Aviação | Pequim vai promover avião rival de Boeing 737 e Airbus A320

A aviação civil chinesa consolida o seu desenvolvimento com a apresentação no sudeste asiático do C919 destinado a competir com os modelos ocidentais Boeing 737 e Airbus A320

O construtor aeronáutico chinês Comac vai realizar voos teste do seu avião C919 no Vietname, Laos, Camboja, Malásia e Indonésia para promover a “sua eficácia” junto das companhias aéreas do Sudeste Asiático, informou ontem a empresa em comunicado.

O avião, concebido para rivalizar directamente com os modelos Boeing 737 e Airbus A320, é a grande aposta da China no sector da aviação civil, uma vez que se insere no segmento dos aviões de fuselagem estreita, que representa actualmente mais de metade dos aviões comerciais em actividade no mundo.

Depois da primeira exibição no estrangeiro, em Singapura, este mês, o C919 iniciou ontem a digressão, partindo do aeroporto de Van Don, no nordeste do Vietname. O modelo vai percorrer outros destinos nas próximas duas semanas para “lançar as bases para o desenvolvimento do seu mercado no Sudeste Asiático”.

O C919 também vai ser acompanhado pelo primeiro avião regional desenvolvido pela China, o ARJ21, que garantiu o primeiro comprador internacional, a TransNusa, companhia aérea da Indonésia, no final de 2022, depois de vender mais de cem unidades a companhias aéreas chinesas.

O C919, que levou mais de 14 anos a ser desenvolvido, fez o primeiro voo comercial em Maio de 2023, operado pela companhia estatal China Eastern, à qual foram entregues as primeiras quatro unidades, tendo já transportado mais de 130.000 passageiros nas rotas que ligam Xangai a Chengdu e Pequim.

A aeronave pode transportar entre 158 e 192 pessoas e tem um alcance entre 4.075 e 5.555 quilómetros, e as autoridades do país pretendem alcançar uma quota de 10 por cento do mercado doméstico de aviação comercial até 2025, tendo já recebido mais de mil encomendas, principalmente de companhias aéreas chinesas.

 

Modelo da casa

 

A Administração da Aviação Civil da China (CAAC) disse no início deste ano que vai promover o reconhecimento internacional do C919, com o objectivo de obter certificações de organismos como a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).

No ano passado, a Comac afirmou que o seu objectivo é atingir uma produção anual de cerca de 150 destes aviões nos próximos cinco anos.

Embora utilize componentes ocidentais, o C919 representa o esforço da China para reduzir a dependência dos fabricantes europeus e norte-americanos em termos de tecnologia aeronáutica. O objectivo a longo prazo é desenvolver uma cadeia de abastecimento totalmente autóctone.

A Comac prevê que o número de aviões civis de passageiros duplique a nível mundial nas próximas duas décadas para mais de 51.000, com a procura na região Ásia Pacífico a aumentar de cerca de 3.300 unidades para cerca de 9.700 nesse período, algo que a empresa vê como uma oportunidade para se tornar uma “nova opção fiável” no mercado.

28 Fev 2024

Aviação | Avião C919 no primeiro voo para fora da China continental

O avião C919, de fabrico chinês, completou ontem o seu primeiro voo para fora da China continental, ao aterrar em Hong Kong, numa altura em que o seu fabricante se prepara para competir com a Airbus e Boeing. O C919 e outro avião de fabrico chinês, um ARJ21, vão estar em exposição no aeroporto internacional de Hong Kong até domingo. O C919 deve efectuar um voo rasante sobre o cénico porto de Victoria, no sábado.

O fabricante do C919, a Commercial Aircraft Company of China (COMAC), desenvolveu muitas das peças utilizadas no modelo, mas alguns dos principais componentes continuam a ser fornecidos pelo Ocidente, incluindo o motor. O avião de passageiros de fuselagem estreita esteve em desenvolvimento durante 16 anos e recebeu a certificação em 2022. Tem um alcance máximo de cerca de 5.630 quilómetros e foi concebido para transportar entre 158 e 168 passageiros.

O C919 pretende concorrer com os modelos de corredor único Airbus A320 Neo e Boeing 737 MAX. O lançamento do C919 reflete a ambição da China de fortalecer a sua posição no mercado de aviação comercial, com o Governo chinês a ter como objectivo atingir 10 por cento de participação no mercado doméstico com este modelo até 2025.

A COMAC recebeu mais de 1.200 pedidos para o C919 e pretende atingir uma capacidade de produção anual de 150 aeronaves nos próximos cinco anos, segundo anunciou anteriormente.

13 Dez 2023

Aviação | Último trimestre terá metade dos voos do final de 2019

O Aeroporto Internacional de Macau deverá processar no último trimestre deste ano metade dos voos registados no mesmo período de 2019, de acordo com informação prestada pela CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, que gere as operações do aeroporto.

A empresa revela que durante os últimos três meses de 2023 deverá operar 564 voos por semana até ao final do ano, o que representa cerca de 50 por cento do registado no mesmo período em 2019, avança o GGRAsia.

Actualmente, das 50 rotas disponibilizadas pelo aeroporto de Macau 30 ligam o território a cidades do Interior da China e Taiwan, com as restantes 20 a rotas servir destinos no Pacífico Asiático. Destas 20 rotas internacionais, 15 servem o Sudeste Asiático e cinco voam para destinos no Japão e Coreia do Sul.

Em termos anuais, as autoridades gestoras do aeroporto estimam que 2023 termine com 4,5 milhões de passageiros a voar de e para Macau, volume de tráfego que fica aquém dos 9,61 milhões de passageiros registados em 2019.

7 Nov 2023

Avião de vigilância canadiano “expulso” dos céus chineses

Um avião canadiano CP-140 entrou ilegalmente no espaço aéreo chinês sobre o ilhéu Chiwei e aproximou-se várias vezes da zona marítima próxima da China Oriental e do Estreito de Taiwan. “A Força Aérea chinesa tratou do assunto em plena conformidade com a lei”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa Nacional chinês, Wu Qian, na quarta-feira, depois de o Ministro da Defesa canadiano, Bill Blair, ter alegadamente classificado a intercepção como “inaceitável, perigosa e imprudente”.

“O lado canadiano está a exagerar a questão e a ignorar os factos, com o objectivo de confundir a opinião pública internacional. As ilhas Diaoyu e as suas ilhas afiliadas são território inerente à China. As acções do Canadá infringem gravemente a soberania da China e ameaçam a sua segurança nacional. Podem facilmente dar origem a mal-entendidos e erros de avaliação, são de natureza flagrante e extremamente perigosas”, afirmou Wu.

“A China condena veementemente esta situação e apresentou uma representação severa junto do Canadá, referiu, advertindo a parte canadiana para pôr termo a qualquer comportamento provocatório a fim de evitar uma escalada da situação.

Alegando estar a realizar uma missão para controlar o embargo económico imposto pela ONU à Coreia do Norte, o avião de vigilância canadiano, um CP-140 Aurora, terá sido interceptado várias vezes durante a sua patrulha de oito horas ao largo e em torno da costa chinesa na segunda-feira.

Enquanto o Canadá está a dar destaque ao incidente com o avião CP-140, o Departamento de Defesa dos EUA realizou na terça-feira uma conferência de imprensa e divulgou algumas imagens e vídeos recentemente desclassificados de comportamentos operacionais coercivos e arriscados do PLA ao longo do último ano contra aviões americanos que operavam legalmente no espaço aéreo internacional nas regiões do Mar da China Oriental e do Sul.

Ely Ratner, secretário adjunto da Defesa para os Assuntos de Segurança do Indo-Pacífico, afirmou na conferência de imprensa que “desde o outono de 2021, assistimos a mais de 180 incidentes deste tipo, mais nos últimos dois anos do que na década anterior… E quando leva em consideração os casos de intercepções coercitivas e arriscadas do PLA contra outros estados, o número aumenta para quase 300 casos contra aeronaves dos EUA, aliados e parceiros nos últimos dois anos”.

Quando questionado sobre se o Pentágono encoraja os aliados e parceiros a divulgar ao público os comportamentos inseguros dos chineses, para que o público possa compreender melhor o que os chineses estão a fazer, Ratner disse aos meios de comunicação social: “A nossa posição é que essa é a história que eles têm para contar, são as decisões soberanas que eles têm de tomar sobre a divulgação dessa informação. Penso que, na nossa perspectiva, acreditamos que a transparência em torno desta questão é importante para uma melhor compreensão deste comportamento”.

O almirante John C. Aquilino, comandante do Comando Indo-Pacífico dos EUA, também mencionou na conferência de imprensa outra questão semelhante, em que a Guarda Costeira da China impediu os navios filipinos de invadir as águas perto do Ren’ai Jiao da China (também conhecido como Ren’ai Reef) no Mar do Sul da China.

“Os EUA, o Canadá e as Filipinas cooperaram e coordenaram-se obviamente para criar uma opinião pública negativa sobre a China. Pode-se ver que os EUA estão a reunir aliados para lançar uma ofensiva de opinião pública sobre a ‘ameaça da China’, disse Zhuo Hua, um especialista em assuntos internacionais da Escola de Relações Internacionais e Diplomacia da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim.

20 Out 2023

Aviação | Nuno Fazenda considera oportuna ligação a Macau

O secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços de Portugal, Nuno Fazenda, considerou que uma ligação aéreas entre Macau, o Interior e Portugal muito “oportuna” e “importante”. As declarações foram prestadas à TDM – Rádio Macau. “Essa ligação aérea parece-nos muito oportuna e muito importante, não só do ponto de vista do que são os potenciais fluxos turísticos, mas também ao nível das exportações de bens”, apontou.

“E também para servir aquilo que é a importante comunidade portuguesa, aquilo que é a presença dos portugueses na região, e em particular em Macau. São embaixadores de Portugal em Macau, que prestam um papel muito importante daquilo que é a lusofonia, por isso há várias possibilidades”, acrescentou.

Sobre a comunidade portuguesa na RAEM, Nuno Fazenda indicou poder “servir como plataforma, como ligação à CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa]”.

21 Set 2023

Defesa | Pequim e Moscovo realizam patrulha aérea conjunta

Aviões militares chineses e russos realizaram na segunda-feira uma missão de patrulha conjunta sobre os mares do Japão e do Leste da China, informou ontem o ministério da Defesa da China.

Tratou-se da sexta operação deste tipo a ser realizada, como parte de um acordo de cooperação anual entre Pequim e Moscovo, detalhou o ministério, através de uma nota difundida na sua conta oficial na rede social Weibo.

China e Rússia concordaram, em Março, em fortalecer a cooperação a nível militar, visando aumentar a confiança mútua entre as suas Forças Armadas, de acordo com um comunicado conjunto, emitido após uma reunião no Kremlin entre os Presidentes chinês e russo, Xi Jinping e Vladimir Putin, respectivamente.

“As duas partes vão realizar regularmente patrulhas conjuntas no mar e no espaço aéreo, exercícios conjuntos, intercâmbios e cooperação no âmbito de todos os mecanismos bilaterais existentes”, lê-se no documento.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a China manteve uma posição ambígua, na qual apelou ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e atenção às “preocupações legítimas de todos os países”, em referência à Rússia.

Em Fevereiro de 2022, uma semana antes do início da invasão russa, Putin e Xi proclamaram uma “amizade sem limites” entre os dois países, durante um encontro em Pequim.

6 Jun 2023

Aviação | Primeiro avião de construção chinesa fez voo inaugural entre Xangai e Pequim

A primeira viagem de uma aeronave completamente fabricada no país foi coroada de êxito. O voo entre Xangai e Pequim, com 128 passageiros a bordo, durou duas horas

O avião C919, de fabrico chinês, completou no domingo com sucesso o seu primeiro voo comercial entre as cidades de Xangai e a capital, Pequim, numa rota operada pela companhia China Eastern.

O voo, designado MU9191, descolou do Aeroporto Shanghai Hongqiao às 10:32, horário local, e pousou no Terminal 2 do Aeroporto Internacional da Capital de Pequim após uma viagem de duas horas às 12:31, quase 40 minutos antes do horário anunciado anteriormente.

De acordo com as autoridades aeronáuticas chinesas, a aeronave, desenvolvida pela Commercial Aviation Corporation of China (COMAC), foi certificada pela Civil Aviation Administration of China (CAAC) após mais de 14 anos de desenvolvimento. No seu primeiro voo comercial, o C919, transportou 128 passageiros.

“Este voo marca uma cerimónia de maioridade para a nova aeronave e o C919 vai melhorar se passar no teste de mercado”, disse Zhang Xiaoguang, director do departamento de marketing e vendas da COMAC, em declarações à agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

Com capacidade para 164 passageiros, o C919 pretende concorrer com os modelos Airbus A320 Neo e Boeing 737 MAX.

Conquista aérea

A China Eastern, que assinou um acordo de compra para cinco C919, pretende operar os voos com estes aviões principalmente na metrópole de Xangai.

Segundo Zhang Xiaoguang, a companhia aérea tem programado introduzir gradualmente os C919 na sua frota nos próximos dois anos, com possibilidade de expansão com base no desempenho e na procura das suas rotas.

O lançamento do C919 reflecte a ambição da China de fortalecer sua posição no mercado de aviação comercial, com o Governo chinês a ter como objectivo atingir 10 por cento de participação no mercado doméstico com este modelo até 2025.

A companhia aérea realizou programas de treino para o seu pessoal e voos experimentais para garantir a segurança e a operação do C919.

A companhia aérea recebeu sua primeira aeronave C919 no final de 2022 e, posteriormente, iniciou uma série de voos de teste, num total de 100 horas. A COMAC recebeu mais de 1.200 pedidos para o C919 e pretende atingir uma capacidade de produção anual de 150 aeronaves nos próximos cinco anos, adiantam as fontes.

O C919 representa o esforço da China para reduzir a sua dependência dos fabricantes ocidentais em termos de tecnologia de aeronaves. Embora use alguns componentes ocidentais, o objectivo de longo prazo é desenvolver uma cadeia de componentes totalmente chinesa.

30 Mai 2023

Avião aterra de emergência na China após janela na cabine rachar

Um avião da empresa chinesa Juneyao Airlines foi forçado a fazer uma aterragem de emergência, depois de uma das janelas da cabine ter começado a rachar, a meio do voo, informou hoje o portal de notícias económicas Yicai.

O incidente ocorreu na noite de sábado na China, no voo HO1231, que percorria a rota entre as cidades de Xangai (leste) e Chengdu (centro) e as causas ainda não foram determinadas.

A camada externa do vidro, na parte traseira esquerda do assento do piloto, rachou, forçando a tripulação a fazer um pouso de emergência no aeroporto de Wuhan.

O incidente obrigou o avião a descer mais de 4.300 metros de altitude em sete minutos. Trata-se de um Airbus A320-200, com quase 13 anos de serviço, modelo que possui até seis camadas no vidro da cabine. Esta não é a primeira vez que um incidente como este forçou uma aterragem de emergência na China.

O caso mais conhecido ocorreu em maio de 2018, quando uma das janelas dianteiras da cabine se desprendeu a mais de 9.000 metros de altitude, sem no entanto causar vítimas, acabando o incidente por ser retrato num filme chamado ‘El Capitan’.

21 Fev 2022

Incidente em voo entre Díli e Bali obriga passageiros a usar coletes salva-vidas

[dropcap]O[/dropcap]s passageiros do avião da companhia indonésia Sriwijaya que fez ontem a ligação entre Díli e Bali tiveram de fazer parte da viagem com os coletes salva-vidas postos, depois de problemas ainda não explicados pela empresa.

Passageiros que fizeram a viagem explicaram à Lusa que os incidentes começaram praticamente no momento da descolagem, quando se começaram a ouvir pancadas fortes na fuselagem.

“Tínhamos acabado de levantar e eu pensei que era o barulho das rodas a recolher, mas o barulho continuou”, disse Mafalda Magalhães, uma das muitas portuguesas que seguia a bordo.

“Até pensei que íamos voltar logo para Díli, mas continuámos viagem. Um passageiro viu fumo num dos motores e gritou fogo e uma das hospedeiras repetiu o alerta e mandou-nos vestir os coletes”, explicou.

Os passageiros permaneceram com os coletes “durante grande parte da viagem”, tendo já na segunda metade da viagem recebido instruções para os retirar. “O avião aterrou sem problemas”, disse.

A mesma passageira disse que, oficialmente, a empresa não deu explicações ainda que hospedeiras tenham informado os passageiros que se tratou de excesso de peso ou de problemas na armazenagem da bagagem.

Testemunhas relataram ontem um “caos” no processo de ‘check in’ dos dois voos para Bali, o da Sriwijay e o da Citilink, com longas filas e demoras, especialmente porque muitos dos passageiros tinham peso a mais.

No voo seguiam vários portugueses incluindo professores que terminaram a sua presença em Timor-Leste. Fotos dos passageiros com coletes dentro do avião e relatos dos incidentes estão a ser partilhados em grupos nas redes sociais em Timor-Leste.

16 Dez 2018

Transportes | Cientistas desenham avião capaz de ligar China e Estados Unidos em duas horas

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma equipa de cientistas chineses desenhou um avião ultrarrápido, capaz de voar entre Pequim e Nova Iorque em duas horas e transportar dezenas de pessoas e toneladas de carregamento, informou um jornal de Hong Kong.

“Levará apenas um par de horas a viajar entre Pequim e Nova Iorque a uma velocidade hipersónica”, afirmou Cui Kai, líder da equipa da Academia Chinesa de Ciências que desenvolveu o protótipo, num artigo reproduzido pelo South China Morning Post.

O avião tem capacidade para se deslocar à vestiginosa velocidade de 6.000 quilómetros por hora.
Um avião de passageiros demora actualmente 14 horas a percorrer os 11.000 quilómetros que separam Pequim e Nova Iorque.

Baptizado de I-plane, o avião é um modelo biplano, semelhante aos utilizados durante a Primeira Guerra Mundial, de forma a transportar mais carga do que outros veículos hipersónicos, que têm um formato aerodinâmico e asas em delta.
A equipa de cientistas testou com sucesso uma versão reduzida do avião, num túnel de vento que foi também utilizado para testar os últimos protótipos de armas hipersónicas da China.
Durante o teste, o avião foi lançado a uma velocidade quase sete vezes superior à do som, ou seja, 1.235 quilómetros por hora.

Resposta à Boeing

Países como a China e Estados Unidos estão a desenvolver armas e veículos hipersónicos, capazes de ultrapassar sistemas antimísseis. Ainda não existem, no entanto, veículos hipersónicos capazes de transportar passageiros, sendo que este avanço científico pode ser revolucionário no transporte aéreo.
No mês passado, a empresa norte-americana Boeing relevou detalhes de uma aeronave experimental que ainda se encontra em desenvolvimento e que, segundo a publicação Aviation Week, será capaz de voar a uma velocidade cinco vezes superior à velocidade do som, ou seja, 6125 quilómetros por hora. Para efeito de comparação, a velocidade de vôo de um Boeing 737 é de cerca de 830 quilómetros por hora.

Viajando a essa velocidade, a aeronave da construtora norte-americana experimental seria capaz de ir do Brasil ao Japão em cerca de três horas, por exemplo. No entanto, o projecto da Boeing não é destinado à aviação comercial. De acordo com o Popular Mechanics, o avião seria uma aeronave de “ataque e reconhecimento”, construída para fins militares.

23 Fev 2018

China | Primeiro grande avião fabricado no país já voa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro grande avião de passageiros fabricado pela China realizou sexta-feira o seu voo teste inaugural, com partida de Xangai, num importante marco para o país, que ambiciona concorrer num mercado dominado por fabricantes ocidentais.

Desenvolvido pela estatal chinesa Commercial Aircraft Corp. (Comac), o modelo C919 visa competir com o Boeing 737 e o Airbus A320 nos aviões de até 160 assentos.

A empresa tinha planeado que o C919 começasse a voar em 2014 e que as primeiras encomendas fossem entregues em 2016, mas foi sucessivamente adiando devido a problemas com os fabricantes.

O desenvolvimento de um avião comercial para voos de longa distância insere-se nos objectivos de Pequim de transformar o país numa potência tecnologia, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, de acordo com o plano “Made in China 2025”.

A Comac diz ter já 570 encomendas, sobretudo de companhias aéreas chinesas estatais.

Os poucos clientes estrangeiros que pretendem comprar o modelo chinês incluem a GE Capital Aviation Services e a Thailand’s City Airways.

Bao Pengli, vice-director do departamento de gestão de projectos da Comac, afirmou na quinta-feira que a empresa fabricará dois aviões por ano, até 2019, até estar certa de que pode realizar um voo seguro e só depois iniciará produção em série.

O avião terá entre 155 e 175 lugares e capacidade média para fazer viagens de 4.075 quilómetros.

Da criação

A Comac disse que mais de 200 empresas chinesas e 36 universidades estiveram envolvidas na pesquisa e desenvolvimento do avião.

Mas o C919 conta também com tecnologia estrangeira, incluindo nos motores, que são fabricados pela CFM International, uma ‘joint venture’ entre a norte-americana General Electric e a francesa Safran Aircraft Engines.

O primeiro avião fabricado pela China, o bimotor para uso regional ARJ-21, transportou passageiros pela primeira vez em Junho de 2016, oito anos depois do primeiro voo teste.

Aquele modelo rivaliza com aviões fabricados pela brasileira Embraer SA e a canadiana Bombardier Inc.

Nos últimos anos, o país asiático mostrou ser capaz de absorver tecnologia estrangeira com rapidez.

Em duas décadas, passou de importador de aviões militares russos para produtor de jactos.

Na indústria ferroviária de alta velocidade ou no sector das energias limpas, as empresas chinesas passaram de colaboradores a concorrentes mais rapidamente do que antecipavam as empresas estrangeiras.

8 Mai 2017

É favor sair

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o passado dia 12 o website“https://people.com/human-interest/united-airlines-apology-forcably-removing-passenger-twitter-reacts/” divulgava uma notícia que começava assim:

“… Acaba de ser publicado um vídeo assustador onde se vê um passageiro ensanguentado a ser arrastado para fora de um dos aviões da United Airlines…”

A notícia reporta-se a um caso ocorrido nos EUA dia 9 deste mês, no avião nº. UA3411 da companhia aérea United Express Airlines. O que aconteceu naquele avião foi algo de terrível. O passageiro David Dao foi expulso violentamente do avião na sequência de se ter recusado a ceder o lugar que ocupava.  

A companhia ofereceu uma indemnização até 1.000 dólares e estadia paga num hotel, aos passageiros que libertassem os lugares de que precisava. E isto porque quatro funcionários da companhia precisavam de viajar com urgência naquele avião que já estava lotado. Mas como ninguém se voluntariou para sair, a companhia escolheu ao acaso quatro passageiros. Um deles era David Dao que se recusou a abandonar o lugar, alegando que tinha pacientes à espera em Louisville. Nessa altura a polícia de Chicago foi chamada para o obrigar a sair do avião. 

Na segunda-feira, Oscar Munoz, Director Executivo da United, publicou a sua versão da situação no Twitter da companhia.

 “Peço desculpa por termos tido de reacomodar estes passageiros. A nossa equipa está a colaborar com as autoridades e a preparar um relatório detalhado sobre a nossa perspectiva dos acontecimentos. Estamos também a estabelecer contacto com este passageiro para vermos com ele a melhor forma de resolver a situação.”

No entanto a história tem outra faceta. No email que a companhia dirigiu aos funcionários, nesse mesmo dia, podia ler-se,

“Dao criou problemas e teve uma atitude agressiva.” 

Na sequência da divulgação mediática deste acontecimento, o preço das acções da United Express caiu 5%. Na terça-feira Oscar Munoz veio declarar, 

“Os terríveis acontecimentos que tiveram lugar a bordo do nosso avião desencadearam em todos nós reacções de raiva, ira e frustração.” 

“Pessoalmente partilho todos estes sentimentos e, acima de tudo: lamento profundamente o sucedido.” “Como todos vocês, continuo a sentir-me perturbado pelo que se passou no avião e apresento as minhas mais sinceras desculpas ao passageiro que foi forçado a sair e a todos os que estavam a bordo.” “Ninguém deve ser tratado daquela maneira.”

“Quero que saibam que vamos assumir todas as responsabilidades e corrigir o mal que foi feito.”

 Este pedido de desculpas foi alvo de duras críticas. Foi considerado por muitos como “desculpas de mau pagador”. A companhia aérea Royal Jordanian aproveitou a situação inteligentemente e publicou no Twitter 

“Gostaríamos de vos recordar que nos nossos voos é estritamente proibido arrastar pessoas para fora do avião.”

Mas toda esta situação tem vários aspectos obscuros. Em primeiro lugar, nos EUA, o limite máximo das indemnizações em casos semelhantes é de 1.350 dólares. Neste caso a United Express só ofereceu um máximo de 1.000 dólares. Porque é que não ofereceram o valor máximo previsto? Em segundo lugar, os quatro funcionários da companhia precisavam dos lugares com urgência porque tinham de se apresentar ao serviço no dia seguinte. Nesse caso porque é que a companhia não lhes alugou um carro que os levasse ao seu destino? Porque é que fizeram questão que fossem naquele voo? Ficámos a saber pelos media que a viagem de carro duraria apenas cinco horas. Em terceiro lugar o avião esteve três horas parado na pista. Sem dúvida que as taxas que a companhia teve de pagar ao aeroporto aumentaram imenso. Porque é que a United suportou este custo e não quis reembolsar os passageiros com a indemnização máxima?

Se virmos o vídeo que foi feito por um dos passageiros, podemos verificar que quando David foi agarrado pelos polícias estava aos gritos. Mas quando foi arrastado para fora do lugar deixou de gritar. Este comportamento não parece normal. A conclusão lógica é que deve ter desmaiado. Será que os polícias lhe bateram na cabeça ou terá sido atingido acidentalmente? Porque é que tinha o nariz a sangrar? Cerca de dez minutos depois David voltou ao avião. Não parava de repetir,

 “Tenho de ir para casa.” 

O que é que lhe aconteceu depois de ter sido arrastado para fora do avião? E porque é que voltou? Porque é que os polícias não o acompanharam quando regressou a bordo? O vídeo não responde a estas perguntas.

 

David contratou dois advogados para processar a United Express Airline e a Polícia de Chicago. A resposta a estas perguntas será fundamental para o processo. É provável que a companhia e a Polícia de Chicago tenham de vir a arcar com a maior parte da responsabilidade. A possibilidade de David ganhar este processo é bastante elevada. Para salvaguardar as aparências a United pode vir a subir o valor da indemnização e tentar desta forma encerrar o assunto. 

Professor Associado do IPM

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Jazz

19 Abr 2017