Pequim emitiu 63 mil vistos para quadros qualificados para Macau e Hong Kong Nunu Wu - 31 Jul 2025 A Administração Nacional para a Imigração emitiu cerca de 63 mil vistos para quadrados qualificados de Pequim, Xangai e das cidades da Grande Baía se instalarem em Macau ou Hong Kong. Os números foram revelados ontem, durante uma conferência de imprensa do Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China e diz respeito ao período do 14º plano quinquenal, que começou em 2021 e termina este ano. O director de Gestão de Migração dos Cidadãos Chineses, Xiong Shuren, elogiou a medida e considerou que beneficia o intercâmbio entre o Interior, Hong Kong e Macau. O responsável recordou que 59 cidades do Interior da China emitem vistos individuais para a deslocação a Hong Kong e Macau. “Quanto aos vistos de viagem de Hengqin e Macau, mais de 56 mil residentes gozaram dessa conveniência,” destacou. Sobre os serviços destinados a residentes de Hong Kong e Macau para a deslocação ao Interior da China, Xiong Shuren apontou que durante o período do 14º plano, 394 mil residentes renovaram o salvo-conduto que permite os residentes de Hong Kong e Macau entrarem e saírem do Interior. Soluções alternativas Xiong Shuren recordou que durante a pandemia, vários residentes das RAE não conseguiram pedir a renovação. Como tal, indicou que as autoridades lançaram “prontamente” uma política para alargar o prazo de validade de salvo-conduto. O alargamento do prazo de validade dos salvo-condutos abrangeu 4,4 milhões de residentes de Hong Kong e Macau. Xiong Shuren também revelou que desde Julho de 2024 foi lançada a política de emissão de salvo-conduto para os residentes das RAE com nacionalidade estrangeira para concretizar o que disse serem “grandes avanços” na gestão de estradas e saídas do Interior, de acordo com o princípio “Um País, Dois Sistema” da nova era. Xiong completou que foram emitidos 85 mil salvos-condutos para estrangeiros.
Grande Baía | Árbitros têm de falar pelo menos uma língua estrangeira João Santos Filipe - 31 Jul 2025 Foram ontem publicadas as orientações para escolher árbitros em litígios jurídicos na Grande Baía. Os escolhidos têm de falar “perfeitamente” chinês e, pelo menos, uma língua estrangeira. Além disso, têm de estar inscritos em instituições de arbitragem de duas das três jurisdições da Grande Baía Os residentes de Macau que pretendam ser árbitros em litígios jurídicos na Grande Baía têm, como regra geral, de dominar “perfeitamente” o mandarim ou o cantonês. Os requisitos para o exercício destas funções foram revelado ontem, através da publicação das “Orientações de trabalho sobre a lista de árbitros da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Como primeiro requisito é exigido que os árbitros defendam a Constituição do país e as Leis Básicas de Macau e Hong Kong, além disto também se espera que “tenham bom comportamento deontológico, sem registo de sanções por má reputação ou por violação de deontologia profissional”. Os futuros árbitros têm igualmente de estar na lista de árbitros de instituições de arbitragem de duas das três regiões da Grande Baía, ou seja, têm de ser reconhecidos como árbitros em Macau e no Interior, Macau e Hong Kong, ou Interior e Hong Kong. Nas exigências consta ainda a necessidade de ter mais de cinco anos de experiência profissional no exercício de funções de árbitro e de ter “desempenhado, cumulativamente, funções de árbitro em pelo menos cinco casos de arbitragem e elaborado decisões arbitrais”. Em relação às decisões arbitrais em pelo menos três dos casos as decisões têm de ter envolvido arbitragem interjurisdicional”. Finalmente, o documento com as orientações indica que os árbitros têm de dominar “perfeitamente o mandarim (ou cantonês) e, pelo menos, uma língua diferente do chinês”. Apesar das exigências gerais, as orientações admitem que as autoridades possam isentar os árbitros de cumprir algumas condições, inclusive sobre a necessidade de dominarem o chinês, de “acordo com a situação”. No entanto, as orientações não revelam em que situações a isenção é garantida. O respeito pela Constituição e Leis Básicas, assim como a necessidade de ter um registo deontológico limpo nunca podem ser alvo de isenção. Mecanismo de cooperação As orientações foram elaboradas pelo Departamento da Justiça da Província de Guangdong, pelo Departamento da Justiça do Governo de Hong Kong e pela secretaria para a Administração e Justiça do Governo de Macau, e aprovadas pela Reunião Conjunta dos Departamentos Jurídicos da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. A Reunião Conjunta dos Departamentos Jurídicos da Grande Baía tem os poderes para afastar o cumprimento por parte dos árbitros de alguns requisitos. É também o órgão da Reunião Conjunta dos Departamentos Jurídicos que vai ter poderes para excluir árbitros da Grande Baía. Esta situação é prevista para quando os árbitros praticam “actos contra a segurança do Estado ou contra o interesse público da sociedade”, cometem uma “violação grave das leis, dos diplomas legais, bem como das regras de arbitragem e da deontologia profissional dos árbitros” ou crimes. A exclusão aplica-se ainda quando os árbitros são afastados da função pública, têm a licença profissional cancelada ou perdem “condições para o exercício de funções em virtude da aplicação da sanção de suspensão do exercício de funções”. Segundo a versão em português da documento, as orientações permitem ainda o afastamento das árbitros em qualquer situação que a Reunião Conjunta considere que “deve ser concedida a exclusão”.
Gaza | Mais de 60 mil palestinianos já morreram na guerra Hoje Macau - 30 Jul 2025 Mais de 60 mil palestinianos morreram na guerra entre Israel e o Hamas, que começou há 21 meses, declarou ontem o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo grupo islamita palestiniano. O Ministério da Saúde de Gaza declarou que o número de mortos subiu para 60.034, acrescentando que outras 145.870 pessoas ficaram feridas desde o início da guerra, em 7 de Outubro de 2023. As autoridades de saúde de Gaza não especificaram quantas destas vítimas mortais eram civis ou combatentes, mas sublinharam que as mulheres e as crianças representam cerca de metade dos mortos. As Nações Unidas e outros especialistas independentes consideram os números apresentados pelas autoridades de saúde do enclave como contagem fiável de vítimas. A ofensiva israelita destruiu vastas áreas de Gaza, desalojou cerca de 90 por cento da população e provocou uma crise humanitária catastrófica, com especialistas e organizações a alertar para a gravidade da fome no enclave. A guerra sofreu uma reviravolta drástica no início de Março, quando Israel impôs um bloqueio total de dois meses e meio, impedindo a entrada de alimentos, medicamentos, combustível e outros bens. Semanas depois, Israel quebrou o cessar-fogo com um bombardeamento e começou a tomar grandes áreas de Gaza, medidas que, segundo Israel, visavam pressionar o Hamas a libertar mais reféns. Pelo menos 8.867 palestinianos foram mortos desde então, segundo as autoridades de Gaza.
Canal do Panamá | China considera neutralidade crucial Hoje Macau - 30 Jul 2025 A embaixada da China no Panamá considerou crucial a neutralidade do Canal do Panamá, após uma reunião com a administração da via interoceânica em que foram discutidas áreas de cooperação marítima. Na rede social X, a embaixada chinesa escreveu, na segunda-feira, que “ambas as partes trocaram pontos de vista sobre o intercâmbio e a cooperação em áreas como assuntos marítimos e transporte naval entre [China e Panamá], coincidindo na importância crucial de manter a neutralidade permanente do Canal”. A reunião, realizada na sexta-feira, no edifício da Administração do canal, foi liderada pela embaixadora chinesa no Panamá, Xu Xueyuan, e pelo administrador da via, Ricaurte Vásquez, no âmbito de uma visita de “cortesia” da diplomata, informou a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) em comunicado. Segundo a ACP, Vásquez e a subadministradora, Ilya Espino de Marotta, mantiveram com a delegação chinesa um “diálogo cordial sobre temas de interesse comum, incluindo cooperação em comércio marítimo, inovação tecnológica e sustentabilidade”. O encontro ocorre numa altura de reiteradas acusações dos Estados Unidos sobre a alegada “influência maligna” da China no canal, rejeitadas tanto pelo Governo chinês como pelo panamiano. Este mês, o porta-voz da embaixada chinesa no Panamá criticou as “mentiras” que o embaixador norte-americano no país “repete até à exaustão sobre a China e as relações sino-panamianas”. Com base na alegada ingerência chinesa no Canal do Panamá, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou “recuperar” a via, construída e operada pelos EUA no século passado até à sua transferência para o Estado panamiano, há 25 anos.
Camboja e Tailândia suspenderam os movimentos de tropas na fronteira Hoje Macau - 30 Jul 2025 Os exércitos da Tailândia e do Camboja concordaram ontem suspender o movimento de tropas na fronteira, cumprindo o cessar-fogo alcançado na segunda-feira após cinco dias de confrontos. A suspensão do movimento de efectivos militares foi anunciada pelas autoridades tailandesas referindo-se às zonas perto da fronteira entre a Tailândia e o Camboja. O porta-voz do Exército tailandês, Winthai Suvaree, explicou que os comandantes regionais dos dois países realizaram ontem três reuniões, que terminaram com o acordo que determinou a paragem do movimento de tropas. Devido aos combates dos últimos dias, cerca de 300 mil civis foram obrigados a abandonar os respectivos locais de residência. Além da paralisação das tropas, as partes concordaram estabelecer comunicações directas entre os chefes militares assim como se vai facilitar o regresso dos feridos e a entrega de restos mortais. De acordo com fontes militares e governamentais da Tailândia, 15 civis e 14 militares perderam a vida na última semana devido ao agravamento do conflito. Segundo a mesma fonte, 126 militares e 53 civis ficaram feridos, alguns com gravidade. O Ministério da Defesa do Camboja não actualizou o balanço comunicado no passado fim-de-semana. Os militares do Camboja disseram na altura que cinco militares morreram e 21 ficaram feridos tendo-se registado oito mortes entre a população civil. Cessar, mas pouco O exército tailandês acusou ontem o Camboja de violar o cessar-fogo, afirmando que os confrontos continuaram, apesar de a trégua ter entrado em vigor à meia-noite. “Após a declaração do cessar-fogo, foram relatados distúrbios na área de Phu Makua, causados pelo lado cambojano, levando a uma troca de tiros entre os dois lados, que continuou até esta manhã”, escreveu ontem num comunicado o porta-voz adjunto do exército tailandês, Ritcha Suksuwanon. Além disso, “ocorreram também confrontos na área de Sam Taet e continuaram até as 05h30 (06h30 em Macau)”. As reuniões de ontem fazem parte do acordo de cessar-fogo alcançado na segunda-feira entre Banguecoque e Phnom Pen, com a mediação da Malásia. O cessar-fogo foi anunciado pelo primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, na qualidade de presidente da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Os combates começaram na quinta-feira passada, após várias semanas de tensões em vários pontos dos 820 quilómetros da fronteira comum entre os dois países. O Camboja e a Tailândia estão em conflito há muito tempo sobre o traçado da fronteira de mais de 800 quilómetros, definida em grande parte por acordos celebrados durante a ocupação francesa da chamada Indochina, entre final do século XIX e meados do século XX.
A saúde sexual é complexa — e ainda bem Tânia dos Santos - 30 Jul 2025 Numa época em que se fala cada vez mais de saúde mental, a discussão pública sobre saúde sexual permanece tímida — muitas vezes limitada a temas como infeções sexualmente transmissíveis (IST) ou gravidez indesejada. O artigo recentemente publicado na International Journal of Sexual Health, da autoria de Manão, Brazão e Pascoal, intitulado “How to Define Sexual Health? A Qualitative Analysis of People’s Perceptions”, devolve-nos alguma da complexidade do conceito a partir da perspetiva das pessoas. O estudo, que analisa as respostas de 151 participantes em Portugal à pergunta aberta “o que significa para si saúde sexual?”, oferece um retrato multifacetado. A primeira conclusão relevante é que, para estas pessoas, a saúde sexual não se resume à ausência de doença. Para muitos dos inquiridos, trata-se de uma realidade que abrange o corpo, mas também as emoções, os relacionamentos, a autonomia pessoal e o contexto social e político. Esta visão vai ao encontro da definição mais abrangente proposta pela Organização Mundial de Saúde, uma proposta que tem em conta os muitos fatores que influenciam a saúde e o bem-estar de diferentes modos. Os temas emergentes — sobre a fisicalidade do sexo, a autonomia, as questões relacionais e íntimas, e a justiça sexual — revelam uma evolução progressiva face à visão tradicional (biomédica e genital), no sentido de um conceito mais inclusivo e contextualizado. É revelador, por exemplo, que muitos participantes associem saúde sexual à capacidade de sentir prazer, de comunicar desejos com o parceiro ou de se sentirem respeitados nas suas escolhas. Num momento em que se retiram temas de sexualidade da disciplina de Cidadania nas escolas portuguesas, em resposta a receios “ideológicos” infundados, estudos como este evidenciam a importância de continuar a discutir abertamente a sexualidade — e, em particular, a saúde sexual. Esta deve ser entendida como um sistema multifatorial complexo, que exige espaços de igualdade, respeito e liberdade para se ser quem se é, sem medo de discriminação. É essencial que a saúde sexual seja plenamente integrada nos modelos de saúde, para que a sua força epistémica ganhe novo vigor. A ausência de preconceito, a existência de políticas públicas inclusivas e o acesso equitativo a serviços de saúde sexual foram identificados por alguns participantes como elementos estruturantes, para que cada pessoa possa cuidar efetivamente da sua saúde sexual. A sexualidade, afinal, não é apenas um assunto privado, mas também um campo político. Outro aspeto relevante diz respeito à responsabilização individual, refletida no tema sobre autonomia. Muitos participantes reconhecem que cabe a cada pessoa cuidar da sua sexualidade, procurar informação, comunicar com o parceiro e, quando necessário, recorrer a serviços especializados. Esta autonomia é, sem dúvida, essencial. No entanto, a ênfase exclusiva na responsabilidade pessoal pode facilmente escorregar para uma lógica de healthismo — uma ideologia que transfere o peso da saúde inteiramente para o indivíduo, ignorando os determinantes sociais, económicos e culturais. É precisamente aqui que a perspetiva crítica do artigo — e deste campo de estudos — se torna fundamental: não basta promover a saúde sexual como escolha individual; é necessário criar condições estruturais para que essa escolha seja realmente possível. A saúde sexual é mais do que um tema de consultório ou de sala de aula; faz parte dos mecanismos de significado que sustentam a vida social. É um reflexo direto da sociedade que construímos. O tipo de saúde sexual que promovemos revela muito sobre os nossos valores coletivos — sobre o quanto valorizamos o corpo, a liberdade, o respeito e a justiça. Importa ter presente que, apesar da sofisticação conceptual evidenciada neste estudo, se trata de uma amostra de 151 pessoas, na sua maioria com ensino superior, recolhida através de uma técnica de amostragem em bola de neve — ou seja, os participantes foram sendo referenciados uns pelos outros. Não podemos ignorar que estes dados representam uma visão situada, e não necessariamente generalizável à população em geral. O que quer dizer que há mais formas de compreensão que podem não estar a ser acedidas, muitas delas que podem ainda ser problemáticas ou indesejáveis. Qualquer tentativa de desconstruir modelos biomédicos de saúde a favor de uma abordagem socio-política mais abrangente é, de facto, de extrema importância. A saúde sexual não se define apenas pela ausência de vírus ou bactérias, mas por uma compreensão mais completa de bem-estar, em que os fatores socio-políticos precisam de ser analisados, compreendidos e, em algumas situações, transformados. Se há uns tempos este era um trabalho relevante, agora é um trabalho urgente.
Henan | Nomeado abade de templo Shaolin após escândalo de corrupção Hoje Macau - 30 Jul 2025 A China nomeou ontem um novo abade para o emblemático templo Shaolin, após a destituição do anterior líder religioso, investigado por corrupção e conduta imprópria, anunciaram as autoridades budistas. O novo responsável do mosteiro, situado na província central de Henan e conhecido mundialmente pela ligação ao kungfu e ao budismo chan, é o mestre Yinle, que desde 2005 exercia como abade do histórico templo do Cavalo Branco (‘Baima’), na mesma região. Segundo um comunicado oficial emitido pela administração do templo Shaolin, a nomeação foi realizada “de acordo com os procedimentos” estipulados pela regulação estatal e contou com o apoio da comunidade monástica local. O anúncio ocorre um dia depois de a Associação Budista da China ter revogado o certificado de ordenação do anterior abade, Shi Yongxin, por “graves violações disciplinares”. As autoridades religiosas acusam-no de desviar fundos ligados ao templo e de manter relações impróprias, incluindo pelo menos um filho reconhecido, em violação dos votos monásticos.
Chuva e inundações matam pelo menos 34 pessoas em Pequim e arredores Hoje Macau - 30 Jul 2025 As cheias e chuvas intensas provocaram 30 mortos em Pequim, anunciaram ontem as autoridades, elevando para pelo menos 34 o número de vítimas mortais provocadas pelas tempestades que assolam a região. Em comunicado, o governo municipal indicou que 28 pessoas morreram no distrito de Miyun, o mais afectado, e duas no distrito de Yanqing, ambos situados na periferia de Pequim. Mais de 80 mil residentes foram retirados da cidade, incluindo cerca de 17 mil em Miyun, acrescentou a mesma nota. Durante a noite de segunda-feira voltou a chover com intensidade na área. Nesse dia, as autoridades reportaram ainda um deslizamento de terras que causou quatro mortos na zona rural de Luanping, na vizinha província de Hebei, onde outras oito pessoas continuam desaparecidas. Um residente disse ao jornal estatal Beijing News que as comunicações estão cortadas e não consegue contactar os familiares. As tempestades causaram uma precipitação média superior a 16 centímetros em Pequim até à meia-noite de segunda-feira, com duas localidades de Miyun a registarem 54 centímetros de chuva, segundo o governo municipal. As autoridades de Miyun abriram as comportas de uma barragem que atingiu o nível mais elevado desde a sua construção, em 1959, e alertaram a população para se manter afastada dos rios a jusante, cuja subida vai continuar devido à previsão de mais chuva. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou na segunda-feira que as cheias em Miyun causaram “graves baixas” e apelou a operações de salvamento, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. O temporal provocou cortes de electricidade em mais de 130 aldeias, destruiu linhas de comunicação e danificou mais de 30 troços de estrada. Na zona de Miyun, as inundações arrastaram automóveis e derrubaram postes de electricidade. “Em sérios apuros” Em Taishitun, a cerca de 100 quilómetros a nordeste do centro de Pequim, árvores arrancadas ficaram empilhadas com as raízes expostas e as ruas ficaram cobertas de lama, que atingiu paredes de edifícios. “As águas chegaram de repente, tão rápidas e súbitas. Em pouco tempo, tudo estava a encher”, relatou Zhuang Zhelin, que limpava a lama com a família na sua loja de materiais de construção, citado pela agência Associated Press. O vizinho, Wei Zhengming, médico de medicina tradicional chinesa, retirava lama da sua clínica, de chinelos e com os pés cobertos de lodo. “Estava tudo inundado, à frente e atrás. Fugi para o andar de cima e fiquei à espera de resgate. Pensei: se ninguém vier buscar-nos, estamos em sérios apuros”, contou. As autoridades de Pequim activaram na segunda-feira à noite o nível máximo de emergência, ordenando à população que permanecesse em casa, encerrando escolas, suspendendo obras e actividades turísticas ao ar livre, medidas que vão vigorar até nova indicação.
Economia | Pequim quer reforçar laços com o Brasil face a tarifas de Trump Hoje Macau - 30 Jul 2025 A China manifestou ontem disponibilidade para reforçar os laços económicos com o Brasil e defender o que classificou de “justiça” no comércio internacional, a poucos dias da entrada em vigor de tarifas dos EUA sobre as exportações brasileiras Em conferência de imprensa em Pequim, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun disse que a China está disposta a trabalhar com o Brasil e outros países do bloco de economias emergentes BRICS e da América Latina para defender um sistema comercial multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio. Guo sublinhou a importância da cooperação com o Brasil no sector da aviação, referindo-se ao insucesso das negociações para anunciar vendas de aeronaves durante a visita de Estado do Presidente chinês, Xi Jinping, a Brasília, em 2023, apesar das tentativas iniciais. “A China valoriza a cooperação orientada para resultados com o Brasil, incluindo na aviação. Estamos prontos para promover a cooperação relevante com base em princípios de mercado e impulsionar o desenvolvimento nacional de ambos os países”, afirmou. O porta-voz recordou que a Embraer, um dos principais fabricantes mundiais de aeronaves comerciais de médio porte, depende fortemente dos EUA como principal mercado de exportação. Horas depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês voltou a defender o Brasil, reafirmando, através da rede social X, que as guerras comerciais “não têm vencedores”. A declaração surge num contexto de maior tensão diplomática. No início do mês, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50 por cento sobre todas as importações brasileiras, justificando-a com a alegada perseguição política ao seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que aguarda julgamento pela participação numa tentativa de golpe de Estado, em 2023. Segundo a CNN Brasil, um representante da administração Trump sugeriu informalmente que os EUA poderiam negociar o acesso a minerais raros brasileiros em troca da redução das tarifas. A proposta nunca foi tornada pública, mas gerou preocupação em Brasília, onde as autoridades viram na sugestão uma tentativa de usar pressão económica para obter concessões estratégicas. Tesouros do subsolo A China domina o mercado global de terras raras, fornecendo cerca de 70 por cento da procura mundial e concentrando ainda mais capacidade de processamento. Nos últimos anos, Pequim tem usado essa posição como instrumento em disputas comerciais, levando os EUA e aliados a procurarem fornecedores alternativos. O Brasil, que detém as segundas maiores reservas conhecidas, tornou-se uma opção cada vez mais relevante. Um relatório recente do Conselho Empresarial China-Brasil indicou que as exportações brasileiras de compostos de terras raras para a China atingiram 6,7 milhões de dólares no primeiro semestre de 2025, triplicando face ao mesmo período do ano anterior. Analistas apontaram que o aumento reflecte a estratégia chinesa de diversificar o acesso a minerais críticos e reduzir os custos ambientais do processamento interno. O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, rejeitou publicamente qualquer tentativa norte-americana de pressionar o país a ceder o controlo sobre a sua riqueza mineral. Num evento sobre energia, no Rio de Janeiro, na segunda-feira, criticou o que considerou ser oportunismo de Washington. Lula acrescentou que qualquer empresa interessada em explorar o solo brasileiro precisa de autorização estatal e está proibida de vender ou transferir direitos sem aprovação do Governo. Com o prazo para as tarifas a aproximar-se, diplomatas brasileiros tentam evitar uma ruptura comercial. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Mauro Vieira, chegou no domingo aos EUA para reuniões nas Nações Unidas, em Nova Iorque, e indicou que poderá deslocar-se a Washington se a administração Trump manifestar abertura para retomar negociações. Uma delegação de oito senadores brasileiros permanece em Washington para encontros com legisladores, empresários e representantes da sociedade civil, prevendo ficar até quarta-feira e tentar reunir-se com o secretário norte-americano do Comércio, Howard Lutnick.
Budismo na China: Piedades populares Hoje Macau - 30 Jul 2025 (continuação do número anterior) Embora as principais escolas tenham desempenhado papéis históricos significativos e sejam importantes para a compreensão de muitos aspectos do budismo chinês, elas representam apenas uma parte das várias tradições budistas que se desenvolveram na China. Além disso, envolveram principalmente as elites clericais e os seus seguidores da classe alta, com uma exceção parcial do movimento da Terra Pura, que se difundiu mais amplamente. Consequentemente, as principais escolas – especialmente as de orientação escolástica, como a Huayan e a Shelun – tiveram relativamente pouco impacto direto na vida religiosa do povo comum, que adoptou uma variedade de crenças populares e práticas cúlticas que muitas vezes esbateram as linhas de demarcação que separavam o budismo do taoísmo e da religião popular. Os elementos-chave da visão do mundo budista que moldaram as perspectivas prevalecentes e orientaram os comportamentos religiosos quotidianos incluem as crenças na reencarnação e na lei do karma, que no final do período medieval também se tornaram amplamente aceites fora da comunidade budista. Estas crenças fomentavam uma preocupação prevalecente com a obtenção de uma recompensa cármica favorável, que trazia bênçãos na vida atual – incluindo benefícios utilitários como a acumulação de riqueza ou o gozo de uma vida longa e saudável – e assegurava um renascimento auspicioso na vida seguinte. A acumulação piedosa de karma positivo ou saudável podia envolver todo o tipo de gestos rituais e actos meritórios, juntamente com o cultivo de toda a gama de disciplinas espirituais incluídas no caminho de prática e realização do bodhisattva. Entre as práticas mais prevalecentes estavam a doação de caridade, a observância de preceitos éticos e a adoração de vários Budas e bodhisattvas. Grande parte das doações religiosamente selecionadas destinava-se a apoiar a construção ou manutenção de mosteiros, o que também envolvia o apoio ao clero residente. Os generosos donativos dos leigos eram também dirigidos para a construção de várias estátuas, santuários e outros objectos ou locais de culto, incluindo stūpas e pagodes. Os budistas estavam igualmente envolvidos em acções de caridade destinadas a aliviar a pobreza, a doença e outras formas de sofrimento. Para esse fim, estabeleceram várias formas de organizações de caridade que prestavam valiosos serviços sociais à comunidade em geral. Outra expressão comum da piedade budista era a adesão a preceitos éticos. No nível mais básico, isso implicava a observância dos cinco preceitos tradicionais para os leigos budistas, que envolvem a abstenção de matar, roubar, mentir, má conduta sexual e consumo de álcool. Alguns leigos empenhados, e ainda mais mulheres leigas, também receberam os preceitos do bodhisattva, que se baseavam no (presumivelmente) apócrifo Fan wang jing (Escritura da Rede Brahma). Outra prática prevalecente inspirada no ideal de compaixão universal do bodhisattva era a observância de uma dieta vegetariana, que se encontra entre as caraterísticas definidoras do budismo chinês. Consequentemente, durante o período medieval, a organização de banquetes vegetarianos comunitários tornou-se uma caraterística proeminente dos festivais budistas e de outras celebrações públicas. Embora se esperasse que todos os membros do clero fossem vegetarianos, o vegetarianismo era opcional para os seus apoiantes leigos, embora a adoção parcial ou total de um estilo de vida vegetariano fosse (e ainda seja) amplamente vista como uma marca de compromisso com o caminho budista. Ao longo da história da China, as manifestações predominantes da fé budista foram geralmente impregnadas de sentimentos devocionais e articuladas através de uma série de actos e observâncias rituais. De facto, o devocionalismo e o ritualismo estavam entre as caraterísticas mais difundidas e facilmente reconhecíveis do budismo chinês. Para além dos serviços litúrgicos regulares que faziam parte das rotinas monásticas quotidianas, o calendário ritual estava também repleto de muitos outros festivais, celebrações comemorativas e outros rituais públicos. Algumas formas de práticas ritualizadas, como as recitações de sūtra e as elaboradas cerimónias de arrependimento, podiam durar longos períodos – dias ou mesmo semanas de cada vez. O mesmo se pode dizer da série de palestras públicas que forneciam uma exegese sistemática de textos canónicos populares. Todos estes eventos eram também fontes significativas de receitas para os mosteiros, pois atraíam muitos leigos que faziam donativos generosos. Os budistas chineses tinham uma variedade de escolhas no que diz respeito a objectos de culto e adulação. O panteão budista é complexo e vasto, povoado por um grande número de Budas, bodhisattvas e outros tipos de divindades. Para além de Śākyamuni (Shijia mouni), o Buda histórico, existem também muitos outros Budas celestiais que, supostamente, partilham todos a mesma natureza fundamental, identificada como o “corpo da verdade” (dharmakāya r fashen), que não é outra coisa senão a essência sem forma e inefável da realidade última. Os Budas mais populares são Vairocana (Pilushena), o sublime Buda cósmico que figura nas Escrituras Huayan, Amitābha (Emituo), que preside à sua lendária terra pura no oeste, e Bhai ajyaguru (Yaoshi), o Buda da cura. Há também Maitreya (Mile), o futuro Buda, que é frequentemente referido como um bodhisattva. Após a era Tang, ele foi representado principalmente como o Buda gordo e risonho, uma imagem onipresente baseada no monge Budai, do século X. Ao longo da história do budismo chinês, todos estes Budas foram amplamente venerados e implorados como fontes supremas de autoridade espiritual ou de poder salvífico. O mesmo se pode dizer dos principais bodhisattvas, alguns dos quais são também comummente representados como encarnações consumadas das principais virtudes budistas. Por exemplo, Avalokiteśvara (Guanyin), de longe o bodhisattva mais popular e um objeto de culto generalizado em toda a China e no resto da Ásia Oriental, é representado como a personificação da compaixão (ver Yü 2001). Enquanto na Índia Avalokiteśvara era tradicionalmente retratado como uma figura masculina aristocrática, na China sofreu uma espécie de transformação de género: a partir do século X, o bodhisattva passou a ser representado numa série de formas femininas. Outros bodhisattvas amplamente adorados incluem Mañjuś ī (Wenshu), a personificação da sabedoria, e K itigarbha (Dizang), que se diz descer aos vários infernos para salvar os seus infelizes habitantes. Os cultos dominantes dos bodhisattvas também se tornaram intimamente associados à prática da peregrinação. Este facto é exemplificado pelas quatro principais montanhas budistas da China – Putou, Wutai, Jiuhua e Emei – cada uma das quais é identificada como o principal santuário de um bodhisattva-chave. De acordo com os costumes e ideais Mahāyāna prevalecentes, especialmente o ethos da compaixão universal, a realização de rituais e a participação em todo o tipo de práticas eram supostamente dedicadas ao bem-estar e à salvação de todos os seres vivos. No entanto, muitas vezes as principais fontes de motivação eram muito mais pessoais ou subjectivas. Havia, naturalmente, o objetivo básico da salvação pessoal; no entanto, este era frequentemente misturado ou substituído pela procura de todo o tipo de benefícios mundanos, não só para o próprio, mas também para os membros da sua família. A inclusão de outros baseava-se na crença de que o mérito acumulado pela dádiva ou patrocínio de determinados rituais poderia ser direcionado para a realização de objectivos específicos, incluindo a salvação de outras pessoas. Esta crença estava em sintonia com atitudes profundamente enraizadas e com as observâncias rituais habituais centradas no culto dos antepassados, que se tornaram elementos-chave da vida social e religiosa chinesa muito antes da introdução do budismo. Ao proporcionar locais de encontro para o clero budista foi capaz de se integrar ainda mais nas matrizes sociais e culturais centrais da vida chinesa. Isso também lhe permitiu explorar fontes adicionais de apoio económico, mesmo que a realização de rituais para compensação monetária levasse frequentemente a negligenciar outros aspectos da vida monástica, incluindo a prática contemplativa. Declínio e renascimento da era imperial tardia As principais crenças, doutrinas, práticas, escolas e instituições que são emblemáticas do budismo chinês desenvolveram-se todas durante o primeiro milénio da história da religião na China. O núcleo principal do cânone também estava praticamente completo antes do final da era Tang, embora muitos textos adicionais tenham sido escritos ou compilados durante os séculos seguintes. De um modo geral, os impactos do budismo na cultura e sociedade chinesas foram visivelmente mais fracos durante o segundo milénio, que coincide, na sua maior parte, com a era imperial tardia da história chinesa. Estas realidades, juntamente com outros factos históricos relacionados, levaram Kenneth Ch’en, na sua influente história do budismo chinês, a esboçar a história do budismo durante este período como uma narrativa de declínio progressivo, uma queda gradual em relação às glórias da era Tang (Ch’en 1964: 389-454). Esta ampla caraterização não é, na sua maior parte, problemática, sendo aceite pela maioria dos budistas e académicos da Ásia Oriental. O mesmo se pode dizer dos historiadores da China imperial tardia, que, entre outras coisas, chamam a atenção para as formas como a tradição confucionista ressurgente, especialmente na versão neo-confucionista for- mulada por Zhu Xi (1130-1200), eclipsou largamente o budismo a partir do período Song. Há, no entanto, algumas vozes discordantes que divergem da narrativa dominante de declínio, representadas principalmente por académicos americanos que trabalham sobre o budismo da era Song. Na sua vontade de sublinhar a importância da época e do tema que estudam, alguns chegaram mesmo a sugerir que o budismo Song, afinal, merece corretamente o epíteto de “idade de ouro” do budismo chinês (Gregory e Getz 1999: 2-4). É verdade que o estudo de Ch’en está bastante desatualizado e que muitas das suas interpretações, incluindo partes do seu tratamento largamente desdenhoso do budismo chinês posterior, podem ser questionadas. Além disso, há uma série de questões que complicam o mapeamento de trajectórias históricas mais vastas, e o mesmo se pode dizer das comparações quantitativas e qualitativas de diferentes épocas. No entanto, sem entrar nos pormenores de argumentos específicos ou das circunstâncias que conduzem a este tipo de debate académico, a essência básica da narrativa geral de Ch’en sobre o budismo na China imperial tardia permanece mais próxima da realidade histórica do que as tentativas pouco convincentes de revisionismo histórico acima mencionadas. Mesmo assim, é verdade que houve um considerável florescimento do budismo durante a era Song. Durante este notável período de efervescência cultural, os mosteiros budistas e outros locais de culto continuaram a ser importantes misturas na paisagem social, e a religião tinha numerosos seguidores entre as elites sociopolíticas e os plebeus. Os mosteiros budistas continuavam a albergar numerosos monges e a ser objeto do impacto budista nas artes durante este período é evidente nas muitas estátuas graciosas e nas belas pinturas que apresentam temas ou imagens budistas. O mesmo se pode dizer dos escritos de intelectuais notáveis, como Su Shi (1037-1101), o famoso escritor, poeta, pensador e oficial, que esteve entre as principais personalidades da era Song. Apesar dos sinais de declínio intelectual e institucional, durante a era Song houve desenvolvimentos notáveis numa variedade de áreas, incluindo o escolasticismo Tiantai e a produção literária Chan. Além disso, muitos elementos do budismo chinês tardio que ainda hoje são evidentes foram formulados durante a era Song. Isso inclui as codificações peculiares da vida monástica representadas pelas “regras de pureza” (qinggui) que foram desenvolvidas pela escola Chan, que era a tradição de elite dominante do budismo Song. Outros exemplos são as várias formas de piedade popular incluídas na tradição da Terra Pura, vagamente estruturada (discutida no capítulo de Jimmy Yu neste volume), e alguns dos principais estilos de prática contemplativa, epito- mizados pela abordagem “observando a frase crítica” (kan huatou) da meditação Chan que foi defendida por Dahui (1089-1163). Estas e outras caraterísticas do Budismo Song foram também exportadas para a Coreia e para o Japão, com ramificações significativas para o desenvolvimento subsequente do Budismo em ambos os países. Na sua maioria, não se registaram muitos desenvolvimentos inovadores ou mudanças de paradigma notáveis após a era Song. A falta de inovação e criatividade em áreas como a especulação filosófica, a exegese das escrituras, o desempenho ritual ou o desenvolvimento institucional foram acompanhados por uma prevalência de atitudes conservadoras. Mesmo quando houve tentativas intermitentes de reavivamentos budistas, estas envolveram frequentemente evocações de glórias passadas e esforços algo frustrados para recapturar elementos-chave de antigas tradições budistas. Isso é evidente, por exemplo, no renascimento das formas clássicas do Chan durante o século XVII, que, entre outras coisas, envolveu a imitação de estilos retóricos e de ensino iconoclásticos que, de acordo com a tradição popular do Chan, estavam ligados aos grandes mestres das eras Tang e (em menor grau) Song. Isso incluía a gritaria ritualizada e o espancamento de estudantes. Embora este tipo de actos dramáticos se destinasse supostamente a evocar o verdadeiro espírito do Chan, eram também criticados por serem pouco mais do que representações teatrais, destinadas principalmente a impressionar audiências monásticas e leigas não sofisticadas (ver Wu 2008). Isso não significa que o budismo tenha deixado de ser uma parte notável da paisagem religiosa na China imperial tardia. No entanto, em muitas áreas significativas, o budismo foi ensombrado por uma ortodoxia neo-confucionista abrangente que não só dominava a vida intelectual, social e política, como também proporcionava aos literatos vias apelativas de cultivo espiritual. A relativa fraqueza do Budismo é evidente na falta de respostas convincentes e eficazes aos desafios colocados pela primazia do Confucionismo. Ao mesmo tempo, um olhar mais atento sobre a sociedade chinesa local revela que a relação entre o budismo e o neo-confucionismo era um pouco mais complexa do que muitas vezes se supõe. Por exemplo, durante o final da era Ming (1368-1644), muitos membros da nobreza local, apesar da sua educação e lealdade neo-confucionista, eram visitantes frequentes e importantes patronos de mosteiros budistas (Brook 1994). Havia também as actividades de uma variedade de reformadores budistas – como Yunqi, Zhuhong (1535-1615) e Zibo Zhenke (1543-1603) – que tentaram formular novas respostas a situações sociais e culturais em mudança. Alguns deles foram também bastante bem sucedidos na mobilização dos leigos. Entre os acontecimentos significativos que tiveram lugar durante o período imperial tardio, esteve a transmissão de formas tibetanas de budismo para algumas partes da China, incluindo a capital imperial de Pequim. A introdução inicial do budismo tibetano ocorreu no início da dinastia Yuan (1271-1368), durante o reinado do grande Khublai Khan (r. 1260-1294), o fundador da dinastia e o primeiro monarca mongol a estabelecer um domínio estável e duradouro sobre a China. Na sequência da conquista mongol do Tibete em 1252, Khubilai Khan e as elites mongóis viraram-se para o budismo tibetano como a sua religião de eleição, embora continuassem a manter uma política geral de tolerância religiosa. O mais notável missionário budista tibetano foi o ‘Phags-pa Lama (1235-1280), que foi convidado para a capital mongol. Aí ofereceu instrução religiosa a Khubilai e a outros membros da corte imperial. ‘Phags-pa e os seus seguidores também transmitiram várias formas de rituais e práticas tântricas que estavam em voga na altura. As variedades tântricas do budismo tibetano e mongol foram também patrocinadas pelos governantes manchus da dinastia Qing (1644-1911). Isto foi parcialmente motivado por considerações políticas, uma vez que os imperadores Qing estavam interessados em consolidar a sua influência sobre o Tibete e a Mongólia. O imperador Qianlong (r. 1735-1795) chegou mesmo a apresentar-se como uma encarnação de Mañjuśri (Wenshu), o popular bodhisattva que era adorado como uma personificação da sabedoria. No entanto, estas formas exóticas de budismo tiveram pouco impacto na vida religiosa dos súbditos chineses governados pelos manchus, uma vez que os estilos tradicionais chineses de culto e prática permaneceram dominantes no meio budista mais vasto da China Qing. Uma grande perturbação durante a última parte da dinastia Qing, que teve consequências particularmente negativas para a sorte do budismo, foi a violenta rebelião de Taiping (1850-1864), que pôs de joelhos a outrora poderosa dinastia. Liderados por Hong Xiuquan (1814-1964), que se inspirava no cristianismo e se autoproclamava filho de Deus, os zelosos rebeldes tinham má vontade para com o budismo e muitos mosteiros budistas foram danificados ou destruídos durante este período sangrento e angustiado.
Cotai | Zona de espectáculos ao ar livre com futuro incerto Hoje Macau - 30 Jul 202530 Jul 2025 A presidente do Instituto Cultural, Deland Leong Wai Man, reconheceu que o futuro do Local de Espectáculos ao Ar Livre ainda está por decidir e que a continuidade ainda não está garantida, depois do período experimental actualmente a decorrer. A posição foi tomada ontem pela presidente do IC depois de uma reunião do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural. Em reacção ao anúncio de que um espectáculo agendado para o início de Setembro (Festival S20) tinha sido cancelado pelo organizador, Leong revelou que está previsto que o espaço gerido pelo Governo receba, pelo menos, mais três espectáculos até ao final do ano. Os espectáculos estão agendado para os finais de Setembro, Outubro e Dezembro. A responsável pelo IC explicou também que o funcionamento da zona de espectáculos no futuro não está garantida e que o IC vai fazer uma ponderação, quando terminar o período experimental de um ano. Leong prometeu também o anúncio da decisão para “um momento oportuno”. Ontem, em declarações aos jornalistas, Deland Leong revelou também que a 2ª edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau vai receber mais de 1.000 actividades e espectáculos. O evento realizado entre Julho e Agosto conta com um orçamento de cerca de 20 milhões de patacas. Segundo o jornal Ou Mun, a responsável não conseguiu apresentar os dados estatísticos para a participação neste ano, porque o festival ainda se encontra a decorrer. Deland Leong recordou que houve cerca de 210 mil participantes no ano passado, e que a proporção de residentes foi maior do que a de turistas. Actualmente, mais de 80 por cento dos bilhetes para os eventos estão vendidos.
Art Macao | Projecto dos artistas The Haas Brothers para ver no COD Andreia Sofia Silva - 30 Jul 2025 Está aí mais uma exposição integrada no cartaz da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”. Desta vez o público terá a oportunidade de ver o projecto “The Haas Brothers: Clair de Lune”, patente no City of Dreams Depois da apresentação no The A4 Art Museum, em Chengdu, no ano passado, eis que “Clair de Lune”, obra dos artistas The Haas Brothers chega a Macau, integrada no cartaz da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, na secção de exposições especiais. Estando disponível para visitas no City of Dreams (COD), no Cotai, até ao dia 12 de Setembro, “Clair de Lune” apresenta uma série de peças e instalações dos dois irmãos nascidos em Austin, Texas, numa “viagem onde a memória e a emoção convergem num imersivo mundo de arte”, descreve o COD numa nota. Em “Clair de Lune”, a luz transforma-se numa “metáfora, construindo uma narrativa emocionalmente rica que é acompanhada por uma personagem antropomórfica”, tratando-se de uma aposta do COD na “exploração da arte e compromisso para com a cultura multidisciplinar”. Ainda segundo a mesma nota, esta exposição “reflecte a filosofia criativa consistente dos artistas”, que procuram “quebrar barreiras entre disciplinas, activar os sentidos e evocar uma ressonância emocional”, sendo que o nome da mostra remete para a composição do francês Claude Debussy, “Clair de Lune”. Os The Haas Brothers também foram buscar inspiração às memórias de infância das chamadas “Moon Towers” [Torres de Lua], estruturas utilizadas para iluminar Austin à noite. Para os dois irmãos, estas torres “tornaram-se um último símbolo das suas memórias de infância, ultrapassando a linha entre a verdadeira lua e a lua artificial”. Aqui, a lua torna-se numa metáfora “para a migração emocional, em que o fluxo de luz representa os dois caminhos de uma jornada entre ‘o chegar e o partir'”. Convida-se, assim, o público a desfrutar e interpretar à sua maneira estes jogos de luzes e sombras, construindo-se uma jornada de “percepção, reflexão e exploração emocional”. Seis peças com significado “Clair de Lune”, no COD, inclui seis instalações que “constroem um mundo poético e imaginativo” em conexão com a lua, apresentando-se cinco esculturas com lâmpadas inspiradas nas “Moon Towers”, com nomes como “A Street Light Named Desire”, “Let There be Street Light”, “A Light in the Streets and Freak in the Sheets”, “Lamp of Approval” e “Light to Remain Silent”. Os trabalhos, com “títulos evocativos e formas expressivas”, constituem “um reflexo de temas como o desejo, o reconhecimento ou o silêncio”. A sexta peça apresentada, “Reach-able Moment” apresenta uma personagem semelhante a um macaco que “simboliza a busca, não apenas por amor, paciência e devoção, mas também por um significado mais profundo”, tal como uma “reflexão pacífica e filosófica do sentido da existência”. Os The Haas Brothers são Simon e Nikolai Haas, vivendo actualmente em Los Angeles. Nos últimos anos “desenvolveram uma linguagem artística multidisciplinar e distinta, trabalhando com moda, cinema, música e design criativo”. A sua prática artística “continua a expandir as possibilidades da expressão artística ao desafiar ambientes convencionais”, apresentando “uma abordagem antropomórfica” na “experimentação de formas e materiais”. Nesse processo, ambos “questionam e respondem às funções sociais da arte e contextos da cultura onde estas habitam”. Mais concretamente sobre “Clair de Lune” e o poder da luz da lua, os dois artistas referiram, citados pela mesma nota, que se trata de algo “fugaz, mas poderoso”, que “muda tudo aquilo em que toca, que transforma o comum em algo fantástico”. “Essa transformação é aquilo que somos depois. Se conseguirmos levar o observador a um mundo tranquilo, humorístico e de reflexão, então fizemos o nosso trabalho como artistas”, referiram.
Chikungunya | Diagnosticado quinto caso importado Hoje Macau - 30 Jul 2025 Os Serviços de Saúde anunciaram na segunda-feira à noite o quinto caso importado de febre de Chikungunya. Na nota de imprensa divulgada em língua chinesa, é indicado que a doente é uma residente com 70 anos, que entre 14 e 18 de Julho viajou sozinha no Interior, na cidade de Foshan. Após regressar, a 25 de Julho começou a apresentar os primeiros sintomas, como dores nas articulações das pertas. Num primeiro momento, a mulher tomou medicamentos de alívio rápido. Contudo, como no domingo desenvolveu alergia e erupções cutâneas no joelho e num dos braço deslocou-se ao Centro Hospitalar Conde São Januário, onde acabou por ser diagnosticada. A mulher está livre de perigo e em condição estável. Após o caso ser detectado, foram realizadas acções de extermínio de mosquitos junto da habitação da mulher, que fica próxima da Avenida do Lam Mau, no norte da cidade.
Hengqin | UM pagou 173,3 milhões por projecto de arquitectura e design João Santos Filipe e Nunu Wu - 30 Jul 2025 O Instituto de Investimento em Design Arquitectónico da Universidade de Tecnologia do Sul da China foi escolhido para o projecto de arquitectura e design do campus da Universidade de Macau em Hengqin. A informação oficial não permite conhecer as outras entidades convidadas a apresentar propostas, nem os preços A Universidade de Macau pagou 153,8 milhões de renminbis (173,3 milhões de patacas) pelo projecto de design arquitectónico do futuro campus da instituição de ensino na Zona de Cooperação Aprofundada. O montante foi divulgado através da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP), uma vez que o pagamento foi feito através da empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development. A informação oficial indica que a empresa escolhida para a prestação do serviço foi o Instituto de Investimento em Design Arquitectónico da Universidade de Tecnologia do Sul da China. A selecção da empresa resultou de uma consulta directa realizada pelo braço de investimento da Universidade de Macau em Hengqin. No entanto, a informação oficial não permite saber que outras empresas foram convidadas a apresentar propostas para o design arquitectónico, nem o valor a pagar pelo serviço constante nessas propostas. Desde o início do ano que esta é a segunda adjudicação a empresas localizadas no Interior da China realizada pela Guangdong Hengqin UM Higher Education Development em relação aos trabalhos do novo campus. A outra adjudicação, no valor de 35,9 milhões de renminbis (40,5 milhões de patacas), foi feita ao escritório de Pequim da consultora Rider Levett Bucknall, que tem a sede principal em Hong Kong, e também resultou de uma consulta de preços. Os serviços prestados pela Rider Levett Bucknall visaram o “serviço de controlo de custos” face às obras do campus nos lotes de terreno identificados como A1 a A6 da Zona de Cooperação Aprofundada. Novo Campus A empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development foi criada pela Universidade de Macau no Interior da China para construir o novo campus. Actualmente, o capital social da empresa é de 4 mil milhões de renminbis. Como resultado deste investimento, a UM aceitou pagar 1,4 mil milhões de patacas à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, na Ilha da Montanha, pelo terreno de 375.600 metros quadrados que vai receber o novo campus. Este investimento significou o pagamento de 2.758 patacas por metro quadrado. De acordo com os planos anunciados anteriormente pela UM, o terreno está dividido em 9 lotes, dos quais 6 vão ser utilizados para construir laboratórios, faculdades, e outras instalações universitárias, enquanto outros três lotes se prendem com a obrigação da UM construir as estradas da Zona de Cooperação Aprofundada. São esperados pelo menos 10 mil alunos no campus que deverá ficar concluído até 2028, ano em que iniciará as operações com 8 mil alunos, entre os quais 4 mil a frequentarem licenciaturas. Espera-se também que o campus necessite de cerca de 500 funcionários para operar.
Casinos-satélite | Casa dos Trabalhadores do Jogo preocupada João Santos Filipe - 30 Jul 2025 A Casa dos Trabalhadores da Indústria do Jogo admite estar preocupada com o destino dos trabalhadores dos casinos-satélite. A instituição é ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau, cujos quatro deputados votaram a favor da lei que força o encerramento dos casinos-satélite A Casa dos Trabalhadores da Indústria do Jogo está preocupada com a falta de capacidade das concessionárias para absorverem os trabalhadores dos casinos-satélite. As preocupações face à onda de encerramentos de 11 casinos foi expressa por Pak Kin Kong, director da instituição, em declarações ao Canal Macau. “Neste momento, enfrentamos o facto de que temos mais de 4.000 trabalhadores de casinos-satélite que vão ser afectados [pelos encerramentos]. No entanto, achamos que as concessionária envolvidas não têm capacidade suficiente para arranjar o mesmo tipo de trabalho para estes trabalhadores”, afirmou o responsável. Pak Kin Kong recordou o cenário durante a pandemia, em que alguns trabalhadores também viram os postos de trabalho extintos, tendo sido transferidos para outras funções. Contudo, o director da Casa dos Trabalhadores da Indústria do Jogo admite que a transição nem sempre é isenta de problemas. “Alguns trabalhadores de casinos-satélite não foram transferidos para o mesmo cargo, ou para cargos relacionados com o jogo. Alguns eram croupiês e foram transferidos para cargos como empregados de quartos ou seguranças”, recordou. O dirigente explicou também que esta mudança de cargos é encarada como uma preocupação para os trabalhadores. “Estamos preocupados, porque as operadoras de jogo podem não arranjar o mesmo tipo de cargo para esses trabalhadores dos casinos-satélite”, indicou. “Isto provoca preocupação entre os trabalhadores, por terem receio de não se conseguirem adaptar ao novo cargo. Nos últimos anos recebemos alguns pedidos de apoio”, revelou. Milhares de postos As declarações de Pak Kin Kong foram recolhidas horas depois de ter sido tornado público que o casino-satélite Grandview vai fechar as portas hoje às 23h59. A Casa dos Trabalhadores da Indústria do Jogo está ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), cujos deputados, Lei Chan U, Lam Lon Wai, Ella Lei e Leong Sun Iok, votaram a favor da lei que obriga ao encerramento destes casinos. Os casinos-satélite resultam de acordos entre algumas concessionárias e empresas independentes, que exploram vários espaços de jogo. Segundo as últimas alterações propostas pelo Governo, e aprovadas pela Assembleia Legislativa, os casinos-satélite têm de ser encerrados até ao final do ano. A alternativa passa por passarem a ser explorados pelas concessionárias, uma situação que apenas se vai verificar com os casinos L’Arc e Ponte 16, havendo por isso 11 encerramentos. O casino Grandview é explorado ao abrigo de um acordo com a concessionária SJM, que vai absorver 159 trabalhadores do casino-satélite com os quais tem vínculo laboral. No entanto, há sete trabalhadores cujo futuro é incerto. Também o futuro dos trabalhadores não-residentes é desconhecido. Anteriormente, o Governo reconheceu que os casinos-satélite empregam 5.600 trabalhadores, dos quais 4.800 foram contratados directamente pelas concessionárias e cerca de 800 pelos casinos. Estes últimos podem ficar desempregados.
Hotelaria | Mais de 7,2 milhões de hóspedes no primeiro semestre Hoje Macau - 30 Jul 2025 Os hotéis de Macau receberam mais de 7,2 milhões de hóspedes no primeiro semestre do ano, menos 1 por cento em termos homólogos, registando uma subida anual de 4,7 por cento no mês de Junho, foi ontem anunciado. Nos primeiros seis meses do ano, “os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 7.202.000 indivíduos, menos 1 por cento, em termos anuais”, indicou, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O número de hóspedes internacionais (589 mil) aumentou 8,6 por cento, destacando-se os visitantes da República da Coreia (169 mil), que subiram 13,3 por cento, no período em análise e em termos anuais. No primeiro semestre, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes fixou-se em 89,1 por cento, ou mais 5,1 pontos percentuais, em termos anuais. Macau recebeu 19,2 milhões de visitantes na primeira metade de 2025, mais 14,9 por cento que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano.
Comércio | Défice da balança comercial cai três mil milhões Hoje Macau - 30 Jul 2025 O défice da balança comercial da RAEM foi de 53,95 mil milhões de patacas no primeiro semestre deste ano, registando-se uma quebra de 3 mil milhões face a igual período do ano passado. É o que dizem os dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) relativamente ao comércio externo de mercadorias. O valor total deste comércio, nos primeiros seis meses do ano, foi de 67,20 mil milhões de patacas, uma quebra anual de 4,3 por cento. Por sua vez, o valor exportado foi de 6,63 mil milhões de patacas, uma ligeira subida de 0,3 por cento, enquanto o valor importado foi de 60,57 mil milhões de patacas, menos 4,8 por cento em termos anuais. Destaque para o aumento da exportação de mercadorias para Hong Kong em 8,9 por cento, face aos primeiros seis meses de 2024. Todavia, o valor das mercadorias exportadas para o Interior da China (355 milhões de patacas) e para os países que fazem parte da iniciativa “faixa e rota” (160 milhões de patacas), diminuíram 11,9 por cento e 66 por cento respectivamente. A menor queda foi nas exportações para os EUA, que atingiram o valor global de 144 milhões, uma ligeira quebra de 0,9 por cento.
Habitação pública | Defendida atribuição a quadros qualificados Hoje Macau - 30 Jul 2025 Lei Choi Hong, directora-executiva do grupo imobiliário Sun City, defendeu que os apartamentos de habitação pública que sobram dos concursos devem ser atribuídos a quadros qualificados. Segundo o Jornal do Cidadão, a responsável lembrou que a procura por habitação pública já não é tão elevada como no passado, tomando como referência os concursos de habitação social mais recentes ou da habitação económica na Zona A dos Novos Aterros Urbanos. Lei Choi Hong destacou a projecto em curso do Novo Bairro de Macau em Hengqin que procura atrair moradores entre os residentes de Macau, pelo que existem, na sua opinião, bastante oferta habitacional no mercado neste momento. Ao mesmo jornal, Ng Ka Teng, membro do Conselho para os Assuntos de Habitação Pública, argumentou que a procura por casas públicas mudou e que o Governo deve actualizar as políticas nesta área. A responsável recordou que os mais recentes números de pedidos de habitação económica caíram de forma significativa, sendo que na candidatura de 2019, 487 agregados familiares acabaram por desistir na fase de escolha da casa. Isso significa mais de dez por cento das famílias candidatas. Ng Ka Teng pede, por isso, o relançamento de algumas medidas habitacionais, nomeadamente o plano da primeira aquisição de imóveis para jovens com idades compreendidas entre 21 e 44 anos. Outra política que pode ser lançada novamente, na visão da responsável, é o regime de bonificação de juros de crédito concedido para aquisição de habitação própria.
Banco da China | Presidente da filial de Macau detido à chegada a Pequim João Santos Filipe e Nunu Wu - 30 Jul 2025 O jornal Caixin Global noticiou o desaparecimento do presidente da sucursal de Macau do Banco da China, indicando que terá sido levado pelas autoridades nacionais quando chegou a Pequim vindo de Macau. Jia Tianbing é o segundo dirigente de bancos de Macau a desaparecer em menos de um mês O presidente da sucursal de Macau do Banco da China, Jia Tianbing, foi levado pelas autoridades no Interior da China, noticiou ontem o jornal Caixin Global, uma das principais publicações sobre informação financeira da China. Este é o segundo dirigente de representações de bancos estatais chineses em Macau a desaparecer no Interior da China em menos de um mês. De acordo com o Caixin Global, Jia Tianbing foi interceptado quando voltava para Pequim, vindo de Macau, e estava acompanhado por vários familiares e amigos. Os acompanhantes do banqueiro também terão sido levados pelas autoridades. A detenção aconteceu após Jia Tianbing ter acompanhado, no dia 11 deste mês, a delegação dos membros de Macau do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) numa visita à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. A delegação, foi liderada pelo vice-presidente do CCPPC, e ex-Chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho. No entanto, os sinais de que algo de extraordinário estava a acontecer foram visíveis numa reunião recente do Banco da China que serviu para emitir novas instruções para as sucursais. Nesse encontro foi notada a ausência de Jia Tianbing. Pelo menos desde domingo que o Caixin Global tentou entrar em contacto com Jia Tianbing, mas o número de telemóvel esteve sempre desligado. Também não foi recebida qualquer resposta até ontem. Cenário repetido No início do mês, o mesmo jornal revelou que Jiang Yusheng, ex-presidente do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, em inglês), tinha sido levado pelas autoridades do Interior. Após a informação sobre o desaparecimento do banqueiro ter começado a circular foi tornado público que Jiang estava a ser investigado pela Comissão Central de Inspecção Disciplinar por suspeitas de violação grave da disciplina e da lei. Este é um termo frequentemente utilizado no Interior da China para designar casos de corrupção. Segundo o Caixin Global, a investigação que visa Jiang Yisheng prende-se com empréstimos imobiliários aprovados pelo ICBC de Macau, principalmente no âmbito do projecto de luxo Windsor Arch, construído à frente do Jockey Club e no qual participaram vários empresários locais. Este projecto foi desenvolvido por Ng Lag Seng, então presidente do Grupo Sun Kian Ip, e que também foi parte da investigação no âmbito do caso judicial que resultou no julgamento dos ex-directores das Obras Públicas, Jaime Carion e Li Canfeng. Também Ng Kei Nin, filho de Ng Lap Seng, um dos directores da empresa, foi implicado no caso. Ambos foram condenados em Macau ao cumprimento de penas de prisão. A publicação indicava que a investigação surgiu numa altura em que o ICBC Macau registava um aumento do crédito malparado, ou seja, dos empréstimos aprovados a devedores que depois não tiveram capacidade para pagar as dívidas.
Lei Chan U quer mecanismo para controlar opiniões online Hoje Macau - 30 Jul 2025 Apesar de estar de saída do hemiciclo em Outubro, o deputado Lei Chan U defende que o Governo tem de criar novas leis e mecanismos para controlar opiniões partilhadas nas redes sociais. O pedido de criação de um mecanismo de censura foi deixado ao secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, através de uma interpelação escrita. Na interpelação, Lei Chan U diz que a partilha de opiniões online é uma “faca de dois gumes” e alerta para o perigo de haver “descontrolos” e de criar “incertezas e instabilidade” à governação. “Devido às características especiais do ambiente da Internet, alguns acontecimentos sociais, depois de serem difundidos e fermentados online, formam uma opinião pública muito forte num período de tempo muito curto, e a direcção desta força de opinião pública é imprevisível e tem o efeito de uma faca de dois gumes”, apontou. “Por um lado, o poder da opinião pública pode formar uma supervisão social e promover a justiça social; por outro lado, o poder da opinião pública pode também levar a um estado de descontrolo da opinião pública em linha, o que trará incertezas à estabilidade social e aumentará a pressão sobre a governação social do governo”, acrescentou. Seguir o Interior O deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) defende que é “necessário e urgente melhorar o mecanismo de gestão da opinião pública na Internet em caso de emergência”. “O Governo formulou um mecanismo para monitorizar, avaliar e responder à opinião pública na Internet em caso de emergência?”, questionou. O deputado pede que em questões da internet Macau siga o que se faz no Interior da China: “O ciberespaço não é um lugar fora da lei. O Estado atribui grande importância ao papel fundamental do Estado de Direito na construção de uma Internet forte e sublinha a necessidade de governar a Internet de acordo com a lei”, atira. “Posso perguntar se o Governo vai promover a legislação sobre a opinião pública na Internet e criar um mecanismo de intervenção rápida da opinião pública, de modo a reduzir o impacto negativo da opinião pública em linha na estabilidade social?”, pergunta.
CAEAL | Influenciadores digitais alertados para proibição de campanha João Santos Filipe - 30 Jul 2025 O juiz Seng Ioi Man garante que as autoridades têm mecanismos necessários para aplicarem a lei de proibição do incitamento aos votos nulos e em branco mesmo fora de Macau, através de mecanismos de cooperação A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) avisou ontem os influenciadores digitais para o facto de estarem abrangidos pela proibição de fazerem campanha. Em causa está a possibilidade de os influenciadores receberem dinheiro ou outros benefícios para promover listas candidatas nas eleições de 14 de Setembro. “Como sabem, actualmente temos muito influenciadores e plataformas. Uma vez que existe uma natureza comercial nestas campanhas, elas não são permitidas. Tanto a CAEAL como as entidades de execução da lei, como a Polícia Judiciária ou Comissariado Contra a Corrupção, vão ter pessoal para acompanhar as acções de propaganda realizadas na internet”, explicou o presidente da CAEAL, Seng Ioi Man. De acordo a lei eleitoral, a publicidade comercial é proibida após o dia de apresentação das candidaturas e até à realização das eleições. A punição para a divulgação de publicidade comercial ilícita prevê uma multa de 5 mil a 50 mil patacas. Na conferência de imprensa de ontem, Seng Ioi Man garantiu também que as autoridades têm meios necessários para executar a lei fora do território, nos casos em que são feitos apelos de boicote ou incitamento ou voto nulo ou em branco. “Alguns actos podem ser realizados fora de Macau. Qualquer acto irregular, crime ou ilegalidade, as entidades de execução da lei, como as polícias, e nós, temos cooperações com outras entidades, e se houver esses crimes temos mecanismos para tratar desses casos”, garantiu. Seng Ioi Man afirmou que até agora não foram identificados casos de potenciais crimes de incitamento ao voto nulo ou em branco. Este crime foi criado com a revisão mais recente da lei eleitoral, depois das primeiras exclusões de candidatos por motivos políticos, e prevê uma pena de prisão efectiva entre 30 dias e 3 anos, sem qualquer possibilidade de suspensão. Mais painéis de campanha Em relação à campanha eleitoral, que arranca a 30 de Agosto e se prolonga até 12 de Setembro, Seng Ioi Man anunciou que este ano serão adicionadas duas zonas para afixar cartazes e os programas políticos, em comparação com 2021. A CAEAL mudou igualmente os espaços onde os cartazes são colocados, para serem vistos por mais pessoas. “Escolhemos espaços mais largos, com maior fluxo de pessoas para instalar os painéis e esperamos que as listas possam também estar atentas aos nossos avisos, nomeadamente o que diz respeito ao tamanho, para que possam imprimir cartazes com tamanho adequado”, indicou o juiz. Ao contrário de 2021, as autoridades vão voltar a organizar uma cerimónia de arranque da campanha eleitoral, com a participação de representantes das diferentes listas. Seng Ioi Man explicou que este ano volta a ser possível realizar a cerimónia, dado que não há condicionamentos relacionados com a pandemia da covid-19.
Tarifas: Sete acordos desde que Trump chegou à Casa Branca Hoje Macau - 29 Jul 2025 Os Estados Unidos alcançaram sete acordos comerciais bilaterais desde que Donald Trump regressou à Casa Branca, em janeiro, e o mais recente, assinado no domingo com a União Europeia (UE), é o maior em termos de volume de negócio. Além do acordo com a UE, o Governo norte-americano acertou novos termos comerciais com o Reino Unido, China, Vietname, Japão, Filipinas e Indonésia, enquanto as negociações prosseguem com dezenas de outros países, segundo as autoridades norte-americanas. Eis os dados da lista dos sete acordos comerciais bilaterais que Trump conseguiu obter desde janeiro, quando regressou à Casa Branca para um segundo mandato presidencial. +++ REINO UNIDO +++ Assinado a 08 de maio, foi o primeiro acordo bilateral assinado por Trump, desde que o Governo norte-americano anunciou um novo plano de tarifas. Este acordo estabelece a redução das tarifas sobre os automóveis britânicos de 25% para 10% — até 100 mil veículos por ano — e a eliminação das tarifas sobre o aço e o alumínio; permissões recíprocas para exportação de carne de bovino e produtos agrícolas, bem como redução de barreiras não tarifárias e simplificação de procedimentos aduaneiros. +++ CHINA +++ A 26 de junho, após ameaças recíprocas de tarifas até 115%, os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo de princípio, que ainda está a ser desenvolvido. Embora mantenha tarifas elevadas — 55% para a exportação de determinados produtos chineses para os Estados Unidos —, facilita a exportação de terras raras da China, elimina as medidas de retaliação mútua e suaviza os controlos sobre o acesso dos produtos chineses ao mercado norte-americano. +++ VIETNAME +++ Os EUA e o Vietname concordaram, a 02 de julho, em aumentar a tarifa sobre as exportações vietnamitas para os EUA para 20% (com uma taxa de 40% sobre os produtos suspeitos de serem de origem chinesa). A ameaça anterior de Trump era de estabelecer as tarifas nos 46%. ++ JAPÃO ++ O Japão concorda com uma tarifa de 15% sobre todas as suas exportações para os Estados Unidos, em comparação com a tarifa de 25% com que Trump tinha ameaçado. O país comprometeu-se a investir 550 mil milhões de dólares (cerca de 470 mil milhões de euros) nos EUA e a abrir os seus mercados a setores como o automóvel, arroz e produtos agrícolas. ++ FILIPINAS ++ Os EUA passam a impor uma tarifa de 19% sobre os produtos filipinos, menos um ponto percentual do que os 20% que tinha ameaçado, em troca da isenção de tarifas sobre os produtos norte-americanos que entram nas Filipinas. O anúncio foi feito a 22 de julho, após a visita do Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., à Casa Branca. ++ INDONÉSIA ++ Na mesma data, 22 de julho, e com conteúdo quase idêntico, o acordo de Trump com a Indonésia estabelece tarifas de 19% sobre as exportações para os Estados Unidos e, em paralelo, inclui compromissos de compra de aeronaves, produtos agrícolas e energéticos norte-americanos da Indonésia. ++ UNIÃO EUROPEIA ++ No domingo, 27 de julho, foi anunciado o acordo comercial entre os Estados Unidos e a UE, qu estabelece que a maioria das exportações europeias ficará sujeita a tarifas de 15% — Trump tinha ameaçado com 30% —, mas incluiu isenções tarifárias para determinados produtos. No acordo, a UE compromete-se a comprar 750 mil milhões de dólares (cerca de 650 mil milhões de euros) em energia aos Estados Unidos, investir 600 mil milhões de dólares (cerca de 510 mil milhões de euros) no país e aumentar as suas compras de equipamento militar aos EUA.
Templo Shaolin | Retirado estatuto religioso a abade por peculato Hoje Macau - 29 Jul 2025 As autoridades chinesas revogaram ontem o estatuto religioso de Shi Yongxin, abade do célebre templo Shaolin, que está a ser investigado por alegados crimes financeiros e por manter relações impróprias em violação dos preceitos budistas. A Associação Budista da China, subordinada ao departamento da Frente Unida do Partido Comunista Chinês, anunciou ter retirado o certificado de ordenação monástica ao religioso, após receber um pedido da associação provincial de Henan. Shi Yongxin, de 59 anos, é suspeito de ter desviado fundos ligados a projectos do templo e de ter usurpado bens do mosteiro, além de manter, durante anos, relações com várias mulheres, das quais terá tido pelo menos um filho, segundo as autoridades religiosas. Localizado na província central de Henan, o templo Shaolin é um dos mais conhecidos da China e símbolo internacional do budismo chan e do kung-fu, disciplinas que lhe deram fama mundial e o transformaram num importante destino turístico. Conhecido pelo nome secular Liu Yincheng, Shi Yongxin liderava o templo há três décadas. Construído há mais de 1.500 anos, em Dengfeng, o mosteiro é considerado o berço do budismo zen e das artes marciais Shaolin. Em 2015, o monge já tinha sido alvo de acusações semelhantes feitas por antigos monges e funcionários do templo, mas as autoridades encerraram então o caso sem apresentar acusações. O escândalo não afectou, para já, a actividade turística do mosteiro, que continua aberto ao público, confirmou o centro de visitantes do templo ao jornal local The Paper.
Gestão Financeira David Chan - 29 Jul 2025 Um órgão de comunicação online de Macau relatou que circulava uma publicação de um cibernauta (a quem chamaremos John) onde dizia ter um rendimento mensal de 30.000 patacas, mas que estava com constrangimentos financeiros porque era solteiro, tinha comprado uma casa e pagava as prestações ao banco, tinha despesas mensais elevadas, não tinha poupanças e perguntava como havia de fazer para melhorar a sua situação. Muitos cibernautas responderam a esta publicação, perguntando o motivo das despesas elevadas, se se deviam a gastos descuidados, se tinha maus hábitos, etc. Muitos deles realçaram que uma forma de administrar o dinheiro é “aumentar os rendimentos”. John poderia procurar um trabalho em part-time ou mudar de emprego para ganhar mais dinheiro. Outros sugeriram que se ele vive sozinho e tiver um quarto livre o poderia alugar. Se alugar o quarto, John poderá também considerar cozinhar a meias com o inquilino para diminuir as despesas de alimentação. Outro princípio importante da gestão financeira é a criação de “poupanças”, o que implica “reduzir as despesas ao mínimo”. Por isso, os cibernautas perguntaram a John quanto pagava ao banco pela prestação da casa e se haveria possibilidade de a renegociar. Outros sugeriram que fizesse compras na China continental para reduzir as despesas. Mantendo as despesas, mas aumentando as receitas, John pode ficar com um excedente financeiro, que pode aplicar nos gastos diários e em poupança. Por outro lado, com o mesmo rendimento e despesas reduzidas, pode obter o mesmo resultado e alcançar o seu desejo de poupar dinheiro. Qual das duas opções é melhor? Se reduzir despesas, mas mantiver o mesmo rendimento, só vai conseguir poupar um pouco. Se aumentar o rendimento, terá várias fontes de receita e o crescimento financeiro futuro será maior, e poderá ainda criar poupanças para assegurar “tempos de necessidade”. Quanto é preciso poupar para colmatar “tempos de necessidade”? Dois milhões? Três milhões? Debateremos esta questão na próxima semana. Para conseguir uma gestão financeira prudente, para além dos conselhos acima citados, John tem de considerar duas questões. Primeiro, qual é o objectivo da gestão financeira? Segundo, qual é o modelo de gestão financeira? O objectivo da gestão financeira da maior parte das pessoas é torná-las mais ricas. se ser mais rico significa que têm mais dinheiro para gastar no futuro, então terão de ter rendimentos superiores às despesas. Para alcançar esse objectivo, John deve definir diferentes metas temporais. Por exemplo, aumentar o rendimento entre 5% e 25% no prazo de um ano, mudando de emprego ou conseguindo mais um trabalho em part-time, a seguir ter o seu próprio negócio num prazo de cinco anos, etc. Depois de conseguir o seu objectivo, John pode dar um presente a si mesmo, como por exemplo uma viagem de dois meses à Europa, comprar um bom carro, etc. Claro que tanto viajar como fazer compras são formas de conseguir satisfação através do consumo. John só pode ser verdadeiramente feliz quando atingir os seus objectivos. Se só gastar dinheiro de forma impensada, terá uma felicidade breve e irá a caminho do desastre financeiro, podendo vir a pagar um preço muito elevado, pelo que deve ser muito cuidadoso. Outro objectivo da gestão financeira é aumentar as poupanças para ter mais recursos no futuro, aumentando a sua qualidade de vida. Por exemplo, ter mais dinheiro para pagar a casa na totalidade mais cedo e conseguir um estado de “semi-liberdade financeira”; este método é melhor do que gastar de forma impensada. Depois de estabelecer estes objectivos, o passo seguinte é considerar o modelo a usar para medir o seu desempenho financeiro. O rendimento mensal médio em Macau é de cerca de 20.000 patacas. John ganha actualmente 30.000, excedendo largamente o salário médio. John é proprietário de uma casa. Com um rendimento mensal de 30.000 patacas, o seu nível financeiro é muito bom. Depois de estabelecer o modelo e os objectivos financeiros, existem dois pontos a assinalar. Em primeiro lugar, a publicação não referia se John estava ou não apaixonado. Se pretender vir a casar-se, a sua casa ficará sujeita à Lei de Família de Macau e a propriedade pode ser alterada. John deve pensar cuidadosamente na forma de vir a lidar com essa questão. Em segundo lugar, o valor da casa é elevado, mas se a liquidez for baixa, a prestação pode variar em função das flutuações do mercado. O mercado imobiliário está actualmente lento. Se a maior parte do capital for investido na casa e se de repente for necessário ter disponível uma quantia elevada, haverá um problema financeiro e John tem de ter mais cuidado. Aumentar o rendimento e reduzir as despesas, viver dentro das nossas possibilidades e aumentar as poupanças são os princípios básicos da gestão financeira pessoal; mas também devemos ter objectivos e clarificar o nosso crescimento financeiro. Só podemos garantir que a nossa situação financeira é consistente com o nosso quadro socio-económico, e que não estamos a exigir de mais ou de menos de nós próprios, quando adoptamos os padrões financeiros correctos. Devemos também fazer os ajustes apropriados às nossas metas financeiras com base nas nossas próprias circunstâncias, assegurar que temos o dinheiro suficiente para cobrir as despesas diárias e ter planos para precaver as mudanças futuras, de forma a podermos desfrutar da felicidade que o dinheiro nos dá. David Chan Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Email: cbchan@mpu.edu.mo