Noite e aniversário Além da celebração musical, os organizadores do concerto vão também assinalar o 40º aniversário do filme “Nausicaä do Vale do Vento”, estreado em 1984 no Japão. Este filme marcou o início da colaboração de Miyazaki com o compositor Joe Hisaishi, que perdura até aos dias de hoje e que teve como ponto alto o filme “Viagem de Chihiro” (2001). Esta foi a primeira película de Miyazaki a atrair verdadeira atenção mundial, nomeadamente com a entrada no mercado americano, o que lhe permitiu afirmar-se como a maior figuras do cinema de animação. Os bilhetes para o concerto estão à venda na plataforma da concessionária Venetian, que explora o Londoner, e ainda na Macauticket, e variam entre 380 e 980 patacas.
Trânsito | Autoridades preparam medidas para férias da Páscoa Hoje Macau - 15 Abr 2025 Tendo em conta a chegada das férias da Páscoa que implica um maior número de visitantes no território, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) elaborou uma série de medidas de gestão do trânsito e de autocarros com o Corpo de Polícia de Segurança Pública, os Serviços de Alfândega, as empresas integradas de turismo e lazer, os hotéis e as operadoras de autocarros transfronteiriços. O objectivo foi “planear medidas de resposta” como o alargamento da zona de fila de espera no posto fronteiriço de Macau da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a entrada em operação de carreira sazonal e especial de autocarros. Além disso, irá aumentar a frequência dos autocarros transfronteiriços entre Hong Kong e Macau e dos autocarros dourados, “com vista a reforçar a capacidade global de transporte”. Assim, segundo uma nota de imprensa emitida pela DSAT, o aumento das rotas dos autocarros dourados decorre entre hoje e o dia 24 de Abril, enquanto o alargamento provisório da zona da fila de espera do posto fronteiriço dura até ao dia 21. Em matéria de autocarros, começa a funciona o autocarro 21AT e 101XS.
Poluição | SMG recomendam à população que evite sair à rua João Santos Filipe - 15 Abr 2025 As elevadas concentrações de poluentes no ar ao longo do dia de ontem levaram as autoridades a alertar a população para evitar sair à rua ou praticar exercício físico ao ar livre A poeira deslocada para Macau por uma monção nordeste levou os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) a apelarem à população que evitasse sair de casa. Ao longo do dia, os níveis da qualidade do ar foram variando, mas durante a maior parte do tempo mantiveram-se em níveis classificados como perigosos. “Sob a influência de uma tempestade de poeira trazida por uma monção nordeste, e devido ao vento fraco e a condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão de poluentes atmosféricos, espera-se que a concentração de poluentes se mantenha em níveis elevados durante um período de tempo”, foi explicado pelos SMG, nos alertas emitidos à população. “Os SMG aconselham a população, especialmente, pessoas que sofram de doenças cardíacas ou respiratórias, grávidas, crianças e idosos, a evitar actividades extenuantes e actividades ao ar livre, especialmente em áreas de tráfego intenso”, foi acrescentado. Em relação à população em geral, por volta do meio-dia, era indicado que reduzisse “actividades extenuantes e o tempo de permanência ao ar livre”. Segundo a análise das autoridades, os diferentes poluentes registaram diferentes níveis de concentração ao longo do dia, um factor que também depende do local onde é feita a medição. No entanto, por volta das 12h35, a concentração das partículas 2,5, também conhecidas como partículas finas, variava entre 74 e 81 microgramas por metro cúbico. As orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que os níveis saudáveis de PM2,5 não devem ficar acima de uma média de 5 micrograma por metro cúbico ao longo de todo o ano. Além disso, indica a OMS, a exposição diária a um valor de 15 micrograma por metro cúbico, não deve ultrapassar mais de quatro dias. Valores elevados Em relação às partículas PM10, por volta das 12h35, os níveis de concentração variavam entre 272 e 368 microgramas por metro cúbico. De acordo com a OMS, o valor limite saudável da concentração média diária destas partículas é de 50 microgramas por metro cúbico e o valor-limite anual é de 20 microgramas por metro cúbico. A nível do dióxido de nitrogénio os níveis máximos recomendados são de 25 microgramas por metro cúbico por dia e de 10 microgramas por metro cúbico por ano. A medição dos SMG às 12h35 de ontem, que teve por base os valores da hora anterior, indicava uma concertação de 39,1 a 88,9 microgramas por metro cúbico. Na foi só na RAEM que o impacto das poeiras deslocadas pela monção se fez sentir. Na manhã de ontem, Hong Kong aparecia identificada pelo portal iqair.com como o local com a quarta pior concentração de poluentes no ar a nível mundial. A RAEHK era apenas ultrapassada a nível da pior qualidade do ar por Shenzhen, a cidade vizinha do Interior da China, Nova Deli na Índia e Lahore, no Paquistão. Por volta do meio-dia, Hong Kong caiu para o sexto lugar, tendo sido ultrapassada pelas cidades chinesas de Guangzhou e Chongqing, que também apresentaram uma grande concentração de poluentes no ar.
Cheque pecuniário | Sam Hou Fai espera “consenso” para decidir Andreia Sofia Silva - 15 Abr 2025 Podem vir aí mudanças no programa de comparticipação pecuniária, mas não se sabe quando ou como. Sam Hou Fai afirmou ser necessário mais consenso na sociedade, mas indicou que parte do valor orçamentado para o cheque pode ser aplicado na economia local O programa de comparticipação pecuniária vai ser alterado, mas Sam Hou Fai não adiantou ontem, na conferência de imprensa sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, nenhuns detalhes sobre como vai ser essa mudança, em relação a formatos, valores e se residentes que vivem fora de Macau vão continuar a receber o apoio. Para que se saiba o que vai acontecer é necessário consenso, disse. “Não consigo responder de forma mais detalhada sobre as condições [de atribuição dos cheques]. Neste momento, o objectivo do Governo é dar 10.000 patacas para residentes permanentes e 6.000 para não-permanentes. Para mais detalhes tenho de ter o consenso da sociedade”, frisou. Sam Hou Fai deixou, no entanto, algumas considerações sobre eventuais formatos a adoptar pelas autoridades. “Temos este plano há 17 anos, e se o mantemos no formato antigo, ou se será necessário reformar, depende do consenso que obtivermos na sociedade. Podemos depositar o dinheiro no banco ou utilizar uma certa quantia para injectar na economia, para que se consuma mais. Tudo vai depender da situação de vida real.” O Chefe do Executivo destacou que, em termos orçamentais, “este ano não vai ser fácil”, pois estão previstas “despesas regulares muito elevadas, de 150 mil milhões de patacas”, e receitas de impostos do jogo na ordem dos 93,1 mil milhões. Além disso, o governante lembrou a maior estabilidade da taxa de inflação actual face em 2008, quando foi criado o programa de comparticipação pecuniária. “Lembro-me que em 2008 a crise financeira e a taxa de inflação foram assuntos encarados na altura. A taxa de inflação era de 9,4 por cento, mas agora está mais aliviada. Os cheques pecuniários são uma medida de apoio e não são regulados por lei. Na sociedade têm existido vozes que referem que este plano tem uma parte que não é justa e que tem de sofrer alterações”, lembrou. “Por se tratar de uma medida anual, é preciso lançar o regulamento administrativo, e se não for lançado, é sinal que não vão haver cheques pecuniários. Quando realizar o regulamento vou ter em conta as diferentes situações sociais. Tenho apenas quatro meses como Chefe do Executivo e preciso de ouvir mais opiniões. Se mantivermos o modelo das dez mil patacas é fácil, pois temos residentes a trabalhar na Grande Baía. Também temos a possibilidade dos residentes com mais de 22 anos, com permanência em Macau de 183 dias, continuarem a ter apoio.” Habitação parada Questionado sobre a gestão da habitação económica, Sam Hou Fai deixou claro que o Governo vai apenas concluir as fracções que estão em construção e suspender novos projectos, dada a redução da procura por parte de residentes. “Há um abrandamento devido ao ajustamento económico após a pandemia e do preço das habitações nas regiões vizinhas. Actualmente, estão em construção dez mil fracções, cujo trabalho termina em 2026, e os restantes projectos estão suspensos. Não vamos planear a retoma das obras, porque a habitação económica é algo que está relacionado com a oferta de terrenos e o mercado privado. Há fracções desocupadas e o mercado está fraco”, assegurou. Lembrando a actual conjuntura económica internacional, Sam Hou Fai disse que “este não é o momento adequado para decidir a construção de mais habitações económicas”. Poderá, isso sim, haver um ajustamento, para que as famílias possam mudar de casa consoante as necessidades. “Vamos estudar mecanismos para que os agregados familiares tenham outras opções. Os solteiros podem já ter uma família e precisam de outro tipo de casa. Pensamos mais nas famílias em lista de espera, garantir um equilíbrio e ponderar diversas situações”, frisou. A habitação intermédia nem sequer é mencionada neste relatório das LAG. “Não mencionamos este plano por causa da situação económica de Macau, pois é preciso um equilíbrio entre a habitação privada, intermédia e a económica. A procura pela habitação económica baixou”, disse. Táxis como “Mark Six” Em relação à entrada no mercado de plataformas como a Uber ou a chinesa Didi, Sam Hou Fai prometeu estudar “uma plataforma para chamar táxis”, admitindo a falta de oferta em dias feriados e fins-de-semana. “Durante a minha campanha conversei com representantes de câmaras de comércio do exterior que me disseram que apanhar um táxi em Macau é tão difícil como ganhar a lotaria do Mark Six. Estamos a estudar uma plataforma para os táxis e vamos tentar encontrar outras soluções para facilitar a deslocação da população.” Turismo | Sam Hou Fai quer mais voos para o estrangeiro Sam Hou Fai comentou ainda a futura visita oficial a Portugal, referindo também a possibilidade de se deslocar a Espanha “para iniciar intercâmbios”. “O nosso secretário deslocou-se recentemente a Espanha para participar numa conferência de grande envergadura, e iremos desenvolver os projectos nessa direcção, integrando-nos na Grande Baía e Hengqin”, referiu o governante, explicando que é necessário mais voos de ligação a outros mercados, sobretudo asiáticos. “O sudeste asiático é um mercado muito importante. Para Portugal a situação é mais complicada em termos de voos, mas para o sudeste asiático é possível. Podemos incentivar a criação de mais voos para esses países.” Portugal | Visita de Sam Hou Fai depois das legislativas Sam Hou Fai deu mais dados sobre a sua viagem oficial a Portugal, a primeira do seu mandato. “Espero que a visita aconteça depois das LAG, no primeiro semestre, talvez depois das eleições legislativas [a 18 de Maio], quando a situação estiver mais estável. Aí será um momento oportuno para a visita que é um bom testemunho das boas relações entre Macau e Portugal.” Questionado sobre as dificuldades dos portugueses na obtenção da residência, Sam Hou Fai disse ter contactado o secretário Wong Sio Chak sobre o assunto. “Foi-me dito que não houve alteração no regulamento administrativo, e reparei que, conforme a Lei Básica, os direitos mantém-se inalterados. Temos juristas portugueses a trabalhar no Governo e médicos, e também na Escola Portuguesa de Macau há docentes. Não temos qualquer problema.”
AL | Sam Hou Fai lança apoio à natalidade, mas alerta para receitas orçamentais João Santos Filipe - 15 Abr 2025 Nas suas primeiras Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai anunciou a criação de um novo “subsídio de infância” que vai atribuir até 18 mil patacas por ano a residentes permanentes com menos de três anos. No entanto, alertou para dificuldades económicas Nas primeira Linhas e Acção Governativa que apresentou à população de Macau, Sam Hou Fai anunciou a criação de um novo subsídio de infância que vai atribuir um máximo e 18 mil patacas por ano a crianças com menos de três anos. Na Assembleia Legislativa, o Chefe do Executivo revelou a criação de um novo apoio social e a actualização de outros, sublinhado que o Governo coloca o bem-estar da população como a grande prioridade. Apesar de apenas ter mencionado a “mitigação das preocupações da população” como a terceira prioridade das políticas deste Governo, atrás de outros aspectos como a diversificação da economia e da eficiência da governação na RAEM, Sam garantiu que a população é a primeira prioridade: “O bem-estar da população é fundamental. Este Governo persistirá em colocar os interesses da população em primeiro lugar e, tendo em conta os assuntos ligados ao seu dia-a-dia, empenhar-se-á em resolver os problemas reais mais prementes que a preocupam, com vista a responder às suas aspirações por uma vida de qualidade”, prometeu. Como parte desta política, Sam Hou Fai anunciou as alterações dos apoios que se destinam principalmente a promover o aumento da taxa de natalidade e a apoiar a população mais idosa ou com necessidades especiais. A nível da natalidade, a grande novidade foi a criação do “subsídio de assistência na infância” que vai atribuir a cada criança residente permanente com idade até aos três anos um montante de 1.500 patacas por mês, que pode chegar, no máximo a 18 mil patacas por ano. A este incentivo junta-se um aumento de 1.082 patacas do subsídio de nascimento, que sobe das actuais 5.418 patacas para 6.500 patacas. Também o subsídio de casamento sofre um aumento de 78 patacas, de 2.122 patacas para 2.220 patacas. Para os idosos Ao nível dos apoios para os idosos, o subsídio para idosos é aumentado em 1.000 patacas, subido do valor anual máximo de 9.000 para 10.000 patacas. Ao mesmo tempo, a pensão para idosos é actualizada de um valor mensal de 3.740 por mês para 3.900 patacas por mês, uma diferença de 160 patacas por mês. Como esta pensão é paga treze vezes ao longo do ano, o valor total máximo sobe 2.080 patacas, das actuais 48.620 patacas para 50.700 patacas. Em relação aos residentes com invalidez, o subsídio normal vai ser aumentado para 10 mil patacas por ano, face às actuais 9.000 patacas. O subsídio de invalidez especial tem um aumento maior, das actuais 18 mil patacas para 20 mil patacas, uma diferença de 2.000 patacas. Outra das novidades é uma actualização dos vales de saúde, que vai subir para 700 patacas, quando actualmente são de 600 patacas. Avisos à economia A nível da economia, embora sem nunca mencionar a nova guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o Chefe do Executivo avisou que a economia da RAEM não vai passar incólume, embora possa contar com o mercado do Interior. “Temos testemunhado, nos últimos anos, o agravamento do unilateralismo e do proteccionismo, a insuficiência de dinâmicas propensas ao crescimento económico mundial, bem como o aumento de imprevistos e incertezas” afirmou. “As mudanças profundas e complexas no ambiente interno e externo já se manifestaram e persistirão, pelo que Macau, como uma microeconomia fortemente virada para o exterior, não podia estar imune aos decorrentes impactos”, acrescentou. “Por tudo isto, não devemos subestimar as eventuais ameaças e desafios, antes, devemos ter sempre consciência dos riscos e um sentido de alerta, de modo a estarmos preparados para agir contra todas as potenciais ameaças”, alertou. Sam Hou Fai também reconheceu que as receitas correntes estão abaixo do previsto e que poderá haver necessidade de apresentar uma reformulação do orçamento da RAEM em vigor. Em termos do apoio à economia, o líder do Governo anunciou um plano de bonificação de juros de crédito bancário para pequenas e médias empresas, que vai permitir aos empresários obter o pagamento de até 4 por cento dos juros dos empréstimo, durante três anos, num valor máximo de 5 milhões de patacas. O máximos dos empréstimos totais bonificados não pode ultrapassar os 10 mil milhões de patacas. Cheques com “requisitos” Na apresentação de ontem, Sam Hou Fai referiu que os valores pagos nos cheques pecuniários vão manter-se, garantindo que o programa de comparticipação pecuniária deverá ser alvo de alterações, sem que tenham sido anunciadas quais. “Após a auscultação das opiniões de todos os sectores da sociedade, proceder-se-á atempadamente ao aperfeiçoamento de regime de comparticipação pecuniária, utilizando as poupanças nas despesas para incrementar o bem-estar dos residentes e promover o desenvolvimento da economia comunitária.” Na mesma sessão foi referido que o dinheiro é atribuído aos residentes “que preenchem os requisitos”, pelo que resta saber quais serão esses requisitos. Foco no terrorismo Nas LAG apresentadas ontem por Sam Hou Fai a segurança nacional teve um destaque menor face aos discursos de Ho Iat Seng. Ainda assim, foi indicado que para este ano vai ser estudada a reformulação da Comissão de Defesa de Segurança do Estado e vão ser pensadas novas leis, para combater o terrorismo. No âmbito do nacionalismo, enquadrado no capítulo da segurança nacional, foi explicado que o Governo vai apoiar ainda mais as associações tidas como patrióticas, ao mesmo tempo que se organizarão eventos para celebrar o 80º aniversário da vitória da guerra contra o Japão. Reforma à vista A nível da Administração Pública, o Chefe do Executivo anunciou que vai apresentar uma proposta para reformular o Instituto para os Assuntos Municipais. A proposta de lei deverá entrar na Assembleia Legislativa até ao final do ano. As mudanças não foram detalhadas, mas o grande objectivo passa por “simplificar a estrutura orgânica do Governo e elevar a eficiência do seu funcionamento”. Também a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública será reformulada este ano. Além disso, Sam Hou Fai prometeu que os funcionários públicos vão começar a fazer o juramento de lealdade à RAEM. PRINCIPAIS APOIOS SOCIAIS COMPARTICIPAÇÃO SOCIAL (Sem Alterações) 10.000 patacas para residentes permanentes 6.000 patacas para residentes não-permanentes . VALES DE SAÚDE (Aumento de 100 patacas) 700 patacas para residentes permanentes SUBSÍDIO DE NASCIMENTO (Aumento de 1.082 patacas) 6.500 patacas SUBSÍDIO DE CASAMENTO (Aumento de 78 patacas) 2.220 patacas REGIME DE PREVIDÊNCIA CENTRAL (SEM ALTERAÇÕES) 10.000 patacas (activação da conta para residentes qualificados) 7.000 patacas (nova medida: injecção especial para residentes qualificados) PAGAMENTO DA CONTA DA ELECTRICIDADE (SEM ALTERAÇÕES) 200 patacas por mês IDOSOS SUBSÍDIO PARA IDOSOS (aumento de 1.000 patacas) 10.000 patacas PENSÃO PARA IDOSOS (aumento de 160 patacas por mês) 3.900 patacas por mês (13 meses) FAMÍLIAS CARENCIADAS ÍNDICE MÍNIMO DE SUBSISTÊNCIA (SEM ALTERAÇÕES) 4.350 patacas por agregado por ano familiar com uma pessoa APOIO PARA ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM (SEM ALTERAÇÕES) Entre 300 e 750 patacas por mês APOIO PARA CUIDADOS MEDICOS (sem alterações) entre 1.000 e 1.200 patacas por mês PORTADORES DE DEFICIÊNCIA SUBSÍDIO DE INVALIDEZ (aumento de 1.000 e 2.000 patacas) 10.000 ou 20.000 patacas SUBSÍDIO PARA CUIDADORES (torna-se apoio permanente) (SEM ALTERAÇÕES) 2.175 patacas por mês. ESTUDANTES SUBSÍDIO DE AQUISIÇÃO DE MANUAIS (SEM ALTERAÇÕES) 3.500 patacas (ensino secundário) 3.000 patacas (ensino primário) 2.400 patacas ensino infantil) SUBSÍDIO DE PROPINAS PARA ESTUDANTES CARENCIADOS (SEM ALTERAÇÕES) 9.000 patacas (ensino secundário) 6.000 patacas (ensino primário), 4.000 patacas ensino infantil) SUBSÍDIO PARA A AQUISIÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR (SEM ALTERAÇÕES) 3.300 patacas por estudante do ensino superior NOVOS APOIOS FINANCEIROS SUBSÍDIO DE ASSISTÊNCIA NA INFÂNCIA 1.500 patacas por mês, total de 18.000 patacas por ano SUBSÍDIO AO EMPREGO NA GRANDE BAÍA 5.000 patacas por mês, para residentes com menos de 35 anos empregados no Interior ESTÁGIOS NO INTERIOR DA CHINA 5.000 patacas por mês após conclusão de estágio
Encontro | APOMAC sem esperança de ver problemas resolvidos João Santos Filipe - 14 Abr 2025 O presidente da Assembleia Geral da APOMAC, Jorge Fão, recebeu José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, mas admite que problemas como o prolongamento dos passaportes para 10 anos ou a implementação de um sistema eficaz para fazer a prova de vida vão continuar sem solução O presidente da Assembleia Geral da APOMAC – Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau afirma não ter esperança de ver resolvidos os problemas dos portugueses em Macau relacionados com o consulado, provas de vida ou extensão da validade dos passaportes. Foi desta forma que Jorge Fão comentou o encontro de ontem com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário. “Ele [Cesário] sabe quais são as nossas preocupações, mas não são resolvidas, porque Portugal tem uma economia muito fraca, não é um país rico, e os portugueses que vivem fora de Portugal, e principalmente fora da Europa, têm montes de problemas. E Portugal não consegue solucionar esses problemas”, afirmou Jorge Fão, ao HM, quando questionado sobre a apresentação dos problemas da comunidade portuguesa. “Ele sabe dos problemas melhor do que ninguém, trabalhou muitos mandatos como deputado e secretário de Estado, conhece melhor do que qualquer secretário de Estado a situação. Mas, os problemas foram resolvidos até agora?”, questionou. Jorge Fão reconheceu ter perdido a esperança após sucessivos governos de Portugal. “Nunca esperei que nos resolvessem os problemas. Já perdi a vontade de esperar, aliás perdi a confiança, a fé e perdi tudo”, admitiu. “Seja quem for, eu acho que Portugal está muito virado para dentro e pouco para fora, os portugueses provenientes de Macau, Canadá ou do Brasil, ou seja de onde for, só para adquirirem a nacionalidade leva anos. Se há uma criança portuguesa nascida no estrangeiro, para adquirir a nacionalidade portuguesa só o procedimento leva três anos”, exemplificou. Com “barbas” O dirigente associativo explicou que os problemas com maior impacto passam pelo tempo de espera nos processos de reconhecimento da nacionalidade portuguesa, o aumento da validade do passaporte de cinco para 10 anos, o processo de prova de vida para os reformados que não funciona e tem sempre de ser repetido, um sistema informático “antiquado” no Consulado de Portugal, assim como falta de pessoal e ausência de actualizações salariais para os trabalhadores do consulado. Jorge Fão garante que estes problemas forma mencionados ontem no encontro com José Cesário, mas que não foram novidade. “Estes problemas têm todos barbas”, vincou. Por sua vez, o secretário, de acordo com Fão, não deixou promessas de resolução: “Ele não promete, porque sabe como é a situação. Como é que ele vai fazer promessas se isto não depende só dele? Não é?”, apontou. “Quando um governo não funciona, não se pode esperar que seja um secretário de Estado a fazer funcionar o resto”, sublinhou. Com Portugal a ter novas eleições para a Assembleia da República a 18 de Maio, e com José Cesário a liderar a lista da AD, actualmente no poder, no círculo fora da Europa, Fão indicou que o assunto foi pouco abordado, mas que não deixou de dizer a Cesário que o considera favorito. “Ele não tocou muito no seu programa [eleitoral], mas eu acho que está preparado para o que vier do acto eleitoral. Creio que está convencido que vai ganhar, e provavelmente vai”, revelou. “Não estou a ver a existência de um outro concorrente forte. Até hoje ainda não apareceu”, frisou.
Imprensa | AJM preocupada com falta de comunicação João Santos Filipe - 14 Abr 2025 A Associação de Jornalistas de Macau indica que Sam Hou Fai implementou um novo modelo de comunicação, que passa essencialmente por evitar que os governantes sejam alvos de perguntas por parte da comunicação social A Associação de Jornalistas de Macau (AJM) está preocupada com a política e comunicação do Governo de Sam Hou Fai, que acusa de ter “reduzido significativamente o número de oportunidades para os jornalistas entrevistarem de forma directa o Chefe do Executivo, secretários e outros governantes”. A posição foi tomada através de um comunicado emitido ontem, onde é apontado que 90 por cento das informações do governo resultam de comunicados, sem que haja qualquer hipótese de levantar questões. “A AJM está seriamente preocupada com o facto de uma abordagem de comunicação tão passiva e regressiva se poder tornar o novo normal”, foi indicado. “Mais uma vez, apelamos ao Governo da RAEM que honre a sua promessa de respeito pela liberdade de imprensa, tomando medidas concretas: dialogue com o público e com os meios de comunicação social com mais confiança, para que a comunidade tenha uma melhor compreensão da sua política e visão”, foi pedido. A AJM lamenta também que os jornalistas tenham deixado de ser convidados para fazer a cobertura de alguns eventos que normalmente eram cobertos, como as visitas oficiais à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, ou as tradicionais visitas do Chefe do Executivo durante o quarto dia do Ano Novo Lunar. Em relação a esta última, a associação indica que o Governo só convidou “dois meios de comunicação social” com ligações próximas ao Executivo. Recusas irrazoáveis No comunicado, a AJM aborda igualmente a situação dos órgãos de comunicação social em locais que estão a ser barrados das conferências de imprensa organizadas pelo Governo. “O Governo continua a recusar, de forma irrazoável, que as revistas mensais locais e os meios de comunicação social em linha façam a cobertura de alguns tipos de eventos oficiais. Nomeadamente, estas exclusões ocorrem frequentemente em eventos que envolvem altos funcionários”, foi criticado. “O Gabinete de Comunicação Social tem tentado justificar estas práticas discriminatórias com explicações pouco convincentes, tais como o ‘espaço limitado’ disponível em vários locais de eventos para acomodar a imprensa, e até aconselhou os jornalistas a ‘assistirem à transmissão em directo’ dos eventos em vez de comparecerem pessoalmente. Tais respostas levantam sérias dúvidas sobre a integridade dos funcionários e sobre a sua compreensão do papel do jornalismo, e reflectem uma falta de conhecimento das normas internacionais para um governo aberto, acabando por minar a credibilidade e a imagem pública da RAEM”, foi defendido. A associação pede assim ao Executivo que respeite a lei de imprensa: “A AJM reitera que o que os jornalistas precisam não são discursos nem comunicados de imprensa, mas sim de mecanismos adequados para a realização de reportagens no local, em que os jornalistas possam ouvir as vozes de todas as partes interessadas, interagir directamente com os decisores e obter uma compreensão clara da lógica e da orientação das actuais políticas públicas”, foi publicado.
Fotografia | Mostra de António Leong na Creative Macau a partir de 24 de Abril João Luz - 14 Abr 202514 Abr 2025 A Creative Macau irá exibir a partir de 24 de Abril “Déjà vu”, uma exposição de fotografia de António Leong. Com a cidade como pano de fundo, a mostra reúne imagens a preto e branco de momentos do quotidiano que evocam um sentido de nostalgia e memórias familiares Na exposição “Déjà vu”, cada imagem captada pela objectiva de António Leong funciona como “um portal, apreendendo momentos fugazes e estagnados que ressoam a essência de Macau. Estas imagens trazem-nos memórias de incidentes passados, encontros e narrativas pessoais em que Macau serve de pano de fundo. As imagens promovem o diálogo não só entre os objectos expostos, mas também com o público”. É desta forma que a Creative Macau descreve a exposição de fotografia de António Leong “Déjà vu”, que estará patente ao público entre os dias 24 de Abril e 12 de Maio. “Cada fotografia desta colecção cativou a minha atenção durante longos períodos, inspirando um profundo sentimento de admiração e calma. É um prazer poder partilhar com o público o consolo que me proporcionaram. Espero sinceramente que também possam experimentar a sua grandeza”, afirma o fotógrafo, citado por um comunicado da Creative Macau. A fisionomia e os contornos captados nas fotografias de “Déjà vu” entram em contraste com um jogo de sombras e luz. “As linhas, as formas e as silhuetas utilizadas pretendem transmitir a natureza sobrenatural destes temas no contexto do nosso mundo contemporâneo”, acrescenta o fotógrafo. A organização do evento descreve a exposição de António Leong como uma evocação de “nostalgia através de uma série de fotografias a preto e branco, captando narrativas silenciosas que aconteceram em Macau nos últimos anos”. Da internet para a galeria A relação de António Leong pela fotografia é uma paixão de longa data, aliada ao fascínio da estética da cidade que o viu nascer. As dualidades culturais de Macau têm sido uma das musas inspiradores do fotógrafo, que começou por partilhar imagens nas redes sociais, nomeadamente na página de Facebook que criou em 2012 – Antonius Photoscript. A exposição online abriu-lhe portas e oportunidades para participar em várias exposições fotográficas que promovem o turismo de Macau em todo o mundo, mas também para cooperar com diferentes organizações de caridade e artistas em vários tipos de actividades fotográficas. Tempo e experiência levaram-no a participar em actvidades como instrutor e orador, partilhando as suas técnicas e experiências fotográficas. Em 2021, António Leong e a Associação Católica Cultural de Macau apresentaram em conjunto a exposição “Descobrindo a Beleza do Quotidiano”, e em 2024 apresentaram a “Via Pulchritudinis: Património Mundial Católico de Macau”. A Creative Macau realça o papel fundamental da fotografia na documentação da realidade sem preconceitos, onde a estética da imagem é significativamente moldada pelas perspectivas e ângulos escolhidos por quem tira a fotografia. Nesta mostra que estará patente ao público a partir de 24 de Abril, a sensação de déjà vu é “ininterruptamente evocada através dos cliques do obturador da lente da câmara do fotógrafo”. “Desde os pormenores intrincados da arquitectura, até à tapeçaria vibrante das interacções diárias das pessoas, as imagens podem incorporar tanto a nostalgia da familiaridade como o entusiasmo da descoberta da cidade”, é acrescentado.
Tarifas | Autoridades acompanham impacto no turismo Hoje Macau - 14 Abr 202514 Abr 2025 As tarifas de Donald Trump ainda não diminuem o optimismo dos Serviços de Turismo face ao número de turistas a chegar à RAEM. Porém, se a situação mudar, as autoridades estão prontas para responder com outras formas de promoção A directora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, afirmou que a região está atenta ao potencial impacto na confiança dos turistas chineses das tarifas impostas pelos Estados Unidos. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira uma suspensão de 90 dias daquilo a que chamou de “tarifas recíprocas”, incluindo uma tarifa-base de 10 por cento para todos os países, excepto para a China, a que impôs tarifas totais de 125 por cento. Contudo, ontem, foi tornado público que vários países e regiões não vão ser afectados pelas tarifas. “De momento estamos a observar o que está a acontecer. Claro que temos que estar sempre muito atentos”, admitiu Senna Fernandes. Horas antes, o Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da Universidade de Macau (UM) reviram em baixa a previsão para o crescimento económico da região em 2025, para 6,8 por cento, menos 1,1 pontos percentuais do que na anterior previsão, feita em Janeiro. O coordenador do projecto e economista Kwan Fung disse que a revisão em baixa se deve ao declínio no consumo dos visitantes e às “tarifas norte-americanas sobre o mundo”, algo que “tem impacto indirecto na economia de Macau”. Kwan disse que as tarifas vão “afectar o crescimento de todas as economias, especialmente o consumo dos turistas da China continental”. O investigador do Centro de Estudo de Macau Chan Chi Shing alertou que as tarifas terão um “enorme impacto na economia chinesa” e podem obrigar muitas fábricas e empresas a fechar portas, o que levaria menos pessoas a visitar a região. Analisar com calma A directora da DST disse que “ainda não” teme uma redução do número de turistas em Macau, mas admitiu que “a situação pode mudar”. “Se for necessário, temos que ajustar a nossa promoção. Até ao momento, estamos a continuar com a nossa promoção, que já tínhamos planeado”, explicou Senna Fernandes. O novo líder do Governo, Sam Hou Fai, vai apresentar hoje as suas primeiras Linhas de Acção Governativa, para o ano de 2025. Mas Senna Fernandes disse que no sector do turismo a prioridade vai continuar a ser “captar turistas internacionais”, participando em feiras no estrangeiro e organizando actividades no território. A directora da DST recordou que Macau vai receber em Junho a reunião semianual da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos e, em Dezembro, o congresso anual da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). A APAVT está ainda a organizar uma delegação europeia, com “cerca de 20 pessoas”, que irá participar na 13.ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau (MITE, na sigla em inglês), de 25 a 27 de Abril, referiu Senna Fernandes. Portugal vai ter um espaço próprio na MITE, que irá ainda incluir, pela primeira vez, a secção “Estação do Café”, para “destacar as características dos países de língua portuguesa”, disse a dirigente.
EUA | Operadoras podem ser obrigadas a vender casinos Hoje Macau - 14 Abr 2025 Um analista do jogo disse à Lusa que a China pode obrigar as operadoras norte-americanas a vender os casinos em Macau, em retaliação, caso Washington force a venda do TikTok e dos portos no Canal do Panamá O fundador da consultora de jogo IGamix, Ben Lee, expressou receio sobre o impacto do “actual atrito” entre a China e os Estados Unidos devido à plataforma de vídeos TikTok e aos portos operados pelo grupo de Hong Kong CK Hutchison no Panamá. “Se a China adoptar a mesma estratégia de retaliação que tem vindo a empregar”, a possibilidade de as companhias de jogo dos Estados Unidos serem forçadas a vender as operações em Macau a empresários chineses “sobe alguns níveis”, disse Ben Lee. “Penso que depois de os EUA ameaçarem retirar as acções chinesas das bolsas, ‘está tudo em cima da mesa'”, acrescentou o analista da IGamix, citando o secretário do Tesouro norte-americano. Na quarta-feira, Scott Bessent, numa entrevista à emissora Fox Business, recusou-se a afastar a possibilidade de obrigar as empresas chinesas a abandonar as bolsas dos Estados Unidos: “Essa decisão vai ser do Presidente Trump”. O director executivo da CreditSights, Nicholas Chen, recordou à Lusa que as novas concessões podem ser rescindidas “por ameaça à segurança nacional ou da RAEM”, ou por “razões de interesse público”. “No entanto, o que constituiria tal ameaça não foi explicitamente definido pelas autoridades”, sublinhou o especialista da CreditSights, que faz parte do grupo da agência de notação financeira Fitch. “Não vimos qualquer indicação, até à data, de que os governos de Macau ou da China estejam a visar os operadores de jogo de Macau sediados nos EUA por questões de segurança nacional”, acrescentou Chen. Por outro lado, admitiu ser preocupante a classificação, em Fevereiro, de Macau como “adversário estrangeiro” dos Estados Unidos, impondo restrições ao investimento por parte de empresas locais. Peixes maiores Vitaly Umansky, analista da empresa de consultadoria Seaport Research Partners, disse à Lusa estar “bastante céptico” sobre eventuais riscos para Macau. “Há alvos muito maiores para caçar na China, se a China realmente quisesse marcar uma posição”, disse o especialista. As autoridades chinesas “já foram atrás de uma variedade de empresas norte-americanas na China continental, que acreditam serem pontos sensíveis para o Governo de Pequim, principalmente tecnologia e saúde”, recordou. Já Ben Lee acredita que, em vez de alterar os termos das concessões, o Governo de Macau poderia introduzir novas leis “que restrinjam a repatriação” ou transferências de dinheiro das subsidiárias locais para as empresas-mãe nos Estados Unidos. Vitaly Umansky duvida que isso possa acontecer, alertando que Macau poderia perder a imagem enquanto “ambiente propício para investimentos por parte de empresários do exterior”. Vitaly Umansky tem a certeza de que as operadoras “vão investir tudo o que prometeram”, mas admitiu que há dúvidas sobre “quando será investido e em quê”. “Tem havido numerosos obstáculos. O Governo [de Macau] tem sido lento na aprovação de projectos e não disponibilizou mais terrenos para serem desenvolvidos”, lamentou.
Macau, a história bem contada Paul Chan Wai Chi - 11 Abr 2025 No dia 14 de Abril, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, apresentará o “Relatório de Linhas de Acção Governativa para o Ano financeiro de 2025”, exactamente uma semana após a “Black Monday”, durante a qual o Index Hang Seng de Hong Kong afundou para os 13,74 por cento. O maior desafio do Chefe do Executivo é construir uma narrativa positiva sobre Macau no Relatório das Linhas de Acção Governativa, para que os cidadãos possam ter um sentimento de ganho, de felicidade e de segurança. Contar bem uma história e fazer algo bem feito são dois conceitos distintos e de dois níveis diferentes. Por exemplo, quando um vendedor tenta que um cliente lhe compre um carro, irá dissertar sobre a superioridade da qualidade e do desempenho do veículo que, além disso, estará com um preço muito apelativo. No entanto, quando o comprador finalmente usa o carro pode vir a constatar que aquilo que o vendedor disse não passava de uma bonita história. O ditado “a prática é o único teste à verdade” continua válido. Aprecio a honestidade do actual secretário para a Economia e Finanças, que deixou claro que as receitas do ano fiscal de 2025 podem não vir a atingir as expectativas. Depois de Macau se ter libertado da pandemia de COVID-19, a recuperação total da sua economia fica dependente dos esforços do actual Governo da RAE. Confrontado com a actual situação de Macau, o Governo da RAE não pode usar as desculpas da complexidade e motilidade do cenário internacional e da existência de vários factores internos instáveis para se esquivar de suas responsabilidades. Afinal de contas, sob o princípio orientador “Macau governado por patriotas”, a fraca governação de Macau é um problema de quem estiver no poder. Assim, espero que no seu primeiro Relatório das Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai possa realmente delinear uma forma de realizar os principais pontos propostos no seu programa político durante a campanha eleitoral, entre os quais: “trabalho, orientado para a subsistência das pessoas”, “distribuição de receitas, orientada para a subsistência das pessoas”, “desenvolvimento urbano, orientado para a subsistência das pessoas” e “salvaguarda da segurança, crucial para a subsistência das pessoas”. Ao utilizar eficazmente as vantagens institucionais de Macau como uma plataforma de oportunidades de negócio, o Governo da RAEM pode escrever um novo capítulo na prática de “um país, dois sistemas” e transformar Macau numa cidade feliz. A apresentação do “Relatório das Linhas de Acção Governativa para o ano financeiro de 2025” é de grande importância para Macau. Os 15ºs Jogos Nacionais da R.P. da China são também um importante evento do corrente ano, que Macau vai organizar e receber em conjunto com Guangdong e Hong Kong, mas ainda mais importante serão as Eleições para a 8.ª Assembleia Legislativa da RAEM, marcadas para 14 de Setembro próximo. Como em 2025 existirão eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong e para a Assembleia Legislativa da RAEM, é importante que sejam bem-sucedidas, particularmente a escolha dos deputados da Assembleia Legislativa da RAEM, eleitos por sufrágio directo, para demonstrar o sucesso da concretização do conceito “um país, dois sistemas”, mediante o qual “Hong Kong é governado por gentes de Hong Kong” e “Macau é governado por gentes de Macau” e pelo princípio orientador “Hong Kong governado por patriotas” e “Macau governado por patriotas”. A história sobre as Eleições para a 8.ª Assembleia Legislativa da RAEM não só deve ser bem contada, mas também deve ser bem executada para obter a confiança do Governo Central. Porque se recebe um concerto não significa a que o público compareça, pois isso depende de quem actua. Para a eleição dos deputados por sufrágio directo para a Assembleia Legislativa de 2025, prevejo que haja mais de 14 listas de candidaturas, considerando os esforços actualmente desenvolvidos por várias associações e a inclusão de listas das candidaturas para a eleição dos deputados por sufrágio directo à Assembleia Legislativa de 2021 que não foram eleitos. Os residentes permanentes da Região Administrativa Especial de Macau têm o direito de eleger e de ser eleitos, nos termos da lei. Estes direitos são-lhes garantidos pela Lei Básica de Macau.
Exposição de fotografia de Alice Im inaugura hoje no The Parisian João Luz - 11 Abr 2025 O terceiro piso do centro comercial The Parisian, no Cotai, será hoje palco da cerimónia de abertura de três exposições. “Dreamscape Macao-Solo Exhibition of Alice Im”, “Poetic Shadows: Macao’s Rhythms in Contemporary Art” e “The Spirit of China”. A primeira é uma exposição de fotografia de Alice Im, organizada pela AFA – Art for All Society, escolhida como projecto inaugural do programa “Ephemera – Women Narratives in Contemporary Images Exhibition Series I” para este ano. “A mostra fotográfica explora temas como a identidade, o lugar e a natureza transitória da existência, oferecendo uma visão espectral de Macau através dos olhos de uma mulher que há trinta anos chama a esta cidade a sua casa. “Dreamscape Macao” convida-nos a explorar os espaços liminares entre a existência e a ausência, a pertença e a alienação, através de uma série de imagens poderosas e evocativas”, refere em comunicado a AFA. Depois da cerimónia de abertura, a exposição estará patente ao público a partir de amanhã e pode ser visitada até 28 de Junho. Das paisagens oníricas captadas em fotogramas ao poder da palavra que se esconde nas sombras, o mesmo espaço, a rotunda do terceiro piso do The Parisian, acolhe “Poetic Shadows: Macao Poetry in Contemporary Art”, organizada pela Route Arts Association. Esta mostra, que volta a imaginar a poesia no mundo digital, propõe ao público uma experiência multimídia que “explora as possibilidades criativas da poesia para além da palavra escrita”. A exposição parte da colaboração entre dez poetas, artistas, engenheiros e músicos de Macau e do Interior da China, explorando a amplitude da palavra em “instalações interactivas, arte sonora e obras de vídeo”. No dia da abertura da mostra, o público será brindado com duas actuações, às 16h30 e 19h30, de Kam Un Loi e Lam Tana. Espírito do amor Finalmente, “The Spirit of China” é uma exposição que reúne trabalhos de 17 fotógrafos de Macau que exploraram a evolução da identidade chinesa através de diversas narrativas fotográficas. A mostra resulta da “interacção dinâmica entre tradição e inovação numa nação em rápida mudança, oferecendo reflexões profundas sobre marcos urbanos, património cultural e expressões visuais contemporâneas”. Depois da cerimónia de abertura, hoje ao final da tarde, a mostra organizada pela Halftone, estará patente ao público entre amanhã e 11 de Maio. As três exposições podem ser visitadas entre as 12h e as 19h.
Fotografia | Pedro Paz revela “Remains of the city” na Livraria Portuguesa João Luz - 11 Abr 2025 No interlúdio entre o caos urbanístico de Macau e a asfixiante densidade populacional existe um caleidoscópio colorido feito de infinitos detalhes de uma extrema e desoladora beleza. Pedro Paz coleccionou fragmentos de Macau, que vão estar expostos na galeria da Livraria Portuguesa na mostra “Remains of the City”. A exposição, organizada pela Associação Cultural d’As Entranhas Macau, inaugura às 18h30 da próxima terça-feira e estará patente ao público até 6 de Maio. A mostra que marca a estreia a solo de Pedro Paz “é uma exploração visual da cidade de Macau apresentada sob uma perspectiva única e singular”, indica a organização do evento. As 33 fotografias estão divididas em três séries: “You’ve Got Mail, Framing the Invisible e Where Chaos Meets Color”. “O trabalho propõe uma visão pictórica, sem a presença humana”, que convida o público “ao longo da exposição a reflectir e a observar o quotidiano urbano de Macau, de uma outra forma, onde os detalhes que muitas vezes passam despercebidos se transformam em composições poéticas de impacto estético”, é acrescentado. As fotografias que compõem “Remains of the City” foram “captadas em câmara de telemóvel Samsung, por opção e como forma de expressão artística” e são apresentadas em formato digital sobre PVC (40cmx40cm). Daqui até à eternidade A organização da exposição destaca a qualidade de permanência do trabalho de Pedro Paz, que “vai além do instante, imortalizando fragmentos da realidade”, conferindo profundidade aos detalhes “que escapam ao olhar apressado dos habitantes da cidade”. A magnitude que as pequenas coisas podem atingir é revelada nas fotografias de “Remains of the City”, trazendo para a luz do dia partículas invisíveis da cidade normalmente submersas em camadas sobrepostas de realidade. “Observar e reflectir sobre estas fotografias oferece uma experiência que vai além do olhar. Cada imagem convida-nos a redescobrir o significado e a beleza das pequenas coisas do quotidiano”, é indicado pela organização. Nascido em Lisboa, em 1979, Pedro Paz é licenciado em História, com Minor em Arte e Património. Apaixonado desde pequeno por fotografia, viveu em Macau até 1997, tendo retornado à cidade em 2012. Ao percorrer as ruas e ruelas históricas que marcaram a sua infância, foi redescobrindo elementos de um passado distante, registando paisagens urbanas, texturas, lugares “não habitados” propondo uma série de elementos cénicos de Macau, sem a presença do elemento humano. A exposição é subsidiada pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da RAEM e conta com apoio da Livraria Portuguesa. A curadoria está a cargo de Vera Paz, o design gráfico é de Shao Hio Lam, enquanto Christine Kuok Ka Ieng é responsável pela assistência de produção e tradução. “Remains of the City” pode ser visitada gratuitamente todos os dias, das 11h às 19h.
Astronomia | Brasil quer ajudar Laboratório de Referência de Macau Hoje Macau - 11 Abr 2025 O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro quer ajudar o Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária chinês, em Macau, a explorar asteróides, disse ontem à Lusa um astrónomo. Ip Wing-Huen, membro do comité académico do laboratório da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês), revelou que a instituição convidou o INPE e recebeu uma resposta positiva. “Entrámos em contacto com os cientistas planetários brasileiros e perguntámos se teriam interesse em trabalhar connosco, sobre asteróides. (…) Eles estão muito interessados”, explicou Ip. Além do Brasil, o laboratório de Macau, conhecido como SKLPlanets, quer também cooperar com investigadores em Portugal, aproveitando a presença na MUST da portuguesa Marta Filipa Simões, professora de astrobiologia. “Falei com o Reitor [da MUST] Lee [Hun-wei]. Ele disse que há uma janela que poderíamos abrir para a cooperação” com Brasil e Portugal, defendeu Ip Wing-Huen, que cresceu em Macau. “Macau tem a sua própria herança histórica, que não pode ser reproduzida por nenhuma outra cidade em qualquer outro lugar da China e é algo para explorar”, disse o astrónomo, em referência à administração portuguesa da região. Ip, que recebeu em 2020 o prémio de carreira Gerard P. Kuiper da Sociedade Norte-americana de Astronomia, falava à margem de uma palestra, na MUST, sobre os esforços de exploração dos asteróides. Outros voos O cientista revelou que o laboratório SKLPlanets está a ponderar participar na missão da sonda espacial europeia RAMSES, que vai “tentar pousar e viajar” no asteróide Apophis, que deverá passar perto da Terra em 2029. Os astrónomos descartaram qualquer risco de o Apophis atingir o planeta nos próximos cem anos, porque “temos estado a acompanhá-lo há décadas, porque, no que toca a asteróides, ter tempo é muito importante”, disse Ip. O investigador recordou que, no início de Fevereiro, a imprensa local avançou que China começou a reunir uma equipa de defesa planetária, na sequência da descoberta de um grande asteróide que poderá atingir a Terra dentro de sete anos. Isto depois da Agência Espacial Europeia (ESA) ter estimado em 2,2 por cento a probabilidade de o asteróide 2024 YR4 atingir a Terra em 2032, colocando-o no topo da lista de risco da agência. Semanas depois, a ESA desceu a probabilidade de impacto para 0,002 por cento, mas fixou a probabilidade de um impacto na Lua em 1,7 por cento, o que continua a ser “muito baixa”. “A Terra pode ser só atingida por um asteróide significativo daqui a 100 anos ou mil anos, mas quão mais cedo os detectarmos, melhor”, defendeu Ip. Além da detecção, o astrónomo sublinhou a importância de missões de defesa planetária como a DART, da agência aeroespacial dos Estados Unidos, a NASA, que em 2022 embateu intencionalmente num asteróide. “Temos de fazer experiências para saber como os afastar da Terra, porque os asteróides normalmente estão rodeados por objectos mais pequenos, é quase como bater num saco de areia”, explicou Ip.
Restauração e retalho com quebras de receitas em Fevereiro João Santos Filipe - 11 Abr 2025 Em Fevereiro, o volume de negócios do comércio a retalho sofreu uma redução de 28,2 por cento em termos anuais, medido pelo volume dos pagamentos electrónicos. Os dados foram revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No segundo mês do ano, o volume de negócios foi de 4,26 mil milhões de patacas. A maior redução do volume negócios aconteceu no calçado, com uma redução de 37,3 por cento, face a Fevereiro de 2024. Outro sector muito afectado pela diminuição das vendas, foi o das “mercadorias de armazéns e quinquilharias”, onde a redução atingiu 36,1 por cento. Entre os sectores que assistiram a uma quebra do volume de negócios superior a um terço, a nível anual, consta também a venda de “artigos de couro”, com uma redução anual de 35,2 por cento. No sector do vestuário para adultos, a quebra do volume foi de 30,6 por cento, nos relógios e joalharia de 24,8 por cento, nos supermercados de 17,2 por cento, nos produtos cosméticos e de higiene de 22,2 por cento e de 3,9 por cento nas farmácias. De acordo com a DSEC, os números apresentados, dados que só têm em conta o volume de pagamentos electrónicos, representam cerca de 80 por cento das receitas destes sectores. Restaurantes em quebra Na restauração a situação não foi diferente, com o volume de negócios, medido pelo volume dos pagamentos electrónicos, a apresentar uma quebra de 8,2 por cento em Fevereiro, face ao período homólogo. Neste aspecto, os restaurantes com comida chinesa apresentaram uma redução no volume de negócios de 20,8 por cento, a mais significativa entre os diferentes restaurantes. A segunda queda mais acentuada, afectou os estabelecimentos com comida japonesas e coreana, com uma diminuição de 6,7 por cento, seguidos pelos restaurantes de fast food, em registaram um decréscimo do volume de negócios de 6,4 por cento. No entanto, nem tudo foram más notícias na restauração, dado que os estabelecimentos com comida ocidental viram as receitas aumentar 4,9 por cento. Também os restaurantes de sopa de fitas e canjas viram o volume de negócios crescer 3 por cento face ao período homólogo. De acordo com a DSEC, o volume de negócios ligado ao pagamento electrónico representa 70 por cento do volume total da restauração.
Orquestra de Macau | Perdas operacionais atingem 54,2 milhões João Santos Filipe - 11 Abr 2025 A Orquestra de Macau registou perdas operacionais de 54,2 milhões de patacas no ano passado. Os resultados foram apresentados ontem pela empresa e representam um agravamento das contas de 16,7 milhões de patacas no espaço de um ano, dado que em 2023 as perdas operacionais tinham sido de 37,5 milhões de patacas. Em termos das receitas, os dados oficiais mostram que no ano passado houve uma subida para 67,7 milhões de patacas, face aos 49,6 milhões em receitas de 2023. No entanto, a Orquestra de Macau até fez menos dinheiro com a organização de concertos e espectáculos, dado que neste capítulo as receitas foram de 34,4 milhões de patacas, quando no ano anterior tinham sido de quase 34,9 milhões de patacas. No pólo oposto, as receitas com os patrocínios da temporada, que inclui serviços prestados às concessionárias de jogo, cresceram para os 30 milhões de patacas, quando no ano anterior tinham sido de apenas 10 milhões de patacas, uma diferença de 20 milhões de patacas. Ainda no capítulo das receitas, os ganhos com os juros do dinheiro depositado nos bancos locais geraram 2 milhões de patacas, um crescimento, enquanto as “outras receitas” foram de 516 mil patacas. Em ambos os casos foi registado um aumento face ao ano anterior, em que as receitas tinham sido de 672 mil patacas e 40 mil patacas. Custos do negócio Em termos das despesas, os custos mais elevados deveram-se aos pagamentos aos músicos, com os gastos a serem de 54,2 milhões de patacas, um crescimento de cerca de 10,2 milhões de patacas, no espaço de um ano. A estes, juntaram-se ainda 9,6 milhões de patacas, para convidados, o que também representou um aumento em comparação com os 7,3 milhões de patacas do ano anterior. Além destes pagamentos, a segunda maior despesa visou os custos de organização dos concertos da orquestra que foram de 31,2 milhões de patacas, mais 14,5 milhões do que no ano anterior. A terceira grande fatia das despesas, deveu-se aos ordenados dos funcionários da empresa, no valor de 12,4 milhões de patacas, um crescimento de 3,4 milhões face a 2023. Apesar das despesas terem sido superiores às receitas, a empresa não apresentou prejuízo devido aos subsídios do Governo. No ano passado, o valor total foi de 54,2 milhões de patacas, um aumento face aos 37,5 milhões de patacas do ano anterior. Mais concertos e visitantes Ao longo do ano passado, o relatório de actividades da Orquestra de Macau mostra um aumento do número de concertos e também de público. Em 2024, a Orquestra de Macau organizou 113 concertos, mais 25 do que no ano anterior, que atraíram 63,5 mil visitantes, um crescimento de 17 mil pessoas. Já a Orquestra Chinesa de Macau, organizou 117 concertos, mais quatro do que no ano anterior, com a audiência a ser de 31,2 mil pessoas, um crescimento de cerca de 4,4 mil pessoas.
Infertilidade | Recebidos 340 pedidos de subsídio Nunu Wu - 11 Abr 2025 Entre Dezembro, e até Março, as autoridades receberam 340 pedidos de financiamento de tratamento de procriação medicamente assistida. Os dados foram divulgados pelos Serviços de Saúde (SS), no âmbito das estatísticas do programa de comparticipação no tratamento de procriação medicamente assistida. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Chio Weng, a chefe do Departamento de Administração do Centro Hospitalar Conde de São Januário indicou que 240 candidatos passaram na avaliação clínica preliminar. Vão ser agora encaminhados para o Hospital Macau Union para a segunda fase de avaliações. Os SS estimam que haja cerca de 200 casos de infertilidade e esterilidade por ano. Actualmente, apenas o Hospital Kiang Wu oferece serviço de fertilização in vitro, mas está previsto que o Hospital Macau Union ofereça também o serviço já na segunda metade deste ano. No âmbito do subsídio deste programa, cada casal pode receber serviços de procriação medicamente assistida por um período máximo de dois ciclos, limitando-se às técnicas de fertilização “in vitro” – transplante de embriões (IVF) de primeira geração ou de injecção intracitoplasmática de espermatozoide de segunda geração (ICSI). O âmbito da isenção de taxas abrange a avaliação da infertilidade na consulta externa de infertilidade, o ciclo IVF / ICSI e o diagnóstico e tratamento das respectivas complicações.