Obras Públicas | Concurso público recebe 23 propostas Hoje Macau - 25 Jul 2025 A Obras Públicas receberam 23 propostas no âmbito do concurso público para a construção de um aterro e diques no Aterro para Resíduos de Materiais de Construção. A abertura pública das propostas decorreu ontem de manhã na sede da Direcção de Serviços de Obras Públicas (DSOP). De acordo com o jornal Ou Mun, as propostas tinham um prazo máximo de 270 dias, e vão ser avaliadas com base no preço, que conta 50 por cento para a decisão do vencedor do concurso, prazo de execução (20 por cento), experiência e qualidade em obras (20 por cento) e o programa de execução (10 por cento). Não havia limitações ao nível do preço exigido. No caso de mais do que uma proposta obter a pontuação mais elevada, vigora o critério do preço. As propostas exigiam uma caução provisória de 1,6 milhões de patacas.
Imobiliário | Chan Iek Lap pede redução do imposto do selo João Santos Filipe - 25 Jul 2025 O deputado acha que o Governo deve seguir os exemplos de Hong Kong e do Interior da China e reduzir o valor do imposto do selo na compra de casa. Além disso, defende que o imposto não deve ser pago quando o negócio é abortado O deputado Chan Iek Lap defende a redução do imposto do selo sobre as transacções de imóveis. O assunto é abordado através de interpelação escrita, divulgada no portal da Assembleia Legislativa. No documento, o deputado pergunta se há abertura do Executivo para baixar o valor do imposto do selo sobre transacções de imóveis, como indica acontecer em Hong Kong e no Interior da China: “Tendo em conta a tendência de alteração dos impostos sobre as transacções imobiliárias nas regiões vizinhas, e uma vez que as cidades do Interior da China e também Hong Kong indicaram claramente que o futuro passa pelo ajustamentos dos impostos para reduzir os encargos sobre as transacções imobiliárias, será que o Governo vai considerar a possibilidade de reduzir os custos fiscais em benefício do público?”, pergunta o legislador. Actualmente, o imposto de selo nas transmissões de imóveis a título oneroso varia de 1 por cento nas transmissões com um valor até 2 milhões de patacas, sobe para 2 por cento quando o valor do negócio supera 2 milhões de patacas e chega às 4 milhões de patacas. O imposto mais alto é de 3 por cento, quando o valor da transmissão do imóvel supera os 4 milhões de patacas. Se a transmissão não tiver custos para as partes, o imposto é de 5 por cento. No mesmo sentido, Chan quer saber se o Executivo tem planos para reduzir os custos burocráticos associados às transacções de imóveis. Desde a pandemia da covid-19 e a campanha contra os promotores do jogo que o mercado imobiliário local entrou em crise, com quebras sucessivas do valor dos imóveis e a redução das transacções. A situação encontra paralelo no Interior, onde o mercado imobiliário também sofreu uma diminuição acentuada. Como forma de reacção à crise do imobiliário, o Governo de Ho Iat Seng lançou em 2024 um pacote de medidas que visaram baixar a tributação que incide nas transacções de residentes e não-residentes. Interrupção voluntária Na interpelação, Chan Iek Lap defende que o Executivo deve alterar o regime da cobrança do imposto do selo nos casos em que as transacções de imóveis são abortadas. Actualmente, os contratos-promessa de compra e venda de imobiliário ficam sujeitos ao pagamento do imposto, mesmo que não haja transmissão do direito de propriedade do imóvel, porque as partes optam por desistir do negócio. Também há situações em que o imposto é pago, mesmo que mais tarde as partes apresentem condições que impossibilitam a transmissão do imóvel. Para Chan Iek Lap o pagamento do imposto nestas situações é “extremamente irrazoável”. Mesmo nos casos em que é possível recuperar o montante do valor pago, quando não houve transmissão do imóvel, o deputado queixa-se que é necessário enfrentar um processo nos tribunais, e pagar os custos que a acção implica. Face a este cenário, o deputado pretende que o Governo altere a legislação para que o imposto só seja devido quando as partes transmitem efectivamente o imóvel. Ao mesmo tempo, pede o regresso ao passado, quando 0,5 por cento do valor do imposto era pago no momento da transacção e o restante no momento da assinatura do certificado notarial de compra e venda.
Turismo | Visitantes internacionais aumentam 14,8% Andreia Sofia Silva - 25 Jul 2025 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que no primeiro semestre deste ano o número de entradas de visitantes internacionais em Macau foi de 1.341.674, o que representa um aumento de 14,8 por cento em termos anuais. Destaque para a subida de 16,8 por cento no número de entradas de visitantes das Filipinas e 13,8 por cento da Indonésia. Relativamente ao Sul da Ásia, o número de entradas de visitantes da Índia (58.309) registou um crescimento homólogo de 6,2 por cento, enquanto que o número de entradas de visitantes da República da Coreia (282.151) e o do Japão (76.435) também aumentaram 21,7 e 23,5 por cento, respectivamente, em comparação com o primeiro semestre de 2024. No primeiro semestre do corrente ano o número de entradas de visitantes em Macau totalizou 19.218.540, mais 14,9 por cento em termos anuais. Realça-se que o número de entradas de excursionistas (11.182.913) e o de turistas (8.035.627) aumentaram 25,8 e 2,6 por cento, respectivamente, em termos anuais. No primeiro semestre o número de entradas de visitantes do Interior da China fixou-se em 13.767.810, mais 19,3 por cento em termos anuais, destacando-se o aumento de 24,6 por cento no número de entradas com vistos individuais. Da Grande Baía chegaram 7.016.216 pessoas em seis meses, mais 25,7 por cento face ao primeiro semestre de 2024, graças ao número de entradas de visitantes provenientes de Zhuhai ter crescido 57 por cento.
AL | Ron Lam preocupado com falta de vozes diversas João Santos Filipe e Nunu Wu - 25 Jul 2025 Ainda a lidar com o impacto da exclusão das eleições, o deputado Ron Lam considera que nesta fase o mais importante é garantir que entre os futuros 14 deputados eleitos directamente alguém represente as opiniões da população no hemiciclo Numa altura em que ainda é deputado, apesar de impedido de participar nas próximas eleições por decisão política da Comissão de Defesa da Segurança do Estado, Ron Lam mostrou-se preocupado com falta de vozes na Assembleia Legislativa (AL) que representem a população. A posição foi tomada durante o episódio mais recente do podcast da Associação da Sinergia de Macau, que servia de base de apoio à lista do deputado. De acordo com Lam, com a sua saída existe o risco de todas as vozes dentro do hemiciclo se limitarem sempre a apoiar o Governo, sem questionarem os projectos apresentados. O legislador teme assim que os deputados, devido ao medo de questionar, se limitem a concordar com quase tudo o que o Governo apresente e não contribuam para o desenvolvimento do território, nem para que sejam tomadas medidas que vão ao encontro dos desejos da população. Ron Lam justificou um novo ambiente na Assembleia Legislativa, devido à forma como passou a ser encarado pelo sistema como um radical, quando antes era visto como um moderado. “Olhando para os meus discursos e fazendo uma comparação com o passado, as pessoas diziam que eram suaves e em vão. Mas agora dizem que são radicais”, considerou Lam. “Mas para ser sincero, se nem estas críticas são aceites, também não iria conseguir continuar a trabalhar”, acrescentou. O deputado focou depois a sua substituição: “Agora a questão mais importante é ver quem vai ficar com o lugar de Ron Lam U Tou na Assembleia Legislativa. Mesmo que o Ron Lam U Tou nem a Associação da Sinergia de Macau estejam representados, isso não é o mais importante. O importante é que alguma das seis listas e os 14 deputados eleitos desempenhem o mesmo papel”, vincou. Quase tudo a favor Ao longo do podcast, Ron Lam não fugiu do processo da sua exclusão, que mais uma vez afirmou não conseguir compreender. Apesar das críticas e dúvidas levantadas no Plenário da AL, o ainda deputado afirmou ter votado em quase 95 por cento das ocasiões a favor do Governo. E quando votou contra, Ron Lam justificou que as propostas tinham problemas muito evidentes, ou que o Governo não quis explicar os motivos de opções legislativas, como disse ter acontecido na votação da nova lei da habitação intermédia e na lei do jogo forçando o fim dos casinos satélites. Ron Lam também recordou que apesar das suas críticas terem sido visadas por alguns governantes, dado que era o único que se atrevia a questionar, que alguns dos seus pontos de vista foram adoptados e que resultaram em poupanças para o Erário Público: “Lembro-me que uma vez, um governante me disse: ‘só você tem problemas, os outros deputados não têm’”, contou. “Também num assunto mais importante e recente, como aconteceu com os edifícios habitacionais para médicos especialistas, fui o único contra o projecto. Nessa altura a nossa lista foi acusada de ser a oposição. Agora, o Governo abandonou o projecto e conseguiu poupar 500 milhões de patacas,” acrescentou. Saída sem problemas Ron Lam mostrou ainda numa vitrine e com orgulho o juramento de defesa da Lei Básica e de lealdade à RAEM, feito a 16 de Outubro de 2021, na cerimónia de tomada de posse como deputado. Por isso, Lam considerou ridícula a possibilidade de ser encarado como alguém que não apoia a Lei Básica nem defende a RAEM: “A vitrine deste lado guarda o juramento do dia em que tomei o posse em 16 de Outubro de 2021 como deputado. Por isso, ser agora acusado não ser fiel à RAEM é uma grande piada”, afirmou. Ron Lam U Tou revelou também que, apesar de ter sido excluído das eleições, conseguiu entrar e sair do Interior da China sem ter problemas: “No dia posterior ao anúncio da exclusão, viajei para Hengqin. E ontem (terça-feira) voltei de Shenzhen”, contou. Durante o podcast, Ron Lam foi questionado sobre o principal arrependimento enquanto esteve na AL. O deputado apontou a ausência de um crematório, uma instalação que iria contribuir para que a população tivesse um serviço melhor e mais barato. Lam lamentou que continue a existir um monopólio nos serviços de cremação, ao mesmo tempo que Hong Kong consegue disponibilizar funerais e cremações a preços mais humanos. Ron Lam confessou ainda que só vai pensar no seu futuro depois de deixar de ser deputado, o que deverá acontecer a 16 de Outubro, quando os futuros deputados tomarem posse.
Hong Kong | Anulada proibição de casas de banho para pessoas transgénero Hoje Macau - 24 Jul 2025 Um juiz de Hong Kong decidiu ontem anular os regulamentos que criminalizavam o uso de casas de banho públicas por pessoas transgénero de acordo com a sua identidade de género, considerando que violam o princípio da igualdade. O juiz Russell Coleman deu provimento ao pedido de revisão judicial interposto por K, um homem trans que nasceu mulher, sustentando que as normas em vigor representam uma “intrusão desproporcionada e desnecessária nos direitos à privacidade e à igualdade”. Apesar da decisão, o magistrado suspendeu por um ano a anulação formal dos regulamentos, dando tempo ao Governo local para decidir se pretende adoptar um novo enquadramento legal para resolver a situação. A actual legislação apenas permite que crianças com menos de cinco anos, acompanhadas por um adulto do sexo oposto, entrem numa casa de banho destinada a outro género. A violação da norma é punível com uma multa de até 2.000 dólares de Hong Kong. K, diagnosticado com disforia de género, apresentou a queixa em 2022, alegando que a proibição de utilizar casas de banho públicas masculinas violava os seus direitos constitucionais, ao impedi-lo de viver plenamente de acordo com a sua identidade de género. A decisão representa mais um avanço nos direitos da comunidade LGBTQ+ na região administrativa especial chinesa, que tem revisto algumas políticas após vitórias judiciais de activistas. Em 2023, o mais alto tribunal de Hong Kong decidiu que a realização de cirurgia de reatribuição de sexo não devia ser obrigatória para alterar o género nos documentos oficiais. No ano seguinte, o Governo actualizou a política, permitindo a mudança de género nos cartões de identidade sem cirurgia completa, desde que os requerentes cumpram determinadas condições médicas, como tratamento hormonal contínuo durante pelo menos dois anos e remoção parcial de órgãos sexuais.
Surto de chikungunya em Foshan já ultrapassa 2.500 casos Hoje Macau - 24 Jul 2025 As autoridades sanitárias da cidade de Foshan, na província chinesa de Guangdong (sudeste), estão a tentar conter um surto de febre chikungunya que já registou 2.658 casos, todos considerados leves, informou ontem a imprensa local. O surto foi detetado a 08 de Julho através dos sistemas de vigilância locais, o que levou à activação imediata de um plano de resposta por parte das autoridades de saúde municipais. A febre chikungunya é uma doença viral causada por um vírus homónimo, transmitido principalmente por mosquitos. Os sintomas mais comuns incluem febre elevada, dores articulares intensas, fadiga e erupções cutâneas. Com uma população de cerca de 7,4 milhões de habitantes, Foshan designou 53 hospitais como centros de tratamento e disponibilizou mais de 3.600 camas com proteção contra mosquitos, segundo a televisão estatal CCTV. Além disso, 35 hospitais da cidade receberam autorização para realizar testes PCR específicos para deteção do vírus. Os casos suspeitos que resultem positivos vão ser internados com o objectivo de evitar a propagação do surto. O aumento de infeções ocorre durante a época de calor e chuvas no sul da China, condições propícias à proliferação de mosquitos transmissores da doença. Da prevenção Na sequência da propagação do vírus no sudeste do país, as autoridades sanitárias de Pequim recomendaram esta semana o reforço das medidas de prevenção e apelaram à população para reduzir a exposição a picadas, através do uso de roupa que cubra a pele, aplicação de repelente e eliminação de criadouros de larvas. O período de incubação da febre chikungunya varia geralmente entre dois e quatro dias, podendo prolongar-se até uma semana. A doença manifesta-se de forma súbita, com febre, inflamação articular e erupções cutâneas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou esta terça-feira para a adopção de medidas preventivas para evitar surtos de grande escala semelhantes aos registados há cerca de 20 anos em ilhas do Índico como Mayotte, Reunião ou Maurícia, que acabaram por levar à propagação da doença para países vizinhos como Madagáscar, Somália ou Quénia.
O Papa Americano (II) Jorge Rodrigues Simão - 24 Jul 2025 “Let us disarm words and we will help to disarm the world.” Pope Leo XIV A Carta a Diogneto foi preservada em um manuscrito medieval. Destruída em 24 de Agosto de 1870 pela artilharia prussiana no bombardeio da biblioteca de Estrasburgo, mas preservado para a posteridade em três cópias do século XVI. Entre pergaminho, Constantino e ofensa bélica, haveria motivos para gritar milagre e catalogá-la entre as relíquias sagradas. Não tendo autoridade para tal, é de limitar a evocar o fundo deste autorretrato de grupo pintado por um seguidor de Jesus para uso do pagão Diogneto. Prolegómeno a toda geopolítica cristã. Em análise trinitária. Primeiro, «Os cristãos representam no mundo o que a alma é no corpo». Segundo, «Habitam cada um na sua pátria, mas como se fossem estrangeiros; respeitam e cumprem todos os deveres dos cidadãos e assumem todos os encargos como se fossem estrangeiros; cada região estrangeira é a sua pátria, mas cada pátria é para eles terra estrangeira». Terceiro, «São como peregrinos que viajam entre coisas corruptíveis, mas esperam a incorruptibilidade celestial». Pode-se imaginar algo mais actual? Mais subversivo do que o ordo amoris evocado pro patria sua por J.D. Vance na qualidade de vigário do bispo de Mar-a-Lago, que suscitou reprovação no moribundo Francisco e na então eminência Prevost? Um fio misterioso liga o desconhecido escriba paleocristão às correntes de disputa em torno da missão evangelizadora. É de desenvolver para historicizar a essência antropológica e social do homo catholicus ao longo de três pistas paralelas e entrecruzadas como milagres da geometria divina no sentido e forma da Igreja; a sua relação com o poder político e a sua raiz euro-ocidental. Três maneiras de compreender a crise da empresa cofundada pelos santos Pedro e Paulo nos seus dois mil anos de história. Temos assim uma ideia do que está em jogo hoje. Sim, o barco está a afundar enquanto a orquestra toca maravilhosas melodias. Prevost é chamado a endireitá-lo. É verdade, «não é mais tempo do homem sozinho no comando». Mas sine papa nulla ecclesia. E sem Igreja, muitas seitas. Até mesmo satânicas. O Vaticano, Capela Sistina, manhã de 9 de Março de 2013. Os senhores cardeais estão reunidos em pré-conclave para traçar o perfil do sucessor do papa Ratzinger. O arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, faz um discurso improvisado fulminante de cinco minutos sobre o mistério da Lua. Alegoria destilada no início do século III na eclesiologia alexandrina, em torno do grande exegeta Orígenes (cerca de 183/6-254/5), que lê no tríptico astral Sol-Lua-Terra o nexo Deus-Igreja-Mundo. Para Bergoglio, é um manifesto da Igreja evangelizadora, imune às inclinações mundanas daqueles que a querem fechada em si, por si e para si. Ousando brilhar com luz própria. Não reflectida pelo Sol/Deus para iluminar a sua missão terrena. Narcisismo teológico ao dizer «Às vezes penso que Jesus bate por dentro, porque o deixamos sair. A Igreja autorreferencial pretende manter Jesus dentro de si e não o deixa sair». A evocação lunar contribuirá para a convergência de grande parte dos cardeais em torno do candidato argentino, derrotado por Ratzinger no conclave de 2005, também graças ao apoio do confrade Cardeal jesuíta Carlo Martini que denunciará o atraso bicentenário da Igreja em relação ao mundo em favor do teólogo bávaro. Atrito entre jesuítas. A imagem lunar fala da inspiração intelectual que o contacto com a tradição helenístico-romana inspira nos primeiros cristãos. O cristianismo primitivo é filosófico, depois dogmatizado na teologia. Baseia-se na tradição neoplatónica para procurar respostas aos seus paradoxos, como a presença do Mal no mundo criado por Deus ou a divindade de Cristo no contexto monoteísta estabelecido pelo judaísmo. O que teria sido o cristianismo, o que restaria dele sem tanta hibridação? «Filosofia verdadeira», para dizer com Justino (100-163/7), pai da Igreja. Pensamento que se torna poesia. Nos seus símbolos alegóricos reconhecem-se os mártires, testemunhas de uma fé ilícita. Ateus, para os pagãos. Daí a inculturação entre cristãos e seguidores do panteão greco-romano afiliados ao culto, não ao dogma. Entre eles destacam-se os adoradores do Sol Invictus, do Helios querido pelo imperador Juliano (331-363), apóstata na tradição cristã. No entanto, a sua mística solar «não era mais do que cristianismo disfarçado», observará Hugo Rahner, jesuíta a quem devemos uma profunda investigação na parábola do “Mysterium Lunae”. A sintonia cristã entre o Sol e a Lua é, de facto, influenciada pela desconstrução do culto solar helenístico-romano para o assimilar ao vínculo luminoso Deus-Igreja. Preparação para a Luz de Cristo. A encruzilhada entre teologia e missão versus autorreferencialidade dogmática que ainda divide o povo de Deus tem origem na apreciação da hibridização entre a prática cristã e os cultos pagãos, pois a cristianização de Helios e Selene é o ápice do sincretismo da era patrística. Diluição da verdadeira fé, pródromo da heresia, segundo os puristas que contraem o cristianismo em doutrina imune ao tempo. Tese à iteração do dogma, à recitação febril do Credo. Enriquecimento da comunidade cristã para aqueles que, em vez disso, se deixam fertilizar «de fora». Rahner dizia que «O cristianismo nunca se apresentou como pura e simples doutrina». Foi capaz de realizar com perfeita segurança de si o gesto de se apropriar de tudo o que era verdadeiro e bom que tinha sido adquirido pelo espírito grego, e que lhe pertencia originalmente como propriedade, mesmo que ninguém o soubesse». De Orígenes ao futuro Francisco, o “Mysterium Lunae” percorre sub-repticiamente os séculos do papado. Os seus raios incidem tanto na teologia como na própria estrutura da Igreja. Em pleno século XIX, século do Sillabo e do Vaticano I, ápice do isolamento doutrinário e geopolítico do papado dentro das Muralhas Leoninas a exegese pregada no século XX por jesuítas como os irmãos Hugo e Karl Rahner ou Henri de Lubac é antecipada por John Newman, antigo anglicano e depois cardeal da Santa Igreja Romana, para quem «o que os pagãos disseram de verdadeiro, a Igreja fez seu».
Cotai | Rapper chinês Yitai Wang apresenta último álbum no Galaxy Hoje Macau - 24 Jul 2025 “Love Me Later” é o nome do último disco de Yitai Wang, rapper chinês, e também o nome do espectáculo que tem subido aos palcos nos últimos tempos integrado na digressão do músico. Macau também está na agenda e acolhe, este domingo, o concerto de Yitai Wang na G Box do Galaxy Macau Este domingo é dia de estreia para o rapper chinês Yitai Wang, que pela primeira vez sobe a um palco de Macau para apresentar a sua música. O concerto “Love Me Later” acontece no espaço G Box do Galaxy Macau a partir das 20h e traz ao público local a oportunidade de ouvir os mais recentes êxitos do artista que começou a sua carreira no grupo de Chengdu CDC. Depois, a partir de 2018, Yitai Wang embarcou numa carreira a solo, acabando no top seis dos músicos mais importantes do “The Rap of China”. Seguiu-se a participacão em programas musicais na China como “I’m CZR” e “Me to Us”. “Love Me Later”, que dá nome a este espectáculo no Cotai, é o terceiro álbum de estúdio do artista e inclui faixas como “Time To Be A Man”, “Wake Up”, “Rich Forever”, “Do It Like This” ou “Where to Go”. De frisar que, antes da estreia do músico em Macau, o rapper passou por Hong Kong com a mesma digressão em Abril, tendo actuado no Macpherson Stadium. Viagem sentimental Segundo a apresentação do álbum “Love Me Later” na plataforma de streaming Apple Music, este é um trabalho discográfico que “apresenta um conceito abrangente e uma lista de colaboradores internacionais”, revelando a forma como o músico embarcou “numa jornada pelo tempo e emoções”. Na mesma descrição, o artista confessa que quando se começa a ouvir o álbum “pode começar a sentir-se um pouco deprimido”, mas que depois surge uma mistura de experiências e emoções transmitidas através da música. “De repente começo a fazer uma perspectiva de experiências passadas, com laivos que levaram à construção de algo com confiança. Na música ‘Where To Go’ já não estou preocupado com o que possa vir a acontecer, e na segunda parte do álbum já olho essencialmente para o futuro”, descreveu. Este trabalho foi escrito e produzido ao longo de dois anos em Los Angeles, contando com colaborações de artistas como Masiwei, rapper de Chengdu e ainda dois rappers americanos, o que demonstra os passos de Yitai Wang na internacionalização da sua carreira. Este trabalhou também, neste último álbum, com o produtor premiado Myles William, que deambula pelas sonoridades do trap beat. O portal RADII descreve o artista de Chengdu, Sichuan, como um dos principais nomes do rap chinês actual, que descobriu “o talento para o hip hop por acaso”, depois de ter estudado piano. “Estava a tentar fazer rap com as músicas do Eminem e os meus amigos disseram: ‘Uau, você fez muito bem’. Então pensei: ‘Eu consigo fazer rap’, e comecei a tentar escrever as minhas próprias letras”, descreveu, segundo o mesmo portal.
UNESCO | Pequim critica a saída dos EUA e questiona que seja gesto responsável Hoje Macau - 24 Jul 2025 A China criticou ontem a decisão dos Estados Unidos de abandonarem a UNESCO, considerando-a indigna de “um país grande e responsável”, e pediu um compromisso com o multilateralismo e os princípios da Carta das Nações Unidas. “Os Estados Unidos têm acumulado, há muito tempo, pagamentos em atraso das suas contribuições como membro da UNESCO”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, lamentando o novo anúncio de retirada feito por Washington esta semana. “A China sempre apoiou firmemente o trabalho da UNESCO”, sublinhou Guo, destacando a missão da organização em “promover a cooperação internacional em educação, ciência e cultura, fortalecer o entendimento entre civilizações e salvaguardar a paz mundial”. No contexto das comemorações do 80.º aniversário da fundação das Nações Unidas, o diplomata apelou a todos os países para que “reafirmem o seu compromisso com o multilateralismo” e apoiem um sistema internacional com a ONU no centro, “baseado no direito internacional e nos princípios da Carta das Nações Unidas”. O Governo de Donald Trump anunciou que os EUA abandonarão formalmente a UNESCO a 31 de Dezembro de 2026, alegando que a permanência na organização “já não serve os interesses nacionais”. Washington acusa a agência de promover uma “agenda globalista” e critica a decisão de aceitar a Palestina como Estado-membro. A República Popular da China é membro da UNESCO desde 1971, ano da sua entrada na ONU, e ocupa actualmente um assento no Conselho Executivo da agência (2021–2025). Nos últimos anos, a China tornou-se um dos principais contribuintes financeiros da UNESCO e acolhe vários centros ligados à organização, nas áreas da educação, património e ciência.
Contos tradicionais chineses recontados por Lin Yutang Hoje Macau - 24 Jul 2025 O Homem que vendia fantasmas (Do “Soushenchi”, século IV) Quando Sung Tingpo, de Nanyang, era ainda rapaz estava passeando certa noite quando encontrou-se com uma fantasma. Perguntou à aparição quem era e ela respondeu que era uma fantasma. – “Quem és tu?” perguntou por sua vez a fantasma. Tingpo mentiu e respondeu – “Eu também sou um fantasma.” A fantasma então quis saber para onde ele ia e Tingpo informou – “Estou a caminho para a cidade de Wanshih.” – “Também vou para lá,” afirmou a aparição. Assim puseram-se a caminhar juntos. Após uma milha, se tanto, a fantasma disse que era estupidez estarem andando ambos quando um podia carregar o outro, por turnos. – “óptima idéia,” achou Tingpo. A fantasma pôs Tingpo às costas e depois de ter andado uma milha disse – “Tu és pesado demais para um fantasma. Tens certeza de que és mesmo um fantasma ?” Tingpo explicou que ainda era um fantasma novo e que, por conseguinte, ainda pesava um pouco. Tingpo, por sua vez, pôs-se a carregar a fantasma, mas ela era tão leve que tinha a impressão de não estar a carregar nada. Assim foram caminhando, revezando-se, até que Tingpo perguntou à companheira qual era a coisa que metia mais medo aos fantasmas. – “Os fantasmas têm um medo horrível da saliva humana”, foi a resposta. Lá foram andando, andando, até que chegaram a um rio. Tingpo deixou que a fantasma fosse adiante e observou que ela não fazia barulho algum ao nadar, mas quando ele entrou n’água, o fantasma ouviu o estalar na água e pediu-lhe uma explicação. Tingpo explicou novamente – “Não se surpreenda, pois ainda sou muito novo e não estou ainda acostumado a atravessar uma corrente.” No momento em que se aproximavam da cidade, Tingpo começou a carregar a fantasma nas costas apertando-a fortemente. A fantasma pôs-se a gritar e a chorar lutando para apear-se, porém Tingpo apertou-a com mais força ainda. Ao chegar às ruas da cidade, soltou-o e a fantasma se transformou num bode. Tingpo cuspiu no animal para que ele não pudesse transformar-se outra vez, vendeu-o por mil e quinhentos sapecas e foi para casa. Eis a razão do ditado de Shih Tsung: “Tingpo vendeu um fantasma por mil e quinhentos sapecas.” É Maravilhoso ficar bêbado (Do “Soushenchi”, século IV) Ti Xi era um nativo de Chungshan e sabia fazer “vinho de mil dias”, capaz de manter um homem embriagado durante mil dias. Havia um homem no mesmo distrito chamado Xuan Shih que desejou provar o vinho em sua casa. No dia seguinte ele foi ver Ti Xi e pediu-lhe um trago; este último respondeu – “Meu vinho ainda não está completamente fermentado e não ouso oferecê-lo.” – “Quero prová-lo assim mesmo”, disse Xuan. Ti Xi não pôde dizer “não” e deu- lhe um copo. – “é delicioso,” observou Xuan, “quero outro copo.” – “Deve ir para casa agora,” replicou Ti Xi. “Volte outro dia. Só esse copo o embebedará por mil dias.” Xuan saiu parecendo um tanto tonto e ao chegar em casa morreu sob a influência do vinho. A família jamais desconfiou de nada: chorou-o e enterrou-o. Após três anos, Ti Hsi disse para consigo mesmo – “Xuan a esta hora já deve estar acordado. Preciso ir vê-lo.” Quando chegou à casa de Xuan perguntou se este estava. A família surpreendeu-se muito e disse – “Morreu há muito. Até já tiramos o luto.” Ti Xi ficou aflito e disse – “O quê! Foi efeito do meu maravilhoso vinho, capaz de embebedar um homem por mil dias. Ele deve estar a acordar agora mesmo.” Deu, então, ordens para que a família de Xuan abrisse o sepulcro e o caixão para ver o que tinha acontecido. Ergueu-se uma nuvem de vapores da tumba, nuvem que se elevou até os céus e em seguida procederam a abertura do caixão. Quando a tampa foi retirada, viram o homem “morto” abrir os olhos, bocejar e dizer – “Oh! como é delicioso ficar bêbado!” Depois perguntou a Ti Xi – “Que vinho é esse que tu fazes? Um só copo produziu esse efeito. Acabo de acordar. Que horas são?” As pessoas que estavam perto riram muito à custa dele mas, devido a forte exalação da tumba, cheiro intenso que lhes entrou pelas narinas, todos ficaram bêbados por três meses. É bom não ter cabeça (Do “Luyichi”, século IX) No tempo de Han Wuti (140-87 A. C.), Chia Yung de Qangwu servia como magistrado em Yüchang. Um dia saiu para dar combate a bandidos. Foi ferido e teve a cabeça decepada. Mesmo assim, o corpo montou a cavalo e voltou ao campo. Os soldados, e o povo que ali estava, ficaram admirados e Yung falou pelo peito – “Fui derrotado pelos bandidos e eles cortaram-me a cabeça. Digam-me francamente se é melhor ter cabeça ou ficar sem cabeça ?” Os homens lamentaram-no e disseram – “É melhor ter cabeça.” E Yung replicou – “Não penso assim. Andar sem cabeça também é bom.” Como a língua sobreviveu aos dentes (Liu Hsiang) Zhang Zhuang estava doente e Lao Zi veio visitá-lo. Este disse a Zhang Zhuang: – Estás muito doente. Não tens nada que dizer ao teu discípulo? – Ainda que não me pergutasses, eu ia dizer-te – replicou Zhang – sabes porque uma pessoa não deve descer do carro quando chega à aldeia? – Não significa este costume que as pessoas não devem esquecer sua terra de origem?- replicou Lao Zi. – Ah, sim… Mas deixe-me perguntar outra coisa; sabes porque uma pessoa deve correr ao passar debaixo de uma árvore alta? -Significa que se deve respeitar os mais velhos, disse Lao Zi. – Ah, sim…então Zhang Zhuang escancarou a boca e mostrou sua língua para Lao Zi, pedindo que ele olhasse bem lá dentro, dizendo: o que você vê agora? – A sua língua, mestre – disse Lao Zi. – Os meus dentes estão aí? – perguntou o velho. – Não – replicou Lao Zi. – E sabes porquê? – perguntou Zhang Zhuang? – Não durou a língua mais tempo por ser flexível? E não caíram os dentes por serem mais duros? – retorquiu Lao Zi. -Ah, sim… disse Zhang Zhuang – acabas de aprender o Tao. Não tenho mais nada te ensinar. A Coruja e a Codorniz (Liu Hsiang) Uma coruja em viagem encontrou com uma codorniz, e esta perguntou: “para onde vais, coruja”? A coruja respondeu: “vou para oeste, pois as pessoas da aldeia reclamam muito do meu piar”. Disse-lhe então a Codorniz: “aceite uma sugestão: muda o teu pio ou vão te odiar onde quier que vás”. O cego e o sol (De Su Dongpo) Era uma vez um cego de nascença. Nunca tinha visto o sol e perguntava às pessoas como era. Alguém lhe disse: “é como uma bandeja de latão”, e quando o cego, um dia, deu com uma bandeja pendurada, ouviu o som de metal e guardou-o como recordação do sol. Um dia, porém, tocaram sinos de bronze e o cego pensou que era o sol. Até que alguém lhe disse: “a luz do sol, na verdade, é como uma vela”. Um dia, o cego apalpou uma vela e pensou que esta era a forma do sol. Assim, um dia encontrou um pedaço de bambu no chão e pensou tratar-se do sol. O Sol é muito diferente do sino ou do bambu, mas o cego não pode ver isso porque nunca viu o sol. O Tao é mais difícil de ver do que o sol e por isso os homens são como o cego. Ainda que façam comparações, exemplos e tratados, o Tao será como o sol para o cego, parecido com uma bandeja, com um sino ou um bambu. Sempre imaginaremos uma coisa, esquecendo outra. Assim, os homens afastam-se cada vez mais da verdade, dando-lhe aparências através de nomes. Todos estes enganos são tentativas de compreender o Tao.
Crime | Detida por suspeita de troca ilegal de dinheiro Hoje Macau - 24 Jul 2025 Uma mulher foi detida no exterior de um hotel no Cotai, depois de ter sido interceptada pela Polícia Judiciária (PJ) a mexer no telemóvel com dois jogadores. O caso foi revelado ontem pelas autoridades e aconteceu na manhã de segunda-feira. Numa patrulha de rotina, os agentes acharam estranho a mulher estar a mexer no telemóvel de outro homem, ao mesmo tempo que no seu telemóvel surgia um código QR. Por isso, decidiram avançar e interceptar as três pessoas. A mulher recusou dar qualquer explicação aos agentes. No entanto, os dois jogadores, do Interior, confessaram que estavam a tentar trocar dinheiro. A mulher ia entregar 30 mil dólares de Hong Kong para receber 28,200 yuan. No âmbito das detenções, foram também apreendidos 25.900 dólares de Hong Kong dos homens, que se acredita resultem do crime. Com a mulher, foram apreendidos 160 mil dólares de Hong Kong, 60 mil renminbis, um telemóvel e um carregador. O caso foi encaminhado para o Ministério Público. Burla | Investimento leva a perda de 170 mil renminbis Uma mulher local foi burlada em cerca de 170 mil renminbis, depois de ter acreditado que estava a investir em ouro. O caso foi divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ) e citado pelo jornal Ou Mun, mas ainda não foi feita qualquer detenção. A idosa explicou que depois de conhecer um homem através da Internet, este lhe apresentou uma plataforma para investir em ouro. Esse homem não só convenceu a mulher a investir, como lhe indicou como devia actuar para assegurar que ia ganhar mais dinheiro. Enganada, a 17 de Junho, a mulher aceitou enviar 170 mil renminbis para uma conta bancária indicada pelo homem. Mais recentemente, na terça-feira, como a aplicação apresentava um lucro de 600 mil renminbis resultado do investimento, a mulher decidiu levantar o dinheiro. Todavia, os fundos ficaram bloqueados, e o serviço a clientes pediu um pagamento de 600 mil renminbis para que o dinheiro fosse levantado. A mulher percebeu assim que tinha sido burlada e apresentou queixa. Trânsito | Cai de mota e é detido por conduzir bêbedo Um residente foi detido pelas autoridades depois de ter sofrido um acidente de mota e se ter lesionado numa das mãos. O caso aconteceu na Estrada do Canal dos Patos no sábado. As autoridades foram chamadas ao local depois do acidente ter sido denunciado, por volta das 5h50. Todavia, depois de prestarem os primeiros socorros ao jovem de 24 anos, que apresentava queimaduras numa das mãos, as autoridades verificaram que este tinha cheirava a álcool. Por isso, pediram ao rapaz a fazer o teste do balão, com o resultado a indicar 1,99 gramas de álcool por litro de sangue. Após ter sido interrogado pelas autoridades, o jovem confessou ter estado a beber com amigos durante umas horas no outro lado da fronteira. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, para investigação.
Reserva Financeira | Saldo ultrapassa os 640 mil milhões Hoje Macau - 24 Jul 2025 No passado mês de Maio, o saldo da reserva financeira da RAEM atingiu as 640,5 mil milhões de patacas. Desde o início do ano, a reserva financeira cresceu 24,2 mil milhões de patacas. Só em Maio, o aumento foi de cerca de 8 mil milhões O saldo da reserva financeira de Macau chegou no final de Maio a 640,5 mil milhões de patacas, segundo dados partilhados ontem no Boletim Oficial pela Autoridades Monetárias de Macau (AMCM). Nos primeiros cinco meses deste ano, a reserva cresceu 24,2 mil milhões de patacas, com o mês de Maio a “contribuir” cerca de 8 mil milhões de patacas, superando a tendência verificada em Abril, com um crescimento mensal de 1,2 por cento. De acordo com o balanço publicado ontem pela AMCM, a reserva está no nível mais alto desde Dezembro de 2021, quando atingiu 643,2 mil milhões de patacas. Ainda assim, permanece longe do recorde histórico de 663,6 mil milhões de patacas, atingido no final de Fevereiro de 2021, apesar de o território estar em plena pandemia de covid-19. Recorde-se que a reserva tinha registado em 2024 o melhor ano desde a pandemia de covid-19, após ganhar 35,7 mil milhões de patacas, o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas. Os dados da AMCM revelam também que entre Janeiro e Maio deste ano, as aplicações da Reserva Financeira renderam aos cofres da RAEM 16,7 mil milhões de patacas em receitas. No final de Maio, o valor da reserva extraordinária fixou-se em 459,65 mil milhões de patacas, enquanto a reserva básica registou 164,2 mil milhões de patacas. Pano de fundo O orçamento inicial do território para 2025 prevê uma subida de 7 por cento nas despesas totais, para 109,4 mil milhões de patacas. Porém, a Assembleia Legislativa aprovou na especialidade no dia 9 de Julho a alteração ao orçamento, que incluiu um aumento extra de 2,86 mil milhões de patacas nas despesas. A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por 265,5 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados, depósitos e contas correntes no valor de 254,3 mil milhões de patacas e até títulos de crédito no montante de 116,6 mil milhões de patacas. No ano passado, os investimentos renderam à reserva financeira quase 31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,3 por cento, disse a AMCM no final de Fevereiro.
Chikungunya | SS revelam segundo caso importado Hoje Macau - 24 Jul 202524 Jul 2025 Os Serviços de Saúde (SS) registaram o segundo caso importado de Febre de Chikungunya, que foi detectado numa turista vindo da Província de Cantão. A ocorrência foi divulgada ontem através de um comunicado. “O caso foi diagnosticado numa mulher de 33 anos de idade, turista, que reside no Distrito de Nanhai da Cidade Foshan da Província de Guangdong. Ao meio-dia de segunda-feira, a doente entrou em Macau, e manifestou, à tarde, sintomas como febre e erupções cutâneas. Recorreu, naquele dia, ao Hospital Kiang Wu para tratamento médico”, contaram as autoridades. “Na terça-feira, o Laboratório de Saúde Pública confirmou a presença do vírus de Chikungunya. Actualmente, a doente encontra-se em estado estável, os indivíduos com quem coabita e viajava não apresentaram nenhuns sintomas de indisposição”, foi acrescentado. De acordo com o histórico de viagem da turista, assim como a data de manifestação de sintomas e os resultados dos exames laboratoriais efectuados, o caso foi classificado como importado, em vez de local. “Os Serviços de Saúde irão enviar pessoal para proceder à inspecção da fonte de proliferação no seu local de alojamento e nas proximidades dos principais locais de actividade em Macau, com vista a reforçar a eliminação de águas estagnadas nas zonas circundantes e a organizar a eliminação preventiva de mosquitos, de acordo com a situação”, foi prometido. De acordo com os SS, a febre chikungunya é uma doença viral, transmitida por mosquitos do género Aedes, principalmente os das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Habitação Económica | Ma Io Fong quer T2 para residentes singulares João Santos Filipe - 24 Jul 2025 O legislador ligado à Associação das Mulheres quer que o Governo facilite o acesso dos residentes singulares a habitações T2, tendo em conta a quebra da procura por habitação económica. Ma Io Fong sugere também a possibilidade de troca neste segmente de habitação pública O deputado Ma Io Fong quer saber se o Executivo vai autorizar residentes singulares a adquirir habitação económica da tipologia T2 ou superior. A questão faz parte de uma interpelação do membro da Associação das Mulheres, divulgada no portal da Assembleia Legislativa. Face à pouca procura por habitação económica, o Governo admitiu fazer uma revisão do programa. Ma Io Fong pretende saber se a revisão irá possibilitar a compra de casas T2 por residentes singulares, que actualmente estão apenas limitados a apartamentos T1. “Será que a Administração, em resposta às alterações da procura do programa de habitação do Governo, vai permitir a elegibilidade dos requerentes individuais para se candidatarem a apartamentos de tipologia T2 ou superior […] ?”, questiona o legislador. No mesmo sentido, o deputado pretende que o Executivo explique se há a possibilidade de a ordem dos concursos públicos de candidatura à compra de habitação económica ser mantida, para que os concursos não se tenham de repetir regularmente. Outras mudanças Segundo Ma Io Fong, com a redução da procura antecipa-se que os apartamentos T1 possam ficar desocupados durante muito tempo e que nunca encontrem compradores. Neste cenário, o deputado pretende saber se o Governo tem planos para evitar a construção de casas deste tipo, para “evitar o desperdício de terrenos e de recursos públicos”. Em relação às alterações ao regime da habitação económica, pergunta se o Governo vai criar um mecanismo que permita aos residentes que compraram habitação económica no passado mudarem para habitações mais recentes. Esta mudança tem como objectivo permitir que as famílias possam encontrar casas maiores, no sentido de promover o aumento da taxa de natalidade, e contrariar o envelhecimento da população. A habitação económica é uma das ofertas de habitação pública, em que os residentes com determinados níveis de rendimentos podem comprar uma habitação a preços mais baratos do que no privado. As casas têm limites de qualidade e tamanho.
MP | Serviço laboral junto do TJB muda de localização Hoje Macau - 24 Jul 2025 O Ministério Público (MP) anunciou que o serviço junto do Tribunal Judicial de Base (em matéria laboral) passou desde ontem a funcionar no 4.º andar do edifício The Macau Square, na Avenida do Infante D. Henrique. Anteriormente, este serviço já se encontrava neste edifício, mas era prestado no 15.º andar. Em relação ao serviço junto do Tribunal Judicial de Base (em matéria civil), que é prestado no mesmo edifício, o MP esclarece que não houve alterações e vai continuar no 3.º andar. O MP explicou as alterações ao nível do serviço em matéria laboral com o objectivo de “melhor cumprir as funções do Ministério Público e facilitar os serviços face aos cidadãos”. “O Ministério Público tem-se empenhado na salvaguarda dos direitos e interesses dos trabalhadores, cabendo-lhe, nos termos das disposições legais, exercer o patrocínio oficioso dos trabalhadores e seus familiares, nomeadamente na fase contenciosa das acções emergentes de acidentes de trabalho ou doenças profissionais”, sublinhou. “Em caso de conflito de interesses entre várias partes, o Ministério Público patrocina prioritariamente os trabalhadores e seus familiares na defesa dos seus direitos e interesses conforme a lei”, foi acrescentado.
DSAT | Dez anos depois, Lam Hin San deixa o cargo de director João Luz - 24 Jul 2025 Lam Hin San abandonou o cargo de director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, depois do mandato ter terminado na terça-feira. Ontem, o secretário Raymond Tam subdelegou competências no director substituto Chiang Ngoc Vai, que surge nos websites do Governo no topo da hierarquia da DSAT Lam Hin San já não é o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAL) depois de o seu mandato ter expirado na passada terça-feira. Após o nome ter sido retirado dos sites oficiais do Governo e da DSAT, agora no topo da hierarquia do organismo surge o director substituto Chiang Ngoc Vai, enquanto Lei Veng Hong continua identificado como subdirector. Para já, o Governo ainda não oficializou uma nomeação para o cargo cimeiro da DSAT. Porém, publicações no Boletim Oficial de ontem dão pistas sobre as alterações na chefia da direcção de serviços. Nos extractos, surge uma declaração do próprio Lam Hin San a anunciar que “cessou, automaticamente, a seu pedido, no termo do seu prazo, a comissão de serviço como director destes Serviços” a partir de 22 de Julho de 2025. Além disso, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam Vai Man, publicou ontem um despacho no Boletim Oficial a subdelegar competências de chefia no director, substituto, Chiang Ngoc Vai. Década cheia Lam Hin San foi nomeado por Raimundo do Rosário para começar a exercer o cargo de director da DSAT exactamente 10 anos antes da cessão da comissão de serviço, no dia 22 de Julho de 2015. Na altura em que ascendeu à liderança da direcção de serviços, Lam contava no currículo com duas licenciaturas (Engenharia Civil e Direito em Língua Chinesa), dois mestrados (Engenharia Civil e Gestão de Administração Pública) e uma pós-graduação em Construção de Aeroportos. Profissionalmente, Lam Hin San foi subindo na hierarquia da Autoridade de Aviação Civil, onde trabalhou durante 20 anos, até ser nomeado para a DSAT. Durante o tempo que passou à frente da DSAT, Lam Hin San sofreu alguma contestação e passou por alguns episódios polémicos. Em Junho 2018, quando ainda eram autorizadas manifestações em Macau, vários milhares de pessoas partiram do Jardim Vasco da Gama em direcção à Sede do Governo para exigir a demissão de Lam Hin San e de Raimundo do Rosário devido ao aumento das multas de estacionamento. Na altura, Pereira Coutinho defendia a demissão de Raimundo do Rosário e de Lam Hin San. “Ambos deviam sair dos cargos. Se não conseguem sentir o pulso da população e gostam de ser ditadores, é melhor pedirem a demissão e fazer algo diferente, porque nestes cargos não conseguem resolver os problemas dos cidadãos”, vincou o deputado. A polémica mais recente surgiu com um relatório do Comissariado de Auditoria, onde a DSAT foi acusada de permitir que a Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau circulasse com menos veículos do que os definidos no contrato de concessão. Além disso, apesar das falhas terem sido verificadas, a DSAT perdoou duas vezes a aplicação de sanções à concessionária pelo não cumprimento das obrigações contratuais. Também desta feita, o número dois da lista desqualificada às legislativas liderada por Ron Lam, Johnson Ian deu eco às críticas publicadas online e referiu que a responsabilização de Lam Hin San era um teste político para o novo Governo de Sam Hou Fai.
Quadros Qualificados | Vice-presidente da FAOM escolhido Hoje Macau - 24 Jul 2025 O vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e candidato a deputado, Kong Ioi Fai, foi nomeado por Sam Hou Fai membro da Comissão de Desenvolvimento de Quadros Qualificados. A nomeação foi divulgada ontem através do Boletim Oficial. Além de vice-presidente da FAOM e membro do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social, Kong Ioi Fai é candidato à Assembleia Legislativa pelo sufrágio indirecto, num dos únicos dois lugares contestados na eleição realizada entre os membros das diferentes associações. Além de Kong, foram nomeados como novos membros da Comissão de Desenvolvimento de Quadros Qualificados, como parte das individualidades ou profissionais de reconhecido mérito, Hon Chi Tin, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Kwan Fung, professor na Universidade de Macau, e Lam I Leng, vice-chefe executiva no Banco da China. Em termos das individualidades ou profissionais de reconhecido mérito, Sam Hou Fai optou por renovar o mandato a 13 dos membros actuais que incluem vários académicos como Liu Jun, reitor da Universidade Cidade de Macau, Hu Yuanjia, académico ligado à área da farmacêutica da Universidade de Macau ou Joseph Lee Hun Wei, reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia.
Eleições | Associação diz que desqualificações evitam o caos João Luz e Nunu Wu - 24 Jul 2025 O presidente da Associação Choi In Tong Sam, da orbita da FAOM, afirmou que sem desqualificações nas eleições legislativas Macau entraria num estado caótico pior do que Hong Kong. A mesma associação teve Ron Lam como vice-presidente durante dois mandatos. Actualmente, Leong Sun Iok e Ella Lei fazem parte da direcção da Choi In Tong Sam As desqualificações das eleições legislativas de 14 de Setembro foram tema de conversa no programa matinal Fórum Macau de terça-feira, do canal chinês da Rádio Macau, que teve como oradores Vong Kuoc Ieng, vice-presidente da Associação de Educação de Macau e presidente da Associação Choi In Tong Sam e Joaquim Vong Keng Hei, filho do deputado Vong Hin Fai. Um ouvinte, de apelido U, defendeu que sem a desqualificação de candidatos das eleições para a Assembleia Legislativa, Macau poderia entrar numa fase de caos, também fomentada pelo panorama internacional. Como tal, seria um risco ter em cargos de poder elementos não patriotas. Vong Kuoc Ieng concordou com o ouvinte e acrescentou que devido à pequena dimensão de Macau, o território não conseguiria resistir a um nível de turbulência que se verificou em Hong Kong. Caos que concorda ter sido evitado com as desqualificações, incluindo de Ron Lam que foi vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam, da esfera associativa da Federação das Associações dos Operários de Macau. Ron Lam fez parte dos quadros da primeira e segunda direcção da associação, com mandatos anteriores à tomada de posse de Vong Kuoc Ieng. Hoje em dia, os deputados Lam Lon Wai, Leong Sun Iok e Ella Lei também fazem parte da direcção da Choi In Tong Sam. Durante a sua participação, o mesmo ouvinte realçou que “além de amar a pátria e Macau, é necessário aprender a não fazer amizade com pessoas nocivas”. Harmonia total Vong Kuoc Ieng indicou ainda esperar que as eleições decorram de forma justa e imparcial, que a votação seja íntegra e que os deputados respeitem o princípio de Macau governado por patriotas e defensores dos interesses gerais do país e do desenvolvimento estável. Um outro ouvinte, de apelido Chan, afirmou compreender e a apoiar a decisão de desqualificar candidatos, mas questionou as razões para as desqualificações por incluírem um actual deputado da Assembleia Legislativa. Chan perguntou ainda se a desqualificação de Ron Lam não terá sido motivada pelas críticas frequentes ao Governo “Nesta legislatura, os discursos do deputado focaram temas relacionados com o bem-estar da população, incluindo o trânsito, emprego e economia. Será que no futuro as críticas ao Governo podem resultar em desqualificação”, questionou o ouvinte. Tanto Vong Kuoc Ieng, como Joaquim Vong Keng Hei, filho do deputado Vong Hin Fai, não concordam que criticar o Governo provoque desqualificação. “A minha percepção é que esta desqualificação não tem nada a ver com as críticas frequentes ao Governo. Muitos críticos acérrimos do Governo foram aprovados pelo mecanismo de verificação da capacidade para a participação nas eleições”, apontou Joaquim Vong.
Fórum Macau | Antigo assessor de Rocha Vieira realça complementaridade Andreia Sofia Silva - 24 Jul 2025 O papel do Fórum Macau deve ser encarado de forma complementar a outros meios de cooperação já existentes. A ideia foi defendida por Tiago Vasconcelos, assessor de Rocha Vieira, num simpósio promovido pela Universidade Cidade de Macau. O major-general concorda também com a extensão do âmbito do fórum aos países de língua espanhola Decorreu na terça-feira na Universidade Cidade de Macau (UCM) um simpósio centrado na cooperação em áreas da investigação científica e ensino superior entre Macau, China e os países de língua portuguesa, e que serviu para a apresentação de diversos projectos académicos que estão a ser desenvolvidos na RAEM. O evento contou com a presença do major-general Tiago Vasconcelos, que foi assessor do general Rocha Vieira nos últimos anos da administração portuguesa do território, e que defendeu um olhar mais abrangente em relação ao papel que o Fórum Macau pode assumir. Na sua apresentação, a que o HM teve acesso, lê-se que “a importância da criação do Fórum Macau não pode ser subestimada, tanto do ponto de vista simbólico como prático”, mas que “é preciso ser realista quanto ao que se pode esperar de uma organização deste tipo”. Assim, para Tiago Vasconcelos, “o Fórum Macau deve encontrar o seu lugar entre outras formas de diplomacia”, como “relações bilaterais, em alguns casos ‘parcerias estratégicas’ bilaterais, como é o caso do Brasil e de Portugal”, ou ainda “pertencer a outros fóruns” ou mesmo “organizações multilaterais como o G20 ou o BRICS, dos quais tanto a China como o Brasil são membros, ou o Fórum Regional da ASEAN, do qual tanto Timor-Leste como a China são participantes”. Trata-se para o responsável, de uma “geometria variável”, onde “a pertença de países a vários fóruns em simultâneo podem oferecer oportunidades para que a ‘plataforma de Macau’ alargue o seu âmbito”. E aqui o antigo assessor do último Governador português de Macau destaca a importância da extensão da plataforma da RAEM aos países de língua espanhola, algo que também já foi defendido pelo Executivo local. Assim, a RAEM pode, com a multiplicidade de papéis e parcerias do Fórum Macau, “chegar a outros países de língua latina, especialmente os de língua espanhola, dadas as semelhanças entre as línguas portuguesa e espanhola, e plataformas de diálogo existentes, como a Conferência Ibero-Americana, que liga Portugal, Espanha e a maioria dos países da América Latina”. Em termos gerais, o responsável entende que se deve “compreender o papel adequado desempenhado pelo Fórum Macau entre os vários formatos de cooperação bilateral e multilateral personalizados, bem como as lições aprendidas com os mais de 20 anos de história do Fórum”. Tal “é de suma importância para garantir o nível adequado de ambição e a eficácia de quaisquer novas formas de cooperação em que Macau possa actuar como uma plataforma útil”, considerou. Uma terra promissora Em jeito de conclusão, Tiago Vasconcelos referiu que desde a chegada dos primeiros portugueses ao território, em meados do século XVI, que “Macau tem desempenhado um papel tradicional como plataforma entre a China continental e o mundo exterior”, fazendo “parte do ‘mundo português’ durante quase 450 anos, integrando, naturalmente, a sua rede”. Assim, os laços com países de língua portuguesa são “um legado da sua história”, e que “ajuda Macau a preservar algumas das suas características distintivas, mas também a desempenhar um papel útil no apoio à diplomacia chinesa, facilitando ainda mais as relações da China com os países de língua portuguesa”. Para Tiago Vasconcelos, “são bastante promissoras as perspectivas de Macau continuar a desempenhar o seu papel tradicional e muito distintivo como plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa”, tendo em conta em que se inicia a metade do período de 50 anos de transição presente na Declaração Conjunta Sino-Portuguesa de 1987. Ainda na área do ensino superior, o major-general destacou que “apesar da sua dimensão, Macau está a tornar-se, se é que já não é, um centro de excelência para o ensino superior na China”. “Mesmo a nível mundial, o mesmo pode ser dito em relação a alguns sectores específicos, tornando Macau um destino altamente atractivo para estudantes muito talentosos”, acrescentou. O responsável realçou o papel dos quatro Laboratórios-Chave do Estado já existentes, nomeadamente o VLSI (Circuitos Integrados de Grande Escala) Analógicos e de Sinal Misto, na Universidade de Macau (UM); o laboratório de Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa, entre a UM e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau; o laboratório da Internet das Coisas para Cidades Inteligentes, na UM; e ainda o laboratório para as Ciências Lunares e Planetárias, da MUST. O seminário onde participou Tiago Vasconcelos, intitulado “Cooperação científica e tecnológica entre a China e os países de língua portuguesa”, contou ainda com a presença de representantes do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM e ainda do próprio Fórum Macau, entre outras personalidades do meio académico e empresarial. Segundo uma nota de imprensa sobre o evento enviado ao HM, José Paulo Esperança, vice-reitor da Faculdade de Economia da UCM, falou da importância do financiamento de investigações académicas por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) em Portugal, destacando “os esforços da FCT na promoção da cooperação internacional e na resolução de desafios comuns”. Ip Kuai Peng, vice-reitor da UCM e director do Instituto de Estudos dos Países de Língua Portuguesa da mesma instituição de ensino, defendeu que Macau “deve basear-se na cooperação com os países de língua portuguesa”, bem como “expandir de forma activa o intercâmbio em várias áreas com os países de língua espanhola, construir um ecossistema de cooperação abrangente, profundo e sustentável, continuar a expandir o círculo de amigos internacionais e traçar um novo plano para a modernização” no formato seguido pela China. Além disso, o responsável acredita que a RAEM “continua a ser uma importante janela de abertura ao exterior de alto nível para o país”, devendo-se continuar a criar “um modelo de cooperação internacional em áreas como a alta tecnologia, economia digital e padronização da medicina tradicional chinesa, contribuindo para a construção de uma potência tecnológica do país e, ao mesmo tempo, alcançando um desenvolvimento económico diversificado e moderado”. Think-tank à espanhola O vice-reitor da UCM acredita que pode ser criado em Macau “um think tank inter-regional com as melhores universidades dos países de língua portuguesa e espanhola, com foco em áreas como energia verde, biomedicina e tecnologia digital, promovendo a circulação transfronteiriça com meios tecnológicos e ajudando os países em desenvolvimento a superar o fosso digital”. Entre os investigadores participantes no seminário, destaque para Marta Filipa Simões, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, que apresentou o projecto de cooperação sino-português em pesquisa sobre fungos e astrobiologia. A académico sugeriu “a realização de vários projectos de pesquisa através da cooperação entre Macau e instituições de investigação científica de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, a fim de promover a inovação científica inter-regional”. Já André Antunes, da Universidade de São José, destacou que, actualmente, “Macau desempenha um papel importante como ponto de contacto na rede de países de língua portuguesa”, com uma cooperação ainda muito centrada “na área económica”, embora, defendeu, “a área científica irá tornar-se num novo ponto forte”.
Crianças japonesas juntam-se a Portugal para proteger o oceano Hoje Macau - 23 Jul 2025 Dezenas de crianças japonesas juntaram-se ontem, na Expo2025, em Osaka, a um apelo para proteger os mares, que o Oceanário de Lisboa quer levar à cimeira da ONU sobre mudanças climáticas, em Novembro, no Brasil. “Querem ser embaixadores dos oceanos aqui no Japão?”, perguntou, no Pavilhão de Portugal, a bióloga marinha Natacha Moreira, da Fundação Oceano Azul, aos alunos de duas turmas de uma escola de Osaka. A resposta positiva veio num coro uníssono de 40 vozes, os primeiros jovens japoneses a assinar a Mini 30X30, “uma onda” lançada pela Oceano Azul e pelo Oceanário, em apoio da meta mundial de proteger 30 por cento do oceano até 2030. O director de Educação do Oceanário, Diogo Geraldes, disse à Lusa que uma primeira carta foi entregue durante a terceira Conferência do Oceano da ONU, que decorreu em Nice, França, em Junho. Uma nova versão do documento será entregue na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que decorre em Novembro em Belém, capital do estado do Pará, no norte do Brasil. O apelo já reuniu o apoio de 9.500 jovens de 27 países, mas na Ásia ainda só tinha contribuições de escolas da Malásia e de Timor-Leste. O Oceanário preparou materiais sobre o Mini 30X30 em japonês especialmente para a Expo, que já existiam em português, espanhol, francês e inglês. Antes de votarem unanimemente a favor do apelo, os jovens japoneses testaram as experiências interativas do Oceanário numa das duas salas multiúsos do Pavilhão de Portugal, cujo tema é “Oceano: Diálogo Azul”. Com história “O Oceanário de Lisboa é, em Portugal, a instituição com mais pergaminhos e experiência em literacia azul. Há mais de 25 anos que ensina professores e alunos a ter uma relação mais sustentável com o mar”, disse à Lusa o administrador executivo da Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha. Uma experiência que levou o Oceanário e a Oceano Azul, com o apoio da Direcção-Geral da Educação, a desenvolver o programa Educar para uma Geração Azul, que promove a literacia do oceano entre os alunos dos 6 aos 10 anos. Diogo Geraldes explicou que começaram pelo primeiro ciclo porque “é mais fácil dar formação aos professores, que muitas vezes são os mesmos do primeiro ao quarto ano”. Durante cinco anos, o projecto deu formação a 1.300 professores numa fase-piloto que decorreu nos municípios de Albufeira, Cascais, Mafra, Moura, Nazaré, Peniche, Silves, Sintra e na região autónoma dos Açores. Após o fim desta fase, em Maio de 2024, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação decidiu alargar o programa a todas as escolas primárias do país e de incluir o oceano no currículo. Tiago Pitta e Cunha disse que o objectivo é “educar a geração mais consciente de toda a União Europeia no que toca à ligação dos humanos com o oceano”. “Conseguiríamos, no fundo, ser um pouco, como os nórdicos foram para o ambiente [terrestre] a partir dos anos 70, os cidadãos portugueses seriam para o azul”, explicou o especialista. Criada em 2017 pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos, que inclui no seu património o Oceanário de Lisboa, a Oceano Azul é uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objecto contribuir para a conservação e utilização sustentável dos oceanos.
Lao Tsé. O livro das 5000 palavras. Porto: Porto Editora, 2025 Duarte Drumond Braga - 23 Jul 202523 Jul 2025 A sinologia portuguesa nunca começou; melhor: está sempre para começar. Ou não sai nunca do seu começo. Já dizia Pessoa: somos povo de iniciadores – frutos e flores, outros os colhem. Não é porém maldição irremissível. Coisas muito boas têm saído recentemente de Macau (Mêncio, Confúcio, poesia da dinastia Tang). Espera-se que um dia saiam cá pela Grão Falar, a editora gémea da Livros do Meio, ativa naquela cidade chinesa. Vem isto a propósito da novel tradução do Tao Te Ching, ou King, de Lao Zi, ou Tse, com o inusitado título O livro das 5000 palavras. Não é a primeira vez que sai da pena do tradutor Joaquim Palma, que já havia feito versão versificada, próxima desta, mas com o título canónico: Tao Te Ching. O livro do caminho e da sabedoria (Presença, 2010). Há várias versões de língua portuguesa a partir do chinês que entre si competem, todas dignas de menção e consideração, desde os trabalhos daquele que se considera, para mal dos nossos pecados, o nosso único sinólogo, até uma versão brasileira muito digna de nota, provavelmente a melhor edição em língua portuguesa, o notável Dao De Jing (Unesp, 2016), com tradução interlinear e comentário verso a verso, por Giorgio Sinedino. Este grosso volume evidencia um conhecimento da língua chinesa e das culturas que se lhe agregam que em Portugal infelizmente quase ninguém tem. Manuel Silva Mendes, que em Macau trocara o anarquismo pelo taoísmo, essa forma mais subtil de anarquia, foi um intelectual finissecular contemporâneo de Camilo Pessanha que se fizera estudioso da China, da arte chinesa e das suas religiões. Da sua lavra temos textos pioneiros sobre budismo e taoísmo como o Excertos de filosofia taoísta (1931), que inclui traduções de Lao Zi e de Chuang Tze. Aí escreve ele a advertência seguinte: “Quem escrever sobre o taoísmo tem de tomar um destes dois caminhos: ou apresentá-lo seco, como um osso esburgado, à maneira de Lao Tse, subtil até quasi à incompreensão como Chuang Tse, em ambos os casos com a certeza de que raríssimas serão as pessoas que, começando a leitura, a levem até ao fim: ou então expô-lo amenizadamente em forma mais compreensível do que se lê nestes dois autores” (p. 276). Ora isto que o grande escritor diz pode com propriedade ser aplicado às próprias traduções do livro do Tao, umas mais secas, outras mais húmidas, para aplicar noções do próprio livro: “Os homens são frágeis e moles. E morrem rígidos e duros. As árvores começam por ser frágeis e flexíveis e morrem ressequidas e quebradiças. Assim, o que é duro e rígido acompanha a morte. O que é frágil e flexível acompanha a vida” (O livro das 5000 palavras, p. 100). Ora, o livro em apreço é de facto uma tradução “mole” no sentido de ser flexível e moldável como a água. A impressão que ela deixa na nossa mente é a de uma fluida continuidade entre os textos, como anéis que se fossem repetindo de uma pedra atirada a um lago. Por contraste, a tradução de Joaquim Guerra, jesuíta português missionário residente em Hong Kong nos anos 80, seria um bom exemplo de uma tradução seca, dura, mas também no sentido do epigrama, da concisão, da unidade doutrinal. É uma tradução afirmativa, aguda, mas também cheia de arestas. Todas as outras traduções para o português se podem conter algures nesta escala. Como bom construto textual que é em língua portuguesa –o meu total desconhecimento do chinês impede-me de me pronunciar sobre questões linguísticas e tradutórias propriamente ditas –, muda a nossa perceção do texto, construída historicamente no curso de várias leituras das várias versões dos vários livros do caminho e da virtude que são, que sejam possíveis. É uma nova e sedutora linguagem que sabe manter o mistério de um texto simultaneamente ético, moral, poético, filosófico. Joaquim Palma, o tradutor que já conhecíamos de várias versões de poesia japonesa aparecidas no mercado português, consegue como que açucarar, sem abastardar em autoajuda, o mistério essencial do Tao. Olhamos, por exemplo, para a forma como resolve os 2 últimos versos ou versículos do primeiro texto: “Estas 2 verdades brotam de uma única origem; ambas têm nomes diferentes. As 2 nascem de uma escuridão profunda. O desconhecido mistura-se com mais desconhecido. E abre-se a porta para todos os mistérios” (p. 7). Compare-se com a versão adusta do padre Guerra: “Os 2 surgem ao mesmo tempo, com nomes diferentes; e ambos se chamam misteriosos. Quanto mais se perscrutam, mais misteriosos se tornam: aí desembocam os mistérios todos” (Prática da perfeição, Macau 1987, p. 123). Menos religiosa, pois esta versão tem estranhas intromissões de Deus, de um Deus criador, mas mais metafísica é a versão assumidamente apropriativa de Agostinho da Silva: certamente não traduzida diretamente do chinês, mas de qualquer maneira curiosa: “O ser e o não ser são de um fundo só, e só os nomes, um do outro os distinguem. E no fundo, no fundo, escuridão lhe chamamos. E quando a escuridão mais escura a tornamos, é que abrimos as portas, estrada, aos espantos totais” (p. 19). Os espantos de uns são os mistérios de outros. Nesta linha mais filosófica, veja-se como o já citado Silva Mendes complicou, tal como Agostinho, em tratado metafísico, as mesmas linhas: “Não era que havia, não havia que pode ser viada, que essa não é a via eterna, mas havia pela qual o vir a ser veio a ser em ato simultâneo e com o eterno com o não ser, o mistério da origem, a plenitude em coeterna e absoluta vacuidade, o mistério dos mistérios!” (p. 280). É toda uma re e hiperconceptualização que dessora o Tao, remetido ao osso do conceito. E finalmente a de Graça Abreu, equilibrada e elegante: “Ser e não ser brotam da mesma fonte, com nomes diferentes. Isto parece obscuro, obscuridade entre obscuridade, mas é o patamar para todas as maravilhas” (Vega 2021, quinta edição, Tao Te Ching. Livro da vida e virtude, p. 29). Para terminar este pequeno percurso, podemos sacar exemplo de um outro contexto cultural, uma tradução norte-americana que, com pouco ou nada a ver com o texto, funciona magnificamente como poema beatnik de auto-ajuda: “Talk if you can talk about it it ain’t Tao if it has a name it’s just another thing Tao doesn’t have a name names are for ordinary things stop wanting stuff it keeps you from seeing what’s real when you want stuff all you see are things those two sentences mean the same thing figured them out and you’ve got it made.” O prefácio de Joaquim Palma, o tradutor, enferma de um certo romantismo. Entende que o Tao Te Ching é uma essência. Na verdade, e como o próprio Tao contraditoriamente afirma, é mais um compósito, algo que conseguiu chegar até aos nossos dias, naturalmente corrompido, acrescentado, amputado, como as tiras de couro postas ao dorso dos cavalos anões que atravessavam as pradarias da China e da Mongólia interior. A viagem de um texto é a da sua corrupção: “Esta abordagem parece-nos ser aquela que nos pode levar mais perto da sua essência, evitando-se ao máximo os ruídos, ornamentações e os desvios, tendências que vemos muito presentes na escrita erudita ocidental” (p. 109). É um mau princípio justificar deste modo a retirada de notas e de outro aparato, que padece do seguinte erro: os textos não são essências, não é possível regressar a uma sua pureza original, sem acrescentos, simplesmente porque isso não existe. Os textos não são essências, são antes o tal ruído do qual o tradutor se queixa. A única coisa que sobrevive é a escrita fragmentária, cortada, interpelada, invadida por outros. Quanto às versões ocidentais, as tais cheias de ruído analítico, são afinal que o criador deste texto, como aliás o próprio parece sugerir: “A escrita formatada das 81 secções segundo o estilo de verso e estrofe foi uma invenção ocidental do século 20″ (p. 108). Escolher retirar o ruído para se gerar um silêncio que é artificial é um engano. Eu prefiro o ruído, a nota, o comentário, afinal mais honestos, e que participam de uma forma mais explícita das histórias do texto, de qualquer texto. Neste sentido, até prefiro a versão maldita do padre Guerra, que tem sido vituperada por ter batizado às pressas o pobre Lao. Afinal é quase a única feita por um português que apresenta notas críticas, que debate, que increpa com astúcia os seus rivais. E por isso, a meu ver, é que mais se aproxima ainda hoje de uma edição científica. E se o leitor se incomoda com a estranha presença de um Deus cristão por entre os versículos do livro do caminho e da virtude, tem bom remédio para isso. Basta, em modo errata, riscar Deus por Tao. E não creia o leitor nas aleivosas sugestões de Graça de Abreu, que sugere que o padre Guerra se limitou a copiar a versão de um jesuíta espanhol seu amigo. Em conclusão, esta é uma bela versão de um livro tão plural, tão diferente entre si nas suas várias versões. É uma versão feminina: uma das novidades deste livro é esta entrada em cena do feminino que recebe e dilui, que é flexível e aberto (p. 100). Assim, como belo texto português, consegue mudar a nossa perceção talvez já ossificada do livro, – e muda-a em português.
“Art Macao” | Galeria HWA apresenta trabalho de Zhang Zhanzhan Hoje Macau - 23 Jul 2025 A “Art Macao – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” chegou à cidade e com ela várias iniciativas culturais. Uma delas é a nova exposição patente na Galeria HWA, no Lisboeta Macau, que revela o trabalho do artista Zhang Zhanzhan. “Hi, Luck!” fica patente até Setembro É em torno da temática da sorte que gira a nova exposição da Galeria HWA, patente no Lisboeta Macau. “Hi, Luck!”, com trabalhos de Zhang Zhanzhan, integra a edição deste ano da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” e fica disponível para visitas do público até Setembro. Segundo uma nota oficial sobre o evento, esta exposição realiza-se em parceria com a ArtDeport e apresenta o trabalho do conhecido artista contemporâneo chinês. Esta é uma das “exposições colaterais” da bienal, que tem como tema “Ei, o que o traz aqui?”, explorando as ideias de “ver, aproveitar e abraçar a sorte da arte que transforma o caos da vida de uma forma significativa”. Segundo a mesma nota, o artista “é conhecido pela sua profundidade filosófica e visão inovadora”, sendo que as colecções e exposições que tem realizado em toda a Ásia “são observações da vida quotidiana com contemplação existencial, mostrando a fusão característica de Zhang entre brilhantismo visual e ressonância intelectual para apresentar a sorte como uma experiência humana significativa”. Para aí virado Segundo a página oficial da “Art Macao”, Zhang Zhanzhan acredita que “a sorte não é um presente fortuito, mas uma disposição de espírito marcada por uma consciência aguçada, uma busca activa e um acolhimento sincero na vida quotidiana.” Desta forma, as obras presentes na Galeria HWA “capturam fragmentos do tempo, guiando-o a ‘ver a sorte’ — o brilho subtil na neblina matinal”, ou ainda a “agarrar a sorte”, explorando a ideia de um “voo em encontros fugazes”, ou ainda a “abraçar a sorte”, em que o público pode, ao visualizar os trabalhos artísticos, “entrelançar o calor da vida numa ressonância harmoniosa com o mundo”. Assim, nesta exposição, “a arte serve como uma lanterna, iluminando o significado no caos e explorando, em conjunto, a verdadeira essência da sorte”. Zhang Zhanzhan nasceu em Hebei, em 1982, tendo-se formado na Escola de Belas Artes da Universidade de Artes de Nanjing em 2008. Uma das exposições mais recentes que realizou foi em 2023, com o nome “Out Of This World”, patente no Museu de Arte Contemporânea de Yinchuan. No ano anterior, o artista estreou “Post-me Generation: How to Write About Young Artists”, em Pequim. No ano passado, e também em Pequim, Zhang Zhanzhan realizou “You’re Always on My Mind” no conhecido Distrito de Arte 798 de Pequim.
MNE | China manifesta vontade de reforçar parceria com UE antes de cimeira Hoje Macau - 23 Jul 2025 A China manifestou ontem a intenção de reforçar a parceria com a União Europeia (UE), antes da cimeira bilateral que se realiza esta semana em Pequim, num contexto marcado por tensões comerciais e disputas geopolíticas. “O país espera que a reunião com os líderes europeus envie um sinal positivo à comunidade internacional de que ambas as partes estão empenhadas em fortalecer a sua parceria e defender conjuntamente o multilateralismo e a cooperação aberta”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun. O diplomata indicou que as relações entre a China e a UE atravessam “um momento crucial”, com “novas oportunidades e desafios”, e que a cimeira servirá para “reforçar a comunicação estratégica” e “aprofundar o diálogo e a cooperação”, numa altura de crescente instabilidade global. Segundo Guo, a relação bilateral produziu “resultados frutíferos” ao longo dos últimos 50 anos, tanto no plano económico como na criação de mecanismos de cooperação internacional. A cimeira China – UE realiza-se na quinta-feira, em Pequim, para assinalar os 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre as duas partes. É esperada a participação do Presidente chinês, Xi Jinping, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente do Conselho Europeu, António Costa. Este último afirmou na segunda-feira que a relação entre a China e a UE tem um papel “crucial” a nível global e manifestou a intenção de discutir com as autoridades chinesas todos os pontos da agenda comum. Bruxelas já indicou que abordará temas como o acesso ao mercado chinês, a guerra na Ucrânia, as alterações climáticas e a situação no Médio Oriente.
Segurança alimentar | Aprovada norma para refeições escolares Hoje Macau - 23 Jul 2025 A intoxicação alimentar por chumbo de 200 crianças numa creche em Tianshui levou as autoridades a aplicarem novos padrões de exigência nos menus escolares A China aprovou o primeiro regulamento nacional para refeições escolares, visando reforçar a segurança alimentar, após a intoxicação por chumbo de mais de 200 crianças numa creche no oeste do país, anunciaram as autoridades. O novo regulamento, emitido pela Administração Estatal para a Regulação do Mercado e que entrará em vigor a 01 de Dezembro, estabelece exigências para as empresas responsáveis pela preparação e distribuição de alimentos em escolas primárias, secundárias e jardins-de-infância em todo o país, informou a televisão estatal CCTV. As regras prevêem a designação de um responsável principal pela segurança alimentar em cada centro, pessoal exclusivamente dedicado à gestão e supervisão desta área, e a criação de um mecanismo dinâmico de controlo de riscos, que inclua revisões diárias de segurança, identificação de perigos semanal e reuniões mensais de análise. Relativamente à aquisição de matérias-primas, o texto determina que produtos como arroz, farinha e óleo de cozinha devem ser comprados de forma centralizada e em pontos específicos. Todos os ingredientes principais terão ainda de ser submetidos, pelo menos uma vez por ano, a análises completas, incluindo testes à presença de resíduos de pesticidas. A preparação dos alimentos deverá permitir o acompanhamento, em tempo real, por parte das escolas, pais e alunos, das principais etapas do processo, através de tecnologia adequada. Amostras de cada refeição diária deverão ser conservadas durante um mínimo de 48 horas. Impróprio para consumo A publicação do novo padrão ocorre num contexto de crescente preocupação pública com a alimentação nos estabelecimentos escolares. No início deste mês, oito pessoas foram detidas no âmbito de uma investigação à intoxicação por chumbo que afectou 233 crianças numa creche privada na cidade de Tianshui, no oeste da China. Os responsáveis do estabelecimento terão autorizado o uso de substâncias impróprias para consumo humano na confecção das refeições servidas às crianças. Segundo as autoridades, a cozinha da creche utilizou corantes comprados ‘online’ que continham chumbo e estavam rotulados com avisos de que não deviam ser ingeridos. Das 251 crianças inscritas no centro, 233 apresentaram níveis anormais de chumbo no sangue e 201 foram hospitalizadas após sintomas como náuseas, diarreia, dores nas pernas ou cólicas abdominais, segundo relatos de pais citados pela imprensa local. A segurança alimentar tem sido um tema sensível na China desde há décadas, após vários escândalos que abalaram a confiança da população nos sistemas de controlo de qualidade. Um dos casos mais graves ocorreu em 2008, com a contaminação de leite com melamina, que provocou a morte de pelo menos seis bebés e afetou cerca de 300 mil crianças.